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N o 138 Ano 13 Agosto/2008 JORNAL DA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO PRODERJ – ASCPDERJ http://ascpderj.sites.uol.com.br Passeata dos servidores públicos estaduais foi debaixo de muita chuva, reunindo as categorias do funcionalismo público, que mostraram não estar mais dispostos á conviver com 13 anos de arrocho salarial e descaso do governo. Os servidores reivindicam respeito aos seus planos de cargos, reajuste salarial e o fim dos ataques do governo aos ser viços. Nova manifestação já está sendo preparada e o movimento unificado continua mais forte do que nunca. Pág 4 e 5 DISPOSIÇÃO E COMBATIVIDADE PRODERJ Folha de Pagamento do estado ameaçada de terceirização – Pág 3 ESPECIAL Os danos da terceirização para os trabalhadores – Pág 7 Fortaleça a ASCPDERJ ASSOCIE-SE JÁ!

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No 138 Ano 13 Agosto/2008JORNAL DA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO PRODERJ – ASCPDERJhttp://ascpderj.sites.uol.com.br

Passeata dos servidores públicos estaduais foi debaixo de muita chuva,

reunindo as categorias do funcionalismo público, que mostraram não

estar mais dispostos á conviver com 13 anos de arrocho salarial e

descaso do governo. Os servidores reivindicam respeito aos seus planos

de cargos, reajuste salarial e o fim dos ataques do governo aos serviços.

Nova manifestação já está sendo preparada e o movimento unificado

continua mais forte do que nunca. Pág 4 e 5

DISPOSIÇÃO E COMBATIVIDADE

PRODERJFolha de Pagamento do estadoameaçada de terceirização – Pág 3

ESPECIALOs danos da terceirização para ostrabalhadores – Pág 7

Fortaleça aASCPDERJASSOCIE-SE JÁ!

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2 ••••• Agosto/2008 ••••• J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J

Unidade e organizaçãoJornal da ASCPDERJ

Associação dos Servidoresdo Centro de Processamento

de Dados do Estado doRio de Janeiro

R. São Francisco Xavier, 524/ 2ºand. Maracanã – CEP 20.550-013Tel: 2569-5480/2568-0341

[email protected]

[email protected]

Presidente:

LEILA DOS SANTOS

1º Vice-presidente:

JOSÉ JOAQUIM P. DE C. A. NETO

2º Vice-presidente:

JÚLIO CÉSAR FAUSTINO

1º Secretário:

ELIZABETH SILVA MARTINS

2º Secretário:

ULYSSES DE MELLO FILHO

1º Tesoureiro:

MARCOS VILLELA DE CASTRO

Responsável pela Sede Praiana(Saquarema):

JOSÉ JOAQUIM PIRES NETO (KIKO)

Redação e Edição:

FERNANDO ALVES

DENISE MAIA

Diagramação

ESTOPIM COMUNICAÇÃO E EVENTOS

2518-7715

Ilustração:

LATUFF

Fotolitos & Impressão:

GRAFNEWS

3852-7166

Na Internet

http://ascpderj.sites.uol.com.br/

ENTIDADE DE UTILIDADE

PÚBLICA ESTADUAL

Edição fechada em:22/09/2008

Editorial

Expediente

N os últimos meses temos participado ativamente doMovimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (MUSPE), fórum que

congrega os sindicatos e associa-ções representativas das am-plas categorias do funcio-nalismo público estadualdo Rio de Janeiro. Nasreuniões, sempre de-batemos a situaçãodos serviços públicos,a qualidade desses ser-viços oferecidos à popu-lação, seu papel e suaimportância para o desenvolvi-mento econômico, político e social do Es-tado e as estratégias frente aos constantesataques dos governos, através das políticasneoliberais de retirada do Estado de áreas estratégicas e fun-damentais, do arrocho salarial de 13 anos e do desmontedesses serviços para atender aos interesses da privatização.Temos experimentado que somente com unidade os traba-

lhadores podem derrotar essa política de descaso,sucateamento e desmonte. Nesse sentido, tem sido de gran-de valor entender que precisamos caminhar juntos, já que apolítica e o governo são os mesmos e atacam a todos nós.

Só quem luta, conquista!As manifestações de rua, as passeatas e as mobilizações

ocorridas nesse período, reforçaram nossa convicção. Poresse motivo é necessário reforçar cada jornada de lutas quetemos realizado.O neoliberalismo teve seu início quando Collor de Melo as-

sumiu a presidência do Brasil e implantou a caça aos servi-dores públicos.No Rio de Janeiro, Marcello Alencar, de triste memória, go-

vernou destruindo e privatizando tudo o que foi possível. So-braram algumas empresas públicas, algumas autarquias eáreas sociais sensíveis, como educação, saúde e seguran-ça, que amargaram com falta de investimentos. As verbasforam para financiar bancos, empresas multinacionais e tes-tas de ferro, que se beneficiaram com o desmonte do Estadoe dos serviços públicos. Paralelamente a isso, uma injusta,covarde e intensa campanha para fazer a população acreditar

que os trabalhadores dosserviços públicos eramos principais vilões daburocracia, do mal aten-dimento e da péssima

qualidade dos serviços.Contribuíram para isso, a im-prensa oficial, composta pelosgrandes jornais e cadeias detevês, que nunca deram ne-

nhum espaço para contar a ver-dadeira história. Como todos sabem,

Collor foi defenestrado pela corrupção epela incompetência que instalou em seu

governo, mas a mídia que o apoiara conti-nua até hoje apadrinhada por grandes

corporações e atacando os trabalhadores.Por isso, o MUSPE deve ser um fórum de debates de políti-

cas que venha defender os trabalhadores. Nele, todas ascorrentes de opinião que atuam no movimento do funciona-lismo estadual devem participar, tendo como objetivo cons-truir a unidade e a organização necessária para lutar em defe-sa do serviço público.Sérgio Cabral representa a continuidade dessa política, como

antes foram Garotinho e Rosinha. Uma elite política burra, re-trógrada e reacionária, que somente quer enriquecer desvian-do os recursos do Estado e massacrando os servidores públi-cos. Por trás de seus governos, grandes empresários, ban-queiros e máfias, incrustadas na máquina administrativa paraalimentar seus esquemas e privatizar o Estado. São os res-ponsáveis pela epidemia de dengue, pelo caos na saúde, nasegurança e pelo desmonte da educação e do parquetecnológico, sem esquecer do Propinoduto, da arrecadação,na época do casal Garotinho.O Rio é o estado brasileiro mais rico em petróleo, mas to-

das as receitas obtidas com os royaltes vão para manter osprivilégios das famílias tradicionais e emergentes, os cachor-rinhos de madames, para bancar as festas regadas por coca-ína na Barra da Tijuca ou nas áreas nobres da Zona Sul, aopulência dos condomínios fechados e as negociatas dosricos. A decadência do Rio de janeiro, não é da população edos trabalhadores, mas dessa matilha de parasitas, que su-gam o suor e o sangue dos que verdadeiramente produzem ariqueza: a força dos trabalhadores.

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J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J ••••• Agosto/2008 • • • • • 3

PRODERJ

Não há nada de novoNegociações paradas, falta de autonomia e retirada de sistemas continuam

A tão falada mudança de postura que adireção do Proderj faria até agora nãopassou de palavras. O atendimento

às reivindicações dos trabalhadores conti-nua esbarrando numa direção sem atitudeperante o executivo do Estado. À medidaque o tempo vai passando, nada efetiva-mente mostra que a política do governo paraa área de Tecnologia de Informação (TI) éde fortalecimento do Proderj.A homologação do concurso de 2002,

uma vitória da pauta de reivindicações docorpo funcional, é um passo que só vale-rá se os aprovados forem convocados ime-diatamente, já que a carência de profissi-onais é gritante na Autarquia. A priorida-de da direção continua sendo a de aten-der os negócios fora do Proderj, comoagora, a retirada do sistema da Folha dePagamento, que passará para o controleda Seplag e seguirá o caminho daterceirização.A boa vontade anunciada pela direção até

agora tem sido apenas para tentar impedira reação dos trabalhadores. A transferên-cia do computador central foi realizada econsumada, com isso, mais uma divisãodo Proderj. Mais uma vez ratificamos quenão houve nem planejamento nem estu-do, a exceção dos realizados pelos técni-cos do Proderj, no sentido de se precaverqualquer dano no sistema, mostrando maisuma vez que os trabalhadores da Autarquiaagiram com cuidado e foram responsáveisem não fazer uma transferência nos pra-zos estabelecidos pela direção. Uma irresponsa-bilidade que custou aos cofres públicos mais de R$1 milhão, pela forma açodada e sem nenhuma trans-parência como aconteceu. Já faz um ano do incêndioocorrido na UERJ, que atingiu parte da área de Produ-ção do Proderj, mas os funcionários ainda não saí-ram e tal exigência solicitada pela reitoria parece quenão era tão urgente assim. Na verdade, fica eviden-te que o objetivo principal era retirar o computadorcentral do Estado do controle do Proderj e negociá-locom alguma empresa ou até mesmo com o Serpro,como moeda de troca de algum acordo que os traba-lhadores desconhecem.

”Rainhas da Inglaterra”A outra política de valorização da prata da casa tam-

bém não surtiu efeito. Os diretores não têm autono-mia para agir em suas próprias áreas e devem cons-tantemente prestar continência ao Vice-presidente Ale-xandre Gitahy, extraquadro, que é efetivamente quemmanda, já que todas as decisões devem passar porele. Então, nomear funcionários do Proderj para pos-tos de direção é importante, mas a nomeação tem

que vir garantida de autonomia. O Proderj não precisade “rainhas da Inglaterra”.Já na área de Desenvolvimento (DSI) acon-

tece o inverso e é dada toda autonomiaao diretor Luiz Francisco, extraquadro,para privatizar a área fim do Proderj.Exemplo é a retirada da Folha dePagamento da Autarquia. O receiodos profissionais do setor é que osistema de pagamento venha cairem mãos indevidas, já que seráterceirizado, numa estimativa decustos que chega a milhares de re-ais, dado o custo de um Sistemainformatizado pronto mais a mão deobra, terceirizada, utilizada para fa-zer as devidas e necessárias adap-tações às regras e leis estadu-ais da administração pública.Embora o presidente Paulo Co-

elho tenha negado em seu últi-mo encontro com os represen-tantes da ASCPDERJ, o fato é

que a articulação da retirada da Folha está indo “devento e popa”. Até o final deste mês, setembro, seencerra a tomada de preços das empresas partici-pantes da licitação.

Negociações paralisadasNão é diferente a situação das negociaçõessalariais. A comissão escolhida pelo presiden-te Paulo Coelho também não tem autonomia,logo, nada de prático se faz, continuando,assim, o mesmo esquema de enrolaçãopraticado pela “antiga direção”, onde nada

efetivamente acontece e o tempo vai pas-sando, o ano vai terminando e nenhuma con-

tra-proposta é apresentada.Já são cinco meses sem negociação. Até hoje

a diretoria da Associação está aguardando a se-gunda mesa de negociação. Com isso, a aplica-

ção do Plano de Cargos e Salários continua sen-do ignorada e o legítimo direito dos trabalhadores

ao conjunto dos dispositivos da Lei do PCCS fica pratrás. Um desrespeito que não pode mais ser poster-gado.Nesse sentido, a ASCPDERJ vem se integrando ao

esforço de sindicatos, Centrais Sindicais e demaisentidades classistas na defesa da Convenção 151,da Organização Internacional do Trabalho – OIT, quetem por objetivo estabelecer o direito do Acordo Cole-tivo de Trabalho aos servidores públicos, nos mes-mos moldes dos trabalhadores da iniciativa privada.Somente assim, teremos condições de obrigar o go-verno a sentar à mesa para negociar salários.Além disso, a ASCPDERJ vem trabalhando firme para

fortalecer o Movimento Unificado dos Servidores Es-taduais (MUSPE), porque só com a unidade e com aorganização é que os trabalhadores dos serviços pú-blicos poderão conquistar e defender seus direitos nosmesmos moldes que os servidores federais conquis-taram desde 2003.

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J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S SERVIDORES PÚBLICOS

FOTOS: VANOR CORRE IA

Chega de 13 anos de arrochoMovimento unificado dos servidores luta contra salários congelados

16 de setembro fi-cou marcado por umdia em que centenasde servidores públicosestaduais foram àsruas na luta por rea-juste salarial que jáconta com treze anosde defasagem. Nadafoi capaz de segurar avontade de luta dosservidores estaduais. Nem mesmo achuva que desabou sobre a cidade du-rante todo o dia e que ficou torrencialdurante a passeata. Em nenhum mo-mento os trabalhadores arredaram o pé,realizando uma animada e combativamanifestação, protestando contra apolítica de desmonte dos serviços pú-blicos patrocinada pelo governador Sér-

gio Cabral Filho, de-nunciando a desvalo-rização o sucatea-mento dos serviços,defendendo um servi-ço público de qualida-de para a populaçãodo Estado.A manifestação que

saiu da Candelária efoi até o prédio da

Petrobrás, contou com a participaçãodas principais categorias do funciona-lismo estadual, reunindo servidores daárea de saúde, educação, ciência e tec-nologia, fazendários, judiciário, seguran-ça, entre outras.Na concentração, várias entidades

apoiaram a luta dos servidores. VictorMadeira, diretor do Sindicato dos Ser-

vidores Públicos Federais (Sintrasef), fa-lou em apoio aos trabalhadores. Tam-bém, o deputado Paulo Ramos, que écandidato a prefeito do Rio, se pronun-ciou defendendo os servidores e umapolítica social queatenda aos interes-ses da população.Além deles, represen-tantes de outras enti-dades classistas fala-ram levando apoioirrestrito aos manifes-tantes, como o MST eo deputado ChicoAlencar.A passeata percor-

reu a pista esquerdada Avenida Rio Bran-co num ritmo cadenci-

ado, mas ao som das intervenções dosoradores, em sua maioria representan-tes de sindicatos de servidores esta-duais, que se revezaram para falar àpopulação sobre a situação em que seencontram os serviços públicos. Pala-vras de ordem ajudaram a entoar osprotestos.Em frente ao Banerjão, a manifesta-

ção fez uma parada para que represen-tantes de várias categorias pudessemse manifestar. Nesse momento, repre-sentantes de algumas categorias sepronunciaram, com destaque para ostrabalhadores da CEDAE, que denunci-aram o processo de privatização do sis-tema de águas e esgotos do Estado.Outro que utilizou a palavra foi o repre-sentante dos trabalhadores da UERJ,classificando o governador Sérgio Cabrale o Secretário de Ciência e Tecnologia,Alexandre Cardoso, como mentirosos,por que se comprometeram a receber acomunidade acadêmica da Universida-de para negociações, fecharam acor-dos, mas não cumpriram nada do quefalaram. “São mentirosos por não cum-prirem as negociações com os docen-tes, os servidores e estudantes daUERJ”, enfatizou.

Aumentar a mobilização!Em seguida foi vez da presidente da

ASCPDERJ, Leila Santos, fazer seu pro-nunciamento.Leila destacou a importância dos ser-

vidores públicos estaduais estarem or-ganizados e unificados através doMUSPE e que só será possível derrotara política do governo Sérgio Cabral, se

o espírito de unidadee construção coletivada luta, se mantive-rem.“Não vão calar a

boca dos trabalhado-res. Vamos organizarmais uma passeata,desta vez, em frenteao Palácio Guanaba-ra”, enfatizou. “Não émais possível ver apopulação na fila doshospitais sem assis-tência, enquanto o go-

LEILA SANTOS:“Não vão calar a

boca dostrabalhadores”

LEILA SANTOS:“Estamos

defendendo odireito da

população aserviços dequalidade”

Servidores do PRODERJ participaram em peso da manifestação organizada pelo MUSPE

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O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J • • • • • Agosto/2008

A audiência Pública, convocada pela Comissão de Trabalho e Seguridade,da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) presidida peloDeputado Paulo Ramos, não ocorreu porque a direção do Proderj não enviourepresentante para explicar a terceirização do órgão e a retirada do sistemada Folha de Pagamento da Autarquia e repassa-la para empresas privadas.Não é a primeira vez que a direção se ausenta do chamado do legislativo,

ignorando a responsabilidade que têm com a devida aplicação dos recursospúblicos. Como o atual presidente do Proderj, Paulo Coelho, sempre afirmouque estaria aberto ao diálogo, a conclusão de todos é que ele compareceriaou mesmo enviasse representante. Porém, isso não ocorreu, causando cer-ta frustração nos trabalhadores que querem uma explicação para retirar osistema do órgão, ou seja, do controle público, repassando-o ao setor priva-do. Quando cobrado pelos representantes da Associação, o presidente doProderj sempre afirmou categoricamente não existir a menor possibilidadede saída desse sistema da Autarquia. No entanto, às escondidas, diretoresvêm realizando várias articulações para efetivar o projeto e mais uma vez,esvaziar o Proderj de seus sistemas. Qual a estimativa do custo na contrataçãode um novo sistema de RH e Folha de Pagamento?Mais uma vez, não responderam nada, mas não pensem eles que as coi-

sas ficarão paradas, pois os trabalhadores saberão resistir a mais essatentativa de facilitar a vida dos urubus de plantão.

Audiência Pública

Novamente, direção não comparece!

verno vai gastar R$ 50 milhões com umnovo sistema de Folha de Pagamento,que no Proderj é feito com competênciae sem nenhum custo para o Estado. Nãoé mais possível ver o pessoal da edu-cação com um salário desvalorizado, eo governador passeando em Paris. Aquem esse governo está servindo?”, in-dagou a presidente da ASCPDERJ.“Nós estamos defendendo o direito

da população a um serviço público dequalidade. São 13 anos sem reajustesalarial e ninguém vive tanto tempo comos salários achatados”. Finalizou seupronunciamento indignada e concla-mando os trabalhadores a avançaremna luta.Jorge Darze, presidente do Sinmed

(Sindicato dos Médicos do Rio de Ja-neiro), defendeu a categoria em seudiscurso, afirmando que a responsabi-lidade pela crise no sistema de saúdeno Rio de Janeiro, é por causa da polí-tica salarial. Recentemente os médi-cos foram atacados pelo governador,que afirmou que “muitos (médicos) nãotrabalham e fazem corpo mole.” O fatoé que os médicos do Rio recebem omais baixo salário da categoria a nívelnacional, provando que a responsabili-dade é dos governantes. Estiverampresentes à manifestação professores,serventuários da Justiça, pessoal daFAETEC, funcionários do IASERJ, entredezenas de categorias, que tambémfalaram na mesma direção contra osucateamento dos serviços e cobran-do investimentos.Os servidores do Proderj, que compa-

receram em massa na manifestação,saíram da passeata com a alma lavadapela chuva e pela vitoriosa manifesta-ção. Na próxima, prometeram aumen-tar o número dos participantes, sejadebaixo de chuva ou de sol.

Várias categorias de trabalhadores foram organizados à manifestação Protesto contra a privatização do ensino público

Nem a chuva deteve a garra dos trabalhadores

Leila Santos fala durante o ato dos servidores

Corpo funcional do PRODERJ ocupa pátio da ALERJ

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6 ••••• Agosto/2008 ••••• J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J

Geral

Coluna do Aposentado

Sempre Presente!Sempre Presente!Sempre Presente!Sempre Presente!Sempre Presente!Na manifestação dos servidores públicos estaduais, realizada no dia 16 de

setembro, a presença de servidores aposentados do Proderj foi grande.Com sempre acontece, os trabalhadores aposentados comparecem com

força a todos os chamados da ASCPDERJ e, com isso, dão um verdadeiroexemplo para todo o pessoal da ativa. Mesmo com a chuva torrencial quecaiu, se deslocaram de suas casaS e participaram com muita energia e vi-bração da passeata.A ASCPDERJ intensifica a mobilização, participando ativamente do MUSPE e

preparando a próxima manifestação, com a expectativa que o número deservidores do Proderj aumente ainda mais, já que nesta última manifesta-ção, os trabalhadores do Proderj, ativos e aposentados, foram em peso,tendo essa presença reconhecida por todas as entidades integrantes doMUSPE. A força demonstrada nas ruas pelo corpo funcional da Autarquiadeve continuar.Por isso, os aposentados estão mais uma vez convocados e serão infor-

mados sobre os próximos passos a serem dados por nosso movimento.

Os servidores técnico-administrativos da Universida-de do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), reunidos emassembléia geral, no dia 18 de setembro, decidiramentrar em greve por tempo indeterminado, a partir desegunda-feira, dia 22.A deflagração da greve acontece após um longo e

exaustivo processo de negociações com o governoestadual, através da Secretaria de Ciência e Tecnolo-gia e de várias tentativas com o próprio governadorSérgio Cabral Filho. Como nenhuma resposta veio departe do governo, os trabalhadores decidiram cruzaros braços.Segundo o Sintuperj (Sindicato dos Trabalhadores da

UERJ), a defasagem salarial é de 72,74%. A luta, tam-bém, é pelo fim da Ação Direta de Inconstitucionalidade(Adin), pedida pelo governador, para impedir o repas-

O Movimento Luta de Classes (MLC) realizará,nos dias 10,11 e 12 de outubro próximo o seu IEncontro Nacional para debater os rumos da lutada classe trabalhadora, a organização do MLC eo socialismo. Estarão presentes trabalhadores,militantes do MLC de 11 estados brasileiros,além de dos convidados internacionais represen-tantes do movimento sindical combativo da Amé-rica Latina e Europa.Desde o lançamento de nossa Carta de Princí-

pios em 2006, o MLC participou de diversaslutas dos trabalhadores contra a ganância dospatrões. É nesse combate sem trégua à classedos capitalistas, aos patrões, construindo sindi-catos classistas e montando oposição às dire-ções conciliadoras nos sindicatos já existentesque o MLC cresce em vários estados.Nesse momento de retomada pela classe ope-

rária da luta contra a exploração capitalista, aDireção Nacional do Movimento Luta de Clas-ses convoca os companheiros a participar des-se I Encontro do MLC e avançar nossa luta pelaconstrução de um sindicalismo vinculado aosreais interesses da classe trabalhadora, peloPoder Popular e pelo Socialismo.

UERJ ocupada e em greve!

Encontro Nacional do MLC

se mínimo de 6% da receita tributária liquida da Uni-versidade.

Reitoria OcupadaEstudantes ocupam a Reitoria. Além de reivindicar o

fim da Adin, eles lutam pela construção do Bandejãoe por uma política de assistência estudantil decente.Por causa da ocupação o Reitor Ricardo Vieiralves en-trou com ações para criminalizar o movimento organi-zado pelos estudantes.Pela legitimidade e justeza de suas reivindicações,

os trabalhadores do Proderj acompanham a luta dacomunidade acadêmica da UERJ e está solidária à de-fesa de um ensino público de qualidade e saláriosdignos à docentes e trabalhadores técnico-adminis-trativos.

FOTO: VANOR CORREIA

FOTOS: VANOR CORRE IA

FOTO: VANOR CORREIA

Assembléia dos servidores da UERJ decidiu pela greve

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J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J ••••• Agosto/2008 • • • • • 7

Especial

FOTO: VANOR CORREIA

Hoje, uma das mais conhecidasformas de privatização se dáatravés da terceirização. A adoção

desse tipo de contrato de trabalhodistorce ainda mais a relação entre pa-trão e empregado e passa por cima dosdireitos trabalhistas estabelecidos em lei.A terceirização pratica inúmeras irre-

gularidades. Uma delas é a altarotatividade de trabalhadores. Em mé-dia, um trabalhador permanece empre-gado de cinco a seis meses por ano.De acordo com estudo realizado porMárcio Pochmann, presidente do Insti-tuto de Pesquisa Econômica e Aplica-da (Ipea), entre trabalhadores paulistasem 2005, 83,5% dos terceirizados tro-cam de emprego a cada 12 meses.Em comparação aos trabalhadores deCarteira assinada, do trabalho formal,a situação é gritante, já que entre osnão terceirizados o índice de rotativi-dade é de 49,1%. O que significa, se-gundo Porchmann, que um trabalhadorterceirizado poderá não vir a se apo-sentar, já que terá que trabalhar du-rante 70 anos para conseguir esse be-neficio. Se começar a trabalhar, porexemplo, aos 15 anos de idadeininterruptamente, somente com 85anos de idade alcançará a aposenta-doria, porque na maioria dos casos tra-balha na informalidade, sem os direi-tos estabelecidos pela CLT.Outra estratégia dos empregadores é

pressionar os salários para baixo. En-quanto um terceirizado ganha 2,3 salá-

rios mínimos, um não-terceirizado rece-be 4,9 salários mínimos.A expansão da terceirização cria um

ambiente de concorrência desleal entreos trabalhadores. Entre os anos de1995 e 2005, de cada três novas va-gas de trabalho criadas no setor priva-do uma foi através de terceirização.

Irregularidades se espalhamA terceirização representa a continui-

dade do processo de privatizações dosetor público, ocorrida na década de 90.A terceirização vem agora encorpada

pelas recentes medidas como a reali-zação de licitação para atividades finsde Estado, com base nas parcerias Pú-blico Privadas (PPP’s) e nas Fundaçõesde Direito Privado, criadas por SérgioCabral Filho, que retira do controle doEstado e da população, serviços exe-cutados por servidores públicos.Segundo o IPEA, o governo federal

gasta com a terceirização dos serviçosaté o dobro do que paga aos servido-res públicos. O quantitativo de funcio-nários públicos é de apenas 8% da po-pulação brasileira. Na década de 80 erade 12%. O que prova que o discurso deque temos uma máquina inchada noEstado brasileiro é uma mentira. Parase ter idéia, nos Estados Unidos, paísconsiderado como modelo para os de-fensores da política neoliberal, o núme-ro de servidores públicos é bem superi-or ao do Brasil, correspondendo a 18%da população norte-americana, o mes-

Envolvido na maioria dos casos de corrupção ocorridos no Brasil nos últi-mos 15 anos, o banqueiro e mega-especulador Daniel Dantas, um dos mai-ores criminosos de colarinho branco do país, continua sendo privilegiado porparceiros dentro do governo.Alguns meses da recente prisão de Daniel Dantas, o go-

vernador Sérgio Cabral Filho renovou a concessão do Me-trô por mais 20 anos, beneficiando o grupo privado argen-tino Coopertrans e o Banco Opportunity, de Dantas, quecontrolam o sistema metroviário na cidade do Rio deJaneiro. O governo do estado sequer avaliou as condi-ções em que o serviço vem sendo prestado à popu-lação. Hoje, o Metrô do Rio possui a maior tarifa depassagem do país, quando a privatização ocorridana época do governo Marcello Alencar previa umvalor mais baixo. O fato é que alcançaram essevalor forjando planilhas e adulterando gastos.O pior é que o Estado banca, com os impostos

pagos pelos trabalhadores, a construção de no-vas estações, a aquisição de trens e novas com-posições. O grupo de Dantas entra apenas como “caixa” para receber e lucrar. Portanto, não hánenhum interesse público envolvido na questão,apenas a privatização para gerar lucros a grupos quefinanciam campanhas eleitorais e apadrinham políticospara defender seus interesses dentro da máquina ad-ministrativa.A medida nem sequer foi questionada ou avaliada pela

Assembléia Legislativa, que deveria se posicionar ur-gentemente. Principalmente, se for levado em conta ocomprovado envolvimento de Dantas em escândalos decorrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.A população precisa ser alertada e esclarecida e o go-

vernador Sérgio Cabral Filho deve prestar explicações sobreque espécie de acordo tem com a quadrilha de Dantas.

Terceirização burla direitos

Chefe de quadrilha controla Metrô do Rio

Modelo que retira serviços do Estado é anticonstitucional

mo ocorre na Europa, cujo percentual éde 25%, e nos países escandinavos ul-trapassa a 40%.Na opinião da Controladoria Geral da

União (CGU), o governo criou umametodologia que beneficia as empresas.Segundo laudo do Instituto Nacional deCriminalística (INC), da Polícia Federal,existem casos em que um funcionárioterceirizado gasta duas vezes mais queum servidor público. Os custos dos con-tratos de terceirização na máquina go-vernamental estão sendo fiscalizadospelo Ministério Público Federal (MPF). Poroutro lado, os salários pagos pelas em-presas que terceirizam os serviços doEstado são inferiores, apesar dos con-tratos indicarem um valor superior.Diante dos sucessivos casos de es-

cândalos de corrupção, um novo estudo

está sendo feito pelo governo federalpara inibir essa grave distorção. Segun-do o Ministério do Planejamento, o setorque sofrerá maior impacto será o de Tec-nologia da Informação (TI), já que a Ins-trução Normativa 18 (IN 18), de 1997,é considerada pelo governo como obso-leta para a área de TI, pois esse setorenvolve serviços essenciais à máquinaadministrativa, como tratamento de ban-co de dados, por exemplo. Nesse caso,o governo avalia que o controle e desen-volvimento desse trabalho devem serexecutados por funcionários de carreira.O MPF já identificou diversas irregula-

ridades em contratos de terceirização epromete apertar o cerco para que o go-verno realize concursos públicos paracontratação de novos funcionários.

Reunião dos servidores do Estado com o Colégio de Líderes e presidência da ALERJ

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8 ••••• Agosto/2008 ••••• J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J

IMPRESSO

Cultura

No centenário de sua morteo Centro Cultural JustiçaFederal promove eventos

para homenagear o escritor.

No último dia 19 de setembro, o Centro Cultural Justiça Federal abriu a exposição Um soneto para Carolina, cartas e lembranças dos

últimos anos da vida de Machado deAssis, como parte da homenagem doCCJF a este que é considerado um dosmais importantes escritores brasileiros,no centenário de sua morte.A mostra tem como fonte de inspira-

ção as lembranças deixadas pelo escri-tor especialmente nos quatro anos apósa morte de sua companheira, Carolina,com quem Machado foi casado por 35anos. A infinita solidão de um homem“incuravelmente ferido pela morte desua companheira”, nas palavras de Al-ceu de Amoroso Lima, que o conheceuainda criança, é retratada através dascorrespondências inéditas e imagensque revelam a intimidade e o pensamen-to de um Machado apaixonado, saudo-so e extremamente triste: “Foi-se a me-lhor parte da minha vida, e aqui estousó no mundo”, escreveu a JoaquimNabuco logo após a morte da esposa.“Machado tinha em mente que morre-

ria antes dela, e chegou mesmo a dei-xar testamento em favor deCarolina ainda em 1898”,explica Cícero de Almeida,museólogo, diretor executi-vo do CCJF e curador da ex-posição. Machado e Caroli-na não tiveram filhos (devi-do ao seu “mal” – na ver-dade, epilepsia, Machadotemia transmitir sua “doen-ça” aos descendentes), eo escritor passou a relacio-nar-se mais intensamentecom parentes da esposa,em especial Sara Braga da Costa, so-brinha de Carolina. “Assim, seus últi-mos quatro anos de vida, sem Caroli-na, o mergulharam numa tristeza pro-funda. Machado se fechou em sua casano Cosme Velho, cercado pelos objetosque pertenciam a ela e que eram man-tidos intocados, os talheres sobre amesa, os travesseiros sobre a cama.”

Machado de Assis e seus personagens

Uma galeria de personagensJoaquim Maria Machado de Assis nas-

ceu no Rio de Janeiro em 21 de junhode 1839. Foi cro-nista, dramaturgo,poeta, novelista,romancista, críticoe ensaísta. Exer-ceu os ofícios de ti-pógrafo e revisor,além de ocuparcargos públicos dealto escalão duran-te os primeirosanos da Repúbli-ca. Teve papel dedestaque na fun-

dação da Academia Brasileira de Letras,e foi seu primeiro presidente.Sua origem simples, os problemas de

saúde durante a juventude, aliadas auma observação particular do mundo queo cercava, por vezes irônica, outras ve-zes entre otimista e derrotista, serviramde inspiração para a construção de umaextensa e diversificada galeria de perso-

Série faz homenagem ao grande gênio da literatura brasileira

Exposição – Até 09/11Um soneto para Carolina, cartase lembranças dos últimos anosde vida de Machado de Assis.

Programação paralela – “Macha-do de Assis: Não tenho papas nalíngua, e é para vir a tê-las queescrevo.”Leituras dramatizadas de contose narração de fatos sobre a vidae a obra do escritor, promovidaspelo setor Educativo do CCJF. Deterça a sexta de 12 às 19h, me-diante agendamento.Contato: 3261-2552 ou atravésdo contato [email protected] Cultural Justiça FederalAvenida Rio Branco 241, Centro –Rio de Janeiro. Metrô: Cinelândia(saída Pedro Lessa)Visitação: de terça a domingo, das12h às 19h.

nagens, espectadores privilegiados dasalegrias e fragilidades humanas.Machado de Assis faleceu em 29 de

setembro de 1908, cercado pelos amigosde sua intimidade. Euclides da Cunha, umdos que testemunharam os instantes fi-nais do escritor, assim manifestou sua im-pressão daqueles momentos: “De ummodo geral, não se compreendia que umavida que tanto viveu outras vidas, assimi-lando-as através de análises sutilíssimas,(...) desaparecesse no meio de tamanhaindiferença, num círculo limitadíssimo decorações amigos. Um escritor da estaturade Machado de Assis só deverá extinguir-se de dentro de uma grande e nobilitadoracomoção nacional.”

EUCLIDES DACUNHA:

“Inspiração para aconstrução deuma galeria depersonagens”

Machado de Assis e seus personagens