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VIDAS EM SEGREDOS CAPÍTULO 7 PÁGINA 1

VIDAS EM SEGREDOS

Novela de

RÔMULO GUILHERME

Criada e escrita por

RÔMULO GUILHERME

Personagens deste capítulo

EDUARDO

SOFIA

FRANCISCO

EMILIANA

RUTH

SOCORRO

GUTEMBERG

AYMÉE

LUCAS

OLGA

CRISTIANO

STELLA

KIKO

JUDITH

JÚLIA

ANA CECÍLIA

LÁZARO

CAMILO


CENA 01. CASA DE SOCORRO. FRENTE. EXT. TARDE

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO

ANTERIOR.

EDUARDO JOGA NO CHÃO, COM RAIVA, AS ROUPAS DE BEBÊ

QUE SOCORRO COMPROU.

SOCORRO – Eu posso explicar, Eduardo.

EDUARDO – (NERVOSO) Explicar o quê, Sofia? Vai

tentar me enganar de novo? Você nunca esteve

grávida de um filho meu. Você mentiu sobre aborto.

Arrumou essa desculpa para que eu não terminasse

essa relação sem sentindo que existe entre nós

dois, já que eu não te amo.

SOCORRO – Foi tudo por amor. Pelo enorme amor

que sinto por você!

EDUARDO – Eu não te amo. E tenho certeza que

você sente isso. Porque você não vai atrás de

alguém que te queira de verdade, que te ame da

forma como você mereça ser amada. Pois eu não te

amo. Espero que você entenda isso de uma vez. Eu

amo a Sofia e é com ela que eu serei feliz!

EDUARDO VAI CAMINHANDO, INDO EMBORA, PISANDO EM

CIMA DAS ROUPINHAS.

SOCORRO – Deixa eu explicar...

UM TÁXI PASSA. EDUARDO FAZ SINAL E ENTRA. ELE VAI

EMBORA, DEIXANDO SOCORRO ALI.

CENA 02. CASA SOCORRO. SALA. INT. TARDE

RUTH ESTÁ NERVOSA COM SOCORRO.

RUTH – Sua idiota! Como você comete uma

burrice dessa?


SOCORRO – Como eu podia adivinhar que ele

chegaria primeiro que eu? Eu não poderia

simplesmente esconder a sacola na bolsa, na frente

dele. O Eduardo não é nenhum retardado!

RUTH – Agora vai ficar tudo muito mais

difícil.

SOCORRO – Do jeito que a senhora fala parece

que foi até de propósito.

RUTH - Se ele tivesse terminado com você,

simplesmente por terminar, você poderia ter alguma

chance. Mas agora, sabendo que você mentiu,

inventou uma gravidez que nunca existiu, ele não

vai querer te ver nem pintada de ouro.

SOCORRO – A senhora que é tão esperta vai

pensar em algum bom plano pra que possamos

reverter essa situação.

RUTH – Você vai ter que demonstrar de alguma

forma, convencê-lo, a confiar em você novamente.

Que foi uma mentira por amor!

SOCORRO – Eu duvido muito que ele vá

acreditar. Do jeito que o Eduardo falou, ele está

realmente apaixonado por aquela insossa.

RUTH – Precisaremos ser bastante maquiavélicas

para separar esse casalzinho.

SOCORRO – E como foi lá com o Francisco?

RUTH - Ao contrário de você eu sei desempenhar

meu papel muito bem. Consegui fazer com que o

Francisco descobrisse que o Eduardo é apenas seu

meio irmão e é filho de pai rico. Agora é só você

se aproximar dele e trazê-lo pro nosso lado. (T)


Seremos três, ou melhor, duas cabeças pensantes,

já que a sua não conta, empenhados no propósito de

ficarmos com todo o dinheiro que o Eduardo

herdará!

CENA 03. PRAIA. EXT. ANOITECENDO

EDUARDO CAMINHA DESCALÇO, PENSATIVO. JÁ ESCUTAMOS

O INÍCIO DA CENA SEGUINTE.

EDUARDO – (OFF) Ela mentiu pra mim, mãe...

CENA 04. BAR. SALÃO. INT. NOITE

EMILIANA E EDUARDO CONVERSAM SENTADOS NUMA MESA.

FRANCISCO ESTÁ NO BALCÃO.

EDUARDO – Mentiu sobre a gravidez. Nunca

existiu nenhum filho!

EMILIANA – Então a Ruth mentiu pra mim também,

quando falou que era verdadeira essa gravidez da

Socorro.

EDUARDO – Se ela mentiu pra mim, com certeza

deve ter mentido pra madrinha dela também.

FRANCISCO JOGA UMA INDIRETA.

FRANCISCO – Tem muita gente que mente por aí,

escondendo coisas, segredo...

EDUARDO – O que você falou, Francisco?

EMILIANA – (BRAVA) Vai pra dentro, Francisco.

Frita aqueles pastéis que eu já deixei pronto lá

no tabuleiro.

FRANCISCO JOGA COM RAIVA O PANO QUE SEGURAVA E

ENTRA PRA COZINHA.


CENA 05. BAR. COZINHA. INT. NOITE

FRANCISCO ENTRA NERVOSO.

FRANCISCO – Eu vou corrigir essa injustiça que

Deus cometeu. Eu mereço ser rico, ter uma vida boa

e não viver desse jeito, nessa pobreza,

trabalhando nesse bar, que qualquer dia eu coloco

fogo. Mas depois eu cuido desse bar.

FRANCISCO PEGA UMA FACA GRANDE.

FRANCISCO – Agora tenho é que cuidar do meu

irmão! Hoje a noite ele terá uma grande surpresa!

CENA 06. BAR. SALÃO. INT. NOITE

CONTINUAÇÃO DA CENA 04. EDUARDO E EMILIANA.

EDUARDO – Eu vou atrás da Sofia e contar tudo

pra ela. Explicar o que aconteceu e tentar fazer

as pazes com ela.

EMILIANA – Espera um pouco, meu filho. A Sofia

está cansada, se recuperando do acidente, do que

ela descobriu sobre a Socorro, tem também a briga

com a família dela... enfim! É muita coisa que

aconteceu e ela deve estar precisando descansar.

Colocar a cabeça no lugar. Vai atrás dela amanhã.

Vocês dois estarão com os corações mais calmos e

abertos pra um escutar o outro sem briga,

discussão.

EDUARDO – Ela é a mulher da minha vida. É com

ela que eu quero viver uma linda história de amor,

como foi a da senhora e do pai.

EDUARDO ABRAÇA EMILIANA.


CENA 07. APTO DE LUCAS. QUARTO. INT. NOITE

AYMÉE ENTRA NO QUARTO FALANDO, TRAZENDO UMA

BANDEJA COM LANCHE.

AYMÉE – Fiz um lanche bem leve pra você.../

AYMÉE SE CALA QUANDO VÊ SOFIA DORMINDO.

AYMÉE – Coitada, deve estar muito cansada.

CORTA PARA AYMÉE COBRINDO SOFIA. ELA APAGA A LUZ E

FECHA A PORTA.

CENA 08. AEROPORTO GALEÃO. DESEMB INTERNACIONAL.

INT. NOITE

JUDITH E JÚLIA ESTÃO ESPERANDO ANA CECÍLIA.

JUDITH – Quanta ansiedade, meu Deus!

DEPOIS DE ALGUNS OUTROS PASSAGEIROS, ANA CECÍLIA

APARECE EMPURRANDOS SEU CARRINHO. ASSIM QUE VÊ A

MÃE E A IRMÃ, ANA LARGA TUDO E VAI ABRAÇAR AS

DUAS, JÁ EM PRANTOS.

ANA CECÍLIA – Que saudade eu estava de vocês

duas...

JÚLIA – E a gente de você, minha irmã!

ANA CECÍLIA – Eu preciso tanto de vocês do meu

lado.

JUDITH – Agora vai ficar tudo bem. Você está

com sua família, que te ama muito e estará sempre

do seu lado.

JÚLIA PEGA O CARRINHO DE ANA, QUE SEGUE ABRAÇADA

COM JUDITH, QUE BEIJA MUITO A FILHA, FELIZ POR SUA

VOLTA.


CENA 09. APTO DE JUDITH. QUARTO ANA E JÚLIA. INT.

NOITE

ANA SENTA NA SUA CAMA, ARRAGA SEUS BICHINHOS DE

PELÚCIA, FELIZ, CHEIA DE SAUDADES. JÚLIA E JUDITH

OBERSERVAM.

ANA – Que saudade eu estava dessa casa, da

minha cama...

JUDITH – Deixei sua cama do mesmo jeito de

quando você foi embora.

JÚLIA – (BRINCA) Se eu pegasse um dos seus

bichinhos de pelúcia o mundo vinha abaixo!

AS TRÊS RIEM.

JUDITH – Deixa de ser exagerada, Júlia.

ANA – É muito bom voltar pra casa. Mas eu não

queria ter voltado desse jeito, nessa condição,

brigada com o Kevin...

JUDITH SENTA PERTO DE ANA.

JUDITH – Não pensa nisso agora, filha. Você

tem que descansar.

JÚLIA – Foi uma viagem longa e cansativa, Ana.

Você agora carrega uma criança, uma outra vida!

JUDITH – Eu vou marcar uma consulta na nossa

ginecologista, pra saber como está sua gravidez.

ANA ABRAÇA JÚLIA E JUDITH.

ANA – (EMOCIONADA) Que saudade! Acho que nunca

mais deixo vocês.

AS TRÊS CAEM RINDO NA CAMA.

CENA 10.MOTEL. QUARTO. INT. NOITE

OLGA E CRISTIANO ACABARAM DE TRANSAR.


OLGA – Um presente pra você.

OLGA ESTREGA O RELÓGIO QUE COMPROU PRA CRISTIANO,

QUE FICA SURPRESO COM O PRESENTE.

CRISTIANO – Não precisava...

OLGA – É claro que precisava. Você merece

muitos presentes. Coloca, vai!

CRISTIANO COLOCA O RELÓGIO E O FICA ADMIRANDO.

OLGA – Eu tinha que te dar um presente a sua

altura. Quando vi esse relógio, eu sabia que ia

ficar bom e você! Um relógio caro e bonito. Assim

como você: caro e muito bonito, maravilhoso!

CRISTIANO – É dessa forma que ganho a vida,

meu trabalho. Cobro caro porque sei que faço bem

feito.

OLGA - Você é igual a mim, gosta de coisa boa,

cara. Reconheço de longe gente assim, com essas

mesmas características.

CRISTIANO – Isso é verdade. É por isso que eu

trabalho muito pra conseguir ter tudo do bom e do

melhor que eu sempre quis e almejei.

OLGA – Tem uma forma de você conseguir tudo o

que você quer de uma maneira bem mais rápida.

CRISTIANO – E aquele papo de exclusividade que

você falou no celular antes de desligar?

OLGA – Sim. O que você acha? Você sabe que eu

pago até mais do que você pode. E comigo, o que

não vai lhe faltar são mimos, presentes,

viagens... uma vida cheia de luxo, riqueza,

conforto.


CRISTIANO – E em troca eu seria exclusivamente

seu. Quero dizer, faria programas só com você.

OLGA – Em outras palavras mais condizentes com

o momento: se relacionaria só comigo.

CRISTIANO - É uma proposta bastante

tentadora... Mas e se você cansar de mim, me der o

pé na bunda? Como eu fico?

OLGA – Com a vida que eu tenho, com o marido

que eu tenho, nunca que vou me cansar de você,

Cristiano. Teremos apenas que sermos discretos.

CRISTIANO – Sou bastante discreto. Tanto por

quem está comigo, como pela minha vida particular.

(PRA SI) Tenho muito o que perder também...

OLGA - Mas com o meu marido se recuperando,

creio eu que não teremos grandes problemas pra nos

encontrarmos.

CRISTIANO – Mas eu não dei minha resposta

ainda.

OLGA – (BRINCA) Não pensa muito, que eu posso

acabar oferecendo essa mesma proposta para um

garotão tão bonito como você.

CRISTIANO – Você vai me dar tudo o que eu

quero? Realizar todas minhas vontades?

OLGA – Contanto que você realize as minhas,

das mais intimas, até as mais ousadas, você terá

uma vida de rei!

CRISTIANO SORRRI, CONTENTE PELO QUE ACABA DE

OUVIR.

CRISTIANO – Se é assim eu aceito! Vamos nos

entender muito bem diante desse acordo.


OLGA – Só espero que você não descumpra o

trato. Fico furiosa quando tentam me enganar,

passar pra trás. Me transformo numa verdadeira

demônia.

CRISTIANO – Parecida com essa que vejo na

cama?

OLGA – Muito pior! Pois essa na cama você

controla. Mas a outra, não a ninguém quem me

segure! (T) Agora chega de papo. Estou pronta pro

segundo tempo e você?

OLGA LEVANTA A TOALHA E SORRI.

OLGA – Que delícia... Está do jeito que eu

gosto!

CRISTIANO – Comigo não tem ponto morto não!

Estou sempre engrenado na primeira!

CRISTIANO AVANÇA EM OLGA E OS DOIS VÃO PRA DEBAIXO

DO LENÇOL.

CENA 11. MANSÃO FLAMBOY. SALA. INT. NOITE

GUTEMBERG ESTÁ SENTADO, LENDO UMA REVISTA,

ENQUANTO TOMA CHÁ. AYMÉE ENTRA.

AYMÉE – Boa noite, meu sogro. Está melhor,

depois do susto?

GUTEMBERG – Estou bem sim, Aymée. Obrigado por

perguntar.

AYMÉE – Falando em perguntar, não vai

perguntar como está sua neta não?

GUTEMBERG – Que neta? Eu não tenho neta!

AYMÉE – Eu tenho pena do senhor, sabia.

GUTEMBERG – (SURPRESO) Pena?


AYMÉE - Pena por ser tão frio, insensível,

desse jeito.

GUTEMBERG – (BRAVO) Olha como você fala

comigo, Aymée! Você está na minha casa!

AYMÉE – Vai me expulsar também?

GUTEMBERG E AYMÉE SE ENCARAM.

GUTEMBERG – Eu não entendo como meu filho pode

se casar com uma mulher como você.

AYMÉE – Amor! Sabe o que é isso? Foi por esse

sentimento e por tantos outros que o Lucas se

casou comigo.

GUTEMBERG TOMA UM GOLE DO SEU CHÁ E VOLTA A SE

CONCENTRAR NA REVISTA.

AYMÉE – Nem com a morte do filho essa pedra de

gelo que o senhor tem no lugar do coração, deixou

de derreter um pouquinho. (T) O mundo dá voltas.

Dessa vez foi a Sofia quem precisou do senhor. Mas

amanhã pode ser o senhor quem precise dela.

GUTEMBERG – Tá me rogando alguma praga?

AYMÉE – Não é praga, Gutemberg. Estou apenas

profetizando o que sempre acontece. Quando a

pessoa não aprende pelo amor, aprende pela dor. E

será dessa forma que o senhor aprenderá a

valorizar os outros. (T) Vou pro meu quarto.

(SUBINDO) Com licença.

AYMÉE VAI PRO SEU QUARTO. GUTEMBERG FICA TÃO

INCOMODADO COM O QUE ACABOU DE OUVIR, QUE DEIXA A

REVISTA DE LADO.


CENA 12. CASA EMILIANA. QUARTO EDUARDO. INT. NOITE

EDUARDO ESTÁ DEITADO, MAS COM OS OLHOS ABERTO. ELE

NÃO CONSEGUE DORMIR. ANCIOSO, LEVANTA, ANDA PELO

QUARTO E VAI ATÉ NA JANELA. FICA ADMIRANDO O CÉU.

EDUARDO – Eu tenho certeza que vamos ser

felizes, Sofia. O amor verdadeiro vence tudo,

qualquer barreira que possa impedir de um casal

ser feliz.

CENA 13. APTO DE STELLA E KIKO. QUARTO DELES.

INT.NOITE

STELLA ESTÁ PASSANDO CREME PELO CORPO. KIKO ESTÁ

OLHANDO SUA AGENDA.

STELLA – O que você está fazendo Kiko, que não

tira os olhos dessa agenda?

KIKO – Tô dando uma olhada nos pacientes que

eu tenho marcado pra amanhã.

STELLA - To falando e você nem presta atenção.

KIKO FECHA SUA AGENDA.

KIKO – Pronto! Pode falar.

STELLA – (FELIZ) Conheci uma pessoa

superinteressante hoje. Ela chama Anita. A gente é

meio diferente, temos gostos diferentes, mas,

mesmo assim, criei uma simpatia por ela. Tanto que

a chamei pra gente vir aqui qualquer dia desses,

tomar um café. E fiz questão de já intimá-la

conhecer nossa mansão na Barra, quando ela já for

inteirinha nossa.

KIKO COLOCA SUA AGENDA NA ESCRIVANINHA E SE AJEITA

NA CAMA, PRONTO PRA DORMIR. ENQUANTO STELLA FALA,


KIKO PEGA NO SOLO.

STELLA – Foi um encontro tão inesperado. A

gente acabou batendo nossos carinhos de compras,

no supermercado...

STELLA CONTINUA FALANDO, SEM AÚDIO, SEM PERCEBER

QUE KIKO JÁ ESTÁ DORMINDO. SÓ QUANDO ELE COMEÇA A

RONCAR QUE ELA SE DÁ CONTA QUE O MARIDO ESTÁ JÁ NO

DÉCIMO SONO.

CENA 14. APTO DE STELLA E KIKO. QUARTO RODRIGO.

INT. NOITE

RODRIGO ESTÁ SENTADO EM SUA ESCRIVANINHA. ELE

FINALIZA UM DESENHO DE ANITA.

RODRIGO – (VOZ) O que está acontecendo comigo?

Estou me ligando muito a ela... (OLHANDO PRO

DESENHO) A você, Anita!

RODRIGO PEGA O DESENHO E DÁ UNS ÚLTIMOS RETOQUES.

ELE VAI PRA SUA CAMA, RECOSTA E FICA ADMIRANDO O

DESENHO DE ANITA.

CENA 15. CASA EMILIANA. QUARTO EDUARDO. INT. NOITE

EDUARDO ESTÁ DEITADO, DORMINDO. ELE ESTÁ VIRADO DE

COSTA PRA PORTA. PASSA UNS SEGUNDOS A PORTA SE

ABRE. VEMOS O CHINELE DE FRANCISCO ADENTRANDO NO

QUARTO. PELO ESPELHO VEMOS QUE FRANCISCO ESTÁ

SEGURANDO A MESMA FACA, QUE ELE SEGUROU NA CENA

05. CAMINHA EM DIREÇÃO A CAMA DE EDUARDO.

FRANCISCO – (VOZ) Vou fazer o que eu devia ter

feito há muito tempo!

FRANCISCO SE PREPARA PARA DAR UMA FACADA EM


EDUARDO, QUANDO EMILIANA, QUE VEIO DA COZINHA

TRAZENDO UM COPO DE ÁGUA, PASSA E VÊ TODA A CENA.

ELA GRITA E DEIXA O COPO CAIR NO CHÃO.

EMILIANA – Nãooooo!

FRANCISCO SE ASSUSTA, MAS NÃO VOLTA ATRÁS EM SUA

AÇÃO. ELE PARTE PRA CIMA DE EDUARDO, QUE ACORDA

COM O GRITO DA MÃE, A TEMPO DE ESCAPAR DA FACADA

CERTEIRA, QUE ATINGE A CAMA. EDUARDO SEGURA A MÃO

DE FRANCISCO, QUE CARREGA A ARMA, NO AR.

EMILIANA – (DESESPERADA) Larga essa faca.

EDUARDO – Faz o que a mãe está mandando,

Francisco. Vamos sentar e conversar.

FRANCISCO – Eu não vim aqui conversar. Eu vim

te matar. O que eu devia ter feito há muito tempo.

Ter me livrado dessa pedra na minha vida que você

sempre foi!

EDUARDO CONSEGUE DAR UMA COTOVELADA EM FRANCISCO E

PEGAR A FACA.

EDUARDO – Eu não sei o que eu te fiz,

Francisco. Mas eu te amo, meu irmão!

FRANCISCO SAÍ CORRENDO, PASSANDO PELA MÃE E INDO

EMBORA. EMILIANA ABRAÇA FORTE EDUARDO.

EMILIANA – Você está bem, meu filho? Eu tive

tanto medo de que vocês dois.../

EDUARDO – (CORTA) Agora está tudo bem.

EMILIANA – Não está não, Eduardo. Seu irmão

foi longe de mais.

EDUARDO – Eu não sei o que eu fiz pra ele.

EMILIANA – Mas eu sei!


CENA 16. RUAS. EXT. MADRUGADA

FRANCISCO ANDA SEM RUMO, CHORANDO MUITO, TREMENDO.

ELE CAMINHA MEIO PERDIDO, ESBARRANDO NAS PESSOAS,

ATRAVESSANDO O TRÂNSITO SEM SE IMPORTAR COM OS

CARROS.

FRANCISCO – Eu falhei... eu não podia ter

falhado. Eu tinha que ter matado aquele

desgraçado!

CENA 17. CARRO DE LUCAS. INT/EXT. MADRUGADA

LUCAS ESTÁ PARADO NO SINAL, QUANDO VÊ FRANCISCO

PASSANDO. PELA SITUAÇÃO DE FRANCISCO, LUCAS

ACREDITA QUE ELE É USUÁRIO DE DROGA.

LUCAS – Olha o que o vício faz com um jovem...

O SINAL ABRE E LUCAS PARTE.

CENA 18. CASA DE RUTH. SALA. INT. MADRUGADA

A SALA ESTÁ TODA ESCURA. A CAMPAINHA TOCA

INSISTENTEMENTE. RUTH E SOCORRO VEM DESCENDO A

ESCADA.

SOCORRO – Já vai. Já vai!

RUTH – Quem será uma hora dessas?

SOCORRO – E se for um ladrão?

RUTH – Onde já se viu um ladrão bater

campainha, Socorro? Em vez de ficar falando

besteira, abre logo essa porta, antes que acorde a

rua toda.

SOCORRO ABRE A PORTA, MEIO RECEOSO. MAS QUANDO VÊ

QUE É FRANCISCO ABRE A PORTA TODA.

SOCORRO – (SURPRESA) Francisco?


RUTH – Aconteceu alguma coisa com sua mãe,

Francisco?

FRANCISCO ENTRA, SENTA, SEM FALAR NADA, EM CHOQUE.

SOCORRO FECHA A PORTA.

SOCORRO – (P/RUTH) É, se aconteceu alguma

coisa com a Emiliana, foi coisa séria então.

RUTH SENTA DO LADO DE FRANCISCO.

RUTH – Fala alguma coisa, Francisco?

FRANCISCO AINDA DEMORA UM POUCO PRA FALAR.

FRANCISCO – (FRIO) Eu tentei matar o Eduardo!

RUTH E SOCORRO FICAM ESPANTADAS COM O QUE

FRANCISCO ACABA DE DIZER.

CENA 19. CASA DE EMILIANA. SALA. INT. NOITE

EMILIANA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ, ABALADA, SEM

ACREDITAR NO QUE ACABOU DE ACONTECER. EDUARDO ANDA

DE UM LADO PRO OUTRO.

EMILIANA – Eu não consigo acreditar que o

Francisco tentou matar você, Eduardo. Um irmão

tentando matar o outro.

EDUARDO – O que eu fiz pra ele, mãe? Por que o

Francisco tem essa raiva de mim?

EMILIANA COMEÇA A CHORAR.

EDUARDO – (CONTINUA) Eu que ajudei a cuidar

dele, tentei ser o melhor irmão do mundo. (T)

Sempre senti que ele não gostava de mim. Mas

encarei como ciúme, coisa que passaria quando ele

ficasse mais velho. Mas tentar me matar?

EMILIANA – É tudo culpa minha! Eu sou

responsável por tudo o que aconteceu!


EDUARDO – Como assim, mãe? Me explica. Eu sei

que aconteceu alguma coisa. Existe algum motivo

pro Francisco não gostar de mim.

EMILIANA – Ele sente-se rejeitado por mim e

por seu pai. Jogou na minha cara que sempre demos

atenção, carinho, amor só pra você e esquecemos

dele. O Francisco sente-se o filho preterido e

culpa você por isso, Eduardo.

EDUARDO – Mas existe mais alguma coisa, mãe.

Não tem lógica, não tem condição haver só esse

motivo pra ele tentar fazer o que fez...

EMILIANA – Isso não podia ter acontecido, meu

Deus!

INSERT DA CENA 17, DO CAPÍTULO 4

FRANCISCO – Eu tenho certeza que o papai vai

ficar mais em paz se a tal verdade for revelada,

como ele pediu!

EMILIANA ENCARA FRANCISCO.

EDUARDO – (INTRIGADO) Que verdade? Que

história é essa que eu não fiquei sabendo?

EMILIANA – (LEVANTANDO) Vou pro meu quarto.

Estou com muita dor de cabeça.

FIM DO INSERT.

EDUARDO - A verdade! É isso. Que verdade é

essa que o Francisco falou que a senhora sabe? Tem

a ver com o que aconteceu?

EMILIANA LEVANTA E CAMINHA EM DIREÇÃO AO SEU

QUARTO. EDUARDO SEGURA EMILIANA.

EDUARDO – Olha dentro dos meus olhos, mãe. Me

diz o que está acontecendo. Existe alguma coisa


que eu não possa saber? O que o Francisco sabe que

eu não sei, que o motivou a tentar me matar!

EMILIANA ENCARA EDUARDO, MAS NÃO CONSEGUE DIZER

NADA. APENAS LHE ABRAÇA FORTE, CHORANDO

COPIOSAMENTE.

CENA 20. MANSÃO FLAMBOY. QUARTO GUTEMBERG. INT.

MADRUGADA

GUTEMBERG ESTÁ DORMINDO. DE REPENTE ELE ACORDA E

VÊ PARADO NA FRENTE DA SUA CAMA NINO, VESTIDO DE

BRANCO E ILUMINADO POR UMA LUZ OPACA.

GUTEMBERG – (SURPRESO) Nino? Filho!

NINO – Por que, pai? Por que o senhor fez

isso?

GUTEMBERG – Do que você está falando?

NINO – O senhor sabe!

AGORA GUTEMBER ACORDA REALMENTE E PERCEBE QUE FOI

TUDO UM SONHO. ELE OLHA EM VOLTA, COMO SE

ESTIVESSE PROCURANDO NINO.

GUTEMBERG – Foi tão real...

CENA 21. CASA DE EMILIANA. SALA. INT. MADRUGADA

CONTINUAÇÃO DA CENA 18. FRANCISCO, SOCORRO E RUTH.

RUTH – Hoje você dorme aqui, Francisco. Amanhã

temos muito o que conversar. Eu vou buscar um

lençol e um travesseiro pra você.

RUTH SAÍ.

SOCORRO – Você ia mesmo matar o Eduardo,

Francisco?

FRANCISCO – Ele sempre teve tudo o que eu


quis: o amor dos meus pais, dinheiro e

principalmente teve você!

SOCORRO – Você gosta mesmo de mim, né?

FRANCISCO – Muito!

SOCORRO FICA MEXIDA COM O QUE ESCUTA. RUTH APARECE

TRAZENDO O LENÇOL E UM TRAVESSEIRO. ENTREGA PARA

FRANCISCO E PUXA FRANCISCO.

RUTH – Se comporta viu! Amanhã conversamos...

RUTH E SOCORRO VÃO PROS SEUS QUARTOS. SOCORRO

CAMINHA, OLHANDO DISCRETAMENTE PARA FRANCISCO, QUE

COLOCA O TRAVESSEIRO, APAGA A LUZ, DEITA E JOGA O

LENÇOL POR CIMA DO CORPO. FRANCISCO CONTINUA COM

OS OLHOS ABERTOS. NÃO CONSEGUE DORMIR. CAM VAI SE

AFASTANDO LENTAMENTE.

CENA 22. PORTUGAL. PORTO. EXT. AMANHECENDO

CORTA PARA

CENA 23. QUINTA DE LÁZARO. SALA JANTAR. INT. DIA

LÁZARO TOMA CAFÉ, NUMA MESA POSTA E BEM FARTA.

CAMILO ESTÁ SENTADO, COM A CABEÇA APOIADA NAS

MÃOS, SENTINDO MUITA DOR DE CABEÇA. ELE NÃO TOCOU

EM NADA DA REFEIÇÃO.

LÁZARO – Chegou tarde ontem de novo, Camilo!

CAMILO – Estou tentando esquecer a Sofia, pai.

LÁZARO – Ainda pensando nessa menina. Vira

essa página logo de uma vez, filho!

CAMILO – Eu tô tentando, pai. Mas toda mulher

com quem eu fico, com quem eu saio me faz lembrar

dela.


LÁZARO – Se você trabalhasse, fizesse alguma

coisa útil na vida, não teria tanto tempo pra

pensar nela.

CAMILO – Não levo jeito para negócios como o

senhor.

LÁZARO - Vamos esquecer essa família de uma

vez por todas. O Nuno morreu, a Sofia está bem

longe daqui, eu consegui às terras deles...

CAMILO – (CORRIGINDO) Apropriou-se, né!

LÁZARO – Isso não vem ao caso. O que importa é

que as coisas estão andando, acontecendo e você

não pode ficar preso a essa jovem, que nunca

gostou de você, Camilo. E ela deixava bem claro

isso! Só você quem não queria enxergar isso.

CAMILO – O senhor sabe que quando eu quero uma

coisa eu consigo de qualquer jeito.

LÁZARO – Uma característica que você herdou de

mim.

CAMILO – E desde o princípio eu falei que

teria a Sofia pra mim e vou tê-la. Sou capaz de ir

até o Brasil pra conseguir ficar com ela.

LÁZARO – Você fala de um jeito, Camilo...

CAMILO - De uma coisa o senhor pode ter

certeza pai, eu vou me casar com a Sofia, seja por

bem, ou seja por mal!

LÁZARO – Só espero que isso não seja sua

ruína.

CENA 24. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA

CORTA PARA:


CENA 25. MANSÃO FLAMBOY. SALA JANTAR. INT. DIA

LUCAS, AYMÉE E GUTEMBERG TOMAM CAFÉ EM SILÊNCIO.

ATÉ QUE GUTEMBERG FALA:

GUTEMBERG – Eu quero ver a Sofia!

LUCAS E AYMÉE SE OLHAM.

LUCAS – (SEM ACREDITAR) O que foi que o senhor

disse, pai?

GUTEMBERG – Isso mesmo que vocês dois acabaram

de ouvir.

AYMÉE – Aconteceu alguma coisa que fez o

senhor mudar de ideia?

GUTEMBERG – Um sonho... Um sonho muito real

com o Nuno.

CENA 26. APTO DE LUCAS. SALA. INT. DIA

SOFIA ESTÁ PERTO DA JANELA, TOMANDO UMA XÍCARA DE

CAFÉ. OLHA A PAISAGEM PENSATIVA, LONGE. ATÉ QUE A

CAMPAINHA TOCA. SOFIA ABRE A PORTA. É EDUARDO.

EDUARDO – (DIRETO) A Sofia estava mentindo!

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FIM DO CAPÍTULO

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