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ZONEAMENTO AMBIENTAL PARA ATIVIDADE DE MINERAÇÃO NO LAGO GUAÍBA

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ZONEAMENTO AMBIENTAL

PARA ATIVIDADE DE MINERAÇÃO

NO LAGO GUAÍBA

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APRESENTAÇÃO

Depois de ser realizada por oito anos, a atividade de mineração de areia no Lago

Guaíba foi interrompida em 2003 em decorrência de ação judicial devido a licenças

municipais indevidas. Ao longo daquele período, não foi constatado nenhum dano ambiental

referente à mineração. Sem alteração, inclusive, na qualidade da água que abastece a

população de Porto Alegre. Cessada a restrição judicial, a Fepam formou grupo de trabalho

para a elaboração de Zoneamento Ambiental para atividade de extração de areia no Lago.

Neste último ano, vem analisando estudos existentes sobre os meios físico, biótico e

socioeconômico. Ambos sustentados por informações de instituições especializadas, além de

EIA/Rimas, do Grupo Técnico do Comitê do Lago Guaíba e informações de outros processos

de licenciamento ambiental. Este zoneamento servirá para definir as áreas e períodos de

exclusões, onde não ocorrerá a extração de areia, além de definir as melhores metodologias

para o monitoramento biológico que servirá para avaliar a qualidade ambiental do Guaíba

durante a possível operação de extração de areia. A retirada do principal insumo da

construção civil só ocorrerá em pontos onde forem descartados danos ao ambiente. É preciso

considerar que a abertura de pontos de extração de areia no Lago Guaíba seria uma alternativa

à mineração no Jacuí (principal formador do Lago), que está com suas reservas reduzidas,

bem como o desassoreamento do Lago, minimizando o risco de inundações e aumentando a

sua capacidade de autodepuração. Além disso, se ambientalmente segura, terá impacto

positivo para a sociedade.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O zoneamento ambiental voltado a atividades produtivas é um dos instrumentos

enunciados na política estadual de meio ambiente (Lei Estadual n° 11.520, de 03 de agosto de

2000). O planejamento ambiental tem como objetivo, dentre outros, articular os aspectos

ambientais dos vários planos, programas e ações previstas na Constituição do Estado, em

especial, neste caso, relacionados com o uso dos recursos minerais.

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ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA

A bacia hidrográfica do lago Guaíba situa-se a leste do estado do RS, entre as

coordenadas geográficas de 29º55’ a 30º37’ de latitude Sul e 50°56’ a 51°46’ de longitude

Oeste (Figura 1). Possui área de 2.459,91 km², abrangendo as áreas totais ou parciais de 14

municípios (Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Canoas, Cerro Grande do Sul, Eldorado do

Sul, Guaíba, Mariana Pimentel, Nova Santa Rita, Porto Alegre, Sentinela do Sul, Sertão

Santana, Tapes, Triunfo e Viamão). A população total estimada para a bacia é de 1.285.614

habitantes, com densidade de 523 hab/km2.

MÉTODO DE TRABALHO

O zoneamento foi elaborado a partir da integração e interpretação de dados obtidos em

diagnósticos multi e interdisciplinares das condições dos meios físico, biótico e

socioeconômico, conjuntamente com a utilização de dados existentes obtidos através de

pesquisa e busca nos órgãos competentes e empresas que detém atribuições compatíveis ao

estudo (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler/Fepam, SEMA,

FEE, IBGE, Prefeituras Municipais da referida bacia, Departamento Nacional de Produção

Mineral/DNPM, Serviço Geológico do Brasil/CPRM, Superintendência de Portos e

Hidrovias/SPH, Instituto de Pesquisas Hidráulicas/IPH, DMAE, CECO – Centro de Estudos

de Geologia Costeira e Oceânica da UFRGS, Instituto de Biociências da UFRGS e com

especialistas ambientais em ambientes aquáticos e terrestres entre outros). Para tanto, os

estudos envolveram pesquisas bibliográficas (dados disponíveis, estatísticas da região do

estudo, planos e programas oficiais, estudos ambientais, mapeamentos, planos estaduais,

licenciamentos, entre outros), trabalhos técnicos executados nas áreas (levantamentos dos

meios físico, biótico, socioeconômico e ocupação de margens).

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MEIO FÍSICO

CLIMA

A região do Lago Guaíba tem um clima quente e temperado. Existe uma pluviosidade

significativa ao longo do ano. Mesmo o mês mais seco ainda assim tem muita pluviosidade.

Segundo a Köppen e Geiger o clima é classificado como Cfa. Porto Alegre tem uma

temperatura média de 19.5 °C. Pluviosidade média anual de 1397 mm.

GRÁFICO CLIMÁTICO

Figura 1- A Pluviosidade de 101 mm refere-se à precipitação do mês de Abril, que é o mês mais seco.

Apresentando uma média de 137 mm, o mês de Setembro é o mês de maior precipitação.

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GRÁFICO DE TEMPERATURA

Figura 2- No mês de Janeiro, o mês mais quente do ano, a temperatura média é de 24.8 °C. A temperatura média

em Junho, é de 14.7 °C. É a temperatura média mais baixa de todo o ano.

TABELA CLIMÁTICA

Tabela 1- Existe uma diferença de 36 mm entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso. 10.1 °C

é a variação das temperaturas médias durante o ano.

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VENTOS

O Lago Guaíba configura-se como o grande depositário das águas de uma bacia hidrográfica

que engloba boa parte do centro e nordeste do estado, estendendo-se por uma área aproximada

de 84.700 km2 que abrange mais de 250 municípios, entre eles a capital do Estado. São 496

km2 de superfície onde diversos usos e atividades têm seu palco, como por exemplo;

navegação, recreação, extração de areia e, a mais importante delas, o abastecimento de água

de boa parte da região metropolitana de Porto Alegre. Mesmo com essa relevância, poucos

são os estudos referentes à dinâmica sedimentar do lago, sendo que a maioria trata da

distribuição e textura dos sedimentos, e raros são aqueles que fazem menção ao padrão de

ondas e suas relações com a ressuspensão destes sedimentos e suas conseqüências. A presente

pesquisa analisa as características das ondas incidentes no Lago Guaíba quanto a seus

principais parâmetros; altura significativa (Hs), período (T), direção de propagação e suas

relações com a ressuspensão de sedimentos junto ao fundo. Para tanto, o SWAN (Simulating

Waves Nearshore), software que utiliza técnicas de modelagem matemática, foi validado e

aplicado, tendo como principais parâmetros de entrada a batimetria do lago, a direção,

velocidade e freqüência de incidência de ventos na região (entre os anos 1996 e 1997), além

de correntes, nível d’água, densidade, freqüências máximas e mínimas, entre outros. Já os

parâmetros de saída (altura significativa da onda, período, direção de propagação e velocidade

orbital) foram inseridos no Sistema de Informações Geográficas IDRISI e trabalhados de

forma a inferir o padrão de ondas incidentes no lago e suas interações com a ressuspensão de

sedimentos de fundo, caracterizando a profundidade de início do regime de fluxo turbulento e

delimitando a área de atuação da turbulência vinculada ao transporte de sedimentos. As

maiores ondas modeladas atingiram 0,55 m em alguns pontos do lago, principalmente quando

de ventos soprando dos quadrantes S e SE e em intensidades superiores a 7 m/s. Em linhas

gerais as ondas acompanham os padrões de intensidade e direção do vento, atingindo os

valores máximos aproximadamente entre 1 e 2 horas após os picos de velocidade dos ventos.

Em situações de maior intensidade de ventos as ondas levaram aproximadamente 2 horas para

atingirem 0,10 m, já com ventos fracos a moderados este tempo é de aproximadamente 3

horas. Além de velocidade e direção, a regularidade dos ventos mostrou-se relevante na

geração e propagação de ondas no Guaíba. Características geomorfológicas referentes à

geometria, batimetria e o fetch do lago também são importantes, fato evidenciado quando da

análise de cinco estações de controle sob um mesmo regime de ventos; a diferença entre a

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altura das ondas chegou a mais de 0,40 m entre porções distintas do lago. Além disso, há o

processo de refração das ondas que causa um rápido alinhamento da zona de rebentação de tal

maneira que ela tende a ser paralela a linha de praia. Os parâmetros que estabelecem as

condições deposicionais no Guaíba são controlados pelo nível de energia das ondas incidentes

e pelas correntes. Pode-se afirmar que em função das pequenas profundidades e baixas

velocidades médias das correntes de fundo, o transporte de sedimentos finos é particularmente

governado pelas ondas, uma vez que as mesmas são responsáveis pela inserção dos

sedimentos na coluna d’água. As ondas incidentes no Guaíba têm potencial para gerar

turbulência junto ao fundo em diferentes situações. Entretanto, a profundidade máxima não

excede a 1,9 m para ventos do quadrante S e velocidades da ordem de 11 m/s. Já a espessura

da camada limite onde se verifica inicio do fluxo turbulento apresenta valores bastante

reduzidos, entre 0,02 a 1 cm. Os ambientes de sedimentação do lago foram mapeados e assim

classificados: 1) Fundo Deposicional (51% da área do lago); 2) Fundo Transicional (41%) e

3) Fundo Erosional ou de não Deposição (8%). Estas condições foram espacializadas em um

modelo temporal que relacionou as informações sobre velocidade orbital e a freqüência de

incidência de ondas quanto à sua direção, derivadas dos resultados modelados pelo SWAN ao

longo do período estudado. Pode-se afirmar que o Guaíba é um grande importador de

sedimentos, uma vez que a superfície de fundo com deposição é mais significativa que a

superfície de fundo com erosão, condição esta que ocorre a profundidades inferiores a 1,5 m.

A situação de deposição do material transportado na coluna d’água ocorre quando da

inexistência de fluxo turbulento, ou quando o mesmo é insignificante junto ao fundo (com

potencial de ressuspensão de sedimentos em até 7 dias por ano, ou 2% do tempo analisado).

Como forma de contribuir à gestão ambiental da região, foram gerados subsídios referentes ao

potencial de concentração de material particulado em suspensão. Este potencial foi definido

em função do percentual de tempo, ao longo do ano, em que a ressuspensão de sedimentos de

fundo gerada por ondas pode incrementar os níveis de poluição nos locais onde a água é

atualmente captada para o abastecimento público no município de Porto Alegre.

GEOMORFOLOGIA

A área de estudo está inserida na Unidade Geomorfológica Planície Lagunar, a qual,

por sua vez, insere-se na Região Geomorfológica Planície Costeira Interna, formada por

sedimentos de deposição lagunar, recentes e sob a forma de terras baixas. A Planície Lagunar

representa uma área plana, sem dissecação, onde se localiza o mais extenso dos lagos do país.

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Os sedimentos que a constituem tratam-se, basicamente, de material arenoso, depositados

durante os sucessivos eventos de transgressão e regressão marinha, retrabalhados em

ambiente costeiro, e que caracterizam a formação de toda planície costeira gaúcha. O relevo

da Planície e Terras Baixas Costeiras em Porto Alegre está associado predominantemente à

deposição lagunar e fluvial, configurando-se em uma área plana, homogênea, sem dissecação,

onde dominam os modelados de acumulação, representados predominantemente pelas

planícies e terraços lacustres (Fujimoto e Dias, 2009).

O Lago Guaíba tem cerca de 470 km2 de área, 50 km de comprimento (desde o delta

do Jacuí até a Ponta de Itapuã), largura mínima de 900 m e máxima de 19 km, com

profundidade média de 2,8 m. As margens apresentam formas recortadas, devido ao contato

da superfície da água com formas residuais do relevo que constituem sucessivas pontas e

enseadas, sendo a margem leste formada por pontas de morros graníticos e a margem oeste

por pontas de areia.

Enseadas são terras baixas na margem do lago, de forma semicircular, situadas entre

duas pontas. O contínuo preenchimento das margens com material arenoso e argiloso,

retrabalhado pelas ondas do lago, configura as enseadas como áreas formadoras de praias. As

pontas são delimitadas pelas terras altas, constituídas por morros de formas circulares ou

alongadas, cujas encostas são banhadas pelas águas do lago. Onde afloram rochas graníticas,

ocorrem encostas abruptas de até 10 m de altura ou encostas mais planas, com lajeados e

matacões entremeados à mata (Menegat et al., 2006).

As enseadas do Guaíba estão relacionadas à circulação interna das águas e

consequente erosão e deposição dos sedimentos de idade Holocênica. Este padrão

compreende uma superfície extremamente plana, com pequenas áreas alagadas, cordões

arenosos e dunas estáveis dispostas paralelamente às enseadas e/ou linhas de praia do Guaíba.

As declividades são menores que 2% e as altitudes menores que 20 metros. A rede de

drenagem é densa e significativa neste compartimento (Fujimoto e Dias, 2009).

Nicolodi (2007), a partir da integração e sistematização de dados batimétricos, padrões

de sedimentação e de ondas (camada limite, velocidade e início do fluxo turbulento), definiu

três ambientes de sedimentação no Lago Guaíba, os quais são: fundo deposicional; fundo

transicional; fundo erosional, Figura 3. Conforme o autor, esses ambientes possuem

distribuição espacial fortemente condicionada pela geometria e batimetria do lago.

O fundo deposicional corresponde a 51% da área do lago. Delimita um ambiente de

baixa energia hidrodinâmica que favorece a deposição de sedimentos finos, os quais se

encontram nas regiões mais profundas do lago, no canal de navegação.

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O fundo transicional representa 41% da área do lago. Representa, na maior parte do

tempo, um ambiente de baixa energia com substrato composto de areia e argila. A distribuição

espacial destas áreas se dá entre os ambientes de deposição e de erosão, o que reflete a

transição entre as áreas de alta e baixa energia.

O fundo erosional corresponde a 8% da área do lago. Engloba as regiões onde

predominam as condições de erosão ou não deposição de sedimentos finos. Este ambiente é

caracterizado por um fundo composto de areia, uma vez que os finos são constantemente

remobilizados ficando suspensos na coluna d’água.

Em Nicolodi (2007), ressalta-se que os conceitos definidos em seu trabalho têm

relação direta com os padrões de sedimentação do Lago Guaíba, os quais representam um

intricado sistema em que causas e efeitos se sobrepõem. O autor salienta que a batimetria é

fator fundamental para todo o sistema, sendo a definidora dos padrões de ondas, e, ao mesmo

tempo, definida pela ação das ondas. Os ambientes de sedimentação identificados são o

resultado desse processo, tornando-se, assim, fonte de subsídio para gestão de ambientes

lagunares para diversas atividades, tais como exploração mineral, construção de terminais de

navegação e a qualidade das águas.

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Figura 3 - Mapa dos ambientes sedimentares do Lago Guaíba. Extraído de Nicolodi et al. (2010).

GEOLOGIA

O contexto geológico regional da área em estudo é constituído predominantemente por rochas

cristalinas do Escudo Sul-Riograndense e as formações sedimentares associadas à evolução

sedimentar da Planície Costeira Interna.

As rochas cristalinas que constituem o Escudo na bacia são representadas por granitos, gnaisses

graníticos, diques riolíticos e litotipos metamórficos, datando desde o Proterozóico Superior. As

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formações sedimentares, por sua vez, correspondem a registros do Terci-Quaternário, constituídas

por sedimentos arenosos, aluviões e coluviões que ocorrem nas encostas dos morros e baixadas.

As rochas Proterozóicas constituem as regiões mais elevadas da bacia, localizadas nas porções de

montante, gerando assim uma morfologia entalhada formada por morros e cristas graníticas.

As unidades quaternárias têm uma abrangência mais representativa ao longo da margem direita do

Lago Guaíba. Esta margem é constituída por esporões e praias de sedimentos arenosos, que se

conectam com áreas planas pouco dissecadas constituindo uma planície, que se estendem para

montante da bacia por cerca de 15 quilômetros. Já na margem direita, as Formações Sedimentares

são restritas a ocorrência de praias e enseadas limitadas por pontais de morros graníticos. O

substrato depositado no leito do Lago Guaíba é heterogêneo texturalmente, sendo constituído

principalmente por areias, areia síltica, silte arenoso e silte argiloso.

(LAYBAUER, 2002).

Ainda, a amostragem dos sedimentos do leito do Lago Guaíba nos trabalhos de CECO (1999) e

Bachi et al. (2000) permitiu definir um zoneamento do leito, segmentando o leito do Lago em

setores A,B,C,D, tendo o conteúdo de areia contido para cada setor em: 90 a 100%; 50 a 90%, 10

a 50% e 0 a 10%, respectivamente.

A setorização definida neste trabalho confirma que os teores de areia e a razão silte/argila nos

sedimentos diminuem com o aumento da profundidade, enquanto os teores de silte e argila (finos)

aumentam com a mesma, indicando uma clara relação entre a batimetria do lago e a granulometria

dos sedimentos do seu leito (LAYBAUER, 2002) (Figura 19).

A sedimentação dos finos é determinada pela profundidade da lâmina d’água, se depositando

somente em profundidades maiores que 3 metros, pois em águas mais rasas a ação das ondas gera

turbulência, o que é capaz de modificar a energia do meio e provocar a ressuspensão dos

sedimentos finos depositados (BACHI et al., 2000).

As taxas de sedimentação estimadas para o ambiente do Lago Guaíba variam entre os valores de

3,5 a 8,3 mm/ano, sendo esta condição atuante somente para os últimos 150 anos (MARTINS et

al., 1989).

SEDIMENTAÇÃO

Um dos principais motivos de sua importância é devido ao fato dos sedimentos serem

prejudiciais a projetos e operações de obras hidráulicas, bem como conservação das

terras e recursos hídricos. Um dos pioneiros no estudo da sedimentologia foi o engenheiro

hidráulico Hans Albert Einstein, filho do famoso físico Albert Einstein. Sua tese foi sobre o

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estudo dos fenômenos de transporte de materiais sólidos (sedimentos) nos rios que resultou

num modelo matemático conhecido como Método de Einstein para cálculo de transporte

sólido nos rios, muito utilizado em Hidrologia e em Sedimentologia.

O Lago Guaíba é uma grande bacia de sedimentação, localiza-se na margem oeste de Porto

Alegre, compreendendo uma superfície de aproximadamente 500 km2. Os terrenos

constituídos por rochas vulcânicas, plutônicas e sedimentares e drenados pela Bacia Sudeste

do Rio Grande do Sul, são submetidos a taxas médias de precipitação anual de 1300 mm. Os

parâmetros climáticos, composição mineralógica e de relevo, propiciam condições favoráveis

a intemperização e erosão das rochas, fornecendo expressivos volumes de sedimentos que são

transportados para o Lago Guaíba. Já os parâmetros, que estabelecem as condições

deposicionais no Guaíba, são controlados principalmente pelo nível de energia das correntes e

de ondas. Coletaram-se amostras de fundo e de praia ao longo de perfis transversais E-W,

mediante uso da draga Van Veen. Estas foram analisadas em laboratório, e confeccionados

mapas de teores de cascalho, areia, silte, argila e matéria orgânica dos sedimentos e sua

distribuição. Os pontos de coleta foram georreferenciados com GPS. A partir dos resultados

das análises, elaborou-se uma planilha de percentual de sedimento de fundo e matéria

orgânica do Lago Guaíba, gerando mapas texturais de detalhe. Os valores dos mapas de teores

são expressos em percentual de base seca de sedimentos. Com estes percentuais, associou-se a

distribuição granulométrica à hidrodinâmica, resultando um mapa com a compartimentação

das áreas de acordo com as características texturais das amostras. Desta forma, identificaram-

se quatro setores cujos percentuais de areia variam de: 90–100; 50-90; 10-50 e 0-10, podendo

ser indicativos da energia do ambiente deposicional. Os resultados obtidos permitiram o

conhecimento do processo de sedimentação do Guaíba e a identificação das áreas de maior

movimentação de sedimentos, junto à isóbatas inferiores a 3metros, de grande importância

para o planejamento das ações de saneamento do Guaíba, principalmente, uma adequada

localização de pontos de captação de água para abastecimento e para lançamento de efluentes.

Introdução

O pouco conhecimento sobre a distribuição dos sedimentos de fundo do Guaíba,

quanto ao seu tamanho e composição, permitiu ao CECO a elaboração do projeto

“Sedimentação do Complexo Guaíba” em 1998, que foi viabilizado mediante um Convênio

de Cooperação Técnica e Apoio Recíproco entre o DMAE, através de sua Divisão de

Pesquisa, e a UFRGS, através do CECO.

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O objetivo foi reconhecer o processo de sedimentação atuante no Guaíba, envolvendo

aspectos como erosão, transporte e deposição dos sedimentos de fundo. Esta análise

compreende o ciclo da carga de sedimentos introduzida no Guaíba pelos diversos afluentes e a

competência deste ambiente na formação dos depósitos sedimentares de fundo.

Assim, este trabalho e seus resultados indicarão as diferentes áreas de concentração

dos depósitos sedimentares, a distribuição dos tamanhos de grão e sua composição.

Metodologia

O Lago Guaíba localiza-se às margens de Porto Alegre, compreendendo uma

superfície com cerca de 500km2. Nele, foram coletadas amostras de fundo e de praia que

permitiram a confecção de mapas de teores de cascalho, areia, silte, argila e matéria orgânica

dos sedimentos, e sua respectiva distribuição.

A execução das atividades do projeto compreendeu uma sequência de etapas,

destacando-se:

- Cadastramento dos dados cartográficos e batimétricos pré-existentes; - Digitalização

da Folha de Porto Alegre, na escala 1: 50.000, servindo como base para lançamento dos dados

e elaboração dos mapas texturais e de teores;

- Coleta de 187 amostras de fundo ao longo de perfis transversais (E-W), utilizando a

draga Van Veen a bordo das lanchas do DMAE;

- Concomitante à amostragem de fundo, mediu-se a batimetria de todos os pontos,

através de cabo; - Os pontos foram georreferenciados mediante GPS Garmin 45;

- Leituras de salinidade, temperatura e condutividade foram obtidas a 1,50 m de

profundidade e a 0,80 m nos pontos mais próximos à margem;

- Parâmetros de pH, turbidez e oxigênio dissolvido foram medidos em 42 amostras;

- Após a coleta, registraram-se os dados em planilha, constando: data da coleta, hora,

número de identificação da amostra, profundidade da lâmina de água, pH, condutividade,

turbidez, teor de O2 dissolvido, temperatura, posicionamento e descrição preliminar das

características granulométricas. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao

laboratório do CECO para processamento de acordo com normas padronizadas.

Resultados das Análises Laboratoriais

Os resultados obtidos nas análises laboratoriais permitiram a elaboração de uma

planilha percentual de sedimento de fundo e matéria orgânica do Guaíba, dando origem a 5

mapas texturais de detalhe (valores expressos em percentual de base seca de sedimentos) :

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1. Mapa de teor de cascalho > 2 mm

2. Mapa de teor de areia 0,062 mm – 2 mm

3. Mapa de teor de silte 0,0039 mm – 0,062 mm

4. Mapa de teor de argila < 0,0039 mm

5. Mapa de teor de matéria orgânica

A partir dos percentuais de sedimentos adaptou-se o método do diagrama de Pejrup

(1988), que associa a distribuição granulométrica a hidrodinâmica. Da aplicação deste

método, resultou um mapa com a compartimentação da área de estudo em 4 setores,

denominados A, B, C e D, de acordo com as características texturais das amostras de

sedimentos, onde os percentuais de areia podem ser indicativos da energia do ambiente

deposicional:

Setor A 90 – 100% areia

Setor B 50 – 90% areia

Setor C 10 – 50% areia

Setor D 00 – 10% areia

Como as amostras de argila foram pouco representativas, seu percentual não foi

utilizado para a divisão do triângulo de Pejrup (1988).

Os percentuais exprimem, de forma qualitativa, um decréscimo gradativo de energia

do setor A (maior teor de areia) em direção ao setor D (menores teores de areia).

Setor A: áreas com maior energia do sistema (devido à ação da corrente e das ondas

geradas pelos ventos);

Setor D: caracteriza-se por ser a área de deposição do sistema junto aos locais de

maior profundidade.

Dinâmica Sedimentar

As Terras Altas drenadas pela Bacia do Sudeste do RS e constituídas por rochas

plutônicas, vulcânicas e sedimentares, são responsáveis pelos expressivos volumes de

sedimentos transportados para o Lago Guaíba através, principalmente, dos rios Jacuí, Taquari,

Sinos e Gravataí (Toldo, 1994).

A perda de competência dos tributários como agentes transportadores ao ingressar na

ampla bacia deposicional do Guaíba, dá origem ao delta do rio Jacuí, com os sedimentos mais

grosseiros ficando ali retidos.

Os sedimentos mais finos tamanhos silte e argila, compostos por quartzo,

argilominerais e matéria orgânica, que acompanham as descargas regulares dos tributários,

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ingressam no Guaíba como plumas de material em suspensão. Na laguna dos Patos as plumas

estendem-se por mais de 30 km com concentrações superiores a 30 mg/l na superfície da água

durante o verão.

As condições deposicionais do Guaíba são estabelecidas por parâmetros controlados

principalmente pelo nível de energia das correntes e ondas.

As correntes têm padrões de circulação induzidos pelo vento e que associados ao fluxo

natural das águas direcionadas para a Laguna dos Patos, estabelecem padrões de

estratificação, com fluxos e refluxos das águas registrados ao longo do canal, dando ao

Guaíba uma característica de sedimentação das partículas finas por corrente, conforme mapas

de teores de silte, argila e matéria orgânica.

As taxas de sedimentação do Guaíba podem ser exemplificadas através das taxas

registradas na bacia lagunar:

- Valor médio de longo período (Holoceno) = 0,52 mm/ano (Toldo, 1994).

- Taxas de sedimentação obtidas de curto período, através do método Pb 210, indicam

valores entre 3,5 e 8,3 mm/ano para os últimos 150 anos (Martins et al., 1989).

As diferenças marcantes entre os valores refletem o resultado da ação antrópica,

relacionada principalmente à agricultura em áreas de influência da bacia de drenagem de

sudeste do Estado, provocando uma aceleração das taxas de sedimentação nas últimas

décadas.

Observando-se os mapas de teores de silte, argila e matéria orgânica, nota-se que a

deposição desses sedimentos ocorre principalmente nas partes mais profundas do Guaíba, a

partir da isóbota de 3 metros. Entre a linha de praia e a isóbota de 3 m, o fundo é arenoso, sem

a cobertura de sedimentos finos que são constantemente removidos pela ação das ondas.

A turbulência por ondas induz a ressuspensão dos sedimentos fixos depositados pela

ação das correntes, e reduz a taxa de deposição nas áreas rasas com profundidades inferiores a

3 metros.

As ondas presentes no Guaíba, também induzidas pela ação dos ventos, são

caracterizadas pela pequena altura, curto período e baixa freqüência anual, entretanto, em

função da área aproximada de 500 km2 da Bacia do Guaíba, o clima de ondas tem

significativa importância na geração e distribuição de energia no sistema.

O substrato depositado no leito do Lago Guaíba é heterogêneo texturalmente, sendo

constituído principalmente por areias, areia síltica, silte arenoso e silte argiloso

(LAUBAUER, 2002).

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Ainda, a amostragem dos sedimentos do leito do Lago Guaíba nos trabalhos de CECO

(1999) e Bachi et al. (2000) permitiu definir um zoneamento do leito, segmentando o leito do

Lago em setores A,B,C,D, tendo o conteúdo de areia contido para cada setor em: 90 a 100%;

50 a 90%, 10 a 50% e 0 a 10%, respectivamente.

A setorização definida neste trabalho confirma que os teores de areia e a razão silte/argilanos

sedimentos diminuem com o aumento da profundidade, enquanto os teores de silte e argila

(finos) aumentam com a mesma, indicando uma clara relação entre a batimetria do lago e a

granulometria dos sedimentos do seu leito (LAYBAUER, 2002)

As taxas de sedimentação estimadas para o ambiente do Lago Guaíba variam entre os valores

de 3,5 a 8,3 mm/ano, sendo esta condição atuante somente para os últimos 150 anos

(MARTINS et al., 1989).

Os estudos desenvolvidos no leito do Lago Guaíba permitiram definir espacialmente setores

com relações percentuais entre lama (silte+argila) e areia das amostras coletadas

(LAYBAUER & BIDONE, 2001). Neste trabalho foram definidos quatro setores distintos de

sedimentação, Figura 4, no Lago Guaíba:

-10 % de lama);

- 50% de lama);

- 90% de lama);

- 100% de lama).

Conclusão

Os resultados obtidos representam uma efetiva contribuição para o conhecimento do

processo de sedimentação do Guaíba, pois os últimos dados disponíveis sobre o assunto são

da década de 70 (Cunha, 1971).

A identificação das áreas de maior movimentação de sedimentos, junto às isóbatas

inferiores a 3 metros, tem grande importância para o planejamento das ações de saneamento

do Guaíba, principalmente uma adequada localização de pontos de captação de água para

abastecimento e para lançamento de efluentes.

A perspectiva de futuros trabalhos objetivando um detalhamento da área, e

conseqüente aprimoramento dos conhecimentos.

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Figura 4 - Mapa das características texturais das amostras de sedimentos

Figura 5- Mapa sedimentos arenosos maiores que 50%

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QUALIDADE DA ÁGUA

Coletas e análises

Foram considerados os resultados dos monitoramentos realizados em 26 pontos do lago

Guaíba, com frequência trimestral, no período de 2000 a 2009. Os pontos de coleta estão

representados na Figura 6. Foram analisados os seguintes parâmetros: Temperatura da água –

TEMPAG em ºC, profundidade – PROF em m, Oxigênio Dissolvido – OD em mg O2.l-1,

ESCHERI-CHIA COLI, em NMP.100ml-1, pH, Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO

em mgO2.l-1, Fósforo Total em mg P.l- 1, Nitrato – NO3 em mgN.l-1, Turbidez – TURB,

expressa em UNT e Sólidos (Resíduos) Totais a 105ºC – RT105 em mg.l-1 conforme ABNT

(1988, 1989, 1992 e 1999), APHA (1998) e USEPA (1993).

Cálculo do IQA e análise dos dados

O índice de qualidade de água (IQA) foi desenvolvido pela NATIONAL

SANITATION FOUNDATION (NSF) dos EUA. O cálculo baseou-se nas modificações

propostas por Comitê sinos (1990). Os parâmetros e pesos relativos do IQA encontram-se na

Tabela 1, e as faixas de qualidade na Tabela 2. O modelo de IQA utilizou fórmula

multiplicativa, conforme equação 1 a seguir: (equação 1) onde = símbolo de

produtório; qi = qualidade relativa do i – ésimo parâmetro; wi = peso relativo do i-ésimo

parâmetro e i = número de ordem do parâmetro (1 a 8).

A qualidade relativa de cada parâmetro foi estabelecida em curvas de variação que

relacionaram o respectivo valor do parâmetro a uma nota, variável entre 0 e 100, sendo que o

valor 100 representa a melhor qualidade. Neste estudo foi aplicado um método computacional

para ajustar uma equação conforme aplicado em Bendati ET AL. (2003) e com os seguintes

ajustes, conforme equações 2 e 3 a seguir:

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Figura 6. Área de estudo com detalhamento da posição do lago Guaíba e dos pontos de coleta – A, em relação à

região hidrográfica e ao RS - B.

Tabela 2. Parâmetros e pesos relativos do IQA.

Parâmetros Código

Pesos

Relativos (wi)

% Saturação de Oxigênio Dissolvido %OD 0,19

Coliformes Termotolerantes COLITERMO 0,17

pH pH 0,13

Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO 0,11

Fosfato total PO4 0.11

Nitrato NO3 0,11

Turbidez TURB 0,09

Resíduos (sólidos) totais a 105oC RT105 0,09

FONTE: COMITESINOS (1990).

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Tabela 3. Faixas de qualidade de água para o IQA do NSF.

Faixas de IQA Classificação de qualidade de água

0 - 25 Muito Ruim

26 - 50 Ruim

51 - 70 Regular

71 - 90 Bom

91 - 100 Excelente

FONTE: COMITESINOS (1990).

Os dados de nitrato e fósforo foram transformados em mg NO3.l-1 e mg PO4.l-1 e os

dados de ESCHERICHIA COLI foram convertidos a coliformes termotolerantes, baseando-se

na proporção contida na Resolução Conama no 274 (BRASIL, 2000), onde coliformes

termotolerantes = 1,2 * ESCHERI-CHIA COLI (NMP.100 ml-1).

A percentagem de saturação do oxigênio dissolvido - %OD foi obtida pela equação 4:

(equação 4)

Foram realizadas as estatísticas descritivas para as variáveis consideradas e para os valores

brutos do IQA, bem como as percentagens das amostras por faixas de qualidade para cada

ponto, as quais foram graficamente expressas em figuras por regiões (Delta do Jacuí, canal de

navegação e margens esquerda e direita do lago).

Resultados e discussão

A temperatura da água variou de 11,5 ºC no ponto 56a em maio/2007 a 33,0 ºC no mesmo

ponto em fevereiro/2001. Os valores médios variaram de 20,6 ºC no ponto 58 a 21,4 ºC nos

pontos 41b e 64h, enquanto que a profundidade média variou de 1,1 m no ponto 40, na foz do

Dilúvio, a 13,1 m no ponto 123, no Delta do Jacuí. (Tabela 3).

O ponto 40 apresentou os maiores valores médios de COLITERMO (1,8E+05 NMP.100 ml-

1), DBO (13,9 mgO2.l-1), PO4 (2,91 mgPO4.l-1) e RT105 (178,2 mg.l-1) e, juntamente com

o ponto 31, apresentou os menores valores médios de OD (2,5 mgO2.l-1). Por sua vez, o

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ponto 31 apresentou o menor valor médio de %OD (27,5%) e o ponto 64c apresentou os

maiores valores médios de OD (8,5 mgO2.l-1) e %OD (97,6%).

O menor valor médio de COLI-TERMO foi de 5,0E+00 NMP.100 ml-1 nos pontos 50h e 64c.

Conjuntamente aos pontos 57 e 86a, o ponto 50h apresentou menor valor médio de DBO (0,8

mgO2.l-1). O ponto 57 também apresentou os menores valores médios de PO4 (0,22 mgPO

4.l-1) e RT105 (88,5 mg.l-1 ).

Os valores médios de nitrato variaram de 0,72 mgNO3.l-1 no ponto 31 a 4,01 mgNO3.l-1 no

ponto 58 e o pH médio variou de 7,0 nos pontos 59, 31 e 36 a 7,7 nos pontos 64c e 64h. A

turbidez média variou de 19,0 UNT no ponto 40 a 44,7 UNT no ponto 47-8b.

Quanto ao IQA, os menores valores médios foram de 25,3 no ponto 40, 28,9 no ponto 31,

seguidos dos valores de 48,0 no ponto 59 e 49,2 no ponto 36. E os maiores valores médios

foram de 75,3 no ponto 56a, 75,7 no ponto 57, 77,0 no ponto 64h, 79,3 no ponto 50h e 79,5

no ponto 64c. Quando considerada a média do IQA da totalidade de pontos (IQA = 63,2), os

pontos mais próximos da média foram o 47-8b (IQA = 59,7), 46 (IQA = 59,9), 50 (IQA =

64,5), 51b (IQA = 64,9) e 38 (IQA = 66,0). O ponto 50, geograficamente, pode ser

considerado o ponto de monitoramento mais central do lago e, coincidentemente, possui

valores mais próximos da média do IQA da totalidade de pontos (escore z = 0,09).

Quanto às faixas de qualidade do IQA, os pontos 31 (foz do Gravataí), 36 (delta) e 59 (foz do

Sinos) apresentaram mais de 50% das amostragens na faixa de Ruim (Figura 2), enquanto que

o ponto 40 (foz do Dilúvio) apresentou 59% das amostragens na faixa de Muito Ruim (Figura

3). Diferentemente dos pontos 36 e 59, o ponto 31 apresentou 43% das amostragens na faixa

de Muito Ruim e nenhuma amostragem nas faixas de Regular ou Bom.

A faixa de Regular predominou, com mais de 50% das amostragens, nos pontos 58 (foz do

Caí), 38 (delta), 41a, 46, 50 e 60 (canal de navegação), 41b, 45e, 47-8b e 47-8d (margem

esquerda), bem como, o ponto 51b (margem direita). Dentre esses pontos, o ponto 41b foi o

mais expressivo na faixa de Ruim (45%) e o ponto 58 não apresentou nenhuma amostragem

na faixa de Ruim e 33% das amostragens na faixa de Bom.

O ponto 86a (delta), por sua vez, apresentou 49% das amostragens na faixa de Regular, 48%

na faixa de Bom e 3% na faixa de Ruim, estando numa posição intermediária entre os pontos

onde predominaram ou a faixa de Regular ou a faixa de Bom.

Na faixa de Bom predominaram as amostragens dos pontos 57 (foz do Jacuí), 123 (delta), os

pontos 64 e 61 (canal de navegação), os pontos 56a, 53a e 50h (margem direita), e um único

ponto na margem esquerda, o ponto 64h na enseada do balneário Lami, em Porto Alegre.

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Em relação ao estudo da qualidade da água realizado por Bendati et al. (2003), verificou-se

que o maior esforço amostral do estudo atual permitiu registrar maior abrangência da variação

nos valores brutos do IQA de cada ponto considerado. Praticamente todos os conjuntos de

valores brutos de IQA, por ponto, variaram para mais e para menos em relação aos valores

extremos do estudo anterior. Com isso, não foi possível afirmar se houve melhoria ou

degradação significativa da qualidade da água em cada um dos pontos. De qualquer forma,

verificou-se que a análise de uma série de longa duração de dez anos, garantiu uma avaliação

mais ampla e refinada da qualidade da água no lago.

Ao comparar as percentagens por faixa de qualidade do IQA com o estudo de Bendati et al.

(2003), verificou-se que, para o ponto 86a (delta), houve redução da faixa de Regular de 62,5

para 49,0% e concomitante aumento da faixa de Bom de 37,5 para 48,0%.

Tabela 4. Média das variáveis e do IQA no lago Guaíba (RS), 2000 a 2009.

PONTO PROF TEMPAG COLITERMO DBO NO3 OD %OD pH PO4 RT105 TURB IQA

m oC NMP.100ml-1 mgO2 .1-1 mgNO3 .1-1 mgO2 .1-1 % - mgPO4 .1-1 mg.1-1 UNT

57 8,6 20,8 37 0,8 2,08 8,1 92,0 7.3 0.22 88.5 30.5 75.7

58 4.3 20.6 94 1,4 4,01 6,8 76,8 7,1 0,33 117,7 31,6 67,7

59 4,7 20,6 2085 2,4 1,88 4,0 44,6 7,0 0,61 132,3 34,3 48,0

31 4,8 21,1 71131 9,6 0,72 2,5 27,5 7,0 2,01 159,8 33,6 28,9

86a 4,0 21,0 181 0,8 2,05 7,8 89,3 7,2 0,25 88,5 36,6 69,8

36 6,7 21,2 14359 2,2 2,19 5,9 68,7 7,0 0,53 103,2 32,7 49,2

123 13,1 20,9 131 0,9 2,18 7,9 90,4 7,3 0,24 95,3 30,2 71,3

38 13,0 20,8 389 1,0 2,44 7,5 85,2 7,2 0,30 91,8 35,8 66,0

41a 6,7 20,9 3408 1,1 2,38 7,5 85,2 7,2 0,30 95,7 35,1 58,9

46 6,7 20,8 2322 1,2 2,30 7,5 85,8 7,2 0,33 95,3 36,0 59,9

50 7,3 20,7 569 1,2 2,29 7,7 88,2 7,4 0,31 95,2 37,0 64,5

60 7,3 20,8 130 1,1 2,25 8,1 92,7 7,5 0,29 98,7 36,1 69,4

64 6,5 20,8 49 1,0 2,16 8,3 94,7 7,6 0,29 95,6 36,8 72,3

61 8,4 20,7 27 1,0 2,31 8,2 93,1 7,6 0,29 93 34,8 74,6

40 1,1 20,9 180169 13,9 2,06 2,5 28,3 7,2 2,91 178,2 19,0 25,3

41b 9,8 21,4 10820 1,7 2,15 6,1 70,4 7,1 0,46 99,1 31,4 51,3

45e 4,7 21,1 4608 1,2 2,24 6,4 73,5 7,1 0,43 95,9 31,2 55,5

47-3 1,2 21,4 2600 2,0 2,40 7,1 82,8 7,5 0,43 101,1 29,9 57,0

47-8b 2,0 20,9 1459 1,3 1,87 7,5 85,9 7,5 0,56 112,0 44,7 59,7

47-8d 3,8 21,0 101 1,5 2,67 8,0 91,5 7,5 0,42 90,9 30,7 69,5

64h 1,8 21,4 10 1,2 2,33 8,0 92,6 7,7 0,31 98,2 34,1 77,0

56a 2,1 20,8 14 1,5 1,24 8,2 93,0 7,6 0,41 98,0 43,2 75,3

51b 3,1 20,9 454 1,2 2,33 7,6 86,9 7,2 0,35 148,8 35,7 64,9

53a 2,1 20,7 58 0,9 2,01 8,1 92,8 7,6 0,33 96,5 37,0 72,1

50h 1,8 20,6 5 0,8 1,92 8,2 92,9 7,6 0,30 92,8 34,4 79,3

64c 3,5 20,7 5 1,0 2,03 8,5 97,6 7,7 0,26 94,1 37,2 79,5

Da mesma forma, no canal de navegação, o ponto 38 apresentou redução da faixa de

Regular de 87,5 para 62,0% e aumento da faixa de Bom de 0,0 para 30,0%. Na margem

direita, verificou-se, para o ponto 56a, redução da faixa de Regular de 50,0 para 15,0%, bem

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como aumento da faixa de Bom de 50,0 para 85,0%. Da mesma forma, no ponto 64c houve

redução da faixa de Regular de 25,0 para 3,0% e aumento da faixa de Bom de 75,0 para

97,0%.

Ainda em relação ao estudo de Bendati et al. (2003), no canal de navegação, o ponto

50 apresentou aumento da faixa de Regular de 62,5 para 87,0%, bem como redução da faixa

de Bom de 37,5 para 13,0% e o ponto 60 apresentou aumento da faixa de Regular de 50,0

para 70,0% e redução da faixa de Bom de 50,0 para 30,0%. Na margem esquerda verificou-se

no ponto 40, foz do arroio Dilúvio, aumento da faixa de Muito Ruim de 25,0 para 59,0% e

concomitante redução da faixa de Ruim de 75,0 para 38,0%.

Figura 7. Faixas de qualidade do IQA no Delta do Jacuí e canal de navegação do lago Guaíba (RS), 2000 a 2009.

Conclusões

Os resultados permitiram verificar que a foz dos rios Gravataí, dos Sinos e arroio

Dilúvio, bem como alguns pontos da margem esquerda do lago, estão mais comprometidos

em função de maior adensamento populacional associado à menor vazão de tributários

relacionados. Pontos na margem direita e a foz do rio Jacuí apresentaram os melhores valores

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de IQA. Na margem esquerda sul do lago Guaíba, observaram-se águas de melhor qualidade,

o que pode ser atribuído à implantação dos sistemas de esgotamento sanitário – (SES Belém

Novo e Lami), bem como ao poder depurador do lago ao longo de seu percurso.

Os resultados reiteram a necessidade de continuidade de investimentos em saneamento, a

médio e longo prazo, nas bacias dos rios Gravataí, dos Sinos e arroio Dilúvio. Nesse sentido,

o DMAE está implementando o SES Sarandi na bacia do Gravataí, bem como o Programa

Integrado Socioambiental (Pisa), que expandirão a capacidade de tratamento de esgotos de

Porto Alegre de 27% para 80% e promoverão o saneamento nas bacias correspondentes. Para

avaliar as melhorias ambientais decorrentes dos investimentos do DMAE em saneamento na

cidade de Porto Alegre, a médio e longo prazo, será mantido o monitoramento da qualidade

das águas no lago Guaíba.

Para a série temporal deste trabalho, ainda serão realizados estudos com vistas a estabelecer a

condição de qualidade das águas segundo a legislação ambiental, bem como verificar a

influência das variações climático-temporais e hidrodinâmicas na qualidade das águas do lago

Guaíba.

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Figura 8. Faixas de qualidade do IQA nas margens esquerda e direita do lago Guaíba (RS), 2000 a 2009.

MEIO BIÓTICO

Em atendimento ao determinado pela Portaria Conjunta SEMA/FEPAM Nº 189, de 29

de dezembro de 2015, foi criado o Grupo de Trabalho para análise e estudo de critérios para

licenciamento de mineração com fins comerciais no Lago Guaíba, com a designação dos

analistas ambientais da FEPAM, Luciano Pazinato Martins e Andrea Garcia de Oliveira,

responsáveis pelo levantamento de dados relativos ao meio biótico.

Este trabalho visa compilar dados provenientes de processos de licenciamento

ambiental de empreendimentos cujos estudos ambientais contemplem a biota aquática do

Lago Guaíba.

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Assim, foram fonte de pesquisa os processos de licenciamento:

- Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE

- CMPC Celulose Riograndense

- Ponte do Guaíba

Para a consolidação das informações, foram realizadas reuniões técnicas com

especialistas do DMAE, especialistas em ambientes aquáticos e terrestres que atuaram nos

estudos preparatórios ao licenciamento dos empreendimentos acima, bem como no

monitoramento dos mesmos. Além disso, foram consultados especialistas do Departamento de

Ictiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de modo a conhecer o

posicionamento e buscar a contribuição técnica sobre o tema.

Cabe observar que o presente levantamento de dados é parte de estudo preparatório à

proposta de zoneamento ambiental para atividade de mineração no Lago Guaíba, que

contempla os dados relativos também ao meio físico em sua abordagem. Estes estudos serão

apresentados ao Comitê do Lago Guaíba para apreciação e deliberações junto a Câmara

Técnica de Mineração do CONSEMA.

A bacia hidrográfica do lago Guaíba é de extrema importância ecológica, visto que

protege uma gama de ecossistemas de considerável fragilidade. A área em questão pode ser

considerada extremamente impactada por dois fatores principais: em máxima escala, a

expansão urbano-industrial, em segundo plano, a atividade de orizicultura. Ambas atividades

podem ser consideradas muito prejudiciais às espécies da fauna nativa não oportunista, visto

que acarretam em fragmentação do hábitat e favorecem a introdução de espécies exóticas no

ambiente (RICKLEFS, 2003).

As águas do Guaíba recebem diretamente ou através de seus afluentes diversas

contribuições de poluentes por meio de despejos de efluentes industriais, agrícolas e

domésticos (MALABARBA et al., 2004). A margem esquerda é quase totalmente

descaracterizada pelos aterros e obras urbanísticas de Porto Alegre (Figura 01). Nesta margem

do continente, as áreas de maior importância ecológica encontram-se na zona Sul do

município, sendo referente à Reserva Biológica do Lami (RBL) e Parque Estadual de Itapuã

(PEI). Em ambiente insular, a ocupação urbana é irregular e apresenta claros contrastes

sociais. O adensamento das moradias, principalmente na Ilha Grande dos Marinheiros e Ilha

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da Pintada, foi apenas freada com a criação da Área de Proteção Ambiental do Delta do Jacuí

e o Parque Estadual do Delta do Jacuí a partir de 1976 (sensu OLIVEIRA et al., 2009).

Ambas as ilhas são relacionadas por SEGANFREDO et al. (2007) como áreas de maior

registro de irregularidades decorrentes da ação antrópica, como criação de suínos, aterros e

construções irregulares. Já a margem direita do lago Guaíba ainda não foi totalmente

consolidada pela urbanização dos municípios de Guaíba e Eldorado do Sul. No entanto, já é

possível verificar a existência de invasões e projetos de empreendimentos urbanos. O acesso é

facilitado pela malha viária já existente e correspondente a BR-116, BR-290 e Estrada do

Conde. Os resíduos domésticos gerados pelos aglomerados urbanos são visíveis em ambas às

margens e ao longo das ilhas.

Figura 9: Região metropolitana de Porto Alegre, margem esquerda do lago Guaíba. (Foto: Felipe Peters)

Em direção aos rios formadores do Delta, é notável a grande área de cultivo de arroz

ao longo dos rios Caí e Jacuí, e novamente grandes aglomerados urbanos ao longo dos rios

Gravataí e Sinos. Os rios Gravataí e Sinos drenam grandes áreas urbano-industriais.

Diferentemente do observado para o lago Guaíba, apresentam menor lâmina d’água, o que

potencializa o acúmulo de poluentes nestes dois rios, sendo intensiva a deposição diretamente

direcionada ao Guaíba. As planícies úmidas dos rios Jacuí e Caí estão em melhor estágio de

conservação e oferecem maior disponibilidade de recursos para fauna quando comparado aos

demais corpos hídricos citados (Figura 02). Atualmente, o maior impacto local esta

relacionado às instabilidades ambientais decorrentes da orizicultura. A dinâmica hídrica é

diretamente afetada pelos inúmeros canais de irrigação que desviam água dos rios para o

interior das lavouras, enchendo as várzeas no início do verão e drenando-as durante a pré-

colheita. O aporte de biocidas utilizado nas lavouras é acumulado no local ou direcionado

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novamente ao rio. A mata ciliar relictual encontra-se em estágio secundário, mas ainda atua

como corredor de dispersão para fauna terrestre.

Figura 10: Área rural de Eldorado do Sul, canais de irrigação e lavoura de arroz junto aos fragmentos

florestais ciliares do rio Jacuí (Foto: Felipe Peters)

A diversidade de fitoplâncton, zooplâncton e macroinvertebrados bentônicos mostram

que os ecossistemas aquáticos encontram-se alterados, tendo em vista que organismos

especialistas são menos abundantes e as espécies tolerantes se multiplicam rapidamente, sem

competição por espaço, nutrientes ou outros recursos. No entanto, pode-se dizer que produção

primária referente aos organismos fitoplanctônicos dominantes é alta e pode ser observada

durante o verão, visto os “blooms” de cianobactérias que alteram a cor e odor das águas do

Guaíba. Por serem à base da cadeia trófica, subsidiam o crescimento dos demais organismos

aquáticos (zooplâncton, macroinvertebrados bentônicos e peixes). Apesar do aporte de

poluentes e demais perturbações ambientais, a ictiofauna mostra-se diversa mesmo nos pontos

de maior descaracterização como as proximidades do Cais do Porto e dos rios Gravataí e

Sinos.

Os ecossistemas terrestres funcionam como importante refúgio para fauna autóctone.

Espécies sinantrópicas ou de hábitos semi-aquáticos estão presentes ao longo das áreas

urbanizadas da região metropolitana. Neste caso, destacamos a presença da Lontra (L.

longicaudis), espécie até pouco tempo integrante das listas vermelhas da fauna ameaçada (ver

FONTANA et al., 2003) e presente nas ilhas em frente à região central de Porto Alegre. A

maior diversidade encontra-se nas áreas continentais. A associação entre lavouras de arroz e

fragmentos florestais ciliares, sobretudo no rio Jacuí, torna o ambiente favorável a inúmeras

espécies não encontradas nas ilhas.

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A proximidade com o grande centro urbano resulta na substituição de organismos

especialistas em detrimento de espécies generalistas e sinantrópicas, alóctones ou autóctones.

O maior exemplo é o atual estágio de contaminação biológica por fauna exótica, sobretudo a

ratazana (R. norvergicus), a pomba-doméstica (C. livia), o pardal (P. domesticus) e o

mexilhão-dourado (L. fortunei). Da mesma forma, a intervenção humana nas áreas rurais ao

longo dos rios formadores do Delta é responsável pela criação de hábitats benéficos ao rato-

das-casas (R. rattus), ao camundongo-doméstico (M. musculus), a lebre (L. europaeus), ao

porco-mateiro (S. scrofa), a rã-touro (L. catesbeianus), a lagartixa-de-parede (M. mabouia), a

carpa-cabeçuda (A. nobilis) e a tilápia (O. niloticus).

Analisando a situação atual podemos considerar rara a ocorrência de espécies

ameaçadas de extinção e que necessitam de melhor qualidade e disponibilidade de hábitats.

De maneira geral, encontramos mesopredadores oportunistas ao longo da área de interesse. A

traíra (H. malabaricus) e o jundiá (Rhandia spp.), corujas (Strigiformes), pequenos gaviões

(Falconiformes), pequenas serpentes (Dipsadidae), cágados (P. hilarii) e lagartos (Teiidae),

além de gambás (D. albiventris), graxains (Canidae) e lontras (L. longicaudis) competem ou

podem ate ser predados por predadores domésticos como cães e gatos, presente ao longo de

toda a área de interesse. Carnívoros domésticos normalmente não apresentam eficiência no

combate a pragas exóticas como murídeos e pombas, apresentando maior eficiência na

predação de peixes, anfíbios, aves e pequenos mamíferos nativos (CAMPOS, 2004; VIEIRA

& YOB, 2003).

Não menos impactante, as perseguições impostas sobre espécies consideradas pragas

ou predadoras foi confirmada durante a realização das atividades de campo realizados nos

estudos da CMPC e da Nova Ponte do Guaíba. A prática incide principalmente sobre

serpentes, lagartos, pequenos roedores e quirópteros. A pesca predatória utilizando redes e

espinhéis é comum ao longo do Delta do Jacuí e rios formadores, onde é possível observar a

prática mesmo sob fiscalização e período de defeso. A traíra (H. malabaricus), o jundiá

(Rhandia spp.), a viola (L. anus), o pintado (P. maculatus), a piava (L. obtusidens) e o

grumatã (P. lineatus) estão entre as principais espécies nativas visadas.

A área de interesse abriga grande diversidade, apesar da marcada fragilidade ecológica

dos ecossistemas em que esta inserida. Toda a diversidade registrada demonstra a grande

importância em esforços que resultem na conservação e recuperação dos ambientes que

compõe o complexo lago Guaíba. Desta forma, as ações de monitoramento aqui propostas,

assumem caráter pioneiro e essencial para o acompanhamento das respostas que a fauna dará

frente a exploração de recursos naturais almejados

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Metodologia de coleta de informações para o meio biótico

Os dados aqui abordados foram obtidos através do levantamento dos estudos ambientais

da biota aquática do Lago Guaíba, realizados quando do licenciamento de tais

atividades/empreendimentos na FEPAM.

Foram consultados processos de licenciamento ambiental através de Estudo de Impacto

Ambiental – EIA/RIMA do PISA, do Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE,

da dragagem da CMPC Celulose Riograndense, bem como da Ponte do Guaíba.

Também foram realizadas reuniões técnicas com biólogos que realizaram estudos da

biota aquática no Lago Guaíba, representantes do DMAE e professores da UFRGS

pertencentes ao Instituto de Ictiologia.

Os resultados são oriundos da coleta de dados primários e secundários apresentados em

estudos entregues na Fepam, juntamente com artigos científicos publicados. Para melhor

interpretação dos dados, foram realizadas reuniões com órgãos e técnicos responsáveis pelas

informações apresentadas.

Através da consulta do SIG-FEPAM, foram verificados os distanciamentos das Unidades

de Conservação e respectivas áreas de 10Km dos entornos que abrangem o Lago Guaíba.

Resultados da pesquisa para biota do lago Guaíba

A Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, codificada como unidade G80 pelo Sistema

Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul (Lei 10.350/1994), é a última

contribuinte da Região Hidrográfica do Lago Guaíba.

A bacia situa-se a leste do Estado do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas geográficas

de 29º 55' a 30º 37' de latitude Sul e 50° 56' a 51° 46' de longitude Oeste. Conforme os

Estudos Preliminares para subsídios ao Plano da Bacia do Lago Guaíba (CONCREMAT,

2004), a Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba compreende uma área aproximada de 2.973 km²

dos quais 479 km² são ocupados pelo espelho d’água, restando 2.494 km² de área territorial,

compreendendo 14 municípios (Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Canoas, Cerro Grande do

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Sul, Eldorado do Sul, Guaíba, Mariana Pimentel, Nova Santa Rita, Porto Alegre, Sentinela do

Sul, Sertão Santana, Tapes, Triunfo e Viamão).(Fig. 3)

O Lago Guaíba possui 470 Km2 de superfície, com profundidade média de 2m e

encontra-se a 4m acima do nível do mar. Possui cerca de 50Km de comprimento, estendendo-

se desde o Delta do Rio Jacuí, ao norte, até a Ponta de Itapuã, ao sul, onde apresenta

profundidade máxima de 3m. Apresenta largura mínima de 900m, entre a Ponta do

Gasômetro e a Ilha da Pintada, e uma largura máxima de 19Km, entre as enseadas da Praia de

Itapuã e da Praia da Faxina. Suas margens são recortadas por pontas e enseadas e, a margem

leste, onde se situa a cidade de Porto Alegre, é formada por ponta de morros graníticos,

enquanto que a margem oeste é formada por pontas de areia.

Figura 11 - Divisão Hidrográfica da Bacia do Lago Guaíba (SEMA, Abril/2014)

A disponibilidade hídrica no Lago pode ser estimada como a vazão afluente dos seus

formadores: rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí. A maior parte da vazão afluente ao Lago é

referente ao rio Jacuí, cerca de 1.969,0 m³/s ou 89,8% do total. A vazão média de longo

período nos rios formadores do Lago Guaíba é apresentada a seguir.

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Tabela 5- Fonte: Estudos Preliminares para subsídio ao Plano de Bacia do Lago Guaíba (CONCREMAT,

2004).

Rio Vazão média (m³/s) Contribuição (%)

Jacuí 1.969 89,8

Sinos 79 3,6

Caí 120 5,5

Gravataí 24 1,1

O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), 2007, mostra que nos meses de julho e

agosto ocorrem as maiores contribuições de volume de água, alcançando uma vazão máxima

mensal de 2.900,0 m³/s. A época de menor aporte de água ao Lago compreende o período de

dezembro a abril, com uma vazão mínima mensal afluente em janeiro em torno de 900,0 m³/s.

Levantamento da biota realizado pela CMPC Celulose Riograndense e Nova Ponte do

Guaíba:

Os levantamentos sobre biota aquática realizados na CMPC para fins de licenciamento de

um emissário foram realizados pela mesma equipe técnica que realiza os estudos de biota

aquática da implantação da nova ponte do Lago Guaíba. Esta equipe forneceu a Fepam as

informações obtidas em seus estudos, bem como sugeriu a adoção de medidas de controle da

qualidade ambiental caso seja liberado o licenciamento ambiental de extração de areia no

Lago Guaíba. As informações são referentes a fitoplânctons, zooplânctons, ictiofauna e

mamíferos, tais informações foram juntadas em dois documentos que constam no anexo deste

relatório, seguem abaixo elencados os principais apontamentos:

Informações do laboratório de ictiofauna da UFRGS:

Após reunião ocorrida em 06/04/2016, onde os professores da UFGRS informaram que

apresentariam suas considerações sobre o tema, foi enviado o Ofício

Fepam/DIFISC/3423/2016 em 07/04/2016 solicitando formalmente o apoio da Universidade.

Em um documento único, a UFRGS enviou suas considerações mencionando áreas de

restrições e metodologias sugeridas para controle da qualidade ambiental.

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Ecossistema terrestre e de transição (fauna)

É de censo comum que as atividades de dragagem possam resultar em impactos

diretamente associados à biota aquática. Da mesma forma, tais atividades podem afetar a

fauna de vertebrados terrestres na medida em que o fitoplâncton, o zooplâncton, os

macroinvertebrados bentônicos e a ictiofauna constituem a base da teia alimentar integrada

pela herpetofauna, avifauna e mastofauna, sobretudo quando relacionada às espécies que tem

sua biologia, ao menos em parte, associada ao ecossistema aquático.

Da mesma forma, um impacto indireto e normalmente negligenciado, faz referência ao

aumento da movimentação humana e a consequente geração de poluentes, movimentação de

substrato e aumento dos níveis de ruído gerados pela operação do maquinário. Tal situação

pode refletir em afugentamento e alterações comportamentais relacionadas ao uso do hábitat,

ao ciclo reprodutivo e aos hábitos alimentares.

As modificações nas taxas de abundância e a substituição faunística podem também

ser consequência da ocupação de seres humanos e suas atividades em áreas naturais. Roedores

murídeos (M. musculus, R. rattus, R. norvergicus), pombas–domésticas (C. livia) e pardais (P.

domesticus) são espécies exóticas e sinantrópicas que tem a dinâmica de suas populações

relacionadas às atividades humanas. Estas espécies podem aumentar localmente frente a

disponibilidade de alimento e abrigo ou pelo simples afugentamento dos potenciais

predadores.

A partir destas considerações, assume-se que a adoção de práticas de monitoramento

voltadas a fauna de vertebrados terrestres deve ser adotada como objetivo geral e prática

benéfica a conservação do ecossistema terrestre e aquático. Para tanto, assume-se como meta,

aferir a ocorrência de variação nos índices ecológicos de riqueza, abundância e diversidade,

principalmente em situações onde a extração de substrato é realizada na proximidade das

margens do lago Guaíba. Tais métricas, quando aplicadas a herpetofauna, avifauna e

mastofauna, poderão indicar variações ocorridas ao longo do tempo (sazonalidade) e do

espaço (áreas de influência) que permitirão monitorar a ocorrência de modificações na biota

decorrente da operação dos empreendimentos.

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Herpetofauna

O termo herpetofauna é utilizado para indicar o conjunto faunístico de répteis e

anfíbios, seres vivos de grande importância ecológica na teia alimentar envolvendo

vertebrados e invertebrados. Compõe um grupo de animais particularmente sensíveis a

mudanças ambientais, sendo muitos ciclos de vida diretamente dependentes da

disponibilidade de fontes de água doce (e.g. anuros), muitas vezes com características físico-

químicas e estruturais muito específicas (ICMBIO, 2012).

No Estado do Rio Grande do Sul (RS) verifica-se a ocorrência de 94 espécies de

anfíbios, sendo 92 anuros (Ordem Anura) e 02 cecílias (Ordem Gymnophiona) (UFRGS,

2010). Para os répteis, são contabilizados cerca de 119 espécies, sendo um jacaré, seis

anfisbenas, 11 quelônios, 21 lagartos e 79 serpentes (UFRGS, 2010). Deste total, 28 são

consideradas ameaçadas e três são exóticas (FZB, 2014). Essa riqueza esta atrelada aos

diversos tipos de ecossistemas, constituídos por espécies extremamente especializadas em

relação uso do habitat

Apesar de toda a riqueza associada a herpetofauna do RS, o conhecimento sobre este

conjunto faunístico é ainda insatisfatório, quanto à composição das comunidades. Como

resultado dos trabalhos utilizados como referencia, nota-se a confirmação da ocorrência de 38

espécies, das quais 22 compõem o táxon Amphibia e 16 integram o táxon Reptilia (Tabela

05).

Tabela 6 – Herpetofauna confirmada para o Delta do Jacuí e Lago Guaíba, considerando o status

conservacionista regional (RS), nacional (BR) e global (GL). *Espécie alóctone a fauna brasileira.

Táxon Nome vernáculo Conservação

RS BR GL

AMPHIBIA

ANURA

BUFONIDAE

Rhinella dorbignyi Sapo-da-terra

CYCLORAMPHIDAE

Odontophrynus americanus Sapo-da-terra

LEIUPERIDAE

Physalaemus biligonigerus Rã-de-quatro-olhos

Physalaemus cuvieri Rã-cachorro

Physalaemus gracilis Rã-gato

Physalaemus lisei Rã-da-espuma

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Pseudopaludicola falcipes Rã

LEPTODACTYLIDAE

Leptodactylus fuscus Rã

Leptodactylus gracilis Rã

Leptodactylus latinasus Rã-piadeira

Leptodactylus latrans Rã-crioula, Rã-manteiga

Leptodactylus mystacinus Rã-de-bigode

HYLIDAE

Aplastodiscus pervirdis Perereca-verde

Dendropsophus minutus Perereca-rajada

Dendropsophus sanborni Rã-pequena-das-folhas

Phyllomedusa iheringii Perereca-verde

Hypsiboas pulchellus Perereca

Pseudis minuta Rã-boiadora

Scinax fuscovarius Perereca

Scinax squalirostris Perereca-nariguda

MICROHYLIDAE

Elachistocleis bicolor Rã-oval

RANIDAE

Lithobates catesbeianus* Rã-touro

REPTILIA

CROCODYLIA

ALLIGATORIDAE

Caiman latirostris Jacaré-do-papo-amarelo

TESTUDINES

EMYDIDAE

Trachemys dorbignyi Tigre-d’água

CHELIDAE

Phrynops hilarii Cágado-cinza

SQUAMATA

GEKKONIDAE

Hemidactylus mabouia* Lagartixa-de-parede

AMPHISBAENIDAE

Amphisbaena trachura Cobra-cega

TEIIDAE

Tupinambis merianae Teiú, lagarto-do-papo-amarelo

DIPSADIDAE

Helicops infrataeniatus Cobra-d’água

Erythrolamprus semiaurius Cobra-lisa, cobra-d’água

Erythrolamprus poecilogyrus Cobra-d’água

Oxyrhopus rhombifer Falsa-coral

Philodryas patagoniensis Papa-pinto

Philodryas olfersii Cobra-cipó

Sibynomorphus ventrimaculatus Dormideira

Tomodon dorsatus Cobra-espada

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Thamnodynastes strigatus Corredeira

VIPERIDAE

Bothrops alternatus Cruzeira

Avifauna

A avifauna aquática do Rio Grande do Sul apresenta 123 espécies (BELTON, 1994).

Este número corresponde a aproximadamente 20% de todas as espécies de aves encontradas

no Estado e a 14,8% de todas as espécies de aves aquáticas existentes em todo o planeta.

Portanto, o Rio Grande do Sul corresponde a uma das áreas de maior diversidade de aves

aquáticas do Brasil, juntamente com o Pantanal do Mato Grosso (SCOTT & CARBONELL,

1986).

A contínua perda e degradação de áreas úmidas no mundo inteiro, causadas por

poluição, excesso de extração de água, desenvolvimento e drenagem, acarretam o

desaparecimento de funções e processos ecológicos (WETLANDS INTERNATIONAL,

2005) e interferem na estrutura de assembléias de aves que delas se utilizam (WELLER

1999).

O Rio Grande do Sul possui cerca de 30.332 km² de áreas úmidas, sendo que a alta

densidade de lavouras de arroz presente atualmente indica que grandes quantidades das áreas

originais do Estado foram perdidas nos últimos anos (MALTCHIK et al. 2003). Estas áreas

úmidas não ocorrem isoladas, mas sim formando mosaicos juntamente com áreas secas, como

florestas e campos, que também sofrem perdas e degradação de hábitats (ACCORDI &

BARCELLOS, 2006).

Conforme exposto no Plano de Manejo do Delta do Jacuí (FZB, 2014), os estudos

realizados na área do Parque Estadual do Delta do Jacuí entre 1977 e 2000 resultam na citação

de 210 espécies de aves (ACCORDI et al., 2001), o que representa 32% da avifauna

conhecida para o Rio Grande do Sul. De elevada riqueza de espécies, a avifauna caracteriza-

se por apresentar mais de um terço (36%) das espécies dependentes de hábitats aquáticos

(banhados, campos inundados, rios e canais), demonstrando a grande importância das áreas

úmidas do Parque para a avifauna. Oitenta espécies (38% do total) estão associadas a hábitats

florestais, sendo a maioria dessas espécies típicas de ambientes de borda (ACCORDI et al.,

2001). De mesmo modo, as espécies registradas em ambientes campestres (incluindo áreas

cultivadas) (n= 45, 21%) também estão, em maior ou menor grau, associadas a áreas úmidas

(ACCORDI et al., 2001). Já os trabalhos técnicos atualmente utilizados como referência

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permitem confirmar a ocorrência de 164 espécies, sem no entanto, constatar a presença de

espécies enquadradas nas categorias de ameaça avaliadas (Tabela 06).

Tabela 7 – Avifauna confirmada para o Delta do Jacuí e Lago Guaíba, considerando o status conservacionista

regional (RS), nacional (BR) e global (GL). *Espécie alóctone a fauna brasileira. VU- Vulnerável; EP- Em

perigo. (CMPC e Nova Ponte do Guaíba)

Táxon Nome vernáculo Conservação

RS BR Gl

Chauna torquata Tacha

ANATIDAE

Dendrocygna viduata Marreca-piadeira/Irerê

Callonetta leucophrys Marreca-de-coleira

Amazonetta brasiliensis Marreca-pé-vermelho

GALLIFORMES

CRACIDAE

Ortalis guttata Araquã

PELECANIFORMES

PHALACROCORACIDAE

Phalacrocorax brasilianus Biguá

ANHINGIDAE

Anhinga anhinga Biguatinga

CICONIIFORMES

ARDEIDAE

Tigrisoma lineatum Socó-boi-verdadeiro

Nycticorax nycticorax Savacu

Butorides striata Socozinho

Bubulcus ibis Garça-vaqueira

Ardea cocoi Garça-moura/Socó-grande

Ardea alba Garça-branca-grande

Syrigma sibilatrix Maria-faceira

Egretta thula Garça-branca-pequena

THRESKIORNITHIDAE

Plegadis chihi Maçarico-preto

Phimosus infuscatus Maçarico-de-cara-pelada

Theristicus caerulescens Maçarico-real

Platalea ajaja Colhereiro

CICONIIDAE

Ciconia maguari João-grande

Mycteria americana Cabeça-seca

CATHARTIFORMES

CATHARTIDAE

Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta

FALCONIFORMES

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ACCIPITRIDAE

Rostrhamus sociabilis Gavião-caramujeiro

Circus buffoni Gavião-do-banhado

Heterospizias meridionalis Gavião-caboclo

FALCONIDAE

Caracara plancus Caracará

Milvago chimachima Carrapateiro

Milvago chimango Chimango

Falco sparverius Quiriquiri

Falco femoralis Falcão-de-coleira

GRUIFORMES

ARAMIDAE

Aramus guarauna Carão

RALLIDAE

Aramides ypecaha Saracuraçu

Aramides cajanea Três-potes

Pardirallus sanguinolentus Saracura-do-banhado

CHARADRIIFORMES

CHARADRIIDAE

Vanellus chilensis Quero-quero

RECURVIROSTRIDAE

Himantopus melanurus Pernilongo

SCOLOPACIDAE

Gallinago paraguaiae Narceja

Tringa flavipes Maçarico-de-perna-amarela

Calidris fuscicollis Maçarico-de-sobre-branco

Calidris melanotos Maçarico-de-colete

Phalaropus tricolor Pisa-n'água

JACANIDAE

Jacana jacana Jaçanã

LARIDAE

Chroicocephalus sp. Gaivota

COLUMBIFORMES

COLUMBIDAE

Columbina talpacoti Rolinha-roxa

Columbina picui Rolinha-picuí

Columba livia Pombo-doméstico

Patagioenas picazuro Asa-branca/Pombão

Zenaida auriculata Pomba-de-bando

Leptotila verreauxi Juriti-pupu

Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira

PSITTACIFORMES

PSITTACIDAE

Myiopsitta monachus Caturrita

CUCULIFORMES

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CUCULIDAE

Piaya cayana Alma-de-gato

Coccyzus melacoryphus Papa-lagarta-verdadeiro

Crotophaga ani Anu-preto

Guira guira Anu-branco

STRIGIFORMES

TYTONIDAE

Tyto alba Coruja-de-igreja

STRIGIDAE

Megascops choliba Corujinha-do-mato

Megascops sanctaecatarinae Corujinha-do-sul

Bubo virginianus Jacurutu

Athene cunicularia Coruja-do-campo

Asio clamator # Coruja-orelhuda

CAPRIMULGIFORMES

CAPRIMULGIDAE

Hydropsalis torquata Bacurau-tesoura

APODIFORMES

APODIDAE

Chaetura meridionalis Andorinhão-do-temporal

TROCHILIDAE

Stephanoxis lalandi Beija-flor-de-topete

Chlorostilbon lucidus Besourinho-de-bico-vermelho

Hylocharis chrysura Beija-flor-dourado

CORACIIFORMES

ALCEDINIDAE

Megaceryle torquata Martim-pescador-grande

Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde

Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno

PICIFORMES

PICIDAE

Melanerpes candidus Pica-pau-branco

Veniliornis spilogaster Picapauzinho-verde-carijó

Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado

Colaptes campestris Pica-pau-do-campo

PASSERIFORMES

THAMNOPHILIDAE

Thamnophilus ruficapillus Choca-de-boné-vermelho

Thamnophilus caerulescens Choca-da-Mata

DENDROCOLAPTIDAE

Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde

Lepidocolaptes falcinellus Arapaçu-escamoso-do-sul

FURNARIIDAE

Furnarius rufus João-de-barro

Schoeniophylax phryganophilus Bichoita

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Synallaxis cinerascens Pi-puí

Synallaxis spixi João-teneném

Cranioleuca obsoleta Arredio-oliváceo

Certhiaxis cinnamomeus Curutié

TYRANNIDAE

Poecilotriccus plumbeiceps Tororó

Myiopagis viridicata Guaracava-de-crista-alaranjada

Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela

Elaenia parvirostris Guaracava-de-bico-curto

Camptostoma obsoletum Risadinha

Serpophaga nigricans João-pobre

Serpophaga subcristata Alegrinho

Myiophobus fasciatus Filipe

Lathrotriccus euleri Enferrujado

Pyrocephalus rubinus Príncipe

Knipolegus cyanirostris Maria-preta-de-bico-azulado

Hymenops perspicillatus Viuvinha-de-óculos

Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno

Xolmis cinereus Primavera

Xolmis irupero Noivinha

Arundinicola leucocephala Freirinha

Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiro

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi

Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado

Megarynchus pitangua Neinei

Empidonomus varius Peitica

Tyrannus melancholicus Suiriri

Tyrannus savana Tesourinha

Myiarchus swainsoni Irré

PIPRIDAE

Chiroxiphia caudata Dançador

TITYRIDAE

Pachyramphus viridis Caneleirinho-verde

Pachyramphus polychopterus Caneleirinho-preto

VIREONIDAE

Cyclarhis gujanensis Gente-de-fora-vem/Pitiguari

Vireo olivaceus Juruviara

Hylophilus poicilotis Verdinho-coroado

CORVIDAE

Cyanocorax chrysops Gralha-picaça

HIRUNDINIDAE

Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa

Alopochelidon fucata Andorinha-morena

Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serradora

Progne tapera Andorinha-do-campo

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Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande

TROGLODYTIDAE

Troglodytes musculus Corruíra

POLIOPTILIDAE

Polioptila dumicola Balança-rabo-de-máscara

TURDIDAE

Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira

Turdus leucomelas Sabiá-barranco

Turdus amaurochalinus Sabiá-poca

COEREBIDAE

Coereba flaveola Cambacica

THRAUPIDAE

Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro

Tachyphonus coronatus Tiê-preto

Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento

Thraupis bonariensis Sanhaçu-papa-laranja

Stephanophorus diadematus Sanhaçu-frade

Pipraeidea melanonota Saíra-viúva

Tangara preciosa Saíra-preciosa

EMBERIZIDAE

Zonotrichia capensis Tico-tico

Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo

Poospiza nigrorufa Quem-te-vestiu

Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro

Sicalis luteola Tipio

Embernagra platensis Sabiá-do-banhado

Volatinia jacarina Tiziu

Sporophila collaris* Coleiro-do-brejo

Sporophila caerulescens Coleirinho

Coryphospingus cucullatus Tico-tico-rei

Paroaria coronata Cardeal

Paroaria capitata Cavalaria

CARDINALIDAE

Cyanocompsa brissonii Azulão-verdadeiro

Cyanoloxia glaucocaerulea Azulinho

PARULIDAE

Parula pitiayumi Mariquita

Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra

Basileuterus culicivorus Pula-pula

Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador

ICTERIDAE

Cacicus chrysopterus Tecelão

Icterus cayanensis Encontro

Amblyramphus holosericeus Cardeal-do-banhado

Agelasticus thilius Sargento

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Chrysomus ruficapillus Garibaldi

Agelaioides badius Asa-de-telha

Molothrus rufoaxillaris Vira-bosta-picumã

Molothrus bonariensis Vira-bosta

Sturnella superciliaris Polícia-inglesa

FRINGILLIDAE

Sporagra magellanica Pintassilgo

Euphonia chlorotica Fim-Fim

Euphonia pectoralis Gaturamo-serrador/Ferro-velho

ESTRILDIDAE

Estrilda astrild* Bico-de-lacre

PASSERIDAE

Passer domesticus* Pardal

Mastofauna

Os mamíferos caracterizam-se externamente pela presença de glândulas mamárias e

corpo coberto por pêlos (cabelos ou vibrissas) em ao menos uma fase da vida. Roedores

(capivaras, ratos e camundongos), carnívoros (graxains, gatos-do-mato, pinípedes),

marsupiais (gambás e cuícas), quirópteros (morcegos), cingulatas (tatus), cetáceos (baleias e

golfinhos) e lagomorfos (lebres) contribuem ecologicamente para os ecossistemas, atuando na

dispersão de sementes, na polinização de flores ou na predação de outros animais e plantas.

São excelentes bioindicadores, já que a diversidade deste grupo aponta desde espécies

tolerantes e adaptadas ao convívio humano até espécies sensíveis e vulneráveis às

modificações ambientais.

Atualmente são conhecidas cerca de 129 espécies de mamíferos continentais para o

Rio Grande do Sul, das quais 32 encontram-se ameaçadas de extinção (FZB 2014). Outras 18

espécies foram, por muito tempo, consideradas “deficientes em dados”, ou seja, não há

conhecimento suficiente para avaliar a sua situação populacional no Estado (FONTANA et

al., 2003). Esta dificuldade de avaliação pode ser atribuída a complexidade de se estudar

animais de comportamento furtivo (discretos, ariscos) e noturno, que apresentam grandes

diferenças corporais e variados hábitos de vida.

A correta diagnose da comunidade de mamíferos de uma determinada região requer a

coleta de dados primários. Tal procedimento utiliza diferentes metodologias que passam pela

visualização de espécies noturnas ou diurnas no ambiente natural, a identificação de pegadas,

fezes ou tocas, a análise de ossos e pêlos excretados por predadores (pelotas de coruja ou

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pelotas fecais de carnívoros), a investigação da incidência de atropelamentos nas rodovias, a

captura com gaiolas (usual para pequenos roedores e marsupiais) ou redes (aplicada para os

morcegos) e a utilização de armadilhas fotográficas (usual para mamíferos de médio e grande

porte) (PETERS; FAVARINI, 2013). Desta forma, como resultado dos trabalhos técnicos

utilizados como referência, nota-se a confirmação da ocorrência de 34 espécies, das quais

apenas uma (gato-do-mato-grande, Leopardus geoffroyi) reune atributos que justificam sua

importância prioritária para conservação a nível estadual e nacional (Tabela 10).

Tabela 8 – Mastofauna confirmada para o Delta do Jacuí e Lago Guaíba, considerando o status conservacionista

regional (RS), nacional (BR) e global (GL). *Espécie alóctone a fauna brasileira. VU- Vulnerável; EP- Em

perigo.

Táxon Nome vernáculo Conservação

RS BR Gl

DIDELPHIMORPHIA

DIDELPHIDAE

Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca

Lutreolina crassicaudata Cuica-da-cauda-grossa

CINGULATA

DASYPODIDAE

Dasypus novemcinctus Tatu-galinha

Dasypus hybridus Tatu-mulita

RODENTIA

CRICETIDAE

Akodon azarae Rato-do-chão

Akodon paranaensis Rato-do-chão

Deltamys kempi Rato-do-chão

Holochilus brasiliensis Rato-do-junco

Oligoryzomys nigripes Camundongo-do-mato

Oligoryzomys flavescens Camundongo-do-campo

Oxymycterus nasutus Rato-focinhudo

Scapteromys tumidus Rato-d'água

MURIDAE

Rattus norvergicus* Ratazana

Rattus rattus* Rato-das-casas

Mus musculus* Camundongo-doméstico

ECHIMYIDAE

Myocastor coypus Ratão-do-banhado

Kannabateomys amblyonyx Rato-da-taquara

CAVIIDAE

Cavia aperea Preá

Hydrochoerus hydrochaeris Capivara

ERETHIZONTIDAE

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Coendou vilossus Ouriço-cacheiro

CHIROPTERA

PHYLLOSTOMIDAE

Glossophaga soricina Morcego-beija-flor

MOLOSSIDAE

Tadarida brasiliensis Morcego-das-casas

Molossus molossus Morcego-da-cauda-grossa

Molossus rufus Morcego-da-cauda-grossa-grande

VESPERTILIONIDAE

Histiotus velatus Morcego-orelhudo

LAGOMORPHA

LEPORIDAE

Lepus europaeus* Lebre

CARNIVORA

FELIDAE

Leopardus geoffroyi Gato-do-mato-grande VU VU

CANIDAE

Cerdocyon thous Graxaim-do-mato

Lycalopex gymnocercus Graxaim-do-campo

MUSTELIDAE

Galictis cuja Furão

Lontra longicaudis Lontra

MEPHITIDAE

Conepatus chinga Zorrilho

PROCYONIDAE

Procyon cancrivorus Mão-pelada

ARTIODACTYLA

SUIDAE

Sus scrofa* Porco-mateiro/ Javali

Fitoplânctons

É um conjunto de organismos fotossintetizantes tipicamente dominados por diatomáceas e

algas verdes. Foram copilados 76 (setenta e seis) táxons distribuídos em 08 (oito) grupos

sendo analisado o micro-habitat e o interesse médico-sanitário. O relatório salientou que não

existem listas oficiais para categorização conservacionista para fitoplânctons.

Tanto o recobrimento do novo emissário de efluentes, quanto a ampliação do porto da

CMPC em Guaíba foram constatadas alterações na coluna de água que afetaram diretamente

os organismos de fitoplânctons. A movimentação do substrato resultou na elevação das

concentrações de nutrientes e metais passados, o que promoveu alteração na vida aquática,

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impactando primeiramente o fitoplâncton. Uma grande quantidade de material particulado

ocupou o espaço que antes era ocupado pelos organismos, fazendo com que a turbidez da

água diminuísse a extensão da zona eufótica e consequentemente a presença de organismos

mais sensíveis. Estes impactos estão diretamente associados às atividades de extração de

areia. Os dados obtidos durante as cinco primeiras campanhas da CMPC confirmaram a

comunidade fitoplanctônica como sendo a primeira a ser diretamente afetada, porém este

grupo é também o primeiro a se recuperar quando a atividade cessa (CEPEMAR/VALE,

2010).

A presença ou ausência, bem como a abundância de algumas espécies reportadas como

comuns nos estudos compilados podem ser indicadores ambientais úteis. Cyanophycea, as

algas-azuis, indicam altas concentrações de nutrientes. Algas-verdes, Chlamydophyceae e

Chlorophyceae, indicam ambientes estressados por eutrofização, acidez e contaminação por

metal. Euglenophyceae são abundantes em ambiente com alta decomposição de matéria

orgânica, todas características associadas ao Lago Guaíba. Cabe também salientar que todos

estes grupos estão amplamente distribuídos na malha hídrica do Lago Guaíba constituindo a

comunidade fitoplanctônica já inventariada e que, com certeza, aparecerá em todos os estudos

futuros. Variações possíveis na dinâmica populacional e comunitária estarão relacionadas a

sazonalidade e aos efeitos imediatos da dragagem de areia, confirmando o grupo como um

dos principais bioindicadores durante o levantamento e o monitoramento biótico vinculados

ao licenciamento ambiental da referida atividade de extração.

De acordo com o DMAE, ficou demonstrado que o fitoplâncton foi a comunidade

aquática que melhor representou as variações das condições do ambiente. De fato, a maior

performance da riqueza dessa comunidade permitiu o reconhecimento de distintos grupos

funcionais de algas com sensibilidades e tolerâncias específicas relacionadas a diferentes

condições ambientais no tempo e no espaço.

Tabela 9 – Lista compilada do Fitoplâncton presente no Lago Guaíba sendo * Em excesso de proliferação pode

ser responsável por entupir filtros e tubulações. **Em excesso de proliferação podem liberar toxinas na água.

(CMPC e Nova Ponte do Guaíba)

Nome Científico Nome Popular Microhabitat Preferencial Espécie de Interesse Médico-

Sanitário

Bacillariophyta

Astetrionella Diatomácea Superfície Não

Amphipleura Diatomácea Fundo, Meio Não

Amphora Diatomácea Todos Não

Aulacoseira Diatomácea Todos Sim*

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Nome Científico Nome Popular Microhabitat Preferencial Espécie de Interesse Médico-

Sanitário

Caloneis Diatomácea Meio Não

Cocconeis Diatomácea Fundo Não

Cyclotella Diatomácea Todos Não

Cymbella Diatomácea Todos Não

Diploneis Diatomácea Todos Não

Eunotia Diatomácea Fundo, Meio Não

Fragillaria Diatomácea Todos Não

Gomphonema Diatomácea Todos Não

Gyrosigma Diatomácea Todos Não

Hantzschia Diatomácea Superfície Não

Hydrosera Diatomácea Superfície Não

Luticola Diatomácea Fundo Não

Melosira Diatomácea Todos Não

Monostyla Diatomácea Superfície Não

Morfo 1 Diatomácea Todos Não

Morfo 2 Diatomácea Todos Não

Navicula Diatomácea Superfície, Fundo Não

Nitzschia Diatomácea Todos Não

Nupela Diatomácea Fundo, Meio Não

Pinnularia Diatomácea Todos Não

Placoneis Diatomácea Superfície Não

Surirella Diatomácea Todos Não

Synedra Diatomácea Todos Não

Tabellaria Diatomácea Meio Não

Terpsinoe Diatomácea Todos Não

Thalassiosira Diatomácea Todos Não

Tryblionella Diatomácea Meio Não

Chlamydophyceae

Chlamydomonas Flagelado Superfície, Meio Não

Eudorina Flagelado Todos Não

Pandorina Flagelado Todos Não

Chlorophyceae

Coelastrum Alga-verde Fundo Não

Cosmarium Alga-verde Todos Não

Desmodesmus Alga-verde Meio Não

Dictyosphaerium Alga-verde Superfície Não

Golenkinia Alga-verde Superfície Não

Kirchneriella Alga-verde Todos Não

Pediastrum Alga-verde Todos Não

Rhipidodendrum sp1 Alga-verde Superfície Não

Rhipidodendrum sp2 Alga-verde Superfície Não

Sphaerocystis Alga-verde Todos Não

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Nome Científico Nome Popular Microhabitat Preferencial Espécie de Interesse Médico-

Sanitário

Tetraedrum Alga-verde Meio Não

Westella Alga-verde Fundo Não

Scenedesmus Alga-verde Superfície Não

Chrysophyceae

Actinastrum Flagelado Meio Não

Chryptomonas Flagelado Todos Não

Dinobryon Flagelado Meio Não

Mallomonas Flagelado Todos Não

Pachycladella Flagelado Meio Não

Synura Flagelado Todos Não

Treubaria Flagelado Fundo Não

Cyanophyceae

Merismopedia Alga Azul Todos Sim**

Microcystis Alga Azul Todos Sim**

Anabaena Alga-azul Todos Sim**

Coelosphaerium Alga-azul Superfície, Meio Sim**

Cylindrospermopsis Alga-azul Fundo Sim**

Oscillatoria Alga Azul Superfície, Meio Sim**

Phormidium Alga-azul Todos Sim**

Planktothrix Alga-azul Fundo Sim**

Pseudoanabaena Alga-azul Todos Sim**

Dinophyceae

Ceratium Dinoplagelado Todos Não

Sphaerodinium Dinoplagelado Superfície Não

Euglonophyceae

Cryptoglena Flagelado Todos Não

Euglena Flagelado Todos Não

Peranema Flagelado Todos Não

Phacus Flagelado Todos Não

Strombomonas Flagelado Todos Não

Trachelomonas Flagelado Todos Não

Zygemaphyceae

Cosmarium Alga-verde Superfície Não

Closterium Alga-verde Meio Não

Desmidium Alga Verde Superfície Não

Staurodesmus Alga-verde Superfície Não

Spyrogira Alga-verde Todos Não

O DMAE realizou levantamento entre os meses de maio e julho de 2014 em pontos de

monitoramento do PISA no lago Guaíba obtendo o seguinte levantamento:

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Tabela 10- Táxons descritores do Fitoplâncton nos pontos de monitoramento do PISA no lago Guaíba/RS, maio

e julho de 2014; %: abundância relativa média. DMAE

Zooplâncton

Zooplâncton é um termo genérico para organismos heterótrofos de diferentes categorias

táxonômicas que utilizam a coluna d’água como hábitat principal (MARGALEF, 1983). Na

comunidade zooplanctônica de água doce encontram-se os cladóceros, copépodes (Crustacea),

rotíferos (Gnathifera) e as amebas, ciliadas e flageladas (Protozoa), sendo estes últimos

raramente incluídos nos estudos em função da difícil amostragem e identificação (GOMES &

GODINHO, 2004). A comunidade planctônica é composta por organismos com grande

sensibilidade às condições ambientais, respondendo a diversos tipos de impactos que alteram

as condições físicas e químicas da água. Em vista disso, são bons indicadores da qualidade de

água (SERAFIM–JUNIOR et al., 2003), na medida que alterações no meio aquático refletem

em mudanças na quantidade de organismos, assim como na composição e diversidade da

comunidade.

Os estudos apresentados informam que as alterações ocorrentes na hidrodinâmica

resultantes do turbilhonamento da água podem causar variações na riqueza, abundância e

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dominância de certos táxons, visto que estes organismos apresentam pouca ou nenhuma

resistência a correntes. Em geral, a concentração maior de zooplânton ocorre nas camadas

mais superficiais, onde existe maior concentração de fitoplâncton. No entanto, em uma das

campanhas da CMPC, houve uma uniformidade na abundância entre os estratos avaliados,

indicando que a possível movimentação sedimentar durante o recobrimento do emissário pode

ter interferido na distribuição destes organismos na coluna d’ água.

Deve-se ponderar também, que a movimentação dos sedimentos pode ocasionar a

suspensão de materiais contaminantes, que podem afetar algumas espécies mais vulneráveis à

poluição. Certos táxons mais sensíveis são geralmente eliminados e os mais resistentes

apresentam grande crescimento quantitativo e tornam-se abundantes, pois não têm que

competir pelo alimento disponível. Dentre os táxons, Thermocyclops sp. é conhecido por

possuir ampla distribuição geográfica e sobreviverem em diferentes habitats, suportando

diferentes condições tróficas (HUTCHINSON,1951; REID et al., 1988 ).

Cabe salientar ainda, que os organismos zooplantônicos apresentam curto ciclo de vida, o

que permite respostas rápidas frente às alterações ambientais. Além do mais, diversos fatores

podem ocasionar variações sazonais na comunidade zooplantônica, como, variações na

hidrologia, disponibilidade de alimento e pressão de predação (DOMIS et al., 2013).”

Tabela 11 – Lista compilado do Zooplâncton presente no Lago Guaíba (CMPC e Nova Ponte do Guaíba).

Nome Científico Nome popular Micro habitat

Preferencial

Hábito

alimentar

CRUSTACEA

Dogielinotidae

Hyalella sp. Larva-de-camarão Macrófitas Onívoro

COPEPODA

Cyclopidae

Cyclops sp. Pulga-d’água Margem Onívoro

Thermocyclops sp. Pulga-d’água Margem Onívoro

Diaptomidae

Notodiaptomus incompositus (Brian, 1925) Pulga-d’água Diverso Herbívoro

Nauplius* Náuplio Diverso Onívoro

Copepodito** Copepodito Diverso Onívoro

CLADOCERA

Bosminidae

Bosmina longirostris (Korinek, 1981) Pulga-d’água Diverso Filtrador

Bosminopsis deitersi (Richard, 1895) Pulga-d’água Superfície Filtrador

Chydoridae

Alona sp. Pulga-d’água Fundo Coletor

Alona ossiani(Sinev, 1998) Pulga-d’água Fundo Coletor

Chydorus sp. Pulga-d’água Fundo Coletor

Camptocercus australis (Sars, 1896) Pulga-d’água Diverso Coletor

Camptocercus sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

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Nome Científico Nome popular Micro habitat

Preferencial

Hábito

alimentar

Graptoleberis sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Kurzia sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Leberis davidi Pulga-d’água Diverso Filtrador

Leydigia sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Nicsmirnovius sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Oxyurella sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Daphnidae

Ceriodaphnia silvestri (Daday, 1902) Pulga-d’água Margem Filtrador

Daphnia sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Simocephalus sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

Moinidae

Moina minuta (Hansen, 1899) Pulga-d’água Diverso Filtrador

Sididae

Diaphanosoma birgei(Korinek, 1981) Pulga-d’água Diverso Filtrador

Ilyocryptidae

Ilyocryptus spinifer (Herrick, 1882) Pulga-d’água Diverso Coletor

Ilyocriptus sp. Pulga-d’água Diverso Coletor

Macrothricidae

Macrothrix sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador

PROTOZOA

Trinema Protozoário Diverso Onívoro

Vorticella Protozoário Diverso Onívoro

Euglypha Protozoário Diverso Onívoro

SPIROTRICHEA

Codonellidae

Codonella Protozoário Diverso Onívoro

TUBELINEA

Arcellidae

Arcella sp.1 Protozoário Diverso Onívoro

Arcella sp. 2 Protozoário Fundo Onívoro

ROTIFERA

Keratella sp. Rotífero Diverso Não

Monostyla sp. Rotífero Diverso Não

Morfo 1 Rotífero Diverso Não

Trichocerca sp. Rotífero Diverso Não

MOLLUSCA

Mytilidae

Limnoperna fortunei Larva-de-mexilhão-dourado Coluna Filtrador

NEMATODA Verme Fundo Coletor

INSECTA

Oribatidae Hidracarino, ácaro-aquático Diverso Parasita

O DMAE também realizou levantamento de Zooplactons nos pontos em que realiza

monitoramento no lago Guaíba nos meses de maio e julho de 2014.

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Tabela 12- Táxons descritores do Zooplâncton nos pontos de monitoramento no lago Guaíba/RS, maio e julho de

2014; %: abundância relativa média. DMAE

Levantamento de invertebrados bentônicos

Conhecidos como Zoobentos ou Macroinvertebrados são organismos visíveis a olho nu

sendo encontrados em sistemas de água doce, salobra ou marinha durante todo ou parte do seu

ciclo de vida (APHA, 1989). Eles podem viver no sedimento ou associados a raízes de plantas

aquáticas, rochas, galhos e folhas sendo denominados bentônicos; ou na coluna d’água e/ou

filme superficial, classificados como planctônicos, nectônicos ou pleustônicos (TACHE et al.,

1987). Os principais representantes deste grupo são os insetos, moluscos, anelídeos e

crustáceos (STENERT et al. 2003).

Os impactos de grande relevância para a fauna de invertebrados bentônicos são àqueles

que atingem à qualidade da água e o substrato do corpo hídrico. O processo de dragagem

pode ser considerado o principal impacto, pois ocorre a remoção do sedimento com os

organismos ali estabelecidos. Esta remoção do substrato juntamente com a fauna bentônica

também irá prejudicar o andamento de outros processos ecológicos, como a ciclagem de

nutrientes, já que estes organismos participam de vários níveis das cadeias alimentares

aquáticas.

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Os estudos realizados junto a CMPC e a nova Ponte do Guaíba, juntos, copilam 51 taxons

da fauna bentônica. Os estudos apontaram que durante o recobrimento do emissário da CMPC

foram constatadas alterações visíveis na composição antes, durante e após a conclusão do

recobrimento. A campanha C6, realizada em janeiro de 2015, condisse justamente com a

campanha anterior a tal obra e apresentou uma abundância de 466 organismos distribuídos em

oito táxons. Na campanha posterior, C7, referente a primeira fase de recobrimento do

emissário, houve um aumento na abundância e na riqueza. Foram contabilizados 859

organismos distribuídos em nove táxons, sendo quatro novas ocorrências em relação a C6.

Em C8, ocorreu redução na abundância de bentos (n=222) e na riqueza (S= 6). Na última fase

da obra (C9), a abundância apresentou leve redução com registro de 206 organismos

bentônicos e uma riqueza constante, sem acréscimo de táxon, demonstrando que o local

estava sofrendo com as obras e atingindo os organismos que vivem diretamente sobre o seu

substrato. Durante a C10, após o recobrimento, a abundância praticamente foi a mesma (n=

212) porém foi registrado um novo táxon demonstrando que a comunidade bentônica tende a

se recuperar rapidamente recolonizando o ambiente assim que cesse os principais impactos

relacionados a suspensão de partículas e alterações no substrato

O monitoramento deste grupo é extremamente importante, visto que há possibilidade de

ocorrência de espécies que se encontram na lista vermelha, sendo elas: Anodontites iheringi e

Mycetopoda legumen (vulnerável); Leila blainvilliana, Diplodon koseritzi e D. iheringi (em

perigo).

Tabela 13 – Lista compilada de Invertebrados Bentônicos presentes no Lago Guaíba. (CMPC e Nova Ponte do

Guaíba)

Nome Científico Nome Popular Microhabita

Preferencial

Espécie de Interesse

Médico-sanitário Conservação

ARTHROPODA

INSECTA

BLATTODEA Barata-aquática Substrato Não -

COLLEMBOLA Saltador Margem Não -

Entomobyidae Saltador Margem Não -

Oribatidae Saltador Margem Não -

COLEOPTERA

Curculionidae Besouro-elefante Substrato Não -

Dryopidae - Substrato Não -

Dytiscidae Besouro Macrófitas Não -

Elmidae Besourinho-d'água Substrato, Macrófitas Não -

Gyrinidae Besouro-girino Superfície Não -

Hydrophilidae - Substrato Não -

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Nome Científico Nome Popular Microhabita

Preferencial

Espécie de Interesse

Médico-sanitário Conservação

Noteridae Besourinho-d'água Substrato Não -

Scirtidae - Substrato, Macrófitas Não -

Staphilinidae - Substrato Não -

DIPTERA

Chironomidae larva Larva-de-mosquito Substrato, Macrófitas Não -

Chironomidae pupa Pupa-de-mosquito Coluna-d'água e

Superfície Não -

Culicidae Larva-de-mosquito Superfície Não -

Tipulidae Larva-de-mosquito Coluna Não -

Tabanidae Larva-de-mosquito Coluna e Superfície Não -

EPHEMEROPTERA

Baetidae Náiade efêmera Substrato, Macrófitas Não -

Leptophlebiidae Náiade efêmera Substrato, Macrófitas Não -

HEMIPTERA

Belostomatidae Baratinha-d'água Substrato, Macrófitas Não -

Gerridae Inseto-jesus Superfície Não -

Hebridae - Substrato, Macrófitas Não -

Notonectidae Inseto-nadador Superfície Não -

Pleidae Percevejo-pulga Substrato, Macrófitas Não -

HYMNOPTERA

Formicidae Formiga Superfície Não Alóctone

Diapridae Vespa-aquática Superfície,

Macrófitas Não -

ODONATA

Coenagrionidae Náiade-libélula Macrófitas Não -

TRICHOPTERA

Hydroptilidae - Coluna Não -

Leptoceridae - Substrato Não -

Odontoceridae - Substrato Não -

ARACHNIDA

Hidracarina Ácaro-d’agua Diverso Não -

Aranae Aranha-aquática Superfície Não -

CRUSTACEA

AMPHIPODA

Talitridae Pulga-d’água Coluna Não -

Dogielinotidae Camarãozinho Macrófitas Não -

ISOPODA Tatuzinho Margem Não Alóctone

QUILOPODA Piolho-de-cobra Margem Não Alóctone

MOLLUSCA

BIVALVIA

Corbiculidae

Corbicula fluminea Berbigão-asiático Substrato Sim Exótica

Corbicula sp. Berbigão Substrato Sim Exótica

Mytilidae

Limnoperna fortunei Mexilhão-dourado Substrato Sim Exótica

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Nome Científico Nome Popular Microhabita

Preferencial

Espécie de Interesse

Médico-sanitário Conservação

Ind. Jovens - Coluna-d'água - -

Mycetopodidae

Anodontites sp. marisco-de-água-doce Substrato Não -

Hyriidae

Castalia sp. Berbigão Substrato Não -

GASTROPODA

Ampullariidae

Pomacea sp. Ampulária Substrato Sim -

Ancylidae Caramujo-chapéu Substrato Sim -

Chilinidae

Chilina sp. - Substrato Não -

Hydrobiidae

Heleobia australis Caramujinho-da-lama Substrato Sim -

Heleobia sp. Caramujinho-da-lama Substrato Sim -

Planorbidae

Drepanotrema sp. Caramujo-chato Substrato, Macrófitas Sim -

ANNELIDA

OLIGOCHAETA Minhoca-d'água Substrato Não -

HIRUDINIDA

Glossiphonidae Sanguessuga Diverso Não -

Levantamento ictiológico

Os estudos vinculados a CMPC e da Ponte do Guaíba copilaram 41 espécies de peixes

no lago, distribuídas em 21 familia. Durante as primeiras fases de recobrimento do emissário

da CMPC, houve o aumento de abundância e riqueza de peixes. Foi observado o incremento

de espécies de hábitos onívoros e detritívoros bentônicos como Genidens genidens e

Platanichthys platana, Rineloricaria cadeae e Ancistrus brevipinnis, respectivamente, além do

incremento de espécies tolerantes como Hoplias malabaricus e Hoplosternum littorale. A fácil

adaptação destas espécies a ambientes impactados lhes possibilita colonizar e estabelecerem-

se de modo mais fácil em ambientes constantemente modificados devido a sua menor

seletividade alimentar, desta forma, acredita-se que sejam espécies que sofreram menos com a

atividade de extração embora possam apresentar variações significativas durante a dragagem.

Os resultados encontrados no ponto mais marginal, que acumulou a maior abundância

e uma das mais altas riquezas, podem estar associados à presença de macrófitas nesta região o

que aumenta a disponibilidade de microhábitats já que podem auxiliar no refugio, local para

desova e na busca de alimentos da ictiofauna presente.

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Seria interessante que as atividades de extração durante os períodos de defeso

(normalmente ocorrentes de 01 de novembro à 31 de janeiro do próximo ano) também

fossem minimizadas, auxiliando na recuperação dos estoques pesqueiros durante a fase de

reprodução, desova e desenvolvimento dos alevinos.

Quanto aos apontamentos feitos pela equipe de ictiofauna da UFRGS, em atenção à

solicitação de informações sobre áreas e períodos de restrições para a prática de mineração e

de metodologias específicas de monitoramento de qualidade ambiental do lago Guaíba em

relação à ictiofauna foram apontadas áreas de restrições e condicionantes importantes para

monitoramento da qualidade ambiental.

Áreas não recomendadas à mineração:

O lago Guaíba possui aproximadamente 90 espécies de peixes, sendo parte das

espécies residentes e parte das espécies migratórias, desenvolvendo parte de seu ciclo de vida

neste corpo d´água. Como sendo praticamente uma extensão da laguna dos Patos, algumas

espécies estuarinas, como por exemplo a tainha (Mugil liza) e o bagre marinho (Genidens

genidens), utilizam o lago Guaíba como região de alimentação (tainha) ou reprodução e

crescimento (Genidens genidens). Não é recomendada a autorização de mineração na área de

ligação entre o lago Guaíba e a laguna dos Patos, por tratar-se de área de passagem destas

espécies.

A região próxima ao delta do rio Jacuí e o próprio delta do rio Jacuí compreendem

áreas de crescimento de espécies de peixes de água doce (p.ex. piava - Leporinus obtusidens),

inclusive de importância comercial e ameaçadas de extinção (dourado – Salminus

brasiliensis). Embora a população desta última espécie apresente um acentuado declínio,

eventualmente ainda se observa a presença de indivíduos jovens na região e áreas próximas.

Não é recomendada a autorização de mineração na área próxima ou interna ao delta do rio

Jacuí por tratar-se de área de alimentação e crescimento de espécies de peixes de água doce.

As áreas com juncos (Schoenoplectus californicus) são áreas que propiciam abrigo

para a desova e reprodução de peixes de água doce (p.ex. peixes-rei – Odontesthes spp. e

traíra – Hoplias malabaricus) e devem ser preservadas. Não é recomendada a autorização de

mineração na área próxima ou interna aos juncais.

Análise da contaminação do sedimento:

O lago Guaíba recebe há décadas a descarga de efluentes industriais e domésticos que

podem ter contribuído na contaminação, de maneira não homogênea, do sedimento no lago. A

mineração revolve o substrato, podendo resultar na liberação de eventuais poluentes

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acumulados ao longo dos anos. É recomendada a análise físico-química do sedimento,

inclusive para a detecção da presença de eventuais elementos ou substâncias poluentes, antes

da autorização de mineração em cada jazida, bem como a análise periódica da pluma

resultante desta atividade.

A atividade de mineração provoca alterações no ambiente pela remoção da areia e

consequente aprofundamento do leito, remoção da camada superficial de sedimento e de

possíveis organismos associados, revolvimento do sedimento e possível liberação de

substâncias acumuladas no substrato.

O monitoramento da taxocenose de peixes representa uma ferramenta importante de

avaliação da qualidade ambiental de ecossistemas aquáticos, embasado no fato de que

assembleias de peixes manifestam efeitos negativos causados tanto pela presença de

poluentes, quanto pelas mudanças na hidrologia da bacia, modificações no habitat, e

alterações das fontes de energia das quais depende a biota aquática. Desta forma, diversas

características de uma comunidade podem se alterar em função de modificações ambientais: o

número de espécies muda se algumas destas forem sensíveis e desaparecerem, da mesma

forma que as abundâncias relativas alteram-se durante o processo de desaparecimento, ou

apenas em função da modificação de determinado recurso explorado por uma ou outra

espécie. Assim, índices como diversidade, riqueza de espécies, e abundância por amostra

podem avaliar situações diferenciadas quanto à qualidade do ambiente.

Entre os efeitos ou danos detectáveis causados por poluentes ou graves alterações

ambientais em peixes, incluem-se as mutações genéticas, doenças, mudanças no

comportamento, disfunções físicas (incluindo disfunções na reprodução), deformações físicas

ou displasias, morte e câncer ou tumores/neoplasias, um número incomum de peixes com

anormalidades estando associado a uma variedade de poluentes presentes no corpo d’água.

Outra ferramenta importante em avaliações de qualidade ambiental é a análise de

aspectos relacionados à reprodução de peixes, sendo que muitos químicos ambientais podem

agir como perturbadores endócrinos e, portanto, influenciar na reprodução de animais em

meio aquático. Estas alterações reprodutivas podem incluir tanto variações morfológicas

quanto no índice gonadossomático, além de modificações em características sexuais

secundárias.

Desta forma, recomenda-se a implantação de mecanismos de monitoramento

ambiental da ictiofauna na área de influência de cada empreendimento de mineração,

incluindo: avaliação quali-quantitativa das espécies de peixes, análise da frequência de

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anomalias morfológicas, acompanhamento do ciclo reprodutivo e desenvolvimento gonadal

das espécies de peixes amostradas nas áreas de interesse dos empreendimentos.

Tabela 14 – Lista compilada da Ictiofauna presente no lago Guaíba CMPC e Nova Ponte do Guaíba. (CMPC e

Nova Ponte do Guaíba)

Nome Científico Nome Popular Microahbitat

Preferencial

Espécie

Cinegética

Espécie de

Interesse

Médico-

sanitário

Conservação

ATHERINIFORMES

Atherinopsidae

Odontesthes bonariensis Peixe-rei Diverso Sim Não NE

CHARACIFORMES

Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus pantaneiro Cachorra Superfície Sim Não EXÓTICA

Characidae

Astyanax fasciatus Lambari Coluna-d'água Não Não NE

Astyanax jacuhiensis Lambari Coluna-d'água Não Não NE

Charax stenopterus Lambari dourado

Oligosarcus jacuiensis Branca Coluna-d'água Não Não NE

Oligosarcus robustus Branca Coluna-d'água Não Não NE

Oligosarcus jenynsii Branca Coluna-d'água Não Não NE

Curimatidae

Cyphocharax voga Birú Fundo Não Não LC

Erythrinidae

Hoplias malabaricus Traíra Diverso Sim Não NE

Anostomidae

Leporinus obtusidens Piava Superfície Sim Não NE

Prochilodontidae

Prochilodus lineatus Grumatã Coluna-d'água Sim Não NE

SILURIFORMES

Ariidae

Genidens genidens Bagre Fundo Sim Sim NE

Callichthyidae

Callicthys callicthys Porrudo, tamoatá Fundo Não Não NE

Corydoras paleatus Porrudinho Fundo Não Não NE

Hoplosternum littorale Porrudo

Não Não NE

Heptapteridae

Pimelodella australis Mandi-amarelo Diverso Não Não NE

Rhamdia quelen Jundiá, bagre Diverso Não Não NE

Loricariidae

Ancistrus brevipinnis Cascudo Fundo Não Não NE

Loricariichthys anus Viola Fundo Sim Não NE

Hypostomus commersoni Cascudo Fundo Sim Não NE

Hisonotus sp. Cascudinho Macrófitas,

Margem Não Não NE

Rineloricaria cadeae Violinha Fundo Não Não NE

Pimelodidae

Rhamdia quellen Jundiá Fundo, Margem Sim Não NE

Pimelodella australis Mandi-amarelo Fundo, Margem Não Não NE

Pimelodus maculatus Pintado Fundo, Margem Não Não NE

Pimelodus pintado Pintado Fundo, Margem Não Não NE

Parapimelodus nigribarbis Mandi Fundo,Margem Não Não NE

Callichthyidae

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Nome Científico Nome Popular Microahbitat

Preferencial

Espécie

Cinegética

Espécie de

Interesse

Médico-

sanitário

Conservação

Hoplosternum littorale Tamboatá Fundo, Plantas Não Não NE

Aspredinidae

Pseudobunocephalus iheringii Guitarreiro Diverso Não Não NE

PERCIFORMES

Cichlidae

Crenicichla punctata Joana Macrófitas,

Margem Sim Não NE

Crenicichla lepidota Joana, michola Coluna-d'água Sim Não NE

Cichlasoma portalegrense Cará-cascudo Macrófitas, Fundo Não Não NE

Geophagus brasiliensis Cará Macrófitas, Fundo Sim Não NE

Gymnogeophagus gymnogenys Cará-cartola Macrófitas, Fundo Sim Não NE

Sciaenidae

Pachyurus bonariensis Corvina, maria-

luíza Coluna-d'água Sim Não ALÓCTONE

CLUPEIFORMES

Clupeidae

Platanichthys platana Sardinha Fundo, Superfície Não Não NE

Engraulidae

Lycengraulis grossidens Manjuba Fundo, Superfície Não Não NE

MUGILIFORMES

Mugilidae

Mugil sp. Tainha Coluna-d'água Sim Não NE

GYMNOTIFORMES

Gymnotidae

Gymnotus carapo Tuvira Margem Não Não NE

CYPRINODONTIFORMES

Poeciliidae

Phalloceros caudimaculatus Barrigudinho Macrófita,

banhado Não Sim NE

Levantamento das unidades de conservação conforme sig fepam/sema:

Em atendimento a legislação estadual e “de acordo com o Código Estadual do Meio

Ambiente (Lei Estadual n° 11.520/2000), no Rio Grande do Sul as Unidades de Conservação

possuem uma área circundante protegida para fins de licenciamentos, que corresponde ao raio

de 10 km a partir de seus limites:

"Art. 55 - A construção, instalação, ampliação, reforma, recuperação,

alteração, operação e desativação de estabelecimentos, obras e atividades

utilizadoras de recursos ambientais ou consideradas efetivas ou potencialmente

poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação

ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental

competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

Parágrafo único - Quando se tratar de licenciamento de

empreendimentos e atividades localizados em até 10 km (dez quilômetros) do

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limite da Unidade de Conservação deverá também ter autorização do órgão

administrador da mesma."

Dessa forma, todo empreendimento ou atividade localizado dentro do raio de 10 km

ao redor dos limites de qualquer Unidade de Conservação localizada no território do Rio

Grande do Sul, seja municipal, estadual ou federal, pública ou privada, cadastrada ou não no

SEUC, necessita da autorização do Órgão Gestor da Unidade de Conservação.” (SEMA-RS)”.

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Abaixo seguem elencadas as UCS localizadas no raio de 10km do Lago Guaíba e suas

respectivas jurisdições:

Tabela 15- Lista de Unidades de Conservação (SEMA/2016)

Unidade de Conservação Jurisdição

Parque Natural Municipal Morro do Osso Municipal

Reserva Biológica do Lami José Lutzemberger Municipal

Parque Estadual do Delta do Jacuí Estadual

Reserva Particular do Patrimônio Nacional Sitio Porto da Capela Federal

Reserva Particular do Patrimônio Nacional Costa do Cerro Federal

Reserva Particular do Patrimônio Nacional Rincão das Flores Federal

Reserva Particular do Patrimônio Nacional Estadual Barba Negra Federal

Parque Estadual de Itapuã Estadual

Parque Nacional Municipal Morro José Lutzemberger Municipal

Fig. 12- Unidades de conservação próximas ao Lago Guaíba.

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Fig. 13- Raio de 10km no entorno das UCs.

Considerações finais sobre a bióta aquatica

Este documento fez um apanhado de informações existentes sobre estudos específicos no

Lago Guaíba que no qual deve ser submetido à análise do Comitê do Lago Guaíba para servir,

juntamente com outros estudos (geológicos, hídricos, físico-químicos, etc) e informações, de

subsidio para tomada de decisão quanto a atividade de mineração (extração de areia) no Lago

Guaíba.

Em havendo autorização para que atividade de mineração (extração de areia) ocorra no

Lago Guaíba, com base nas informações levantadas neste relatório, as medidas abaixo são

importantes, em relação à biota aquática, e devem ser empregadas para monitoramento e

controle da qualidade ambiental:

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1- Todas as coletas de dados realizadas pelos empreendedores deverão utilizar a

mesma metodologia contida neste relatório. Esta media possibilita o cruzamento

de informações e melhor conhecimento do Lago e de seu comportamento ao

antropismo causado pela extração de areia;

2- Todas as embarcações deverão possuir sistema de rastreamento via satélite com

desligamento automático das bombas de sucção, pois é uma ferramenta importante

para garantir a não intervenção nas áreas de restrições e controle;

3- Deverão ser restrito de atividades as áreas contempladas por Unidades de

Conservações e a operação dentro da área de influência (10km) deverá estar

vinculada a autorização do respectivo gestor, bem como adoção das medidas

protetivas por ele mencionadas;

4- Seguem as metodologias específicas indicadas para cada grupo da biota aquática;

4.1- Quanto à periodicidade dos monitoramentos - Considera-se pertinente a

realização de campanhas sazonais durante o primeiro ano de monitoramento para

todos os grupos bióticos selecionados e posterior avaliação dos dados podendo

seguir-se com as campanhas sazonais ou alterando a periodicidade para campanhas

semestrais;

4.2- Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Indireta – AII

- Inicialmente sugere-se que sejam contemplados pontos controle, ou seja, que

não pertençam à área diretamente afetada pela extração de areia. Estes pontos

devem estar alocados de maneira a contemplar áreas de canal e margem do Lago

Guaíba em um raio de distância das áreas de interesse de no máximo 10 km. Estes

pontos podem ser os mesmos para todos os pedidos de licença solicitados, desta

forma, a associação de empreendedores do ramo pode legitimar o custeio dos

estudos;

4.3- Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Direta – AID-

Como as áreas para extração terão dimensões variadas, na tentativa de

padronizar a coleta de dados sugere-se que a cada 01km² sejam efetuados 02

pontos de amostragem para cada um dos grupos pertencentes à Biota Aquática;

4- Quanto aos Fitoplânctons- As coletas deverão ser diurnas, preferencialmente

ocorrentes entre o período das 11h às 16h devido a maior intensidade de luz solar

no corpo d’água. Serão realizadas amostragens em dois estratos: superfície e fundo

através de uma rede modelo cônico-cilíndrico com malha de 20 micra (Limnotec),

bóia e peso compatíveis. A rede permanecerá fixada à embarcação e ficará exposta

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contra a correnteza por aproximadamente 15minutos em cada um dos estratos. Se

não houver corrente de água suficiente, padronizar a velocidade mínima da

embarcação e locomover-se pelo período de exposição determinado. As amostras

contidas no copo coletor serão fixadas em formalina neutralizada a 2%;

4.1- Para a triagem, ocorrerá a homogeneização da amostra através da agitação do

frasco. Como a amostra encontra-se concentrada, será separado 01mL para ser

analisado em uma câmara de Sedgewick Hafter. A triagem e identificação ocorrerá

sob microscópio invertido, visando a coleta de informações quantitativas e

qualitativas. Para garantir o bom aproveitamento qualitativo da amostra ainda

serão analisadas mais quatro câmaras totalizando 05mL. Os organismos

encontrados serão contabilizados e identificados até gênero, através de bibliografia

especializada como Komarek e Foot (1983), Komárek e Anagnostidis (1999),

Komárek (2003), Komárek et al. (2003), Round et al. (1990), Krammer e Lange-

Bertalot (1986), Krammer e Lange-Bertalot (1988);

5- Quanto aos Zooplânctos- As coletas de zooplâncton deverão ser diurnas,

preferencialmente realizadas entre o período das 11h às 16h. Deverão ser

amostrados dois estratos da coluna da água: superfície e fundo através de uma rede

modelo cônico-cilíndrico com malha de 100 micra (Limnotec), boias e pesos

adicionáveis. A rede permanecerá fixada à embarcação e ficará exposta contra a

correnteza por aproximadamente 15minutos em cada um dos estratos. Se não

houver corrente de água suficiente, padronizar a velocidade mínima da

embarcação e locomover-se pelo período de exposição determinado. O material

coletado será acondicionado em frascos de polietileno devidamente etiquetados e

fixados em solução de formalina a 4%.

5.1- A composição zooplanctônica será avaliada utilizando-se lâminas e lamínulas

comuns, microscópio estereoscópico, microscópio óptico e registro de imagens. A

identificação das espécies será realizada com auxílio de literatura especializada:

Koste (1978) e Nogrady e Segers (2002) para Rotifera; El Moor-Loureiro (1997) e

Gazulha (2012) para Cladocera; Dussart e Defaye (1995) e Gazulha (2012) para

Copepoda. Rotíferos e microcrustáceos (cladóceros e copépodos) serão, sempre

que possível, identificados em nível de espécie. Já o protozooplâncton (ciliados e

amebas testáceos) e demais componentes da comunidade serão descritos somente

como grupos sistemáticos.

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6- Quanto aos Invertebrados Bentônicos- As amostragens deverão ser realizadas

através de uma draga do tipo Van Veen. Neste caso, três sub-amostras de substrato

serão coletadas em cada ponto amostral por remoção, ou seja, por coletas

sucessivas no mesmo local (BICUDO & BICUDO 2004) a partir da embarcação.

A variação no esforço de amostragem é necessária para assegurar uma medida

representativa da riqueza total e composição de macroinvertebrados de cada área

(GOTELLI & COLWELL, 2001) priorizando-se o substrato justamente por tratar-

se de organismos que vivem sob ou sobre o mesmo. No caso de pontos amostrais

marginais, deverão ser incluídas 03 varreduras com rede entomológica do tipo

puçá principalmente entre plantas aquáticas, troncos e/ou substratos mais rasos. As

amostras de macroinvertebrados serão acondicionadas e fixadas em formalina

10%. Não serão realizadas coletas em outros estratos (superfície ou meio) porque

os poucos registros para o grupo de bentônicos é caracterizado pela presença de

exúvias à deriva e organismos muito jovens, de dimensão reduzida e hábito

planctônico que, neste caso acabam integrando componentes da fauna

zooplanctônica como larvas de Mollusca e Nematoda.

6.1- As amostras deverão ser lavadas em uma peneira de 250μm para retirar

folhas, caules e outros detritos. Os macroinvertebrados serão separados e

identificados em nível de família ou gênero (quando possível) de acordo com

Lopretto e Tell (1995), Merritt e Cummins (1996), Fernández e Dominguez (2001)

e outros.

6.2- As atividades de mineração deverão ser suspensa caso ocorra a presença de

invertebrados bentônicos descrito na lista vermelha, com atenção especial para a

possível ocorrência das seguintes espécies: Anodontites iheringi e Mycetopoda

legumen (vulnerável); Leila blainvilliana, Diplodon koseritzi e D. iheringi (em

perigo);

7- Quanto à ictiofauna- Deverão ser realizadas amostragens mensalmente nos meses

de reprodução da maioria das espécies de peixes (de novembro a março) além de

amostragens bimensais representando os meses de outono e inverno, com coletas

previstas para os meses de maio e agosto. As amostragens deverão ser realizadas

com baterias de redes de espera de diferentes malhagens (redes de 20 x 1,5m e 1,5,

2,5, 3,5, 4,5 e 6,0cm entrenós adjacentes) e arrastos de margem em pontos de

especial interesse a serem definidos durante a primeira campanha de amostragens.

As redes deverão ficar expostas por um período mínimo de 6hs. Os pontos de

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amostragem devem ser localizados dentro da área a ser minerada, considerando os

diferentes ambientes incluídos na mesma, além de pelo menos um ponto controle

em área o mais livre possível de alteração por ação antrópica;

7.1- Os espécimes capturados deverão ser triados, identificados em nível de

espécie e quantificados por ponto e evento de coleta e soltos, salvo exceções de

coleta para atendimento de condicionantes específicas. A composição da

ictiofauna em cada ponto e evento de amostragens deverá ser analisada segundo os

índices de Constância de Ocorrência, Diversidade de Espécies de Shannon &

Wiener, Grau de Dominância de Simpson e Equitabilidade;

7.2- Para a avaliação da taxocenose de peixes quanto à ocorrência de possíveis

anomalias morfológicas (displasias e neoplasias), os exemplares deverão ser

individualmente analisados visando a observação de deformidades físicas

(displasias) e tumores (neoplasias) observados externamente nos olhos, pele,

escamas, coluna vertebral, ossos do crânio e nadadeiras. Diferentes contaminantes

podem ocasionar diversas respostas em um mesmo organismo, agindo sobre

tecidos ou órgãos distintos e particulares. Sendo assim, ocorrências de displasias

ou neoplasias devem ser registradas e analisadas separadamente de acordo com o

órgão ou tecido afetado, sendo classificadas e agrupadas em categorias. Os

resultados obtidos deverão ser analisados por ponto de coleta, evento e espécie,

testando a significância do número e tipo de anomalias registradas para cada um

destes parâmetros;

7.3- Para o acompanhamento do ciclo reprodutivo, deverão ser selecionadas duas

ou mais espécies dentre as mais constantes em todos os pontos de coleta e que

apresentem usos de hábitat distintos, como espécies que vivem junto ao fundo e

que se deslocam por toda coluna d'água. O ciclo reprodutivo deverá ser

acompanhado através do cálculo do Índice Gonadossomático (IGS) e da

distribuição das frequências de indivíduos em diferentes etapas de maturação

gonadal. A proporção de machos e fêmeas nos diferentes pontos e eventos de

coleta também deverá ser acompanhada. Exemplares das espécies selecionadas

para o acompanhamento reprodutivo deverão selecionados para a análise

histológica das gônadas, visando um melhor acompanhamento do

desenvolvimento e definição de etapas de maturação gonadal, além da

investigação de presença de formações anômalas, neoplasias ou atresia massiva

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nas gônadas. Poderão ser selecionados aleatoriamente cinco exemplares de cada

espécie por ponto de coleta (quando o número amostral permitir);

7.4- As atividades de extração durante os períodos de defeso, ocorrentes de 01 de

novembro à 31 de janeiro do próximo ano, deverão ser suspensas, auxiliando na

recuperação dos estoques pesqueiros durante a fase de reprodução, desova e

desenvolvimento dos alevinos;

7.5- Não poderá ocorrer mineração na área de ligação entre o lago Guaíba e a

laguna dos Patos, por tratar-se de área de passagem de espécies de relevante

interesse ambiental. Inicialmente a área protegida contempla uma metragem de

aproximadamente 6.000m de comprimento 5.500m de largura e poderá ser alterada

conforme os monitoramentos biológicos do lago;

7.6- Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna ao delta do rio Jacuí

por tratar-se de área de alimentação e crescimento de espécies de peixes de água

doce. Estes locais compreendem áreas de crescimento de espécies de peixes de

água doce (p.ex. piava - Leporinus obtusidens), inclusive de importância comercial

e ameaçadas de extinção (dourado – Salminus brasiliensis);

7.7- Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna aos juncais

(Schoenoplectus californicus). São áreas que propiciam abrigo para a desova e

reprodução de peixes de água doce (p.ex. peixes-rei – Odontesthes spp. e traíra –

Hoplias malabaricus) e devem ser preservadas.

8- Os monitoramentos de fauna terrestre e semi aquática deverão ser realizados pelos

empreendimentos cujo poligonal ambiental licenciada localiza-se frontalmente ás

margens. Considera-se como área passível de influência da atividade sobre a

fauna, a distância de até dois quilômetros em relação ao perímetro de extração de

cada empreendimento;

9- Quanto à herpetofauna - A metodologia utilizada no monitoramento constitui-se de

pontos de escuta (para anfíbios) e busca ativa por encontros visuais (para répteis e

anfíbios). A nomenclatura científica e a ordenação taxonômica das espécies

deverão seguir a classificação atualmente utilizada pela Sociedade Brasileira de

Herpetologia para anfíbios (SBH, 2012a) e répteis (SBH, 2012b)

9.1- Pontos de escuta: conforme mencionado anteriormente, para monitoramento

dos anfíbios será utilizada a metodologia de pontos de escuta de HEYER et al.

(1994). Deste modo, a unidade de esforço será de um transecto de 500 metros de

extensão, no qual serão distribuídos um ponto de escuta a cada 100 metros (05

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pontos/transecto). Os transectos deverão ser percorridos a noite, visando registrar

as espécies em atividade de vocalização. A quantificação dos registros vocais será

aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos em

atividade/ponto;

9.2- Busca ativa: conforme supracitado, a unidade de esforço para busca ativa

corresponderá a um transecto de 500 metros de extensão. Para tanto, são

vasculhados todos os microhábitats que podem ser utilizados como abrigo ou área

de forrageio por este grupo, tais como a margem de corpos d’água, dentro de

gravatás e bromélias, embaixo de troncos ou pedras, tocas ou materiais de origem

humana (entulhos, telhas, caliça). Os transectos deverão ser percorridos durante o

dia, visando registrar as espécies em atividade ou abrigo. A quantificação dos

registros será aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos por

transecto

10- Quanto à avifauna- A ordenação taxonômica e a nomenclatura vernácula para as

espécies citadas deverão seguir o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos

(CBRO, 2014). O monitoramento da avifauna deverá ser realizado através da

seguinte técnica amostral:

10.1- Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a

um transecto de 500 metros de extensão. Durante o percurso serão adotados todos

os indivíduos registrados por contato visual ou auditivo. A abundância de cada

espécie será apresentada através do Índice Quilométrico de Abundância (IQA),

que é igual ao número de contatos obtido dividido pela distância percorrida

(ALEIXO & VIELLIARD, 1995);

11- Quanto à mastofauna- A nomenclatura e a ordenação taxonômica deverão seguir

WILSON & REEDER (2005), sendo as atualizações discutidas e expostas ao

longo do texto. As técnicas de amostragem deverão priorizar a ocorrência de

mamíferos de médio ou grande porte, cujo peso médio do indivíduo adulto

ultrapassa um quilo.

11.1- Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a

um transecto de 500 metros de extensão, realizado em período crepuscular. Na

execução deste método, será efetivada a busca visual (determinação direta) por

espécimes encontrados em atividade ou em refúgios. Paralelamente será realizada

a busca por vestígios, como pegadas, marcas e padrão de mordidas em frutos

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secos, marcas odoríferas, tocas e fezes (determinação indireta), segundo BECKER

& DALPONTE (1991) e OLIVEIRA & CASSARO (2005).

12- Laudo técnico conclusivo sobre os monitoramentos e eventuais impactos causados

pela mineração de areia no lago Guaíba, bem como sugestões de medidas

mitigatórias e novas restrições. Todas as informações técnicas acima elencadas

deverão estar acompanhadas da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do

profissional responsável.

MEIO SOCIOECONÔMICO

Estrutura econômica e organização social

As principais atividades econômicas desenvolvidas na bacia são agricultura e pecuária,

indústria, comércio e serviços. Ao norte do lago encontra-se a confluência de quatro rios

(Jacuí, Caí, dos Sinos e Gravataí), que formam o conjunto de ilhas fluviais que compõem o

delta do Jacuí. Em seu maior eixo, norte-sul, o lago é atravessado pelo canal de navegação e,

ao sul, as águas do lago têm conexão com a laguna dos Patos. O comprimento do lago é de

cerca de 50 km e sua largura varia de 900 m a 19 km, com a área da lâmina d’água variando

de 470 a542 km2. A vazão média anual é de 1.888,35 m3.s-1 (RIO GRANDE DO SUL,

2007). O fluxo dos rios, a direção e intensidade dos ventos e o nível da laguna dos Patos são

os principais fatores controladores da hidrodinâmica do lago (NICOLODI, 2007).

A Prefeitura Municipal de Guaíba, através das suas Secretarias de Desenvolvimento e

Planejamento, vem desenvolvendo ações no sentido de aprimorar e expandir a infra-estrutura

industrial e comercial de Guaíba, de forma a tornar o Município atraente e em condições de

acolher investimentos externos. Podem ser destacados três projetos: Terminal Multimodal e

Industrial do município e a Travessia hidroviária Porto Alegre – Guaíba e Implantação de

nova Interseção com acesso a Guaíba.

Eldorado do Sul, pela origem da região metropolitana, tem relação direta com Porto Alegre, e

muitos de seus moradores se deslocam diariamente para estudar e/ou para trabalhar na capital

do estado.

A taxa de analfabetismo de Eldorado do Sul tem índices semelhantes à região

metropolitana de Porto Alegre, 7,42%.

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Em Eldorado do Sul, destaca-se a orizicultura, juntamente com a pecuária com gado

de corte e a silvicultura (devido à força da indústria de celulose na região). No setor industrial,

a empresa Oderich de alimentos e enlatados é uma das mais importantes do município, o setor

agropecuário representa de 24% a 36% da economia.

Do município inicial de Porto Alegre, surgiu em 1959 o município de Barra do

Ribeiro. O povoamento desta região iniciou-se em 1800. O município tem este nome devido

ao encontro do Arroio Ribeiro com o Rio Guaíba. O Arroio que corta todo o município de

sudeste a nordeste, da zona rural a urbana desemborcando no Guaíba, muito utilizado como

atracadouro de embarcações de moradores da cidade. Pesca amadora (pintado, jundiá, traíra

entre outros). Muito importante na irrigação de lavouras e pecuária.

Ao desembocar no "Guaíba" no verão, forma uma coroa de areia de um lado ao outro das

margens, formando assim a "Barra do Ribeiro". O início do povoamento da sede data de

1800, com a chegada dos açorianos, predominando o elemento português na formação da

população. Em 1874, reinicia-se no RS a corrente migratória que iria atrair, para localidades

do meio rural da região colônias de poloneses, alemães e italianos, que desta forma tivera

também, grande influência na formação étnica da população do município de Barra do

Ribeiro. O município teve origem na charqueada de Antônio Alves Guimarães, instalada na

sesmaria que lhe fora concedida por Dom Luís de Vasconcelos e Souza, em 1780. Sua

denominação de Charqueada foi substituída pela de Barra, mais tarde para Barra do Ribeiro,

devido sua localização geográfica no encontro do Arroio Ribeiro com o Rio Guaíba.

A areia é um elemento fundamental em qualquer construção. É usada em várias partes,

desde as fundações até as coberturas passando pela estrutura, vedações e acabamentos,

rodovias, barragens, pontes, entre outros. Para cada finalidade deve ser escolhido um tipo,

variando a granulometria e a pureza do material.

A importância do empreendimento em análise, no contexto econômico social da

Região e dos 14 municípios, é evidente, tendo em vista as gerações de empregos que dele

decorrerão.

Geração de tributos municipais, estaduais e federais. Geração de empregos e rendas induzidas

pelos gastos das rendas diretas e indiretas geradas.

Além dos benefícios socioeconômicos diretamente decorrentes dos empreendimentos,

inúmeros desdobramentos apresentam fortes possibilidades de ocorrerem, dando origem a

vários empreendimentos associados e decorrentes do empreendimento em análise,

promovendo a ampliação de geração de empregos e da geração de tributos.

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Perfil da cidade de Porto Alegre

Geral

Prefeito: José Fortunati

Vice-Prefeito: Sebastião Melo

Data da fundação: 26/03/1772

Munícipio de origem: É um dos 4 municípios iniciais do RS.1

Divisão Territorial: 81 bairros

Regiões de Gestão do Planejamento - RGPs: 8

Regiões do Orçamento Participativo - ROPs: 17

Demográfico e Socioeconômico

População Total (2014): 1.480.967 habitantes

População feminina (2014): 794.603

População masculina (2014): 686.364

Densidade Demográfica (2013): 2.868,3 hab/km²

Expectativa de Vida ao Nascer (2010): 76,42 anos

Coeficiente de Mortalidade Infantil (2013): 9,27 por mil nascidos vivos

PIB (2013): R$ mil 57.379.336,78

PIB per capita (2013): R$ 39.091,64

Exportações Totais (2014): U$ FOB 2.253.593.941

Idese (2013): 0,814

Idese Educação (2013): 0,0,715

Idese Renda (2013): 0,0,904

Idese Saúde (2013): 0,0,821

IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (2010): 0,805

IDHM Renda (2010): 0,867

IDHM Longevidade (2010): 0,857

IDHM Educação (2010): 0,702

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IVS – Índice de Vulnerabilidade Social (2010): 0,249

IVS Infraestrutura Urbana (2010): 0,322

IVS Capital Humano (2010): 0,263

IVS Renda e Trabalho (2010): 0,161

Geográfico

Área Territorial (2015): 496,684 Km²

Área do Guaíba: 466 Km²

Extensão da Orla: 72 Km

Ponto mais alto: 311m

Altitude: 10m do nível do mar

Clima: subtropical úmido

Temperatura Média Anual: 19,5 ºC

Fuso horário: GMT -3h

Coordenadas Geográficas de Porto Alegre:

Latitude Sul: -30.01’59”

Longitude Oeste: -51º13’48”

Ciência & Tecnologia

Escolas Técnicas: 75

Instituições de Ensino Superior (IES): 40

Incubadoras: 06

Parques Tecnológicos: 02

Trabalho

Taxa de Desemprego (2013):

Total: 5,6%

Homens: 4,7 %

Mulheres: 6,5 %

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Educação

Estabelecimentos de Ensino (2010): 1.015

Número de estabelecimentos distribuídos por rede de ensino (2010):

Federal: 5

Estadual: 257

Municipal: 96

Particular: 657

Número de Matrículas (2010): 317.234 alunos

Distribuição de matrículas efetivadas por rede de ensino (2010):

Estadual: 159.760

Federal: 3.015

Municipal: 54.104

Particular: 100.355

Taxa de analfabetismo 15 anos ou mais (2010): 2,28 %

Meio Ambiente e Infraestrutura

Árvores em vias públicas (2014): 1,3 milhão

Número de Parques/Parques urbanos (2014): 12

Número de Praças (2014): 618

Reserva Biológica (2014): 1 (um)

Áreas verdes (em m²) (2014): 21.301.007

Ambiente Natural (em %): 69,1

Ambiente Construído (em %): 30,9

Mobilidade Urbana

Frota de Ônibus (2013): 1.705

Idade média da frota de ônibus (2011): 4,13 anos

Frota de Lotação (2014): 437

Idade média da frota de lotação (2014): 4,55 anos

Frota de Táxi (2010): 3.922

Idade média da frota de táxi (2010): 2,86

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Saneamento e Serviços Básicos

Abastecimento de água adequado (2010): 99,35%

Coleta de lixo adequada (2010): 99,72%

Esgoto sanitário adequado (2010): 93,9%

Existência de energia elétrica (2010): 99,9%

Existência de medidor de energia elétrica (2010): 99,2%

Saúde e infraestrutura

Número de Unidades Básicas de Saúde (2014): 51

Número de Centros de Saúde (2014): 7

Número de equipes Unidades de Saúde da Família (2014): 206

Número de Leitos Hospitalares (2010): 7.328

Leitos por mil habitantes (2010): 5,20

Turismo

Oferta hoteleira (2012): 8.139 apartamentos ou 15.403 leitos

Taxa de ocupação média em 2012: 58,76%

Domiciliar

Número de domicílios particulares permanentes (2010): 508.456

Média de moradores por domicílios particulares ocupados (2010): 2,8

% de rendimento domiciliar per capita sem rendimentos (2010): 2,8%

% de rendimento domiciliar per capita de até 2 sm (2010): 52,9%

% de rendimento domiciliar per capita de até 5 sm (2010): 78,6%

Taxa de alfabetização na população de 10 anos e mais (2010): 97,8%

% população residente com pelo menos uma das deficiências invest. (2010): 23,9%

% população residente por cor ou raça (2010): negros 20,2%

% população residente por cor ou raça (2010): não negros 79,8%

% domicílios particulares permanentes com energia elétrica (2010): 99,9%

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% domicílios particulares permanentes com telefone (2010): 97,5%

% domicílios particulares permanentes com somente telefone fixo (2010): 4,5%

% domicílios particulares permanentes com somente telefone móvel (2010): 29,6%

% domicílios particulares permanentes com automóvel p/ uso particular (2010): 52,0%

% domicílios particulares permanentes com computador (2010): 64,2%

% domicílios particulares permanentes com acesso a internet (2010): 56,1%

% domicílios particulares permanentes sobre o entorno do domicílio (2010):

Com iluminação pública 93,8%

Com pavimentação 87,9%

Com calçada 77,0%

Com arborização 82,7%

Com esgoto a céu aberto 5,2%

Com lixo acumulado no logradouro 6,0%

Com rampa para cadeirante 23,2%

Processo de ocupação e aspectos demográficos

As primeiras ocupações de Porto Alegre, por volta de 1740, consistiam em

aproximadamente 400 pescadores agrupados na foz original do arroio Dilúvio, antiga praia do

Riacho, atualmente Avenida Loureiro da Silva (HAUSMAN, 1963, apud DIAS, 2011). Em

1780, a população de aproximadamente 1.500 pessoas sai das margens do arroio Dilúvio em

direção a área central de Porto Alegre, com a primeira indústria de Porto Alegre, a olaria. O

município começa a exportar produtos para localidades próximas e ocorre o seu primeiro

grande incremento populacional, passando a contar com 3.900 habitantes em 1803 e chegando

a 5.000 pessoas em 1807.

Porto Alegre foi um dos quatro municípios iniciais do Rio Grande do Sul (os demais

eram: Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha), seus nomes anteriores foram:

Porto do Dorneles, Porto do Viamão, Porto de São Francisco dos Casais, Porto dos Casais e

Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, contando com uma população total de 6.111

habitantes conforme o recenseamento de 1814 (FEE, 1981). A urbanização de Porto Alegre

pode ser sistematizada em cinco fases distintas, em função de fatores populacionais,

econômicos, institucionais, locacionais e socioculturais, sendo elas: ocupação do território;

trigo; imigração; industrialização e; metropolização (SOUZA e MÜLLER, 2007 apud DIAS,

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2011). Todas essas fases buscam analisar o crescimento urbano percebendo que “um núcleo

urbano sofre modificações quantitativas e/ou qualitativas em sua população quando ocorrem

modificações quantitativas e/ou qualitativas em suas funções” (MULLER, 1974 apud DIAS,

2011).

A primeira fase denominada “ocupação do território” abrange o período de 1680 a

1772. O povoamento da cidade iniciou-se em 1752 com a chegada de 60 casais portugueses

açorianos trazidos por meio do Tratado de Madri para se instalarem nas Missões, região do

Noroeste do Estado que estava sendo entregue ao governo português em troca da Colônia de

Sacramento, nas margens do Rio da Prata. Com a demora na demarcação dessas terras, os

açorianos permaneceram no então chamado Porto de Viamão, primeira denominação de Porto

Alegre. A cidade foi fundada em 26 de março de 1772.

A segunda fase abrange o período de 1772 a 1820 e é marcada por um incremento

populacional, chegando a uma população de 10.000 pessoas no final do período, e um

crescimento na produção de trigo, que alavanca o desenvolvimento da economia urbana de

Porto Alegre. Em 24 de julho de 1773, houve a mudança da capital de Viamão para Porto

Alegre. Em 1774 foram inauguradas a Praça XV, a Praça da Alfândega e a da Matriz.

A terceira fase, marcada pelo crescimento populacional em consequência de

imigrações, abrange o período de 1820 a 1890 e favorece o aumento da produção agrícola

com a chegada de imigrantes alemães e italianos. A partir de 1824, a cidade passou a receber

imigrantes de todo o mundo, em particular alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses,

judeus e libaneses. De 1820 a 1833 a população cresceu de forma lenta, aumentando em

pouco mais de 2.000 habitantes em 13 anos. Já a partir do término da Guerra do Paraguai, em

1872, e com o incremento de população imigrante, a população apresentou um acentuado

crescimento, conforme o gráfico da figura 14.

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Figura 14- Crescimento da população do município de Porto Alegre no período de 1740 a 2010.

Elaboração: DIAS, 2011. Fonte dos dados: Hausman, 1963 e IBGE, 2011.

A quarta fase abrange o período no qual ocorreram as duas grandes guerras mundiais,

iniciando em 1890 até 1945 e é caracterizada pela industrialização. Em 1910 a população

chega a 110.000 habitantes e em 1940 atinge 272.232 habitantes.

A quinta e última fase abrange o período de 1945 à atualidade, marcado pela

metropolização, quando a expansão das indústrias busca acessos à região sudeste do país,

seguida de uma ocupação urbana extrapolando os limites da cidade de Porto Alegre e

formando uma Região Metropolitana de Porto Alegre. Com esse processo, a industrialização

reduz-se na capital, diversifica-se a prestação de serviços, ocorre um aumento da população

de baixa renda, as zonas norte e nordeste da cidade apresentam maior densidade populacional

com uma população operária e comercial, a zona central, densamente ocupada, divide seu

território com o comércio e ocorre uma expansão de uma população de médio a alto poder

aquisitivo para a zona sul, ao longo do Lago Guaíba.

Em 2014, a cidade contava com 1.480.967 habitantes representando 13,2% da

população do Estado do Rio Grande do Sul. Com área igual a 496,682 km², possui densidade

populacional igual a 2.981,7 hab/km2. A Tabela 16 mostra a situação demográfica de Porto

Alegre por bairro nos anos 1996, 2000 e 2010. O gráfico da figura 15 elenca os bairros de

Porto Alegre de maior população em 2010.

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Tabela 16: Situação demográfica dos bairros de Porto Alegre – 1996, 2000 e 2010.

Fonte: Anuário Estatístico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2014. Fonte dos dados:

IBGE, Contagem populacional 1996 e Censos 2000 e 2010.

A Região Centro tem 19,64% da população do município, com densidade demográfica

de 10.646,12 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 0,51% e o rendimento médio

dos responsáveis por domicílio é de 8,81 salários mínimos. A Região é composta pelos

bairros: Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Centro, Cidade Baixa, Farroupilha,

Floresta, Independência, Jardim Botânico, Menino Deus, Moinhos de Vento, Mont´Serrat,

Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Cecília e Santana.

A Região Centro Sul é composta pelos bairros: Camaquã, Campo Novo, Cavalhada,

Nonoai, Teresópolis e Vila Nova, têm 7,87% da população do município, com densidade

demográfica de 3.847,64 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 2,08% e o

rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 4,09 salários mínimos.

A Região Cristal é composta pelo bairro de mesmo nome. A Região tem 1,96% da

população do município, com densidade demográfica de 7.056,38 habitantes por km². A taxa

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de analfabetismo é de 2,28% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 5,26

salários mínimos.

Figura 15- Bairros de Porto Alegre com maior população (em milhares de pessoas) - 2010

Fonte: Anuário Estatístico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2014. Fonte dos dados:

IBGE, Censo 2010.

A Região Cruzeiro é composta pelos bairros: Medianeira e Santa Tereza. A Região

tem 4,64% da população do município, com densidade demográfica de 9.590,62 habitantes

por km². A taxa de analfabetismo é de 4,13% e o rendimento médio dos responsáveis por

domicílio é de 3,83 salários mínimos.

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A Região Eixo Baltazar é composta pelos bairros: Passo das Pedras e Rubem Berta. A

Região tem 7,13% da população do município, com densidade demográfica de 8.375,15

habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 1,92% e o rendimento médio dos

responsáveis por domicílio é de 3,12 salários mínimos.

A Região Extremo Sul é composta pelos bairros: Belém Novo, Chapéu do Sol,

Lageado, Lami e Ponta Grossa. A Região tem 2,47% da população do município, com

densidade demográfica de 300,60 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 3,29% e o

rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,92 salários mínimos.

A Região Glória é composta pelos bairros: Belém Velho, Cascata e Glória. A Região

tem 3,00% da população do município, com densidade demográfica de 2.324,68 habitantes

por km². A taxa de analfabetismo é de 3,29% e o rendimento médio dos responsáveis por

domicílio é de 2,80 salários mínimos.

A Região Humaitá-Navegantes é composta pelos bairros: Anchieta, Farrapos,

Humaitá, Navegantes e São Geraldo. A Região tem 3,10% da população do município, com

densidade demográfica de 2.891,40 habitantes por Km². A taxa de analfabetismo é de 2,56% e

o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 3,22 salários mínimos.

A Região Ilhas é composta pelo bairro: Arquipélago. A Região tem 0,59% da

população do município, com densidade demográfica de 188,46 habitantes por km². A taxa de

analfabetismo é de 7,71% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,03

salários mínimos.

A Região Leste é composta pelos bairros: Bom Jesus, Chácara das Pedras, Jardim

Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Sabará, Morro Santana, Três Figueiras e Vila Jardim. A

Região tem 8,11% da população do município, com densidade demográfica de 7.417,85

habitantes por Km². A taxa de analfabetismo é de 2,62% e o rendimento médio dos

responsáveis por domicílio é de 4,77 salários mínimos.

A Região Lomba do Pinheiro é composta pelos bairros: Agronomia e Lomba do

Pinheiro. A Região tem 4,42% da população do município, com densidade demográfica de

1.230,31 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 4,03% e o rendimento médio dos

responsáveis por domicílio é de 2,07 salários mínimos.

A Região Nordeste é composta pelo bairro Mário Quintana. A Região tem 2,64% da

população do município, com densidade demográfica de 5.491,74 habitantes por km². A taxa

de analfabetismo é de 5,8 % e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 1,68

salários mínimos.

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A Região Noroeste é composta pelos bairros: Boa Vista, Cristo Redentor,

Higienópolis, Jardim Floresta, Jardim Itú, Jardim Lindóia, Jardim São Pedro, Passo D´Areia,

Santa Maria Goretti, São João, São Sebastião e Vila Ipiranga. A Região tem 9,28% da

população do município, com densidade demográfica de 6.310,17 habitantes por Km². A taxa

de analfabetismo é de 0,86% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 6,81

salários mínimos.

A Região Norte é composta pelo bairro Sarandi. A Região tem 6,48% da população do

município, com densidade demográfica de 3.176,84 habitantes por km². A taxa de

analfabetismo é de 3,43% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,64

salários mínimos.

A Região Partenon é composta pelos bairros: Cel. Aparício Borges, Partenon, Santo

Antônio, São José e Vila João Pessoa. A Região tem 8,44% da população do município, com

densidade demográfica de 8.162,18 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 2,9% e

o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 3,58 salários mínimos.

A Região Restinga é composta pelo bairro Restinga. A Região tem 4,31% da

população do município, com densidade demográfica de 1.574,92 habitantes por km². A taxa

de analfabetismo é de 4,03% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,10

salários mínimos.

A Região Sul é composta pelos bairros: Espírito Santo, Guarujá, Hípica, Ipanema,

Jardim Isabel, Pedra Redonda, Serraria, Tristeza, Vila Assunção e Vila Conceição. A Região

tem 5,91% da população do município, com densidade demográfica de 2.802,29 habitantes

por km². A taxa de analfabetismo é de 1,99% e o rendimento médio dos responsáveis por

domicílio é de 6,69 salários mínimos.

Porto Alegre foi fundada em 1772 e em 1780 concentrava aproximadamente uma

população de 1.500 habitantes (DIAS, 2011). De acordo com os dados censitários e

estimativas populacionais do IBGE, Porto Alegre vem, levemente e gradativamente, perdendo

representação populacional no Estado nos últimos 35 anos. Em 1980 a população Porto-

Alegrense representava 14,59% da população gaúcha, decrescendo sua representação ao

longo dos anos, até que em 2015, esta representasse 13,13% da população total do Estado

(Tabela 17).

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Tabela 17: População total residente de Porto Alegre e RS e porcentagem da população de Porto Alegre no

Estado – 1970, 1980, 1991, 2000, 2010 e 2015

Local População Total Residente

1970 1980 1991 2000 2010 2015

Porto Alegre 903.175 1.158.709 1.263.239 1.360.033 1.409.351 1.476.867

RS 6.755.458 7.942.722 9.135.479 10.181.749 10.693.929 11.247.972

Poa/RS 13,37% 14,59% 13,83% 13,36% 13,18% 13,13%

Fontes: IBGE, Banco de Dados Agregados: SIDRA e IBGE, estimativas populacionais

municipais de 2015.

A percentagem de domicílios de Porto Alegre favorecida com abastecimento de água

encanada, energia elétrica e coleta de lixo apresentaram crescimento no período 1991-2010

(Tabela 18), chegando a alcançar quase a totalidade dos domicílios porto-alegrenses. Dentre

os três indicadores analisados das condições de habitação na Tabela 10, o indicador mais

baixo em 1991, percentagem da população em domicílios com água encanada, foi o que

apresentou o mais elevado crescimento até 2010 e o melhor indicador de 1991, percentagem

da população em domicílios com energia elétrica, continua apresentando o melhor índice em

2010.

Tabela 18 – Indicadores de Habitação de Porto Alegre – 1991, 2000 e 2010.

Indicadores de Habitação 1991 2000 2010

% da população em domicílios com água encanada 95,29 97,39 99,55

% da população em domicílios com energia elétrica 99,46 99,84 99,91

% da população em domicílios com coleta de lixo (1). 96,96 99,32 99,64

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Porto Alegre.

(1) Somente para população urbana.

ANÁLISE SOCIOECONÔMICA

Valor Adicionado Bruto (VAB) e Produto Interno Bruto (PIB)

No município de Porto Alegre, desde os anos 1970, vem ocorrendo um processo de

desindustrialização relativa (ALONSO; BANDEIRA, 1988) e, ao mesmo tempo, de

intensificação do setor de serviços (comércio, educação, saúde, etc.), movimento que vem se

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mantendo e, de certa forma intensificada, com a prevalência do setor Terciário, até a primeira

década do século XXI. O município de Porto Alegre, que em 2010 representava 35,6% da

população da Região Metropolitana de Porto Alegre, concentra as atividades do setor terciário

moderno e avançado, que foi se consolidando simultaneamente ao processo paulatino e

progressivo de desindustrialização relativa que remonta aos finais dos anos 1970.

A participação do Valor Adicionado Bruto (VAB) de Porto Alegre no Rio Grande do

Sul cresceu de 2010 (17,3%) até 2012 (18,6%) e sofreu um leve decréscimo em 2013

(17,0%). Na estrutura do Valor Adicionado Bruto (VAB) da economia do município, o

principal setor de atividade é o de serviços, com uma participação de 85,91% do total do

município, seguido da indústria (14,05%) e da agropecuária (0,04%), no ano de 2013 (Tabela

19).

Tabela 19: Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul – 2013

Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos 2013 (R$ mil)

Indústria Agropecuária Serviços Total

Rio Grande do Sul 69.500.269,53 28.798.796,09 187.184.605,69 285.483.671,31

Porto Alegre 6.835.537,97 20.828,18 41.794.709,31 48.651.075,46

Poa/RS 9,84% 0,07% 22,33% 17,04%

Setor/Total 14,05% 0,04% 85,91% 100,00%

Fonte: FEE.

A participação do Produto Interno Bruto (PIB) de Porto Alegre no Rio Grande do Sul

cresceu de 2010 (17,7%) até 2012 (18,8%) e sofreu um leve decréscimo em 2013 (17,3%).

Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Porto Alegre foi de R$ 39.091,64,

31,8% acima dos R$ 29.657,28 do Estado (Tabela 20). No entanto, no período de 2010 a

2013, o PIB de Porto Alegre cresceu 34,4%, abaixo do crescimento estadual de 37,2% no

mesmo período.

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Tabela 20: Produto Interno Bruto a preços correntes em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul – 2010 a 2013

PIB (R$ mil)

PIB per capita

(R$)

2010 2011 2012 2013 2013

RS 241.255.555,18 264.968.712,16 287.055.575,23 331.095.182,85 29.657,28

Poa 42.701.518,17 48.206.763,26 53.915.531,81 57.379.336,78 39.091,64

Poa/RS 17,7% 18,2% 18,8% 17,3% 131,8%

Fonte: FEE.

Educação, Saúde, Renda e Trabalho.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é calculado a partir de

indicadores das dimensões saúde, educação e renda e mede a qualidade de vida, sob a ótica

socioeconômica. O IDHM varia de 0 e 1, quanto mais próximo de 1, maior o

desenvolvimento humano na localidade (PNUD, 2013).

O IDHM De Porto Alegre passou de 0,660, em 1991, para 0,805, em 2010 (0,744 em

2000). No município, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação

(com crescimento de 0,208), seguida por Longevidade e por Renda (Tabela 21).

Tabela 21: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e seus componentes em Porto Alegre – 1991, 2000 e

2010.

IDHM e componentes 1991 2000 2010

IDHM Educação 0,494 0,612 0,702

% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 57,33 64,54 74,78

% de 5 a 6 anos frequentando a escola 37,63 60,84 77,71

% de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental 65,97 75,46 86,84

% de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo 44,07 57,96 59,30

% de 18 a 20 anos com ensino médio completo 35,65 44,25 48,18

IDHM Longevidade 0,748 0,811 0,857

Esperança de vida ao nascer (em anos) 69,87 73,65 76,42

IDHM Renda 0,779 0,830 0,867

Renda per capita (em R$) 1.021,93 1.399,50 1.758,27

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Porto Alegre

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Porto Alegre teve um aumento de 8% na população em idade ativa (PIA), mais de 92

mil pessoas, o que indica um aumento da demanda por postos de trabalho. Este cenário é

compatível com a dinâmica demográfica atual, uma vez que a pirâmide etária brasileira, em

especial a gaúcha, vem apresentando um processo de inversão, ou seja, de diminuição da base

e aumento do topo, o que representa o envelhecimento gradativo da população e a diminuição

da taxa de reposição da mesma. A taxa de participação, ou seja, a proporção dos indivíduos

em idade ativa que efetivamente ingressam no mercado de trabalho, compondo a população

economicamente ativa a (PEA) apresentou, em Porto Alegre, aumentos ainda mais

significativos na última década, seguindo as tendências nacional e estadual, com uma taxa de

9,4%. Outro indicador bastante relevante para a confirmação da expansão do mercado de

trabalho na última década é a diminuição significativa da taxa de desocupação, que passou de

15%, em 2000, para 6%, em 2010, representando uma queda de mais de 60% (Tabela 22).

Tabela 22 - Distribuição absoluta e relativa da população em idade ativa, economicamente ativa, ocupada e

desocupada, taxa de desocupação e variação percentual da taxa de desocupação, população em idade ativa e

população economicamente ativa na Região Metropolitana de Porto Alegre e Capital - 2000 e 2010

MUNICÍPIOS

POPULAÇÃO EM

IDADE ATIVA

POPULAÇÃO

ECONOMICAMEN-

TE ATIVA

POPULAÇÃO

OCUPADA

POPULAÇÃO

DESOCUPADA

2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010

Porto Alegre 1.154.262 1.246.317 704.511 771.005 601.085 728.252 103.426 42.753

TOTAL RMPA 3.070.852 3.436.840 1.860.360 2.122.391 1.582.423 1.998.215 277.937 124.176

Porto Alegre 37,6% 36,3% 37,9% 36,3% 38,0% 36,4% 37,2% 34,4%

TOTAL RMPA 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

MUNICÍPIOS

TAXA DE

DESOCUPAÇÃO

(POP

DESOCUPADA /

PEA TOTAL)

VARIAÇÃO PERCENTUAL

2000 2010 TAXA DE

DESOCUPAÇÃO PIA PEA

Porto Alegre 14,68 5,55 -62,23 8,0 9,4

TOTAL RMPA 14,94 5,85 -60,84 11,9 14,1

FONTE: Censo Demográfico 2000; 2010.

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Reforçando o cenário de transformação qualitativa do mercado de trabalho, na última

década intercensitária, o aumento da formalização do emprego mostrou-se bastante

significativo, seguindo, novamente, as tendências nacional e estadual, onde a participação dos

empregos formais no total de ocupados foi de 51% no Brasil e 52% no Rio Grande do Sul, em

2010, aumentos de 20% e 16%, respectivamente (PESSOA e XAVIER SOBRINHO, 2012).

Em Porto Alegre, a formalização do emprego aumentou 10% na última década, com uma

participação de 60% dos empregados formais do total de ocupados, em 2010, contra 54%, em

2000 (Tabela 23).

Tabela 23 - Distribuição da população ocupada, empregados formais na Região Metropolitana de Porto Alegre e

Capital - 2000 e 2010

MUNICÍPIOS

POPULAÇÃO

EMPREGADA

EMPREGADOS COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO

FORMAL

TAXA DE

EMPREGO

FORMAL (1)

VA-

RIA-

ÇÃO

PER-

CEN-

TUAL

DA

TA-

XA

EMPREGADOS

COM CARTEIRA

DE TRABALHO

ASSINADA

EMPREGADOS

MILITARES E

FUNCIONÁRIOS

PÚBLICOS

ESTATUTÁRIOS

SOMA

EMPREGADOS

FORMAIS

2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010

Porto Alegre 424.197 536.391 278.341 383.811 48.137 52.917 326.478 436.728 54,31 59,97 10,41

TOTAL RMPA 1.156.073 1.509.371 788.268 1.121.110 90.807 102.857 879.075 1.223.967 55,55 61,25 10,26

Porto Alegre 36,7% 35,5% 35,3% 34,2% 53,0% 51,4% 37,1% 35,7%

TOTAL RMPA 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

FONTE: Censo Demográfico 2000; 2010.

(1) Total de empregados formais sobre a população ocupada.

Associado a esse quadro favorável, representado pela diminuição da desocupação e

crescimento significativo da formalização do emprego, a última década apresentou, também,

um aumento no rendimento médio do trabalho, no conjunto dos ocupados. Analisando-se os

dados dos dois últimos censos (corrigidos pelo INPC), constatou-se um crescimento real dos

rendimentos de 7% no Brasil e de 10,1% no Rio Grande do Sul (PESSOA e XAVIER

SOBRINHO, 2012). Em Porto Alegre esse aumento foi de 9%, com um rendimento médio,

em 2010, de R$2.561,66 (Tabela 24).

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Tabela 24 - Rendimento médio do trabalho, em Reais, na Região Metropolitana de Porto Alegre e Capital - 2000

e 2010

MUNICÍPIOS DEFLACIONADO (INPC) NOMINAL

VARIAÇÃO

2000 2010

Porto Alegre 2.351,62 2.561,66 8,93

TOTAL RMPA 1.095,78 1.203,19 9,80

FONTE: Censo Demográfico 2000; 2010.

A partir dos microdados dos Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010, foi

construída uma hierarquia sócio-ocupacional2 composta de 24 categorias sócio-ocupacionais.

O universo populacional sobre o qual foram construídas as categorias sócio-ocupacionais

corresponde ao contingente da população economicamente ativa que exercia qualquer

atividade laboral na data dos Censos Demográficos, seja no universo formal ou informal do

mercado de trabalho. A construção da estrutura e hierarquia social foi realizada a partir da

conjugação das variáveis censitárias: ocupação, posição na ocupação e setor de atividade,

permitindo estabelecer relações entre as mudanças econômicas e as socioespaciais. Em muitos

casos, para bem de se capturar os dados a partir da expressão conceitual, essas variáveis

sofreram o crivo de alguns filtros como os de renda e instrução (MAMMARELLA et al,

2015).

A análise do perfil do município de Porto Alegre, em 1980, aponta para a existência de

uma estrutura sócio-ocupacional dual, onde as categorias médias (com destaque para as

atividades de escritório), somadas às do proletariado (terciário e secundário), correspondem a

mais de 74% da população ocupada (Tabela 25). Só a classe média equivalia a 35,3% dos

ocupados metropolitanos. Já as “pontas” da hierarquia – o conjunto das elites, dirigentes e

intelectuais, e pequena burguesia (15,4%), e o subproletariado associado aos agricultores

(10,4%) – apresentam um perfil simétrico. As categorias que reuniram um maior percentual

de população, em 1980, foram os empregados de escritório (16,6%) e os prestadores de

serviços especializados (9,1%), revelando um relativo equilíbrio das forças laborais em

termos de prestígio social e qualificação profissional em Porto Alegre. A cidade era, nesse

ano, a moradia de 18% dos operários ligados ao setor secundário da indústria (sendo a maioria

constituída de operários da construção civil).

Esse perfil sócio-ocupacional referente ao ano de 1980 reflete ainda os efeitos do

“milagre econômico” das décadas anteriores. Se formos pensar no que aconteceu entre 1980 e

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1991, algumas mudanças se sobressaem, levando em consideração que os resultados do biênio

(1980/1991) admitem comparação. Em primeiro lugar, no que diz respeito à distribuição dos

ocupados na estrutura sócio-ocupacional, verificam-se algumas mudanças: aumento da

pequena burguesia, constituída dos pequenos empregadores urbanos e dos comerciantes por

conta própria; queda no percentual de operários da indústria tradicional; queda dos

empregados de escritório; queda dos operários da construção civil. Ou seja, os efeitos da

“década perdida” não se fizeram sentir do mesmo modo e na mesma intensidade, afetando

diferentemente os diversos setores de atividade.

Tabela 25 - Distribuição percentual da população ocupada segundo a estrutura sócio-ocupacional da Região

Metropolitana de Porto Alegre e Capital – 1980 e 1991

CATEGORIAS OCUPACIONAIS RMPA PORTO ALEGRE

1980 1991 1980 1991

Elite Dirigente 1,1 0,9 1,9 1,6

Empresários 0,5 0,5 0,8 0,8

Dirigentes do setor público 0,2 0,1 0,3 0,2

Dirigentes do setor privado 0,2 0,1 0,3 0,3

Profissionais Liberais 0,2 0,2 0,4 0,4

Elite Intelectual 5,4 5,1 8,8 9,6

Profissionais de nível superior autônomos 0,6 1,0 0,9 1,7

Profissionais de nível superior empregados 4,8 4,1 7,9 7,9

Pequena Burguesia 4,4 6,9 4,7 7,6

Pequenos empregadores urbanos 2,3 4,1 2,7 4,9

Comerciantes por conta própria 2,1 2,7 2,0 2,6

Classe Média 27,2 26,8 35,3 34,2

Empregados de escritório 12,6 11,1 16,6 14,0

Empregados de supervisão 6,0 6,2 7,7 7,5

Técnicos e Artistas 3,2 2,9 4,0 3,8

Empregados da Saúde e da Educação 3,7 4,7 4,8 6,5

Empregados da Segurança Pública, Justiça e Correios 1,7 1,9 2,2 2,4

Proletariado Terciário 20,2 20,8 21,4 21,6

Empregados do comércio 6,4 7,5 7,3 8,5

Prestadores de serviços especializados 9,0 8,4 9,1 8,2

Prestadores de serviços não especializados 4,9 4,9 5,1 4,9

Proletariado Secundário 31,0 28,7 17,5 15,6

Operários da indústria moderna 6,3 5,5 3,0 2,5

Operários da indústria tradicional 10,8 10,7 2,9 2,4

Operários dos serviços auxiliares da economia 3,9 4,7 3,6 4,5

Operários da construção civil 8,4 6,3 6,5 4,5

Artesãos 1,5 1,5 1,6 1,7

Subproletariado 8,1 9,0 9,7 9,1

Empregados domésticos 6,9 6,7 8,5 6,9

Ambulantes 1,0 1,9 1,0 1,9

Biscateiros 0,3 0,4 0,2 0,3

Agricultores 2,5 1,9 0,7 0,7

Agricultores 2,5 1,9 0,7 0,7

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

FONTE: Censo Demográfico, 1980; 1991.

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Para o período seguinte, 1991-2000, quando o processo de reestruturação produtiva

vinculado à globalização dos mercados e da produção chega a uma fase de consolidação,

vamos encontrar uma estrutura sócio-ocupacional não muito diversa do período anterior.

Tomamos o ano de 2000 como foco das análises. A estrutura social de Porto Alegre é

essencialmente média, com um terço da população ocupada trabalhando em ocupações

médias (Tabela 26). No entanto, existe um dado que denota uma importante alteração no

perfil dos ocupados porto-alegrenses face ao período anterior: os profissionais de nível

superior (que na classificação anterior equivalia à elite intelectual) representam 14% dos

ocupados. Verifica-se, portanto, um processo de elitização por meio da qualificação

profissional (todos com nível superior, sejam profissionais autônomos, empregados,

estatutários ou professores), em Porto Alegre. Outro dado importante, é que praticamente a

mesma proporção de ocupados situa-se na base inferior da pirâmide social na Capital Já os

trabalhadores do terciário representam 32% dos ocupados (17,6% são do terciário não

especializado) e os do secundário 14,6%. Ou seja, em 20 anos manteve-se um modelo de

estrutura social que não condiz com as tendências anunciadas pelas teorias da “global city” de

detração dos operários e das classes médias com dilatação das elites e subproletariados. Ainda

nessa década, entre 1991 e 2000, malgrado as mudanças estruturais que estavam sendo

implantadas, o “modelo ovo” de estrutura social se sobrepuja ao “modelo ampulheta”. A

estrutura social, tendo na categoria trabalho sua referência chave, se manteve com

características semelhantes à década anterior.

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Tabela 26 - Distribuição percentual da população ocupada segundo a estrutura sócio-ocupacional da Região

Metropolitana de Porto Alegre e Capital – 1991e 2000

CATEGORIAS OCUPACIONAIS RMPA POA

1991 2000 1991 2000

Dirigentes 1,5 1,4 2,2 2,1 Grandes Empregadores 1,2 0,8 1,7 1,2 Dirigentes do Setor Público 0,1 0,3 0,2 0,4

Dirigentes do Setor Privado 0,2 0,3 0,4 0,5

Profissionais de nível superior 5,9 7,6 10,6 13,5

Profissionais Autônomos de Nível Superior 1,2 2,1 2,1 4,0

Profissionais Empregados de Nível Superior 1,2 2,8 2,2 5,0 Profissionais Estatutários de Nível Superior 1,5 0,7 3,0 1,3

Professores de Nível Superior 2,0 1,9 3,3 3,1

Pequenos empregadores 3,5 3,2 4,2 4,2

Pequenos Empregadores 3,5 3,2 4,2 4,2

Ocupações médias 29,5 26,9 37,3 33,1 Ocupações de Escritório 11,8 9,3 15,5 11,2

Ocupações de Supervisão 5,1 4,5 6,0 5,6 Ocupações Técnicas 6,4 6,4 7,8 7,7

Ocupações Médias da Saúde e Educação 2,9 3,6 3,7 4,3 Ocupações de Segurança Pública, Justiça e Correios 2,1 1,9 2,8 2,8

Ocupações Artísticas e Similares 1,2 1,2 1,5 1,6

Trabalhadores do terciário especializado 14,9 17,4 15,1 17,6 Trabalhadores do Comércio 8,4 8,7 8,4 8,3

Prestadores de Serviços Especializados 6,5 8,7 6,7 9,4

Trabalhadores do secundário 29,2 27,3 15,9 14,6

Trabalhadores da Indústria Moderna 7,0 6,4 3,8 3,0

Trabalhadores da Indústria Tradicional 12,8 8,9 4,8 2,7 Operários dos Serviços Auxiliares 3,1 4,9 2,9 3,6

Operários da Construção Civil 6,3 7,2 4,4 5,2

Trabalhadores do terciário não especializado 14,0 14,7 14,1 14,5

Prestadores de Serviços Não Especializados 5,3 4,6 5,1 4,4 Trabalhadores Domésticos 6,5 6,7 6,7 6,4

Ambulantes e Biscateiros 2,3 3,4 2,3 3,7

Agricultores 1,5 1,4 0,6 0,4 Agricultores 1,5 1,4 0,6 0,4

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

FONTE: Censo Demográfico, 1991; 2000.

Porto Alegre, na última década intercensitária, apesar de se consolidar como espaço de

moradia das categorias médias (32%) é um espaço mais elitizado do que o restante da RMPA

considerando-se que é o lugar onde se encontra um grande percentual de profissionais de

nível superior (20%) e de dirigentes (3%). O percentual de ocupados no terciário não

especializado, em 2010, é o equivale ao dos operários (13%). Como a cidade vivenciou desde

os anos 1970 um processo de desindustrialização relativa que se estabilizou nos anos 1990, é

compreensível que o operariado arrefeça. Mas os trabalhadores não especializados e os

domésticos seguem tendo um percentual expressivo na estrutura (Tabela 27).

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Tabela 27 - Distribuição percentual da população ocupada segundo a estrutura sócio-ocupacional da Região

Metropolitana de Porto Alegre e Capital – 2000 e 2010

CATEGORIAS OCUPACIONAIS RMPA PORTO ALEGRE

2000 2010 2000 2010

Dirigentes 2,2 1,7 3,6 2,7

Grandes Empregadores 1,3 1,2 1,9 1,7

Dirigentes do Setor Público 0,3 0,4 0,5 0,6

Dirigentes do Setor Privado 0,6 0,2 1,2 0,4

Profissionais de nível superior 7,2 11,1 13,4 19,9

Profissionais Autônomos de Nível Superior 2,1 3,1 4,0 6,0

Profissionais Empregados de Nível Superior 2,7 4,9 5,0 8,7

Profissionais Estatutários de Nível Superior 0,6 0,6 1,2 1,3

Professores de Nível Superior 1,8 2,5 3,2 3,9

Pequenos empregadores 2,7 1,9 3,5 2,4

Pequenos Empregadores 2,7 1,9 3,5 2,4

Ocupações médias 26,5 28,9 32,6 32,1

Ocupações de Escritório 9,2 10,2 11,4 11,2

Ocupações de Supervisão 4,1 5,3 4,9 6,3

Ocupações Técnicas 6,2 6,7 7,7 6,6

Ocupações Médias da Saúde e Educação 3,7 3,8 4,3 4,4

Ocupações Segurança Pública, Justiça e Correios 1,9 1,2 2,8 1,9

Ocupações Artísticas e Similares 1,2 1,7 1,6 1,7

Trabalhadores do terciário especializado 17,1 15,8 17,4 16,4

Trabalhadores do Comércio 8,6 8,5 8,1 8,6

Prestadores de Serviços Especializados 8,6 7,3 9,4 7,7

Trabalhadores do secundário 27,7 24,8 14,6 12,8

Trabalhadores da Indústria Moderna 6,4 4,9 3,0 2,4

Trabalhadores da Indústria Tradicional 9,2 5,6 2,7 2,0

Operários dos Serviços Auxiliares 4,9 7,2 3,6 3,5

Operários da Construção Civil 7,2 7,0 5,2 4,9

Trabalhadores do terciário não especializado 14,6 13,5 14,5 13,2

Prestadores de Serviços Não Especializados 4,5 5,7 4,4 5,9

Trabalhadores Domésticos 6,7 6,2 6,4 5,9

Ambulantes e Biscateiros 3,4 1,7 3,7 1,4

Agricultores 2,0 2,3 0,4 0,7

Agricultores 2,0 2,3 0,4 0,7

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

FONTE: Censo Demográfico, 2000; 2010.

Estrutura Social de Porto Alegre 1980-20103

A relação entre o território e as categorias sócio-ocupacionais (CATs) permitem a

construção de tipologias socioespaciais. Em 2010, foram identificadas 5 tipologias

socioespaciais na Região Metropolitana de Porto Alegre: superior, médio, operário, popular e

agrícola (Figura 16).

Entre 1980 e 1991, ocorre um processo de elitização em Porto Alegre, com a

identificação de áreas de tipo superior inexistentes em 1980: ao mesmo tempo em que as

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elites se concentram em áreas e bairros nobres da cidade, ocorre o aumento da periferização

da moradia de camadas populares. Em 2000 as áreas de tipo superior, que até 1991

encontravam-se concentradas em poucos bairros centrais da cidade, ampliam-se para a zona

sul. Esse aumento ocorre tanto pela maior densificação da moradia dos dirigentes e

profissionais de nível superior, como pelo deslocamento da moradia pela ação do mercado

imobiliário, especialmente na porção sul de Porto Alegre, com a implantação de condomínios

residenciais de alto padrão.

As áreas de tipo superior podem ser reunidas em quatro grupos segundo sua

localização. O primeiro recebeu grandes investimentos imobiliários e de infraestrutura a partir

das décadas de 70 e 80, bairros como Independência e Moinhos de Vento, Petrópolis,

Mont’Serrat, Bela Vista, Rio Branco, Santa Cecília e Higienópolis; o segundo é composto por

bairros localizados na zona sul da cidade como Vila Assunção, Tristeza, Vila Conceição e

Pedra Redonda, Ipanema, Espírito Santo e Guarujá; no terceiro grupo estão reunidos os

bairros que sofreram processo de elitização como Centro, Floresta, São João, Azenha, Menino

Deus e Jardim Botânico; o quarto, composto por Três Figueiras, Chácara das Pedras e Vila

Jardim, constitui configurações em mudança, processo que começou nos anos 80,

particularmente a partir da construção do Shopping Iguatemi, inaugurado em 1983,

transformando-os em zona de concentração de comércio de alto padrão e moradia de camadas

médias e de elite.

Os espaços médios heterogêneos estão localizados nos bairros Belém Novo, Camaquã,

Cavalhada, Cristal, Partenon, Passo das Pedras, Rubem Berta, São José, Farrapos, Jardim

Carvalho, Morro Santana, Arquipélago/Humaitá/Anchieta; Bom Jesus/Jardim Salso; Vila

João Pessoa/Cel. Aparício Borges; Medianeira/Sta. Teresa; Teresópolis/Nonoai; Vila

Nova/Campo Novo. Uma área em Porto Alegre, no bairro Três Figueiras, se destaca também

com perfil relativamente polarizado, tendo em vista as altas densidades de moradia das

camadas superiores e uma participação significativa dos trabalhadores do terciário não

especializado. É o típico bairro onde está ocorrendo, já na década de 1990, um processo de

elitização concentrada, tendo em vista tratar-se de uma localização que, a partir dos anos

1980, vem sendo destino de importantes investimentos imobiliários voltados para camadas de

renda alta da população. As demais áreas de tipos médios além de se manterem concentradas

em bairros do entorno dos tipos superiores, também avançam para áreas em bairros antes

predominantemente periféricos (Rubem Berta, Vila Nova, Belém Novo, Passo das Pedras,

Cristo Redentor e Santo Antônio).

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A configuração das áreas de tipo operário é definida sempre a partir da forte presença

da moradia dos trabalhadores da indústria, com uma nítida distinção se nos setores modernos

ou tradicionais. Em Porto Alegre, muito provavelmente por efeito do processo de

desindustrialização relativa, apenas uma área, no bairro Sarandi, se distingue como de tipo

operário moderno e popular.

Nas periferias da capital moram na sua grande maioria os trabalhadores do terciário

não especializado e da construção civil e que configuram o tipo popular. Em 2000 esses

espaços populares se situam em bairros periféricos de Porto Alegre (Agronomia, Lomba do

Pinheiro, Restinga, Mário Quintana, Glória, Cascata, Belém Velho, Serraria e Hípica).

A hierarquia social em Porto Alegre obedece a um padrão semiconcêntrico (tendo em

vista que o Estuário do Guaíba é uma barreira geográfica a oeste da cidade), em que as áreas

de tipo superior estão cercadas por áreas de tipo médio, contornadas, por sua vez, por áreas de

tipo popular.

Figura 16: Tipologia socioespacial da Região Metropolitana de Porto Alegre – 2010

FONTE: MAMMARELLA et al, 2015. Fonte dos dados brutos: Censo Demográfico, 2010.

Em 2010, as áreas de tipo superior se caracterizam pela alta concentração da moradia

dos dirigentes e dos profissionais de nível superior. A localização dessas áreas é em bairros

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tradicionais e consolidados que iniciaram o grande aporte imobiliário desde a década de 1980,

e em bairros localizados na Zona Sul da cidade. O mais recente foi o aumento de áreas

elitizadas no “coração” da cidade, que começou seu processo de elitização após a construção

do Shopping Iguatemi nos anos 1980 sendo que boa parte dos bairros, ao norte, foram palco

de intensa atuação do mercado imobiliário para alta renda nos últimos dez-quinze anos, de tal

sorte que em 2000 eles já figuravam como bairros em áreas de tipo médio superior. Em Porto

Alegre foram encontradas nove áreas com perfil relativamente homogêneo de tipo médio e

outras nove onde também há uma presença significativa de trabalhadores populares (do

terciário não especializado). Muitos desses bairros, em 2000, já tinham uma característica

híbrida (eram médio heterogêneo) e, ao que tudo indica, sofreram processos de mudanças, em

muitos casos por conta da ação do mercado imobiliário. Os tipos populares estão localizados

nas periferias de Porto Alegre (bairros Sarandi/Santo Agostinho, Mário Quintana,

Agronomia/Lomba do Pinheiro, a parte sul da Restinga, Ponta Grossa/Lami/Belém

Novo/Lageado).

Aanálise da orla do guaíba

Das ilhas ao norte até os bairros mais ao sul de Porto Alegre, fazem parte da Orla do

Guaíba as seguintes Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs)4:

Arquipélago: Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte) / João Inácio da Silveira

Arquipélago: Ilhas do Pavão e dos Marinheiros

Arquipélago: Flores / Pintada (sul) / Casa da Pólvora

Farrapos: Vila Liberdade e Tio Zeca

Navegantes (bairro)

Floresta (bairro)

Centro Histórico

Praia de Belas (bairro)

Cristal: Diário de Notícias / Estaleiro

Vila Assunção: Vila dos Pescadores

Vila Assunção (bairro)

Tristeza

Vila Conceição (bairro)

4 http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/metodologia/construcao-das-unidades-de-desenvolvimento-

humano/

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Ipanema: Coronel Marcos / Ipanema Sports

Ipanema (bairro)

Espírito Santo: Guaranis

Guarujá (bairro)

Guarujá: Vila Guarujá / Santina

Serraria: Vila dos Sargentos

Serraria (bairro)

Ponta Grossa: Retiro da Ponta Grossa

Belém Novo: Juca Batista/ Melo Guimarães/ Flores da Cunha/ Nossa S. de Belém/

Linguiça/ Trip

Belém Novo: Leblon/ Copacabana/ Veludo/ Chavante/ Amizade

Belém Novo: Boa Vista

Lami: Ocupação Otaviano Jose Pinto / Pontal/ Reserva Biológica

Lami: Beira Rio/ Sapolandia/ Ocupação Arroio Manecão

Um panorama geral dos bairros que se encontram na beira do Guaíba pode ser dado

pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) dessas UDHs (Tabela 28). Em 2000, o

IDHM médio era de 0,711 e passou para 0,784 em 2010. Em ambos os momentos, foi mais

alto do que o restante da cidade, que era de 0,678 foi para 0,764. Nos dois últimos Censos, a

UDH Arquipélago: Ilhas do Pavão e dos Marinheiros e a UDH Farrapos: Vila Liberdade e Tio

Zeca apresentaram os índices mais baixos (embora essa última tenha melhorado

significativamente de 2000 para 2010). Já o bairro Praia de Belas, Vila Assunção, Vila

Conceição e Ipanema (Coronel Marcos), ao contrário, foram, em ambos os momentos, as

UDHs com os melhores desempenhos. O Praia de Belas foi o que apresentou menor variação,

porém, note-se a melhora do indicador vai ficando mais difícil quando um índice de

desenvolvimento muito alto já foi alcançado.

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Tabela 28. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDMH), IDHM Renda, Longevidade e Educação nas Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs)

da orla do Guaíba em Porto Alegre em 2000 e 2010

Lugar IDHM

(2000)

IDHM

(2010) Variação

IDHM

Renda

(2000)

IDHM

Renda

(2010)

Variação

IDHM

Longevidade

(2000)

IDHM

Longevidade

(2010)

Variação

IDHM

Educação

(2000)

IDHM

Educação

(2010)

Variação

Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte)/ João

Inácio da Silveira 0,547 0,681 0,134 0,627 0,697 0,070 0,734 0,812 0,078 0,355 0,557 0,202

Ilhas do Pavão e dos Marinheiros 0,453 0,593 0,140 0,566 0,623 0,057 0,707 0,763 0,056 0,233 0,438 0,205

Flores / Pintada (sul) / Casa da Pólvora 0,536 0,646 0,110 0,616 0,661 0,045 0,726 0,773 0,047 0,345 0,527 0,182

Farrapos : Vila Liberdade e Tio Zeca 0,453 0,610 0,157 0,566 0,634 0,068 0,707 0,767 0,060 0,233 0,467 0,234

Navagantes (bairro) 0,738 0,808 0,070 0,773 0,808 0,035 0,844 0,894 0,050 0,616 0,731 0,115

Floresta (bairro) 0,835 0,878 0,043 0,870 0,899 0,029 0,867 0,916 0,049 0,772 0,822 0,050

Centro Histórico 0,884 0,914 0,030 0,924 0,931 0,007 0,879 0,921 0,042 0,850 0,891 0,041

Praia de Belas (bairro) 0,910 0,927 0,017 0,949 0,973 0,024 0,886 0,931 0,045 0,895 0,880 -0,015

Cristal: Diário de Notícias / Estaleiro 0,536 0,643 0,107 0,616 0,664 0,048 0,726 0,774 0,048 0,345 0,518 0,173

Vila Assunção : Vila dos Pescadores 0,637 0,736 0,099 0,694 0,744 0,050 0,805 0,852 0,047 0,462 0,629 0,167

Vila Assunção (bairro) 0,903 0,953 0,050 0,953 0,996 0,043 0,888 0,941 0,053 0,870 0,923 0,053

Tristeza 0,863 0,925 0,062 0,914 0,971 0,057 0,878 0,929 0,051 0,802 0,878 0,076

Vila Conceição (bairro) 0,903 0,953 0,050 0,953 0,996 0,043 0,888 0,941 0,053 0,870 0,923 0,053

Ipanema: Coronel Marcos / Ipanema Sports 0,910 0,953 0,043 0,949 0,996 0,047 0,886 0,941 0,055 0,895 0,923 0,028

Ipanema (bairro) 0,863 0,906 0,043 0,911 0,948 0,037 0,878 0,926 0,048 0,803 0,846 0,043

Espírito Santo: Guaranis 0,813 0,887 0,074 0,852 0,915 0,063 0,863 0,918 0,055 0,730 0,830 0,100

Guarujá (bairro) 0,827 0,871 0,044 0,852 0,890 0,038 0,863 0,916 0,053 0,769 0,810 0,041

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Guarujá: Vila Guarujá / Santina 0,780 0,845 0,065 0,800 0,836 0,036 0,849 0,908 0,059 0,698 0,794 0,096

Serraria: Vila dos Sargentos 0,522 0,619 0,097 0,603 0,629 0,026 0,720 0,765 0,045 0,327 0,492 0,165

Serraria (bairro) -- 0,619 -- -- 0,629 -- -- 0,765 -- -- 0,492 --

Ponta Grossa: Retiro da Ponta Grossa 0,738 0,808 0,07 0,773 0,808 0,035 0,844 0,894 0,05 0,616 0,731 0,115

Belém Novo: Juca Batista / Melo Guimarães / Flores da

Cunha / Nossa Senhora de Belém 0,738 0,808 0,07 0,773 0,808 0,035 0,844 0,894 0,05 0,616 0,731 0,115

Belém Novo: Leblon/ Copacabana/ Veludo / Chavante 0,644 0,734 0,09 0,708 0,749 0,041 0,822 0,856 0,034 0,459 0,618 0,159

Belém Novo: Boa Vista 0,58 0,689 0,109 0,647 0,71 0,063 0,752 0,811 0,059 0,401 0,567 0,166

Lami: Ocupação Otaviano Jose Pinto/ Pontal / Reserva 0,613 0,724 0,111 0,666 0,721 0,055 0,786 0,825 0,039 0,439 0,638 0,199

Lami: Beira Rio/ Sapolandia/ Ocupação Arroio Manecão 0,539 0,654 0,115 0,616 0,678 0,062 0,727 0,786 0,059 0,349 0,525 0,176

Média 0,711 0,784 0,080 0,767 0,804 0,038 0,815 0,862 0,048 0,590 0,699 0,109

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Quando o índice é apresentado tratando separadamente renda, longevidade e

educação, eles comportam-se de maneira semelhante. Mas vale atentar para a grande

melhoria que houve de renda na UDH Farrapos, de longevidade no Arquipélago: Ilhas do

Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte) / João Inácio da Silveira, e de educação nessas duas

UDHs somadas ao Arquipélago: Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte) / João

Inácio da Silveira. Importante, ainda, perceber que a maior discrepância entre os bairros da

orla do Guaíba se dá na educação, que foi justamente a área que teve melhorias mais

significativas. A educação nas ilhas e no norte da orla era péssima em Porto Alegre. Embora

ainda não seja bom, o indicador cresceu substancialmente.

Sobre a estrutura de ocupações das UDHs (Tabela 29), de 2000 a 2010, houve

modificações importantes: caíram de cerca de 10% as pessoas ocupadas na área da orla do

Guaíba na indústria de transformação para em torno de 6%. O percentual de ocupação na

indústria mostra que as Ilhas do Pavão e dos Marinheiros, assim como a Vila Liberdade e Tio

Zeca (Farrapos), por exemplo, deixaram de ser as mais áreas com mais industriários entres as

UDHs e passaram a ser, no primeiro caso, uma das menores. Os maiores percentuais de

ocupação na indústria, em 2010, concentram-se mais na Zona Sul da cidade (na Tristeza e no

Espírito Santo: Guaranis) e no extremo Sul de Porto Alegre (Lami: Ocupação Otaviano Jose

Pinto / Pontal / Reserva Biológica).

A construção continuou a representar cerca de 8% dos empregos da área e concentra-

se mais na Zona Norte (nas Ilhas do Pavão, dos Marinheiros, Flores, Pintada Sul e Casa da

Pólvora, assim como na Vila Liberdade e Tio Zeca), mas também na Serraria (tanto no Bairro

quanto na Vila dos Sargentos). Outra parte da Zona Sul, entre Ipanema e Guarujá, tem os

menores percentuais de empregados na construção. A região central tem concentração média

ou baixa desse tipo de ocupação, assim como no comércio.

O comércio empregou por volta de 16% dos residentes dessa área tanto em 2000

quanto em 2010. As maiores concentrações de empregados na área estão nas Ilhas do Pavão e

dos Marinheiros (que possivelmente migraram da indústria), no Cristal (Diário de Notícias/

Estaleiro), Serraria e Lami (tanto a parte já mencionada como a Beira Rio/ Sapolandia/

Ocupação Arroio Manecão). Vila Assunção e Vila Conceição costumavam concentrar vários

desses trabalhadores, mas agora não mais.

O setor de serviços, ocupação da maioria dos moradores de Porto Alegre que vivem

perto da orla (emprega mais de 60% deles), concentra-se mais na região central, mas também

na Zona Sul (nos bairros Vila Assunção e Vila Conceição e também em Ipanema). A menor

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concentração de pessoas que trabalham com serviços fica nas Ilhas do Pavão e dos

Marinheiros, na Serraria e no Lami.

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Tabela 29. Ocupações das Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) da Orla do Guaíba de Porto Alegre em 2000 e 2010 (percentual dos ocupados com 18 anos ou +)

Lugar

Indústria de

transformação

(2000)

Indústria de

transformação

(2010)

Construção

(2000)

Construção

(2010)

Comércio

(2000)

Comércio

(2010)

Serviços

(2000)

Serviços

(2010)

Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte)/ João

Inácio da Silveira 8,96 5,25 12,34 13,06 16,38 14,65 58,99 56,7

Ilhas do Pavão e dos Marinheiros 14,16 4,52 14,38 14,47 16,61 20,49 53,23 48,12

Flores / Pintada (sul)/ Casa da Pólvora 10,24 6,18 16,76 14,18 14 19,35 57,13 52,92

Farrapos: Vila Liberdade e Tio Zeca 14,16 6,69 14,38 15,01 16,61 17,29 53,23 52,66

Navegantes (bairro) 11,28 6,51 6,38 4,83 16,39 14,94 63,98 65,96

Floresta (bairro) 7,52 5,91 3,87 3,12 14,76 14,76 72,19 68,24

Centro Histórico 4,76 4 1,12 2,37 12,67 12,69 78,39 74,5

Praia de Belas (bairro) 6,02 5,94 2,72 2,42 15,63 14,57 72,59 67,77

Cristal: Diário de Notícias/ Estaleiro 10,24 4,94 16,76 14,71 14 19,36 57,13 52,91

Vila Assunção: Vila dos Pescadores 9,96 5,42 5,85 6,06 17,1 17,9 63,47 62,8

Vila Assunção (bairro) 12,71 6,47 3,41 3,48 20,21 13,14 61,79 67,29

Tristeza 6,29 7,6 4,59 3,39 15,75 13,42 71,53 66,08

Vila Conceição (bairro) 12,71 6,47 3,41 3,48 20,21 13,14 61,79 67,29

Ipanema: Coronel Marcos / Ipanema Sports 6,02 6,47 2,72 3,48 15,63 13,14 72,59 67,29

Ipanema (bairro) 6,76 5,42 3,82 2,51 18,31 11,42 69,11 72,2

Espírito Santo: Guaranis 7,37 8,81 2,47 2,39 17,81 16,98 69,64 64,73

Guarujá (bairro) 6,13 5,07 3,77 2,75 15,83 16,79 72,2 66,66

Guarujá: Vila Guarujá / Santina 7,96 5,68 4,01 2,98 18,66 17,93 68,15 62,68

Serraria: Vila dos Sargentos 10,37 5,11 17,22 15,71 13,75 21,27 55,34 49,95

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100

Serraria (bairro) -- 5,11 -- 15,71 -- 21,27 -- 49,95

Ponta Grossa: Retiro da Ponta Grossa 11,28 6,51 6,38 4,83 16,39 14,94 63,98 65,96

Belém Novo: Juca Batista/ Melo Guimarães/ Flores da

Cunha / Nossa Senhora de Belém 11,28 6,51 6,38 4,83 16,39 14,94 63,98 65,96

Belém Novo: Leblon/ Copacabana/ Veludo 9,47 5,93 9,65 9,99 17,57 16,72 59,6 56,83

Belém Novo: Boa Vista 9,57 5,35 14,37 12,71 20,55 16,95 52,68 55,94

Lami: Ocupação Otaviano Jose Pinto/ Pontal/ Reserva 13,8 7,57 8,39 7,13 18,79 19,99 53,02 57,93

Lami: Beira Rio/ Sapolandia/ Ocupação Arroio 10,27 6,29 16,94 14,36 14,07 20,62 54,53 50,44

Média 9,572 5,989 8,084 7,691 16,563 16,487 63,210 61,145

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101

Por fim, no que diz respeito às condições de habitação, a maior parte dos indicadores

aponta para uma universalização da adequação das moradias (Tabela 30), que pode ser vista

no abastecimento de energia elétrica. A coleta do lixo já alcançava o patamar de em torno de

95% ou mais já em 2000. No último Censo, as UDHs com pior desempenho tinham um

percentual de mais de 96,5% de coleta.

Com exceção das ilhas, já em 2000, todas as UDHs apresentavam mais de 92% de

domicílios com água encanada. Em 2010, mesmo nas ilhas, a situação melhorou bastante:

saiu de cerca de 3% (ou seja, quase inexistência), 35% e 60% para mais de 92% nos três

casos. As Ilhas do Pavão e dos Marinheiros são as que ainda apresentam ausência de água

encanada em por volta de 8% dos domicílios.

Quando incluímos a presença de banheiros junto com a água encanada, além das ilhas

citadas também a Vila Liberdade e Tio Zeca tinham mais de ¼ dos domicílios inadequados

em 2000, situação que melhorou em 2010, porém, as ilhas ainda não alcançaram sequer 90%

de domicílios com esses serviços. Quando juntamente com a água adiciona-se o esgotamento,

em 2000, esses eram inadequados em mais de 10% dos domicílios das UDHs já mencionadas,

mas a situação melhorou em 2010, baixando para próximo de 4% de inadequação nas ilhas e

no Lami.

A situação menos adequada diz respeito à densidade maior do que 2 pessoas por

dormitório. Nas Ilhas e no Lami, passava de 50% em 2000, mas houve melhora em todas as

UDHs em 2010. No entanto, ainda fica próximo à metade dos domicílios nas Ilhas do Pavão e

dos Marinheiros e na Vila Liberdade e Tio Zeca. E o destaque positivo fica para as UDHs que

vão da Vila Assunção até Ipanema (apenas cerca de 4% dos domicílios com densidade

superior). Caminha junto com esse adensamento excessivo o percentual de habitações com

paredes inapropriadas, encontradas em percentual de quase 20% nas ilhas citadas e em mais

de 10% nas vilas mencionadas. Ainda, merece destaque o percentual de paredes inadequadas

existentes no Cristal e na Serraria.

De modo geral, de Navegantes na Zona Norte ao Guarujá na Zona Sul, as condições

de habitação são adequadas, diferentemente dos extremos da cidade e das ilhas.

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Tabela 30. Condições de habitação nas Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) da Orla do Guaíba de Porto Alegre em 2000 e 2010

(percentual de domicílios com)

Lugar

água

encanada

(2000)

água

encanada

(2010)

banheiro

e água

encanada

(2000)

banheiro

e água

encanada

(2010)

água e

esgotamento

inadequados

(2000)

água e

esgotamento

inadequados

(2010)

coleta

de lixo

(2000)

coleta

de lixo

(2010)

energia

elétrica

(2000)

energia

elétrica

(2010)

densida

de > 2

(2000)

densida

de > 2

(2010)

paredes

inadequa

das (2010)

Ilhas do Pavão, dos

Marinheiros e Flores

(norte) / João Inácio

da Silveira 2,79 98,03 85 96,79 4,9 0 98,31 99,12 99,47 100 45,78 31,42 4,49

Ilhas do Pavão e dos

Marinheiros 35,1 92,33 74,2 86,11 11,53 4,03 94,68 96,95 98,9 99,73 59,91 51,17 18,47

Flores / Pintada

(sul)/ Casa da

Pólvora 60,21 98,72 82,15 95,43 3,32 0,14 98,5 99,15 99,93 99,95 46,89 37,41 5,32

Vila Liberdade e Tio

Zeca 92,31 99,49 74,2 94,64 11,53 0,7 94,68 98,41 98,9 99,71 59,91 45,44 11,47

Navegantes 99,91 100 97,4 97,76 0,17 0 99,75 99,66 100 100 25,5 12,7 0,52

Floresta 100 100 98,83 98,85 0 0,24 100 100 100 100 12,37 10,15 0,86

Centro Histórico 99,99 99,98 99,37 99,77 0 0 99,36 99,7 99,98 99,88 11,03 6,25 0

Praia de Belas 95,69 100 99,77 99,48 0 0 100 100 100 100 4,93 4,85 0,08

Cristal: Diário de

Notícias / Estaleiro 100 96,56 82,15 95,06 3,32 0,44 98,5 99,86 99,93 100 46,89 42,92 7,65

Vila Assunção: Vila 100 100 94,1 98,84 1,4 0,41 99,42 99,27 100 100 32,88 22,46 1,08

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dos Pescadores

Vila Assunção 100 99,79 95,9 97,85 0 0 100 100 100 100 8,03 4,58 0

Tristeza 99,96 99,88 99,93 98,68 0 0 100 100 100 100 14,68 3,62 0,66

Vila Conceição 100 99,87 95,9 97,85 0 0 100 100 100 100 8,03 4,58 0

Ipanema : Coronel

Marcos / Ipanema

Sports 100 100 99,77 97,85 0 0 100 100 100 100 4,93 4,58 0

Ipanema ( bairro) 100 99,88 99,53 99,85 0 0,15 100 100 100 100 9,52 5,9 0,48

Espírito Santo:

Guaranis 99,91 100 96,54 94,65 0 0,44 100 100 99,95 100 21,06 12,72 1,64

Guarujá 99,07 100 98,57 96,41 0,15 0 100 100 99,91 100 12,57 12,35 1,32

Guarujá : Vila

Guarujá / Santina 100 100 97,69 98,65 0 0 100 100 100 100 24,04 11,93 0,86

Serraria : Vila dos

Sargentos 98,24 99,92 83,81 93,63 1,11 1,64 99,95 96,58 100 100 46,57 44,06 7,28

Serraria ( bairro ) 95,44 98,06 -- 93,63 -- 1,64 -- 96,58 -- 100 -- 44,06 7,28

Ponta Grossa: Retiro

da Ponta Grossa 99,09 99,5 97,4 97,76 0,17 0 99,75 99,66 100 100 25,5 12,7 0,52

Belém Novo: Juca

Batista/ Melo

Guimarães/ Flores

da Cunha 99,48 99,96 97,4 97,76 0,17 0 99,75 99,66 100 100 25,5 12,7 0,52

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Belém Novo: Leblon/

Copacabana/

Veludo/ Chavante/

Amizade 96,95 99,58 95,67 96,76 1,22 0 99,68 99,78 99,95 99,8 30,57 19,12 0,59

Belém Novo: Boa

Vista 96,91 94,93 91,93 95,89 0,38 0,27 99,75 100 99,79 99,54 42,4 26,59 2,72

Lami:

Ocupação Otaviano

Jose Pinto/ Pontal/

Reserva 85,85 86,33 90,47 95,03 2,96 0,44 99,16 99,96 98,18 99,21 36,25 24,08 1,63

Lami: Beira Rio/

Sapolandia/

Ocupação Arroio

Manecão 94,18 99,29 81,79 92,9 4,14 3,63 97,54 99,44 98,96 99,65 53,39 33,05 5,56

Média 90,23 98,54 92,38 96,46 1,86 0,55 99,15 99,38 99,75 99,90 28,37 20,82 3,12

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ILHAS

Bairro arquipélago

Composto por 16 Ilhas, o Arquipélago é um dos bairros mais peculiares de Porto Alegre. Além

da condição natural da localização, com sua extensa área verde e biodiversidade, os motivos da sua

especificidade também estão ligados à vivência íntima de seus habitantes com as águas, que adaptaram

seus modos de vida às condições naturais da região, transformando a natureza para ali constituírem

locais de moradia e formando uma cultura própria dos ilhéus. A primeira ocupação das ilhas do

Arquipélago, conforme indícios arqueológicos, data do século XVI, e seus primeiros habitantes eram

índios guaranis. Com a ocupação do Rio Grande do Sul, os índios obrigaram-se a buscar outras regiões

do Estado. Segundo os moradores antigos do Arquipélago, no século XVIII as ilhas Saco do

Quilombo, Maria Conga também chamada Ilha do Quilombo (atual Ilha das Flores) e Maria Majolla

abrigaram ancestrais escravos. A presença de quilombo nas Ilhas é 7 assunto ainda pendente de estudo

aprofundado, porém documentos da Câmara do século XIX comprovam a presença de população negra

na Ilha em 1810, e dá indícios que sua ocupação seja anterior a esta data. No início do século XIX, as

Ilhas abasteciam o centro da cidade com seus produtos, principalmente capim, hortaliças e peixes.

Mas, a partir do final deste século, a pesca foi a principal atividade econômica dos ilhéus. Foi assim

até meados de 1970: a pesca era artesanal e abundante, sendo o barco o meio de transporte por

excelência. O processo de desenvolvimento urbano da cidade altera o modo de vida de seus habitantes,

como a construção da ponte do Guaíba que, paulatinamente, diminui o uso do transporte fluvial. Por

sua proximidade e facilidade de acesso ao Centro da cidade, houve significativo aumento

populacional, sendo que as com maior número de habitantes são: Ilha da Pintada, Ilha Grande dos

Marinheiros, Ilha das Flores e Ilha do Pavão. Nesta última, funciona uma das sedes do Grêmio Náutico

União, tradicional clube de Porto Alegre. Das dezesseis ilhas que compõem o Arquipélago, a Ilha das

Garças pertence ao município de Canoas, e a Ilha das Figueiras, ao município de Eldorado. Mesmo

com todas dificuldades enfrentadas junto ao Arquipélago, especialmente pelos freqüentes alagamentos,

seus moradores encontram alternativas de atividades econômicas, como a das catadoras de lixo da Ilha

Grande dos Marinheiros, que desenvolvem um importante trabalho de reciclagem, traduzindo-se como

fonte de renda e preservação da natureza. Oficialmente, o bairro Arquipélago foi constituído pela lei nº

2022 de 07/12/1959 com um total de dezesseis ilhas. Em 1976, por decreto oficial, o Arquipélago faz

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parte do Parque Estadual do Delta do Jacuí e, em 1979, o governo Estadual institui o Plano Básico do

Parque com o objetivo de disciplinar a ocupação e evitar a degradação ecológica, e a administração do

bairro ficou a cargo da Fundação Zoobotânica.

INVENTÁRIO DE BALNEÁRIOS

Os balneários que ficam na margem direita do Lago ficam situados em Eldorado do Sul,

Guaíba (Praia da Alegria e Praia da Florida) e Barra do Ribeiro (Praia Recanto das Mulatas). Os da

margem esquerda estão situados em Porto Alegre (Praia de Belém Novo, praia do Leblon - posto 1 e 2,

praia do Veludo – posto 3, Praia do Lami – posto 1, 2 e 3) e em Viamão (Praia de Itapuã).

USOS DA ÁGUA

Basicamente o uso da água do Lago é para abastecimento público das cidades de Porto Alegre,

Viamão, Eldorado do Sul, Guaíba e Barra do Ribeiro. O Tratamento e o fornecimento são realizados

pelo DMAE e pela CORSAN. Os locais estão plotados no Mapa de Restrições, bem como as áreas de

influência direta que não poderão ocorrer mineração. Também a água do Lago é utilizada para

pequenas indústrias e orizicultura.

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PESCA

A Ilha da Pintada sedia a Colônia de pescadores Z5. A maioria de sua população descende

de imigrantes açorianos e de ex-escravos africanos, que deixaram traços na cultura local, tais como as

lendas e nas crenças do atual ilhéus. A pesca é realizada em todo Lago Guaíba. Atualmente, a pesca

artesanal já não é mais o principal meio de subsistência da ilha e a grande maioria da sua população

trabalha e busca seus rendimentos no comércio e nos serviços oferecidos pela proximidade da capital.

O prato típico da Ilha da Pintada é o "pintado ensopado", peixe abundante e que provavelmente

originou o nome da ilha. A tainha e a anchova tornaram-se as opções gastronômicas mais conhecidas,

oferecidas em almoços e jantares comerciais pelo seu porte, pouca espinha e forma especial de

colocação no espeto de taquara. O peixe inteiro é envolvido pelo espeto de bambu que lhe confere

sabor especial, bem diferente de outras regiões que assam espetando o peixe como o churrasco

tradicional. tainha na taquara.

Um grupo de mulheres artesãs, batizado de Art'Escama, ganha a vida transformando escamas

de peixes em verdadeiras obras de arte. Confeccionam brincos, anéis, broches e bijuterias em geral.

Além disso, o material é aplicado em echarpes, chales, mantôs, camisetas e vestidos. O trabalho dessas

artesãs não contribui apenas para aumentar a renda das famílias pobres envolvidas na atividade, mas

constitui também um incentivo cultural.

A Ilha da Pintada se destaca por suas ruas arborizadas, com lindas árvores cobrindo sua entrada

principal. É a ilha mais populosa do arquipélago e não apresenta espaço físico para crescimento

populacional. A sua população, basicamente composta por nativos e descendentes, está limitada por

rios e banhados que impedem o seu crescimento urbano.

Com 1400 sócios, que pagam 70 reais anuais, a colônia ajuda os pescadores com material e

estrutura, mas ainda é pouco. A Z5 tem um projeto de criar um restaurante panorâmico na Ilha da

Pintada, onde seriam servidos os almoços que hoje são servidos na sede da Z5, que seria mais utilizada

para reuniões e eventos. Por hora a atração do local é o Peixe na Taquara aos domingos. Boa parte dos

clientes vai de barco, saindo do Gasômetro, e permanecem na ilha por duas horas, retornando também

de barco.

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Figura 17- Colônia de pescadores Z5.

A Colônia de Pescadores Z5 é uma entidade de classe com objetivo de orientar e prestar

serviços aos pescadores dos arquipélagos do lago Guaíba. Viabiliza assessoria jurídica, médica e

informações técnicas e ecológicas. O local também é palco para atividades culturais e de integração,

destacando o Peixe na Taquara, realizado aos domingos.

A partir de 1923, surgiu a atividade pesqueira organizada, com a fundação da Colônia de

Pescadores Z-4, com cerca de 150 associados que se distribuíam às margens do Guaíba. A maioria dos

pescadores concentrou-se na Vila de Itapuã; na área do Parque, alguns se instalaram na praia do Sítio e

outros na praia da Pedreira.

CAPTAÇÃO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Os pontos de captação localizados na margem esquerda do Lago são: captações da Ilha da

Pintada, São João/Moinhos de Vento, Menino Deus, Tristeza e Belém todas pelo realizadas pelo

DMAE e a captação junto à Itapuã é realizada pela CORSAN que abastece Viamão. Os pontos de

captação na margem direita são: Barra do Ribeiro e Guaíba que são realizados pela CORSAN.

MINERAÇÃO DE AREIA

Licenciamento junto à fepam

Visando subsidiar os trabalhos em desenvolvimento pelo GT da SEMA/FEPAM, com enfoque

na atividade de mineração de areia no Lago Guaíba, o Comitê do Lago Guaíba disponibilizou um

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grupo técnico para realizar um levantamento de dados disponíveis nos processos administrativos de

licenciamento.

O objetivo principal foi identificar os dados primários e secundários apresentados pelos

empreendedores, que caracterizaram os meios físicos e bióticos das áreas requeridas nos

licenciamentos para as atividades de extração de areia.

A metodologia de levantamento dos dados foi voltada para a identificação dos trabalhos de campo e

métodos utilizados na aquisição dos dados primários, e os trabalhos técnicos de referência utilizados

como dados secundários.

Este relatório técnico se restringiu ao levantamento de dados pertinentes aos processos de

extração de areia em recurso hídrico, em virtude dos estudos ambientais serem direcionados para as

atividades a serem licenciadas, fator este determinante para seleção de métodos e direcionamento dos

trabalhos de campo para a elaboração da documentação técnica, com vistas ao tipo licenciamento

ambiental para cada atividade.

O grupo de trabalho manteve a diretriz de realizar o levantamento dos dados, abstendo-se de

avaliar a qualidade e representatividade destes, procurando manter imparcialidade e resguardando a

análise dos métodos e processos aplicados pelos empreendedores, função esta de atribuição exclusiva

do corpo técnico da FEPAM.

Objeto

Foram disponibilizados pela FEPAM para o desenvolvimento deste relatório um total de 101

(cento e um) processos administrativos, apresentados em um volume cada, com exceção de um

processo administrativo que possui dois volumes, perfazendo 102 (cento e dois) volumes.

Nos processos administrativos com entrega de EIA/RIMA, foram disponibilizados 56

(cinquenta e seis) volumes complementares, sem documentação em meio digital.

Entre os processos administrativos, um deles se referia ao licenciamento de areia na Lagoa dos

Patos. Os dados pertinentes a este processo específico não foram incluídos na elaboração deste

relatório, em virtude de sua localização estar em corpo hídrico distinto do Lago Guaíba.

Os processos administrativos da FEPAM, o empreendedor e os processos minerários

vinculados, seguem abaixo.

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Tabela 31- processos administrativos da FEPAM, o empreendedor e os processos minerários vinculados.

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Processos minerários em licenciamento na Fepam para extração de areia

Figura 18- Áreas com processos minerários na Fepam.

Tabela 32- Tipos de licenciamento administrativo.

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RESULTADOS DA ANÁLISE INTEGRADA E ZONEAMENTO AMBIENTAL

Meio físico

Para fins do zoneamento inicial, a mineração não seria permitida em áreas que os sedimentos da

superfície do leito apresentam alto teor de finos (mais que 50% de silte + argila), bem como deverá

ser atendido aos padrões estabelecidos pela Resolução do CONAMA nº 454/2012 para dragagem,

na falta de legislação específica. O empreendedor deverá apresentar as análises físicas, químicas e

mineralógicas para comprovação.

A Mineração não será permitida nos esporões arenosos (bancos de areia de formato alongado e

estreitos que se projetam em direção ao centro do lago em ângulo acentuado). Para fins do

zoneamento inicial seriam considerados os esporões que aparecem na carta batimétrica do CECO.

Não será permitida a mineração no entorno (raio de 0,4 km, valor indicado pelo DMAE ou

CORSAN) dos locais de captação de água para abastecimento público.

A mineração deverá ficar afastada no mínimo a 500m dos balneários públicos e clubes náuticos,

esta distância limite ficará vinculada ao monitoramento da pluma de dispersão. Para tanto devem

ser considerados como balneários aqueles que os órgãos públicos fazem e publicam regularmente

boletins de balneabilidade

Os limites dos distanciamentos das poligonais ambientais com relação às captações, balneários e

clubes náuticos ficarão vinculados ao monitoramento da pluma de dispersão originada pela

atividade.

O ZEE-RS em elaboração fornecerá informações complementares e atuais da

hidrossedimentodologia, Mineralogia Detrítica, Ecobatimetria e Perfis de Sísmica de Reflexão,

padrões de onda e de correntes e cenários do Lago, que deverão ser considerados e realizada nova

avaliação.

Afastamento de 100 (cem) metros de cada lado dos emissários e da Hidrovia estabelecida pelo

SPH.

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Nas áreas de 10 km no entorno dos Parques e Unidades de Conservação a mineração deverá ter a

anuência dos gestores destas Unidades.

CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES QUE DEVERÃO CONSTAR NO LICENCIAMENTO

a. Batimetria: Caracterização geológica da jazida, incluindo dados sobre volume da reserva

existente e caracterização do minério;

b. Determinação do substrato rochoso (bedrock): consiste na determinação do leito estável do

rio (bedrock) por métodos de investigação direto (sondagem) e/ou indireto (geofísico).

c. Caracterização dos sedimentos a serem dragados. Deverá ser feita a avaliação geoquímica

dos sedimentos de fundo.

Haja vista a inexistência na Legislação Nacional de limites legais, ou seja, padrões específicos na

caracterização dos sedimentos que serão minerados recomenda-se utilizar a RESOLUÇÃO do

CONAMA Nº 454, DE 01 DE NOVEMBRO DE 2012. Esta Resolução estabelece as diretrizes

gerais e os procedimentos referenciais para o gerenciamento do material a ser dragado em águas

sob jurisdição nacional.

Artigo 2º.

IX - gerenciamento do material a ser dragado: procedimentos integrados que incluem a

caracterização, avaliação, classificação e disposição do material a ser dragado, bem como

monitoramento dos seus efeitos na área de disposição, considerando aspectos tecnológicos,

econômicos e ambientais;

Art. 10º. Após a caracterização química do material a ser dragado, proceder-se-á sua classificação

química, para fins de avaliar as condições de sua disposição observando os seguintes critérios:

II - para avaliação das alternativas de disposição em águas sob jurisdição nacional, os resultados da

caracterização química devem ser comparados com os valores orientadores previstos na Tabela III

do Anexo desta Resolução e classificados em dois níveis:

a. Nível 1- limiar abaixo do qual há menor probabilidade de efeitos adversos à biota;

b. Nível 2 - limiar acima do qual há maior probabilidade de efeitos adversos à biota.

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HIDROSSEDIMENTOMETRIA E HIDRODINÂMICA

A associação de empreendedores do ramo pode legitimar o custeio dos estudos para que seja efetuada

a determinação do volume de areia que aporta anualmente a cada segmento do Lago, a partir de

características físicas do depósito sedimentar e de equações que relacionem as variáveis do

escoamento – vazão, velocidade, profundidade, declividade da linha de água, largura do rio – com a

taxa de transporte dos sedimentos.

Considerando que a quantidade de material transportado depende das variáveis de escoamento,

especialmente da vazão, a estimativa do aporte anual de sedimentos deverá considerar, também, a

variação de valores, integrando-se os volumes transportados ao longo dos anos. Este período de tempo

deve ser representativo do regime hidrológico do rio e das variações resultantes da sazonalidade.

Deverá ser feita determinação do volume de sedimentos na foz dos principais afluentes do Lago

Guaíba.

Os cálculos deverão ser realizados utilizando modelagem matemática do comportamento

hidrodinâmico e hidrossedimentométrico do rio. Esta modelagem deverá identificar os volumes de

sedimentos aportados anualmente e as zonas preferenciais de deposição dos sedimentos, abrangendo:

a) análise hidrossedimentológica, através da avaliação de vazões, correntes, declividade da linha de

água e do suprimento;

b) medidas das vazões líquidas e das descargas sólidas associadas dos principais afluentes deste trecho;

c) avaliação preliminar das taxas de aporte de sedimentos para a área estudada.

PROGNÓSTICO E SIMULAÇÃO HIDROSSEDIMENTOMÉTRICA E HIDRODINÂMICA

Este item contempla cenários de simulação dos estudos hidrossedimentométricos e hidrodinâmicos do

Lago.

PROGNÓSTICO E SIMULAÇÃO DA EROSÃO DAS MARGENS

Este prognóstico, a ser executado através da associação de simulações hidrodinâmicas, contempla a

determinação de zonas e graus de risco hidrodinâmico para as margens e estruturas que potencialmente

possam ser afetadas pela ação antrópica e hidrodinâmica natural.

Nessas simulações, podem ser mapeadas zonas onde a mineração pode ser permitida, permitida com

restrições ou proibida, de acordo com o grau de risco às margens.

Este Estudo deverá ser realizado via convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Fiscalização:

a. Todo processo de mineração: dragas, jazidas e terminais hidroviários de minérios

fiscalizados através de sistema de Rastreamento via satélite.

Meio Biótico

Quanto às restrições:

Com base nos estudos levantados, as seguintes áreas e períodos devem ser restritos de atividade de

mineração:

As atividades de extração durante os períodos de defeso, ocorrentes de 01 de novembro à 31 de

janeiro do próximo ano, deverão ser suspensas, auxiliando na recuperação dos estoques pesqueiros

durante a fase de reprodução, desova e desenvolvimento dos alevinos;

Não poderá ocorrer mineração na área de ligação entre o lago Guaíba e a laguna dos Patos, por

tratar-se de área de passagem de espécies de relevante interesse ambiental. Inicialmente a área

protegida contempla uma metragem de aproximadamente 6.000m de comprimento 5.500m de

largura e poderá ser alterada conforme os monitoramentos biológicos do lago;

Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna ao delta do rio Jacuí por tratar-se de área

de alimentação e crescimento de espécies de peixes de água doce. Estes locais compreendem áreas

de crescimento de espécies de peixes de água doce (p.ex. piava - Leporinus obtusidens), inclusive

de importância comercial e ameaçadas de extinção (dourado – Salminus brasiliensis);

Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna aos juncais (Schoenoplectus

californicus). São áreas que propiciam abrigo para a desova e reprodução de peixes de água doce

(p.ex. peixes-rei – Odontesthes spp. e traíra –Hoplias malabaricus) e devem ser preservadas

Quanto ao monitoramento apontado pelos estudos levantados:

Todas as coletas de dados realizadas pelos empreendedores deverão utilizar a mesma

metodologia contida neste relatório. Esta media possibilita o cruzamento de informações e

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melhor conhecimento do Lago e de seu comportamento ao antropismo causado pela extração

de areia;

Todas as embarcações deverão possuir sistema de rastreamento via satélite com desligamento

automático das bombas de sucção, pois é uma ferramenta importante para garantir a não

intervenção nas áreas de restrições e controle;

Deverão ser restrito de atividades as áreas interiores de Unidades de Conservações e a operação

dentro da área de 10km deverá estar vinculada a autorização do respectivo gestor, bem como

adoção das medidas protetivas por ele mencionadas;

Seguem as metodologias específicas indicadas para cada grupo da biota aquática;

Quanto à periodicidade dos monitoramentos - Considera-se pertinente a

realização de campanhas sazonais durante o primeiro ano de monitoramento

para todos os grupos bióticos selecionados e posterior avaliação dos dados

podendo seguir-se com as campanhas sazonais ou alterando a periodicidade para

campanhas semestrais;

Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Indireta – AII -

Inicialmente sugere-se que sejam contemplados pontos controle, ou seja,

que não pertençam à área diretamente afetada pela extração de areia. Estes

pontos devem estar alocados de maneira a contemplar áreas de canal e margem

do Lago Guaíba em um raio de distância das áreas de interesse de no máximo 10

km. Estes pontos podem ser os mesmos para todos os pedidos de licença

solicitados, desta forma, a associação de empreendedores do ramo pode

legitimar o custeio dos estudos;

o Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Direta – AID-Como as

áreas para extração terão dimensões variadas, na tentativa de padronizar a coleta de

dados sugere-se que a cada 01km² sejam efetuados 02 pontos de amostragem para cada

um dos grupos pertencentes à Biota Aquática;

Quanto aos Fitoplânctons- As coletas deverão ser diurnas, preferencialmente ocorrentes entre

o período das 11h às 16h devido a maior intensidade de luz solar no corpo d’água. Serão

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realizadas amostragens em dois estratos: superfície e fundo através de uma rede modelo

cônico-cilíndrico com malha de 20 micra (Limnotec), bóia e peso compatíveis. A rede

permanecerá fixada à embarcação e ficará exposta contra a correnteza por aproximadamente

15minutos em cada um dos estratos. Se não houver corrente de água suficiente, padronizar a

velocidade mínima da embarcação e locomover-se pelo período de exposição determinado. As

amostras contidas no copo coletor serão fixadas em formalina neutralizada a 2%;

Para a triagem, ocorrerá a homogeneização da amostra através da agitação do frasco. Como a

amostra encontra-se concentrada, será separado 01mL para ser analisado em uma câmara de

Sedgewick Hafter. A triagem e identificação ocorrerá sob microscópio invertido, visando a

coleta de informações quantitativas e qualitativas. Para garantir o bom aproveitamento

qualitativo da amostra ainda serão analisadas mais quatro câmaras totalizando 05mL. Os

organismos encontrados serão contabilizados e identificados até gênero, através de bibliografia

especializada como Komarek e Foot (1983), Komárek e Anagnostidis (1999), Komárek (2003),

Komárek et al. (2003), Round et al. (1990), Krammer e Lange-Bertalot (1986), Krammer e

Lange-Bertalot (1988);

Quanto aos Zooplânctos- As coletas de zooplâncton deverão ser diurnas, preferencialmente

realizadas entre o período das 11h às 16h. Deverão ser amostrados dois estratos da coluna da

água: superfície e fundo através de uma rede modelo cônico-cilíndrico com malha de 100 micra

(Limnotec), boias e pesos adicionáveis. A rede permanecerá fixada à embarcação e ficará

exposta contra a correnteza por aproximadamente 15minutos em cada um dos estratos. Se não

houver corrente de água suficiente, padronizar a velocidade mínima da embarcação e

locomover-se pelo período de exposição determinado. O material coletado será acondicionado

em frascos de polietileno devidamente etiquetados e fixados em solução de formalina a 4%.

A composição zooplanctônica será avaliada utilizando-se lâminas e lamínulas comuns,

microscópio estereoscópico, microscópio óptico e registro de imagens. A identificação das

espécies será realizada com auxílio de literatura especializada: Koste (1978) e Nogrady e

Segers (2002) para Rotifera; El Moor-Loureiro (1997) e Gazulha (2012) para Cladocera;

Dussart e Defaye (1995) e Gazulha (2012) para Copepoda. Rotíferos e microcrustáceos

(cladóceros e copépodos) serão, sempre que possível, identificados em nível de espécie. Já o

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protozooplâncton (ciliados e amebas testáceos) e demais componentes da comunidade serão

descritos somente como grupos sistemáticos.

Quanto aos Invertebrados Bentônicos- As amostragens deverão ser realizadas através de uma

draga do tipo Van Veen. Neste caso, três sub-amostras de substrato serão coletadas em cada

ponto amostral por remoção, ou seja, por coletas sucessivas no mesmo local (BICUDO &

BICUDO 2004) a partir da embarcação. A variação no esforço de amostragem é necessária

para assegurar uma medida representativa da riqueza total e composição de macroinvertebrados

de cada área (GOTELLI & COLWELL, 2001) priorizando-se o substrato justamente por tratar-

se de organismos que vivem sob ou sobre o mesmo. No caso de pontos amostrais marginais,

deverão ser incluídas 03 varreduras com rede entomológica do tipo puçá principalmente entre

plantas aquáticas, troncos e/ou substratos mais rasos. As amostras de macroinvertebrados serão

acondicionadas e fixadas em formalina 10%. Não serão realizadas coletas em outros estratos

(superfície ou meio) porque os poucos registros para o grupo de bentônicos é caracterizado pela

presença de exúvias à deriva e organismos muito jovens, de dimensão reduzida e hábito

planctônico que, neste caso acabam integrando componentes da fauna zooplanctônica como

larvas de Mollusca e Nematoda.

As amostras deverão ser lavadas em uma peneira de 250μm para retirar folhas, caules e outros

detritos. Os macroinvertebrados serão separados e identificados em nível de família ou gênero

(quando possível) de acordo com Lopretto e Tell (1995), Merritt e Cummins (1996), Fernández

e Dominguez (2001) e outros.

As atividades de mineração deverão ser suspensa caso ocorra a presença de invertebrados

bentônicos descrito na lista vermelha, com atenção especial para a possível ocorrência das

seguintes espécies: Anodontites iheringi e Mycetopoda legumen (vulnerável); Leila

blainvilliana, Diplodon koseritzi e D. iheringi (em perigo);

Quanto à ictiofauna- Deverão ser realizadas amostragens mensalmente nos meses de

reprodução da maioria das espécies de peixes (de novembro a março) além de amostragens

bimensais representando os meses de outono e inverno, com coletas previstas para os meses de

maio e agosto. As amostragens deverão ser realizadas com baterias de redes de espera de

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diferentes malhagens (redes de 20 x 1,5m e 1,5, 2,5, 3,5, 4,5 e 6,0cm entrenós adjacentes) e

arrastos de margem em pontos de especial interesse a serem definidos durante a primeira

campanha de amostragens. As redes deverão ficar expostas por um período mínimo de 6hs. Os

pontos de amostragem devem ser localizados dentro da área a ser minerada, considerando os

diferentes ambientes incluídos na mesma, além de pelo menos um ponto controle em área o

mais livre possível de alteração por ação antrópica;

Os espécimes capturados deverão ser triados, identificados em nível de espécie e quantificados

por ponto e evento de coleta e soltos, salvo exceções de coleta para atendimento de

condicionantes específicas. A composição da ictiofauna em cada ponto e evento de

amostragens deverá ser analisada segundo os índices de Constância de Ocorrência, Diversidade

de Espécies de Shannon & Wiener, Grau de Dominância de Simpson e Equitabilidade;

Para a avaliação da taxocenose de peixes quanto à ocorrência de possíveis anomalias

morfológicas (displasias e neoplasias), os exemplares deverão ser individualmente analisados

visando a observação de deformidades físicas (displasias) e tumores (neoplasias) observados

externamente nos olhos, pele, escamas, coluna vertebral, ossos do crânio e nadadeiras.

Diferentes contaminantes podem ocasionar diversas respostas em um mesmo organismo,

agindo sobre tecidos ou órgãos distintos e particulares. Sendo assim, ocorrências de displasias

ou neoplasias devem ser registradas e analisadas separadamente de acordo com o órgão ou

tecido afetado, sendo classificadas e agrupadas em categorias. Os resultados obtidos deverão

ser analisados por ponto de coleta, evento e espécie, testando a significância do número e tipo

de anomalias registradas para cada um destes parâmetros;

Para o acompanhamento do ciclo reprodutivo, deverão ser selecionadas duas ou mais espécies

dentre as mais constantes em todos os pontos de coleta e que apresentem usos de hábitat

distintos, como espécies que vivem junto ao fundo e que se deslocam por toda coluna d'água. O

ciclo reprodutivo deverá ser acompanhado através do cálculo do Índice Gonadossomático

(IGS) e da distribuição das frequências de indivíduos em diferentes etapas de maturação

gonadal. A proporção de machos e fêmeas nos diferentes pontos e eventos de coleta também

deverá ser acompanhada. Exemplares das espécies selecionadas para o acompanhamento

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reprodutivo deverão selecionados para a análise histológica das gônadas, visando um melhor

acompanhamento do desenvolvimento e definição de etapas de maturação gonadal, além da

investigação de presença de formações anômalas, neoplasias ou atresia massiva nas gônadas.

Poderão ser selecionados aleatoriamente cinco exemplares de cada espécie por ponto de coleta

(quando o número amostral permitir);

Os monitoramentos de fauna terrestre e semi aquática deverão ser realizados pelos

empreendimentos cujo poligonal ambiental licenciada localiza-se frontalmente ás margens.

Considera-se como área passível de influência da atividade sobre a fauna, a distância de até

dois quilômetros em relação ao perímetro de extração de cada empreendimento;

Quanto à herpetofauna - A metodologia utilizada no monitoramento constitui-se de pontos de

escuta (para anfíbios) e busca ativa por encontros visuais (para répteis e anfíbios). A

nomenclatura científica e a ordenação taxonômica das espécies deverão seguir a classificação

atualmente utilizada pela Sociedade Brasileira de Herpetologia para anfíbios (SBH, 2012a) e

répteis (SBH, 2012b)

Pontos de escuta: conforme mencionado anteriormente, para monitoramento dos anfíbios será

utilizada a metodologia de pontos de escuta de HEYER et al. (1994). Deste modo, a unidade de

esforço será de um transecto de 500 metros de extensão, no qual serão distribuídos um ponto de

escuta a cada 100 metros (05 pontos/transecto). Os transectos deverão ser percorridos a noite,

visando registrar as espécies em atividade de vocalização. A quantificação dos registros vocais

será aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos em atividade/ponto;

Busca ativa: conforme supracitado, a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a um

transecto de 500 metros de extensão. Para tanto, são vasculhados todos os microhábitats que

podem ser utilizados como abrigo ou área de forrageio por este grupo, tais como a margem de

corpos d’água, dentro de gravatás e bromélias, embaixo de troncos ou pedras, tocas ou

materiais de origem humana (entulhos, telhas, caliça). Os transectos deverão ser percorridos

durante o dia, visando registrar as espécies em atividade ou abrigo. A quantificação dos

registros será aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos por transecto

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Quanto à avifauna- A ordenação taxonômica e a nomenclatura vernácula para as espécies

citadas deverão seguir o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2014). O

monitoramento da avifauna deverá ser realizado através da seguinte técnica amostral:

Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a um transecto de 500

metros de extensão. Durante o percurso serão adotados todos os indivíduos registrados por

contato visual ou auditivo. A abundância de cada espécie será apresentada através do Índice

Quilométrico de Abundância (IQA), que é igual ao número de contatos obtido dividido pela

distância percorrida (ALEIXO & VIELLIARD, 1995);

Quanto à mastofauna- A nomenclatura e a ordenação taxonômica deverão seguir WILSON &

REEDER (2005), sendo as atualizações discutidas e expostas ao longo do texto. As técnicas de

amostragem deverão priorizar a ocorrência de mamíferos de médio ou grande porte, cujo peso

médio do indivíduo adulto ultrapassa um quilo.

Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a um transecto de 500

metros de extensão, realizado em período crepuscular. Na execução deste método, será

efetivada a busca visual (determinação direta) por espécimes encontrados em atividade ou em

refúgios. Paralelamente será realizada a busca por vestígios, como pegadas, marcas e padrão de

mordidas em frutos secos, marcas odoríferas, tocas e fezes (determinação indireta), segundo

BECKER & DALPONTE (1991) e OLIVEIRA & CASSARO (2005).

Laudo técnico conclusivo sobre os monitoramentos e eventuais impactos causados pela

mineração de areia no lago Guaíba, bem como sugestões de medidas mitigatórias e novas

restrições. Todas as informações técnicas acima elencadas deverão estar acompanhadas da

ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do profissional responsável.

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CONCLUSÃO

Mapa com o Resultado da Análise Integrada

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EQUIPE TÉCNICA

Pela SEMA:

Analista Andrea Garcia de Oliveira

Analista Luciano Pazinato Martins

Analista Renato João Zucchetti

Analista Mauricio Colombo

Analista Emerson Klimach dos Santos

DRH Fernando Setembrino Cruz Meirelles

Pelo Comitê do Lago Guaíba:

Alpha da Rosa Teixeira

Kelli Nascimentos Andrade

Konnie Peuker

Márcia Eliana de Souza Correa

FEE – Fundação de Economia Estatística

Daiane Meneses

Gisele Ferreira

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