conceituação, legislação, licenciamento ambiental e desafios

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PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO NO BRASIL: CONCEITUAÇÃO, LEGISLAÇÃO, LICENCIAMENTO AMBIENTAL E DESAFIOS M a ria C la ra Migliacio D ra e m Arqueologia D ire to ra d o C e n tro N a c io n a l d e A rq u e o lo g ia / I p h a n / D epam

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Page 1: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO NO BRAS IL: CONCEITUAÇÃO, LEGIS LAÇÃO, LICENCIAMENTO AMBIENTAL E DES AFIOS

M a r ia C la r a M ig l ia c ioD r a e m A r q u e o lo g ia

D i r e t o r a d o C e n t r o N a c io n a l d e A r q u e o lo g ia / Ip h a n / D e p a m

Page 2: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO,

ARQUEOLOGIA

CONCEITUAÇÃO, BASE LEGAL

Page 3: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS (UNESCO)

CARTA DE ATENAS (1932)

RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI (1956)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE LAUSANNE (1990)

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

DECRETO-LEI Nº 25 (1937)

LEI FEDERAL 3924 (1961)

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (1988)

OBS - Correspondência entre recomendações e legislação brasileira

Page 4: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS (UNESCO)

CARTA DE ATENAS (1931, 1932)

Propõe a salvaguarda do patrimônio histórico das culturas anteriores e a proteção dos testemunhos de

todas as civilizações

Page 5: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS (UNESCO)

RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI (1956)

“Considerando que a história do homem implica o

conhecimento das diferentes civilizações (...) é preciso,

portanto, em nome do interesse comum, que todos os

vestígios arqueológicos sejam estudados e, eventualmente,

preservados e coletados”

Page 6: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS (UNESCO)

CARTA DE VENEZA (1964)Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS)

Carta Internacional sobre conservação e restauração de monumentos e sítios

Art. 9º (sobre a Restauração)

(...) A restauração será sempre precedida e acompanhada de um estudo arqueológico e histórico do monumento.

Artigo 2º A conservação e a restauração dos monumentos constituem uma disciplina que reclama a colaboração de todas as ciências e técnicas que possam contribuir para o estudo e a salvaguarda do

patrimônio monumental”

Page 7: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS (UNESCO)

CARTA DE LAUSANNE (1990)

Art. 1º

“O patrimônio arqueológico compreende a porção do

patrimônio material para a qual os métodos da arqueologia

fornece os conhecimentos primários. Engloba todos os

vestígios da existência humana e todos os lugares

onde há indícios de atividades humanas não importando

quais sejam elas; estruturas e vestígios abandonados de

todo o tipo, na superfície, no subsolo ou sob as águas,

assim como o material a eles associados”

Page 8: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

DECRETO LEI Nº 25 (1937)

Cria o SPHAN, Estabelece o instrumento do tombamento (valor excepcional),

4 livros do tombo.

Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico

Livro do Tombo Histórico

Livro do Tombo das Belas-Artes

Livro do Tombo das Artes Aplicadas

Page 9: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Livros do Tombo

Belas Artes50,07%

Histórico40,90%

Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico

8,74%

Artes Aplicadas 0,29%

Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (119 Patrim ônios tom bados)Histórico (557 Patrim ônios tom bados)Belas Artes (682 Patrim ônios tom bados)Artes Aplicadas (4 Patrim ônios tom bados)

Page 10: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Demonstração Gráfica dos Patrimônios Tombados no L ivro do Tombo Arqueológico, Demonstração Gráfica dos Patrimônios Tombados no L ivro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e PaisagísticoEtnográfico e Paisagístico

54%

21%

12%

13%

Conjunto Arquitetônico/Urbanístico/Paisagístico 57Monumentos Natural/Paisagem 22Arqueológico 12Outros 13

Page 11: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Cidade Histórica de Ouro Preto (1980)Centro Histórico de Olinda (1982)Missões Jesuíticas Guarani, em São Miguel das Missões (1983) (sítio transfonteiriço com a Argentina)Centro Histórico de Salvador (1985)Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1985)Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (1986)Plano Piloto de Brasília (1987)Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (1991)Centro Histórico de São Luís do Maranhão (1997)Centro Histórico de Diamantina (1999)Reservas de Mata Atlântica do Sudeste (1999)Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento (1999)Parque Nacional do Jaú (2000)Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal: Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e RPPNs próximas (2000)Centro Histórico de Goiás (2001)Áreas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas (2001)Ilhas Atlânticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (2001)

Page 12: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA

Page 13: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARAsocialização

Page 14: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA

Page 15: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

R u í n as d e S ão M i g u el d as M i ssõ es

MISSÕES JESUÍTICAS GUARANISão Miguel

Page 16: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Escavações desvendam uso da água em São Miguel das Missões

Page 18: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

A Lista de Patrimônio Mundial

região cultural natural misto total % Nº de países

África 40 33 3 76 9% 27

Países Árabes 60 4 1 65 7% 16

Ásia/Pacífico 125 48 9 182 21% 27

Europa/USA 372 54 9 435 50% 49

América Latina/Caribe

82 35 3 120 14% 25

TOTAL 679 174 25 878 100% 145

Page 19: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Art. 216

“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I.as formas de expressão; II.os modos de criar, fazer e viver; III.as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV.as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; I.os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.”

Page 20: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

“Art. 20

São bens da União:(...)X. As cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos.(...)”

Art. 23

É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:(...)III. Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.

Page 21: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

LEI FEDERAL 3924/61 Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos

Art. 1º

Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público.

Page 22: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

LEI FEDERAL 3924/61 Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos

Art . 2º

“Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos :

a) As jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura dos paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado idêntico a juízo da autoridade competente;

b) Os sítios nos quais se encontram vestígios positivos da ocupação pelos paleoameríndios , tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha;

c) Os sítios identificados como cemitérios, sepulturas, locais de pouso prolongado ou de aldeamento, estações e cerâmicos , nos quais se encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou paleoetnográfico;

d) As inscrições rupestres ou locais com sulcos de polimentos e utensílios e outros vestígios de atividade de paleoameríndios.

Page 23: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

LEI FEDERAL 3924/61 Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos

Art. 3º

São proibidos em todo o território nacional, o aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação, para qualquer fim, das jazidas arqueológicas ou pré-históricas conhecidas como sambaquis, casqueiros, concheiros, birbigueiras ou sernambis, e bem assim dos sítios, inscrições e objetos enumerados nas alíneas b, c e d do artigo anterior, antes de serem devidamente pesquisados.

OBS – proteção relativa; proteção da informação; proteção de caráter distinto da proteção do tombamento; vide licenciamento ambiental

Page 24: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

A ARQUEOLOGIA

... é a ciência que estuda as sociedades em seus diversos

aspectos, com base nos restos materiais por elas deixados,

ou seja: estuda o homem, as ocupações humanas, e os

processos socioculturais, a partir da cultura material e de

vestígios materiais

O caráter documental dos sítios arqueológicos

Page 25: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

O CARÁTER DOCUMENTAL DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

O caráter irreversível das perdas como perdas de documentos únicos

Page 26: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

A ARQUEOLOGIA …

... é a única ciência que desenvolveu métodos de acesso a

toda a trajetória humana no planeta, e que remonta a cerca

de 3,5 milhões de anos

Nas Américas, a trajetória humana abarca cerca de 50 mil anos, acessados pela Arqueologia, enquanto apenas 500 anos são tratados pela disciplina da História, que depende de registros escritos

Page 27: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

ARQUEOLOGIAS...

Como as outras Ciências, a Arqueologia vem ampliando seu campo de ação

Em decorrência, o conceito de Patrimônio Arqueológico vem se ampliando e se aplicando a bens que extrapolam o simples aspecto de “antiguidade”

Da mesma forma com que o “patrimônio histórico edificado” vem deixando de abarcar somente os bens monumentais e oficiais, para se aplicar ao mais singelo, popular, cotidiano: na arquitetura vernacular, por exemplo

Interessa preservar os bens e seus significados, não apenas aqueles associados às elites e ao poder político e religioso, mas também os que se relacionam a todas as classes e setores que formam a sociedade nacional

Mudança de paradigma no que se refere ao Patrimônio Cultural(essa mudança está expressa na própria CRFB 1988)

Page 28: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

ARQUEOLOGIAS..........

Como as outras Ciências, a Arqueologia vem ampliando seu campo de ação

Arqueologia Subaquática

Arqueologia Urbana

Arqueologia Industrial

Arqueologia do Presente

Etnoarqueologia

Etc.

Mudança de paradigma no que se refere ao Patrimônio Cultural

Page 29: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PRÉ-HISTÓRICA

Origens dos povos nativos

Sociedade, História, culturas nativas

Interações pré-capitalistas ou não capitalistas

HISTÓRICA

Sociedade e cultura da colonização européia

Sociedade, História, culturas nativas a partir do contato

Interações mercantilistas e capitalistas

Page 30: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO no Brasil

• Sítios de diversos contextos geográficos, temporais e

culturais, testemunhos da ocupação humana desde o final

do Pleistoceno até os dias atuais, e cujas datações cobrem

um período de até 50 mil anos

Esse patrimônio contribui para o conhecimento de parte significativa da trajetória humana no Brasil e no continente americano

Page 31: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítios de grupos caçadores-coletores paleoíndios

Page 32: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO no Brasil

Sítios de grande antiguidade,

associados a grupos de caçadores-coletores e “paleoíndios”

do final do período Pleistoceno

Esse patrimônio contribui para o conhecimento do início da ocupação humana das Américas

Discussão sobre a entrada do homem no continente americano

Page 33: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítios de arte rupestre (pré-coloniais)

Gravura (acima) e pintura (abaixo)PARNA Serra da Capivara - PI

Gravuras rupestres (abaixo) Pedra Preta de Paranaíta - MT

Page 34: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO no Brasil

• Diferentes ambientes - Amazônia, Planalto Central, Pantanal - formas de adaptação também diversas

• Diferentes culturas – formas de adaptação diversas em cada ambiente específico

• Rede fluvial rica e extensa – favorecendo o contato intercultural e rotas de migração de longo alcance, inclusive entre distintas macro-regiões

Esse patrimônio contribui para o conhecimento e discussão da diversidade cultural ou seja, fornece uma extensa gama de soluções adaptativas em relação ao meio-ambiente e entre sociedades

Page 35: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítios associados à ocupações humanas da pré-história tardia (pré-coloniais)

Page 36: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítios de grupos ceramistas-cultivadores e seus vestígios

Page 37: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Outros artefatos das sociedades da pré-história tardia

machados de pedra polidae processadores de vegetais

Page 38: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítios-cemitérios de grupos ceramistas cultivadores

Page 39: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Socialização – visita exposição Xaray

Page 40: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Socialização – visita exposição Xaray

Page 41: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Socialização – visita exposição Xaray

Page 42: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO no Brasil - sítios do período “histórico”

Sítios e vestígios materiais associados ao processo de colonização européia, na forma de edificações, ruínas, fragmentos e vestígios de todo tipo, que fornecem informações complementares , ou até mesmo contraditórias aos registros escritos

Esse patrimônio contribui para uma compreensão mais ampla do período da colonização européia até os dias atuais, fornecendo novas leituras do processo histórico, com base nos vestígios materiais

OBS - A Nova História e a crítica aos registros escritos

Page 43: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

A ARQUEOLOGIA … estudos de sítios históricos

Page 44: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítios associados à colonização européia

Arraial de São Francisco Xavier, MT – século XVIII

Page 45: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios
Page 46: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

SOCIALIZAÇÃO

Page 47: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Teothiuacan - México

Page 48: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios
Page 49: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Teothiuacan - México

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Page 53: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

A PESQUISA

produz informação e atribui significado

ao Patrimônio Arqueológico

Page 54: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Portaria IPHAN 07/1988

Estabelece os procedimentos necessários para o desenvolvimento de pesquisas arqueológicas

Projeto de pesquisa científica; Equipe habilitada; Prova de disponibilidade de recursos Instituição de guarda Relatórios Parciais e Final

Publicação no Diário Oficial da União após análise e aprovação do IPHAN

Procura garantir o caráter científico das pesquisas

O Iphan acompanha o desenvolvimento das pesquisas por meio dos relatórios e por eventuais vistorias em campo

AUTORIZAÇÃO DAS PESQUISAS PELO IPHAN

Page 55: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

POLÍTICA NACIONAL DE MEIO-AMBIENTE

ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL

E RELATÓRIOS DE IMPACTO AMBIENTAL

Page 56: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Resolução 01/86 CONAMA estabelece as diretrizes gerais para uso e implementação da

Avaliação de Impacto Ambiental nos processos de licenciamento

ambiental

Nos estudos de impacto ambiental o Patrimônio Arqueológico é contemplado como parte do meio sócio-econômico, requerendo

diagnóstico, análise de impactos e medidas mitigadoras

A pesquisa arqueológica, o resgate arqueológico e programas de educação patrimonial têm sido as principais

medidas mitigadoras desenvolvidas

OBS – Resolução CONAMA 001/86, Art 6º, c) “o meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos”.

Page 57: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Fases do Licenciamento ambiental

Portaria IPHAN 230/2002 Estabelece em que consistem os estudos arqueológicos

necessários em cada fase do licenciamento ambiental

LICENÇA PRÉVIA (LP)

LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)

LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)

Page 58: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Nesta fase dever-se-á proceder à contextualização arqueológica e etno-histórica da área de influência do empreendimento, por meio de levantamento exaustivo de dados secundários e levantamento arqueológico de campo;

No caso de projetos afetando áreas arqueologicamente desconhecidas, pouco ou mal conhecidas que não permitam inferências sobre a área de intervenção do empreendimento, deverá ser providenciado levantamento arqueológico de campo pelo menos em sua área de influência direta. Este levantamento deverá contemplar todos os compartimentos ambientais significativos no contexto geral da área a ser implantada e deverá prever levantamento prospectivo de sub-superfície;

O resultado final esperado é um relatório de caracterização e avaliação da situação atual do patrimônio arqueológico da área de estudo, sob a rubrica Diagnóstico;

A avaliação dos impactos do empreendimento do patrimônio arqueológico será realizada com base no diagnóstico elaborado, na análise das cartas ambientais temáticas (geologia, geomorfologia, hidrografia, declividade e vegetação) e nas particularidades técnicas das obras;

A partir do diagnóstico e avaliação de impactos, deverão ser elaborados os Programas de Prospecção e de Resgate compatíveis com o cronograma das obras e com as fases de licenciamento ambiental do empreendimento de forma a garantir a integridade do patrimônio cultural da área.

Page 59: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Nesta fase, dever-se-á implantar o Programa de Prospecção proposto na fase anterior, o qual deverá prever prospecções intensivas (aprimorando a fase anterior de intervenções no subsolo) nos compartimentos ambientais de maior potencial arqueológico da área de influência direta do empreendimento e nos locais que sofrerão impactos indiretos potencialmente lesivos ao patrimônio arqueológico, tais como áreas de reassentamento de população, expansão urbana ou agrícola, serviços e obras de infra-estrutura.

Os objetivos, nesta fase, são estimar a quantidade de sítios arqueológicos existentes nas áreas a serem afetadas direta ou indiretamente pelo empreendimento e a extensão, profundidade, diversidade cultural e grau de preservação nos depósitos arqueológicos para fins de detalhamento do Programa de Resgate Arqueológico proposto pelo EIA, o qual deverá ser implantado na próxima fase;

O resultado final esperado é um Programa de Resgate Arqueológico fundamentado em critérios precisos de significância científica dos sítios arqueológicos ameaçados que justifique a seleção dos sítios a serem objeto de estudo em detalhe, em detrimento de outros, e a metodologia a ser empregada nos estudos.

Page 60: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Nesta fase, que corresponde ao período de implantação do empreendimento, quando acorrem as obras de engenharia, deverá ser executado o Programa de Resgate Arqueológico proposto no EIA e detalhado na fase anterior.

É nesta fase que deverão ser realizados os trabalhos de salvamento arqueológico nos sítios selecionados na fase anterior, por meio de escavações exaustivas, registro detalhado de cada sítio e de seu entorno e coleta de exemplares estatisticamente significativos da cultura material contida em cada sítio arqueológico.

O resultado esperado é um relatório detalhado que especifique as atividades desenvolvidas em campo e em laboratório e apresente os resultados científicos dos esforços despendidos em termos de produção de conhecimento sobre arqueologia da área de estudo. Assim, a perda física dos sítios arqueológicos poderá ser efetivamente compensada pela incorporação dos conhecimentos produzidos à Memória Nacional.

Page 61: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Política ambiental

Aumento das pesquisas

Licenciamento ambiental

Pesquisas de arqueologia acadêmica

Pesquisas de arqueologia preventiva

em 19 anos aumentaram de 05 para 900 pesquisas ao ano

Page 62: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

ACADÊMICAPREVENTIVA

* Até 01/11/07

Pesquisas Autorizadas/Permitidas (2001 - 2007*)

232

133

267

326

422 424 426

Page 63: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Quadro 2 Tipos de Pesquisa por Ano

Anos Tipo Total 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 NA 2166 155 187 231 315 294 400 584 Licenciamento % 87,1 73,1 83,5 85,2 90 87,2 90,5 89,8 NA 147 25 19 24 20 22 15 22 Acadêmica % 5,9 11,8 8,5 8,9 5,7 6,5 3,4 3,4 NA 97 20 10 10 7 11 15 24 Histórica -

Revitalização % 3,9 9,4 4,5 3,7 2 3,3 3,4 3,7 NA 41 8 2 3 2 6 6 14 Planejamento % 1,6 3,8 0,9 1,1 0,6 1,8 1,4 2,2 NA 25 1 4 2 4 4 5 5 Histórica - Acadêmica % 1 0,5 1,8 0,7 1,1 1,2 1,1 0,8 NA 5 2 1 1 1 Histórica -

Licenciamento % 0,2 0,9 0,4 0,2 0,2 NA 2 1 1 Não se Aplica % 0,1 0,5 0,4 NA 3 1 2 Sem informação % 0,1 0,4 0,6

Total NA 2486 212 224 271 350 337 442 650

Page 64: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Empreendimentos e impactos sobre o patrimônio arqueológico

Page 65: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Empreendimentos e impactos sobre o patrimônio arqueológico

Page 66: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Empreendimentos e impactos sobre o patrimônio arqueológico

Page 67: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Empreendimentos e impactos sobre o patrimônio arqueológico

Page 68: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Empreendimentos e impactos sobre o patrimônio arqueológico

Page 69: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

A Arqueologia Preventiva e a produção científica

Limites

Cronograma das obras

Impossibilidade de novas pesquisas

nos mesmos sítios

Caráter irreversível das perdas

Caráter amostral do resgate

Potencialidades Recursos para desenvolvimento de pesquisas

Acesso ao patrimônio de regiões diversas

Aumento do conhecimento arqueológico

Page 70: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Empreendimentos e projetos que ainda não estão atendendo a legislação do patrimônio arqueológico

diversos empreendimentos ainda

não foram alcançados pelas

exigências legais em relação ao

patrimônio arqueológico

ou porque não caem em exigência de EIA-RIMA

ou porque são realizados de forma irregular e/ou clandestina

Principalmente nas frentes de expansão

Page 71: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

Page 72: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

sítio arqueológico

Page 73: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Sítio arqueológico Carne Seca Cáceres, MT

Page 74: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

Page 75: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

Page 76: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

Page 77: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

Page 78: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

EXPANSÃO URBANA – O CASO CÁCERES

SÍTIO ARQUEOLÓGICO CARNE SECABAIRRO JARDIM PARAÍSO

Page 79: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

Mas, principalmente a criação de uma agenda positiva:

programas permanentes de educação patrimonial valorização sociocultural

programas e de aproveitamento social e econômico dos bens arqueológicos

para os casos de áreas e regiões onde as atividades ocorrem de forma irregular e/ou clandestina

maior presença do estado

Intensificação da fiscalização

maior rigor na cobrança da lei

não há uma solução mágica, mas uma série de

medidas podem vir a melhorar a situação

Page 80: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

• Licenciamento: revisão, aprimoramento, atualização dos instrumentos

• guarda de acervos• regulamentação da profissão de arqueólogo• elaboração de Termos de Referência para cada tipo de empreendimento• revisão do fluxo de tramitação• sistema informatizado de gestão

Patrimônio Arqueológico do período histórico

Patrimônio Arqueológico Subaquático

Page 81: Conceituação, Legislação, Licenciamento Ambiental e Desafios

LICENCIAMENTO:

•Fortalecimento institucional, ampliação da estrutura para a gestão

•Revisão, complementação, atualização dos instrumentos de gestão

México: a Arqueologia é atividade de Estado : não há Arqueologia por contrato. Estado: 800 arqueólogos.

França: a Arqueologia Preventiva compartilhada: o Estado faz a fase de Diagnóstico e estabelece o que será necessário realizar no

aprofundamento das pesquisas. Estado: 600 arqueólogos no Ministério da Cultura Francês mais de um milhar na agências regionais e municipais.

Brasil: o Estado em geral não realiza as pesquisas, apenas estabelece parâmetros, autoriza, acompanha e fiscaliza – menos de 35 gestores.Obs – O Ibama tem 600 técnicos para acompanhar os mesmos empreendimentos, em processo de contratação de mais 600.

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Patrimônio Arqueológico dito “Histórico”

UMA SITUAÇÃO EM DISCUSSÃO NO IPHAN

Rejeição à definição de patrimônio arqueológico da Carta de Lausanne (art. 1º)

Porque no Brasil as culturas indígenas ditas “pré-históricas” não deixaram edificações (arquitetura de pau-e-palha), a despeito da sua grande adaptabilidade e, em muitos casos da sua monumentalidade

Resistência em relação à exigência do desenvolvimento de pesquisas arqueológicas no âmbito das obras em bens culturais arquitetônicos e conjuntos urbanos

Criação de Grupo de trabalho, e contratação de consultores para o PACH (127 cidades)

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PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS (UNESCO)

CARTA DE LAUSANNE (1990)

“O patrimônio arqueológico compreende a porção do patrimônio

material para a qual os métodos da arqueologia fornece os

conhecimentos primários. Engloba todos os vestígios da

existência humana e todos os lugares onde há indícios de

atividades humanas não importando quais sejam elas; estruturas

e vestígios abandonados de todo o tipo, na superfície, no subsolo

ou sob as águas, assim como o material a eles associados”

(Art. 1º)

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Lei n° 7.542 de 1986 Dispõe sobre pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas ou bens afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional ou terreno da marinha e seus acrescidos e em terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar.

A Lei dá atribuição à Marinha do Brasil para autorizar pesquisas e exploração dos bens submersos, afundados e encalhados.

Há um novo Projeto de Lei (45/2008), já aprovado na Câmara dos Deputados e que se encontra em discussão no Senado. Um dos fundamentos do Projeto de Lei é proteger o patrimônio cultural subaquático de ações de exploração comercial e garantir que as intervenções nesses bens sejam feitas apenas com fins científicos.

Enquanto isso...está sendo elaborado um Termo de Colaboração entre Iphan e Marinha

A SITUAÇÃO DO PATRIMÔNIO SUBAQUÁTICO

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Teothiuacan - México

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Teothiuacan - México

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ARQUITETURA INDÍGENA NO BRAS IL: ARQUITETURA DA PALHA

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ARQUITETURA INDÍGENA NO BRAS IL: ARQUITETURA DA PALHA

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ARQUITETURA XINGUANA – PALÁCIOS DE PALHA

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ARQUITETURA YANOMAMI

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ARQUITETURA WAIMIRI ATROARI

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Geoglifos do Acre (AC, AM, RO)

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Geoglifos do Acre (AC, AM, RO)

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Geoglifos do Acre (AC, AM, RO)

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Geoglifos do Acre (AC, AM, RO)

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“Toda a arqueologia de materiais é uma arqueologia humana.

O que este barro esconde e mostra é o trânsito do ser no tempo e a sua passagem pelos espaços, os sinais dos dedos, as raspaduras das unhas, as cinzas e os tições das fogueiras apagadas, os ossos próprios e alheios, os caminhos que eternamente se bifurcam e se vão distanciando e se perdendo uns dos outros.

Este grão que aflora à superfície é uma memória, esta depressão a marca que ficou de um corpo deitado.

O cérebro perguntou e pediu, a mão respondeu e fez.”

(José Saramago em A Caverna)

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FIM

Maria Clara Migliacio - Professora, doutora em Arqueologia, Arquiteta

Diretora do Centro Nacional de Arqueologia / Depam