vianna, oliveira. o idealismo da constituição

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OLIVEIRA VIANNA

oOBRAS DO AUCTOR: Populaes meridionaes do . Paulo, 1922. Brasil Pequenos estudos d e P syeologia O . Sao Paulo ,. 1923 idealismo na .I Republica ; S_evo uao p 50 . l

IDE-ALISMODA

CONSTITUiO2.> edio, So 2.> edi ao, e da

ctado

poltica

Imprio

E votao do' ao aulo, 1922. O povo brazileiro Soccaso do Im nerlo S- ao Paulo, 1923. I ao Paulo, 1926.

1927

EDIO

DE

TERRA

DE

SOL

RIO DE 'JANEIRO

PREFACIO

Ha presentemente um certo movimento de Interesse em torno da velha these da democra'Ia. Revvem-se antigos debates sobre a sobernnia do povo, sobre o. direito do suffragio, sohrc a representao politica, sobre o principio do liberdade. Eu observo, cheio dleatteno (' .uriosidades, todas essas agitaes, de que I) uucleo paulista, sempre vivaz, parece ser o I ('1111' de irradiao. m tudo isto, o que me interessa, o IJII li procuro ver no so as agitaes em 111 mas, mas principalmente os agitadores. No Ilrasil, os agitadores so infinitamente mais 111.'1' antes do que as agitaes. Em ba ver[ 9

r

o

IDEALISMO DA

CONSTITVIO

PREFACIO

dade O que me interessa , antes de tudo, a mentalidade dos agitadores. Tenho a impresso (confesso que uma simples impresso, e no um juizo) de que esta moderna mentalidade agitadora no differe muito da mentalidade antiga - a que, ha cem annos, vem sonhando; a democracia no Brasil. Os agitadores de hoje sonham a democracia como sonharam os da Independencia; os da constituinte imperial; os do 7 de Abril; os da reaco liberal de 68; os do manifesto de 70; os da Constituinte republicana. Idas, processos, objectvos: os mesmos. Os .de hoje como os de honrem, corpo os de antehontem. . Os de hoje, entretanto, tem diante dos olhos um material precioso - este material precioso, que os seus antecessores no, tiveram: cem annos de experiencia ,da democracia no Brasil. Estes cem annos de expriencia, como apparecem aos olhos destes agitadores? Que, parte tem na formao das suas idas politicas e dos seus planos reformadores? No quero dizel-o ; talvez mesmo no saiba dizel-o. Isto depende muito da cathegoria de

esr 'rito, a que pertencem estes agitadores. Se ha espiritos extroversos e espiritos introversos, como quer a moderna classificao de Jung, esta larga experiencia social de cem annos pode ter um valor enorme e pode no ter valor algum. Em nosso paiz, na sua elite poltica principalmente, dominam os espiritos deste ultimo typo de J ung. Ora, para estes pode-se dizer que a realidade social .no existe portanto, a experiencia social vale pouco, ou nada vale. Cem annos de experiencia, um anno de experiencia ou nenhuma experiencia so para elles a mesma cousa. .Os espritos deste typo que tem feito aquiaq'uella illusoria poltica syllogistica, da "ironia de Nabuco : --:-uma pura ,arte da construco no vacuo :' a base so as theses, e ho os factos; o material, ideaes e no homens; a situao, o mundo e no o paiz; os habitantes, as geraes futuras e no as actuaes. Os espritos, porm, para os quaes a realidade social existe; que consideram as sociedades humanas uma cousa viva, uma creao natural, com estructura e dynamismo proprios; para estes espiritos esses cem annos de ex-

[ 1.0 ]

[ 11 ]

o

IDEALISMO DA

CONSTITUIO

PREFACIO

No Brasil, o problema fundamental da organisao democrtica no pode ser este, no pde ser o mesmo da America e da Europa. O nosso problema poltico fundamental no o problema do voto - e sim o problema da organisao da opinio. Esta organisao da opinio europeus e americanos no se preoccupam com ella; problema CJlueno os interessa; porque j o encontram resolvido pela historia - por uma cultura civica accumulada em mil annos de evoluo poltica. Ns no podemos ter a mesma attitude. Temos que supprir pela aco consciente e at onde fr possvel, aquillo que a nossa evoluo historica ainda no nos poude dar. O problema da organisao do voto s seria o problema capital da nossa democracia, se aqui, maneira da Europa ou da America, a opinio j estivesse organisada. Ora, no ha maior illuso do que suppr que no Brasil ha opinio organisada. Este volume, nos oito capitulos de que se compem, visa justamente deixar demonstrada esta these. Os povos contemporaneos, ou melhor, as democracias contemporaneas podem ser classificadas em dous grupos: as democracias de

p!nio. organisada e as democracias de opinio, SImplesmente. Os inglezes e os amerirnnos pertencem ao primeiro grupo. Ns perencernos ao segundo grupo - o das dernocraI n de opinio, simplesmente.