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VIDAS EM SEGREDOS CAPÍTULO 6 PÁGINA 1

VIDAS EM SEGREDOS

Novela de

RÔMULO GUILHERME

Criada e escrita por

RÔMULO GUILHERME

Personagens deste capítulo

EDUARDO

SOFIA

GUTEMBERG

LUCAS

AYMÉE

OLGA

EUCLIDES

EMILIANA

SOCORRO

RUTH

FRANCISCO

CRISTIANO

JÚLIA

RODRIGO

STELLA

ANITA


CENA 01.RUA. EXT. DIA

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO

ANTERIOR.

EDUARDO OLHA PARA AYMÉE SE JUSTIFICANDO.

EDUARDO – A gente teve um pequeno

desentendimento. Foi isso que aconteceu.

AYMÉE – Pelo jeito que a Sofia falou ela não

quer mais te ver.

EDUARDO - Mas eu a amo# (IMPLORANDO) Por

favor, deixa eu ir com ela?

AYMÉE VÊ SINCERIDADE NOS OLHOS DE EDUARDO.

AYMÉE – Faz o seguinte: vai com ela na

ambulância e eu vou seguindo no meu carro.

EDUARDO – Obrigado!

AYMÉE – Só estou fazendo isso porque vi nos

seus olhos que você gosta dela de verdade.

EDUARDO ENTRA NA AMBULÂNCIA.

CENA 02. AMBULÂNCIA. INT. DIA

SOFIA ENCARA EDUARDO.

SOFIA – Você não devia ter vindo.

EDUARDO – Eu te amo, Sofia. Eu vou te explicar

tudo quando você ficar boa.

SOFIA – Não quero ouvir explicação nenhuma. Eu

não te amo!

SOCORRISTA – Aqui não é lugar pra vocês

ficarem discutindo relação. Além do mais ela não

pode ficar agitada, acabou de se acidentar.


CENA 03. HOSPITAL. QUARTO GUTEMBERG. INT. DIA

LUCAS NO CELULAR. GUTEMBERG ESTÁ TOMANDO CAFÉ.

LUCAS – (CEL) Como isso aconteceu, Aymée?

GUTEMBERG – O que foi dessa vez?

LUCAS – A Sofia sofreu um acidente.

GUTEMBERG – Mais essa agora!

CENA 04. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA

OS ENFERMEIROS EMPURRAM A MACA ONDE SOFIA ESTÁ.

EDUARDO VAI JUNTO. AYMÉE VEM LOGO ATRÁS, FALANDO

NO CELULAR COM LUCAS.

AYMÉE – (CEL) Ela acabou atravessando a rua

sem olhar e só deu tempo de freiar quase em cima

dela. Mas por sorte foi só uma batida leve. Os

socorristas disseram que acha que ela fraturou o

pé. Aqui no hospital é que eles vão fazer mais

exames pra saber direito o que aconteceu.

LUCAS – (OFF) Em qual hospital vocês estão?

CENA 05. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA

LUCAS E AYMÉE CONVERSAM. AO FUNDO VEMOS EDUARDO

SENTADO NO SOFÁ, VISIVELMENTE ANCIOSO.

LUCAS – Fez muito bem em trazê-la pra cá,

Aymée.

AYMÉE – Eu só consegui me acalmar quando vi

que ela estava bem. Foi um susto tremendo!

LUCAS – Mas pelo que você me contou, você não

teve culpa. Foi uma fatalidade.

AYMÉE – Mesmo não tendo sido o melhor

encontro, acabou que eu consegui localizá-la.


CORTA PARA EDUARDO AGORA NO CELULAR, FINALIZANDO A

LIGAÇÃO QUE FEZ PARA EMILIANA.

EDUARDO – (CEL) Qualquer coisa eu te ligo,

mãe.

EDUARDO DESLIGA E SE APROXIMA DE LUCAS E AYMÉE.

EDUARDO – (P/AYMÉE) Alguma notícia dela?

AYMÉE – Ela ainda está fazendo alguns exames.

Mas não se preocupe rapaz, ela está bem!

LUCAS FICA ENCARANDO EDUARDO.

LUCAS – Quem é você?

EDUARDO – (CUMPRIMENTANDO) Eduardo, namorado

da Sofia.

AYMÉE – Pelo jeito acho que esse namoro já foi

por água abaixo.

EDUARDO – Eu sou muito apaixonado pela Sofia.

Vamos conversa e vamos nos entender, pois eu

também tenho certeza do amor dela por mim.

LUCAS – Engraçado, acho que te conheço de

algum lugar.

AYMÉE – (BAIXO, P/LUCAS) Eu duvido muito,

Lucas. Vocês frequentam ambientes completamente

diferentes...

EDUARDO – Meu pai tem um bar. Vai ver que o

senhor apareceu lá alguma vez e acabou me vendo.

LUCAS – É, pode ser. Mas seu rosto... me

lembra tanto uma pessoa! Posso até estar enganado.

Mas dificilmente eu me engano com as pessoas!

AYMÉE – Não estou gostando nada desse papo.

UM MÉDICO VEM CAMINHANDO E SE APROXIMA DELES.


MÉDICO – São parentes da Sofia?

LUCAS – Sim! Como está minha sobrinha?

EDUARDO – Ela está bem, não é doutor?

AYMÉE – Deixe o médico falar, rapaz.

MÉDICO – A Sofia está bem sim. Fizemos uma

bateria de exames e constatamos apenas uma fratura

na perna. Foi preciso imobilizar.

CENA 0 6 . FACULDADE. INT. DIA

JÚLIA E RODRIGO. MOVIMENTAÇÃO DOS ESTUDANTES.

JÚLIA – Achei que não vinha pra aula hoje.

RODRIGO – Cheguei no segundo tempo.

JÚLIA – Estou te sentindo muito melhor,

Rodrigo. Estava realmente preocupado com você.

RODRIGO – Uma anja me salvou!

JÚLIA – Como é que é? (BRINCA) Deu pra ter

alucinações agora?

RODRIGO – Como dizem: é nos piores momentos,

que a vida nos proporciona encontrar pessoas

maravilhosas.

JÚLIA – Meu Deus! Quem o escuta falando assim

diz até que está apaixonado.

RODRIGO – (SURPRESO) Eu apaixonado? Que

besteira Júlia.

JÚLIA – Nada melhor que um amor, pra sarar

todas nossas dores.

RODRIGO – Mas agora sou eu quem estou te

achando com uma carinha não muito boa. Aconteceu

alguma coisa?


JÚLIA – Minha irmã está voltando pro Brasil.

RODRIGO – Mas eu achei que ela estava bem na

Austrália, como você sempre contava.

JÚLIA – Ela estava muito bem mesma, feliz, até

descobrir que está grávida. E o canalha do

namorado dela não quer saber da criança.

RODRIGO – Isso não é atitude de um homem. Fez

o filho e agora foge da responsabilidade.

JÚLIA – Mas eu já podia esperar isso do Kevin,

o namorado dela.

RODRIGO – Como assim? Por quê

JÚLIA – Da mesma forma como você não quis

contar o que aconteceu, Rodrigo. Eu também não

posso lhe contar o que eu sei.

RODRIGO – Quem de nós não temos segredos, não

é?

OS DOIS SAEM CAMINHANDO.

CENA 0 7 . BAR CRISTÓVÃO. INT. DIA

FRANCISCO ACABA DE SERVIR UMA CERVEJA PARA UM

FREGUES.

FRANCISCO – (REVOLTADO) Droga de vida, viu!

Acho que serei obrigado a pensar bem naquele meu

plano. Só assim vou conseguir me livrar desse

destino de trabalhar num bar.

CENA 0 8 . MANSÃO FLAMBOY. JARDIM. EXT. DIA

RUTH E SOCORRO ESTÃO SAINDO DA CASA.

RUTH – Vou aproveitar que não tem ninguém em

casa pra colocar em prática a parte que o


Francisco descobre a bendita verdade sobre seu

adorado irmãozinho.

SOCORRO – Aquele péla-saco do Eduardo. Eu

achei que minha interpretação ia convencê-lo logo

de cara que o mais certo é ficar comigo.

RUTH - Quando ele me ver conversando com a

Emiliana, vai arrumar um jeitinho pra escutar a

nossa conversa. Faço a conversa caminhar para o

assunto e aí bingo! O Francisco vai escutar o ele

tanto quer ouvir.

SOCORRO – E eu vou comprar as roupinhas de

bebê, para deixar o Eduardo ainda mais

martirizado, mostrando o quanto eu queria esse

filho, tendo até começado a montar seu enxoval.

RUTH – Isso mesmo. Depois você dá pra alguma

mendiga. Esse povo adora fazer filho.

SOCORRO – Vou aproveitar e comprar uma sainha

linda também, cheia de lantejoulas que eu vi...

AS DUAS VÃO CAMINHANDO, CONVERSANDO.

CENA 0 9 . BAR CRISTÓVÃO. INT. DIA

RUTH, EMILIANA CONVERSAM SENTADAS NUMA MESA.

FRANCISCO ESTÁ LAVANDO ALGUNS COPOS, ACHANDO UM

SACO O QUE ESTÁ FAZENDO.

RUTH – Eu aproveitei que não tinha ninguém em

casa e passei aqui rapidinho pra saber como você

está, minha amiga.

EMILIANA – Agora é levar a vida, Ruth. Tentar

retomar do ponto que parou. Por isso fiz questão


de abrir o bar. Foi com muita dificuldade que o

Cristóvão conseguiu erguer esse negócio, que não

vai morrer junto com ele.

RUTH – Vim aqui também pra gente conversar

sobre a Socorro e o Eduardo... Vamos conversar lá

em cima?

EMILIANA – Tudo bem. Acho melhor mesmo!

ELAS LEVANTAM. RITH OLHA DE SOSLAIO PARA

FRANCISCO, QUE OBSERVA O MOVIMENTO DELAS.

EMILIANA – (P/FRANCISCO) Cuida aí de tudo, que

eu já volto Francisco.

RUTH E EMILIANA VÃO EMBORA.

FRANCISCO – Quem sabe eu não descubro agora

que raio de verdade é essa que minha mãe esconde?

CENA 10 . FLORICULTURA. INT. DIA

EDUARDO ESTÁ ESCOLHENDO ALGUMAS FLORES. ATENDENTE

DA LOJA MONTA UM LINDO BUQUÊ COM AS FLORES QUE

EDUARDO ESCOLHEU.

EDUARDO – Eu tenho certeza que ela vai gostar!

CENA 1 1 . HOSPITAL. QUARTO GUTEMBERG. INT. DIA

GUTEMBERG ESTÁ VESTIDO, PRONTO PRA IR EMBORA DO

HOSPITAL. LUCAS ESTÁ NO QUARTO.

GUTEMBERG – (FIRME) Na minha casa ela não

fica!

LUCAS – Eu sei que o senhor está sofrendo

muito com a morte do Nuno. Eu também estou, pai.

Mas a Sofia não teve culpa pelo que aconteceu. Ela

está precisando de cuidados, atenção, carinho...


GUTEMBERG – Ela tem o sangue daquela mulher,

que fez a cabeça do Nuno pra ele ir embora de

casa.

LUCAS – Você acha que o Nuno era tão

influenciável assim, pai? Ele tinha personalidade

própria, determinado, focado no que queria. Se ele

foi embora com a Maria Teresa era porque ele a

amava. E a Sofia nasceu desse amor.

GUTEMBERG – Não adianta, Lucas. Na minha casa

ela não fica e ponto final!

CENA 1 2 . HOSPITAL. SALA ESPERA. INT. DIA

AYMÉE E SOFIA, QUE ESTÁ COM A PERNA ENGESSADA E

USA BOTINHA, ESTÃO SENTADAS NO SOFÁ. LUCAS VEM COM

GUTEMBERG, QUE OLHA DE RABO DE OLHO PRA SOFIA E

CONTINUA SEU CAMINHO. LUCAS VAI EM DIREÇÃO AS

DUAS.

LUCAS – Ele está irredutível! Não tem jeito.

AYMÉE – Um velho turrão. É isso que o

Gutemberg é!

LUCAS – Não fala assim do meu pai, Aymée.

AYMÉE – Mas é a verdade, Lucas. Você tem um

pai que consegue ser mais complicado do que aquele

cubo colorido.

LUCAS – Ele ficou com raiva de mim. Foi embora

com o motorista.

AYMÉE – Ainda por cima é mimado!

SOFIA – Eu não fico na mesma casa daquele

homem, que agora eu me recuso a chama de avô.


LUCAS – Eu sei que ele deve ter te falado

coisas horríveis, barbaridades, mas tente perdoá-

lo.

AYMÉE – Não peça uma coisa dessas pra menina,

Lucas.

LUCAS – (CONTINUA) Você é uma jovem de cabeça

aberta. Meu pai está velho, magoado...

SOFIA – (REVOLTADA) Ele falou mal da minha

mãe, tio. Falou mal da minha terra. Que eu vim

atrás do dinheiro dele... Ele não tinha o direito

de falar nada disso. Não me conhece direito, não

conheceu minha mãe. Eu tive vontade de vomitar com

tudo o que ele me disse. (T) Quem não quer ficar

naquela casa sou eu!

LUCAS FICA FRUSTADO.

LUCAS – Vamos fazer o seguinte então: você

fica no apartamento que eu tenho em Ipanema,

enquanto a gente vê o que faz. Na rua é que você

não pode ficar!

AYMÉE – O apartamento é chiquérrimo, Sofia.

Você vai adorar!

SOFIA – Eu não quero luxo. Só queria era minha

vida de volta.

EDUARDO CHEGA E FICA SURPRESO VENDO SOFIA.

EDUARDO – (ENTREGANDO) São pra você!

SOFIA PEGA E ENTREGA PARA AYMÉE.

EDUARDO – Vamos conversar, Sofia. Eu sei que

te devo uma explicação.

LUCAS – Agora não, Eduardo. Ela está


precisando descansar.

SOFIA – Tudo bem, tio. Eu vou ouvir o que ele

tem pra me dizer, pra que eu possa virar essa

página de uma vez.

AYMÉE – (PUXANDO LUCAS) Vem, vamos deixar os

dois conversarem. (P/SOFIA) Vamos estar no carro

te esperando.

LUCAS E AYMÉE VÃO EMBORA.

SOFIA – Pronto, Eduardo. Pode falar.

EDUARDO – Não me trate assim, Sofia. Por

favor!

SOFIA – Você quer que eu te trate como? Eu

descubro que você tem uma namorada, depois de ter

me dito tantas coisas bonitas, se declarado, e

quer que eu fique como? Feliz?

EDUARDO – A Socorro não representa nada pra

mim. Eu nunca gostei dela de verdade. Ela estava

nesse namoro sozinha. Pois eu nunca me senti

ligado a ela, como eu me sinto ligado a você.

SOFIA – Eu não acredito mais em você.

EDUARDO – Fala não isso. Eu sei que fui errado

em não te falar da Socorro. Mas tudo o que eu te

disse em Portugal, aqui, quando a gente se

reencontrou, é verdade. É o que se passa no meu

coração!

UMA ENFERMEIRA PASSA E CHAMA ATENÇÃO DELES.

ENFERMEIRA – (BRAVA) Falam baixo! Aqui é um

hospital!


SOFIA E EDUARDO CONTROLAM SUAS EMOÇÕES.

SOFIA – Eu queria investir numa relação,

Eduardo. Namorar, ficar junto com você, pois senti

que você era um homem diferente. Mas percebi que

você é igual a todos os outros. Não presta!

EDUARDO – Me dá uma oportunidade deu te

provocar o contrário. De que eu sou essa pessoa

diferente, de quem você gostou. Eu mereço isso,

Sofia.

CENA 1 3 . CASA EMILIANA. QUARTO DELA. INT. DIA

RUTH E EMILIANA ESTÃO SENTADAS NA CAMA

CONVERSANDO. A PORTA ESTÁ ENTRE ABERTA.

EMILIANA - Eu fiquei surpresa quando o Eduardo

me disse que a Socorro tinha perdido um filho

deles. É verdade mesmo, Ruth? Desculpe duvidar,

mas eu fiquei meio desconfiada disso. Achei que

poderia ser uma forma que a Socorro encontrou de

prender o Eduardo a ela.

RUTH – A Socorro é meio destrambelhada, mas é

verdade sim, Emiliana. Ela ficou com muito medo

quando descobriu a gravidez. Pensou exatamente

nisso, que o Eduardo encararia essa gravidez como

uma forma de segurar esse namoro. Por isso ela não

contou nada quando ele viajou.

EMILIANA – Se você está falando eu acredito,

minha amiga. Mas acho que mesmo existido esse

filho, o relacionamento dos dois não vai dar

certo. Como mãe eu nunca senti que o Eduardo


gostasse de verdade da Socorro.

RUTH – Eu, como madrinha da Socorro, só quero

a felicidade dela. E sei que ela é doidinha pelo

Eduardo. Por isso eu rezo muito pra que eles se

acertem.

EMILIANA – Eu também só quero a felicidade do

meu menino. Não gosto de me intrometer muito. A

gente dá um palpite aqui, outra ali, mas isso é

assunto deles, que já são bem grandinhos!

RUTH - O namoro dos jovens hoje em dia é tão

diferente da nossa época. Eles são mais frios,

menos românticos... Flores, declarações de amor,

isso não existe mais.

EMILIANA – O Cristóvão sempre foi romântico

comigo. Sempre me dava flores. Nunca deixou de

esquecer a data do nosso casamento, fazendo

questão de sair pra comemorar. Ele me faz muita

falta. A cama está tão vazia sem ele...

RUTH COLOCA SUA MÃO EM CIMA DA MÃO DE EMILIANA LHE

DANDO FORÇAS. NESSE MOMENTO FRANCISCO APARECE NA

PORTA E FICA NA ESPREITA, PRA NÃO SER VISTO, COM

OS OUVIDOS ATENTOS.

RUTH – E você pensa em fazer o que ele lhe

pediu. Quero dizer, contar toda a verdade para o

Eduardo?

EMILIANA – Eu vou contar. Vou revelar pro

Eduardo que o pai de sangue dele não é o

Cristóvão. Mas sim um homem rico, de família

conhecida e poderosa!


FRANCISCO FICA CHOCADO COM O QUE ESCUTA. E SAÍ.

CENA 1 4 . CASA EMILIANA. SALA. INT. DIA

FRANCISCO ESTÁ MUITO ABALADO, SEM ACREDITAR NO QUE

ACABOU DE OUVIR.

FRANCISCO – (COM RAIVA) Não pode ser! Aquele

desgraçado não pode ser rico! (T) Que mundo

injusto, meu Deus! Mas isso não vai ficar assim.

Se Deus é injusto, eu não sou não!

FRANCISCO SAÍ DE CASA.

CENA 1 5 . CASA EMILIANA. QUARTO DELA. INT. DIA

CONTINUAÇÃO DA CENA 13. EMILIANA E RUTH.

EMILIANA – (CONTINUA) Mas eu preciso sentir

que é o momento. E diante de tudo o que está

acontecendo na vida do Eduardo, não quero que ele

fique ainda mais perdido, confuso. Vou esperar que

ele resolva esse impasse amoroso, pra depois

sentar e revelar tudo!

EMILIANA ESCUTA UM BARULHO VINDO DA SALA E FICA

ALARMADA.

RUTH – O que foi, Emiliana?

EMILINA – Você não escutou?

CENA 1 6 . CASA EMILIANA. SALA. INT. DIA

RUTH E EMILIANA VÊM DO QUARTO.

EMILIANA – Escutei um barulho. Achei que podia

ter sido o Eduardo ou o Francisco...

RUTH – Não tem ninguém aqui, Emiliana. Só eu e

você.


EMILIANA – Eu tenho tanto medo que algum

descubra, que essa verdade se perca depois de

tantos anos de segredo.

RUTH – Você sabe que em mim você pode confiar

sempre.

EMILIANA - O Francisco está com tanto ciúme,

raiva do Eduardo. Eu tenho que saber lidar bem com

a situação que vai se instaurar aqui em casa

quando essa verdade for revelada na relação dos

dois.

RUTH – Tenho certeza que você vai conseguir

resolver tudo isso, Emiliana.

EMILIANA – Eu só tenho medo de fraquejar, de

não ter energia pra enfrentar tudo o que está por

vir.

EMILIANA ABRAÇA RUTH. ELA SORRI, FELIZ POR SABER

QUE É O BARULHO ERA FRANCISCO.

RUTH – (VOZ) Consegui! Tenho certeza que era o

Francisco. Ele escutou tudo!

CENA 1 7 . HOSPITAL. FRENTE. EXT. TARDE

SOFIA ACABA DE ENTRAR NO CARRO, ONDE AYMÉE E LUCAS

JÁ ESTÃO. EDUARDO AGACHA, FICANDO NA ALTURA DE

SOFIA.

EDUARDO – Não me deixa desse jeito, Sofia.

SOFIA – Resolve sua situação com a Socorro e

me procura. Mas só depois que você tiver feito

isso!

EDUARDO – Tudo bem. Eu aceito! Agora não se


esqueça que eu te amo, viu! Você é a mulher da

minha vida!

LUCAS LIGA O CARRO E PARTE. EDUARDO PEGA SEU

CELULAR E DISCA.

EDUARDO – (CEL) Socorro? Precisamos conversar

de uma forma definitiva. Posso te encontrar na sua

casa, mais tarde?

SOCORRO – (OFF) Pode ser.

EDUARDO – (CEL) É muito importante pra que eu

possa resolver esse assunto de uma vez por todas!

CENA 1 8 . CARRO LUCAS. INT. TARDE

SOFIA LIMPA UMA LÁGRIMA QUE ESCORRE DO SEU ROSTO.

PELO RETROVISOR LUCAS VÊ SOFIA ARRASADA.

LUCAS – Você está bem, Sofia?

SOFIA – Só com dor de cabeça.

AYMÉE – Você precisa é descansar. Assim que

você tiver boa, vou te levar pra fazer um

tratamento de pele intensiva. Depois de tantos

acontecimentos desestabilizantes, sua pele deve tá

precisando de help urgente!

SOFIA SORRI.

LUCAS – Você fala umas coisas... Vê se a Sofia

está com a cabeça de pensar em tratamento de pele.

AYMÉE – Ela é mulher, Lucas. E toda mulher é

vaidosa por natureza, mesmo em momentos

deprimentes.

LUCAS – Essa é sua tia, Sofia! Vai se

acostumando em ouvir pérolas desse tipo!


CENA 1 9 . SUPERMERCADO. INT. TARDE

STELLA ESTÃO FAZENDO COMPRAS, JOGANDO TUDO NO

CARRINHO, SEM SELECIONAR NADA, AO MESMO TEMPO QUE

FICA BABANDO NAS MANSÃOS QUE VÊ NUMA REVISTA. NUM

OUTRO CORREDOR VEMOS ANITA ESCOLHENDO ALGUNS

PRODUTOS. AS DUAS ACABAM ESBARRANDO SEUS CARRINHOS

QUANDO VIRAM O MESMO CORREDOR.

ANITA – Desculpa!

STELLA – Desculpa, eu! Estava distraída,

olhando essa revista com mansões deslumbrantes. É

que eu vou me mudar pra Barra, sabe. E quero ter

ideias pra minha mansão.

ANITA – Realmente uma mudança e tanto de vida.

Mesmo se eu tivesse essa oportunidade, não

trocaria minha vida simples, meu apartamento sem

luxo, pra viver numa mansão.

STELLA – Que blasfêmia! (T) Mesmo tendo dito

algo horrível como isso, eu gostei de você! Me

chamo Stella.

ANITA – Prazer, Stella. Anita.

AS DUAS SE CUMPRIMENTAM.

STELLA – Bonito nome. Se eu tivesse uma filha,

esse nome estaria na lista de possíveis nomes que

eu escolheria pra ela. Mas tive um menino e nem

penso mais em ter outro filho.

ANITA – Eu não tive sorte de ser mãe. Mas

penso que é a experiência mais maravilhosa do

mundo!

STELLA – Você quem pensa! Além da dor


desgraçada na hora do parto, dá muito trabalho pra

criar.

ANITA RI.

ANITA – Deu pra perceber que a gente é muito

diferente.

STELLA – Temos apenas pontos de vista

diferente. Agora que a gente é amiga. Somos

amigas, né?

ANITA – (SEM JEITO) Sim. Depois desse encontro

tão inesperado...

STELLA – (CONTINUA) ótimo! Faço questão que

você conheça minha mansão. Tudo bem que ela não

será tão imediata como eu queria. Tem que comprar,

mobiliar, enfim... Mas enquanto ela ainda é

preparada, você visita meu apartamento mesmo. Aí

você conhece também meu marido e meu filho.

Modéstia a parte, mas tenho uma família adorável!

ANITA – Vou sim. Estava mesmo precisando

conhecer gente nova. Fazer novas amizades...

Viver!

STELLA – Eu não entendi, mas tudo bem! Eu

adoro fazer novas amizades. E senti que eu e você

seremos grandes amigas!

STELLA ABRAÇA INESPERADAMENTE ANITA.

CENA 20 . JORNAL O CLAMOR. ESCRITÓRIO. INT. TARDE

OLGA ESTA NO TELEFONE COM CRISTIANO.

OLGA – (CEL) Adorei te conhecer ontem. Você é

um homem incrível, Cristiano!


CENA 2 1 . ACADEMIA. LANCHONETE. INT. TARDE

CRISTIANO ESTÁ SENTADO, COMENDO AÇAÍ, ENQUANTO

FALA NO CELULAR.

CRISTIANO – (CEL) Você é incrível também,

Olga. Ainda mais dando uma gorjeta como aquela!

CENA 2 2 . JORNAL O CLAMOR. ESCRITÓRIO. INT. TARDE

CONTINUAÇÃO DA CENA 20.

OLGA – (CEL) Você mereceu! Tinha muito tempo

que eu não me sentia tanto mulher, quanto me senti

ontem, nos seus braços, no seu corpo! (T) Vou

querer outra dose. Você me viciou!

CRISTIANO – (OFF) É só você marcar!

OLGA – (CEL) Se eu te pedir exclusividade? O

que você me diria?

EUCLIDES ENTRA, DANDO UM SUSTO ENORME EM OLGA, QUE

DESLIGA RAPIDAMENTE O CELULAR.

OLGA – (SURPRESA) Euclides? O que você faz

aqui? Você ainda está se recuperando...

EUCLIDES – Não aguentava mais ficar em casa.

Vim ver como estavam as coisas aqui no jornal.

Aqui é minha segunda casa.

OLGA – Está tudo bem. Tudo sobre o meu

controle!

EUCLIDES SE APROXIMA MAIS DE OLGA.

EUCLIDES – Estava falando com quem? Desligou

rapidamente assim que eu entrei.

OLGA – (DESPISTANDO) Estava marcando hora no

salão. E eu já estava desligando quando você


entrou.

OLGA LEVANTA E PEGA SUA BOLSA.

OLGA – Por sorte justamente agora surgiu um

horário.

OLGA SAÍ.

CENA 2 3 . JORNAL O CLAMOR. ESCRITÓRIO. RECEPÇÃO.

INT. TARDE

OLGA VEM DA SUA SALA E FALA PARA SUA SECRETÁRIA.

OLGA – Desmarque todos meus compromissos. Não

volto mais aqui hoje!

SECRETÁRIA – Sim, senhora!

OLGA CHAMA O ELEVADOR E QUANDO CHEGA ENTRA. OLGA

CONSEGUE VER EUCLIDES NA PORTA DA SALA, ANTES DA

PORTA DO ELEVADOR FECHAR.

CENA 2 4 . SHOPPING. JOALHERIA. INT. TARDE

OLGA ENTRA NA LOJA E UM VENDEDOR SE APROXIMA.

VENDEDOR – Posso lhe ajudar?

OLGA – Quero o relógio mais caro que você

tiver.

O VENDEDOR COLOCA NO BANCÃO OS RELÓGIOS MAIS CAROS

QUE TEM NA LOJA. OLGA ESCOLHE E SELECIONA UM.

OLGA – Vou levar esse.

OLGA TIRA O CARTÃO DA BOLSA E ENTREGA PRO

VENDEDOR.

VENDEDOR – Vai parcelar?

OLGA – (BRAVA) Olha bem pra minha cara, rapaz!

Você acha que sou mulher de comprar coisas

parceladas?


VENDENDOR FICA MUITO SEM GRAÇA.

OLGA - Finaliza essa compra logo, antes que eu

me aborreça ainda mais e vá comprar na loja do

lado!

CENA 2 5 . MANSÃO FLAMBOY. QUARTO GUTEMBERG. INT.

TARDE

GUTEMBERG ESTÁ SENTADO NA CAMA, VENDO UM ÁLBUM DE

FOTOGRAFIA. ELE PASSA, SAUDOSO E EMOCIONADO,

ENQUANTO LEMBRASSE DE CADA UMA DAS FOTOS. ATÉ QUE

PARA EM UMA DETERMINADA PÁGINA E PASSA A MÃO NUMA

FOTO ONDE APARECE COM NUNO JOVEM (17 ANOS), EM

ALGUMA DETERMINADA OCASIÃO.

GUTEMBERG – Ela se parece tanto com você,

Nuno! Tanto!

CENA 2 6 . APTO DE LUCAS. SALA. INT. TARDE

LUCAS, AYMÉE E SOFIA ENTRAM. SOFIA ESTÁ

VISIVELMENTE CANSADA, MUITO MEXIDA PELA CONVERSA

COM EDUARDO.

LUCAS – Você vai ficar muito confortável aqui,

Sofia.

AYMÉE - Depois eu vou fazer algumas compras,

abastecer sua geladeira, com frutas, iogurte... O

que mais você gosta de comer?

SOFIA – Só quero descansar. Minha cabeça está

estourando.

AYMÉE – Claro! Eu vou te mostrar onde é o

quarto.


CENA 2 7 . APTO DE LUCAS. QUARTO. INT. TARDE

AYMÉE ABRE A PORTA. SOFIA ENTRA, DÁ UMA OLHADA NO

QUARTO E SENTA NA CAMA. AYMÉE SENTA DO SEU LADO.

AYMÉE – Mesmo a gente não tendo muito contato,

quero que você saiba que pode contar comigo pra

tudo o que você precisar. Desabafar, chorar...

enfim, uma amiga pra todas as horas!

SOFIA – Obrigada, Aymée! De verdade mesmo.

Agora se você puder me deixar sozinha. Eu preciso

realmente descansar, pensar, refletir.

AYMÉE – Claro! Vou fazer as compras e daqui a

pouco eu volto!

AYMÉE BEIJA O ROSTO DE SOFIA E DEPOIS SAÍ. SOFIA

SE AJEITA MELHOR NA CAMA E COMEÇA A CHORAR.

CENA 2 8 . CASA RUTH. FRENTE. EXT. TARDE

EDUARDO BATE NO PORTÃO. NINGUÉM ATENDE. EDUARDO

BATE NOVAMENTE E ESPERA. COMO NÃO APARECE NINGUÉM

ELE PEGA SEU CELULAR E COMEÇA A DISCAR. NESSE

MOMENTO SOCORRO VEM CHEGANDO, DESTRAÍDA,

CARREGANDO A SACOLA COM AS ROUPAS DE BEBÊ QUE

COMPROU.

SOCORRO – (RECLAMANDO) Que droga ter acabado

aquele vestidinho. Ele ia ficar lindo em mim.

SOCORRO FICA DESCONCERTADA QUANDO VÊ EDUARDO. ELA

NEM TENTA ESCONDER A SACOLA, POIS SABE QUE ELE

PERCEBERIA.

SOCORRO – (SURPRESA) Você chegou tão cedo,

Eduardo!


EDUARDO – Estou muito ansioso. Precisamos

conversar.

EDUARDO REPARA NA SACOLA.

EDUARDO – (ESTRANHANDO) Você que estava tão

abalada ontem, chorando, falando do filho, me

pedindo pra não terminar o nosso namoro, foi fazer

compras?

SOCORRO – Não são compras. São algumas roupas

do nosso filho, do enxoval que eu já estava

montando pra ele, que eu ia dar para alguma

mendiga, alguém que precisasse, mas não encontrei

ninguém.

QUANDO SOCORRO VAI GUARDAR A SACOLA NA BOLSA

SOCORRO - Vou guardar, amanhã deixo numa

igreja, que ajude alguma creche...

NUM MOVIMENTO RÁPIDO, EDUARDO PEGA A SACOLA.

SOCORRO – Não quero que você veja, Eduardo!

EDUARDO – Não posso ver as roupas que você

comprou pro nosso filho? Por quê?

EDUARDO OLHA DENTRO DA SACOLA. PEGA AS DUAS

ROUPINHAS E TIRA DA SACOLA. JUNTO COM AS ROUPAS A

NOTA FISCAL DA COMPRA CAÍ. EDUARDO E SOCORRO OLHAM

JUNTOS. SOCORRO FICA AFLITA. EDUARDO ABAIXA E

APANHA.

EDUARDO – (ESTRANHANDO) Uma nota fiscal?...

Você comprou essas roupas hoje, Socorro?

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FIM DO CAPÍTULO

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