yazigi - conceituação de patrimônio ambiental urbano
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5/21/2018 Yazigi - Conceituao de Patrimnio Ambiental Urbano
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A Conceituao de Patrimnio Ambiental Urbano
em Pases Emergentes
duardo
Y
ZI I
Departamento de Geografia da Universidade de So Paulo
Prof. Lineu Prestes 338. Cidade Universitria.
CEP 05508 000 So Paulo.
E mail: [email protected]
Resumo
Apesar de o
pr
esente conceito ser derivado da Carta de
neza que.reco-
menda proteger entornas ele ainda no
fo i
suficientemente desdobrado e explo-
rado es
pe
cialmente em
p
ses emergentes onde devido
falta de recursos e de
valorizao cultural as cidades se acham bastante degradadas. A definio
por
ns formulada a seguinte e se justifica porque ambiente no lugar m s rela-
o de trabalho vizinhana lazer religiosidade cidadania etc.
D patrimnio ambiental urbano se constitui de conjuntos arquitet nicos
espaos urbansticos equipamentos pblicos e elementos naturais intra urba-
nos regulados por relaes sociais econmicas e culturais onde o conflito deve
ser
o
menor possvel e a incluso social uma exigncia crescente.
reconhecido
e
preservvel
por seus valo res
poten i lmente
qualificados: pragmticos
cognitivos estticos e afetivos legalmente protegidos ou no. Geograficamente
esses conjuntos podem se apresentar sob forma de reas contguas ou lineares
sem limites perptuos m s sempre trascendendo unidades de significado
autnomo. O conceito se refere tanto a um conjunto existente como a um pro-
cesso em construo:
o ser o devir.
Este artigo explora j ustamente as implicaes metodolgicas do que se
possam ser as citadas relaes.
Palavras chave: Patrimnio ambiental urbano pases emergentes cidadania
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Summary
duardo Yzigi
Despite the present concept derives from the VniceChart, which recommends
protecting
neighborhoods
o f
monuments, it has
not yet
enough unfolded
and
exploited, especially on emergent countries, owing to
poor
resources
and
cultural
valorization that produce depreciated towns. Our definition, as follows, can be
justified because
environment
( ambiente in Portuguese) is not a place but a
relation o f work,
neighborhood,
leisure, religion, citizenship, etc.
Therefore
environmental
urban
patrimony
is
constituted
by
architectonic
assemblage urbanistic
spaces,
public equipments and natural elements inside
towns,
adjusted
by social,
economic and cultural
relations, where
conflicts
must be avoided as much we can
and
social inclusion a growing exigence. It is
recognized andpreservable according topotentially qualified values: pragmatics,
cognitives, aesthetics
and
affectives, protected
1 not
by law. Under the geographic
viewpoint they can be manifested on contiguous
1
linear areas, without
perpetuai
limits,
but
always transcending autonomous significant units.
The concept
refers
to an existent ensemble 1 to a
construction process: it
is the being n the
future.
This article particularizes methodological implications o fwhat could be the
mentionedrelations.
Keywords environmental urban patrimony emerging countries citizenship
Resum
Bien que le concept de patrimoine environnemental urbain soit deriv de la
Charte de Venice, laquelle recommande protger les voisinages d 'un monument,
ii
n a
pas
encore t sufisamment dpouill et exploit, surtout dans des pays
mergents, en raison du manque de ressources et de valorisation culturelle. Notre
defintion que suit se justifie,
cal ambience n est p s une chose
ni
un endroit,
mais relation
de
travail, voisinage, loisir, religiosit,
citoyennet, etc.
(en
portugais envionnemental s dit ambienta ').
Le
patrimoine environnemental urbain
s
constitue donc d'ensembles archi
tectoniques, espaces urbanistiques, quipementspubliques,
lments
naturels intra
-urbains, reguls
par
des relacions sociales, conomiques et culturelles, l le
conflit doit tre le moindre possible et I'inclusion sociale une
xigence
croissante.
II est reconnu
par
ses valeurs potentiellement qualifis: pragmatiques, cognitifs,
esthtiques et affectifs, proteges ou non
par
une loi. Gographiquement, ces
ensembles
peuvent s
prsenter sous la
forme
de surfaces contigues ou linaries,
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sans limites perptuelles mais toujours transcendant les units de signification
autonome. econcept se rapporte soit
um ensemble
existant soit
un
procs
en construction:
c est
l tre et le devenir.
Cet article exploite justement les implication mthodologiques de ce que
signifient les relations referes ci dessus.
Mots-clt :patrimoine environnemental urbain
pays sous-dvelopps citoyennet
?
ntro uo
Vrios fatos reclamam uma valorizao mais ampla da ambincia urbana. A
cidade deteriorada tem sido norma na maioria dos pases subdesenvolvidos con
tribuindo para o que se pode denominar estresse espacial. A globalizao tanto
fragmentou identidades como est a criar outras. Em pases emergentes no
sempre
que o
encaminhamento
da questo socia l se faz
acompanhar
da
patrimonializao do territrio. Mas tambm vrias capitais europias - Roma
por
exemplo - ostentam periferias desprovidas de qualquer sentido vivificante
incompatveis com a grandeza do passado existente na mesma cidade. Isso como
ser demonstrado mais frente requer que o empenho pelo patrimnio ambiental
urbano deva ser entendido no somente como preservao de representatividades
passadas mas tambm como o que deve ser construdo.
o ser o devir. Quanto
mais degradado o meio urbano maior a necessidade desse empenho. Todos reco
nhecem o valor de uso do cotidiano mas poucos se preocupam com a importncia
de seu aperfeioamento.
Grosso modo seja por herana colonial seja
por
construo prpria muitas
cidades criaram patrimnios dignos de serem preservados ainda que carecessem
de identidade espacial vinculada terra. Essas produes estiveram diretamente
ligadas aos excedentes das economias locais em todos pases das Amricas: cana
de acar ouro prata caf borracha gado estanho cobre etc. Historicamente
os perodos ureos foram do sculo XVIII aos incios do xNo Brasil o caf no
sul e a borracha no norte pretenderam conferir ares de Paris s suas grandes capi
tais referenciados por Haussman. Mas a realidade que jamais conseguiram re
produzir a grandeza cumprida
por
esse prefeito parisiense. O mundo bem cuidado
se circunscreveu as centralidades das elites nascentes.
Apesar do limitado estoque patrimonial tempos posteriores se revelaram
ainda de um vandalismo sem precedentes especialmente no Brasil onde So Pau
lo e Rio Janeiro conheceram crimes inadmissveis inaugurados com o
boom
in
dustrial chegando aos nossos dias sob a gide da permissividade. A rendio
indstria automobilstica aliada especulao imobiliria ao laissez faire
oficial
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du rdo
Yzigi
e privado) e excluso social representam os quatro pilares de maior nocividade
ao
o us
da sociedade urbana.
omo
se isso no bastasse, hoje em dia a tendncia
mundial
da cidade-empresa estimula o abandono de certas partes da cidade em
beneficio de suas novas centralidades.
Eis porque
a implementao do conceito em apreo se toma uma necessida
de social. Na tica poltica, se por
um
lado a dignificao do espao representa
valorizao do sentimento cvico e da imagem da cidade para fins de
economia
,
por
outro, a prpria vida do cidado ensaiada com valores de uso de primeira
grandeza. Assim, este artigo tem o propsito de explorar a importncia do sentido
relacional de ambiente , fornecendo elementos de fortificao do grupo social,
para fins de vida cotidiana, identidade e
prazer
em seu lugar de vida.
A condio de subdesenvolvimento coloca vrios reveses construo do
patrimnio. A carncia geral de recursos permite, no mximo, dotar as populaes
de conjuntos habitacionais que so a prpria
imagem
da desolao, desprovidas
de tudo o que complementa e d plenitude ao morar: ruas pavimentadas, transpor
tes eficientes, espaos pblicos
bem
cuidados, lazer, etc. A rigor, as administra
es estariam teoricamente impossibilitadas de produzir
um
padro dotado de
modernidade. As instituies no
costumam
ter ousadia
com
o empenho da inser
o social, que
como
se sabe, s
pode
acontecer em longo prazo; no entanto inexiste
uma
ao
planejadora de continuidade
para
estratgias dessa dimenso temporal.
Em pases emergentes s se atua no varejo .
lm
disso, impera
uma
viso de
formada da cultura material, tanto nas administraes quanto na sociedade, que s
prioriza as solues prticas quando
conseguem
...), despreocupadas
com
qua
lidade. Resulta ento que o padro dual se reproduz espacialmente, criando an
gustiantes periferias que vo de horizonte em horizonte, com solues precrias,
mesmo
quando dotadas de criatividade.
pesar
desse quadro desolador, o patrimnio ambiental continua sendo vis-
to como preocupao burguesa pelos meios acadmicos enquanto, contraditoria
mente, os segmentos mdios e pobres no
conseguem
entend-lo
como
fator de
desenvolvimento. O resultado so cidades conflituosas,
sem
unidade, semi-aban
danadas,
com
cotidiano precarssimo nos segmentos mdios e inferiores. O espa
o pblico, ao invs de ser o patrimnio de todos patrimnios, se realiza de modo
deplorvel, com raras excees. A prevalncia do eterno provisrio sugere redefinir o
presente conceito com urgncia: a restaurao do territrio se conta por dcadas.
Dos ens
Isolados aos
onjuntos Representativos
John
Ruskin
l 8 1 9 ~ 1 9
seguido de William Morris, j criticava a
nova
.
ord
em industrial , valorizando o tecido formado
por
casas comuns, tendo sido um
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dos pioneiros na defesa de conjuntos urbanos. No sculo
XX
a noo de monu-
mento para fins de preservao da
memria
logo se revelou insuficiente levando
os estudiosos da rea a formularem a Carta de Veneza fundamentada na preserva
o de zonas de ambincia com as quais os bens tm relaes tradicionais. Perce
beu se
tambm que outras reas devessem ser preservadas mesmo sem monu
mentos e o recurso legal do tombamento. Foi a que nasceu o conceito de patrimnio
ambiental urbano que quatro dcadas depois ainda carece de precises conceituais
para fins de implementao e que este artigo pretende aprimorar.
No
obstante o emprego apropriado do termo ambiental procedente e
por
isso complexifica a questo. Efetivamente ambiente no quer dizer
nem
coisa
nem lugar e sim relao conforme sua origem latina:
vem
de amb ire isto ir
junto. Seu
emprego foi de incio formulado
pela
Psicologia: Fulano cresceu
num
ambiente religioso ; A boa empresa cria
um
ambiente propcio realizao pes
soai etc. A Ecologia justifica sua existncia graas mesma idia de relao: j
no
bastava Biologia explicar as espcies de r si mas contextualizadas no
ciclo de vida isto em suas relaes
com
tudo que as cercam. Vrias outras
disciplinas sentiram necessidade de usar a noo de ambiente mas logo se deram
conta da necessidade de redefini-la segundo cada tica. No presente estudo trata
-se do mundo do urbano.
Defino o patrimnio ambiental urbano
como
sendo constitudo de conjuntos
arquitetnicos espaos urbansticos equipamentos pblicos e elementos naturais
intra-urbanos regulados
por
relaes sociais econmicas e culturais onde o con
flito deve ser o menor possvel e a incluso social
uma
exigncia crescente. So
reconhecidos e preservveis
por
valores potencialmente qualificados: pragmti
cos cognitivos estticos e afetivos de preferncia sem tombamento. Geografica
mente esses conjuntos podem se apresentar sob forma de manchas urbanas ou
formaes lineares sem limites perenes mas sempre transcendendo as unidades
de significado autnomo. O conceito se refere tanto a
um
conjunto existente como
a um processo em construo: trata se pois do s r e do devir.
lores pr gmticos
No devem ser entendidos como reservas passivas reificadas mas lugares
vivos que sustentam atividades socioeconmicas e culturais. So espaos da ex
perincia urbana por excelncia os loei da promoo identitria onde a convi
vncia
pode
facilitar a coeso do grupo. Interessam ao cotidiano e eventualmente
ao turismo. Mas no se trata de abraar qualquer valor pragmtico: os usos devem
ser compatveis com a forma sem subvert-la: no se pode transformar
uma
cate
dral
num
bordel.
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Enquanto os potenciais tecnolgicos valerem as substituies no se justifi
cam sob alegaes de serem velhos ou descartveis Em pases emergentes urge
reforar a funo econmica e social adaptando os conjuntos s condies mo
dernas de funcionalidade mas
com
sensibilidade e inteligncia. O valor econmico
pode ser justificado por si s embora sozinho nem sempre enriquea o conjunto.
No entanto dada a carncia de recursos nesses pases ele tende a ser crucial.
lores cognitivos
So os que enriquecem a experincia urbana de todos pontos de vista. Re
presentam o entendimento dramtico de como os outros se resolvem; permitem
uma apreenso viva de outras regulaes sociais e territoriais e representam a
histria no como exemplares ilustrativos mas como parte de sua prpria expres
so: matrias primas e tecnologias empregadas; morfologia; valores diversos; con
dies sociais econmicas polticas ideolgicas e simblicas de produo etc.
Nesse sentido funcionam como parmetros de entendimento ou inspirao para
observadores em geral.
lores estticos
Aqui preciso retomar o mais profundo significado etimolgico de estti
co que se origina de
aesthesis
isto a experincia da sensao
pela
potencializao da forma Classicamente os valores estticos refletem princpios
de unidade volumetria e outras ordenaes: os variados padres estilisticos ou o
gosto individual. Deles tambm derivam o importante fenmeno do encantamen
to dos sentidos comumente ignorado pelos acadmicos mas de muita importn
cia
para
o cidado comum. Alis uma cidade bem concebida desse ponto de vista
d ao cidado o sentimento de estar sendo cuidado pela administrao
mas infe
lizmente so dos menos considerados na construo da esfera pblica. o por
acaso templos de qualquer religio possuem formas potencializadas que expres
sam o melhor de suas funes. O mesmo acontecendo
com
praas mercados
escolas ou bordis: so entidades que no podem se confundir.
lores fetivos
ose limitam tanto s preferncias pessoais como resposta cvica dada
pelo grupo ao lugar: pertencemos-nos um ao outro . Por isso esse
valor
depende
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do bom equacionamento dos anteriores. Hoje o sentimento de pertena incorpora
vrios lugares de vida: a residncia principal e a secundria, o lugar de trabalho, a
casa dos parentes; o lugar de frias, os lugares de diverso ... . o universo
cvico expandido. O peso dos valores afetivos varia de
lugar para outro, mas
se liga pela imagem geral da cidade .
bserv es ger is sobre os v lores
Como em pases de cultura urbana desenvolvida as zonas de ambincia cos-
tumam ser observadas, o esforo de conceituao dessa modalidade de patrimnio
acaba sendo uma peculiaridade metodolgica de pases menos dotados.
Neles se
trata sobretudo de atribuir novos sentidos aos fragmentos que sobraram, suge-
rindo o imperativo de praticar mais a prevalncia de projetas novos do que poss-
veis restauraes. Ademais, dada a necessidade de novas adaptaes no futuro, a
reconstruo do presente deve ser dotada de indispensveis caractersticas de fle-
xibilidade.
As virtudes biolgicas tambm so patrimoniais, mas escapam do mbito
desses conjuntos: as qualidades do ar e da gua dependem da totalidade urbana e
no de espaos circunscritos. Os ndices tolerveis de decibis s podem ser par-
cialmente controlados no interior de cada conjunto considerado.
Excees: nem tudo tem v lor p trimoni l
Num primeiro momentos somos instados a pensar que quanto mais superfi-
cies patrimoniais existirem , maior ser o grau de civilizao urbana. No entanto ,
isso nem sempre convm, em razo da necessidade real de dispormos de bens
descartveis, fazendo que em muitos casos a preservao sejustifique apenas num
tempo menor. Assim costumam ser as grandes superfcies destinadas a feiras m-
veis, circos, parques de diverso e outros efmeros. Em algumas circunstncias
somos obrigados a recorrer a acampamentos e alojamentos de diversos tipos, que
uma vez tomados suprfluos podem ser demolidos. Em muitos casos de conjuntos
habitacionais e favelas resulta mais barato reconstruir do que melhorar o existen-
te. Os arranjos desvirtuados do espao pblico que j nascem assim no tm como
serem justificados. Vrios tipos de dependncias industriais: galpes, depsitos,
silos se tomam desnecessrios aps certo tempo. As reas de risco e de inunda-
es , comumente ocupadas por populaes pobres so condenveis desde o in-
cio. Os depsitos de lixo so a prpria negao do patrim nio. A m tecnologia
faz com que muitos terminais de transporte nasam obsoletos. Edificios e espaos
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cujas evolues dependem fortemente da tecnologia hospitais, aeroportos, estra
das, etc.) no conseguem cumprir suas misses sem constantes mudanas e tm de
se adaptar. Estradas que se convertem em avenidas suburbanas so tambm alta
mente condenveis. Enfim, qualquer construo feita para a temporada de uma
nica gerao no chega a se constituir como patrimnio: so bens provisrios.
Sentido elacional de mbiente
o
ambiente sempre foi fonte de estmulo, revelando forte intimidade da
geografia com a psicologia ambientaL Lembremo-nos que no sculo XIX, Carl
Richter entendia que a natureza condicionava o desenvolvimento dos povos. Ratzel
dizia que a natureza exerce influncia sobre a psicologia individual e depois sobre
a coletiva. Em neurobiologia o ambiente fonte de estmulos que, regulados pela
formao reticular do tronco do encfalo, ativa o crtex-cerebral, colocando-o em
estado de excitao interior, cujo espectro vai do sono a uma grande agitao. O
gegrafo brasileiro Milton
Santos
1996), apoiado emAbrahamMoles e Elizabeth
Rohmer, lembra que enquanto a tecnosfera o meio tcnico, cientfico e
informacional que requalifica espaos para atender aos interesses hegemnicos, a
psicosfera o reino das idias, das crenas, das paixes; lugar da produo do
sentido que sustenta a tecnosfera. Atualmente, o elo do homem com o meio renas
ce, mas, sem os preconceitos do determinismo.
Hoje, sobretudo com auxlio de vrias disciplinas, preciso que qualquer
interveno num determinado lugar seja precedida de anlises de suas relaes
bsicas , a serem aprofundadas:
a Relaes arquitetnicas e urbansticas implicando, classicamente, nos
princpios de escala, volumetria, unidade , harmonia, etc. Trata-se do pr
prio objeto da urbanstica, e seus possveis modelos;
b Relaes do grupo social com o conjunto ocupado remetem s atitudes
do grupo com seu meio construdo, comportando vrias atitudes: manu
teno ou abandono; preservao ou vandalismo; poluio visual ou bus
ca do
clean
etc;
c) Relaesde trabalho com a base territorial: reconhecem os ajustes grupais
do ponto de vista comercial, de servios, de complementaridade, de clien
tela, etc;
d Relaes Sociais : reconhecem possveis laos de amizade, parentesco,
associativo , de anonimato e outros dependentes do lugar considerado;
e Relaes de lazer: so as relaes que se estabelecem com equipamentos,
servios, compatibilidade de vizinhana e outros, dependentes do espao
praas, jardins , estabelecimentos afins, etc.).
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j Relaes do conjunto com o resto da cidade representam a natureza e o
grau de intercmbio de rea em questo com a totalidade urbana em que
se integra;
g Relaes de ajuste das prprias relaes: revelam os conflitos de uso
(interesse social capital; habitao lazer; habitao trabalho; tra
balho lazer ; etc);
h
Relaes com as instituies: definem o grau de aceitao das regulaes
da cidade (compromissos com o trnsito, limpeza, moral , etc.) ;
Observaes
Como as relaes se constroem ao longo da histria,
preciso ter bem claro
que no existe patrimnio sem historicizao. Por isso os projetos recentes de
vem no s se calcar em fortes fundamentos sociolgicos, como ainda contar com
um tempo de amadurecimento.
As instituies e os acordos de relao significam que preservao e mudan
a tm de ser constantemente renegociadas: a que se fundamenta o valor social
do planejamento. No entanto, preciso reconhecer que em pases emergentes os
direitos costumam se apresentar fragilizados, necessitando
e
forte apoio social
para enfrentar as relaes de fora.
curioso
not r
como certos empreendimentos luxuosos, contr st ndo
com a
modsti
vizinha de certos
lug res
,
c b m
sendo
ofici lmente
consi
derados
como
o patrirnnio do lugar. Tal o caso, por
exemplo
,
com
certos
condomnios
fechados dotados de virtudes ambientais internas, mas trados
por
seu enclausuramento que o separam do resto da cidade, isto , contrapondo-se ao
ideal de sociedade aberta. A Riviera de So Loureno, no municpio de Bertioga,
st do
de So Paulo,
reconhecid pel
municipalidade
como
seu grande
patrimnio.
Transformao de Relacionamentos sob a lobalizao
Os estudiosos
j
tm bem claro que a globalizao est transformando os
lugares. Teses em vrios pases , entre as quais a de Antnio Firmino (1999) , tm
demonstrado como o antigo conceito de bairro j no se sustenta em muitos luga
res tradicionais.Assim se entende a necessidade de modificar o antigo conceito de
patrimnio ambiental, antes vinculado a populaes fixas com cultura diferencia
da (o bairro dos italianos, judeus, rabes, nordestinos, etc.). Isso pode ser ainda
entendido por outros fatos como segue . :
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o
neoliberalismo tem sido responsabilizado pelo aumento da distncia so
cial, fazendo com que muitos redutos com certa identidade cultural tenham sido
forados a se esvaziar para outros lugares. Nas grandes cidades, algumas das quais
classificadas como mundiais, vem ocorrendo a presena da internacionalidade e
seu rnulticulturalismo. Isso altera, substancialmente, as condies anteriores, de
modo ainda no totalmente aferido e sistematizado pela sociologia. Essa mobili
dade de pessoal ligado a grandes corporaes se faz acompanhar de mobilidade
popular pela procura de empregos, acentuando ainda mais o gigantismo metropo
litano - que j era uma caracterstica do ccpitalismo tardio.
nesse contexto que
ocorre a diluio da idia de bairros em favor dos usos metropolitanos.
No mais, o ltimo quartel do sculo XX conheceu uma multitude de direi
tos que instigamvrios grupos a reafirmarem suas identidades, fato que comumente
acontece com sustentao espacial. or exemplo, a presena y tem marcado o
espao residencial ou de lazer de vrias cidades. Pode-se tambm acrescentar que
a identidade espacial est sendo reconstruda sob a globalizao do gosto e do uso
de padres nem sempre filtrados pelos interesses do lugar. esses casos, a
hegemonia dos padres empresariais tem sido notria.
Nesse tempo, muitas cidades vm conhecendo uma fase dita ps-modema,
com a contradio de algumas, especialmente em pases emergentes, no terem
sequer conhecido a fase modema... O ps-moderno enfatiza revitalizaes que,
via de regra, representam novos usos e foram seus velhos ocupantes a sarem. L
onde a esfera pblica fraca, ocorre forte privatizao do espao pblico. Mxico
e So Paulo se contam entre as maiores expresses da economia de rua, informal
ou no. Sob diversos pontos de vista, a acelerao do progresso tecnolgico tam
bm tem sido responsvel por profundas transformaes espaciais. A simples co
locao de
uma
nova linha de metr transforma os lugares.
Surgem ento novos tipos de ocupao, com marca registrada de serem
dotados de discursos fundadores, que buscam legitimar relaes a serem entretidas
entre os lugares e a modernidade.
Na cidade globalizada, a hegemonia do residente local j discutvel. Como
o sedentarismo quase sempre provisrio migraes nacionais e estrangeiras,
com ou sem pertencimentos de origem.) preciso reforar a conquista do belonging
pela extenso qualitativa da cidadania, inclusive na dimenso espacial.
Viver no patrimnio, especialmente em lugares tursticos, habitar e ser
habitado Lao Tseu dizia: a fachada de uma casa pertence a quem a olha O
olhar estrangeiro pode se tomar determinante porque proporciona releitura pelos
habitantes e o desejo de reapropriao. Nesse sentido, preciso precaver-se de
uma imagem ridicularizada do turista
em
qualquer transeunte: no podemos es
quecer que ele o outro e, desqualific-lo a priori pr-conceituar a alteridade,
conforme bem lembra Maria
Gravari Barbas
2005.
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Na realidade, o leitmotif da patrimonializao dado pelo valor geral do
conjunto construdo. Em sua ausncia se fica reduzido s relaes sociais, regula
das por relaes de fora que, mesmo quando legtimas, tm de ser resolvidas de
um forma ou outra. Mas o fato de as relaes sociais se
pr s nt r m
conflitualmente no deve impedir a busca da preservao de um espao potencial
mente valorizado. Nesse caso so as prprias relaes que tm de ser equacionadas
A, pois, costuma ocorrer o inverso dos pases desenvolvidos, cujas instituies e
normas de urbanizao priorizam os valores sociais, histricos e artsticos, porque
em geral a idia de qualidade de vida apriori assumida pelo prprio conceito de
desenvolvimento.
Patrimonializao Proporciona Vantagens e Embaraos
A dinmica da cidade contempornea acentua ainda mais a necessidade de
renovao. Como a mudana irreversvel, s nos resta discutir o sentido que ela
toma. Dependendo das relaes de fora, como Bolonha na dcada de 1970, se a
patrimonializao for conduzida com esforo de incluso, poder ser uma forma
bem sucedida de resistncia s agresses da dinmica urbana. Nessa hiptese, a
operao , ademais, uma oportunidade privilegiada de ordenao do territrio
contra as foras da especulao e os vetores da cidade difusa. Obviamente ocorre
uma valorizao de imveis que pode ser bem vinda para os mais desprovidos, j
que comumente ocorre melhoria da qualidade de vida distrital, no s na unidade
tratada, como ainda nos contgios de vizinhana.
A parte patrimonialiiada enriquece a experincia urbana (Giandomenico
mendola 2000), porque
um
nova identidade revelada essa condio que tan
to se advoga em nossos dias, isto , a presena do multiculturalismo. A unidade
revitalizada ajuda a criar o sentimento de pertena: o apreo ao lugar por cidados
de dentro e de fora fundamental coeso social e ao civismo. Por isso o
processo de patrimonializao deve ser constantemente alimentado por aportes
atualizados de disciplinas sem as quais no pode ser realizado: histria, sociolo
gia, psicologia ambiental, geografia, arquitetura, tecnologias diversas, etc;
Mas preciso ter cincia de que o conceito em discusso no esttico,
pois acompanha o processo social. Nem todas relaes desejadas se cumprem
simultaneamente Algumas tm que ser trabalhadas: acentuadas, reformuladas,
banidas...
Enquanto em alguns pases existe o perigo de excessiva museificao com
o risco de eliminar o sal da terra em pases emergentes, por conta de deteriora
es diversas, esse patamar ainda est muito longe de ocorrer. Neles, trata-se,
alis, de recuperar o sentido da histria.
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Todavia a patrirnonializao tem seu lado indesejvel. Em pases cujas ins
tituies so de fraco teor de socializao, a existncia do pequeno comerciante,
residente, usurio etc.) permanece vulnervel, em favor das grandes corporaes.
Ela depende de negociaes difceis entre moradores, associaes, promotores,
tecno-estrutura e Estado. Ademais, algumas mudanas de funo podero ser ino
portunas. Cada sociedade, em cada tempo, deve rediscutir as fronteiras de sua
aceitabilidade.
Dentre os principais conflitos, podem ser elencados: a insensibilidade po
pul r a certos valores culturais de seu prprio interesse; a falta de respeito para
om a esfera pblica; o relaxamento oficial e privado por negligncia ou falta de
recursos, alm de graves adulteraes formais.
Viver o patrimnio significa tambm co-habitar, Enquanto para visitantes
pode ser motivo de curiosidade, ilustrao do esprito, prazer, para os residentes
pode ocorrer um relao esvaziada. Parte dessa circunstncia devida ao corpo
oficial de especialistas da produo simblica , que pode manobrar o interesse
coletivo, privilegiando apenas valores das classes dominantes.
A valorizao do patrimnio recai sobre propriedades privadas e pblicas,
mas
omo
as polticas pblicas e culturais possuem alcance limitado, acabam pre
valecendo os interesses econmicos, estticos e culturais da burguesia. Assim, o
ganho social se reduz devido excluso, embora se possa contar
om
incluses
lentas de alto interesse: o proletrio se faz na prxis, conforme Edward Palmer
Thompson 1987) e Jos de Souza Martins 2001).
Finalmente, deve ser levado em conta que o conjunto patrimonial possui
certo grau de autonomia, mas tambm limitaes de qualquer microcosmo isto ,
a coerncia entre um ideal localizado e o sistema dominante. Mas, j que a reor
ganizao de um cidade ou regio metropolitana costuma se apresentar em nome
do interesse econmico e social, nada mais oportuno que negociar os entraves
aqui apontados como legtimos e oportunos para o ndice de desenvolvimento
humano.
s Relaes sob o Prima da Mudana
A Revoluo Francesa de 1789 e a Russa de 1917 so apenas dois exem
plos histricos de como o
patrimnio
muda de mos Andr Chastel 1986), em
especial o que foi da nobreza e do clero.
Sabemos que o patrimnio evolui com o processo social, mas dada a possibi
lidade de existirem populaes despreparadas, conviria a frmula de participao
assistida. Conforme alerta Milton Santos, a ordem global impe racionalidade
nica aos lugares: define as escalas superiores ou externas no cotidiano, baseadas
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na razo tcnica e operacional, no clculo e na linguagem matemtica. A ordem
local defme a escala do cotidiano, referenciada pela vizinhana, intimidade, emo
o, cooperao e socializao. Cada lugar , ao mesmo tempo, objeto de uma
razo global e de uma razo local, convivendo dialeticamente. A participao as
sistida deve se dar com a mediao de assistentes sociais , que por certo tempo
acompanham o grupo de territrio patrimonializado. No caso, cabe
Administra
o descobrir e incorporar lideranas capazes de dar continuidade ao processo.
dequao s ondies de Pases Emergentes
Efetivamente o subdesenvolvimento coloca muitas restries que foram
repensar como viabilizar o presente conceito. Os casos mais cuidadosos com o
patrimnio histrico ou artstico revelam uma alarmante lentido devido ao custo
operacional. Um exemplo chocante dado pelo palacete art nouveau da ps-gra
duao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo,
apesar de ser lugar privilegiado de especialistas da rea. Por enquanto, somente a
restaurao de su p ntur interna (faixas decorativas e alguns painis) vem du
rando quase vinte anos, sem ter chegado metade sequer O que dizer ento do
tempo e recursos necessrios para refazer todas as partes deterioradas de um bair
ro? Esse empenho consciencioso faz com que muitos profissionais da preservao
afirmem que nos pases de recursos limitados no possvel seguir os mesmos
padres de projeto que os ricos.
No entanto ningum definiu o que deva ser um
padro minimamente aceitvel j que a cada nvel de su esenvolvimento cor-
respondem graus constrangedores de concesso
No obstante , nem sempre se pode alegar falta de recursos. Um bom proje
to no precisa ser caro: a singeleza
j
fez sucesso histrico em vrias colnias.
Corrupo, incompetncia e privilgios do oramento para reas no justificveis
mostram o quanto subtrado de um ideal de civilizao urbana (Eduardo Yzigi:
2003). Alm disso, grupos desavisados fabricam identidades falseadas e exage
ram em usos fantasiosos ou bizarros, como aconteceu na cidade de Itu, Estado de
So Paulo: enquanto sucessivas administraes pblicas e o povo alimentavam o
sentido jocoso (na cidade em que tudo maior ), perdeu-se a valorizao de
importantes conjuntos arquitetnicos desse lugar, considerado o Bero da Rep
blica. O sistema de cooperativas de residentes parece ser a uma opo minima
mente aceitvel. A outra consiste de exigncias legais desde a prpria fundao de
uma frente de urbanizao territorial.
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du rdo
Y
zigi
Linhas mestras a serem aplicadas no subdesenvolvimento
Se a prpria Frana que pas rico tem de acentuar o valor pragmtico,
conforme
diz
Franoise hoay 1996 , o que no dizer dos mais carentes?
Um trabalho de revitalizao de conjunto tem de se iniciar pelo reconheci
mento
de valores locais ou regionais sedimentados. Osprojetos
tm
de
ser
inteli
gentes e
flexveis
capazes de acompanhar ascenses sociais e a evoluo
tecnolgica.
omoos sistemas de governo no conseguem dar conta nem de construir
suficientes habitaes
populares
no se pode
esperar que
arquem com a
revitalizao de conjuntos. Ou essa tarefa
liderada pela prpria populao local,
ou
no
se
pode
esperar
muita
melhoria do cotidiano. Da ento a necessidade de
fazer uso de formas associativas para minimizar custos projetas, tecnologias, mate
riais, mo de obra, etc. e fazer uso, preferencialmente, da autoconstruo assistida.
Nota vlida para todos nveis de governo: estimular colocaes de servios
oficiais e semi-oficiais, preferencialmente, em edificios de reconhecido valor. A
adoo do
mesmo
princpio por entidades privadas deve
ser
recompensada. Os
projetas tm de
primar pela
singeleza construtiva, deixando as sofistificaes
por
conta de cada grupo de usurios. No entanto, ao contrrio do que se imagina, a
simplicidade
no
fcil de
ser
alcanada
sem
algum auxlio de profissionais expe
rimentados. Isso posto, so necessrias vrias medidas oficiais, em diversas esfe
ras de poder.
stmulos nacionais
A prtica institucionalizada de polticas nacionais de desenvolvimento tem
sido muito negligenciada, pois os governos atuam muito segundo compromissos
eleitorais e no varejo. Ora, como o conceito de patrimnio ambiental urbano diz
essencialmente respeito esfera pblica e esta costuma ser mal assimilada, tudo
tem
de
comear
com seu cultivo. J disse Jurgen Habermas: somente um
povo
bem familiarizado
com
a democracia consegue respeitar a esfera pblica e seu
espao.
As cooperativas nasceram na
Inglaterra
em 1795, passaram por fases de
abandono, sendo atualmente retomadas, seja como forma associativa entre gover
no e empresrios, seja
como
soluo de interesse popular.
Para
que se possa tirar
partido delas ser necessrio no s fornecer estmulos de facilidades de criao,
como dar
proteo aos pequenos empresrios.
Uma
das formas pblicas de est
mulo consiste em oferecer recompensas vantajosas para iniciativas exemplares de
alta visibilidade. O contgio poder sugerir adeses mesma causa.
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Nos sistemas federativos a poltica nacional de desenvolvimento tem de
ser complementada por polticas estaduais e municipais de desenvolvimento urba-
no em termos regionais e de longa durao. Todavia isso no basta preciso
formar quadros profissionais suficientes de preferncia em cooperao com as
universidades a fim de dar apoio tcnico a municpios e associaes de morado-
res interessados na patrimonializao.
Um fato alarmante no mundo mais agudo em vrios pases de poucos re-
cursosconsiste da mediocrizao dos valoresamplamente difundida pelas mdias.
Mais que nunca ser preciso trabalhar mentalidades naquele sentido anunciado
h quase meio sculo por Fernand Braudel:
como garantir qualidade para uma
sociedade massificada
As mentalidades tm de ser prioritariamente trabalhadas
no conjunto do sistema cultural latu senso e em longo prazo. Preocupado com
esse fenmeno alarmante no caso creio mais nas possibilidades do provrbio lati-
no: res
verbis isto trabalhar com fatos coisas e no palavras. Em duas
palavras trata se de realizar projetos de alta qualidade ainda que modestos.
Em pases carentes nada mais justo do que definir zonas geogrficas e
tipologias a serem priorizadas pela assistncia: quais so as pedras angulares? De
resto quando a iniciativa for da populao o volume de demandas ter de se
contentar com assistncia tcnica gratuita s cooperativas de usurios via
subprefeituras.Por isso indispensvel que a urbanizao conte sempre com po-
lticas de interveno social conceitualmente corretas e atualizadas. A priorios
projetas pilotos devero retro alimentar teorias e a reformulao de programas o
que implica a
continuidade
do corpo tcnico. De qualquer modo dificilmente se
obter sucesso sem o apoio de lideranas civis pela causa da cultura material.
Juridicamente ser preciso adaptar e moralizar as leis de uso e ocupao do
solo e os cdigos de obra fundados em lugares e no em banalizaes esse
hbito subdesenvolvido de um distrito copiar o que outro faz sem a menor preo-
cupao de adaptao.
Todo esse processo de defender o
patrimnio
ambiental atravs das polti-
cas pblicas coloca a questo:
quem deve arbitrar
Por princpio a normatizao por cdigos
uma arbitragem carecendo
apenas de reforo e moralizao. Complementarmente como o mercado tende
homogeneizao a cultura fundamentada no interesse comum poder tonificar as
resistncias com seu universo diversificado e crtico. Igualmente nos estmulos
oficiais preciso buscar dilogo entre tcnicos e as lideranas mais habilitadas.
Em contraposio quando as iniciativas populares tiverem origem em suas pr-
prias associaes que tomaram conscincia bastar observar as normas perti-
nentes. O Estado seria incapaz de atender todas as demandas.
Sistemas de governo empresrios e particulares so todos criadores de
patrim nio. Nada dispensa que cada um deles sujeite seus projetos aprovao
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Eduardo Yzigi
por uma
instituio pblica, especialmente criada
para
tal fim. Se os projetos da
natureza
devem
se sujeitar a relatrios tcnicos de impacto ambiental ,
por
qual
razo o meio urbano no merece igual cuidado? Os eco-histricos deviam acordar
por
essa
causa de amplo interesse social e que
tambm
ambiental.
m on luso
a) Os fundamentos expostos so indispensveis,
porque
a ignorncia do sen
tido relacional reduz o patrimnio a efeitos cosmticos;
b) Trata-se de um princpio urbanstico e sociolgico a ser necessariamente
includo nas polticas pblicas e no planejamento urbano
tout court
c) O conceito
no pode
se limitar a catalogaes definitivas, pois s
tem
sent ido se acompanhar o processo social: o ser e o devir;
d) Complementarmente, as adversidades institucionais reclamam reformas
de vrias naturezas;
e) Resolver a questo social condio
sine qu non
de qualquer projeto de
pas emergente. Em pases
com
alto grau de socializao o ambiente
urbano tende a
ser
virtualmente mais patrimonializado);
f
s
restries do subdesenvolvimento tomam a racionalizao imperativa;
g)
Sem
incorporao de novos fundamentos nas polticas urbanas no ser
possvel trabalhar o presente conceito extensivamente;
h)
imperativo contar
com
nveis progressivos de excelncia: qualidade de
vida e socializao devem
ser
diretamente proporcionais extenso
territorial reconhecida
como
patrimnio ambiental urbano - excepo
feita a certa
margem
de bens temporrios;
i)
indispensvel estimular a formao cultural de quadros oficiais fixos e
da populao, assim
como
lutar
por
representaes polticas com slida
formao nesse campo - alm de se moral izar as leis
j omo o territrio perifrico o mais abandonado,
nada mais
justo e ur
gente do que prioriz-lo. Dada sua pobreza proverbial no se trata sim
plesmente de definir micro-espaos a
serem
privilegiados, mas de traba
lhar
antes pormelhorias pblicas: infra-estruturas, espaos pblicos, ser
vios bsicos, etc.
k) A rigor, a concepo relacional de patrimnio ambiental urbano constitui
uma ampliao do princpio de direito cidade,
uma
das formas de inclu
so
social - desde que
no
se
sejam
omitidas atuaes simultneas no
campo
estrutural: so os dois palas da conscincia planejadora. Os desa
fortunados merecem mais que uma civilizao de rebocos
para
seus qua
dros de vida.
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ASSIM COMO AS RESERVAS DA BIOSFERA SO EXCELNCIAS
P R
VIDA OS TERRITRIOS DO PATRIMNIO AMBIENTAL URBANO SO
RESERVAS DE CIDAD ANIA E CIVILIDADE
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