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2 EMBALAGENS PARA ALIMENTOS 2.1 Introdução As embalagens são usadas em alimentos para atender as seguintes finalidades: proteger o alimento contra contaminações ou perdas; facilitar e assegurar o transporte; facilitar a distribuição do alimento; identificar o conteúdo em qualidade e quantidade; identificar o fabricante e o padrão de qualidade; atrair a atenção do comprador; induzir o comprador para a compra; instruir o consumidor no uso do produto. São requisitos de uma embalagem: não ser tóxica e ser compatível com o produto; dar proteção sanitária; dar proteção contra a passagem de umidade, ar e luz; ter resistência ao impacto; ter boa aparência e dar boa impressão; facilidade de abertura; limitações de peso, forma e tamanho; transparência; facilidade de eliminação (problemas de poluição); baixo preço. 2.2 A lata como material de embalagem A lata é uma embalagem rígida, constituída tradicionalmente de uma folha-de-flandres, podendo ter uma camada de verniz para dar maior proteção ao conteúdo. A folha-de-flandres é um laminado de aço com baixo teor de carbono revestido nas duas faces com estanho comercialmente puro. O aço usado para folha-de-flandres é de baixo teor de carbono, cuja composição geralmente está compreendida na faixa de 0,06 a 0,15%, teores que dão ao aço boas propriedades de dutilidade, isto é, capacidade de deformar em estampagem sem se romper. Normalmente a lata recebe um verniz com a finalidade de preservar a aparência do alimento, melhorar a aparência interna e externa da embalagem, aumentar o tempo de prateleira (vida útil) do produto e diminuir o custo da embalagem. Dá-se o nome de verniz a um revestimento orgânico, composto de

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2 – EMBALAGENS PARA ALIMENTOS

2.1 – Introdução

As embalagens são usadas em alimentos para atender as seguintes finalidades:

proteger o alimento contra contaminações ou perdas;

facilitar e assegurar o transporte;

facilitar a distribuição do alimento;

identificar o conteúdo em qualidade e quantidade;

identificar o fabricante e o padrão de qualidade;

atrair a atenção do comprador;

induzir o comprador para a compra;

instruir o consumidor no uso do produto.

São requisitos de uma embalagem:

não ser tóxica e ser compatível com o produto;

dar proteção sanitária;

dar proteção contra a passagem de umidade, ar e luz;

ter resistência ao impacto;

ter boa aparência e dar boa impressão;

facilidade de abertura;

limitações de peso, forma e tamanho;

transparência;

facilidade de eliminação (problemas de poluição);

baixo preço.

2.2 – A lata como material de embalagem

A lata é uma embalagem rígida, constituída tradicionalmente de uma folha-de-flandres, podendo ter uma camada de verniz para dar maior proteção ao conteúdo.

A folha-de-flandres é um laminado de aço com baixo teor de carbono revestido nas duas faces com estanho comercialmente puro. O aço usado para folha-de-flandres é de baixo teor de carbono, cuja composição geralmente está compreendida na faixa de 0,06 a 0,15%, teores que dão ao aço boas propriedades de dutilidade, isto é, capacidade de deformar em estampagem sem se romper.

Normalmente a lata recebe um verniz com a finalidade de preservar a aparência do alimento, melhorar a aparência interna e externa da embalagem, aumentar o tempo de prateleira (vida útil) do produto e diminuir o custo da embalagem. Dá-se o nome de verniz a um revestimento orgânico, composto de

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uma ou mais resinas perfeitamente dispersas em um ou mais solventes, com propriedades físicas e químicas bem definidas.

Os revestimentos internos são classificados em óleo-resinosos e sinéticos. Os óleos resinosos são obtidos a partir de gomas naturais (resinas) ou óleos secativos, e os sintéticos são produzidos a partir de síntese sob condições controladas. É muito importante a escolha do tipo de verniz a ser utilizado, principalmente em latas sanitárias.

Como exemplos de revestimentos óleo-resinosos temos: C-esmaltados, esmaltes sanitários.

Como exemplos de revestimentos sintéticos, pode-se mencionar: revestimento fenólico, vinílico, de epoxi, de polibutadieno e resinas acrílicas.

A lata sanitária consiste em três partes principais: corpo, que é um cilindro com uma agrafagem soldada, conhecida por agrafagem lateral, fundo, que é mecanicamente recravado ao corpo antes de deixar a fábrica de latas e tampa , semelhante ao fundo, mas que é recravada ao corpo depois que o conteúdo é colocado na lata. Esta é a lata mais comum, conhecida como lata de três partes. Existe também no mercado a lata de duas partes, constituída pelo corpo e pela tampa.

As latas são em geral cilíndricas, com extremidade plana, a melhor forma para manter-se sob pressão, assim como para fabricação, manuseio, enchimento, fechamento e rotulagem eficientes.

No Brasil, é muito comum a terminologia da lata de ½ kg (73,3 mm de diâmetro por 111 mm de altura, similar ao tipo 300 X 406), a lata de 1 kg (99,5 mm de diâmetro por 118 mm de altura, similar ao tipo 401 X 411) e a lata de 3 kg (155,4 mm X 175,5 mm, similar ao tipo 604 X 614).

Existe a lata com extremidade de fácil remoção (“easy-open”) cujo corpo é basicamente de folha-de-flandres. O sistema de fácil remoção poderá ser feito de alumínio com uma tira removível entalhada com puxador que é preso por um rebite especial, e é selado no local com um plastisol.

2.3 – O vidro como material de embalagem

O vidro é um material à base de sílica contendo quantidades pequenas de outros materiais como boro, soda, cal e óxidos metálicos. O vidro é conhecido desde 1.600 A.C. quando era feito com o aquecimento de uma mistura de areia e cinzas de algas marinhas.

Uma das fórmulas básicas do vidro é a seguinte:

SiO2 a partir da sílica da areia do mar 68 a 71%

Na2O a partir do carbonato de sódio (barrilha) 14,5 a 15,5%

CaO a partir do calcário 7 a 10%

MgO a partir da magnesita 1 a 3%

Al2O3 a partir da alumina 1 a 2%

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Vantagens do uso do vidro:

não é atacado pelos componentes do alimento;

atrai pelo aspecto (apetitoso, visibilidade do conteúdo);

inspira confiança pelo fato de dar visibilidade ao produto;

Desvantagens:

peso excessivo;

preço mais elevado;

índice de quebra elevado;

dificuldades de manipulação;

pouca resistência a altas temperaturas.

O fechamento da embalagem de vidro é feito com o uso de coroas metálicas, tampas, rolhas, etc. O fechamento hermético é conseguido com o auxílio de arruelas de borracha, cortiça, gomas, plástico. Etc.

A embalagem de vidro é constituída de três partes fundamentais: o gargalo, o corpo e o fundo. O gargalo é aquela parte do recipiente de vidro para fixação da tampa ou fechamento. O corpo é a porção mais larga do recipiente e é aquela parte que, na fabricação, é feita no “molde” do corpo. O fundo do recipiente é feito na parte da “chapa base” do molde do recipiente.

2.4 – Embalagens flexíveis para alimentos

2.4.1 – Papel

Inclui uma grande quantidade de embalagens obtidas de fibras celulósicas. Entre os vários tios de papéis, destaca-se o papel kraft pela sua resistência. É de cor escura e normalmente usado em sacos de papel e papel de embrulho.

O celofane oferece pouca proteção à passagem de água e não pode ser fechado a quente. É bastante usado em produtos de panificação. O celofane PT é um material sem envernizamento, transparente e incolor, permeável ao vapor d’água e resistente ao oxigênio.

O celofane MSAT apresenta uma camada impermeabilizante nas duas faces, à base de nitrocelulose, que melhra consideravelmente as propriedades protetoras do material. Pode ser fechado a quente.

O celofane com saran melhora a resistência à passagem de água e oxigênio. É bastante utilizado em embalagens de biscoitos, bolos e batata frita.

O celofane com polietileno tem aplicação principal na embalagem de carne fresca.

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2.4.2 – Plásticos

São fabricados com polímeros produzidos principalmente a partir de derivados do petróleo ou carvão. Tais polímeros podem ser termoestáveis, como a uréia, fenólicos e melanina, de pouco uso em embalagens alimentícias e termoplásticos como o polietileno e o polipropileno, de uso generalizado em embalagens para alimentos. São filmes com espessura até de 0,025 mm ou menos.

2.4.2.1 – Polietileno

É um polímero do etileno obtido por dois processos diferentes. O polietileno de baixa densidade (0,910 a 0,925) é obtido submetendo-se o etileno a temperaturas entre 1500 e 2000C e pressão de 1.200 atmosferas na presença de traços de oxigênio, ao passo que o polietileno de alta densidade (0,941 a 0,965) é obtido a uma pressão de 40 atm e temperaturas entre 600 e 1600C, na presença de metais alcoilados.

As propriedades do polietileno estão na sua resistência, baixo custo, disponibilidade, transparência, facilidade de termossoldagem e excelente barreira à água. Não é uma barreira ao oxigênio e às gorduras. O polietileno de alta densidade oferece melhores propriedades de barreira às gorduras e é três vezes melhor como barreira ao oxigênio e duas vezes melhor como barreira à umidade. Seu preço é mais alto.

O polietileno de baixa densidade é o plástico mais usado no Brasil, destancando-se o seu uso na embalagem de leite, cereais, alimentos em pó, balas, etc. Já o polietileno de alta densidade é indicado para produtos gordurosos e úmidos como manteiga, margarina, banha, “hamburgers” e produtos sólidos com alto teor de gordura.

2.4.2.2 – Polipropileno

Obtido pela polimerização do propileno . É mais rígido, resistente e mais leve que o polietileno. É melhor barreira ao oxigênio e à umidade do que o polietileno de baixa densidade mas somente o dobro. Não é uma boa barreira ao oxigênio. Possui alta claridade e brilho. São utilizados como envoltórios para doces e pães.

2.4.3 – Cloreto de polivinila (PVC)

Obtido pela polimerização do cloreto de vinila na presença de catalisadores adequados. Filmes são obtidos pela adição de plastificadores. O PVC é dez vezes pior do que o polietileno como barreira à umidade, mas, por outro lado, é seis vezes melhor como barreira ao oxigênio. Alguns copolímeros vinílicos permitem o encolhimento, sendo usados em produtos de laticínios e carnes.

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2.4.4 – Cloreto de polivinilideno (PVdC)

É normalmente produzido como um copolímero com 13-20% de cloreto de vinila. Ë um filme caro mas extremamente útil para alguns alimentos. Cryovac e Saran são nomes comerciais desses copolímeros. É excelente barreira ao oxigênio e à umidade. Pode produzir encolhimento. Usado para carnes e queijos.

2.4.5 – Poliéster

É menos resistente à umidade que o polietileno, mas superior em relação à barreira ao oxigênio. A sua principal qualidade é a resistência que apresenta.

2.4.6 – Nylon

Possui propriedades semelhantes ao poliéster quanto à barreira ao oxigênio e à umidade, além de ser igualmente resistente. O limite máximo de 1400C torna-o bastante adequado para o cozimento em casos de esterilização.

2.5 - Alumínio

Embalagens fabricadas com folhas de alumínio podem ter diferentes graus de rigidez, dependendo da espessura, têmpera, liga e formato. Alguns tipos de embalagens são muito convenientes no preparo e serviço de alimentos, pois resistem a altas temperaturas. Os alimentos poderão ser congelados ou cozidos na própria embalagem.

2.6 – Laminados

2.6.1 – Papel/polietileno

O papel proporciona rigidez, excelente imprimibilidade e opacidade. O polietileno permite excelente fechamento a quente e boa proteção contra umidade. A proteção ao oxigênio não é muito boa.

2.6.2 – Celofane/polietileno

Material utilizado na embalagem de café moído embalado a vácuo e queijo ralado

2.6.3 – Nylon/polietileno

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Possui boa barreira contra umidade e gases, sendo bastante resistente. Indicado para carnes preparadas e para carnes cortadas, fechados a vácuo sendo que a propriedade de barreira a gases é essencial para manter o vácuo.

2.6.4 – Laminados de alumínio

O alumínio, apesar de possuir um número muito grande de orifícios em sua superfície, apresenta uma enorme melhoria quando revestido com polietileno, pois agora os orifícios ficam cobertos por uma barreira. São utilizados em embalagens farmacêuticas.

Uma combinação bastante atrativa é papel/poli/alumínio/poli, uma vez que o alumínio fica protegido do quebramento pelo fato de estar intercalado entre duas camadas de polietileno. Este laminado apresenta excelente superfície de impressão, excelente barreira a gases, excelente rigidez, excelente barreira à umidade e excelente qualidade de fechamento. Tal embalagem é usada em sopas desidratadas, pós para bebidas, etc.

O tetra Brik (Tetra Pak), embalagem usada no Brasil no leite longa vida apresenta a combinação polietileno/alumínio/polietileno/papel kraft branqueado/polietileno.

2.6.5 – Laminados autocláveis

Alguns laminados vêm sendo utilizados na apertização de alimentos convenientes, devendo por isso resistir a um tratamento térmico mínimo de 30 minutos a 1210C.

Algumas das combinações usadas são:

a) Poliéster/alumínio/polipropileno

b) Poliéster/alumínio/polietileno de alta densidade

c) Poliéster/alumínio/polietileno

d) Nylon/polietileno.