01 a variação linguística e a norma culta

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estabelecer uma relação entre Língua e Sociedade, depois conceituar a norma culta e

seus aspectos e as mudanças que ocorrem a partir das transformações da Língua.

Barbosa (2008) retrata que

em qualquer período o homem sempre utilizou uma forma de comunicação:nos primórdios, a comunicação oral e, em seguida, a escrita. Essas duasmodalidades fazem parte de um sistema linguístico de uma comunidadelinguística, o qual  permite ao ser humano estabelecer contato com o outro einteragir.

Como afirma Labov (In: Monteiro, 2000, p.16-17):

A função da língua de estabelecer contatos sociais e o papel social, por eladesempenhado de transmitir informações sobre o falante constitui uma provacabal de que existe uma íntima relação entre língua e sociedade [...] A

 própria língua como sistema acompanha de perto a evolução da sociedade ereflete de certo modo os padrões de comportamento, que variam em funçãodo tempo e do espaço.

Em frente a essa relação, iniciam-se  estudos voltados à sociolinguística.

Romaine (1994) apud  MONTEIRO (2008) assegura que o vocábulo sociolinguística foi

concebido a partir da década de 50 para estabelecer relação entre as idéias dos lingüistase sociólogos relacionadas à importância da linguagem na sociedade, e, principalmente, a

cerca de da conjuntura social da pluralidade linguística.

Barbosa (2008) ressalta que as pesquisas sobre estudos sociolinguísticos

surgiram com William Bright (1966) e Fishman (1972). Esses passaram a incorporar os

aspectos sociais nos estudos científicos das línguas. Bright (1966 p. 15) afirmava que “a

diversidade linguística é precisamente a matéria de que trata a Sociolinguística”. Elecondicionava as dimensões desse estudo a “vários fatores sociais”. Essa nova área de

estudo linguístico é então chamada de “sociolinguística”.

Para Bright (1966) e Labov (1972) toda e qualquer ação linguística está

relacionada  a um fato social, e que a língua sofre interferências internas e externas.

Labov tornou-se conhecido por ser o representante da teoria da variação linguística, pois

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a Sociolinguística é a  área da linguística que estuda a língua por meio de fatores

extrínsecos, caracterizando a diversidade e a heterogeneidade linguística.

Assim, estende - se a um fator de coesão social devido ao amplo conceito que a

língua nos proporciona a partir do uso e das aspirações da classe social.

2 CONCEITO DE NORMA CULTA E SUA CONSTITUIÇÃO NO PORTUGUÊSNO BRASIL

A norma corresponde à necessidade que o grupo social experimenta em defender

seu meio de comunicação das transformações que possibilitariam advir no momento de

seu aprendizado. Pressupõe - se que os integrantes de determinado grupo social tentam

não fazer parte, não inserir em outra forma de linguagem que não seja a que eles

dominem, podendo defender a sua identidade no grupo.

Conforme Coseriu (1979), os fatos da norma são fixados pela tradição, ou seja,

 pelo hábito, pelo costume de cada grupo, dentro da comunidade linguística. E assim,

dentro de uma comunidade linguística, podem-se definir várias normas: norma padrão,

norma culta, linguagem familiar, linguagem popular, linguagem rural, etc. Conquanto,

uma norma (a padrão, fixada pela tradição gramatical) possa sobrepor - se às demais,

sendo considerada a melhor, ou mesmo sendo identificada à própria Língua. Do ponto

de vista linguístico tal julgamento não procede, pois, em princípio, os fatos de norma,

isto é, a variação normal não afeta o funcionamento do sistema linguístico, logo não

 possuem valor funcional.

Em outra visão mais empírica do conceito de língua, Faraco (2008, p. 31) coloca

que “uma língua é constituída por um conjunto de variedades”, sendo assim, “não se

 pode definir uma língua como sendo apenas uma unidade da linguagem, pois ela é mais

do que isso, ela é também uma entidade cultural e política”, como foi dito no parágrafo

anterior. Dessa maneira, essa concepção de língua está na incumbência com a descrição

de norma exposta pelo estudioso da língua Coseriu (1973), apud  CARVALHO (2003, p.

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65), que define este termo como aquele de “como se diz” e não o de “como se deve

dizer”, sendo assim, tiramos à concepção de que “norma designa um conjunto de fatores

linguísticos que caracterizam o modo como normalmente falam as pessoas de certa

comunidade”, Faraco (2008, p.40), e não regras que determinem como se deve falar. 

Ainda, segundo Faraco (2002, p. 59-60),

Só um debate público, amplo e irrestrito, poderá desencadear o processo denecessário redesenho do padrão e da cultura linguística do país.Enquanto esse debate não ocorre, faríamos bem em, por exemplo, abolir asregras de colocação de pronomes, aceitar como padrão a variedade de

regências de certos verbos corriqueiros na norma culta (por exemplo:assistir, aspirar, obedecer como transitivos diretos), institucionalizar aconcordância variável em construções com a palavra  se, reconhecer avariação sintática dos pronomes pessoais (ele  como objeto direto; lhe  comverbos transitivo diretos; eu  com preposição entre  etc.), aceitar  –   comofazem os portugueses  –   a chamada mistura pronominal, admitir aconcordância verbal variável em orações com o verbo à esquerda do sujeito,e assim por diante.Flexibilizando o padrão na prática, poderemos, então, dirigir nossos esforçosno ensino e nas atividades cotidianas, para aquilo que de fato importa: odomínio das práticas socioculturais de leitura e de produção de textos. 

Essas regras que conhecemos e que são ensinadas na disciplina de língua

 portuguesa nas escolas –  regras que determinam como os alunos devem falar e escrever

 –   são nomeadas por Faraco (2008) de “norma curta”, pois, segundo o autor, ela é a

miséria da gramática, classificada pelo autor como um resultado de regras autoritárias

que não encontram respaldo nem nos fatos, nem nos bons instrumentos normativos, mas

que sustentam uma nociva cultura do erro e têm impedido um estudo adequado da nossa

norma culta/comum/Standard, Faraco (2008, p. 92).

Dessa concepção de norma curta dada por Faraco (2008), acreditamos que já

tenha dado para desfazer uma confusão, ou talvez, criado outra, pois a maioria das

 pessoas tem esse conceito como sendo o de norma culta. Vejamos, como exemplo, a

definição de alguns estudiosos da língua sobre a norma culta: Celso Cunha e Lindley

Cintra, ao expor a  Nova gramática do português contemporâneo (1985, p. xiv),

descrevem que norma culta trata-se de um ensaio de representação da língua portuguesa

atual na sua forma culta, isto é, da língua como a têm utilizado os escritores portugueses

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e brasileiros até os dias atuais. Rocha Lima, em  sua Gramática normativa da língua

 portuguesa (1989, p. 6), afirma que as classes ilustradas põem seu ideal de perfeição nas

regras da gramática normativa.

Já Evanildo Bechara, usa um sinônimo para norma culta: língua exemplar.

Igualmente, na edição Moderna gramática da língua portuguesa (1999, p. 52), pontifica:

“A gramática normativa recomenda como se deve falar e escrever segundo o uso e

autoridade dos escritores corretos e dos gramáticos e dicionaristas esclarecidos”. 

Faraco (2008, p. 37) simplesmente designa norma culta como “o conjunto defenômenos linguísticos que ocorrem habitualmente no uso dos falantes letrados em

situações mais monitoradas de fala e escrita”, ou seja, a maneira como um falante de

determinada língua costuma falar ou escrever certa expressão que utiliza em

determinada situação, sendo assim, para cada grupo social de que fazemos parte, temos

uma variação de nossa linguagem e para todas as quais há uma norma.

Tarallo, em sua obra  A Pesquisa Sociolinguística, comenta a oposição entre

língua padrão e não padrão. Associada àquela está, em regra, a variante de prestígio, e a

essa, a variante estigmatizada. Mas há exceções como no caso da ilha de Martha’s

Vineyard, no Estado de Masschusetts, onde a comunidade sofreu a invasão de

veranistas do continente, mais uma vez reforçando a ideia de o fator social interferir na

maneira de falar de uma comunidade.

É fantasiosa a ideia de que o domínio da norma culta é um instrumento de

ascensão social, pois, como assevera Bagno (2001), o domínio da norma culta de nadaadiantará se o indivíduo não tiver seus direitos de cidadãos reconhecidos, e se não

houver uma transformação da sociedade atual. Bagno reforça que a norma culta é um

 privilégio de poucas pessoas no Brasil, assim como a alimentação, habitação, transporte,

etc. Explicação para essa realidade de três problemas básicos: quantidade elevada de

analfabetos e alto índice de analfabetos funcionais brasileiros; falta de hábito de

leitura e de escrita pelas pessoas alfabetizadas; e a norma culta como modalidade de

língua, uma vez que esta não é a utilizada pelos brasileiros. 

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3 VARIAÇÕES LINGUÍSTÇAS E AS MUDANÇAS

Ao estudar qualquer comunidade linguística, a constatação mais imediata é o

aparecimento de variações. Toda comunidade se caracteriza pelo emprego de diferentes

modos de falar  –   variedades linguísticas. Qualquer língua, falada por qualquer

comunidade, exibe sempre variações, Binatti (2006).

 Nenhuma língua apresenta-se como entidade homogênea, todas são retratadas

 por uma união de variedades. Partindo dessa perspectiva que língua e variação são

inseparáveis, a Sociolinguística considera a diversidade não como um problema, mas

como qualidade constitutiva do fenômeno linguístico, Binatti (op. cit .).

Há vários mitos acerca do português brasileiro, e um deles é acreditar que a

nossa língua é única e idêntica. No entanto, a linguística nos atenta para essa “falsa”

afirmação, como descreve Bagno (2004, p. 15)

Esse mito é muito prejudicial à educação porque, ao não reconhecer averdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta imporsua norma linguística como se fosse, de fato, a língua comum a todos os 160milhões de brasileiros, independentemente de sua idade. De sua origemgeográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização,Etc.

Outro mito interessante é achar que o português falado em Portugal é superior ao

 português falado no Brasil. Sobre essa falácia, Bagno ressalta que

A notável repulsa da elite brasileira por seu próprio modo de falar o português encarna, sem dúvida, a continuação no tempo desse espíritocolonista, que se recusa atribuir qualquer valor ao que é autóctone, semprevisto como primitivo e incivilizado. Já Fontes denunciava em 1945 que“esse desprezo de nossa língua anda sempre irmanado ao descaso por tudo o

que ela representa: a gente e a terra do Brasil” (BAGNO, 2002, p.. 180) 

De acordo com Faraco (2005) apud   VILARINHO (2008, p. 184),

“sociolinguística é o estudo das correlações sistemáticas  entre formas linguísticas

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variantes (isto é, entre diferentes formas de dizer a mesma coisa) e determinados fatores

sociais, tais como a classe de renda, o nível de escolaridade, o sexo, a etnia dos falantes,

entre outras”.

Mussalim e Bentes (2001, p. 55) explicam que “a diversidade é uma propriedade

funcional e inerente aos sistemas linguísticos e o papel da Sociolinguística é exatamente

enfocá-la como objeto de estudo, em suas determinações linguísticas e não-

linguísticas”. Segundo Faraco (2008), a Sociolinguística está inserida na Norma Culta,

devido aos fatos linguísticos que sucedem na fala do indivíduo. Sendo assim, o

indivíduo apenas fala porque sabe uma Língua, conhece, ou seja, porque tem um

conhecimento normalmente implícito, intuitivo, denominando assim de um sistema

Linguístico em que poderá construir os seus próprios enunciados.

Para Labov (1972) apud  MUSSALIM e BENTES (2001, p. 56),

A Sociolinguística trata da base e do desenvolvimento da língua, ajustando-as no contexto social da comunidade. Seus tópicos recobrem a área com questõesdecorrentes do exame dos níveis fonológico, morfológico, sintático e

semântico, a fim de elucidar os aspectos dos preceitos linguísticos,   suacombinação em sistemas, a coexistência de sistemas alternativos e, principalmente, a evolução diacrônica de tais regras e sistemas.

Tarallo (1994) apud BARBOSA (2008) destaca que os falares regionais podem

ser descritos e mapeados, estruturados numa metodologia linguística   que subsidie o

trabalho do linguista. Assim, a Sociolinguística estudaria as relações entre as variações

linguísticas e as variações sociológicas. Descrevendo o falante na sua própria existência,

não desprezando o contexto em que se encontra, mas considerando toda característica

em que se depara no momento em que emite uma mensagem. Nesse mesmo contexto,ele afirma que a língua, por representar um marcador que identifica usuários ou grupos

a que pertence, pode também desempenhar o papel de restringir as diferenças sociais no

seio de uma comunidade.

CAMACHO (2004, p. 50) apresentam a seguinte discussão:

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Se  um falante enuncia o verbo “vamos” como [vãmus] e outro falante o

emite como [vãmu]”, podemos assegurar, com base nos postulados da

Sociolinguística, que essa inconstância na fala não é o produto  aleatório deum uso arbitrário e inconsequente dos falantes, mas uma prática ordenada emetódica de  uma propriedade inerente aos sistemas linguísticos, que é a

 possibilidade de variação.

As variedades linguísticas podem ser: diatópica ou geográfica  –   relaciona-se a

mudanças linguísticas disseminadas no ambiente físico, observáveis entre falantes de

origens geográficas distintas; variação diastrática ou social  –  relaciona-se a um conjunto

de fatores referentes à semelhança dos falantes e   também com a organização

sociocultural da comunidade de fala. Grupo social, idade, sexo e situação ou contexto

social são fatores que estão relacionados às variações de natureza social.

A partir de 1968, com os estudos feitos, os autores defendem intensamente o

ensinamento da diversidade sistemática, que determina que todo o processo de variação

e alteração linguística é condicionado e estabelecido a partir da influência de fatores

intralinguísticos e extralingüísticos. A variação e a mudança para eles não é, portanto,

obra do acaso ou obra de apenas um indivíduo ou de alguns indivíduos.

Com essas concepções, é possível compreender como acontecem algumas

mudanças linguísticas. Desta forma, “a realidade empírica central da linguística

histór ica é o fato de que as línguas humanas mudam com o passar do tempo” (Faraco,

1991, p.9), ou seja, a estrutura da língua se altera no tempo constantemente. Mas custa  

 perceber essa mudança linguística, pelo fato de que ela ocorre lentamente. Ao mesmo

tempo somos peças importantes nessa evolução linguística, por usarmos   a língua

constantemente, pois, em “linguística histórica nem toda variação implica mudança,

mas que toda mudança pressupõe variação”, Faraco (1991, p.13).

Podemos compreender a mudança linguística ao confrontarmos textos antigos à

escrita atual, ou quando falantes de épocas, ou classes socioeconômicas, ou civilizações 

diferentes se encontram e começam a dialogar. Estas condições mostram que a língua

está constantemente passando por transformações.

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Anthony Julius Naro (2003), em seu artigo O dinamismo das línguas, assegura

que o que deve ser levado em conta é a sociedade em que o indivíduo está introduzido e

não apenas ele, como ser isolado. Afirma, ainda, que, apesar de haver inúmeros grupos

interessados em pesquisar as variações linguísticas, não há dados sobre a situação de

diversas línguas neste momento.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pudemos observar, as alterações linguísticas são  inevitáveis. Acolhê-las

ou não independe de nossa validação em relação a essas variações. Percebemos que as

línguas humanas mudam como passar do tempo, mas de maneira lenta e gradual, e,

como essas transformações alcançam apenas partes dessas línguas, dá-nos a impressão

de que elas estão sempre em estado de permanência.

Alguns gramáticos normativos assumem uma posição negativa em relação a

essas transformações linguísticas, alegando que estas degeneram ou empobrecem alíngua, já os linguístas creem que estas mudanças ocorrem pelo contato do falante, no

decorrer dos tempos, com a influência do meio, obtendo, dessa forma, uma abordagem

construtiva em relação às variantes linguísticas.

Conforme Guerra (2008, p. 6),

a norma- padrão pode ser considerada o “padrão ideal” que se constitui no

 português que alguns escolheram arbitrariamente como o “melhor” que deve

ser utilizado por quem realmente “preza o valor de sua língua”; enquanto anorma culta pode ser considerada o “padrão real”, ou seja, o padrão que

realmente é utilizada pela sociedade.

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