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ii

Aos meus pais Waldomiro e Guaraciaba

Aos meus filhos Nícolas, Yuri e Mikhail.

ix

Pai e Mãe

"De sua existência resta comigo o exemplo, a saudade imensa, eterno agradecimento, além do pesar por não poder abraçá-los agora e partilhar juntos a alegria da tarefa

cumprida”.

xi

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me ter dado serenidade e paciência nos momentos difíceis da minha vida.

Ao Prof. Dr. Isaías Vizotto, pela orientação, pela amizade e pela disponibilidade sempre

dispensada.

Ao Prof. Dr. Leandro Palermo Júnior pelos esclarecimentos na fase inicial do trabalho.

Ao Prof. Dr. Wilson Sérgio Venturini pelos ensinamentos e pela colaboração em

diversas partes do trabalho.

Ao Prof. Dr. Humberto Breves Coda pela atenção e pelo auxílio prestado.

Ao Prof. Dr. Renato Soliani pelo apoio e incentivo.

A todos os professores e funcionários, que de alguma forma, contribuíram para o

desenvolvimento desse trabalho.

A minha família pelo apoio e estímulo, sem os quais este trabalho não teria sido

possível.

xiii

______________________________________________________________________

ÍNDICE

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 4

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................5

1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................10

CAPÍTULO 2 ELASTOSTÁTICA ............................................................................. 12

2.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................13

2.2 ESTADO PLANO DE TENSÃO ................................................................................13

2.3 ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÃO.......................................................................14

2.4 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO ..................................................................................16

2.5 RELAÇÃO DEFORMAÇÃO - DESLOCAMENTO .......................................................21

2.6 RELAÇÃO TENSÃO - DEFORMAÇÃO.....................................................................22

2.7 EQUAÇÕES DE NAVIER ........................................................................................23

2.8 CONDIÇÕES DE CONTORNO .................................................................................24

2.9 EQUAÇÃO INTEGRAL PARA PONTOS DE DOMÍNIO................................................26

2.10 SOLUÇÃO FUNDAMENTAL ...................................................................................31

2.11 EQUAÇÃO INTEGRAL PARA PONTOS DO CONTORNO ............................................34

2.12 REGIÕES INFINITAS..............................................................................................40

2.13 TENSÕES NOS PONTOS INTERNOS ........................................................................43

2.14 TENSÕES NOS PONTOS DO CONTORNO.................................................................44

CAPÍTULO 3 ELASTODINÂMICA ......................................................................... 46

3.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................47

3.2 EQUAÇÕES GERAIS DA ELASTODINÂMICA ...........................................................47

3.3 IDENTIDADE DE SOMIGLIANA ..............................................................................51

3.4 EQUAÇÃO INTEGRAL DE CONTORNO ...................................................................52

3.5 EQUAÇÃO INTEGRAL PARA PONTOS EXTERNOS ..................................................53

3.6 EQUAÇÃO INTEGRAL DAS COMPONENTES DE TENSÃO ........................................53

3.7 VIBRAÇÕES LIVRES DE CORPOS FINITOS .............................................................54

2

CAPÍTULO 4 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO (MEC) ............. 56

4.1 FORMULAÇÃO ESTÁTICA.....................................................................................57

4.1.1 Introdução ..................................................................................................... 57

4.1.2 Discretização Geométrica e das Variáveis ................................................... 59

4.1.2.1 Elemento Linear ..................................................................................... 59

4.1.2.2 Elemento Quadrático .............................................................................. 65

4.1.3 Equações Integrais na Forma Matricial ....................................................... 68

4.1.4 Matriz dos Coeficientes de Influência do Elemento ...................................... 72

4.1.4.1 Submatriz g............................................................................................ 75

4.1.4.2 Submatriz h........................................................................................... 77

4.1.5 Condensação de Deslocamentos em Nós Duplos.......................................... 81

4.2 FORMULAÇÃO DINÂMICA....................................................................................84

4.2.1 Introdução ..................................................................................................... 84

4.2.2 Formulação com Reciprocidade Dual .......................................................... 86

4.2.3 Formulação com Integração Direta.............................................................. 95

4.2.4 Obtenção da Solução Numérica .................................................................. 109

CAPÍTULO 5 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF) ......................... 115

5.1 FORMULAÇÃO ESTÁTICA...................................................................................116

5.2 FORMULAÇÃO DINÂMICA..................................................................................121

5.3 ELEMENTO FINITO UNIDIMENSIONAL................................................................122

CAPÍTULO 6 MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO NUMÉRICA .............................. 128

6.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................129

6.2 MÉTODO DE NEWMARK.....................................................................................129

6.3 MÉTODO DE HOUBOLT ......................................................................................133

6.4 APLICAÇÃO DOS INTEGRADORES AO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE

CONTORNO........................................... .................................................................................... 136

6.4.1 Método de Newmark Aplicado ao MEC...................................................... 137

6.4.2 Método de Houbolt Aplicado ao MEC ........................................................ 138

CAPÍTULO 7 COMBINAÇÃO DOS MÉTODOS ELEMENTOS FINITOS -

ELEMENTOS DE CONTORNO............................................................................................. 140

3

7.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................141

7.2 EQUAÇÕES BÁSICAS DA FORMULAÇÃO MEC E MEF........................................142

7.3 TÉCNICA DE ACOPLAMENTO MEC – MEF........................................................144

CAPÍTULO 8 APLICAÇÕES NUMÉRICAS ......................................................... 148

8.1 ANÁLISE ESTÁTICA ...........................................................................................149

8.1.1 Exemplo 1: Viga Solicitada por Força Normal Uniformemente Distribuída

Constante na Extremidade Livre ......................................................................................... 149

8.1.2 Exemplo 2: Viga Solicitada por Força Cortante na Extremidade Livre..... 153

8.1.3 EXEMPLO 3: Viga Solicitada por Momento Concentrado na Extremidade

Livre..................................................................................................................................... 161

8.2 CONDENSAÇÃO ESTÁTICA .................................................................................167

8.3 MEC – VIBRAÇÃO LIVRE DE UMA VIGA EM BALANÇO .....................................171

8.4 MEC – VIBRAÇÃO LIVRE: ARCO ......................................................................176

8.5 ANÁLISE TRANSIENTE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS: VIGA

ENGASTADA SUBMETIDA A CARREGAMENTO TRANSVERSAL SÚBITO EM SUA EXTREMIDADE . 179

8.6 MEC - ANÁLISE TRANSIENTE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS: VIGA

ENGASTADA SUBMETIDA A CARREGAMENTO LONGITUDINAL SÚBITO EM SUA EXTREMIDADE 182

8.7 ACOPLAMENTO MEF-MEC–ANÁLISE TRANSIENTE: CARREGAMENTO

TRANSVERSAL ..........................................................................................................................187

CAPÍTULO 9 CONCLUSÕES ................................................................................. 190

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 194

ANEXO 1: NOTAÇÃO INDICIAL CARTESIANA.................................................. 211

ANEXO 2: CÁLCULO DO JACOBIANO DA TRANSFORMAÇÃO PARA O

ELEMENTO LINEAR ............................................................................................................. 214

ANEXO 3: INTEGRAÇÃO NUMÉRICA DE GAUSS.............................................. 218

ANEXO 4: OBTENÇÃO DA SOLUÇÃO DESLOCAMENTO ............................... 222

ANEXO 5: ASPECTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SOFTWARE......................227

4

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

5

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A crescente exigência da engenharia moderna, aliada à necessidade de se obter

resultados úteis para os problemas em estudo, faz com que a maior parte das

pesquisas na área de mecânica dos sólidos esteja voltada para os métodos numéricos.

Com a utilização de computadores cada vez mais potentes, tornou-se possível a

análise detalhada de problemas mais gerais que envolvem sistemas com milhares de

equações.

O método mais difundido e ainda o mais utilizado é o Método dos Elementos

Finitos (MEF), pela facilidade em modelar casos com geometria complexa, problemas

não lineares e com variação das propriedades no domínio.

Apesar da eficiência, pela versatilidade e pela possibilidade de modelar a maior

parte dos problemas da engenharia de maneira real, o MEF exige a exaustiva

discretização de todo o domínio para a resolução de um problema. Surge, entre outras,

a dificuldade de se modelar domínio infinito, como é necessário em problemas da

elastodinâmica, onde existe a propagação de ondas para o infinito. Como a malha é

finita aparecem implicações relacionadas com a reflexão das ondas provocadas pela

formulação de um contorno fictício.

No final da década de 70, destacou-se uma técnica conhecida como Método dos

Elementos de Contorno (MEC), ganhando notoriedade graças a uma série de

características vantajosas. Uma delas é diminuição considerável nos dados de entrada,

bem como do esforço computacional, uma vez que o sistema gerado tem dimensões

menores que o obtido nos métodos que discretizam o domínio. Outra vantagem é a

habilidade em tratar domínios complicados, como por exemplo, os meios infinitos, pois

neste método apenas a discretização do contorno do domínio é necessária. A idéia

básica do método consiste em relacionar as variáveis dos diferentes pontos do contorno

através de funções analíticas, resultando numa série de coeficientes de influência, os

6

quais são colocados em forma matricial. As condições de contorno são aplicadas de

maneira semelhante ao MEF. Uma característica do sistema de equações gerado é ter

a matriz final cheia e não simétrica, o que impede a utilização das técnicas largamente

empregadas na resolução de sistemas com matrizes simétricas e em banda.

O MEC tem apresentado excelentes resultados comprovados em numerosos

trabalhos, mostrando ser uma técnica bastante eficiente na solução dos problemas

analisados.

Nota-se, porém, que não existe uma superioridade de determinada técnica sobre

a outra. Isso depende, entre outras coisas, do tipo de problema a ser resolvido.

Assim, combinações dos métodos tem sido objeto de pesquisa, visando o melhor

aproveitamento de cada técnica.

As equações integrais para problemas potenciais e elasticidade apareceram na

literatura no século passado. Em 1872 Betti demonstrou o Teorema da Reciprocidade.

A Identidade de Somigliana, que é a base dos métodos diretos das equações integrais

(BREBBIA,1984), foi apresentada em 1886. Essa identidade é a equação integral que

estabelece a relação entre as forças e deslocamentos no contorno de um corpo e seus

deslocamentos internos.

A formulação de Somigliana é chamada direta. Nela, as variáveis, que são os

deslocamentos e as forças no contorno, têm significado físico. Rizzo, em 1967,

apresentou para a elastostática a formulação que até hoje é usada no MEC,

relacionando deslocamentos e forças. Ele trabalhou com a solução fundamental da

equação diferencial que governa o problema, a qual corresponde à força concentrada.

A outra formulação, chamada indireta, emprega funções fictícias sem qualquer

significado físico. Ela está relacionada ao trabalho publicado por Fredholm em 1903,

que discutiu soluções baseadas no processo da discretização.

7

O estudo da elastodinâmica começou com as teorias de movimento de corpos

elásticos de Navier, em 1827 e Cauchy, em 1828 e continuou com as contribuições de

Green (1838), Stokes (1849) e outros pesquisadores nos problemas de propagação de

ondas.

A solução de problemas que envolvem a variável tempo tem gerado muitas

pesquisas no estudo da formulação adequada. Sendo uma área de atuação

relativamente recente, ainda são muitos os aspectos discutíveis. O número de trabalhos

publicados nos últimos anos, nos quais diferentes formulações são empregadas, mostra

o interesse que o assunto tem despertado, como também, as potencialidades do MEC

nessa área.

Cruse (1968) e Cruse e Rizzo (1968) apresentaram os primeiros trabalhos para

solução de problemas elastodinâmicos, utilizando o MEC. A partir do trabalho de Rizzo

(1967) em elastostática, utilizaram a formulação direta e a Transformada de Laplace

(BESKOS, 1987) para resolver um problema transiente de propagação de onda. Nesse

procedimento, o problema torna-se independente da variável tempo e as equações

integrais são estabelecidas em função dos parâmetros de transformação.

Numa etapa posterior, Manolis e Beskos (1983) aperfeiçoaram essa metodologia

para resolver problemas transientes de dispersão de ondas.

A partir de 1983 a maior parte das pesquisas se desenvolveu usando na sua

formulação soluções fundamentais dependentes do tempo. Destacam-se os trabalhos

de Mansur (1982), que abordou os problemas de propagação de ondas elásticas, e

Mansur e Brebbia (1986) que desenvolveram uma formulação geral no domínio tempo

que usa núcleos bidimensionais. Essa formulação, embora bastante precisa em certos

tipos de problemas, implica em desenvolvimento matemático elaborado e em alguns

casos, considerável esforço computacional.

Nos problemas com cargas aplicadas em todo o corpo, ou em parte dele, pode-

se utilizar discretização do domínio em células (CODA, 1993). Os resultados obtidos

8

com essa técnica são excelentes, mas tal recurso foge um pouco à filosofia do MEC,

que limita a discretização ao contorno.

Para o cálculo da vibração livre de corpos finitos, as poucas opções disponíveis

até 1981 não eram adequadas. Nardini e Brebbia, em 1982, apresentaram uma técnica

que recebeu o nome de Dupla Reciprocidade. Esse procedimento consiste do emprego

de soluções fundamentais independentes do tempo, juntamente com um procedimento

que transforma as integrais de domínio em integrais de contorno. Os problemas de

vibrações livres foram reduzidos à solução algébrica de problemas de autovalores,

como apresentado por Coda (1990). A maior vantagem dessa técnica é que as integrais

do contorno são calculadas apenas uma vez, pois são independentes da freqüência.

Motivados pela propriedade da formulação e pelos ótimos resultados, Nardini e

Brebbia fizeram uma aplicação para obtenção da resposta em problemas de

elastodinâmica transiente, publicada em 1983. A formulação permite resolver esses

problemas empregando a solução fundamental da elastostática na transformação da

integral de domínio em integral de contorno.

O método da dupla reciprocidade é uma maneira geral de se construir soluções

particulares que podem ser usadas para resolver problemas dependentes do tempo,

problemas não-lineares, bem como para representar qualquer distribuição interna de

forças. Podem ser citados entre os inúmeros trabalhos publicados utilizando esse

conceito, os de Loeffler (1988, 1994), Partridge, Brebbia e Wrobel (1992), Coda e

Venturini (1990), Zhu e Zhang (1993), Partridge e Sensale (1997), Chen, Brebbia e

Power (1999), Almeida e Coda (2001) e Barbirato e Venturini (2005).

É interessante notar que, apesar das diversas características vantajosas que

essa formulação oferece, ainda há muitos pontos a serem abordados, visando a melhor

utilização da sua potencialidade como algoritmos auxiliares adequados, recursos que

melhorem a precisão da resposta, entre outros.

9

O Método dos Elementos Finitos (MEF) tem-se constituído numa ferramenta

poderosa e amplamente utilizada para construção de soluções aproximadas para os

mais variados problemas de engenharia. Sua utilização não abrange apenas a

engenharia estrutural, mas também muitas outras áreas, proporcionando significativos

avanços nos mais diversos campos.

Na década de 1940, Hrenikoff (1941), McHenry (1943) e Newmark (1949)

apresentaram trabalhos com a utilização do MEF no tratamento de problemas de

mecânica dos sólidos. Em 1956 foi estabelecida a formulação da forma como é hoje

conhecida, com a publicação de um trabalho de Turner, Clough, Martin e Topp. Os

primeiros livros textos surgiram com Holand e Bell, em 1969, e Zienkiewicz em 1971.

Atualmente existem dezenas de monografias, revistas e livros voltados para o estudo

desse método e esse número está crescendo exponencialmente com revelações

adicionais do poder e da versatilidade de suas aplicações.

Por causa das vantagens e desvantagens que cada método apresenta, muitos

autores têm se interessado no desenvolvimento de algoritmos onde o acoplamento

MEC/MEF é considerado. O primeiro trabalho, que surgiu em 1977, foi de Zienkiewicz,

Kelly e Bess, que utilizaram uma aproximação de energia para o domínio do MEC.

Em se tratando de elastodinâmica, podem ser citados Kobayashi e Kawakami,

em 1985 e Kobayashi e Mori, em 1986 na análise de problemas no domínio freqüência.

Entre os primeiros trabalhos, nos quais formulações de acoplamento para a completa

análise no domínio tempo de problemas transientes são apresentadas, encontram-se

as contribuições de Karabalis e Beskos e Spirakos e Beskos, em 1986, que

investigaram a resposta dinâmica em fundações flexíveis.

Podem-se citar ainda os trabalhos de Von Estorf e Kausel (1989), Coda (1993),

Araújo (1994), Lei e Qinghua (1997), Siqueira (1999), Coda e Venturini (2000), Almeida

(2003) e Almeida, Coda e Mesquita (2004).

10

O presente trabalho apresenta o estudo de problemas elastodinâmicos,

governados por uma equação de campo vetorial, através do MEC. Foram analisados os

problemas de vibrações livres e transientes, com o conceito de matriz de massa,

através de duas técnicas.

A primeira, que desenvolve a integração no domínio por células, e a segunda

através da reciprocidade dual. A discretização do domínio por células foi implementada

para se obter resultados confiáveis nos problemas a serem analisados. Essa técnica

leva a ótimos resultados nesse tipo de análise, embora seja preciso discretizar todo o

domínio.

Na reciprocidade dual, no estudo de regiões onde o contorno apresenta cantos

ou angulosidade, houve a necessidade de se buscar um caminho alternativo na

geração das matrizes de transformação, uma vez que se chegava a uma matriz não

inversível. Isso foi feito através de um algoritmo auxiliar, que modifica o sistema de

equações. Depois de implementada a parte estática, o algoritmo foi adaptado para os

problemas elastodinâmicos de vibrações livres. Com a obtenção de bons resultados,

essa técnica foi levada aos problemas transientes e ao acoplamento MEC/MEF.

1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho está organizado em nove capítulos, sendo o primeiro constituído pela

presente introdução.

No Capítulo 2 apresenta-se uma revisão dos conceitos básicos da teoria da

elasticidade para problemas no regime elástico linear. Demonstra-se a Identidade de

Somigliana para corpo elástico utilizando a técnica dos resíduos ponderados, onde a

função ponderadora é a solução fundamental. A equação integral do contorno é obtida

através do acréscimo de um setor circular e são mostradas as expressões para a

obtenção das tensões.

11

No Capítulo 3 são apresentadas as equações gerais para a elastodinâmica e

para a vibração livre de corpos finitos.

No Capítulo 4 demonstra-se a formulação do Método dos Elementos de

Contorno (MEC). Descreve-se a formulação estática, com as funções de interpolação

utilizadas para a discretização da geometria e das variáveis. Apresentam-se os

elementos disponíveis para a análise e as matrizes dos coeficientes de influência

desses elementos. Demonstra-se a condensação da equação integral de

deslocamentos, proposta para a eliminação das linhas e colunas dependentes. Em

seguida apresenta-se a formulação dinâmica, com a matriz de massa vinda da

integração dos termos inerciais pelos processos da reciprocidade dual e integração

direta. A implementação numérica é descrita com a eliminação dos deslocamentos e

acelerações dependentes.

O Capítulo 5 é dedicado à apresentação da formulação do Método dos

Elementos Finitos (MEF) aplicada às estruturas reticuladas nesse trabalho.

Os métodos de integração numérica para problemas dinâmicos são descritos no

Capítulo 6. Foram utilizados os esquemas Houbolt e Newmark de avanço no tempo.

No Capítulo 7 desenvolveu-se o acoplamento entre os métodos dos elementos

finitos e dos elementos de contorno (MEF e MEC), através da técnica das sub-regiões.

No Capítulo 8 apresentam-se alguns exemplos e uma comparação dos

resultados obtidos com soluções analíticas ou de outras modelagens existentes na

bibliografia para comprovar o programa desenvolvido.

As conclusões e as sugestões para novos estudos e continuidade do trabalho

estão no Capítulo 9.

Nos anexos estão as deduções teóricas complementares, conceitos da notação

indicial cartesiana e alguns detalhes da implementação computacional.

12

CAPÍTULO 2 ELASTOSTÁTICA

13

2.1 INTRODUÇÃO

Apresentam-se, neste capítulo, os conceitos da teoria da elasticidade que serão

utilizados nos capítulos subseqüentes. Estes conceitos serão importantes na aplicação

do Método dos Elementos de Contorno para problemas bidimensionais, no regime

elástico linear.

Admitem-se as hipóteses de pequenos deslocamentos, pequenas deformações e

material obedecendo a Lei de Hooke, isto é, linearidade das relações entre

deformações e tensões, bem como a não influência da mudança de configuração da

estrutura na formulação das equações de equilíbrio.

Para a representação concisa das equações gerais da Teoria da Elasticidade e

dos teoremas dela conseqüentes será utilizada, além da notação usual, a notação

indicial que é uma forma compacta usual de se representar longas expressões. Torna-

se uma alternativa vantajosa que permite uma melhor compreensão das grandezas

envolvidas, bem como facilita a manipulação de somatórios e sistemas de equações.

Tal notação é representada no sistema cartesiano convencional e usa índices 1, 2 e 3

para representar os eixos x, y e z. Algumas regras básicas estão descritas no Anexo 1.

2.2 ESTADO PLANO DE TENSÃO

Seja uma chapa delgada solicitada por forças paralelas ao plano 1 2 x x (Figura

2.1) e distribuídas uniformemente ao longo da espessura t. Desde que as faces

perpendiculares a 3x estejam descarregadas, as tensões 33 13 23 , eσ σ σ são nulas e

pode-se admitir, em princípio, que sejam nulas também no interior da chapa.

Sendo pequena a espessura t, admite-se, aproximadamente, que 11 22 12 , eσ σ σ

sejam independentes de 3x . (TIMOSHENKO e GOODIER,1980).

14

Figura 2.1 - Chapa delgada submetida a carregamentos no seu plano.

As deformações 13 23 eε ε são nulas e a deformação específica 33ε pode ser

calculada em função de 11 22 eε ε conforme equações das componentes de deformação

apresentadas no item 2.5:

11 2233

( )

1ν ε ε

εν

+=

− (2.1)

onde ν é o coeficiente de Poisson.

2.3 ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÃO

Seja um corpo prismático, localizado entre dois planos indeslocáveis e sem

atrito, solicitado por forças agindo em planos perpendiculares ao eixo longitudinal 3x

2x

2x

1x3x

1Q

2Q

3Q

4Q

t

15

(Figura 2.2) e que estas, bem como as condições de contorno, não variam ao longo do

comprimento.

O deslocamento axial 3u é nulo nas extremidades e, por simetria, na seção do

meio, podendo admitir que o mesmo ocorra em todas as seções transversais. As

componentes 1 2 u e u são funções de 1 2 x e x , portanto 33 13 23, eε ε ε são nulas e as

demais independentes de 3x .

As tensões 13 23 eσ σ são nulas e a tensão longitudinal 33σ pode ser

determinada em função de 11 22 eσ σ conforme as equações constitutivas apresentadas

no item 2.6:

33 11 22 ( )σ ν σ σ= + (2.2)

Figura 2.2 - Sólido prismático submetido a forças paralelas ao plano 1 2 x x .

2x2x

3x1x

1Q

2Q

3Q

4Q

16

2.4 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO

Considere um corpo em equilíbrio sob a ação de um sistema de forças externas

1 2 , , ...., nQ Q Q e, um plano fictício π passando através do ponto O no interior desse

corpo, que fica dividido em duas partes, denominadas A e B (Figura 2.3).

Figura 2.3 - Tensões no ponto interno.

A parte A está em equilíbrio com as forças 1 2 3 , , Q Q Q e o efeito da parte B.

Assume-se que esse efeito é continuamente distribuído sobre a seção π . Em torno do

ponto O considera-se uma pequena superfície dA , e um vetor unitário n saindo da

superfície e normal a ela. O efeito de B em dA pode ser reduzido a um diferencial de

força. Define-se o vetor tensão como (LOVE, 1944):

0 lim

dA

dQ

dAσ

=

(2.3)

Pode-se decompor a tensão em duas componentes com relação ao plano: uma

normal, que é a projeção de σ na direção da normal n , e outra tangencial, que é a

n

17

projeção de σ no plano π (Figura 2.4). Essa última ainda pode ser projetada nesse

plano nas duas direções ortogonais.

Figura 2.4 - Decomposição do vetor tensão σ .

Forças como 1 2 , ,..., nQ Q Q são chamadas forças de superfície. Forças

distribuídas sobre o volume do corpo, tais como forças gravitacionais e forças

magnéticas são chamadas forças de volume.

Por facilidade, pode-se admitir um sistema de coordenadas cartesianas e as

componentes de tensão ijσ como indicado na Figura 2.5: uma componente normal e

duas tangenciais, todas nas direções dos eixos coordenados. O primeiro índice (i)

indica a direção do eixo perpendicular ao plano em questão, e o segundo (j) indica a

direção da componente de tensão.

Um plano cuja normal externa tem o sentido positivo do eixo é um plano positivo.

A tensão normal na direção dessa normal externa é considerada positiva. A tensão

tangencial de um plano positivo e que tem o sentido positivo do eixo é uma tensão

tangencial positiva.

Já foi visto que, num plano π passando por O atua um vetor tensão dado pela

Equação (2.3). Em outro plano passando por O um vetor de tensão diferente irá agir.

Mostra-se que, o vetor de tensão em qualquer plano passando por um ponto pode ser

πσ n

σ t

σ

O

18

obtido quando são conhecidos os vetores de tensão nos três planos normais aos eixos

coordenados, passando por esse ponto, ou seja:

1 11 1 12 2 13 3

2 21 1 22 2 23 3

3 31 1 32 2 33 3

n n n

n n n

n n n

ρ σ σ σ

ρ σ σ σ

ρ σ σ σ

= + +

= + +

= + +

em notação indicial:

i ij jnρ σ= (2.4)

onde iρ é a componente do vetor tensão num plano qualquer e jn são os cossenos

diretores da normal n

ao plano em questão, com relação ao sistema de coordenadas

definido.

Aplicando a fórmula (2.4) num plano coincidente com a superfície, obtém-se a

condição de equilíbrio no contorno do corpo (Figura 2.5):

1 11 1 12 2 13 3

2 21 1 22 2 23 3

3 31 1 32 2 33 3

p n n n

p n n n

p n n n

σ σ σ

σ σ σ

σ σ σ

= + +

= + +

= + +

em notação indicial:

i ij jp nσ= (2.5)

19

Figura 2.5 - Representação das forças de superfície no contorno do corpo.

O equilíbrio estático das forças que agem no paralelepípedo mostrado na Figura

2.6 requer que (SAADA, 1994):

1311 121

1 2 3

2321 222

1 2 3

31 32 333

1 2 3

0

0

0

bx x x

bx x x

bx x x

σσ σ

σσ σ

σ σ σ

∂∂ ∂+ + + =

∂ ∂ ∂

∂∂ ∂+ + + =

∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂+ + + =

∂ ∂ ∂

em notação indicial:

, 0ij j ibσ + = (2.6)

20

onde ib são as componentes das forças por unidade de volume.

Além disso, se não existe nenhum momento aplicado no corpo, o equilíbrio de

momentos nos leva a igualdade:

12 21

13 31

23 32

σ σ

σ σ

σ σ

=

=

=

ou :

ij jiσ σ= (2.7)

Figura 2.6 – Sólido elementar submetido a esforços internos.

1dx

2dx3dx

1x

2x

3x

1b2b

3b

21

2.5 RELAÇÃO DEFORMAÇÃO - DESLOCAMENTO

Um corpo, submetido a um sistema de forças, terá sua configuração inicial

modificada, ou seja, sofrerá uma deformação. Se as componentes de deslocamento iu

são tais que sua primeira derivada é tão pequena que quadrados e produtos das

derivadas parciais podem ser desprezados, então a seguinte relação, entre as

componentes do tensor de deformação ( ijε ) e do deslocamento ( iu ) pode ser escrita em

notação indicial (TIMOSHENKO,GOODIER,1980) :

1, ,2 ( )ij i j j iu uε = + (2.8)

Explicitando os termos:

111

1

222

2

u

x

u

x

ε

ε

∂=

∂=

333

3

1 212

2 1

3113

3 1

12

12

u

x

u u

x x

uu

x x

ε

ε

ε

∂=

∂ ∂= +

∂ ∂

∂∂= +

∂ ∂

22

3223

3 2

12

uu

x xε

∂∂= +

∂ ∂

2.6 RELAÇÃO TENSÃO - DEFORMAÇÃO

O tensor de tensão relaciona-se com o tensor de deformação, para sólidos

elásticos, através da Lei de Hooke. Se o material é isótropo, ou seja, tem as mesmas

propriedades em qualquer direção, essa relação se expressa como (BREBBIA,

TELLES, WROBEL, 1984):

( )

( )

( )

11 11 22 33 11

22 11 22 33 22

33 11 22 33 33

2

2

2

G

G

G

σ λ ε ε ε ε

σ λ ε ε ε ε

σ λ ε ε ε ε

= + + +

= + + +

= + + +

12 12

13 13

23 23

2

2

2

G

G

G

σ ε

σ ε

σ ε

=

=

=

em notação indicial:

2 ij kk ij ijGσ λ ε δ ε= + (2.9)

onde ijδ é o delta de Kronecker.

23

As constantes de Lamé, λ e G , podem ser escritas em função do Módulo de

Young ou de Elasticidade (E) e do Coeficiente de Poisson ( ν ) pelas relações:

2 ( 1 )

EG

ν=

+

2

1 2 G ν

λν

=−

(2.10)

As equações (2.6), (2.8) e (2.9) formam um conjunto de 15 equações para as 15

incógnitas , ij ijσ ε e iu e definem o problema de elasticidade linear para estado plano de

deformação. Para o caso de estado plano de tensão deve-se substituir ν por (1 )ν ν+ .

2.7 EQUAÇÕES DE NAVIER

Substituindo a equação (2.8) em (2.9), obtém-se a expressão das tensões em

termos das derivadas dos deslocamentos que, substituída na equação de equilíbrio

(2.6) leva à equação de Navier-Cauchy (LOVE, 1944):

( )

( )

( )

22 2 2 2 231 1 1 1 2

12 2 2 21 2 3 1 2 1 3 1

22 2 2 2 232 2 2 1 2

22 2 2 21 2 3 1 2 2 2 3

2 2 2 23 3 3 1

2 2 21 2 3 1

0

0

uu u u u uG G b

x x x x x x x x

uu u u u uG G b

x x x x x x x x

u u u uG G

x x x x

λ

λ

λ

∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + + + + + + =

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + + + + + + =

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂+ + + +

∂ ∂ ∂ ∂

2232

323 2 3 3

0uu

bx x x x

∂∂+ + + =

∂ ∂ ∂ ∂

24

em notação indicial:

, , ( ) 0j kk k kj jG u G u bλ+ + + = (2.11)

Tomando-se as equações (2.8) e (2.9), substituindo na equação (2.5) para pontos

no contorno, as forças de superfície são obtidas:

3 31 2 1 1 2 11 1 1 2 3

1 2 3 1 2 1 3 1

2u uu u u u u u

p n G n G n G nx x x x x x x x

λ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

= + + + + + + + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

3 31 2 1 2 2 22 1 2 2 3

2 1 1 2 3 2 3 2

3 3 3 31 2 1 23 1 2 3 3

3 1 3 2 1 2 3 3

2

2

u uu u u u u up G n n G n G n

x x x x x x x x

u u u uu u u up G n G n n G n

x x x x x x x x

λ

λ

∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂= + + + + + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂= + + + + + + +

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

em notação indicial:

, , , ( ) i k k i i j j i jp u n G u u nλ= + + (2.12)

2.8 CONDIÇÕES DE CONTORNO

A equação (2.11) governa o comportamento linear de um corpo elástico

homogêneo e isótropo submetido a ações estáticas. Para esse corpo, Ω define o

domínio e Γ o contorno. É necessário conhecer as condições de contorno, as quais o

corpo está submetido:

25

a) Condições essenciais ou deslocamentos prescritos:

i iu u= 1m e Γ (2.13)

b) Condições naturais ou forças de superfícies prescritas:

i ip p= 2 em Γ (2.14)

Nas equações (2.13) e (2.14) iu e ip são os valores conhecidos no contorno. A

superfície externa total do corpo é 1 2Γ = Γ ∪ Γ ( Figura 2.7).

Essa subdivisão do contorno em duas partes torna possível a resolução dos

casos em que, num mesmo ponto existem os dois tipos de condições de contorno em

diferentes direções ou mesmo uma combinação delas, como no caso de apoios

elásticos.

Figura 2.7 - Domínio Ω com as condições de contorno em Γ .

aQ

bQ

cQ

26

2.9 EQUAÇÃO INTEGRAL PARA PONTOS DE DOMÍNIO

A equação de equilíbrio da estática (2.6) pode ser aproximada numericamente

através da técnica dos resíduos ponderados. Utilizando-se uma solução fundamental

qualquer como função ponderadora, obtém-se:

( ) *, . 0ij i j jb uσ + = (2.15)

Efetuando uma integral em todo o domínio do corpo, a equação (2.15) passa a

ser representada por:

( ) *, . 0ij i j jb u dσ

Ω

+ Ω = (2.16)

A expressão (2.16) pode ser escrita como:

* *, . - . ij i j j ju d b u dσ

Ω Ω

Ω = Ω (2.17)

Integrando-se por partes a primeira integral de (2.17), tem-se:

* * *, , . . . - . ij i j ij i j ij j iu d n u d u dσ σ σ

Ω Γ Ω

Ω = Γ Ω (2.18)

Sendo *ijε o campo de deformação correspondente à solução fundamental, a

equação (2.8) e a simetria dos tensores envolvidos, permite escrever:

* * * , . . . ij j i ij ji ij iju d d dσ σ ε σ ε

Ω Ω Ω

Ω = Ω = Ω (2.19)

Substituindo a relação (2.19) na segunda integral do lado direito de (2.18), tem-

se:

27

* * *, . . . - . ij i j ij i j ij iju d n u d dσ σ σ ε

Ω Γ Ω

Ω = Γ Ω (2.20)

Substituindo-se a condição de equilíbrio no contorno, dada pela equação (2.5), em

(2.20):

* * *, . . - . ij i j j j ij iju d p u d dσ σ ε

Ω Γ Ω

Ω = Γ Ω (2.21)

As equações (2.17) e (2.21) têm a mesma integral de domínio no lado esquerdo.

Logo:

* * * . - . - . j j ij ij j jp u d d b u dσ εΓ Ω Ω

Γ Ω = Ω (2.22)

Na expressão (2.22), a segunda integral é de domínio. É preciso transformá-la em

uma integral de contorno.

Sendo *ijσ o campo de tensão correspondente à solução fundamental, a lei de

Hooke para materiais isótropos faz verdadeira a relação:

* * . . ij ij kl klσ ε ε σ= (2.23)

De forma análoga à equação (2.19):

* *, . . ij ij j i ijuε σ σ= (2.24)

Portanto a integral de domínio a ser transformada pode ser escrita como:

* *, . . ij ij j i ijd u dσ ε σ

Ω Ω

Ω = Ω (2.25)

Aplicando a integração por partes em (2.25):

28

* * *, ij , . . . - . j i j i ij j ij iu d u n d u dσ σ σ

Ω Γ Ω

Ω = Γ Ω (2.26)

Substituindo-se a condição de equilíbrio no contorno, dada pela equação (2.5) em

(2.26):

* * *, , . . - . j i ij j j j ij iu d u p d u dσ σ

Ω Γ Ω

Ω = Γ Ω (2.27)

Levando-se essa integral para a equação (2.22), obtém-se:

* * * *, . - . . . 0j j j j j ij i j jp u d u p d u d b u dσ

Γ Γ Ω Ω

Γ Γ + Ω + Ω = (2.28)

O campo de tensão correspondente à solução fundamental satisfaz a equação de

equilíbrio:

* *, 0ij i j

bσ + = (2.29)

E a equação (2.28) fica escrita como:

* * * . * . - . - . . 0j j j j j j j jp u d u p d b u d b u dΓ Γ Ω Ω

Γ Γ Ω + Ω = (2.30)

Torna-se necessário modificar a equação (2.30) para uma forma integral a fim de

que se possa realizar uma análise numérica sobre ela. Será analisada a terceira

integral da equação, que é a equação de domínio:

* . . j jb u dΩ

Ω (2.31)

29

Adotando-se as componentes das forças de volume *jb como forças concentradas

unitárias aplicadas no ponto * s ∈ Ω em cada uma das três direções ortogonais

definidas pelo vetor de componentes jp , tem-se:

* ( , ) . jjb s q pδ= (2.32)

onde 1jp = e ( , )s qδ é a função Delta de Dirac.

A distribuição Delta de Dirac é muito importante para a formulação do Método

dos Elementos de Contorno. Seja s o ponto onde as forças unitárias serão aplicadas, q

o ponto onde as respostas a essas forças serão avaliadas e f uma função contínua

qualquer. A função tem as seguintes propriedades:

( , ) s qδ = ∞ se q = s

( , ) 0 s qδ = se q ≠ s (2.33)

( ) se ( ) ( , )

0 se

f s sf q s q d

Ω

∈ ΩΩ =

∈ Ω − Ω − Γ

Substituindo (2.33) em (2.31) , tem-se:

* . . ( ) . j j j jb u d u s pΩ

Ω = (2.34)

A equação (2.33) considera as cargas unitárias aplicadas ao mesmo tempo. Se

cada uma delas atuar independente da outra, os deslocamentos e forças de superfície

podem ser escritos como:

30

* *

* *

( , )

( , )

j ij i

j ij i

u u s q p

p p s q p

=

= (2.35)

onde * * ( , ) ( , )ij iju s q e p s q representam os deslocamentos e forças de superfície na

direção j no ponto q, devido à uma força unitária aplicada na direção i no ponto s.

De maneira geral, sendo ijδ o Delta de Kronecker, a equação (2.32) fica:

* . ( , )ijijb s qδ δ= (2.36)

Substituindo o estado de deslocamento *iju e seu carregamento correspondente

*ijb na equação (2.30), tem-se a equação integral do contorno para deslocamentos:

( ) * *

*

( ) ( , ) - ( ) ( , )

( ) ( , )

i j ij j ij

j ij

u s p Q u s Q d u Q p s Q d

b q u s q d

Γ Γ

Ω

= Γ Γ +

+ Ω

(2.37)

onde s é o ponto fonte, Q é ponto do contorno e q é ponto do domínio.

Essa equação é conhecida como a Identidade de Somigliana para

deslocamentos e representa o deslocamento iu em qualquer ponto q do domínio. Ela

pode ser escrita na forma de equilíbrio da equação de Navier - Cauchy (2.11), como:

* *, , ( ) ( , ) 0j kk k kj jG u G u s q pλ δ+ + + = (2.38)

As soluções para essa equação são chamadas soluções fundamentais.

31

2.10 SOLUÇÃO FUNDAMENTAL

Utilizam-se as soluções fundamentais, obtidas de problemas específicos, para

desenvolver formulações do Método dos Elementos de Contorno (LOVE, 1944;

BREBBIA, WALKER, 1980; BREBBIA, TELLES, WROBEL, 1984). Seja *Ω um meio

elástico infinito e, por conseqüência, *Γ o contorno infinito. Esse caso corresponde à

solução fundamental de Kelvin, que representa fisicamente o efeito de uma carga

estática unitária concentrada atuando no ponto s ∈ *Ω (Figura 2.8). Essa é a solução

para a equação de equilíbrio de Navier - Cauchy (Equação(2.38)).

Figura 2.8 - Carga concentrada unitária aplicada na região infinita.

As expressões das soluções fundamentais são:

a) Deslocamentos

2x

1x

* *,ij iju p

1

1

Γ

s

q

1r

2r

Ω

32

*, ,

-1( , ) (3 - 4 ) ln( )

8 (1- ) ij ij i ju s q r r rG

ν δπ ν

= − (2.39)

O primeiro índice corresponde à direção de aplicação da carga unitária, o

segundo à direção do deslocamento e r = r (s, q) à distância entre os pontos q e s

(Figura 2.8).

b) Forças de Superfície

Introduzindo a equação (2.39) em (2.17), obtêm-se as forças de superfície nas

direções j, devidas à carga unitária em s na direção i. Essas forças atuam em uma

superfície definida pelos cossenos diretores ( jn ) de um vetor normal a ela:

*, , , ,

-1( , ) (1 - 2 ) 2 - (1 - 2 )( - )

4 (1- ) ij ij i j i j j i

rp s q r r r n r n

r nν δ ν

π ν

∂ = + ∂

(2.40)

c) Deformações Específicas

Considerando *kjiε (Figura 2.9) como a deformação *

jiε em um ponto q, devido a

uma carga unitária aplicada no ponto s na direção k, a relação deformação -

deslocamento (equação (2.8)) fornece:

*, , , , , ,

- 1( , ) (1- 2 )( ) - 2

8 (1- ) kji i kj j ki k ji i j ks q r r r r r rG r

ε ν δ δ δπ ν

= + + (2.41)

33

Figura 2.9 - Deformações específicas fundamentais.

d) Tensões

Seja *kjiσ (Figura 2.10) a tensão *

jiσ em um ponto q, devido a uma carga unitária

aplicada no ponto s na direção k. A equação (2.41) em (2.9) fornece:

*, , , , ,

- 1( , ) (1- 2 ) 2

4 (1- ) kji i kj j ki i j ks q r r r r rr

σ ν δ δπ ν

= + + (2.42)

q

q

s

s

1p =

1p =

r

r

*122ε

*121ε

*111ε*

111ε

*112ε

*122ε

ponto

q

*222ε

*221ε

*211ε*

211ε

*212ε

*222ε

ponto

q

34

Figura 2.10 - Tensões específicas fundamentais.

Para todas as expressões, as derivadas de ( , )r r s q= são tomadas com

referência às coordenadas do ponto q, ou seja:

,

( )j

j

j

rrr

x q r

∂= =

∂ (2.43)

As soluções fundamentais acima são válidas para o estado plano de

deformação. No caso do estado plano de tensão, deve-se substituir ν por

1 (1 )ν ν= + .

2.11 EQUAÇÃO INTEGRAL PARA PONTOS DO CONTORNO

Considerando a solução fundamental de Kelvin, a Identidade de Somigliana

(equação (2.37)) só é satisfatória para a obtenção de deslocamentos em qualquer

q

q

s

s

1p =

1p =

r

r

*122σ

*121σ

*111σ*

111σ

*112σ

*122σ

ponto

q

*222σ

*221σ

*211σ*

211σ

*212σ

*222σ

ponto

q

35

ponto interno s (Figura 2.11), quando os deslocamentos e forças no contorno são

conhecidos.

Figura 2.11 - Ponto fonte interior.

É preciso determinar os valores incógnitos de deslocamentos e forças de

superfície de todos os pontos do contorno. Para isso escreve-se a equação integral

para pontos do contorno utilizando um artifício que transforma, inicialmente, o ponto de

contorno em um ponto do domínio, sobre o qual se pode aplicar a Identidade de

Somigliana (CODA, 1990).

Nessa técnica o corpo representado como na Figura 2.12 tem o domínio Ω

acrescido de um setor de círculo com o centro no ponto fonte S de raio ε . O ponto S do

contorno agora pertence ao domínio εΩ + Ω .

n

Γ

Ω

s

q

36

Figura 2.12 – Contorno expandido por superfície esférica.

O novo domínio passa a ser εΩ + Ω e o seu contorno - εΓ Γ + Γ , para os quais a

equação (2.37) pode ser aplicada:

( ) * *

*

( ) ( , ) - ( ) ( , )

( ) ( , )

i j ij j ij

j ij

u S p Q u S Q d u Q p S Q d

b q u S q d

ε ε

ε

Γ−Γ+Γ Γ−Γ+Γ

Ω+Ω

= Γ Γ +

+ Ω

(2.44)

onde :

Γ = contorno da superfície que foi expandida

εΓ = contorno da superfície esférica acrescida

εΩ = domínio da parte esférica acrescida

εΩ

εΓ

Γ S Q

q

Ω

Γ

37

Separando-se as integrais para cada trecho do domínio e do contorno, escreve-

se:

* *

* *

* *

( ) ( ) ( , ) - ( ) ( , )

( ) ( , ) ( ) ( , ) -

- ( ) ( , ) ( ) ( , )

i j ij j ij

j ij j ij

j ij j ij

u S p Q u S Q d u Q p S Q d

b q u S q d p Q u S Q d

u Q p S Q d b q u S q d

ε

ε ε

Γ−Γ Γ−Γ

Ω Γ

Γ Ω

= Γ Γ +

+ Ω + Γ

Γ + Ω

(2.45)

Para que o ponto S volte a pertencer ao contorno é necessário fazer o limite de

ε tender a zero, para que εε ΩΓ e tendam a zero também.

As integrais com núcleos semelhantes a *iju (Equação (2.45)), são chamadas

integrais singulares de camada simples e demonstra-se que para 0ε → o seu limite é

nulo. Desta forma, tem-se:

*

0

*

0

lim ( ) . ( , ) 0

lim ( ) . ( , ) 0

j ij

j ij

b q u S q d

p Q u S Q d

εε

εε

→Ω

→Γ

Ω =

Γ =

(2.46)

No trecho do contorno -Γ Γ , desde que a integral do lado direito da igualdade

seja calculada de acordo com o conceito de valor principal de Cauchy, pode-se

escrever que:

* *

0lim ( ) . ( , ) ( ) . ( , ) j ij j ijp Q u S Q d p Q u S Q dε →

Γ−Γ Γ

Γ = Γ (2.47)

38

Já as integrais com núcleo *ijp são chamadas de camada dupla e espera-se uma

descontinuidade no limite 0ε → . O desenvolvimento do limite sobre εΓ para esse

termo pode ser feito:

* *

0 0

*

0

lim ( ) ( , ) lim ( ) - ( ) ( , )

lim ( ) ( , )

j ij j j ij

j ij

u Q p S Q d u Q u S p S Q d

u S p S Q d

ε εε ε

ε ε

εε

ε

→ →Γ Γ

→Γ

Γ = Γ +

+ Γ

(2.48)

O primeiro termo do lado direito da equação (2.48) é identicamente nulo, uma vez

que o campo de deslocamento ( )ju Q satisfaz a condição de H o lder :

( ) - ( ) ( , )k ku Q u S B r S Q α≤ (2.49)

sendo B e α constantes positivas.

Assim, na expressão (2.48) o limite sobre εΓ é igual a:

* *

0 0 lim ( ) ( , ) lim ( ) ( , ) ( ) ( )j ij j ij ij ju Q p S Q d u S p S Q d C S u Sε ε

ε εε ε

→ →Γ Γ

Γ = Γ = (2.50)

O coeficiente ijC é dado pela seguinte expressão:

( ) ij ij ijC S Iδ= + (2.51)

onde:

*

0 lim ( , ) ij ijI p S Q d

εε

→Γ

= Γ (2.52)

39

com ijδ , que é o Delta de Kronecker.

Demonstra-se que ( ) 2ij

ijC Sδ

= para contornos suaves.

Se o ponto S pertence ao domínio, tem-se ( ) 1ijC S = , e para pontos externos ao

corpo, tem-se ( ) 0ijC S = .

Para pontos definidos em contornos com angulosidade, o limite da equação (2.52)

pode ser expresso como função dos ângulos 1 2 e θ θ definidos na Figura 2.13:

1 2-1

8 ( 1 - ) 2 3ij

A AI

A Aπ ν

=

com:

2 1 1 2

2 1

2 1 2 1

1 4 ( 1 - ) ( - ) 2 - 2

2 cos 2 - cos 2

3 4 ( 1 - ) ( - ) 2 - 2

A sen sen

A

A sen sen

ν π θ θ θ θ

θ θ

ν π θ θ θ θ

= + +

=

= + +

(2.53)

Figura 2.53 - Definição dos ângulos para cálculo dos termos da matriz C.

1n

2n1θ

40

A equação integral do contorno fica dada por:

* *

*

( ) ( ) ( ) ( , ) ( , ) ( )

( ) ( , )

ij j j ij ij j

j ij

C S u S u Q p S Q d u S Q p Q d

b q u S q d

Γ Γ

Ω

+ Γ = Γ +

+ Ω

(2.54)

Essa equação fornece uma relação entre os deslocamentos e as forças de

superfície que deve ser satisfeita. Introduzindo as condições de contorno, obtêm-se as

incógnitas apenas no contorno.

2.12 REGIÕES INFINITAS

As equações integrais analisadas até agora levam em conta apenas corpos finitos.

A extensão da equação (2.54) para regiões infinitas com uma ou mais cavidades

internas, requer uma análise cuidadosa do comportamento das funções envolvidas.

Essa análise está relacionada ao comportamento das funções sobre uma superfície de

contorno infinitamente distante das cavidades.

Seja r o raio de uma esfera de superfície rΓ , centrada em S, que envolve as

cavidades do problema representado na Figura 2.14. A equação (2.54) pode ser escrita

para esse corpo com r finito, como:

* *

* *

( ) ( ) ( ). ( , ) ( ). ( , )

( , ) . ( ) ( , ) . ( )

ij j j ij j ij

r

ij j ij j

r

C S u S u Q p S Q d u Q p S Q d

u S Q p Q d u S Q p Q d

Γ Γ

Γ Γ

+ Γ + Γ =

= Γ + Γ

(2.55)

41

Figura 2.64 - Definição da região infinita com cavidade interna

No limite, quando r → ∞ , a equação (2.55) apresenta o significado desejado se

for satisfeita a condição de regularidade:

* *lim ( ) . ( , ) - ( , ) ( ) 0j ij ij jr

r

u Q p S Q u S Q p Q d→∞

Γ

Γ = (2.56)

Para problemas bidimensionais, considerando o contorno infinito ( rQ ∈ Γ ), tem-

se:

*

*

onde ( ) ;

( ln 1) ( , )

(1)

1 ( , )

ij

ij

d G d G O r

O r i ju S Q

O i j

p S Q Or

ϕΓ = =

+ ==

=

(2.57)

onde O ( ) é o comportamento assintótico de uma função para 0r ou r→ ∞ → .

r

S

Γ

Ω

Q

infinitoΓ

42

Se a carga total aplicada sobre a superfície Γ não for auto-equilibrada, o princípio

de Saint-Venant mostra que ( )ju Q e ( )jp Q terão o mesmo comportamento da solução

fundamental correspondente a uma carga concentrada na direção resultante. Logo,

( ) 0 (ln 1) ( ) 0 (1 )j ju Q r e p Q r= + = são obtidos, o que não garante, em geral, a

anulação de cada termo separadamente. Mas, pode-se substituir ( ) ( )j ju Q e p Q pelos

tensores correspondentes à solução fundamental e verificar que a equação (2.55) é

satisfeita, pois os termos se cancelam quando r → ∞ .

Pode-se afirmar que as condições de regularidade são sempre satisfeitas se

( ) ( )j ju Q e p Q se comportam, na pior das hipóteses, como a solução fundamental no

infinito.

Neste caso, os problemas de cavidade em meio infinito podem ser representados

pela equação (2.54), com a normal apontando para dentro da cavidade.

Figura 2.15 - Definição da normal.

nn

Γ

43

2.13 TENSÕES NOS PONTOS INTERNOS

É necessário conhecer as componentes de tensão em qualquer ponto do sólido

em estudo, para que se possa considerar resolvido o problema elastostático.

A equação (2.37), que é uma representação contínua dos deslocamentos nos

pontos internos, pode ser derivada em relação às coordenadas do ponto S.

Substituindo as derivadas nas equações (2.8) e (2.9), obtém-se a expressão das

tensões para pontos interiores (CODA, 1990):

* *

*

( ) ( , ) ( ) - ( , ) ( )

( , ) ( )

ij kij k kij k

kij k

s D s Q p Q d S s Q u Q d

D s q b q d

σΓ Γ

Ω

= Γ Γ +

+ Ω

(2.58)

Para o estado plano de deformação, tem - se:

( )*, , , , , ,

*, , ,2

, , , , , ,

1 1- 2 - 2

4 (1- )

2 (1- 2 ) ( ) -

2 (1- )

- 4 2 (

kij ki j kj i ij k i j k

kij ij k ik j jk i

i j k i j k j

D r r r r r rr

G rS r r r

r n

r r r n r r n r

ν δ δ δπ ν

ν δ ν δ δπ ν

ν

= + +

∂= + + ∂

+ + ,

, ,

) (1- 2 )

(2 ) - (1- 4 ) )

i k

k i j j ik i jk k ij

r

n r r n n n

ν

δ δ ν δ

+

+ +

(2.59)

Para o estado plano de tensão substitui–se por 1 (1 )ν ν+ .

44

2.14 TENSÕES NOS PONTOS DO CONTORNO

As tensões em pontos do contorno podem ser calculadas com bastante precisão

através dos valores conhecidos das forças de superfície e dos deslocamentos, após a

resolução do problema. Esses valores são obtidos no sistema global de coordenadas.

Utilizando a matriz de transformação para tensor de primeira ordem, determinam-

se os deslocamentos e forças de superfície em relação a um sistema de referência local

ao elemento considerado (Figura 2.16).

Figura 2.16 - Sistema de referência local ao elemento.

A equação de Cauchy (2.4) para o sistema local, fornece:

22 2

12 1

p

p

σ

σ

=

=

(2.60)

Sendo 1u o deslocamento interpolado ao longo do elemento em função dos

valores nodais, a componente de deformação para esse sistema é dada por:

111

1

u

∂=

∂ (2.61)

2x n=

1x

1x

2x

Ω

45

A lei de Hooke (Equação (2.9)) permite escrever:

]2222 11

1 (1- 2 ) -

(1- 2 ) 2G

σε ν ν ε

ν

=

(2.62)

Com os valores de 11 22 eε ε pode-se obter as tensões em um ponto qualquer do

contorno em relação ao sistema local do elemento, através da lei de Hooke

generalizada.

Assim:

11 11 22 2 - 1-

σ ε εν

=

(2.63)

As equações (2.63) e (2.60) fornecem as tensões em um ponto qualquer do

contorno em relação ao sistema local de coordenadas.

46

CAPÍTULO 3 ELASTODINÂMICA

47

3.1 INTRODUÇÃO

Nesse capítulo as expressões estão também representadas sob a forma de

notação indicial e no sistema de coordenadas cartesianas convencionais. Serão

apresentados os conceitos necessários para o desenvolvimento da formulação da

vibração livre e elastodinâmica transiente bidimensional.

3.2 EQUAÇÕES GERAIS DA ELASTODINÂMICA

Admitem-se novamente as hipóteses de pequenos deslocamentos, pequenas

deformações e material obedecendo à Lei de Hooke. O corpo em estudo é elástico,

homogêneo e isótropo.

A condição de equilíbrio no contorno de um corpo é dada por:

i ij jp nσ= (3.1)

A relação entre as componentes do tensor de deformação e do deslocamento é

escrita como:

( ), ,

1

2ij i j j iu uε = + (3.2)

A Lei de Hooke relaciona tensor tensão com tensor deformação:

2 ij kk ij ijGσ λ ε δ ε= + (3.3)

com G e λ dados pela equação (2.10).

O equilíbrio dinâmico das forças agindo no paralelepípedo mostrado na Figura

(3.1) requer que (MANOLIS, 1988):

48

, ij j i ib uσ ρ+ = (3.4)

onde:

ib são as forças de volume;

ρ é a densidade do corpo;

2

2 i

i

uu

t

∂=

∂ é a aceleração com relação à direção ix .

Figura 3-1 - Sólido elementar submetido a esforços internos.

As equações de equilíbrio de forças resultantes de tensões (3.4), relações

cinemáticas (3.2) e Lei de Hooke (3.3) formam um conjunto de 15 equações para 15

i i ib b uρ= −

1dx

2dx

3dx

1x

2x

3x

49

incógnitas ( , , ijj ij iuσ ε ). Substituindo a expressão (3.2) na expressão (3.3), a Lei de

Hooke é escrita em termos dos deslocamentos:

, , , ( )ij k k ij i j j iu G u uσ λ δ= + + (3.5)

As equações (3.5) e (3.4) nos levam à equação geral de Navier-Cauchy:

, , ( ) i jj j ji i iG u G u b uλ ρ+ + + = (3.6)

A equação (3.6) constitui um sistema linear de equações diferenciais hiperbólicas

para a variável iu .

As ondas que ocorrem no estado elastodinâmico, para o qual as rotações são

nulas, são chamadas ondas longitudinais e se propagam com uma velocidade dada

por:

( 2 )dc Gλ ρ= + (3.7)

Quando a variação do volume é nula ( ,i iu = 0), as ondas num corpo elástico são

chamadas distorcionais e se propagam com uma velocidade sc , dada por:

ρG = cs (3.8)

As constantes d sc e c podem ser usadas para escrever a equação de

equilíbrio em termos dos deslocamentos, isto é, a equação de Navier-Cauchy:

2 2 2, . ( - ) s i jj d s j ji i ic u c c u b uρ+ + = (3.9)

Para resolver o problema elastodinâmico isotrópo é necessário determinar as

componentes de deslocamentos ( , )iu S t que satisfaçam:

50

a) a equação (3.9) para 0t t≥ em todos os pontos do domínio Ω ;

b) as condições iniciais:

0 0

0 0

0

( , ) ( )

( , )( , ) ( )

i i

ii i

t t

u s t u s

u s tu s t v s

t =

= ∂ = = ∂

(3.10)

em todos os pontos s pertencentes ao domínio. O índice ‘0’ significa que os valores

prescritos correspondem ao tempo 0 0t = . O ponto sobre a variável representa derivada

parcial com relação ao tempo e v é a velocidade.

Figura 3-2- Deslocamentos e velocidades prescritas em t = 0.

c) Condições de Contorno:

1

2

( , ) ( , )

( , ) ( , )

i i

i ij j i

u S t u S t S

p S t n p S t Sσ

= ∈ Γ = = ∈ Γ

(3.11)

onde ip são os valores conhecidos das forças em 2Γ , iu são os valores conhecidos

dos deslocamentos em 1Γ , S são pontos do contorno e t é tempo.

( )

( )

v io io

io io

u s

u u s

=

=

ΩΓ

51

Figura 3-3- Condições de contorno i ip e u no tempo t em 1 2 eΓ Γ .

Reordenando as equações (3.7) e (3.8) para obter e Gλ em função das

velocidades dc e sc das ondas e substituindo na equação (3.5), as tensões podem ser

também escritas como:

= + +2 2 2, , , ( - 2 ) ( )ij d s k k ij s i j j ic c u c u uσ ρ δ ρ (3.12)

A segunda das condições de contorno dada pela equação (3.11) é escrita em

função dos deslocamentos usando a equação (3.1):

= + +2 2 2, , , ( - 2 ) ( ) i d s k k i s i j j i jp c c u n c u u nρ ρ (3.13)

3.3 IDENTIDADE DE SOMIGLIANA

O procedimento para se obter a Identidade de Somigliana é idêntico ao

apresentado para problemas elastostáticos, utilizando a solução fundamental de Kelvin,

n

s

S

Ω

52

que representa fisicamente o efeito de uma carga unitária estática atuando em um

domínio infinito. A versão correspondente ao problema tratado aqui pode ser obtida

diretamente, pela substituição da componente da força de volume ib por iuρ na

equação (2.37).

Assim:

* *( , ) ( , ) ( , ) ( ) - ( , ) ( , ) ( ) k i ki i kiu s t p Q t u s Q d Q u Q t p s Q d QΓ Γ

= Γ Γ +

* ( , ) ( , )ki iu s q u Q tρΩ

+ (3.14)

onde, com exceção dos tensores fundamentais, todas as variáveis envolvidas na

análise são também função da variável tempo.

A formulação baseada na equação (3.14) é recomendada devida a sua

simplicidade e universalidade. O problema está no fato de que, para essa formulação, a

integral inercial é estendida a todo o domínio, o que acarreta um esforço adicional de

discretização.

3.4 EQUAÇÃO INTEGRAL DE CONTORNO

A Identidade de Somigliana (3.14) é válida para pontos s contidos no interior do

corpo ( Ω ). Quando o ponto fonte está no contorno ( Γ ) a obtenção de uma expressão

similar é elaborada através do processo limite apresentado na seção 2.11 . A equação

integral fica:

53

* * ( ) ( ) ( , ) ( , ) - ( , ) ( , ) ij j ij j ij jC S u S u S Q p Q t d p S Q u Q t dΓ Γ

= Γ Γ +

* ( , ) ( , ) ij ju S q u q t dρΩ

+ Ω (3.15)

3.5 EQUAÇÃO INTEGRAL PARA PONTOS EXTERNOS

A equação integral para pontos externos é muito útil em problemas com

descontinuidade de reações de contorno, ocasionada por deslocamentos prescritos.

Considera-se o campo virtual de deslocamentos como causado por uma carga unitária

que não esteja contida na região ocupada pelo corpo estudado. A equação será:

* *

*

0 ( , ) ( , ) - ( , ) ( , )

( , ) ( , )

ij j j ij

ij j

u s Q p Q t d u Q t p s Q d

u S q u q t dρ

Γ Γ

Ω

= Γ Γ +

+ Ω

(3.16)

3.6 EQUAÇÃO INTEGRAL DAS COMPONENTES DE TENSÃO

A expressão para se calcular as tensões nos pontos internos do sólido em

estudo é obtida substituindo o valor de (equação (3.14) ) na relação tensão deformação

dada pelas equações (2.9) e (2.8):

54

*

*

*

( , ) ( , ) ( , ) ( ) -

- ( , ) ( , ) ( )

( , ) ( , ) ( )

ij ijk k

ijk k

ijk k

s t u s q p q t d q

p s q u q t d q

u s q u q t d q

σ

ρ

Γ

Γ

Ω

= Γ

Γ +

+ Γ

(3.17)

onde os valores de são dados pela equação (2.54).

3.7 VIBRAÇÕES LIVRES DE CORPOS FINITOS

A equação diferencial que governa a vibração livre de um corpo elástico, linear,

homogêneo e isótropo pode ser escrita como:

, ij j i ib uσ ρ+ = (3.18)

É um caso de movimento governado pela equação de Navier-Cauchy, com

condições de contorno homogêneas. A equação geral em termo dos deslocamentos,

suprimindo as forças de volume, fica:

, , ( ) i jj j ji iG u G u uλ ρ+ + = (3.19)

Uma alternativa para se obter as freqüências naturais e os modos de vibração de

uma estrutura, (BREBBIA e NARDINI, 1982) é a utilização da solução fundamental de

Kelvin, apresentada no item 2.10.

O problema se reduz ao estudo de autovalor e autofunção a ele associado, e, a

equação do movimento (3.19) se simplifica para:

2, , ( ) i jj j ji iG u G u uλ ρ ω+ + = (3.20)

55

onde ω é a freqüência natural.

As condições de contorno são:

1

2

( , ) 0

( , ) 0

i

i ij j

u S t S

p S t n Sσ

= ∈ Γ

= = ∈ Γ

(3.21)

e as condições iniciais:

0 0

0 0 0

0

( , )

( , ) ( , ) , 0

i i

i i i

t t

u s t u

u s t u s t v s tt =

=

∂ = = ∈ Ω = ∂

(3.22)

A equação integral fica:

* * ( ) ( ) ( , ) ( , ) - ( , ) ( , ) -ki i ki i ki iC S u S u S Q p Q t d p S Q u Q t dΓ Γ

= Γ Γ

2 * ( , ) ( )kiu S q d qω ρΩ

− Ω (3.23)

56

CAPÍTULO 4 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE

CONTORNO (MEC)

57

4.1 FORMULAÇÃO ESTÁTICA

4.1.1 INTRODUÇÃO

A equação integral de contorno para problemas estáticos (2.54) pode ser escrita

como:

* *

*

( ) ( ) ( , ) ( ) ( ) - ( , ) ( ) ( )

( ) ( , ) ( )

ki i ki i ki i

i ki

C S u S u S Q p Q d Q p S Q u Q d Q

b q u S q d q

Γ Γ

Ω

= Γ Γ +

+ Ω

(4.1)

A obtenção de soluções analíticas fechadas, para a maioria dos problemas no

campo da engenharia, apresenta grandes dificuldades. Para evitar que os problemas

possíveis de serem resolvidos se restrinjam aos que se consegue a solução analítica,

transforma-se a equação (4.1) num conjunto de equações algébricas que possam ser

resolvidas por procedimentos numéricos.

Essa transformação envolve a discretização do contorno em uma série de

elementos sobre os quais os deslocamentos e forças de superfície são interpolados por

funções polinomiais associadas a certo número de nós, ou pontos nodais, do elemento.

Os valores ligados aos nós são chamados valores nodais.

A equação (4.1) é escrita, em forma discretizada, para cada ponto fonte aplicado

nos pontos funcionais, e assim as integrais sobre cada elemento são determinadas.

Conseqüentemente o sistema de equações algébricas com valores nodais de

deslocamentos e forças de superfície é obtido para a estrutura.

58

Figura 4-1- Discretização do contorno.

As condições de contorno e as equações de compatibilidade e equilíbrio nos

pontos nodais são impostas e o sistema pode então ser resolvido. Com a solução do

sistema são obtidos os deslocamentos e forças de superfície no contorno. Isso

possibilita os cálculos dos valores dos deslocamentos e tensões em quaisquer pontos

do domínio.

A Figura 4-2 ilustra os elementos que serão utilizados nesse trabalho.

1x

2x

Ω

nós

n

Γ j

Γ

representação

geométrica do

contorno

59

Figura 4-2 - Tipos de elementos de contorno.

Para facilitar as integrações numéricas sobre os elementos, foram

parametrizadas as coordenadas de cada ponto do elemento com relação aos nós

extremos (elemento linear) ou nós extremos e nó central (elemento quadrático) através

de coordenadas locais homogêneas.

4.1.2 DISCRETIZAÇÃO GEOMÉTRICA E DAS VARIÁVEIS

4.1.2.1 ELEMENTO LINEAR

As coordenadas cartesianas x dos pontos do contorno situados ao longo do

elemento Γj são expressas em termos das coordenadas dos nós e das funções de

interpolação ϕ :

elemento quadratico

elemento linear

60

( ) T Nx xϕ η=

(4.2)

onde:

1

2

x

xx

=

1 2

1 2

0 0

0 0T ϕ ϕ

ϕϕ ϕ

=

(4.3)

1 2 1 11 1 2 2

TNx x x x x=

Figura 4-3 - Descrição geométrica do elemento linear.

As funções aproximadoras )( são dadas por:

elemento

1x11x2

1x

12x

22x

2x

1nó

2nó

1η =

1η = −

η

l

61

[ ]

1

2

1 (1- )

2 -1 , 1

1 (1 )

2

ϕ η

η

ϕ η

=

= +

(4.4)

A aproximação discretizada das variáveis, que são os deslocamentos e forças de

superfície dos pontos do contorno situados ao longo do elemento, é feita da mesma

forma que a discretização geométrica. Eles são expressos em termos dos

deslocamentos e forças de superfície dos pontos nodais, relacionados pelas funções de

interpolação.

Figura 4-4 - Deslocamentos e forças de superfície.

Assim:

T Nu uϕ=

T Np pϕ=

(4.5)

1x

2x

l

1η =

1η = −

2 2 valores nodais de u ou p

1 1 valores nodais de u ou p

1 1 1 1 u ou pϕ ϕ

2 2 2 2 u ou pϕ ϕ

62

com ϕ

definido pela equação (4.4) e:

1

2

u

uu

=

=

1 2 1 21 1 2 2

TNu u u u u

1

2

p

pp

=

=

1 2 1 21 1 2 2

TNp p p p p (4.6)

Surge a necessidade da utilização de tipos diferentes de elementos para

discretização do contorno, uma vez que pode ocorrer descontinuidade de carregamento

ou reações.

Figura 4-5 - Descontinuidade de carregamentos e reações

Serão definidos os elementos lineares utilizados: contínuo, descontínuo e de

transição.

0u =

p pontos com

descontinuidade

63

O elemento contínuo é utilizado quando não há descontinuidade de

carregamento ou reações nas ligações com o elemento vizinho. Nesse elemento os nós

geométricos coincidem com os pontos fontes S.

Figura 4-6 - Elemento linear contínuo.

O elemento descontínuo é aquele em que, para um mesmo ponto, os valores

de carregamentos e/ou reações são diferentes daqueles representados no elemento

vizinho.

Figura 4-7 - Elemento linear descontínuo.

Uma maneira de se tratar esse problema é deslocar os pontos fonte S, que antes

coincidiam com os nós geométricos, para o exterior do corpo. Assim, para esses

pontos, utiliza-se a equação integral de contorno para pontos externos (equação (4.1))

elemento j

1elemento j +

p ou u

1elemento j +

elemento j

− 1elemento j

p ou u

64

com ( ) = 0kiC S . Define-se ‘nós duplos’ na interface dos elementos para garantir a

descontinuidade de carregamentos e/ou reações.

Figura 4-8 - Nó duplo em pontos com descontinuidade.

Para o elemento linear descontínuo, a aproximação da geometria é feita também

pela expressão (4.2), pois os pontos nodais estão localizados nos extremos dos

elementos. A aproximação das variáveis é dada pela expressão (4.5). Os pontos fonte

são deslocados para o exterior, perpendicularmente ao elemento e a uma distância que

depende do comprimento do elemento ao qual pertence.

Figura 4-9 - Novo posicionamento do ponto fonte.

O elemento de transição é aquele em que um de seus nós é tratado como

contínuo e o outro como nó duplo.

1elemento j +

elemento j

p ou u

1elemento j −

ja L

ja L1 jaL +

1 jaL −

1elemento j +

elemento j

− 1elemento j

p ou u

nós duplos

nós duplos

65

Figura 4-10 - Elemento de transição.

4.1.2.2 ELEMENTO QUADRÁTICO

Seja um trecho curvo do contorno definido por três pontos nodais, dois nas

extremidades e um na metade do seu comprimento (Figura 4-2 b). As coordenadas

dos pontos pertencentes ao elemento jΓ podem ser calculadas pela equação (4.2)

com:

1 2 3

1 2 3

0 0 0

0 0 0

T ϕ ϕ ϕϕ

ϕ ϕ ϕ

=

=

1 2 3 1 2 31 1 1 2 2 2

TNx x x x x x x (4.7)

1elemento j +

elemento j

p ou u

1elemento j − Nós Duplos

66

Figura 4-11 - Descrição geométrica do elemento quadrático.

As funções aproximadoras ( )ϕ η são polinômios quadráticos dependentes da

variável homogênea η , com características de funções de forma, isto é, cada uma tem

valor unitário para um nó e zero para os outros dois (Figura 4-12):

1

2

3

1 ( - 1)

2

1 (1 )

2

(1 - )(1 )

ϕ η η

ϕ η η

ϕ η η

=

= +

= +

(4.8)

1=η

0=η

1η = −

2x

1x

22x

32x

12x

21x 1

1x31x

67

Figura 4-12 - Funções de interpolação quadráticas.

Sendo o contorno curvo (Figura 4-13), a avaliação das integrais da equação (4.1)

requer o uso do Jacobiano, pois iϕ é função de e as integrais são relativas ao

contorno Γ .

Figura 4-13 - Notação para contorno curvo.

Assim, o Jacobiano da transformação é dado por:

2 21 2

x x dJ

dη η η

∂ ∂ Γ= + =

∂ ∂ (4.9)

22

rdx

x

11

rdx

x

1x

2x

Γ

r

68

Para o elemento linear 2L

J = , onde L é o comprimento do elemento. O cálculo

do Jacobiano para esse elemento está no Anexo 2.

Portanto:

d J dηΓ =

O elemento quadrático, da mesma forma que o linear, pode ser contínuo,

descontínuo ou de transição. Para o elemento descontínuo ou de transição faz-se o

mesmo procedimento adotado para o linear, com o ponto fonte deslocado para o

exterior e a utilização de nós duplos na solução dos problemas de descontinuidade.

4.1.3 EQUAÇÕES INTEGRAIS NA FORMA MATRICIAL

A equação integral de contorno (4.1) com a eliminação dos termos inerciais

torna-se:

* *( ) ( ) ( , ) ( ) ( ) - ( , ) ( ) ( )ki i ki i ki iC S u S u S Q p Q d Q p S Q u Q d Q

Γ Γ

= Γ Γ (4.10)

A etapa seguinte baseia-se na utilização do MEC como ferramenta numérica

propriamente dita. Isto consiste na discretização da equação integral e na formação de

um sistema matricial preparado para sua posterior solução computacional.

Tendo discretizado o contorno Γ em elementos jΓ definidos por seus nós,

simples ou duplos, que permitem uma aproximação das variáveis parametrizadas por

seus valores nodais, a equação integral (4.10) será substituída por um somatório de

todas as integrais desenvolvidas em cada elemento jΓ , chegando-se a:

69

* *

1 1

( ) ( ) NE NE

N NT Tj jki i

j jj j

C u p d u u d pϕ η ϕ η= =Γ Γ

+ Γ = Γ

(4.11)

sendo NE o número de elementos e N ju

ou N jp

os vetores Nu

ou Np

do j-ésimo

elemento.

A equação (4.9) permite a transformação da integral para a coordenada

adimensional η , através do Jacobiano. Desse modo a equação (4.11) fica:

1*

1 -1

1*

1 -1

( )

= ( )

NENT j

ki i

j

NENT j

j

C u p J d u

u J d p

ϕ η η

ϕ η η

+

=

+

=

+ =

(4.12)

Desenvolvendo-se as integrais da equação (4.12) pode-se escrever para cada

ponto S:

1

2

1 2ˆ ˆ ˆ ˆ( ) ( ) ... :S S SS SN

S

N

U

U

C S U S h h h h

U

U

+ =

70

1

2

S1 S2 SS SN

S

N

P

P

g g ... g g :

P

P

=

(4.13)

onde N é o número total de nós. As submatrizes SK SKh e g

contêm os coeficientes de

influência no ponto nodal S do nó K, pertencente ao elemento j. Sua dimensão é 2x2 no

caso bidimensional e seu desenvolvimento será detalhado no item 4.1.4.

Aplicando a equação (4.13) aos N nós do contorno, obtém-se um sistema de 2N

equações lineares, contendo 2N incógnitas, entre elas deslocamentos e forças de

superfície:

11 12 1111 12 1 1

21 21 2221 22 2 2

1 2 1 2

....

....

:: : : : :: : : :

.. ..

(

NN

NN

NN N NN NN N NN

g g gUh h h P

g g gUh h h PC

Uh h h Pg g g

+ =

ˆ ) C H U G P+ =

(4.14)

onde U e P

contém respectivamente os deslocamentos e as forças de superfície dos

pontos nodais, ˆˆ e H G

são as matrizes de coeficientes de influência da estrutura e C

é

a matriz cujos elementos dependem da geometria, dada pela expressão (3.37).

Incorporando a matriz ˆ em C H

, resultando H

, o sistema de equações pode ser

escrito como:

71

H U G P=

(4.15)

Num problema com N nós, o sistema (4.15) representa 2N equações lineares

algébricas, no qual 1N deslocamentos e 2N forças são conhecidos. O número total de

deslocamentos ( 1N ) e forças ( 2N ) prescritas deve ser igual a N. Com essas condições

de contorno, o sistema é agora composto de N equações correspondentes aos N

pontos nodais definidos no contorno.

Reorganizando as matrizes e H G

, para obter uma matriz A

, contendo os

coeficientes referentes às incógnitas ao problema, e um vetor B

, contendo a soma das

contribuições de H e G

referentes aos valores prescritos, obtém-se um sistema de

equações:

A X B=

(4.16)

onde X

é o vetor das incógnitas.

Esse sistema pode ser resolvido através das técnicas usuais do cálculo numérico,

obtendo-se assim os deslocamentos e forças de superfícies desconhecidos.

A partir dos valores do contorno, podem-se calcular os deslocamentos e as

tensões em qualquer ponto do domínio. Para isto, utiliza-se a equação (3.23), escrita na

forma matricial:

1*

1 -1

1*

1 -1

( ) ( , ) ( ) -

- ( , ) ( )

NEN j

j

NEN j

j

u s u s Q J d p

p s Q J d u

ϕ η η

ϕ η η

+

=

+

=

=

(4.17)

72

sendo s e e N Nj jp u∈ Ω

valores já determinados.

A equação (4.17) pode ser escrita como:

' U H U G P= − +

(4.18)

De maneira análoga, a equação integral (3.44) para cálculo de tensões será

substituída por:

1

1 1

1

1 1

( ) ( , ) ( ) -

- ( , ) ( )

NEN j

j

NEN j

j

s D s Q J d p

S s Q J d u

σ ϕ η η

ϕ η η

+

= −

+

= −

=

(4.19)

ou:

' ' H U G Pσ = − +

(4.20)

sendo ' ' e H G

as matrizes que se obtém ao realizar as integrais da equação (4.19).

4.1.4 MATRIZ DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA DO ELEMENTO

As submatrizes ~ ~

e SK SKh g obtidas a partir da equação (4.12) dependem somente

da solução fundamental utilizada e da geometria do contorno, pois:

73

1*

-1

1*

-1

( ) ( , ) ( , )

( ) ( , ) ( , )

m mki ki

m mki ki

h S p S Q Q J d

g S u S Q Q J d

ϕ η η

ϕ η η

+

+

=

=

(4.21)

onde:

m = indica a função aproximadora utilizada;

i = direção da carga unitária no ponto fonte;

k = direção da força(ou deslocamento) sobre o elemento em estudo;

= coordenada adimensional sobre o contorno;

S = ponto fonte, onde a carga unitária é aplicada, para o qual se escreve a

equação. Pode estar no contorno (S), no domínio(s) ou externo (f);

Q = ponto do elemento integrado.

O cálculo das integrais da expressão (4.21) é realizado levando-se em conta a

coincidência ou não do ponto fonte com um dos nós do elemento do contorno.

Quando o ponto fonte não está contido no elemento considerado, utiliza-se

integração numérica de Gauss, dada por:

( )1

11

( )n

i i

i

f d w fη η η+

=−

= (4.22)

onde:

74

iw = fator peso associado a cada ponto;

n = total de pontos de integração;

iη = coordenada do i-ésimo ponto de integração.

Para que se obtenham resultados suficientemente precisos, deve-se escolher o

número de pontos de integração, levando-se em conta:

a) a função a ser integrada;

b) o comprimento do elemento;

c) a distância do ponto fonte ao elemento;

d) o ângulo formado pelo vetor posição.

No Anexo 3 estão listados os pontos de integração, as coordenadas

adimensionais desses pontos e o fator peso.

Quando o ponto fonte pertence ao elemento, a integração é realizada

analiticamente devido à singularidade apresentada quando r = 0. As integrais analíticas

serão aplicadas para os elementos contínuos.

Para o elemento linear as funções aproximadoras são:

1

- 1 0

1 - > 0

r a

L

r a

L

ϕ

+ Γ ≤

=

+ Γ

(4.23)

75

2

- 0

> 0

a r

L

a r

L

ϕ

Γ ≤

=

+ Γ

(4.24)

Figura 4-14- Elemento a ser integrado.

4.1.4.1 SUBMATRIZ G

Os termos da submatriz g

são dados pela expressão:

* m mki kig u dϕ= Γ (4.25)

onde m indica a função aproximadora utilizada.

A expressão para o cálculo da função de Interpolação 1ϕ é dada pela integral:

1 2

r r

a L a−

L

Γ

ponto de integração

76

1 *1 , , 1

, ,0

-

, ,0

-1 (3 - 4 ) ln -

8 (1- )

1 ( - ) (3 - 4 ) ln - 1

8 (1- )

-1 ( ) (3 4 ) ln - 1-

8 (1- )

ki ki k i

a

ki k i

L a

ki k i

u d r r r dG

r ar r r dr

G L

r ar r r dr

G L

ϕ ν δ ϕπ ν

ν δπ ν

ν δπ ν

Γ = Γ

− = + +

+ + −

(4.26)

Resolvendo as integrais e rearranjando os termos chega-se a:

[ ]1 *

2 2

, ,

-1 ( - ) ( - ) (3 4 ) ln ln( - ) -

8 (1- ) L 2

( - ) - L (2ln -1) (3 - 4 )

4 4 2

ki ki

ki k i

L au d L a a a L a

G

L a a La r r

ϕ δ νπ ν

δ ν

Γ = − +

+ + −

(4.27)

Para o ponto fonte aplicado no nó inicial (a = 0):

1 *, , (3 4 ) (1,5 - ln L) -

16 (1- )ki ki k i

Lu d r r

Gϕ ν δ

π ν Γ = − (4.28)

Para o ponto fonte aplicado no nó final (a = L):

1 *, , (3 4 ) (0,5 - ln L)

16 (1- )ki ki k iL

u d r rG

ϕ ν δπ ν

Γ = − + (4.29)

A expressão para o cálculo da função de Interpolação 2ϕ é dada pela integral:

77

2 *, , 2

, ,0

-

, ,0

-1 (3 4 ) ln -

8 (1- )

-1 - (3 4 ) ln -

8 (1- )

-1 (3 4 ) ln -

8 (1- )

ki ki k i

a

ki k i

L a

ki k i

u d r r r dG

a rr r r dr

G L

r r rG

ϕ ν δ ϕπ ν

ν δπ ν

ν δπ ν

Γ = − Γ =

= − +

+ −

a r

drL

+

(4.30)

Calculando as integrais e rearranjando os termos chega-se a:

2 2 22 *

2

, ,

-1 (3 - 4 ) ln( - ) ln -

8 (1- ) L 2 2

- L - 2 4 2

ki ki

k i

L a au d L a a

G

a L Lr r

ϕ δ νπ ν

−Γ = +

+

(4.31)

Para o ponto fonte aplicado no nó inicial (a = 0):

2 *, , (0,5 - ln L)(3 - 4 )

16 (1- )ki ki k i

Lu d r r

Gϕ ν δ

π ν Γ = + (4.32)

Para o ponto fonte aplicado no nó final (a = L):

2 *, , (3 - 4 ) (1,5 - ln L)

16 (1- )ki ki k iL

u d r rG

ϕ ν δπ ν

Γ = + (4.33)

4.1.4.2 SUBMATRIZ H

Os termos da submatriz h

são dados por:

78

* m mki kih p dϕ= Γ (4.34)

O valor de *kip vem da expressão (3.26):

( )*, , , ,

-1 1- 2 2 - (1- 2 )( - )

4 (1- ) ki ki k i k i i kr

p r r r n r nr n

ν δ νπ ν

∂ = + ∂

Nesse caso, em que o ponto fonte pertence ao elemento a ser integrado, r é

ortogonal a n, logo r

n

∂= 0 e:

*, ,

1 (1 2 )( -

4 (1- ) ki k i i kp r n r nr

νπ ν

= − (4.35)

A expressão para o cálculo da função de Interpolação 1ϕ é dada pela integral:

( )( )

( )( ) ( )

( )

1 *, , 1

, ,0

-

0

1 1- 2 -

4 (1- )

-1 1 1 2 - 1

4 (1- )

1 1-

ki k i i k

a

k i i k

L a

p d r n r n dr

r ar n r n dr

r L

r adr

r L

ϕ ν ϕπ ν

νπ ν

Γ = Γ

= − + +

+ +

(4.36)

Para o ponto fonte aplicado no nó final ( a = L ):

1 * 1- 2 -

4 (1- )kip d Kν

ϕπ ν

Γ =

(4.37)

Onde:

79

0 se

1 se >

-1 se <

K i

K K i

K i

=

=

(4.38)

A expressão para o cálculo da função de Interpolação 2ϕ é dada pela integral:

( )( )( )

( )( )( )

2 *, 2

, ,0

-

0

1 1 2 -

4 1-

1 1 - 1 2 - -

4 1-

1 -

ki k i i k

a

k i i k

L a

p d r n r n dr

a rr n r n dr

r L

a rdr

r L

ϕ ν ϕπ ν

νπ ν

Γ = − Γ

= −

+

(4.39)

Para o ponto fonte aplicado no nó inicial (a = 0):

2 * 1- 2

4 (1 )kip d Kν

ϕπ ν

Γ =

− (4.40)

Nos casos em que o ponto fonte é aplicado no nó inicial do elemento com a

função de interpolação 1ϕ e o ponto fonte é aplicado no nó final com a função de

interpolação 2ϕ , a integral deve ser calculada sob o conceito do valor principal de

Cauchy. A integral sobre os dois elementos que contém o nó deve ser feita

simultaneamente para eliminar a singularidade. Não é possível expressar o valor de mkih

individualmente, mas o valor total de cada componente da submatriz kiH

correspondente ao nó em estudo pode ser calculado como:

80

2

1

1- 2 ln

4 (1 )ki

LH K

L

ν

π ν

=

− (4.41)

Figura 4-15- Integrais simultâneas para ~h quando o ponto fonte está na interface.

Nas expressões(4.40) e (4.41) o valor de K é dado por (4.38).

É possível verificar a precisão das integrais realizadas sobre elementos de

contorno através de uma propriedade da matriz (equação (4.15))

Impondo a condição de que translações de corpo rígido correspondem a forças

de superfície nulas, aplicam-se duas translações independentes 1 2 e k k k ku uδ δ= =

e chega-se a seguinte relação:

1

0N

nm mn

m

h u=

= ( n = 1,........, N) (4.42)

sendo nmh

submatrizes (2 X 2) de H

e mu

as translações escritas como:

mu I= (4.43)

onde I representa a matriz identidade de ordem 2.

1ϕ 2ϕ

1J =2J =

1

1

2

2

81

Assim:

11 12 1

21 22 2

1 2

... 0

::...

::: : : :0...

N

N

N N NN

h h h I

h h h

Ih h h

=

(4.44)

Onde:

1

0 N

nmki

m

h=

= ( n , i , k = 1,......, N) (4.45)

4.1.5 CONDENSAÇÃO DE DESLOCAMENTOS EM NÓS DUPLOS

Quando se utiliza os nós duplos para melhor representar as descontinuidades de

força ou deslocamento num ponto do contorno, criam-se linhas e colunas iguais nas

matrizes H e G

, uma vez que as ordenadas são as mesmas para os dois nós.

Na formulação estática, quando são impostas as condições de contorno, esse

problema desaparece, pois sempre um dos nós tem deslocamento ou força conhecidos.

Na formulação dinâmica, através da reciprocidade dual (3.2.2) há a necessidade

de se inverter a matriz F

, que relaciona aceleração u

com o vetor α , dependente do

tempo. Com os nós duplos, as linhas e colunas de F

, correspondentes a esses nós,

são linearmente dependentes e a matriz não pode ser invertida.

82

Uma solução para esse problema, proposta nesse trabalho, é um arranjo de

matrizes, eliminando linhas e colunas de um dos nós duplos. Essa proposta foi testada

nos problemas estáticos, com soluções conhecidas, para comprovar sua validade. O

mesmo raciocínio, de maneira ampla, será utilizado na resolução dos problemas

dinâmicos.

Na formulação estática, o sistema de equações tem a forma (4.15):

H U G P=

onde e H G

são matrizes quadradas de ordem 2N , sendo N o número de nós do

problema.

Faz-se uma distinção entre os dois tipos de condição de contorno: 1Γ será a

região do contorno em que os deslocamentos são prescritos, e 2Γ onde as forças são

prescritas.

Impondo-se as condições de contorno do problema, chega-se o sistema:

ˆˆ H U G P=

(4.46)

O novo vetor U

contém apenas forças e deslocamentos incógnitos e o vetor P

contém os valores conhecidos.

Os vetores U

(P

) podem ser particionados definindo-se:

( )M MU P

= deslocamentos (forças) em nós duplos considerados “master”;

( )D DU P

= deslocamentos (forças) em nós duplos considerados “dependentes”;

83

( )I IU P

= deslocamentos (forças) em nós não duplos chamados

“independentes”.

A equação (4.46) é rescrita na forma:

ˆ ˆ ˆˆ ˆ ˆ

ˆ ˆ ˆˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ

DD DM DIDD DM DI D D

MD MM MI M MD MM MI M

I IID IM II ID IM II

G G GH H H U P

H H H U G G G P

U PH H H G G G

=

(4.47)

com ˆˆ e ij ijH G

s submatrizes da partição.

Sabe-se que:

M DU U=

(4.48)

Da imposição (4.48) escreve-se:

0

0

0

DM M

MI I

I

U IU U

U I AU U

U I

= =

(4.49)

Substituindo a equação (4.49) em (4.47) e pré-multiplicando o sistema resultante

por TA

:

84

=

ˆ ˆ ˆ 00 ˆ ˆ ˆ 0

0 0ˆ ˆ ˆ 0

ˆ ˆ ˆ0 ˆ ˆ ˆ =

0 0ˆ ˆ ˆ

DD DM DI

M

MD MM MI

I

ID IM II

DD DM DI D

MD MM MI M

ID IM II

H H H IUI I

H H H IUI

IH H H

G G G PI I

G G G PI

G G G

IP

(4.50)

Efetuando o produto das matrizes, chega-se a:

ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ

ˆ ˆ ˆ

ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ

ˆ ˆ ˆ

DD MD DM MM DI MI

M

I

ID IM II

DD MD DM MM DI MI D

M

IID IM II

H H H H H HU

UH H H

G G G G G G P

P

PG G G

+ + + +

= +

+ + +

=

(4.51)

Na equação (4.51) foram eliminados os deslocamentos incógnitos nos nós

duplos dependentes, no lado esquerdo da equação.

A comparação dos resultados obtidos através da metodologia de condensação

de matrizes com aqueles que utilizam a maneira tradicional estão no Quadro (6.6).

4.2 FORMULAÇÃO DINÂMICA

4.2.1 INTRODUÇÃO

A equação integral de contorno que governa o comportamento dinâmico dos

corpos (5.2) é escrita como:

85

* *( ) ( ) ( , ) ( , ) ( ) - ( , ) ( , ) ( ) ki i ki i ki iC S u S u S Q p Q t d Q p S Q u Q t d Q

Γ Γ

= Γ Γ +

* ( , ) ( , ) ( )ki iu S q u q t d qρ

Ω

+ Ω (4.52)

No caso de vibrações livres, analisadas no item (5.6), a equação integral tem a

forma:

* *( ) ( ) ( , ) ( , ) ( ) - ( , ) ( , ) ( ) -ki i ki i ki iC S u S u S Q p Q t d Q p S Q u Q t d Q

Γ Γ

= Γ Γ

2 * ( , ) ( )kiu S q d qω ρ

Ω

− Ω (4.53)

Do mesmo modo que para a formulação estática, será realizada a transformação

das equações (4.52) e (4.53) num conjunto de equações algébricas que possam ser

resolvidas pelo Método dos Elementos de Contorno.

O contorno Γ do corpo analisado vai ser discretizado em elementos jΓ , exatos

ou aproximados, onde se interpolam as variáveis físicas do problema. A discretização

geométrica (4.2) é válida também para essa análise.

As integrais de domínio que aparecem no último termo da direita nas equações

(4.52) e (4.53) foram resolvidas de duas maneiras, descritas a seguir.

Inicialmente as integrais de domínio foram resolvidas pela Técnica da

Reciprocidade Dual, idealizada por Nardini e Brebbia em 1982. Ela emprega

diretamente a solução fundamental da estática, associada a um procedimento de

substituição de variáveis, que visa eliminar as integrais de domínio existentes mediante

a aplicação do Teorema da Reciprocidade de Betti uma outra vez. Na análise de

86

problemas de vibração livre e transiente será utilizada a condensação das matrizes,

proposta no item anterior, na formação do sistema de equações.

Em seguida, apresenta-se na seção (4.2.3) o método da integração direta, que

transforma os termos da integral de domínio em algébricos, com o emprego da técnica

da discretização em células.

4.2.2 FORMULAÇÃO COM RECIPROCIDADE DUAL

O Método da Reciprocidade Dual consiste num modo geral de se construir

soluções particulares que podem ser usadas para resolver problemas não lineares ou

dependentes do tempo, como também para representar qualquer distribuição de carga

em pontos internos, ou seja, pontos do domínio. É uma formulação que, mediante o uso

de funções auxiliares, permite a transformação das integrais de domínio em integrais de

contorno, de acordo com os procedimentos clássicos do Método dos Elementos de

Contorno.

Para a formulação da equação integral com a solução fundamental estática,

podem-se restringir as influências externas somente para o contorno e, nesse caso, a

equação (4.4) fica:

, - 0ij j iuσ ρ = (4.54)

O Teorema da Reciprocidade de Maxwell-Betti, que relaciona dois modos de

deslocamentos independentes, pode ser escrito como:

( ) ( )* * * *, , - - ki ij j i kij j ki i i kiu u d u p u p dσ σ

Ω Γ

Ω = Γ (4.55)

Na equação (4.55) iu é o primeiro campo de deslocamentos, com as tensões ijσ

e as forças ip , e *iu o segundo campo de deslocamentos com tensões *

ijσ e forças *ip .

87

Esse campo de deslocamentos é virtual e pode ser associado à solução da equação

estática com carga pontual, ou seja, à solução de:

*, ( - ) 0kij j ki xσ δ ξ+ ∆ = (4.56)

onde:

( )

( )

0 para

1

x x

x d

ξ ξ

ξ

Ω

∆ − = ≠

∆ − Ω =

(4.57)

A solução da equação (4.57) é *kiu e a força correspondente *

kip . Com as

equações (4.56), (4.57), (4.55), obtém-se:

* * *, - - ij j ki ki i ki i ki iu d c u u p d p u dσ

Ω Γ Γ

Ω = + Γ Γ (4.58)

Substituindo (4.54) em (4.58), com ρ constante:

* * * = ki i ki i ki i i kic u p u d u p d u u dρ

Γ Γ Ω

+ Γ Γ + Ω (4.59)

Para a solução dessa equação integral, é possível utilizar a solução fundamental

simples evitando assim a solução fundamental dependente do tempo utilizada no

Método dos Elementos de Contorno convencional. Entretanto, a presença do integral no

volume indica que uma discretização adicional no domínio é necessária. Nardini e

Brebbia [1985] transformaram essa integral de volume numa integral no contorno,

utilizando a solução fundamental da elastostática e chegando ao Método da

Reciprocidade Dual (DRM).

88

De maneira análoga ao caso mais simples, que é a equação de Poisson, o

Método da Reciprocidade Dual propõe o uso de uma série de soluções particulares iu

para a função deslocamento, ao invés de uma única solução u . O número de soluções

iu utilizados é igual ao número de pontos nodais total do problema analisado (m), ou

seja, a soma dos nós do contorno com os pontos internos.

O deslocamento ( , )iu tξ é expresso como a soma de m funções ( )jf ξ , que

dependem da geometria, multiplicadas pelas funções incógnitas ( )ji tα , que dependem

do tempo:

( , ) ( ) ( )j ji iu t t fξ α ξ= (4.60)

com somatório de j = 1 até m, sendo o ponto ξ um ponto qualquer do domínio.

O índice j da função de interpolação jf mostra sua associação com o ponto j, o

qual é também um dos m pontos de colocação.

A aceleração fica:

( , ) ( ) ( )j ji iu t t fξ α ξ= (4.61)

A expansão (4.61) é válida sobre todo o domínio, como no caso de um super-

elemento.

A integral de domínio do lado esquerdo da equação (4.59) pode ser escrita

como:

* * * j j j ji ki ki li kii lu u d f u d f u dα α δ

Ω Ω Ω

Ω = Ω = Ω (4.62)

89

Essa integral de domínio pode ser transformada numa equação integral de

contorno equivalente. O primeiro passo é procurar a solução do problema estático com

contorno infinito, ou seja, a solução de:

lim, 0jm li fσ δ+ = (4.63)

O índice j representa a base da função carregamento, os índices l e i são

respectivamente, a direção em que o carregamento ( )jf ξ atua e a direção do

deslocamento ou força de superfície resultante.

A solução da equação (4.63) em termos de deslocamentos será chamada de jliψ

e as suas correspondentes forças de superfície serão jli . Essas duas funções

dependem exclusivamente das funções jf , que são arbitrárias.

Pode-se reduzir a equação de domínio (4.62) a uma equação de contorno,

através da transformação (4.58):

* * * *lim, - - j j j j j

li ki ki ki ki kim li li lif u d u d c u d p dδ σ ψ η ψ

Ω Ω Γ Γ

Ω = Ω = Γ + Γ (4.64)

Substituindo esse resultado em (4.62) e rearranjando (4.59), tem-se:

* *

* *

-

- 0

ki i ki i ki i

j j j jki ki kili li li l

c u p u d u p d

c p d u dρ ψ ψ η α

Γ Γ

Γ Γ

+ Γ Γ +

+ + Γ Γ =

(4.65)

Essa é a equação de contorno cuja solução numérica vai ser calculada, através

do Método dos Elementos de Contorno.

90

No procedimento descrito acima foi utilizada a aplicação do Teorema da

Reciprocidade de Betti uma segunda vez, na transformação da integral de domínio em

uma soma de integrais de contorno. Daí o nome de Reciprocidade Dual.

Aplicando-se uma força unitária em cada nó, a qual produz um campo de

deslocamento *kiu , a equação (4.65) se torna um sistema de equações da forma:

* *

* *

( ) ( ) ( , ) ( ) - ( , ) ( )

( ) ( ) ( , ) ( ) - ( , ) ( ) 0

ki i ki i ki i

j j j jki ki kili li li l

c A u A p A B u B d u A B p B d

c A A p A B B d u A B B dρ ψ ψ η α

Γ Γ

Γ Γ

+ Γ Γ +

+ + Γ Γ =

(4.66)

onde A é o n-ésimo ponto nodal e B é o ponto de integração no contorno.

Os deslocamentos u e as forças de superfície p dos pontos do contorno são

expressos em termos dos deslocamentos e forças de superfície nodais, relacionados

pelas funções de interpolação nϕ ,de acordo com a equação (4.6):

T ni

T n

u u

p u

ϕ

ϕ

=

=

Para uma classe de funções jf escolhidas, as funções e são conhecidas no

contorno e as integrais que as contém podem ser calculadas como na equação (4.66).

Porém, se for utilizado na aproximação o mesmo conjunto de funções de interpolação

ϕ

, os coeficientes serão os mesmos, e o trabalho computacional torna-se menor.

Assim:

91

j n nj

li li

j n nj

li li

ψ φ ψ

η φ η

=

=

(4.67)

onde n é a numeração local dos nós de cada elemento, e nj njli lieψ η são os valores

nos nós das funções j jli lieψ η correspondentes a uma base genérica.

Substituindo-se as equações (4.6) e (4.67) em (4.66), resulta uma expressão

para a equação integral que pode ser escrita na forma de um somatório de integrais

sobre todos os elementos eΓ que compõem o contorno Γ . Assim:

* *

1

* lij

1

* lij

( ) ( , ) ( ) - ( , ) ( ) ( )

( ) ( , ) ( ) ( ) -

- ( , ) ( ) ( )

NET T

ki ki i ki i

ee e

NEj T

ki kilie e

T

ki

e

c A p A B d B U u A B B d B P

c A p A B B d B

u A B B d B

ϕ ϕ

ρ ψ ϕ ψ

ϕ η

= Γ Γ

= Γ

Γ

+ Γ Γ +

+ + Γ

Γ

0j

lα =

(4.68)

Seguindo o procedimento do item (4.1.3) chega-se ao sistema de equações

lineares, expresso em termos das matrizes globais:

- ( - ) 0H U G P H Gρ ψ η α+ =

(4.69)

A matriz global H

é formada pelas matrizes nh dos elementos e das matrizes

diagonais nc . A matriz global G

vem das matrizes ng dos elementos. As matrizes ψ

e

η

contêm os valores das funções nos pontos nodais.

92

A definição de pontos internos faz com que as soluções obtidas sejam mais

precisas. Como esses nós não fazem parte dos elementos, suas coordenadas devem

ser dadas de maneira independente. As matrizes da equação (4.69) são particionadas

em submatrizes NC (nós do contorno) e NI (pontos internos). Sendo I a matriz

identidade, escreve-se essa equação como:

-

0 0

. - .

0 0

0

. -

NC NC NC NC

NI NI NI

NC NI

NC

NI NC NI

H U G P

H I U G

H

H I

ψ

ψ

+

+

… … +

+ …

-0

. 0

0 0

NC NI

NC NC

NI NI

G

G

ηα

α

+

… + =

(4.70)

Como as condições de contorno são expressas em termos dos deslocamentos,

toma-se U

como base. A transformação de U

para α

está na equação (4.60).

Aplicando-se essa equação para cada ponto nodal, obtém-se:

U F α=

(4.71)

onde cada coluna da matriz F

consiste de um vetor jf , que contém os valores das

funções jf nos m pontos nodais.

A escolha de um conjunto de funções linearmente independente, de número

igual ao número de pontos nodais, garante que a matriz F

possui inversa. Logo:

93

1

1

F U

F U

α

α

=

=

(4.72)

Substituindo α

na equação (4.71):

H U M U G P+ =

(4.73)

com a matriz de massa dada por:

-1 ( - ) M H G Fρ ψ η=

(4.74)

A escolha de uma classe de funções jf , usadas para aproximação da integral de

domínio vai influenciar os resultados. Para o DRM a função aproximadora tem sido uma

limitação. A função tem que representar uma série independente, quando referida a

vários polos deve levar às soluções particulares da equação diferencial que rege o

equilíbrio de um corpo elástico e ser diferenciável até segunda ordem, para que a

representação integral seja válida. Alguns estudos foram feitos por Loeffler (1988),

Coda (1990), Coda e Venturini (1990) e Golberg et al (1999) com relação à adequação

de alguns tipos de função a certos problemas específicos.

Desde os primeiros trabalhos publicados sobre o assunto tem sido utilizada uma

família de funções escritas em termo da distância Euclidiana entre dois pontos (r).

Funções desse tipo escritas para polos diferentes serão sempre independentes. As

principais conclusões sobre os resultados obtidos com essas funções são que elas não

apenas levam à convergência das soluções, como também reduzem o tempo

computacional necessário na solução de problemas através da utilização do MEC e

DRM.

Neste trabalho é adotada a função:

94

( ) 1 ( , )jjf r Aξ ξ= + (4.75)

onde ( , )jr A ξ é a distância entre o ponto jA , no qual é definida a função, e o ponto ξ .

Com base na expressão (4.75) e na equação de Navier para o caso estático, têm-

se as funções ηψ e :

32

, , , ,(1- 2 ) 10

3 - (5 - 4 ) 30 (1- ) 3li l i li l i

rr r r r r

G G

ν νψ δ

ν ν

= + −

e

( )( )

, , ,

2

, , , , , ,

2 (1- 2 ) 1 1 1

5 - 4 1 2 2 2

4 - 5 - - (1- 5 ) 15 (1- )

li l i i l li j j

li j j l i l i j j i l

r n r n n r r

rn r n r r r r n n r

G

ν νη δ

ν ν

ν δ νν

+ = + + + −

+ +

(4.76)

O cálculo detalhado para a obtenção da expressão da matriz ψ

está no Anexo 4.

Torna-se necessária uma análise do sinal da distância ( , )jr A ξ e de suas

derivadas.

No cálculo dos elementos das matrizes H

e G

é definido um ponto fonte k e a

integração é feita sobre todo o contorno. Então kir é o módulo do vetor kir

, onde i é o

ponto que varia ao longo do contorno (Figura 4-16):

2 2 = ( - ) ( - ) ki i k i kr x x y y+ (4.77)

95

No cálculo dos elementos das matrizes ψ

e η

é definido um ponto fonte i e a

integração é feita sobre todo o contorno. Então ilr é o módulo do vetor ilr

, onde l é o

ponto que varia ao longo do contorno(Figura 4-16):

2 2( - ) ( - ) il l i l ir x x y y= + (4.78)

Figura 4-16 - Vetores kir e ilr .

Como aparecem as derivadas de r nas equações (4.76), um cuidado especial

deve ser tomado para o uso dos sinais corretos, para não acarretar erros na solução do

problema.

4.2.3 FORMULAÇÃO COM INTEGRAÇÃO DIRETA

Uma maneira mais simples para se resolver o problema transiente bidimensional é

aproximar os termos inerciais incógnitos por polinômios interpoladores parametrizados

em células. Essas células são subdomínios que formam a superfície do corpo.

kir

ilr

i

k

l

( ) Ponto Fonte

( ) Ponto Campo

C

Ponto Variável

no ontorno

96

Essa técnica leva à integração de todo o domínio em forma discretizada e os

resultados obtidos são bastante precisos, motivo pelo qual está sendo apresentada.

O problema a ser resolvido, idêntico ao item 4.2.1, com as influências externas

restritas ao contorno, é dado pela equação integral (4.52):

* *( ) ( ) ( , ) ( , ) ( ) - ( , ) ( , ) ( ) ki i ki i ki iC S u S u S Q p Q t d Q p S Q u Q t d QΓ Γ

= Γ Γ +

* ( , ) ( , ) ( )ki iu S q u q t d qρΩ

+ Ω (4.79)

A discretização do domínio por células permite transformar em termos

algébricos, os termos que aparecem na integral de domínio da equação (4.79). A

discretização consiste na divisão do domínio Ω em células triangulares, definidas pelos

seus nós, que são os vértices do triângulo.

Figura 4-17 - Divisão do domínio em células.

97

A posição de cada ponto da célula será dada em função da posição dos vértices,

através das coordenadas homogêneas ξ . Para um ponto q qualquer, pertencente à

célula I, tem-se:

1

~ ~2

q

N

q

xK X

x

=

(4.80)

Onde:

1 2 32~

1 2 3

0 0 0

0 0 0

q q q

q qqK

ξ ξ ξ

ξ ξ ξ

=

1 2 3 1 2 31 1 1 2 2 2~

TN

X x x x x x x=

A equação (4.80) pela qual são calculadas as coordenadas 1 2 e x x do ponto q

como função de ξ (Figura 4-18), pode ser escrita:

1 2 31 1 1 2 1 3 1

1 2 32 1 2 2 2 3 2

q q q q

q q q q

x x x x

x x x x

ξ ξ ξ

ξ ξ ξ

= + +

= + +

(4.81)

Figura 4-18 - Coordenadas homogêneas.

1 0ξ =

2 0ξ =

3 0ξ =

1 2 3( , , )q ξ ξ ξ

1q

2q

3q

1x

2x

98

As variáveis 1 2 3 , q q qeξ ξ ξ são normalmente expressas em função do sistema de

coordenadas 1 2 e x x , como no Método dos Elementos Finitos. Mas, como a integral de

domínio a ser calculada (equação (4.79)) contém a solução fundamental *iku , é mais

conveniente a utilização de coordenadas polares. Isso porque *iku (equação 3.25) é

função do raio r, que é a distância do ponto q ao ponto fonte s, e do ângulo θ entre a

direção 1x e a direção do ponto fonte (Figura 4-19).

Figura 4-19 - Coordenadas polares.

Desse modo, tem-se:

1 11 1

2 22 2

3 33 3

cos 2

cos 2

cos 2

q s

q s

q s

rb a sen

A

rb a sen

A

rb a sen

A

ξ ξ θ θ

ξ ξ θ θ

ξ ξ θ θ

= + +

= + +

= + +

(4.82)

1 0ξ =

2 0ξ =

3 0ξ =

1 2 3( , , )q ξ ξ ξ

1q

2q

3q

1θ3θ2θ

θ

99

Com:

1 2 2 2 1 2 3 2 11 1 1 1 1 1

1 2 3 2 3 1 3 1 22 2 2 2 2 2

1 2 2 1

- - -

- - -

1 ( - )

2

a x x a x x a x x

b x x b x x b x x

A b a b a

= = =

= = =

=

A aproximação discretizada dos deslocamentos é feita da mesma maneira que a

discretização geométrica, ou seja, os valores dos deslocamentos incógnitos do ponto q

serão aproximados linearmente em função dos valores nodais, usando a coordenada

homogênea ξ (Figura 4-20).

Figura 4-20 - Aproximação linear dos deslocamentos.

Assim:

1

~ ~2

q

N

q

uK U

u

=

(4.83)

1x

2x

ju

1

ju

3

ju

2

ju

1q

2q

3q

100

Onde:

1 2 3

~1 2 3

0 0 0

0 0 0

q q q

q q qqK

ξ ξ ξ

ξ ξ ξ

=

1 2 3 1 2 31 1 1 2 2 2~

TN

U u u u u u u=

A equação (4.83) pode ser escrita como:

1 2 31 2 3 q q q q

j j j ju u u uξ ξ ξ= + + (4.84)

com as coordenadas ξ dadas por (4.82).

De modo análogo, obtém-se as expressões para as acelerações 1 2 e u u .

A equação integral (4.79) será escrita como uma soma de integrais sobre os

elementos do contorno e sobre as células do domínio, após a discretização (Figura

4-21):

*

1

*

* ( )

1

( ) ( ) = ( , ) ( ) ( ) -

- ( , ) ( ) ( )

( , ) ( ) ( ) ( )

NET

ki i ki i

ee

ki i

e

NCm

ki j

mm

C S u S p S Q Q d Q U

u S Q Q d Q P

u S q K q d q U q

φ

φ

ρ

= Γ

Γ

= Ω

Γ

Γ +

+ Ω

(4.85)

101

Figura 4-21 - Discretização do domínio e contorno.

É preciso ressaltar que os valores dos deslocamentos internos também são

incógnitos. Escreve-se então a equação para os pontos internos, considerando o ponto

fonte no interior do corpo. Na equação (4.85) isso significa substituir S (ponto do

contorno), por s (ponto do domínio).

Adotando um procedimento análogo ao item (4.1.3), a equação (4.85) pode ser

reescrita como:

1

2

1 2 :ˆ ˆ ˆ ˆ ... ...

:

S S SS SN

S S S

N

U

U

C U h h h hU

U

+ =

102

1

2

1 2

1

2

1 2

: ... ... -

:

:

- ... ... .... :

:

S S SS SN

S

N

S

NS S SS SN Ss SM

s

M

P

P

g g g gP

P

U

U

U

Um m m m m m

U

U

ρ

=

(4.86)

onde ˆ ˆ , SN SNh g

são dadas pela equação (4.21);

ˆ SS ss

SC h h+ =

se S ∈ Γ ;

SC I= se s ∈ Ω ;

SNm

= contém os coeficientes de influência de massa do nó N no ponto nodal S;

N = número de nós do contorno;

M = número de nós total (contorno + internos).

Lembrando que os termos em h

e g

estão relacionados apenas com

deslocamentos e forças do contorno, pode-se escrever de maneira global:

103

11 1 1( 1) 1 1

1 ( 1)

1 ( 1)

.. 0 .. 0

: : : : : : :

.. 0 .. 0

: : : : : : :

: : : : : : :

.. 0 ..

N N M

N NN N N NM N

M MM M N MM M

h h U

h h U

h h I U

+

+

+

=

111 1 1( 1) 1

1 ( 1)

1 ( 1)

11 1

.. 0 .. 0

: : : : : : :.. 0 : 0

- :: : : : : ::: : : : : :

.. 0 : 0

- .. .. .. ..

: .. .. .. .. :

: .. .. .. .. :-

: .

MN N

N NN N N NM N

MM MM M N MM

M

g g P

g g P

Pg g

m m

ρ

+

+

+

=

1

1

:

. .. .. .. : :

: .. .. .. .. : :

.. .. .. ..

N

M MM M

U

U

m m U

− −

(4.87)

onde as submatrizes 0

representam, para índices maiores que N, o não relacionamento

direto entre as variáveis do domínio e os termos do contorno. As submatrizes I

representam a existência de um ponto fonte em s e, por conseqüência, um valor

incógnito a considerar.

A equação (4.87) pode ser escrita:

H U M U G P+ =

(4.88)

Esse problema pode ser resolvido do mesmo modo descrito no item (4.2.1), com o

reagrupamento das matrizes.

104

Com a discretização geométrica do domínio e a aproximação dos deslocamentos

e acelerações, pode-se fazer a integração sobre as células.

O termo que representa a integração sobre uma célula é expresso por:

* ( )

1121

* * 31 2 311 12 1

* * 11 2 321 22 2

2232

( , ) ( ) ( )

0 0 0 .

0 0 0

k

ki j

k

RM M q q q

q q q

Rm m

u S q K q d k U

u

u

u u ur dr d

u u u

u

u

θ

θ

ρ

ξ ξ ξθ

ξ ξ ξ

Ω

Ω =

=

(4.89)

onde:

i

ju é a aceleração na direção ‘j’ do nó ‘i’;

e m Mθ θ são os ângulos extremos de varredura do vetor r (S, q);

e m MR R são os valores extremos que o vetor r (S, q) assume.

Com a representação de ξ em coordenadas polares (equação (4.82)), pode-se

escrever a equação (4.89) como:

*( ) ( )

R RM m M M

ki kij s ki

R Rk m m m m

u K d Z K dr d Y dr d

θ θ

θ

θ θ

θ ζ θΩ

Ω = + (4.90)

onde:

105

*

* 2

1 2 3

~ ( )1 2 3

1 2 3

~ ( ) 1 2 3

.

.

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

ki ki

ki ki

s s s

s s ss

Z u r

Y u r

K

θ θ θ

θ θ θθε

ξ ξ ξ

ξ ξ ξ

ζ ζ ζζ

ζ ζ ζ

=

=

=

=

( )

( )

( )

1 11

2 22

3 33

1 cos

2

1 cos

2

1 cos

2

b a senA

b a senA

b a senA

θ

θ

θ

ζ θ θ

ζ θ θ

ζ θ θ

= +

= +

= +

Os valores de e h hb a são dados por (4.82).

As primitivas em r das funções e ki kiZ Y , determinadas de forma analítica, são

dadas por:

( )

( )

2 2

, ,

33

, ,

1 1 3 - 4 ln -

8 (1- ) 2 2 2

1 1 3 - 4 ln -

8 (1- ) 3 3 3

ki ki ki k i

r

ki ki ki k i

r

r rZ dr M r r r

G

r rY dr N r r r

G

ν δπ ν

ν δπ ν

= = +

= = +

(4.91)

A equação de cada aresta que limita a célula I em estudo é dada por:

106

- 2 ( , )

cos

s

kml k k

AR s

b a sen

ξθ

θ θ=

+ (4.92)

A distância ( , )mlR s θ é a distância do ponto s a um ponto q pertencente ao lado

definido pelos pontos e m lq q , quando o triângulo é definido pelos pontos , e m l kq q q

como na Figura 4-22.

Os limites de integração ( e m MR R ) são dados pela expressão (4.92). Sempre

haverá um dos extremos representados por duas equações diferentes, devendo-se

dividir o intervalo da integração em dois.

Figura 4-22 - Extremos de integração para ponto fonte.

No caso da Figura 4-22, tem-se:

1s

lq

mq

kq

lθkθ

mlR

kmR

107

ln

~ ~

ln

~ ~

( ) ( )

( ) ( )

R Rklo n

ki ki kik lR Rkn kn

k

R Rkll M

ki kik lR Rkn kn

u K s d M d M d K s

N d N d

θ θ

θ θ

θ θ

θ θ

θ θ

ζ θ θ ζ θ θ

Ω

Ω = + +

+ +

(4.93)

onde 1s é o ponto fonte. Desse modo, os valores extremos , , , m M m MR Rθ θ ficam

devidamente definidos (Figura 4-23).

Figura 4-23 - Ponto fonte no vértice da célula.

Uma posição possível para o ponto fonte, não mostrada na figura anterior, é

aquela em que ele coincide com um dos cantos da célula (Figura 4-23). Na equação

integral (4.93), os extremos inferiores da variável R são iguais a zero, e os limites

abaixo devem ser considerados.

0

0

lim 0

lim 0

kir

kir

M

M

+→

=

=

108

0

0

lim 0

lim 0

kir

kir

M

M

+→

=

=

Chamando 1 1 e ki kiM N as matrizes cujos extremos de integração são e kn klR R e

2 2 e ki kiM N quando os extremos são ln e knR R , pode-se escrever a equação (4.93)

como:

1 2

~ ~

1 2

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

l n

ki ki ki

k k l

l n

ki ki

k l

u K s d M d M d K s

N d N d

θ θ

θ θ

θ θ

θ θ

θ θ θ θ

θ ζ θ θ θ ζ θ θ

Ω

Ω = + +

+ +

(4.94)

A finalidade dessa forma compacta é facilitar a transformação das integrais em θ ,

para integrais adimensionais nas variáveis η η1 e 2 , com:

[ ]

[ ]

1l k

2n l

- 2 - para o intervalo ,

- 2

2 - para o intervalo ,

- 2

l k

l k

n l

n l

θ θη θ θ θ

θ θ

θ θη θ θ θ

θ θ

=

+ =

(4.95)

As derivadas de η η1 2e são dadas por:

( )

( )

1

2

2

-

2

-

l k

n l

d d

d d

η θθ θ

η θθ θ

=

=

109

Assim, a equação (4.94) pode ser escrita:

1 11 1 2 2

~ ~-1 -1

1 11 1 2 2

~ ~-1 -1

- -

2 2

- -

2 2

l k n lki ki ki

k

l k n lki ki

u K d M d M d K

N d N d

θ θ θ θη η

θ θ θ θζ η ζ η

Ω

Ω = + +

+ +

(4.96)

As integrais da equação (4.96) são calculadas pela quadratura de Gauss (Anexo

3).

Com os coeficientes obtidos, pode-se escrever a expressão como:

( )*

~ ~

1

2

11 12 11 12 11 12 1

21 22 21 22 21 22 2

1

2

( , ) ( ) ( )

k

kij

k

k

k l n l

n

u S q K q d q U

U

U

m m m m m m U

m m m m m m U

U

U

Ω

Ω =

=

(4.97)

onde as submatrizes ijm são as submatrizes da matriz global M , da expressão (4.88)

4.2.4 OBTENÇÃO DA SOLUÇÃO NUMÉRICA

A equação (4.73) representa um sistema de equações diferenciais com

coeficientes constantes:

H U + M U = G P

110

Para se obter soluções para deslocamentos e forças, uma distinção entre os dois

tipos de condições de contorno deve ser feita: 1Γ será a posição do contorno em que os

deslocamentos são prescritos e 2Γ onde as forças são prescritas:

1

2

UU =

U

1

2

PP =

P

(4.98)

onde 1 2 U e P

são valores conhecidos.

Particionando as matrizes, tem-se:

11 1 12 2 11 1 12 2 11 1 12 2 H U H U M U M U G P G P+ + + = +

(4.99)

21 1 22 2 21 1 22 2 21 1 22 2 H U H U M U M U G P G P+ + + = +

Através da primeira das equações (4.99) escrevem-se as forças incógnitas 1P

como função das outras variáveis:

11 1 11 1 12 2 11 1 12 2 12 2

1 1 11 11 11 1 11 12 2 11 11 1

1 111 12 2 11 12 2

G P = H U + H U + M U + M U - G P

P = G H U + G H U + G M U +

+ G M U - G G P

− − −

− −

(4.100)

Rearranjando a segunda equação de (4.99):

22 2 22 2 21 1 22 2 21 1 21 1H U M U - G P = G P - H U - M U+

(4.101)

111

Substituindo 1P

na expressão (4.101):

1 122 2 22 2 21 11 11 1 11 12 2

1 1 111 11 1 11 12 2 11 12 2

22 2 21 1 21 1

H U + M U - G ( G H U + G H U

+ G M U + G M U - G G P )

= G P - H U - M U

− −

− − − =

(4.102)

Agrupando as submatrizes de maneira a se ter do lado direito os deslocamentos

e forças conhecidos, tem-se:

1 122 21 11 12 2 22 21 11 12 2

1 122 21 11 12 2 21 11 11 21 1

121 11 11 21 1

( - ) ( - )

( - ) ( )

( )

H G G H U M G G M U

G G G G P G G H H U

G G M M U

− −

− −

+ =

= + − +

+ −

(4.103)

De forma compacta:

2 2 2 1 1ˆ ˆˆˆ ˆ ˆ ˆ H U M U G P H U M U+ = + +

(4.104)

Com:

122 21 11 12

122 21 11 12

ˆ -

ˆ -

H H G G H

M M G G M

=

=

112

122 21 11 12

121 11 11 21

121 11 11 21

G = G - G G G

ˆH = G G H - H

ˆM = G G M - M

Para resolver o sistema de equações (4.104) será utilizado a integração no

tempo pelos Métodos de Newmark e Houbolt, descridos no Capítulo 8.

No problema de vibrações livres, onde 2 0P =

, a equação (4.104) torna-se:

ˆ ˆ 0H U M U+ =

(4.105)

Usando o mesmo procedimento descrito na formulação estática (item 6.1.5), os

deslocamentos e acelerações nodais são separados em três tipos:

( )M MU U

= deslocamentos (acelerações) em nós duplos considerados “master”;

( )D DU U

= deslocamentos (acelerações) em nós duplos considerados

“dependentes”;

( )I IU U

= deslocamentos (acelerações) em nós não duplos chamados

“independentes”.

A equação (4.105) pode ser reescrita como:

ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ 0

ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ 0

0ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ

DD DM DI DD DM DID D

M MMD MM MI MD MM MI

I IID IM II ID IM II

H H H M M MU U

U UH H H M M M

U UH H H M M M

+ =

(4.106)

113

Através das relações:

D MU U=

e D MU U=

O sistema de equações (4.106) pode ser condensado, eliminando-se os

deslocamentos e acelerações dependentes:

DD MD DM MM DI MIM

IID IM II

DD MD DM MM DI MIM

IID IM II

ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆH H H H H HU

U

ˆ ˆ ˆH H H

ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆM M M M M M0U

0U

ˆ ˆ ˆM M M

+ + + +

+ +

+ + + +

+ = +

(4.107)

De forma compacta:

ˆ ˆ 0C C C CH U M U+ =

(4.108)

A solução harmônica para a equação (4.108) é da forma:

- 0

2 - 0

-

i t

i t

U U e

U U e

ω

ωω

=

=

(4.109)

onde ω é a freqüência.

Substituindo a equação (4.109) em (4.108):

- 2 - 0 0

ˆ ˆ - 0i t i tH U e M U eω ωω =

Simplificando:

114

20 0

ˆ ˆ H U M Uω=

(4.110)

Colocando a equação (4.110) na forma padrão para cálculo de autovalores e

autovetores, obtém-se:

10 02

1ˆ ˆ H M U Uω

− =

(4.111)

Para o cálculo dos autovalores e autovetores foi utilizado o software Mathematica

(SOLIANI e BARRETO, 1997).

115

CAPÍTULO 5 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

(MEF)

116

5.1 FORMULAÇÃO ESTÁTICA

Apresenta-se a composição básica do Método dos Elementos Finitos com

aplicação para meios contínuos da Mecânica dos Corpos Sólidos. Isto se faz a partir da

expressão de equilíbrio dos corpos elásticos, obtida pela aplicação do Princípio dos

Trabalhos Virtuais (PTV).

Para um corpo contínuo, elástico linear, pode-se escrever a energia potencial total,

funcional do problema, como:

1 - - - 2

T T T T

i id U b d U f d U Fε σΩ Ω Γ

Π = Ω Ω Γ

(5.1)

onde:

ε = vetor de deformações;

σ = vetor de tensões;

U = vetor deslocamento de um ponto qualquer;

b = forças de volume;

f = forças distribuídas na superfície;

iF = força concentrada em um ponto qualquer.

O PTV estabelece que para qualquer campo de pequenos deslocamentos virtuais

compatíveis imposto sobre o corpo, o trabalho total das forças virtuais internas deve ser

igual ao trabalho total das forças externas, ou seja:

0δ Π = (5.2)

117

Essa expressão representa a solução exata do problema contínuo, sendo

necessário encontrar as funções que definem o comportamento das variáveis

incógnitas, para as quais o problema é formulado. Ela pode ser expressa pela equação:

T T T T

i ii

d U b d U f d U Fε σΩ Ω Γ

Ω = Ω + Γ +

(5.3)

onde a ´barra superior´ representa o estado devido a pequenos deslocamentos virtuais,

que satisfazem as condições de contorno do problema.

No Método dos Elementos Finitos, o funcional exato Π é substituído por um

funcional aproximado aΠ , onde as variáveis do problema são expressas em termos de

funções de interpolação. Para isso, subdivide-se o domínio de integração em n

elementos finitos, interligados pelos N pontos nodais.

A expressão (5.3) pode, então ser escrita como:

( )

( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

T

n

T T

n n

n n n

n

Tn n n n n n

in i i

d

U b d U f d U F

ε σΩ

Ω Γ

Ω =

= Ω + Γ +

(5.4)

Os deslocamentos que ocorrem dentro de cada elemento são aproximados por

funções polinomiais e valores nodais, sendo que para o elemento n pode-se escrever:

( ) ( ) ( )ˆ ( ) ( ) . n n nU q q Uφ=

(5.5)

onde:

( ) ( ) n qφ =

matriz de interpolação dos deslocamentos;

118

( )ˆ nU

= vetor que contém os deslocamentos nodais.

Do mesmo modo, as deformações também podem ser escritas em função dos

deslocamentos nodais, através da relação:

( ) ( ) ( )ˆ ( ) ( ) n n nq B q Uε =

(5.6)

onde:

( ) ( )nB q

= matriz que relaciona os deslocamentos com as deformações.

A relação tensão-deformação é escrita através da Lei de Hooke:

( ) ( ) ( ) ( ) n n nq Cσ ε=

(5.7)

Para o caso de estado plano de deformação específica, considerando material

elástico homogêneo, isótropo e com comportamento elástico e linear, a matriz C

vale:

1 - 0

1 - 0 (1 ) (1- 2 )

1 - 20 0

2

EC

ν ν

ν ν

ν νν

= +

(5.8)

com:

E = Módulo de Elasticidade;

ν = Coeficiente de Poisson.

As equações (5.6) e (5.7) fornecem:

119

( ) ( ) ( ) ( )ˆ ( ) ( ) n n n nq C B q Uσ =

(5.9)

Substituindo (5.5), (5.6) e (5.9) na equação (5.4), obtém-se:

( )

( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

ˆ

ˆ

T

n

T T

n n

T n n n n

n

T n n n n n n

Cn n

U B C B d U

U b d f d F Uφ φ

Ω

Ω Γ

Ω =

= Ω + Γ +

(5.10)

Para cada elemento finito n define-se um sistema de coordenadas locais (Figura

5-1), ao qual são referenciadas as variáveis nodais. Para se ter válidos os somatórios

da equação (5.10), é necessário rotacionar as matrizes do sistema de coordenadas

locais para o global, antes de efetuar a soma.

Figura 5-1 - Sistema local e global de coordenadas.

A matriz de transformação T

, que relaciona o sistema global ao sistema local e

vice-versa, é dada por:

~

cos

cos

senT

sen

θ θ

θ θ

=

− (5.11)

com o ângulo θ definido na Figura 5-1.

( )x u( )y v

θ

1

2

y

x

120

Assim:

( )

( )

= .

= .

n

T n

U T U

U T U

(5.12)

Fazendo os deslocamentos virtuais unitários, cada um a seu próprio tempo, TU

torna-se uma matriz identidade. Sendo U

, simplesmente U

, a equação (5.10) pode ser

escrita como :

K U F=

(5.13)

onde:

K

é a matriz de rigidez, dada por:

( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) T

n

n n n n n

n n

K B C B d KΩ

= Ω =

(5.14)

F

é o vetor de forças nodais equivalentes, dado por:

CF F f fΩ Γ= + +

(5.15)

( )

( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

T

n

T

n

n n n n

n n

n n n n

n n

f b d f

f f d f

φ

φ

Ω ΩΩ

Γ ΓΓ

= Ω =

= Γ =

Esse procedimento permite a montagem do sistema de equações considerando

elemento por elemento.

A equação (5.13) é resolvida pelas técnicas usuais do cálculo numérico.

121

5.2 FORMULAÇÃO DINÂMICA

Torna-se necessário considerar as forças de inércia na obtenção da equação de

equilíbrio de um corpo, quando as forças externas são aplicadas repentinamente.

Podem-se incluir as forças de inércia como parte das forças de volume, usando-se o

Princípio de D’ Albert.

Aproximando-se a aceleração pela mesma função utilizada para os

deslocamentos (equação(5.5)), escreve-se:

( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) - -

T

n

n n n n n

n

f b U d f M Uφ ρ φΩ ΩΩ

= Ω =

(5.16)

com:

( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) T

n

n n n n n

n n

M d Mρ φ φΩ

= Ω =

onde:

( )nρ

= densidade do material no elemento n ;

M

= matriz de massa;

A equação de equilíbrio fica:

K U M U F+ =

(5.17)

Os problemas dinâmicos a serem analisados nesse trabalho são transientes.

Logo, a integração no tempo da equação (5.17) será feita numericamente. Foram

utilizados dois algoritmos Newmark e Houlbolt, que serão apresentados no Capítulo 8.

122

5.3 ELEMENTO FINITO UNIDIMENSIONAL

Nesse elemento, as incógnitas nodais são (Figura 5-2):

• duas translações : os deslocamentos (u e v) ;

• uma rotação (θ ).

Figura 5-2 - Elemento finito unidimensional.

Admitindo-se a deformação longitudinal ε constante ao longo do elemento finito,

os deslocamentos longitudinais podem ser representados por uma reta:

1 2 u a a x= + (5.18)

Então, os deslocamentos transversais têm que ser representados por um

polinômio o terceiro grau, do tipo:

2 33 4 5 6 v a a x a x a x= + + + (5.19)

Como os deslocamentos transversais v e as rotações dv

dxθ

=

não são

independentes, a componente v do deslocamento em qualquer ponto do elemento

1u 1 1 2u

1v 2v

1θ 2θ

L

123

finito, depende de quatro componentes de deslocamentos: 1 1 e v θ no nó 1 e 2 2 e v θ

no nó 2 do elemento finito.

É mais conveniente trabalhar com funções aproximadoras explicitadas em relação

às incógnitas nodais. Assim, das igualdades (5.18) e (5.19) tem-se as funções

aproximadoras para o elemento finito em estudo:

( ) ( ) ( )ˆ n n nU Uφ=

(5.20)

com:

( ) nu

Uv

=

( )

( )

2 3

2 3

( )

2 3

3 2

1 0

0 1 - 3 2

0 - 2

0

0 3 - 2

0 -

Tn

L

L

ξ

ξ ξ

ξ ξ ξε

ξ

ξ ξ

ξ ξ

− + +

=

( )1 1 1 2 2 2

ˆ TnU u v u vθ θ=

(5.21)

Assumindo-se as funções de Bernoulli e desprezada a deformação por força

cortante, as matrizes de rigidez e massa passam a ser expressas em coordenadas

locais como:

124

~

1 0 0 1 0 0

0 2 3 0 2 3

0 3 4 0 3 5

1 0 0 1 0 0

0 2 3 0 2 3

0 3 5 0 3 4

A A

A A A A

A A A Ak

A A

A A A A

A A A A

− − − = − − − − −

(5.22)

com:

3

2

1

12 2

6 3

4 4

2 5

E AA

L

E IA

L

E IA

L

E IA

L

E IA

L

=

=

=

=

=

sendo:

A = área da seção transversal;

E = módulo de elasticidade longitudinal;

L = comprimento do elemento;

I = momento de inércia da seção transversal.

125

~

1 0 0 2 0 0

0 3 4 0 5 6

0 4 7 0 6 8

420 2 0 0 1 0 0

0 5 6 0 3 4

0 6 8 0 4 7

B B

B B B B

B B B BA LM

B B

B B B B

B B B B

ρ

− − = − − − −

(5.23)

com:

B1 = 140

B2 = 70

B3 = 156

B4 = 22 L (5.24)

B5 = 54

B6 = 13 L

B7 = 4 2L

B8 = 3 2L

Para se obter um vetor de carga nodal equivalente, que seja global, supõe-se o

elemento finito inclinado de um ângulo α com a direção horizontal, solicitado por carga

vertical linearmente variável, conforme Figura 5-3.

126

Figura 5-3- Elemento inclinado com carga variável.

Decompondo o carregamento da Figura 5-3 em uma carga perpendicular ao

elemento, e outra tangente ao mesmo, obtém-se:

( )

( )

1 2

21 2

- (1 - ) cos - cos

- (1 - ) cos - cos

u

v

f f sen f sen

f f f sen

ξ ξ α α ξ α α

ξ ξ α ξ α α

=

=

(5.25)

De forma matricial tem-se:

( )

( )

1

2 22

-(1- ) cos - cos

-(1- )cos - cos

u

v

f fsen sen

ff

ξ ξ α α ξ α α

ξ ξ α ξ α

=

(5.26)

O vetor de cargas nodais equivalentes é calculado pela expressão (5.15), na qual

a matriz ( ) Tnε

é dada pela equação (5.21).

Da mesma maneira, se houver forças volumétricas, como o peso próprio, pode-se

utilizar a igualdade (5.15).

( )y v

1

2

α

( )x u

1 1

22

α α

+

127

As cargas concentradas nos nós dos elementos finitos são diretamente

adicionadas ao vetor de cargas nodais equivalentes, considerando seus sinais corretos,

nas posições correspondentes aos graus de liberdade a que se relacionam.

128

CAPÍTULO 6 MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO

NUMÉRICA

129

6.1 INTRODUÇÃO

A maneira mais usual para se obter uma resposta na análise dinâmica de um

sistema estrutural é utilizar um processo de integração direta no tempo. Esse processo

requer que o equilíbrio dinâmico do sistema seja obedecido em instantes discretos de

tempo, durante os quais são admitidas variações lineares ou constantes para os

deslocamentos, velocidades e acelerações.

Muitas possibilidades existem de métodos de integração direta no tempo. Esses

métodos podem ser implícitos e explícitos.

Métodos implícitos buscam soluções que satisfaçam as equações diferenciais no

tempo t, sendo conhecidas as soluções num tempo t t− ∆ . Esses métodos exigem que

o sistema de equações seja resolvido a cada passo de tempo. Porém intervalos

maiores de tempo podem ser utilizados.

Métodos explícitos não envolvem a solução de um conjunto de equações em

cada passo de tempo. Basicamente esses métodos usam a equação no tempo t para

prever uma solução num tempo t t+ ∆ . Para muitos estruturas, compostas de

elementos rígidos, é necessário que o intervalo de tempo t∆ seja muito pequeno para

se obter uma solução estável.

Foram utilizados nesse trabalho os métodos implícitos de Newmark e de

Houlbolt.

6.2 MÉTODO DE NEWMARK

A equação de equilíbrio dinâmico a ser resolvida é:

t t t t t t t tM U C U K U F+∆ +∆ +∆ +∆+ + =

(6.1)

130

onde:

M

= matriz de massa;

C

= matriz de amortecimento;

K

= matriz de rigidez;

F

= vetor de cargas nodais;

U

= vetor deslocamento;

U

= vetor velocidade;

U

= vetor aceleração.

Sendo conhecidos o deslocamento tU

e a velocidade tU

de um ponto material no

instante t , pode-se determinar sua posição e velocidade no instante t t+ ∆ pelas

seguintes expressões:

( )t t

t t t

t

U U U dτ τ+∆

+∆ = +

(6.2)

( ) ( ) t t

t t t t

t

U U t U t t U dτ τ τ+∆

+∆ = + ∆ + + ∆ −

(6.3)

Aproximando-se em séries de potência, a função aceleração ( )U τ

pode ser

escrita:

131

( ) ( )1 t t

t t t

t

U d U U tτ τ γ γ+∆

+∆ ≅ − + ∆

(6.4)

( ) ( ) 21

2

t t

t t t

t

t t U d U U tτ τ τ β β+∆

+∆

+ ∆ − ≅ − + ∆

(6.5)

Substituindo-se esses valores aproximados das integrais nas equações (6.2) e

(6.3) chega-se a:

( )1 t t t t t tU U U U tγ γ+∆ +∆ = + − + ∆

(6.6)

21

2t t t t t t tU U t U U U tβ β+∆ +∆

= + ∆ + − + ∆

(6.7)

O integrador de Newmark é incondicionalmente estável se:

12

γ α= + e 2

1 14 2

β γ

= +

para 0≥α (6.8)

Se 0α = na equação (8.8), 4

1 =β , o que nos mostra que a aceleração durante o

intervalo de tempo t∆ é constante e igual à média de t t tU e U +∆

.

( )1

0 2 t t tU U U tτ τ+∆ = + ≤ ≤ ∆

(6.9)

Com esses valores, obtém-se uma simplificação para as expressões (6.6) e (6.7):

1

2t t t t t tU U t U U+∆ +∆ = + ∆ +

(6.10)

132

( ) ( )21

4t t t t t t tU U t U t U U+∆ +∆= + ∆ + ∆ +

(6.11)

Isolando-se o valor de t tU +∆

na equação (6.11), chega-se a:

( ) 2

4 4t t t t t t tU U U U U

t t+∆ +∆= − − −

∆ ∆

(6.12)

Substituindo na equação (6.10), obtém-se:

( )2

-t t t t t tU U U Ut

+∆ +∆= −∆

(6.13)

Na equação de equilíbrio dinâmico (6.1), substituindo-se os valores da aceleração

(6.12) e da velocidade (6.13) obtém-se:

( ) ( )

( ) ( )

2 2

2 2

1 1 1

2 4 4

1 1 1

2 4 4

t t t t

t t t

M t C t K U t F

M t C U t M t C U t MU

+∆ +∆

+ ∆ + ∆ = ∆ +

+ + ∆ + ∆ + ∆ + ∆

(6.14)

O sistema (6.14) pode ser escrito de forma simplificada como:

t tK U F+∆ =

(6.15)

com:

( )

( ) ( ) ( )

2

2 2 2

1 1

2 4

1 1 1 1 4 2 4 4t t t t t

K M t C t K

F t F M t C U t M t C U t MU+∆

= + ∆ + ∆

= ∆ + + ∆ + ∆ + ∆ + ∆

(6.16)

133

Para a determinação de t tU +∆

:

• Monta-se a matriz de rigidez K

, a matriz de massa M

e a matriz de amortecimento

C

;

• Determina-se a matriz K

;

• Conhecidos os valores de 0 0 0, e U U F , determina-se o valor das acelerações no

instante inicial 0t , pela equação:

0 0 0 0 - - M U F C U K U=

(6.17)

Para cada passo de tempo t∆ :

1. Calcula-se o vetor F

;

2. Determina-se t tU +∆

resolvendo-se o sistema de equações (6.15);

3. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.13);

4. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.12);

5. Retorna-se ao passo 1 para o próximo tempo t t+ ∆ .

6.3 MÉTODO DE HOUBOLT

O esquema de integração de Houbolt produz bons resultados para quase todos os

problemas. É um algoritmo implícito e incondicionalmente estável. É chamado de

134

Integrador de Passo Múltiplo, pois depende de mais um passo de tempo para a

determinação dos valores do passo seguinte.

A velocidade e a aceleração em um instante t são escritas como:

( )2

111 18 9 2

6t t t t t t t t tU U U U Ut

+∆ +∆ −∆ − ∆= − + −∆

(6.18)

( )( )22

1 2 5 4 t t t t t t t t tU U U U U

t+∆ +∆ −∆ − ∆= − + −

(6.19)

Substituindo-se as equações (6.18) e (6.19) na equação de equilíbrio (6.1), obtém-

se a expressão para o esquema de avanço no tempo:

( )

( )

2

22

2 11

3 5 3 4

2 3

t t

t t t t t t t

M t C t K U

t tt F M t C U M C U M C U

+∆

+∆ −∆ − ∆

+ ∆ + ∆ =

∆ ∆ = ∆ + + ∆ − + + +

(6.20)

O intervalo de discretização no tempo t∆ deve obedecer a:

mins

Lt

c

∆∆ ≥ (6.21)

com sc dado pela expressão (4.8) e L∆ sendo o menor comprimento do elemento de

contorno usado na elaboração da malha.

A obtenção dos deslocamentos nos dois primeiros passos, necessários para o

início da análise, normalmente é feita pela utilização de outro integrador. Daí em diante

o integrador de Houbolt é aplicado diretamente.

O sistema de equações (6.20) pode ser escrito de forma simplificada como :

135

t tK U F+∆ =

sendo:

( )

( )

2

22

2 11

3 5 3 4

2 3t t t t t t t

K M t C t

t tP t F M t C U M C U M C U+∆ −∆ − ∆

= + ∆ + ∆ ∆ ∆ = ∆ + + ∆ − + + +

(6.22)

Para a determinação de t tU +∆

:

• Monta-se a matriz de rigidez K

, a matriz de massa M

e a matriz de amortecimento

C

;

• Determina-se a matriz K

;

• Conhecidos os valores de 0 0 0, e U U F , determina-se o valor das acelerações no

instante inicial 0t , pela equação:

0 0 0 0 - - M U F C U K U=

;

• Com outro integrador, determinam-se os valores dos deslocamentos, velocidades e

acelerações nos dois primeiros passos.

Para cada passo de tempo t∆ :

1. Calcula-se o vetor F

;

2. Determina-se t tU +∆

resolvendo-se o sistema de equações (6.20);

136

3. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.18);

4. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.19);

5. Retorna-se ao passo 1 para o próximo tempo t t+ ∆ .

6.4 APLICAÇÃO DOS INTEGRADORES AO MÉTODO DOS

ELEMENTOS DE CONTORNO

No Método dos Elementos de Contorno há um crescimento do número de

incógnitas do problema, uma vez que a matriz de massa leva em conta não somente a

aceleração nos nós do contorno, mas também nos pontos internos. A equação para o

problema discretizado e sem amortecimento assume a forma:

t t t tHU GP MU F= − +

(6.23)

O sistema representado pela equação (6.23) pode ser escrito considerando-se

sub-matrizes referentes ao pontos do contorno (c) e aos pontos internos do domínio (i):

0 0

0 0tc cc cic c tc tc

t

ti ic iii i ti

U M MH G P UF

U M MH I G U

= − +

(6.24)

No instante inicial 0 0t = são conhecidos os deslocamentos e velocidades nos

nós do contorno e pontos internos, bem como as forças de superfície e as forças de

corpo. As acelerações podem ser calculadas através da equação (6.23) , resolvendo-se

o sistema:

0 0 0 0MU GP HU F= − +

(6.25)

137

6.4.1 MÉTODO DE NEWMARK APLICADO AO MEC

Para o instante t t+ ∆ , a equação (6.23) pode ser escrita como:

t t t t t t t tHU GP MU F+∆ +∆ +∆ +∆= − +

(6.26)

Substituindo-se o valores da aceleração (6.12) obtém-se:

( )

( ) ( ) [ ] ( )

2

2 2 2

1

4

1 1

4 4

t t

t t t t t t t

M t H U

t GP t F M U t U t U

+∆

+∆ +∆

+ ∆ =

= ∆ + ∆ + + ∆ + ∆

(6.27)

O sistema (6.27) pode ser escrito de forma simplificada como:

( ) ( )2 2

4t t t t t t tHU t GP MU t F+∆ +∆ +∆= ∆ + + ∆

(6.28)

onde:

( )

( )

2

2

4

4 4 t t t

H t H M

U U t U t U

= ∆ +

= + ∆ + ∆

(6.29)

Para a determinação de t tU +∆

:

• Monta-se a matriz H

e a matriz de massa M

;

• Determina-se a matriz H

;

138

• Conhecidos os valores dos deslocamentos, velocidades e forças nos nós do

contorno, determina-se o valor das acelerações no instante inicial 0t , pela equação

(6.25).

Para cada passo de tempo t∆ :

1. Calcula-se o vetor U

;

2. Determina-se t tU +∆

resolvendo-se o sistema de equações (6.28);

3. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.13);

4. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.12);

5. Retorna-se ao passo 1 para o próximo tempo t t+ ∆ .

6.4.2 MÉTODO DE HOUBOLT APLICADO AO MEC

Substituindo na equação (6.26) o valor de t tU +∆

dado por (6.19) obtém-se:

( )( )

( ) ( ) ( )

2

2 2

2

2

5 4

t t

t t t t t t t t t

t H M U

t GP M U U U t F

+∆

+∆ −∆ − ∆ +∆

∆ + =

= ∆ − − + − + ∆

(6.30)

O sistema (6.30) pode ser escrito de forma simplificada como:

( ) ( )2 2

t t t t t t tHU t GP MU t F+∆ +∆ +∆= ∆ − + ∆

(6.31)

onde:

139

( )2

2

2

5 4t t t t t t

H t H M

U U U U−∆ − ∆

= ∆ +

= − + −

(6.32)

Para a determinação de t tU +∆

:

• Monta-se a matriz H

e a matriz de massa M

;

• Determina-se a matriz H

;

• Conhecidos os valores dos deslocamentos, velocidades e forças nos nós do

contorno, determina-se o valor das acelerações no instante inicial 0t , pela equação

(6.25).

• Com outro integrador, determinam-se os valores dos deslocamentos, velocidades e

acelerações nos dois primeiros passos.

Para cada passo de tempo t∆ :

1. Calcula-se o vetor U

;

2. Determina-se t tU +∆

resolvendo-se o sistema de equações (6.28);

3. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.13);

4. Determina-se o valor de t tU +∆

com a expressão (6.12);

5. Retorna-se ao passo 1 para o próximo tempo t t+ ∆ .

140

CAPÍTULO 7 COMBINAÇÃO DOS MÉTODOS

ELEMENTOS FINITOS - ELEMENTOS

DE CONTORNO

141

7.1 INTRODUÇÃO

Muitos problemas de engenharia apresentam interações ou acoplamento entre

diferentes partes. Vibrações em fundações de máquinas, abalos sísmicos sobre

edificações, conforto em edifícios nas proximidades de metrôs são exemplos de

sistemas que podem ser acoplados num mesmo problema. Cada parte é representada

por uma região física sobre a qual soluções numéricas particulares são aplicadas.

A idéia de combinar diferentes métodos numéricos é muito interessante e

apropriada em determinados tipos de problemas. Escolher qual o método mais

adequado a cada tipo de problema não é uma tarefa muito fácil.

O Método dos Elementos de Contorno (MEC) tem se mostrado muito

conveniente na análise de problemas com concentrações de tensões. No caso de

domínio infinito, o uso de soluções fundamentais que obedecem as condições no

infinito torna-se uma das maiores vantagens do MEC. Uma das principais

características desse método é a simplicidade dos dados de entrada que descrevem o

problema homogêneo.

Por outro lado, o MEF é mais indicado para problemas com domínio limitado, não

homogêneo ou anisotrópico e também para o estudo da não linearidade.

A técnica de acoplamento MEC – MEF é usada para usufruir efetivamente das

vantagens de cada um dos dois métodos.

As diferenças entre os diversos procedimentos para combinar os dois métodos

estão concentradas no tratamento dado à montagem do sistema de equações. Esses

sistemas de equações gerados pelo MEC e pelo MEF são expressos em termos de

diferentes variáveis, que necessitam de algumas considerações para serem acopladas.

142

Nesse trabalho, a estrutura reticulada, tratada por elementos finitos, vai ser

acoplada à estrutura bidimensional, tratada por elementos de contorno, através dos

pontos da interface (MEC equivalente).

O acoplamento é realizado utilizando-se a técnica das sub-regiões a partir da

imposição das condições de equilíbrio e compatibilidade geométrica aplicadas na

superfície de contato entre os meios, chamada de interface.

Por causa das vantagens e desvantagens que cada método apresenta, muitos

autores têm se interessado no desenvolvimento de algoritmos onde o acoplamento

MEC-MEF é considerado. Pode-se citar: Vallabhan (1987), Sousa (1992), Araújo

(1994), Coda e Venturini (2000), Ferro (1999), Almeida (2003), Ribeiro (2005) entre

outros.

7.2 EQUAÇÕES BÁSICAS DA FORMULAÇÃO MEC E MEF

Para uma região discretizada pelo Método dos Elementos de Contorno, o

sistema de equações a ser resolvido é dado por (8.28), com a aplicação do Integrador

de Newmark, ou (8.31) com a aplicação do Integrador de Houbolt. Uma forma

simplificada para esse sistema matricial é:

HU GP A= +

(7.1)

onde o vetor A

contém os valores independentes e os vetores U

e P

são as variáveis

atuais do problema.

O Método dos Elementos Finitos possui o sistema algébrico dado por:

* KU MU G P B F+ = + +

(7.2)

143

onde:

K

= matriz de rigidez;

M

= matriz de massa;

U

= deslocamentos;

U

= acelerações;

B

= força de volume equivalente;

F

= força concentrada;

*G P

= forças distribuídas equivalentes.

O produto da matriz de transformação *G

pela matriz das forças de superfície P

é escrito na sua forma expandida para poder considerar as forças de contato como

incógnitas do problema. A matriz de transformação *G

depende das mesmas funções

de interpolação definidas para os deslocamentos utilizadas para representar as forças

de superfície na interface das regiões.

As equações definidas para o Método dos Elementos de Contorno (equação

(7.1) e Método dos Elementos Finitos (equação (7.2)) são de naturezas diferentes e não

podem ser combinadas diretamente. Nesse trabalho, para combinar os dois métodos, a

montagem do sistema de equações é feita para a estrutura bidimensional, resolvida por

elementos de contorno. O sistema algébrico da parte do domínio discretizada por

elementos finitos é transformado em um sistema cuja forma é análoga à dos elementos

de contorno.

144

Considera-se a influência da estrutura reticulada, tratada por elementos finitos,

através das forças de superfície e deslocamentos dos pontos de contato entre as duas

estruturas.

Figura 7-1 – Coordenadas do elemento de contorno e do elemento finito.

7.3 TÉCNICA DE ACOPLAMENTO MEC – MEF

Seja um domínio formado por duas regiões cΩ e fΩ (Figura 7-2). A região cΩ é

discretizada por elementos de contorno, e a região fΩ por elementos finitos .

Figura 7-2 - Domínios cΩ e fΩ .

iΓ ffΓ

ccΓ

11 1

4

32 2 4

5

6

2 2

3

1

elemento

de

contorno

elemento

finito

145

As duas regiões tem em comum a interface iΓ , sendo:

c cc i

f ff i

Γ = Γ + Γ

Γ = Γ + Γ

(7.3)

As equações (7.1) e (7.2) em um instante 0t , podem ser colocadas na forma:

H U G P=

(7.4)

Escrevendo a equação (7.4) para o domínio cΩ , tem-se:

c c

c c c c ci i

c ci i

U P

H H G G A

U P

= +

(7.5)

Expressão semelhante obtém-se quando se escreve a equação (7.4) para o

domínio fΩ :

f f

f f f f fi i

f fi I

U P

H H G G A

U P

= +

(7.6)

O acoplamento da estrutura reticulada na estrutura bidimensional envolve

apenas deslocamentos e forças de superfície nos pontos da interface. Assim, o índice i

corresponde às coordenadas de translação dos pontos que estão na interface.

146

A compatibilidade de deslocamentos e as condições de equilíbrio em iΓ são

dadas respectivamente por :

-

c fi i i

c fi i i

U U U

P P P

= =

= =

(7.7)

Com as equações (7.5), (7.6) e (7.7) chega-se a:

0 - 0

0 0

c

c c c c c cfi i

f f f f f fi i i

i

U

H H G G P AU

H H G G P AP

U

= +

(7.8)

Se houver carregamento prescrito na interface i ( ) ou c fi iP P

, a equação (7.8)

fica:

c c ci i i

f f f ci i ii i

fi i

0 - 0 0

0 0 0

cc

c c cff

f f f

PU

H H G G G APU

H H G G G AP P

U P

= +

(7.9)

147

Resolve-se o sistema de equações para determinar as incógnitas,

deslocamentos e forças de superfície e, conseqüentemente os valores dos

deslocamentos dos pontos da interface MEC – MEF.

148

CAPÍTULO 8 APLICAÇÕES NUMÉRICAS

149

8.1 ANÁLISE ESTÁTICA

Nesta seção são apresentados alguns exemplos utilizando a formulação do

Método dos Elementos de Contorno para demonstrar a funcionalidade do programa

desenvolvido para o cálculo de deslocamentos e tensões.

Foi analisada a viga mostrada na Figura 8-1, para a qual a teoria elementar da

flexão de vigas proporciona resultados com boas aproximações para os deslocamentos.

A viga tem seção retangular delgada e é engastada numa extremidade e livre na outra.

Os exemplos são adimensionais, tendo em vista apenas a finalidade de

comparação com soluções conhecidas. A largura t da viga foi assumida como unitária.

O Módulo de Elasticidade tem valor unitário e o Coeficiente de Poisson é nulo.

Figura 8-1 - Dimensões e vinculação da viga analisada.

8.1.1 EXEMPLO 1: VIGA SOLICITADA POR FORÇA NORMAL

UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDA CONSTANTE NA EXTREMIDADE

LIVRE

A discretização da viga da Figura 8-1 foi feita com vinte e oito nós, sendo nós

duplos nos cantos para melhor representar vinculações e cargas, conforme mostrado

na Figura 8-2. Na primeira análise os 28 nós foram agrupados em 24 elementos

lineares (Figura 8-3) e na seguinte em 12 elementos quadráticos (Figura 8-4).

1t =

3h =

12L =

150

Figura 8-2 – Viga com 28 nós no contorno.

Figura 8-3 - Viga com 28 nós no contorno em 24 elementos lineares.

Figura 8-4 - Viga com 28 nós no contorno em 12 elementos quadráticos.

• • •

10 9

• • 8

• • 7

• •

1

• • •

2

• •

3

• •

4

• •

• •

• •

5

6

• •

• •

11

12

x

y

9

1221

22

x

y

20

• • 19

• 18

• 17

• 16

• 15

• 14

• 13

1

• •

2

3

4

5

6

7

8

10

11

•24

23

• • • • • • • • •

10

15

x

y

1617181920212223

• • • • • • • • •1 2 3 4 5 6 7 8 9

11

12

13

14•

•28

27

26

25

24

151

A viga é solicitada por uma força de tração distribuída na extremidade direita

(P=30). A vinculação é feita por apoios móveis nos nós 24, 25 27 e 28 (restringem

deslocamento na direção x) e apoio fixo no nó 26 (restringe deslocamentos nas

direções x e y), como pode ser visto na Figura 8-5.

Figura 8-5 - Vinculação e carregamento da viga.

Os deslocamentos horizontais dos nós indicados na Tabela 8-2, obtidos com a

utilização do MEC, são idênticos aos valores calculados com a equação analítica que

define o deslocamento axial de uma viga engastada, dado por:

=

N L

LE A

∆ (8.1)

onde:

L∆ = deslocamento na direção x do ponto analisado;

N = força normal resultante na seção transversal;

L = comprimento da viga;

E = Módulo de Elasticidade Longitudinal do material;

10

x

y

11

12

13

14•

• 28

27

26

25

24p

152

A = área da seção transversal.

Os valores analíticos da tensão normal, para o caso da tração, são:

N

Aσ = (8.2)

Tabela 8-1- Deslocamentos e tensões nos nós da extremidade livre da viga em balanço com força normal uniformemente distribuída ( elementos linear e quadrático)

Nó Coordenada x Coordenada y Deslocamento (x) Tensão Normal

1 0,00 0,00 0,00 10,00

2 1,50 0,00 15,00 10,00

3 3,00 0,00 30,00 10,00

4 4,50 0,00 45,00 10,00

5 6,00 0,00 60,00 10,00

6 7,50 0,00 75,00 10,00

7 9,00 0,00 90,00 10,00

8 10,50 0,00 105,00 10,00

9 12,00 0,00 120,00 10,00

12 12,00 1,50 120,00 10,00

Embora o exemplo processado seja simples, os resultados obtidos mostram que

a formulação apresentada é adequada para sólidos elásticos solicitados à tração.

A aproximação descontínua adotada elimina os problemas surgidos na análise

de nós de canto. As integrações utilizadas, tanto a numérica quanto a analítica

mostram-se eficientes junto à formulação.

153

8.1.2 EXEMPLO 2: VIGA SOLICITADA POR FORÇA CORTANTE NA

EXTREMIDADE LIVRE

Foi feita uma análise da viga mostrada na Figura 8-1, com a mesma vinculação

de exemplo anterior, sujeita a um esforço aplicado na extremidade livre, na forma de

uma força cortante.

Para estudar a influência da discretização na resposta, duas malhas foram

estudadas. A primeira delas com 28 nós em 24 elementos lineares (Figura 8-3) e 28 nós

em 12 elementos quadráticos (Figura 8-4). A segunda com 40 nós em 36 elementos

lineares Figura 8-7) e 40 nós em 18 elementos quadráticos (Figura 8-8).

Figura 8-6 - Viga com 40 nós no contorno.

Figura 8-7 - Viga com 40 nós no contorno em 36 elementos lineares.

x

y

1

• •2

•3

•4

•5

•6

•7

•8

•9

•10

•11

•12

••

•••• •

13

14

15

16

17

18

19

• •20

•21

•22

•23

•24

•25

•26

•27

•28

•29

•30

• •

• •• •• •• •• ••

31

32

333435

36

10

15

x

y

16

17

18

19

20

212223

1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12 13

14

28 27 26 24

• • • • • • • • • • • • •

•••••••

•••••••

2930313233

34

35

36

37

38

39

40

25• • • • • • • • • • • • •

154

Figura 8-8 - Viga com 40 nós no contorno em 18 elementos quadráticos.

Para melhor representar o problema real, o carregamento foi aplicado com

variação parabólica. Os valores da carga em cada nó foram calculados pela equação

da parábola com área de valor 30 (equação 8.3), que representa a carga total aplicada.

Figura 8-9 - Representação do carregamento parabólico.

A equação da parábola é 2( )p y ay by c= + + . As condições do problema em

estudo são:

·para 0 ( ) 0 0y p y c= = ∴ =

·para 3 ( ) 0 3y p y b a= = ∴ = −

x

y

1

• • •

2

• •

3

• •

4

• •

5

• •

6

• •

10

• • •11

• • •12

• • •13

• • •14

• • •15

• • •

•••

•••

•••

16

17

18

•••

•••

•••

7

8

9

3

( )p y

y

155

·área =30 ( )3

2

0

6,67 3 30

20

aay ay dy

b

= − − = ∴

=

Chega-se então à função que representa o carregamento:

2( ) 6,67 20p y y y= − + (8.3)

O resultado analítico é o da viga de Timoshenko, que considera também o efeito

da força cortante na equação da elástica. Com a origem do eixo x mostrada na Figura

8-10 e sendo c o fator de forma, a equação da elástica ( )v x é dada por:

( )33

2 - 3 + 6 PL x x cP

v L xE I L L GA

= + −

(8.4)

A flecha máxima ocorre na extremidade livre, como mostrado na Figura 8-10, e

é dada por

3

max

1,2 3 PL PL

vE I GA

= + (8.5)

Figura 8-10 - Elástica da viga

Aplicando-se a equação da linha elástica a partir da teoria de vigas, pode-se

calcular o deslocamento transversal da mesma ao longo do seu comprimento e

comparar com os valores encontrados para as discretizações estudadas neste trabalho.

p

maxv

x

L

156

Na Tabela 8-2 apresentam-se os valores dos deslocamentos verticais (direção y)

dos pontos ao longo do eixo x situados na parte inferior da viga, para a malha com 28

nós (Figura 8-2). A ordenada x se refere ao sistema de eixos da Figura 8-2. A análise

dos resultados pode ser feita através da Figura 8-11.

O erro da diferença entre o valor do deslocamento analítico e o deslocamento

obtido pelo MEC, é calculado como:

Teórico-MECErro = 100

Teórico

(8.6)

Tabela 8-2 - Viga em balanço com força cortante na extremidade livre com 28 nós no contorno.

Deslocamentos

Ordenada x Analítico Elemento linear (L) Erro (%) Elemento quadrático (Q) Erro (%)

1,5 -208,5 -178,4235 14,4252 -216,917 4,036

3 -732 -660,8231 9,7236 -745,904 1,8995

4,5 -1525,5 -1385,054 9,2066 -1534,224 0,5719

6 -2544 -2314,8529 9,0074 -2531,633 0,4861

7,5 -3742,5 -3407,7036 8,9458 -3729,722 0,3414

9 -5076 -4622,9836 8,9247 -5054,755 0,4185

10,5 -6499,5 -5921,571 8,8919 -6460,615 0,5983

12 -7968 -7257,5196 8,9167 -7924,218 0,5495

157

-9000

-8000

-7000

-6000

-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12

Ordenada x

Des

loca

men

tos

! "#$%&'

(

)

Figura 8-11 - Elástica da viga em balanço com força cortante na extremidade livre: comparação dos resultados com elementos lineares e quadráticos (28 nós no contorno).

Na Tabela 8-3 apresentam-se os valores dos deslocamentos verticais (direção y)

dos pontos ao longo do eixo x situados na parte inferior da viga, para a malha com 40

nós no contorno (Figura 8-6). A ordenada x da Tabela 8-3 se refere ao sistema de eixos

da Figura 8-6. A análise dos resultados pode ser feita através da Figura 8-12.

158

Tabela 8-3 - Viga em balanço com força cortante na extremidade livre com 40 nós no contorno.

Deslocamentos

Ordenada x Analítico Elemento linear (L) Erro (%) Elemento quadrático (Q) Erro (%)

1 -101,7775 -109,1801 7,2733 -107,458 5,5813

2 -350,222 -354,7085 1,2810 -339,528 3,0535

3 -732 -716,33001 2,1407 -750,954 2,5893

4 -1233,778 -1198,6004 2,8512 -1215,425 1,4875

5 -1842,222 -1782,6293 3,2348 -1821,87 1,1048

6 -2544 -2456,2606 3,4489 -2522,354 0,8509

7 -3325,778 -3206,4857 3,5869 -3301,709 0,7237

8 -4174,222 -4020,6068 3,6801 -4148,786 0,6094

9 -5076 -4886,011 3,7429 -5047,582 0,5599

10 -6017,778 -5789,5485 3,7926 -5988,38 0,4885

11 -6986,222 -6719,3068 3,8206 -6953,025 0,4752

12 -7968 -7660,26001 3,8622 -7933,103 0,4380

159

Figura 8-12 - Elástica da viga em balanço com força cortante na extremidade livre: comparação dos resultados com elementos lineares e quadráticos (40 nós no contorno).

Os valores das tensões normais nas duas discretizações são apresentados na

Tabela 8-4 junto aos valores analíticos, obtidos por:

M y

I= (8.7)

-9000

-8000

-7000

-6000

-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Ordenada x

Des

loca

men

tos ! "#$%&'

(

)

160

onde:

M = momento fletor na seção em estudo;

I = momento de inércia da seção transversal;

y = abcissa do ponto analisado.

Tabela 8-4 - Viga em balanço com força cortante na extremidade livre.

Tensão Normal

x y Analítico Elemento Linear (L) Erro (%) Elemento Quadrático(Q) Erro (%)

3 0,75 90 80,4325 10,6306 89,27002 0,8111

6 0,75 60 53,6489 10,5852 59,4723 0,8795

9 0,75 30 26,8872 10,3760 29,7332 0,8893

Os valores das tensões de cisalhamento nas duas discretizações são

apresentados na Tabela 8-5 junto aos valores analíticos, obtidos por:

V S

b Iτ = (8.8)

onde:

V = força cortante na seção em estudo;

I = momento de inércia da seção transversal;

S = momento estático da seção transversal;

b = largura da seção transversal.

161

Tabela 8-5 - Viga em balanço com força cortante na extremidade livre.

Tensão de Cisalhamento

x y Analítico Elemento Linear (L) Erro (%) Elemento Quadrático(Q) Erro (%)

3 0,75 11,25 10,2804 8,6187 10,5592 6,1404

6 0,75 11,25 10,2482 8,9049 10,4732 6,9049

9 0,75 11,25 10,2687 8,7227 10,6329 5,4853

Os resultados obtidos permitem dizer que a formulação do Método dos

Elementos de Contorno apresentada é coerente com o problema analisado. Observa-se

ainda que, à medida que a discretização envolve mais pontos nodais, os valores

obtidos na análise se aproximam daqueles utilizando-se a teoria clássica de vigas.

8.1.3 EXEMPLO 3: VIGA SOLICITADA POR MOMENTO CONCENTRADO NA

EXTREMIDADE LIVRE

Foi feita uma análise da viga mostrada na Figura 8-1, com a mesma vinculação de

exemplo anterior, sujeita a um esforço aplicado na extremidade livre, na forma de um

momento concentrado de valor 15.

As discretizações utilizadas são as mesmas do exemplo anterior. A primeira

análise com 28 nós no contorno, elementos lineares (Figura 8-3) e elementos

quadráticos (Figura 8-4). A segunda análise com 40 nós no contorno, elementos

lineares (Figura 8-7) e elementos quadráticos (Figura 8-8).

O carregamento aplicado nos nós de modo a se obter o efeito do momento

concentrado na extremidade livre da estrutura está mostrado na Figura 8-13 (a) para a

viga discretizada com 28 nós; na Figura 8-13 (b) com 40 nós.

162

Figura 8-13 - Carregamento aplicado nos nós da extremidade livre.

Os deslocamentos analíticosforam calculados por:

22

1 22 ML x x

vE I L L

= − +

(8.9)

onde:

M = momento fletor na seção em estudo;

I = momento de inércia da seção transversal;

L = comprimento da viga.

10

10 10

10

5

5

6,67

6,67

3,37

3,37

( )a ( )b

3

163

Figura 8-14 - Elástica da viga

Na Tabela 8-6 apresentam-se os valores dos deslocamentos verticais (direção

y) dos pontos situados ao longo do eixo x, na parte inferior da viga a partir da

extremidade vinculada, para a discretização com 28 nós. A análise dos resultados pode

ser feita através da Figura 8-15.

Tabela 8-6 - Viga em balanço com momento concentrado na extremidade livre com 28 nós no contorno.

Deslocamentos

Ordenada x Analítico Elemento linear (L) Erro (%) Elemento quadrático (Q) Erro (%)

1,5 -7,5 -6,8748 8,3360 -7,5 0

3 -30 -27,6854 7,7153 -30 0

4,5 -67,5 -64,0668 5,0862 -67,5 0

6 -120 -115,0871 4,0941 -120 0

7,5 -187,5 -180,7772 3,5855 -187,5 0

9 -270 -261,1957 3,2609 -270 0

10,5 -367,5 -356,387 3,0239 -367,5 0

12 -480 -467,8207 2,5374 -480 0

x

M

2

max 2ML

vEI

=

L

164

-600

-500

-400

-300

-200

-100

0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12

Ordenada x

Des

loca

men

tos

! "#$%&'

(

)

,,

Figura 8-15 - Elástica da viga em balanço com momento na extremidade livre: comparação dos resultados com elementos lineares e quadráticos ( 28 nós no contorno).

Na Tabela 8-7 apresentam-se os valores dos deslocamentos verticais (direção y)

dos pontos situados ao longo do eixo x na parte inferior da viga a partir da extremidade

vinculada, para a discretização com 40 nós. A análise dos resultados pode ser feita

através da Figura 8-16.

165

Tabela 8-7 - Viga em balanço com momento concentrado na extremidade livre com 40 nós no contorno.

Deslocamentos

Ordenada x Analítico Elemento linear (L) Erro (%) Elemento quadrático (Q) Erro (%)

2 3,3333 3,1786 4,6410 3,3333 0

3 13,3333 12,6252 5,3108 13,3333 0

4 30 29,0444 3,1853 30 0

5 53,3333 52,0846 2,3413 53,3333 0

6 83,3333 81,6391 2,0330 83,3333 0

7 120 117,8264 1,8113 120 0

8 163,33333 160,6156 1,6639 163,33333 0

9 213,33333 210,0161 1,5550 213,33333 0

10 270 266,0321 1,4696 270 0

11 333,33333 328,6769 1,3969 333,33333 0

12 403,333333 397,9541 1,3337 403,333333 0

166

-600

-500

-400

-300

-200

-100

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Ordenada x

Des

loca

men

tos

!"!#$%&'

(

L

Q

Figura 8-16 - Elástica da viga em balanço com momento na extremidade livre: comparação dos resultados com elementos lineares e quadráticos (40 nós no contorno).

As tensões normais que compõem a Tabela 8-8 foram comparadas à tensão

normal analítica (equação (8.7)), na qual o momento M é constante em toda a viga.

Pode-se notar que com a utilização de uma malha mais refinada, as respostas tornam-

se mais precisas, como era de se esperar.

167

Tabela 8-8- Viga em balanço com momento concentrado na extremidade livre.

Coordenada Tensão Normal

x Analítico 28 nós 40 nós

12,00 10,00 9,77 9,91

11,00 10,00 9,92

10,00 10,00 9,93

9,00 10,00 9,46 9,93

8,00 10,00 9,92

7,00 10,00 9,91

6,00 10,00 9,14 9,90

5,00 10,00 9,89

4,00 10,00 9,88

3,00 10,00 9,04 9,87

2,00 10,00 9,86

1,00 10,00 9,82

0,00 10,00 9,25 9,81

8.2 CONDENSAÇÃO ESTÁTICA

A solução proposta neste trabalho para se utilizar os nós duplos em problemas

dinâmicos e poder resolver o sistema de equações é um rearranjo das matrizes

168

geradas. Esse rearranjo, chamado de condensação, elimina as linhas e colunas

dependentes, como mostrado na seção 4.1.5.

O objetivo dessa análise estática é comprovar a validade do algoritmo criado

para executar essa técnica, antes de aplicá-la à análise dinâmica.

Foi estudada a viga engastada numa extremidade e livre na outra, sujeita a um

esforço aplicado na extremidade livre, na forma de uma força cortante de variação

parabólica na seção 10.1.2. A discretização é a mostrada na Figura 8-17 com 18

elementos.

O objetivo é calcular os deslocamentos segundo o eixo y, dos pontos localizados

na extremidade inferior ao longo do eixo x e compará-los aos valores obtidos no

exemplo 2, o qual foi feito sem a manipulação das matrizes.

Figura 8-17 - Discretização com 18 elementos .

Os resultados estão apresentados na Tabela 8-9, na qual foram colocados

também os valores analíticos, obtidos com a equação (8.4).

x

y

1

• • •

2

• •

3

• •

4

• •

5

• •

6

• •

10

• • •11

• • •12

• • •13

• • •14

• • •15

• • •

•••

•••

•••

16

17

18

•••

•••

•••

7

8

9

169

Tabela 8-9 - Viga em balanço com força cortante na extremidade livre com 18 elementos.

Deslocamentos

Ordenada x Analítico Com Condensação Erro(%) Sem Condensação Erro(%)

1 -101,7775 -129,22 26,96 -127,458 25,23

2 -350,222 -376,45 7,49 -375,528 7,23

3 -732 -768,324 4,96 -770,954 5,32

4 -1233,778 -1210,275 1,90 -1215,425 1,49

5 -1842,222 -1813,93 1,54 -1821,87 1,10

6 -2544 -2512,72 1,23 -2522,354 0,85

7 -3325,778 -3298,41 0,82 -3301,709 0,72

8 -4174,222 -4120,6068 1,28 -4148,786 0,61

9 -5076 -5026,361 0,98 -5047,582 0,56

10 -6017,778 -5973,23 0,74 -5988,38 0,49

11 -6986,222 -6942,37 0,63 -6953,025 0,48

12 -7968 -7915,78 0,66 -7933,103 0,44

170

Figura 8-18 – Elástica da viga em balanço com força cortante na extremidade livre: comparação dos resultados com condensação e sem condensação das matrizes.

Após a comparação dos resultados (Figura 8-18), verifica-se que a diferença dos

valores dos deslocamentos obtidos com a condensação de matrizes proposta é muito

pequena em relação aos deslocamentos obtidos da maneira usual do Método dos

Elementos de Contorno. Isso demonstra a eficiência da formulação e da análise

realizada.

Essa técnica será usada nos exemplos seguintes, para a análise dinâmica de

estruturas.

-8000

-7500

-7000

-6500

-6000

-5500

-5000

-4500

-4000

-3500

-3000

-2500

-2000

-1500

-1000

-500

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Ordenada x

Des

loca

men

tos

!"!#$%&'(

'()

'("*+",!-.

(

,+)

'("*+",!-.

(

171

8.3 MEC – VIBRAÇÃO LIVRE DE UMA VIGA EM BALANÇO

A análise de vibrações em estruturas ocupa um grande espaço, pois abrange o

estudo do desempenho estrutural de pontes, edifícios, pisos industriais entre outros. As

características dinâmicas de um sistema material podem fornecer importantes critérios

de avaliação da sua integridade.

Para a viga da Figura 8-1, engastada em uma extremidade e livre na outra,

foram analisados os cinco primeiros modos de vibração. Com a finalidade de se

comparar os resultados obtidos com valores já determinados por outros autores, as

dimensões da viga são altura = 6 e comprimento = 24. O material que a constitui possui

Coeficiente de Poisson = 0,2 e a relação Módulo de Elasticidade Longitudinal por

Massa Específica = 10.

A viga foi modelada para a análise pelo MEC de quatro maneiras diferentes e,

para cada modelagem é mostrada a divisão do domínio em células.

1. MEC-dual com 6 elementos, MEC-integração direta com 10 células:

x

y

5 4

1

2

6

3

1 2 3

4

5678

9

10

11

172

Figura 8-19 - Discretização do item 1.

2. MEC-dual com 10 elementos, MEC-integração direta com 18 células:

Figura 8-20 - Discretização do item 2.

3. MEC-dual com 20 elementos, MEC-integração direta com 32 células:

2

7

12

3

4

56

1

89

10

11 13

x

y

9

1

10

5

1 3 5

6

7812

13

14

15

8 7 6

2

3

4 2 4

911 10

16 17

1 3 5

6

7812

13

14

15

2 4

911 10

16 17

173

Figura 8-21 - Discretização do item 3.

4. MEC-dual com 30 elementos, MEC-integração direta com 72 células:

x

y

17

1

19

10

1 5

11

10

12131721

22

24

28

18 16 15 14 13 12

2

3

4

6

5

7

8

11

9

20

2 3 4 6 7 8 9

141516181920

2325 26 27 29 30 31

1 5

11

10

12131721

22

24

28

2 3 4 6 7 8 9

141516181920

2325 26 27 29 30 31

x

y

1

28

13

11

32

12 13

1728

1 52 3 4 6 7 8 9

14

15

16

293031

10

33

34

10

11

12

4

5

7

8

9

2

3

6

14

15

21

16

1819201718

2224 23252627

26 1920212223242527

29

30

35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56

174

Figura 8-22 - Discretização do item 4.

A Tabela 8-10 apresenta uma comparação entre os resultados obtidos para os

períodos dos modos de vibração pela dupla reciprocidade com a condensação das

matrizes e pela integração direta com a divisão do domínio em células, para as quatro

discretizações apresentadas acima.

Tabela 8-10 – Períodos dos Modos de Vibração: Teóricos, MEC-Integração Direta, MEC-Reciprocidade Dual

Discretização MEC Teórico 6,21 1,24 0,96 0,54 0,34

Células 10 células 5,887790 1,082900 0,943738 0,529268 0,283176 1

Dual 6 elementos 5,58741 1,07943 0,93625 0,51999 0,28093

Células 18 células 6,156750 1,183820 0,955947 0,535613 0,308355 2

Dual 10 elementos 6,06576 1,17594 0,949302 0,53189 0,306212

Células 32 células 6,197080 1,201870 0,957827 0,545227 0,327453 3

Dual 20 elementos 6,142649 1,195891 0,953169 0,544139 0,54939

Células 72 células 6,208037 1,220195 0,959711 0,555014 0,337734 4

Dual 30 elementos 6,18349 1,21534 0,95568 0,525177 0,33605

11

32

12 13

1728

1 52 3 4 6 7 8 9

14

15

16

293031

10

33

34

21 1819202224 23252627

175

Figura 8-23 - Vibração livre.

0 ,2 0

0 ,4 0

0 ,6 0

0 ,8 0

1 ,0 0

1 ,2 0

Ite m 1 Iite m 2 Ite m 3 Ite m 4

D isc re tiza çã o

Per

íodo

5,40

5,60

5,80

6,00

6,20

6,40

cé lula

te o ria

dua l

1

5

4

3

2

1,30

176

O processo da integração direta é mais eficiente, uma vez que há uma melhor

aproximação das densidades do domínio pelo uso de células internas. Porém esse

método acarreta um volume de dados e um esforço computacional maior.

Nota-se que o refinamento da malha de elementos de contorno melhora os

resultados, mas uma precisão maior é obtida com a utilização de pontos no interior do

domínio, que representa melhor as propriedades dinâmicas do sistema.

Conclui-se que as freqüências naturais dadas pelo MEC utilizando a

reciprocidade dual apresentam características de convergência próximas às obtidas

com a utilização de células.

8.4 MEC – VIBRAÇÃO LIVRE: ARCO

O arco analisado foi dividido em 12 elementos no contorno e 7 pontos internos

(Figura 8-24). As dimensões geométricas e as constantes físicas são: raio interno

0 2,5 r = , raio externo 1 5r = , 4 10Eρ

= e 0,25ν = (PARTRIDGE, BREBBIA e

WROBEL,1992).

Figura 8-24 - Discretização do Arco - MEC

1 2 34

5

67

8

9

1011 12 13

14

15

16

17

1819

20

21

22

23

24

25

26

2728

29

0r1r

30

31

177

Figura 8-25 - Discretização do Arco - MEF

Figura 8-26 - Freqüências Naturais para o Arco.

Nota-se uma boa aproximação entre os resultados obtidos com o Método dos

Elementos de Contorno utilizando a reciprocidade dual proposta nesse trabalho, com

aqueles calculados pelo Método dos Elementos Finitos (Figura 8-26).

7,181 7,292MEC MEF 10,864 10,72MEC MEF

16,89 16,49MEC MEF 18,43 18,35MEC MEF

178

Figura 8-27 – Comparação das freqüências naturais para o arco: MEC e MEF.

As diferenças máximas entre os valores das freqüências calculados através do

MEF (108 nós) e do MEC (20 elementos) são respectivamente 1,5%, 1,3%, 2,4% e

0,4% (Figura 8-27). Conclui-se que o método utilizado é eficiente, pois mesmo com

poucos nós, os valores foram muito próximos.

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4

Fre

quên

cias

Nat

urai

s

MEF

MEC

179

8.5 – ANÁLISE TRANSIENTE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS

ELÁSTICAS: VIGA ENGASTADA SUBMETIDA A CARREGAMENTO

TRANSVERSAL SÚBITO EM SUA EXTREMIDADE

A propagação de ondas determina um movimento no sistema, chamado resposta

dinâmica. Essa resposta depende de muitos fatores, que se fundamentam nas

características físicas e geométricas do sistema e varia de acordo com a distribuição

espacial e temporal da excitação nele aplicada.

Quando as cargas aplicadas são localizadas e de curta duração, o trem de

ondas formado pode exigir um refinamento adequado do modelo para a sua precisa

representação.

Também a escolha do esquema de integração numérica para se obter a solução

é parte fundamental do problema.

Analisa-se, nesse exemplo, o movimento da viga engastada apresentada na

Figura 8-28, submetida a um carregamento transversal súbito em sua extremidade, cuja

intensidade e comportamento temporal são mostrados na Figura 8-29.

Figura 8-28 – Viga engastada submetida a carregamento súbito.

1t m=

2h m=

4L m=

180

Figura 8-29 – Intensidade e comportamento temporal do carregamento.

Foram empregados 24 elementos de contorno e 3 pontos internos, conforme

Figura 8-23.

Figura 8-30 – Viga com 24 elementos no contorno.

As propriedades do material são: Coeficiente de Poisson 0,25ν = , Módulo de

Elasticidade 40.000 E MPa= , Velocidades 346,41 /dc m s= e 200 /sc m s= .

São apresentados na Tabela 8-11 os valores dos deslocamentos do ponto

central da extremidade livre ao longo do tempo, desde o instante inicial até t = 0,1

segundo, com intervalos de t = 0,004 s. São comparados os valores analíticos e os

calculados pelo MEF, com aqueles obtidos pelo MEC com a formulação apresentada.

9

1221

22

x

y

20

• • 19

• 18

• 17

• 16

• 15

• 14

• 13

1

• •

2

3

4

5

6

8

8

10

11

•24

23• • •

1

0,02

( )Força kN

( )Tempo s

181

Para uma análise mais completa, na Figura 8-31 são mostrados os valores

dos deslocamentos do ponto central até o tempo de t = 0,16 segundos em intervalos

0,001t s∆ = .

Tabela 8-11 – Deslocamento do ponto central da extremidade livre ao longo do tempo.

Deslocamentos

Tempo Teórico M E C Erro(%) MEF Erro(%)

0,004 0,04860224 0,05226077 7,53 0,0514581 5,88

0,012 0,5041906 0,477965 5,20 0,5181267 2,76

0,02 1,089705 1,030833 5,40 1,079698 0,92

0,028 1,54238 1,451879 5,87 1,534321 0,52

0,036 1,785773 1,650723 7,56 1,780359 0,30

0,044 1,879435 1,8118 3,60 1,910198 1,64

0,052 2,153219 2,075624 3,60 2,133426 0,92

0,06 2,478661 2,369699 4,40 2,403785 3,02

0,068 2,366467 2,325224 1,74 2,350587 0,67

0,076 1,881481 1,910756 1,56 1,879705 0,09

0,084 1,106628 1,126939 1,84 1,153044 4,19

0,1 2,338198 2,240765 4,17 2,295071 1,84

182

Figura 8-31 - Deslocamento do ponto central da extremidade livre ao longo do tempo.

Nota-se a boa concordância entre os resultados no intervalo de tempo analisado.

O MEC leva vantagem pelo menor tempo computacional necessário para a obtenção da

solução.

8.6 MEC - ANÁLISE TRANSIENTE DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS

ELÁSTICAS: VIGA ENGASTADA SUBMETIDA A CARREGAMENTO

LONGITUDINAL SÚBITO EM SUA EXTREMIDADE

Para melhor avaliar a consistência numérica da formulação do MEC foi estudado

o problema de propagação de ondas, onde um grande número de modos de vibração

está presente. Neste exemplo são estudados os resultados obtidos para a propagação

-3,00

-2,00

-1,00

0,00

1,00

2,00

3,000,

000

0,01

0

0,02

0

0,03

0

0,04

0

0,05

0

0,06

0

0,07

0

0,08

0

0,09

0

0,10

0

0,11

0

0,12

0

0,13

0

0,14

0

0,15

0

0,16

0

Tempo (s)

Des

loca

men

to (

0,00

01 m

)

M E F

M E C

183

de ondas longitudinais elásticas em uma barra fixa em uma das extremidades e

submetida a um carregamento longitudinal súbito na outra extremidade. Na Figura 8-32

mostra-se a intensidade e comportamento do carregamento e as características

geométricas do problema.

Figura 8-32 - Barra com carregamento longitudinal e variação da carga com o tempo.

Considera-se uma malha composta por 18 elementos quadráticos com nós

duplos nos cantos. Para simular o comportamento da barra sob tração, utilizou-se o

coeficiente de Poisson nulo. O Módulo de Elasticidade do material é E = 100 e o

amortecimento viscoso é nulo (CARRER, 1991).

O tempo total do teste foi de 19,2 segundos, ou seja, foram utilizados 64

iterações com intervalo de tempo t = 0,3 s. Foi estudado o deslocamento de um ponto

central da extremidade livre.

0,03

( )Força kN

( )Tempo s

12 m

3 m

x

y

1

• • •

2

• •

3

• •

4

• •

5

• •

6

• •

10

• • •11

• • •12

• • •13

• • •14

• • •15

• • •

•••

•••

•••

16

17

18

•••

•••

•••

7

8

9

184

Na Figura 8.33 são apresentados os resultados analíticos, pelo Método dos

Elementos Finitos e pelo Método dos Elementos de Contorno com a utilização do

esquema Newmark de integração no tempo.

Na Figura 8-34 os deslocamentos calculados pelo MEC correspondem a

utilização do esquema de Houbolt e para melhor visualização apresenta-se a Tabela

8-12 com resultados até o tempo de 4,8 segundos.

0

0,0005

0,001

0,0015

0,002

0,0025

0,003

0,0

1,2

2,4

3,6

4,8

6,0

7,2

8,4

9,6

10,8

12,0

13,2

14,4

15,6

16,8

18,0

19,2

Tempo(s)

Des

loca

men

tos(

m)

MEF

Analítico

MEC

Figura 8-33 – Deslocamento do ponto central da extremidade: Newmark.

185

0,0000

0,0005

0,0010

0,0015

0,0020

0,0025

0,0030

0,0

0,9

1,8

2,7

3,6

4,5

5,4

6,3

7,2

8,1

9,0

9,9

10,8

11,7

12,6

13,5

14,4

15,3

16,2

17,1

18,0

18,9

Tempo(s)

Des

loca

men

to(m

)

Analítico

MEF

MEC

Figura 8-34 - Deslocamento do ponto central da extremidade livre: Houbolt.

Observa-se que os resultados obtidos com o emprego do método de Newmark

nessa aplicação são piores do que os obtidos com Houbolt. Tal característica já havia

sido verificada anteriormente (LOEFLER,1988) e parece independer da formulação do

MEC adotada. No esquema Houbolt, a vantagem está relacionada com o

amortecimento fictício, que é equivalente ao truncamento da participação dos modos

superiores na resposta dinâmica.

A avaliação dos resultados mostrados na Tabela 8-12 permite concluir que o

emprego da integração no tempo de Houbolt é a técnica mais adequada para a solução

desse problema.

186

Tabela 8-12 – Deslocamento no ponto central da extremidade livre: Houbolt.

Tempo Analítico M E C Erro(%) M E F Erro(%)

0,3 0,0003 0,000247261 17,58 0,000237722 20,76

0,6 0,0006 0,000662447 10,41 0,000652353 8,73

0,9 0,0009 0,000930048 3,34 0,00091064 1,18

1,2 0,0012 0,001212471 1,04 0,00115472 3,77

1,5 0,0015 0,001552455 3,50 0,00151465 0,98

1,8 0,0018 0,00186892 3,83 0,001833172 1,84

2,1 0,0021 0,002190602 4,31 0,00208068 0,92

2,4 0,0024 0,002322511 3,23 0,002307017 3,87

2,7 0,0021 0,002153462 2,55 0,002270819 8,13

3,3 0,0018 0,001929816 7,21 0,00183661 2,03

3 0,0015 0,001611722 7,45 0,00138472 7,69

3,6 0,0012 0,001283456 6,95 0,00119336 0,55

3,9 0,0009 0,000997894 10,88 0,00098643 9,60

4,2 0,0006 0,000654431 9,07 0,00057701 3,83

4,5 0,0003 0,000289663 3,45 0,00023816 20,61

187

8.7 ACOPLAMENTO MEF - MEC – ANÁLISE TRANSIENTE:

CARREGAMENTO TRANSVERSAL

Esse exemplo tem como objetivo verificar a precisão dos procedimentos

implementados. Analisa-se uma viga engastada com seção retangular submetida a um

carregamento transversal súbito, conforme mostrado na Figura 8-35.

Figura 8-35 - Viga com carregamento transversal e variação da carga com o tempo.

A malha utilizada contém 34 nós no contorno e 3 elementos finitos, dispostos na

forma apresentada na Figura 8-36.

Figura 8-36 - Discretização da viga.

F( )força kN

( )tempo s

9

12 m

3 m

11

32

12 13

1728

1 52 3 4 6 7 8 9

14

15

16

293031

10

33

34

21 1819202224 23252627

1

2

3

188

Figura 8-37 – Deslocamento do ponto central da extremidade livre.

Como a finalidade dessa análise é a comprovação dos resultados, considera-se o

Módulo de Elasticidade e a Densidade com valores unitários. O tempo total analisado

foi de 600 s, com intervalo de integração temporal de t∆ = 18,18 s.

Na Tabela 8-13 mostram-se os deslocamentos do ponto central da extremidade

livre obtidos utilizando-se o acoplamento Método dos Elementos de Contorno – Método

dos Elementos Finitos, o Método dos Elementos de Contorno com células e o Método

dos Elementos Finitos. Observando e comparando os resultados apresentados na

Figura 8-37 pode-se dizer que a resposta obtida pela utilização da formulação acoplada

MEC-MEF está em ótima concordância com os outros métodos analisados.

-5000

-4500

-4000

-3500

-3000

-2500

-2000

-1500

-1000

-500

0

0,0

36,4

72,7

109,

1

145,

5

181,

8

218,

2

254,

5

290,

9

327,

3

363,

6

400,

0

436,

4

472,

7

509,

1

545,

5

581,

8

tempo (s)

desl

ocam

ento

(0,

0001

m)

MEF

MEC-MEF

MECcélula

189

Tabela 8-13 - Deslocamento no ponto central da extremidade livre

Tempo M E F MEC - MEF MEC Células

0,0 0,000 0,000 0,000

36,4 -715,995 -734,334 -723,030

54,5 -1320,743 -1334,984 -1315,246

90,9 -3003,270 -2911,820 -2956,201

127,3 -4217,362 -4332,633 -4264,991

163,6 -4533,255 -4646,802 -4573,651

200,0 -3487,464 -3861,886 -3600,579

236,4 -1977,583 -2254,659 -2018,226

272,7 -462,059 -810,671 -696,813

309,1 -128,443 -50,335 -88,244

345,5 -784,481 -604,898 -674,199

381,8 -2412,473 -1956,074 -2224,376

418,2 -3845,955 -3570,350 -3712,265

454,5 -4560,360 -4454,513 -4482,963

490,9 -3995,020 -4426,018 -4296,127

527,3 -2545,618 -3195,630 -2846,860

545,5 -1654,822 -2456,008 -2116,981

190

CAPÍTULO 9 CONCLUSÕES

191

O programa desenvolvido permitiu a análise de diversas categorias de

problemas, não só análise de problemas estáticos, como também vibrações livres de

meios finitos e casos transientes, através dos métodos dos Elementos de Contorno,

Elementos Finitos e do acoplamento entre eles.

Foram estudados dois processos para análise de problemas dinâmicos com o

Método dos Elementos de Contorno, utilizando o conceito de matriz de massa.

A formulação com Reciprocidade Dual se ajusta perfeitamente à filosofia do

MEC, pois reduz o problema dinâmico de um corpo à análise de seu contorno,

eliminando a necessidade da resolução das integrais de domínio. Isso resulta numa

implementação computacional mais simples, pois o volume de dados é muito menor.

Por utilizar a solução fundamental do problema estático, diminui o esforço

computacional na análise dos problemas transientes, além de permitir a determinação

direta das freqüências naturais de uma estrutura. Esse método propõe o uso de uma

série de funções particulares para a função deslocamento, funções estas dependentes

da geometria e do tempo.

A escolha de uma classe de funções a ser utilizada na transformação da integral

de domínio em integral de contorno é um dos pontos chave do processo da

reciprocidade dual. Desde a introdução dessa técnica, as funções radiais, escritas em

termo da distância Euclidiana entre dois pontos, têm sido as mais utilizadas, uma vez

que os resultados obtidos com essas funções levam à convergência das soluções.

Recentes pesquisas sugerem o estudo da utilização de funções chamadas TPS (thin

plate splines) e MQs (multiquadráticas). Estudos sobre a precisão e a eficiência das

respostas obtidas devem motivar pesquisadores a explorar algumas dessas

possibilidades.

Nesse trabalho, em estruturas com cantos ou angulosidades, foram empregados

nós duplos, o que exigiu o desenvolvimento de uma técnica para manipulação das

192

matrizes. A singularidade da matriz de transformação dos deslocamentos impedia sua

inversão, necessária para a resolução do sistema de equações. Além se superar essa

dificuldade a técnica de condensação das matrizes diminuiu o número de equações do

sistema gerado e portanto o tempo despendido na sua solução.

A resposta dinâmica para casos com carregamentos harmônicos ou periódicos

de baixa freqüência é mais precisa, pois esses casos excitam os modos de vibração

mais baixos. Para casos onde a distribuição do carregamento é localizada e sua

aplicação é súbita, a solução numérica é difícil, pois há a participação de todos os

modos de vibração. Apesar disso, os resultados obtidos nos exemplos apresentados

podem ser considerados bastante satisfatórios.

O esquema Houbolt de avanço no tempo foi o mais apropriado para a utilização

com elementos de contorno, embora boa parte das imprecisões possa ser atribuída à

questão da discretização temporal. A continuidade do trabalho com a reciprocidade dual

deve abordar pesquisa de técnicas alternativas de avanço no tempo, que possam vir a

ser mais adequadas à formulação do MEC.

Na análise com elementos de contorno foi também usado o processo da

integração direta, que aproxima os termos inerciais incógnitos da equação integral por

polinômios interpoladores parametrizados em células. Essa técnica leva a integração de

todo o domínio em forma discretizada. Embora fuja do propósito do MEC, que é

discretizar apenas o contorno, os resultados obtidos são bastante precisos, motivo pelo

qual foi aqui apresentado. Com a utilização dos nós duplos surgiu uma descontinuidade

no interior do corpo. Apesar de não impedir a convergência dos resultados para o valor

exato, procurou-se resolver esse problema colocando-se pontos internos próximos aos

nós e dividindo esse trecho do domínio num número maior de células.

O acoplamento dos dois métodos possibilitou o aproveitamento dos benefícios

de cada técnica. Foi usada a divisão do domínio em sub-regiões, sendo que na

interface comum são admitidas condições de compatibilidade de deslocamentos e de

193

equilíbrio de forças. Para a determinação das incógnitas, utiliza-se o sistema de

equações gerado pelo MEC.

O desenvolvimento e a aplicação da técnica de condensação de matrizes na

formulação com o processo da reciprocidade dual para representar o fenômeno da

propagação de ondas em meios contínuos foi bem sucedido, como demonstram as

análises apresentadas. O bom desempenho do MEC em problemas transientes

motivaram o acoplamento com o MEF, para se tirar vantagens das características dos

dois métodos.

194

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211

ANEXO 1: NOTAÇÃO INDICIAL CARTESIANA

212

Resumem-se aqui algumas regras básicas:

• Convenção de Soma de Einstein: quando um índice aparece repetido em uma

grandeza ou uma expressão, isto significa que o índice deve assumir todos os

valores no seu intervalo de variação e as grandezas definidas somadas entre si. Por

exemplo, a expressão:

3

1 i ij j ij j

j

a x a xξ=

= = (A.1)

contém, no lado direito, o índice j repetido.

Tomando-se os valores de i = 1, 2, 3 por vez , obtém-se três equações:

1 1 11 1 12 2 13 3

2 2 21 1 22 2 23 3

3 3 31 1 32 2 33 3

j j

j j

j j

a x a x a x a x

a x a x a x a x

a x a x a x a x

ξ

ξ

ξ

= = + +

= = + +

= = + +

(A.2)

De maneira análoga, o módulo do vetor x , cujas componentes são 1 2 3, ,x x x é

dado por:

2 2 21 2 3 i ix x x x x x= + + = (A.3)

• Delta de Kronecker: é um operador cuja definição é dada por:

1

0

ij

ij

se i j

se i j

δ

δ

= = = ≠

(A.4)

213

Tomando-se os valores i = 1, 2, 3 obtém-se nove valores, dados por:

11 22 33

12 21 13 31 23 32

1

0

δ δ δ

δ δ δ δ δ δ

= = =

= = = = = =

• Convenção para Derivadas Parciais: a vírgula, acompanhada por índices,

representa a derivada parcial com relação à coordenada dada pelo índice:

,

2

,

ii j

j

ii j k

j k

ff

x

x x

ϕϕ

∂=

∂=

∂ ∂

(A.5)

214

ANEXO 2: CÁLCULO DO JACOBIANO DA

TRANSFORMAÇÃO PARA O ELEMENTO LINEAR

215

A expressão (4.9) nos permite calcular o valor do Jacobiano:

2 2

1 2 x x d

Jdη η η

∂ ∂ Γ= + =

∂ ∂ (A.6)

Para o elemento linear, tem-se:

x =

1 2

1 2

0 0

0 0

ϕ ϕ

ϕ ϕ

11

21

12

12

x

x

x

x

(A.7)

Logo:

1 1 2 21 1 1 x x xϕ ϕ= + (A.8)

com 1 21 1 (1- ) (1 )

2 2eϕ η ϕ η= = +

216

Substituindo os valores de 1 2 eϕ ϕ , obtém-se as ordenadas 1 2 x e x :

1 21 1 1

1 1 2 21 1 1 1 1

1 1 (1- ) (1 )

2 2

1 1 1 1 2 2 2 2

x x x

x x x x x

η η

η η

= + +

= − + +

(A.9)

A derivada 1x

η

∂ será dada por:

( )1 2 2 111 1 1 1

1 1 12 2 2

xx x x x

η

∂= − + = −

∂ (A.10)

Do mesmo modo,

( )1 2 2 122 2 2 2

1 1 12 2 2

xx x x x

η

∂= − + = −

∂ (A.11)

No triângulo retângulo da figura acima:

2 11 1

2 12 2

cos

x x l

x x l sen

θ

θ

− =

− =

(A.12)

Substituindo (A.12) em (A.10) e (A.11), chega-se.

1 cos2

x lθ

η

∂=

∂ e 2

2x l

senθη

∂=

∂ (A.13)

217

O Jacobiano é dado por (A.6):

( ) ( ) ( )2 2 2 2 cos cos4 4l l

J l lsen senθ θ θ θ= + = + = (A.14)

218

ANEXO 3: INTEGRAÇÃO NUMÉRICA DE GAUSS

219

A expressão utilizada para integração numérica unidimensional de Gauss é:

1

11( ) ( )

n

k kk

I f x dx f x w=−

= (A.15)

onde:

kx é a coordenada do k-ésimo ponto de integração;

kw é o fator peso associado a cada ponto;

n o número total de pontos de integração.

Estão listados na tabela a seguir os valores para xk e wk:

n ±±±± xk wk

4 0.

0.

861

339

136

981

311

043

594

584

053

856

0.

0.

347

652

854

145

845

154

137

862

454

546

6 0.

0.

0.

932

661

238

469

209

619

514

386

186

203

466

083

152

265

197

0.

0.

0.

171

360

467

324

761

913

492

573

934

379

048

572

170

139

691

8 0.

0.

0.

0.

960

796

525

183

289

666

532

434

856

477

409

642

497

413

916

495

536

627

329

650

0.

0.

0.

0.

101

222

313

362

228

381

706

683

536

034

645

783

290

453

877

378

376

374

887

362

10 0. 973 906 528 517 172 0. 066 671 344 308 688

220

0.

0.

0.

0.

865

679

433

148

063

409

395

874

366

568

394

338

688

299

129

981

985

024

247

631

0.

0.

0.

0.

149

219

269

295

451

086

266

524

349

362

719

224

150

515

309

714

581

982

996

753

12 0.

0.

0.

0.

0.

0.

981

904

769

587

367

125

560

117

902

317

831

233

634

256

674

954

498

408

246

370

194

286

998

511

719

475

305

617

180

469

0.

0.

0.

0.

0.

0.

047

106

160

203

233

249

175

939

078

167

492

147

336

325

328

426

536

045

386

995

543

723

538

813

512

318

346

066

355

403

16 0.

0.

0.

0.

0.

0.

0.

0.

989

944

865

755

617

458

281

095

400

575

631

404

876

016

603

012

934

023

202

408

244

777

550

509

991

073

387

355

402

657

779

837

649

232

831

003

643

227

258

637

0.

0.

0.

0.

0.

0.

0.

0.

027

062

095

124

149

169

182

189

142

253

158

628

595

156

603

450

459

523

511

971

988

519

415

610

411

938

682

255

816

395

044

455

754

647

492

533

576

002

923

068

20 0.

0.

0.

993

963

912

128

971

234

599

927

428

185

277

251

094

913

325

0.

0.

0.

017

040

062

614

601

672

007

429

048

139

800

334

152

387

109

221

0.

0.

0.

0.

0.

0.

0.

839

746

636

510

373

227

076

116

331

053

867

706

785

526

971

906

680

001

088

851

521

822

460

726

950

715

141

133

218

150

515

827

419

645

497

0.

0.

0.

0.

0.

0.

0.

083

101

118

131

142

149

152

276

930

194

688

096

172

753

741

119

531

638

109

986

387

576

817

961

449

318

472

130

705

240

518

176

382

603

726

222

ANEXO 4: OBTENÇÃO DA SOLUÇÃO DESLOCAMENTO

223

O problema estático hipotético em um domínio infinito a ser analisado é:

lim, 0j

m li fσ δ+ = (A.16)

A solução em termos de deslocamentos deste problema será chamada j

liϕ .

Pode-se escrever:

, , ( ) 0j

li jj li ji liG G fϕ λ ϕ δ+ + + = (A.17)

ou:

2

~ ~~ ~ ( ) ( . ) 0jG G fϕ λ ϕ∇ + + ∇ ∇ + = (A.18)

O operador diferencial ∇

, chamado divergente, é definido como:

1 2 31 2 3

i i ix x x

∂ ∂ ∂∇ = + +

∂ ∂ ∂

(A.19)

O operador diferencial escalar 2∇ , chamado Laplace, é definido como:

2 2 22

2 2 21 2 3

x x x

∂ ∂ ∂∇ = + +

∂ ∂ ∂ (A.20)

Pode-se escrever ϕ

como função de um vetor auxiliar A , chamado vetor de

Galerkin:

21 = 2 (1 - ) A - ( . A)

2 Gϕ ν ∇ ∇ ∇

(A.21)

224

Substituindo-se ϕ

da equação (A.21) em (A.17), resulta:

2 2(1 - ) ( ) 0jA fν ∇ ∇ + =

(A.22)

Com a função escolhida 1 jf r= + , a expressão (A.22) torna-se:

2 2(1 - ) ( ) (1 ) 0A rν ∇ ∇ + + =

(A.23)

A resolução de (A.23) no problema de estado plano de deformação é feita de

modo simples, com o operador Laplaciano 2∇ escrito em coordenadas cilíndricas à

uma variável, ou seja:

( )2 1( )

d dr

r dr dr

∇ =

(A.24)

Resolvendo (A.23):

2 2 1 ( ) -

1- 1 - r

Aν ν

∇ ∇ = −

(A.25)

Aplicando o operador (A.24):

2 1 1 - -

1- 1 - d d r

r Ar dr dr ν ν

∇ =

(A.26)

~

1 1 1 - -

1- 1 - d d d d r

r r Ar dr dr r dr dr ν ν

=

225

21 - -

1- 1 - d d d d r r

r r Adr dr r dr dr ν ν

=

Integrando:

2 3

1

1 - -

2(1- ) 3(1 - )d d d r r

r r A Cdr r dr dr ν ν

= +

211

- - 2(1- ) 3(1 - )

Cd d d r rr A

dr r dr dr rν ν

= +

Integrando:

2 3

1 2~

1 - - ln

4(1- ) 9(1 - )d d r r

r A C r Cr dr dr ν ν

= + +

3 4

1 2

- - ln

4(1- ) 9(1 - )d d r r

r A C r r C rdr dr ν ν

= + +

Integrando:

4 5 2 2

1

2

2 3

- - ln -

16(1- ) 45(1 - ) 2 4

2

d r r r rr A C r

dr

rC C

ν ν

= + +

+ +

226

3 4

1

32

- - ln -

16(1- ) 45(1 - ) 2 4

2

d r r r rA C r

dr

CrC

r

ν ν

= + +

+ +

Integrando uma última vez, chega-se ao vetor A

:

4 5 2 2 2

1

2

2 3 4

1 - - ln - -

64(1- ) 225(1 - ) 2 2 4 8

ln 4

r r r r rA C r

rC C r C

ν ν

= + +

+ + +

(A.27)

Com a matriz A

conhecida, acha-se a solução da equação (A.27), utilizando a

definição dos operadores (A.19) e (A.20). Assim, obtém-se:

32

, , , ,

(1- 2 ) 10 3 -

(5 - 4 ) 30 (1 - ) 3li l i li l i

rr r r r r

G G

ν νψ δ

ν ν

= + −

(A.28)

227

ANEXO 5: ASPECTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO

SOFTWARE

228

Para a implementação e validação dos desenvolvimentos teóricos apresentados

no presente trabalho, foram elaborados programas computacionais, com base nas

formulações apresentadas. O sistema foi desenvolvido na linguagem FORTRAN, não

havendo a preocupação de explorar a capacidade dos equipamentos.

O programa desenvolvido possui a opção de se trabalhar com MEC, MEF ou

acoplamento dos dois métodos, como se fossem três programas independentes.

Na análise pelo Método dos Elementos de Contorno (MEC), utiliza-se a solução

fundamental de Kelvin e o elemento estudado é o linear, isto é, u e p possuem variação

linear sobre os elementos. Podem ser feitas análises estáticas e dinâmicas (problemas

de vibrações livres e problemas transientes). No estudo dos problemas dinâmicos foram

implementados os métodos de integração numérica de Newmark e Houbolt.

Na formulação do Método dos Elementos Finitos (MEF) foram utilizados

elementos de barra, e também é possível realizar análises estáticas e dinâmicas.

Por fim, é feito o acoplamento dos dois métodos através da técnica das sub

regiões. A ligação é feita grau de liberdade a grau de liberdade. As matrizes geradas

nos programas do MEC e MEF são alocadas para o acoplamento entre os métodos.

No programa principal é feita a criação dos arquivos para armazenar as matrizes

das sub-regiões. Em seguida são lidos os dados para cada sub-região e também das

interfaces, se houver. Processa-se a sub-rotina de elementos de contorno e/ou a sub-

rotina de elementos finitos. Finalmente, montam-se as matrizes para cada sub-região,

já com a contribuição dos nós das interfaces calculadas pelo MEF acopladas às

matrizes do MEC. Resolve-se então o sistema de equações, que fornece a reposta no

domínio de elementos de contorno.

A seguir apresenta-se o fluxograma do programa principal.

229

Leitura de Dados das

Sub-Regiões e Interface

Não

Sim

Leitura dos Parâmetros

Temporais

Tipo de Sub-Região

Montagem das Matrizes das Sub-Regiões

Resolução do Sistema

Saída dos Resultados

FinitoContorno

Sub-Rotina

MEF

Sub-Rotina

MEC

Início

Estático

Fim

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