1. pressupostos teóricos da disciplina de geografia: concepÇÃo

15
COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ Ensino Fundamental, Médio e Profissional Av. João Gualberto, 250 - Alto da Glória Fone: 3304-8942 e-mail: [email protected] 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO DE ENSINO A Geografia, apoiada, inicialmente, em concepções e fatos de ordem natural, adquiriu, na atualidade, um caráter social e humanístico. Esta área de conhecimento reúne elementos que viabilizam a análise e a interpretação do processo de apropriação e organização do espaço pelo ser humano. Uma de suas características atuais é não se limitar a uma concepção positivista, marcada essencialmente pela apresentação meramente quantitativa e funcionalista dos seus conhecimentos (Geografia Tradicional ou Positivista). Hoje, ela traz o compromisso de uma análise crítica da realidade vivida, subsidiando-se processos de transformação. Novas perspectivas de abordagem geográfica instalam-se em decorrência de mudanças socioeconômicas provocadas pela revolução tecnocientífica, pela globalização da economia e pelos constantes problemas ambientais. Com isso, surge uma Geografia comprometida com a análise e a interpretação das relações de interdependência entre os seres humanos, do ser humano com a natureza e dos fatores sócio-econômicos ambientais entre si. Assim, a tarefa do ensino de Geografia está na possibilidade de construir explicações críticas do constante e dinâmico processo de construção e transformação dos espaços. Partindo dessa concepção, o ensino atual da Geografia procura explicar o espaço geográfico, isto é, o local onde se realizam as relações sociais, econômicas, políticas e do ser humano com a natureza, em escala local, regional, nacional e global. O pressuposto deste ensino está na concepção do espaço geográfico como uma totalidade dinâmica no qual acontecem todas as interações dos fatores sociais, econômicos, políticos e naturais, ou seja, as práticas sociais. O desafio educativo é instrumentalizar o indivíduo para que ele perceba-se como sujeito social e compreenda os fenômenos ligados ao espaço que orientam o seu cotidiano. “Hoje, creio que o objetivo da Geografia deva ser entender a sociedade e suas

Upload: trinhcong

Post on 07-Jan-2017

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ Ensino Fundamental, Médio e Profissional

Av. João Gualberto, 250 - Alto da GlóriaFone: 3304-8942 e-mail: [email protected]

1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia:

CONCEPÇÃO DE ENSINO

A Geografia, apoiada, inicialmente, em concepções e fatos de ordem natural,

adquiriu, na atualidade, um caráter social e humanístico. Esta área de conhecimento reúne

elementos que viabilizam a análise e a interpretação do processo de apropriação e

organização do espaço pelo ser humano. Uma de suas características atuais é não se

limitar a uma concepção positivista, marcada essencialmente pela apresentação

meramente quantitativa e funcionalista dos seus conhecimentos (Geografia Tradicional ou

Positivista). Hoje, ela traz o compromisso de uma análise crítica da realidade vivida,

subsidiando-se processos de transformação.

Novas perspectivas de abordagem geográfica instalam-se em decorrência de

mudanças socioeconômicas provocadas pela revolução tecnocientífica, pela globalização

da economia e pelos constantes problemas ambientais.

Com isso, surge uma Geografia comprometida com a análise e a interpretação das

relações de interdependência entre os seres humanos, do ser humano com a natureza e

dos fatores sócio-econômicos ambientais entre si. Assim, a tarefa do ensino de Geografia

está na possibilidade de construir explicações críticas do constante e dinâmico processo de

construção e transformação dos espaços.

Partindo dessa concepção, o ensino atual da Geografia procura explicar o espaço

geográfico, isto é, o local onde se realizam as relações sociais, econômicas, políticas e do

ser humano com a natureza, em escala local, regional, nacional e global.

O pressuposto deste ensino está na concepção do espaço geográfico como uma

totalidade dinâmica no qual acontecem todas as interações dos fatores sociais,

econômicos, políticos e naturais, ou seja, as práticas sociais.

O desafio educativo é instrumentalizar o indivíduo para que ele perceba-se como

sujeito social e compreenda os fenômenos ligados ao espaço que orientam o seu cotidiano.

“Hoje, creio que o objetivo da Geografia deva ser entender a sociedade e suas

Page 2: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

contradições usando o espaço como categoria para tal entendimento.” (Kaercher, 2002, p.

76).

Assim, inspirada na realidade contemporânea, a Geografia torna-se uma área de

conhecimento e uma ferramenta que auxilia o entendimento da sociedade atual, a

compreensão dos seus valores e dos processos que conduzem as suas transformações.

Para isso, utiliza-se do estudo da produção e organização do espaço, reflexos das ações

humanas no processo histórico de apropriação dos lugares, nos quais as coletividades

imprimem os seus valores socioeconômicos e culturais.

Norteada por essa concepção, a Geografia apóia-se em três eixos ou conceitos

considerados básicos e capazes de realizar uma análise científica do espaço: o lugar, a

paisagem e o território.

O lugar é o espaço vivido no cotidiano, imbuído de consensos e conflitos, repleto de

identidade. Nele, pratica-se a cidadania.

A paisagem é o arranjo espacial que a nossa visão alcança. Ela nos revela os

elementos sociais, culturais e naturais e a interação entre eles, o seu permanente processo

de transformação e os seus múltiplos espaços e tempos.

O território é a base física e material da paisagem, delimitado pelas relações de

poder, dominação e influência e, por conseqüência, traz em si a noção de divisão social.

A Geografia é uma ciência social e tem como seu objeto de estudo o Espaço Geográfico e

sua composição conceitual básica: paisagem, lugar, região, território, natureza e sociedade.

Isto é, o espaço geográfico resultante dos atos humanos como frutos da convivência social-

cultural, produto histórico da aplicação do conhecimento acumulado pela sociedade.

Neste sentido percebemos uma relação intrínseca do objeto de estudo com o

homem, pois, vivemos num lugar, pertencemos a uma sociedade, fazemos parte da

natureza e apropriamos-nos dela para produção e organização de nosso espaço.

A Geografia tradicional, a primeira estabelecida no estudo do espaço, vem trabalhar

com fundamentos de paisagem e região, secundarizando a abordagem espacial. Ratzel

considera base indispensável à vida, valorizando a posse e domínio do espaço. Surge daí

dois conceitos chave, que são o território e o espaço necessário á vida, denominado por

ele como espaço vital. O território é a posse da área e o espaço o quanto dela é necessário

à vida dos que o detém.

A relação entre os conceitos de território e espaço vital dá-se pela apropriação de

uma porção do espaço por um determinado grupo e as necessidades territoriais, desse

grupo em função de seu desenvolvimento tecnológico. O Estado tem então a função

primeira de manter ou implicar o território em função do espaço vital dessa sociedade.

Page 3: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

A geografia ganha partes, como a sociedade, que funcionam cada um com seus

fundamentos, mas que se somam no sentido de totalidade. As partes da geografia passam

então a tratar especificamente de uma fração do espaço, conceito que não se extingue,

mas que se reafirma nas partes. Há a divisão da ciência geográfica em áreas,

primeiramente a física e a humana, depois em varias partes do meio.

Tornando a geografia uma disciplina reflexiva e instigante, para a abordagem dos

conceitos referenciais, conteúdos de ensino e abordagens metodológicas aos

determinantes sociais, econômicos, políticos e culturais. Pressupõem uma perspectiva

onde os professores junto com seus educandos analisem e reflitam sobre o espaço na

busca de compreender as representações que os indivíduos inseridos nos diversos grupos

têm sobre o espaço de vida percebido.

Visando a compreensão desta geografia critica, faz-se necessário entender todos os

conceitos básicos considerados nesta diretriz - Paisagem, Lugar, região, território, natureza

e sociedade.

O conceito de paisagem junto com demais conceitos geográficos sofre um processo

de revisão diante da globalização. Sendo assim, embora tenha uma dimensão subjetiva,

deve ser entendido como sendo a materialidade de objetos (materiais e não materiais) em

um determinado momento histórico, como o espaço contem o movimento, paisagem e

espaço se completam, formando por um par dialético. A observação e a descrição de uma

paisagem servem de ponto de partida para as analises do espaço geográfico.

O conceito de lugar é mais amplo entre os componentes do Espaço Geográfico, pois

ele traz a discussão dos conceitos de território, de natureza, de técnica, de política entre

outros. É o espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade estão presentes.

Os lugares diferenciam-se uns dos outros enquanto espaços produtivos, cada qual

revelando suas especificidades, subjetividades e relacionar idades próprias do espaço

local.

Região tem um conceito definido como sendo o suporte e a condição para que as

relações globais se realizem; no mundo globalizado, onde as trocas são intensas e

constantes, a forma e o conteúdo das regiões mudam rapidamente. O fundamento político

do conceito se baseia no controle e gestão de um território.

O conceito de território tem uma conotação política, estando ligado a normalização

das ações globais e locais. É no território, assim como também no lugar, que os

instrumentos de regulação são constituídos, seja ele nacional regional ou local; é onde

acontecem as relações de dialogo, associação e conforto entre o lugar e o mundo.

Normalmente é o Estado quem organiza o território, mas o próprio indivíduo ou

Page 4: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

organizações podem “produzir” o território para suprir a ausência do Estado nos setores

sociais.

Conceito de natureza é um conjunto de elementos naturais com dinâmica própria e

que independe da ação humana. Atualmente a natureza é vista pelo homem apenas como

fonte provedora de recursos, devido aos avanços técnicos e científicos, causando uma

falsa idéia de domínio do homem sobre a natureza. Mas, a especialização dos lugares,

hoje, se deve mais as condições técnicas e sociais do que aos recursos naturais, devido à

artificialização do meio, tanto urbano, quanto rural.

Entende-se o conceito de sociedade pela sua relação com a natureza e em seus

aspectos culturais, políticos, sociais e econômicos. A sociedade produz um intercambio

com a natureza, transformando-a em função de seus interesses econômicos e ao mesmo

tempo sendo influenciado por ela, criando seus espaços conforme as relações políticas e

as manifestações culturais. Este conceito deve ser discutido, também, a partir das relações

globais-locais, e deve estar associado às discussões políticas sobre planejamento

ambiental, rural, industrial e urbano e demonstrando as contradições socais existentes

dentro de uma mesma sociedade.

Na compreensão do conhecimento geográfico é importante salientar as várias

linguagens que o mundo moderno oferece, e constituem instrumentos fundamentais a

serem apropriados pelos professores e educando para a compreensão da atual realidade.

O acesso ás diferentes linguagens e aos diferentes documentos na escola proporciona aos

educando a compreender melhor a realidade espacial e temporal em que eles vivem para

que atuem de forma comprometida com as necessidades, os interesses individuais e de

seu grupo social.

O computador e a Internet já fazem parte do cotidiano de algumas escolas, mas

ainda seu uso e suas possibilidades, além de substituir a máquina de escrever, necessitam

ser explorada pelos nossos educandos.

O estudo de imagens é de sua importância em sala de aula, pois proporciona ao

educando a compreensão do espaço estudado de forma real e presente (imagens de

satélites), bem como as fotografias, planta baixa que podem mostrar as transformações de

uma rua, de uma cidade ou de espaços maiores: ir à busca do porque dessas

transformações é tarefa da Geografia e da História. O espaço e o tempo caminham juntos.

Dados estatísticos precisam ser utilizados e transformados em gráficos de vários

tipos. A sua leitura e interpretação fazem parte do cotidiano da mídia. Uma problematização

sobre uma área rural ou urbana pode ser feita através de dados estatísticos e de sua

evolução no tempo. O educando necessita saber utilizar os dados transformá-los em

Page 5: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

gráficos, mas também conhecer as instituições que produzem como os órgãos oficiais

Instituto de Geografia Estatística - IBGE, Instituto Paranaense de Desenvolvimentos

Econômico e Social – PARDES, as Organizações das Nações Unidas-ONU e as diferentes

Organizações Não Governamentais - ONGs.

Os jornais, fontes de orientação da opinião pública são indispensáveis para a

seleção de temas e problemas a serem estudados, mesmo que não concordemos com as

respectivas análises.

Para a Geografia, mas não só para essa disciplina, outra importante fonte de

informação são as pessoas. As entrevistas feitas com pessoas que se relacionam com

certo espaço ou com fenômenos espaciais fornecem subsídios que os ajudam a entender o

significado de acontecimentos e de ação sobre o espaço, através das representações

sociais que passam através de seu discurso.

Analisar com os educandos do ensino médio essas falas e descobrir a gênese

das representações que exprimem é auxiliá-los a desvendar o seu espaço, a conhecer os

agentes sociais responsáveis por sua construção e saber que ele, educando, também é

responsável pela sua construção.

1.1 Aulas de campo

Fundamentação Teórica

As aulas de campo são muito importantes no aprendizado da Geografia. É em

contato com a natureza que o aluno poderá perceber e aprender os diversos aspectos que

envolvem o seu estudo, quer seja social, cultural ou econômico.

Diferentemente de uma aula de Geografia em sala, ou em um laboratório, a aula de

campo apresenta uma visão do real. Saindo do abstrato, o aluno poderá analisar e

investigar assuntos relativos ao ambiente estudado, podendo assim problematizar e ter

uma visão critica das ações antrópicas, buscando soluções para os problemas já

existentes na região ou que surgirão no futuro.

É muito gratificante para o professor perceber que o aluno através da prática está

se apropriando do conhecimento, que muitas vezes durante a teoria, não contempla todas

as suas possibilidades de aprendizado.

Para cada tipo de excursão, os métodos de ensino e a interdependência professor-

aluno devem ser analisados para que assim se atinjam os objetivos propostos.

Os métodos de ensino em uma saída de campo podem ser classificados em

Page 6: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

dirigidos, semi-dirigidos e não-dirigidos (Brusi,1992) e a relação professor-aluno pode ser

centrada no professor, centrada no aluno ou de equilíbrio. A situação de equilíbrio, vista

pela maioria como sendo a ideal, em alguns casos, pode tender para um lado ou para o

outro de acordo com os objetivos didáticos propostos.

Os estudos dirigidos pressupõem que o professor é que direciona o objeto de estudo

do aluno, que por sua vez desempenha um papel que paulatinamente redescobre os

conceitos e fatos que o professor pretendia enfatizar desde o início. Na atividade não-

dirigida, os alunos são estimulados a uma investigação autônoma, são desconhecidos a

princípio para os alunos, os resultados que podem ser atingidos. Finalmente na condição

de equilíbrio, o aluno é orientado pelo professor, mas este não define previamente as

conclusões que devem ser obtidas .

Quanto a lógica predominante que engloba referencias de conteúdo e esquemas de

raciocínio, estes podem habilitar o estudante ao uso de certas técnicas, transmitir conceitos

ou simplesmente ilustrar feições citadas em sala de aula.

A partir desse parâmetro, Compiani (1991) classifica as atividades de campo de

acordo com seu papel didático que pode ser uma atividade de campo ilustrativa, que é a

considerada mais tradicional. Serve para mostrar ou reforçar os conhecimentos já vistos

em sala de aula, onde o aluno faz as anotações repassadas pelo professor.

Já numa atividade de campo indutiva, a função do professor é guiar o aluno

seqüencialmente no processo de observação e interpretação para que estes possam

resolver os problemas propostos. Desta forma, neste tipo de aula de campo o aluno pode

responder um questionário envolvendo questões teóricas e conceituais, previamente

estabelecidos. O estudo pode ser dirigido ou semi-dirigido, mas é o professor que delimita

e define o ritmo dos trabalhos. Neste formato, o processo de aprendizagem valoriza os

métodos científicos e o raciocínio lógico dos alunos, sem se preocupar com os

conhecimentos prévios.

A atividade de campo motivadora pressupõe despertar o interesse dos alunos para

um dado problema ou aspecto a ser estudado. Valoriza aspectos mais genéricos como a

paisagem o senso comum e a afetividade com o meio. O objetivo é despertar a curiosidade

e o interesse do aluno para a disciplina, valorizando a experiência de cada aluno e seus

questionamentos.

A atividade de campo é considerada treinadora, quando busca treinar o aluno quanto

ao uso de aparelhos, instrumentos ou aparatos científicos como exemplo o uso da bússola

ou do GPS (Sistema de posicionamento Global), podendo também haver, anotações de

dados, coletas de amostras entre outros. Nesse processo, é o professor que direciona as

Page 7: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

atividades.

A chamada atividade de campo investigadora, estimula o aluno a resolver

determinados problemas existentes no campo, elaborando hipóteses a serem estudadas,

discutindo as estratégias, verificando a necessidade de buscarem mais informações em

livros e analisando as reflexões e conclusões. Neste processo o papel do professor é

resolver um problema quando solicitado pelo grupo, além de incentivá-los. Assim, a

atividade é centrada no aluno, que é considerado capaz de solucionar os problemas.

A saída de campo autônoma tem um caráter investigativo, que pode também

preparar o aluno para sua atividade profissional futura . É realizada em regiões escolhidas

pelos alunos sem a presença do professor. A investigação é constante, e cabe ao professor

ser o orientador do trabalho de campo. Os alunos retornam ao campo quantas vezes forem

necessárias e a relação professor-aluno e aluno-aluno é ampliada pelas várias discussões

e análises, além da troca de experiências entre todas as partes. Um exemplo desta forma

de se conduzir o trabalho de campo, pode ser a análise de um rio, de um perfil de solo, da

área urbana, entre tantas outras possibilidades. O professor, não vai ao campo, mas

recebe informações e discute com o grupo os direcionamentos tomados.

É importante salientar que numa saída de campo, independente da série trabalhada,

pode-se abranger conteúdos diversos dentro da própria série, bem como uma retomada de

conteúdos das séries anteriores.

1.2 Anexo:

Imagens: Vila Velha.

Page 8: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

Imagens: Parque Estadual de Campinhos.

Imagens: Parque Estadual Newton Freire – Semana Pedagógica Jul. 2012.

2. Objetivos Gerais da Disciplina:

O aluno deve ser estimulado a aprender a conhecer por meio de temas que retratam

a sua realidade e permitam a ele perceber, pelas relações amistosas e conflituosas que se

desenrolam no espaço geográfico, que a cidadania é um processo em constante

construção e que ela, aos poucos, vai se realizando com a participação de todas as

pessoas, não obstante possuam distintos modos de vida, habitem e construam espaços

diferentes do seu.

Assim, durante todo o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, é importante que o

aluno:

Page 9: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

• entenda a Geografia como instrumento de seu conhecimento de mundo, como palco

de contradições e de prática da cidadania;

• conheça os fenômenos ligados ao espaço, reconhecendo-os não apenas a partir do bi-

nômio dicotômico sociedade-natureza, mas tomando-os como produtos das relações

que orientam seu cotidiano, que definem seu local espacial e o interligam a outros con-

juntos espaciais;

• reconheça as contradições e os conflitos políticos, econômicos, sociais e culturais, tra-

zendo e relatando em sala de aula as experiências de seu cotidiano;

• compare e avalie a qualidade de vida, os hábitos, as formas de utilização e/ou de ex-

ploração de recursos e pessoas;

• respeite as diferenças e contribua para uma organização social mais equânime;

• torne-se agente de convívio em escala local, regional, nacional e global e de sua pró-

pria aprendizagem;

• esteja receptivo a aprender, a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, desenvolvendo as

suas competências cognitivas, sócio-afetivas e psicomotoras e os valores de sensibili-

dade e solidariedade necessários ao aprimoramento da vida.

3. Pressupostos Metodológicos:

Segundo Vigotski o aluno deve ter participação ativa no processo de construção do

seu conhecimento que é realizado com base na cultura e contexto de que ele faz parte.

Considerando essa linha de pensamento para o ensino da Geografia, privilegiou-se a inte-

gração da prática social à rotina do aluno, conferindo-lhe sentido através da contextualiza-

ção dos temas-eixos da disciplina: paisagem, lugar, região, território, natureza e sociedade,

por meio:

• de relatos e debates que propiciarão uma compreensão mais abrangente e real des-

ses temas;

Page 10: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

• da promoção e do desenvolvimento das competências e habilidades que os alunos

estão desenvolvendo ao longo de sua trajetória escolar, através de: leituras e con-

seqüentes interpretações; comparação, análise e interpretação de diferentes lingua-

gens com informações gráficas e cartográficas com tabelas, mapas, infográficos,

imagens, charges, cartuns músicas e obras de arte, entre outras;

• da ênfase dada ao presente vivido, apreendido e sentido pelos alunos, referenci-

ando-se em textos históricas, para analisar a transformação do espaço vivenciado,

comparar a evolução da cultura e dos processos de desenvolvimento das socieda-

des, desenvolvendo a criticidade na análise, por exemplo, dos sistemas econômicos

existentes;

• de pesquisas, que possibilitem conhecer, interpretar e ter condições de avaliar a (re)

organização do espaço geográfico e suas constantes modificações;

• de aulas de campo para “sentir” a realidade das paisagens, suas transformações e

características;

• de leitura, interpretação e conhecimento de mapas e tecnologias mais avançadas

de registro do espaço que lhe permitam estabelecer comparações e constatar a evo-

lução da ciência cartográfica;

• de aulas interativas, onde alunos e professor trocam informações e discutem a res-

peito das mesmas, estabelecendo conclusões;

• de análise de filmes e documentários referentes aos conteúdos trabalhados para

ampliar o conhecimento do educando e permitir o acompanhamento das transforma-

ções sócio-culturais do mundo;

• de entrevistas e coleta de informações em sua comunidade para entender melhor o

contexto local e daí partir para análises de espaços mais amplos.

• De construção de conceitos advindos de análise pessoal de situações propostas

com o intuito de tornar-se co-participante e atuante no meio em que vive.

Page 11: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

4. Organização Curricular dos conteúdos:

4.1 Ensino Fundamental:

4.2 Ensino Médio:

PRIMEIRO ANO

UNIDADE I – A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NO CAPITALISMOCapítulo 1 A formação do mundo capitalistaCapítulo 2 A Revolução IndustrialCapítulo 3 A inserção do Brasil na economia-mundoCapítulo 4 O papel do comércio mundialCapítulo 5 Circulação e Transportes

UNIDADE II - A DINÂMICA DA NATUREZA Capítulo 6 Estrutura geológica da TerraCapítulo 7 RelevoCapítulo 8 Formação e Tipos de SoloCapítulo 9 Hidrologia e Hidrografia

UNIDADE III –ESPAÇO AGRÁRIOCapítulo 10 O mundo ruralCapítulo 11 A agricultura brasileiraCapítulo 12 A modernização da AgriculturaCapítulo 13 O mundo rural brasileiroCapítulo 14 Brasil: Potência agropecuária UNIDADE 1V – A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO PRODUZIDOCapítulo 15 Localização e orientação geográficaCapítulo 16 Diferentes formas de representação do espaçoCapítulo 17 Novas tecnologias e suas aplicações

SEGUNDO ANO

UNIDADE I – PAISAGENS NATURAISCapítulo 1 Dinâmica ClimáticaCapítulo 2 Formações Vegetais e domínios morfoclimáticosCapítulo 3 Recursos Naturais Capítulo 4 fontes de energia

UNIDADE II - PRODUÇÃO DO ESPAÇO INDUSTRIAL

Capítulo 5 Características Gerais da IndustrialiazçãoCapítulo 6 Industrialização Clássica I – EuropaCapítulo 7 Industrialização Clássica II – os Estados UnidosCapítulo 8 Industrialização Tardia I – Ásia, América Latina e ÁfricaCapítulo 9 Industrialização Tardia II - BrasilCapítulo 10 Industrialização na Antiga União Soviética e na China

Page 12: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

UNIDADE III – DINÂMICAS POPULACIONAISCapítulo 11 População MundialCapítulo 12 A população BrasileiraCapítulo 13 MigraçãoCapítulo 14 Migração no BrasilCapítulo 15 Mudanças no Mundo do Trabalho

UNIDADE 1V – URBANIZAÇÃO E NOVIMENTOS SOCIAISCapítulo 16 UrbanizaçãoCapítulo 17 Urbanização BrasileiraCapítulo 18 Os movimentos sociais

TERCEIRO ANO

UNIDADE I – A PRODUÇÃO DO ESPAÇO POLÍTICOCapítulo 1 Território e fronteirasCapítulo 2 As grandes guerras e a reordenação do espaço mundialCapítulo 3 A geopolítica no pós guerraCapítulo 4 A geopolítica no Brasil

UNIDADE II - A NOVA ORDEM INTERNACIONALCapítulo 5 GlobalizaçãoCapítulo 6 As críticas à globalizaçãoCapítulo 7 A formação dos blocos econômicosCapítulo 8 As grandes potências Globais

UNIDADE III – O ESPAÇO POLÍTICO: FOCOS DE TENSÃOCapítulo 9 EuropaCapítulo 10 ÁfricaCapítulo 11 América LatinaCapítulo 12 Ásia

UNIDADE 1V – OS DESAFIOS GEOPOLÍTICOS DO SÉCULO XXICapítulo 13 Geopolítica dos recursos naturaisCapítulo 14 Geopolítica do petróleoCapítulo 15 Geopolítica dos alimentosCapítulo 16 Geopolítica da produção.

OBS. Os conteúdos referentes a História do Paraná, História e Cultura Áfro, Educação Am-

biental e Fiscal, Enfrentamento à Violência, Drogas, Educação Tributária e Relações Ét-

nico-raciais serão trabalhados paralelamente aos conteúdos acima expostos pois já encon-

tram-se em sub-títulos que constam do livro adotado para 2012.

5. Avaliação:

Page 13: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

A avaliação, como parte do processo de ensino-aprendizagem, traz consigo o objeti-

vo de avaliar os processos de ensino e as conquistas realizadas pelos alunos. Sendo as-

sim, precisa caracterizar-se como sendo uma observação contínua, sistemática e qualitati -

va do processo de ensino e aprendizagem. Ela serve para se ter consciência do curso dos

processos, dos resultados educativos e, portanto, se os objetivos pedagógicos estão sendo

atingidos.

Nessa concepção, ela se constitui em grande auxiliar do aprendizado, um indicativo

dos avanços de aprendizagem e dificuldades encontradas pelos alunos. É uma norteadora

da prática pedagógica do professor, contribuindo para que ele repense o seu trabalho, o

que deve ser retomado e que procedimentos poderão ser adotados. É por meio dela que se

torna possível verificar se o caminho escolhido para o desenvolvimento de uma proposta

deve ser mantido ou alterado.

Como o ensino da Geografia visa à formação de um cidadão consciente e crítico, a

avaliação não deve privilegiar a memorização e a reprodução do que foi dito e lido em

classe e, sim, a observação, a análise, o entendimento e a aplicação. Portanto, o conteúdo

avaliado deve ser muito bem contextualizado e de aprendizagem significativa. Tal

procedimento requer que o professor utilize diferentes instrumentos e formas de avaliar que

possam envolver tanto o desenvolvimento cognitivo (operacionalização dos conceitos)

quanto o desenvolvimento das habilidades e competências (critérios procedimentais como

os de observação, análise, explicação, representação, interpretação, aplicação de

conceitos, estabelecimento de relações, etc.) e critérios atitudinais (sociabilidade,

responsabilidade, opiniões, participação individual ou em grupo, na sala de aula e fora dela,

interesse, respeito às diferenças e valores, etc.).

Avaliar dessa forma não é nada fácil, é uma tarefa desafiadora, porém

compensadora, pois permite ao educando a construção da autonomia e dos valores

necessários ao exercício de sua cidadania.

Page 14: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

6. Referências:

ANDRADE, M. C. Geografia Ciência da Sociedade. São Paulo: Atlas, 1987

CORREA, R. L. Introdução a Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

Diretrizes Curriculares – Versão Preliminar, SEED – Superintendência da Educação, julho,

2008.

GOMES, P. C. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

LIMA, Elvira Souza Lima. Avaliação na Escola. São Paulo. Sobradinho 107. 2003.

MOREIRA, Ruy. O que é geografia. 14ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1994.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Para onde vai o ensino de geografia?. 4ª ed. São Paulo:

Contexto 1993.

PREFEITURA MUNICIPAL DE FAZENDA RIO GRANDE. Proposta Curricular Municipal:

Educação Infantil, Ensino Fundamental, primeira à quarta série e série e Educação

Especial. Fazenda Rio Grande. 2004

MENDONÇA, Francisco. Geografia Física: Ciência Humana? 6ª edição. São Paulo:

Contexto, 1998.

MENDONÇA F. Geografia Sócio Ambiental. Terra Livre, p 113, 2001.

SANTOS, M. Da Totalidade ao Lugar. São Paulo: Edusp, 2005.

SANTOS, M. A Natureza do espaço: Técnica e tempo. São Paulo: Hucitec, 1996.

SANTOS, M. Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo: Hucitec, 1998.

VESENTINI, J. W. Para uma Geografia Crítica na Escola. São Paulo: Àtica, 1992.

Page 15: 1. Pressupostos Teóricos da Disciplina de Geografia: CONCEPÇÃO

VLACH, V. R. F. O Ensino da Geografia no Brasil. O ensino de Geografia no século XXI.

Campinas: Papirus, 2004