tcc desmonte de contorno

41
Universidade Federal do Pará Campus Universitário de Marabá Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente Davi Rosário Estevam Desmonte de Contorno Marabá 2009

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Page 1: TCC Desmonte de Contorno

Universidade Federal do Pará

Campus Universitário de Marabá

Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente

Davi Rosário Estevam

Desmonte de Contorno

Marabá

2009

Page 2: TCC Desmonte de Contorno

Davi Rosário Estevam

Desmonte de Contorno

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para

obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de

Minas e Meio Ambiente do Campus Universitário de

Marabá da Universidade Federal do Pará.

Área de Concentração: Perfuração e Desmonte de

Rochas.

Orientador: Prof. Msc. Marinésio Pinheiro de Lima.

Marabá

2009

Page 3: TCC Desmonte de Contorno

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Biblioteca II do CAMAR/UFPA, Marabá, PA

Estevam, Davi Rosário Desmonte de contorno / Davi Rosário Estevam ; orientador, Marinésio Pinheiro de Lima. — 2009.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Marabá, Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente, Marabá, 2009.

1. Rochas - Minas e mineração. 2. Minas e recursos minerais. 3. Mineração a céu aberto. I. Lima, Marinésio Pinheiro de, orient. II. Título.

CDD: 20. ed.: 552

Page 4: TCC Desmonte de Contorno

Davi Rosário Estevam

Desmonte de Contorno

Data de Aprovação:

Banca Examinadora:

_________________________-Orientador

Marinésio Pinheiro de LimaMestre Universidade Federal do Pará

_________________________

Clesianu Rodrigues de LimaMestreUniversidade Federal do Pará

_________________________

Lucinewton Silva de MouraDoutorUniversidade Federal do Pará

Page 5: TCC Desmonte de Contorno

À honra do Deus de Israel, criador dos céus e da Terra e detentor de toda sabedoria e

conhecimento.

Page 6: TCC Desmonte de Contorno

AGRADECIMENTOS

Ao grande Deus de Israel, meu Deus, por me inspirar e conceder grandes

oportunidades.

À minha família por me apoiar e contribuir para o meu êxito.

Aos professores do Campus Sul e Sudeste do Pará, em especial aos da

Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente, pelos conhecimentos

transmitidos ao longo do curso de graduação.

Page 7: TCC Desmonte de Contorno

“Formação é importante, informação é muito mais”.

Davi Rosário Estevam

Page 8: TCC Desmonte de Contorno

SUMÁRIO

RESUMO 8

ABSTRACT 9

LISTA DE FIGURAS 10

LISTA DE TABELAS 11

1 INTRODUÇÃO 12

2 JUSTIFICATIVA 14

3 OBJETIVOS 15

3.1 OBJETIVO GERAL 15

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO 15

4 REVISÃO DA LITERATURA 15

4.1 MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELA SOBRE-ESCAVAÇÃO 15

4.1.1 Ruptura por sobretri turação e fissuramento 16

4.1.2 Ruptura por lasqueamento 16

4.1.3 Abertura das fissuras por ação dos gases 18

4.1.4 Fraturamento por alívio de carga 19

4.2 TEORIA DO DESMONTE DE CONTORNO 20

4.3 TIPOS DE DESMONTE DE CONTORNO 21

4.3.1 Pré-corte convencional 21

4.3.2 Pré-corte com air-deck 25

4.3.3 Recorte ou Pós-Corte 27

4.3.4 Desmonte amortecido 30

4.3.5 Perfuração em l inha 31

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 31

6 CONCLUSÕES 36

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38

GLOSSÁRIO 39

ANEXO 40

Page 9: TCC Desmonte de Contorno

RESUMO

A abordagem da pesquisa contempla a apresentação dos métodos mais conhecidos

e uma comparação entre os espaçamentos praticados no pré-corte convencional, no

pré-corte com air-deck e no pós-corte. A análise das características dos métodos,

juntamente com a ponderação referente à qualidade dos resultados, possibilitou a

determinação do método que apresenta a melhor relação custo/benefício para as

atividades de mineração à céu aberto. Os resultados da pesquisa apontam o pré-

corte com air-deck como o melhor método de desmonte de contorno e evidenciam a

superioridade desse método, principalmente quando se utilizam furos com diâmetros

maiores.

Palavras-chave: Desmonte de contorno. Espaçamento. Pré-corte. Air-deck. Pós-

corte. Custo/benefício.

Page 10: TCC Desmonte de Contorno

ABSTRACT

The research approaching contemplate a presentation of the most known methods

and a comparison between spacing used in conventional pre-split, air-deck pre-split

and after-split. The analysis of methods characteristics, joined with ponderation about

quality results, possibilited to determine the method that have the best ratio

cost/benefit for the open mining activities. The results of research indicate air-deck

pre-split as the best wall control method and evidenced the superiority of this

method, principally when utilize holes with biggest diameters.

Key-words: Wall control blast. Spacing. Pre-split. Air-deck. After-split. Cost/benefit.

Page 11: TCC Desmonte de Contorno

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Resultante devido à colisão das ondas de choque 20

Figura 02 – Pré-corte 22

Figura 03 - Tipos de carregamento dos furos no pré-corte com air-deck 25

Figura 04 – Exemplo de pós-corte 28

Figura 05 – Exemplo de desmonte amortecido 30

Gráfico 01 – Pré-corte com Air-Deck x Pré-corte Convencional 33

Gráfico 02 – Pós-corte x Pré-corte Convencional 34

Gráfico 03 – Pré-corte Com Air-Deck x Pós-corte 35

Gráfico 04 – Comparativo Geral 35

Page 12: TCC Desmonte de Contorno

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Velocidade de Partícula nas Rochas 18

Tabela 02 – Carregamentos e Espaçamentos Sugeridos

Para o Pré-corte Convencional

23

Tabela 03 – Cargas Recomendadas e Geometria dos Furos

Para o Pós-corte

29

Tabela 04 - Espaçamentos Praticados no Pré-corte Com

Air-deck.

32

Page 13: TCC Desmonte de Contorno

1 INTRODUÇÃO

Os explosivos têm desempenhado um grande auxílio às explotações

mineiras, pois podem ser utilizados para desmontar rochas que demandariam muitos

recursos, sejam financeiros, humanos ou materiais, para serem fragmentadas por

outros métodos.

Nos trabalhos em rocha, frequentemente, os profissionais envolvidos

deparam-se com situações de instabilidade no maciço que podem ter causa natural,

antrópica ou uma combinação das duas. Assim sendo, se faz necessário estabilizar

essas áreas. Para tanto, existem várias técnicas que podem ser empregadas, como,

por exemplo, escoramento, atirantamento por cabos de aço e parafusamento de

rochas.

Há um conjunto de métodos, contudo, que elimina ou minimiza a

necessidade de implantação dos recursos citados anteriormente, trata-se do

desmonte de contorno, que visa gerar taludes e paredes estáveis através de

detonações controladas.

Ao contrário dos desmontes de produção, o desmonte de contorno não visa

fragmentar as rochas, mas sim cortar o maciço rochoso para gerar uma parede ou

talude com boas condições de estabilidade.

Nos desmontes de produção, os mesmos explosivos que ajudam os

mineradores também podem causar danos estruturais nos maciços rochosos, pois

além de fragmentar e movimentar as rochas, as detonações dispensam grande parte

de sua energia para criar novas fraturas e planos de fraqueza, além de expandir

juntas, diaclases e planos de estratificação que anteriormente ao desmonte não

eram críticas, porém, passam a comprometer a coesão e a estabilidade do maciço

rochoso. Isto se manifesta na forma de sobre-escavação, que gera um estado

potencial de colapso.

Segundo Jimeno et al. (1994), a falta de controle nos limites de um

desmonte de produção pode acarretar os seguintes problemas:

•Maior diluição do minério com estéril nas zonas de contato em minas que

explotam minerais metálicos.

12

Page 14: TCC Desmonte de Contorno

•Aumento do custo de carregamento e transporte, em decorrência do incremento

do volume de material desmontado.

•Necessidade de reforçar a estrutura rochosa remanescente através de

dispendiosos sistemas de sustentação, como malhas metálicas, escoramento,

tirantes, parafusamento, etc.

•Maior risco para o pessoal em operação.

•Aumento do fluxo de água para a área de trabalho devido à abertura e

prolongação das fraturas e descontinuidades no maciço rochoso.

Portanto, o desmonte de contorno é reconhecido, pelos profissionais que

desenvolvem trabalhos em rocha, como um conjunto de técnicas de grande

importância.

A elaboração do trabalho dividiu-se em três etapas, sendo que a primeira

consistiu em realizar uma pesquisa bibliográfica em grandes obras na área de

perfuração e desmonte, nas quais foram obtidas informações sobre teorias que

explicam o funcionamento dos desmontes de contorno.

Nessas obras normalmente estão contidas impressões e opiniões dos

autores sobre as técnicas de desmonte de contorno que, por geralmente estarem

baseadas em experiências reais, essas informações são de grande valor e

receberam a devida atenção.

A segunda etapa consistiu em definir, com base na pesquisa bibliográfica,

os principais métodos de desmonte de contorno. A determinação dos métodos

principais baseou-se fundamentalmente no grau de utilização dos mesmos, ou seja,

considera-se que os principais métodos são aqueles que são mais utilizados. Um

outro passo da segunda etapa, foi gerar uma tabela com os espaçamentos entre

furos praticados no método de pré-corte com air-deck, o cálculo foi feito a partir da

fórmula recomendada por Silva (2007):

Espaçamento = K x Diâmetro dos furos (em metros)

“K” é uma constante que pode variar de 16 a 24, sendo que os

espaçamentos foram calculados utilizando-se um valor intermediário: 20.

13

Page 15: TCC Desmonte de Contorno

Os valores utilizados para o diâmetro dos furos foram os seguintes: 51, 64,

76, 89, 102 e 114 mm.

A terceira etapa fundamentou-se em comparar os métodos principais em

função dos espaçamentos praticados, já que essa variável exerce forte influência

nos custos finais dos métodos de desmonte de contorno, e também na qualidade

dos resultados, informação que foi obtida a partir de relatos das experiências reais

dos autores pesquisados. Com isso foi possível determinar qual o método apresenta

a melhor relação custo/benefício.

2 JUSTIFICATIVA

A segurança tem ganhado cada vez mais importância nas obras de

engenharia, sendo que, naquelas onde há escavação em rocha, existe um grande

cuidado envolvendo as condições estruturais do maciço rochoso e a estabilidade

dos taludes.

No passado, grandes acidentes ocorreram e para evitá-los no contexto

atual, o desmonte de contorno é um dos recursos mais utilizados, porque pode

elevar a estabilidade dos taludes e paredes das obras em rocha, melhorando, assim,

as condições de segurança em ambientes de trabalho como, por exemplo, em uma

mina.

De acordo com Jimeno et al. (1994), através da prática do desmonte de

contorno, pode-se obter as seguintes vantagens:

•Elevação do ângulo de talude, o que possibilita um aumento na recuperação

das reservas, pois, dependendo do tipo de depósito, proporciona uma menor

relação estéril/minério.

•Há uma redução no risco de queda de blocos oriundos do talude, isso gera

reflexos na segurança e na produtividade em uma mina.

Por essas razões, a necessidade de um estudo sobre as técnicas de

desmonte de contorno encontra respaldo tanto nas questões de segurança quanto

nas econômicas.

14

Page 16: TCC Desmonte de Contorno

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Dispor de um acervo bibliográfico completo e atualizado sobre desmonte de

rochas, aí incluido o tema Desmonte de Contorno, é de extrema importância tanto

para os estudantes quanto para os profissionais de engenharia de minas, porém isso

nem sempre é possível, visto que os materiais literários em português são escassos

e os escritos em idioma estrangeiro nem sempre são de fácil acesso.

Assim sendo, têm-se por objetivo geral fazer um levantamento das técnicas

de desmonte de contorno utilizadas atualmente, abordar suas características e

relatar informações sobre o desempenho desses métodos em diferentes condições

de trabalho .

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Feito o levantamento das técnicas mais utilizadas atualmente, têm-se por

objetivo específico determinar qual método apresenta a melhor relação

custo/benefício para as atividades de mineração com base na comparação dos

dados sobre o espaçamento entre furos praticados nesses métodos e também na

qualidade dos resultados obtidos com cada um deles.

4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELA SOBRE-ESCAVAÇÃO

Os mecanismos responsáveis pelos fenômenos de sobre-escavação e

fraturamento do maciço estão ligados aos fenômenos de ruptura da rocha que se

desenvolvem durante o desmonte.

De acordo com Jimeno et al. (1994), para controlar a sobre-escavação

deve-se atentar para:

15

Page 17: TCC Desmonte de Contorno

•Não ultrapassar a resistência de compressão dinâmica da rocha que envolve a

carga de explosivo.

•Manter um nível de vibrações no maciço residual que não gere rupturas por

lasqueamento.

•Utilizar explosivos adequados ao tipo de rocha, para evitar a abertura de

fissuras por excesso de gases.

4.1.1 Ruptura por sobretri turação e f issuramento

Ao redor do furo, frequentemente, se forma uma zona anular triturada ou de

material intensamente comprimido. Isso ocorre quando a tensão máxima da onda de

compressão radial, que se expande cilindricamente, excede a resistência a

compressão dinâmica ou limite plástico do material rochoso.

Quando a frente da onda de tensão se propaga, um volume cilíndrico de

rocha ao redor do furo é submetido a uma intensa compressão radial,

desenvolvendo–se esforços de tração tangenciais. Se essas tensões superam a

resistência dinâmica à tração da rocha, forma-se uma zona com alta densidade de

fraturas radiais. Esta zona termina de forma brusca a uma distância em que a tensão

tangencial da onda já não é capaz de criar novas fissuras (Jimeno et al., 1994).

4.1.2 Ruptura por lasqueamento

Segundo Jimeno et al. (1994), quando a onda de compressão alcança uma

frente livre efetiva, reflete-se criando uma onda de tração. Se esta onda é intensa o

suficiente, produz-se o lasqueamento, ou “spalling”, que se propaga desde a frente

livre até o furo.

As vibrações produzidas em um desmonte podem gerar a ruptura por

lasqueamento se a tensão produzida supera a resistência dinâmica a tração da

rocha, sendo que a tensão é representada pela equação 01:

σ = v x E / VC = ρ r x v x VC (01)

16

Page 18: TCC Desmonte de Contorno

Onde:

σ = tensão induzida na rocha (MPa).

v = velocidade de partícula transmitida à rocha (mm/s).

E = Módulo de elasticidade da rocha (MPa).

VC = Velocidade longitudinal de propagação da rocha (m/s).

ρ r = Densidade da rocha (g/cm3).

É preciso levar em consideração a influência da natureza do cimento das

juntas e planos de descontinuidade, estabelecendo-se os valores de tensão da onda

transmitida e refletida, assim têm-se as equações 02 e 03:

σ t = 2 [σ i / (1 + nz’ )] (02)

σ r = σ i [(1 - nz’) / (1 + nz’ )] (03)

Onde:

nz’ = Relação de impedâncias na rocha.

σ i = Tensão da onda incidente (MPa).

σ t = Tensão da onda transmitida (MPa).

σ r = Tensão da onda refletida (MPa).

A determinação da velocidade de partícula crítica pode ser feita a partir da

equação 04:

Vcr it = RT’ / (ρ r x VC) (04)

Como dados orientativos, Jimeno et al. fornece as seguintes velocidades

críticas para diferentes tipos de rocha, Tabela 01:

17

Page 19: TCC Desmonte de Contorno

Tabela 01 – Velocidade de partícula nas rochas

TIPOS DE ROCHA/JUNTAS VELOCIDADE DE PARTÍCULA CRÍTICA

(mm/s)Rochas brandas, juntas frágeis. 400Rochas médias a duras e juntas

frágeis.

700-800

Rochas duras e juntas fortes e

cerradas. 1000Fonte: Jimeno et al. (1994).

4.1.3 Abertura das fissuras por ação dos gases

A ação dos gases a alta pressão e temperatura, abrindo as fraturas pré-

existentes e as criadas pela onda de compressão, podem afetar bastante o controle

da sobre-escavação. Por isso, em rochas brandas e muito fraturadas deve-se utilizar

explosivos que produzem um pequeno volume de gases.

Em razão das concentrações de tensão nas extremidades das fraturas

aumentarem com o seu comprimento, a fenda mais longa é a menos estável e

requer uma pressão de gases menor para a sua propagação. Portanto, fraturas mais

extensas sempre se estendem primeiro e se propagam a uma velocidade maior que

as fraturas adjacentes mais curtas. Quanto mais elas avançam, maior é a diferença

de velocidade.

Quando uma fissura aberta intercepta um furo ao lado de sua carga, altos

fluxos de gás causam a esta fissura uma expansão preferencial pela ação de

alargamento.

As extensões de fendas geradas pela detonação são, em muitos casos,

mascaradas por juntas ou camadas finas. Além disso, fissuras tais como juntas ou

planos de acamamento frequentemente estão entre as causas da sobre-escavação,

cujas dimensões são também influenciadas por esses elementos estruturais. Em

razão do desenvolvimento da fratura principal ser ao longo dessas fissuras, a zona

de sobre-escavação tem uma espessura uniforme apenas onde essas fissuras estão

pouco espaçadas e uniformemente distribuídas pelo maciço rochoso. Onde as

fissuras estão amplamente espaçadas e distribuídas sem uniformidade, a

18

Page 20: TCC Desmonte de Contorno

fragmentação na zona de sobre-escavação, que passa a ter uma espessura

variável, é grosseira e o perfil da face formada é irregular.

Os gases da explosão a alta pressão usam as fendas radiais e quaisquer

fissuras que cruzem a seção carregada de um furo como rotas de acesso para fenda

externa produzida pela onda de deformação e para a rede de fissuras fora da

vizinhança imediata do furo (Jimeno et al., 1994).

A invasão e ação de alargamento dos gases da explosão a alta pressão

podem aumentar as fissuras logo acima do perímetro da detonação. No caso

comum em que furos verticais são perfurados em camadas horizontais, um

empurrão para cima exercido pelos gases invasores nas laterais das fissuras

horizontais expandidas tende a causar elevação rotacional, e por isso, fraturas de

tração normal ao acamamento. A quantidade de quebra por este mecanismo

aumenta na direção do topo da bancada, com a fragilidade da rocha e com o

decréscimo no espaçamento entre divisões de planos de acamamento (Cameron,

1996).

4.1.4 Fraturamento por alívio de carga

Após a passagem da onda de deformação compressiva, ocorre um estado

de equilíbrio pseudo-estático, na qual a pressão do furo é equilibrada pela

deformação na parede do furo. Quando as rochas se deslocam em direção à frente

livre, a pressão no interior do furo cai e a energia de deformação é aliviada muito

rapidamente. Após esse fato, as rochas se expandem rapidamente para tentar

alcançar uma nova situação de equilíbrio e com isso ocorre rupturas no maciço

rochoso, preferencialmente nas juntas e planos de acamamento.

Quando grandes desmontes de múltiplas linhas são iniciados com uma

seqüência em linha, todas as cargas de uma determinada linha de furos atuam em

concordância para gerar sobre-escavação por trações paralelas e sobre o

comprimento da última linha. A ocorrência de sobre-escavação causada por alívio

de carga é menos frequente quando a rocha confinada pode ser deslocada para

frente com relativa facilidade (Cameron & Hagan, 1996).

19

Page 21: TCC Desmonte de Contorno

4.2 TEORIA DO DESMONTE DE CONTORNO

Uma carga que pré-enche completamente um furo cria, durante a detonação

do explosivo e na vizinhança da carga, uma zona em que a resistência dinâmica a

compressão é amplamente superada e a rocha é triturada e pulverizada. Fora dessa

zona de transição, os esforços de tração associados à onda de compressão geram

um esquema de fissuras radiais ao redor de todo o furo.

Quando são duas cargas que se disparam simultaneamente, essas fissuras

radiais tendem a propagar-se por igual em todas as direções até que, por colisão

das ondas de choque no ponto médio entre os furos, produzem-se esforços de

tração complementares e perpendiculares ao plano axial, o que pode ser visto na

Figura 01. As trações no referido plano superam a resistência dinâmica a tração da

rocha, criando um novo fissuramento e favorecendo, na direção do corte projetado, a

propagação das fissuras radiais.

Figura 01 – Resultante devido à colisão das ondas de choque.

Fonte: Modifcado de Silva (2007).

Posteriormente, a extensão das fissuras é realizada pela ação de cunha dos

gases da explosão que as invadem e se infiltram nelas. A propagação preferencial

20

Page 22: TCC Desmonte de Contorno

no plano axial junto com o efeito de abertura pela pressão dos gases permitem obter

um plano de fratura de acordo com o corte projetado.

A pressão dos gases é o elemento chave na execução do desmonte de

contorno, sendo que ela deverá ser mantida até que se complete a união das

fissuras oriundas dos furos adjacentes, o que será conseguido adequando-se o

tamanho do tampão para evitar o escape dos gases para a atmosfera (Jimeno, et al.,

1994).

Conclui-se, então, que o mecanismo de um desmonte de contorno

compreende dois fenômenos distintos, um derivado da ação da onda de choque e

outro da ação dos gases da explosão.

4.3 TIPOS DE DESMONTE DE CONTORNO

São muitas as técnicas de desmonte de contorno desenvolvidas desde os

anos 50, mas, segundo Jimeno et al. (1994), as mais usadas atualmente são:

•Pré-corte convencional e com air-deck.

•Recorte ou Pós-corte.

•Desmonte amortecido.

4.3.1 Pré-corte convencional

O método de pré-corte, ilustrado na Figura 02, consiste em gerar no maciço

rochoso uma descontinuidade ou plano de fratura antes de disparar o desmonte de

produção, através de uma linha de furos, geralmente de pequeno diâmetro e com

cargas de explosivos desacopladas.

A iniciação dos furos de pré-corte pode ser realizada junto com a do

desmonte principal, mas adiantando-a em um intervalo de tempo de 90 a 120 ms.

21

Page 23: TCC Desmonte de Contorno

Figura 02 – Pré-corte.

Fonte: Modificado de Silva (2007).

Através da detonação das cargas do pré-corte, consegue-se separar a

rocha ao longo do limite de escavação, criando uma superfície interna além da qual

a detonação principal não fragmentará as rochas. No entanto, é necessário ressaltar

que a própria detonação das cargas do pré-corte pode causar sobre-escavação se o

espaçamento entre os furos for muito pequeno ou se houver excesso de explosivos

nos furos.

22

Page 24: TCC Desmonte de Contorno

O pré-corte convencional pode gerar resultados satisfatórios, tanto com

relação à estabilidade quanto com a estética, em rochas maciças de alta resistência,

porém ele é um método caro e dificilmente apresenta bons resultados em terrenos

altamente fissurados.

A Tabela 02 mostra valores recomendados para o uso inicial, sendo que os

melhores valores de espaçamento e carregamento para uma situação em particular

devem ser determinados por ensaios de campo. Em formações mais facilmente

fraturáveis, por exemplo, os ensaios podem mostrar que o espaçamento fornecido

por essa tabela pode ser corrigido com um acréscimo de 25% ou mais.

Tabela 02 – Carregamentos e Espaçamentos Sugeridos Para o Pré-corte

Convencional.

DIÂMETRO DO

FURO

(mm) (”)

RAZÃO LINEAR DE

CARGA (kg/m)

DIÂMETRO

SUGERIDO DA

CARGA (mm)

ESPAÇAMENTO

ENTRE FUROS (m)

38 1 ½ 0,14 22 0,45

51 2 0,19 22 0,55

64 2 ½ 0,25 22 0,65

76 3 0,45 22 0,75

89 3 ½ 0,65 25* 0,90

102 4 0,80 29* 1,00

114 4 ½ 1,10 32* 1,10

* Cargas contínuas de emulsão, gelatina ou dinamite.

Fonte: IBRAM (1996).

Segundo Cameron & Hagan (1996), cada carga do pré-corte é geralmente

pré-posicionada em um ponto distante do local a ser detonado através da instalação

de cartuchos ou metades de cartuchos de emulsão, gelatina ou dinamite em uma

linha de cordel detonante com uma distância de 0,1 a 0,5 m entre os centros das

cargas. Se uma carga de coluna contínua com pequeno diâmetro for usada, os

cartuchos podem ser amarrados em um cordel e colocados em um tubo de plástico.

23

Page 25: TCC Desmonte de Contorno

Atualmente, usa-se também cordéis detonantes de grande potência como

cargas inteiras de pré-corte. Estas cargas são mais eficientes quanto à distribuição

da energia. Uma carga de fundo do tipo emulsão, gelatina ou dinamite é amarrada à

extremidade do cordel de alta energia que é desenrolado até a carga de fundo

atingir o piso do furo, então o cordel é cortado do carretel e o furo é tamponado.

Os furos do pré-corte normalmente recebem um tampão com 8 vezes o

diâmetro do furo. Se o ruído e a sobrepressão atmosférica puderem ser tolerados,

os furos de pré-corte não precisam ser tamponados.

Ainda segundo Cameron & Hagan (1996), para uma melhor ação do pré-

corte, as cargas devem ser detonadas rapidamente ou simultaneamente, isso pode

ser conseguido com a ligação de todas as linhas de cordéis nos furos com a linha-

tronco de 3,6 a 5,0 g/m. Entretanto, nas situações em que as vibrações podem

perturbar residências, deve-se usar retardos de superfície de 17 ou 25 ms

(milissegundos) na linha tronco, de maneira que se tenha detonações seqüenciais

dos grupos de furos. O número de furos em cada grupo é definido de modo a se

obter uma ação de separação satisfatória ao mesmo tempo em que não exceda a

carga máxima por espera permitida. Quando o ruído deve ser minimizado, a linha

tronco de cordel deve ser coberta por areia ou pedriscos com altura de no mínimo

200 mm. Para permitir que o fraturamento pelo pré-corte desenvolva inteiramente

sua extensão, os furos devem ser iniciados pelo menos 50 ms antes da detonação

do primeiro furo do desmonte principal.

A face do pré-corte será danificada ou até mesmo destruída se os furos da

malha do desmonte de produção forem perfurados muito próximos a ela. Entretanto,

se a distância entre o pré-corte e a última linha de furos do desmonte principal é

muito grande, parte da rocha é deixada em frente à face e essa fatia de rocha pode

criar uma condição de empilhamento perigosa, sendo necessária uma nova

detonação. A melhor distância entre a linha de pré-corte e a última linha do

desmonte principal deve ser determinada por ensaios de campo.

A quebra da face do pré-corte também pode ser minimizada por um plano

cuidadoso de seqüenciamento dos desmontes. Os furos da última linha devem estar

capacitados para empurrar a rocha para frente com facilidade, deixando livre a nova

face criada pelo pré-corte.

24

Page 26: TCC Desmonte de Contorno

4.3.2 Pré-corte com air-deck

De acordo com Jimeno et al. (1994), o início da utilização do pré-corte com

air-deck ocorreu nos Estados Unidos, durante os anos 80. Este método é uma

variação do pré-corte convencional e consiste em colocar uma pequena carga de

explosivo no fundo dos furos, deixando o resto vazio até o tampão que se inicia a

partir de um plug, que é colocado em uma posição pré-determinada, conforme se

observa na Figura 03.

Figura 03: Tipos de carregamento dos furos no pré-corte com air-deck.

Fonte: Jimeno et al. (1994).

De acordo com Jimeno et al. (1994), os princípios básicos dessa técnica

foram lançados pelos cientistas russos Melnikov e Marchenko que observaram um

melhor rendimento do explosivo, com uma maior fragmentação e lançamento da

rocha desmontada.

25

Page 27: TCC Desmonte de Contorno

Como relata Jimeno et al. (1994), Fourney e seus colaboradores, ao

realizarem investigações sobre a estimulação de poços petrolíferos e efetuarem

ensaios em escala, comprovaram que disparando cargas no fundo de câmaras de

ar, como as dos furos, as ondas de choque se refletiam no teto do plug gerando na

rocha circundante tensões de maior duração e de 2 a 5 vezes maiores que as

registradas no fundo em que se encontravam as cargas.

Mas foi a partir de 1983, quando a Atlas Powder Co. iniciou uma série de

ensaios que conduziram a um melhor conhecimento da técnica, estendendo-se sua

aplicação a diferentes campos desde então. Em 1986, o engenheiro John Bussey,

junto a Dan Fitzgibbon, desenhou e patenteou um plug pneumático que possibilita

um tamponamento efetivo, com uma diminuição muito importante da onda aérea que

tornava o método inviável, até então, para ser utilizado em locais próximos a áreas

urbanizadas.

Como regras práticas de projeto, Jimeno et al. (1994) fornece as seguintes

equações:

E = (16 a 24) x D (05)

T = (12 a 18) x D (06)

Q = (0,39 a 1,4) x H x S (07)

A = 12 x D (08)

Sendo:

D = Diâmetro do furo (m).

E = Espaçamento (m).

T = Tampão (m).

Q = carga de explosivo no fundo do furo (kg).

A = Distância até a linha do desmonte principal mais próxima (m).

Nesses esquemas, somente se carrega com explosivos entre 10 e 15% do

volume do furo, o que se traduz em economia.

Se os furos têm mais de 20 m de extensão, recomenda-se configurar os

mesmos com duas ou mais cargas para obter uma melhor distribuição da energia e

26

Page 28: TCC Desmonte de Contorno

lograr melhores resultados. Nesses casos, aproximadamente 60% da carga deve ser

colocada no fundo dos furos.

Em relação aos plugs utilizados no tamponamento, existem os pneumáticos

e os químicos. Os primeiros são os mais utilizados e consistem em uma câmara de

borracha que se enche com ar sob pressão, quando introduzida no furo a uma

profundidade desejada. Esses plugs dispõem de uma válvula especial e

comercializam-se para diâmetros de furos entre 50 e 380 mm. Jimeno et al. (1994).

Os plugs químicos são constituídos por um cartucho com dois

componentes, isocianato e resina poliol, que ao reacionar formam uma espuma de

poliuretano. O tempo de formação é de 2 a 5 minutos, sendo que em 15 minutos se

solidifica completamente. Também se fabricam tampões de gás, conhecidos como

“gas bags”, nos quais se faz reacionar bicarbonato de sódio com um ácido fraco,

como o ácido acético, para produzir gás carbônico e assim inflar o plug que foi

conduzido a uma distância desejada por meio de uma cinta.

O pré-corte com air-deck é ainda mais vantajoso quando empregado com

diâmetros de perfuração entre 127 e 310mm, devido aos menores custos por metro

quadrado de superfície criada, obtidos pelas seguintes razões:

•Utilização de explosivos convencionais a granel, que têm menor custo do que

explosivos especiais para pré-corte.

•Maiores espaçamentos entre furos.

•Maior facilidade nas operações de carregamento dos furos, o que gera maior

produtividade nessas atividades.

O sistema de iniciação ideal consiste no emprego de tubos de choque, pois

os mesmos não danificam os plugs antes da detonação do explosivo e, por isso,

aumentam a eficiência do tampão. Jimeno et al. (1994).

4.3.3 Recorte ou Pós-Corte

A técnica de pós corte, ilustrada na Figura 04, consiste em um desmonte

com apenas uma linha de furos com cargas desacopladas.

27

Page 29: TCC Desmonte de Contorno

Essa técnica implica no deslocamento da rocha até uma frente livre, por isso

o espaçamento entre os furos é maior que no método de pré-corte convencional e

resulta em um menor custo.

Na mineração à céu aberto, quando os furos do recorte têm o mesmo

diâmetro dos de produção, essa técnica é conhecida pelo nome de “Trim Blasting”.

Jimeno et al. (1994).

Figura 04 – Ilustração de pós-corte.

Fonte: Jimeno et al. (1994).

Todos os furos são carregados com cargas leves, bem distribuídas e

detonadas simultaneamente ou com retardos muito pequenos entre grupos de furos.

A ligação é feita, de preferência, com uma linha tronco de cordel detonante, para

remover uma berma estreita deixada no local após a execução do desmonte de

28

Page 30: TCC Desmonte de Contorno

produção. Visando prevenir a perda de furos por desabamento das paredes, os furos

do pós-corte devem ser realizados após o desmonte principal que o cerca.

Para diâmetros de furo de 51 a 89 mm, a carga normalmente consiste de

um cordão de cartuchos de pequeno diâmetro suspensos com intervalos de 0,5 a

1,0 m em uma linha de cordel detonante. Para se obter a melhor distribuição, no

entanto, devem ser usadas colunas contínuas de 22 mm, para furos de 76 mm, ou

explosivos com 25 mm de diâmetro, para furos de 89 mm. Cameron & Hagan

(1996).

O afastamento deve ser sempre maior que o espaçamento. A extensão do

tampão normalmente varia de 0,6 a 1,0 m para furos de 51 a 89 mm de diâmetro. A

Tabela 03 mostra valores sugeridos para geometria e cargas no pós-corte.

Tabela 03 – Cargas Recomendadas e Geometria dos Furos Para o Pós-Corte.

DIÂMETRO

DO FURO

(mm) (“)

RAZÃO

LINEAR DE

CARGA (kg)

DIÂMETRO

SUGERIDO PARA

CARTUCHO (mm)

ESPAÇAMENTO

DOS FUROS (m)

DISTÂNCIA DO

AFASTMENTO (m)

38 1 ½ 0,12 22 0,65 0,90

51 2 0,24 22 0,80 1,10

64 2 ½ 038 22 1,00 1,30

76 3 0,50 22 1,15 1,55

89 3 ½ 0,70 25* 1,35 1,80

102 4 0,85 29* 1,50 2,00

114 4 ½ 1,05 32* 1,70 2,20

* Cargas de colunas contínuas de emulsão, gelatina ou dinamite.

Fonte: IBRAM (1996).

O pós-corte não apresenta normalmente o tipo de resultado tão bom

esteticamente quanto o pré-corte em rochas maciças bastante resistentes, mas

apresenta uma redução considerável na sobre-escavação e tendem a gerar

resultados melhores do que o pré-corte em rochas inconsolidadas.

O método de desmonte de contorno em questão apresenta para muitas

operações, especialmente aquelas com pequenos equipamentos e escala de

produção reduzida, uma melhor relação custo/benefício que o pré-corte

29

Page 31: TCC Desmonte de Contorno

convencional, isso se deve principalmente ao fato de o espaçamento no pós-corte

ser maior que no pré-corte.

No entanto, a adoção da técnica de recorte ou pós-corte implica na

necessidade de retornar com os equipamentos de escavação para limpar a pilha de

material desmontado e também é necessário interromper os trabalhos na área para

efetuar a detonação. Essas questões tendem a inviabilizar o emprego dessa técnica

em minas que utilizam equipamentos de grande porte e têm grande escala de

produção.

4.3.4 Desmonte amortecido

A técnica de desmonte amortecido, ilustrada pela Figura 05, é um desmonte

semelhante ao convencional de produção, porém modifica-se o projeto da última ou

das últimas linhas, tanto na configuração geométrica que passa a apresentar uma

malha mais fechada, como nas cargas de explosivos que são menores e podem ser

desacopladas.

Figura 05 – Ilustração de desmonte amortecido.

Fonte: Jimeno et al. (1994).

30

Page 32: TCC Desmonte de Contorno

É importante ressaltar que essa técnica não irá piorar, necessariamente, a

fragmentação e a liberação do material desmontado.

4.3.5 Perfuração em linha

A perfuração em linha é uma técnica de fratura que utiliza furos vazios de 35

a 75 mm espaçados entre si a uma distância de 2 a 4 vezes o diâmetro. Estas

perfurações tão próximas umas das outras podem atuar, em condições geológicas

adequadas, como concentradoras de tensões ou guia das fissuras para criar um

plano de fratura entre elas.

A precisão da perfuração é muito importante para obter bons resultados,

assim como a homogeneidade das rochas, já que as fraturas naturais do maciço

rochoso tendem a criar um plano de fraqueza que pode ser rompido mais facilmente

do que aquele formado pelos furos da técnica em questão.

Os desmontes principais devem ser do tipo de amortecido, com

afastamentos e espaçamentos na linha mais próxima ao plano de furos com 25 a

50% de redução em relação aos convencionais. Da mesma forma, as cargas

explosivas devem ser reduzidas em até 50%.

A principal vantagem desse método é sua aplicabilidade em situações de

alta sensibilidade do maciço rochoso, em que mesmo pequenas cargas podem

causar sobre-escavação. Por outro lado, as desvantagens são os resultados incertos

em rochas heterogêneas, o alto custo, elevado tempo de perfuração e a

necessidade de grande precisão na realização dos furos.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se que três (3) técnicas de desmonte de contorno são as mais

usadas atualmente:

•Pré-corte convencional e com air-deck.

•Pós-corte ou Recorte.

•Desmonte amortecido.

31

Page 33: TCC Desmonte de Contorno

O desmonte amortecido, por apresentar um índice de qualidade e um grau

de certeza de êxito muito inferiores aos demais, é o que apresenta a pior relação

custo/benefício dentre os três. Contudo, recomenda-se que o mesmo seja

empregado como complemento de outros métodos, principalmente o pré-corte, para

que o desmonte principal não danifique o plano formado por este.

Para possibilitar a comparação entre os modos principais, foi gerada a

Tabela 04 com os valores de espaçamento praticados no pré-corte com air-deck

quando utiliza-se os seguintes diâmetros: 51, 64, 76, 89, 102 e 114 mm. Os valores

de espaçamento para o pré-corte convencional e pós-corte foram fornecidos nas

Tabelas 02 e 03, respectivamente.

Tabela 04 – Espaçamentos Praticados no Pré-corte Com Air-deck.

DIÂMETRO DO

FURO

(mm) (”)

ESPAÇAMENTO ENTRE FUROS

(m)

51 2 1,02

64 2 ½ 1,28

76 3 1,52

89 3 ½ 1,78

102 4 2,04

114 4 ½ 2,28

É importante ressaltar que o espaçamento entre furos exerce forte influência

nos custos finais dos métodos de desmonte de contorno, já que quanto menor o

espaçamento, maior é o gasto com perfuração, explosivos e acessórios. Portanto, o

melhor método é, teoricamente, aquele que apresenta os maiores valores dessa

variável. Por essa razão, o espaçamento foi usado como parâmetro comparativo.

Ao fazer uma comparação entre o pré-corte convencional e o pré-corte com

air-deck verifica-se que o segundo é mais vantajoso devido ao maior espaçamento

proporcionado pelo mesmo, como é comprovado pelo gráfico 01, que fornece

valores de espaçamento em função de determinados diâmetros de furos.

32

Page 34: TCC Desmonte de Contorno

Gráfico 01: Pré-corte com Air-Deck x Pré-corte Convencional.

Em todos os diâmetros de furos analisados, o pré-corte com air-deck

possibilita um espaçamento entre furos maior do que na técnica de pré-corte

convencional, sendo que a diferença é mais significativa à medida em que se

trabalha com furos de maiores diâmetros.

Nos gráficos 01, 03 e 04, os valores de espaçamento para o pré-corte com

air-deck são fornecidos à partir do diâmetro 51 mm, isso se deve ao fato de os plugs

utilizados nesse método apenas serem fabricados para furos com diâmetro maior

que 50 mm.

O pós-corte apresenta um custo menor que o pré-corte convencional, pois o

mesmo permite a utilização de um maior espaçamento entre furos, conforme se

observa no gráfico 02.

33

Page 35: TCC Desmonte de Contorno

Gráfico 02: Pós-corte x Pré-corte Convencional.

Embora a técnica de pós-corte apresente menores custos para sua

execução que o pré-corte convencional, é necessário levar em consideração o

tempo que é dispensado para remover o material produzido nesse primeiro tipo

desmonte de contorno, somando-se isso ao tempo de interdição da lavra para

realizar a detonação. Em minas com grande escala de produção e que utilizam

máquinas de grande porte, esse tempo pode ser decisivo na escolha por outro

método, já que o alto custo da parada de equipamentos de grande porte anulariam

as vantagens econômicas iniciais do pós-corte em relação ao segundo método

citado.

Já comparado ao pré-corte com air-deck, o pós-corte é menos vantajoso,

pois trabalha-se com um espaçamento menor, conforme mostra o gráfico 03.

34

Page 36: TCC Desmonte de Contorno

Gráfico 03: Pré-corte Com Air-Deck x Pós-corte.

Portanto, o método de desmonte de contorno com, teoricamente, a melhor

relação custo/benefício é o pré-corte com air-deck, porque, além de poder

apresentar resultados de boa qualidade, apresenta um custo global menor que os

outros métodos devido, sobretudo, ao maior espaçamento, o que pode ser verificado

no gráfico 04.

Gráfico 04: Comparativo Geral.

35

Page 37: TCC Desmonte de Contorno

O gasto com a aquisição dos plugs no pré-corte com air-deck é

compensado, também, pela possibilidade de se utilizar explosivos à granel, que são

mais baratos e possibilitam um trabalho mais ágil no preparo dos desmontes, e pela

menor carga de explosivos por furo.

Apesar dos resultados apontarem a superioridade de um dos métodos, é

preciso avaliar e adaptar para realidade local os métodos em questão, pois existe

uma grande abundância de situações em decorrência de variações nos tipos de

rocha e nos parâmetros geotécnicos dos maciços rochosos e essas variações

podem afetar o desempenho dos desmontes de contorno.

Como exemplo, o pré-corte apresenta resultados excelentes em rochas

competentes e maciças, porém pode apresentar resultados sofríveis em maciços

rochosos altamente fissurados.

6 CONCLUSÕES

As técnicas de desmonte de contorno são de grande importância na obtenção de

taludes e paredes mais estáveis, o que permite ao engenheiro de minas elaborar

planos de explotação mais viáveis economicamente, já que é possível incrementar

os ângulos de talude, e gerar condições de trabalho mais seguras na lavra.

São três os métodos mais utilizados, no entanto, um deles se sobressai por

combinar menores custos globais com bons resultados, trata-se do pré-corte com

air-deck. Quando se fala em bons resultados, refere-se, primeiramente, às boas

condições de estabilidade do maciço rochoso remanescente e, depois, a aparência

do mesmo.

Os resultados variam em função das características geológicas, principalmente

aquelas referentes a quantidade e a orientação dos planos de fratura do maciço

rochoso.

Os métodos de desmonte de contorno apresentam melhores resultados em rochas

maciças, já em rochas muito fraturadas e intemperizadas há dificuldades em se

obter um talude suave, contudo, mesmo nessas situações, os métodos de contorno

geram taludes mais estáveis do que aqueles que seriam gerados com um desmonte

de produção isoladamente.

36

Page 38: TCC Desmonte de Contorno

É fundamental desenvolver um estudo específico para cada caso e amenizar as

adversidades geradas por um contexto geológico desfavorável através de um

projeto mais conservador das variáveis dos desmontes de contorno.

O engenheiro deve ter conhecimento e perícia para identificar condições

geotécnicas desfavoráveis a um bom resultado e, assim, fazer os ajustes

necessários para obter êxito no desmonte de contorno.

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se a elaboração de um

estudo de caso onde se faz uma mensuração da economia que se pode ter em uma

das minas existentes na região sul do Pará ao substituir o pré-corte convencional ou

o pós-corte pelo método de pré-corte com air-deck.

37

Page 39: TCC Desmonte de Contorno

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAMERON, A. & HAGAN, T. Curso Internacional: Tecnologia de desmonte de rochas com explosivos para minas a céu aberto e subterrâneas. Belo Horizonte: IBRAM, 1996.

CAMERON, A. & HAGAN, T. Curso Internacional: Tecnologia de desmonte de rochas com explosivos- 1ª parte. São Paulo: IBRAM, 1994. 117p.

CAMERON, A. & HAGAN, T. Curso Internacional: Tecnologia de desmonte de rochas com explosivos- 2ª parte. São Paulo: IBRAM, 1995. 67p.

CRVD up Data. Companhia Vale do Rio Doce, 2005.

HUDSON, J. AND HARRISON, J. Engineering Rock Mechanics: An Introduction to the Principles. New York: Redwood Books, 1997. 440p.

JIMENO, L.J. et al. Manual de Perforacion y Voladura de Rocas. Instituto Tecnolológico Geominero de España, 2ª edição, Espanha, 1994. 541p.

SILVA, V.C. Curso DEMIN 210 - Operações Mineiras. Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais, 2007.

LOTURCO, B. Talude Seguro. Revista Techne 83, Fevereiro, 2004.

WALLE, M. & JENNINGS, N. Safety and Health in Small-scale Surface Mines – A Handbook.International Labour Office, Geneva, 2001.

SOUZA, J. C. Aposti la da Discipl ina: Métodos de Lavra à Céu Aberto.Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.

CONDE, M. et al. Correlação Entre o Comportamento Mecânico dos Agregados e das Rochas Originais. 9° Congresso Nacional de Geotecnia, Aveiro, 2004.

KONYA, C. J. & ALBARRÁN, E. Diseño de Voladuras.Ediciones Cuicatl, Dezembro, 1998.

POWER PLUG. Disponível em: <http://www.powerdeckcompany.com/powerPlug.html>. Acesso em 16 jun. 2009.

Page 40: TCC Desmonte de Contorno

GLOSSÁRIO

Afastamento – Distância entre uma linha de furos até a frente livre.

Banco – Unidade básica da explotação, constituído por um plano vertical, ou frente,

e um plano horizontal.

Cordel detonante – Cabo com cobertura de plástico e preenchido com explosivo de

alta velocidade e potência, usado para iniciar as cargas de explosivo e transmitir a

detonação.

Desacoplamento – Separação entre a superfície de uma carga de explosivo e a

parede do furo em que se encontra.

Espaçamento – Distância entre furos de uma mesma linha de perfuração.

Fratura – Plano de descontinuidade ou ruptura da rocha dentro de um maciço.

Furo – Vazio cilíndrico feito na rocha para alojar explosivo.

Juntas – Planos de fraqueza em um maciço rochoso que não oferece nenhuma

resistência à separação.

Onda aérea – Sobrepressão de ar que se produz durante um desmonte.

Talude – Superfície vertical ou inclinada compreendida entre o pé e crista de um

banco.

Tampão – Parte de um furo que é preenchida com material inerte.

Tubo de choque – Sistema de iniciação dos detonadores em que a energia é

transmitida por meio de uma onda de choque que se desloca dentro de um tubo de

plástico.

Page 41: TCC Desmonte de Contorno

ANEXO A – EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO DE PRÉ-CORTE COM

AIR-DECK

Espaçamento dos furos: (16 a 24) vezes o diâmetro do furo (em metros);

Longitude do tampão: (12 a 18) vezes o diâmetro do furo (em metros);

Carga de explosivos por furo (Q): (0,4 a 1,4) x H x E (em kg), sendo: H =

prof. do furos, E = espaçamento;

Distância da linha do pré-corte à linha de furos mais próxima de produção: 12

vezes o diâmetro do furo (em metros).

Exemplo do cálculo do pré-corte com o sistema AIR DECK:

Considerando os seguintes dados na realização de um desmonte escultural

com o sistema AIR DECK:

Diâmetro dos furos: 6” = 0,1524 m; Profundidade dos furos (H): 15 m; Número de

furos: 17.

Para efeito de cálculo utilizaremos os valores médios das regras práticas na

determinação dos seguintes parâmetros:

Espaçamento entre os furos (E): 20 x 0,1524 = 3,0 m

Longitude do tampão (T) ou posição do plug em relação ao topo do furo:

15 x 0,1524 = 2,3 m

Carga de explosivos por furo (Q): 0,9 x 15 x 3,0 = 40,5 kg

Distância à linha de furos mais próxima de produção: 12 x 0,1524 = 1,8 m

Carga total de explosivo: 40,5 kg/furo x 17 furos = 688,5 kg