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YZUMI TAGUTI MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO NA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DE SEGUNDA ORDEM EM PLACAS DELGADAS Tese apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica na área de Projetos. Orientador: Prof. Dr. Edson Luiz França Senne Co-orientador: Prof. Dr. Webe João Mansur Guaratinguetá 2010

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YZUMI TAGUTI

MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO NA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DE SEGUNDA

ORDEM EM PLACAS DELGADAS

Tese apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica na área de Projetos.

Orientador: Prof. Dr. Edson Luiz França Senne Co-orientador: Prof. Dr. Webe João Mansur

Guaratinguetá 2010

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DADOS CURRICULARES

YZUMI TAGUTI NASCIMENTO 14.10.1950 – PIACATÚ / SP FILIAÇÃO Siuki Taguti Fumi Sato Taguti 1974/1978 Curso de Graduação Engenharia Civil Escola de Engenharia de São Carlos Universidade de São Paulo 1983/1987 Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas

nível Mestrado Escola Politécnica Universidade de São Paulo.

Dedicatória

de modo especial, à minha querida esposa Márcia pelo carinho,

paciência, apoio e incentivo e aos meus filhos Alexandre, Tátia e

Érika por existirem.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço ao povo brasileiro, que me deu sustentação como

docente de uma universidade pública. Agradeço pela minha vida, minha inteligência,

minha família e meus amigos,

Ao meu orientador, Prof. Dr. Edson Luiz França Senne que jamais deixou de me

incentivar. Sem a sua orientação, dedicação e auxílio, o estudo aqui apresentado seria

praticamente impossível porque ao longo da convivência me ajudou a ser um ser

humano melhor.

Aos meus pais Siuki e Fumi, com respectivamente, 88 e 83 anos pela educação

recebida e pelo incentivo.

Aos colegas e professores de trabalho Wellington Cyro , Enos, João Alberto,

Fernando Azevedo, Luttgardes e Celso Pinto pelas discussões e dedicação.

Aos prof. Dr. Luiz Eduardo, Prof. Dr. Júlio Santana e Prof. Dr. Marcelo dos

Santos Pereira pelo apoio recebido,

Às secretárias da pós-graduação Regina, Cristina e ao Sidney pela dedicação e

alegria no atendimento,

Às funcionárias da Biblioteca do Campus de Guaratinguetá pela dedicação,

presteza e principalmente pela vontade de ajudar.

TAGUTI, Y. Método dos elementos de contorno na resolução do problema de segunda ordem em placas delgadas. 2010. 189 f. Tese (Doutorado em Engenharia

Mecânica) − Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010.

RESUMO

No projeto estrutural de qualquer obra de engenharia busca-se o menor custo, a

alta resistência e confiabilidade. Portanto, com o avanço da técnica e do

desenvolvimento dos materiais empregados, são projetadas estruturas cada vez mais

esbeltas, que conduzem à necessidade de conhecimentos nas áreas de instabilidade,

dinâmica e reologia. Neste trabalho são realizados estudos de problemas de segunda

ordem em placas elásticas delgadas através do Método dos Elementos de Contorno

(MEC), considerando-se para a montagem do sistema de equações algébricas apenas a

equação integral do deslocamento transversal da placa e as variáveis de canto como

incógnitas. Apresenta-se uma nova Metodologia para tratar dos efeitos de segunda

ordem de placas pelo MEC. Primeiramente é feito um estudo da teoria de primeira

ordem em placas e também em chapas, pois estes estão relacionados com o estudo de

segunda ordem. Este trabalho trata do problema desde o início mostrando as diferenças

entre a teoria de primeira ordem e a de segunda ordem, após explicitar as hipóteses e

as deduções das equações que conduzem a uma teoria de segunda ordem simplificada,

da qual uma das aplicações é a equação da flambagem de Von Kármán.

Outra contribuição deste trabalho foi dar um tratamento novo para as integrais de

domínio, cujo integrando é função da curvatura “ ,ijw ” que passou a ser função apenas

do deslocamento transversal “w”, permitindo assim escrever na formulação do

problema pelo MEC apenas equações integrais de “w”, tanto no contorno quanto no

domínio.

PALAVRAS CHAVES: Efeitos de segunda ordem. Não-linearidade geométrica.

Placas elásticas. Método dos Elementos de Contorno.

TAGUTI, Y. Boundary Element Method in the resolution of second order

problem in thin plates. 2010. 189 f. Thesis (Doctorate in Mechanical Engineering) −

Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual

Paulista, Guaratinguetá, 2010.

ABSTRACT

In structural design of any engineering project seeks to lower cost, high strength

and reliability. Therefore, with the advance of technique and strength of materials

used, more slender structures are designed, which lead to the need for knowledge in

the areas of instability, dynamics and rheology. This work studies the problems of

second order and buckling in thin elastic plates through the Boundary Element Method

(BEM), considering, for mounting the system of algebraic equations, only the integral

equation of the transverse displacement of the plates and unknown corner variables. It

presents a new methodology to adress the effects of second order plates by the BEM.

First it is studied the theory of first order in bending plates, and also in plane stress, as

they are related to the study of second order. This paper addresses the problem from

the beginning showing the differences between the theory of first and second order,

after explaining the hypotheses and deductions of equations that lead to a simplified

theory of second order, which is one of the applications of the equation Von Kármán

buckling.

Another contribution of this paper was to give a new treatment for the domain

integrals, whose integrand is function of curvature “ ,ijw ” which is now a function only

of transversal displacement, “w”, enabling to write in the problem’s formulation by

BEM, only the integral equations of “w”, both in boundary and in the domain.

KEY WORDS: Second order effects. Geometric nonlinearity. Elastic Plates.

Boundary Element Method.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – Chapas ...............................................................................................21 FIGURA 2.2 – Placas ..................................................................................................21 FIGURA 2.3 – Cascas ................................................................................................21 FIGURA 2.4 – Estado plano de tensão .......................................................................22 FIGURA 2.5 – Discretização do contorno Γ em elementos Γj ...................................29 FIGURA 2.6 – Elemento Γj, com aproximação linear ................................................30 FIGURA 2.7 – Função aproximadora contínua ..........................................................30 FIGURA 2.8 – Função aproximadora descontínua .....................................................30 FIGURA 3.1 – Sistema de coordenadas......................................................................36 FIGURA 3.2 – Superficie média da placa após a deformação....................................37 FIGURA 3.3 – Representações de Tensões e Momentos ...........................................39 FIGURA 3.4 – Momentos fletores (por unidade de comprimento) ............................41 FIGURA 3.5 – Momentos de torção (por unidade de comprimento) .........................41 FIGURA 3.6 – Forças Cortantes (por unidade de comprimento) ...............................42 FIGURA 3.7 – Condições de contorno da placa .........................................................45 FIGURA 3.8 – Forças aplicadas na borda livre ..........................................................46 FIGURA 3.9 – Forças aplicadas na borda livre, x = a ................................................47 FIGURA 3.10 – Forças aplicadas na borda livre, y = b ................................................48 FIGURA 3.11 – Condições de contorno para placas com formato qualquer................49 FIGURA 3.12 – Tensões e Esforços em um Elemento Infinitesimal de Placa .............49 FIGURA 3.13 – Forças concentradas aplicadas nos pontos P e T ................................53 FIGURA 3.14 – Sistemas de Coordenadas Cartesianas e Polares ................................54 FIGURA 3.15 – Relações das coordenadas (n,s) de um ponto P com as coordenadas

(x,y) e (r,θ) ..........................................................................................56 FIGURA 3.16 – Representação do domínio, pontos de carregamento “q” e pontos de

deslocamentos “p”...............................................................................58 FIGURA 3.17 – Tensões Força cortante equivalente num círculo de raio r devido à

uma carga unitária aplicada no ponto q...............................................59 FIGURA 3.18 – Sistemas de coordenadas (n,s) e (m,u) ...............................................62 FIGURA 3.19 – Representação de uma placa com carregamento ................................64 FIGURA 3.20 – Acréscimo de um contorno circular ...................................................68 FIGURA 3.21 – Sistema de coordenadas associadas aos pontos anterior e posterior aos

cantos ..................................................................................................74 FIGURA 3.22 – Discretização do Contorno da Placa (apenas elementos lineares) .....77 FIGURA 3.23 – Tipos de elementos para as variáveis (ex. w). ....................................78 FIGURA 3.24 – Descrição geométrica do elemento linear...........................................79 FIGURA 4.1 – Componentes de deslocamentos dos pontos da placa ........................90 FIGURA 4.2 – Tensões positivas................................................................................94 FIGURA 4.3 – Forças de membrana positivas, por unidade de comprimento. ..........94 FIGURA 4.4 – Momentos fletores e de torção positivos. ...........................................94 FIGURA 4.5 – Forças de membrana. ..........................................................................97 FIGURA 4.6 – Corte através do elemento dxdy, por um plano paralelo a xz........ ....98 FIGURA 4.7 – Corte através do elemento dxdy, por um plano paralelo a yz........ ....98

FIGURA 4.8 – Forças cortantes e carga transversal ...................................................99 FIGURA 4.9 – Corte no elemento dxdy, por um plano paralelo a xz ........................99 FIGURA 4.10 – Corte no elemento dxdy, por um plano paralelo a yz.........................99 FIGURA 4.11 – Corte através do elemento dxdy, por um plano paralelo a yz ........102 FIGURA 4.12 – Corte através do elemento dxdy, por um plano paralelo a yz ........102 FIGURA 4.13 – Momentos fletores e de torção .........................................................104 FIGURA 4.14 – Contorno da placa e elemento infinitesimal submetido a forças .....108 FIGURA 4.15 – Elemento infinitesimal submetido a momentos e esforço cortante ..109 FIGURA 4.16 – Deslocamentos e cargas de superfície na placa................................110 FIGURA 5.1 – Forças de membrana e cargas de superfície .....................................114 FIGURA 5.2 – Pontos de carga (q e Q) e pontos nodais (p e P)...............................115 FIGURA 5.3 – Transferência dos nós junto aos cantos ............................................116 FIGURA 5.4 – Ângulo interno ao canto ...................................................................117 FIGURA 5.5 – Relações entre si pep,p η ..............................................................118

FIGURA 5.6 – Relações entre sni e, θθθ .................................................................119

FIGURA 5.7 – Relações entre 21sn pep,p,p ........................................................120

FIGURA 5.8a – Discretização do contorno e do domínio : o contorno por elementos lineares ; o domínio por células triangulares.....................................123

FIGURA 5.8b – Pontos nodais, onde estão associadas às incógnitas do problema. ...123 FIGURA 5.8c – Pontos de carga, (“load points”), onde para cada um deles está associada uma equação integral de deslocamento “w......................123 FIGURA 5.9 – Elemento contínuo. Os valores nodais estão situados nos extremos do

elemento. ...........................................................................................125 FIGURA 5.10 – Elemento descontínuo.......................................................................125 FIGURA 5.11 – Elemento misto. ................................................................................126 FIGURA 5.12 – Coordenadas de Área........................................................................127 FIGURA 5.13 – Mudança de coordenadas..................................................................128 FIGURA 5.14 – Aproximação de “w” na célula mΩ ................................................129 FIGURA 5.15 – Limites de integração de r e θ...........................................................134 FIGURA 5.16 – Célula m dividida nas sub-células m1 e m2 .....................................136 FIGURA 5.17 – Transformação de coordenadas. .......................................................141 FIGURA 5.18 – Transformação de coordenadas. .......................................................143 FIGURA 5.19 – Descontinuidade geométrica ............................................................145 FIGURA 5.20 – Descontinuidade das cargas pi..........................................................145 FIGURA 5.21 – Pontos de carga Q no contorno e integração dos elementos Γj ........148 FIGURA 5.22 – Transformação de coordenadas de ξ para s ......................................149 FIGURA 5.23 – Transformação de coordenadas de ξ para r(Q,P) .............................150 FIGURA 5.24 – Versores η e s; coordenadas polares r e θ ........................................151 FIGURA 5.25 – Pontos de carga (“load point”) .........................................................156 FIGURA 6.1 – Esquema do sistema de solução dos efeitos de segunda ordem em

placas pelo MEC ...............................................................................162 FIGURA 6.2 – Viga-parede em balanço com carga concentrada na extremidade ...168 FIGURA 6.3 – Viga biapoiada com carga concentrada no meio do vão ..................169 FIGURA 6.4 – Contorno da viga discretizada ..........................................................170 FIGURA 6.5 – Aplicação 1: Placa ...........................................................................172

FIGURA 6.6 – Discretização da aplicação 1: Placas1 ..............................................173 FIGURA 6.7 – Discretização da aplicação 1: Placas2 ..............................................173 FIGURA 6.8 – Aplicação 2: Placa real .....................................................................175 FIGURA 6.9 – Discretização da aplicação 2: Placa real...........................................176 FIGURA 6.10 – Aplicação 2: Placa aproximada ........................................................176 FIGURA 6.11 – Discretização da aplicação 2: Placa aproximada..............................177 FIGURA 6.12 – Aplicação 3: Placa ............................................................................179 FIGURA 6.13 – Discretização da aplicação 3: Placa..................................................179 FIGURA 6.14 – Aplicação 4: Placa ............................................................................181 FIGURA 6.15 – Discretização da aplicação 4:Placa...................................................181

LISTA DE TABELAS TABELA 6.1 – Resultados da aplicação 1: chapa ......................................................168 TABELA 6.2 – Resultados da aplicação 2: chapa ......................................................171 TABELA 6.3 – Resultados da aplicação 1: placa .......................................................174 TABELA 6.4 – Resultados da aplicação 2: placa .......................................................177 TABELA 6.5 – Resultados da aplicação 3: placa .......................................................180 TABELA 6.6 – Resultados da aplicação 4: placa .......................................................182

LISTA DE SÍMBOLOS LATINOS u, v e w deslocamentos nas direções x, y e z x, y e z eixos coordenados x, y e z bx , by força de massa nas direções x e y G módulo de elasticidade transversal E módulo de elasticidade longitudinal

*iku deslocamentos fundamentais

Q, P pontos de cargas e pontos nodais no contorno q, p Pontos de cargas e pontos nodais no domínio H matriz de coeficientes G matriz de coeficientes U vetor de deslocamentos P vetor dos esforços X vetor de incógnita A matriz de coeficientes B vetor independente com termos conhecidos

ckf resistência característica à compressão do concreto

vão (comprimento) da peça h altura da seção transversal I momento de inércia

*iku solução fundamental

* *ik ikp , u esforços e deslocamentos fundamentais

D rigidez à flexão g(x,y) carga uniformemente distribuida

x y xyM , M , M momentos fletores e momento volvente

x yQ , Q esforços cortantes

xV esforço cortante de Kirchhoff n, s

versores normal e tangencial ao contorno Rci reação do canto i

x y xyN , N , N forças de membrana

hX, hY forcas de volume X, Y forças de contorno

n nV , M força cortante e momento fletor normal ao contorno

LISTA DE SÍMBOLOS GREGOS Ω domínio do problema

, ,σ σ σx y z tensões normais nas direções x, y e z

,xy yxτ τ tensões de cisalhamento

, ,ε ε γx y deformações normais e distorção

ν coeficiente de Poisson λ fator multiplicativo do material

,η ηx y versores nas direções x e y * *,σ εijk ijk tensões e deformações fundamentais

Γ contorno do problema φ função aproximadora α, θ, β Ângulos

2∇ operador lapraciano

d , σΓ Γ respectivamente, contorno vinculado e contorno livre

gΩ região carregada com g

λ fator de carga

nθ rotação normal ao contorno

iξ coordenadas de área, i=1,2,3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................16 1.1 MOTIVAÇÃO....................................................................................................16 1.2 ESTADO DA ARTE...........................................................................................17 1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................18 2 CHAPAS ELÁSTICAS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO ....................................................................................................20 2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................20 2.2 TEORIA DA ELASTICIDADE.........................................................................20 2.3 TEORIA DA ELASTICIDADE APLICADA AO ESTUDO DE CHAPAS.....21 2.3.1 Estado plano de tensão .....................................................................................21 2.3.2 Estado plano de deformação............................................................................24 2.4 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A CHAPAS..27 2.4.1 Solução fundamental das chapas ....................................................................27 2.4.2 Discretização do contorno................................................................................28 3 PLACAS ELÁSTICAS DE PRIMEIRA ORDEM PELO MÉTODO DOS

ELEMENTOS DE CONTORNO....................................................................33 3.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................33 3.2 PLACAS ELÁSTICAS DE PRIMEIRA ORDEM ............................................35 3.2.1 Equações diferenciais de Lagrange.................................................................35 3.2.2 Deslocamentos ...................................................................................................36 3.2.3 Equações de compatibilidade ..........................................................................37 3.2.4 Equações constitutivas .....................................................................................38 3.2.5 Momentos fletores e de torção .........................................................................39 3.2.6 Equações diferenciais de equilíbrio ................................................................41 3.2.7 Condições de contorno para placas retangulares ..........................................45 3.2.8 Condições de contorno para placas com formato qualquer .........................48 3.2.9 Equações de placas em coordenadas polares .................................................53 3.2.10 Soluções fundamentais de placas de primeira ordem ...................................57 3.3 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A PLACAS ..63 3.3.1 Introdução .........................................................................................................63 3.3.2 Equações integrais para pontos do domínio ..................................................63 3.3.3 Equações integrais para pontos do contorno .................................................67 3.3.4 Discretização .....................................................................................................76 3.3.5 Transformação das equações integrais em equações algébricas..................80 4 TEORIA DE SEGUNDA ORDEM DE PLACAS ELÁSTICAS..................86 4.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................86 4.2 TEORIA DE SEGUNDA ORDEM SIMPLIFICADA.......................................86

4.3 DESLOCAMENTOS .........................................................................................89 4.4 RELAÇÕES DEFORMAÇÕES-DESLOCAMENTOS ....................................90 4.5 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS ......................................................................93 4.5.1 Relações tensões-deformações .........................................................................93 4.5.2 Tensões em função das componentes u, v, w..................................................93 4.6 ESFORÇOS SOLICITANTES...........................................................................94 4.7 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO.........................................................................96 4.7.1 Introdução .........................................................................................................96 4.7.2 Equações de equilíbrio no plano da placa ......................................................97 4.7.3 Equações de equilíbrio transversal ao plano da placa ................................100 4.8 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM FUNÇÃO DAS COMPONENTES u, v e

w DOS DESLOCAMENTOS DOS PONTOS DA PLACA............................107 4.9 CONDIÇÕES DE CONTORNO DE UMA PLACA DE FORMATO

QUALQUER ...................................................................................................108 4.9.1 Introdução .......................................................................................................108 4.10 ACOPLAMENTO DOS EFEITOS DE MEMBRANA E DE FLEXÃO ........110 5 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE FLAMBAGEM DE PLACAS

PELO MEC .....................................................................................................112

5.1 INTRODUÇÃO................................................................................................112 5.2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS.........................................................................112 5.3 EQUAÇÕES INTEGRAIS...............................................................................115 5.4 TRANSFORMAÇÃO DA INTEGRAL DE DOMÍNIO .................................117 5.5 DISCRETIZAÇÃO DO PROBLEMA DE FLAMBAGEM DE PLACA .......122 5.5.1 Introdução .......................................................................................................122 5.5.2 Aproximação das variáveis ............................................................................124 5.5.2.1Variáveis no contorno.......................................................................................124 5.5.2.2Variáveis no domínio .......................................................................................126 5.5.3 Equações integrais após a discretização .......................................................129 5.5.3.1Equações integrais para pontos "Q" no contorno .............................................129 5.5.3.2Equações integrais para os pontos externos ao contorno .................................147 5.5.3.3Equações integrais para os cantos da placa ......................................................147 5.5.3.4Equações integrais para os pontos internos ......................................................147 5.5.3.5Integração sobre os elementos..........................................................................148 5.6 SISTEMA DE EQUAÇÕES ALGÉBRICAS DO PROBLEMA DE FLAMBAGEM DE PLACAS..........................................................................155 5.6.1 Introdução .......................................................................................................155 5.6.2 Sistema de equações........................................................................................155 6 RESULTADOS COMPUTACIONAIS ........................................................162 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................184 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................186

16

1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

Na teoria de primeira ordem de estruturas considera-se que os deslocamentos e as

deformações são muito pequenas. Nesta teoria as equações de equilíbrio são

desenvolvidas para a configuração indeformada da estrutura , as relações

deformações-deslocamentos são lineares, e as relações tensões-deformações assumem

formas relativamente simples.

A aplicação desta teoria permite a solução, com relativa precisão, de muitas

classes importantes de problemas de engenharia. Há, entretanto, problemas para os

quais é necessário considerar uma aproximação mais exata. Por exemplo, os

problemas que se prendem ao cálculo dos esforços de segunda ordem em estruturas de

rigidez reduzida, e aqueles referentes a perdas da estabilidade do equilíbrio.

Em tais problemas estruturais deve ser aplicada a teoria de segunda ordem (não-

linearidade geométrica), na qual as equações de equilíbrio devem ser escritas

considerando-se a configuração deformada da estrutura, as relações deformações-

deslocamentos não são lineares e as relações tensões-deformações assumem ainda

formas relativamente simples.

Devido a complexidade, e muitas vezes à inexistência de soluções analíticas das

equações diferenciais governantes da placa, mesmo em teorias simplificadas, recorre-

se para a sua resolução de métodos numéricos, que se tornaram exeqüíveis graças ao

advento e desenvolvimento de processadores eletrônicos.

O Método dos Elementos Finitos (MEF), assim como o Método das Diferenças

Finitas, aproxima a solução da equação diferencial que rege o problema físico,

utilizando-se variáveis incógnitas associadas a pontos discretos internos e do contorno

do domínio em análise. Daí decorre a denominação " Métodos de Domínio " muitas

vezes atribuída a essas técnicas.

As técnicas de resolução de equações integrais de contorno surgem como

procedimentos numéricos alternativos para a resolução dos diversos problemas físicos

usuais da engenharia.

17

Em particular, o Método dos Elementos de Contorno (MEC) vem ganhando

espaço entre os pesquisadores dos mais conceituados centros de pesquisa. Neste

Método, como nos demais, a solução do problema físico é determinada em pontos

discretos, só que agora localizados apenas sobre o contorno. Essa característica do

Método leva sempre a uma redução das dimensões dos problemas analisados, o que

significa menor quantidade de dados de entrada, diminuição do tempo de

processamento e menor área auxiliar de armazenamento das informações necessárias

no processamento, que o torna bastante útil.

Aliado com as características do MEC e a existência de poucas pesquisas

realizadas sobre o assunto em pauta, optou-se em abordar a teoria de segunda ordem,

ou seja, tratar os problemas de deslocamentos não muito pequenos em placas

delgadas, em regime elástico linear, através do MEC, enfocando se com pormenor

certos aspectos conceituais e práticos importantes, relativos aos efeitos de segunda

ordem.

1.2 ESTADO DA ARTE

Existem duas principais teorias desenvolvidas para a análise de placas; a

primeira, chamada Teoria Clássica, foi formulada por Kirchhoff (1850) com hipóteses

simplificadoras, sendo válida apenas para placas delgadas, que admitem quatro

variáveis no contorno da placa, gerando uma equação diferencial governante de 4a

ordem; a segunda, formulada por Reissner (1944) e Mindlin (1951), considera as

deformações por cisalhamento, elevando a equação diferencial governante para 6a

ordem. Esta teoria apresenta resultados mais completos e é valida para placas espessas.

O Método dos Elementos de Contorno originou-se como uma evolução natural

das técnicas de resolução de equações integrais de Contorno, tais como, as aplicadas

em problemas de Elasticidade por Betti (1872), por Kupradze (1965), por Rizzo

(1967). Em problemas de engenharia em geral pode-se citar, Brebbia (1984), Brebia et

AL (1984), Brebia e Venturini (1987), Venturini (1988), Hesebe e Wang (2002)

utilizaram a função de Green para a flexão de placas pelo MEC. Hashed (2002) tratou

de placas sobre apoios internos.

18

A aplicação do Método dos Elementos de Contorno na análise de placas teve

início a partir dos trabalhos de Jaswon et al. (1967), de Hansen (1976), de Bezine

(1978), de Stern (1979). Posteriormente, pode-se citar entre outros os trabalhos de

Paiva (1987), Calderón (1991), que trataram de problemas relacionados a placas

utilizando uma formulação alternativa que consiste no uso de equações integrais

apenas do deslocamento transversal “w” da placa, que será utilizada no presente

trabalho aplicada a problemas de efeitos de segunda ordem em placas. Pode-se citar os

trabalhos relacionados a placas enrijecidas formuladas pelo MEC, tais como os de

Tanaka et AL (2000), Fernandes e Venturini (2002) e Guo et al (2002), .

Os trabalhos iniciais mais relevantes relacionados ao comportamento não-linear

geométrico de placas são os de Kamiya e Sawaky (1982), Tanaka (1984), Costa Jr.

(1985), Syngellakis e Kang (1987), Liu (1987), Katsikadelis (1991) que tratou de

grandes deslocamentos de placas sobre fundação elástica, e Kouhia e Meuren (1995),

que trataram de problemas de flambagem de placas utilizando a formulação clássica do

MEC, ou seja escrevendo para cada ponto nodal do contorno duas equações integrais

uma do deslocamento transversal e a outra da derivada direcional do deslocamento.

Mais recentemente podem-se citar os trabalhos de Mirasso e Godoy (1992) que

estudaram técnicas iterativas para problemas de autovalor, Abdel-Aziz (1994), Tanaka

et al. (1999) e Taflesh (2002) analisaram a pré/pós flambagem da placa de Von

Kármán, Aliabad (2006) e (2007) que analisou a não-linearidade física e geométrica

em placas, Guo et al (2002) que trataram de problemas de flambagem e pós-

flambagem, partindo da equação diferencial de Von Kármán.

1.2 OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma nova metodologia de tratar os

efeitos de segunda ordem em placas utilizando-se o MEC. Primeiramente é feito um

estudo da teoria de primeira ordem em placas e também em chapas, pois estes estão

relacionados com o estudo de segunda ordem. Nesse aspecto, a metodologia adotada

se diferencia da de outros autores, pois os mesmos tratam do problema diretamente a

partir da equação diferencial governante de placas de Von Kármán, enquanto que, por

19

sua vez, este trabalho trata do problema desde o início mostrando as diferenças entre a

teoria de primeira ordem e a de segunda ordem, após explicitar as hipóteses e as

deduções das equações que conduzem a uma teoria de segunda ordem simplificada, da

qual uma das aplicações é a equação da flambagem de Von Kármán.

Outra contribuição no estudo de segunda ordem consiste na aplicação das

equações integrais apenas dos deslocamentos transversais da placa, enquanto que na

formulação clássica se utiliza para cada ponto do contorno uma equação integral do

deslocamento transversal e outra da derivada direcional do deslocamento.

Além disso, foi dado um tratamento novo para as integrais de domínio, cujo

integrando é função da curvatura “ ,ijw ” e, com o tratamento, passou a ser função

apenas do deslocamento, permitindo assim na formulação escrever apenas equações

integrais do deslocamento transversal, tanto no contorno quanto no domínio.

Este trabalho está dividido em 7 capítulos. O Capítulo 1 trata do contexto do

tema, os objetivos e sua execução. A análise dos efeitos de segunda ordem depende,

primeiramente, da análise de primeira ordem das estruturas denominadas chapas, que

são estruturas planas com carregamento no próprio plano, e placas, com carregamento

transversal ao plano.

No Capítulo 2 é desenvolvida a teoria de chapas e sua formulação pelo Método

dos Elementos de Contorno. O mesmo procedimento é apresentado no Capítulo 3 para

o caso de placas em teoria primeira ordem.

A teoria de segunda ordem de placas é apresentada em detalhe no Capítulo 4. No

Capítulo 5 é desenvolvida a formulação do problema de flambagem de placas pelo

MEC, com a discretização da placa e a conseqüente transformação das equações

integrais em equações algébricas.

No Capítulo 6 são apresentados os resultados computacionais obtidos neste

trabalho, produtos da elaboração de vários programas em linguagem Fortran. As

considerações finais são descritas no Capítulo 7.

20

2 CHAPAS ELÁSTICAS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO

2.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo considera-se o problema de chapas elásticas, que são estruturas

planas com carregamento no próprio plano. O objetivo deste estudo é formular o

problema pelo Método dos Elementos de Contorno (MEC) e produzir resultados, pois

o mesmo será parte da formulação de segunda ordem de Placas, que é a meta principal

deste trabalho.

2.2 TEORIA DA ELASTICIDADE

Um corpo sujeito a forças externas se deforma, aparecendo deformações e

tensões em cada ponto do corpo. Para um dado carregamento, a deformação depende

da configuração geométrica do corpo, da maneira como ele é fixado ao meio externo

(apoios), além das propriedades mecânicas do material que o constitui.

Na Teoria de Elasticidade estudam-se as relações entre as forças externas,

deslocamentos, deformações e tensões em um corpo constituído de material elástico.

As principais equações desenvolvidas serão: equações de equilíbrio, relações de

deformação-deslocamento e relações constitutivas.

Os corpos podem ser classificados em rígidos ou deformáveis. No primeiro caso,

a distância entre dois pontos quaisquer não varia sob a ação de forças; já no segundo

caso, o corpo sofre deformação.

Denomina-se elasticidade a propriedade de que um material se deforma sob a

ação de forças, e uma vez cessada esta força, o corpo retorna a sua posição inicial. O

material que possui esta propriedade denomina-se elástico. Quando o retorno é apenas

parcial, o corpo denomina-se parcialmente elástico e quando a deformação é

permanente, o material denomina-se plástico.

Existem três tipos de estruturas, cujo domínio denomina-se de Ω, em que podem

ser aplicados a Teoria da Elasticidade, cada um com suas hipóteses particulares.

21

Quando Ω for plana e os esforços agirem no plano de Ω, a estrutura será

denominada chapa, Figura 2.1.

Quando Ω for plana e os esforços agirem perpendicularmente ao plano Ω, a

estrutura será denominada placa. Em caso de estruturas de concreto armado ou

protendido, ela é denominada laje, Figura 2.2.

Quando Ω não for plana, a estrutura de superfície será denominada casca, Figura

2.3.

2.3 TEORIA DA ELASTICIDADE APLICADA AO ESTUDO DE CHAPAS

2.3.1 Estado Plano de Tensão

Se uma chapa fina é carregada por forças no contorno, paralelas ao plano da

chapa e distribuídas uniformemente ao longo da espessura, Figura 2.4, as componentes

de tensão z xz yz, ,σ τ τ são nulas em ambas as faces da chapa. O estado de tensão é

então especificado apenas por x y xy, ,σ σ τ , e é denominado estado plano de tensão.

Pode ser admitido como aproximação que estas três componentes são independentes

de z, isto é, elas não variam ao longo da espessura. Tais componentes são então

funções apenas de x e y.

Figura 2.2 -Placa Figura 2.1 -Chapa Figura 2.3 -Casca

22

Se o Estado Plano de Tensão de um corpo é tal como representado pela equação

(2.1) diz-se que o corpo está num estado de tensão paralelo ao plano xy.

( )( )

( )y,x

y,x

y,x

xyxy

yy

xx

τ=τ

σ=σ

σ=σ

(2.1)

Assim, as equações de equilíbrio são:

0byyx

0bxyx

yxy

xyx

=+∂

σ∂+

τ∂

=+∂

τ∂+

σ∂

(2.2)

onde, as componentes bx e by deverão ser funções apenas de x e y, e z deverá ser nulo

para que o Estado de Tensão exista.

As equações constitutivas são escritas como:

( )

( )

G

E

1E

1

xyxy

xyy

yxx

τ=γ

νσ−σ=ε

νσ−σ=ε

(2.3)

( )

( )

xz yz

z x y

z x y

0

E

1

γ = γ =

νε = − σ − σ

νε = − ε − ε

− ν

(2.4)

Onde, x,y e z são os eixos cartesianos ,

u,v, e w são os deslocamentos correspondentes

aos eixos x,y e z

x , u

y , v

z , w

y, v

Figura 2.4 – Estado plano de tensão (Timoshenko, 1980)

23

onde,

ν coeficiente de Poisson, determinado através de ensaios de laboratório

Observe-se que no estado plano de tensão zσ é nulo, mas zε não é. Invertendo-

se as equações constitutivas, tem-se:

( )

( )

xyxy

xy2y

yx2x

G1

E1

E

γ=τ

νε+εν−

νε+εν−

(2.5)

onde,

E módulo de elasticidade longitudinal

G módulo de elasticidade transversal

A relação entre estes dois módulos é dada pela expressão:

( )ν−=

12

EG (2.6)

Finalmente, escrevem-se as relações deformação-deslocamento que envolvem as

componentes de deslocamentos u e v:

y

u

x

v

y

vx

u

xy

y

x

∂+

∂=γ

∂=ε

∂=ε

(2.7)

A chapa em geral é submetida no contorno a restrições mecânicas ou

geométricas. Assim, têm-se as condições de contorno mecânicas dadas por:

yyxxyy

yxyxxx

T

T

ησ+ητ=

ητ+ησ= (2.8)

e as geométricas dadas por:

vv

uu

=

= (2.9)

Encontram-se situações do Estado Plano de Tensão em chapas finas, onde as

forças externas T que atuam sobre a chapa são paralelas ao plano xy e uniformemente

24

distribuídas ao longo da espessura. Não existem forças aplicadas nas faces da chapa e,

portanto, 0yzxzz =τ=τ=σ nas faces. Se a chapa é fina é improvável que estas

componentes atinjam valores substanciais no interior da chapa. Portanto, podem-se

admitir que elas permanecem nulas ao longo da espessura e que as outras três

componentes de tensão permaneçam constantes.

Estas oito equações a oito incógnitas podem ser resolvidas por apenas duas

equações diferenciais em termos dos deslocamentos u e v dos pontos da chapa.

( )

( )0b

y

v

x

u

y12

EvG

0by

v

x

u

x12

EuG

y2

x2

=+

∂+

ν−+∇

=+

∂+

ν−+∇

(2.10)

Portanto, o problema consiste em determinar as componentes xyyx e, τσσ que

satisfazem simultaneamente às equações de equilíbrio (2.2), às equações deformação-

deslocamento (2.7) e às equações constitutivas (2.5), sujeitas às condições de contorno

(2.8) e (2.9).

Resumindo, a hipótese do Estado Plano de Tensão resultou em duas equações de

equilíbrio, três relações deformação-deslocamento e três equações constitutivas,

totalizando oito incógnitas e oito equações.

2.3.2 Estado Plano de Deformação

Se a componente do deslocamento “w” for nula e se “u” e “v” forem funções

apenas de x e y, não de z, diz-se que o corpo está num Estado Plano de Deformação

paralelo ao plano xy, ou seja:

( )( )

0w

y,xvv

y,xuu

=

=

=

(2.11)

Assim, as relações deformação-deslocamento são dadas por:

25

y

u

x

v

y

vx

u

xy

y

x

∂+

∂=γ

∂=ε

∂=ε

(2.12)

e as equações constitutivas por:

( )( )

xyxy

yxyy

xyxx

G

G2

G2

γ=τ

ε+ε+ελ=σ

ε+ε+ελ=σ

(2.13)

onde,

( )( )ν−ν+

ν=λ

211

E

As equações de equilíbrio simplificam-se para:

xyxx

xy yy

b 0x y

b 0x y

∂τ∂σ+ + =

∂ ∂

∂τ ∂σ+ + =

∂ ∂

(2.14)

Portanto, para a existência de um estado de deformação paralelo ao plano xy, as

componentes bx e by da força de massa deverão ser funções apenas de “x” e “y” e a

componente bz deverá ser nula.

Encontram-se situações de estado plano de deformação em corpos cilíndricos, ou

prismáticos, de grande comprimento comparado com as dimensões da seção

transversal. Se as forças externas atuam perpendicularmente ao eixo do corpo e não

sofrem qualquer variação na direção axial, pode ser admitido que todas as seções

transversais, suficientemente afastadas das extremidades do corpo, se deformam

apenas no seu plano e do mesmo modo. Para determinar os deslocamentos,

deformações e tensões em pontos afastados das extremidades, basta considerar uma

única seção transversal ao invés de trabalhar com todo o corpo.

26

( )

( ) 0by

v

x

u

yGvG

0by

v

x

u

xGuG

y2

x2

=+

∂+

∂+λ+∇

=+

∂+

∂+λ+∇

(2.15)

Portanto, o problema consiste em determinar as componentes xyyx e, τσσ que

satisfazem simultaneamente as equações de equilíbrio (2.14), as equações deformação-

deslocamento (2.12) e as equações constitutivas (2.13), sujeitas as condições de

contorno (2.8) e (2.9).

Resumindo, a hipótese do Estado Plano de Deformação resultou em duas

equações de equilíbrio, três relações deformação-deslocamento e três equações

constitutivas, totalizando oito incógnitas e oito equações.

Estas oito equações a oito incógnitas podem ser resolvidas por apenas duas

equações diferenciais em termos dos deslocamentos “u” e “v”.

Comparando-se o Estado Plano de Tensão com o Estado Plano de Deformação,

observa-se que ambos possuem as mesmas equações de equilíbrio, as mesmas relações

deformação deslocamento, porém diferentes equações constitutivas. Para fazer estas

equações coincidirem, basta que se mude no Estado Plano de Deformação:

( )

ν+

ν→ν

ν+

ν+→

1

E1

21E

2

(2.16)

E no Estado Plano de Tensão:

ν−

ν→ν

ν+→

1

1

EE

2 (2.17)

27

2.4 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A CHAPAS

2.4.1 Solução Fundamental das Chapas

A partir da equação de Navier (2.15) para o Estado Plano de Deformação e (2.10)

para o Estado Plano de Tensão , obtém-se a solução fundamental para as equações

diferenciais.

( )( )*

ik ik l k1 1

u 3 4 ln r r8 1 r

= − ν δ + πν − ν

(2.18)

O Teorema da Reciprocidade (Teorema de Betti), o qual enuncia “se dois estados

de tensão (a) e (b) existem e estão em equilíbrio, então o trabalho realizado pelas

forças do sistema (a) sobre o sistema (b) é igual ao trabalho realizado pelas forças de

(b) sobre (a)”, ou seja:

(a) (b) (b) (a)p p p p

p p

F u F u=∑ ∑ (2.19)

Aplicando-se este Teorema à equação (2.19), obtém-se a equação integral (2.20):

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )∫∫ΩΩ

Ωεσ=Ωεσ pdpp,qsdpp,q *ijkijkijk

*ijk (2.20)

onde:

*ijk

*ijk ,εσ correspondem à solução fundamental

ijkijk ,εσ correspondem ao problema real

Após a integração por partes e a utilização das relações deformação-deslocamento,

obtém-se a equação integral do deslocamento de um ponto q interno a Ω.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )∫∫∫ΩΓΓ

Ω+Γ+Γ= sdp,qupbPdP,quPpPdP,qpPuqu *ikk

*ikk

*ikki (2.21)

Após manipulações algébricas, chega-se à equação integral geral:

28

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

* *ik k ik k ik k

*ik k

c Q u Q p Q,P u P d P u Q,P p P d P

u Q,p b p d p

Γ Γ

Ω

+ Γ = Γ

+ Ω

∫ ∫

∫ (2.22)

ou em forma matricial:

∫∫∫ΩΓΓ

Ω+Γ=Γ+ d d d *** u bu ppuu c (2.23)

onde:

c = 1 para ponto interno;

c = 0 para ponto externo;

c = 1/2 para ponto no contorno sem angulosidade;

( )( )

( )( )

( )( )

( )( )

ν−π

αγ−

π

α

ν−π

αγν−π

αγ

ν−π

γ+

π

α

=

14

sen2cos

214

sen2sen14

sen2cos

14

2cos

2 c para ponto com angulosidade

Baseando-se nas equações integrais chega-se a um sistema de equações

algébricas lineares pela discretização do contorno em elementos de contorno e pela

aproximação das variáveis.

Assim, as integrais de contorno são transformadas em somatórios de integrais

sobre cada trecho do contorno, passando-se assim, a solução em termos dos pontos

nodais.

2.4.2 Discretização do contorno

Admitindo-se o contorno Γ de domínio Ω, dividido em elementos de contorno jΓ

,Figura 2.5. A representação do contorno pode ser exata ou aproximada dependendo da

coincidência ou não do contorno real com a função aproximada escolhida para cada

elemento. Na Figura 2.5, tem-se um exemplo de discretização do contorno com seus

respectivos pontos nodais e elementos.

29

Aproximando-se a geometria de cada elemento Γj em função de seus valores

nodais tem-se, para um ponto P qualquer:

( ) ( ) xPPx jmmmk φ= (2.24)

ou em forma explícita, para o caso linear:

( ) ( ) ( ) j212

j1111 xPxPPx φ+φ= (2.25)

( ) ( ) ( ) j222

j1212 xPxPPx φ+φ= (2.26)

onde:

k é a direção do eixo coordenado;

j indica o elemento Γj;

φ é a função aproximadora

m indica o ponto nodal (m = 1,2)

Para a aproximação linear da geometria, utilizada neste trabalho, tem-se a partir

da Figura 2.6:

( ) -12

11 ξ=φ

( ) 12

12 ξ+=φ (2.27)

Figura 2.5 : Discretização do contorno Γ em elementos Γj

Ω • q

Q jΓ

••

•••

P

Γ

• p

Onde:

Q, q = pontos de carga

P, p = pontos nodais

jΓ = contorno do elemento j

30

Tanto a geometria quanto as variáveis podem ser aproximadas por funções

polinomiais lineares ou quadráticas. Para aproximação linear tem-se:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )PUPPUPPu 2211 φ+φ= (2.28)

Estas funções podem ser contínuas ou descontínuas dependendo da posição do

ponto nodal em relação aos nós. Se o ponto nodal coincidir com o nó a função é

contínua, caso contrário, descontínua, como apresentadas nas Figuras 2.7 e 2.8,

respectivamente.

Figura 2.6 : Elemento Γj, com aproximação linear

1

1

φ1

φ2

ξ

ponto nodal 1

Figura 2.8 : Função aproximadora descontínua

1

1 ξ

ponto nodal 2

nó 1 = ponto nodal 1

Figura 2.7 : Função aproximadora contínua

1

1

ξ

nó 2 = ponto nodal 2

31

As funções aproximadoras lineares contínuas são idênticas àquelas dadas em

(2.27), enquanto que as descontínuas são dadas por:

12

21

ξ−ξ

ξ−ξ=φ

21

11

ξ−ξ

ξ−ξ=φ (2.29)

Portanto, as variáveis em qualquer ponto do elemento Γj são dadas pelo

somatório destas integrais em todos os elementos e de acordo com cada função

aproximadora.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

e

m

e

m

N*

ik k ik k mm 1

N*ik k m

m 1

C Q u Q p Q,P u P d P

u Q,P p P d P

Γ=

Γ=

+ Γ

= Γ

∑∫

∑ ∫

(2.30)

Aproximando-se as variáveis uk e pk por funções interpoladoras obtém-se:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

e

m

e

m

N* jm

ik k ik m km 1

N* jmik m k

m 1

C Q u Q p Q,P P d P U

u Q,P P d P P

Γ=

Γ=

+ φ Γ

= φ Γ

∑∫

∑ ∫

(2.31)

que pode ser escrita da seguinte forma:

( ) ( ) ∑∑==

=+elemelem N

1m

jmk

jmik

N

1m

jmik

jmikkik PgUhQuQC (2.32)

onde:

( ) ( ) ( ) ( )∫ Γφ= jmkm

*ik

jmik UPdPP,QpQh

( ) ( ) ( ) ( )∫ Γφ= jmkm

*ik

jmik PPdPP,QuQg

sendo:

k = 1, 2;

m = 1, 2;

j = 1,..., Ne

32

Considerando-se a contribuição de todos os elementos e compatibilizando-se as

variáveis obtém-se:

=H U G P (2.33)

Em cada ponto nodal, há quatro variáveis, U1, U2, P1, P2 porém apenas duas delas

são incógnitas do problema sendo as outras prescritas. Portanto, no problema

algébrico, o sistema de equações é formado por 2N equações algébricas e 2N

incógnitas.

Após a imposição das condições de contorno, a equação (2.33) pode ser escrita

como:

=A X B (2.34)

sendo:

X o vetor incógnita formado por U1, U2, P1, P2 dos pontos nodais “P”;

A a matriz coeficiente que contém termos relativos a H e G

B é um vetor conhecido, pois representa as condições de contorno.

Após a determinação do vetor de incógnitas “X”, podem-se obter as variáveis em

pontos internos às chapas.

33

3 PLACAS ELÁSTICAS DE PRIMEIRA ORDEM PELO MÉTODO DOS

ELEMENTOS DE CONTORNO

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo considera-se o problema de placas elásticas de primeira ordem,

que são estruturas planas com carregamento transversal ao plano médio. O objetivo

deste estudo é formular o problema pelo Método dos Elementos de Contorno (MEC) e

produzir resultados, pois o mesmo se constitui parte fundamental da formulação de

segunda ordem de Placas, que é a meta principal deste trabalho.

O projeto estrutural visa, a partir da análise do comportamento dos elementos

estruturais, e suas interações, que compõem as obras civis em geral, dimensionarem

estes elementos quando solicitados por diversas ações externas.

Existem duas principais teorias desenvolvidas para a análise de placas; a

primeira, chamada Teoria Clássica, foi formulada por Kirchhoff (1850) com hipóteses

simplificadoras, sendo válida apenas para placas delgadas, que admitem quatro

variáveis no contorno da placa, gerando uma equação diferencial governante de 4a

ordem; a segunda, formulada por Reissner (1944) e Mindlin (1951), considera as

deformações por cisalhamento, elevando a equação diferencial governante para 6a

ordem. Esta teoria apresenta resultados mais completos e é valida para placas espessas.

As soluções analíticas dessas equações são conhecidas apenas para casos muito

particulares e mais simples, porém, com a utilização de técnicas numéricas de solução

de sistema de equações, ampliaram-se os casos de análise. Com o advento de

computadores estas análises foram facilitadas.

Os métodos numéricos mais utilizados atualmente são dois denominados de

domínio - Método das Diferenças Finitas (MDF) e Método dos Elementos Finitos

(MEF) - que nas suas formulações associam pontos do domínio e do contorno, e um

denominado de contorno, Método dos Elementos de Contorno (MEC), que na sua

formulação associa apenas pontos no contorno.

34

O Método das Diferenças Finitas, o mais antigo dos três, surgiu antes do advento

dos computadores, com o trabalho de Southwell (1946), e é ainda utilizado na solução

de diversos problemas de engenharia.

O Método dos Elementos Finitos surgiu através dos trabalhos de Turner (1956) e

Argyris e Kelset (1960), na época de grandes desenvolvimentos tecnológicos, o que

possibilitou a sua rápida expansão, tornando-se o método mais difundido e utilizado,

atingindo praticamente todos os campos de aplicação da engenharia.

O Método dos Elementos de Contorno originou-se como uma evolução natural

das técnicas de resolução de equações integrais de Contorno, tais como, as aplicadas

em problemas de Elasticidade por Betti (1872), por Kupradze (1965), por Rizzo

(1967).

A aplicação do Método dos Elementos de Contorno na análise de placas teve

início a partir dos trabalhos de Jaswon, Maiti e Symm (1967), de Hansen (1976), de

Bezine (1978), de Stern (1979).

Neste capítulo apresentam-se as formulações clássica e alternativa do Método

dos Elementos de Contorno na análise de placas elásticas e delgadas. A formulação

clássica considera as equações integrais de deslocamento transversal "w" e sua

derivada direcional " w / n∂ ∂ ", em cada ponto do contorno, na montagem do sistema

de equações algébricas do problema de placa. A formulação alternativa utiliza apenas

a equação integral do deslocamento "w" aplicada em dois pontos associados a cada nó

do contorno, um situado no contorno e outro fora do domínio.

Alguns exemplos numéricos são apresentados para comparar os resultados

obtidos com essas duas formulações e a solução analítica. Outros exemplos são para

comparar os resultados entre a formulação alternativa e outros processos de solução.

35

3.2 PLACAS ELÁSTICAS DE PRIMEIRA ORDEM

3.2.1 Equações Diferenciais de Lagrange

3.2.1.1 Hipóteses

Em primeiro lugar, para que se preserve a validade da lei de Hooke, as

deformações (lineares ε, e angulares γ) do material que constitui a placa não devem ser

superiores a poucos milésimos. Assim, a ordem de grandeza das deformações será da

ordem de 10-3.

Por outro lado, em se tratando de teoria de primeira ordem, sabe-se que as

rotações, ou os deslocamentos angulares, devem ser da mesma ordem de grandeza das

deformações. Para uma rotação α que tenha a mesma ordem de grandeza 10-3 será

sempre possível escrever:

cos 1α = (3.1a)

sen tg (com em radianos)α = α = α α (3.1b)

Além disso, as seguintes outras hipóteses serão adotadas:

a) Espessura da placa constante e pequena face às outras dimensões.

b) Material homogêneo e isótropo.

c) Linearidade física. Isto significa que as deformações serão imediatas,

reversíveis, e que as relações entre tensões e deformações (equações

constitutivas) serão expressas por equações lineares (Lei de Hooke).

d) Linearidade geométrica. Isto é conseqüência de a ordem de grandeza das

rotações terem sido limitadas a 10-3 e significa, em outras palavras, que as

equações de equilíbrio serão escritas na geometria indeformada da placa,

que as relações deformação-deslocamento serão lineares e ainda que as

curvaturas considerar-se-ão linearizadas.

e) Os pontos da placa situados inicialmente numa reta normal ao plano médio

estarão, após o equilíbrio, numa reta normal à superfície média da placa

deformada. Equivale esta hipótese a desprezar o efeito das forças cortantes

36

na deformação da placa, e corresponde à hipótese de Navier na Teoria das

Vigas.

f) A tensão normal (produzida pela carga transversal) de direção perpendicular

ao plano médio da placa será desprezada face às demais.

g) Não há cargas externas paralelas ao plano médio da placa atuando no

mesmo.

h) O plano médio da placa não se deforma, permanecendo neutro durante a

flexão.

3.2.2 Deslocamentos

De acordo com as hipóteses feitas, pode-se escrever, com muito boa

aproximação, para os pontos da placa:

w w(x, y)= (3.2a)

Além disso, para os pontos da superfície média deformada, tem-se:

u = 0 (3.2b)

v = 0 (3.2c)

Figura 3.1 - Sistema de coordenadas

Ω

Γ

y z

x 0

A

Superfície média da placa

37

Supõe-se que o plano médio da placa seja o plano 0xy. Fazendo-se um corte

vertical paralelo ao eixo 0y , passando pelo ponto A situado no plano médio da placa,

Figura 3.1, tem-se, para um ponto B da placa, situado ao longo da sua espessura,

Figura 3.2:

wv z

y

∂= −

∂ (3.3a)

Analogamente, fazendo-se um corte vertical paralelo ao eixo 0x, obtém-se:

wu z

x

∂= −

∂ (3.3b)

Assim, todos os deslocamentos em B de uma placa são inteiramente

determinados pelo conhecimento da função w = w(x, y).

3.2.3 Equações de Compatibilidade

Pelas relações deformações-deslocamentos da Teoria da Elasticidade e

utilizando-se as expressões (3.3a) e (3.3b), têm-se:

Figura 3.2 - Superficie média da placa após a deformação

B’

y

z

0

-w

A = ponto do plano médio da placa

B = ponto qualquer ao longo da

espessura " h" da placa

A’

z

v

A

B

z

φ=∂

∂−

y

w

φ=∂

∂−

y

w

Superfície média elástica (deformada)

38

2

x 2

u wz

x x

∂ ∂ε = = −

∂ ∂ (3.4a)

2

y 2

v wz

y y

∂ ∂ε = = −

∂ ∂ (3.4b)

2 2

xyu v w w

z zy x x y x y

∂ ∂ ∂ ∂γ = + = − −

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ (3.4c)

2

xyw

2zx y

∂γ = −

∂ ∂ (3.4d)

3.2.4 Equações Constitutivas

As tensões em B podem ser obtidas a partir de suas relações com as deformações

(Lei de Hooke) e do fato de z 0σ ≅

( )x x y2

E

1σ = ε + νε

− ν (3.5a)

Substituindo-se (3.4a) e (3.4b) tem-se:

2 2

x 2 2 2

E w wz

1 x y

∂ ∂σ = − + ν

− ν ∂ ∂ (3.5b)

Para a componente em y, pode-se escrever:

( )y x y2

E

1σ = νε + ε

− ν (3.5c)

Substituindo-se (3.4a) e (3.4b) tem-se:

2 2

y 2 2 2

E w wz

1 x y

∂ ∂σ = − ν +

− ν ∂ ∂ (3.5d)

A tensão de cisalhamento é dada por:

( )xy xyE

2 1τ = γ

+ ν (3.5e)

Substituindo-se (3.4d) tem-se:

( )

2

xyE w

z1 x y

∂τ = −

+ ν ∂ ∂ (3.5f)

39

Assim, todas as tensões no ponto B de uma placa são inteiramente determinadas

pelo conhecimento da função w=w(x,y). Pode-se observar ainda que em uma mesma

normal à superfície Ω, as tensões variam linearmente com z, anulando-se para z = 0.

3.2.5 Momentos Fletores e de Torção

Na Figura 3.3, encontram-se representadas as tensões ao longo de uma normal

genérica à placa, supondo-se que as grandezas 2

2

w

x

∂,

2

2

w

y

∂ e

2w

x y

∂ ∂ sejam negativas

para z > 0 .

Por integração das tensões ao longo da espessura h, obtêm-se os momentos

fletores e de torção por unidade de comprimento:

h

2

x xh

2

M z( .1.dz)

= σ∫ (3.6a)

h

2

y yh

2

M z( .1.dz)

= σ∫ (3.6b)

h

2

xy xyh

2

M z( .1.dz)

= τ∫ (3.6c)

dy

dx

h

x

y z

xyτ

Myx dx

My dx Mxy dy

Mx dy

Figura 3.3 – Representações de Tensões e Momentos

yxτ yσ

40

h

2

x xzh

2

Q dz)

= τ∫

(3.6d)

h

2

y yzh

2

Q dz)

= τ∫

(3.6e)

Substituindo-se nas expressões acima as fórmulas (3.5b), (3.5d) e (3.5f), e

chamando de rigidez da placa o parâmetro:

3

2

EhD

12(1 )=

− ν (3.7)

2 2

x 2 2

w wM D( )

x y

∂ ∂= − + ν

∂ ∂ (3.8a)

2 2

y 2 2

w wM D( )

y x

∂ ∂= − + ν

∂ ∂ (3.8b)

2

xyw

M D(1 )x y

∂= − − ν

∂ ∂ (3.8c)

Finalmente, sendo:

h

2

yx yxh

2

M z( .1.dz)

= τ∫ (3.9)

Sabendo-se que xy yxτ = τ , resulta:

yx xyM M= (3.10)

Verifica-se que também os momentos ficam definidos quando se conhece w w(x, y)=

41

3.2.6 Equações Diferenciais de Equilíbrio

Para a determinação da função w, basta impor as condições de equilíbrio.

- Qx e Qy são as forças por unidade de comprimento

- Mx , My e Mxy são momentos por unidade de comprimento.

- g=g(x, y) é o carregamento suposto distribuído e normal ao plano médio da

placa.

São válidas as seguintes condições de equilíbrio para as forças e momentos, ver

Figuras 3.4, 3.5 e 3.6:

Figura 3.4 - Momentos fletores (por unidade de comprimento)

yM

dxx

MM x

x∂

∂+

x

y dyy

MM

yy

∂+

yM

Figura 3.5 - Momentos de torção (por unidade de comprimento)

yxM

xyM

dxx

MM

xyxy

∂+

dyy

MM

yxyx

∂+

y

x

42

Equilíbrio de forças:

x

y

z

F 0

F 0

F 0

=

=

=

∑∑∑

(3.11)

Equilíbrio de Momentos:

x

y

z

M 0

M 0

M 0

=

=

=

∑∑∑

(3.12)

Equilíbrio de forças na vertical:

yxQQ

dxdy dydx gdxdy 0x y

∂∂+ + =

∂ ∂

de onde:

yxQQ

g(x, y)x y

∂∂+ = −

∂ ∂ (3.13)

Equilíbrio de momentos em torno do eixo 0x:

xy yxy xy y y y

y xyy

M MM dx dy M dy M dy dx M dx Q dxdy 0

x y

M MQ

y x

∂ ∂ + − + + − − = ∂ ∂

∂ ∂+ =

∂ ∂

(3.14a)

Equilíbrio de Momentos em torno do eixo 0y:

Figura 3.6 - Forças Cortantes (por unidade de comprimento)

yQ

xQ

xx

QQ dx

x

∂+

yy

QQ dy

y

∂+

x

y

g(x,y)

43

yx xyx yx x x x

M MM dy dx M dx M dx dy M dy Q dxdy 0

y x

∂ ∂ + − + + − − = ∂ ∂

(3.14b)

e considerando-se (3.10), tem-se:

xyxx

MMQ

x y

∂∂+ =

∂ ∂

(3.14c)

As relações (3.14a) e (3.14c) permitem obter Qx e Qy uma vez conhecidos Mx,

My e Mxy, e, portanto a partir do conhecimento de w=w(x,y). A relação (3.13),

eliminando-se Qx e Qy, transforma-se em:

y xy xyxM M MM

gy y x x x y

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂+ + + = − ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

(3.15a)

2 2 22y xy xyx

2 2

M M MMg

x y x yy x

∂ ∂ ∂∂+ + + = −

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

(3.15b)

2 22y xyx

2

M MM2 g

y x yx

∂ ∂∂+ + = −

∂ ∂ ∂∂

(3.15c)

Substituindo-se (3.8a), (3.8b) e (3.8c), tem-se que:

( )2 2 2 2 2

2 2 2

2 2 2

2 2 2

w w 2 wD D 1

x y x yx x y

w wD g

y y x

∂ ∂ ∂ ∂ ∂− + ν + − − ν ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂+ − + ν = − ∂ ∂ ∂

ou, 4 4 4 4 4 4

4 2 2 2 2 2 2 4 2 2

w w w w w w g2 2

Dx x y x y x y y x y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂− − ν − + ν − − ν = −

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

ou, 4 4 4

4 2 2 4

w w w g2

Dx x y y

∂ ∂ ∂+ + =

∂ ∂ ∂ ∂ (3.16)

44

Esta é a equação diferencial geral de placas em termos do deslocamento w,

conhecida como a equação de Lagrange.

Pode ser escrita também da seguinte forma:

4 2 2g gw ou ( w)

D D∇ = ∇ ∇ = (3.17)

onde: 2 2

22 2x y

∂ ∂∇ = +

∂ ∂ (3.18)

é o operador Lapraciano. Substituindo-se (3.8a), (3.8b) e (3.8c), em (3.14a) e (3.14c) obtém-se as forças

cortantes Qy e Qx em termos do deslocamento transversal w.

2 22

y 2 2

w wQ D D w

y yx y

∂ ∂ ∂ ∂= − + = − ∇

∂ ∂∂ ∂ (3.19a)

2 2

2x 2 2

w wQ D D w

x xx y

∂ ∂ ∂ ∂= − + = − ∇

∂ ∂∂ ∂ (3.19b)

As equações (3.8a), (3.8b), (3.8c) e (3.19a), (3.19b) podem ser escritas em

termos gerais como:

( )2 2

ij ijl l l l

w wM D 1

x x x x

∂ ∂= − νδ + − ν

∂ ∂ ∂ ∂ (3.20a)

3

ii l l

wQ D

x x x

∂= −

∂ ∂ ∂ (3.20b)

45

3.2.7 Condições de Contorno para Placas Retangulares

a) engastamento:

para y=0, têm-se:

w 0 (essencial)

w0 (essencial)

y

=

∂= ∂

(3.21)

b) apoio simples:

para x=0, têm-se:

x

w 0

M 0

=

= (3.22a)

Considerando (3.8a) e que, sendo w=0, resulta:

2

2

w w0 e 0

y y

∂ ∂= =

∂ ∂ (3.22b)

Portanto, as condições para apoio simples (x=0) serão:

2

2

w 0 (essencial)

w0 (natural)

y

=

∂= ∂

(3.22c)

Trata-se de condição mista, evidentemente (uma essencial e outra natural).

Figura 3.7 - Condições de contorno da placa

engastamento

x

y

borda livre

apoio simples

a

b

apoio simples

46

c) borda livre:

em x=a, em princípio, têm-se:

x

xy

x

M 0

M 0

Q 0

=

=

=

(3.23a)

Tais condições foram expressas por Poisson sob esta forma. Mas três condições

são demais para a ordem da equação de Lagrange. Sendo assim, Kirchhoff substituiu

as duas últimas condições por uma única, resultando, para x=a:

x

xyx x

M 0

MV Q 0

y

=

∂= + =

(3.23b)

sendo xV a carga vertical de borda.

Lord Kelvin e P. G. Tait deram a explicação física do fato. Tal justificativa foi

colocada em termos de equivalência estática.

dyy

MM

xyxy

∂−

dyy

MM

xyxy

∂+

xyM

dy

dy

dy

Figura 3.8 - Forças aplicadas na borda livre

y

x

z

47

O estado de flexão da placa não se altera se as tensões τxy, atuando num elemento

dy, as quais originam um momento Mxydy (Figura 3.8), são substituídas por duas

forças verticais de grandeza Mxy separadas pela distância dy, dando origem ao binário

Mxydy. Pelo princípio de Saint Venant, as mudanças no campo de tensões serão apenas

locais.

Na interseção de dois trechos dy há um saldo de força igual a ( )xyM y dy∂ ∂ ,

que somada com a resultante do esforço cortante no mesmo trecho dy, dada por

xQ dy , fornece a força cortante efetiva, a qual por unidade de comprimento, vale:

xyx x

MV Q

y

∂= +

∂ (3.23c)

Analogamente, para o contorno normal ao eixo y, tem-se:

xyy y

MV Q

x

∂= +

∂ (3.23d)

Além disso, surge nas extremidades da borda livre da placa, uma reação

concentrada, de intensidade igual a Mxy, Figura 3.9.

Analogamente, considerando a borda livre y = b, a distribuição de yxM será

equivalente a certa distribuição de forças cortantes, e haverá duas forças concentradas,

como indicado na Figura 3.10.

Figura 3.9 - Forças aplicadas na borda livre, x = a

x

y

a

b

(Mxy) x = a , y = b

(Mxy) x = a , y = 0

48

Em resumo, para borda livre (x=a) as condições de contorno são:

x

xyx x

M 0

MV Q 0

y

=

∂= + =

(3.23e)

Considerando-se (3.8a), (3.8c) e (3.23e), estas condições podem ser colocadas

em função de “w” e suas derivadas. Respectivamente, em x=a:

( )

( ) ( )

2 2

2 2

3 3

3 2

w w0 natural

x y

w w2 0 natural

x y x

∂ ∂+ ν =

∂ ∂

∂ ∂ + − ν = ∂ ∂ ∂

(3.23f)

As duas condições são naturais, pois a borda é livre, sem vinculação que impeça

os deslocamentos.

3.2.8 Condições de Contorno para Placas com Formato Qualquer

Considere o contorno “ Γ ” da placa, dividido em duas partes, de acordo com a

Figura 3.11:

dΓ = borda apoiada da placa

σΓ = borda livre da placa

Figura 3.10 - Forças aplicadas na borda livre, y = b

x

y

a

b

0x;byyx )M( ==

ax;byyx )M( ==

49

Três observações precisam ser feitas:

a) A condição de apoio simples será por enquanto esquecida. No momento

oportuno, será indicada a maneira como tratá-la.

b) Serão deduzidas agora expressões que se revelarão úteis mais tarde. Para

isto isola-se um trecho infinitesimal “ds” do contorno, conforme a

Figura 3.12.

Figura 3.11 - Condições de contorno para placas com formato qualquer

s

x

y

P

T

Ω dΓ

σΓ

α

jsenicosn

α+α=

jcosisens

α+α−=

s

(normal externa) (versor tangente) n

Figura 3.12 - Tensões e Esforços em um Elemento Infinitesimal de Placa

c o s d y d s

s e n d x d s

α =

α =

dyds

dx

α

yxM

xM

xyM

yQ

nQ

xQ

yM

nM

nsM

snnσ

nsτ

s

α α

xyτ

yxτ

n

ds

dx

dy

x

y

z

x

y

50

Impondo-se o equilíbrio de forças, produzidas pelas tensões, nas direções n e s do

contorno da placa, obtêm-se, respectivamente:

2 2n x y xycos sen 2 sen cosσ = σ α + σ α + τ α α (3.24a)

2 2ns y x xy( )sen cos (cos sen )τ = σ − σ α α + τ α − α (3.24b)

O equilíbrio de forças na vertical (eixo z) fornece:

n x y Q Q cos Q sen= α + α (3.25)

O equilíbrio de momentos em torno de Ox indica que:

ns n xy y M cos M sen M x cos M senα − α = − α − α (3.26)

Analogamente, o equilíbrio de momentos em torno de Oy fornece:

n ns x yx M ds cos M ds sen M ds cos M ds senα − α = α + α (3.27a)

Sendo : Myx = Mxy, vem:

n ns x xy M cos M sen M cos M senα − α = α + α (3.27)

c) Na imposição das condições contorno, quando este tem uma forma qualquer,

é necessário obter Mn , Mns e Qn em função de “w” e suas derivadas.

Inicialmente, estabelece-se, no prisma elementar da Figura 3.12, o equilíbrio de

momentos nas direções Mn e Mns .

2 2n x y xy M M cos M sen 2M sen cos= α + α + α α (3.28a)

( ) ( )2 2ns y x xyM M M sen cos M cos sen= − α α + α − α (3.28b)

Considerando-se as expressões (3.8a), (3.8b) e (3.8c), e as derivadas direcionais,

as expressões (3.28a) e (3.28b), respectivamente, são:

51

2 2

n 2 2

w w M D

n s

∂ ∂= − + ν

∂ ∂ (3.29a)

( )2

nsw

M D 1n s

∂= − − ν

∂ ∂ (3.29b)

Em seguida, considere-se a expressão (3.25b), substituída por (3.14a) e (3.14c),

obtendo-se:

xy y xyxn

M M MM Q cos sen

x y y x

∂ ∂ ∂ ∂= + α + + α ∂ ∂ ∂ ∂

(3.29c)

De (3.28a) e (3.28b) pode-se escrever:

nn

y xy2 2x

y xy2 2x

M grad M n

nM MM

cos sen 2 sen cos cosx x x

M MMcos sen 2 sen cos sen

y y y

∂= × =

∂ ∂ ∂= α + α + α α α

∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂+ α + α + α α α

∂ ∂ ∂

(3.30a)

( ) ( )

( ) ( )

nsns

y xy 2 2x

y xy 2 2x

M grad M s

s

M MMsen cos cos sen sen

x x x

M MMsen cos cos sen cos

y x y

∂= × =

∂ ∂ ∂= − α α + α − α − α

∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂+ − α α + α − α α

∂ ∂ ∂

(3.30b)

Somando-se (3.30a) e (3.30b) e levando-se em conta (3.29c) tem-se finalmente:

nsnn

MM Q

n s

∂∂ = + ∂ ∂

(3.31)

52

3.2.8.1 Condições de Contorno Geométricas (ou Essenciais) Γd é a região de apoio da placa, Figura 3.11. Em Γd são conhecidos:

- recalque de apoio:

( ) w w s= (3.32a)

- rotação forçada de apoio:

( )w

sn

∂= θ

∂ (3.32b)

Evidentemente quando o apoio for um engastamento perfeito, as condições acima

enunciadas serão homogêneas.

3.2.8.2 Condições de Contorno Estáticas (ou Naturais)

Cσ é a borda livre da placa, que pode estar carregada ou não, Figura 3.11. Em Γσ

são conhecidos:

- momento fletor externo aplicado:

( )n n M M s= (3.33a)

- carga vertical externa aplicada:

( )n n V V s= (3.33b)

sendo:

nsn n

M V Q

s

∂= +

∂ (3.33c)

Existem ainda, duas forças concentradas, aplicadas nos pontos “P” e “T”, Figura

3.13, dadas por:

( )P ns P

R M=

( )T ns T R M=

(3.33d)

53

Evidentemente, no caso de borda descarregada, as condições (3.33a) e (3.33b)

serão homogêneas.

Para finalizar, observa-se que a aplicação das expressões (3.29a), (3.29b) e (3.31)

coloca as condições de contorno (3.33a) e (3.33b) em função das derivadas de “w”

normal e tangente ao contorno. Ter-se-á então, respectivamente:

( )2 2

n2 2

w w -D M s

n s

∂ ∂+ ν =

∂ ∂ (3.34a)

( ) ( )3 3

n3 2

w w -D 2 V s

n n s

∂ ∂+ − ν =

∂ ∂ ∂ (3.34b)

3.2.9 Equações de Placas em Coordenadas Polares

Na formulação do Método de Elementos de Contorno é necessária a obtenção de

soluções fundamentais da equação diferencial de placas aplicada a um domínio

infinito, expressas em coordenadas polares, portanto é necessário escrevê-las em

coordenadas polares.

s

M ns∂

ds

RT

RP

Figura 3.13 : Forças concentradas aplicadas nos pontos P e T

P

T

54

A Figura 3.14 mostra os sistemas de coordenada cartesiana e polar.

Considerando-se as expressões (3.17) e a Figura 3.14, obtém-se a equação

diferencial de placas em coordenadas polares:

2 2 2 22 2

2 2 2 2

2 2 2 2

2 2 2 2 2 2

w w( w)

x y x y

1 1 w 1 w 1 w g

r r r r Dr r r r

∂ ∂ ∂ ∂∇ ∇ = + +

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂= + + + + =

∂ ∂∂ ∂θ ∂ ∂θ

(3.35)

Os esforços solicitantes em coordenadas polares são obtidos das expressões

(3.8a), (3.8b), (3.8c), (3.19a), (3.19b) e da Figura 3.14:

( )

( )

22 2

x 2

22 2

2 2

wM D cos sen

r

1 w 1 w 1 wsen cos 2sen cos (1 )

r r r rr

∂= − θ + ν θ

∂ ∂ ∂ ∂ + + θ + ν θ − θ θ − ν

∂ ∂ ∂θ∂θ

(3.36a)

( )

( )

22 2

y 2

22 2

2 2

wM D sen cos

r

1 w 1 w 1 wcos sen 2(1 )sen cos

r r r rr

∂= − θ + ν θ

∂ ∂ ∂ ∂ + + θ + ν θ + − ν θ θ

∂ ∂ ∂θ∂θ

(3.36b)

r

θ x

y

P(x,y)

OPr =

Figura 3.14 - Sistemas de Coordenadas Cartesianas e Polares

55

( )

2 2

xy 2 2 2

2 2

w 1 w 1 wM D(1 ) sen cos

r rr r

1 wcos sen

r r

∂ ∂ ∂= − − ν − − θ θ

∂∂ ∂θ

∂ ∂ + θ − θ ∂ ∂θ

(3.36c)

2 2 2x

2 2

2 2 2

2 2

2 2 2

senQ D w D cos w w

x r r

w 1 w 1 wD cos

r r rr r

sen w 1 w 1 w

r r rr r

∂ ∂ θ ∂ = − ∇ = − θ ∇ − ∇ ∂ ∂ ∂θ

∂ ∂ ∂ ∂= − θ + +

∂ ∂∂ ∂θ

θ ∂ ∂ ∂ ∂− + +

∂θ ∂∂ ∂θ

(3.36d)

2 2 2y

2 2

2 2 2

2 2

2 2 2

cosQ D w D sen w w

y r r

w 1 w 1 wD sen

r r rr r

cos w 1 w 1 w

r r rr r

∂ ∂ θ ∂ = − ∇ = − θ ∇ + ∇ ∂ ∂ ∂θ

∂ ∂ ∂ ∂= − θ + +

∂ ∂∂ ∂θ

θ ∂ ∂ ∂ ∂+ + +

∂θ ∂∂ ∂θ

(3.36e)

A partir das expressões (3.36) e considerando-se a Figura 3.15, as

correspondentes expressões em coordenadas polares, em um ponto genérico P do

contorno, são apresentadas abaixo.

56

( )

( )

22 2

n 2

22 2

2 2

wM D cos sen

r

1 w 1 w 1 wsen cos 2sen cos (1 )

r r r rr

∂= − β + ν β

∂ ∂ ∂ ∂ + + β + ν β + β β − ν

∂ ∂ ∂θ∂θ

(3.37a)

( )

2 2

ns 2 2 2

2 2

w 1 w 1 wM D(1 ) sen cos

r rr r

1 wcos sen

r r

∂ ∂ ∂= − − ν − − β β

∂∂ ∂θ

∂ ∂ + β − β ∂ ∂θ

(3.37b)

2 2 2n

2 2

2 2 2

2 2

2 2 2

senQ D w D cos w w

x r r

w 1 w 1 wD cos

r r rr r

sen w 1 w 1 w

r r rr r

∂ ∂ β ∂ = − ∇ = − β ∇ − ∇ ∂ ∂ ∂θ

∂ ∂ ∂ ∂= − β + +

∂ ∂∂ ∂θ

β ∂ ∂ ∂ ∂− + +

∂θ ∂∂ ∂θ

(3.37c)

β α

r

R

θ

n

s

x

y

P

O

r

α=θ+β

OPr =

contorno da placa

Figura 3.15 - Relações das coordenadas (n,s) de um ponto P com as coordenadas (x,y)

e (r,θ)

57

Considerando-se a expressão (3.33c) e a Figura 3.15 tem-se a força cortante

equivalente:

nsn n

2 2ns

2 2 2

2 2ns

2 2 2

ns

MV Q

s

Mw 1 w 1 w 1D cos

r r r rr r

MD w 1 w 1 wsen

r r r rr r

M1 cos

R r

∂= +

∂∂ ∂ ∂ ∂= − + + + β

∂ ∂ ∂θ∂ ∂θ

∂∂ ∂ ∂ ∂+ + + − β

∂θ ∂ ∂∂ ∂θ

∂β + −

∂β

(3.38)

onde, R é o raio de curvatura do contorno no ponto P, mostrado na Figura 3.15

3.2.10 Soluções Fundamentais de Placas de Primeira Ordem

A solução fundamental w* é obtida a partir da seguinte equação:

( )2 2 q,p

w*D

δ∇ ∇ = (3.39)

Sendo ( )q,pδ a distribuição delta de Dirac, que tem as seguintes propriedades:

(q,p) 0 se p q

(q,p) se p q

(p) (q,p)d (q)Ω

δ = ≠

δ = ∞ =

φ δ Ω = ϕ∫

(3.40)

onde φ(p) é uma função definida em todo o domínio Ω.

A partir da equação (3.40), pode-se escrever:

(q,p)d 1Ω

δ Ω =∫ (3.41)

ou seja, a integral da função delta de Dirac em todo o domínio é uma força unitária

aplicada no ponto q, e corresponde a totalidade do carregamento transversal aplicado à

placa.

58

Entende-se como solução fundamental, a resposta em um ponto genérico “ p” em

um domínio, denominado domínio fundamental, devido à aplicação de uma carga

unitária em outro ponto “q” deste domínio.

Para o caso de placas, a solução fundamental é o deslocamento transversal w*

em um ponto de coordenadas [x(p) , y(p)], denominado ponto de deslocamento, devido

a ação de uma força unitária aplicada em um ponto “q”, de coordenadas [(x(q),y(q)],

denominado ponto de carregamento, ver Figura 3.16.

A solução fundamental w* é obtida a partir da equação diferencial (3.39)

aplicada a todos os pontos do domínio, exceto ao ponto do carregamento “q”.

2 2w* 0∇ ∇ = (3.42)

Para um sistema de coordenadas polares com origem em "q"e observando-se a

simetria existente em relação a este ponto (domínio infinito), Figura 3.16, o que

elimina a dependência em relação à coordenada θ, a equação (3.42) pode ser reescrita

como:

2 2

2 22 2

d 1 d d w * 1 dw *w* 0

r dr r drdr dr

∇ ∇ = + + =

(3.43)

4 3 2

4 3 2 2 3

d w * 2 d w * 1 d w * 1 dw *0

r drdr dr r dr r+ − + = (3.44)

cuja solução é conhecida e tendo a seguinte forma:

Domínio infinito

β

θ

n

s

x

y p

q

∞Γ

∞Ω

Figura 3.16 - Representação do domínio, pontos de carregamento "q" e pontos de deslocamentos "p"

r

59

2 2w* A ln r B r ln r C r E= + + + (3.45)

As constantes A e B são obtidas considerando-se a simetria em relação ao ponto

"q" e a condição de equilíbrio das forças verticais atuante em um círculo de raio "r",

Figura 3.17, cujo centro é o ponto de aplicação da carga unitária, e resultam em:

A 0= (3.46a)

Da Figura 3.17(b), por equilíbrio, resulta:

n1

V2 r

= −π

(3.46b)

Considerando-se (3.46) escrita apenas em função de "r" e para β=0, resulta:

2 * * 2 *

n 2 2 2

w 1 w 1 w 1V D

r r r 2 rr r

∂ ∂ ∂ ∂= − + + = −

∂ ∂ π∂ ∂θ (3.46c)

Levando-se (3.46c) em (3.45) obtém-se:

1

B8 D

(3.46d)

As constantes C e E, no caso da placa fundamental, podem assumir quaisquer

valores. Stern (1979) e Bezine (1978) adotam valores nulos, mas, Danson (1979) adota

(que serão usadas neste trabalho):

1

nV

r

p

q q

p

n

s

θ

(a) (b)

Figura 3.17 - Força cortante equivalente num círculo de raio r devido à uma carga unitária aplicada

no ponto q.

x

y

60

1

C16 D

= −π

(3.46e)

E 0= (3.46f)

Substituindo-se (3.46) em (3.45), tem-se a solução fundamental w*:

2r 1

w* ln r-8 D 2

=

π (3.47)

onde r é dado por:

( ) ( ) ( ) ( ) 1

2 2 2r x p x q y p y q= − + − (3.48)

Assim, pode-se determinar a solução fundamental da derivada do deslocamento e

dos esforços no ponto "p" em relação a um sistema (n, s).

* *w w r

n r n

∂ ∂ ∂=

∂ ∂ ∂ (3.49)

Como a derivada é calculada no ponto "p", tem-se:

i,i i

i

x (p)r r x(p) r y(p) rr n

n x(p) n y(p) n x (p) n

∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂= + = =

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ (3.50)

A partir de (3.48), vem:

i i,i

i

x (p) x (q)rr

x (p) r

−∂= =

∂ (3.51a)

2

ij ,i , j,ij

i j

r rrr

x (p) x (p) r

δ −∂= =

∂ ∂ (3.51b)

onde ijδ é o delta de Kronecker.

Considerando-se a Figura 3.15, obtêm-se:

61

xx(p)

n cosn

∂= = α

∂ (3.52a)

yy(p)

n senn

∂= = α

∂ (3.52b)

Da Figura 3.17 e da expressão (3.49) :

*w r

ln r cosn 4 D

∂= β

∂ π (3.53)

Considerando-se que r

e n

são versores (módulo unitário) nas direções r e n

respectivamente, a equação (3.53) pode ser escrita da seguinte forma:

*

,i ,iw r r

ln r(r.n) ln r(r .n )n 4 D 4 D

∂= =

∂ π π

(3.54)

Impondo-se as condições da placa fundamental a (3.37a), (3.37b) e (3.38), e após

os cálculos necessários, pode-se chegar aos esforços fundamentais de momento e

cortante.

( ) ( )* 2n

1M 1 ln r 1 cos

4 = − + ν + − ν β + ν π

(3.55)

*ns

1M sen 2

8

− ν= β

π (3.56)

( )* 2n

cos 1V 2 1 sen 3 cos 2

4 r 4 R

β − ν = − ν β − + ν + β π π (3.57)

onde:

r x r y

cosx n y n

∂ ∂ ∂ ∂β = +

∂ ∂ ∂ ∂ (3.58a)

r x r y

senx s y s

∂ ∂ ∂ ∂β = − −

∂ ∂ ∂ ∂ (3.58b)

62

É necessário também determinar as derivadas dos deslocamentos e dos esforços

fundamentais em relação à direção m no ponto "q", Figura 3.18, em relação ao sistema

(m,u).

Analogamente a (3.54) a (3.57) obtêm-se:

*

,i iw r r r

ln r cos ln r(r.m) ln r(r .m )m 4 D 4 D 4 D

∂= − ϕ = − = −

∂ π π π

(3.59)

Para as demais soluções fundamentais, derivadas em relação a "m", obtém-se:

*

,i i ,i i ,i iw 1

(r n )(r m ) (n m )ln rm n 4 D

∂ ∂ = − + ∂ ∂ π

(3.60)

( ) *n

,i i ,i i ,i i ,i i ,i i

M 11 (r m ) 2(1 )(r n ) (n m ) (r n )(r m )

m 4 r

∂ = − + ν + − ν − ∂ π

(3.61)

*ns

,i i i i ,i i ,i ,i ,i ,i ,i i i i

M 1(r n )(s m ) 2(r m )(r s )(r n ) (r s )(n m )

m 4 r

∂ − ν = − − + ∂ π

(3.62)

β

n

s

x

y

p

Figura 3.18 - Sistemas de coordenadas (n,s) e (m,u)

α

θ q

m

u

r

φ

γ

φ+θ=γ

β+θ=α

63

*n

,i i ,i i ,i i ,i i ,i i i i2

,i i i i i i ,i i ,i i

,i i i i ,i i ,i i

V 12(1 )(r s ) 4(r n )(r s )(r m ) 2(r n )(s m )

m 4 r

(r s )(n m ) (3 ) (n m ) 2(r n )(r m )

1(r s ) (s m ) (r s )(r m )

Rr

∂= − − ν −∂ π

− + − ν −

− ν + − π

(3.63)

3.3 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A PLACAS 3.3.1 Introdução

Na formulação do Método dos Elementos de Contorno são necessárias equações

Integrais que envolvem as soluções fundamentais obtidas no capítulo anterior. A sua

obtenção pode ser feita através do Teorema da Reciprocidade de Betti ou através do

Método dos Resíduos Ponderados.

Aplicando-se o teorema de Betti em uma placa submetida a carregamentos não

simultâneos g e g*, que dão origem a dois estados de tensão e deformação distintos,

obtêm-se equações integrais referentes ao deslocamento w(q) e à sua derivada

direcional w(q)

n

∂ de um ponto do domínio ou do contorno, relacionados a esforços e

deslocamentos no contorno.

3.3.2 Equações Integrais para Pontos do Domínio

Seja uma placa isótropa de domínio Ω e contorno Γ contida em uma placa

infinita de domínio ∞Ω e contorno ∞Γ (Figura 3.19), submetida a dois carregamentos,

g distribuído em uma área Ωg , e g* , correspondente à solução fundamental. Destes

estados de carregamentos resultam dois estados de tensão, *ij ijeσ σ , e dois estados

de deformação, *ij ijeε ε .

64

Aplicando-se o Teorema da Reciprocidade de Betti aos campos de tensões e

deformações acima descritos obtém-se:

* *ij ij ij ij

V V

dV dV i,j 1,2,3...σ ε = σ ε =∫ ∫ (3.60)

onde:

( )* * * * * * *ij ij x x y y z z xy xy xz xz yz yz2σ ε = σ ε + σ ε + σ ε + σ ε + σ ε + σ ε (3.61)

A seguir transformam-se ambos os membros da equação (3.60) de modo a obter-

se uma equação integral para um ponto do domínio.

Inicialmente, transforma-se o termo da direita de (3.60), denominada de U.

*ij ij

V

U dV= σ ε∫ (3.62)

Explicitando-se a equação acima e desprezando-se as tensões relativas à direção

normal da placa, obtém-se:

( )* * *x x y y xy xy

V

U 2 dV= σ ε + σ ε + σ ε∫ (3.63)

Figura 3.19 - Representação de uma placa com carregamento

y

x

∞Ω

∞Γ

Ω

Γ

65

Substituindo-se (3.4) e (3.5) em (3.63), e sabendo-se que devido à grande rigidez

da placa em seu plano os termos *

i i

i i

u u

x x

∂ ∂

∂ ∂ são desprezíveis em relação a algum temo

de primeira ordem i

i

u

x

∂ ou

*i

i

u

x

∂, obtém-se:

2 2 2 *

22 2 2 2

V

E w w wU z

1 x y x

∂ ∂ ∂= + ν

− ν ∂ ∂ ∂ ∫

2 2 2 * 2 2 *2 2

2 2 2 2

E w w w w wz 4G z dV

x y x y1 y x y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + ν +

∂ ∂ ∂ ∂− ν ∂ ∂ ∂ (3.64)

Após a integração da equação (3.64) em relação à espessura h da placa e

substituindo-se (3.8), resulta em:

2 * 2 * 2 *

x y xy2 2

w w wU M M 2M d

x yx yΩ

∂ ∂ ∂= − − − Ω

∂ ∂∂ ∂ ∫ (3.65)

A integral sobre o domínio Ω pode ser transformada em integral sobre o contorno

Γ. Após integrações por partes a equação (3.65) pode ser escrita da seguinte forma:

* * * *

x y xy xy

xy y xy *x

2 22xy yx

2 2

w w w wU M cos M sen M cos M sen d

x y y y

M M MMcos sen w d

x y y x

M MM2 d

x yx y

Γ

Γ

Ω

∂ ∂ ∂ ∂= − α + α + α + α Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ + + α + + α Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂∂ − + + Ω

∂ ∂∂ ∂

(3.66)

Considerando-se (3.14a), (3.14c), (3.15c) e (3.25), a equação (3.66) pode ser

escrita como:

66

( ) ( )

g

*2 2

x xy y

*2 2

y x xy

* *n g

wM cos 2M sen cos M sen

nU dw

M M sen cos M cos sens

Q w d gw d

Γ

Γ Ω

∂ α + α α + α + ∂= − Γ

∂ + − α α + α − α ∂

+ Γ + Ω

∫ ∫

(3.67)

Substituindo-se (3.25b), (3.28a) e (3.28b) em (3.67), fica-se com:

g

*Nc* * *

n n ci ci gi 1

wU V w M d R w g w d

n =Γ Ω

∂ = − − Γ + + Ω

∂ ∑∫ ∫ (3.68)

Em seguida, de forma análoga, transforma-se o primeiro membro da equação

(3.60), chegando-se a:

g

Nc' * * * * *ij ij n n ci ci gi 1

V

wU dV V w M d R w g wd

n =Γ Ω

∂ = σ ε = − − Γ + + Ω

∂ ∑∫ ∫ ∫ (3.69)

Finalmente, substituindo-se as equações (3.68) e (3.69) em (3.60) e assumindo-se

*g como uma carga e sua representação matemática é a distribuição delta de Dirac,

(q,p)δ , tem-se:

( )c

c

g

N* * *n n ci ci

i 1

N** * *

n n ci ci gi 1

ww q V w M d R w

n

w V w M d R w gw d

n

=Γ Ω

∂ + − Γ + =

∂ = − Γ + + Ω

∑∫

∑∫ ∫ (3.70)

Esta equação é a equação integral do deslocamento w de um ponto “q” do

domínio da placa. Derivando-se (3.70) em relação a direção m, obtém-se a equação

integral da derivada direcional do deslocamento wm

∂∂

, para um ponto “q” da placa.

67

( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

c c

g

* *n n

N N**ci ci

ci cii 1 i 1

* *

n n

*g

w q V M wq,P w P q,P P d P

m m m n

R R(q,P)w P (P)w q,P

m m

w wV P q,P M P q,P d P

m m n

g P w q,P d P

Γ

= =

Γ

Ω

∂ ∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂+ = +

∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂

+ Ω

∑ ∑

(3.71)

As equações (3.70) e (3.71) são válidas para pontos “q” do domínio, entretanto,

são necessárias equações integrais para pontos “Q” do contorno, na formulação do

problema de placas pelo Método dos Elementos de Contorno.

3.3.3 Equações Integrais para Pontos do Contorno

Seja a Figura 3.20, onde o ponto “Q” inicialmente encontra-se sobre o contorno.

Devido a um acréscimo de um contorno circular εΓ de centro em “Q” e raio ε , agora

este ponto pertence ao domínio.

Após a modificação do domínio da placa, a equação integral (3.70) para o ponto

“Q” resulta:

c 1

* *n n

N* * *n n ci ci

i 1

* *

c c c c

**

n n

ww(Q) V (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P)

n

wV (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P) R (Q,P)w (P)

n

R (Q,P)w (P) R (Q,P)w (P)

wV (Q,P)w (P) M (P) (Q,P) d (P)

n

ε

− − + +

Γ−Γ

ε=Γ

λ λ λ λ

Γ−Γ

∂ + − Γ

∂ + − Γ +

+ +

∂ = − Γ

∑∫

c 1

g

N** *

n n ci cii 1

* * *

c c c c

wV (Q,P)w (P) M (P) (Q,P) d (P) R (P)w (Q,P)

n

R (P)w (Q,P) R (P)w (Q,P) g(p)w (Q,p)d (p)

ε

− − + +

ε=Γ

λ λ λ λΩ

∂ + − Γ +

+ + + Ω

∑∫

(3.71)

68

À medida que o raio "ε " se aproxima de zero, o ponto “Q” se aproxima do

contorno e, na condição limite, tem-se que:

( ) ( )

c 1

* *n n

0

N* * *n n ci ci

0 i 1

* *

c c c c0

*n n

0

ww(Q) lim V (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P)

n

wlim V (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P) R (Q,P)w (P)

n

lim R (Q,P)w (P) R (Q,P)w (P)

lim V (Q,P)w (P) M (P

ε

− − + +

Γ→Γ−Γ

εε→

λ λ λ λε→

Γ→

∂ + − Γ

∂ + − Γ +

+ +

= −

∑∫

( ) ( )

c 1

g

*

N** *

n n ci ci0 i 1

* * *

c c c c0

w) (Q,P) d (P)

n

wlim V (Q,P)w (P) M (P) (Q,P) d (P) R (P)w (Q,P)

n

lim R (P)w (Q,P) R (P)w (Q,P) g(p)w (Q,p)d (p)

ε

− − + +

Γ−Γ

εε→

λ λ λ λε→Ω

∂ Γ

∂ + − Γ +

+ + + Ω

∑∫

(3.72)

Figura 3.20 : Acréscimo de um contorno circular

εΓ

ss

n

Γ

Γ

u m ε=r

Q

Γ Γ +λ −λ

n

s

Ω

Γ

y

x

69

Nas integrais sobre Γ − Γ , indicadas na equação (3.72), por definição,

representam o valor principal de Cauchy das mesmas. Como *w

n

∂ é função de

2

1

r e

*w função de “r”, as integrais são singulares em r=0 e portanto, é necessário calcular

estas integrais no sentido do valor principal, ou seja:

0f (r)d lim f (r)d

Γ→Γ Γ−Γ

Γ = Γ∫ ∫ (3.73)

Através de propriedades de cálculo, pode-se dizer que esta integral está sendo

calculada em todo o contorno, menos onde ocorre a singularidade.

Assim, tem-se:

* *n n

0

* *n n

wlim V (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P)

n

wV (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P)

n

Γ→Γ−Γ

Γ

∂ − Γ

∂ = − Γ

∫ (3.74a)

**

n n0

**

n n

wlim V (Q,P)w (P) M (Q,P) (P) d (P)

n

wV (Q,P)w (P) M (Q,P) (P) d (P)

n

Γ→Γ−Γ

Γ

∂ − Γ

∂ = − Γ

(3.74b)

Para o limite 0εΓ → nas integrais de w(P) e w

m

∂ cujo integrando é chamado de

f ( )ε , tem-se:

( )* *n n

0 0

wlim V (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P) lim f d (P)

εε→ ε→

Γ Γ

∂ − Γ = ε Γ

∂ ∫ ∫ (3.75)

Aplicando-se a propriedade referente à integral de uma soma de funções, a

equação (3.75) pode ser escrita como:

70

( )

[ ]

0

* *n n

0

* *n n

0

lim f d (P)

w wlim V (Q,P) w(P) w(Q) M (Q,P) (P) (Q) d (P)

n n

wlim V (Q,P)w(Q)d (P) M (Q,P) (Q)d (P)

n

ε

ε ε

εε→

Γ

εε→

Γ

ε εε→

Γ Γ

ε Γ

∂ ∂ = − − − Γ ∂ ∂

∂+ Γ − Γ

∫ ∫

(3.76)

Supondo que é válida a condição de Hölder: 1

1w(P) w(Q) C r (P,Q)α− ≤ (3.77a)

e

22

w w(P) (Q) C r (P,Q)

n nα∂ ∂

− ≤∂ ∂

(3.77b)

onde C1 e C2 são constantes e i0 1< α ≤ , i=1,2.

A primeira integral de (3.76) se anula. Como w(Q) e w

(Q)n

∂ são valores do

domínio, (3.76) pode ser escrita como:

( ) *n

0 0

*n

0

lim f d (P) w(Q) lim V (Q,P)d (P)

w(Q) lim M (Q,P)d (P)

n

ε

ε

ε εε→ ε→

Γ Γ

εε→

Γ

ε Γ = Γ

∂− Γ

∫ ∫

∫ (3.78)

Substituindo-se as expressões (3.55) e (3.56), respectivamente,

* *n nde M (Q,P) e de V (Q,P) , em (3.78) e sabendo-se que o ângulo entre as direções

dos versores r e n

é β e que, para o contorno εΓ , 0β = , pois, em quaisquer ponto

deste contorno as direções dos versores coincidem, tem-se :

( )

( )

0 0

0

1lim f d (P) w(Q) lim d

2

w 1(Q) lim 1 ln 1 d (P)

n 4

ε ε

ε

ε εε→ ε→

Γ Γ

εε→

Γ

ε Γ = − Γπε

∂+ − υ ε + Γ ∂ π

∫ ∫

∫ (3.79)

como: d (P) dεΓ = ε ϕ (3.80)

sendo, ϕ = o ângulo que o raio r = ε faz quando percorre o contorno εΓ no sentido anti-

horário, com origem do percurso em −λ , Figura 3.4.

A expressão (3.79) pode ser escrita como:

71

( )

( ) [ ]

( )

2 c

0 0

2 c2 c

000

2 c

c00

1lim d (P) w(Q) lim d

2

w 1 w(Q)(Q) lim 1 ln 1 d

n 4 2

w(Q) 1 w(Q)lim 1 ln 1 d 2

n 4 2

ε ε

π−β

εε→ ε→

Γ Γ

π−βπ−β

ε→

π−β

ε→

ϕ ε Γ = − ε ϕπε

∂ −+ − υ ε + ε ϕ = ϕ ∂ π π

∂ −+ − υ ε + ε ϕ = π − β ∂ π π

∫ ∫

(3.81)

De onde se tira que:

( ) c

0

2lim f d (P) w(Q)

εε→

Γ

π − βε Γ = −

π∫ (3.82)

As demais integrais sobre εΓ indicadas em (3.76) conduzem a valores nulos, o

mesmo ocorrendo com os limites sobre as parcelas que envolvem as reações de canto

Rc.

Portanto a equação integral para um ponto no contorno fica:

g

* *n n

*Nc 1 * *

ci ci n ni 1

Nc 1 *ci cii 1

wK(Q)w(Q) V (Q,P)w(P) M (Q,P) (P) d (P)

n

wR (Q,P)w (P) V (Q,P)w (P) M (P) (Q,P) d (P)

n

R (P)w (Q,P) g(P)w (Q,P)d (P)

Γ

∂ + − Γ

∂ + = − Γ

+ + Ω

∑ ∫

∑ ∫

(3.83)

onde:

cK(Q)2

β=

π (3.84)

Para o caso particular de pontos no contorno com uma única tangente:

1

K(Q)2

= (3.85)

Analogamente, pode-se calcular a derivada w(Q)

m

∂ a partir da equação (3.70).

72

* *n n

* *n n

* **Nci 1ci c c

ci c ci 1

*

n

V Mw(Q) w(Q,P)w(P) (Q,P) (P) d (P)

m m m n

V M w(Q,P)w(P) (Q,P) (P) d (P)

m m n

R RR(Q,P)w (P) (Q,P)w (P) (Q,P)w (P)

m m m

wV (Q,P) (Q,

m

ε

− +

− +

Γ−Γ

ε

Γ

−λ λ

λ λ=

∂ ∂∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂

∂ ∂∂+ + +

∂ ∂ ∂

g

*

n

* *

n n

* **Nci 1ci c c

ci c ci 1

*

wP) M (P) (Q,P) d (P)

m n

w wV (Q,P) (Q,P) M (P) (Q,P) d (P)

m m n

w wwR (P) (Q,P) R (P) (Q,P) R (P) (Q,P)

m m m

g(P)w (Q,P)d (P)

ε

− +

− +

Γ−Γ

ε

Γ

−λ λ

λ λ=

Ω

∂ ∂ − Γ

∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂

∂ ∂∂+ + +

∂ ∂ ∂

+ Ω

∫(3.86)

Calculando-se os limites indicados a seguir, o ponto “Q”, inicialmente no

domínio, será ponto de contorno.

* *n n

0

* *n n

0

* **Nc 1ci c c

ci c c0i 1

V Mw(Q) wlim (Q,P)w(P) (Q,P) (P) d (P)

m m m n

V M wlim (Q,P)w(P) (Q,P) (P) d (P)

m m n

R RR(Q,P)w (P) lim (Q,P)w (P) (Q,P)w (

m m m

ε

− +

− +

Γ→Γ−Γ

εε→

Γ

−λ λ

λ λε→=

∂ ∂∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂

∂ ∂∂+ + +

∂ ∂ ∂

* *

n n0

* *

n n0

**Nc 1ci c

ci c0i 1

P)

w wlim V (Q,P) (Q,P) M (P) (Q,P) d (P)

m m n

w wlim V (Q,P) (Q,P) M (P) (Q,P) d (P)

m m n

wwR (P) (Q,P) lim R (P) (Q,P)

m m

ε

εΓ→

Γ−Γ

εε→

Γ

−λ

λε→=

∂ ∂ ∂ − Γ

∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂

∂∂+ +

∂ ∂

g

*

cc

*g

wR (P) (Q,P)

m

g(p)w (Q,p)d (p)

+

λ

Ω

∂ +

+ Ω∫

(3.87)

73

É conveniente dar à placa um deslocamento vertical de corpo rígido igual a

w(Q), para remover a singularidade envolvida na equação quando 0ε → . Neste caso,

todas as derivadas permanecem inalteradas. E lembrando-se que os limites das

integrais sobre Γ − Γ , são os respectivos valores principais das integrais sobre Γ , a

equação (3.87) fica:

[ ]

[ ]

* *n n

* *n n

0

*Nc 1ci

ci cii 1

*

cc c

0

V Mw(Q) w(Q,P) w(P) w(Q) (Q,P) (P) d (P)

m m m n

V M wlim (Q,P) w(P) w(Q) (Q,P) (P) d (P)

m m n

R(Q,P) w (P) w (Q)

m

Rlim (Q,P) w (P) w

m

ε

Γ

εε→

Γ

=

λλ− λ−

ε→

∂ ∂∂ ∂ + − − Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − − Γ

∂ ∂ ∂

∂+ − + ∂

∂+ −

*

cc

* *n

c n0

* *

n n0

*ci

cii 1

R(Q) (Q,P) w (P)

m

Mw ww (Q) lim V (P) (Q,P) (P) (Q,P) d (P)

m m m n

w wlim V (Q,P) (Q,P) M (P) (Q,P) d (P)

m m n

wR (P)

m

+

ε

λλ+

λ+Γ→

Γ−Γ

εε→

Γ

=

∂ + ∂

∂∂ ∂ ∂ − = − Γ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂

∂+

g

* *Nc 1c c

cc0

*

g

w w(Q,P) lim R (P) (Q,P) R (P) (Q,P)

m m

wg(p) (Q,p)d (p)

m

− +

−λ λ

λ+λε→

Ω

∂ ∂ + +

∂ ∂

∂+ Ω

∫(3.88)

Os limites de 0ε → , são:

[ ]

( ) ( )

( )

* *n n

0

c c

c

V M wlim (Q,P) w(P) w(Q) (Q,P) (P) d (P)

m m n

1 w4 2 sen 2 sen 2 (Q)

4 m

wcos 2 sen 2 (Q)

u

ε

εε→

Γ

∂ ∂ ∂ − − Γ

∂ ∂ ∂

∂ = − π − β + γ + β − γ π ∂

∂ + γ + β − γ ∂

(3.89a)

74

( ) ( )

c cc c0

c c

R Rlim (Q,P) w (P) w(Q) (Q,P) w (P) w(Q)

m m1 w w

sen 2 sen 2 (Q) cos2 cos2 (Q)4 m u

− +λ+ λ

λ λε→

∂ ∂ − + − ∂ ∂

− ν ∂ ∂ = − γ − γ + β + − γ + γ + β π ∂ ∂

(3.89b)

onde γ é um ângulo entre os sistemas de coordenadas (n1, s1) e (m, n), mostradas na Figura 3.21.

Os demais limites quando 0ε → conduzem a valores nulos.

substituindo (3.89a) e (3.89b) em (3.88) e considerando-se que w(Q) é um

deslocamento de corpo rígido, obtém-se:

g

* *n n

1 2

* *Ncci

ci ni 1

** Ncci

n cii 1

*

V Mw w wK (Q) K (Q) (Q,P)w(P) (Q,P) (P) d (P)

m u m m n

R w(Q,P)w (P) V (Q,P) (Q,P)

m m

wwM (P) (Q,P) d (P) R (P) (Q,P)

m n m

wg(p) (Q,p)d

m

Γ

= Γ

=

Ω

∂ ∂∂ ∂ ∂ + + − Γ

∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂+ =

∂ ∂

∂∂ ∂ − Γ +

∂ ∂ ∂

∂+

∑ ∫

∫ (p)Ω

(3.90)

Figura 3.21 - Sistemas de coordenadas associadas aos pontos anterior e posterior aos

cantos +− λλ e .

εΓ s

n

Γ Γ

m γ

u Q

cβ+λ

−λ

3s

2s

2n

1s 1n 3n

4n

4s

r

φ

θ x

β

1n

75

onde:

( )c1 cK sen 2 sen 2

2 4

β ν = − + γ − γ + β π π

(3.91)

( )2 cK cos 2 cos 24

ν = γ − γ + β π

(3.92)

v 1 2w w

K (Q) K (Q) K (Q)m u

∂ ∂= +

∂ ∂ (3.93)

A partir da Figura 3.23 observa-se que o eixo m pode assumir direções normais

ao contorno da placa em ambos os lados do canto “Q”. Para 1m n= e escrevendo-se

(3.93) em função das normais aos lados, 1 4n e n n1 e n4, obtém-se:

cv c

1 4

w wK (Q) (Q) sen (Q)

2 n 2 n

β ∂ ν ∂= + β

π ∂ π ∂ (3.94)

Analogamente para 4m m= m=m4, obtém-se:

cv c

1 4

w w(Q) sen (Q) (Q)

2 n 2 n

βν ∂ ∂β = β +

π ∂ π ∂ (3.95)

Portanto, conclui-se que para um canto “Q” da placa, podem-se escrever duas

equações integrais para as derivadas do deslocamento em relação às duas normais aos

lados que ocorrem no canto. Substituindo-se (3.94) ou (3.95) em (3.90) serão obtidas

as equações para o ponto anterior ou posterior ao canto respectivamente.

Para o caso em que o ponto “Q” do contorno não pertencer ao contorno, ou seja,

cβ = π as expressões (3.94) e (3.95) são idênticas. Considerando-se que “m” coincida

com a direção normal ao contorno no ponto “Q:

g

* *n n

* * *Ncci

ci n ni 1

* *Ncci

ci cii 1

V M1 w w(Q) (Q,P)w(P) (Q,P) (P) d (P)

2 m m m n

R w w(Q,P)w (P) V (P) (Q,P) M (P) (Q,P) d (P)

m m m n

w wR (P) (Q,P)R (P) g(p) (Q,p)d (p)

m m

Γ

= Γ

= Ω

∂ ∂∂ ∂ + − Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ + = − Γ

∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂+ + + Ω

∂ ∂

∑ ∫

∑ ∫

(3.96)

76

3.3.4 Discretização

As equações integrais do deslocamento e de sua derivada são praticamente

impossíveis de serem resolvidas analiticamente. Uma alternativa viável é a resolução

destas equações através de métodos numéricos, transformando-as em equações

algébricas. Utilizando-se o Método dos Elementos de Contorno, essa transformação é

feita dividindo-se o contorno da placa em segmentos, os quais recebem o nome de -

elementos de contorno– onde os deslocamentos e esforços nestes pequenos segmentos

são aproximados por funções interpoladoras, que fornecem os valores dos

deslocamentos e esforços, de pontos do elemento, em função de seus valores nodais.

Assim, cada equação integral terá sua correspondente equação algébrica,

podendo-se definir um sistema de equações lineares de fácil resolução, onde as

incógnitas são deslocamentos e esforços nos pontos de contorno. Sabendo-se as

condições de contorno dos problemas, o sistema é resolvido em termos dos valores de

contorno, podendo-se posteriormente, extrapolar os resultados para todo o domínio.

3.3.4.1 Discretização do contorno

Inicialmente deve-se aproximar o contorno real da placa em segmentos retos ou

curvos, em número suficiente para que o mesmo seja bem representado.

O contorno da Figura 3.22 foi aproximado por um número finito de segmentos

ou “Elementos de Contorno” jΓ , cuja geometria é definida pelos pontos nodais

(extremos) correspondentes.

77

A cada elemento de contorno, jΓ , associam-se um ou mais pontos denominados

"nós" ou "pontos nodais" e os valores das variáveis a eles associados são denominados

"valores nodais". Ao longo de cada elemento as variáveis do problema (deslocamentos

e esforços) são aproximadas por funções polinomiais (constante, lineares e

quadráticas) em funções dos quais é definido o número de pontos nodais, 1,2 e 3,

respectivamente.

Neste trabalho, serão utilizadas apenas funções lineares para aproximar a

geometria e as variáveis do problema.

Na Figura 3.23 que se segue adota-se a seguinte convenção:

nó geométrico (extremidade do elemento)

"nó" ou "ponto" nodal onde são colocadas as variáveis do problema

(incógnitas ou valores conhecidos).

x

y

Nós geométricos do elemento

= extremidades do elemento

Elemento de Contorno Contorno real

Figura 3.22 - Discretização do Contorno da Placa (apenas elementos lineares)

Γ

Ω

78

OBS. O Contorno em todos os casos da Figura 3.23 foi aproximado por segmento de

retas, enquanto que as variáveis, como exemplificado para o deslocamento transversal

"wi" da placa, foram aproximados em cada elemento por uma função constante, linear

e quadrática.

A geometria do elemento é aproximada por um polinômio do primeiro grau.

Portanto, as coordenadas de um ponto P do elemento são dadas em função das

coordenadas nodais (extremos dos elementos).

Figura 3.23 - Tipos de elementos para as variáveis (ex. w) e elemento

linear para a geometria.

iw

ξnó i

nó i

Elemento mΓ

Ω

a) Elemento constante

iw

ξnó i

nó i

Elemento mΓ

Ω

b) Elemento linear contínuo

nó j

nó j

jw

iw

ξnó i

nó i

Elemento mΓ

Ω

c) Elemento linear descontínuo

nó j

nó j

jwiw

ξnó i

nó i

Elemento mΓ

Ω

d) Elemento quadrático contínuo

nó j

nó j

kwjw

nó k

nó k

79

Com o propósito de facilitar os cálculos das integrações numéricas, expressam-

se as coordenadas de cada ponto “P” de um elemento “j”, em função das coordenadas

locais homogêneas ξ em termos de matrizes.

T N(P) (P)=x XΨΨΨΨ (3.97) onde:

1

2

x (P)(P)

x (P)

=

x (3.98)

TT

T

(P)(P)

(P)

=

0

0

φφφφψψψψ

φφφφ (3.99)

11

21N12

22

x

x

x

x

=

X (3.100)

O índice N é utilizado para indicar valores nodais. Ni x é a coordenada nodal do

nó “N” na direção “i”, Figura 3.24.

O vetor da função interpoladora é dado por:

( )( )( )

1

2

P P

P

φ =

φ φφφφ (3.101)

onde,

11

(P) (1 )2

φ = − ξ (3.102a)

11

(P) (1 )2

φ = + ξ (3.102b)

Nó 1 ( 12

11 x,x )

Nó 2 ( 22

21 x,x )

n

P ( 21 x,x )

11x

21x

22x

12x

0=ξ

1+=ξ

1−=ξ

2x

1x

Figura 3.24 - Descrição geométrica do elemento linear

80

3.3.4.2 Aproximação das Variáveis

De maneira análoga a geometria, pode-se expressar as variáveis (P)u e (P)p

(deslocamentos e esforços) sobre cada elemento, através de funções aproximadas φφφφ e

valores nodais NU e NP .

( )T N(P) P=u Uϕϕϕϕ (3.103)

( )T N(P) P=p Pϕϕϕϕ (3.104)

ou escrita explicitamente:

11

21 21 1

12 1 2 2

22

U

(P) (P) 0 0u (P) U

u (P) 0 0 (P) (P) U

U

ϕ ϕ =

ϕ ϕ

(3.105)

11

21 21 1

12 1 2 2

22

P

(P) (P) 0 0p (P) P

p (P) 0 0 (P) (P) P

P

ϕ ϕ =

ϕ ϕ

(3.106)

Assim, para um elemento qualquer “j”, os deslocamentos e esforços nos pontos nodais

serão:

1 1 2 21 1 1u (P) w(P) U w U w= = = (3.107a)

1 21 2

2 2 2w w w

u (P) (P) U U n n n

∂ ∂ ∂= = =

∂ ∂ ∂ (3.107b)

1 1 2 21 n 1 n 1 np (P) V (P) P V P V= = = (3.107c)

1 1 2 22 n 2 n 2 np (P) M (P) P M P M= = = (3.107d)

3.3.5 Transformação das Equações Integrais em Equações Algébricas

A equação integral do deslocamento w(Q), (3.83), de um ponto “Q” qualquer do

contorno, pode ser escrita de forma genérica como:

81

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )c

g

* *ci ci

i 1

N* * * *

ci ci ci gi 1

C Q u Q Q,P P d P p Q,P w P

Q,P P d P u P Q,P R P g p u Q,p d p

=Γ Ω

+ Γ + =

Γ + + Ω

∑∫

∑∫ ∫

p u

u p (3.108)

onde os esforços e os deslocamentos são expressos através de variáveis generalizadas.

Assim, tem-se:

cC(Q)2

u(Q) w(Q)

β=

π

=

(3.109)

w(P)(P) w

(P)n

= ∂ ∂

u (3.110)

n

n

V (P)(P)

M (P)

=

p (3.111)

* * *n n n(Q,P) V (Q,P) M (Q,P)= −p (3.112)

** * w(Q,P) w (Q,P) (Q,P)

n

∂ = −

∂ u (3.113)

* *ci ci

* *ci ci

P (Q,P) R (Q,P)

u (Q,P) w (Q,P)

=

= (3.114)

* *gu (Q,p) w (Q,p)= (3.115)

Considerando-se o contorno da placa discretizado em “Ne” elementos e

substituindo-se as variáveis por suas aproximações (3.103) e (3.104), a equação

(3.109) fica:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )g

Ne Ne* T N *

j ci cii 1 i 1

Ne Ne* T N * *

j ci ci g gi 1 i 1

C Q u Q Q,P P d P p Q,P w P

Q,P P d P P u Q,P R P g p u Q,p d p

= =

= = Ω

+ Γ + =

Γ + + Ω

∑ ∑

∑ ∑ ∫

p U

u

ϕϕϕϕ

ϕϕϕϕ

(3.114)

As integrais de contorno da equação (3.114) têm funções conhecidas, portanto,

elas podem ser calculadas. Por facilidade, definem-se abaixo as integrais sobre um

elemento genérico.

82

j

j * Tj(Q) (Q,P) (P)d (P)

Γ

= Γ∫h p ϕϕϕϕ (3.115a)

j

j * Tj(Q) (Q,P) (P)d (P)

Γ

= Γ∫g u ϕϕϕϕ (3.115b)

Após a soma das influências j j(Q) e (Q)h g de todos os elementos (Ne) nos nN

nós do contorno, a equação algébrica fica:

c c c cC(Q)u(Q) (Q) (Q) (Q) (Q) T(Q)+ + = + +H U H W G P G R (3.116)

O deslocamento u(Q) pode ser escrito em função dos deslocamentos U do

elemento ao qual pertence o ponto Q.

Portanto,

C(Q)u(Q) C(Q)w(Q) (Q)= = C U ou seja, considerando-se todos Nn nós, tem-se:

n

w(1)0 .. 0 .. 0

:.. .. .. .. 0

w(Q)(Q) 0 0 C(Q) 0 0

:.. .. .. .. ..

w(N )0 .. .. .. 0

=

C U (3.117)

Então, (3.116) fica:

c c c c(Q) (Q) (Q) (Q) T(Q)+ = + +H U H W G P G R (3.118)

onde:

nn

N1NT 1 w w

U w ... wn n

∂ ∂ =

∂ ∂

n nN NT 1 1n n n nP V M ... V M=

c

Tc c1 c2 cNW w w ... w=

c

Tc c1 c2 cNR R R ... R=

Agrupando-se os termos da equação (3.118), resulta:

(Q) (Q) T(Q)= +H U G P (3.119)

83

Note-se que a expressão (3.119) corresponde a uma linha, ou seja, é a equação do

deslocamento w(Q), apenas do ponto Q, após a discretização do contorno, da

aproximação das variáveis e da consideração de (3.117).

Analogamente, pode-se obter uma expressão semelhante à (3.119) para a

derivada direcional do mesmo ponto Q, w

(Q)m

∂, utilizando-se a expressão (3.90),

mudando-se apenas os valores de

c c'(Q), (Q), (Q), (Q) e T(Q)H G H G , em função das

soluções fundamentais correspondentes.

Com a discretização do contorno da placa, quatro variáveis são associadas a cada

nó, w(P), w

(P)n

∂, Vn(P) e Mn(P), das quais duas são conhecidas, dadas pelas

condições de contorno da placa. Nos casos de vinculações clássicas, tem-se

- Borda engastada w

w 0n

∂= =

Vn e Mn desconhecidos

- Borda simplesmente apoiada W=Mn=0

nw

V e n

∂ desconhecidos

- Borda livre

Vn=Mn=0 w

w e n

∂ desconhecidos

Portanto, impondo-se as condições de contorno a todos os “Nn’ nós da equação

(3.119), tem-se “2Nn” incógnitas, o que torna necessário a utilização de duas equações

para cada nó, para definir um sistema de equações lineares.

= +HU GP T (3.120)

No caso da equação (3.118), os termos wc e Rc associados aos cantos, podem ser

considerados como variáveis, sendo que um dos quais é possível conhecer-se nos

casos clássicos de vinculação. Assim, tem-se “2Nn” incógnitas nos nós e "Nc"

incógnitas nos cantos, tornando-se necessário utilizar duas equações para cada nó e

84

uma para cada canto para a definição do sistema. O sistema de equações lineares fica

assim definido:

c c

c cc c c

= +

H H G GU P T

W R TH H G G (3.121)

onde c c e H G são as submatrizes formadas pelos coeficientes correspondentes a wc e

Rc respectivamente, e têm 2(Nn)x(Nc) elementos; c c, , e H G H G são submatrizes

semelhantes a c c, , e H G H G , respectivamente, provenientes das equações integrais

de deslocamento aplicadas nos cantos da placa, o subvetor cT é também semelhante a

T .

As submatrizes e H G têm (Nc)x2(Nn) elementos e as submatrizes c c e H G

são quadradas de ordem (Nc).

O sistema de equações lineares (3.120) pode ser resolvido levando-se todas as

incógnitas para o primeiro membro, e todos as parcelas conhecidas para o segundo

membro, obtendo-se:

=AX B (3.122) onde:

A é a matriz formada pelos elementos das matrizes e H G , correspondentes aos

valores de e U P desconhecidos.

B é o vetor obtido a partir da soma do vetor T com o vetor formado pelo produto dos

elementos das matrizes e H G pelos correspondentes valores de e U P

conhecidos.

A solução de (3.122) é dada por:

1−=X A B (3.123) onde:

X é o vetor das incógnitas procuradas, composto por deslocamentos e esforços nodais.

O sistema de equações (3.121) é semelhante ao sistema (3.120) e pode ser resolvido de

forma análoga, obtendo-se:

c c c=A X B (3.124)

85

1c c c

−=X A B (3.125)

Onde, cX é o vetor das incógnitas procuradas, cujos elementos são os

deslocamentos e esforços nos nós e cantos da placa.

86

4 TEORIA DE SEGUNDA ORDEM DE PLACAS ELÁSTICAS

4.1 INTRODUÇÃO

A presente proposta consiste no estudo de problemas de segunda ordem em

placas elásticas delgadas, através do Método dos Elementos de Contorno,

considerando-se para a montagem do sistema de equações algébricas apenas a equação

integral do deslocamento transversal da placa e as variáveis de canto da placa como

incógnitas.

Este estudo tem o objetivo de comparar os esforços de segunda e primeira ordem

em placas, e esta comparação permitirá, nos casos onde os esforços tiverem diferenças

sensíveis, projetos estruturais mais realísticos. Além disso, determinar a carga crítica

de flambagem.

Para o desenvolvimento do trabalho será utilizada uma teoria de segunda ordem

simplificada, pois se trata de um estudo de placas elásticas onde é válida a lei de

Hooke, que será exposta a seguir.

4.2 TEORIA DE SEGUNDA ORDEM SIMPLIFICADA

Na análise não linear das estruturas pode-se ter:

- Não-linearidade física: o material não obedece à lei de Hooke.

-Não-linearidade geométrica: as equações de equilíbrio devem ser desenvolvidas

para a configuração deformada da estrutura e as relações deformações-deslocamentos

deixam de ser lineares (consideração dos efeitos de segunda ordem).

Quando se admite a validade da lei de Hooke, fica limitada a ordem de grandeza

das deformações ( 001,0≅ε ), no entanto, torna-se ainda possível resolver, com precisão

suficiente, muitos problemas práticos de engenharia estrutural que envolve

considerações de segunda ordem, utilizando-se uma teoria simplificada.

Por outro lado, sabe-se que a ordem de grandeza das rotações é que define o

maior ou menor grau de precisão exigido na construção dessa teoria de segunda

ordem.

87

Na teoria da elasticidade não-linear, segundo Novozhilov (1953) e na análise de

estruturas reticuladas, segundo Souza Lima e Venâncio Filho (1982), classifica-se as

rotações θ , de acordo com a sua ordem de grandeza, em:

- Rotações muito pequenas - da ordem de grandeza das deformações ε ,

001,0≅ε≅θ , as únicas que se pode admitir na teoria de primeira ordem.

Para estas rotações, é válido escrever:

1cos =θ (4.1)

θ=θ=θ tgsen (4.2)

- Rotações pequenas - da ordem de grandeza da raiz quadrada do módulo de ε ,

são aquelas rotações que, apesar de não serem grandes, têm intensidade suficiente para

provocar efeitos de segunda ordem. O presente estudo será feito para rotações dessa

ordem de grandeza.

Para uma rotação dessa intensidade )03,0001,0( ≅≅θ , podem-se confundir o

seno, a tangente, e o ângulo (em radianos), de acordo com a aproximação mostrada na

equação (4.2).

Quanto ao cosseno, será feito unitário quando aparecer como fator multiplicativo.

Entretanto, sempre que uma deformação e a diferença )cos1( θ− figurarem como

parcelas de uma mesma expressão, a aproximação da equação (4.1) ficará impossível

de ser aceita, pois )cos1( θ− será da mesma ordem de grandeza da deformação.

Neste caso, adotar-se-á a aproximação:

21cos

2θ−=θ (4.3)

que resulta da consideração dos dois primeiros termos, não nulos, do desenvolvimento

da função cosseno em série de McLaurin, sendo dispensados os demais termos por

serem desprezíveis face a 2θ , ou seja,

2 2

0 0 02

3 3 2

03

dcos d coscos (cos ) ( ) ( )

d 2! d

d cos( ) ........................................ 1

3! 2d

θ= θ= θ=

θ=

θ θ θθ = θ + θ +

θ θ

θ θ θ+ + = −

θ

- Rotações grandes - da ordem de grandeza maior que a raiz quadrada do módulo de ε , )03,0001,0( ≅≅θ .

88

Para estas rotações é inadmissível aceitarem-se as aproximações (4.1), (4.2) e

(4.3). Os problemas que envolvem grandes rotações são de equacionamento complexo;

felizmente, têm pouco interesse prático. Além disso, em geral, deixa de valer a lei de

Hooke.

Portanto, neste trabalho adota-se a teoria de segunda ordem simplificada, que

adota rotações pequenas e é valida a lei de Hooke, ou seja, consideram-se:

a) Linearidade física, onde se admite a validade da lei de Hooke, e portanto, as

deformações devem ser muito pequenas (da ordem de milésimo).

b) Não-linearidade geométrica restrita, entretanto, a problemas com rotações

pequenas.

Por conseguinte, admitem-se aqui, as aproximações (4.1), (4.3) e (4.2), que são a

seguir reescritas:

1cos =θ

utilizada quando o cosseno aparece como coeficiente multiplicativo.

21cos

2θ−=θ

utilizada sempre que )cos1( θ− e a deformação ε aparecem como parcelas de uma

mesma expressão, e,

θ=θ=θ sentg

sempre válida.

c) Espessura da placa constante e pequena, face às outras dimensões.

d) Material homogêneo, isótropo e elástico (validade da lei de Hooke).

e) Os pontos da placa situados numa reta normal à superfície média antes da

deformação permanecem numa reta normal àquela superfície após a

deformação. Esta hipótese é equivalente a considerar os efeitos das tensões

tangenciais, oriundas das forças cortantes, desprezíveis. Ou seja, não se

considera a distorção devida àquelas tensões.

f) Despreza-se a tensão normal (produzida pela carga p(x,y)) de direção normal ao

plano médio da placa, o que equivale a desprezar a variação da distância de um

ponto qualquer à superfície média da placa,

89

Assim sendo, as deformações do plano médio da placa (encurtamento ou

alongamento) não podem mais ser desprezadas, como é feito na teoria de primeira

ordem, porque além das forças de membrana daí decorrente ser agora de grandeza

apreciável, o fato de as rotações não serem mais muito pequenas faz com que aquelas

forças interfiram no equilíbrio transversal do elemento de placa.

4.3 DESLOCAMENTOS

Estabelecem-se as componentes do deslocamento de um ponto P qualquer, em

função dos componentes do deslocamento do ponto P’, projeção de P na superfície

média da placa.

Sejam,

)y,x(ww

)y,x(vv

)y,x(uu

=

=

=

(4.4)

Os componentes do deslocamento do ponto P’ , e

)z,y,x(uu

)y,x(vv

)y,x(uu

zz

yy

xx

=

=

=

(4.5)

Os componentes do deslocamento do ponto P.

Considerando-se as hipóteses e) , f) e a Figura 4.1, obtém-se:

x

y

wu u z

xw

u v zy

∂= −

∂= −

(4.6)

Por outro lado,

wu z =

(4.7)

90

4.4 RELAÇÕES DEFORMAÇÕES-DESLOCAMENTOS

Da teoria das deformações tem-se, para o caso geral, as seguintes expressões para

os alongamentos e distorção, dados em função das componentes do tensor das

deformações:

yyxx

xyxy

yyy

xxx

2121

2sen

121

121

ε+ε+

ε=γ

−ε+=ε

−ε+=ε

(4.8)

Sendo ,xyyyxx ,, εεε os componentes do tensor das deformações, as quais são

dadas por:

∂+

∂+

∂+

∂+

∂=ε

∂+

∂+

∂+

∂=ε

∂+

∂+

∂+

∂=ε

y

u

x

u

y

u

x

u

y

u

x

u

x

u

y

u

2

1

)y

u()

y

u()

y

u(

2

1

y

u

)x

u()

x

u()

x

u(

2

1

x

u

zzyyxxyxxy

2z2y2xyyy

2z2y2xxxx

(4.9)

z

xu

z

u

h/2

h/2

w

P’

P O

z

x

w

superfície média antes da deformação

h : espessura da placa

superfície média deformada

x

w

x

wz

∂−

P’

P

Figuras 4.1 – Componentes de deslocamentos dos pontos da placa

91

Considerando-se as hipóteses da teoria de segunda ordem simplificada, podem

ser feitas alterações nas equações (4.8) e (4.9), resultando:

- Das equações (4.8)

xyxyxy

yyy

xxx

2sen ε=γ≅γ

ε≅ε

ε≅ε

(4.10)

pois, como exemplo, da primeira expressão de (4.8), tem-se:

xxx 211 ε+=+ε

elevando-se ambos os membros ao quadrado, vem:

xxx2x 2112 ε+=+ε+ε

como as deformações são muito pequenas, então, 2xε é desprezível face a xε , portanto,

xxx ε≅ε

Analogamente,

yyy ε≅ε

No caso da distorção, tem-se:

• Para pequenas rotações:

xyxysen γ=γ

• Para deformações muito pequenas:

12121 yyxx =ε+=ε+

pois, yyxx 2e2 εε são desprezíveis face à unidade.

Portanto, de (4.8), vem:

xyxy 2ε=γ

Das equações (4.9), tem-se:

∂+

∂+

∂+

∂=ε 2z2y2xx

xx )x

u()

x

u()

x

u(

2

1

x

u .

Devido à grande rigidez da placa no seu próprio plano:

x

u à faceisdesprezívesão)

x

u(e)

x

u( x2x2x

∂. Entretanto, por hipótese referente à

92

grandeza das rotações adotada neste trabalho, 2z )x

u(

∂ é da mesma ordem da

deformação xxε .

Finalmente, têm-se as seguintes expressões aproximadas:

)y

u

x

u

x

u

y

u(

2

1

)y

u(

2

1

x

u

)x

u(

2

1

x

u

zzyxxy

2zxyy

2zxxx

∂+

∂+

∂=ε

∂+

∂=ε

∂+

∂=ε

(4.11)

Utilizando-se as expressões (4.6), (4.7), (4.10) e (4.11) chega-se às relações

deformações-deslocamentos, em função das componentes u,v e w do deslocamento

dos pontos do plano médio da placa:

y

w

x

w)

xy

w

yx

w(z

x

v

y

u

)y

w(

2

1

y

wz

y

v

)x

w(

2

1

x

wz

x

u

22

xy

22

2

y

22

2

x

∂+

∂∂

∂+

∂∂

∂−

∂+

∂=γ

∂+

∂−

∂=ε

∂+

∂−

∂=ε

(4.12)

Com o objetivo de fazer uma comparação, expõem-se abaixo as equações

correspondentes da teoria de primeira ordem:

)xy

w

yx

w(z

x

v

y

u

y

wz

y

v

x

wz

x

u

22

xy

2

2

y

2

2

x

∂∂

∂+

∂∂

∂−

∂+

∂=γ

∂−

∂=ε

∂−

∂=ε

Nota-se, nas expressões anteriores, a ausência dos termos não-lineares que

comparecem em (4.12).

93

4.5 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS

4.5.1 Relações Tensões-Deformações

A lei de Hooke para os estado plano de tensão é dada pelas seguintes relações:

yxyxy

xy2y

yx2x

)1(2

EG

)(1

E

)(1

E

γν−

=γ=τ

νε+εν−

νε+εν−

(4.13)

4.5.2 Tensões em função das componentes u, v, w do deslocamento dos pontos do

plano médio da placa.

Substituindo-se as expressões (4.12) nas expressões (4.13), vem,

∂+

∂−

∂ν+

∂+

∂−

ν−=σ 2

2

22

2

2

2x )y

w(

2

1

y

wz

y

v)

x

w(

2

1

x

wz

x

u

1

1

2 22 2

2 2 2

1 u v w w 1 w wz( ) ( ) ( )

x y 2 x 2 y1 x y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ν ∂= + ν − + ν + +

∂ ∂ ∂ ∂− ν ∂ ∂ (4.14)

∂+

∂−

∂ν+

∂+

∂−

ν−=σ 2

2

22

2

2

2y )x

w(

2

1

x

wz

x

v)

y

w(

2

1

y

wz

y

v

1

1

2 22 2

2 2 2

1 v u w w 1 w wz( ) ( ) ( )

y x 2 y 2 x1 y x

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ν ∂= + ν − + ν + +

∂ ∂ ∂ ∂− ν ∂ ∂ (4.15)

∂+

∂∂

∂−

∂+

ν+=τ

y

w

x

w)

yx

w(z2

x

v

y

u

)1(2

E 2

xy (4.16)

94

4.6 ESFORÇOS SOLICITANTES

Associado às tensões (4.14), (4.15) e (4.16), representadas na Figura 4.2,

definem-se os esforços solicitantes, por unidade de comprimento, indicados nas

Figuras 4.3 e 4.4.

h h2 22 2

x x 2 2 2h h2 2

2 2 2 22

E u v w wN .1.dz z( )

x y1 x y

1 w w Eh u 1 w v 1 w( ) ( ) dz ( ) ( )

2 x 2 y x 2 x y 2 y1

− −

∂ ∂ ∂ ∂= σ = + ν − + ν

∂ ∂− ν ∂ ∂

∂ ν ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + = + + ν + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂− ν

∫ ∫ (4.17)

Figura 4.2 – Tensões positivas

z

x

y dx

dy

h

xσxyτ

yσ yxτ

z

dz

y

z dx

yN

xN

yxN

xyN

dy

h x

Figura 4.3 – Forças de membrana positivas, por unidade de comprimento.

dx

dy

h

Figura 4.4 – Momentos fletores e de torção positivos, por unidade de comprimento.

y

z yxM

xyM

yM

xM

x

95

h h2 22 2

y y 2 2 2h h

2 2

2 2 2 22

E v u w wN .1.dz z( )

y x1 y x

1 w w Eh v 1 w u 1 w( ) ( ) dz ( ) ( )

2 y 2 x y 2 y x 2 x1

− −

∂ ∂ ∂ ∂= σ = + ν − + ν

∂ ∂− ν ∂ ∂

∂ ν ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + + = + + ν + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂− ν

∫ ∫ (4.18)

dz.1.N;dz.1.N2

h

2

hyxyx

2

h

2

hxyxy ∫∫

−−

τ−=τ=

mas, pelo teorema de Cauchy: yxxy τ=τ , então,

xyyx

2

h

2

hxy

2

h

2

hyxyx NNdz.1.dz.1.N −=∴τ−=τ−= ∫∫

−−

,

portanto,

h h22 2

xy yx xh h

2 2

2

E u v w w wN N .1.dz 2z( ) dz

2(1 ) y x x y x y

Eh u v w w Eh (1 ) u v w w( ) ( ( )

2(1 ) y x x y 2 y x x y(1 )

− −

∂ ∂ ∂ ∂ ∂= − = τ = + − +

+ ν ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ − ν ∂ ∂ ∂ ∂= + + = + +

+ ν ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ ν

∫ ∫ (4.19)

h h2 22 2

2x x 2 2 2

h h

2 2

3 2 22 2

2 2 2

2 2

2 2

E u v w wM ( .1.dz).z .z .z z ( )

x y(1 ) x y

z w z w Eh w w( ) ( ) dz ( )

2 x 2 y 12(1 ) x y

w wD( )

x y

− −

∂ ∂ ∂ ∂= σ = + ν − + ν

∂ ∂− ν ∂ ∂

∂ ν ∂ ∂ ∂+ + = + ν∂ ∂ − ν ∂ ∂

∂ ∂= − + ν

∂ ∂

∫ ∫

(4.20)

onde,

)1(12

EhD

2

3

ν−=

96

Analogamente,

)x

w

y

w(Dz).dz.1.(M

2

2

2

22

h

2

hyy

∂ν+

∂−=σ= ∫

(4.21)

h h22 2

2xy xy

h h

2 2

3 2 2

2

E u v wM ( .1.dz).z .z .z 2z

2(1 ) y x x y

w w Eh w wz dz (1 ) D(1 )

x y x y x y12(1 )

− −

∂ ∂ ∂= − τ = − + −

+ ν ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂+ = − ν = − ν∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂− ν

∫ ∫ (4.22)

O sinal (−) na fórmula de xyM indica que ao sentido positivo indicado para as

tensões 0M a e correspond xyxy <τ (os sentidos positivos dos momentos estão

indicados na Figura 4.4 .

Por último, sendo

z).dz.1.(M2

h

2

hyxyx ∫

τ=

e, sabendo-se que xyyx τ=τ , resulta

yx

w)1(DMM

2

xyyx∂∂

∂ν−−=−= (4.23)

4.7 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO

4.7.1 Introdução

Na teoria de primeira ordem as equações de equilíbrio podem ser escritas na

configuração indeformada da estrutura, enquanto que na teoria de segunda ordem as

mesmas devem ser escritas na configuração deformada da estrutura.

A diferença, quanto às equações de equilíbrio, entre a teoria de primeira ordem e

de segunda ordem aproximada (considerada no presente estudo), reside basicamente

97

na equação de equilíbrio transversal, pois as equações de equilíbrio no plano da placa,

como serão vistos a seguir, são as mesmas nas duas teorias, devido às aproximações

feitas na teoria da segunda ordem.

Como na teoria de primeira ordem é considerada a configuração indeformada da

estrutura, então, na equação de equilíbrio transversal não aparecem as forças de

membrana, x y xy yxN , N , N , N , enquanto que na teoria de segunda ordem esses

esforços contribuem no equilíbrio transversal, pois é considerada a configuração

deformada. Conseqüentemente as componentes verticais desses esforços devem ser

levadas em conta.

4.7.2 Equações de equilíbrio no plano da placa

a) Parcelas devidas às forças de membrana e às forças de volume X, Y agentes no plano da placa.

Considere-se, inicialmente, o equilíbrio na direção x dos esforços que atuam na

área elementar dx.dy deformada (Figuras 4.5 e 4.6).

dxdyy

NN

yy

∂+

dydxx

NN x

x

∂+

x

y

dydxx

NN

xyxy

∂+

dxdyy

NN

yxyx

∂+

dxN yx

dxN y

dyN x

dyNxy

hYdxdy

hXdxdy

xyyx NN −=

Figura 4.5 – Forças de membrana.

98

( )xx x

yxyx yx

NN dycos + N + dx dycos + dx + hX dx dy

x x

N N dx cos - N + dy dxcos + dy

y y

∂ ∂α − α α ∂ ∂

∂ ∂α+ α α

∂ ∂

Considerando-se, cos = 1; cos + dx = 1; cos + dy = 1,x y

∂α ∂α α α α

∂ ∂ pois os

mesmos aparecem como coeficientes multiplicativos, tem-se:

yxxNN

dx dy - dx dy + hX dx dyx y

∂∂

∂ ∂

Mas,

yx xyN - N=

então,

yxxNN

dxdy + dxdy + hX dxdyx y

∂∂

∂ ∂ (4.24)

analogamente, realizando-se o equilíbrio na direção y, Figura 4.7, obtém-se:

xy yN Ndxdy + dxdy + hY dxdy

x y

∂ ∂

∂ ∂ (4.25)

dy)dxx

NN( x

x∂

∂+

dxO

z

x

w

Figura 4.6 – Corte através do elemento dxdy da

Figura 4.5, por um plano paralelo a xz

dxx∂

α∂+α dx

x

w

w dyNx

α

dx)dyy

NN(

yy

∂+

dy

O

z

y

w

Figura 4.7 – Corte através do elemento dxdy da

Figura 4.5, por um plano paralelo a yz

dyy∂

β∂+β dy

y

w

w dxNy

β

99

b) Parcelas devidas às forças cortantes

Considerando-se a Figura 4.9, tem-se:

xx x

x

QQ dy sen - Q + dx dy sen + dx

x

∂ ∂α α α

∂ ∂

mas,

w =

x

∂α

então

2 2x x

x x x 2 2x x

Q Qw w w w wQ dy - Q dy Q dxdy - dxdy - dx dxdy

x x xx x

∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂−

∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

desprezando-se os infinitésimos de ordem maior que dois, tem-se:

y

x

dx)dyy

QQ(

yy

∂+

Figura 4.8 – Forças cortantes e carga transversal

dy)dxx

QQ( x

x∂

∂+

dyQx

dxQy

dydxg d

d

Figura 4.10 – Corte no elemento dxdy da Figura 4.8 por um plano paralelo a yz

yy

Q(Q dy)dx

y

∂+

dy

z

y

dyy

∂ββ +

β

β yQ dx

Figura 4.9 – Corte no elemento dxdy da Figura 4.8 por um plano paralelo a xz

dy)dxx

QQ( x

x∂

∂+

dx

z

x

dxx∂

α∂+α

α

α dyQx

100

2x

x 2x

Qw wQ - dxdy

xx

∂∂ ∂−

∂ ∂∂

analogamente, para a direção y, Figura 4.10, tem-se:

2y

y 2y

Qw wQ - dxdy

yy

∂∂ ∂− ∂ ∂∂

As parcelas devidas às forças cortantes, representadas pelas duas últimas

expressões, são infinitésimos de segunda ordem e são desprezíveis em relação às

parcelas devidas às forças de membrana; expressões (4.24) e (4.25).

Conseqüentemente, as equações de equilíbrio no plano da placa são dadas pelas

expressões (4.24) e (4.25) igualadas a zero, ou seja:

xyxNN

direção x : + +hX = 0x y

∂∂

∂ ∂ (4.26)

xy yN Ndireção y : + +hY = 0

x y

∂ ∂

∂ ∂ (4.27)

Como se observa, obtiveram-se as mesmas equações de equilíbrio da teoria de

primeira ordem. Isto ocorreu devido às aproximações adotadas na teoria de segunda

ordem simplificada.

4.7.3 Equações de equilíbrio transversal ao plano da placa

A equação de equilíbrio transversal, de um elemento dx dy da placa, é composta

de três parcelas: projeções das forças de membrana e das forças cortantes, na direção z,

e da carga g(x, y).

4.7.3.1 Parcela devida as forças de membrana

a) Forças x yN , N

A partir da Figura 4.6 tem-se a soma das projeções das forças

xx x

NN dy e N + dx dy,

x

∂ ∂

na direção z,

101

xx x

N N dysen + N + dx dysen + dx

x x

∂ ∂α − α α ∂ ∂

mas,

wsen = =

x

∂α α

então,

2x

x x x2

2 2x x

x x 2 2

Nw w w w N dy + N + dx dy + dx = N dy

x x x xx

N Nw w w w N dy +N dy dx+ dxdy + dxdy dx

x x x xx x

∂∂ ∂ ∂ ∂ − − ∂ ∂ ∂ ∂∂

∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂+

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

desprezando-se o infinitésimo de terceira ordem, obtém-se:

2x

x 2

Nw wN dxdy dxdy

x xx

∂∂ ∂+

∂ ∂∂ (4.28)

Analogamente, as projeções, das forças yy y

N dx N , N + y dx

y

∂ ∂

na direção z,

Figura 4.7, produz

2y

y 2

Nw w N dxdy dxdy

y yy

∂∂ ∂+

∂ ∂∂ (4.29)

b) Forças xy yxN , N

Considerando as Figuras 4.11 e 4.12 obtém-se as projeções das forças

xyxy xy

N N dy e N + dx dy,

x

∂ ∂

na direção de z e, a soma destes fornece:

102

xyxy xy

N N dysen + N + dx dysen + dx

x x

∂ ∂β − β β ∂ ∂

mas,

wsen = =

y

∂β β

então

2xy

xy xy

Nw w w N dy + N + dx dy + dx

y x y x y

∂ ∂ ∂ ∂− ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

desenvolvendo-se a expressão acima e desprezando-se o infinitésimo do terceiro grau,

obtém-se:

2xy

xy

Nw w N dxdy+ dxdy

x y x y

∂∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ (4.30)

Analogamente, para as forças

2xy

xy

Nw w N + dxdy

x y y x

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

(4.31)

c) Forças de volume X e Y

Essas forças não contribuem diretamente no equilíbrio transversal, pois, mesmo

na configuração deformada, suas direções permanecem inalteradas, ou seja, X

permanecerá na direção x (portanto, não tem componente vertical) e Y na direção y

dy

O

z

y

Figura 4.11 – Corte através do elemento dxdy da Figura 4.5, por um plano paralelo a

yz que passa por dyNxy

dyNxy

β

Figura 4.12 – Corte através do elemento dxdy da Figura 4.5, por um plano paralelo a yz que

passa por dy)dxx

NN(

xyxy

∂+

dy)dxx

NN(

xyxy

∂+

dy

O

z

y

dyy∂

β∂+β

103

(também sem componente transversal). Entretanto, estas forças aparecerão na

expressão da resultante das projeções das forças de membrana, na direção z, por meio

das equações de equilíbrio (4.26) e (4.27), como será visto a seguir.

d) Resultante das projeções das forças de membrana na direção z

Esta resultante é obtida somando-se as expressões (4.28), (4.29), (4.30) e (4.31).

2 2 2yx

x y xy2 2

2xy xy

xy

NNw w w w w N + + N + +N

x x y y x yx y

N Nw w w + +N + dxdy

x y x y y x

∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

reagrupando-se a expressão anterior, tem-se:

2 2 2xy xy yx

x y xy2 2

N N NNw w w w wN +N +2N + + dxdy

x y x y x x y yx y

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

(4.32)

Note-se que os termos entre parênteses correspondem às equações de equilíbrio

(4.26) e (4.27), respectivamente, ou seja,

xyxNN

+ hX x y

∂∂= −

∂ ∂

xy yN N+ hY

x y

∂ ∂= −

∂ ∂

Portanto, a expressão (4.32) pode ser escrita da seguinte forma,

2 2 2

x y xy2 2

w w w w wN N 2N hX hY dxdy

x y x yx y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + − −

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ (4.33)

A expressão (4.33) corresponde à contribuição das forças de membrana, no

equilíbrio transversal.

104

4.7.3.2 Parcelas devida às forças cortante e ao carregamento externo g(x,y)

a) Carga g(x,y) e forças cortantes x yQ e Q

Das Figuras (4.9) e (4.10), obtém-se:

xx x y

yy

QQ dy cos +gdxdy+ Q dx dy cos dx Q dx cos

x x

Q+ Q dy dx cos dy

y y

∂ ∂α − α + α + − β ∂ ∂

∂ ∂β+ β +

∂ ∂

mas,

cos cos dx cos cos dy 1x y

∂α ∂β α = α + = β = β + =

∂ ∂

pois, aparecem na expressão acima como coeficientes multiplicativos, então

yxQQ

g dxdy x y

∂ ∂+ + ∂ ∂

(4.34)

b) Equilíbrio de momentos em torno do eixo x

Considerando-se, além da Figura 4.13, as Figuras 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10, obtém-se:

y

dxx

MM

xyxy

∂+

x

dxx

MM x

x∂

∂+

dyy

MM

yy

∂+

dyy

MM

yxyx

∂+

xyM

xM

yM

yxM

Figura 4.13 – Momentos fletores e de torção

dy

dx

105

y xyy y xy xy

y yy y

yy

M MM dx M dx dy dx M dy M dy dx dy

y x

Q Q wQ dy dx cos dy dy Q dy dx sen dy dy

y y y y y

NN dy dx sen dy dy

y y+

∂ ∂ − − − + +

∂ ∂

∂ ∂ ∂β ∂β ∂+ + β + + + β +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂β+ β + −

∂ ∂

yy

2 22y xy y y

y y y 2

2 2 2y y y 2

y y2 2 2

y

N wN dy dx cos dy dy

y y y

M M Q Qw w w wQ dy Q Q dy dy

y x y y y y yy

Q N Nw w w w w wdydy N N dy dy dy

y y y y y yy y y

wN

y

+

+

∂ ∂β ∂β +

∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂= − + + + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂

∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂

∂− −

yN wdy dxdy 0

y y

∂ ∂=

∂ ∂

Os termos infinitesimais de segunda ordem da expressão que estão entre o

colchete maior são desprezíveis quando comparados com os três primeiros, portanto,

y xyy

M MQ

y x

∂ ∂− =

∂ ∂ (4.35)

c) Equilíbrio de momentos em torno do eixo y

Procedendo-se de maneira análoga ao item anterior, e considerando-se que,

yx xyM M= −

obtém-se:

xyxx

MMQ

x y

∂∂− =

∂ ∂ (4.36)

d) Expressão final que considera a contribuição das forças cortantes e da carga

distribuída g(x,y), no equilíbrio transversal

Derivando-se a expressão (4.35) em relação à y e a expressão (4.36) em relação a

x, obtêm-se:

2 2y y xy

2

Q M M

y x yy

∂ ∂ ∂= −

∂ ∂ ∂∂

22xyx x

2

MQ M

x x yx

∂∂ ∂= −

∂ ∂ ∂∂ (4.37)

106

Substituindo-se as expressões (4.37) em (4.34), obtém-se:

2 22y xyx

2 2

M MM2 g dxdy

x yx y

∂ ∂∂ + − + ∂ ∂∂ ∂

(4.38)

4.7.3.3 Equação resultante do equilíbrio transversal

Somando-se a expressão (4.33) com a expressão (4.38) obtém-se o somatório de

todas as forças na direção do eixo z, que por equilíbrio, deve ser igual a zero, portanto,

2 2 2

x y xy2 2

2 22y xyx

2 2

w w w w wN N 2N hX hY dxdy

x y x yx y

M MM+ 2 g dxdy 0

x yx y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + − −

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

∂ ∂∂ + − + = ∂ ∂∂ ∂

então,

2 22 2 2 2y xyx

x y xy2 2 2 2

M MM w w w2 g N N 2N

x y x yx y x y

w whX hY

x y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ − = − + + +

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂− −

∂ ∂

(4.39)

Substituindo-se as expressões (4.20), (4.21) e (4.22), na expressão acima, obtém-

se:

4 4 4 2 2 2

x y xy4 4 2 2 2 2

w w w 1 w w w2 g N N 2N

D x yx y x y x y

w whX hY

x y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + = + + +

∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂− −

∂ ∂

(4.40)

107

4.8 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM FUNÇÃO DAS COMPONENTES u, v e w

DOS DESLOCAMENTOS DOS PONTOS DA PLACA.

A introdução das expressões (4.17), (4.18) e (4.19), nas equações de equilíbrio

no plano, (4.26), (4.27) e na equação de equilíbrio transversal (4.40), fornece um

sistema de três equações de equilíbrio nas incógnitas u, v e w, dado abaixo.

Esse sistema de equações, com as condições de contorno geométricas e estáticas

da placa permite a obtenção daqueles deslocamentos.

- Equilíbrio na direção x

2 2 2 2 2 2

2 2 2 2

2 2 2 2 2

2 2

u w w 1 u v w w w w

x 2 x y x x y yx x y y

u v w w w w 1X 0

2 x y x y y x Ey y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂

ν ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ − ν+ − + + − + =

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

(4.41)

- Equilíbrio na direção y

2 2 2 2 2 2

2 2 2 2

2 2 2 2 2

2 2

v w w 1 v u w w w w

x 2 x y y x y xy y x x

v u w w w w 1Y 0

2 x y x y x y Ex x

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂

ν ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ − ν+ − + + − + =

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

(4.42)

- Equilíbrio na direção z

4 4 4 2 2 2

4 4 2 2 2 2 2

2 2 2 22 2

2 2

2 2 2 2 2

2 2

w w w 12 u w u w v w2

x y x y yy y x y h x y

v w w w w 1 w w w w( ) ( )

x x y x y x y 2 x yx y

u w u w v w v w w w w

x y x y y x x y x y x yy x

1

2

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + = + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ν − + − −

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

+2 2

2 22 2

w w 1 w w 1 w w( ) ( ) g hX hY

y 2 x D x yx y

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + − − ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂

(4.43)

Sendo,

)1(12

EhD

2

3

ν−=

108

h = espessura da placa

X, Y são forças de volume, respectivamente, na direção x e y

g = carga transversal, na direção z

Entretanto, a solução analítica desse sistema de equações diferenciais não

lineares é desconhecida para o caso geral.

4.9 CONDIÇÕES DE CONTORNO DE UMA PLACA DE FORMATO QUALQUER

4.9.1 Introdução

Para estabelecer as condições de contorno que as equações (4.41), (4.42) e 4.43)

devem obedecer, divide-se o contorno da placa, designado por Γ , em duas partes:

- dΓ , referente à parte do contorno Γ vinculado ao meio externo;

- σΓ , referente à parte do contorno Γ que é livre como esquematizado na Figura 4.14.

η

Ω

xN

xyN

hX

hY η

δ=η1

y(2)

x(1)

B

A

σΓ

s

yxNyN

t

dy

ds

dx

δ

onde,

Figura 4.14 – Contorno da placa e elemento infinitesimal submetido a forças de

109

==Γ ABd porção do contorno de A até B

==Γσ BA porção do contorno de B até A

hX e hY são cargas externas, por unidade de comprimento, aplicadas no contorno dΓ ,

respectivamente nas direções x e y;

os versores t e n são dados por: n cos i sen j i m j

t sen i cos j mi j

= δ + δ = +

= − δ + δ = − +

com, mds

dxsen;

ds

dycos =−=δ==δ

De forma análoga ao que foi feito no item 4.7.3.1d) tem-se, a partir da Figura

4.15, a resultante das componentes verticais das forças de membrana,

x

wsendsN

y

wcosdsN

y

wsendsN

x

wcosdsNdsV xyxyyx

Nn

∂δ+

∂δ+

∂δ+

∂δ=

ou

y

w)cosNsenN(

x

w)senNcosN(V xyyxyx

Nn

∂δ+δ+

∂δ+δ=

mas, considerando-se as expressões dos versores n e t

, vem:

Figura 4.15 - Elemento infinitesimal submetido a momentos e esforço cortante

dsdxsen;ds

dycos =δ=δ

dy ds

dx

yxM

xM

xyM

yQ

nQ

xQ

yM

nM

nsM t η

δ

ds

dx

dy

x

y

δ δ

t

η

x

y

z

110

y

wYh

x

wXhV N

n∂

∂+

∂= (4.44)

Considerando-se a expressão da cortante equivalente deduzida no capítulo 3 e a

expressão (4.44), tem-se a resultante dos esforços transversais nV , no contorno σΓ ,

que deve ser igual ao esforço externo aplicado nV , então,

N nsnn n n

MV (Q V ) V

s

∂= + + =

∂ (4.45)

que é a condição de contorno estática relativa aos esforços transversais. A diferença

entre esta condição de contorno, e a condição correspondente da teoria de primeira

ordem, é que, nesta, 0VNn = .

4.10 ACOPLAMENTO DOS EFEITOS DE MEMBRANA E DE FLEXÃO

Considere-se para efeito de ilustração o plano médio da placa da Figura 4.16,

onde se representam os deslocamentos u, v e w, as cargas de superfície p1 , p2 e p3 e a

sua vinculação.

Na teoria de segunda ordem de placas, no lugar de uma equação diferencial de

equilíbrio governante da teoria de primeira ordem na incógnita w, há três equações

Ω

zx3 =

0

A

Figura 4.16 - Deslocamentos e cargas de superfície na placa

Superfície média da placa

w v

u

σΓ

p3 = g

hp2 = h Y

yx2 =

xx1 =

hp1 = h X

111

acopladas nas incógnitas u, v e w, sendo duas do estado plano (chapas, nas direções x1

e x2) e uma, correspondente à placa, na direção x3.

Trata-se de equações diferenciais não-lineares, acoplando os efeitos de

membrana com os de flexão. As forças de membrana são funções não apenas de u e v,

mas também de w.

Considerando-se as hipóteses da teoria de segunda ordem obtém-se a seguinte

equação diferencial de equilíbrio, na direção x3 , cuja dedução foi apresentada

detalhadamente no item 4.7.3.3 e que é a mesma de Timoshenko e Woinowsky-

Krieger (1981) e conhecida como equação de Von Kármán:

2,1,12,1222,2211,1134 hYwhXwwN2wNwNpwD −−+++=∇

(4.46)

onde,

w é o deslocamento transversal da placa,

N ij forças de membrana , por unidade de comprimento, nas direções x1 e x2 , funções

agora de u, v e w. Nos eixos usuais x = x1 ; y = x2 ; z = x3 têm-se:

xxx11 NNN == ; xy12 NN = e yyy22 NNN == ,

x

w

x

ww

11,

∂=

∂= ;

y

w

x

ww

22,

∂=

∂= ;

2

2

11

2

11,x

w

xx

ww

∂=

∂∂

∂=

yx

w

xx

ww

2

21

2

12,∂∂

∂=

∂∂

∂= ;

2

2

22

2

22,y

w

xx

ww

∂=

∂∂

∂=

X , Y forças de volume nas direções 1x e 2x , respectivamente,

h espessura da placa,

D rigidez à flexão da placa.

A expressão (4.46) será utilizada na formulação do problema de segunda ordem

pelo Método dos Elementos de Contorno.

112

5. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE FLAMBAGEM DE PLACAS PELO MEC

5.1 INTRODUÇÃO Supondo-se que p3 = 0 em Ω e que sejam desprezadas as forças de volume, e

que o carregamento no contorno σΓ , hX e hY , cresce, a partir de zero,

proporcionalmente a um parâmetro λ (fator de carga). A partir de certo valor de λ

(que será denominado crítico), a placa pode passar a ter, além da configuração trivial

de equilíbrio (w = 0), outra configuração (estável) de equilíbrio, enquanto que a trivial

se torna instável. Em outras palavras, pode ocorrer um ponto de bifurcação do

equilíbrio (flambagem).

O fenômeno da flambagem, se acontecer, será governado pela equação (4.46),

quando nela se fizer a carga transversal 3p 0= e as forças de volume hX hY 0= = , o

que será visto no item seguinte.

Quando λ aumenta e atinge o seu valor crítico, a chapa flamba, mesmo para

rotações w w

e x y

∂ ∂

∂ ∂ muito pequenas. Então, se as rotações são muito pequenas, as

forças de membrana passam a ser funções apenas dos deslocamentos u e v, e portanto

determináveis apenas e tão somente com a utilização das equações de equilíbrio no

plano da placa. Portanto, no problema de flambagem, as equações de equilíbrio

governantes são as duas do estado plano de primeira ordem e a equação de equilíbrio

transversal (4.46), com 3p 0= e hX hY 0= = .

Isto significa que a flexão não influencia o estado plano, embora a recíproca

evidentemente não se verifica. É como se houvesse um desacoplamento parcial das

equações governantes.

5.2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A equação governante do problema de flambagem de placas pode ser escrita,

segundo Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1981), como se segue:

113

( )411 ,11 22 ,22 12 ,12w N w N w 2N w ,

D

λ∇ = + + (5.1)

onde,

w é o deslocamento transversal da placa,

ijN são as forças de membrana de referência, por unidade de comprimento, obtidas com o uso exclusivo das equações de equilíbrio, de primeira ordem, no plano da placa,

λ é o fator de carga, D é a rigidez à flexão da placa.

Se a equação (5.1) for resolvida sob as condições de contorno prescritas, a carga

de flambagem é λ vezes a carga de referência aplicada no plano da placa.

As forças de membrana, por unidade de comprimento, estão em equilíbrio

segundo as equações:

xyxNN

hX 0x y

∂∂+ + =

∂ ∂

xy yN NhY 0

x y

∂ ∂+ + =

∂ ∂

(5.2)

ou em forma concisa,

ij, j iN hb 0+ = (5.2a)

No caso do estudo de flambagem as forças de volume hX e hY são desprezadas,

considerando-se apenas as cargas aplicadas no contorno da placa. Da Figura 5.1 as

relações entre as cargas de superfície no contorno e as forças de membrana, podem ser

escritas da seguinte forma:

x x y xy

y y x xy

N N hX

N N hY

η + η =

η + η =

(5.3)

ou em forma indicial,

114

ij j iN hPη = (5.3a)

Para a formulação da equação integral do problema de flambagem de placas é

admitido que a pseudo carga lateral "g" definida por,

,11 ,11 22 ,22 12 ,12 ij ,ijg (N w N w 2N w ) N w= λ + + = λ (5.4)

atua na direção perpendicular ao plano da placa. Desta forma a equação (5.1) pode ser

formulada da mesma forma que o problema de flexão de placas em teoria de primeira

ordem. Ou seja, pode-se utilizar a mesma solução fundamental deduzida no Capítulo 3

item 3.2.10, dada por:

* 21w r (ln r 1 / 2)

8 D= −

π (5.5)

Figura 5.1 – Forças de membrana e cargas de superfície

η

Ω

y(2)

x(1)

N22 N21

N11

N12

hP1

hP2 η

η1

η2

115

5.3. EQUAÇÕES INTEGRAIS Utilizando-se o teorema de reciprocidade de Betti ou o método dos resíduos

ponderados e considerando-se as equações (5.1) e (5.5), chega-se à seguinte equação

integral:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )

( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )c

* *n n

N ** *ci ci n n

i 1

w PK Q w Q V Q,P w P M Q,P d P

n

wR Q,P w P V P w Q,P M P Q,P d P

n

Γ

Γ=

∂ + − Γ

∂= − Γ

∑ ∫

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

cN* *

ci ci 11 ,11i 1

22 ,22 12 ,22

R P w Q,P w Q,p N p w p

N p w p 2N w p d p

Ω=

+ + λ

+ + Ω

∑ ∫

(5.6)

onde,

K(Q) =

0, para ponto Q fora do domínio

1/2, para ponto Q no contorno,

1, para ponto Q q= , ou seja, ponto interno ao domínio,

2

β

π, para pontos no contorno com angulosidade (cantos),

onde, β= ângulo interno ao ponto Q

Na Figura (5.2) explicitam-se os pontos de carga (load points) "Q" no contorno e

"q" interno ao domínio e os pontos nodais "P" e "p", respectivamente, no contorno e

no domínio, onde se obtêm as respostas das ações aplicadas nos pontos de carga.

pq

P

Q

Figura 5.2 - Pontos de carga (q e Q) e pontos nodais (p e P)

116

Observa-se na equação (5.6) a presença de incógnitas nos cantos, dadas por ciR

ou wci. Escolheu-se neste trabalho considerá-las como variáveis do problema, pois

segundo Timoshenko e Gere (1961) os resultados são melhores do que aqueles no qual

as incógnitas no canto são consideradas como contribuições dos nós vizinhos.

Nos cantos as variáveis são cR e wc. Sendo que, devido às condições de

contorno, apenas uma é incógnita. O mesmo ocorre nos demais pontos nodais do

contorno onde das quatro variáveis, n n nw, , M e Vθ , apenas duas são incógnitas. Nos

pontos internos, as incógnitas são as derivadas segundas ,11 ,12 ,22w , w e w .

Então são necessárias, duas equações integrais para cada ponto nodal do

contorno, uma para cada canto e como se verá mais adiante, apenas uma para cada

ponto interno, para que o sistema de equações algébricas do problema seja definido.

Como é preciso escrever uma equação para cada canto, então, os nós adjacentes

aos mesmos devem ser transferidos para o interior de seus respectivos elementos,

Figura 5.3, caso contrário haverá singularidade na matriz dos coeficientes.

Conforme Timoshenko e Gere (1961), quando se escreve a equação integral para

o canto o coeficiente K(Q) da equação (5.6) é dado por:

( ) cK Q2

β=

π (5.7)

onde,

cβ é o ângulo interno do canto Figura 5.4

375,0

Ponto nodal junto ao canto, deslocado para o interior do elemento

Figura 5.3 – Transferência dos nós junto aos cantos

117

Na expressão (5.6) aparecem além das incógnitas nodais no contorno, as

incógnitas ,11 ,12 ,22w , w , w nos pontos internos. Porém, como a integral de domínio da

equação (5.6) será calculada através da discretização do domínio em células e para que

as incógnitas no domínio fiquem coerentes com aquelas do contorno, transforma-se

esta integral de modo a resultarem apenas incógnitas “w” nos vértices (pontos nodais

internos) das células.

5.4. TRANSFORMAÇÃO DA INTEGRAL DE DOMÍNIO

Da equação (5.6) tem-se a seguinte equação de domínio:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )*11 ,11 22 ,22 ,12 ,12w Q, p N p w p N p w p 2N p w p d p

Ω + + Ω ∫ (5.8)

ou em forma indicial,

( ) ( ) ( ) ( )*ij ,ijw Q, p N p w p d p

ΩΩ∫ (5.9)

ou de modo mais sucinto,

*ij ijw N w d

ΩΩ∫ (5.10)

Integrando-se por partes a equação (5.10) e considerando-se as equações (5.2a) e

(5.3a), obtém-se:

cβ cβ

Figura 5.4 – Ângulo interno ao canto

118

( )* * * *ij ,ij i ,i ij , j ,i i ,iw N w d hb w w N w w d hp w w d

Ω Ω Ω ΓΩ = − Ω + Γ∫ ∫ ∫ ∫ (5.11)

Integrando-se por partes a segunda integral da equação (5.11) e considerando-se

novamente as expressões (5.2a) e (5.3a), a equação (5.11) fica,

( ) ( )

( )

* * * *ij ,ij i ,i j , j ij , ji

* *i ,i j , j

w N w d h b w w b w w d N w w d p

h p w w p w w d

Ω Ω Ω

Γ

Ω = − Ω + Ω +

+ − Γ

∫ ∫ ∫

(5.12)

onde,

ijN são as forças de membrana internas, por unidade de comprimento,

ip são as forças de superfície externas aplicadas no contorno,

ib são as forças do volume.

Da Figura 5.5 pode-se obter uma expressão que relaciona i sp com p e pη .

Decompondo-se n sp e p nas direções de 1 2p e p têm-se da Figura 5.5a:

1 n s

2 n s

p p cos p sen

p p sen p cos

= α − α

= α − α (5.13)

mas, da Figura 5.5b têm-se:

( )x

y

cosn

sen cos 90

α = η→

α = − α = η

ppη

p1

α+90o α

η s x2

x1

η s

α

x1

x2

Figura 5.5 – Relações entre si pep,p η

a) b)

119

( )

( )x

y

cos 90 sen ss

sen 90 cos s

α + = − α =→

α + = α =

então a equação (5.13) fica:

1 n x s x

2 n y s y

p p p s

p p p s

= η +

= η +

ou indicialmente,

i n i s ip p p s= η + (5.14)

Substituindo-se a expressão (5.14) na equação (5.12), tem-se:

( )( ) ( )

* * * *ij ,ij i ,i j , j ij ,ij

* *n i s i ,i n j s j , j

N w w d h b w w b w w d N w w d

h p p s w w p p s w w d

Ω Ω Ω

Γ

Ω = − Ω + Ω +

+ η + − η + Γ

∫ ∫ ∫

(5.15)

De acordo com a Figura 5.6,

têm-se:

* *s i i s j j

* *n i i n j j

s ; s

;

θ = θ θ = θ

θ = θ η θ = θ η

(5.16)

Levando-se a equação (5.16) na equação (5.15) obtém-se:

η1θ nθ

1x

α

2x

Figura 5.6 – Relações entre sni e, θθθ

Com ,

s,s

,n

i,i

w

w

w

η

OBS.: Os sentidos positivos de sn e θθ foram considerados de acordo com as

tensões positivas (sentido de η e s na fibra superior)

120

( ) ( )

( ) ( )

* * * *ij ,ij i ,i j , j ij , ji

* * *n n s s n n s s

N w w d h b w w b w w d N w w d p

h p p w p p w d

Ω Ω Ω

Γ

Ω = − Ω + Ω

+ θ + θ − θ + θ Γ

∫ ∫ ∫

(5.17)

Comparando-se as integrais de contorno das equações (5.12) e (5.17), verifica-se

que,

i i n n s s

* * *j j n n s s

p p p

p p p

θ = θ + θ

θ = θ + θ

(5.18)

Note-se que na integral de contorno da equação (5.17) há cargas no contorno

n sp e p . Entretanto, no programa elaborado para resolver o problema de chapas, que

será utilizado para a obtenção das forças de membrana ijN as cargas de contorno são

ip . Então, é conveniente que se obtenha as relações de n sp e p em função de 1 2p e p .

Da Figura 5.7. tem-se:

n 1 2 1 1 2 2 i i

s 1 2 1 1 2 2 i i

p p cos p sen p p p

p p sen p cos p s p s p s

= α + α = η + η = η

= − α + α = + = (5.19)

Substituindo-se a equação (5.19) na equação (5.17) vem,

( )( ) ( )

* * * *ij ,ij i ,i i , j ij , ji

* * *i i n i i s i i n i i s

N w w d h b w w b w w d N w w d

h p p s w p p s w d

Ω Ω Ω

Γ

Ω = − Ω + Ω

+ η θ + θ − η θ + θ Γ

∫ ∫ ∫

(5.20)

Como no contorno as incógnitas são nw e θ , torna-se necessário transformar sθ .

1p

np 2p sp

1x

α2x

Figura 5.7 – Relações entre 21sn pep,p,p

121

A parcela da integral de contorno da equação (5.20) correspondente a sθ é dada

por:

*i i sp s w d

Γθ Γ∫ (5.21)

Integrando-se por partes o termo da expressão (5.21), tem-se:

( )f* * * *

i i ,s i i ,s i i i i i,s

f* * * *i ii i i i ,s i i i

p s w w d (p s w )w d p s w wd wp s w

s pp w s w p s w wd p s w w

s s

Γ Γ Γ

Γ

Γ = Γ = − Γ +

∂ ∂ = − + + Γ + ∂ ∂

∫ ∫ ∫

(5.22)

Levando-se a expressão (5.22) na equação (5.20) tem-se,

( )

( )

* * * *ij ,ij i ,i j , j ij , ji

* * * *i i n i i i i n i i s,s

f*i i i

N w w d h b w w b w w d N w wd

h p w p s w p p s w d

wp s w

Ω Ω Ω

Γ

Ω = − Ω + Ω

+ − η θ − + η θ + θ Γ

+

∫ ∫ ∫

(5.23)

Da expressão (5.23) observa-se que a incógnita no domínio passou a ser apenas o

deslocamento transversal "w", pois as forças de membrana são determináveis através

do programa de chapas. Também, observa-se que há uma contribuição das cargas de

membrana nos coeficientes das incógnitas de contorno.

Levando-se a expressão (5.23) na equação (5.6) resulta,

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( )

c

c

* *n n

N ** *ci ci n n

i 1

N* * *

ci ci i ,i j , ji 1

* * * *ij , ji i i n i i i i n,s

f* *

i i s i ii

wK Q w Q V Q,P w P M Q,P P d P

n

wR Q,P w P V P w Q,P M P Q,P d P

n

R P w Q,P h b w w b w w d

N w w d h p w p s w p

p s w d hwp s w

Γ

Γ=

Ω=

Ω Γ

∂ + − Γ ∂

∂+ = − Γ

+ + λ − Ω

+ Ω + η θ − + η θ

+ θ Γ +

∑ ∫

∑ ∫

∫ ∫

(5.24)

122

Não será considerada, no caso em estudo, a primeira integral de domínio do

segundo membro da equação (5.24), isto é, as forças de domínio não serão

consideradas. Enquanto que a segunda integral de domínio será avaliada através da

discretização do domínio em " ceN " células.

5.5 DISCRETIZAÇÃO DO PROBLEMA DE FLAMBAGEM DE PLACAS

5.5.1 Introdução

O contorno e o domínio da placa são aproximados, respectivamente, por um

número finito de elementos de contorno " jΓ " e de células " jΩ ". Os números de

elementos e o de células são escolhidos de modo a que a geometria real e a

convergência dos resultados sejam adequadas.

Na Figura 5.8a estão representados os elementos e as células com os respectivos

"nós" que são as extremidades dos elementos ou os vértices das células.

Associam-se às variáveis do problema os chamados "pontos nodais", Figura 8b,

observa-se que quando há nó duplo os pontos nodais são deslocados para o interior dos

elementos adjacentes. Isto porque é definida neste ponto (nó duplo) uma variável

adicional àquelas dos nós do contorno, chamada de variável de canto, que pode se

c cR ou w dependendo das condições de contorno.

A Figura 5.8c mostra os pontos onde serão escritas as equações integrais de

deslocamento w. Esses pontos são denominados "pontos de carga", que também são

deslocados para dentro do elemento quando o nó do contorno é duplo, para se evitar

equações integrais idênticas que acarretaria singularidade na matriz dos coeficientes.

Note-se que para cada ponto nodal do contorno, Figura 5.8a, associam-se dois

pontos de carga, um no contorno, ponto Q, e outro externo, ponto A, Figura 5.8c, pois

havendo duas incógnitas em cada ponto nodal há a necessidade de duas equações

integrais.

123

contorno da placa

canto 3

canto 2

canto 1

canto 5

nó duplo

1Ω 2Ω3Ω

1Γ2Γ

6Γ7Γ

Figura 5.8a - Discretização do contorno e do domínio : o contorno por elementos lineares ; o

domínio por células triangulares.

nó simples

canto 4

q

Figura 5.8c - Pontos de carga, (“load points”), onde para cada um deles está associada uma equação integral de deslocamento “w”.

canto 3

canto 2

canto 1

canto 5

canto 4

Q

Q

Q

A

A

A

A

Q

pP

Figura 5.8b - Pontos nodais, onde estão associadas às incógnitas do problema. - Quando há nó duplo, os pontos nodais são obtidos deslocando-se o nó

duplo para o interior do elemento adjacente.

canto 3

canto 2

canto 1

canto 5

canto 4

124

Para cada canto associa-se um ponto de carga, pois há uma incógnita, c cR ou w ,

então é necessário escrever uma equação integral.

Além disso, como se verá a seguir, nos pontos internos a incógnita será apenas " iw "

(deslocamentos nos vértices das células), então é suficiente escrever apenas uma

equação integral de iw em cada vértice das células.

5.5.2 APROXIMAÇÃO DAS VARIÁVEIS 5.5.2.1 Variáveis no contorno

As variáveis no contorno e as cargas ip serão aproximadas, respectivamente, por

funções lineares k eφ φ

, denominadas funções de interpolação. Observa-se que a

geometria do contorno também será aproximada por funções lineares.

Portanto, estas variáveis podem ser escritas da seguinte forma:

kk

kn k n

kn k n

kn k n

i i

w w

V V ,k 1,2

M M

p p

= φ

θ = φ θ

= φ =

= φ

= φ

(5.25)

onde, os índices repetidos indicam somatório e os valores, k k k kn n n iw , ,V ,M e pθ são os

valores nodais, associados aos pontos nodais de cada elemento em que foi discretizado

o contorno.

Para o elemento contínuo, Figura 5.9, as funções de interpolação são dadas por:

( )11

12

φ = − ξ ⇒ corresponde ao nó 1 do elemento

( )21

12

φ = − ξ ⇒ corresponde ao nó 2 do elemento (5.26)

125

O elemento descontínuo, permite que haja descontinuidade das variáveis entre

dois elementos adjacentes. Uma das maneiras de se obter essa representação

descontínua é através da definição de pontos nodais no interior do elemento, Figura

5.10. Neste caso estas funções são as seguintes:

( ) ( )1 22 1

1Pφ = ξ − ξ

ξ − ξ

( ) ( )2 11 2

1Pφ = ξ − ξ

ξ − ξ

(5.26)

No caso em que é necessário considerar a descontinuidade em apenas um nó,

tem-se o elemento misto esquematizado na Figura 5.11.

Figura 5.9 - Elemento contínuo. Os valores nodais estão situados nos extremos do elemento.

ξ

( )1+=ξ ( )1 ( )2

( )1−=ξ

1 1

1φ 2φ

Figura 5.10 – Elemento descontínuo. Os pontos nodais não coincidem com as

extremidades do elemento.

ξ

( )1 ( )2

1−=ξ

1 1

1φ 2φ

1=ξ

2ξ=ξ

0=ξ

1ξ=ξ

2 21=ξ

126

Quando a descontinuidade é apenas no ponto nodal 2, Figura 5.11a , têm-se:

( )1 22

1

1φ = ξ − ξ

ξ +

( )22

11

1φ = − ξ

− ξ

(5.28)

Com a descontinuidade apenas no ponto nodal 1, Figura 5.11b, têm-se:

( )11

11

1φ = − ξ

− ξ

( )2 11

1

1φ = ξ − ξ

ξ −

(5.29)

5.5.2.2 Variáveis no domínio

As variáveis do domínio também serão aproximadas por funções de interpolação

lineares. Verifica-se que esta função, para o elemento triangular, aqui denominado

genericamente de célula, pode ser tomada como sendo as próprias coordenadas de

área.

As coordenadas de área são definidas, Figura 5.12, como sendo:

p p p 31 21 2 3

AA A; ;

A A Aξ = ξ = ξ = (5.30)

e obedecem, em qualquer ponto, a seguinte relação:

1 2 3 1ξ + ξ + ξ = (5.31)

2ξ=ξ 1=ξ

1

( )2 ( )1

1−=ξ

0=ξ

ξ 1

1ξ=ξ 1=ξ

( )2 ( )1

1−=ξ

0=ξ

ξ1

1

Figura 5.11 – Elemento misto. a) descontínuo no ponto nodal 2 b) descontínuo no ponto nodal 1

b) a)

127

onde,

1A é a área do triângulo p-2-3

2A é a área do triângulo p-3-1

3A é a área do triângulo p-2-1

A é a área da célula

As coordenadas de área para um ponto qualquer “p”, pode ser escrita da seguinte

forma:

( )p p p1 2

1a b x c x

2Aα α α

αξ = + + (5.32)

onde,

( )

j k k j1 2 1 2

j k2 2

k j1 1

1 2 2 1

a x x x x

b x x

c x x

1A b c b c

2

α

α

α

= −

= −

= −

= −

(5.33)

com os expoentes obedecendo a um sentido de percurso anti-horário sobre os vértices

da célula, ou seja,

Figura 5.12 – Coordenadas de Área

2(0,1,0)

1(1,0,0)

3(0,0,1)

P(ξ1, ξ2, ξ3) ξ1 = 0

ξ2 = 0

ξ3 = 0

ξ1 = 1

ξ3 = 1

ξ2 = 1 ξ3 = 0

ξ2 = 0

ξ1 = 0

x2

x1

A1

A2

A3

128

1,2,3

j 2,3,1

k 3,1,2

α =

=

=

Como a segunda integral de domínio da equação (5.24) envolve soluções

fundamentais, que são funções do vetor posição r(Q,p) ou r(q,p) e do ângulo θ entre

esse vetor e o eixo x1, é conveniente expressar a equação (5.32) em coordenadas

polares (r,θ) com origem no ponto Q ou em q.

Considerando-se a Figura 5.13,

pode-se escrever as coordenadas de área em função das coordenadas polares, da

seguinte forma,

( )p q rb cos c sen

2Aα α

α αξ = ξ + θ + θ (5.34)

onde, qαξ é obtido com a equação (5.32) para o ponto q e os coeficientes são dados

pela expressões (5.33) e, ( )r r q, p= .

Observe-se que se o ponto q coincidir com um dos vértices da célula, a

coordenada qαξ é igual a 1 (um) para este vértice e nula para os demais.

Após a discretização do domínio em células triangulares, Figura 5.8a, o

deslocamento "w" de um ponto qualquer desta célula pode se escrito em função dos

)x,x(q q2

q1

)x,x(p p2

p1

)p,q(r

1x

θ1

2

3

Figura 5.13 – Mudança de coordenadas

2x

129

valores nos vértices 1 2 3w , w e w , Figura 5.14, utilizando-se como funções de

interpolação as próprias coordenadas de área. Portanto,

( ) 1 2 31 2 3w p w w w= ξ + ξ + ξ (5.35)

ou indicialmente

( )w p wαα= ξ (5.36)

Note-se a linearidade da aproximação usada e além disso, que as coordenadas de

área obedecem às características de uma função de interpolação, isto é, tem valor

unitário se pα = e valor nulo nos demais vértices.

5.5.3 Equações integrais após a discretização 5.5.3.1 Equações integrais para pontos "Q" no contorno

A equação integral de deslocamento, (5.24), pode ser escrita em forma resumida

como segue,

e c

j

e c

j

j

j

N N* *

ci cij 1 i 1

N N* *

ci cij 1 i 1

*ij ,ij

* *i i

K(Q)w(Q) (Q,P) (P)d (P) R (Q,P) w (P)

(Q,P) (P)d (P) w (Q,P) R (P)

N (P)w (Q,p)w(p)d (P)

fh (Q,p) (P)d (P) hwp s w

i

Γ= =

Γ= =

Γ

Γ

+ Γ +

= Γ +

+λ Ω

+ Γ +

∑ ∑∫

∑ ∑∫

p u

u p

F u

(5.37)

'p

3

1W

( )pW

p

21

3W

2WmΩ

Figura 5.14 – Aproximação de “w” na célula mΩ

130

onde,

n

w(P)(P)

(P)

=

θ u

(5.38)

n

n

V (P)(P)

M (P)

=

p

(5.39)

* * *n(Q,P) w (Q,P) (Q,P)= − θu (5.40)

* * *n n(Q,P) V (Q,P) M (Q,P)= −p (5.41)

( ) * * * *i i i i s i i,s

(Q,P) p s w p p w = − + η θ η

F (5.42)

Após a discretização do contorno em "Ne" elementos de contorno e o domínio

em “Nce” células e substituindo-se as variáveis (P), (P) e (p)u p w por suas

aproximações, a equação (5.37) fica,

e c

j

e c

j

ce

m

e

j

N N* N *

j ci cij 1 i 1

N N* T N *

j ci cij 1 i 1

N* p

ij , ji m mm 1

N* T N *

j i ij 1

K(Q)w(Q) (Q,P) (P)d (P) R (Q,P) w (P)

(Q,P) (P) d (P) w (Q,P)R (P)

N (p) w (Q,p) d

fh (Q,P) (P)d (P) hwp s w

i

Γ= =

Γ= =

ααΩ

=

Γ=

+ Γ +

= Γ +

+λ Ω

+ Γ +

∑ ∑∫

∑ ∑∫

∑ ∫

∑∫

p U

u P

W

F U

ΦΦΦΦ

ΦΦΦΦ

ξξξξ

ΦΦΦΦ

(5.43)

onde,

1

2T N 1 2

j 1n 1 2 n

2n

w

w(P) 0 0 w(P) (P)(P) (P)

(P) (P) (P)0 0

φ φ = = = θ φ φ θ

θ

u UΦΦΦΦ

(5.44)

131

1n2

n nT N 1 2j 1

n 1 2 n2n

V

V (P) 0 0 V(P) (P)(P) (P)

M (P) (P) (P)0 0 M

M

φ φ = = Φ = φ φ

p p

(5.45)

1

2m

3

m

w

w

w

α

=

W

(5.46)

p p pm 1 2 3 m

αξ = ξ ξ ξ (5.47)

N = 1,2, pontos nodais do elemento j

Os cinco primeiros termos da equação (5.43) são os mesmos do problema de

primeira ordem de placas. As integrais multiplicadas por λ representam as influências

das cargas contidas no plano da placa e surgiram devido à utilização da teoria de

segunda ordem de placas.

5.5.3.1.1 Parcelas referentes aos efeitos de segunda ordem na equação integral

Analisam-se a seguir as parcelas multiplicadas por λ , da equação (5.43).

Reescrevem-se abaixo estas parcelas:

ce

m

e

j

N* p

ij ,ij m mm 1

N* T N *

j i ij 1

N (p)w (Q,p) d

fh (Q,P) (P)d (P) hwp s w

i

ααΩ

=

Γ=

λ Ω

+ Γ +

∑∫

∑∫

W

F U

ξξξξ

ΦΦΦΦ

(5.48)

5.5.3.1.2 Primeira parcela da equação (5.48)

Da equação (5.48), tem-se a seguinte integral de domínio:

ce

m

N* p

ij ,ij m mm 1

N (p)w (Q,p) d ααΩ

=

Ω∑∫ Wξξξξ (5.49)

132

Os esforços ( )ijN p são conhecidos, pois são calculados no problema de primeira

ordem de chapas, ou seja, no cálculo não se consideram os efeitos de flexão nas

equações de equilíbrio no plano de chapa.

Tendo em vista que as forças de membrana são determinadas em pontos

discretos, por exemplo, nos vértices das células, então para um ponto p no interior de

uma determinada célula o esforço ( )ijN p é obtido pela interpolação desses valores,

isto é:

( ) ( )pij ijN p Nγ γ

= ξ (5.50)

onde,

( )ijNγ são as forças de membrana nos vértices 1,2,3γ = da célula mΩ ,

pγξ são as funções de interpolação lineares, que no caso são as próprias

coordenadas de área.

Levando-se (5.50) em (5.49) e sabendo-se que * *,ij , jiw w= , vem,

ce

m

ce ce

m

N* p

ij ,ij m mm 1

N Np * p m

ij ,ij m m mm 1 m 1

N (p)w (Q,p) d

(N ) w (Q,p) d (Q)

ααΩ

=

α αγ γ αΩ

= =

Ω

= ξ Ω =

∑∫

∑ ∑∫

W

W f W

ξξξξ

ξξξξ

(5.51)

onde,

m1 2 3 m

(Q) f f f=f

(5.52)

( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

m

m

p *ij ,ij m

p * * *1 11 ,11 12 ,12 22 ,221 1 1

p * * *2 11 ,11 12 ,12 22 ,222 2 2

p * * * p3 11 ,11 12 ,12 22 ,22 m3 3 3

f N w Q,p d

N w 2 N w N w

N w 2 N w N w

N w 2 N w N w d

α γ αΩ γ

Ω

α

= ξ ξ Ω

= ξ + +

+ ξ + +

+ ξ + + ξ Ω

(5.53)

A expressão (5.53) também pode ser escrita como,

11 12 22f f f fγα γα γαα = + + (5.54)

133

onde,

( )m

p * p11 11 ,11 mf N w dγα

Ω γ αγ= ξ ξ Ω∫ (5.55a)

( )m

p * p12 12 ,12 mf 2 N w dγα

Ω γ αγ= ξ ξ Ω∫ (5.55b)

( )m

p * p22 22 ,22 mf N w dγα

Ω γ αγ= ξ ξ Ω∫ (5.55c)

As funções p peγ αξ ξ dependem de q qr, , eγ αθ ξ ξ , segundo a expressão (5.34).

Porém, para cada ponto de carga (“load Point”), pontos Q ou q, as parcelas

q qeγ αξ ξ são constantes, para qualquer ponto da célula, pois são valores que estão fora

do domínio mΩ ou no máximo nos vértices da célula, dependendo portanto, apenas

das coordenadas do ponto q e dos vértices da célula. Conseqüentemente, estas parcelas

podem sair da integral.

Em relação a r e θ há variação na célula, de acordo com o ponto “p” que se

considere. Portanto, dentro das integrais (5.55) restarão termos que são funções de r e

θ . Com isso, é conveniente realizar uma mudança de variáveis da seguinte forma:

( ) ( )m m rf r. d f r. r dr dΩ θθ Ω = θ θ∫ ∫ ∫ (5.56)

As curvaturas fundamentais segundo Calderón (1991) podem ser escritas como

segue,

( ) ( )*,ij ,i , j ij

1w Q,p r r ln r

4 D= + δ

π (5.57)

onde,

ijδ é delta de Kronecker

Para exemplificar os cálculos das expressões (5.55) considere-se a primeira

destas. Substitui-se (5.34), (5.57) e levando-se em conta (5.56), resulta o seguinte:

134

( ) ( )

] ( )

( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( )

q11 11 ,1 ,1r

q

q q11 r ,1 ,1

2q

11 ,1 ,1r

2q

11 ,1 ,1r

1 rf b cos c sen N r r

4 D 2A

rln r b cos c sen r dr d

2A

1N r r ln r rdrd

4 D

rN r r ln r b cos c sen drd

2A

rN r r ln r b cos

2A

γα γ γγ γθ

α αα

γ α θγ

α αγ γ θ

γα γ θ

= ξ + θ + θ π

+ ξ + θ + θ θ

= ξ ξ + θπ

+ ξ + θ + θ θ

+ ξ + θ

∫ ∫

∫ ∫

∫ ∫

∫ ∫ ( )

( ) ( ) ( )(

)

3

11 ,1 ,1 2r

c sen drd

rN r r ln r b cos c sen b cos

2A

c sen drd

γ

γ γ α

γ θ

α

+ θ θ

+ + θ + θ θ

+ θ θ

∫ ∫

(5.58)

Note-se em (5.58) que os produtos de termos com índice ou expoente repetidos

em “ γ “ significam somatório, com 1,2,3γ = .

Os limites de integração das integrais de (5.58) são obtidos a partir da Figura

5.15.

V1

ξ 3 0p =

ξ1 0p =ξ2 0p =

θ θ2

θ θ1 = i

θ θ3 = f

R Rf ( )θ = 2

R Rf i−

R Ri ( )θ = 1

V2

V3

q

Figura 5.15 - Limites de integração de r e θ

135

OBS. Na Figura 5.15 as numerações de R e θ não têm concordância com a numeração

dos vértices e sim com a seqüência em ordem crescente de R e θ.

Observe-se também que na Figura 5.15 o limite inferior de R fica indefinido,

dependendo do lado da célula que se considere, gerando dois intervalos de integração.

Impondo-se na expressão (5.34), p 0αξ = , obtém-se os limites de integração

1 2R e R , isto é:

p2 3

p1

1 p2

R 0

0R dois intervalos

0

→ ξ =

ξ =→

ξ =

Para se evitar o cálculo das integrais com dois intervalos, divide-se a célula em

duas sub-células de modo a resultar numa soma de integrais. Quando

1 2 2 3ouθ = θ θ = θ não é necessário utilizar este artifício.

A divisão da célula é feita prolongando-se a reta, que resulta do ângulo θ2, do

ponto q até o lado 1 2V V , de acordo com a Figura 5.16.

136

São considerados que nas sub-células m1 e m2 os ângulo θ e as distâncias R

obedecem às seguintes relações:

Figura 5.16 – a) célula m dividida nas sub-células 21 mem

b) sub-célula 1m com os novos valores de θ e R

c) sub-célula 2m com os novos valores de θ e R

q

θ2 θ1

m2 c) 2

3

R1 R2

1

indica o sentido anti-horário da numeração dos vértices

q

1

θ2 θ1

m1 b)

2

3

R1 R2

θ3

V2

V3

q

V1

θ2 θ1

m1

m2 a)

137

2 1

2 1R R

θ > θ

> (5.59)

Desta forma, as integrais de (5.58) são transformadas numa soma das integrais

sobre as sub-células m1 e m2, ou seja:

1 2

11 11 11m m mf f fγα γα γα = = (5.60)

com limites de integração definidos para cada sub-célula.

Após a integração em R tem-se para uma sub-célula mi a seguinte expressão:

( )

( )(

)

( )( )

2

1i

2

1

2

1

2q q 22

11 11 2m

q21121

1

3 32 22 1

2 1

q11

R1 1f N ln R cos

4 D 2 2

NR 1ln R cos d b cos

2 2 2A

R R1 1c sen cos ln R cos ln R d

3 3 3 3

Nb cos c sen

2A

θγαγ α γ θ

θγ γ α

θ

α

θα γ γ γ

θ

= ξ ξ − + θ π

ξ − − + θ θ + θ

+ θ θ + − − θ + − θ

ξ+ θ + θ

( )( )(

)

2

1

322

2

31121

1 2

4 42 22 1

2 1

R 1cos ln R

3 3

NR 1cos ln R d b cos c sen b cos

3 3 4A

R R1 1c sen cos ln R cos ln R d

4 4 4 4

θγ γ γ α

θ

α

θ + −

− θ + − θ + θ + θ θ

+ θ θ + − − θ + − θ

(5.61)

onde o índice mi pode representar m1 ou m2, o raio R1 é sempre obtido para p2 0ξ = ,

segundo (5.34) e R2 > R1.

As integrais de (5.61) podem ser transformadas em integrais numéricas através

da mudança da variável θ para uma variável adimensional η. Isto pode ser feito por

meio de uma interpolação linear entre θ e η, da seguinte forma:

a bη = θ + ,

138

resultando as seguintes relações:

2 1

2 1

2

2

θ + θ η = θ − θ − θ

; 2 1 2 1

2 2

θ − θ θ + θθ = η + (5.62)

2 1d d2

θ − θθ = η (5.63)

Substituindo-se (5.62) e (5.63) em (5.61) tem-se:

( ) ( )

( ) ( )(

i

q q12 1 11 2 2

11 2 21m

q12 1 112 2

1 1 1

N 1f R ln R cos

16 D 2

N1R ln R cos d b cos

2 48 DA

+γ α γγα

+γ γ α

θ − θ ξ ξ = − + θ π

θ − θ ξ − − + θ η + θ π

)

( ) ( )( )

3 2 3 22 2 1 1

q12 1 11 3 2

2 21

1 1c sen R cos ln R R cos ln R d

3 3

N 1b cos c sen R cos ln R

48 DA 3

α

+α γ γ γ

+ θ θ + − − θ + − η

θ − θ ξ + θ + θ θ + − π

( )( )( )

( )

12 1 113 21 1 2 1

4 2 4 22 2 1 1

N1R cos ln R d b cos c sen

3 128 DA

1 1b cos c sen R cos ln R R cos ln R d

4 4

+γ γ γ

α α

θ − θ − θ + − η + θ + θ

π

⋅ θ + θ θ + − − θ + − η

(5.64)

Levando-se (5.64) em (5.60) obtém-se a integral da célula "m".

As outras parcelas de (5.54) são obtidos da mesma forma que a expressão (5.64)

e suas expressões finais são as seguintes:

139

( ) ( )( ) ( )

( ) ( )(

i

q q12 1 11 2 2

12 2 11m

q12 1 11

1

Nf R cos sen R cos sen d

8 D

Nb cos

24 DA

+γ α γγα

+γ γ α

θ − θ ξ ξ = θ θ − θ θ η π

θ − θ ξ+ θ

π

) ( ) ( )

( ) ( )( ) ( )

3 32 1

q12 1 11 3

21

c sen R cos sen R cos sen d

Nb cos c sen R cos sen

24 DA

α

+α γ γ γ

+ θ θ θ − θ θ η

θ − θ ξ+ θ + θ θ θπ ∫

( )

( )( )( )

( ) ( ) ( )

12 1 1131 2 1

4 42 1

NR cos sen d b cos c sen

64 DA

b cos c sen R cos sen R cos sen d

+γ γ γ

α α

θ − θ− θ θ η + θ + θ π

⋅ θ + θ θ θ − θ θ η

(5.65)

( ) ( )

)( ) ( )

( ) (

( ) ( )

i

q q12 1 11 2 2

22 2 2 1 11m

q12 1 11 3

21

q2 1 113

2 1 1

N 1 1f R lnR sen sen R lnR

16 D 2 2

Nsen sen d b cos c sen R sen sen

48 DA

N1 1lnR R sen sen lnR d b

3 3 48 DA

+γ α γγα

+γ γ α α

α γ

θ −θ ξ ξ = − + θ θ − − π

θ −θ ξ+ θ θ η+ θ+ θ θ θ π

θ −θ ξ + − − θ θ+ − η+ π

(

)

( )( )( )( )

1

1

3 32 2 1 1

12 1 11

2 1

4 42 2 1 1

cos

1 1c sen R sen sen lnR R sen sen lnR d

3 3

Nb cos c sen b cos c sen

128 DA

1 1R sen sen lnR R sen sen lnR d

4 4

+ γ

γ

+γ γ γ α α

θ

+ θ θ θ+ − − θ θ+ − η

θ −θ+ θ+ θ θ+ θ

π

⋅ θ θ+ − − θ θ+ − η

(5.66)

Observe-se, novamente, que o produto de variáveis com índice repetido γ

significa somatório, 1,2,3γ = e que se deve calcular θ com a expressão (5.62) .

140

5.5.3.1.3 Segunda parcela da equação (5.48)

Da equação (5.48) tem-se a seguinte integral:

e

j

N* T N

jj 1

h (Q,P) (P)d (P)Γ

=

Φ Γ∑∫ F U

(5.67)

que, também pode ser escrita da seguinte forma:

eN

j Nj

j 1=∑F U (5.68)

onde,

j j j j j11 12 21 22F F F F=F (5.69)

com

j

jnk n k jF h F d

Γ= φ Γ∫ (5.70)

sendo,

( )

n

* * *1 i i i i n i i s,s

1 incógnita"w" n

2 incógnita " "

k 1,2 pontos nodais do elemento j

F p s w p p s

⇒=

⇒ θ

= ⇒

= − + η θ + θ

(5.71)

*2 i iF p w= η (5.72)

Após a derivação do primeiro termo de (5.71) , tem-se:

* * *i1 i i i s i i n

pF w s 2p s p

s

∂ = − + θ + η θ ∂

(5.73)

A partir de (5.70) determinam-se as expressões de j j1k 2kF e F .

j j

j * * *i1k 1 k j i i i s i i n k j

pF h F d h w s 2p s p d

sΓ Γ

∂ = φ Γ = − + θ + η θ φ Γ ∂ ∫ ∫ (5.74)

As cargas pi podem ser aproximadas linearmente em função de seus valores

nodais da seguinte forma:

141

i ip p ; 1,2= φ =

(5.75)

Da Figura 5.17 obtém-se:

s s

∂φ ∂φ ∂ξ=

∂ ∂ξ ∂ (5.76)

s2

= ξ

(5.77)

2

sξ =

(5.78)

De acordo com as expressões (5.25) a (5.29) há diferentes expressões para (5.76)

dependendo do elemento que for considerado, contínuo, descontínuo ou misto.

1

s

2

s

DFI1

DFI2

∂φ=

∂φ=

(5.79)

e substituindo-se (5.79) em (5.74) obtém-se:

( )j

j * 1 2 * *1k i i i i i s i i n k jF h w s p DFI1 p DFI2 2 p s p d

Γ = − + + φ θ + φ η θ φ Γ ∫

(5.80)

que pode ser escrita como,

Figura 5.17 – Transformação de coordenadas.

s2

=

1+=ξ

1−=ξ

ξ

s2

= −

s

142

( )

( )

( )

j

j

j

j * * * |1k 1 s 1 1 n 1 1 k j |

| * * * || 2 s 2 1 n 2 1 k j |

| * * * || 1 s 1 2 n 1 2 k j |

F h w s DFI1 2 s d

h w s DFI1 2 s d

h w s DFI2 2 s d

Γ

Γ

Γ

= − + θ φ + θ η φ φ Γ

− + θ φ + θ η φ φ Γ

− + θ φ + θ η φ φ Γ

( )

1

1

1

2

2

1

2

2

j

|| * * *| 2 s 2 2 n 2 2 k j

|

p

ph w s DFI2 2 s d

p

p

Γ

− + θ φ + θ η φ φ Γ

(5.81)

ou

1112j j1 j1 j2 j2

1k 1k1 1k2 1k1 1k2 2122

p

pF F F F F

p

p

=

(5.82)

onde, jt1kdF tem os seguintes índices e expoentes:

j ⇒ elemento Γj

t ⇒ nó da carga pi (nó 1, t =1; nó 2, t =2

1 ⇒ corresponde à incógnita w e quando for 2 à θn

k ⇒ nó da resposta (1 e 2)

d ⇒ direção da carga ( )1 2p d 1;p d 2⇒ = ⇒ =

então, pode-se escrever:

( )jt

1kdj

* * *d t s d t n d t k jF h w s DFI 2 s n d

Γ= − + θ φ + θ φ φ Γ∫ (5.83)

Quando for possível integrar numericamente, ou seja, quando não houver

singularidade, é necessário transformar as coordenadas, Figura 5.18.

143

Da Figura 5.18. têm-se:

r

2

d d2

= ξ

Γ = ξ

(5.84)

Substituindo-se (5.84) em (5.83) resulta,

( )1

jt

1kd1

* * *d t s d t n d t k

hF w s DFI 2 s n d

2

+

= − + θ φ + θ φ φ ξ∫

(5.85)

Analogamente, determina-se a expressão de j

2kF . Segundo (5.70) e (5.72), obtém-

se:

j2k

j j

*2 k j i i k jF h F d h p w d

Γ Γ= φ Γ = η φ Γ∫ ∫ (5.86)

Aproximando-se ip pela equação (5.75), resulta,

( ) ( )j2k

j

* 1 2 1 21 1 1 1 2 2 2 1 2 2 k jF h w p p p p d

Γ = η φ + φ + η φ + φ φ Γ ∫ (5.87)

que pode ser escrita como,

Figura 5.18 – Transformação de coordenadas.

r2

=

1+=ξ

1−=ξ

ξ

r2

= −

r

144

1112j j1 j1 j2 j2

2k 2k1 2k2 2k1 2k2 2122

p

pF F F F F

p

p

=

(5.88)

onde,

jt2kdF , tem o mesmo significado de (5.82), porém são coeficientes relacionados à

incógnita nθ , que corresponde ao índice 2 de jt2kdF , e é dado por:

jt2kd

j

*d t kF h w d

Γ= η ϕ ϕ Γ∫ (5.89a)

ou, se a integração for numérica, com (5.84) em (5.89a) tem-se:

jt2kd

1 *1 d t k

hF w d

2+−= η ϕ ϕ ξ∫

(5.89b)

5.5.3.1.4 Terceira parcela da equação (5.48)

Da expressão (5.48) tem-se a seguinte parcela:

f

i

*i ih w p s w (5.90)

Considerando-se a Figura 5.19 e levando-se em conta apenas a contribuição dos

lados "a" e "b" na expressão (5.90), chega-se a

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )

* *i i i i

* *i i i i

h w k w k p k s k w k 1 w k 1 p k 1 s k 1

w k 1 w k 1 p k 1 s k 1 w k w k p k s k

− − − − + + + +

− − − − + + + +

− − − − −

+ + + + + −

(5.91)

145

Portanto, considerando-se a continuidade das funções w e w*, a contribuição do

canto "k" em (6.66) é dada por:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )*i i i icanto k p k s k p k s k w k w k− − + + ⇒ − (5.92)

Se além da descontinuidade geométrica (cantos), existir descontinuidade de

cargas pi, esta também pode ser considerada como canto utilizando-se nós duplos no

ponto de descontinuidade de carga, Figura 5.20.

Qualquer descontinuidade, de carga ou geométrica, será tratada de uma forma

única, isto é, como "cantos". Portanto, considerando-se (5.90) e (5.92), pode-se

escrever:

( )tcN

* *i i k k i i i i

k 1

fwp s w w w p (k)s (k) p (k)s (k)

i− − + +

=

= −∑ (5.93)

onde,

Figura 5.19 - Descontinuidade geométrica

)1k(Pi −−

k + 1

k k -1

)1k(Pi −+)k(Pi

+

)k(Pi−

)1k(Pi +−

)1k(Pi ++

Lado A

Lado B

Figura 5.20 - Descontinuidade das cargas pi

Nó duplo

146

t cargasc c cN N N= +

cN = número de cantos geométricos

cargascN =número de cantos de cargas

A parcela (5.93) poderá contribuir nos coeficientes relativos, tanto nas incógnitas

"wc" dos cantos quanto nas incógnitas "w" do contorno.

Finalmente, considerando-se (5.51), (5.70) e (5.93), a expressão (5.43) pode ser

escrita na seguinte forma:

( )

e c

j

e c

j

ce e

tc

N N* T N *

j ci cij 1 i 1

N N* T N *

j ci cij 1 i 1

`N `Nm j N

m jm 1 j 1

N*

k k i i i ik 1

K(Q)w(Q) (Q,P) (P)d (P) R (Q,P) w (P)

(Q,P) (P)d (P) w (Q,P)R (P)

(Q) (Q)

w w p (k)s (k) p (k)s (k)

Γ= =

Γ= =

α

= =

− − + +

=

+ Φ Γ +

= Φ Γ +

+λ +

+ −

∑ ∑∫

∑ ∑∫

∑ ∑

p U

u P

f W F U (5.94)

Após a consideração de todos os elementos do contorno e de todas as células

internas, a equação (5.94) fica:

f

c c c c

d d

K(Q)w(Q) (Q) (Q) (Q) (Q) (Q)

(Q) (Q)

+ = + λ

+λ + λ

H U + H W G P + G R f W

F U F W

(5.95)

O deslocamento ( )w Q pode ser escrito em função dos deslocamentos U do

elemento ao qual pertence o ponto "Q". Com isso, a equação (5.95) fica,

f

c c c c

d d

(Q) (Q) (Q) (Q) (Q)

(Q) (Q)

= + λ

+λ + λ

H U + H W G P + G R f W

F U F W

(5.96)

onde,

1 n nN NT 1n nw ........w = θ θU (5.97)

nNT 11 n n nV M ........V M=P (5.98)

cNT 1 2c c c cw w ........w=W (5.99)

147

cNT 1 2c c c cR R ........R=R (5.100)

Tf i

c = W W W W (5.101)

com,

⇒W deslocamentos nos pontos nodais do contorno

c ⇒W deslocamentos nos cantos

i ⇒W deslocamentos nos pontos internos

Td

c = W W W (5.102)

5.5.3.2 Equações integrais para os pontos externos ao contorno

Estas equações são análogas à equação (5.95). A única diferença, segundo a

equação (5.6), está no valor de K(Q). Chamando o ponto externo de "A" tem-se:

( )K A 0=

5.5.3.3 Equações integrais para os cantos da placa

Também aqui, a única diferença de (5.95) está no coeficiente K(Q). Chamando o

canto "i" da placa de "ci", da equação (5.6), tem-se:

( )K ci2

β=

π

onde,

β é o ângulo interno ao ponto ci

5.5.3.4 Equações integrais para os pontos internos

Analogamente aos casos anteriores, a única diferença em relação à equação

(5.95), segundo a equação (5.6), está no coeficiente K(Q). Denominando-se o ponto

interno de "q", tem-se:

( )K q 1=

148

5.5.3.5 Integração sobre os elementos

A análise feita aqui se refere às integrais sobre o contorno multiplicadas pelo

fator de carga λ, da equação (5.48), já que as demais integrações sobre os elementos se

encontram analisadas em Calderón (1991).

Estas integrais são tratadas no item 5.6.1.3. Neste item verifica-se a necessidade

de determinar as integrais dadas por (5.83) e (5.89a), reescritas abaixo:

( )j

j * * *1kd d t s d n d k jF h w s DFI 2 s d

Γ= − + θ φ + θ η φ φ Γ∫

(5.83)

j

j *2kd d kF h w d

Γ= η φ φ Γ∫

(5.89a)

De acordo com a Figura 5.21 não haverá singularidade nas integrais anteriores,

enquanto o elemento que se está integrando Γj for diferente do elemento que contém o

ponto de carga Q no contorno. Neste caso, estas integrais podem ser avaliadas

numericamente, por exemplo, através da quadratura de Gauss, por meio das expressões

(5.84) e (5.89b). Caso contrário, se Q ∈ Γj, a integração será feita analiticamente.

Figura 5.21 - Pontos de carga Q no contorno e integração dos elementos Γj

Q

P

r = (Q,P)

149

Para avaliar analiticamente as integrais (5.83) e (5.89) utilizam-se as funções

keφ φ

correspondentes ao elemento descontínuo, dados pelas equações (5.27). Estas

funções têm a vantagem de representar tanto o elemento descontínuo quanto os

elementos contínuo e misto, dependendo dos valores de ξ1 e ξ2

Quanto a DFI , dado por (5.79), têm-se:

1 11DFI

s s

∂φ ∂φ ∂ξ= =

∂ ∂ξ ∂ (5.103a)

2 22DFI

s s

∂φ ∂φ ∂ξ= =

∂ ∂ξ ∂ (5.103b)

Considerando-se, a Figura 5.22 e as expressões (5.27), têm-se:

( )1

2 1

2DFI

−=

ξ − ξ (5.104a)

( )21 2

2DFI

−=

ξ − ξ (5.104b)

onde,

1 2,ξ ξ são as posições dos pontos nodais

é o comprimento do elemento

Figura 5.22 – Transformação de coordenadas de sparaξ

s2

=

1+=ξ

1−=ξ

ξ

s2

= −

s

s2

2s

= ξ

ξ =

150

Como as funções keφ φ

são escritas em função da coordenada admensional ξ

e as soluções fundamentais w*, * *s neθ θ são funções de r(Q,P), então é necessário

transformar as coordenadas de ξ para r(Q,P). Para este fim utiliza-se a Figura 5.23.

Da Figura 5.23, têm-se:

1o trecho: r a

2r a então, (r a)

2

Γ = += Γ + ⇒ ξ = + Γ = ξ

2o trecho: a r

2r a entao, (a r)

2

Γ = −= − Γ ⇒ ξ = − Γ = ξ

As soluções fundamentais são dadas a seguir:

* 21w r (ln r 1 / 2)

8 D= −

π (5.105)

* *

*s

w w r

s r s

∂ ∂ ∂θ = =

∂ ∂ ∂ (5.106a)

FIGURA 5.23 - Transformação de coordenadas de ξ para r(Q,P)

• • • • *

Q ξΓ,

η

1ξ 2ξ

1

2

ξ = −

Γ = −

1

2

ξ = +

Γ =

a2

= ξ

Γ−= ar

Γ−= ddrΓ= ddr

r r

1o trecho 2o trecho

r a= Γ +

OBS. “a” é a coordenada do ponto de carga “Q”

151

* *

*n

w w r

r

∂ ∂ ∂θ = =

∂η ∂ ∂η (5.106b)

mas,

i,i i

i

xr rr s

s x s

∂∂ ∂= =

∂ ∂ ∂ (5.107a)

i,i i

i

xr rr

x

∂∂ ∂= = η

∂η ∂ ∂η (5.107b)

i i,i

i

x (P) x (Q)rr

x r

−∂= =

∂ (5.107c)

Segundo a Figura 5.24 e as expressões acima, têm-se:

*s ,i i

r ln r r ln rr s sen

4 D 4 Dθ = = β

π π

(5.108)

*n ,i i

r ln r r ln rr cos

4 D 4 Dθ = η = β

π π (5.109)

Após as considerações acima, obtêm-se as expressões finais das integrais (5.83) e

(5.89a):

Figura 5.24 - Versores η e s; coordenadas polares r e θ

x2

x1

Q

P

r(Q,P)

s

r

η

P090α + α

θ

θ−α=β

β

152

A) Expressões jt1kdF

( )( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

2j1 3d

11d 2 1 122 1

23 2 22 2 2 1 1 2 2

4 41 2

1 2

s 7F 3 ln

184 D

7 1ln ln ln

18 2

120ln 7 20ln 7

2 8 8

= ξ − ξ φ φ − π ξ − ξ

+φ φ − − ξ − ξ φ φ − − φ φ

φ φ − − φ − + φ −

(5.110a)

( )( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

2j2 3d

12d 1 1 121 2

23 2 22 2 1 1 1 2 2

4 41 2

1 2

s 7F 3 ln

184 D

7 1ln ln ln

18 2

120ln 7 20ln 7

2 8 8

= ξ − ξ φ φ − π ξ − ξ

+φ φ − − ξ − ξ φ φ − − φ φ

φ φ − − φ − + φ −

(5.110b)

( )

( )( )

( ) ( )( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( )

22j2 3d

11d 1 122 1

3 2 22 2 2 1 1 1 2 2

3 31 2 1 1 2 2

4 41 2

1

s 5F ln

3 64 D

5 1ln ln ln

6 2

1 4 1 12 ln ln

2 3 3 3

20ln 7 20ln8 8

ξ − ξ = − φ φ − π ξ − ξ

+φ φ − − ξ − ξ ξ − ξ φ φ − − φ φ

− + ξ + ξ − ξ φ θ − + φ φ −

φ φ − φ − +

( )2 7

φ −

(5.110c)

153

( )

( )( )

( ) ( )( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( )

21j1 3d

12d 1 122 1

3 2 22 2 2 1 1 1 2 2

3 31 2 1 1 2 2

4 41 2

1

s 5F ln

3 64 D

5 1ln ln ln

6 2

1 4 1 12 ln ln

2 3 3 3

20ln 7 20ln8 8

ξ − ξ = − φ φ − π ξ − ξ

+φ φ − − ξ − ξ ξ − ξ φ φ − − φ φ

− + ξ + ξ − ξ φ θ − + φ φ −

φ φ − φ − +

( )2 7

φ −

(5.110d)

B) Expressões jt2kdF

( )( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

3 32j1 d 1

21d 2 122 1

34 42

2 2 1 1 2 2

5 51 2

1 2

F 6ln 5188 D

36ln 5 ln ln

18 4

320ln 14 20ln 14

4 25 25

η φ = − ξ − ξ φ −

π ξ − ξ

φ + φ − − ξ − ξ φ φ − − φ φ

φ φ − + φ − + φ −

(5.111a)

( )( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

3 32j2 d 1

22d 1 122 1

34 42

2 1 1 1 2 2

5 51 2

1 2

F 6ln 5188 D

36ln 5 ln ln

18 4

320ln 14 20ln 14

4 25 25

η φ = − ξ − ξ φ −

π ξ − ξ

φ + φ − − ξ − ξ φ φ − − φ φ

φ φ − + φ − + φ −

(5.111b)

154

( )( )( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

] ( ) ( )

3 3j1 j1 d 1

22d 21d 2 1 122 1

3 4 42 1 2

2 1 2 1 2

5 51 2

1 2

F F 6ln 5188 D

6ln 5 2 ln 3 ln18 8 8

3 20ln 14 20ln 1425 25

η φ = = − ξ − ξ ξ − ξ φ −

π ξ − ξ

φ φ φ + φ − − ξ + ξ − ξ φ − − φ

φ φ − + φ − + φ −

(5.111c)

onde,

11

(1 )2

φ = − ξ (5.112a)

21

(1 )2

φ = + ξ , (5.112b)

1 2eξ ξ representam as posições dos pontos nodais no elemento do contorno,

ξ , representa a posição do ponto de carga no elemento de contorno, neste trabalho

adota-se 0.35ξ = ξ = ± ,

d = 1,2 (direções da carga dp ),

t = como expoente vale 1,2 (ponto nodal onde está aplicada dp ),

k = 1,2 (pontos nodais da incógnita w ou θn),

j = o elemento de contorno.

155

5.6 SISTEMAS DE EQUAÇÕES ALGÉBRICAS DO PROBLEMA DE

FLAMBAGEM DE PLACAS

5.6.1 Introdução

Da exposição do item 5.5.1 verifica-se que as incógnitas do problema são: w e

nθ para cada ponto nodal do contorno, wc para cada canto da placa e wi para cada

vértice das células interno ao domínio da placa.

Conseqüentemente, como serão utilizadas apenas equações integrais de

deslocamento vertical "w", para que o sistema de equações seja determinado serão

necessárias escrever: Nn equações integrais nos pontos de carga do contorno, Nn

equações integrais para pontos de carga externos ao domínio, Nc equações integrais

nos pontos de cargas correspondentes aos cantos, e Ni equações integrais nos pontos

de carga internos ao domínio. Sendo que, Nn é o número de pontos nodais do

contorno. Nc é o número de cantos da placa e Ni é o número de vértices de células que

estão internos ao domínio da placa. Na Figura 5.25. encontram-se todos esses pontos

de cargas.

5.6.2 Sistema de equações

Considerando-se a equação (5.96) e as seções 5.6.2 a 5.6.4 e 5.7.1, podem-se

escrever:

a) Equações integrais para os pontos "Q" do contorno

f

c c c c

d d

(Q) (Q) (Q) (Q) (Q)

(Q) (Q)

+ = + + λ

+λ + λ

H U H W G P G R f W

F U F W

(5.113)

b) Equações integrais para os pontos "A" e externos ao domínio

f

c c c c

d d

(A) (A) (A) (A) (A)

(A) (A)

+ = + + λ

+λ + λ

H U H W G P G R f W

F U F W

(5.114)

156

c) Equações integrais para os cantos "ci" da placa

f

c c c c

d d

(ci) (ci) (ci) (ci) (ci)

(ci) (ci)

+ = + + λ

+λ + λ

H U H W G P G R f W

F U F W

(5.115)

d) Equações integrais para os pontos "q" internos ao domínio

f

c c c

d d

w(q) (q) (q) (q) (q) (q)

(q) (q)

+ + = + + λ

+λ + λ

cH U H W G P G R f W

F U F W

(5.116)

Para a definição do sistema de equações é necessário utilizar: Nn equações

(5.113), Nn equações (5.114), Nc equações (5.115) e Ni equações (5.116). Agrupando-

se estas equações, exceto as Ni últimas, obtém-se:

Figura 5.25 – Pontos de carga ("load point")

c1

c2

c3

c4

c5

A

A

A

A

A

Q

Q Q

Q Q

q

q

q

iΩ domínio i

A ponto de carga externo Q ponto de carga no contorno ci ponto de carga no canto i q ponto de carga interno

157

c c c

c ccc c c

d dcc i

c d dcc i cc

i

= + λ

+λ + λ

H H G G F FU P U

W R WH H G G F F

UF Ff f f U

WWf f f F FW

(5.117)

Ou pode-se escrever:

c c

c ccc c c

d dcc i

id dcc ic cc

= + λ

+λ + λ + λ

cH H G G F FU P U

W R WH H G G F F

F Ff f fU UW

W Wf f fF F

(5.118)

onde, as colunas pares de ddc, , , f f F F da expressão (5.118) são nulas, pois

correspondem aos coeficientes de nθ .

Denominando-se:

1

1

Nn

Nnc

1c

Ncc

w

.

.

.

w

w

.

.

.

w

θ

= = θ

UU

W

(5.119a)

158

1n

1n

Nnn

Nnc n

1c

Ncc

V

M

.

.

.

V

M

R

.

.

.

R

= =

PP

R

(5.119b)

1i

i

Nii

w

.

.

.

w

=

W (5.119c)

c

c

=

H HH

H H

(5.119d)

c

c

=

G GG

G G

(5.119e)

d d

cc cd d

c cc

= + +

t

F FF F f fF

F F f fF F (5.119f)

it

i

=

ff

f

(5.119g)

159

Levando-se as equações (5.119) em (5.118), obtém-se:

t i i = + λ + λHU GP F U f W (5.120)

ou,

( ) i iiλ = + λH - F U GP f W (5.121)

Como na equação (5.121) há incógnitas wi, correspondentes aos pontos internos,

então devem-se escrever Ni equações (5.116) para a definição do sistema.

Procedendo-se de forma análoga à equação (5.120), pode-se escrever, após a

consideração de todos os pontos de carga internos:

i i i i i i i ic c c c

c c c c

i di dii i c

c

i

+ = + + λ

+λ + λ

U P U UW H H G G F F f f

W R W W

Uf W F F

W

(5.122)

i i ic = H H H (5.123a)

i i ic = G G G (5.123b)

i i i i i di dit c c c = + + F F F f f F F (5.123c)

a equação (5.122) fica,

i i i ii t i i+ = + λ λW H U G P F U + f W

ou

i i i ii t i i( )+ − λ = + λW H F U G P f W

(5.124)

Reescrevendo-se as equações (5.121) e (5.124), vem,

t i i

i i i ii t i i

( )

( )

− λ = λ

+ − λ = + λ

H F U GP + f W

W H F U G P f W

(5.125)

Após a imposição das condições de contorno no sistema (5.125), isto é,

efetuando-se a troca de colunas entre os coeficientes de e PU , obtêm-se:

160

i i

i ii t i i

( )

( )

ΓΓ ΓΓ ΓΩ

ΩΓ ΩΓ ΩΩ

+ λ = λ

+ + λ = λ

A F X f W

W A F X f W

(5.126)

ou, em forma matricial:

i

i iit i

( )

( ) ( )

ΓΓ ΓΓ ΓΩ

ΩΓ ΩΓ ΩΩ

+ λ −λ =

+ λ − λ

A F f X0

WA F I f

(5.127)

que pode ser escrita de outra maneira:

ii i

i it i

ΓΓ ΓΩΓΓ

ΩΓ ΩΓ ΩΩ

− = λ

F fA 0 X X

A I W WF f

(5.128)

ou,

1

ii i

i it i

ΓΓ ΓΩ ΓΓ

ΩΓΩΓ ΩΩ

− = λ

F f A 0 X X

A I W WF f (5.129)

ou, de forma sucinta:

= λAX X (5.130)

onde,

1

i it i

ΓΓ ΓΩ ΓΓ

ΩΓΩΓ ΩΩ

− =

F f A 0A

A IF f

(5.131)

i

=

XX

W (5.132)

A equação (5.130) representa um problema de auto-valor que pode ser resolvida

da seguinte forma:

= λAX IX

ou

( ) 0− λ =A I X

(5.133)

Para que o sistema (5.133) tenha solução não trivial, deve-se ter:

det( ) 0− λ =A I (5.134)

Caso a matriz,

161

1

i it i

ΓΓ ΓΩ

ΩΓ ΩΩ

− −

F f

F f (5135)

da equação (5.131) não seja inversível, procede-se como segue. Da equação (5.128),

tem-se:

1

i ii it i

ΓΓ ΓΩΓΓ

ΩΓ ΩΓ ΩΩ

− = λ

F fX A 0 X

W A I WF f

(5.136)

ou, pode-se escrever:

= λX BX

ou,

1

X BX

(5.137)

1

( )− =λ

B I X 0 (5.138)

Para que o sistema (5.138) tenha solução não trivial, deve-se ter:

1

det( )−λ

B I (5.139)

onde o auto-valor do problema será 1

λ.

162

6 RESULTADOS COMPUTACIONAIS

6.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo apresentam-se as implementações das teorias desenvolvidas

nessa pesquisa, que possibilitarão a obtenção de resultados numéricos. Todas as

implementações foram realizadas em Linguagem Fortran.

6.2 SISTEMA DE APLICAÇÃO DO MEC EM PLACAS (SAMECP)

A consideração dos efeitos de segunda ordem em placas envolve, inicialmente,

as análises das teorias de primeira ordem em chapas e placas e posteriormente o

acoplamento das duas teorias. De forma a se ter segurança na implementação da teoria

de segunda elaborou-se, primeiramente, três programas de primeira ordem. Com a

confiabilidade obtida por esses programas desenvolveu-se o programa de segunda

ordem. Figura 6.1 apresenta a arquitetura do Sistema SAMECP.

Figura 6.1- Arquitetura do sistema de solução dos efeitos de segunda ordem em placas pelo

SISTEMA DE APLICAÇÃO DO MEC EM PLACAS (SAMECP)

Esse sistema é composto por quatro sistemas independentes que geram resultados para várias aplicações e ainda permite a comparação entre os resultados da teoria de primeira ordem e os da segunda ordem.

SISTEMA LINEAR CHAPA (SLC) Esse sistema gera deslocamentos, tensões e deformações de chapas com qualquer condição de contorno.

SISTEMA LINEAR PLACA1 (SLP1)Esse sistema gera deslocamentos, esforços, tensões e deformações de placas com qualquer condição de contorno. Considera na implementação as equações integrais de

ww e

n

∂.

SISTEMA LINEAR PLACA2 (SLP2) Esse sistema gera deslocamentos, esforços, tensões e deformações de placas com qualquer condição de contorno. Considera na implementação apenas a equação integral de w .

SISTEMA NÃO-LINEAR PLACA (SNLP) Esse sistema gera deslocamentos, esforços, tensões e deformações de placas com qualquer condição de contorno, considerando os efeitos de segunda ordem. Na implementação utiliza-se apenas a equação integral de w .

163

6.2.1 SISTEMA LINEAR CHAPA (SLC)

Para resolver problemas de chapas em teoria de primeira ordem pelo Método dos

Elementos de Contorno foi elaborado um programa ELASTO. FOR, contendo em

torno de 1300 linhas, constituído pelas seguintes sub-rotinas:

a) Entrada de dados: ENTRANO.FOR

Esta sub-rotina faz a leitura do arquivo de dados que definem o problema:

- Dados referentes à discretização pretendida: Número de nós e de elementos,

coordenadas nodais, incidência dos elementos e dos nós e tipo de elemento (linear,

constante ou parabólico);

- Carregamentos e condições de contorno: valor da carga, região da aplicação da carga,

vinculação dos pontos do contorno;

- Características dos materiais: Módulo de Elasticidade do material, E, coeficiente de

Poisson, ν;

- Tipo de Análise: Estado plano de tensões ou de deformações.

b) Montagem do Sistema de Equações: sub-rotina MATRIZD.FOR

As matrizes H e G, da equação 2.33, são geradas através da sub-rotina

MATRIZD.FOR. As integrações necessárias são realizadas pela sub-rotina

INTEGRD.FOR. Após a obtenção daquelas matrizes são impostas as condições de

contorno do problema, o que permite a obtenção das matrizes A e B, da equação 2.34.

c) Resolução do Sistema de Equações Algébricas: sub-rotina RESOLVE.FOR

O sistema de equações 2.34 é resolvido pelo processo de Gauss, obtendo-se

assim o vetor das incógnitas no contorno, X. Este vetor pode conter esforços ou

deslocamentos nos nós do contorno.

d) Cálculo dos esforços e deslocamentos nos pontos internos: sub-rotina

SAINCOG.FOR

Após a obtenção das incógnitas no contorno, X, a sub-rotina SAINCOG.FOR

gera os esforços e deslocamentos nos pontos internos.

164

6.2.2 SISTEMA LINEAR PLACAS1 (SLP1) E SISTEMA LINEAR PLACAS2

(SLP2)

Para resolver problemas de placas em teoria de primeira ordem pelo Método dos

Elementos de Contorno foram elaborados dois programas em linguagem Fortran:

PLACAS1.FOR (2300 linhas): que utiliza as equações integrais de w e w n ∂ ∂ , e

considera c cw e R como contribuições dos nós vizinhos em cada canto. Os pontos

fontes são considerados apenas no contorno;

PLACAS2.FOR (2500 linhas): que utiliza apenas equações integrais de w, e considera

c cw e R como incógnita em cada canto. Os pontos fontes são considerados no

contorno e fora do domínio, para estes, com o parâmetro, relativo à distância do ponto

externo ao ponto do contorno, a= 0,50 da expressão definida como:

md a= (6.1)

onde,

a : coeficiente maior que zero;

m : média dos comprimentos dos elementos concorrentes no nó, ou

simplesmente o comprimento do elemento, no caso de nó duplo.

Segundo SILVA, N.A. (1988) o valor do coeficiente "a" pode estar situado

convenientemente entre 0,5 e 1,5.

Os sistemas SLP1 e SLP2 representados pelos programas PLACAS1.FOR e

PLACAS2.FOR apresentam-se basicamente estruturados de forma semelhante,

diferenciando-se apenas na entrada de dados, no tratamento dado aos cantos da placa e

nas integrações necessárias para obter as matrizes coeficientes H e G.

Portanto, expõe-se a seguir apenas a estrutura do programa PLACAS2.FOR.

a) Entrada de Dados: sub-rotina DADPLAC2.FOR É feita a leitura de todos os dados para definir o problema:

- Sobre a discretização pretendida: Número de nós, de elementos, coordenadas nodais,

incidência dos elementos, dos nós e tipo de elemento (linear, constante ou parabólico)

e condições de contorno;

- Carregamentos e condições de contorno: valor da carga, região da aplicação da carga;

165

- Características dos materiais: Módulo de Elasticidade do material, E, coeficiente de

Poisson, ν;

b) Montagem do Sistema de Equações: sub-rotina MATPD2.FOR

As matrizes c c , , e H G H G são geradas através da sub-rotina MATPD2.FOR.

As integrações necessárias são realizadas pela sub-rotina INTPD.FOR. Após a

obtenção dessas matrizes são impostas as condições de contorno do problema, o que

permite a obtenção das matrizes c c e A B .

c) Resolução do Sistema de Equações Algébricas: sub-rotina GAUPD.FOR

A resolução do sistema de equações (3.124) é feita pelo processo de Gauss, obtendo-se assim o vetor das incógnitas no contorno, cX . Este vetor pode conter

esforços ou deslocamentos nos nós do contorno e de canto. d) Cálculo dos Esforços e Deslocamentos nos Pontos Internos e do Contorno.

Após a obtenção das incógnitas no contorno, realizado pela sub-rotina GAUPD2,

obtêm-se os deslocamentos em pontos internos, realizados pela sub-rotina

SAINCOG.FOR.

Após o conhecimento das incógnitas no contorno, os momentos fletores e de

torção nos pontos internos são obtidos pela sub-rotina ESFORIND2.FOR. As

integrações necessárias são realizadas através da sub-rotina INTIND.FOR.

6.2.3 SISTEMA NÃO-LINEAR PLACAS (SNLP)

Para resolver os problemas de segunda ordem foi elaborado um programa em

linguagem Fortran, denominado FLAMPLA.FOR.

Esse programa foi obtido pelo acoplamento, após modificações, dos dois

programas de primeira ordem obtidos nos capítulos 2 e 3, respectivamente,

ELASTO.FOR e PLACAS2.

Expõe-se abaixo a estrutura do programa FLAMPLA.FOR, com suas sub-

rotinas:

166

PROGRAMA FLAMPLA.FOR (4500 linhas) C ******************************************************** C ****** METODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO ****** C ****** PROBLEMA : FLAMBAGEM DE PLACAS ****** C ****** PROGRAMA PRINCIPAL ****** C ****** ****** C ******************************************************** C PROGRAM FLAMPLA C PARAMETER (L1=200,L2=100,L3=300,L4=200,L5=5,L6=5,L7=5,L8=5,L9=200) C C **** L1= NUMERO DE NOS DO CONTORNO, NNC C **** L2= NUMERO DE NOS INTERNOS, NNI C **** L3= N1+N2 C **** L4= NUMERO DE ELEMENTOS ,NE C **** L5= NUMERO DE REGIOES CARREGADAS,NRC C **** L6= NUMERO DE CANTOS,NC C **** L7= NUMERO DE NOS DO CONTORNO DE CARGA, NNCC C **** L8= NUMERO DE ELEMENTOS DO CONTORNO DE CARGA,NECC C **** L9= NUMERO DE CELULAS C INTEGER DAD,SAI1 C COMMON /DISCRETIZACAO/NNC,NNI,NE,NRC X /NOS /X(L3),Y(L3),IEL(L4,2),IDUP(L3,2) X /ELEMENTOS /COMPR(L4),CO(L4),SE(L4),JNO(L1,2) X /CARGAS /CARGA(L5),NECC(L7),NNCC(L7),XC(L7,L5),YC(L7,L5) X ,IELC(L8,2),COC(L8,L5),SEC(L8,L5),COMPRC(L8,L5) X /MATERIAL /AM,PSI,E,POI,T X /CONTORNOS /KODE(2*L1+2*L6),FI(2*L1+2*L6) X /CELULAS/KCEL(L9,3) COMMON /TENSOES/SIGMAE11(L3),SIGMAE12(L3),SIGMAE22(L3), * SIGMA11(L9,L3),SIGMA12(L9,L3),SIGMA22(L9,L3) C CHARACTER ARQDAD*15,ARQSAI*15 DAD=1 SAI1=2 C TENSAO=15 C CALL ELASTO(dad,arqdad,sai1,arqsai) CALL DADFLA(dad,arqdad,sai1) CALL MATFLA(dad,arqdad) CALL GAUFLA(dad,arqdad) CALL INCOFLA(sai1,saie) CALL ESFIFLA(sai1,saie) PAUSE STOP END

a) ELASTO.FOR

Esta sub-rotina calcula todos os esforços e deslocamentos no plano da placa.

167

b) DADFLA.FOR

Esta sub-rotina faz a leitura dos dados de um arquivo de dados externo e também

gera um arquivo de saída.

c) MATFLA.FOR

Esta sub-rotina calcula os termos das matrizes dos coeficientes do sistema de

equações algébricas.

d) GAUFLA.FOR

Esta sub-rotina resolve o sistema de equações algébricas, obtendo as incógnitas

no contorno.

e) INCOFLA.FOR

Esta sub-rotina fornece a saída dos resultados: 1) vetores de deslocamentos e

cargas/reações nos nós do contorno. 2) deslocamentos nos pontos internos. 3) reações

de canto.

f) ESFIFLA.FOR

Esta sub-rotina fornece os esforços internos da placa.

168

6.3 RESULTADOS COMPUTACIONAIS 6.3.1 Sistema Linear de Chapa (SLC) 6.3.1.1 Aplicação 1

Determinação do deslocamento vertical do ponto de aplicação da carga em uma

viga-parede, como mostrada na Figura 6.2. Considera-se o material elástico-linear,

homogêneo e isótropo e com as seguintes propriedades:

Foram feitas várias discretizações e aplicado o programa ELASTO.FOR. Os

resultados apresentados na Tabela 6.1 podem ser comparados com aqueles fornecidos

pelo Método dos Elementos Finitos (MEF), em Zagotti (1980):

Tabela 6.1 – Resultados da aplicação 1

v = deslocamento vertical na extremidade do balanço v (m)

Resistência dos Materiais -0,3840

Teoria da Elasticidade -0,4950

no de elementos no de nós v (m)

4 6 -0,1390

16 15 -0,2652

64 45 -0,3916

256 153 -0,4602

Método dos Elementos Finitos (MEF)

1024 561 -0,4936

no de elementos no de nós v (m)

6 11 -0,2791

12 17 -0,4380

24 29 -0,4756

Método dos Elementos de Contorno (MEC) 48 52 -0,4933

P = 120 kN

x, u

y, v

Figura 6.2 – Viga-parede em balanço com carga concentrada na extremidade

E = 10 MPa

ν = 0 1 m

2 m

169

Nota-se nos resultados a vantagem, neste exemplo, do MEC sobre o MEF.

Para a obtenção de resultado próximo do exato são necessários no MEC apenas 48

elementos e 52 nós enquanto que no MEF são necessários 1024 elementos e 561

nós.

Salienta-se também, através do conhecimento de métodos numéricos, a

possibilidade de resolver problemas, cujos resultados são precários quando se

utiliza a resistência dos materiais.

6.3.1.1 Aplicação 2

Este exemplo tem o objetivo de mostrar a diferença de resultados entre os da

resistência dos materiais e os da teoria da elasticidade (utilizada no Método dos

Elementos de Contorno), quando se varia a altura em relação ao vão de uma viga

biapoiada submetida à uma carga concentrada no meio do vão.

Estudou-se uma viga biapoiada com as seguintes características físicas e

geométricas, Figura 6.3:

fck = 18 MPa

2ckE 21000 f 35 307.920,0 kgf / cm 3079,2 MPa= + = =

ν = 0,20

4,00 m

100 kN

0,80 m

0,20 m

2,00 m

Figura 6.3 – Viga biapoiada com carga concentrada no meio do vão

170

O deslocamento vertical (v) da viga no centro do vão, pela resistência dos

materiais, é dado pela seguinte expressão:

3P

v48EI

−=

(6.1)

Apresenta-se a seguir o tipo de discretização utilizada para o estudo deste

exemplo, com 25 elementos de contorno, 31 nós e três pontos internos ao contorno.

Visto que a carga, no programa ELASTO.FOR, é considerada como sendo

distribuída por unidade de comprimento, a carga concentrada é considerada como

sendo aplicada em um trecho (elemento) muito pequeno do contorno, resultado em

uma carga distribuída neste elemento, como mostra a Figura 6.4. Além disso, o

programa calcula os deslocamentos admitindo a espessura da chapa como sendo

unitária, para espessuras diferentes deve-se dividir o resultado encontrado pela

espessura real da chapa, já que deslocamento e espessura são inversamente

proporcionais.

Na Tabela 6.2 têm-se os resultados da Resistência dos Materiais e do Método dos

Elementos de Contorno, para alturas de viga de 0,40m, 0,60m, 0,80m, 1,00m, 2,00m,

23

4,00 m

0,40

1 2 3 4 5 6 7 8

12

11

15 16 17 19

9 10

14 13

25

24

23 22 21 20 18

1000 kN/m

0,20 m

1

2 3 4 5 6 7 10

11

12

13

14 15 16 17 18 19

21 22

8 9

20 24 25 26 27 28

29

30

31

34

32

33

Figura 6.4 – Contorno da viga discretizada

0,40 m

0,40 m

0,10 m

171

4,00m, ou seja, varia-se a relação entre o vão e a altura da viga objetivando a

verificação da validade da utilização da Teoria da Resistência dos Materiais, ou seja,

até que valor da relação anterior pode-se tratar as estrutura lineares sem comprometer

seu dimensionamento.

Tabela 6.2 – Resultados da aplicação 2

v = deslocamento vertical no centro do vão (m)(x 210− )

h = altura da viga (m)

0,40 0,60 0,80 1,00 2,00 4,00

Resistência dos Materiais 0,40595 0,12028 0,05074 0,02598 0,00325 0,00041

31 0,20154 0,09176 0,04628 0,02628 0,00453 0,00085

55 0,32463 0,11517 0,05279 0,02880 0,00493 0,00111

103 0,38784 0,12389 0,05513 0,02982 0,00529 0,00142

Método dos Elementos de

Contorno

Nº de Nós

185 0,40883 0,12632 0,05571 0,03006 0,00540 0,00153

Analisando-se a Tabela 6.2, pode-se notar que com o aumento da altura da viga

há um distanciamento do resultado obtido pelo Método dos Elementos de Contorno em

relação ao obtido pela resistência dos materiais, essa diferença de resultados é maior

para valores de 2h

. Isto está de acordo com a hipótese da Resistência dos

Materiais, 2h

, pela qual a viga é tratada como elemento estrutural linear.

Para valores de 2h

, o comportamento da viga já não é de estrutura linear e

sim bidimensional e deve-se utilizar a Teoria da Elasticidade que na falta de solução

analítica, recorre-se aos métodos numéricos, tal como o Método dos Elementos de

Contorno.

Nota-se também que uma discretização relativamente com poucos elementos

conduz a resultados com precisão adequada.

172

6.3.2 Sistema Linear de Placa (SLP) 6.3.2.1 Aplicação 1

Placa quadrada apoiada no contorno com carga distribuída uniformemente,

Figura 6.5.

Comparam-se os resultados obtidos pelas duas formulações desenvolvidas,

aquela utilizando as equações integrais de deslocamento w e de sua derivada direcional

PLACAS1.FOR com aquela utilizando apenas a equação integral de deslocamento w

PLACAS2.FOR. Além disso, estes resultados são comparados com a solução analítica

encontrado em Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1981).

A placa é quadrada de dimensões 200cm x 200cm , espessura h 7cm= e

simplesmente apoiada no contorno, submetida a um carregamento uniformemente

distribuído em toda a placa de 2g 0,0007 kN / cm= . Considera-se o coeficiente de

Poisson 0,30ν = e o módulo de elasticidade longitudinal 2E 2.560,0kN / cm= .

A placa foi discretizada em 8, 16, 40 e 80 elementos. A Figura 6.6 mostra, para o

caso do programa PLACAS2.FOR, levando em conta a equação integral de

deslocamento e a equação integral de sua derivada direcional, a discretização do

200,

0 cm

x

y

Mx

My

200,0 cm

g

g

Figura 6.5 - Placa quadrada simplesmente apoiada no contorno sob carga

uniformemente distribuída em todo o domínio.

173

contorno da placa em 16 elementos com os pontos nodais do contorno e o ponto

interno no centro da placa.

1 2 3 4 5

6

7

8

9

10

11 12 13 14 15

16

17

18

19

20

Figura 6.6 - Discretização da placa do exemplo 1, para PLACAS1.FOR: 16

elementos, 20 nós do contorno, e 1 nó interno.

x

7

11 12 10 9

8

6

5

4 3 2

16

15

14

13

1

21

50 c

m

50 c

m

50 c

m

50 c

m

50 cm 50 cm 50 cm 50 cm y

y

1 2 3 4 5

6

7

8

9

10 11 12 13 14 15

16

17

18

19

20

c1 c2

c3 c4

Figura 6.7 - Discretização da placa do exemplo 1 para PLACAS2.FOR: 16 elementos,

20 nós do contorno, 1 nó interno e 4 nós de canto.

x

7

11 12 10 9

8

6

5

4 3 2

16

15

14

13

1

21

50 c

m

50 c

m

50 c

m

50 c

m

50 cm 50 cm 50 cm 50 cm

174

A Figura 6.7 mostra, para o caso do programa PLACAS2.FOR, considerando

apenas a equação integral de deslocamento, a discretização da placa em 16 elementos

com os pontos nodais do contorno e dos cantos, e o ponto interno no centro da placa.

Os resultados obtidos estão listados na Tabela 6.3.

Tabela 6.3 - Resultados do Aplicação 1

Exemplo1 - Placa quadrada apoiada de 200 cm x 200 cm

h 7 cm= ; 2g 0, 0007 kN / cm= ; 0, 30ν = 2E 2.560, 0 kN / cm= .

Alternativas Número de elementos

wmáx = w21 [cm]

Mmáx [kN cm]

Vmáx [KN]

Rc [kN]

8 0,05525 1,33492 0,07189 5,2314 16 0,05649 1,33951 0,06551 2,6536 40 0,05658 1,34079 0,05877 2,0543

PLACAS1.FOR

80 0,05658 1,34082 0,05859 1,8947 8 0,05467 1,30663 0,05794 3,9643 16 0,05628 1,33420 0,06351 2,4425 40 0,05655 1,34015 0,05900 1,9526

PLACAS2.FOR

80 0,05658 1,34068 0,05874 1,8587 Solução Analítica (TIMOSHENKO, 1981)

0,05655 1,34120 0,05880 1,8200

Observa-se na tabela 6.3 que os resultados, tanto do programa PLACAS1.FOR

quanto do programa PLACAS2.FOR são precisos em relação aos da solução analítica,

exceto as reações de canto, que se distanciam um pouco dos mesmos, porém

consegue-se uma precisão melhor com o refinamento da discretização.

175

6.3.2.2 Aplicação 2

Placa de contorno irregular, engastada em dois lados adjacentes e apoiada três

lados com carga distribuída uniformemente , Figura 6.8.

O objetivo deste exemplo é calcular os esforços de uma placa de contorno

qualquer, que não se encontra tabelado, pelo MEC e pelo Método dos Elementos

Finitos (MEF), do trabalho de Katsuragi (2000) e comparar seus resultados com o de

uma placa retangular aproximada de mesma área, calculada com as tabelas de Czerny.

Dados da laje:

Espessura (h) = 0,15 m ; Carga distribuída (g) = 12 kN/m²

Concreto fck = 1,5x104 kN/m2

Ec = 2554,89x104 kN/m2

ν = 0,20

Para resolver o problema pelo MEC através do programa PLACAS2.FOR, o

contorno da placa real, Figura 6.8, foi discretizada em 28 elementos de acordo com a

Figura 6.9. Nos cantos considera-se nós duplos(mesmas coordenadas) um para cada

lado do canto e um nó em cada canto. São considerados 25 pontos internos, para

avaliar os momentos fletores e deslocamentos transversais da placa.

Mye

Mxe

X

y

4,0 m

Figura 6.8 – Placa de contorno irregular engastada em dois lados

adjacentes e apoiada em três outros.

2,0 m

2,0 m

4,0 m

Mx

My

176

Posto que o cálculo dos esforços de lajes pelas tabelas de Czerny só pode ser

feito para lajes de contorno retangular, admite-se uma laje retangular cujos lados têm

as maiores dimensões da laje irregular (real), conforme a Figura 6.10.

A placa aproximada também é resolvida pelo MEC através do programa

PLACAS2.FOR e o seu contorno foi discretizado em 32 elementos de acordo com a

Figura 6.11. Nos cantos consideram-se nós duplos (mesmas coordenadas) um para

cada lado do canto e um nó em cada canto. São considerados 20 pontos internos, para

avaliar os momentos fletores e deslocamentos transversais da placa.

y

x

13

14

15

16

17

18

1 5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

2 3 4 6 7 8 9 10

C1

11

12

12

13

14

15

16

19202122

17 18

24

26

23

19 20 2122

2327

28 24

25

32

30

34

33

29

26

27

28

29

43

48

54

39

49

38

4442

47

37

52 53

36

41

46

5150

45

40

35

55 56 57 58 59

1,0 m 1,0 m 1,0 m 0,50 m 0,50 m 0,50 m 0,50 m 1,0 m 1,0 m 1,0 m

C5

C4 C3

C2

Figura 6.9 – Discretização da placa real do exemplo 2: 34 nós do contorno, 29 elementos, 5

cantos e 25 nós internos.

8,0 m

4,0 m

Mx

My

Mxe

Mye

Figura 6.10 – Placa retangular aproximada à placa real de contorno irregular.

177

Na Tabela 6.4 explicitam-se os resultados da aplicação 2 utilizando-se, para a

placa retangular aproximada, as tabelas de Czerny. O programa PLACAS2.FOR -

Método dos Elementos de Contorno (MEC) para as placas irregular e aproximada.

Apresenta-se também os resultados da placa irregular pelo Método dos Elementos

Finitos, segundo Katsuragi (2000), que discretizou a placa em 40 elementos de 8 nós.

Tabela 6.4 – Resultados do aplicação 2 Mxe

(kNm/m) Mye (kNm/m)

Mx (kNm/m)

My (kNm/m)

wmáx (cm)

Tabela de Czerny -15,74 21,82 4,78 10,43 0,1772 Placa retangular Aproximada MEC (32 elementos) -14,95 -22,08 4,18 10,32 0,1778

MEF (40 elementos de 8 nós) -10,10 -14,00 5,45 10,10 0,1572 Placa Real Irregular

M EC (29 elementos) -15,42 -20,22 4,25 9,24 0,1553

Pode-se observar que os valores obtidos, para a placa retangular aproximada,

utilizando-se as tabelas de Czerny estão bem próximos dos obtidos pela utilização do

MEC. Porém, ao aplicar o MEC na placa irregular (real) os resultados são bem

diferentes, resultando em uma placa superdimensionada quando se utiliza a

aproximação de placa retangular. Quanto aos resultados de momentos fletores de

engastamento fornecidos pelo MEF (Katsuragi, 2000) são bem diferentes aos obtidos

pelo MEC, necessitando de uma discretização mais refinada.

y

Figura 6.11 – Discretização da placa aproximada da aplicação 2 (Figura 6.10) : 36 nós do

contorno, 32 elementos, 4 cantos e 20 nós internos.

20

1 5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2 3 4 6 7 8 9 10

21

23

2224 262728 29 25

19 17 18202122

23

242526

27

28

29

30

32

30

31

31

32

35

33

36

38 39 37 4140

4443

53

4542 46

5654 55

47 48 5049

52

51

1,0 m

0,25 m

0,50 m

0,50 m

1,0 m

1,0 m 0,25 0,50 m 0,50 m 0,50 m 0,50 m 0,50 m 0,50 m 1,0 m 1,0 m

C3

C1

0,25 0,25 0,25

x

19

15

16

18

11

13

14

11

12

12

13

15

16

14

17

C2

C3

178

6.3.2.3 Aplicação 3

Placa quadrada simplesmente apoiada no contorno sob carga uniformemente

distribuída em pequena região central, Figura 6.12.

Comparam-se os resultados obtidos pelo programa PLACAS2.FOR, que utiliza apenas

a equação integral de deslocamento w, com a solução analítica encontrada em

Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1981).

A placa é quadrada de dimensões a x a e simplesmente apoiada no contorno,

submetida a um carregamento g, uniformemente distribuído em uma pequena área de

dimensões u x v , cuja resultante é igual a P guv= . Considera-se no exemplo:

coeficiente de Poisson 0,30ν = ,

3

2

EhD

12(1 )=

− ν .

onde, E = módulo de elasticidade longitudinal do material

h = espessura da placa.

Resolve-se a placa para diferentes relações de u / a v / a= , de tal modo que a

resultante P permaneça constante, ou seja, quando varia a relação anterior, varia o

valor da carga uniformemente distribuída g.

A placa foi discretizada em 8, 16, 32 e 40 elementos. A Figura 6.13 mostra a

discretização da placa em 16 elementos iguais com os pontos nodais do contorno e dos

cantos, e o ponto interno no centro da placa. Os resultados obtidos estão listados na

Tabela 6.5.

179

x

y

Mx

My

a/2 a/2

u/2 u/2

v/2

v/2

a/2

a/2

Figura 6.12 - Placa quadrada simplesmente apoiada no contorno sob carga g uniformemente

distribuída em pequena região central, cuja resultante vale P = guv.

g

g

y

1 2 3 4 5

6

7

8

9

10

11 12 13 14 15

16

17

18

19

20

c1c2

c3 c4

Figura 6.13 - Discretização da placa da aplicação 3 , para PLACAS2: 16 elementos, 20

nós do contorno, 1 nó interno e 4 nós de canto.

x

7

11 12 10 9

8

6

5

4 3 2

16

15

14

13

1

21

a/4

a/4 a/4 a/4 a/4

a/4

a/4

a/4

180

Tabela 6.5 - Resultados da aplicação 3

Coeficientes α na expressão : 2máxw Pa / D= α ; P = guv

u / a v / a= 8 16 32 40 Solução analítica

0,005 0,01138 0,01157 0,01159 0,01160 0,01160 0,010 0,01138 0,01157 0,01159 0,01159 ____ 0,100 0,01115 0,01134 0,01136 0,01137 ____

Coeficientes β na expressão : 2máxM Pa / D= β ; P = guv

u / a v / a= 8 16 32 40 Solução analítica

0,005 0,59201 0,59363 0,59395 0,59397 ____ 0,010 0,52031 0,52192 0,52224 0,52227 ____ 0,100 0,28211 0,28372 0,28404 0,28406 0,28400

Observa-se na Tabela 6.5 a boa concordância dos resultados obtidos pelo MEC

através do programa PLACAS2.FOR com os da solução analítica, mesmo para

discretizações com poucos elementos. Além disso, nota-se que, para se atingir

resultados satisfatórios, no tratamento de cargas concentradas são necessários adotar

relações u / a v / a= muito pequenas, menor do que 0,01, principalmente para o

cálculo dos momentos fletores.

181

6.3.2.4 Aplicação 4

Placa quadrada engastada em duas bordas adjacentes e livre em outras duas sob

carga, q, distribuída em uma área parcial da placa, Figura 6.14, discretizada segundo a

Figura 6.15.

Em construções civis podem ocorrer casos de placas parcialmente carregadas,

então, este exemplo tem o intuito de obter resultados desses tipos de carregamento. A

placa quadrada foi resolvida pela formulação proposta, PLACAS2, com aproximação

linear das variáveis, e comparadas com os resultados de Paiva (1987), que utilizou a

aproximação cúbica dos deslocamentos. Os resultados estão indicados na Tabela 6.6.

Figura 14 - Placa quadrada engastada em dois lados

adjacentes e livre nos outros dois, sob carga q

uniformemente distribuída em uma área parcial da

placa.

q x

y

a Mx

My

a

q

Figura 15 - Discretização da placa da Figura 16

em 48 elementos, 52 nós do contorno, 1

nó interno e 4 nós de canto.

1 7

12

1314

15

20

26

27 28 33 38

39

40 41

46

52 c1 c2

c3 c4

37 25

48

1

60

51

25

122

a/2 a/3 a/12 a/12

a/12

a/12

a/6

a/6

a/6

a/6

13

36

24

a/6

50

48

44

42 53 58

54

55

56

57 62

61

59

182

Tabela 6.6 - Resultados da aplicação 4

Placa quadrada engastada em dois lados adjacentes e livres em outros dois, submetida a carregamento

parcial uniformemente distribuído, 0.20ν =

OBS. MEF (Paiva, 1987)-utilizou 144 elementos triangulares com seis parâmetros por nó MEC (Paiva, 1987)-utilizou 44 elementos com aproximação cúbica da variável “w”

Alternativas MEF MEC

(44 elementos)

MEC

PLACAS 2 (48 elementos)

Fatores de multiplicação

w53 0.0009 0.0009 0.0009

w54 0.0009 0.0009 0.0009

w58 0.0059 0.0054 0.00526

w60 0.0041 0.0039 0.00394

w61 0.0026 0.0024 0.00248

wc3 0.0154 0.0137 0.0139

4wf qa D=

mx42 –0.0836 –0.0772 –0.0801

mx44 –0.0825 –0.0784 –0.0805

mx46 –0.0762 –0.0732 –0.0750

mx48 –0.0518 –0.0512 –0.0523

mx50 –0.0181 –0.0188 –0.0189

mx53 –0.0422 –0.0409 –0.0410

mx54 –0.0354 –0.0337 –0.0338

mx55 –0.0252 –0.0238 –0.0242

mx56 –0.0146 –0.0138 –0.0140

my59 0.0126 0.0137 0.0137

my60 0.0187 0.0200 0.0199

my61 0.0066 0.0081 0.0079

my62 –0.0265 –0.0244 –0.0249

2mf qa=

Observa-se na Tabela 6.6, que o programa PLACAS2, mesmo com a

aproximação linear das variáveis, conduz a bons resultados quando comparado com os

outros Métodos, o que é adequado devido à simplicidade da aproximação utilizada e a

formulação utilizando apenas equações integrais de w.

183

6.3.3 Sistema Não-Linear de Placa (SNLP) A formulação teórica dos efeitos de segunda ordem em placas pelo Método dos

Elementos de Contorno foi apresentada e discutida em detalhe no Capítulo 5. Desta

forma torna-se viável implementá-la em qualquer linguagem computacional. O

programa FLAMPLA.FOR foi elaborado e encontra-se em fase de testes. Em futuro

breve, serão publicados os resultados de aplicações deste programa.

184

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal deste trabalho foi apresentar uma nova metodologia de tratar

os efeitos de segunda ordem em placas pelo MEC, que consiste em inicialmente fazer

um estudo da teoria de primeira ordem de estruturas envolvidas no entendimento dos

efeitos de segunda ordem. Nesse aspecto, a metodologia adotada se diferencia da de

outros autores, pois os mesmos tratam do problema diretamente a partir da equação

diferencial governante de placas de Von Kármán, enquanto que, por sua vez, este

trabalho tratou do problema desde os conceitos básicos mostrando as diferenças entre

a teoria de primeira ordem e a de segunda ordem, após explicitar as hipóteses e as

deduções das equações que conduzem a uma teoria de segunda ordem simplificada, da

qual uma das aplicações é a equação da flambagem de Von Kármán.

Outra contribuição foi utilizar uma formulação alternativa para o estudo de

efeitos de segunda ordem de placas pelo Método dos Elementos de Contorno. Nesta

formulação, o sistema de equações algébricas foi obtido utilizando-se apenas a

equação integral de deslocamento transversal e considerando-se os termos

relacionados com os cantos da placa, wc e Rc, como variáveis do problema. Com essa

formulação obtém-se maior precisão dos resultados, eliminam-se algumas singularidades nas

integrações e, o tratamento dispensado à derivada direcional descrita a seguir, mantém a

coerência na formulação, pois se escrevem apenas equações do deslocamento transversal.

Outra contribuição inédita se deve ao fato da solução fundamental do problema

em questão ser desconhecida e, usualmente se utiliza aquela da teoria de primeira ordem

de placas. Como conseqüência, surge na equação integral governante, uma integral do

domínio onde o integrando é função da curvatura "wij". Neste trabalho, foi dado um

tratamento diferenciado para esta integral de domínio, cujo resultado consiste em ter

como variável no domínio apenas o deslocamento transversal "w". Desta forma, na

formulação do problema foi possível utilizar somente equações integrais de

deslocamento transversal, tanto no domínio quanto no contorno.

A preocupação didática no entendimento do assunto foi sanada no decorrer do

desenvolvimento do trabalho devido à metodologia utilizada no tratamento do tema,

pela seqüência e pela explicitação dos pormenores dos conceitos.

185

Com o objetivo de produzir alguns resultados práticos do trabalho desenvolvido

foram elaborados vários programas computacionais em linguagem Fortran. Foram

apresentados os resultados confiáveis relativos aos problemas de primeira ordem. Com

relação aos resultados de segunda ordem, elaborou-se um programa computacional,

que encontra-se em fase de testes. Espera-se, em breve, obter com este programa,

resultados confiáveis para os problemas de segunda ordem.

Para trabalhos futuros, sugere-se o aperfeiçoamento do programa

FLAMPLA.FOR para produzir resultados confiáveis de modo a testar a eficiência da

formulação proposta. Esse programa pode ser ampliado para resolver outros problemas

além do da flambagem, pois a teoria de segunda ordem desenvolvida com todos os

conceitos importantes detalhados de forma explicita torna plausível esta tarefa. Dentre

os problemas importantes que podem ser analisados sugere-se o de obter os esforços e

deslocamentos com a configuração deformada da estrutura e compará-los com os

obtidos com a teoria de primeira ordem. Espera-se que os resultados obtidos com este

programa proporcionem projetos mais realísticos.

186

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CDU 624.073.2

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