vii-003 - soluÇÕes alternativas de … parte do incra. neste trabalho, após o conhecimento das...

23
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES –Trabalhos Técnicos 1 VII-003 - SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL PARA UM ASSENTAMENTO DO INCRA EM SERGIPE José Daltro Filho (1) Engenheiro Civil pela Universidade Federal da Bahia (1975), Doutor em Hidráulica e Saneamento pela EESC-USP, (1988), Professor Adjunto Doutor do Departamento de Engenharia Civil e do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Denise Conceição de Góis Santos (2) Estudante de Engenharia Civil e Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC/CNPq/UFS. Endereço (1) : Rua “AD”, 91 – Jardim Japiaçú – Bairro Luzia CEP: 49045-510 – Aracaju- Sergipe – Fone: (0___79) 231-4322 - e-mail. [email protected] RESUMO Do conhecimento prévio da carência de infra-estrutura de Saneamento de um Assentamento no Estado de Sergipe, propõe-se um elenco de medidas alternativas de Saneamento Ambiental a curto, médio e longo prazo, para escolha, análise e/ou julgamento por parte da comunidade rural estudada, a fim de contribuir na preservação ambiental da área e na melhoria das condições de vida dos habitantes do local. PALAVRAS-CHAVE: Saneamento Ambiental, Saúde, Qualidade de Vida, Soluções Alternativas. I - INTRODUÇÃO As condições de Saneamento têm sido determinante sobre a saúde de uma população e consequentemente sobre a qualidade de vida da mesma. No mais, verifica-se, também, que a infra-estrutura e a educação (higiene pessoal) devem caminhar juntas, para que o Saneamento atue como elemento básico de saúde preventiva. Ainda sobre saúde, Minayo (MINAYO, 1992) assegura que a saúde, num sentido amplo, é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra, acesso a serviço de saúde, entre outros. Até a década de 70, saneamento era entendido pelas práticas que permitiam sanar os

Upload: nguyenkhue

Post on 30-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 1

VII-003 - SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE SANEAMENTOAMBIENTAL PARA UM ASSENTAMENTO DO INCRA EM

SERGIPE

José Daltro Filho (1)

Engenheiro Civil pela Universidade Federal da Bahia (1975), Doutorem Hidráulica e Saneamento pela EESC-USP, (1988), ProfessorAdjunto Doutor do Departamento de Engenharia Civil e do Curso deMestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UniversidadeFederal de Sergipe (UFS).Denise Conceição de Góis Santos (2)

Estudante de Engenharia Civil e Bolsista de Iniciação Científica doPIBIC/CNPq/UFS.

Endereço(1): Rua “AD”, 91 – Jardim Japiaçú – Bairro Luzia CEP: 49045-510 – Aracaju-Sergipe – Fone: (0___79) 231-4322 - e-mail. [email protected]

RESUMO

Do conhecimento prévio da carência de infra-estrutura de Saneamento de umAssentamento no Estado de Sergipe, propõe-se um elenco de medidas alternativas deSaneamento Ambiental a curto, médio e longo prazo, para escolha, análise e/oujulgamento por parte da comunidade rural estudada, a fim de contribuir na preservaçãoambiental da área e na melhoria das condições de vida dos habitantes do local.

PALAVRAS-CHAVE: Saneamento Ambiental, Saúde, Qualidade de Vida, SoluçõesAlternativas.

I - INTRODUÇÃO

As condições de Saneamento têm sido determinante sobre a saúde de uma população econsequentemente sobre a qualidade de vida da mesma. No mais, verifica-se, também,que a infra-estrutura e a educação (higiene pessoal) devem caminhar juntas, para que oSaneamento atue como elemento básico de saúde preventiva.

Ainda sobre saúde, Minayo (MINAYO, 1992) assegura que a saúde, num sentido amplo,é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente,trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra, acesso a serviçode saúde, entre outros.

Até a década de 70, saneamento era entendido pelas práticas que permitiam sanar os

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos2

problemas de água e esgotos. Com isto, admitia-se que as soluções dos problemas desaúde entre os indivíduos já estavam resolvidos. Na atualidade, percebe-se que aquelasações por si só, não são suficientes para tornarem uma comunidade sob condiçõesadequadas de saúde, daí surgindo a necessidade do controle de outros fatores queenglobam a coleta e disposição final dos resíduos sólidos; incidência e controle devetores; controle da poluição do ar e da água; controle de ruídos; drenagem pluvial,entre outros. Essas ações resultam em atividades de saneamento ambiental. Este por suavez atua como instrumento equilibrador as condições dos rejeitos produzidos pelacomunidade, de modo que cheguem ao meio natural sem destruí-lo.

No Brasil, as ações de saneamento têm sido priorizadas para os centros urbanos dascidades. Pouco ou quase nada tem sido realizado nas zonas rurais. Isto, juntamente coma falta de outras infra-estruturas fazem com que as condições de vida no meio ruralcontinue precária. permitindo, em muitos casos, o esvaziamento de algumascomunidades. Com os movimentos sociais, pela luta da reforma agrária, pode até mudaressa situação, principalmente, quando da implantação de Agrovilas ou Assentamentopor parte do INCRA.

Neste trabalho, após o conhecimento das condições reais de Saneamento de umassentamento do INCRA em Sergipe, propõe-se um programa de SaneamentoAmbiental, através do uso de tecnologias simples, para o prévio julgamento e/ou escolhapor parte da comunidade.

II - METODOLOGIA APLICADA

O Assentamento objeto do presente estudo, foi escolhido levando em consideração ointeresse do INCRA em Sergipe e a própria localização do mesmo em relação àdistância (quanto menor mais prático). Desse modo foi escolhido o Assentamento 8 deMarço. que está situado no Município de ltaporanga D’ajuda, distando 35Km deAracaju. Também, foi preponderante para a escolha desse assentamento, a existência, nomesmo, de importantes nascentes de afluentes do Rio Poxim Açú, um dos mananciaisque abastece (em tomo de 40%) Aracaju, com água potável.

O Assentamento 8 de Março abriga 100 famílias (366 pessoas) distribuídas em 100lotes, que compreende uma área total de 1815 hectares, dos quais 1200 hectares comoárea aproveitável, 500 hectares de área de reserva e 115 hectares de área inaproveitavel.

De posse do diagnóstico das condições reais de saneamento e meio ambiente noAssentamento, preparou-se um programa mínimo de ações e projetos de SaneamentoAmbiental. embasado na literatura especializada; nas normas vigentes e na própriaexperiência dos autores, para análise e discussão junta à comunidade, para que a mesmapossa reivindicar a sua implantação junto às autoridades constituídas.

III - AS SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL PRO-POSTAS PARA O ASSENTAMENTO

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 3

Consoante ao levantamento realizado e às visitas empreendidas ao Assentamento 8 deMarço, que estão sistematizados no diagnóstico das condições de Saneamento(DALTRO FILHO e SANTOS, 2001), propõe-se a seguir algumas ações práticas deSaneamento Ambiental, para minimizar os problemas identificados. Essas soluções oupráticas podem ser postuladas, em dois momentos de forma a serem implementadascomo ações imediatas de Saneamento Básico e ações gerais de Saneamento Ambiental.

3.1 – Ações Imediatas de Saneamento Básico

Com vistas a minimização dos problemas atuais da água para o consumo humano, sãopropostas ações a curto, médio e longo prazo, conforme descreve-se a seguir:

a) Medidas a curto prazo

Essas medidas constituir-se-ão de:

♦ Isolar e proteger o minante, que serve como fonte de suprimento de água para apopulação.

Esse isolamento faz-se necessário, pois como já apresentado no diagnóstico, a águadaquela fonte está contaminada, devido ao contato direto das pessoas com utensíliospara a retirada da água, além da possibilidade de contato daquela água com a deenxurrada, carreando assim, sujeiras para a massa líquida.

O isolamento e proteção, constituir-se-ão de um poço de captação, de cerca para oisolamento e da desinfecção da água.

A figura 1 ilustra os dispositivos anteriormente descritos.

♦ Orientar a população a ferver a água antes de consumí-la.

Assim que as atividades da etapa anterior forem iniciadas, toda comunidade doassentamento já deve estar ciente da possibilidade de uso daquele minante e a utilizaçãode outras fontes de suprimento de água, para a bebida, far-se-á depois que cada usuáriofizer a fervura da mesma por um período mínimo de 10 minutos. Toda orientação para opreparo e uso da água será repassada à população através de reuniões junto à associaçãodos assentados, aos professores e alunos da escola existente no assentamento e atravésda distribuição de folhetos instrutivos.

♦ Ativação do poço tubular da COHIDRO, existente no Assentamento.

Paralelamente às ações já apresentadas, a comunidade deve estar consciente danecessidade de reivindicar junto a COHIDRO o pleno funcionamento do poço tubular láexistente. Como salientado no diagnóstico, o poço apresenta vazão muito abaixo dademanda, deixando a comunidade impossibilitada de consumir água potável, razão pelaqual tem sido praticada a exploração da fonte do minante e expondo a população aosriscos de contrair doenças.

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos4

Para efeito de conhecimento, até Maio/2000, estava em funcionamento um poçotubular, com vazão insuficiente, para uma necessidade média de 25.620 L/dia (para apopulação de 366 assentados e o consumo médio per capita de 70 L/hab.dia).

♦ Divulgação de hábitos higiênicos e práticas de proteção e descontaminação da água ede alimentos.

Essas atividades de práticas de educação Sanitária, serão dirigidas aos alunos da escola eàs mães de família da comunidade. Esses dois segmentos são justificados, em razão daimportância da criança na grande capacidade de percepção e aprendizagem de novoshábitos e ensinamentos. E as mães, pelo simples fato de serem elas as responsáveis reaispelas diversas atividades na casa , tais como: higiene domiciliar, das crianças, preparaçãode alimentos, entre outras.

Os mecanismos a serem utilizados, correspondem a práticas ilustrativas através depalestras; vídeos; textos em cartilhas; oficinas de práticas educativas com as crianças eas mães; visitas domiciliares para identificação de problemas e com apresentação desoluções; oficinas práticas de desinfecção, armazenamento e controle da água ealimentos.

Nas figuras 2 e 3 são apresentados alguns passos para os mínimos cuidados de proteçãode uma água e de alimentos.

b) Medidas a médio e a longo prazo.

Como ações de médio e longo prazos com previsão de serem realizadas num período deaté 2 anos) a fim de complementarem as já previstas no item anterior, são destacadas asseguintes ordens de prioridades:

♦ Implantação e/ou construção de sanitários (banheiros), nas habitações que ainda nãodispõem (40,54%). Para tanto, sugere-se através da figura 4 um banheiro modelo, ondeinclusive é reservado espaço para a pia e lavanderia.

♦ Implantação de sistema de Abastecimento de água.

Para esta prioridade e em razão da situação precária em que se encontra o assentamento8 de Março, em termos de suprimento de água para o consumo humano e as suasatividades fins, sugere-se uma das seguintes alternativas, em função da disponibilidadede recursos financeiros, por parte das instituições responsáveis:

Alternativa 01 - aqui designada de sistema de chafarizes (veja figura 5), onde sepretende fornecer água de boa qualidade à população, de forma indireta, através dechafarizes distribuídos estrategicamente na área urbanizada do assentamento. Estãoprevistos 8 chafarizes, cujo modelo apresenta-se na figura 6.

Com a solução apresentada, tem-se como manancial fornecedor da água o rio Riacho

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 5

Agua Menino. Para tanto haverá necessidade de tratamento da água, através de umasimples desinfecção, como atestam os resultados da análise de potabilidade daquelaágua, (DALTRO FILHO e SANTOS, 2001). Além da ETA, haverá necessidade dereservatório para armazenamento da água e garantir as condições adequadas de pressão.Também como parte dessa alternativa, é sugerido a implantação de uma lavanderiacomunitária, em razão da dificuldade das famílias disporem de suficiente quantidade deágua para essa atividade, assim como, para evitar ou desestimular a prática de lavagemde roupas nos rios do entorno do assentamento. Na figura 7, apresenta-se um modelo delavanderia.

E interessante destacar, que o manancial Riacho Água Menino, aqui sugerido, deveráser ratificado, caso o poço da COHIDRO seja inviabilizado. para o atendimento dademanda de água.

Alternativa 02- como uma segunda alternativa para o abastecimento de água éapresentado o modelo convencional, onde a população recebe a água direto nodomicilio. Esta alternativa é a mais segura e confortável, entretanto de custo maiselevado. Para este caso, o manancial e os demais componentes como ETA e reservatórioserão idênticos aos adotados na alternativa 01. A figura 8 ilustra esta opçao.

♦ Implantação de sistema para a disposição de fezes e demais águas servidas.

Em razão da particularidade da área urbana do Assentamento está situada nasproximidades de rios que formam a Bacia do Rio Poxim (que é urna das importantesfontes de suprimento de água de Aracaju) e da própria natureza do solo arenoso quepredomina no lugar, é imprescindível que os esgotos (fezes + urina + águas servidas) aígerados sejam convenientemente dispostos.

Para dotar a comunidade 8 de Março com mais uma infra-estrutura de saneamento ecom o objetivo de prevenir as doenças de veiculação hídrica e a proteção ambiental dasfontes hídricas lá existentes, descreve-se a seguir, quatro opções possíveis de seremaplicadas na área.

1ª opção: Disposição das fezes e urina em fossa seca.

A aplicação dessa técnica de saneamento deverá ser estendida aos 73,69% dosdomicílios do Assentamento, que dispõem esses excretas: no mato (34,22%), em buraco(38,16%) e os enterram (1,31%). Esta alternativa deve ser eleita, caso o fornecimento daágua á comunidade continue sendo a fonte (minante) ou a aplicação do sistema dechafarizes.

Para uma família média do Assentamento, uma fossa seca para funcionar, por umperíodo mínimo de dois anos, terá as dimensões apresentadas, no esquema da figura 9

2ª opção: Disposição das fezes, urina e águas servidas em fossa séptica/sumidouro.

Como no assentamento, somente 25% dos domicílios têm fossa séptica, faz-senecessário a adoção dessa infra-estrutura nos 75% restantes, desde que o abastecimentode água aos domicílios seja através de rede de água levando água direto a cada

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos6

domicilio. E bem verdade, que esta situação seria a ideal. Contudo, é também possível aaplicação das fossas sépticas no caso do fornecimento da água ser através de sistema dechafarizes.

Deve-se salientar, que essa alternativa é individual, como a anterior, e não ideal para ascondições ambientais do local. Para ilustração de uma fossa séptica que atenda umafamília típica do assentamento, tem-se a sua esquematização na figura 10

3 opção: Sistema de disposição coletiva dos esgotos (micro-sistemas).

Esta alternativa procura solucionar, de forma coletiva, a problemática da disposição dosesgotos do Assentamento através de redes de esgotos setorizadas, conforme pode ser,apreciado na figura 11. São apresentados, esquemas de três redes independentes, comtratamento sendo realizado por fossa séptica ou decanto-digestor (DAFA de fluxohorizontal) cujos efluentes são lançados em trincheiras de infiltração para plantio devegetais (gramíneas, capim de corte, etc.).

4 opção: Sistema convencional de disposição coletiva dos esgotos.

Esta Quarta opção, procura contemplar o Assentamento com um sistema de coleta dosesgotos de casa a casa, com um único tratamento, e em local, estrategicamenteposicionado (ponto o mais distante possível do Rio Poxim Açú e do Riacho ÁguaMenino) a fim de proteger as fontes de recursos hidrícos. A unidade de tratamentoconstituir-se-á de um decanto-digestor (DAFA de fluxo horizontal) mais uma unidadede pós tratamento, constituída por uma lagoa de estabilização. O efluente será lançadonum campo de infiltração, para o plantio de vegetais (gramíneas, capim de corte, entreoutros). Na figura 12 o destaque desta solução.

Estas duas últimas alternativas para a coleta, o tratamento e disposição final dos esgotosgerados no Assentamento, constituem-se em técnicas que propiciam maior proteção aoMeio Ambiente, embora de custo superior ás duas primeiras anteriormente discutidas.

Para facilitar a implantação das opções 3 e 4, recomenda-se que os trechos da rede sejamtodos eles de baixa profundidade (mínimo de 0,50 m), com caixas de inspeção de 0,60m x 0,60m e canalizações em PVC.

As soluções aqui apresentadas, como medidas de saneamento básico e a médio e longoprazo, estão sob forma esquemática , cujo detalhamento técnico e financeiro, ocorrerãoa partir do momento em que a comunidade optar pela solução, juntamente com asautoridades responsáveis pela gestão administrativa/financeira daquela comunidade.

3.2 - Ações gerais de Saneamento Ambiental

As ações gerais de Saneamento Ambiental, dizem respeito ás medidas: de proteçãoambiental das áreas verdes do entorno dos rios existentes no Assentamento; dadisposição do lixo produzido na comunidade e de um programa de educação ambiental,para permitir o pleno convívio da comunidade com o meio natural do assentamento.Essas medidas estão planejadas, para serem executadas em dois momentos , sendo um a

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 7

curto prazo e outro a médio e longo prazos.

a) Medidas a curto prazo.

♦ Implantação de programa de conscientização da comunidade.

É um programa de ação imediata e concomitante às medidas de saneamento básico paraesclarecer a população, quanto a importância de preservar as matas do entorno dosrecursos hídricos, constituídos pelos: Rio Poxim Açú; Riacho Agua Menino; Riacho dolote do Jabá; Fonte do lote de Joselito e a fonte do minante , entre outros.

Esse programa terá seu inicio na escola com a preparação dos professores, para emseguida os estudantes e os adultos, principalmente os homens, que são, muitas vezes, osagentes promotores de derrubadas das matas.

As práticas de conscientização constituir-se-ão de palestras, apresentação de vídeos epasseios aos locais mais críticos da comunidade. Para complementar os ensinamentos,será fornecida uma cartilha ilustrada, que detalha toda as ações de proteção ambiental deum recurso hídrico, a fim de orientar a comunidade assentada.

♦ Programa para o disciplinamento do acondicionamento e disposição do lixo.

Entre os problemas ambientais da atualidade, estão aqueles provocados pela mádisposição dos resíduos sólidos (lixo). Esta situação tem sido mais acentuada devido agrande quantidade de plástico presente no lixo. Portanto, e pertinente que haja odisciplinamento para o armazenamento e disposição do lixo, mesmo numa zona rural,como é o caso do Assentamento 8 de Março.

Fundamentado no diagnóstico sobre a disposição do lixo, realizado durante olevantamento das condições de saneamento no assentamento, propõe-se como programapara o disciplinamento da problemática do lixo, as seguintes atividades e/ou ações:

1) Acondicionamento do lixo - O acondicionamento do lixo é a prática doarmazenamento do lixo no domicílio, em recipientes (vasilhas) mantidos fechados edistantes de vetores alados, como: cão, gato, gado, etc. Este acondicionamento poderáser feito nos mais diversos recipientes (saco plástico, lata, caixa de madeira, entreoutros).

O armazenamento do lixo, mesmo que temporário, impedirá que o mesmo se espalhe nosolo, tal qual acontece com o papel e o plástico, que são facilmente transportável pelovento. Isto resultará na contaminação do solo, devido a necessidade de longo período detempo para a sua degradação (papel de 3 a 6 meses e plástico mais de 100 anos), alémde emporcalhar o ambiente com o seu aspecto estético nada adequado e colocar emriscos o gado.

2) Disposição final do lixo - Pelo levantamento realizado, os assentados têm priorizadoa queima (56,63%) como a principal forma de se livrar do lixo. Mesmo assim, percebeu-se que 16,87% daquela comunidade, tem disposto o lixo em terrenos baldios, que éportanto, um prática prejudicial ao Meio Ambiente e à própria população.

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos8

Como sugestão para a disposição final do lixo, apresenta-se um programa global, queobjetiva a recuperação de certos componentes do lixo e a proteção ambiental do local.

O programa constitui-se de um elenco de atividades, práticas e de instrumentalizaçãoque vão desde a mudança de atitudes, para a separação do lixo, no domicílio, á suacondução em postos de coleta, como ao aproveitamento de certos componentes e adisposição da parcela não aproveitável. Essa operação pode ser assim descrita:

♦ Separação dos componentes vidro, metal (latas de alumínio e ferro etc.) e restos defrutas, verduras e/ou alimentos (parcela orgânica) dos demais elementos do lixodomiciliar;

♦ No final de cada dia ou em dias alternados, conduzir o papel, metal e a sobra do lixo,a um dos 14 postos de coleta (cesta para coleta) conforme apresentado na figura 13;

♦ Os restos de frutas, verduras e alimentos (caso estejam disponíveis) podem seraplicados diretamente nas plantações, como adubo;

♦ Semanalmente recolher de cada posto de coleta, os tonéis (veja detalhes na figura 14)contendo vidro e metal, para a unidade de armazenamento, a fim de seremcomercializados. E o tonel dos outros componentes do lixo (papel, plástico, etc.), levá-loà unidade de queima ( veja a sua posição no esquema da figura 13);

♦ O material (restos) resultante da queima deve ser conduzido para o enterramento , emlocal e unidade especificada para este fim (veja posicionamento na figura 13);

A operacionalização dessas práticas, devem ser antecedidas de um programa deconscientização e treinamento da população e dos dirigentes comunitários sobre asatividades a serem implantadas.

No esquema apresentado na figura 13, a posição da unidade de incineração foiestrategicamente escolhida, para evitar o retorno da fumaça à comunidade. Portanto, olocal está fora da área urbanizada e a jusante dos ventos dominantes.

Quanto à unidade de aterramento, procurou-se localizá-la o mais distante dos recursoshídricos em uso no Assentamento.

b) Medidas a médio e a longo prazos

Como medidas gerais de saneamento Ambiental, para médio e longo prazos, sugere-se aimplementação de instrumentos de gestão ambiental através de práticas educativas emcaráter permanente, para a preservação ambiental da área em foco. Portanto, serãodefinidas ações e práticas da educação ambiental não formal, com o fim de permitir aorganização e a participação da comunidade assentada, na tomada de decisões, paramelhoria da qualidade do seu meio natural. Far-se-á uso da Metodologia Estratégica, emaplicação na Universidade Federal de Santa Catarina pelo Prof. Daniel José da Silva(SILVA, 1997).

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 9

IV - CONCLUSÃO

Fundamentado no levantamento realizado, constatou-se a precariedade das condições desaneamento no Assentamento 8 de Março, razão pela que foram propostos ações emdois níveis de atuação consideradas imediatas e de prazos mais estendidos. O elenco demedidas ou práticas de Saneamento Ambiental, aqui proposto, para a escolha, análisee/ou julgamento prévio por parte da comunidade do 8 de Março – a fim de reivindicarsua implementação, junto às autoridades constituídas – contribuirá de algum modo, napreservação ambiental do entorno e consequentemente na melhoria das condições devida da população local.

V – BIBLIOGRAFIA

1. BOLETIM DE LA OFICINA SANITÁRIA PANAMERICANA. (1978). Normas deSaneamento – Oficina Regional de la Organización Mundial de la Salud.

2. CHATEAU BRIAND, Annunziata Donaldio. (1999) Gestão, Saneamento e EducaçãoAmbiental em parceria com a comunidade: uma experiência no Tupé, Manaus-AM. 20ºCongresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro-RJ.

3. CIHIDRO – (1999). Informes Técnicos sobre poços construídos no Assentamento. Aracaju-Se.4. DACACH, Nelson Gandur. (1990). Saneamento Básico. Editora Técnico/Científica. Rio de

Janeiro-RJ.5. DALTRO FILHO, José. (1999). Saneamento no Meio Rural. DEC/CCET/UFS. Pp25.

Aracaju-Sergipe.6. DALTRO FILHO, José. SANTOS, Denise Conceição de Góis. (2001). Avaliação das

Condições de Saneamento num Assentamento do INCRA em Sergipe 21º CongressoBrasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. João Pessoa-Paraíba.

7. INCRA. (1999). Informes sobre o Assentamento 8 de Março. Aracaju-Sergipe.8. MINAYO, Maria Cecília de Souza. (1992). A Saúde em Estado de Choque. Rio de Janeiro-RJ.9. SANTOS, Denise Conceição de Góis (2000). Proposta de um Programa de Saneamento

Ambiental, para uma Comunidade de Assentados do INCRA/SE.Relatório de Pesquisa de Iniciação Científica.PIBIC/CNPq/UFS. 65p. Aracaju-Sergipe.

10. SILVA, Daniel José da. (1997). Curso de Capacitação Estratégica em Educação Ambiental.Laboratório de Educação Ambiental da UFSC. Florianópolis-SC.

VI – AGRADECIMENTOS

Os autores aproveitam o ensejo para agradecer ao CNPq, pelo apoio na concessão de bolsa de

Iniciação Científica (PIBIC/CNPq/UFS); à Universidade Federal de Sergipe pelo suporte logístico,

para execução do presente trabalho; ao INCRA/SE pelo interesse demonstrado e pelas informações

fornecidas, e, aso assentados por acreditarem no nosso trabalho e no grande interesse que

demonstraram em conhecer suas realidades, como metas de suas lutas constantes.

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

10

PLANTA

1,00

H

FIGURA 01 – ESQUEMA DO SISTEMA DE CAPTAÇASSENTAMENTO 8 DE MARÇO

Anéis deConcreto

ABES – Trabalhos Técnicos

cerca

1,20m

ÃO DA ÁGUA DO MINANTEescala 1:50

ANÉIS DE CONCRETO (COM FUROS)

BRITA Nº 3

H > 1,50

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos

DESINFECÇÃO DE ÁGUAS DE FONTES (ÁGUA LÍMPIDA) DESINFECÇÃO DE ÁGUAS CORRENTES (TURVAS)

* Para quem usa caixad’água, encher e adicionar 5colheres de sopa de ÁguaSanitária para cada 1000litros de água e misturar bem.Após 30 minutos a águapoderá ser consumida

* Para quantidadesmenores, colocar umacolher das de chá deÁgua Sanitária para cada20 litros de água.Misturar bem e, após 30minutos, esta águapoderá ser consumida.

* Caso haja consumo de água diretamente denascentes, poços ou rios que não estejam límpidos,sugere-se primeiramente filtrar esta água e, emseguida, colocar uma colher de chá de Água Sanitáriapara cada 20 litros de água. Misturar bem e após 30minutos esta água poderá ser consumida.

ATENÇÃO

Faça limpeza edesinfecção freqüente deseu filtro (15 em 15 dias),utilizando água e águasanitária

* Caso seja para apenasum litro d`´agua adicione2 gotas de ÁguaSanitária. Misturar beme, após 30 minutos, estaágua poderá serconsumida.

Fonte: ABICOLOR/OPAS-OMS/ABES-AIDIS, 2000Figura 2 – Folheto ilustrativo dos cuidados para a descontaminação de uma

Com a supervisão de um técnico habilitadofaça um clorador conforme ilustrado aseguir:Você vai precisar de 1 garrafa plástica de1,5 litros (dessas de refrigerantes) e 1esponja de vavar pratos, sem uso

Corte a esponja empequenos pedaços ecoloque-os dentro dagarrafa até um poucoacima da metade

Coloque meio copode Hidroclorito deSódio

Tampe e agitebastante

Amarre umfio ou cordãono gargalo dagarrafa

Amarre um contrapesopara que a garrafafique totalmente dentroda água

Com uma agulha, façadois furos na parte decima da garrafa

CONROLE OTEOR DO CLORONormalmente a Hipoclorito de reabastecida a cadpode variar em funç

Para instalarobserve aorientação aseguir

Amarre bemfirme

Coloque agarrafa abaixodo nível daágua

Contrapeso

Água limpa,livre de cólera

ATENÇÃO

RESIDUALgarrafa deSódio é

a 7 dias, masão do volume

11

água.

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

12

HIGIENE PESSOAL

Lavar asmãos comágua esabão, eescovar asunhas (quedevem sermantidascurtas)

LAVAGEM DE VERDURAS, FRUTAS E HORT

1. Coloque numa bacia comÁgua Sanitária naproporção de uma colher desopa de Água Sanitáriapara cada litro de água.

2. Lave as verduras, frutase hortaliças com águacorrente em abundância, edepois mergulhe-se por 30minutos na bacia plásticapreparada anteriormente,agitando-asocasionalmente.

3. Lavar novamente comágua de torneira para retirara Água Sanitária.

AT A mistura de água com Água Sanitária,na desinfecção dos alimentos não dingerida. Recomenda-se seu aproveitamea lavagem de pias, pisos, bancadas e udomésticos em geral, incluindo toalhas e plimpeza.

* Antes de preparar qualquer alimento

* Após lavar as verduras e frutas

* Antes de sentar à mesa para comer

* Antes de alimentar seu bebê

* Após trocar as fraldas do bebê

* Após ir ao banheiro.

ABES – Trabalhos Técnicos

ALIÇAS

O Hidroclorito de Sódio é utilizadopara limpeza e desinfecção doslocais de produção de laticínios eprática de ordenhas na produçãode leite.

Preparar uma solução naproporção de 40 gotas deHipoclorito de Sódio para cadalitro de água.

Utilizar essa solução paradesinfecção de materiais porimersão e para a higiene antes deordenha (mão e úbere da vaca).

PRODUÇÃO DE LEITE ELATICÍNIOS

Na limpeza das instalações(lavagem) adicionar 2 litrosde Água Sanitária ou 2copos de Hipoclorito deSódio em cada 1000 litrosde água em reservatório nolocal e proceder a lavagem.

ENÇÃO utilizadaeve sernto paratensíliosanos de

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 13

Fonte: ABICOLOR/OPAS-OMS/ABES-AIDIS, 2000Figura 3 – Folheto ilustrativo dos cuidados com a higiene pessoal e dos alimentos.

BANHEIRO MODELO

Lavanderia Projeção do telhado

Pia projeção do reservatório

BanheiroA

0,15 0,15 1,60 1,20 0,15

planta baixa

Escala 1:30

Corte A-A

FIGURA 04 – Esquema Geral de um Banheiro Modelo.

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técn14

0,15

NM

q – I q – H q – G q – F q - E

Q - J

FIGURA 05 – SISTEMA DEABASTECIMENTO DE ÁGUA –ALTERNATIVA Nº 01 SISTEMA DE CHAFARIZ

0,20

Quadra A Quadra B Quadra C Quadra D

Riacho do menino

q - Mq - L

0,10

0,30

0,70

LEGENDA Captação

ETA

Reservatório

Chafariz

Lavanderiacomunitária

icos

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 15

3,00

0,90

1,60

1,60FIGURA 06 – ESQUEMA DO CHAFARIZ MODELO

1,5 1,50 1,5 2,68 1,5

BANHEIRO

ADMINISTRAÇÃO

1,50 0,70 0,20 0,70 1,50

A A

0,50 PLANTA BAIXA

ESCALA 1:50

Corte A - A

FIGURA 07 – ESQUEMA DA LAVANDERIA COMUNITÁRIA

0,60

0,50

2,00

1,50

1,50

5,40

1,50

2,10

2,30

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos T16

N M

FIGURA 08 – SISTEMA DEABASTECIMENTO DE ÁGUA – ALTERNATI02 SISTEMA CONVENCIONAL

Riacho do menino

LEGENDA

Captação

ETA

Reservatório

écnicos

VA Nº

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 17

0,15 SUSPIRO

A A 1,0

veja detalhe

0,151,00

2,20

1,80

PISO 0,07

0,20 0,20

X X X X X X X X X X X X X X X X X

X X

X XCORTE – A A

X X 1,50

X X

X X

X X X X X X X X

NL Freático 1,50

FIGURA 09 – ESQUEMA DE UMA FOSSA SECA

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

18

suspiro 0,95 (ventilação)

A

Tubo de desc

PL

D 0,10

D 0,06

1,20

CORTE – A

FIGURA 10 – ESQUEMA DE UM

0,60 x 0,60

inspeção

FOSSA

A

ABES – Trabalhos Técnicos

arga SUMIDOURO

ANTA BAIXA

suspiroDN 75 mm

N 150 m m

N 100 m mDN 100

0,30 0,40

1,10

FOSSA

SUMIDOURO

4,30

A

A FOSSA SÉPTICA

1,50 NL Freático

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos

N M

FIGURA 11 – SISTEMA DE DISPOSIÇÃO COLETIVA DOS ESGOTOS – Alternativa

∈infiplan

insp

LEGENDA Trecho de Rede

De Esgoto

Fossa Séptica

Valas deltração com otio de vegetais

Caixa deeção

19

nº 03

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos T20

N M

FIGURA 12 – SISTEMA DE DISPOSIÇÃO COLETIVA DOS ESGOTOS – Alternativ

C

rede

cinfi c v

LEGENDAaixa de inspeção

Trecho de

De esgoto Tratamento do esgoto

ampo deltraçãoom o plantio deegetais

écnicos

a nº 04

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 21

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos T22

cole

Uque D

U A P

N M

FIGURA 13 – ESQUEMA ALTERNATIVO MOSTRANDO OS POSTOS DECOLETA E DISPOSIÇÃO DO LIXO

LEGENDA

Ceste parata Seletiva do lixo

(ver detalhe)

nidade deima

e parcela do lixo

nidade deterramento dearela dO lixo

Unidade para compactação earmazenamento

écnicos

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES –Trabalhos Técnicos 23

2,00

1,00

1,00

0,15

FIGURA 14 – DETALHE DA CESTA PARA COLETA SELETIVA DO LIXO

VIDRO METAL OUTROS