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CADERNO CANAMIX: Setor sucroenergético vê esperança Ribeirão Preto SP Abril - 2015 Ano 17 - Nº 194 R$ 10,00 CRISE HÍDRICA Se não souber usar, vai faltar CONTROLE SANITÁRIO Embrapa vai monitorar pragas ALGODÃO Brasil é lider em produtividade AGRISHOW 2015 Inovação tecnológica em ação

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Terra & Cia Abril 2015 1CADERNO CANAMIX: Setor sucroenergético vê esperança

Ribeirão Preto SPAbril - 2015

Ano 17 - Nº 194R$ 10,00

CRISE HÍDRICASe não souber usar, vai faltar

CONTROLE SANITÁRIOEmbrapa vai monitorar pragas

ALGODÃOBrasil é lider em produtividadeprodutividadeprodutividadeprodutividade

AGRISHOWAGRISHOWAGRISHOWAGRISHOWAGRISHOW2015

Inovação tecnológica em ação

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2 Terra & Cia Abril 2015

Job: 025808 -- Empresa: Almap BBDO -- Arquivo: 025808-08753-AF-41 x 27.5-AMAROK AGRO-CA-JOB. 2956 - 19569_pag001.pdfRegistro: 164687 -- Data: 21:17:01 26/03/2015

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Job: 025808 -- Empresa: Almap BBDO -- Arquivo: 025808-08753-AF-41 x 27.5-AMAROK AGRO-CA-JOB. 2956 - 19569_pag001.pdfRegistro: 164687 -- Data: 21:17:01 26/03/2015

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4 Terra & Cia Abril 2015

Plínio Cesar,diretor

Diretor: Plínio CésarGerente de Comunicação: Luciana Zunfrilli

A voz do agronegócio

Edição:Equipe Terra & CiaEditor Chefe e de Fotografi a : Doca PascoalReportagem: Marcela Servano, Simone Magalhães e Doca PascoalEditor Gráfi co: Jonatas Pereira | Creativo ArtWork

Contatos com a Redação:[email protected]

Outras publicações da Agrobrasil:Guia Oficial de Compras do Setor SucroenergéticoRevista CanaMixPortal CanaMix

Publicidade:- Alexandre Richards (16) 98828 4185 [email protected] Fernando Masson (16) 98271 1119 [email protected] Nilson Ferreira (16) 98109 0713 [email protected] Plínio César (16) 98242 1177 [email protected] [email protected]

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CEP 14075-030 - Ribeirão Preto - SP(16) 3446 3993 / 3446 7574

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Para assinar, esclarecer dúvidas sobre suaassinatura ou adquirir números atrasados:

SAC: (16) 3446.3993 / 3446.7574 - 2ª a 6ª feira,das 9h às 12h e das 13h30 às 18h.

Artigos assinados, mensagens publicitárias e o

caderno Marketing Rural refletem ponto de vista

dos autores e não expressam a opinião da revista.

É permitida a reprodução total ou parcial

dos textos, desde que citada a fonte.

editoria l

A 22ª edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - que acontece de 27 de abril a 1º de maio, em Ribeirão Preto, SP, promete agitar o agribusiness brasileiro. Os organizadores esperam cerca de 160 mil vi-sitantes do Brasil e do exterior, que poderão encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas.

Este ano o evento aposta na diversificação dos equipamentos e inovações tecnológicas. O momento econômico do País pode representar um “freio de mão”, ou pelo menos maior cautela, no que diz respeito a investimentos. Justamente por isso, a indústria fornecedora de máquinas, implementos, insumos, peças e ser-viços tem que se superar para oferecer as melhores soluções, com criatividade.

A Revista Terra&Cia especial Agrishow mostra as novidades da Feira e marca também uma mudança editorial importante nos produtos da AgroBrasil - que conta com a revista e o portal CanaMix e Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético. A partir desta edição, o leitor da Terra&Cia conta com o Ca-derno CanaMix, com conteúdo específico do setor de açúcar, etanol e bioenergia.

A T&C é uma revista dinâmica, que trata do agronegócio de uma forma geral. Por julgar que a cana-de-açúcar tem potencial estratégico para o Bra-sil, decidimos dar atenção especial ao setor sucroenergético em nossas edições. O Caderno vai contar com o conteúdo da revista Cana-Mix, tradicional publicação do setor canavieiro, que tor-na a Terra&Cia ainda mais completa. Nesta edição, espe-cialistas falam sobre a atual conjuntura deste segmento. Boa leitura!

Momento de mudanças

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CAPAAgrishow 201544

LEIA TAMBÉM

8 Crise Hídrica - Déficit de água chegará a 40% no mundo em 15 anos - Falta d’água deve estimular práticas de conservação - São Paulo lança programa de uso racional da água na agricultura

14 Controle Sanitário - Brasil investe em tecnologia para monitoramento de pragas - Livro apresenta visão geral sobre epigenética - Defensivos para combate à Helicoverpa estão liberados até março de 2016 - Mapa define regras para entrada de animais nas Olimpíadas 2016 - Importação de embriões ovinos seguirá regras do Mercosul - São Paulo terá Permissão de Trânsito Vegetal eletrônica

24 Pecuária - Bahia luta por certificado de Zona Livre de PSC - Suinter 2015 anuncia Choice Genetics entre patrocinadores - Iraque e África do Sul retomam importações de carne brasileira - Pecuaristas de MT e MS apostam em integração - MAPA quer capacitar produtores leiteiros

30 Cotonicultura - Brasil é 5º no ranking de produção de algodão - Setor faz campanha por produção responsável - Algodão colorido do Brasil ganha o mundo - Compactação do solo reduz produtividade do algodoeiro em MT - Congresso Brasileiro do Algodão discute PD&I

55 Fruticultura - Tratamento pós-colheita elimina uso de agroquímicos

61 Mandioca - Queda nos preços da raiz gera crise no Paraná - Mandiocultura dará salto tecnológico no Nordeste

65 Plasticultura - Agricultura tem o plástico como aliado - Técnica aumenta produção de frutas em 30% - Cultivo de morango favorece produção de tomate e abacaxi

68 Agenda de Eventos 2015

- Há um fio de esperança para o setor sucroenergético- Setor tem relação difícil como Governo Federal

Caderno

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OpiniãoIntensifi cação ecológica, agricultura para um novo mundo, por Inácio de Barros

SilviculturaEstudo mostra recomposição fl orestal no Tapajós

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Caderno

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6 Terra & Cia Abril 2015

Opinião

Estima-se que a população mundial passará de sete para nove bilhões de pessoas em 2050, aumentando a demanda por alimentos, fibras, madeiras e biocombustíveis

Intensificação ecológica, agricultura para um novo mundo

Inácio de Barros

Perspectivas sugerem que uma verdadeira revolução nos pro-cessos de produção agríco-

la terá que acontecer. Se por um lado o modelo produtivista tem mostrado seus limites, principalmente no que diz respeito ao uso insustentável de recur-sos naturais e nos impactos negativos que causam ao meio ambiente, por ou-tro estima-se que a população mundial

passará de sete para nove bilhões de pessoas em 2050, aumentando a de-manda por alimentos, fibras, madei-ras e biocombustíveis.

Esse aumento será ainda maior do que uma progressão direta do cres-cimento populacional, já que uma substancial melhora na qualidade de vida das populações menos favoreci-das é esperada. O que passará, inevi-tavelmente, por um maior uso per ca-pita de produtos agrícolas.

A solução adotada por milênios para contornar o aumento da deman-da por produtos agropecuários - des-matamento e expansão agrícola - sim-plesmente não é mais possível. Quase não há reservas de áreas agricultáveis e o desmatamento está associado a importantes mudanças que ameaçam tanto a própria agricultura (aumento de pragas, redução da polinização em consequência da diminuição de abe-lhas, erosão do solo, etc.) quanto a

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A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é um exemplo típico de sistema de produção agrícola fundamentado nos princípios da Intensificação Ecológica (ou Intensificação Sustentável)

perda da biodiversidade e as mudan-ças climáticas.

O desafio então se apresenta de forma clara: como atender as deman-das por produtos agropecuários de uma população maior e com melhor qualidade de vida, de forma sustentá-vel, sem aumentar a superfície culti-vada e com menor disponibilidade de água e de energia fóssil? Para respon-der a esse desafio, uma nova proposta surgiu na França no final desta primei-ra década do século 21 – A Intensifi-cação Ecológica (tradução francesa) ou Intensificação Sustentável (tradu-ção britânica) da Agricultura.

Por meio desse modelo, busca-se criar condições para que os mecanis-mos naturais dos ecossistemas sejam intensificados em vez de se subsidiar diretamente a produção com insumos. Isso significa, conforme o caso, eli-minar ou reduzir as arações e grada-gens e, dessa forma, otimizar o fun-cionamento do solo; usar plantas de cobertura e assim favorecer o desen-volvimento de minhocas e fixar o car-bono; praticar o pousio melhorado para maximizar o período de fotossín-tese, a produção de biomassa e a fixa-ção biológica do nitrogênio ou, ainda, praticar ao máximo o combate bioló-gico de pragas e doenças e conservar a biodiversidade.

Esse modelo não exclui o uso de fertilizantes nem de pesticidas, nem descarta os organismos geneticamen-te modificados, mas estes são prati-cados de forma muito mais racional, apenas em complemento às melhores práticas agroecológicas a fim de ga-rantir ganhos na qualidade ambiental sem comprometer a lucratividade.

A integração lavoura-pecuária--floresta (ILPF) é um exemplo típico de sistemas de produção agrícola fun-damentado nos princípios da Intensi-ficação Ecológica (ou Intensificação Sustentável). Na ILPF, os mecanis-

mos naturais dos ecossistemas são ca-nalizados em favor do sistema de pro-dução: as diversas espécies presentes (culturas anuais, pastagens e essên-cias florestais) possuem raízes que ex-ploram recursos do solo em diferentes profundidades, evitando assim a com-petição e favorecendo a complemen-tariedade de nicho no uso de água e nutrientes minerais. A presença de di-versos extratos radiculares favorece ainda a captura de lixiviados e a re-montagem de nutrientes.

Em relação à parte aérea, os di-ferentes níveis de dossel propiciam uma melhor captura e um uso mais eficiente da radiação solar e uma co-bertura do solo que reduz as perdas de água e de solo por erosão e/ou evapo-ração além de reduzir a competição com plantas daninhas. A biodiversi-dade presente tem o potencial de pro-mover mecanismos benéficos como simbiose (Fixação Biológica do Nitro-gênio; associação micorrízica) e alelo-

patia que ajudam no controle de plan-tas invasoras, além de favorecerem a presença de inimigos naturais de pra-gas e oferecerem barreiras físicas e genéticas à disseminação de doenças.

Uma agricultura ecologicamen-te intensiva supõe também manejo das técnicas agrícolas e da organiza-ção espacial mais complexo do que o utilizado hoje, aplicando-se essas téc-nicas e organização aos mais diferen-tes níveis de manejo do agroecossiste-ma – do local à paisagem. Assim, essa forma de agricultura é intensiva não somente no que se refere às funciona-lidades ecológicas, mas requer tam-bém uma forte intensificação dos co-nhecimentos e uma visão holística do processo produtivo, além de uma ges-tão integrada dos diferentes usuários dos ecossistemas. Aí está, sem dúvi-das, uma grande e necessária evolu-ção. (Inácio de Barros é agrônomo e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros)

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Crise Hídrica

Défi cit de água chegaráa 40% no mundo em 15 anos

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Ary Mergulhão: “Grande parte dos problemas que os países enfrentam, além de passar por governança e infraestrutura, passa por padrões de consumo, que só a longo prazo conseguiremos mudar, e a educação é a ferramenta para isso”

Da Redação

Relatório da Organização das Nações Unidas para a Edu-cação, a Ciência e a Cultura

(Unesco) mostra que há no mundo água suficiente para suprir as necessidades de crescimento do consumo, “mas não sem uma mudança dramática no uso, gerenciamento e compartilhamento. Segundo o documento, a crise global de água é de governança, muito mais do que de disponibilidade do recurso, e um padrão de consumo mundial sustentável ainda está distante.

De acordo com a Unesco, nas úl-timas décadas o consumo de água cres-ceu duas vezes mais do que a popula-ção e a estimativa é que a demanda cresça ainda 55% até 2050. Manten-do os atuais padrões de consumo, em 2030 o mundo enfrentará um déficit no abastecimento de água de 40%. Os dados estão no relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimen-to de Recursos Hídricos 2015 – Água para um Mundo Sustentável.

A previsão pessimista conside-ra como principais causas da falta de água a intensa urbanização, as práti-cas agrícolas inadequadas e a polui-ção, que prejudica a oferta de água limpa no mundo. A Unesco estima que 20% dos aquíferos estejam explorados acima de sua capacidade. Os aquífe-ros, que concentram água no subterrâ-neo e abastecem nascentes e rios, são responsáveis atualmente por fornecer água potável à metade da população mundial e é de onde provêm 43% da água usada na irrigação.

O crescimento da população está

estimado em 80 milhões de pessoas por ano, com estimativa de chegar a 9,1 bi-lhões em 2050, sendo 6,3 bilhões em áreas urbanas. A agricultura deve-rá produzir 60% a mais no mundo e 100% a mais nos países em desenvolvi-mento até 2050. A demanda por água na indústria manufatureira deverá qua-druplicar no período de 2000 a 2050.

O documento foi elaborado para alertar os governos para que incenti-vem o consumo sustentável e evitem uma grave crise de abastecimento no futuro. “Uma das questões que os pa-íses já estão se esforçando para me-lhorar é a governança da água. É im-portante melhorar a transparência nas decisões e também tomar medi-das de maneira integrada com os di-ferentes setores que utilizam a água. A população deve sentir que faz par-te da solução”, disse a oficial de Ci-ências Naturais da Unesco na Itália, Angela Ortigara.

A Unesco recomenda, de manei-

ra geral, mundanças na administração pública, no investimento em infraes-trutura e em educação. “Grande par-te dos problemas que os países enfren-tam, além de passar por governança e infraestrutura, passa por padrões de consumo, que só a longo prazo conse-guiremos mudar, e a educação é a fer-ramenta para isso”, diz o coordena-dor de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão.

No Brasil, a preocupação com a falta de água ganhou destaque com a crise hídrica no Sudeste. Antes disso, o País já enfrentava problemas de abas-tecimento, por exemplo no Nordetste. Mergulhão diz que o Brasil tem reser-va de água importante, mas deve inves-tir em um diagnóstico para saber como está em termos de política de consumo, atenção à população e planejamento. “É um trabalho contínuo. Não quer di-zer que o País que tem mais ou menos recursos pode relaxar. Todos têm que se preocupar com a situação”.

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Crise Hídrica

Falta d’água deve estimular práticas de conservação

Uma das saídas defendidas por especialistas para reduzir as consequências da crise hídrica seria organizar o uso da água nas bacias hidrográficas

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Lineu Rodrigues: “O problema hídrico que estamos observando em algumas regiões do Brasil deve ser visto como uma oportunidade para melhorar o uso da água e planejar o futuro”

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A falta de água nos últimos me-ses é uma consequência da baixa ocorrência de chuvas

em períodos atípicos do ano. Esse fa-tor, aliado ao aumento da demanda por água em várias regiões do País e, tam-bém, ao desperdício e a não utilização de práticas de conservação, acabaram agravando ainda mais essa situação. No entanto, segundo o especialista em hidrologia e recursos hídricos e coorde-nador da Rede de pesquisa Agrohidro, Lineu Rodrigues, a crise é também uma questão de gestão e de planejamento.

“O problema hídrico que esta-mos observando em algumas regiões do Brasil deve ser visto como uma oportunidade para melhorar o uso da água e planejar o futuro”, destaca Li-

neu. Uma das saídas defendidas pelo especialista para reduzir as consequ-ências de situações como essa seria organizar o uso da água nas bacias hidrográficas.

“Como a oferta de água é va-riável, para evitar conflitos e proble-mas hídricos é fundamental planejar e fazer a gestão desse recurso. Isto é, compatibilizar a oferta com as de-mandas, para não faltar água para ninguém. É importante que o produtor tenha consciência que ele faz parte de um sistema hídrico maior, se ele des-perdiçar água, alguém mais abaixo fi-cará sem”, pontua Lineu.

A gestão dos recursos hídricos, segundo o especialista, deve ser fei-ta considerando a bacia hidrográfica

como unidade territorial de referência. O Brasil está dividido em 12 regiões hidrográficas e milhares de pequenas bacias. “De preferência, a gestão dos recursos hídricos deve ser feita no rio de maior ordem, que formam as micro-bacias. É nessas bacias que é realmen-te possível constatar os conflitos ou problemas de disponibilidade hídrica”.

Os produtores rurais podem con-tribuir para amenizar o problema ado-tando em suas propriedades práticas conservacionistas, tais como o plantio direto e o terraceamento. Essas medi-das contribuem para aumentar a infil-tração de água no solo e a recarga dos aquíferos, ou do lençol freático. “É essa água que vai abastecer os rios durante o período da seca. Se a infiltração for pe-quena, a recarga será pequena e faltará água nos rios justamente durante esses períodos críticos”, explica Lineu.

A adoção dessas práticas con-servacionistas também ajuda a redu-zir o escoamento superficial, conside-rado ruim, pois carrega lixo e outras impurezas para os rios. “Nesse senti-do, a manutenção da cobertura vegetal é fundamental para combater a erosão e, também, aumentar a infiltração da água no solo”, enfatiza o especialista. (com Embrapa Cerrados)

Crise Hídrica

Crise hídrica pode ser amenizada com a adoção de práticas conservacionistas, como o terraceamento

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Crise Hídrica

São Paulo lança programa de uso racional da água na agricultura

Produtores rurais terão linha de crédito com juros subsidiados para a modernização dos sistemas de irrigação das propriedades localizadas nas bacias de contribuição dos reservatórios para abastecimento público do Alto Tietê

O Governo do Estado de São Paulo lançou uma linha de cré-dito com juros subsidiados (ju-

ros zero) para a modernização dos sis-temas de irrigação das propriedades rurais localizadas nas bacias de con-tribuição dos reservatórios para abas-tecimento público do Alto Tietê, que são: Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba, Pa-raintinga e Ponte Nova. A iniciativa é realizada por meio do Feap (Fun-do de Expansão do Agronegócio Pau-lista), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

O objetivo é incentivar a moder-nização dos equipamentos de irriga-ção com a substituição de tecnologias

ultrapassadas e a adoção de técnicas que permitam, por meio da otimiza-ção dos recursos hídricos, grande di-minuição na captação de águas super-ficiais na bacia do Alto Tietê. Serão contemplados pelo programa peque-nos agricultores dos municípios de Bi-ritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Sale-sópolis e Suzano.

“Trata-se de uma importante iniciativa para substituir equipamen-tos que desperdiçam água durante a irrigação, que visa a boa eficiência”, disse Alckmin. “Os agricultores po-derão conseguir financiamentos a ju-ros zero”, completou. Ao todo serão disponibilizados R$ 60 milhões para

o programa, dos quais R$ 7 milhões para subvenção de juros (Feap) e R$ 53 milhões para os financiamentos (Desenvolve SP).

O prazo para o pagamento do financiamento será de até seis anos, com até um ano de carência, e o va-lor máximo a ser tomado será de R$ 240 mil por beneficiário do programa. Para serem contemplados, os projetos precisam comprovar uma eficiência mínima de 85% de rega, ou seja, de cada litro de água captado, o sistema deverá aproveitar no mínimo 850 ml na irrigação da planta. Com a inova-ção, estima-se que a economia de água será de 50% em cada projeto.

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Controle Sanitário

Brasil investe em tecnologia para monitoramento de pragas

Um estudo conduzido pela Em-brapa Gestão Territorial e parceiros pretende ampliar

a capacidade de monitorar a incidên-cia de pragas exóticas e quarentená-rias que podem causar grandes danos à produção agropecuária e florestal brasileira. O trabalho, registrado com título “Identificação de segmentos e locais nos limites territoriais do Bra-sil para ações de prevenção à entra-da de pragas”, apresenta metodologia para mapeamento dos limites territo-riais brasileiros.

A pesquisa discrimina 6 aspec-tos: as fronteiras secas; as fronteiras úmidas; a presença de floresta; o aces-so terrestre (rodovias); os portos nas fronteiras; e os aeródromos. A con-sideração desses aspectos foi pensa-da em relação às vias pelas quais as

pragas podem entrar em uma região. A entrada de pragas quarentenárias pode resultar na reduçao da produ-ção agropecuária, na contaminação e também na perda de mercado externo, causando impactos ambientais, econô-micos e sociais negativos.

De acordo com o analista de Ge-oprocessamento da Embrapa, Wilson Holler, o objetivo do trabalho é forne-cer subsídios para que ações de pre-venção à entrada e de contenção da dissipação das pragas sejam tomadas pelos órgãos responsáveis. Holler, pri-meiro autor da publicação, afirma que o Brasil sofre impacto negativo à me-dida que aumentam as barreiras co-merciais impostas aos produtos agrí-colas nacionais, em decorrência de novas pragas.

Os dados utilizados no trabalho es-

tão sendo disponibilizandos no portal da Embrapa Gestão Territorial, na aba Da-dos Abertos da Pesquisa. “Buscamos ampliar a possibilidade de trabalhos con-juntos e melhorar nossos estudos, por meio de análises críticas de especialistas que serão facilitadas a partir dessa ini-ciativa”, disse o supervisor do Núcleo de Análises Técnicas, Rafael Mingoti.

Os arquivos estão disponíveis no formato shapefile e com uma proposta de representação das feições cartográ-ficas nos formatos *.lyr, *.sld e *.qml. Com base nos dados obtidos, podem ser estabelecidas regiões prioritárias para ações público privadas (empre-sas, associações ou cooperativas) de prevenção da entrada de pragas de acordo com as pragas existentes em cada país fronteiriço. (com Embrapa Gestão Territorial)

Gorgulho da manga (Sternochetus mangiferae) é apenas uma das pragas quarentenárias a serem

evitadas a partir do mapeamento dos limites territoriais brasileiros

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Controle Sanitário

Livro apresenta visão geralsobre epigenética

Epigenética: bases mo-leculares, efeitos na fi-siologia e na patologia

e implicações na produção ani-mal e vegetal. Este é o título do livro escrito pelas pesquisado-ras da Embrapa, Simone Niciu-ra e Naiara Saraiva, que apre-senta uma visão geral sobre o tema epigenética e mostra como as modificações afetam a saúde e o desenvolvimento de homens, animais e plantas.

O livro também destaca quais são os tipos de modifica-ções epigenéticas conhecidas, como podem ser e como influen-ciam o desenvolvimento de doen-ças, como o câncer, o fenótipo e as características de produção animal e vegetal. A edição técni-ca contou com a participação de jovens cientistas das Universida-des de São Paulo (USP), Esta-dual de São Paulo (Unesp) e Fe-deral de São Carlos (UFScar). O livro está à venda na Livraria Embrapa por R$19,60.

Simone Niciura é uma das editoras técnicas

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Controle Sanitário

Defensivos para combateà Helicoverpa estão liberados

até março de 2016

A Helicoverpa armigera é uma espécie polífaga. As larvas da praga foram registradas em mais de 60 espécies

de plantas cultivadas e silvestres e em cerca de 67 famílias hospedeiras

Os agrodefensivos aplicados para o controle da praga He-licoverpa armigera, nas cultu-

ras de soja, milho e algodão, tiveram o uso emergencial prorrogado até 18 de março de 2016. A decisão do Ministé-rio da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (Mapa) foi motivada pelo fato de que Alagoas, Bahia, Goiás, Mi-nas Gerais, Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão na condi-ção de emergência fitossanitária para a lagarta, que pode causar prejuízos ao agronegócio brasileiro.

Dados do Mapa mostram que, na safra 2012/13 de grãos e fibras na Bahia, os prejuízos causados pela pra-

ga foram de R$ 2 bilhões. De acordo com a Instrução Normativa (IN) nº 3, que oficializa a decisão, os principais produtos utilizados para o controle da praga são os que apresentam, em sua composição, alguns ingredientes ati-vos, como o Bacillus thuringiensis e o Baculovírus (este responsável por agir diretamente no sistema digestivo da lagarta). Os produtos foram mencio-nados, em 2013, no ato nº 15 elabo-rado pelo Mapa.

De acordo com o fiscal federal agropecuário Ériko Tadashi, dentre as medidas já adotadas pelo Ministé-rio para o controle da praga, pode--se destacar a instituição do Grupo de

Gerenciamento Situacional da Emer-gência Fitossanitária, que tem o obje-tivo de identificar, propor e articular a implementação de ações emergen-ciais, ágeis e eficazes para contenção da praga, a fim de assegurar o com-pleto restabelecimento da normalida-de produtiva.

O Mapa também priorizou a análise dos processos que possibili-tam o emprego de novos produtos para controle da praga. A Helicoverpa ar-migera é uma espécie extremamente polífaga – as larvas da praga foram registradas em mais de 60 espécies de plantas cultivadas e silvestres e em cerca de 67 famílias hospedeiras.

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Controle Sanitário

Mapa define regras para entrada de animais nas Olimpíadas 2016

Os cavalos que competirão nos Jogos Olímpicos Rio – 2016 desembarcarão exclusiva-

mente no Aeroporto Antônio Car-los Jobim (Galeão), do Rio de Janei-ro, em voos fretados especificamente para esse fim. Ao desembarcar, os re-presentantes das delegações apre-sentarão os documentos de trânsito internacional e as comprovações sa-nitárias dos cavalos. Além disso, os animais deverão ter microchips com todos os seus dados de identificação.

Com toda documentação che-cada, os animais seguirão, acompa-

nhados do serviço veterinário oficial do Mapa e de um comboio da Polí-cia Federal, até o Centro Olímpico de Hipismo do Complexo Esporti-vo de Deodoro, na capital fluminen-se, onde serão realizadas as compe-tições hípicas.

A decisão foi tomada em reu-nião entre o Departamento de Sani-dade Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to (Mapa), representantes do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, da Autoridade Pública Olímpica (APO), do Ministério da Defesa, do Exército e

da Confederação Brasileira de Hipis-mo (CBH), nesta semana, em Brasília.

“O mais importante é que con-seguimos flexibilizar as regras, dar mais celeridade ao processo, sem ar-riscar em nenhuma instância a segu-rança sanitária do país”, disse o fis-cal federal agropecuário do Mapa, André Pereira Bompet. As regras são específicas para os animais que com-petirão nas Olimpíadas de 2016 e vêm sendo debatidas desde 2014 e já têm aprovação da Organização Mun-dial de Saúde Animal (OIE). (Asses-soria de Imprensa do Mapa)

Cavalos que competirão nos Jogos Olímpicos

Rio 2016 deverão ter microchips com todos os

seus dados de identificação

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Importação de embriões ovinos seguirá regras do Mercosul

A partir do dia 18 de maio de 2015, a importação de em-briões ovinos coletados in

vivo seguirá requisitos zoosanitários adotados pelos países do Mercosul. A Resolução GMC nº 48/14, que trata desta questão, foi incorporada ao or-denamento jurídico nacional pela Ins-trução Normativa Nº 4. As regras fo-ram discutidas entre os países que integram o bloco econômico.

Com isso, o Brasil passa a seguir os mesmos requisitos dos outros países do Mercosul para importar, de qual-

quer país, embriões ovinos coletados in vivo. O documento determina que toda importação desse tipo de produto deverá ser acompanhada de Certifica-do Veterinário Internacional, emitido pela Autoridade Veterinária do país exportador, que atesta o cumprimen-to dos requisitos.

O país exportador também de-verá elaborar o modelo de certificado que será utilizado para a exportação desses embriões ovinos aos países do Mercosul, incluindo as garantias zoo-sanitárias que constam na resolução

para aprovação prévia pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento (Mapa).

De acordo com Alberto Gomes, chefe da Divisão de Trânsito Inter-nacional da Coordenação de Trânsi-to e Quarentena Animal (DTI/CTQA/Mapa), a Resolução GMG Nº 48/14 é a primeira do Mercosul que con-templa os requisitos para a importa-ção de embriões ovinos coletados in vivo e “é importante para padroni-zar os requisitos zoosanitários jun-to ao Bloco”.

Controle Sanitário

ZEBU: PRODUTIVO & SUSTENTÁVEL.

PATROCÍNIO

APOIO

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Controle Sanitário

São Paulo terá Permissão de Trânsito Vegetal eletrônica

O governador paulista Geraldo Alckmin autorizou o início da operação da PTV (Permissão

de Trânsito Vegetal) eletrônica, neces-sária para que o estado de São Pau-lo possa exportar produtos vegetais, que sejam veiculadores de pragas qua-rentenárias presentes, para outro país ou outro estado da Federação. A PTV também pode ser exigida no trânsi-to dentro do próprio estado, como é o caso de mudas.

“A permissão é um importante

instrumento do ponto de vista sanitá-rio para evitar a transmissão de doen-ças e a defesa sanitária, mas isso não pode ser de forma burocratizada. En-tão, a partir de hoje, o produtor rural pode ter acesso ao documento da sua casa, do seu computador, de onde es-tiver, sem precisar se deslocar até a Casa de Agricultura ou até os escri-tórios da Defesa Agropecuária”, dis-se Alckmin.

O sistema informatizado permi-te aos agricultores maior agilidade no

processo de emissão da PTV. Antes, o documento só podia ser emitido por uma unidade da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária), da Secre-taria de Agricultura e Abastecimen-to. Agora, o processo poderá ser feito pelo próprio produtor, a partir de um computador ou mesmo telefone móvel com acesso à internet.

De acordo com o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, o Mi-nistério da Agricultura exige que as guias sejam assinadas por um agrôno-mo. “Nós queremos que esta guia seja emitida automaticamente e que de-pois a supervisão seja feita pelo agrô-nomo, ou seja, a verificação se dá nas exceções, nos casos que precisam ser fiscalizados e não cotidianamente, o que vai faciltar também a vida do agricultor.

A emissão da PTV é a conclusão de um sistema de Certificação Fitos-sanitária cujo objetivo é evitar a dis-seminação de pragas com potencial de causar danos econômicos (pragas re-gulamentadas), viabilizando o trânsi-to de vegetais de acordo com as nor-mas de defesa sanitária vegetal. O sistema já está à disposição dos agri-cultores paulistas.

Para ter acesso, os produtores ou responsáveis técnicos devem reali-zar o cadastro no site gedave.defesa-agropecuaria.sp.gov.br. Devem, tam-bém comparecer a uma das unidades de Defesa Agropecuária, portando o requerimento de ativação e desblo-queio de acesso ao Gedave devida-mente preenchido e assinado, além de toda a documentação exigida.

Governador Geraldo Alckmin autorizou o início da operação da PTV (Permissão de Trânsito Vegetal) eletrônica no Estado de São Paulo

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Pecuária

Bahia luta por certificadode Zona Livre de PSC

Da Redação

O Estado da Bahia quer con-quistar novos mercados para exportação de carne suína.

Para isso, o governo baiano está ado-tando uma série de medidas para que o Estado obtenha a certificação inter-nacional de Área Livre de Peste Suí-na Clássica (PSC), através da Agên-cia de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri). A meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é que 14 estados recebam o reconheci-mento internacional até 2016.

A Bahia já é livre da doença sem a necessidade de vacinação desde 2001, quando recebeu o status nacio-nal de livre para a Peste Suína Clássi-ca, e agora está entre os estados que pleiteiam o reconhecimento interna-cional. De acordo com o coordenador do Programa de Sanidade dos Suíde-os, Sérgio Vidigal, são várias as ações executadas pela Bahia, a exemplo dos inquéritos soroepidemiológicos, vigi-

lância ativa de granjas e criatórios, controle do trânsito, em proprieda-des de risco localizadas próximas as divisas com estados infectados, além da vigilância em suídeos asselvajados (javali e seus cruzamentos).

Segundo o diretor da Adab, Rui Leal, o processo de obtenção da cer-tificação de Área Livre de PSC pela Bahia vai dar proteção às demais uni-dades da federação que estão pleite-ando o reconhecimento. “Vamos con-tinuar cumprindo o compromisso de proteger a sanidade animal no estado e no Brasil, realizando fiscalizações nas regiões de divisa com estados in-fectados e criando uma área de prote-ção contra PSC”, disse Leal.

Para o diretor-geral da Adab, Oziel Oliveira, “a certificação agrega-rá valor ao produto e ajudará no de-sempenho econômico, promovendo a geração de emprego e renda para os baianos e brasileiros”. O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa (SDA), Décio Coutinho, reforçou que a prio-ridade está na manutenção e amplia-ção de mercados internacionais para

os produtos. “Para isso estamos rea-lizando reuniões e organizando toda a documentação para que, em breve, os estados consigam obter a certificação internacional”, informou Coutinho..

PSC - A Peste Suína Clássica é uma doença de etiologia viral, alta-mente contagiosa, podendo determinar quadros de febre, hemorragias múlti-plas e com alta taxa de mortalidade. A transmissão acontece através de secre-ções, excreções, sêmen e sangue, além do contato direto entre os animais. Su-ínos e javalis são os únicos reservató-rios naturais do vírus da Peste Suína Clássica. (com Ascom Adab)

Oziel Oliveira: “A certificação agregará valor ao produto e ajudará no desempenho econômico, promovendo a geração de emprego e renda para os baianos e brasileiros

Governo baiano está adotando uma série de medidas para que o Estado obtenha a certificação internacional de Área Livre de Peste Suína Clássica (PSC)

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Pecuária

Iraque e África do Sul retomam importações de carne brasileira

Em 2012, o Brasil exportou mais de 5,6 mil toneladas de carne para o Iraque, registrando um faturamento acima de US$ 24 milhões

Após imposição de embargo em função do caso atípico de BSE (encefalopatia espon-

giforme bovina, conhecida popular-mente como doença da vaca louca) ocorrido no Estado do Mato Grosso, em 2014, o Iraque aprovou, em mar-ço de 2015, a liberação das impor-tações de carne bovina brasileira e seus subprodutos. Atestada a inocui-dade do sistema brasileiro pela Or-ganização Mundial de Saúde Animal (OIE), que manteve o status de ris-co do país como “insignificante”, as negociações bilaterais pela reabertu-ra foram iniciadas.

Em 2012, o Brasil exportou mais de 5,6 mil toneladas de carne

para o Iraque, registrando um fatura-mento acima de US$ 24 milhões. No final de fevereiro deste ano, a Áfri-ca do Sul também reabriu o mercado para exportações brasileiras de carne bovina desossada. A África do Sul ha-via embargado a entrada desses pro-dutos, pela ocorrência de febre af-tosa no Brasil e pelo caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina. O Brasil já chegou a exportar mais de 11 mil toneladas para o país africano com faturamento de US$ 16 milhões.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), An-tônio Jorge Camardelli, a recuperação desses mercados se somam a outras

conquistas para o setor de exportação de carne bovina brasileira, que desde o ano passado acumula notícias positi-vas com relação à reabertura e expan-são de mercados, como Irã e Egito. “Um reconhecimento ao trabalho con-junto da Abiec e ministérios de Agri-cultura e das Relações Exteriores, que não economizam esforços para defen-der os interesses do País e do setor”.

Camardelli ressalta ainda que o setor tem boas perspectivas para 2015, com o fim definitivo dos embar-gos de China, Arábia Saudita e Japão, além da possibilidade de abertura do mercado norte-americano. “Isso nos permite manter uma previsão otimis-ta para este ano”.

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Pecuária

Suinter 2015 anuncia Choice Genetics entre patrocinadores

A Choice Genetics anunciou participação no 8º Suinter (Simpósio Internacional de

Produção Suína), que acontecerá de 9 a 11 de junho de 2015, no Rafain Palace Hotel e Convention Center, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Com o ob-jetivo de contribuir com a realização do evento e, consequentemente, maior capacitação profissional no setor, a empresa espera aproveitar o momen-to para rever profissionais do segmen-to e esclarecer possíveis dúvidas dos

participantes, antecipa o diretor da Choice Genetics Brasil, Yves Naveau.

“O Suinter é um evento altamen-te técnico, mas que aborda cada tema de forma muito prática. Como se des-tina à suinocultores e profissionais de-dicados a produção, sem duvida é um importante evento para trazer os últi-mos conhecimentos técnicos da área. E vamos também aproveitar a opor-tunidade de participar de debates com esses importantes profissionais envol-vidos na produção de suínos”, disse o executivo.

Com o tema “Evolução: Pro-dução em Foco”, o evento vai reunir os principais especialistas da área de produção de suínos para debater os principais desafios, oportunidades e os rumos da produção suína no futuro. A expectativa é reunir mais de 500 par-ticipantes, entre médicos veterinários, zootecnistas, produtores de suínos, empresários, profissionais da agroin-dústria e representantes das principais empresas da cadeia produtiva.

Yves defende a importância de promover um debate sobre qual dire-ção deve seguir as evoluções da sui-nocultura mundial. “A produção de suínos tem evoluído muito nos últi-mos anos com empresas e organiza-ções se estruturando e se consolidan-do. E, neste cenário, é fundamental parar para refletir e analisar as evo-luções globais na produção de carne suína para definir sua própria estraté-gia de produção dentro do atual cená-rio global”.

Evolução da suinocultura - Dian-te de tantas transformações que tem

vivido a suinocultura nos últimos anos, o aumento de prolificidade, peso dos animais de abate, conversão ali-mentar e redução do custo de produ-ção devem se manter entre as prio-ridades na produção de carne suína, aposta Yves. Ele acredita também na forte tendência de aumento de preocu-pações sociais na produção “Nos pró-ximos anos, devemos ver maior preo-cupação com a sanidade e a restrição do uso de antibióticos nessa dinâmica atividade, mesmo que isso represente um aumento nos custos de produção”.

Com o objetivo de debater os principais desafios que existem nos atuais sistemas de produção e disponi-bilizar estratégias e oportunidades de manejo a fim de contribuir com maior nível de especialização no campo, o 8º Suinter vai debater temas como sa-nidade, instalação, manejo, nutrição, reprodução, bem-estar e gestão, des-taca a idealizadora do Suinter e mem-bro da comissão técnica Maria Nazaré Lisboa, que ressalta a importância de ter a parceria de uma empresa como a Choice Genetics apoiando o evento.

“É importante que uma empresa como a Choice Genetics apoie inicia-tivas de difusão de conhecimento téc-nico voltados para a capacitação pro-fissional. Esta participação contribui com a qualidade e enriquece os deba-tes. Para esta edição, estamos dispo-nibilizando o que há de mais recente e avançado em pesquisas e tecnologias nas diferentes áreas de produção. A ideia é abordar estes temas de forma prática e fácil adoção no dia a dia da suinocultura” afirmou a especialista.

Yves Naveau, diretor da Choice Genetics Brasil, defende a importância de promover um debate sobre qual direção devem seguir as evoluções da suinocultura mundial

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Leitores da Terra&Cia têm descontos especiais!

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Pecuária

Pecuaristas de MT e MS apostam em integração

Rubens Catenacci: “Passamos de um animal por hectare para três nesse período e nas próximas duas safras nossa meta é chegar a cinco unidades animal, dividindo o mesmo espaço”

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A integração entre pastagem e produção de grãos para o de-senvolvimento vertical das

propriedades é a aposta dos criado-res de gado dos estados de Mato Gros-so e Mato Grosso do Sul. No primeiro ano de atividades, o consórcio já ren-deu aumento de um para três animais por hectare. Preocupados com o perío-do de seca, que na região Centro-Oeste se estende de maio a setembro, os pe-cuaristas investem na integração com a finalidade de aumentar a taxa nutri-cional do solo e garantir melhor de-senvolvimento da pastagem.

A integração proporciona ali-mentação adequada ao rebanho nos meses de estiagem. Em Cáceres, MT, o agrônomo e consultor do grupo Nelore Grendene, Lycurgo Iran Nora, traba-lha sob a meta de atingir a lotação de oito cabeças por hectare, em cinco sa-

fras. “Neste primeiro ano de integra-ção, passamos de um para 3,5 animais por hectare. Isso acontece por conta do aumento de nitrogênio, que, após esta experiência com a soja e o milho, somou aproximadamente 45 kg por hectare, o que privilegiará a próxima cultura, no caso a pastagem”.

De acordo com Iran Nora o de-senvolvimento da pastagem come-ça 30 dias antes do início da colheita dos grãos e os benefícios do consórcio sobressaem aos resultados nutricio-nais do capim. “A utilização dos grãos para silagem na alimentação dos ani-mais além de diminuir os custos com ração importada de outras regiões, fa-vorece o reabastecimento de energia do animal, por meio do amido do mi-lho. Contamos ainda com o desenvol-vimento sustentável, já que plantamos uma cultura sob a outra, sem aumen-

tar área, apenas reaproveitando e me-lhorando”, disse.

Nos mesmos moldes do grupo Grendene, a Fazenda 3R, em Figueirão, MS, colhe sua segunda safra de grãos com resultados semelhantes. “Passa-mos de um animal por hectare para três nesse período e nas próximas duas sa-fras nossa meta é chegar a cinco unida-des animal, dividindo o mesmo espaço”, afirma o pecuarista Rubens Catenacci.

Segundo o administrador da Fa-zenda 3R, Rogério Rosalin, o objetivo é de cunho ambiental e produtivo. “O empreendedor rural atualmente pre-za por qualidade, sem danos ao meio ambiente. Há algum tempo a pecuária deixou de expandir as áreas e passou a apostar em tecnologia, visando susten-tabilidade e crescimento vertical, com foco na carne de qualidade e aumento de receita”, observa o administrador.

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prepara um conjun-

to de ações para aumentar a qualida-de do leite, capacitar trabalhadores e ampliar exportações, a partir de um programa de estímulo à produção e consumo, que beneficiará produtores de Goiás, Minas Gerais, Santa Catari-na, Paraná e Rio Grande do Sul, prin-cipais estados que garantem o abas-tecimento do País. O programa está sendo formulado em parceria com re-presentantes de produtores, cooperati-vas e indústria.

De acordo com a ministra Ká-tia Abreu, o Brasil precisa de “foco na melhoria da qualidade e eficiência produtiva, uma vez que não se con-segue ter indústria competitiva sem base produtiva competitiva”. O Bra-sil é o quarto maior produtor mundial de leite, com 34 bilhões de litros em 2013. Para a ministra, o setor pode melhorar sua performance investindo na qualidade.

O principal pilar do programa do Mapa é a assistência técnica. Os pro-dutores interessados poderão se ins-crever em cursos de capacitação, que serão oferecidos em parceria com o Sistema S (conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional, assis-tência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, como Senai, Sesc, Sesi, Senac, etc.).

O objetivo dos cursos é aperfei-çoar o manejo do leite e, com isso, au-mentar a produtividade e a renda dos produtores. Segundo dados do Cen-

so Agropecuário (IBGE, 2006) dos 5,1 milhões de estabelecimentos ru-rais, 77% não recebem nenhum tipo de orientação técnica. Os produtores contemplados pelo programa tam-bém deverão contar com uma linha de crédito especial para custeio e in-vestimento. O Mapa pretende desbu-rocratizar o acesso a programas de financiamento já disponíveis e estuda criar uma linha de crédito permanen-te para retenção de matrizes leiteiras bovinas e bubalinas.

Outra prioridade será a erradi-cação da brucelose e da tuberculose, amplamente disseminadas no territó-rio brasileiro. O Mapa estuda criar fundos estaduais para indenização por animais contaminados, mas antes vai acelerar o levantamento da situação epidemiológica dos cinco estados. Es-tima-se que as perdas diretas com a brucelose sejam de 25% na produção de leite. No caso de tuberculose, a es-timativa é de 10 a 18% de queda.

Com a sistematização dos dados da Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade do Leite, o programa pre-tende desenvolver, em parceria com a Embrapa, uma plataforma integrada para análise e interpretação dos dados laboratoriais dos cinco estados. Com isso, será possível compilar informa-ções sobre a qualidade do leite. O mi-nistério estuda uma forma de harmo-nizar os parâmetros de qualidade do leite entre os serviços de inspeção fe-deral, estadual e municipal.

O Mapa deverá implementar ini-ciativas para promover o consumo de leite e derivados, além de ampliar pro-

Pecuária

MAPA quer capacitar produtores leiteiros

gramas institucionais do governo fede-ral para compra e distribuição de leite a famílias carentes. Estimular o con-sumo de leite ajuda ajustar a oferta e a demanda no setor. Apesar de o con-sumo doméstico ter aumentado 2% no ano passado, a produção cresceu 7% nos nove primeiros meses de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, de acordo com o IBGE. Os produto-res também reivindicam atualização de marcos regulatórios e reestrutura-ção do Programa Nacional de Qualida-de do Leite. (com Assessoria do Mapa)

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O programa pretende desenvolver, em parceria com a Embrapa, uma plataforma integrada para análise e interpretação dos dados laboratoriais dos cinco maiores estados produtores

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Cotonicultura

Brasil é 5º no rankingde produção de algodão

Galho com cinco capulhos de algodão

Doca Pascoal

O Brasil é o quinto maior produ-tor de algodão do planeta e lí-der mundial em produtivida-

de em solo não irrigado. Os dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) também posicio-nam o País como terceiro maior ex-portador desta cultura agrícola, que figura entre as dez principais do mun-do. A produção anual brasileira gira em torno de dois milhões de toneladas de fibra, plantados numa área de 1,1 milhão de hectares espalhada princi-palmente pelo Centro-Oeste, região Sul-Amazônica e Nordeste.

Nas últimas três safras, o volu-me médio produzido nas lavouras bra-sileiras foi de 1,7 milhão de tonela-das da pluma, o que inclui o Brasil no “Top Five” dos maiores produtores mundiais, atrás apenas da China, Ín-dia, Estados Unidos e Paquistão. O al-godão brasileiro tem, como principais destinos de exportação, países como Indonésia, Coréia do Sul, China, Es-tados Unidos, além da União Euro-peia. O Brasil, que há duas décadas era o maior país importador, hoje traz de fora apenas um residual que não ultrapassa 15 mil toneladas/ano.

Todos os anos, em média, 35 mi-lhões de hectares de algodão são plan-tados por todo o planeta. A demanda mundial tem aumentado gradativa-mente desde a década de 1950, a um crescimento anual médio de 2%. Atu-almente, o algodão é produzido por mais de 60 países, nos cinco continen-

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Detalhe do algodoeiro irrigado por pivô central

Nas últimas três safras, o volume médio produzido nas lavouras brasileiras foi de 1,7 milhão de toneladas da pluma,

o que inclui o Brasil no “Top Five” dos maiores produtores mundiais

tes. De acordo com a Abrapa, o co-mércio mundial da fibra movimenta hoje cerca de US$ 12 bilhões (cerca de R$ 37 bilhões) e envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas até a embalagem.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to (Mapa), a produção nacional de al-godão é, prioritariamente, destinada à

indústria têxtil. A principal preocupa-ção da cotonicultura brasileira é com a qualidade da fibra, para atender às exigências das indústrias nacionais e clientes externos. Técnicas avançadas de plantio, aliadas à utilização de culti-vares melhor adaptadas ao tipo de solo e clima das regiões produtoras contri-buíram para o avanço da produção.

Com índice de produtividade

60% superior aos Estados Unidos, a cotonicultura brasileira mudou radi-calmente, passando, em uma déca-da, de lavoura manual para totalmen-te mecanizada no plantio, nos tratos culturais e na colheita. Os estados de Mato Grosso e Bahia são responsá-veis por 82% da produção nacional e se destacam pelo investimento em bio-tecnologia, gerenciamento do setor e novas técnicas de manejo.

História - A cotonicultura foi uma das primeiras atividades agríco-las desenvolvidas no Brasil. O primeiro “boom” ocorreu no século XIX, com a redução do fornecimento norte-ameri-cano às tecelagens inglesas durante a guerra civil. Após problemas na produ-ção, causados pelos impactos de guer-ras e pragas, o algodão ressurgiu for-te e competitivo no Brasil. O setor vive boas perspectivas de expansão, esti-mulado pela vitória obtida em 2008, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), contra a prática de subsídios considerados desleais.

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Cotonicultura

Setor faz campanha por produção responsável

Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) se baseia em princípios de produção relacionados aos três pilares básicos da sustentabilidade: ambiental, social e econômico

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aA Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) lançou, no final de

2012, o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que se baseia em princípios de produção relacionados aos três pilares básicos da sustentabi-lidade: ambiental, social e econômico. Na Safra 2013/14, o ABR certificou 256 fazendas localizadas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Maranhão e Minas Ge-rais. Juntas, representam 805,4 mil hectares de área plantada e produção de 1,22 milhão toneladas de pluma.

Na safra 2013/14 de algodão, mais de dois terços da produção bra-sileira recebeu certificação socioam-biental. O programa ABR segue ali-nhado às premissas da Better Cotton Initiative (BCI). Ambos os programas possuem hoje o mesmo protocolo de certificação e licenciamento. Do to-tal de 1,7 milhão de toneladas de plu-mas produzidas pelo Brasil na safra 2013/14, a participação de produto-res associados ao ABR representou 71%. Já a participação de certifica-dos pelo BCI alcançou 66% do total.

Financiado com recursos do Ins-tituto Brasileiro do Algodão (IBA), o programa ABR representa a sínte-se da união dos cotonicultores brasi-leiros em prol de uma melhor produ-ção em todo País. A adesão a esse tipo de programa é voluntária e represen-ta um avanço na consolidação da co-tonicultura em Mato Grosso e nos de-mais estados produtores de algodão do Brasil, assegurando a posição do

Brasil entre os cinco maiores players do mercado mundial da pluma.

Certificação - A adesão ao pro-grama ABR ocorre em duas etapas. Inicialmente, é realizada uma veri-ficação interna pelas equipes de sus-tentabilidade das associações estadu-ais, que observam a conformidade das propriedades com a lista de requisitos

do programa. Os técnicos vão até as fazendas para uma avaliação e orien-tação sobre como corrigir os possíveis problemas. Após a verificação interna e a correção das não conformidades, a verificação fica por conta de certifi-cadoras independentes. O principal re-quisito para a seleção das empresas é a acreditação internacional.

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Terra & Cia Abril 2015 35

Cotonicultura

Algodão colorido do Brasil ganha o mundo

Algodão colorido cultivado por produtores da Paraíba está se firmando como produto

de luxo para o mercado externo. De símbolo regional em lojas de artigos para turistas, a pluma colorida alcan-çou status de peças de glamour expor-tadas para a França, Itália, Espanha, Alemanha, Japão, Estados Unidos e países escandinavos. A “luxuosa” pluma marrom, tão aplaudida nas fei-ras internacionais de moda, cresce no Brasil em meio à paisagem seca do agreste paraibano, onde nem o feijão e o milho resistiram à falta d’água.

O cultivo de algodão colorido orgânico é uma das principais fontes de renda do Assentamento Margari-da Maria Alves, localizado no muni-cípio de Juarez Távora, PB. A área de 18 hectares não aparece nas esta-tísticas oficiais de produção do algo-dão no Brasil, mas chama a atenção do mundo da moda sustentável por ser uma alternativa ao sistema de pro-dução tradicional com alto uso de in-sumos e de água. O algodão colorido produzido no Semiárido, por exemplo, foi destaque na feira 1.618 Sustaina-ble Luxury Paris (1.618 Luxo Susten-tável), realizada em abril, na capital francesa.

O assentamento que abriga 15 famílias fica a 100 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba. O cultivo do algodão colorido é em sis-tema de sequeiro, sem nenhum tipo de adubo ou inseticida sintético. O algo-dão é certificado pelo Instituto Biodi-nâmico (IBD). A pluma é beneficiada no próprio assentamento em uma mini

usina descaroçadora. A máquina sepa-ra a semente da fibra. A semente fica no assentamento para o próximo plan-tio e para alimentação animal. Já a fi-bra segue para a indústria de fiação em Campina Grande e João Pessoa. Posteriormente segue para teares me-cânicos rústicos que ainda existem em diversos municípios paraibanos.

Como já nasce colorida, a fibra dispensa o uso de produtos químicos para tingir o tecido e economiza 83% de água no processo de acabamento da malha, em comparação com os te-cidos coloridos artificialmente. Essas características tornam o produto mui-to procurado pelas empresas voltadas para a chamada “moda verde”. De acordo com a presidente da Associa-ção da Indústria do Vestuário da Pa-raíba (Aivest-PB), Francisca Vieira, o público consumidor das peças de algo-

dão colorido é consciente e com alto poder aquisitivo, que se preocupa com a origem do produto que consome.

Desafios - Além da escassez de água, o algodão colorido precisa so-breviver ao bicudo-do-algodoeiro (An-thonomus grandis), uma das principais pragas da cultura. O inseto contribuiu para a diminuição gradativa das plan-tações de algodão branco na região Semiárida, que já foi a maior área de produção algodoeira do País. O praga ataca o botão floral e deposita o ovo. Depois de furado pelo bicudo, o botão cai e em aproximadamente 25 dias surge um novo inseto adulto. Uma fê-mea pode perfurar até 200 botões e se não for feito o controle, pode botar toda a safra a perder.

Novas cores - O algodão colorido é tão antigo quanto o algodão branco. Muitas espécies silvestres datadas de

Capulho de algodão colorido da variedade BRS Topázio

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4.500 anos foram encontradas em es-cavações no Peru e no Paquistão. Mas esse tipo de algodão tinha fibras muito curtas que não serviam para a fiação. “Quando nascia um pé de algodão co-lorido era arrancado para não se mis-turar com o branco”, observa do pes-quisador da Embrapa Algodão, Isaias Alves. Depois de 20 anos de melhora-mento genético, a Embrapa obteve va-riedades de pluma colorida aptas a se-rem utilizadas na indústria têxtil.

Neste período, foram lançadas cinco variedades em tonalidades que vão do verde-claro aos marrons cla-ro, escuro e avermelhado. Para 2015, está previsto o lançamento de outra variedade marrom, mais produtiva e com maior qualidade de fibra. Segun-do o pesquisador da Embrapa Algo-dão, Luiz Paulo Carvalho, responsável pelo desenvolvimento das variedades de algodão colorido, o primeiro passo

foi escolher uma variedade com cor in-teressante para cruzar com uma plan-ta de fibra branca de boa qualidade.

“Depois selecionamos várias plantas que nasceram com uma cor bonita, boa produção e mandamos a fibra para analisar em laboratório. Guardamos as melhores sementes e plantamos em linhas para observar se nascem com características homogê-neas, resistência a doenças e boa pro-dução”, disse Carvalho. O processo é repetido em média de sete a oito anos para se chegar a uma nova varieda-de pronta para ser lançada no merca-do. “No médio prazo, esperamos obter também uma variedade na cor rosa”, disse o pequisador.

As variedades lançadas foram obtidas por meio do melhoramento ge-nético convencional, a partir de cru-zamento de plantas de algodão entre si. Outra linha de pesquisa busca ob-

ter o algodão de cor azul. Mas como não existem plantas de algodão com a cor azul na natureza, os pesquisa-dores estão recorrendo à biotecnolo-gia para transferir o gene que fornece o tom azulado para a fibra do algodão. “No momento, uma construção gênica que poderá produzir a cor azul na fi-bra está sendo introduzida no genoma do algodão”, afirma Luiz Paulo.

O desenvolvimento do algodão azul, segundo o pesquisador, reduziria signifi-cativamente o uso de tinta na indústria têxtil. “Se tivéssemos este algodão, nós o utilizaríamos para confeccionar o jeans, por exemplo. Seria sem dúvida um gran-de avanço, pois o mundo inteiro fabrica jeans e se gasta muita tinta para a produ-ção do tecido”, destaca.

Desenvolvimento de mercado - O desafio do setor é aumentar a esca-la de produção. Para isso, foi criado o Comitê Gestor do Arranjo Produtivo

Campo de algodão pronto para colheita

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Local de Confecções e Artefatos de Al-godão Colorido do Estado da Paraíba, que integra empresários, produtores e suas organizações e instituições de apoio (Embrapa, Abit, FIEP, APEX, Senai, Sebrae, bancos públicos e pri-vados, Governo do Estado da Paraíba, Mapa, SFA-PB e Conab-PB).

O Comitê, criado com o objeti-vo de articular todos os elos envolvidos no ciclo de produção da pluma, já co-lhe frutos positivos. Uma das principais conquistas foi a garantia de compra da produção do algodão colorido, que deu segurança ao produtor para realizar o plantio e alimentar a cadeia produtiva do Estado que envolve tecelagens, con-fecções e pequenas indústrias de moda e decoração. De acordo com o coorde-nador do comitê gestor, Gilvan Ramos, o desafio agora é ampliar a produção para atender novos mercados.

“Grandes marcas nacionais e in-

ternacionais têm procurado o algodão colorido orgânico a fim de desenvol-ver linhas sustentáveis, e a produção precisa urgentemente ganhar escala produtiva e regularidade de oferta”, observa. Segundo ele, o produto não permanecerá por muito tempo ape-nas como nicho de mercado. “A China já planta 21 mil hectares de algodão colorido orgânico enquanto o Bra-sil só alcançou até hoje 1.800 hecta-res”. Ele acredita que o cultivo deve se espalhar no mundo todo, citando o exemplo dos EUA, onde já se vende se-mentes de algodão colorido on line.

Está entre os planos do comi-tê gestor, implantar um polo têxtil e de confecções de fibras naturais, que incluem o algodão colorido, em João Pessoa, PB. De acordo com o presi-dente da Associação Brasileira da In-dústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone, ainda existem ques-

tões econômicas a serem soluciona-das, mas acredita que no médio pra-zo a produção pode crescer, tendo em vista que este tipo de matéria-prima reduz o consumo de água e produtos químicos nas etapas de produção, pois dispensam a etapa de tinturaria.

Redução de resíduos, reaproveita-mento de água, utilização de lodo como fonte energética, uso de corantes natu-rais, fibras sintéticas biodegradáveis, desfibramento das roupas usadas e de retalhos para fazer novos fios, além de reciclagem de garrafas PET para trans-formá-las em fibras para confecção de camisetas, estão entre as iniciativas apontadas por Cervone em favor da sus-tentabilidade na indústria da moda. “O Brasil já possui uma imagem de referên-cia no mundo quando o assunto é moda sustentável. Mas não há dúvida de que ainda há muito a ser feito”. (com Em-brapa Algodão)

Colheita de algodão colorido em Juarez

Távora, PB

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Cotonicultura

Compactação do solo reduz produtividade do algodoeiro em MT

Pesquisa desenvolvida pela Embrapa, Instituto Mato--grossense do Algodão (IMA-

mt) e parceiros, indica que a resistên-cia à penetração radicular na camada de 10 a 20 cm do solo é um dos prin-cipais fatores responsáveis pela redu-ção da produtividade do algodão no Estado de Mato Grosso. Se a com-pactação for acompanhada de infes-tação pela praga Meloidogyne incog-nita, conhecida como nematóide das galhas, o dano pode ser ainda maior.

O estudo analisou amostras em mais de 1,1 mil talhões nas princi-pais regiões produtoras de algodão de Mato Grosso e correlacionou 78 parâ-metros, bióticos e abióticos, em busca de causas para a redução da produti-vidade que tem sido observada nas la-vouras. Entre os itens avaliados esta-vam sistema de produção, cultivares utilizadas, produtividade, atributos químicos, físicos e biológicos do solo, além da presença de fitoparasitas.

As análises mostraram que 16% das áreas amostradas apresentaram valores muito altos de resistência à penetração, sendo necessária a reali-zação de medida específicas para des-compactação do solo. Para o pesqui-sador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ciro Magalhães, todos os solos são su-jeitos à compactação, independente-mente da textura. Segundo ele, o ex-cesso de aração e gradagem, além da entrada de máquinas em condições de alta umidade, são os principais fato-res responsáveis pelo problema.

“A principal causa é o mane-

João Flávio Veloso Silva: “A melhor alternativa para controlar nematoides em lavouras de escala é usar variedades resistentes com rotação de culturas. Isso é fundamental”

jo intensivo do solo. A gradagem fa-vorece a compactação porque está de-sagregando o solo. A capacidade de suporte de carga do solo fica menor. Se entrar uma máquina para fazer al-guma operação, geralmente aduba-ção ou aplicação de defensivos, em um solo revolvido, provavelmente ele não suporta a carga e ocorre a compacta-ção”, observa o pesquisador.

Pragas - A pesquisa também indicou um aumento na incidência de nematoides nas lavouras, quando comparado a dados coletados há uma

década. As duas espécies com maior distribuição são o Pratylenchus bra-chyurus, chamado de nematóide das lesões, presente em 96% das amos-tras, e o Meloidogyne incognita, en-contrado em 23% das áreas analisa-das. Também foram encontrados em menor proporção Rotylenchulus reni-formis e Heterodera glycines.

O nematóide Pratylenchus bra-chyurus causa lesões radiculares nas plantas. É um patógeno de considerá-vel importância econômica por con-ta de sua ampla distribuição geográ-

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Raiz com sintoma provocado por nematoide de galhas (Meloidogyne incognita) em algodoeiro no Mato Grosso

fica e ao grande número de plantas hospedeiras. As lesões servem de por-ta de entrada para bactérias e fun-gos, causando necroses e podridões. Especialistas recomendam a rotação de cultura com espécies não hospe-deiras, como forma de controle, além da pulverização com produtos especí-ficos para cada cultura. No entanto, de acordo com a pesquisa, apesar de estar presente na maior parte das la-vouras, o Pratylenchus não tem rela-ção com a queda na produtividade do algodoeiro.

Já o Meloidogyne incognita, cau-sador de galhas nas raízes, está forte-mente relacionado à baixa produtivi-dade, sobretudo se a incidência ocorre em áreas de solo compactado. “São causas independentes. Não é sempre que você tem compactação e nematoi-des. Mas sempre que tem compacta-ção do solo e presença de Meloidogy-ne, os danos são maiores. São fatores

aditivos. A planta tem pouco volume de solo para explorar e o nematoide ataca as raízes naquela área”, expli-ca o pesquisador e chefe-geral da Em-brapa Agrossilvipastoril, João Flávio Veloso Silva.

A pesquisa mostrou que em solos classificados como argilosos, quan-do infestados por grande população de M. incognita, a produção de caro-ço de algodão por hectare chegou ter redução de 32 arroubas, passando de 277 @/ha para 245@/ha. O prejuí-zo foi ainda maior em solos classifi-cados como de textura média. Neles, a produção média de 308 @/ha che-gou a cair para 238 @/ha por influ-ência de maior população do nematoi-de das galhas.

Os nematóides fitoparasitas do gênero Meloidogyne são um dos gru-pos mais importantes de inimigos da agricultura brasileira. Tem ocorrên-cia generalizada em toda região tropi-

cal e sub-tropical. No Brasil, parasita diversas culturas como algodão, bata-ta, café, cana-de-açúcar, feijão, milho, soja, tomate entre muitas outras.

Alternativas - O uso de sistemas integrados de produção, com a rota-ção de culturas tem sido a principal alternativa apontada pelos especialis-tas para redução dos dois problemas. No caso da compactação de solo, o uso de plantas com sistema radicular mais eficiente, como crotalárias, nabo forrageiro e gramíneas são uma forma de aumentar a quantidade de poros no solo. Em alguns casos, no entanto, a compactação é tão intensa que exige a descompactação mecânica.

“A opção é entrar com o subsola-dor quebrando essa camada compac-tada. Mas não adianta descompactar e continuar produzindo do mesmo jei-to. Tem de mudar a mentalidade, fazer rotação de culturas, usar plantas de cobertura, evitar revolver o solo para

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Cotonicultura

Raiz com sintomas de murcha de fusarium e nematoide de galha

não permitir que volte a se compactar”, alerta Ciro Magalhães. Nesse sentido, o sistema plantio direto na palha configu-ra-se como uma boa opção nos sistemas produtivos, uma vez que não há revolvi-mento do solo, permitindo a continuida-de de poros de acordo com a decompo-sição de raízes mortas e com a ação da fauna e microfauna do solo.

Já para a redução dos danos causados pelo nematoide Meloidogy-ne incognita, a melhor alternativa é a rotação de culturas utilizando cul-tivares de soja, milho e algodão resis-tentes ou tolerantes a essa espécie, ou ainda plantas não hospedeiras, como as braquiárias e alguns tipos de cro-talárias. “O uso de nematicidas para

culturas de escala dificilmente é eco-nomicamente viável, porque as áreas são muito grandes e fica muito caro. A melhor alternativa para controlar nematoides em lavouras de escala é usando variedades resistentes e usan-do rotação de culturas. Isso é funda-mental”, afirma o pesquisador João Flávio Veloso Silva.

Congresso Brasileiro do Algodão discute PD&IAs inscrições para submissão de

trabalhos científicos no 10º Congresso Brasileiro do Algodão, que acontece-rá de 1º a 4 de setembro de 2015, em Foz do Iguaçu, no Paraná, estão aber-tas. Com o tema “Qualidade, caminho para a competitividade”, o evento será promovido pela Associação Brasilei-ra dos Produtores de Algodão (Abra-pa), com apoio científico da Embrapa e do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Os trabalhos científicos têm como objetivo promover e reconhe-cer o valor da pesquisa realizada nas diversas instituições e universidades para a cotonicultura do País. As ins-crições seguem até 30 de maio no site

do congresso. A Comissão Científica avaliará os trabalhos inscritos no pe-ríodo de 16 de junho a 29 de julho e o resultado será divulgado dia 31 de julho. Serão aceitos trabalhos de to-das as áreas da cadeia produtiva do algodão.

Os trabalhos podem ser indivi-duais ou em equipes, mas apenas um autor fará a apresentação formal no congresso. Nesta edição do Congres-so Brasileiro do Algodão haverá duas categorias de inscrição: Estudantes e Autor de Trabalho. A categoria Estu-dantes é aberta a universitários, pós--graduandos, mestrandos e doutoran-dos, que terão preços especiais. Já a categoria Autor de Trabalho é exclu-

siva para o titular do estudo ou pes-quisa, seja ele do meio universitário ou empresarial. Coautores e colabo-radores do mesmo trabalho inscri-to poderão se inscrever na categoria Estudante ou como filiado ou não à Abrapa.

Prazos30 de maio - Prazo máximo para sub-missão de trabalhos16 de junho a 29 de julho - Correção dos trabalhos31 de julho - Divulgação dos resultados3 a 25 de agosto - Pagamento das ins-crições dos trabalhos aprovadosInscrição e submissão:www.congressodoalgodao.com.br

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Produção MundialÚltimas 6 safras - Million Metric Tons

Exportações brasileiras de algodãoPrincipais Países Importadores

Milhões de toneladas

SAFRA 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16

TOTAL MUNDIAL 25,425 27,820 26,680 26,283 26,356 24,406

Principais Países

CHINA 5,865 6,239 6,205 6,770 6,770 6,480

INDIA 6,400 7,400 7,300 6,929 6,444 5,742

USA 3,942 3,391 3,770 2,811 3,502 3,114

PAKISTAN 1,948 2,311 2,002 2,076 2,300 2,052

BRAZIL 1,960 1,877 1,310 1,705 1,539 1,508

UZBEKISTAN 0,910 0,880 1,000 0,940 0,940 0,931

OTHERS 4,401 5,722 5,094 5,053 4,861 4,580

ICAC – Cotton This MonthAtualizado em 18/03/2015

País Janeiro a Fevereiro/15 Janeiro a Fevereiro/14 Variação Relativa

Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant.

US$ Mil t US$ Mil t US$ Mil t

CHINA 29.905,00 17.152,00 2.708,00 1.381,00 1.004,32 1.142,00

INDONÉSIA 28.091,00 18.015,00 36.590,00 19.192,00 -23,23 -6,13

CORÉIA DO SUL 22.353,00 13.600,00 20.187,00 10.492,00 10,73 29,62

MALÁSIA 16.897,00 10.142,00 5.293,00 2.667,00 219,23 280,28

VIETNÃ 15.699,00 10.391,00 3.245,00 1.732,00 383,79 499,94

TURQUIA 14.242,00 9.891,00 207,00 97,00 6.780,19 10.096,91

TAIWAN 8.445,00 5.589,00 5.509,00 2.780,00 53,29 101,04

TAILÂNDIA 7.347,00 4.627,00 3.414,00 1.720,00 115,20 169,01

PAQUISTÃO 7.085,00 4.262,00 463,00 252,00 1.430,24 1.591,27

JAPÃO 3.303,00 1.790,00 1.987,00 1.034,00 66,23 73,11

BANGLADESH 3.230,00 2.240,00 841,00 449,00 284,07 398,89

EQUADOR 2.323,00 1.749,00 877,00 478,00 164,88 265,90

VENEZUELA 1.869,00 1.000,00 1.307,00 598,00 43,00 67,22

ÍNDIA 703,00 474,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Sub-total 161.492,00 100.922,00 82.628,00 42.872,00 95,44 135,40

OUTROS 3.320,00 3.177,00 2.685,00 1.419,00 23,65 123,89

Total 164.812,00 104.099,00 85.313,00 44.291,00 93,19 135,03

Fonte: Análise das Informações de Comércio Exterior - Alice Atualizado em 18/03/2015

Cotonicultura

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Agrishow 2015

A aposta é em inovações tecnológicas

Organização da 22ª edição da maior feira de tecnologia agrícola em ação da América Latina confia, mesmo neste cenário político e econômico desafiador, que o

agronegócio se manterá como peça fundamental para a base do crescimento do País

Simone Magalhães

Ribeirão Preto, considerada a capital brasileira do agrone-gócio, está de braços aber-

tos para receber a 22ª Edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - que acontece de 27 de abril a 1º de maio, no Parque de Exposições, localizado

no Km 321 da Rodovia Antonio Du-arte Nogueira, em Ribeirão Preto, SP. A exposição reunirá representantes do setor agrícola do Brasil e do exterior em um dos maiores e mais completos eventos deste segmento no mundo.

Considerada palco de tendências e vitrine de lançamentos para o setor, a edição de 2015 aposta em inova-ções tecnológicas e novidades que au-

xiliarão, economicamente, o setor do agronegócio, já que o País atravessa um período político e econômico desa-fiador. A Agrishow apresentará uma oportunidade única para os produto-res rurais, ao agrupar, em um único local, as novidades para aumento de sua produtividade e condições diferen-ciadas para a realização de negócios.

Ribeirão Preto insere-se em uma

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Agrishow 2015

das principais regiões do agronegócio brasileiro e mesmo diante deste perío-do de desajustes e incertezas econômi-cas, os organizadores da maior Feira de Tecnologia Agrícola em Ação da Amé-rica Latina confiam que o agronegócio ainda se manterá como peça fundamen-

tal para a base do crescimento do País. Mediante registros históricos, a

Agrishow sempre foi a responsável em impulsionar a realização de negócios durante e depois do evento, levantando e ampliando o ânimo do setor e prin-cipalmente, fomentando novos investi-

mentos. Por isso, produtores rurais e empresários esperam a realização da feira para decidir sobre novos inves-timentos, para a aquisição de novos equipamentos, máquinas e implemen-tos agrícolas ou outros produtos para a sua propriedade.

Os números de 2014 confirmam os resultados positivos na movimentação econômica da Feira:

160.000 visitantes qualificados, de 71 países;R$ 2,7 bilhões em negócios iniciados na feira;

800 marcas em exposição;37 novas empresas estrangeiras;

Cerca de 1.000 profissionais de imprensa credenciados.

Palavra do presidente

Fabio Meirelles, presidente da Agrishow 2015

Segundo Fabio Meirelles, um dos fundadores e atual presidente da Agrishow, o evento ajudará a atenuar as incertezas de curto prazo.

“Apesar dos prognósticos de um período difícil em termos econômicos no curto prazo, que envolve grandes desafios pela frente, confiamos que o agronegócio seguirá como o principal protagonista na sustentação do cresci-mento do País.

Ele tem colaborado de duas for-mas: na garantia do fornecimento de alimentos a preços competitivos, fator que contribui para atenuar os efeitos de uma inflação em processo de ace-leração, e, ao mesmo tempo, assegura bons resultados no campo das expor-tações, que tem se mostrado ponto de-cisivo para o equilíbrio da balança co-mercial do País.

Em razão desses fatores, en-tendemos que os efeitos sobre os negócios da Agrishow 2015 serão atenuados, até pelo fato de que é exatamente em momentos difíceis que aumenta a importância e a ne-cessidade do produtor rural conhe-cer novas ferramentas, avaliar for-mas inovadoras e racionais de manejo no campo, e de analisar op-ções em termos de máquinas, imple-mentos ou sistemas que auxiliem no aumento da produtividade.

E tudo isso, o visitante encon-trará na Agrishow 2015, assim como oportunidades de adquirir equipamen-tos com menor custo de aquisição e que aumenta a produção”.

Meirelles também é presidente da Federação da Agricultura e Pecu-ária do Estado de São Paulo (Faesp).

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O que esperar da 22ª edição?

Agrishow 2015

Organizadores esperam cerca de 160 mil visitantes do Brasil e do exterior, que poderão encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas

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Para este ano, são esperados mais de 160 mil visitantes do Brasil e do exterior, que pode-

rão encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas que atuam nas áreas de: agri-cultura de precisão, agricultura fami-liar, armazenagem (silos e armazéns), corretivos, fertilizantes, defensivos, equipamentos de segurança (EPI), equipamentos de irrigação, ferramen-tas, implementos e máquinas agríco-las, máquinas para construção, peças, autopeças, pneus, pecuária, produção de biodiesel, sacarias e embalagens, seguros, sementes, software e har-

dware, telas, arames, cercas, válvulas, bombas, motores e veículos (pick ups, caminhões e utilitários, além de avi-ões agrícolas).

“A edição deste ano oferece uma série de oportunidade para quem bus-ca modernidade e avançados sistemas. Afinal de contas, são cerca de 800 marcas divididas em setores, o que fa-cilita sua visitação, uma vez que as empresas ficam agrupadas, reduzin-do os deslocamentos. Neste ano, have-rá também uma série de empresas que apresentarão diversos equipamentos, instrumentos e softwares que auxiliam o produtor a usar com racionalidade

a água na sua rotina de trabalho”, afirma Fábio Meirelles, presidente da Agrishow 2015.

Segundo ele, a Agrishow 2015 possibilita a troca de experiências e informações importantes entre peque-nos, médios e grandes produtores do Norte ao Sul do País. “Também em termos de estrutura, preparamos uma série de melhorias, como o calçamen-to, a colocação de bancos, a amplia-ção das áreas de descanso na feira e a modernização das praças de alimen-tação. Em função de todos esses atra-tivos estamos bastante esperançosos quanto ao sucesso da feira”, destaca.

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Terra & Cia Abril 2015 47

Setor agropecuário é estratégico no Brasil

Agrishow 2015

Ao contrário do que muitos pen-sam, o setor agropecuário é responsá-vel por mais da metade do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Com os da-dos estatísticos da economia, notamos que, apesar da indústria e do segmento de serviços serem responsáveis por mais da metade do PIB, não se leva em con-sideração que atividades industriais e de serviços que estejam ligadas à área agropecuária fazem parte do panorama rural brasileiro.

A área agropecuária não é com-posta somente pelas fazendas, seus ani-mais, plantações e empregados diretos. Ela é muito mais do que isso, nesse setor encontramos indústrias de grande porte, multinacionais instaladas no país, mi-lhares de pequenas empresas de serviços

e pequenas indústrias que produzem de tudo, voltado paro o setor rural.

Isso tudo faz parte do que chama-mos de agrobusiness ou agribusiness, que é a totalidade das empresas e negócios que giram em torno da área rural, um grande negócio que gera mais da metade de toda a riqueza de todo o Brasil.

O Agribusiness, termo que foi “emprestado” da língua inglesa, repre-senta um incontável número de negó-cios, como o das indústrias que produ-zem maquinário agrícola, montadoras de automóveis, que fabricam utilitários para o campo (todas as montadoras que possuem uma linha de montagem de pi-ck-ups ou jipes contribuem para o cres-cimento do setor rural), empresas que prestam serviços de consultoria agro-

pecuária, softwares, publicações, pro-gramas de TV, Internet, comércio espe-cializado, laboratórios farmacêuticos, e muito mais.

Um dos pontos mais importantes no setor rural ou do agribusiness é o seu enorme potencial no Brasil, país com vo-cação histórica e dimensões que favore-cem o desenvolvimento deste setor que está cada vez mais voltado para o merca-do externo. Segmento que a cada ano ne-cessita de maior quantidade de alimentos e produtos e que, na maior parte dos pa-íses, não dispõe da área necessária para o seu desenvolvimento. Com isso, o mer-cado externo torna-se um atrativo cada vez maior para o produtor rural brasilei-ro, que encontra lucros muito grandes e uma demanda crescente.

Agronegócio terá ano difícil

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, presidente da Associação

Brasileira do Agronegócio (Abag)

De acordo com Luiz Carlos Corrêa

Carvalho, o Caio, presidente da Associação

Brasileira do Agronegócio (Abag), o agri-

business é o setor mais competitivo da eco-

nomia nacional, mas enfrenta hoje juros

mais altos e crescimento menor.

“Tudo indica um ano difícil para o

setor. A recente divulgação do Produto In-

terno Bruto (PIB) da agropecuária de ape-

nas 1,6% é quase nada se comparado aos

7,9% registrados em 2013. Isso é reflexo

de uma frágil política econômica que afe-

ta ainda mais outros setores da economia

e de queda dos preços setoriais.

No agronegócio os reflexos estão em

crédito mais caro, sofrimento com logísti-

ca deficiente e custo mais alto para produ-

zir, diminuindo a renda. Não bastasse o re-

sultado pífio do PIB da agropecuária, outra

notícia tirou o sono dos produtores rurais. O

Governo Federal elevou os juros do Moder-

frota, programa de financiamento de má-

quinas e implementos agrícolas.

Nosso foco, para superar esse período

difícil é que o produtor invista em produtivi-

dade e gestão de caixa. Na cadeia produti-

va, a indústria ainda sofre mais. A Agrishow,

com certeza trará orientações nesse sentido,

apresentando inovações tecnológicas e novi-

dades que auxiliarão o produtor”.

Segundo dados da Gazeta do Povo –

AgroNegócio - a retração projetada por di-

versos setores da economia brasileira não

deve se instalar no agronegócio em 2015. O

setor projeta crescimento, mesmo que mo-

desto. O otimismo está calçado na expec-

tativa de boa safra no País – as primeiras

colheitas registram produtividade acima da

média, apenas com perdas pontuais – e na

desvalorização do real diante ao dólar, fato

que garante negócios rentáveis.

A crise econômica não irá refletir

na agricultura. O cenário não é o mesmo

de 2012, 2013 e parte de 2014, mas mes-

mo assim existe a possibilidade de um bom

ano. Apesar do cenário de dúvidas, algu-

mas empresas trabalham com crescimento

em seus planos estratégicos.

A sul-coreana LS Tractor é um

exemplo. Há quase dois anos no país, proje-

ta crescimento de 25% nas vendas. No ano

passado, a marca comercializou as 2 mil

unidades de tratores produzidos na fábrica

de Guaruva, no estado de Santa Catarina.”

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48 Terra & Cia Abril 2015

Agrishow 2015

Agrishow é destaque mundial

Dárcy Vera: “Acredito que até neste cenário de obstáculos e desafios econômicos, a Agrishow 2015 deve continuar com o sucesso histórico que conquistou ao longo de mais de duas décadas”

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taA Agrishow está entre as três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo. É a única

feira do Brasil que conta com a exposi-ção de pequenos, médios e grandes fa-bricantes. No evento é possível encon-trar uma grande variedade de produtos e serviços que atende todos os produ-tores rurais, não importa o tamanho da sua propriedade e cultura. Um am-biente de atualização profissional, lan-çamentos, divulgação das próximas tendências do setor e onde grandes tec-nologias são de fato demonstradas du-rante o evento.

De acordo com a prefeita de Ri-beirão Preto, Dárcy Vera, a Agrishow é a maior vitrine do agronegócio e de inovação tecnológica da agricultura do País. “Uma das maiores feiras do mun-do, e uma grande oportunidade para ex-positores e empresários investirem no setor, que tem enorme expressividade em nossa região. Inclusive, a região de Ribeirão Preto é a maior produtora de etanol e açúcar de todo o Brasil”.

Ela destaca que, mesmo com as dificuldades econômicas enfrenta-das pelo País, a criatividade, as novas ideias e projetos inovadores são funda-mentais para setor, porque, segundo ela, criam alternativas, geram opor-tunidade e renda. “Fomentar o agro-negócio, com medidas sustentáveis e ecologicamente viáveis, é muito impor-tante para a economia de nosso País e para o desenvolvimento da região de Ribeirão Preto.”

“Acredito que até neste cenário de obstáculos e desafios econômicos, a Agrishow 2015 deve continuar com o sucesso histórico que conquistou ao lon-go de mais de duas décadas, resultado de muito trabalho, dedicação e qualida-de da equipe”, destaca a prefeita.

Negócios, serviços e oportunidadesA Agrishow também é um marco

por conta do volume de negócios, servi-ços e oportunidade de relacionamento com clientes e fornecedores. As expec-tativas positivas a cada ano consagram o evento como gerador de grande mo-vimentação financeira, resultado do trabalho de profissionais qualificados das áreas de agricultura e pecuária e significativa visitação de público inte-ressado em inovação e tecnologia para o agronegócio.

De acordo com Antônio Car-los Maçonetto, presidente da Associa-ção Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP), a feira sempre bata-lhou para apresentar ao mundo as no-vidades e avanços do setor agrícola, levando de carona com essas boas no-tícias o nome de Ribeirão Preto.

“A ACIRP é uma das mais anti-gas parceiras da Agrishow, independen-

te do momento econômico e do cenário político que o País atravessa. Além do estande na feira, no qual apresentamos os produtos e serviços da ACI, a asso-ciação realiza todos os anos a Pesquisa Agrishow, que traduz em números e es-tatísticas as impressões de expositores e visitantes sobre o evento.

Tal levantamento serve como norte à organização da feira dos anos subsequentes. Ribeirão Preto insere-se em uma das principais re-giões do agronegócio brasileiro. O setor, mesmo com a crise econômica e política na qual vivemos, mantém--se forte, responsável, por exemplo, por equilibrar a balança comercial do País. Maus momentos vêm e vão. O importante é estarmos preparados para superá-los, com inovação, cria-tividade, corte de despesas e apos-tando nas pessoas”.

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Terra & Cia Abril 2015 49

Agrishow 2015

Produtores e empresários terão linhas de financiamento

Negócios, serviços e oportunidades

Antônio Carlos Maçonetto, presidente da Associação Comercial e Industrial

de Ribeirão Preto (ACIRP)

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Para o superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Isaac Samuel dos Reis, o propósito da instituição é ter um crescimento acima da média do mercado neste ano

Em edições anteriores, a Agrishow foi marco do gran-de cenário que reuniu anún-

cios governamentais importantes. Um exemplo disso aconteceu em 2011, com a entrada de uma linha de fi-nanciamento para grandes máquinas colheitadeiras, dentro do Programa Mais Alimentos, do Pronaf - Progra-ma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

Essas medidas reforçam a im-portância econômica da Agrishow 2015 e seu posicionamento como

difusor de novidades, tecnologias e tendências. A Feira torna-se um evento esperado por produtores ru-rais e empresários. Na exposição é que eles decidem sobre a aquisi-ção de uma nova máquina, imple-mentos agrícolas ou outros produ-tos que se tornarão necessários em sua propriedade.

Instituições Financeiras - Bancos do Brasil, Bradesco, Santander e Cai-xa Econômica Federal (CEF) vão par-ticipar da Agrishow 2015 com aten-dimento diferenciado aos produtores rurais e a todas as empresas partici-pantes. O foco principal de atuação na Feira é o Crédito Rural, com diversas linhas de financiamento como: inves-timento para aquisição de máquinas e equipamentos, correção de solo e for-mação de pastagens, além de custeio agrícola e pecuário.

De acordo com o superintenden-te regional da CEF, Isaac Samuel dos Reis, a participação do banco na edi-ção anterior da Feira revelou que a entrada da instituição nesse mercado foi recebida com expectativa positiva e satisfação pelo público. “A exposi-ção da marca CAIXA nesse ambien-te confere ganho de imagem e busca de consolidação de sua posição como banco atuante no agronegócio. O pro-pósito da instituição é ter um cresci-mento acima da média do mercado nesse ano. E por essa razão continua a investir em produtos e serviços e na aproximação com clientes e entidades do setor”, observa Isaac.

Crédito Rural - A CEF iniciou a sua atuação no financiamento ao agronegócio, em setembro de 2012,

com um projeto piloto desenvolvido em 62 agências de oito estados. Atu-almente, o banco conta com mais de 1,5 mil agências habilitadas, em to-das as regiões do Brasil. As agências habilitadas podem ser consultadas no site creditoruralcaixa.com.br.

A Carteira de Crédito Rural da CEF ultrapassou o montante de R$ 5,3 bilhões de saldo em operações ati-vas. Para a safra 2014/15, que se en-cerra em junho deste ano, está previs-to um volume de mais de R$ 6 bilhões

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em recursos aplicados nas operações de crédito rural destinadas a produto-res, cooperativas e agroindústrias.

O portfólio de produtos da ins-tituição contempla linhas de crédito

destinadas a custeio, investimento e comercialização agrícola e pecuária, para produtores rurais, agroindústrias e cooperativas. Além disso, trabalha com linhas de crédito que utilizam re-

cursos do BNDES, como o PSI Ru-ral. O setor de crédito também prevê aumento na tomada de empréstimos, tanto que elevou suas projeções de di-nheiro disponível.

Setor agro está de olho em Brasília

Marcos Matos, diretor executivo regional da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag/RP)

“Diante da importância de uma posição fiscal sólida, centrada na nova equipe econômica como pré-requisito para termos crescimento econômico sustentado de longo prazo, o setor pro-dutivo mostra preocupação imediata de o governo subir juros e reduzir o fi-nanciamento ainda durante a atual sa-fra 2014/15, justamente no período de tomada de recursos para estocagem e comercialização.

O ajuste fiscal proposto pela equipe econômica deveria priorizar corte de despesas correntes, pois a elevações das taxas de juros e redução de financiamentos resultariam em me-nor atividade econômica e nível de in-vestimentos, bem como queda na ar-recadação de impostos e na geração de empregos e perda de produtivida-de, afetando o desempenho do agrone-gócio brasileiro em 2015.

É importante lembrar que a re-tração esperada para 2015 está asso-ciada a uma significativa queda nas atividades industriais e de construção e uma estabilidade no setor de servi-ços. A agropecuária poderá ser o úni-co relevante setor da economia brasi-leira a mostrar resultados positivos.

Como oportunidade, a desvalo-rização do real, a queda dos preços do petróleo e, consequentemente, re-tração nos preços de fretes marítimos

e de fertilizantes nitrogenados, po-dem resultar em importante efeito nas margens nas cadeias produtivas.

Estudos prévios indicam que, de-pendendo do volume de recursos e dos

juros dos financiamentos via crédito rural oficial de custeio, investimento e de apoio à comercialização, o agro-negócio poderá apresentar um cresci-mento próximo a 3% no seu PIB.”

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Agrishow 2015

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Cana: luz no fim do túnel, ainda que distante

Humberto Camarani, gerente Distrito Cana da DuPont

De acordo com Humberto Camara-ni, gerente Distrito Cana da DuPont , o se-tor sucroenergético, grande impulsiona-dor de empregos e gerador de divisas para o agronegócio, busca superação à grave crise que perdura desde 2008.

“As dificuldades são inúmeras e cumulativas, onde perda de competitivi-dade do Etanol nos anos anteriores de-vido a retira da CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - da gasolina, o baixo preço do açúcar, so-mado a falta de estratégia do modelo energético brasileiro, estimularam a ca-deia produtiva para vala muito profun-da, onde alguns produtores, fornecedo-

res, prestadores de serviço, e indústrias não terão oportunidade de sair.

Neste ano começamos a visuali-zar, ainda que um pouco distante, a ‘luz no fim do túnel’ e os investimentos em tecnologias que estejam diretamente li-gadas para uma redução de custos e in-cremento de produtividade, são funda-mentais neste momento. A Agrishow sempre proporcionou o que existe de mais moderno e inovador de produtos e serviços para o agronegócio e certa-mente contribuirá para retomada do crescimento. Assim, como em todos os anos, a perspectiva de ótimos negócios sempre acompanham este momento”.

Setor Sucroenergético ainda sofre com a crise

Agrishow 2015

Setor sucroenergético busca superação da grave situação econômica que vive desde 2008, com a crise mundial

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omAo contrário das boas perspec-tivas para a agricultura, o se-tor sucroenergético enfren-

ta um desafio ainda maior em 2015. A área busca superação da grave cri-se que acomete, desde 2008, os pro-dutores de açúcar e etanol e prejudi-cou os plantadores e fornecedores de cana, causando desemprego nas áre-as industrial e agrícola das usinas e também na indústria de base e servi-ços vinculados ao segmento.

O setor avalia que a sinaliza-ção do governo em favor do etanol e a perspectiva de preços mais remu-neradores para o açúcar no segundo semestre de 2015 não devem ser su-ficientes para acabar com as dificul-dades enfrentadas nos últimos anos. A análise ainda é de que nada tira o foco da grande questão estrutural, que é a necessidade de um marco regulatório

para o biocombustível. Ele estimula-ria novos investimentos em toda ca-

deia, desde a indústria de base até as próprias usinas.

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Vitrine

Antônio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana

Confira a programação

Para Antônio Eduardo Tonielo, pre-sidente da Copercana, Sicoob Cocred e do Sindicato Rural de Sertãozinho, realiza-ção da feira traz tranquilidade e esperan-ça aos produtores rurais.

“A realização da Agrishow já é tra-dição para todos os elos do agronegócio brasileiro. Empresários e produtores ru-rais, além de profissionais de todo o País participam da feira em busca de tecno-logia e conhecimento. A feira é de suma importância para a agricultura nacional.

A Agrishow é considerada uma vi-trine de produtos e serviços à disposição dos visitantes que passam a conhecer o que há de mais moderno e de mais com-petitivo para alavancar os negócios.

Mesmo com a situação do País não estando muito positiva, a realização da feira traz tranquilidade e esperança aos produtores rurais que precisam mais do que nunca retomar o crescimento”.

Agrishow 2015C

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cana

Muita ação nas atividades da Feira

Na Agrishow o visitante pode acompanhar de perto as de-monstrações de campo. A

novidade deste ano vem com o “Ca-minho do Boi” e também o “Prêmio Trator do Ano”. Nos 100 ha de área para demonstrações, os visitantes têm a oportunidade de visualizar as gran-

des máquinas agrícolas em ação, em culturas como de arroz, café, cana, feijão, milho e muito mais.

As demonstrações de campo acontecem do dia 28 de abril à 1º de maio. Não há demonstrações no dia 27, primeiro dia da Feira.

Período da manhã

Grupo Novas Tecnologias -das 9h30 às 12h- ILPF- Núcleo de Tecnologia • Algodão • Plantio Direto • Cana • Fertilizantes • Forrageiras • Grãos • Tecnologias Diversas • Agricultura de Precisão

Período da tarde

Grupo Novas Tecnologias -das 14h10 às 16h30- ILPF- Núcleo de Tecnologia • Algodão • Plantio Direto • Cana • Fertilizantes • Forrageiras • Grãos • Tecnologias Diversas

Grupo Agricultura - das 9h40 às 12h• Máquinas para Agricultura• Máquinas para Agricultura Familiar• Tecnologias Diversas• Agricultura de Precisão

Teste-drive (horários livre) Agricultura de Precisão

Grupo Pecuária - das 14h às 16h30 Forradeiras de Milho Forradeiras de Capim Recolhedoras Tecnologias Diversas Vagões Forradeira de Cana Agricultura de Precisão

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Terra & Cia Abril 2015 53

Agrishow 2015

Caminho do boi, passo a passo

A Agrishow terá este ano, pela primeira vez, o “Caminho do Boi”, iniciativa que propor-

cionará aos visitantes uma simulação das etapas de produção da carne bo-vina, desde a fazenda até a mesa do consumidor. São importantes etapas do processo, como nutrição, curral de manejo, controle e gestão, sanidade, transporte e frigorífico.

Pecuaristas, vaqueiros, técni-cos e outros profissionais da cadeia

da carne terão a oportunidade de se colocar no lugar do boi para enxer-gar o processo de um ponto de vista diferente.

O objetivo do “Caminho do Boi” é apresentar, na prática, a integração dos elos da cadeia da carne e chamar a atenção do pecuarista para os im-pactos da produção na qualidade do produto que entrega ao frigorífico e, consequentemente, ao consumidor, o que se reflete diretamente na rentabi-

lidade do seu negócio.O projeto foi inspirado nos es-

tudos da pesquisadora Temple Gran-din, da Universidade do Colorado, EUA, uma das maiores referências em bem-estar animal do mundo. O projeto contou, originalmente, com apoio da curadoria de conteúdo do professor Mateus Paranhos, do Gru-po de Estudos e Pesquisas em Etolo-gia e Ecologia Animal da Unesp de Jaboticabal, SP.

Visitantes da Agrishow poderão ver uma simulação das etapas de produção da carne bovina, desde a fazenda até a mesa do consumidor.

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Feira lança aplicativo para celularPara facilitar e agilizar a vida

do visitante da Agrishow, um aplicati-vo para celular exclusivo da feira pode ser baixado nas plataformas Android e iPhone. Com ele o visitante acom-panhará tudo o que acontece em umas das três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo.

Com o aplicativo, o usuário pode obter informações de acesso, serviços, marcar vaga, tirar uma foto da locali-zação e de produtos, acompanhar a con-tagem regressiva, fazer o check-in no

evento, visualizar os expositores em des-taque, navegar na lista de expositores, realizar busca por categoria de produ-tos, marcar expositores favoritos e visi-tados, procurar expositores, acrescentar informações no perfil do expositor, tra-çar rotas, entre outras utilidades.

A Agrishow é idealizada pelas principais entidades do agronegócio no país: Abag – Associação Brasileira do Agronegócio, Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Anda – Associação

Nacional para Difusão de Adubos, Fa-esp – Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo e SRB - Sociedade Rural Brasileira. O evento conta com o apoio da Secreta-ria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Organização e Promoção - O evento é organizado pela BTS Infor-ma, integrante do Grupo Informa, maior promotor de feiras, conferên-cias e treinamento do mundo com ca-pital aberto.

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54 Terra & Cia Abril 2015

Agrishow 2015

Maior e mais completa feira de tecnologia agrícola da América La-tina e principal evento para a expo-sição de lançamentos em máquinas e equipamentos para o segmento do agronegócio, a Agrishow 2015 foi es-colhida para sediar a etapa final do Prêmio Trator do Ano 2015. A pre-miação terá

quatro categorias de produtos: até 80 cv; de 80 a 130 cv; de 130 a 200 cv; e acima de 200 cv; além da categoria “Especiais”.

A premiação acontecerá no dia 28, terça-feira, no Auditório do IAC (Centro de Cana) às 10h, com acesso pela Avenida A da feira. Os finalistas já foram definidos, sendo dois para as categorias de produto e três na cate-goria Especiais.

A seleção ocorreu por meio da somatória de notas obtidas na votação popular (20%) e da mídia especiali-zada no setor de máquinas agríco-las (10%) e da análise do júri técnico (70%), formado por seis especialistas da área de mecanização agrícola, de quatro diferentes regiões do Brasil.

O vencedor do Prêmio Trator do Ano será aquele que, entre os fina-listas, obtiver a melhor avaliação do júri técnico. Já o trator que receber a maior votação da mídia especiali-zada receberá o título de “Design do Ano”. No caso da votação popular, fo-ram mais de 25 mil votos.

Os participantes que votaram e criaram uma frase com o tema “A im-portância do avanço da tecnologia e da mecanização para a agricultura”

estão concorrendo a prêmios patro-cinados pela Trelleborg Wheel Syste-ms do Brasil. O primeiro lugar ganha-rá um iPhone 6 e o segundo colocado um iPad Mini. O anúncio também será na Agrishow 2015.

O Prêmio Trator do Ano 2015 contou com dez empresas inscritas, somando trinta e um modelos de tra-tores, e tem o apoio da Agrishow 2015 e das marcas GTS do Brasil, Merlo e Brascab. Conheça os finalistas:

Prêmio Trator do Ano 2015

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Terra & Cia Abril 2015 55

Fruticultura

Tratamento pós-colheita elimina uso de agroquímicos

Nova tecnologia garante frutas frescas, livres de resíduos de contaminantes químicos e com maior prazo de validade e comercialização

Uma combinação no processo de produção de frutas, com o uso de água quente aspergida em temperatu-ras elevadas, seguido do resfriamento em jatos de água fria ozonizada para interromper o processo térmico, ex-posição ultravioleta (UV-C) em doses controladas e sistemas específicos de armazenagem, são algumas das ca-racterísticas de uma nova tecnologia agrícola que promete, como resultado, frutos sadios e mais duráveis.

O modelo de produção também contempla escolha criteriosa das va-riedades frutícolas, controle de con-taminação, além do uso de leveduras específicas e extratos vegetais natu-rais, com efeito residual, para prote-ção contra a podridão durante arma-zenagem prolongada. A combinação dos processos ocorre na etapa de es-teira e permite um eficiente controle de fungos e patógenos que atacam as

frutas e causam seu apodrecimento.O novo método, desenvolvido

pela Embrapa Meio Ambiente, no Es-tado de São Paulo, é considerado uma opção economicamente viável e tecno-logicamente segura para promover a transição de controle da podridão e de microrganismos nocivos à saúde hu-mana. Este procedimento de contro-le, que atualmente é realizado com o uso de fungicidas e agroquímicos, passa a ser feito a partir de um sis-tema que não deixa resíduos nas fru-tas tratadas.

A tecnologia pode ser aplica-da a qualquer tipo de frutas, melho-rando seu padrão de sanidade a partir do controle do apodrecimento causa-do por fungos. Os resultados alcança-dos respondem às novas exigências do mercado internacional, abrindo im-portante filão dedicado à fruticultura brasileira. O novo modelo pode garan-

tir maior penetração da produção bra-sileira no mercado externo de frutas frescas, em especial o europeu, desti-no de pelo menos 70% das frutas ex-portadas pelo País.

Segurança alimentar - Atual-mente, o consumidor europeu associa o consumo de frutas a uma vida mais saudável, no entanto, exige que os ali-mentos estejam livres de agravantes à saúde e sejam obtidos e processados dentro dos preceitos de sustentabili-dade e segurança. Por conta disso, os importadores das nações europeias já sinalizam que não aceitarão mais fru-tas que contenham traços de fungici-das ou outros agroquímicos que pos-sam ser nocivos à saúde.

Até mesmo o hipoclorito de só-dio, usado para controle de micror-ganismos na casca das frutas, está no foco de restrições do mercado europeu e pode entrar para a lista de compo-

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nentes barrados pelo continente. De acordo com o pesquisador da Embra-pa, Daniel Terao, “o objetivo é viabili-zar a parte econômica dos produtores de frutas, em termos de exportação e também para o mercado interno, uma vez que buscam meios de oferecer ao consumidor um produto livre de con-taminantes, que pode, eventualmente, causar algum dano à saúde”

Daniel explica que, comparati-vamente ao processo de tratamento de frutas em curso, pautado princi-palmente no uso maciço de fungici-

Fruticultura

Nova tecnologia agrícola pós-colheita da Embrapa promete, como resultado, frutos sadios e mais resistentes

das, o novo sistema é biologicamente mais eficiente e seguro. Verificam--se vantagens consideráveis também no plano qualitativo, por se obter fru-tas íntegras, sem resíduos químicos ou traços de contaminantes, mantendo as melhores características de cor, aro-ma e sabor. O pesquisador afirma que o mercado demanda alternativas mais limpas de controle de doenças causa-doras de podridão em frutas.

As pesquisas realizadas na Em-brapa, segundo Daniel, buscam es-tabelecer um padrão de aspectos de sanidade e sustentabilidade diferen-ciados, que se estende também às questões ambientais, já que no trata-mento convencional ocorrem descar-tes, mesmo que involuntários, de resí-duos químicos no ambiente, o que não ocorre com a nova tecnologia. O trata-mento pode ser aplicado a espécies e variedades de frutas que tenham for-mato ovalado ou redondo, capazes de rolar pela esteira.

“O que se propõe é disponibilizar uma tecnologia de tratamento de fru-tas que, embora não promova grandes mudanças e transformações na estru-tura da “casa de embalagem” ou pe-cking house, seja eficiente, amplamen-te sustentável e com menor demanda energética”, explica o pesquisador.

Sanidade - No processo tradi-

cional, a água quente de tratamento por imersão é usada, na maioria das vezes, para tratar toda a colheita do dia, o que permite acúmulo de resí-duos, esporos de fungos e sujidades. A imersão da fruta a 52ºC, usando a mesma água ao longo do dia, não tem, portanto, resultado em contro-le eficiente das doenças pós-colheita de frutas.

Já no novo modelo, o siste-ma de imersão das frutas é substitu-ído por jatos de água limpa, recicla-da por filtragem. Outra vantagem da aspersão é a possibilidade de se tra-tar as frutas com temperaturas mais altas, entre 60°C e 70°C, por período curto de tempo, para cada espécie e variedade de fruta, de modo a não al-terar suas características, eliminan-do esporos de fungos.

Os meios físicos, de tempera-tura e de radiação UV-C, com doses controladas, possuem capacidade de intervir decisivamente no desenvolvi-mento de fungos causadores de doen-ças de pós-colheita. Capaz de atuação direta sobre fitopatógenos ou mesmo na forma de ação indireta, o novo mo-delo atua sobre a fisiologia da fruta, enquanto retarda os processos bioquí-micos de amadurecimento, o que pro-porciona um aumento significativo na vida útil de comercialização.

Segundo Daniel, testes com a combinação do uso de leveduras bio-controladoras e de extratos vegetais demonstraram um controle fitossa-nitário satisfatório, o que confirma a tecnologia desenvolvida como alterna-tiva viável aos fungicidas no contro-le de doenças de pós-colheita de fru-tas. A tecnologia gerada nas pesquisas traz benefícios diretos aos produtores, exportadores, a todas as atividades li-gadas à cadeia de frutas e aos consu-midores em geral.

“Obtivemos resultados bastante expressivos com o uso dessa tecnolo-gia, no controle das podridões em di-versas frutas, causada por diferentes fungos, nas diversas regiões produto-ras, o que nos possibilita sugerir um novo modelo tecnologicamente limpo de tratamento pós-colheita de frutas, excluindo os resíduos tóxicos e os im-pactos negativos causados pelos fungi-cidas”, observa Daniel Terao.

Perdas - Não existem dados es-

tatísticos oficiais sobre o percentual de frutas que apodrecem por ação fún-gica durante o transporte para países importadores. No entanto, é possível afirmar que em época de maior calor e umidade os índices de perdas aumen-tam em alguns tipos de frutas mais adocicadas, como melão e manga, por

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Fruticultura

O consumidor europeu associa o consumo de frutas a uma vida mais saudável, no entanto, exige que os alimentos sejam obtidos e processados dentro dos preceitos de sustentabilidade e segurança

exemplo. Esses prejuízos são relevan-tes economicamente para o produtor ou exportador, diante do grande vo-lume embarcado, margens de lucro e concorrência internacional.

De acordo com Franco Fiorot, diretor da Associação Brasileira dos Produtores e Exortadores de Papaya (Brapex), em Linhares, ES, o Bra-sil embarcou mais de 33 mil tonela-das de mamão ao exterior em 2014, sendo 80% para a Europa, 10% para os EUA e 10% para outros mercados. Ele informou que em períodos de mais chuvas e umidade, as perdas aumen-tam, apesar do uso de fungicidas no pós-colheita. “Principalmente em fru-tas embarcadas por via marítima, em que o trânsito dos navios dura em mé-

dia 14 dias até a Europa,” diz. Em uma área competitiva, afir-

ma Fiorot, a opção pela nova tecnolo-gia da Embrapa poderá proporcionar a manutenção e a ampliação dos mer-cados já conquistados, considerando que o consumidor mundial exige ali-mentos cada vez mais saudáveis e isso tem ecoado em todos os elos da cadeia de comercialização. Isso revela uma tendência mundial de consumo de fru-tas e de outros alimentos, com a estru-turação de um cenário cada vez mais restritivo aos fungicidas.

A maior restrição ao uso maci-ço de fungicidas é o fato de que eles contaminam as frutas com resíduos indesejáveis e não oferecem total pro-teção contra apodrecimento. Segundo

Daniel, os fungos adquirem resistência quando um mesmo fungicida é usa-do continuamente, fazendo-o perder eficácia. Outro problema é a existên-cia de poucas formulações registra-das para esta finalidade, consideran-do a grande variedade de fungos que vem causando doenças pós-colheita de frutas.

Thiabendazole, imazalil e pro-cloraz. São basicamente estes os três princípios ativos disponíveis com re-gistro para tratamento de frutas. O primeiro tem apresentado baixa efi-ciência pelo desenvolvimento de ra-ças de fungos resistentes devido ao uso prolongado do mesmo princípio ativo. O uso de procloraz não é mais permi-tido no pós-colheita pela maioria dos

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países importadores. Segundo Daniel, esses produtos, embora registrados para poucos espécies de frutas, têm sido usados de forma indiscriminada, por falta de alternativas.

Já o princípio ativo imazalil é o mais usado no tratamento de pós-co-lheita de frutas, como, por exemplo, melão e laranja. No entanto, o uso continuado e prolongado desse produ-to sistêmico resulta no desenvolvimen-to de raças resistentes de fungos, dimi-nuindo drasticamente sua eficiência. O que se verifica, portanto, é a contami-nação das frutas por resíduos desses agroquímicos, sem, contudo, se verifi-car eficiência na barreira antifúngica.

O pesquisador alerta que esse ce-nário é realidade para algumas frutas, como é o caso da exportação de manga da região do Submédio São Francisco. “Fungos da família Botrosphaeracea têm inviabilizado a comercialização no primeiro semestre do ano, por não haver fungicida registrado e eficiente para o seu controle e pelo uso de prá-ticas culturais incorretas”, diz.

Para ele, a demanda atual de

tecnologias alternativas aos químicos é uma realidade, não somente porque eles contaminam as frutas, mas por-que os fungicidas são cada vez menos eficientes. “Extrapolando-se esse qua-dro para quando houver a proibição de uso de fungicidas em frutas para o mercado externo, pode-se imaginar uma desordem considerável na pauta de exportação de frutas frescas nacio-nais,” afirma Daniel.

Oportunidades - Os resultados das pesquisas mostram que uma nova fase se inicia. Segundo Daniel Terao, o momento é de prospecção de parcerias com o objetivo de transferir tecnolo-gia para as indústrias de equipamen-tos de beneficiamento de frutas, in-teressadas em fabricar equipamentos que serão instalados na linha de pro-cessamento de frutas, em escala in-dustrial, adequando as características de tratamento preconizadas nas pes-quisas para, posteriormente, disponi-bilização no mercado.

Segundo o pesquisador, a tecno-logia foi pensada para se adequar às esteiras que os produtores já usam, de

modo a criar facilidades tanto para as indústrias parceiras que irão fabricar os equipamentos, quanto aos futuros usuários. Essa é uma característica que deve influenciar positivamente no preço final de implantação da tecno-logia, embora quantificar o preço de instalação seja uma tarefa a ser dis-cutida posteriormente, com as indús-trias parceiras.

“Deseja-se que as parcerias acon-teçam e sejam capazes de modificar, adaptar e adequar o novo processo de tratamento de pós-colheita de frutas às necessidades do setor, e até mesmo identificar outras demandas de pesqui-sas. Além disso, produtores, importa-dores e exportadores de frutas, interes-sados em parcerias técnicas, para que possamos, em menor tempo, adequar, otimizar e validar o novo pacote tecno-lógico. A intenção é adequar os proces-sos nas casas de embalagem (packing house), sempre em conformidade com as demandas, para que o país continue cada vez mais a ofertar frutas com pa-drão de qualidade diferenciado”, expli-ca o pesquisador.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exortadores de Papaya (Brapex) o Brasil embarcou mais de 33 mil toneladas de mamão ao exterior em 2014, sendo 80% para a Europa, 10% para os EUA e 10% para outros mercados

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Mandioca

Queda nos preços da raizgera crise no Paraná

Os produtores paranaenses de mandioca vêm enfrentan-do situação difícil nos últi-

mos meses por conta da queda nos preços da raiz, que estão abaixo do custo de produção. O Paraná é o se-gundo maior produtor da raiz, com 4 milhões de toneladas, e o primeiro na produção de fécula, responsável por 65% a 70% da produção nacional que abastece indústrias químicas, de medicamentos e de alimentos.

De acordo com dados da Secre-taria Estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), em janeiro de 2014 a tonelada era vendi-da a R$ 515,49. Em janeiro de 2015, a mesma quantidade esteve cotada a R$ 198,75, enquanto o custo de pro-dução foi de R$ 237,09. Por conta disso, a Seab encaminhou ao Governo Federal a solicitação de medidas ur-gentes de apoio ao setor de produção de mandioca.

A Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep) também pediu ao governo federal medidas de apoio à comercialização da raiz. En-tre as ações reivindicadas, está o au-mento de 30% no preço mínimo da mandioca e seus derivados. Segundo a Faep, o último reajuste foi feito em 2013. A entidade também pede pror-rogação de prazos de financiamento e estímulo às exportações.

Outra reivindicação é a libera-ção imediata de recursos para Aqui-sições do Governo Federal (AGF) de 20 mil toneladas de farinha e outras 20 mil de fécula de mandioca, além de compras oficiais de outras 15 mil

toneladas de derivados da raiz para a merenda escolar.

Em ofício enviado ao Ministé-rio da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (Mapa), a Faep argumenta que “as medidas propostas visam ga-rantir a permanência de milhares de agricultores na produção dessa cultu-ra, além de manter em atividade 70 indústrias de farinha, somente no Pa-raná e 58% do parque industrial na-cional de fécula de mandioca”.

Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, indica que das 69 indústrias de fécu-la existentes no Brasil, 40 estão lo-calizadas no Paraná, o que repre-senta 58% do parque nacional. As indústrias paranaenses produzem, em média, entre 350 e 400 mil tonela-das por ano. O Paraná conta ainda

com cerca de 70 indústrias de fari-nha, com produção destinada a ou-tros estados.

O cenário de queda nos pre-ços da mandioca é atribuído à ele-vação na produção da raiz em todos os estados produtores. Segundo o IBGE, a produção nacional de man-dioca da safra 2014 está estima-da em 23,3 milhões de toneladas, cerca de 10% superior a obtida no ciclo anterior. Para 2015, espera--se uma produção ainda maior que pode atingir aproximadamente 24 milhões de toneladas.

Por conta da elevada carga tri-butária, o custo da fécula de mandio-ca para exportação no Brasil ficou em torno de US$ 1.000 por tonela-da, em 2014. Já o Paraguai coloca o produto no mercado internacional

O Paraná é o segundo maior produtor da raiz, com 4 milhões de toneladas, e o primeiro na produção de fécula, responsável por 65% a 70% da produção nacional

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Para Norberto Ortigara, uma das alternativas para ajudar os produtores de mandioca seria misturar a fécula na fabricação de pãozinho. Com isso, os moinhos poderiam ficar menos dependentes da importação de trigo

por US$ 700 a tonelada e a Tailândia por US$ 600 a tonelada, o que gera dificuldade para as indústrias expor-tarem o produto e absorver a maté-ria-prima que vem do campo.

De acordo com o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Or-tigara, há outras alternativas ajudar os produtores de mandioca. Uma de-

las seria misturar a fécula na fabri-cação de pãozinho. Com isso, os moi-nhos podem ficar menos dependentes da importação de trigo. Outra alter-nativa seria ampliar a compra de fé-cula para fabricação de pães e biscoi-tos para serem vendidos no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, do governo federal.

De acordo com o Centro de Es-tudos Avançados em Economia Apli-cada (Cepea), a área cultivada com a raiz pode diminuir 28% na safra 2015/16. Com a mandioca em fase de colheita, a rentabilidade da cul-tura segue em baixa e tem previsão de continuar assim até meados do se-gundo semestre.

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Mandiocultura dará salto tecnológico no Nordeste

A cultura da mandioca, tradi-cional atividade econômica em pe-quenas propriedades familiares no Nordeste, pode dar um salto tecnoló-gico nos próximos meses. A produção da raiz será revitalizada por meio de ações da Companhia de Desenvolvi-mento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no projeto Reniva, uma rede de multiplicação e transferência de materiais propaga-tivos de mandioca com qualidade ge-nética e fitossanitária para os esta-dos de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Maranhão.

O projeto, que integra as ações do Plano Brasil Sem Miséria, preten-de revitalizar a cultura da mandioca na região com a introdução de novas variedades de alta qualidade e pure-za, beneficiando, somente em Alagoas, cerca de 400 famílias de agricultores já na primeira colheita dos maniveiros. São famílias que, muitas vezes, têm na atividade a única fonte de renda e alimentação.

As ações do projeto vêm sendo executadas desde janeiro deste ano. Segundo o técnico agrícola da Code-vasf, Cláudio Nerys, a Embrapa, par-ceira da Codevasf na execução do pro-jeto Reniva, realizou a identificação e seleção das manivas-sementes para in-dexação. São manivas de variedades de mandioca adaptadas ao semiárido.

“Com esse trabalho, foram sele-cionadas duas variedades da chamada mandioca braba - caravela e campina -, próprias para produção de farinha, e uma variedade da mandioca doce ou de mesa - rosinha. Essas variedades foram apresentadas e aprovados pela

Câmara Técnica da Mandioca em Ala-goas”, disse Cláudio Nerys.

Em abril, a Codevasf deu início a implantação de unidades de multi-plicação de mandioca em Alagoas, que serão responsáveis por multiplicar as variedades da raiz com qualidade ge-nética e fitossanitária já selecionadas e aprovadas. A implantação das unida-des de multiplicação será feita em qua-tro áreas localizadas nos municípios de Arapiraca, Porto Real do Colégio, Jun-queiro e Penedo.

A Codevasf contratou, após pro-cesso licitatório, uma empresa que fará a implantação das unidades de multi-plicação da mandioca. Essas unida-des contarão com galpões, cerca peri-

metral, poços artesianos, rede elétrica com casa de bombas e sistema de ir-rigação para 10 hectares. Serão três unidades com área de 3 hectares e uma com 1 hectare.

Após o processo de multiplica-ção, as variedades selecionadas serão propagadas por todos os municípios da área de atuação da Codevasf em Alago-as. A expectativa é de que até o inverno de 2016 as manivas-sementes produzi-das nas unidades já estejam sendo dis-tribuídas para os agricultores familia-res do Estado.

Segundo Nerys, serão investi-dos R$ 1,1 milhão na primiera etapa do projeto em Alagoas, com recursos oriundos da Secretaria de Desenvolvi-

Segundo o IBGE, a área plantada com mandioca no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 1,6 milhão de hectares, com uma produção de 23 milhões de toneladas

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mento Regional do Ministério da In-tegração Nacional (SDR/MI). Para-lelamente à fase de multiplicação das manivas-sementes, a Codevasf fará o cadastramento das famílias que serão beneficiadas com o repasse das varie-dades de mandioca selecionadas.

Inicialmente serão cadastrados cerca de 400 agricultores familiares nos municípios da área de atuação da companhia em Alagoas. Para partici-par do projeto, as famílias devem estar enquadradas e cadastradas no perfil de atendimento nas ações de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria (PBSM) do Governo Federal.

O PBSM se destina a famílias em situação de extrema pobreza e com renda per capita familiar men-sal de até R$ 77,00. Caso a famí-lia não seja cadastrada no Cadastro Único do Governo Federal (Cadúni-co) e se enquadrar no perfil do Pla-no, ela deverá procurar a Secretaria de Ação Social do município e solici-tar cadastramento.

De acordo com o presidente da Câmara Setorial da Mandioca de Ala-goas, Eloízio Lopes, a base da produ-ção de mandioca é a agricultura fa-miliar, especialmente no Nordeste. “Entendemos que o principal ganho do projeto seja a garantia dos níveis de produtividades para a produção fami-liar, que hoje estão muito baixos. E o projeto Reniva veio recuperar essa cul-tura”, disse.

Segundo o IBGE, a área planta-da com mandioca no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 1,6 milhão de hectares, com uma produção de 23 milhões de toneladas. Em Alagoas, cerca de 18 mil hectares estão planta-dos com a raiz, alcançando produção de 224,7 mil toneladas. A mandio-cultura está presente em todo o Esta-do, com destaque para o município de Arapiraca que em 2013 produziu 55 mil toneladas.

Produção da raiz será revitalizada através do projeto Reniva, uma rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária

Em Alagoas, cerca de 400 famílias de agricultores já foram beneficiadas pelo projeto Reniva na primeira colheita dos maniveiros

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Plasticultura

Agricultura temo plástico como aliado

Da Redação

A plasticultura tem conquis-tado cada vez mais espaço no meio agrícola brasileiro,

como uma maneira eficaz de culti-var as mais diversas formas vegetais e contornar problemas causados por intempéries, como bruscas variações climáticas, excesso de frio, estiagem, entre outras. Em países como Estados Unidos e Canadá, a técnica já é am-plamente utilizada tornando viável a produção de cultivos que não sobre-viveriam pelas técnicas tradicionais.

No campo, a plasticultura foi de-senvolvida para ajudar os agricultures a produzirem mais, melhor e tornar as plantações menos vulneráveis às va-riações climáticas. No Brasil, a téc-nica pode, por exemplo, beneficiar al-gumas culturas desenvolvidas no Sul do País, para reduzir os efeitos do frio intenso. Além disso, a utilização da plasticultura pode garantir uma co-lheita em épocas de entressafra, quan-do o agricultor pode alcançar maiores lucros com a sua produção, pagando e compensando o investimento na utili-zação dos plásticos.

O material plástico pode ser uti-lizado na construção de túneis e es-tufas e também para a formação de ambientes onde o controle sobre a plantação precisa ser muito grande, com temperatura e umidade totalmen-te adequadas para o cultivo. A plasti-cultura é considerada uma tecnologia moderna e avançada, usada inclusive como parâmetro ou índice do grau de

tecnologia agrícola disponível em uma região ou País. No Brasil, a plasticul-tura é aplicada hoje basicamente na

produção de flores ornamentais, fru-tas - com destaque para o morango -, hortaliças, alguns vegetais e fumo.

No campo, a plasticultura foi desenvolvida para ajudar os agricultures a produzirem mais, melhor e tornar as plantações menos vulneráveis às variações climáticas

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Plasticultura

Técnica aumenta produção de frutas em 30%

Uso de bobinas de plástico para montagem de estrutura para proteção agrícola gera economia no processo. A técnica dispensa, por exemplo, a mão de obra de capina

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çãoO cultivo de frutas pro-

tegidas por mate-rial plástico tem

se tornado uma excelen-te alternativa para garan-tir ganhos significativos a pequenos produtores agrí-colas do Nordeste. De acordo com o engenheiro agrônomo Vercélio Lima, a técnica é capaz de au-mentar em até 30% a pro-dutividade dos pomares e ainda reduzir pela metade os custos com energia elétrica, água e período de irrigação. A plasti-cultura tem dado resultados animadores em pomares da região Nordeste do Brasil.

Apesar de ser utili-zada há mais de uma década em po-mares de maior escala produtiva no Rio Grande do Norte, essa tecnolo-gia agrícola é pouco difundida nas pe-quenas propriedades. No entanto, se-gundo Vercélio, é apontada como uma solução viável para a agricultura fa-miliar. O agrônomo, que é consultor da Vafal, empresa mossoroense es-pecializada em consultoria agrícola, destaca que a técnica pode influen-ciar a produção de frutas tropicais em todo o Estado.

Vercélio afirma que mais de dez hectares de melão plantado entre a região de Mossoró e o Ceará já uti-lizam a plastificação como forma de melhor controle das variações climá-ticas, aumento de produtividade e re-dução de insumos. “Todas as culturas podem se beneficiar do uso do plás-

tico na agricultura, assim como as plantas ornamentais e horticultura”. De acordo com o consultor, para ado-tar o cultivo protegido na lavoura é preciso cuidados, como manejo dife-renciado do solo, redução dos perío-dos de irrigação e uso de equipamen-tos específicos.

A técnica gera economia. No cultivo tradicional, o custo da mão de obra para capina, no período de 30 dias, sai a R$ 1,2 mil para o pro-dutor. Já com a técnica da plasti-cultura, a bobina de plástico sai por menos de R$ 1 mil. E as vantagens vão além. As despesas com água e energia podem cair em até 50% com uso de sacos em estufas ou proteção do solo. Os plásticos são usados na

construção de túneis e estufas. Além disso, são utilizados para a constru-ção de ambientes para controle da plantação, com temperatura e umi-dade apropriadas.

A plasticultura não é privilé-gio apenas das grandes plantações voltadas ao mercado internacio-nal, a maior parte situada nas re-giões Oeste e Vale do Açu. Há ex-periências também em cidades da região litorânea e que estão sendo registradas em grupos de pequenos produtores. “Temos trabalhos com agricultores familiares produtores de abacaxi, em Touros, e produtores de alface na comunidade de Gramo-rezinho, na zona Norte de Natal”, afirma Vercélio.

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Plasticultura

Cultivo de morango favorece produção de tomate e abacaxi

A plasticultura permite cultivar o morango em um ambiente que protege as plantas das ações climáticas e possibilita o cultivo de um fruto mais sadio

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Agricultores da região Central de Minas Gerais estão dei-xando de lado o método tra-

dicional de cultivo de morangos para investir em plasticultura, sistema al-ternativo também conhecido como mulchieng, que permite cultivar as plantas em estufa, melhora a quali-dade dos frutos e economiza água no plantio. O método, aplicado sob a orientação da Emater-MG, permi-te cultivar, além do morango, o toma-te e o abacaxi em um ambiente que protege as plantas das ações climáti-cas e possibilita o cultivo de um fru-to mais sadio.

As mudas são plantadas em sla-bs (sacos plásticos também conhecidos como travesseiros), que são preenchi-dos com substrato e furados para que as plantas possam se desenvolver. Os slabs são colocados em bancadas para

que as mudas fiquem suspensas e não tenham contato com chão. O novo sis-tema tem contribuído para solucionar antigos problemas da produção, como a qualidade final dos frutos. Por ser um sistema que cria uma estufa, é pos-sível também economizar água, pois a irrigação não evapora com facilidade.

De acordo com o coordenador técnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Bernardino Cangus-sú, o sistema de plasticultura tam-bém está contribuindo para reduzir custo de manutenção dos canteiros e o uso de agrotóxicos para fazer o controle de pragas. Agricultores do município de Antônio Carlos, MG, os irmãos Gilberto e Fábio Almeida conseguiram melhorar as condições de trabalho e o desempenho da la-voura. Tiveram apenas que fazer al-gumas adaptações.

Os produtores substituíram os slabs por um sistema de calhas. Fei-tas de isopor, as calhas ficam suspen-sas por uma estrutura e são cober-tas com plástico antes de receberem o substrato e as mudas. Além de durá-vel, o isopor gerou benefícios, como a redução das oscilações de temperatu-ra em até 17ºC, o que possibilitou a renovação das plantas. “Ao implan-tar as calhas de isopor ganhamos em torno de 400 gramas por planta em 7 meses e demos longevidade ao nosso plantio. Isso nos permitiu melhorar o manejo”, disse Fábio.

As adaptações permitiram me-lhorar as condições de trabalho e o de-sempenho da lavoura. “Saltamos de 5 mil plantas por trabalhador para algo em torno de 12 mil, pois trabalhamos em pé e fazemos a colheita com carri-nhos”, relata Gilberto Almeida.

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Estudo mostra recomposição florestal no Tapajós

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Da Redação

Pesquisa inédita no Brasil mos-tra o comportamento de uma área na Floresta Nacional do

Tapajós, no oeste do Pará, 35 anos após a primeira colheita das árvo-res comerciais. Os estudos coordena-dos pela Embrapa Amazônia Oriental

apontam para a regeneração da flo-resta em volume, mas alertam para a necessidade de planos de manejo que contemplem a manutenção das po-pulações de todas as espécies arbó-reas, garantindo maior diversidade e rentabilidade.

Os estudos começaram após o início do segundo ciclo de corte na

área de pesquisa da floresta. De acor-do com o pesquisador Lucas Mazzei, a estrutura da floresta foi restabelecida, porém com outra composição florísti-ca. “As espécies que estão participan-do e a distribuição desses indivíduos é diferente, pois a floresta responde de maneira diferenciada para a explora-ção, mas essa resposta é positiva em

Criada em 1974, a Flona Tapajós é a unidade de conservação federal na categoria de floresta nacional que mais abriga pesquisa científica no país – 65 pesquisas em 2013 (SISBIO, 2014)

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relação à produção de volume, que é suficiente para permitir um segundo corte”, disse o pesquisador.

Em 1979, quando houve o pri-meiro corte na área, a maioria das espécies arbóreas majestosas, com maior valor comercial, foi retirada. No segundo ciclo de corte, os pesqui-sadores observaram que espécimes centenárias, como jatobá, jarana, ma-çaranduba e quarubarana, entre ou-tras, não ocorreram na mesma fre-quência, indicando queda no valor comercial da floresta.

De acordo com Mazzei, o apren-dizado a partir do monitoramento e o desafio dos engenheiros florestais ao se elaborar um plano de mane-jo é atentar para a forma de colher, e assim tentar recuperar essa estru-tura, com um mosaico de habitats di-ferentes. É o que pode garantir maior diversidade e, com isso, manter a floresta no auge de produtividade co-mercial. “O grande desafio não é se-lecionar a espécie, mas a árvore a ser colhida e com isso manter as popula-ções de todas as espécies, garantindo a rentabilidade e a conservação para todos os ciclos”.

Com a pesquisa, a Embrapa pre-tende gerar uma metodologia de apoio por meio da indicação de um sistema de manejo que parte da seleção dos in-divíduos e espécies a serem explora-das comercialmente. O novo modelo já está sendo elaborado e, segundo o pesquisador, deve ser publicado ainda no primeiro semestre de 2015. Segun-do o pesquisador Plínio Sist, do Cen-tro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desen-volvimento (CIRAD - França), o tra-balho é inédito no Brasil para flores-tas tropicais.

De acordo com Sist, nos mol-des da legislação vigente, o estudo é primeiro acompanhamento de segun-do corte no País e também o primeiro

exemplo do Observatório Internacio-nal de Florestas Tropicais Manejadas (Rede TmFO), entidade internacional que desde 2012 monitora e compara os impactos da exploração de florestas tropicais na Bacia Amazônica, Bacia do Congo e sudeste asiático.

“Esta segunda exploração vai gerar dados fundamentais para po-der identificar quais são os fatores mais importantes na reconstitui-ção da floresta e como eles atuam nos processos da dinâmica flores-tal. Hoje em dia é primordial ava-liar não somente o potencial ma-deireiro das florestas chamadas de produção, mas também saber o im-pacto da exploração sobre os servi-ços ambientais das florestas, como o estoque de carbono e a biodiversida-de”, observa.

Ciclos - O pesquisador Lucas Mazzei conta que a primeira colhei-ta ocorreu em 1979, e desde então in-ventários contínuos foram realizados para avaliar os impactos da explora-ção, acompanhar a evolução da re-cuperação da floresta e avaliar a di-nâmica da composição florística. Ele afirma que os resultados validam a ex-periência e o esforço pioneiro ocorrido no sítio há 35 anos, quando parte da área foi explorada. Na ocasião foi re-tirada no local uma média de 72 m³/ha, mais do que o dobro do que hoje é permitido por lei.

A Instrução Normativa nº 5 (2006), do Ministério do Meio Am-biente (MMA), define os “Procedi-mentos técnicos para elaboração, apresentação, execução e avaliação técnica de Planos de Manejo Flores-tal Sustentável (PMFSs) nas flores-tas primitivas e suas formas de suces-são na Amazônia Legal”. De acordo com o documento, as intensidades máximas de corte a serem autoriza-das pelo órgão ambiental competen-te são de 30 m³/ha para o PMFS, em um ciclo de corte de 35 anos. Ainda assim, a pesquisa revelou a recupera-ção da área.

O segundo ciclo de corte ocor-reu em dezembro de 2014 e extraiu apenas 25,6 m³/ha em uma área de 70,5 hectares (ha) de um sítio experi-mental no interior da Floresta Nacio-nal do Tapajós (Flona Tapajós), unida-de de conservação federal localizada no oeste paraense. No entanto, Lucas Mazzei salienta que esse volume po-deria facilmente ter chegado ao limite máximo da legislação, pois havia co-bertura vegetal suficiente. “A extra-ção foi, por opção, conservadora, mas a média de diâmetro das árvores, de 70 cm, foi similar a um primeiro cor-te”, reitera.

A retirada das árvores ocorreu na unidade de conservação que abriga o maior número de pesquisas científi-cas no País, segundo o Instituto Chico

Além das qualidades ambientais a Floresta Nacional do Tapajós também apresenta expressiva riqueza sociocultural, representada por aproximadamente 500 indígenas da Etnia Munduruku, divididos em três aldeias – Bragança, Marituba e Takuara

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Mendes de Conservação da Biodiver-sidade (ICMBio). O sítio, conhecido como Km 67, possui 124 ha e é con-siderado de grande importância para os estudos de manejo e silvicultura nos trópicos, devido ao seu histórico de monitoramento que data de meados da década de 1970. O produto flores-tal foi beneficiado nos primeiros me-ses de 2015 e em março seguiu para os mercados nacional e internacional.

Qualidade - De acordo com o empresário Gilson Leal Savarato, res-ponsável pelo beneficiamento e co-mercialização da madeira extraída na Flona (Floresta Nacional) Tapajós, a iniciativa da Embrapa é um ganho para pesquisa, para o meio ambiente e de renda, para quem pratica o ma-nejo florestal. Savarato vê com muito otimismo os resultados da pesquisa e afirma que essas experiências revelam que é muito mais vantajoso economi-camente o manejo, se avaliado com o reflorestamento em áreas comerciais.

Com mais de 40 anos de experi-ência no setor, o empresário destaca que, além do ganho ambiental incom-parável, por meio do manejo, é possí-vel colher um segundo ciclo de muito mais qualidade comercial num perío-do de 25 ou 30 anos. Já no refloresta-mento, segundo ele, são necessários no

mínimo 50 anos e, ainda sim, com ár-vores ainda sem diâmetro viável para o mercado consumidor.

O segundo ciclo de corte na área experimental da Embrapa ge-rou 1.080 m³ de madeira. No entan-to, mesmo com um número menor de madeiras resultantes de espécies ma-jestosas, o diâmetro médio observado foi de 70 cm, ou seja, produto florestal considerado de ótima qualidade e mui-to apreciado pelo mercado, segundo Savarato, que atua na intermediação entre Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona), que detém os direitos sobre o manejo na Flona, e o mercado consumidor.

A cooperativa foi criada em 2005 e, desde então é parceira na gestão da Flona e do Plano de Mane-jo Florestal Sustentável (PMFS) jun-to ao ICMBio. A renda obtida a partir da comercialização da madeira extra-ída durante a pesquisa foi direciona-da para a Coomflona. A cooperativa é executora do Manejo Florestal Co-munitário, realizado pelas populações tradicionais da Flona Tapajós, atual-mente uma importante referência de uso sustentável da floresta.

Em 2014, a atividade gerou mais de R$ 10 milhões em recursos e 200 empregos diretos, ao manejar 0,3 % da

unidade, segundo dados do ICMBio. A renda gerada com o manejo florestal é utilizada ainda no bem-estar das comu-nidades, na construção e reforma de es-tradas, fortalecimento de organizações sociais, capacitações de moradores e melhoria dos índices de proteção da UC.

Segundo o presidente da Coomflona, Jean Feitosa, a coopera-tiva atua na unidade de conservação há 10 anos e tem sido fundamental na melhoria da qualidade de vida das po-pulações que vivem na Flona. “A ren-da vai para os cooperados e projetos de infraestrutura, organização e ain-da de geração de renda, como a apro-veitamento de produtos madeireiros e não madeiros, o turismo de base co-munitária, entre outros”, diz o presi-dente da cooperativa.

O manejo é referência em gestão socioambiental, uso sustentável e pes-quisa científica no Brasil e na Amé-rica Latina, movimentando quase R$ 4 milhões por ano. A Flona Tapajós é uma unidade de conservação federal criada pelo Decreto n° 73.684/1974, no Pará. Possui 527 mil hectares, com mais de 160 quilômetros de praias, rios, lagos, alagados, terra firme, morros, planaltos, floresta, campos e açaizais. De acordo com o ICMBio, é a unidade de conservação federal na ca-

tegoria de floresta nacional que mais abriga pesquisa científica no País.

Além das qualidades ambien-tais, a Flona Tapajós apresenta ex-pressiva riqueza sociocultural, repre-sentada por aproximadamente 500 indígenas da Etnia Munduruku, di-vididos em três aldeias – Bragança, Marituba e Takuara. A riqueza cultu-ral também é representada pelos mais de cinco mil moradores tradicionais, extrativistas, agricultores familiares e populações ribeirinhas com hábitos culturais próprios e que vivem em 25 comunidades na região. (com Embra-pa Amazônia Oriental)

A Floresta Nacional do Tapajós é uma importante unidade de conservação da natureza localizada na Amazônia, mais precisamente às margens do Rio Tapajós, na região do estado do Pará

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Caderno CanaMix

Há um fio de esperança para o setor sucroenergético

Marcela Servano

Existe uma luz no fim do túnel. A batida expressão represen-ta que, após uma série de di-

ficuldades, um problema ou situação muito grave será resolvida. E isso re-sume bem o que a indústria do açúcar, etanol e bioenergia espera para 2015.

A esperança de um ano melhor está ligada a diversos fatores: clima, aumento da mistura de etanol à ga-solina, de 25% para 27%, e o retor-no da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis. No entanto, a crise ain-da esteja longe do fim.

A safra 2015/16 tem tudo para ser melhor que a do ano passado. A expectativa é de um crescimento de 10% em relação a 2014. Essa pers-pectiva positiva ganhou força, logo nos três primeiros meses do ano, pois as chuvas que não chegaram anterior-mente vieram este ano.

Segundo o meteorologista do Climatempo, Alexandre Nascimen-to, a previsão para os próximos me-ses é de que tudo volte à normalidade em relação às condições climáticas. “Provavelmente estaremos sob o efei-to do El Niño que, em geral, mantém as condições de temperaturas mais altas do que o normal no Sudeste e faz com que a chuva fique dentro da normalidade”.

As condições climáticas foram apontadas como uma das principais razões para o agravamento da cri-se no setor. Possivelmente a safra de 2015/16 ainda sofrerá com o efeito

A safra 2015/16 tem tudo para ser melhor que a do ano passado.

A expectativa é de um crescimento de 10% em relação há 2014. Essa perspectiva positiva ganhou força,

logo nos três primeiros meses do ano, pois as chuvas que não chegaram

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da seca, mas em menor escala em re-lação ao ciclo 2013/14.

Segundo o diretor executivo da MBF Agribusiness, Jair Pires, os ca-naviais sofreram muito durante a sa-fra passada com a seca, o que retardou seu crescimento afetando a qualidade da cana. Assim, as chuvas atuais aju-

Segundo o meteorologista do Climatempo, Alexandre Nascimento, a previsão para os próximos meses é de que tudo volte à normalidade em relação às condições climáticas

daram muito, mas ainda não serão su-ficientes para reparar a perda da sa-fra passada.

A seca fez com que os produ-tores atrasassem o plantio. “Ao pos-tergar o início da safra, as usinas en-contram uma forma de não piorar os resultados, já que a cana se encontra

em fase vegetativa (de crescimento)”, disse.

Aos poucos, e de forma lenta, o setor ensaia uma retomada. Os inves-timentos em renovação foram baixos, principalmente na área de plantio de cana nova. Segundo o vice-presiden-te da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Copla-cana), José Coral, os investimentos em tratos culturais melhoram compa-rado ao ano passado, mas ainda estão longe do ideal.

Jair Pires, que também é agrô-nomo, ressalta que os canaviais estão mais velhos devido à falta de renova-ção e ampliação. Isto é atribuído aos preços ruins nos últimos anos. Conse-quentemente, as unidades não obtive-ram recursos suficientes para uma re-novação. E os produtores não estão confiantes em uma possível melhora dos preços em 2015.

De acordo com o gerente indus-

Segundo o diretor executivo da MBF Agribusiness, Jair Pires, os canaviais sofreram muito durante a safra passada com a seca, o que retardou seu crescimento afetando a qualidade da cana

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trial da Tonon Bioenergia – com uni-dades em Santa Cândida, Bocaina, Paraíso e Brotas - Antonio Viesser, o Alemão, o setor está carente em li-nhas de crédito. Isso, somado ao bai-xo preço do etanol e açúcar nos úl-timos anos, restringiu as empresas a fazerem apenas o essencial.

“Muitas unidades estão deixan-do de fazer inclusive o básico, decisão esta que tende aumentar ainda mais o ‘rombo’ financeiro. E, de tabela, au-mentam as dificuldades financeiras na indústria de base”.

A indústria de base e serviços que atende o setor sucroenergético vive um momento complicado. Efeito da crise econômica de 2008, que oca-sionou redução de demandas, dificul-dades de crédito e aumento do custo de produção. Situação agravada pela falta de planejamento, impossibilida-de de investimentos, além de condi-ções climáticas adversas.

Diante desse cenário crítico, o presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergéti-co e Biocombustíveis (Ceise Br), An-tonio Eduardo Tonielo Filho, disse que muitas empresas foram obriga-das a ajustar o quadro de funcioná-rios de acordo com as encomendas, como estratégia de enfrentamento à crise, até que a retomada do setor aconteça. “A diversificação do mer-cado é uma alternativa para enfren-tar a crise, mas o momento econô-mico do País não favorece grandes investimentos”.

Para Antonio Viesser, o princi-pal desafio da indústria é buscar a ex-celência quanto aos resultados opera-cionais, visando reduzir custo, e, por conseguinte, melhorar a margem na venda do produto final, já que os pre-ços tendem a continuar em baixa. “A esperança existe quanto à melhora de preços, porém ainda é pequena para este ano”, enfatizou.

De acordo com o gerente industrial da Tonon Bioenergia, Antonio Viesser, o setor está carente em linhas de crédito

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Setor tem relação difícil com o

Governo Federal

A relação entre o setor sucroenergético e o Gover-no Federal não é das melhores. Porém a nome-ação de Kátia Abreu para o Ministério da Agri-

cultura e Abastecimento (Mapa) e de Armando Monteiro para a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comér-cio Exterior (MDIC) abriram a possibilidade de diálogos com empresários de diversas áreas. O Ceise Br é uma das entidades que têm atuado intensamente junto ao Gover-no Federal, com o intuito de garantir a retomada que o setor tanto necessita.

O Ceise Br tem participado ativamente das reuni-ões da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool no Mapa e também busca posicionar suas reivindicações junto à Frente Parlamentar do Agronegócio.

Bioenergia - O esforço das entidades está concen-trado em sensibilizar o Governo quanto à importância da valorização da geração de energia a partir da biomassa de cana, que é mais barata e limpa. Segundo Tonielo, o setor tem capacidade de produzir energia seis vezes mais do que produz hoje. Por isso, busca incentivos para que indústrias e usinas possam investir cada vez mais em efi-ciência e produtividade.

O Governo tem atendido, em parte, as reinvindica-ções do setor. Recentemente aumentou a mistura de eta-nol à gasolina, de 25% para 27%, e confirmou a volta do Cide. Eduardo Tonielo ressalta que essas medidas da-rão um fôlego para o setor, mas não são suficientes. Ape-sar de aumentar a competitividade do etanol em relação à gasolina, essas ações precisam ser sustentadas por ou-tras de médio e longo prazos, para que a retomada acon-teça de fato.

O setor ainda depende da inserção definitiva do eta-nol, assim como da energia gerada a partir da biomas-sa da cana, na matriz energética do País. Essa energia limpa e sustentável deve ser tratada como estratégica no Brasil. Outra iniciativa que pode ajudar muito a cadeia sucroenergética é a aprovação da proposta de redução de IPI para veículos inseridos no programa InovarAu-to, isto é, carros flex, que garantam eficiência quanto ao

Segundo Tonielo Filho, o setor tem capacidade de produzir energia seis vezes mais do que produz hoje, usando bagaço de cana como combustível nas caldeiras

uso do etanol superior a 75%. O setor está mais esperançoso que o ano passado.

No entanto, para Tonielo, as medidas tomadas recente-mente deveriam ter sido implantadas há mais tempo. “O Governo tem sua parcela de culpa nesta crise. Mas tam-bém temos que reconhecer que outros fatores conjuntu-rais contribuíram para este agravante. Podemos consi-derar que a atual crise do setor sucroenergético não é algo particular. A economia em geral passa por um mo-mento delicado, com reflexos da movimentação do mer-cado internacional”.

Em linhas gerais, a retomada do setor é vista com cautela neste ano, sem grandes mudanças, mesmo após a tomada de algumas medidas. O setor foi muito prejudi-cado com a crise e, por isso, os resultados positivos ten-dem a aparecer gradativamente nos próximos anos. O segmento canavieiro quer a revalorização dos produtos e subprodutos da cana, principalmente quanto a sua ca-pacidade energética. Quer também que o setor se forta-leça, protegido por políticas públicas claras, capazes de promover o crescimento socioeconômico do País de for-ma sustentável.

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