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Parte Geral – Concurso de Pessoas e Aplicação das Penas

Aula digitada

01/01/2013

P. H. M. Jr.

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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Direito Penal III

Conteúdo digitado foi baseado nas aulas do Prof. Gilberto Montenegro

Costa Filho

Obs.: Apesar das anotações serem feitas das aulas dada pelo Professor, todo

o conteúdo é de total responsabilidade minha, ou seja, se houver algum

equívoco, algo desatualizado, alguma falha, foi engano e erro da minha parte.

Peço que entrem em contato comigo para ser consertado/atualizado o erro.

Obrigado e bom estudo!!

CONCURSO DE AGENTES

No concurso de agentes há uma pluralidade de pessoas na condição de

autoria (propriamente dita ou participação).

Classificação dos crimes quanto ao concurso de agentes:

Unissubjetivos ou Monossubjetivos – O Crime é cometido por apenas

uma pessoa, podem se chamados de crimes de concurso eventual,

significa que eventualmente pode existir concurso de pessoas, mas não

necessariamente.

Plurissubjetivos – Não tem como ser praticado por apenas uma

pessoa, é necessário uma pluralidade de agentes, são chamados de

crimes de concurso necessário, sem pluralidade de agentes não há no

que se falar. Ex. art. 288 do CP – é necessário mais de três pessoas

São divididos em: Condutas Paralelas (é possível que os agentes

executem diversas condutas diferentes, ex: no crime de quadrilha ou

bando, é possível que um agente seja responsável pelas armas, outro

pelo recrutamento de pessoas, outro pelo dinheiro, enfim, você pode ter

diferentes colaborações com o resultado final, cada um com uma

participação diferente), Condutas Convergentes (Podemos dizer que é

Parte Geral – Concurso de Pessoas

3

uma forma especial das paralelas, os autores contribuem da mesma

forma para efetuar o crime, ex: Crime de bigamia, a pessoa que se casa

com alguém que já é casado, e tenha ciência desta condição, ambas

serão punidas pelo crime, art. 235 do CP) e Condutas Contrapostas (a

conduta dos agentes é exercida uns contra os outros, não em

colaboração, mas pelo contrario, um age contra o outro, ex.: art. 137 –

crime de rixa

Requisitos Técnicos para ser considerado Concurso de Agentes

1) Existência de dois ou mais agentes

2) Pluralidade de Condutas – Necessária mais de um agente e como

consequência mais de uma conduta

a. Conduta Principal + Conduta Principal = Coautoria

b. Conduta Principal + Conduta Acessória = Participação

3) Relevância Causal das Condutas – Precisa que o resultado tenha

nexo causal com as condutas.

4) Liame Subjetivo – Aderência do coautor ou do participe no resultado,

aceita o resultado e nada faz.

5) Identidade de Crimes para todos os envolvidos – Nos casos em que

o legislador desmembrou os crimes, como a teoria pluralista, não é

considerada coautoria ou participação, desta forma só será considerado

coautoria ou participação quando for o mesmo crime.

Conceito de Autor (Teorias de Concurso de Agentes - Autoria):

Teoria Unitária – Não existe a figura do partícipe, para essa teoria só

existem autores, portanto se for mais de um autor, existirá a coautoria,

nunca sendo o instituto da participação. Deve ser punido absolutamente

da mesma forma, seja a colaboração criminosa de uma pessoa menor

ou maior que a colaboração da outra pessoa. Não entra no mérito desta

teoria quem contribuiu mais ou menos no crime.

Extensiva – Não existe a distinção entre autores e partícipes, todos que

contribuem são considerados autores ou coautores, porem a novidade

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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dessa teoria é que admite aplicação de penas diferentes para os vários

autores e coautores, admite que o Juiz analisando o caso concreto,

aplique uma pena maior ou menor a outro em razão da medida da

contribuição de cada um.

Restritiva – Diferencia coautoria de participação, na coautoria para que

sejam considerados coautores, todos praticam os verbos ou um dos

verbos que estão descritos no Código Penal, para a participação exercer

uma colaboração de qualquer forma que não seja do verbo presente no

tipo penal, ex: subtrair algo de uma residência, se a pessoa ajudar a

subtrair será considerada coautora, se a pessoa ficar vigiando para a

outra pessoa subtrair, será considerada partícipe. (Essa teoria é

adotada pelo nosso Direito Penal)

Do Domínio do Fato - aquele que planeja o crime não é incomum que

exista um chefe, o planejador. Sendo assim é considerado como autor

ou coautor aquele que tem o domínio do fato.

Exceções: Coautoria Parcial ou Funcional é a divisão de tarefas dentro dos

verbos (núcleos) do tipo penal, são duas pessoas que ambas estão executando

os verbos do tipo penal, porem existem crimes em que somente um verbo não

é suficiente para configurar, é preciso que dois verbos pelo menos sejam

exercidos. Se for analisar o crime de roubo, é necessária a subtração e

juntamente com isso a violência ou grave ameaça, portanto é possível que os

dois coautores, um execute um verbo e o outro execute o outro verbo (um

executa a subtração e a outra a violência ou a grave ameaça).

Crimes de tipo alternativo existem mais de um verbo, porem para consumar

esse tipo de crime, qualquer um dos verbos praticados já leva a consumação

(ex. art. 33 da Lei 11.343/06 (Lei Antidrogas) possui 18 verbos no crime de

tráfico, entretanto para cometer esse crime basta realizar apenas um verbo).

A Participação será:

Moral-exercida de duas formas:

Induzimento – O partícipe tem ideia de executar, se associa a

alguém e coloca a ideia criminosa na cabeça do parceiro dele.

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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Instigação – A pessoa já tinha a ideia e o partícipe coloca “lenha

na fogueira”, instigando para a pratica do crime.

Material – Não integra nenhum verbo do tipo, é sempre secundária,

acessória, porem é uma participação material, ex: fornecer as armas

para o roubo.

Exceções: no art. 31, o participe instiga, induz, até fornece acessórios, porem

se o autor “arregar” o partícipe não será punido por nada, nem por tentativa.

Teorias da Acessoriedade da Participação em Relação à Autoria – até que

ponto a conduta do participe segue a conduta do autor:

Mínima – Leva em conta apenas o fato típico, a responsabilidade do

participe segue a do autor se for fato típico. Sendo desprezada a

questão da antijuridicidade, para o participe não exclui a antijuridicidade

Limitada – Leva em conta se o fato é típico e antijurídico, essa é a

adotada pelo nosso Direito Penal

Extremada – Leva em questão o fato típico, antijurídico e culpável, a

culpabilidade também deverá ser levada em conta ao se estender a

figura do participe do autor. Entretanto se o autor for inimputável o

participe não irá responder

Hiperacessoriedade – Leva em consideração o fato típico, antijurídico e

punível. Se a punibilidade do autor for por terra, a do participe também

irá. Ex: se o autor morrer, o participe é considerado inocente.

A Participação, no momento em que ela acontece poderá ser: Anterior

(colaborar antes de o autor realizar o crime), Concomitante (ocorra

simultaneamente com a execução do crime), mas não poderá ser Posterior

(colaborar com um crime que já cometeu não caracteriza concurso de pessoas,

mas caracteriza autoria simples, ex: art. 180 – vender produto de crime para

terceiro; art. 348 – ajudar um fugitivo da policia, escondendo-o; art. 211 –

destruição, ocultar cadáver).

Teorias utilizadas para a punição do coautor ou do partícipe:

1) Unitária ou Monista – Seja autor, coautor ou partícipe irá ter a mesma

penalidade, é a teoria em regra utilizada pelo nosso Código Penal

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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2) Dualista – É dividido no Código crime e penas para quem é autor do

crime e para quem é coautor ou participe

3) Pluralista – É desmembrado no caso concreto e pune de uma forma um

e de uma forma o outro. São crimes que se completam, ex: na parte

especial do nosso Código – se o médico faz um aborto numa mulher

gestante, é desmembrado o crime, a gestante responde pelo art. 124 do

CP e o médico responde pelo art. 126 do CP; na parte geral –

cooperação dolosamente distinta, art. 29, §2º. Desta forma o nosso

Código tem alguns exemplos de crimes desmembrados, porem não

é considerado coautoria ou participação.

Casos Especiais de Participação e Coautoria

Participação Inocula – Em termos não colabora com o resultado, o participe

não responde, não existe nexo causal entre a contribuição do participe e o

resultado, ex: fornecer uma arma de fogo para o autor, porem o autor comete

homicídio sem a arma, sendo assim quem forneceu a arma teve uma

participação inocula.

Pode existir Participação ou Coautoria em crime omissivo?

Há três situações que possibilitam crimes por omissão:

1) Dever de agir imposto pela Lei (ex: a Lei impõe sobre o policial o dever de

agir em determinadas ações);

2) Assume a responsabilidade de cuidar de uma outra pessoa (ex: a babá,

o guia turístico);

3) Deu causa ao perigo

Exemplo de participação em crime omissivo: Tício em uma via publica está

matando Mévio, passa um policial e vai intervir, porém o policial era inimigo de

Mévio e deixa que o homicídio aconteça. O policial irá responder pelo homicídio

também através de participação.

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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Exemplo de coautoria em crime omissivo: Ocorre um acidente de carro, e

duas pessoas que não estão envolvidas no acidente, ficam apenas observando

e não chamam uma ambulância, é considerado coautoria em crime omissivo,

apenas quando duas ou mais pessoas deixam de prestar socorro.

Pode existir Participação ou Coautoria em crime culposo?

É possível a cooperação, em uma imperícia, negligência e imprudência,

entretanto apenas a Coautoria é admitida no crime culposo, a Participação

não.

Culpa concorrente é quando realmente tem os crimes culposos, mas não há

caráter subjetivo entre as culpas, não são coautores, sendo assim não há

concurso de pessoas.

Não há participação dolosa em crime culposo e nem participação culposa em

crime doloso

Autoria Mediata

Na autoria Mediata o autor do crime serve de terceira pessoa para execução

do crime e como se essa terceira pessoa fosse uma extensão do braço do

verdadeiro autor. Não se trata de concurso de agentes porque essa terceira

pessoa não tem discernimento ou porque essa terceira pessoa tem uma

errada percepção da realidade.

1) Falta de capacidade

a. Menoridade: o autor usa do menor para efetuar o crime

b. Doença Mental

c. Embriaguez: não pode ser pré-ordenada (a pessoa bebe para ter

coragem)

2) Coação Moral Irresistível – existe conduta, o terceiro sabe o que esta

fazendo, porem o fato não é culpável, não havia exigibilidade de conduta

diversa

3) Erro de Tipo Escusável – Por falta do potencial conhecimento da

ilicitude ou falta da percepção da realidade é considerado autor mediato

4) Obediência Hierárquica

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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Se houver coação física irresistível não há conduta, sendo assim não há crime.

Não há autoria mediata em crimes culposos

Autoria Incerta

É a duvida de saber quem foi o autor do crime, ex: duas pessoas atiram na

pessoa e não tem como saber quem é que matou primeiro a vítima, qual tiro

que realmente matou, nesse caso os dois responde por tentativa de homicídio.

Classificação das Circunstancias que alteram ou diminuem as penas dos

crimes de autoria ou participação (acessórios):

1) Objetivas – Se comunicam sempre entre os coautores ou participes

a. Local do Crime (ex. Hospital)

b. Tempo do Crime (ex. Furto Noturno)

c. Meios de execução (ex. emprego de fogo)

d. Modo de Execução

e. Condição da Vítima (ex. idosa, gestante)

2) Pessoais – Dizem respeito a pessoa do agente, não se comunicam

entre os coautores ou participes

a. Motivação (ex. motivo torpe)

b. Parentesco

c. Confissão (ex. diminui a pena)

d. Idade

e. Reincidência

f. Funcionário Público

Exceção: Quando for elementar do tipo a circunstância pessoal deixa de

ser pessoal e atinge o coautor ou participe, ex: ser coautor ou participe

de um crime especifico de funcionário publico, a pena do funcionário

publico irá ser aplicada ao coautor ou participe. Art. 30 do CP.

Lei 9907 – Delação Premiada – O agente que deda os demais poderá receber

o perdão judicial ou ter uma diminuição de pena.

Probleminha da Resenha: Tício namorava Mévia a qual lhe contou que está

grávida. Tício não deseja a gravidez e pretende que Mévia, sozinha, provoque

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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aborto em si mesma. Tício fornece Cytotec (remédio abortivo). Mévia tira os

comprimidos da cartela e os esconde (posteriormente apresentando para a

polícia) e mostra a cartela vazia para Tício, alem disso pega sangue animal que

obteve no açougue e suja papeis higiênicos fingindo para Tício que teria

abortado. A gravidez se desenvolve normalmente e hoje a criança é

perfeitamente saudável. O inquérito foi instaurado pelo art. 125 do CP (isso já

está errado). O Tício em algum momento teve dolo de que o aborto ocorresse

de maneira alheia a vontade de Mévia? Ao entregar o medicamento e induzir

Mévia, Tício praticou atos executórios do art. 126 CP, foi iniciado o inter

crimines? Parece que não, esse desmembramento só se aplica para caso de

coautoria, praticando um ato executório, e nesse caso foram atos

preparatórios.

Teria então Tício participado do art. 124 na modalidade auto aborto? Parece

que sim, sendo um participe do auto aborto, pois é elementar do tipo, e como é

elementar ela se comunica. Porem seria o caso de participação do art. 124, só

que o crime do art. 124 não chegou sequer a ser tentado, portanto trata do art.

31 CP. Fazer uma resenha!

Resenha do Caso de Aborto

Diante do fato ocorrido está claramente demonstrado que Mévia não cometeu

crime algum, pois não houve de fato nem ao menos uma tentativa de aborto.

Mévia apenas simulou um aborto, no qual induziu Tício a acreditar que tinha

ocorrido o aborto. Entretanto se analisar pelo nosso Código Penal, não há

tipicidade que incrimine e imponha pena numa conduta dessas, o art. 125 e

126 não se encaixam porque Tício não teve a intenção de provocar aborto e

também não foi coautor, no qual não praticou ato executório, o art. 124 poderia

até colocar Tício como participe, pois é elementar do tipo, sendo assim se

comunicam, entretanto o crime não chegou sequer a ser tentado, desta

maneira o que resta é o art. 31, definindo esse tipo de conduta como algo não

punível, pois nem foi tentado.

Portanto se analisar “psicologicamente” Tício, na cabeça dele, o crime ocorreu,

conforme a sua atitude houve uma participação moral por induzimento e uma

participação material, todavia ao ver os papeis higiênicos sujos de sangue Tício

Parte Geral – Concurso de Pessoas

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ficou satisfeito, a pratica do crime saciou o seu desejo de não precisar se

responsabilizar pela criança que estava a caminho de sua concepção. No

entanto após o nascimento do bebe a própria mãe foi até a delegacia relatar o

caso, pois estava com o psicológico pesado, o sentimento de injustiça se

encontrava sobre os seus ombros. Como já dito, no nosso Código não há

tipicidade que incrimine um caso desses, nem sei se é possível impor uma

pena na pessoa por ela se sentir bem, achando que tenha cometido um delito.

Desta forma a única sanção para Tício será a sua própria consciência.

Parte Geral – Das Penas

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DAS PENAS

Pena é a consequência do crime, quando o legislador faz uma lei não basta

ele dizer como quer que as coisas sejam, porque se assim fosse ele

dependeria da boa vontade das pessoas para que a lei fosse cumprida. Então

toda norma jurídica precisa ter juntado a ela um dispositivo, uma

consequência que leve ao seu cumprimento, a sua observância.

Sanção é tudo aquilo que leva ao cumprimento da norma, nem toda sanção

é um castigo. Mas no nosso Direito Penal, é o oposto disso, as

consequências do não cumprimento da norma penal não são nada

agradáveis, o direito penal talvez seja o mais grave dos ramos do direito.

Prender alguém não é uma brincadeira, restringir a liberdade de uma pessoa

muda muito toda a vida desta pessoa.

O Direito Penal historicamente, não se baseia em um sentimento nobre do ser

humano, se baseia em um sentimento de vingança. Decorrente dessa

vingança, tratar o mal com o mal, surgiram algumas teorias que iremos

estudar.

Beccaria escreveu o livro Dos Delitos e das Penas, no qual nesse livro ocorre

a primeira regulamentação das penas.

Teorias das Penas:

1) Teoria Absoluta ou Retributiva da Pena: Pagar o mal com o mal,

retribuir o mal com o mal. Essa teoria é a mais antiga, mas jurássica,

porem presente até os dias de hoje. É de caráter preventivo, como por

exemplo, art. 121 (homicídio), neste artigo não está proibido de matar

alguém, mas há uma pena se matar alguém.

Definição da Doutrina: A finalidade da pena é punir o autor de

uma infração penal. Segundo Bittencourt a pena não é apenas

um mal que se deve aplicar só porque antes houve outro mal,

porque seria “irracional querer um prejuízo simplesmente porque

já existia um prejuízo anterior”. A imposição da pena implica no

Parte Geral – Das Penas

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restabelecimento da ordem jurídica violada pelo delinquente.

De acordo com as reflexões de Kant, tendo uma fundamentação

ética, preconizava que a pena é um imperativo categórico, uma

consequência natural do delito, uma retribuição jurídica, pois

ao mal do crime deve-se impor o mal da pena, disso resulta a

igualdade e só a igualdade pode trazer justiça. Desta forma o

castigo compensa o mal e dá reparação à moral, sendo imposto

por uma exigência ética.

2) Relativa ou Utilitarista da Pena: Utilitarista tem a ver com a prevenção

de não cometer um crime ou a prevenção de não voltar a cometer outro

crime.

Definição da Doutrina: A pena visa prevenir a pratica do fato

delituoso. Sendo assim, essa teoria é de caráter preventivo, na

ocasião em que cometendo um mal injusto, o delinquente já

saberá antes de cometer tal crime, a pena que irá cair sob ele.

Existem duas formas de prevenção, a prevenção geral e a

prevenção especial. A prevenção geral é representada pela

intimidação dirigida ao ambiente social, a pessoa não delinque

porque tem medo de receber a punição. A prevenção especial

é a pena objetiva a readaptação e a segregação social do

criminoso como meios de impedi-lo de voltar a delinquir. A

teoria preventiva geral da pena fundamenta-se em duas ideias

bacias: intimação e ponderação da racionalidade do homem,

desta forma a ameaça da pena produz no individuo uma espécie

de motivação para não cometer delitos. Porem, não leva em

conta a confiança do delinquente em não ser descoberto. Assim

sendo, o pretendido temor que deveria ter de ameaça de

imposição da pena não é suficiente para impedi-lo de realizar o

ato delitivo. Portanto, ao mesmo tempo em que se busca, com a

execução da pena, a prevenção geral; através da intimação,

busca-se, com a pena privativa de liberdade, a ressocialização

do delinquente.

Parte Geral – Das Penas

13

A Prevenção Geral é pelo simples fato de existir uma norma jurídica, que

atribui uma consequência desagradável e inaceitável pelo bem social a

todos, a pessoa refletindo na pena em que ela irá sofrer, deixa de cometer o

crime, desistindo.

A Prevenção Específica é o cumprimento da pena que o criminoso cometeu

e fazer de uma forma que ela se recupere, de maneira que quando saia não

cometa mais crimes. Afinal no nosso dia a dia isso não funciona, pelo fato de

que as pessoas não possuem a visão da pessoa criminosa ser recuperada

para o bem dela, para ela ser feliz, as pessoas possuem uma visão de

vingança, desta forma a visão adotada é da pessoa que cometeu o crime ser

recuperada para o bem da sociedade, para que ela não venha a cometer

outros crimes e atingir novamente a sociedade.

3) Teoria Mista é a Teoria adotada pelo Nosso Código sendo mantido

o caráter retributivo e o caráter preventivo especifico. Desta forma é

fundida as duas correntes, a pena deve objetivar, simultaneamente,

retribuir e prevenir a infração.

Segundo o Prof. Soller: A pena é a retribuição imposta pelo Estado em razão

da pratica de um ilícito penal e consiste na privação ou restrição de bens

jurídicos determinados pela Lei (caráter retributivo da pena), cuja finalidade é

a readaptação do condenado ao convívio social e a prevenção em relação a

pratica de novas infrações penais (caráter preventivo).

Penas Admitidas pela Constituição Federal

Art. 5, XLVI

a. Privação ou Restrição da Liberdade – São as privativas de liberdade

b. Perda de bens – Pena de caráter pecuniário, restritiva de direitos

c. Multa – Considerada dívida de valor

d. Prestação social alternativa – Prestação de serviços à comunidade, é

um opção para os crimes menos graves

e. Suspensão ou Interdição de Direitos

Parte Geral – Das Penas

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Penas Vedadas pela Constituição Federal:

Art. 5, XLVII

a. Morte – Salvo em caso de guerra declarada, art. 84, XIX

b. Prisão Perpétua – Art. 75, caput, “a pena não pode ser superior a 30

anos”

c. Trabalhos forçados – Não pode coagir o condenado a trabalhar,

obriga-lo

d. Banimento – Não é admitido o banimento, para estrangeiros é possível

que sejam extraditados, devolvidos para o outro país, dependendo dos

tratados internacionais

e. Penas Cruéis – Não é admitido pena degradante

Princípios da Constituição Federal

a. Legalidade e Anterioridade – Princípio mais importante do Direito

Penal, “não há crime sem Lei que o anteceda, nem pena sem previa

cominação legal” – art. 5, XXXIX CF e art. 1º CP.

b. Humanização – Não podem ser empregados meios cruéis – art. 5, XLIX

c. Pessoalidade ou Intranscendência – A pena não pode passar da

pessoa do criminoso, a imposição da pena não pode atingir terceiros,

entretanto no aspecto patrimonial é permitido que a decretação do

perdimento de bens pudesse ser estendida aos sucessores e contra eles

executada, até o limite do valor do patrimônio transferido – art. 5º XLV e

XLVI da CF.

d. Proporcionalidade – A pena deve ser proporcional, art. 303 do CTB e

art. 129, caput do CP – a Lesão corporal culposa do CTB é maior que a

lesão corporal dolosa do CP, desta maneira, por isso deve haver uma

proporção.

Parte Geral – Das Penas

15

e. Individualização da Pena – A pena deve ser aplicada de uma forma

que leva em conta as peculariedades do indivíduo que está sendo

punido, não é admitido uma padronização para as penas.

f. Inderrogabilidade – O Juiz não pode deixar de aplicar a pena, praticado

o delito, a imposição deve ser certa e a pena cumprida, salvo nos casos

em que a Lei expressamente prevê.

O Código Penal classifica os Tipos de Penas:

Art. 32 – As penas são:

I. Privativas de Liberdade – Usadas nas penas mais graves – Prevista no

art. 33 do CP e também no artigo 6º na Lei das Contravenções Penais,

decreto 3688/41

II. Restritivas de Direitos – Substituem as privativas de liberdades,

cumprindo os requisitos necessários – Prevista no art. 43 do CP

III. Multa – Considerada dívida de valor, se a pessoa não paga ela não terá

nenhuma consequência que possa ensejar a prisão dela – Prevista no

art. 49 do CP

I - PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto

ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade

de transferência a regime fechado.

A maior diferença entre reclusão e detenção é como ocorre o regime inicial

do cumprimento de pena. Quando o Juiz vai fixar a pena na sentença penal

condenatória à primeira coisa que irá fazer é analisar se trata de reclusão ou

detenção. Se for reclusão terá três opções (fechado, semiaberto ou aberto),

no qual o Juiz Criminal poderá iniciar com regime fechado, caso o criminoso

tenha problema mental, será internado para tratamento, se for detenção terá

duas opções (semiaberto ou aberto) e o Juiz da Execução não poderá iniciar

Parte Geral – Das Penas

16

com regime fechado, caso o criminoso tenha problema mental, será

determinado o tratamento por medicamentos sem ser internado.

O Primeiro Sistema da Privação de Liberdade era segurar a pessoa para que

ela não fugisse, a partir do momento em que a privação da liberdade passa a

ter um caráter de punição em si, foi adotado esses três sistemas:

1) Filadélfia (pensilvânico, belga ou celular) – A pessoa fica isolada

absolutamente dos demais presos, sem trabalho ou visitas,

incentivando apenas a leitura da Bíblia. Muitas foram as críticas à

severidade do sistema e à impossibilidade de readaptação social do

condenado por meio do isolamento.

2) Auburn – O isolamento se dava durante o período noturno e durante

período diurno trabalhavam em silêncio absoluto os condenados, o

que levou a ser chamado de silent system. O ponto vulnerável do

sistema foi a regra desumana do silêncio, do qual se originou o costume

dos presos se comunicarem com as mãos.

3) Progressivo Inglês ou Irlandês – Leva em conta o comportamento e o

aproveitamento do preso, demonstrados pela boa conduta e pelo

trabalho. Desta forma há fases no cumprimento da pena, fase em que o

isolamento é maior e com o decorrer do tempo vai ocorrendo um

isolamento menor. Esse Sistema foi adotado pelo nosso Código

Penal

Regime Inicial (Critérios): art. 33 do CP

a) Reclusão ou Detenção/Prisão Simples – Para reclusão o regime

inicial será aberto, semiaberto ou fechado; Para detenção ou prisão

simples o regime inicial será aberto ou semiaberto.

b) Tamanho da Pena – Se a pena for superior a 8 anos e prevista a

reclusão o juiz devera aplicar o regime fechado, se for prevista

detenção será aplicado pelo juiz no máximo o regime semiaberto; Se

a pena for entre 4 anos e 8 anos, o regime será o semiaberto (tanto na

reclusão como na detenção), entretanto se o condenado a reclusão for

Parte Geral – Das Penas

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reincidente o regime será fechado na reclusão e semiaberto na

detenção; Se a pena for até 4 anos, a reclusão será com regime

aberto, se for reincidente poderá ser semiaberto ou fechado, a

detenção será com regime aberto, se for reincidente será regime

semiaberto

c) Reincidência – Se o condenado for reincidente terá um aumento e um

regime inicial diferente.

d) Circunstancias Judiciais – art. 59 do CP – O juiz estabelecerá

conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do

crime

Reclusão - Superior a 8 anos Entre 4 e 8 anos Até 4 anos

Primário Fechado Semiaberto Aberto

Reincidente Fechado Fechado Semiaberto ou

fechado (art. 59)

Detenção (Prisão

Simples) -

Superior a 8 anos Entre 4 e 8 anos Até 4 anos

Primário Semiaberto Semiaberto Aberto

Reincidente Semiaberto Semiaberto Semiaberto

Funções do Juiz da Execução – art. 66 da Lei das Execuções Penais (LEP)

– 7.210/84

REGIME FECHADO

Cumprimento no Regime Fechado – O regime fechado é a penitenciária

(segurança máxima ou média) – art. 87 a 89 da LEP. A autorização de saída do

preso está previsto no art. 120 da LEP

No caso de Regime Disciplinar Diferenciado, circunstância em que o preso

provisório ou condenado comete faltas disciplinares, é considerado crime

doloso que constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou

disciplina internas, sujeita o preso provisório ou condenado, sem prejuízo da

sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado.

Parte Geral – Das Penas

18

Hipóteses que será aplicado o regime disciplinar diferenciado, art. 50 da LEP:

I. Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a

disciplina - Organização de rebelião, fundador de envolvimento ou

participação em organizações criminosas, quadrilha ou bando

II. Fugir

III. Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a

integridade física de outrem - Que apresente alto risco para a ordem e

a segurança do estabelecimento penal.

IV. Provocar acidente de trabalho

V. Descumprir, no regime aberto, as condições impostas - Que

apresente alto risco para a ordem e a segurança da sociedade

VI. Inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 da LEP

Desta forma o preso irá ficar:

1) Duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por

nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada

2) Recolhido em cela individual

3) Tem visita de apenas duas pessoas por semana com duração de duas

horas (exceto crianças)

4) Apenas duas horas diárias de sol

REGIME SEMIABERTO

Lei 7.210/84 LEP – Art. 122 ao 125

No Regime Semiaberto não tem penitenciária, o preso fica na Colônia

Agrícola, Colônia Industrial ou Estabelecimento Similar (art. 91 e 92 da LEP). É

admitido o trabalho externo e também é possível que o preso frequente curso

de 2º grau ou curso profissionalizante/ superior.

Art. 124 - São possíveis as saídas temporárias, de até sete dias, quatro vezes

ao ano, em um intervalo de 45 dias, sendo sem vigilância, com base na

responsabilidade do preso. Hipóteses: visita a família, frequência a curso ou

Parte Geral – Das Penas

19

participação em qualquer atividade que recorra para o retorno da vida

social. No caso de curso não é contado esse dias.

Será concedida a autorização da saída temporária quando forem

preenchidos os seguintes requisitos:

1) Comportamento adequado

2) Cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e 1/4

se reincidente

3) Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena

Condições para conceder a saída temporária:

1) Fornecer o endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá

ser encontrado

2) Recolhimento à residência visitada no período noturno

3) Proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos

congêneres

REGIME ABERTO

Baseia na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado.

Art. 33, §1º e art. 36 do CP e art. 93 ao 95 da LEP

O condenado deverá fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar,

frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo

recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

A lei fala em casa do albergado, porem infelizmente na pratica não existem

essas casas, sendo assim é adotado o regime aberto em residência particular

para todos os condenados.

Art. 117 da LEP – Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de

regime aberto em residência particular quando se tratar de:

I. Condenado maior de 70 anos

II. Condenado acometido de doença grave

Parte Geral – Das Penas

20

III. Condenada com filho menor ou deficiente física ou mental

IV. Condenada gestante

PROGRESSÃO DE REGIME

Não existe a progressão em salto, ex: passar do regime fechado para o

aberto.

Requisito Objetivo: Nos crimes comuns cumpridos 1/6 da pena a que foi

condenado

Requisito Subjetivo: Bom comportamento carcerário

Art. 33, §4º CP - Nos crimes contra a administração pública terá progressão

de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que

causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado.

REGRESSÃO DE REGIME

Na regressão é possível a regressão em salto, ex: passar do regime aberto

para o fechado.

Enseja regressão de Regime a pratica de crime doloso, pratica de falta grave

(art. 50 da LEP) e superveniência de condenação por crime anterior cuja

soma com as penas já em execução cabe o regime em curso.

No caso do preso já estar em regime fechado e cometer alguma conduta

grave será reiniciado o prazo de 1/6 da pena que foi condenado.

DEVERES E DIREITOS DO PRESO

Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes a seu estado,

submeter-se às normas de execução da pena (art. 38 da LEP)

Parte Geral – Das Penas

21

Alem da disciplina, que consiste na colaboração com a ordem, na obediência

às determinações das autoridades e seus agentes no desempenho do trabalho,

prevê a lei um conjunto de regras inerentes à boa convivência do condenado.

Deveres do Preso – art. 39 da LEP:

I. Comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;

II. Obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;

III. Urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;

IV. Conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;

V. Execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

VI. Submissão à sanção disciplinar imposta;

VII. Indenização à vítima ou aos seus sucessores;

VIII. Indenização ao Estado quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;

IX. Higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;

X. Conservação dos objetos de uso pessoal.

Direitos do Preso – art. 40 e SS da LEP:

De outro lado, a prisão não deve impor restrições que não sejam inerentes

à própria natureza da pena privativa de liberdade. Por essa razão impõe-se a

todas as autoridades o respeito à integridade física e moral do detento ou

presidiário. Desta forma o legislador preocupou-se em humanizar a pena e

previu na LEP o direito à assistência material, à saúde, jurídica, educacional,

social, religiosa e ao egresso.

Art. 38 do CP – O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda

da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade

física e moral.

Art. 5º, XLIX CF – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e

moral.

Art. 40 da LEP – Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade

física e moral dos condenados e dos presos provisórios.

Parte Geral – Das Penas

22

Art. 41 da LEP – Rol de Direitos dos presos:

I. Alimentação suficiente e vestuário;

II. Atribuição de trabalho e sua remuneração;

III. Previdência Social; IV. Constituição de pecúlio; V. Proporcionalidade na

distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;

VI. Exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;

VII. Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;

VIII. Proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX. Entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X. Visita do cônjuge, da companheira, de parentes

e amigos em dias determinados;

XI. Chamamento nominal; XII. Igualdade de tratamento

salvo quanto às exigências da individualização da pena;

XIII. Audiência especial com o diretor do estabelecimento;

XIV. Representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;

XV. Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.

XVI. Atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.

A Prisão Provisória leva a Privativa de Liberdade, a Internação Provisória

leva a Medida de Segurança.

Medida de Segurança é uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos

inimputáveis ou semi-imputáveis, visando à prevenção do delito, com a

finalidade de evitar que o criminoso que apresente periculosidade volte a

delinquir. Enquanto o fundamento da aplicação da pena reside na

culpabilidade, o fundamento da medida de segurança reside na

periculosidade.

Parte Geral – Das Penas

23

TRABALHO DO PRESO

Impõe-se ao preso o trabalho obrigatório, remunerado e com as garantias

dos benefícios da Previdência Social – art. 39 CP

Trata-se de um dever social e condição de dignidade humana, que tem

finalidade educativa e produtiva.

Tratando-se de regime fechado, o trabalho será em comum dentro do

estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do

condenado, desde que compatíveis com a execução da pena

Em regime semiaberto, o trabalho é realizado em colônia agrícola, industrial

ou estabelecimento similar.

Com o trabalho do preso também ocorrerá a Remição e a Detração aos

condenados.

Remição é uma nova proposta inserida pela LEP que tem como finalidade

abreviar, pelo trabalho, parte do tempo da condenação. A contagem será

feita nos termos do art. 126 §1º da LEP, à razão de um dia de pena por três

dias de trabalho, esses dias descontados pelo trabalho servem para fins de

progressão e também poderá ocorrer a remição através do estudo (ensino

fundamental, médio, técnico profissionalizante ou superior), sendo em uma

proporção de 12 horas de estudo para um dia de pena

Na remissão por estudo pode rolar um premio extra, se a pessoa nesse

estudo concluir o primeiro grau ou concluir o segundo grau ou se formar na

faculdade ou o curso técnico, aqueles dias que ela tem remissão pelo estudo a

pessoa leva de brinde mais um terço dos dias.

A remição só acontece no regime fechado ou semiaberto, mas há algumas

exceções que poderá ser no regime aberto.

Detração é o desconto do total da pena definitivamente imposta ao

sentenciado, do período em que este cumpriu pena privativa de liberdade ou

medida de segurança no país ou no exterior.

Parte Geral – Das Penas

24

Conceitua-se detração penal como sendo o cálculo de redução da pena

privativa de liberdade ou de medida de segurança aplicada ao final da

sentença, do período de prisão provisória ou de internação para tratamento

psiquiátrico em que o sentenciado cumpriu anteriormente.

Ex: Se alguém foi condenado a 3 anos e 6 seis meses e havia ficado preso por

6 meses aguardando a sentença, terá de cumprir apenas o restante da pena,

ou seja, 3 anos.

Vale Pena é como um “banco” de penas, ex: usar o tempo que ficou preso

provisoriamente em um processo e foi absolvido em um outro processo

que foi condenado, no Brasil não é possível o Vale Pena

Sursis – É possível que o juiz suspenda a pena sob algumas condições

II - PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Dividida em três grupos, com base no art. 43 CP:

1) Restrições (Meramente Restritivas) – Perda de bens e valores (restrito

um bem), interdição temporárias de direitos (restrito um direito),

interdição de fim de semana (restrito a liberdade)

2) Obrigações (Restritivas por Obrigação) – Prestação pecuniária,

prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas

Características das Penas Restritivas de Direito:

Autonomia – As penas restritivas de direito não são acessórias. Art. 44

CP

Substitutividade – Cominada de maneira indireta. Art. 44 CP

Precariedade – Sendo cabível a substituição ela não é definitiva, ela

pode voltar a ser privativa de liberdade

As penas restritivas de direito visam a teoria utilitarista.

Parte Geral – Das Penas

25

Requisitos para as penas restritivas de direitos, art. 44 CP:

Se o crime for culposo a pena pode ser de qualquer tamanho, não há

limite máximo.

Se o crime for doloso somente as penas até 4 anos e sem violência ou

grave ameaça (apenas contra seres humanos)

Não Reincidente em crime doloso (o §3º do art. 44 trás uma restrição

ao §2º, se o condenado for reincidente no mesmo crime não será

possível a substituição, porem se o crime doloso for diferente será

possível a substituição da restritiva de liberdade por restritiva de direito).

Circunstancias Judiciais, art. 59 CP, um grupo de 8 fatores que devem

ser levados pelo Juiz. Muito parecido com o §3º do art. 44.

Presentes os requisitos a substituição será feita da seguinte forma:

Se a pena for, art. 44, §2º CP:

Igual ou Menor que 1 ano, a pena Privativa de Liberdade poderá ser

substituída por:

o 1 restritiva de direito

o Somente pela multa

Superior a 1 ano, a pena Privativa de Liberdade poderá ser substituída

por:

o 2 restritivas de direito

o 1 restritiva de direito + multa

Se a multa já for cominada na privativa de liberdade, o juiz não poderá fixar a

restritiva de direito em que tenha a multa.

Outro caso, sendo uma exceção que há, é o art. 180 da LEP, a pena privativa

de liberdade, não superior a 2 anos, poderá ser convertida em restritiva de

direitos, desde que preenchidos os requisitos deste artigo.

O tempo da restritiva de direito é a mesma duração da privativa de liberdade.

Parte Geral – Das Penas

26

Competência do Jecrim: Pena até 02 anos, apenas para os crimes de

ameaça, lesão corporal leve e constrangimento ilegal. É possível a transação

penal, no qual há uma tentativa de acordo, é cabível no momento de transação

penal a substituição da pena por um acordo.

Lei Maria da Penha: Quando sem violência ou sem grave ameaça há o

critério de cabimento para substituição por restritiva de direito. Entretanto não

cabe restritiva de direito se ocorrer violência contra a mulher.

Art. 43 – As penas restritivas de direitos são:

I. Prestação Pecuniária

É um pagamento em dinheiro que poderá ser para a própria

vítima, ou aos dependentes da vítima se ela vier a morrer, ou se

não existir vítima definida ou não existir descendentes (entidade

pública ou entidade privada com fins sociais). Poderá variar de 1

a 360 salários mínimos

II. Perda de Bens e Valores

III. Prestação de Serviço à comunidade ou a entidades públicas

IV. Interdição Temporária de Direitos, essa espécie de sanção atinge

fundo os interesses econômicos do condenado sem acarretar os males

representados pelo recolhimento à prisão por curto prazo, desta forma

os interditos sentirão de modo muito mais agudo os efeitos da punição

do tipo restritivo ao patrimônio. Ademais, tem maior significado na

prevenção, já que priva o sentenciado da prática de certas atividades

sociais em que se mostrou irresponsável ou perigoso. As interdições são

divididas em modalidades específicas ou genéricas (art. 47 CP)

Específica – Aplicada em crimes específicos

Proibição do exercício de cargo, função ou atividade

pública, bem como de mandato eletivo (art. 56 CP)

Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que

dependam de habilitação especial, de licença ou

autorização do poder público (art. 56 CP)

Suspensão de autorização (apenas em caso de ciclomotor)

ou de habilitação para dirigir veículo (Entretanto o CTB (lei

Parte Geral – Das Penas

27

9.503/97) revogou esse artigo com os seus arts. 302 e

303)

Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou

exames públicos

Genérica – Aplicada em qualquer tipo de crime

Proibição de frequentar determinados lugares

V. Limitação de Fim de Semana, é a obrigação de permanecer aos

sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou

em estabelecimento adequado

Conversão da Restritiva de Direito em Privativa de Liberdade

Acontece a perda do benefício, sendo a conversão de pena restritiva em

privativa de liberdade nos casos em que:

1) Descumprimento injustificado da restrição, art. 44 §4º do CP e art. 181

da LEP. Ex: Descumprimento da prestação de serviços à comunidade

2) Superveniência de condenação à privativa de liberdade por outro crime,

art. 44 §5º.

3) Prática de Falta Grave, art. 51 LEP

QUESTÕES PARA A PRIMEIRA PROVA:

1) Ao tratar do Concurso de Agentes, nosso CP adotou a teoria

restritiva, considerando os coautores aqueles que praticam os

verbos descritos no tipo e partícipes aqueles que de outra forma

contribuem, sem pratica-lo. Nesse contexto é possível coautoria

quando os agentes praticam diferentes condutas do mesmo tipo

penal?

R. Sim, através do tipo complexo, no qual é composto por dois ou mais

tipos que isoladamente constituem infrações penais, é o caso do roubo,

cujo conteúdo compreende tanto o furto como o constrangimento ilegal,

e também pode ser como tipo alternativo, no qual há vários verbos em

um só artigo, ex: tráfico de drogas.

2) Ticia encontra-se gestante e deseja interromper a gravidez, para

tanto, seu namorado Mévio lhe entrega o medicamento cytotec, e

no dia seguinte estando sozinha Ticia ingere o medicamento, mas é

Parte Geral – Das Penas

28

socorrida por seu pai e salva-se a gestação. Mévio responderá

como autor do art. 126 do CP tentado ou como partícipe do art. 124

do CP tentado? Explique o porquê, fundamentando.

R. Responderá como partícipe tentado pelo art. 124 do CP, porque ele

apenas forneceu o medicamento para a gestante e Ticia ingeriu o

medicamento sozinha, sendo assim Mévio teve uma participação

material, considerado apenas de caráter acessório. Segundo o art. 30 do

CP as circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se

comunicam, salvo quando elementares do crime, todavia esse tipo de

infração é elementar do crime.

3) O art. 5 XLVII da CF veda as penas de trabalhos forçados,

entretanto o condenado a pena privativa de liberdade tem a

obrigação e também o direito de trabalhar. Quais as consequências

de recusar-se a trabalhar, conforme o regime em que esteja? Qual a

consequência do Estado não fornecer tal oportunidade?

R. No regime aberto se o preso não trabalhar estará ausente um

requisito para ficar em regime aberto, tendo como consequência a

regressão para o regime semiaberto ou para o fechado. Se estiver no

regime semiaberto constitui falta grave, que enseja a regressão para o

regime fechado. Se estiver no fechado também é constituída falta grave,

só que como não tem como mais regredir a consequência é reiniciar a

contagem do prazo para progressão do regime. A consequência do

Estado de não fornecer a oportunidade é podendo pleitear a remição

sem mesmo o preso ter trabalhado, sendo que aplica-se isso apenas

nos regimes semiaberto e fechado, no regime aberto é responsabilidade

do preso arrumar emprego.

4) Comente os arts. 129 caput do CP e 303 do CTB a luz do princípio

da proporcionalidade

R. O legislador ofendeu o principio da proporcionalidade quando

elaborou o art. 303 do CTB. Pois a pessoa cometendo um crime na

modalidade culposa através do art. 303 do CTB terá uma pena em dobro

do que cometer o mesmo crime na modalidade dolosa pelo art.129 do

CP.

5) Tício foi condenado pelo crime X a pena de seis anos de detenção e

é reincidente, em qual regime iniciará o cumprimento? Poderá em

algum momento regredir para regime mais grave?

R. Iniciará no Regime semiaberto e poderá regredir apenas em razão do

fato ocorrido já na execução da pena.

Parte Geral – Das Penas

29

6) Diferencie permissão de saída (art. 120 da LEP) de saída temporária

(art. 122 da LEP), detalhe a segunda saída.

R. Permissão de saída é somente no regime fechado e semiaberto, no

caso de morrer parente, alguém ficar doente, sendo a saída vigiada por

escolta. Já a saída temporária somente é cabível no regime semiaberto,

sendo permitido sair sem escolta, para visitar a família, frequentar curso,

com o prazo máximo de 7 dias, 4 vezes no ano e com intervalo de 45

dias.

7) Em quais situações é possível progredir de regime antes do

transito em julgado da sentença penal condenatória?

R. São duas situações: A primeira situação só quando cabe recurso para

a defesa, quando já ocorreu o transito em julgado para o Ministério

Público porem a defesa apelou para os Tribunais reverem a sentença,

desta forma como só o advogado recorreu a reforma da sentença que os

Tribunais irão fazer só irá modifica-la para uma pena menor e também

quando o Ministério Público mesmo pleiteando a sentença acha que a

pena foi muito alta ou que condenou por situações que não eram para

condenar. A segunda situação é quando já cumpriu um sexto da pena

máxima cominada em abstrato pelo legislador.

8) Na ação penal A Tício ficou preso preventivamente e foi absolvido,

na ação penal B Tício não ficou preso provisoriamente, mas foi

condenado a pena privativa de liberdade, Sendo assim poderá

ocorrer detração? Por quê?

R. Depende do momento do crime em que está sendo julgado o

condenado, se o crime foi cometido antes da época em que foi preso

pela preventiva poderá ocorrer a detração, mas se for cometido depois

da prisão preventiva não poderá ocorrer a detração, pois o sujeito ficaria

com um crédito de pena e seria considerado um “vale pena”. Decisão do

STJ Recurso Especial nº 61899 de São Paulo, Julgado pela 6ª turma,

Relator Vicente Leal, Diário da Justiça de março de 1996.

9) É possível substituição de pena privativa de liberdade por restritiva

de direito no caso de condenação por tráfico de drogas?

R. A lei antidrogas fala que não, porem o Supremo em um julgamento

entendeu inconstitucional essa disposição, mas mesmo assim ainda

permanece os outros requisitos (ausência de violência ou grave ameaça

e a pena não pode ultrapassar 4 anos em crime doloso) , desta forma

somente poderá ocorrer a substituição através do instituto da minorante.

10) Tício foi condenado a 6 meses de detenção pela prática de lesão

corporal culposa em acidente de transito (art. 303 do CTB), e pegou

Parte Geral – Das Penas

30

a pena mínima. Poderá o Juiz substituir tal pena por prestação de

serviços à comunidade? Poderá substituir tal pena por interdição

temporária de direitos consistente em suspensão da CNH?

R. Ele não poderá substituir a pena por prestação de serviços a

comunidade, porque o art. 46 diz que para essa modalidade a

condenação deve ser superior a 6 meses. E não poderá substituir a

pena para suspensão da CNH, pelo art. 47, III, porque tal pena já está

prevista em caráter excepcional, já está cominada no próprio art. 303 e

será obrigatória. O juiz nesse caso terá que pegar a privativa de

liberdade e substituir por outra modalidade de restritiva de direitos que

não seja a suspensão da CNH

Parte Geral – Das Penas

31

III – MULTA

Multa é a espécie de sanção penal, de cunho patrimonial, consistente no

pagamento de determinado valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário

Nacional.

Por se tratar de pena deve respeitar os princípios da reserva legal e da

anterioridade.

Para a pena de multa existe uma diferença quanto ao destino do dinheiro, pois

na PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA a perda de bens e valores vai para a vítima ou

para o Fundo Penitenciário Nacional (art. 45, §3º CP), entretanto o destino do

dinheiro da MULTA vai apenas para o Fundo Penitenciário (art. 49 CP), desta

forma a diferença de especificar se vai ou não para o âmbito Nacional é que o

dinheiro poderá ser aplicado também nas esferas Estaduais ou Municipais.

Espécies:

Originária – Prevista diretamente no preceito secundário da sanção

penal

o Isolada – Situação rara em que somente poderá ser aplicada a

pena de multa como sanção, encontra somente na Lei de

Contravenções Penais. Ex: Art. 20, 61 da LCP

o Cumulativa – Quando utilizar a conjunção “e”. O Juiz aplicará

duas sanções para o condenado, ex: Detenção e multa

o Alternativa – O Juiz terá a opção de aplicar uma sanção ou outra,

ex: aplicar a restritiva de liberdade ou multa.

Substitutiva ou Vicariante – Não está prevista diretamente no preceito

secundário, conforme descrito no art. 44 §2º CP - A substituição da pena

poderá ser feito por multa.

Parte Geral – Das Penas

32

Critério

O Código Penal adota como regra1, o critério do dia-multa, pelo qual o

preceito secundário de cada tipo penal se limita a cominar a pena de multa,

sem indicar o seu valor, o qual deve ser calculado com base nos critérios

previstos no art. 49 do CP.

Cálculo da Pena de Multa

A pena privativa de liberdade obedece a um sistema trifásico, delineado pelo

art. 68 do CP. Entretanto a pena de multa, e somente ela, segue um sistema

bifásico:

1ª Fase – O Juiz fixa o número de dias-multa apenas, estabelece

quanto dias-multa a pessoa será condenada. Entre 10 e 360 dias-multa

(art. 49 CP). Para encontrar esse número leva em conta o critério

trifásico, art. 68 CP (circunstâncias judiciais, agravante/atenuantes

genéricas e majorantes/minorantes)

2ª Fase – Já definido o número de dias-multa, cabe ao Juiz fixar o valor

de cada dia-multa. Nesta fase não leva em conta o critério trifásico,

mas sim o critério da situação econômica da pessoa. Desta forma um

dia-multa deve ser o valor mais próximo possível do salário de um dia da

pessoa condenada. O cálculo é feito entre 1/30 ou 5x o salário mínimo

vigente ao tempo do fato (art. 49 §1º)

Se a situação econômica do réu for de elevado poder econômico a

sanção da multa será ineficaz, desta forma o valor poderá ser triplicado

(art. 60 §1º) e nos crimes contra o sistema financeiro nacional,

propriedade industrial pode ser estendido ate o décuplo.

A multa deve ser atualizada pela correção monetária, art. 49 §2º

1 Pelo art. 2º da Lei 7.209/1994 – Reforma da Parte Geral do Código Penal

Parte Geral – Das Penas

33

Pagamento da Multa

A multa deve ser paga 10 dias após o transito em julgado da sentença (art.

50 CP). Dependendo das circunstâncias econômicas do condenado o

pagamento da multa pode ser parcelado, em prestações iguais e sucessivas.

A cobrança da multa irá descontar no vencimento ou salário do condenado

quando:

Aplicada isoladamente

Aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos

Concedida à suspensão condicional da pena

Se NÃO for paga a multa será considerada dívida de valor, no qual aplica a

legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública e também a sua

prescrição interruptiva ou suspensiva. A execução da multa é fiscal.

Não cabe habeas corpus na pena de multa, porque não impede o direito de ir e

vir.

Não há o que se falar em detração, segundo o art. 42 somente na privativa de

liberdade e na medida de segurança que é possível

A inadimplência da multa seguida da morte do condenado não atinge aos

seus herdeiros, pois existem os princípios da personalidade e da

intransmissibilidade da pena. Os herdeiros poderão responder apenas por

aquilo que herdaram, nunca poderá buscar o patrimônio pessoal dos herdeiros.

A suspensão da prescrição se da enquanto não for localizado o devedor ou

encontrado bens para penhora, desta forma não correrá o prazo de prescrição.

A interrupção da prescrição se da pelo despacho do Juiz que ordenar a

citação em execução fiscal.

Parte Geral – Das Penas

34

Critérios Especiais da Pena de Multa

Multa Substitutiva ou Vicariante (art. 60 §2º) – Com a reforma no CP esse

artigo ficou sobrando, no que ocorreu a revogação tácita do §2º do art. 60,

já que o §2º do art. 44 é mais amplo (Capez, Damásio e Luis Flávio). Para a

família DelManto, o §2º do art. 60 não está revogado tacitamente, na verdade

ele ainda é aplicável quando você tiver uma pena abaixo de 6 meses, porém

com violência ou grave ameaça. Ex: Lesão Corporal introduzida pela Lei Maria

da Pena art. 129 §9º CP, no qual não é de competência do JECRIM porque a

pena máxima é de três anos e não aplica o art. 44 §2º porque há violência e o

art. 60 §2º observa apenas os incisos II e III do art. 44.

O condenado que for cumprir a pena privativa de liberdade e multa

poderá substituir a privativa de liberdade por mais uma multa ou por uma

restritiva de direito e multa?

R. Depende, em primeiro lugar se essa situação estiver em lei

extravagante (fora do CP), a Súmula 171 do STJ diz que não pode

substituir a prisão por multa, mas se estiver no Código Penal pode

substituir por mais uma multa desde que o número de dias-multa

aumente de 10 e 360 dias-multa para 20 e 720 dias-multa.

Multa Irrisória – É multa de valor extremamente reduzida

Multa de Violência Doméstica Contra a Mulher – Substituição da pena em

pagamento isolado da multa é vedado pela Lei Maria da Penha.

Parte Geral – Das Penas

35

APLICAÇÃO DAS PENAS

A atividade de aplicar a pena consiste em fixá-la na sentença, depois de

superada todas as etapas do devido processo legal, em quantidade

determinada e respeitando os requisitos legais. (Cleber Masson)

Trata-se de um ato discricionário juridicamente vinculado. O Juiz está

submisso aos parâmetros que a lei estabelece.

A aplicação da pena tem como pressuposto a culpabilidade (imputabilidade,

potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa) (Teoria

Bipartite). Se estiver ausente a culpabilidade não terá a imposição da pena.

SISTEMAS PARA APLICAÇÃO DA PENA

Existem dois sistemas para a aplicação da pena privativa de liberdade:

1. Bifásico – Sistema idealizado por Roberto Lyra, a pena privativa de

liberdade é aplicada em duas fases:

1ª Fase: O Juiz calcula a pena-base levando em conta as

circunstâncias judiciais e as agravantes ou atenuantes genéricas

2ª Fase: Incide as causas de diminuição ou de aumento da pena

2. Trifásico – Sistema idealizado por Nélson Hungria, a pena privativa de

liberdade é dividida em três etapas:

1ª Etapa: O Juiz fixa a pena-base levando em conta as

circunstâncias judiciais

2ª Etapa: Aplica as atenuantes e agravantes genéricas

3ª Etapa: Aplica as causa de diminuição ou de aumento da pena

O nosso Código Penal adotou o Sistema Trifasico para a aplicação da

pena privativa de liberdade – art. 68

Parte Geral – Das Penas

36

Entretanto para a pena de multa foi adotado o Sistema Bifásico – art. 49,

caput e §1º

PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM

Esse princípio estabelece, em primeiro plano, que ninguém poderá ser punido

mais de uma vez por uma mesma infração penal, mas não é só, a partir de

uma compreensão mais ampla deste principio, desenvolveu a operação de

dosimetria (cálculo) da pena.

Temos que observar que se consolidou o entendimento de que uma mesma

circunstância não deverá ser valorada em mais de um momento ou em mais

de uma das fases que compõem o sistema trifásico estabelecido pelo art. 68

do CP.

Um exemplo elucidativo: Imaginemos que alguém tenha praticado um furto, e

que o tenha feito por motivo torpe (o agente subtraiu do seu desafeto o dinheiro

que seria destinado à compra de alimentos para a sua família, justamente com

o intuito de acarretar a privação). É bem provável que o juiz, após análise do

caso, se desconhecer a motivação do crime, venha a fixar a pena-base

próxima do mínimo legal (digamos, um ano de reclusão). Sabendo da torpeza

da motivação, no entanto, e atendendo aos critérios do artigo 59 do CP,

suponhamos que ele estabeleça uma pena-base mais elevada: 3 anos de

reclusão. Quando passa ao segundo estágio do sistema de dosimetria da pena,

reconhece a já mencionada agravante do art. 61, II, "a", e faz incidir um

aumento de 1/6 sobre a pena-base anteriormente fixada. Supondo a ausência

de quaisquer outras circunstâncias agravantes ou atenuantes, e também de

causas de aumento e de diminuição da pena, torna-se definitiva a punição em

3 anos e 6 meses de reclusão. Percebamos que, no presente caso, o peso

exercido pelo motivo do crime na pena atribuída, na primeira fase, é de

hipotéticos 2 anos de reclusão; e que, num momento posterior, ao ser

reconhecido como circunstância agravante, o mesmo fator levou a novo

aumento da pena (mais 6 meses de reclusão). Esta dupla (ou múltipla)

valoração é vedada pelo Princípio do Non Bis In Idem.

Parte Geral – Das Penas

37

Primeiro será apenas citada as fases para a dosimetria das penas e a

ordem de prioridade para utilizar as penas e posteriormente será

explicada cada uma.

ORDEM DAS FASES PARA A DOSIMETRIA DAS PENAS

1ª Fase – Circunstâncias Judiciais – art. 59 – Esta fase irá fixar a pena-base,

no qual tem 8 critérios.

2ª Fase – Agravantes e Atenuantes Genéricas – art. 61, 62/ 65 e 66 –

Agravam ou Atenuam a pena.

3ª Fase – Majorantes ou Minorantes – Aumento ou Diminuição da pena.

Obs. Problema do art. 127 foi que o Legislador colocou como uma

qualificadora, porém se trata de uma majorante.

ORDEM DE PRIORIDADE DAS PENAS DE UTILIZAÇÃO

1) Fato Elementar e Circunstância – Fatores Elementares compõem a

estrutura da figura típica. Circunstâncias são dadas que agregam ao tipo

fundamental para aumentar ou diminuir a quantidade da pena. Na

elementar deixa de ser aquele crime, se retirar aquele fato e se tirar uma

circunstância, o crime continua existindo.

2) Qualificadoras, o Legislador trouxe novos limites de pena de privativa de

liberdade, faz uma nova cominação – Estabelece novos limites da pena.

3) Majorante ou Minorante – Está escrito na lei o quanto terá que aumentar,

através do Cálculo Matemático (ex. aumento de 1/6, 1/2, 3/5, etc.).

4) Agravante ou Atenuante Genérica – Não diz o quanto terá de aumentar a

pena

5) Circunstâncias Judiciais – Utilizadas quando não configurarem elementos

do tipo penal, qualificadoras ou privilégios, agravantes ou atenuantes,

majorantes ou minorantes

Parte Geral – Das Penas

38

SISTEMAS DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

1) Estanque – Já traz uma pena específica, individualizada na parte

secundária do tipo penal, fere o princípio da individualização da pena,

ex: crime X, pena 5 anos de execução. Esse sistema não foi adotado pelo

nosso Código Penal.

2) Pena Indeterminada – Deixa inteiramente a critério do Juiz a pena, não

prevê nenhum limite mínimo ou máximo, fere o principio da legalidade,

porque quando a pessoa vai cometer um crime ela deve saber quais serão

as suas consequências. Esse sistema não foi adotado pelo nosso Código

Penal.

3) Pena Parcialmente Determinada – Traz o limite máximo, porem não traz

o limite mínimo. Esse sistema é adotado em alguns casos pelo nosso

Código Penal.

4) Pena Determinada – Estabelece limite mínimo e máximo para as penas.

Esse sistema é adotado pelo nosso Código Penal.

PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA: FIXAÇÃO DA PENA-BASE

Para o cálculo da pena-base o juiz se vale das circunstâncias judiciais

indicadas pelo art. 59 CP.

Ainda que todas as circunstâncias sejam extremamente favoráveis ao réu, a

pena-base não pode ser inferior ao mínimo abstratamente cominado ao

crime e também mesmo sendo as circunstancias judiciais inteiramente

contrárias, a pena-base deve respeitar o máximo legalmente previsto.

As circunstâncias judiciais elencadas pelo art. 59 CP são:

1) Culpabilidade

2) Antecedentes

3) Conduta Social

4) Personalidade do agente

5) Motivos do crime

6) Circunstâncias do crime

Parte Geral – Das Penas

39

7) Consequências do crime

8) Comportamento da Vítima

Tendo estudado os 8 elementos do art. 59, vai servir não somente para o

cálculo da pena nessa primeira fase (pena base), são esses mesmo elementos

que o Juiz irá escolher qual pena será aplicada, irá analisar a fixação do regime

inicial e o tempo da pena.

O cálculo pela maioria dos Juízes brasileiros, em primeiro lugar, parte sempre

do mínimo da pena cominada, o critério que utilizam e para cada circunstância

desfavorável aumentam de 1/6, e se favorável retiram o 1/6 ou anulam alguma

circunstância desfavorável.

SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA: FIXAÇÃO DAS

AGRAVANTES E ATENUANTES GENÉRICAS

A fixação será aplicada sobre o resultado da primeira fase. A condição do

limite mínimo e o limite máximo não poderão ser ultrapassados.

AGRAVANTES

Art. 61 – São Circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não

constituem ou qualificam o crime:

I. A Reincidência – Por força do art. 63 só pode considerar para fins de

reincidência quando um novo crime é cometido após o transito em julgado de

outro. No art. 7 da Lei das Contravenções Penais também fala sobre a

reincidência, entretanto se for cometido um crime e após o transito em julgado

cometer uma contravenção, seja no Brasil ou no exterior será considerado

reincidente, mas se for cometido uma contravenção anteriormente e após o

transito em julgado cometer outra contravenção, só no Brasil será considerado

reincidente, no exterior não.

Se o criminoso cometer primeiro uma contravenção, depois do trânsito em

julgado, cometer um crime ele não será reincidente.

Parte Geral – Das Penas

40

Condenação Anterior Nova Infração Resultado

Contravenção no

Brasil

Contravenção Reincidente – art. 7 da

LCP

Contravenção no

Exterior

Contravenção Primário – art. 7 da

LCP

Crime Crime Reincidente – art. 63

CP

Contravenção Crime Primário – art. 63 CP

Crime no Brasil ou no

Exterior

Contravenção Reincidente – art. 7

LCP

Art. 64 CP – Efeitos da Reincidência

II. Ter o Agente cometido o crime

a. Por motivo fútil ou torpe

b. Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou

vantagem de outro crime

c. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso

que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido

d. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio

insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum

e. Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge

Dividi-se em Preponderantes e Não Preponderantes

O art. 62 é também agravante genérica, só que tem uma relação de concurso

de pessoas.

ATENUANTES

Art. 65 – São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I. Ser o agente menor de 21 anos, na data do fato, ou maior de 70

anos na data da sentença

Parte Geral – Das Penas

41

Obs. Quando o agente for menor de 21 anos é considerado

superpreponderante, o que significa que em caso de empate entre

uma agravante e uma atenuante, a atenuante superpreponderante

irá prevalecer

II. O desconhecimento da lei – Se no caso concreto a pessoa não

conhecer a lei poderá ser uma circunstância atenuante

III. Ter o agente

a. Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral

b. Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo

após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter,

antes do julgamento, reparado o dano

c. Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em

cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a

influencia de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima

d. Confessado espontaneamente, perante autoridade, a autoria do

crime

e. Cometido o crime sob a influencia de multidão ou tumulto, se o

não provocou

Cálculo das preponderantes das penas nessa segunda fase:

A preponderante tem peso maior que uma não-preponderante, a relação é

de uma preponderante por duas não-preponderantes. A única exceção é de o

agente ser menor de 21 anos, pois a preponderante se torna

superpreponderante.

TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA: FIXAÇÃO DAS

MAJORANTES E MINORANTES

O limite mínimo poderá ser passado e o limite máximo também poderá ser

ultrapassado

As majorantes e minorantes estão previstas tanto na parte geral quanto na

parte especial.

Parte Geral – Das Penas

42

Quando não for o caso do § único do art. 68, que envolver parte geral ou parte

especial, irá calcular, em sequencia, primeiro a parte especial e depois calcular

a parte geral, seja minorante, ou seja majorante.

Art. 68 § único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição

previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só

diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

Sendo assim se houver 2 majorantes ou 2 minorantes, o Juiz irá escolher qual

majorante ou minorante diminui ou aumente mais e desconsidera a outra, no

que abre um espaço na hierarquia para aplicação da próxima etapa das penas

(agravante, atenuante, circunstancias).

CONCURSO DE CRIMES

Concurso de crimes é o instituto que se verifica quando o agente, mediante

uma ou várias condutas, pratica duas ou mais infrações penais.

Sempre serão cometidas duas ou mais infrações penais.

Sistemas de aplicação da pena

Destacam-se no Brasil três sistemas de aplicação da pena no concurso de

infrações penais:

I. Sistema do Cúmulo Material – Aplica-se ao réu o somatório das penas

de cada uma das infrações. Esse sistema foi adotado em relação ao

concurso material (art. 69), ao concurso formal imperfeito (art. 70) e

ao concurso das penas de multa (art. 72).

II. Sistema da exasperação – Aplica-se somente a pena mais grave

praticada pelo agente, aumentada de determinado percentual. Esse

sistema foi acolhido em relação ao concurso formal próprio (art. 70) e

ao crime continuado (art. 71)

III. Sistema de absorção – Aplica-se exclusivamente a pena da infração

penal mais grave, sem qualquer aumento. Esse sistema foi adotado pela

Jurisprudência em relação aos crimes falimentares.

Parte Geral – Das Penas

43

O Concurso de Crimes é dividido em 3 INSTITUTOS:

CONCURSO MATERIAL

Previsto no art. 69 do CP, será aplicado quando não estiver previsto os

requisitos do concurso formal ou continuado.

Há a pluralidade de condutas e pluralidade de crimes. O agente, por meio

de duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes, pouco importando se

os fatos ocorreram ou não no mesmo contexto fático.

Considerado homogêneo quando os crimes são idênticos

Considerado heterogêneo quando há condutas e crimes diferentes

Obs. Se houve conexão entre as infrações penais no mesmo processo a regra

do concurso material é aplicada pelo juiz que profere a sentença condenatória,

sendo que as serão fixadas separadamente e na sentença somadas.

Obs.² Se as infrações penais não tiverem conexões, sendo em processos

diferentes, a soma das penas será aplicada pelo Juiz da Execução, art. 66, III

da LEP.

CONCURSO FORMAL

Previsto no art. 70 do CP, o agente mediante uma única conduta pratica dois

ou mais crimes, idênticos ou não.

Os requisitos são:

Unidade de conduta – Somente se concretiza quando os atos são

realizados no mesmo contexto temporal e espacial

Pluralidade de resultado – Deve haver vários resultados, mesmo que

em condutas fracionáveis em diversos atos.

Considerado homogêneo quando os crimes são idênticos

Parte Geral – Das Penas

44

Considerado heterogêneo quando os delitos são diversos

Concurso Formal Perfeito o agente realiza a conduta típica, que produz dois

ou mais resultados, sem agir com desígnios autônomos.

Concurso Formal Imperfeito verifica quando a conduta dolosa do agente e os

crimes concorrentes derivam de desígnios autônomos.

Obs. Foi adotado o sistema da exasperação para concurso formal perfeito:

Número de crimes Aumento de pena

2 1/6

3 1/5

4 1/4

5 1/3

6 ou mais 1/2

Obs. ² Foi adotado sistema do cúmulo material para concurso formal

imperfeito, no qual serão somadas as penas de todos os crimes produzidos

pelo agente.

CRIME CONTINUADO

Previsto no art. 71 do CP, o agente por meio de duas ou mais condutas,

comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de

tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os

subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.

Há a pluralidade de crimes e pluralidade de condutas. Tem como

características: i) crimes da mesma espécie; ii) conexão espacial (crimes

praticados em um limite de distância, sendo na mesma cidade ou no máximo

na cidade vizinha), conexão temporal (crimes praticados relativamente

próximo no tempo, o limite é de 1 mês), conexão modal (modo de execução

do crime iguais).

Parte Geral – Das Penas

45

Obs. A dosimetria da pena no concurso continuado se dá da seguinte forma:

Número de crimes Aumento de pena

2 1/6

3 1/5

4 1/4

5 1/3

6 1/2

7 ou mais 2/3

SURSIS – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Sursis é uma suspensão condicional da pena, aplicada à execução da pena

privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por

dois a quatro anos. Sendo assim o Sursis é um benefício para o condenado.

Sistemas:

Anglo-Americano – A suspensão ocorre antes da condenação, a

condenação não chega a existir.

Belgo-Francês – A condenação acontece efetivamente, envolve o

calculo da pena. Esse sistema foi adotado pelos arts. 77 a 82 do CP.

Probation of first offenders act – Durante a suspensão o réu deve

apresentar boa conduta, senão será reiniciada a ação penal. Esse

sistema foi acolhido pelo Brasil em relação à suspensão

condicional do processo.

A revogação do sursis poderá acontecer por motivos específicos ou durante

o período de provas.

MODALIDADES DE SURSIS

Simples – Art. 77 caput CP

Parte Geral – Das Penas

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Especial – Art. 78, §2º CP

Etário e Humanitário – Art. 77, §2º CP

ESPÉCIES CARACTERÍSTICAS PERÍODO DE PROVA

Simples Não reparou o dano/ No

1º presta serviço a

comunidade ou limitação

aos finais de semana

2 a 4 anos

Especial Reparação dos danos/

Condições

estabelecidas pelo Juiz

2 a 4 anos

Etário 70 anos ou mais/ até 04

anos

4 a 6 anos

Humanitário Até 04 anos/ doença

grave

4 a 6 anos

Obs. Nos casos de contravenção penal também é possível o sursis, sendo

entre 1 e 3 anos o período de prova.

REQUISITOS para que após o cálculo da pena o Juiz possa suspender essa

pena de prova.

Requisitos Objetivos – A pena privativa de liberdade não seja superior

a dois anos e não seja cabível substituição por restritiva de direito ou

multa.

Requisitos Subjetivos – Não reincidente em crime doloso e

“Circunstâncias Judiciais” Favoráveis

Se conseguir enquadrar nos requisitos os crimes hediondos, de terrorismo e

de tortura poderá ser aplicado o sursis, mas em caso de tráfico não é possível

aplicar o sursis, sendo vedado pela Lei Anti Drogas.

Requisitos objetivos são relacionados à pena e os requisitos subjetivos são

relacionados ao agente.

Parte Geral – Das Penas

47

Causas de Revogação dos Sursis

Obrigatórias

o Condenação com Transito em Julgado por crime doloso durante o

período de prova do sursis

o Frustração da pena de multa – Foi tacitamente revogado

o Não reparação do dano sem justificativa

o Descumprimento a prestação de serviço a comunidade ou

limitação do final de semana

Facultativas

o Condenação Irrecorrível por crime culposo, contravenção a

privativa de liberdade ou restritiva de direito

o Descumprimento das condições judiciais

o Descumprimento das condições do Sursis Especial

Causas de Cassação

A cassação do sursis se verifica quando o benefício fica sem efeito antes do

inicio do período de prova, entretanto não se confunde com revogação, que

somente pode ser decretada durante a suspensão condicional da pena.

As hipóteses de cassação são: O não comparecimento à audiência

admonitória, a renúncia ao benefício, condenação à prisão durante o período

de prova e a pena privativa de liberdade é aumentada, passando de dois anos.

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 83 aos 90 CP

Livramento ou Liberdade Condicional é o sistema em que um condenado, ao

invés de cumprir toda a pena na prisão, é posto em liberdade se houver

preenchido determinadas condições impostas legalmente.

Não se deve confundir com o sursis, pois no livramento condicional um preso é

liberto, no sursis a pena deixa de ser aplicada.

Parte Geral – Das Penas

48

No livramento o condenado só alcança esse benefício na fase de execução,

diferente do sursis quando é imposto na fase de sentença.

Recurso cabível para o Livramento Condicional é o Recurso de Agravo de

Execução, tendo o prazo de 05 dias após a sentença.

Recurso cabível para o Sursis é a Apelação

Requisitos

Objetivos – Relativos à pena imposta e a reparação do dano

Pena superior ou igual a 2 anos (somente quando a pena for

exatamente 02 anos, poderá ser aplicado o livramento condicional

no caso de ocorrer a revogação do sursis)

Reparação do dano, ser possível

Cumprimento de parte da pena privativa de liberdade, sendo

dividido o cálculo da pena da seguinte maneira:

Crime comum, não reincidente em crime doloso – Terá que

ter cumprido 1/3 da pena – Simples.

Crime comum, reincidente em crime doloso – Terá que ter

cumprido 1/2 da pena – Qualificado.

Hediondos, com tortura ou terrorismo (não poderá ser

reincidente em nenhuma condenação que envolva esses

crimes) – Terá que ter cumprido 2/3 da pena

Tráfico (não poderá ser reincidente por tráfico) – Terá que

ter cumprido 2/3 da pena

Subjetivos – Relativos com o lado pessoal do condenado

Comportamento satisfatório durante o cumprimento – Diretor

do presídio deve emitir um atestado de boa conduta carcerária

Bom desempenho no trabalho

Aptidão para subsistência com trabalho honesto

Para crime doloso não pode haver violência ou grave ameaça e

presumir-se que não voltará a delinquir

Parte Geral – Das Penas

49

Procedimento do Livramento Condicional

O pedido é dirigido para o Juiz da Execução, podendo ser feito pelo

condenado, parente, cônjuge, diretor do estabelecimento penal e Conselho

Penitenciário.

Não é preciso a necessidade de advogado

Antes de o Juiz decidir será ouvido o Promotor de Justiça.

Período de Provas e Condições

O período de prova no livramento condicional é feito pelo resto da pena.

O início se da na audiência admonitória, que se realiza no estabelecimento

onde o preso cumpre a pena (art. 137 LEP).

Nesta audiência será lida ao sentenciado, na presença dos demais

condenados. Após a leitura o condenado irá declarar se aceita ou não as

condições.

Se não aceitar fica sem efeito o livramento, ao menos se o Juiz quiser alterá-

las.

Se aceitar o condenado recebe uma caderneta com sua identificação e as

condições impostas.

Causas de Revogação no período de provas

Obrigatórias (Art. 86 CP)

Condenação definitiva a pena privativa de liberdade – Fato

praticado durante o período de prova

Condenação definitiva a pena privativa de liberdade – Fato

anterior ao período de prova (Descontado da pena apenas o

período em que o condenado se comportou corretamente)

Facultativas (Art. 87 CP)

Não cumprimento das condições

Condenação definitiva por contravenção ou a pena não privativa

de liberdade

Parte Geral – Das Penas

50

Obs. Também é possível livramento condicional em execução provisória,

mesmo que a pessoa não tenha sido condenada.

Exercício abordado em sala de aula para fixação do Cálculo da Pena

Calcule a Pena

Tício, com 20 anos, integrante de milícia (grupo organizado do trafico com a

finalidade de proteção), tentou matar Mévio, com 61 anos, influenciado por

violenta emoção em razão de provocação da vítima ocorrida uma semana

antes. Em uma emboscada, ateou-lhe fogo. Para ter coragem tomou uma

garrafa de wiskey. Confessou o fato à polícia. Tem duas condenações

definitivas nos últimos 5 anos. Tem vários B.Os como autor de violência

doméstica contra sua amásia. É voluntário no posto de saúde.

Primeiramente temos que ver as elementares do tipo, no qual neste

caso não tem.

Posteriormente temos que ver se tem uma qualificadora ou figura

privilegiada.

Tanto a emboscada como o uso de fogo são qualificadoras, mas

também são agravante genérica (art. 61, II c e d)

Depois temos que ver as majorantes e minorantes.

Integrante de milícia é majorante da parte especial

Tentar matar é minorante da parte geral

Vítima com 61 anos é majorante da parte especial

Posteriormente as agravantes ou atenuantes genéricas.

Com 20 anos é atenuante genérica superpreponderante.

Vítima com 61 anos também é agravante

Provocação da vítima se encaixa como atenuante genérica, pois foi uma

semana antes, se fosse momentos antes do crime seria minorante

Embriaguez pré-ordenada é uma agravante genérica, art. 61, L

Confessar o fato e atenuante genérica

Parte Geral – Das Penas

51

Reincidente é agravante genérica, art. 61, I, entretanto como são duas

condenações uma será agravante e a outra como circunstância judicial

desfavorável

E por Fim as circunstâncias judiciais desfavoráveis ou favoráveis

B.O.s são circunstâncias judiciais desfavoráveis

Voluntario à uma conduta social é circunstância favorável, art. 59

Em relação a qualificadora, aplicar uma ou duas qualificadoras já é mudado os

limites do caput do art. 121 (6 a 20 anos para 12 a 30 anos), desta forma é

desperdício de uma qualificadora, sendo assim uma qualificadora será usada

como agravante genérica.

Em relação as majorantes, há duas majorantes, se uma estivesse na parte

especial e a outra na parte geral poderia ser aplicada as duas majorantes,

primeiro a da parte especial e o resultado em cima da parte geral. Só que no

caso as duas estão na parte especial, no art. 61. Desta forma, segundo o art.

68, parágrafo único, irá escolher a que mais aumente. Sendo assim ser maior

de 60 anos aumenta de um terço, e se for praticado por milícia aumenta de um

terço a metade, todavia será levada em conta o praticado por milícia e ser

maior de 60 anos será agravante genérica.

Em relação as agravantes será aplicada apenas uma reincidência e a outra

jogada para a circunstância judicial desfavorável.

Cálculo da Pena

1ª Fase: Devido a majorante irá se iniciar o cálculo com a pena-base de 12 a

30 anos. Seguindo o art. 59: A reincidência na circunstância judicial

desfavorável vale como uma desfavorável; Bater na mulher vale como uma

desfavorável; ser voluntário vale como uma favorável; desta forma a pena-base

como os juízes aplicam será 12 anos (parte do mínimo) e aumenta de 1/6 para

cada circunstância judicial, o que no caso será 14 anos a pena-base, pois tem

2 desfavoráveis e uma favorável.

2ª Fase: Para as agravantes e atenuantes ser reincidente, ter motivos do crime

ou personalidade do agente são agravantes preponderantes. Entretanto a

Parte Geral – Das Penas

52

embriaguez, ser vítima maior de 60 anos e o emprego de fogo não são

preponderantes, já a reincidência é preponderante. Para as atenuantes ser

menor de 21 anos é superpreponderante e a provocação da vítima é

preponderante. Para uma preponderante mata duas não preponderante, para

uma superpreponderante mata mais ou menos uma preponderante e uma não

preponderante ou três não preponderantes. Todavia nesta fase não irá alterar o

cálculo da pena, pois as atenuantes anulam as agravantes

3ª Fase: Primeiro calcula a majorante por estar na parte especial, vamos

aumentar de 1/2 a pena-base (14 anos), a qual será aumentado 7 anos, indo a

pena para 21 anos. Com a minorante da tentativa irá diminuir 1/3 ou 2/3, no

qual iremos diminuir 2/3, que será diminuído 14 anos, indo a pena para 7 anos.

Obs. Parte Geral é até o art. 120 do CP, parte Especial é do art. 121 até o final

do CP.