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Diários de Estágio: (Observação) 16 de Dezembro de 2009

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6 de janeiro de 2010

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Diários de Estágio:

(Observação)

16 de Dezembro de 2009

Foi com muito agrado e entusiasmo

que me dirigi para a escola básica, onde iria

leccionar, com a minha colega Margarida.

As crianças, tal como seria de esperar,

ruidosas e em alvoroço, esperavam no

pátio, pela professora, para mais um dia de

trabalho.

A aula iniciou-se dentro da

normalidade: os alunos aprontaram o seu material escolar para darem início às suas

tarefas. Posteriormente foi escrito no quadro: Funchal, 16 de Dezembro de 2009.

Hoje é quarta-feira e amanhã há festa de Natal. Neste dia iria constar no Plano

Diário: 1- Tarefas; 2- Comunicações, 3- Projectos; 4- Lista de Palavras; 5- Acabar o

Postal; 6- Ensaiar e Preparar os Adereços; 7- Tempo de Estudo Autónomo e 8-Balanço

do Dia.

Este foi um dia muito especial e emotivo. Era véspera da festa de Natal e, por

tal, os alunos estavam mais agitados do que o normal. Encontravam-se radiantes e

muitos entusiastas e transmitiam, de imediato, a sua energia e alegria.

Antes de entrarmos na sala de aula, os alunos vieram ter connosco para explicar

que naquele dia haveria o ensaio geral, já que no dia seguinte, sexta-feira, seria o dia da

festa e, por isso, iriam à igreja para assistir à missa de Natal.

Durante o tempo de Projectos, estive a inspeccionar todos os grupos, já que estão

perto de finalizar os trabalhos de Projecto. Como a colega e eu estávamos responsáveis

pela realização e elaboração do ficheiro do Estudo do Meio e a metodologia em questão

diz-nos que devemos sempre estar em parceria com os alunos, as crianças tinham de

sentir que faziam parte dos projectos da sala.

Para que uma turma, em geral, e cada aluno, em particular, obtenham sucesso,

devemos indubitavelmente implementar a pedagogia diferenciada. Desta forma, estamos

a respeitar, além dos seus saberes e dos seus ritmos de trabalho, os seus desejos e

convicções, para que todas as decisões tomadas na turma obtenham a aprovação ou não

dos mesmos. “Através da utilização das estruturas de cooperação e dos processos

sistemáticos de comunicação (…) neste sistema de diferenciação pedagógica do MEM,

a gestão do currículo processa-se, portanto, em cooperação, ou seja, pela forma mais

directa de participação dos alunos na negociação das actividades e na respectiva

distribuição e controlo” (Sérgio Niza, 2000).

Perante este ponto de situação, tive o cuidado de estar com cada grupo,

explicando aos mesmos que como tínhamos que elaborar os ficheiros, gostaríamos de

saber as suas opiniões, mais precisamente o que gostariam que nós colocássemos nas

fichas. Não podemos, de modo algum, descurar as suas opiniões e sugestões. Deixo

desde já a achega que os alunos ajudaram tanto quanto o ambicionado. Portanto, cada

grupo e, mais especificadamente, cada aluno transmitiram imensas sugestões e ideias.

A escolha e a criação das suas próprias aprendizagens é um grande estímulo e

motivação para os alunos porque, definitivamente, sentem-se sempre inteirados e

envolvidos no que estão a realizar. Contudo, o que regularmente acontece em muitas

escolas com os alunos, é um fácil desligamento das actividades escolares porque não se

sentem integrados, somente porque, habitualmente, o professor lhes solicita que

realizem as actividades, sem apresentar uma explicação prévia, levando normalmente os

materiais e pedindo que façam o que quer, conduzindo, desta forma, a uma grande

desmotivação.

Passando para as Listas de Palavras, o item número quatro do Plano Diário, os

alunos começaram por ler o texto do Rodrigo, a pares. Os que tinham mais dificuldades

eram ajudados, um trabalho árduo de cooperação e grandioso de observar. Outro

momento em que debrucei a minha atenção e agrado, foi o facto de a professora

cooperante ter trabalhado no quadro de pregas com um aluno que apresenta

necessidades educativas especiais, enquanto os demais liam o referido texto.

Neste momento, apercebemo-nos da aprendizagem diferenciada e,

principalmente, da preocupação da professora em tentar desdobrar-se para conseguir

adaptar estratégias a cada criança, respeitando os seus ritmos de aprendizagem, sem

descurar quem mais precisava dela.

Assim, tive a oportunidade de observar a diferenciação pedagógica que é feita no

mesmo espaço, sem desprezar os saberes do aluno, mas sim valorizando o que sabe.

Como nos dá a entender Sérgio Niza quando nos diz que devemos reflectir sobre a

nossa prática cada dia, ou seja, sobre a nossa “acção educativa para evitar que essas

diferenças se convertam em desigualdade”. Atrevo-me até a comparar esta prática

lectiva com as anteriores que realizei, onde estas situações raramente aconteciam. Nesta

metodologia ao contrário da outra, temos como exemplo o seguinte: os discentes

realizam no T.E.A. as fichas que querem ou melhor que têm mais dificuldades,

trabalhando cada aluno o que mais precisa, ao seu próprio ritmo, são realizados nos

Projectos trabalhos que despertem o interesse do aluno, este procurar informação do que

deseja saber, (sem desgrudar o Currículo), os alunos com necessidades educativas

especiais participavam nas actividades que a turma realizava, estando completamente

inseridos, pois nesta metodologia a inclusão está bem patente, estando estes alunos bem

integrados e inseridos em todas as actividades elaboradas, entre outras.

Foi após esta pequena reflexão, com base na observação directa que fiz, que me

leva a seguir em frente com a profissão que escolhi abraçar para o meu futuro. É tão

gratificante ver como uma pessoa (o professor) consegue ser suficientemente flexível

para dar a oportunidade a uma comunidade (a turma) de aprender e apreender diversos

saberes, sem negligenciar as suas capacidades e ao mesmo tempo as suas dificuldades,

aproveitando bem um pouco de tudo e de todos. Assumo a noção das diferenças e

ritmos que existem na sala de aula. “Diversidades de culturas, de classes sociais, de

género, de capacidades, de motivações, de expectativas e de representações dos

alunos” (Sérgio Niza, 2000)

Ambiciono, sinceramente, conseguir atingir esta flexibilidade e aproveitar bem

todos os momentos que a turma disponibiliza, para que a minha prática seja bem

sucedida. Tenho como objectivo seguir o bom exemplo da minha professora cooperante,

melhorar com os meus próprios erros e, sem dúvida, assimilar as suas indicações e

sugestões.

Seguramente, o método de adaptação do ensino, mais precisamente o ensino

adaptativo que a nossa cooperante utiliza, é no meu franco entender o mais eficaz e

conveniente, já que “um único método de ensino/ aprendizagem não pode satisfazer as

necessidades de todos os alunos” (Sérgio Niza, 2000).

Portanto, quando não estamos a utilizar um ensino adaptativo na nossa prática

educativa, estamos na minha opinião a desconsiderar os saberes e os ritmos de trabalho

dos nossos alunos, conduzindo-os, inevitavelmente, ao fracasso e insucesso.

Devemos ter plena noção da nossa responsabilidade como educadores e da

necessidade de respeitar os nossos alunos, para que estes consigam alcançar o sucesso, e

mereçamos o seu respeito e confiança. Desta forma, tal como nos diz Sérgio Niza,

devemos fazer uma “utilização conjunta de várias estratégias que se ajustem à

diversidade dos alunos. (…) O Ensino adaptativo que vê as diferenças individuais

como um facto conatural à educação escolar, ajustando o modo de ensinar às maneiras

de aprender dos alunos, tornando compatível o objectivo da qualidade do ensino como

os da igualdade de oportunidade dos alunos” (Sérgio Niza, 2000: página 46)

Por outro lado, assumo o meu receio, porque são nestas circunstâncias que

começo a reflectir sobre outra realidade que me espera e, muitas vezes, me interrogo se

serei capaz de cumprir a minha missão. Serei, então, capaz de me desdobrar entre as

crianças? Será que irei conseguir distribuir a minha atenção e o meu cuidado igualmente

por todos? Fico de facto extremamente ansiosa, amedrontada e muito preocupada. O

meu maior desejo é, indubitavelmente, alcançar o sucesso no final do ano juntamente

com os meus alunos.

Após a leitura do texto, a professora propôs

aos alunos que construíssem uma lista de palavras. A

docente colocou no quadro uma folha A3 e escreveu

no seu topo Ci e Ce. Quando começou a questionar os

alunos, com o objectivo de preencher a folha, eu

ocupei o seu lugar e continuei o trabalho com o aluno

no quadro de pregas. Saliento que gostei muito de a

realizar, é uma actividade na minha opinião muito

enriquecedora, os alunos aprendem e trabalham de

uma forma divertida. Refira-se que o aluno trabalhou muito bem e, sem excepção, os

restantes alunos terminaram a actividade igualmente com sucesso.

Em seguida, passámos à finalização da elaboração dos postais de Natal. Algo

curioso foi o facto de uma aluna ter antecipadamente mencionado no Diário de Turma a

sua vontade de elaborar um postal de Natal. Esta atitude demonstrou o desejo e a

vontade de trabalhar, transparecendo sem dúvida alguma, a sua grande motivação.

Os alunos já tinham iniciado a actividade e nós ajudámo-los a concluí-la.

Reporte-se que todos os postais ficaram muito bonitos e que este foi um momento

deveras aprazível, pois pudemos observar como se

desenvolvem as actividades de Natal nas escolas.

Após um pequeno diálogo com a nossa cooperante,

apercebemo-nos que faltavam alguns adereços para a peça

de Natal. Os nossos alunos iriam realizar uma peça de teatro,

onde cada um teria um papel crucial. Basicamente, na

referida peça os alunos iriam representar uns pinheiros,

umas árvores, umas crianças, entre outros papéis. Tive a ideia de decorar os pinheiros,

sobre a qual a professora cooperante se mostrou bastante receptiva.

Enquanto a professora e os alunos elaboravam os

postais de Natal, a Margarida e eu iniciámos a execução

dos adereços. Foi tal o nosso entusiasmo que era para

elaborarmos algo simples mas acabámos por elaborar os

adereços dos alunos todos para toda a peça.

Às 11:00 os alunos começaram a organizar-se para

se reunirem no pátio com os restantes colegas da escola,

com o intuito de realizarem o ensaio geral. Estava muito

ansiosa e muito satisfeita porque pela primeira vez participaria numa festa de Natal,

algo por que ansiava muito. Infelizmente, nos anos de estágio precedentes, nunca

tivéramos tal oportunidade, pois ficávamos sempre excluídas deste género de

actividades.

O ensaio geral tinha como objectivo a observação

das actividades dinamizadas pelos restantes colegas, já que

no dia da festa os alunos fariam o seu espectáculo e sairiam

de imediato, sem sequer terem oportunidade de as

observarem a todas.

Apesar de não termos sido convidadas para a grande

festa, tivemos a oportunidade e honra de assistir ao ensaio geral, cuja única diferença

era a participação dos pais.

Foi com uma grande emoção e entusiasmo que observei detalhadamente cada

passo, não só dos nossos alunos como de todos os envolvidos.

É de facto muito emocionante, ver os nossos meninos muito empenhados,

assumir o comando daquele espaço de tempo mágico. O espírito natalício emociona-me

imenso. Confesso que me comovi muito e acabei por chorar de emoção e felicidade.

Saliente-se que os nossos alunos ficaram muito

contentes com os adereços que realizámos para eles.

Tivemos a excelente ideia de elaborá-los para enfeitar

a árvore de Natal. Quando chegámos à sala fizemos a

simulação e ficou perfeito.

Estes momentos dão-me mais ânimo e vontade

de continuar o meu trabalho. Anseio por ter a minha

própria turma e desenvolver com os meus alunos este

género de actividades.

Findo esta reflexão com o seguinte

pensamento: não coube em mim tanta felicidade pelo

facto do meu dia de estágio ter sido o dia do ensaio

geral. Apesar de não ter sido convidada, acabei por

assistir à mesma, o que me deixou muito feliz.