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METODOLOGIA DE SURVEY Conceituação e Desenho de Instrumentos Profa. Flavia Xavier

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METODOLOGIA DE SURVEY

Conceituação e Desenho de Instrumentos

Profa. Flavia Xavier

LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO

Os conceitos tem uma “riqueza de significado”, pois combinam uma variedade de elementos resumindo um fenômeno complexo.

Quando fazemos várias perguntas e combinamos as respostas, por exemplo, num índice que chama classe social, criamos uma medida.

Medidas criadas tem utilidade para entender os dados e desenvolver uma teoria sobre classes.

Realmente não medimos classe social, porque o conceito só existe em nossas mentes.

LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO

EFEITO DAS PERGUNTAS TENDENCIOSAS:

Nos primeiros dias da II Guerra Mundial, Hadley Cantril realizou dois surveys nacionais na EUA.

No primeiro perguntou: “Você acha que os Estados Unidos conseguirão ficar for a da guerra?” (55% das pessoas disseram que sim)

No segundo perguntou: “Você acha que os Estados Unidos entrarão na guerra antes que ela termine?” (59% disseram que sim)

LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO

Qual pergunta forneceu a resposta correta sobre as expectativas americanas quanto a entrar na guerra?

Podemos apenas concluir que, em 1939, não havia algo como a “atitude americana sobre a probabilidade de entrarmos na guerra”.

Nunca conseguimos fazer medidas precisas mas medidas úteis.

UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO

Os conceitos podem ser operacionalizados como variáveis que reunem um conjunto de atributos.

Por exemplo, a variável “filiação religiosa” pode assumir os seguintes atributos (ou categorias): protestante, católico, espírita, agnóstico, etc.

A operacionalização é o processo pelo qual os pesquisadores especificam observações empíricas que podem ser tomadas como indicadores de atributos contidos em alguns conceitos.

UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO

EXEMPLO DE OPERACIONALIZAÇÃO

Queremos estudar religiosidade, porque algumas pessoas são mais religiosas do que outras.

Para operacionalizar este conceito, deveremos enumerar todas as subdimensões da variável.

Para tal, observar as pesquisas prévias sobre o tema, bem como as concepções do senso comum sobre religiosidade.

UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO

Quem já estudou o tema?

As subdimensões, segundo Charles Y. Glock, podem ser expressas pela natureza do envolvimento (ritual, ideológico, intelectual, experimental e consequencial).

A primeira tarefa da operacionalização é compilar uma lista, tão exaustiva quanto possível, de todos os diferentes indicadores que poderiam ser incluídos no conceito geral de religiosidade.

UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO

O oposto da variável que se quer medir também deve ser considerado. No caso, anti-religiosidade.

Pode ser obtendo uma escala de religiosidade (nada religioso a muito religioso).

Pode-se perguntar o nível de concordância das pessoas sobre determinadas afirmações.

Um problema a ser previsto é que estas informções pode revelar somente o oposto do conceito, por exemplo:

“A religião organizada causa mais mal do que bem.”

TIPOS DE DADOS E NÍVEIS DE MENSURAÇÃO

DADOS

Qualitativos

Quantitativos

Nominais

Ordinais

Discretos

Contínuos

Intervalar

Razão

Discretos

Contínuos

Categ

órico

s

Numéricos

IMPLICAÇÕES DOS NÍVEIS DE MEDIÇÃO

Ao desenhar um questionário considere os tipos de análises que fará após a coleta de dados.

QUESTÕES E DECLARAÇÕES

Pode ser de interesse determinar o quanto as pessoas apóiam determinada atitude.

Para tal, pode-se buscar resumir essa atitude em uma declaração curta, apresentá-las aos respondentes e perguntar se eles concordam ou não.

Rensis Likert, em 1932, formalizou este procedimento na chamada escala Likert.

ESCALA LIKERT

É uma escala gradacional e pode ser baseada em diversos critérios, tais como níveis de satisfação, interesse, concordância e apoio, etc. Há outras escalas além dessa proposta por Likert, p.e. Guttman, Thurstone.

“Votar é uma obrigação de todo cidadão responsável.”

1. Discordo totalmente

2. Discordo em parte

3. Não discordo nem concordo

4. Concordo em parte

5. Concordo totalmente

PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS

Há duas opções para construirmos as perguntas de um survey: fechadas ou abertas.

Nas perguntas fechadas o respondente escolhe uma opção numa lista apresentada a ele.

Vanteagens das perguntas fechadas:

maior uniformidade de respostas;

maior facilidade de processamento dos dados.

Desvantagem

Perigo de estruturar as respostas inadequadamente.

PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS

Algumas diretrizes para a construção das opções de respostas:

Categorias exaustivas: elencar todas as opções de respostas possíveis e incluir a opção “outros”;

Categorias mutuamente excludentes: não forçar o respondente a escolher mais de uma opção, exceto quando se trata de respostas múltiplas, mas estas criam bastante dificuldade no processamento;

PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS

As perguntas abertas podem ser realizadas perguntando-a diretamente ao entrevistado e anotando sua resposta ou solicitando que ele mesmo anote sua resposta.

Vantagens da questão aberta:

O entrevistado possui mais liberdade de resposta;

Auxilia o pesquisador a obter mais informações.

Desvantagens da questão aberta:

Dificuldade de classificação e codificação;

Corre-se o risco de anotações mal feitas;

Demanda muito tempo para a aplicação.

TORNANDO ITENS CLAROS

Quando envolvido com o tema, as perspectivas estão claras para o pesquisador, mas não ficam para os respondentes.

Quando há compreensão superficial do tema, o pesquisador pode deixar de especificar o suficiente a intenção da pergunta.

Exemplo: “O que você pensa sobre o sistema proposto de mísseis antibalísticos?”

A pergunta anterior provoca uma dúvida no respondente: “Qual sistema?”

EVITANDO QUESTÕES DUPLAS

Evitar coletar uma resposta única para uma questão que é uma combinação de perguntas.

Exemplo: Você concorda ou discorda que “Os Estados Unidos devem abondonar seu programa espacial e gastar dinheiro com programas domésticos.”

Como regra geral, sempre que aparecer o conectivo “e” certifique-se de que a questão não é dupla.

GARANTINDO A CAPACIDADE DO ENTREVISTADO RESPONDER

Os respondentes serão capazes de responder à pergunta de maneira confiável?

Memória, precisão, etc…

FAZENDO PERGUNTAS RELEVANTES

Quando se pede atitudes sobre um tema sobre o qual poucos pensam ou se importam, os resultados tem pouca possibilidade de serem úteis.

O grau em que os respondentes inventam respostas é até certo ponto controlável pelo pesquisador.

USANDO ITENS CURTOS

O respondente deve poder ler um item rapidamente, entender sua intenção e escolher ou dar uma resposta sem dificuldade.

Se o questionário é auto-aplicado supõe-se que os respondentes lerão rapidamente as questões e dar respostas rápidas.

Se o questionário é lido pelo entrevistador, os itens também devem estar claros e curtos o suficiente para que o respondente mantenha sua atenção à pergunta.

EVITANDO ITENS NEGATIVOS

Uma questão que inclui uma negação comumente pode ser mau interpretada.

Exemplo: “Os Estados Unidos não devem reduzir seus arsenais de armas nucleares.”

A maioria das pessoas responderão “não”, mesmo quando favoráveis à redução de armas nucleares.

EVITANDO ITENS E TERMOS TENDENCIOSOS

A maneira como os dados são procurados determina a natureza dos dados recebidos.

Atenção ao efeito das perguntas sobre os resultados que obterá!

Exemplo de viés negativo: “Você concorda ou discorda da posição de Adolf Hitler quando declarou que…”

Exemplo de viés positivo: “Você concorda ou discorda da posição de Madre Teresa de Calcutá quando declarou que…”

QUALIDADE DAS MEDIÇÕES

A operacionalização dos conceitos deve ser guiada parcialmente pela compreensão do grau de precisão requerido.

Exemplo: idades em anos ou faixas de idade.

CONFIABILIDADE

Confiabilidade é o problema de uma determinada técnica, ao ser aplicada repetidamente a um mesmo objeto, produzir, a cada vez, os mesmos resultados.

Como se criam medições confiáveis?

Faça apenas perguntas cujas respostas as pessoas provavelmente sabem, pergunte coisas relevantes e seja claro no que está perguntando.

VALIDADE Validade se refere ao grau com que uma medida

empírica reflete adequadamente o “significado real” do conceito considerado.

Validade aparente: certas medidas empíricas podem ou não coincidir com nossas convenções e imagens mentais associadas a um conceito.

Validade preditiva ou relacionada a critério: baseia-se em algum critério externo.

Validade de conteúdo: refere-se ao grau que uma medida cobre a amplitude de significados incluídos no conceito.

Validade de construção: baseia-se no modo como uma medida se relaciona a outras variáveis num sistema de relações teórica.

TENSÃO ENTRE VALIDADE E CONFIABILIDADE

A especificação de definições operacionais e medições confiáveis parecem, frequentemente, roubar a riqueza de significado do conceito.

Se não houver um consenso sobre como medir um conceito, meça-o de várias formas.

Se o conceito tiver várias dimensões, meça-as.

O conceito não tem qualquer significado além daquele que você lhe atribui e a única justificativa para dar um significado particular a um conceito é a utilidade.

A meta é medir conceitos de forma a nos ajudar a entender o mundo que nos cerca.

FORMATO GERAL DO QUESTIONÁRIO

O questionário deve estar bem distribuído e não amontoado.

Questionários espremidos são desastrosos, seja em surveys por correio ou por entrevista.

FORMATOS PARA RESPOSTAS

QUESTÕES CONTINGENTES

QUESTÕES CONTINGENTES

QUESTÕES CONTINGENTES

QUESTÕES MATRICIAIS

ORDENANDO AS QUESTÕES

A ordem das perguntas afeta a resposta. Uma avaliação geral sobre um tema pode refletir na avaliação de subtemas e vice-versa.

A solução mais segura é ter sensibilidade para o problema.

Se a ordem das perguntas parece ser uma questão especialmente importante num estudo, pode-se fazer mais de uma versão do questionário, com diferentes ordenamentos de perguntas, criando condições para determinar o efeito dele. No mínimo, pré-testar o questionário usando as diferentes formas.

Perguntas iniciais não devem ser ameaçadoras. Em geral, nos questionários auto-aplicado pede-se dados demográficos (sexo, idade, etc.) no final e nos questionários por entrevista no início.

INSTRUÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS

O questionário deve conter instruções para preenchimento das questões seja ele auto-aplicado ou por entrevistas.

Algumas perguntas requerem instruções específicas.

Instruções suplementares ao entrevistador sempre são necessárias.

INTRODUÇÃO

Se o questionário está ordenado em subseções por conteúdo – p.e. atitudes políticas, religiosas, dados básicos – é útil introduzir cada seção com uma declaração curta sobre o seu conteúdo e finalidade.

Exemplo: “Nesta seção, gostaríamos de saber quais problemas comunitários as pessoas por aqui consideram os mais importantes.”

REPRODUÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Fazer cópias suficientes para a coleta de dados.

Considere o tamanho da amostra, o número de cartas de acompanhamento, manual do entrevistador e nas cópias adicionais.