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6 de janeiro de 2010TRANSCRIPT
Foi com muito agrado e entusiasmo
que me dirigi para a escola básica, onde iria
leccionar, com a minha colega Margarida.
As crianças, tal como seria de esperar,
ruidosas e em alvoroço, esperavam no
pátio, pela professora, para mais um dia de
trabalho.
A aula iniciou-se dentro da
normalidade: os alunos aprontaram o seu material escolar para darem início às suas
tarefas. Posteriormente foi escrito no quadro: Funchal, 16 de Dezembro de 2009.
Hoje é quarta-feira e amanhã há festa de Natal. Neste dia iria constar no Plano
Diário: 1- Tarefas; 2- Comunicações, 3- Projectos; 4- Lista de Palavras; 5- Acabar o
Postal; 6- Ensaiar e Preparar os Adereços; 7- Tempo de Estudo Autónomo e 8-Balanço
do Dia.
Este foi um dia muito especial e emotivo. Era véspera da festa de Natal e, por
tal, os alunos estavam mais agitados do que o normal. Encontravam-se radiantes e
muitos entusiastas e transmitiam, de imediato, a sua energia e alegria.
Antes de entrarmos na sala de aula, os alunos vieram ter connosco para explicar
que naquele dia haveria o ensaio geral, já que no dia seguinte, sexta-feira, seria o dia da
festa e, por isso, iriam à igreja para assistir à missa de Natal.
Durante o tempo de Projectos, estive a inspeccionar todos os grupos, já que estão
perto de finalizar os trabalhos de Projecto. Como a colega e eu estávamos responsáveis
pela realização e elaboração do ficheiro do Estudo do Meio e a metodologia em questão
diz-nos que devemos sempre estar em parceria com os alunos, as crianças tinham de
sentir que faziam parte dos projectos da sala.
Para que uma turma, em geral, e cada aluno, em particular, obtenham sucesso,
devemos indubitavelmente implementar a pedagogia diferenciada. Desta forma, estamos
a respeitar, além dos seus saberes e dos seus ritmos de trabalho, os seus desejos e
convicções, para que todas as decisões tomadas na turma obtenham a aprovação ou não
dos mesmos. “Através da utilização das estruturas de cooperação e dos processos
sistemáticos de comunicação (…) neste sistema de diferenciação pedagógica do MEM,
a gestão do currículo processa-se, portanto, em cooperação, ou seja, pela forma mais
directa de participação dos alunos na negociação das actividades e na respectiva
distribuição e controlo” (Sérgio Niza, 2000).
Perante este ponto de situação, tive o cuidado de estar com cada grupo,
explicando aos mesmos que como tínhamos que elaborar os ficheiros, gostaríamos de
saber as suas opiniões, mais precisamente o que gostariam que nós colocássemos nas
fichas. Não podemos, de modo algum, descurar as suas opiniões e sugestões. Deixo
desde já a achega que os alunos ajudaram tanto quanto o ambicionado. Portanto, cada
grupo e, mais especificadamente, cada aluno transmitiram imensas sugestões e ideias.
A escolha e a criação das suas próprias aprendizagens é um grande estímulo e
motivação para os alunos porque, definitivamente, sentem-se sempre inteirados e
envolvidos no que estão a realizar. Contudo, o que regularmente acontece em muitas
escolas com os alunos, é um fácil desligamento das actividades escolares porque não se
sentem integrados, somente porque, habitualmente, o professor lhes solicita que
realizem as actividades, sem apresentar uma explicação prévia, levando normalmente os
materiais e pedindo que façam o que quer, conduzindo, desta forma, a uma grande
desmotivação.
Passando para as Listas de Palavras, o item número quatro do Plano Diário, os
alunos começaram por ler o texto do Rodrigo, a pares. Os que tinham mais dificuldades
eram ajudados, um trabalho árduo de cooperação e grandioso de observar. Outro
momento em que debrucei a minha atenção e agrado, foi o facto de a professora
cooperante ter trabalhado no quadro de pregas com um aluno que apresenta
necessidades educativas especiais, enquanto os demais liam o referido texto.
Neste momento, apercebemo-nos da aprendizagem diferenciada e,
principalmente, da preocupação da professora em tentar desdobrar-se para conseguir
adaptar estratégias a cada criança, respeitando os seus ritmos de aprendizagem, sem
descurar quem mais precisava dela.
Assim, tive a oportunidade de observar a diferenciação pedagógica que é feita no
mesmo espaço, sem desprezar os saberes do aluno, mas sim valorizando o que sabe.
Como nos dá a entender Sérgio Niza quando nos diz que devemos reflectir sobre a
nossa prática cada dia, ou seja, sobre a nossa “acção educativa para evitar que essas
diferenças se convertam em desigualdade”. Atrevo-me até a comparar esta prática
lectiva com as anteriores que realizei, onde estas situações raramente aconteciam. Nesta
metodologia ao contrário da outra, temos como exemplo o seguinte: os discentes
realizam no T.E.A. as fichas que querem ou melhor que têm mais dificuldades,
trabalhando cada aluno o que mais precisa, ao seu próprio ritmo, são realizados nos
Projectos trabalhos que despertem o interesse do aluno, este procurar informação do que
deseja saber, (sem desgrudar o Currículo), os alunos com necessidades educativas
especiais participavam nas actividades que a turma realizava, estando completamente
inseridos, pois nesta metodologia a inclusão está bem patente, estando estes alunos bem
integrados e inseridos em todas as actividades elaboradas, entre outras.
Foi após esta pequena reflexão, com base na observação directa que fiz, que me
leva a seguir em frente com a profissão que escolhi abraçar para o meu futuro. É tão
gratificante ver como uma pessoa (o professor) consegue ser suficientemente flexível
para dar a oportunidade a uma comunidade (a turma) de aprender e apreender diversos
saberes, sem negligenciar as suas capacidades e ao mesmo tempo as suas dificuldades,
aproveitando bem um pouco de tudo e de todos. Assumo a noção das diferenças e
ritmos que existem na sala de aula. “Diversidades de culturas, de classes sociais, de
género, de capacidades, de motivações, de expectativas e de representações dos
alunos” (Sérgio Niza, 2000)
Ambiciono, sinceramente, conseguir atingir esta flexibilidade e aproveitar bem
todos os momentos que a turma disponibiliza, para que a minha prática seja bem
sucedida. Tenho como objectivo seguir o bom exemplo da minha professora cooperante,
melhorar com os meus próprios erros e, sem dúvida, assimilar as suas indicações e
sugestões.
Seguramente, o método de adaptação do ensino, mais precisamente o ensino
adaptativo que a nossa cooperante utiliza, é no meu franco entender o mais eficaz e
conveniente, já que “um único método de ensino/ aprendizagem não pode satisfazer as
necessidades de todos os alunos” (Sérgio Niza, 2000).
Portanto, quando não estamos a utilizar um ensino adaptativo na nossa prática
educativa, estamos na minha opinião a desconsiderar os saberes e os ritmos de trabalho
dos nossos alunos, conduzindo-os, inevitavelmente, ao fracasso e insucesso.
Devemos ter plena noção da nossa responsabilidade como educadores e da
necessidade de respeitar os nossos alunos, para que estes consigam alcançar o sucesso, e
mereçamos o seu respeito e confiança. Desta forma, tal como nos diz Sérgio Niza,
devemos fazer uma “utilização conjunta de várias estratégias que se ajustem à
diversidade dos alunos. (…) O Ensino adaptativo que vê as diferenças individuais
como um facto conatural à educação escolar, ajustando o modo de ensinar às maneiras
de aprender dos alunos, tornando compatível o objectivo da qualidade do ensino como
os da igualdade de oportunidade dos alunos” (Sérgio Niza, 2000: página 46)
Por outro lado, assumo o meu receio, porque são nestas circunstâncias que
começo a reflectir sobre outra realidade que me espera e, muitas vezes, me interrogo se
serei capaz de cumprir a minha missão. Serei, então, capaz de me desdobrar entre as
crianças? Será que irei conseguir distribuir a minha atenção e o meu cuidado igualmente
por todos? Fico de facto extremamente ansiosa, amedrontada e muito preocupada. O
meu maior desejo é, indubitavelmente, alcançar o sucesso no final do ano juntamente
com os meus alunos.
Após a leitura do texto, a professora propôs
aos alunos que construíssem uma lista de palavras. A
docente colocou no quadro uma folha A3 e escreveu
no seu topo Ci e Ce. Quando começou a questionar os
alunos, com o objectivo de preencher a folha, eu
ocupei o seu lugar e continuei o trabalho com o aluno
no quadro de pregas. Saliento que gostei muito de a
realizar, é uma actividade na minha opinião muito
enriquecedora, os alunos aprendem e trabalham de
uma forma divertida. Refira-se que o aluno trabalhou muito bem e, sem excepção, os
restantes alunos terminaram a actividade igualmente com sucesso.
Em seguida, passámos à finalização da elaboração dos postais de Natal. Algo
curioso foi o facto de uma aluna ter antecipadamente mencionado no Diário de Turma a
sua vontade de elaborar um postal de Natal. Esta atitude demonstrou o desejo e a
vontade de trabalhar, transparecendo sem dúvida alguma, a sua grande motivação.
Os alunos já tinham iniciado a actividade e nós ajudámo-los a concluí-la.
Reporte-se que todos os postais ficaram muito bonitos e que este foi um momento
deveras aprazível, pois pudemos observar como se
desenvolvem as actividades de Natal nas escolas.
Após um pequeno diálogo com a nossa cooperante,
apercebemo-nos que faltavam alguns adereços para a peça
de Natal. Os nossos alunos iriam realizar uma peça de teatro,
onde cada um teria um papel crucial. Basicamente, na
referida peça os alunos iriam representar uns pinheiros,
umas árvores, umas crianças, entre outros papéis. Tive a ideia de decorar os pinheiros,
sobre a qual a professora cooperante se mostrou bastante receptiva.
Enquanto a professora e os alunos elaboravam os
postais de Natal, a Margarida e eu iniciámos a execução
dos adereços. Foi tal o nosso entusiasmo que era para
elaborarmos algo simples mas acabámos por elaborar os
adereços dos alunos todos para toda a peça.
Às 11:00 os alunos começaram a organizar-se para
se reunirem no pátio com os restantes colegas da escola,
com o intuito de realizarem o ensaio geral. Estava muito
ansiosa e muito satisfeita porque pela primeira vez participaria numa festa de Natal,
algo por que ansiava muito. Infelizmente, nos anos de estágio precedentes, nunca
tivéramos tal oportunidade, pois ficávamos sempre excluídas deste género de
actividades.
O ensaio geral tinha como objectivo a observação
das actividades dinamizadas pelos restantes colegas, já que
no dia da festa os alunos fariam o seu espectáculo e sairiam
de imediato, sem sequer terem oportunidade de as
observarem a todas.
Apesar de não termos sido convidadas para a grande
festa, tivemos a oportunidade e honra de assistir ao ensaio geral, cuja única diferença
era a participação dos pais.
Foi com uma grande emoção e entusiasmo que observei detalhadamente cada
passo, não só dos nossos alunos como de todos os envolvidos.
É de facto muito emocionante, ver os nossos meninos muito empenhados,
assumir o comando daquele espaço de tempo mágico. O espírito natalício emociona-me
imenso. Confesso que me comovi muito e acabei por chorar de emoção e felicidade.
Saliente-se que os nossos alunos ficaram muito
contentes com os adereços que realizámos para eles.
Tivemos a excelente ideia de elaborá-los para enfeitar
a árvore de Natal. Quando chegámos à sala fizemos a
simulação e ficou perfeito.
Estes momentos dão-me mais ânimo e vontade
de continuar o meu trabalho. Anseio por ter a minha
própria turma e desenvolver com os meus alunos este
género de actividades.
Findo esta reflexão com o seguinte
pensamento: não coube em mim tanta felicidade pelo
facto do meu dia de estágio ter sido o dia do ensaio
geral. Apesar de não ter sido convidada, acabei por
assistir à mesma, o que me deixou muito feliz.