volume 6 e a transparÊncia nas polÍticas pÚblicas · mas eu tenho inteligência como substanti...

28

Upload: dinhanh

Post on 20-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

VOLUME 65ª RODADA

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE:FERRAMENTAS INTELIGENTES PARA O APERFEIÇOAMENTO

E A TRANSPARÊNCIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

4

CIDADE INTELIGENTE - VISÃO DE BH

Ementa: Conceitos de inteligência, conecti vidade, mobilidade, ambientação e segurança que traçam o caminho do avanço de Belo Horizonte na sua consolidação como ‘Cidade Inteligente’ – BH 2030. A inovação e a gestão em rede como pilares das pro-postas planifi cadas e a conciliação dos benefí cios econômicos e sociais, do uso racional dos recursos disponíveis, da sustentabi-lidade do meio ambiente, da qualidade na oferta e qualidade dos serviços públicos, da integração e relações interfederati va e metropolitana, da maior parti cipação dos cidadãos na vida da cidade e a transparência na gestão pública.

Sidnei Bispo – Secretário Municipal Adjunto de Planejamento e Gestão – Prefeitura de Belo Horizonte

Sugeri que fi zéssemos esta apresentação como Secretaria de Planejamento e Gestão porque vamos provocar um pouquinho o ideário de todos que estão aqui presentes. Nós estamos falando da inovação a serviço da cidade e de que ferra-mentas se dispõem para esse trabalho. Então, eu vou falar sobre Cidade Inteligen-te, visando Belo Horizonte.

Qual é o conceito de Cidade inteligente? Nós temos algum conceito fecha-do? Alguma situação formalmente insti tuída, estabelecida? Nós acabamos a re-visão do Planejamento Estratégico da cidade e ontem foi feito o lançamento do BH 2.030, sobre o qual vou comentar aqui, em que está sendo colocada, em uma das temáti cas, a Cidade Inteligente. Qual seria o conceito? Vamos dar algumas ideias: tecnologia, sustentabilidade, inovação, criati vidade, gestão; ser uma cida-de saudável, resiliente; informação, inteligência, economia, efi ciência, interati vi-dade, conecti vidade, efi cácia, mobilidade, acessibilidade. São ideias? São ações? São requisitos?

Sensores é um elemento fundamental para qualquer sistema, como por exemplo, na questão do Waste Management, ou seja, do planejamento de re-síduos. Nós temos aqui, a parti r das imagens (mostrando slide): vigilância, auto-mação, sistema de alarmes ou os analíti cos. Questões fundamentais em qualquer processo. O smart grid, que tem se vendido principalmente à indústria, à indústria eletrônica, à indústria de energia tem sido colocado como sendo a solução da Cidade Inteligente. O que signifi ca isso? É trabalhar com alguns sensores, traduzir informações, criar inteligência, ter sistemas de comunicação sem fi o ou com fi o, independe, e se usar um processo de automação para benefí cio do cidadão.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

5

Então, para criar a Cidade Inteligente, nós vamos lá, comprar uma caixinha e montar, certo? Como se fosse um Lego? Essa visão é a que, infelizmente, a indús-tria adotou, erradamente, no meu ponto de vista. Por quê? Porque ela se esque-ceu de quem está por trás, que é o cidadão. Certo? Essa é a única resposta? Não. Então, vamos para a próxima resposta. Vamos pegar um conceito, uma analogia de ideias, de conceitos. O que é ser inteligente? Ser inteligente é: “quem ou o que revela inteligência”. Até aí, fi camos na mesma. Mas, “é aquele que compreende e que conhece”, ou seja, inteligente é um adjeti vo e substanti vo de dois gêneros, mas eu tenho inteligência como substanti vo feminino, que é a “faculdade de co-nhecer, compreender e aprender”. Principalmente, nesse senti do, é a “capacidade de compreender e resolver problemas e confl itos e adaptar-se a novas situações”. Considero essa questão como ponto relevante daqui. E em seguida, fala-se so-bre “juízo”. Eu crio juízo das coisas, signifi ca que eu crio conceitos. Dentro desse senti do de criar conceitos, ou seja, eu tenho uma inteligência que se desenvol-ve e que nos traz entendimentos, conhecimento. Podemos dizer que a Cidade Inteligente seria a cidade que revela inteligência. É a forma como a cidade se posiciona, como ela se apresenta. Mas, a cidade é um ser vivo e esse é o ponto principal. No momento em que eu considero que a cidade é um ser vivo, ela tem um sistema trabalhando embaixo dela, ou por ela, ou com ela e o que isso sig-nifi ca? Signifi ca que nós temos um sistema de redes neurais. A cidade pode ser entendida como um sistema de redes neurais. Então, vamos ajudar vocês mais um pouco na interpretação.

Se eu trabalhar o conceito de neurônios. O que são os neurônios? Eu teria aqui. Os neurônios são as células que formam o nosso cérebro e são compostas, basicamente, por três partes. A primeira parte: os dendritos, que captam informa-ções do ambiente ou de outras células. O corpo celular ou soma, responsável pelo processamento das informações. Um k, outro processo e o axônio. Axônio, para distribuir a informação processada para outros neurônios ou células do corpo. Só que uma célula difi cilmente trabalha sozinha. Quanto mais células trabalharem em conjunto, mais elas podem processar e mais efi caz torna-se o trabalho. Logo, para o melhor rendimento do sistema são necessários muitos neurônios. Então, nosso sistema, que seria um sistema vivo, tem: um primeiro momento, que é o sensor, que capta informações; um segundo momento, que é um processador, que faz a tradução, manipulação, tratamento das informações; e o gerenciador, que vai colocar a informação certa, no lugar certo, na forma correta e no tempo certo. Isso é o que vai me gerar resultados. Sem isso, eu não tenho, absolutamen-te, um sistema funcionando.

Para ajudar mais um pouco, vamos pensar agora nos estágios de evolução do aprendizado, que é um ponto importante de qualquer processo. Processo inteli-gente é aprendizado. Tem que traduzir ações, situações, que geram aprendizado. O que é aprender? Aprender é, diante de uma experiência, uma vivência, uma ha-

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

6

bilidade, desenvolver uma nova situação, um novo conhecimento. Então, dentro disso, há dados. Os dados são fatos brutos; é aquilo com que eu me relaciono e aquilo que eu capto. Informação. A informação é a organização de um conjunto de dados e esses dados, se forem de certa forma, tratados baseados em experiência, habilidades e competências, eu crio conhecimento; e, do conhecimento, eu crio a inteligência.

Em cima disso, então, com a inteligência, que são as transformações do co-nhecimento, o que eu teria? Primeiro, um tratamento organizacional do conheci-mento. Conhecimento solto e disperso não signifi ca nada. Segundo, a integração do conhecimento no ambiente em que se está e com relação a outros elementos. Correto? Onde ele está inserido? E, por fi m, a distribuição. Dentro desse conceito da distribuição, onde eu coloco conhecimento? Para quem eu coloco, de forma que eu tenha o retorno, a realimentação? O refi namento e a atualização do co-nhecimento geram esse retorno. Como é que eu consigo isso? Isso é o aprendi-zado e o aprendizado, por exemplo, se eu traduzisse isso (referindo-se à imagem do slide), estaria criando um sistema de apoio à tomada de decisão. Dentro desse conceito, aqui eu tenho um conceito simples, de quê? De indicadores. Para quê? Para entender minha performance, se o conhecimento está atendendo a meus objeti vos, se eu estou chegando onde eu deveria ou não. Então, as organizações inteligentes serão aquelas preocupadas com processos integrados, desde a gera-ção da informação, o processamento (a parti r do refi namento e da críti ca desses dados, dessas informações), a interpretação dessa informação (limitações e es-copo) e sua taxa de erro, a parti r de tolerâncias, e o papel dessa informação nos eventos, onde a prioridade é a tomada de decisão.

Então, desta forma, eu construí um sistema neural. Se eu aplicar esse conceito do sistema neural para a cidade, o que vai acontecer? Eu tenho um sistema inter--relacionado, integrado, organizado, em cima de quais bases? Um dos pontos que nós destacamos da regra são os sensores. Que são os sensores? São elementos de captação de dados, de informações. Então, eles se transformam nos inputs, nas entradas do sistema. E se eu colocar elementos de mobilidade, informações de urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia, inovação, saúde, segurança, educação e empreendimento, tenho um sistema neural de dados e informações colocados dentro da cidade. E isso vai me dar o quê? Os outputs, as saídas. O que eu consigo? Qualidade de vida, meu objeti vo alcançado, desenvolvimento econô-mico e governança. Lógico, nós não estamos aqui desenhando todos os sistemas, em que eu deveria ter sistemas e monitoramento também, com relação à perfor-mance de nossas metas e nossos objeti vos ali traçados mas, o importante é enten-der que esse é conceito que nós aplicamos para desenvolver o plano estratégico da cidade de Belo Horizonte, nessa terceira revisão, de 2.030.

Dentro disso, então, se eu colocar o elemento humano nesse processo, que é o que estava faltando, senão eu teria um sistema máquina. A inteligência huma-

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

7

na, em seus mais nobres papeis de deliberar, a parti r de informações disponíveis e organizadas, propicia o pensamento, a formação de opinião e a moti vação para a tomada de decisões. Foram, são e serão inteligentes as cidades ou os governos que usarem sensores neurais para captar a percepção do cidadão e do ambiente, especialmente quanto aos serviços públicos prestados, valendo-se de tecnologias, ferramentas, sistemas disponíveis no momento, as que estão disponíveis hoje, de forma mais efi ciente e resoluti va, elementos estes, de apoio à tomada de decisão.

Então, a diferença entre os conceitos anteriores, vamos colocar assim, um paralelo entre os dois, é que se entendia como Cidade Inteligente aquela que tem TIC - Tecnologia em Informações e Comunicações. Então, a cidade que não tem TIC, não é inteligente? Bobagem! Cidades anti gas, anos atrás, já eram inte-ligentes. Por quê? Porque elas ti nham sensores adequados, percepti vos neces-sários o sufi ciente para aproximar o cidadão do governo, da sua gestão, da sua administração pública, de forma que ela desse o retorno para que as políti cas públicas se adequassem a essas demandas, a essas necessidades. Os elementos de tecnologia nos servem como ponto de apoio, como pontos de solução para determinadas circunstâncias.

Eu tenho um sensoriamento, por exemplo, prediti vo, de que vai chover em determinadas áreas, especialmente. No senti do de se fazer uma adequação, uma acomodação, isso é um elemento de inteligência. Mas a inteligência não está no elemento sensor, está no tratamento da informação e o que se vai fazer ou desen-volver para evitar riscos, como por exemplo, uma inundação ou qualquer outra situação críti ca. E quais são as ações que eu tomaria? Hoje, o exemplo, que temos aqui, na cidade de Belo Horizonte, palpável, visível e, de certa forma, tático é o COP – Centro de Operações da Prefeitura, porque lá nós reunimos informa-ções, dados dispersos de diferentes áreas da Prefeitura, parti ndo de mobilidade e chegando a empreendedorismo. Nós temos informações diversas, que por si só podem ser parti cularmente interessantes naquela área, naquela temáti ca. Mas, quando se entra numa situação, por exemplo, de crise, de combate, de desenvol-vimento de uma solução ati va, colegiada e integrada entre diversas Secretarias, como por exemplo, uma inundação, após a chuva em que houve um desmorona-mento, quem vai aonde e com quê? Que inteligência é essa, que faz o controle, o comando das ações? Belo Horizonte já dispõe disso, também.

Como eu disse isso é o que pautou e norteou a concepção da nossa Revisão do Planejamento Estratégico 2.030. Ele foi lançado ontem, pelo Prefeito Márcio Lacerda, e nós vamos ter um seguimento de nove reuniões com diferentes áreas da sociedade. Inclusive hoje, vamos fazer a segunda reunião, com todos os ser-vidores da Prefeitura, à tarde. Ali nós traçamos uma visão de futuro para Belo Horizonte e essa visão de futuro é de onde estamos e aonde queremos chegar: Cidade de oportunidades, sustentável e com qualidade de vida – esse é o nosso mote. Tem quatro pilares de sustentação, que seriam: a cidade próspera, atrati -

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

8

va e inovadora; a cidade sem miséria e inclusiva; cidade bem desenhada e com mobilidade e sustentável; cidade saudável, escolarizada e segura. Como vamos fazer isso? Através da defi nição clara e objeti va de desafi os. Identi fi car quais são os nossos desafi os a serem superados, no senti do de que, a parti r daí, defi niremos estratégias e planos de ação, metas, indicadores, para fazer o monitoramento.

Dentro desse conceito, o Primeiro desafi o é Belo Horizonte como município de muito alto desenvolvimento humano. Segundo: economia municipal em con-tí nuo crescimento econômico sustentável. Terceiro: cidade sem miséria, inclusiva e com moradia digna para todos. Quarto: cidade compacta, integrada, inclusiva, conectada e com mobilidade sustentável. Quinto: cidade resiliente e ambiental-mente sustentável. Sexto: cidade onde se vive mais, com saúde, segurança e edu-cação de qualidade. E, por fi m, o Séti mo: Belo Horizonte com gestão transparente, comparti lhada e de excelência. Os seis primeiros desafi os são desafi os objeti vos, pontuados, qualifi cados e o últi mo é um objeti vo transversal, entra com elemen-tos, por exemplo, da questão metropolitana e do conceito de Cidade Inteligente.

Como havia dito, aqueles seis estariam estruturados como Áreas de Resulta-do, nos campos de prosperidade: cidade com todas a vilas vivas; cidade saudável; vida urbana sustentável; cultura cosmopolita e local; cidade com reduzida pobre-za; cidade com mobilidade sustentável, educação e qualidade; cidade segura; ci-dade resiliente e ambientalmente sustentável; cidade de todos. As Áreas de Sus-tentação são áreas de apoio, áreas que estão permeando todas as ati vidades do município, dentro do conceito. A gestão orçamentária e fi nanceira de excelência, um dos moti vos aqui do convite para o Tribunal, que vai nos apoiar nesse senti do, principalmente na ideia de melhorar o trabalho e o desenvolvimento que é apli-cável; como medir, como monitorar. A gestão insti tucional estratégica e inovado-ra, que está muito ligada ao nosso Plano Estratégico. Cidade Comparti lhada, com a parti cipação obrigatória da sociedade em geral. A Integração Metropolitana e Interfederati va e o conceito de Cidade Inteligente em destaque. Dentro disso, o Séti mo desafi o.

Temos 43 Estratégias de Desenvolvimento e elas estão qualifi cadas por cada uma das Áreas de Sustentação. As duas estratégias que estão ligadas ao conceito, ao tema de Cidade Inteligente são: “usar as Tecnologias de Informação e Comuni-cação em processos analíti cos e decisórios de diversas políti cas públicas, de modo especial nas áreas de sustentação à Administração Pública, visando segurança, transparência, agilidade e alocação eficiente de recursos públicos” – apoio; se-gundo, “intensifi car ações para aumentar o grau de resolubilidade e de excelência no atendimento ao cidadão, com o uso adequado e expandido das Tecnologias de Informação e Comunicação”. Então, o bendito TIC, nada mais é do que suporte. Ele é meio, não alvo.

Nosso desafi o está montado dentro das metas. Nós temos duas metas na Cidade Inteligente. Há indicadores disponíveis que também, como o conceito

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

9

não está formado mundialmente, não existem. Há conceituação em andamento; existem várias ideias. Os indicadores também estão sendo colocados por enti da-des disponíveis, que têm interesse nessa parti cipação, nessa avaliação. O índice IESE1, por exemplo, considera as seguintes dimensões: capital humano, - que é outro tema desta Rodada, com o Professor Giroletti -, coesão social, economia, Administração Pública, governança, meio ambiente, mobilidade e transporte, planejamento urbano, conexões internacionais e tecnologia. Vejam que o concei-to está se expandindo. Não estou tratando única e exclusivamente de tecnologia, então posso ter uma Cidade Inteligente que atenda a esses objeti vos e a essas vi-sões. Pela manhã, Dimenstein, jornalista da Rádio CBN, comentou que ontem que saiu a divulgação do ano de 2.015, em que o Rio de Janeiro caiu para a segunda posição e São Paulo, subiu. O elemento principal dessa mudança estrutural que, no Rio, era o conceito de vida saudável, veio para São Paulo. Em função do quê? Da quilometragem de ciclovias implantadas no ano de 2.015 naquela cidade. Está vendo que nós precisamos melhorar nosso espaço, principalmente na gestão dos parques, no senti do de atender ao quesito meio ambiente? Criar esse conceito, para melhorar. Belo Horizonte, na análise de 2.013, foi colocada em 139º lugar. Está muito longe! É lógico que, a comparação foi com todas as cidades do mundo, mas mesmo assim... Por isso que nossa meta, até 2.030, é estar entre as 100 pri-meiras cidades mundiais classifi cadas como inteligentes. É um alvo longo.

A posição de Belo Horizonte no ranking dos municípios com mais de um mi-lhão de habitantes (temos que nos comparar no mesmo nível, não há como se comparar com cidades menores) se destaca com as maiores notas, compostas por 12 requisitos, incluindo regulamentação de acesso à informação e a existência e o funcionamento do Serviço de Informação ao Cidadão, incluindo a Ouvidoria, aí de uma forma muito clara. Em 2.014, estávamos pela CGU – Controladoria Geral da União, na Escala Brasil Transparente, na 7ª posição. Estamos sati sfeitos? Não. A nossa intenção e a nossa meta são: estar entre as três primeiras cidades brasilei-ras mais transparentes, no ranking das cidades brasileiras com mais de um milhão de habitantes. Também é um desafi o muito grande.

Eu quero deixar a mensagem fi nal com uma conclusão sobre Cidades Inte-ligentes. Esse (referindo-se ao slide apresentado) deve ser a nossa conclusão, o plano de voo. É, por isso, essa criança, para que ela seja o piloto. Esse é nosso objeti vo. Essa é nossa proposta. Esse é nosso estí mulo. Nós temos que formar inteligência a parti r da base, de quem vai estar, em 2.030, respondendo pelos resultados do que nós estamos desenvolvendo hoje e planejando. Então, essa menininha (referindo-se à imagem de criança do slide), aqui, é importante, nes-se senti do.

Cidade Inteligente, então, é a que percebe o ambiente. Que ambiente? O am-biente de ameaças, de competi ção, de evolução tecnológica, oportunidades de

1 Índice IESE Citi es in Moti on - IESE Business Scholl – Universidad de Navarra – Centro de Globalización y Estrategia.Disponível em: www.iese.edu/research/pdfs/ST-0366.pdf

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

10

modernização da Administração, de críticas da sociedade, etc. É, também, a que avalia esse ambiente de forma contí nua e parti cipati va, com seus objeti vos, pla-nos de governo, opinião pública, estudos de organizações para governamentais nacionais e internacionais, de modo que:primeiro, tenha o cidadão como centro da sua missão. Essa é uma mudan-

ça de foco. A Administração não pode estar investi da para ela, com olhares de si própria;adote medidas com intensidade e rapidez para atender às necessidades e

demandas do cidadão;privilegie o equilíbrio dinâmico do conjunto de seus objeti vos com o de-

senvolvimento econômico e a qualidade de vida;atue como um organismo vivo e integrado;disponha de sensores, que permitam obter informações relevantes para a

formação do conhecimento; para que suportem a tomada de decisão, derivadas da atenção às pessoas, a processos, a planejamentos, à urgência e à maturidade necessárias;as decisões da gestão administrati va sejam acuradas e com rapidez ade-

quadas. Por isso é necessário aprender a monitorar;o capital humano seja privilegiado. Não é a máquina; não são os sistemas;

não são os soft wares;a tecnologia seja uti lizada na medida necessária à modernização, à inte-

gração, à conecti vidade local, regional, nacional e mundial. Belo Horizonte está inserida mundialmente;tenha seu planejamento estratégico traduzido em estratégias, programas

e projetos, com metas qualitati vas e quanti tati vas monitoradas constantemente por indicadores de resultados;o estí mulo a um ambiente acolhedor às transformações, com visão de cur-

to, médio e longo prazos sejam naturais;e, por fi m, preserve, compati bilize suas vocações, a sua tradição e cultura

com o fundamental desenvolvimento econômico, para conquistar a qualidade de vida e o bem estar.

Essa é a mensagem para que vocês repensem. Façam uma refl exão com rela-ção a entender que a Cidade Inteligente é isso que nós estamos construindo hoje. Não signifi ca que a falta de sistemas, a falta de soft wares, a falta de outros ti pos de recursos materiais vão determinar a inteligência que temos.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

11

CAPITAL HUMANO E GESTÃO DO CONHECIMENTO:PLATAFORMAS PROPULSORAS DEUMA CIDADE INTELIGENTE

Ementa: O talento humano como recurso diferencial de uma economia e desenvolvimento, associado à tecnologia e ao capi-tal na construção de uma cidade inteligente. Cidades inteligen-tes, inteligência coleti va e práti cas colaborati vas – Instrumentos de organização e ati vação do conjunto das capacidades e dos co-nhecimentos individuais que se somam, interagem e se comple-mentam, para vencer de forma mais efi ciente os desafi os que afetam a sociedade e seu espaço urbano.

Domingos Giroletti – Professor ti tular da Fundação Pedro Leo-poldo e pesquisador do Núcleo de Estudos em Ciência, Tecnolo-gia e Inovação - Grupo de Pesquisa Interdisciplinar da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG. Apresentador do programa televisivo Interconexão Brasil (Canal 9 – BH News e Canal 29 – NET).

Queria começar destacando uma frase do saudoso Ulisses Guimarães, que di-zia: “Ninguém vive na União, todas as pessoas vivem no município”. Pensar nosso município como uma Cidade Inteligente é exatamente estar na vanguarda do de-senvolvimento, porque se nós pensarmos bem, já estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial. A primeira ocorreu na Inglaterra, trabalhava com a energia da máquina a vapor; a segunda, com a energia da eletricidade e do petróleo; a terceira, com a tecnologia e a infraestrutura; e a quarta, seria, propriamente, a da inteligência ar-ti fi cial. E aí, nada mais natural do que nós pensarmos as cidades como inteligência natural, cidades como sendo inteligentes.

Eu vou apresentar um pouco qual o contexto urbano nacional e internacional. Como pensar uma cidade inteligente e como formar pessoas para uma cidade in-teligente. É claro que minha palestra vai ser uma complementação à palestra um pouco anterior, embora não ti véssemos combinado as nossas falas, mas me sinto assim, dando conti nuidade exatamente ao que foi apresentado.

Então, vou começar pelo contexto urbano nacional e internacional. Dados da ONU: 54% da população em 2.010 já moravam nas cidades. Pela primeira vez, nós conseguimos globalmente ser uma cidade urbana e não propriamente uma cidade rural. A previsão para 2.050 é que 66% a 70% da população serão urbana e, se nós olharmos o Brasil, 85% da população são urbana, pelo censo de 2.010.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

12

Predominantemente, a população urbana é uma realidade, que nós temos que pensar de uma forma bem diferenciada e incorporando todas as tecnologias e outros recursos, que temos para isto.

Passando para o próximo tópico: como pensar uma Cidade Inteligente? As cidades sempre apareceram como manifestações e indicações de civilização. Nós passamos de coletores para agricultores e, depois, quando nós produzimos ali-mentos sufi cientes, sobretudo proteínas, é que começaram propriamente as cida-des. Se nós não ti véssemos ti do o domínio mínimo sobre os alimentos e sobre as proteínas, não haveria as cidades. As cidades são vistas, historicamente, como um projeto de civilização superior aos estágios anteriores da humanidade.

Há duas dimensões das Cidades Inteligentes. Nós temos as Smart Citi es e nós temos as Social Citi es. Quando estou pensando nas Smart Citi es, estou pensan-do mais a base material das cidades. Aí as Cidades Inteligentes, que trabalham com sensores e soft wares, redes digitais seriam o espaço da economia urbana das trocas comerciais, dos serviços ligados à educação, à saúde, à gestão pública, ao transporte urbano. A cidade é pensada a parti r de sua base material: a indústria, os serviços, o empreendedorismo, a infraestrutura, o transporte, a tecnologia. A segunda é pensar as Social Citi es, o lado propriamente social, quer dizer, as cidades são feitas por pessoas como um espaço de encontro, da convivência, da memória, da pluralidade, da vida coleti va, da parti cipação, da alta organização, da democracia. Não só da democracia representativa, mas também formas de democracia mais diretas, em que a gestão das cidades passaria a ser responsa-bilidade não só dos governos, de uma delegação, mas também diretamente das pessoas que nelas estão envolvidas. A ênfase aqui é na comunidade, nas redes de relacionamento, no comparti lhamento de recursos disponíveis, na economia comparti lhada, na economia também colaborati va.

E como formar pessoas para uma Cidade Inteligente? Formar pessoas inteli-gentes e solidárias. Qual a estratégia da educação? Quando penso em pessoas in-teligentes, estou pensando muito mais na formação do capital humano e, quando estou falando em formar pessoas solidárias, estou entrando com outro conceito, não previsto, que é exatamente o capital social. E a base para nós fazermos essa refl exão, é um estudo feito em 1.996, pela UNESCO, que se chama: “Os Quatro Pilares da Educação da UNESCO”.

A queda da União Soviéti ca ocorreu em 1.991, então esse é o primeiro do-cumento da ONU e da UNESCO que não mais dividia o mundo entre sociedades socialistas e comunistas e que pensava na educação exatamente para o Século XXI, com estes quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver (e viver juntos a redescoberta da alteridade) e aprender a ser.

Faço, em seguida, uma refl exão sobre o aprender a conhecer. Nós trabalha-mos muito com o conhecimento, mas o conhecimento, em certo senti do, é o ge-nérico. Nós temos várias formas de conhecer, como por exemplo, o senso comum.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

13

As pessoas, quando não estudavam, quando não tí nhamos nem universidade, nem escola, desenvolviam exatamente o senso comum, o que permiti a o convívio humano e também a produção, a parti r da experiência propriamente. Depois, nós tivemos o conhecimento cientí fi co, a parti r da criação, sobretudo, das universi-dades. Nós começamos com a Filosofi a na Grécia. Nós temos conhecimento de natureza científica porque hoje a Ciência predomina sobre os outros conhecimen-tos. Quando começou o conhecimento da Filosofi a, integravam-se: a Ciência, a Filosofi a das Artes e o conhecimento artí sti co.

Vejam vocês que, na verdade, um projeto de educação tem que contemplar todas essas dimensões no nível do conhecimento porque, ao transitar por esses vários ti pos de conhecimento, se forma, propriamente, a pessoa inteligente. To-dos nós nascemos com as virtualidades, mas dependemos exatamente do culti vo dessas virtualidades. Se nós pensarmos que a cultura vem de agricultura e agri-cultura foi exatamente o culti vo das plantas, o culti vo dos alimentos, que inclusive nos permite viver e a criar as cidades, nós precisamos pensar hoje esse ti po de conhecimento disti nguido também, porque ele nos permite o desenvolvimento da inteligência. Então, eu diria o quê? A educação não é outra coisa senão o cul-ti vo da inteligência, porque assim como na agricultura, há essas duas dimensões: educação e cultura.

O aprender a fazer, nós estamos trabalhando a dimensão práti ca do conhe-cimento. O conhecimento não foi feito só como mera abstração. Mas o conheci-mento é fundamental para a sobrevivência humana, é desenvolvido para ela e nós precisamos trabalhar exatamente a dimensão do conhecimento. Nessa concep-ção dos quatro pilares, a ênfase é sempre no aprender, porque a ONU e a UNESCO desenvolveram um conceito de educação conti nuada ao longo da vida. Então, nós começamos a viver. Anti gamente, o homem era defi nido com um ser racional. Hoje, se nós olharmos a humanidade, temos que provar se aquele homem é ou não racional ao fi nal da vida. O primeiro precede a existência para construir a es-sência e a nossa essência vai sendo construída exatamente ao longo da vida, em uma dimensão de aprender a conhecer. O conhecer pode ser fi nalidade da vida e o aprender a fazer é exatamente a dimensão propriamente profi ssional.

Nessa perspecti va é que nós não separamos a teoria da práti ca. Uma das fra-ses que eu gosto muito e tenho tentado aplicar é: “nada na vida é melhor do que uma boa teoria”. Se nós olharmos, por exemplo, as quatro operações da Matemá-ti ca, elas são práticas ou são teorias. Nós sabemos que as quatro operações da Matemáti ca permitem, pela sua aplicação, até os doze interplanetários, etc. Como nós aprendemos o conceito sempre vem do práti co para o abstrato. Hoje, na me-dida em que nós temos as quatro operações da Matemáti ca na cabeça, estamos sempre operando o lado teórico e o lado práti co, tanto para resolver os problemas da vida diária, o controle de nossas contas, os orçamentos e aquelas coisas mais sofi sti cadas. E aí, com isso, eu encerro propriamente a parte do desenvolvimento da inteligência pelo aprender a conhecer e pelo aprender a fazer.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

14

Eu passaria agora ao capital social, que permite que eu trabalhe as outras duas dimensões: aprender a conviver, viver juntos e a redescoberta da alteridade, propriamente o capital social e, por isso, eu fi z a disti nção entre cidades inteligen-tes e cidades sociais.

As cidades são formadas por pessoas e a grande dimensão que temos que ensinar na escola, na universidade, etc. é a das pessoas conviverem. Se nós olhar-mos também o radicalismo e a separação, que temos na nossa sociedade, desde as eleições de 2.014, temos que, na verdade, nos aproximar e pensar o Brasil. Eu sempre costumo dizer, tenho trabalhado muito o mote: o Brasil é maior do que suas crises. Nesta crise, nós temos que pensar o amanhã e é exatamente o Brasil. Sobretudo, pensar um pouco sobre o desencanto dos nossos jovens com o Brasil, com a corrupção, etc. Minha grande pergunta é: estamos só fazendo uma faxina no Brasil, ou estamos passando o Brasil a limpo? É fi nal de um ciclo, fi nal de uma cultura, mas qual é exatamente a perspecti va que há daqui para frente? Se nós podemos falar em Cidades Inteligentes, nós temos que pensar um Brasil inteligen-te. O Brasil inteligente é aquele que ‘dá a volta por cima’ nessa crise que vivemos.

E aí eu passo para a últi ma dimensão, do capital social, que é exatamente o aprender a ser. Quando eu trabalho com o viver, passo, também, a aprender a ser, que é exatamente a perspecti va dos valores éti cos, uma das dimensões da nossa crise, que vai além da crise econômica, da crise políti ca, da crise éti ca, da crise mo-ral, dada exatamente a dimensão da corrupção. E aí, nós precisamos nas cidades sociais, na perspecti va de a cidade social da Cidade Inteligente afi rmar os valores éti cos, o valor de ser e, aqui, nós podemos distinguir o ser e o ter. A dimensão do ter é fundamental, porque sem ele nós não conseguimos nada. Mas, também, nós precisamos pensar qual o sentido da vida e exatamente essas Cidades Inte-ligentes, essa fantásti ca reunião de pessoas, num espaço urbano único, nos leva também a pensar na qualidade dessa convivência, exatamente no senti do pro-priamente da vida que nós temos.

E aí, com isso eu encerro. Na visão geral, Cidades Inteligentes dependem de pessoas inteligentes, de pessoas solidárias. Nós temos que criar outra base mate-rial para poder sobreviver nessas cidades e, também, uma nova base de convivên-cia éti ca, para que essa nova etapa do desenvolvimento da humanidade possa se dar em termos de respeito aos direitos humanos, democracia e, sobretudo, paz.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

15

INFORMAÇÃO, CONECTIVIDADE ECOMUNICAÇÃO EM REDE:ELEMENTOS DE PROXIMIDADE EINTEGRAÇÃO NA CIDADE INTELIGENTE

Ementa: Dispor de informações e dados atualizados, dispor de conecti vidade entre diferentes meios de comunicação; estar co-nectado; comunicação em rede. Estes são elementos que trans-formam o conhecimento em resultados e apoiam a qualidade de vida do cidadão. Quais barreiras a serem ultrapassadas? Que diferenciais e serviços serão os pilares da Cidade Inteligente do futuro? Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) a serviço do bem-estar dos cidadãos, das cidades e regiões, por meio do monitoramento da infraestrutura e oti mização de uso de recursos (energias renováveis, sistemas sustentáveis), gestão inovadora e em rede serão os caminhos de transformação e ga-ranti rão o desenvolvimento econômico sustentável?

Leonardo Moreira Resende – Diretor de Operações Minas Ge-rais da Fundação para Inovações Tecnológicas – FITec

A FITec surgiu de duas outras fundações: uma criada em 1.994, que nasceu em São Paulo, e a outra, criada em 1.997, em Belo Horizonte, fundada pela Cons-trutel, a parti r de uma empresa do Prefeito Márcio Lacerda. Estamos com 260 profi ssionais, trabalhando com projetos de pesquisa e desenvolvimento no mer-cado, através de hardwares e soft wares. Temos mais de 300 projetos entregues. Soluções entregues em mais de 20 países. Somos credenciados para receber ver-bas para Informáti ca e, o mais importante, é que a FITec hoje é uma fundação privada, sem fi ns lucrati vos, que não é manti da por nenhum órgão do governo e nenhuma empresa privada, sobrevivendo dos seus projetos em diversas áreas. Talvez as principais áreas de atuação sejam estas: Telecom, temos os principais fornecedores de telecomunicações, uma das áreas que vem guiando as Cidades Inteligentes, principalmente no Brasil, e eu vou falar um pouquinho sobre isto e a Automação. Na área médica, temos importantes parceiros, para os quais estamos fazendo, principalmente, serviços de pesquisas de desenvolvimento.

Bom, antes de entrar no assunto das Cidades Inteligentes, especifi camente, vou tentar complementar o que já foi dito. Além de toda a questão humana que foi colocada, vou focar na parte tecnológica do tema. Um dos grandes guias, uma das tecnologias que permite falarmos da parte de sensoriamento, de análise de

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

16

dados, é o que chamamos em inglês de IOT - internet of things, a Internet das Coisas, que, aqui em Minas, (brincando) se chama ‘Internet dos Trens’. O que é isso? Isto signifi ca espalhar sensores em diversas áreas, com diversos objeti vos diferentes e poder capturar as informações que estão nestes sensores, e uti lizá--las da melhor forma possível, para o bem comum, para o bem do cidadão, para a produti vidade da indústria.

Vejamos algumas informações, algumas notí cias. A Mckinsey fala em mais de 30 bilhões de objetos conectados na internet, de ‘trens’ conectados, como esta-mos falando, em 2.020; e o ano de 2.020 está próximo. A Cisco fala em 50 bilhões. Faz pouca diferença, se for 30 ou 50, o número é bilhão mesmo. A Cisco, inclusive, usou um termo novo. Em vez de falar IOT, ela fala IOE - Internet of everything, In-ternet de todas as coisas, porque tem tudo conectado. O impacto no PIB mundial vai girar em torno de 11 trilhões de dólares, no ano de 2.025. O importante é es-tarmos preparados para usar de forma correta e, também, para fazer parte dessa cadeia de fornecedores.

Como nós, Região Metropolitana, estamos preparados para entrar nisso? Isto é um trem que vai passando. Neste caso, é um trem mesmo, né? E se não pegar-mos esse trem, ele vai passar. Como passaram vários outros aqui e nós não pe-gamos. Existem trabalhos na Região Metropolitana, como o projeto Senergy, que visa montar um consórcio de empresas para a fabricação de dispositi vos IOT. O últi mo número que eu ti ve em relação aos investi mentos de um dos empresários que está aplicando neste projeto, está na ordem de 17 milhões de reais. Já te-mos uma linha de produção, de montagem; também uma linha de produção para chips, montada em Contagem, neste ambiente que se chama Senergy. Está come-çando a operar e o objeti vo é colocar aqui, dentro do mercado local, dispositi vos IOT competi ti vos, em preços como aqueles que compramos da China. Então, é um desafi o bastante grande. Há uma espécie de regulamentação, fi scalização, mas está sendo trabalhada. Se eu não ti vesse acreditando nisto, não tinha investido o que já investi até o momento. Então, essa é uma grande oportunidade.

Outra oportunidade é com relação ao capital humano, que nós temos aqui na Região. Temos faculdades e universidades que fornecem profi ssionais de altí ssima qualidade ao mercado. Nossos parceiros, nossos clientes são de multi nacionais e a mão de obra é nossa, daqui, é local. São profi ssionais formados pela PUC, UFMG, CEFET, de todas as universidades da Região Metropolitana e UFOP ‘fazen-do bonito’. Não deixamos nada a desejar. Se não fosse assim, a Ericsson não tinha escolhido Belo Horizonte e Santa Rita do Sapucaí para abrir dois centros de de-sign, que nós abrimos. Um deles fi ca dentro da FITec e fornecemos soluções para o mundo inteiro. Uma das coisas que eles primam é a Internet das Coisas. Mais especifi camente os Smart Grids, sobre o qual nós vamos conversar daqui a pouco.

Nosso grande desafi o é acompanhar este grid. Então, a pergunta não é se a Cidade Inteligente vai acontecer, mas sim quando. E já está acontecendo. Como

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

17

vimos, o exemplo de Belo Horizonte é parte disso, por isso já está acontecendo. Há coisas que moti vam: agitação econômica, mudanças climáti cas que necessita-mos estar preparados para enfrentar estes desastres. Hora chove muito, hora há seca e usamos isso tudo em prol das pessoas que vivem em determinada região. O próprio envelhecimento da população. A pessoa idosa tem que sair de casa, para pegar uma fi la, para fazer um exame que, eventualmente, pode ser feito em casa, por meio de um dispositi vo eletrônico em que se põe o dedo e ele lê os principais dados. Manda a informação para o médico dele, que a recebe. Está tudo ok ou não? O médico só diz: “- Passa aqui, porque eu estou precisando dar uma olhadi-nha com mais detalhe”. Esta, também, é uma área de saúde que Belo Horizonte e Região Metropolitana têm vocação para investi r. Há grandes empresas em Belo Horizonte de equipamentos médicos, que são parceiros nossos. Existe um projeto para se montar uma cidade médica, onde teremos plataformas mais modernas para o atendimento à população, ao cidadão e já existem hospitais montados em Belo Horizonte.

Agora, outros dados: 6 bilhões de pessoas viverão nestes centros urbanos, em 2.050. Dez milhões de dólares é o valor de investi mentos em infraestrutura para 2.025. O que se espera, para fazer frente a isso? Hoje, mais de 300 cidades no mundo têm mais de um milhão de habitantes. Eu estava vendo em um catálogo (informação de 2.009), que aqui, no Brasil, 18 regiões metropolitanas já estavam com mais de um milhão de habitantes. Olhando novamente para a questão da tecnologia, aonde podemos chegar levando em consideração tudo isso que esta-mos falando?

Informações atualizadas e dados têm que ser captados em tempo real e, para isso, distribuímos sensores em várias aplicações diferentes e canais de comunica-ção efi cientes, para poder integrar a população e chamar a população para par-ti cipar da gestão das cidades. Onde vão estar estes sensores? Podem estar em inúmeras de coisas, que nem imaginamos ainda.

Há desde sensores em carros, mais complexos, que podem dar inúmeros ti pos de informação, até sensores que podem estar em postes. Hoje os municí-pios são responsáveis pela iluminação pública. Então, isso pode facilitar muito a vida desses municípios, se forem informados assim que as luminárias destes postes apresentarem algum defeito. Outras aplicações que podemos citar é o uso de chips em animais, no gado, por exemplo, sendo possível se fazer o con-trole de como o gado se movimenta, se alguma coisa vai afetá-lo, onde é melhor ele estar em função de inundações.

Em relação às barragens, ti vemos recentemente um desastre lamentável. Será que, se esta barragem esti vesse sensoriada, as informações não poderiam ter aju-dado a evitar a tragédia? Nossos telefones hoje são sensores naturais, podem captar muitas informações e passá-las de forma integrada. Os ônibus na Região Metropolitana já possuem sensores. Se precisarmos saber que horas o ônibus vai chegar, qual é a melhor linha para se esperar, já temos essa possibilidade.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

18

Os próprios pacientes vão precisar usar sensores, como comentei, para saberem em que dia se deslocarão até os centros médicos. Vagas de estaciona-mento. Grande parte do tráfego gerado hoje dentro de uma grande cidade são pessoas procurando vagas para estacionar, o que não faz muito senti do. Imaginem se o condutor souber pelo próprio celular: “- Oh! Dirija-se a região tal. Há vaga de estacionamento liberado.” Nós vamos, além de evitar emissão de CO2, evitar perda de tempo no trânsito. Vários benefí cios serão atraídos às cidades e para ou-tras coisas também, como por exemplo, a geladeira. Há coisas que pensamos ser futurista, mas, é possível saber o que é que está dentro da dispensa. Cada um dos produtos que você compra no supermercado tem um selo, uma eti queta digital. Imaginem, na medida em que for acabando o leite, por exemplo, já vai avisando: “- Você está com tantos litros de leite dentro da sua dispensa, e então, quer com-prar mais?”

Em 2.000, eu estava nos Estados Unidos e vi uma propaganda. Um homem entrava no supermercado e começava a enfi ar as coisas dentro do casaco e quan-do vai sair, passa por um portal. O caixa chama a atenção dele. Você pensa que eles vão prender o homem. Não! O canhoto do cartão de crédito dele já cobrou tudo àquilo que ele enfi ou nos bolsos do casaco, porque já está tudo sensoriado. Quando ele sai, o portal identi fi ca tudo o que está saindo da loja. Isto pode ser muito usado e já vem sendo usado no controle logísti co e daqui a pouco poderá ser ampliado.

Em uma das visões destas novas tecnologias, teremos tudo como serviço. O que isso signifi ca? Eu não comprarei a minha geladeira. Eu terei um serviço de refrigeração dentro da minha casa, que alguém sabe se esta funcionando bem, se precisa dar uma carga de gás, se a geladeira precisa de assistência porque parou de funcionar, ou seja, nós vamos mudar o modelo de negócio que existe hoje. Grandes corporações, que não acreditarem que isso vai acontecer, podem ter pro-blemas futuros, como já ti veram no passado. Para isso acontecer, será necessá-rio transmiti r este conceito: coletar e atuar nos sensores. Então, será necessário o uso intenso de redes de telecomunicações. Não tem jeito. Principalmente em grandes cidades, que vierem a implantar esse conceito.

Todo mundo já deve ter ouvido falar em big way, ou seja, imagina entre 30 e 50 bilhões de elementos gerando informação. O que se faz com isso? Necessi-tamos ter um sistema muito efi ciente, capaz de processar e ti rar disso tudo uma informação úti l, senão é a mesma coisa quando vamos lá, procurar na internet, a informação e encontramos muitas. O que faremos com tanta informação? Por isso a informação tem que ser úti l. Será necessário antecipar, miti gar, prever proble-mas, desde aqueles das barragens, que comentamos, até os do trânsito. Se o si-nal de trânsito deu defeito, como automati camente posso desviar-me do trânsito daquela região, para evitar mais congesti onamento, mais emissão de CO2? Ou em uma eventual queda de energia, como que rapidamente posso reconfi gurar mi-

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

19

nha rede, para restabelecer mais rápido o fornecimento de energia para um maior número de pessoas possíveis? Às vezes, não dá para restabelecer para todos, mas posso minimizar o impacto.

O Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte - COP-BH já faz muito isso aqui: o planejamento coordenado, de visão holísti ca, para diminuir custos, comparti lhar recursos, ter a visão do todo. Mais uma vez é essa informação útil. Processar esses dados por meio de informação útil e usar a infraestrutura de for-ma oti mizada; maximizar o uso disso. Terei uma grande concentração da popula-ção num determinado evento? Como é que eu maximizo minha infraestrutura de telecomunicações para atender àquela população? Os meus recursos de seguran-ça, para atender àquele evento? E vocês sabem, melhor que eu, que as prefeitu-ras têm que conectar os cidadãos. Encorajar a colaboração e a interação, em um ambiente amigável, sem aquela espera em central de atendimento e integrar de-partamentos e funções, para comparti lhar informações entre si. São diversos de-safi os de ordem políti ca e outros um pouco mais técnicos, digamos assim, como o do Sistema de Interoperabilidade. Não adianta ter um sistema instalado para ônibus e outro para vaga, se eles não conversam entre si. Teremos muitas infor-mações espalhadas, que vão atrapalhar a integração. Regulamentação de quem pode explorar o serviço. Como funcionariam em PPP?

Uma coisa muito importante. Quais informações podem ser usadas? Por que à medida que está tudo sensoriado se sabe tudo, ou de quase tudo. Então, o que eu posso usar? O que eu posso publicar a esse respeito? Cobertura e disponibi-lidade de infraestrutura técnica de telecom adequada e a baixo custo. Hoje se fala: “Eu tenho uma comunicação de dados de qualidade. Então eu espero que essa comunicação seja uma comunicação de banda larga e que esteja disponível o tempo todo.” Mas será que em todo poste eu preciso que ela seja de banda larga? Eu acho que não. Ou seja, qual é a informação que eu vou ter que passar para chegar rápido e voltar rápido também? Hoje, quando estamos baixando um vídeo, queremos que seja rápido, mas se você fi car aguardando um pou-quinho você suporta, mas se eu for atuar em determinado dispositi vo eu não posso aguardar, porque pode causar um acidente, causar um problema maior. Várias tecnologias estão se propondo a fazer isso. Temos desde redes privadas até redes de operadoras evoluindo neste senti do. Outro desafi o enorme é a questão da ‘Cibersegurança’. Como é que eu dou segurança a isso tudo? A parti r do momento que tudo está integrado, tem que haver segurança na informação. É o que se chama Cibersegurança.

Barcelona fez um trabalho muito interessante relacionado ao turismo. Lá o turista tem informações sobre o melhor local para ir, como chegar. Isso tudo pode ser proporcionado desta forma. Vou citar bem rápido alguns casos: no Rio de Ja-neiro, os serviços integrados estão conectados ao número telefônico 1746. São mais de 9.200 milhões ligações, desde 2011. Em Belo Horizonte, há o COP-BH, do

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

20

qual já falamos. Em Curiti ba, há um sistema integrado, que forma o tripé: trans-porte público, trânsito e segurança e, também, fi zeram um projeto piloto, a Ope-ração Urbana Consorciada, em uma região, envolvendo iluminação de LED, edifí -cios inteligentes, ônibus elétricos, gestão efi ciente de energia, entre outras coisas.

Para terminar, quero falar do Smart Grid. O que é isso? É dotar as nossas redes elétricas e nossos medidores de inteligência, para trazer melhorias opera-cionais e também melhorias para o cidadão, com menor risco de portabilidade, garanti ndo menor custo em energia na casa dele. Eu vou citar muito rapidamente o projeto que foi desenvolvido pela FITec junto com a Elektro, em São Luiz do Paraiti nga. Como parte da solução, eles provêm comunicação de diversos disposi-ti vos. A Elektro inclui medição inteligente, que além de receber energia em casa, verifi ca também a qualidade recebida, a geração distribuída. Placas fotovoltaicas residenciais com medidores bidirecionais medem tanto quanto o que se conso-me e quanto o que é fornecido à rede. O Mineirão, em Belo Horizonte também possui placas fotovoltaicas que captam energia solar e que geram energia. Então isso signifi ca que se pode ter em casa geração de energia. Com essa medição in-teligente, pode-se vir a adotar a tal tarifa branca, com valores diferenciados e se pode guardar para consumir a energia que foi gerada em momentos de pico e, no momento que não for pico, se consumir a energia da rede, que é mais barata. Lá também se está lidando com iluminação pública e têm todas essas característi cas que eu comentei. É claro, que estamos falando de uma área mais restrita, mas que é iluminada somente se houver pessoas passando e também não é necessário ir lá para ver se a lâmpada queimou, pois se consegue dar comando aos postes. As reparti ções públicas lá estão com está geração distribuída também.

Outro exemplo é João Pessoa. Além da medição inteligente, tem-se como foco o self healing, que é justamente a auto recuperação. A rede é dotada de sensores e inteligência suficiente para, ao cair e verifi car que há 1 milhão de consumidores sem energia, se reconfi gurar para que somente 800 mil fi quem sem energia e, em 20 minutos, já estejam reconectados. Para o restante, será necessária uma ação diferente: mandar o pessoal em campo.

Em Barueri, foi desenvolvido um projeto piloto com a AES Eletropaulo para um maior número de consumidores. A FITec desenvolveu um pequeno hardwa-re, módulo de comunicação para o medidor, que busca uma antena para ‘con-versar’. Se ele não acha a antena, conversa com o medidor ao lado até encontrar um que ache a antena e se ainda assim não conseguir, manda os dados para a rede elétrica.

Em Fortaleza, há o projeto da Coelce, uma micro rede dentro de um condo-mínio, em que nas casas há baterias. Quando há um corte de energia, a bateria assume o fornecimento de energia, mas de uma forma diferenciada. Nas casas, funciona o desligamento seleti vo de cargas. Em Sete Lagoas, a CEMIG também tem um projeto semelhante, com foco nestas tecnologias. A FITec tem grande

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

21

foco em testes para verifi car se estes sistemas são seguros, para que depois os cidadãos possam usá-los sem impasse, sem imprevistos.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

22

AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NODESENVOLVIMENTO E NA CONSTRUÇÃO DEUMA CIDADE MAIS EFETIVA E SATISFATIVA AO CIDADÃO.

Ementa: Avaliação das políti cas públicas: mecanismo de aper-feiçoamento e consolidação de práti cas mais efi cazes e os im-pactos para o desenvolvimento da cidade e atendimento das demandas para o desenvolvimento da cidade e o atendimento das demandas da sociedade. As diversas variáveis e análises sis-têmicas para o tratamento, a organização sistemáti ca de dados e informações apoiada em indicadores para a formulação das políti cas públicas e seu aperfeiçoamento. Índice de efeti vidade do TCEMG: Efeti vidade e efi ciência das políti cas públicas.

Cristi ana Lemos – Diretoria de Controle Externo dos Municípios do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais

Temos no Tribunal de Contas uma equipe que é responsável por fi scalizar Belo Horizonte e, essa equipe está sempre representada aqui, nas Rodadas de Estu-dos Metropolitanos. Hoje, nós estamos representados pela coordenadora dessa equipe, Denise Delgado. Eu acho que o mais interessante para falar para vocês é sobre a avaliação das políti cas públicas. Essa é a principal contribuição do Tribunal de Contas para o desenvolvimento e a construção de uma cidade mais eficaz, que promove a sati sfação do cidadão.

O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais tem como missão exercer o controle da gestão pública de forma efi ciente, efi caz e efeti va, sempre em bene-fí cio da sociedade, e tem como visão ser reconhecido como insti tuição relevante para a garanti a do direito à gestão pública efeti va e transparente. Os Valores do Tribunal são: éti ca, cidadania, transparência, independência, profi ssionalismo, qualidade, tempesti vidade, sustentabilidade e inovação. O Tribunal de Contas tem como jurisdicionados 3.352 órgãos e enti dades, fi scaliza os 853 municípios de Minas Gerais e possui uma receita, aproximada, de 133 bilhões de reais.

Para cumprir essa missão, o Tribunal fi scaliza as contas públicas nos aspectos da legalidade, mas também, da qualidade do gasto público. Um dos instrumentos que o Tribunal uti liza para fi scalizar a qualidade do gasto público é a Auditoria Operacional. O Tribunal já vem trabalhando com isso há quase dez anos, então já realizou várias auditorias operacionais: no Programa Travessia, nas unidades de conservação e proteção integral, no Programa Saúde da Família, Programa Farmá-cia de Minas, e no Programa de Saneamento Básico: Mais Saúde para Todos. To-

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

23

das essas fi scalizações se consti tuíram em processos, que foram deliberados pelo Tribunal e estão disponibilizados no portal do Tribunal. Se vocês ti verem interesse em ver quais foram as conclusões do Tribunal sobre esse trabalho, quais foram os benefí cios dessa fi scalização, podem acessar o portal. Mas eu trouxe, como exem-plo, a fi scalização e a auditoria operacional realizada no Programa de Saneamento Básico: Mais Saúde para Todos.

Essas auditorias operacionais buscam fi scalizar a efeti vidade, efi cácia, econo-micidade nos programas de governo e o desempenho dos órgãos. Então essa fi s-calização, em especial, foi do Programa de Saneamento Básico: Mais Saúde para Todos, que tem como objeti vo promover a saúde por meio de abastecimento de água, esgotamento sanitário e implantação de módulos sanitários. Dentro dessa proposta, de dar recomendações, como funciona a fi scalização da auditoria ope-racional? O Tribunal fi scaliza o programa, identi fi ca melhorias na efeti vidade, na efi cácia, na efi ciência e na economicidade do programa, faz recomendações ao gestor, ao responsável pela gestão do programa, o Tribunal delibera recomenda-ções e o gestor apresenta um plano de ação para cumprir essas recomendações do Tribunal.

Uma das recomendações que foram feitas nessa auditoria operacional foi a revisão dos critérios para enquadramento dos usuários na tarifa social, ou seja, que fossem considerados aspectos socioeconômicos para que esse benefí cio fos-se concedido, porque o Tribunal verifi cou que muitas famílias carentes, que pode-riam ter direito a essa tarifa social não estavam sendo enquadradas como benefi -ciárias. O resultado alcançado, após a fi scalização do Tribunal, foi a alteração dos critérios para concessão da tarifa social, que resultou na extensão desse benefí cio para mais de um milhão de famílias carentes, passando-se de 8% para 33% de famílias benefi ciadas. Então, apesar de o Tribunal às vezes ter uma imagem de fi s-calização e punição, também tem outro viés: o de contribuir com a gestão pública, não só punindo, mas apresentando alguns aspectos que podem ser melhorados.

O outro viés na atuação de qualidade do gasto público é esse Índice de Efetividade da Gestão Municipal - IEGM, que o Tribunal adotou no fi nal de 2014, meados de 2015 e tem como fi nalidade compensar e aferir dados das administra-ções municipais, verifi cando conformidade, efeti vidade das políti cas públicas em prol do cidadão. Essa metodologia de medição foi desenvolvida pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, e o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais a adotou e agora nós estamos discuti ndo com todos os Tribunais de Contas do Bra-sil, que já assinaram um acordo com o Insti tuo Rui Barbosa - IRB e que vão adotar, também, essa mesma metodologia de medição.

Relacionado à metodologia de medição, esse índice avalia sete dimensões: educação, saúde, planejamento, gestão fi scal, governança de TI, cidades prote-gidas e o meio ambiente. Os quesitos relacionados à educação a serem avalia-dos são: planejamento de vagas e cobertura, programas de rendimento escolar,

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

24

transporte, merenda, infraestrutura escolar, situação dos professores. Na saúde: gargalos no atendimento, cobertura e ação do Programa Saúde da Família - PSF, ações preventi vas específi cas, qualidade do atendimento, itens obrigatórios. No planejamento: o foco entre programas e ações, alteração no planejamento, taxas de investi mento. Gestão fi scal: análises de receitas e despesas, previsão orçamen-tária, despesas a pagar, despesas de pessoal, resultado fi nanceiro, dívida fundada, precatórios e duodécimos. Meio Ambiente: resíduos sólidos, educação ambiental, estrutura ambiental, água potável e conselho ambiental. Cidades protegidas: or-ganização da defesa civil, levantamento de áreas de risco e plano de conti ngência. Em governança de TI: planejamento e uso da TI pelo município, segurança de informações da prefeitura e, no caso de Minas Gerais, uso adequado do SICON2.

Como esse índice é avaliado? Qual a metodologia uti lizada? O Tribunal de Contas disponibiliza aos jurisdicionados um questi onário, que é respondido por eles. O Tribunal vai a campo, vai aos municípios validar algumas das questões que são perguntadas e outras questões dadas pelos jurisdicionados. Depois, o Tribunal cruza com informações de alguns bancos de dados com os quais trabalha e isso é tudo disponibilizado não só para o gestor, mas também para o cidadão. Um dos produtos dessa metodologia de trabalho é o ‘Infosite’, que contém informação de todos os municípios, de todas as notas que foram recebidas, de toda a avaliação, o que oportuniza para o gestor a melhoria do trabalho dele e para o cidadão, a com-paração de um município com outro, a visualização de como o Tribunal avaliou cada um dos municípios. Outra coisa interessante também é que o Tribunal não atribui nota. Cem, 50, 40, 20. Não é assim. O índice não tem uma nota. O índice chega a uma faixa. Então os municípios são avaliados e são colocados em faixas de classifi cação.

Temos (apresentando uma escala em slide) de baixo para cima, a C, quem tem IEGM igual ou menor a 49,99% dos pontos, o que o Tribunal considera como sen-do um município com um baixo nível de adequação; C+, entre 50 e 59,99% da nota máxima, e o município é considerado como em fase de adequação; o B, quando o município recebe uma nota que vai de 60 a 74,99% e o município é considera-do na faixa efeti va; B+, 75 a 89,99% da nota máxima, o município é considerado muito efeti vo; e o A, os municípios que têm pelo menos 90% da nota máxima e ao menos cinco índices daquelas dimensões, sendo considerado altamente efeti vo.

Em relação à pontuação geral, cada uma das dimensões tem um peso dife-rente: educação, saúde, planejamento e fi scal têm um peso de 20%, o ambiental, peso de 10% e o i-gov e cidades, o peso é de 5%. O Tribunal fez uma primeira medição desse índice em 2015, disponibilizou os questi onários para os municí-pios em agosto, mas não validou essas informações. Isso que eu vou apresentar para vocês é com base em dados declarados pelos municípios. Então, o Tribunal fez a apuração e identi fi cou que a média total dos municípios do Estado de Minas

2 SICON – Sistema de acompanhamento de contas e outras ações da gestão pública uti lizado pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais – TCE-MG.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

25

Gerais, está na faixa C+, que é aproximadamente 50,20% da pontuação total do índice. Em relação às dimensões, identi fi camos que em planejamento, governan-ça, cidades protegidas e o meio ambiente a faixa foi C, a pior. Em gestão fi scal foi C+ e as melhores notas foram em Educação e na Saúde.

Por faixa, ti vemos 24 municípios com a B, 400 na C+, 396 na C e o número que falta para os 853 da Região Metropolitana, é o número de municípios que não preencheram o questi onário.

Bem, o Tribunal está considerando como benefí cio que a medição desse índice traz é uma mudança de paradigma de controle, com foco principal no aprimoramento dos resultados da gestão pública. Traz para o Tribunal maior assertividade nas ações de fiscalização, no momento que identi fi ca quais são os principais problemas, ou quais são as áreas mais problemáti cas de cada um dos municípios. Traz um fortalecimento grande para o controle social, na medida que o Tribunal vai disponibilizar para o cidadão todos esses dados. Isso ainda não está disponível, porque o site ainda está sendo criado, está em desenvolvimento. E traz a oportunidade, o que o Tribunal considera muito interessante, nessa forma de fi scalizar, é a oportunidade dada aos gestores de correção de rumos, reavaliação de prioridades e consolidação do planejamento.

Então, essa forma de atuar do Tribunal, que está mais relacionada com a qua-lidade do gasto, traz benefí cios para o controle e para o gestor e, consequente-mente, um benefí cio para o cidadão.

O Tribunal recebe dados de todos os municípios, órgãos e enti dades que fi s-caliza e tudo está disponível no ‘Minas Transparente’, no ‘Fiscalizando com o TCE’, que está lá no portal do Tribunal. Fiz aqui somente uma seleção, coloquei como se fosse município de Belo Horizonte, no ano de 2014 e aqui temos contas públicas, índices consti tucionais, o orçamento, balanços, gastos e convênios. Então, todos esses dados estão lá disponíveis para o cidadão e a ideia do IEGM é dar transpa-rência a esses dados, a esse índice que estamos coletando, medindo nos muni-cípios. A ideia é colocar, junto com o ‘Fiscalizando com o TCE’, assim que esti ver pronto, um ícone para que o cidadão possa acessar e contribuir com a fi scalização que o Tribunal exerce.

INOVAÇÃO A SERVIÇO DA CIDADE: Ferramentas Inteligentes para o Aperfeiçoamento e Transparência nas Políti cas Públicas

RODADAS DE ESTUDOS METROPOLITANOS

26