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Protocolo Clínico
Divisão Médica/13/2019
Condutas Médicas na Asfixia
Perinatal e Encefalopatia
Hipóxico-Isquêmica Versão 1.0
2019
Protocolo Clínico
Divisão Médica/13/2019
Condutas Médicas na Asfixia Perinatal e
Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica
Versão 1.0
® 2019, Ebserh. Todos os direitos reservados
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www.ebserh.gov.br
Material produzido pela equipe de pediatras da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e
Pediátrica do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em
parceria com o Núcleo de Protocolos Assistenciais Multiprofissionais.
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais.
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Ebserh
– Ministério da Educação
Protocolo Clínico (PC): “Condutas Médicas na Asfixia Perinatal e Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica” –
Divisão Médica (DM), Uberaba, 2019, 22p.
Palavras-chaves: 1 – Asfixia Perinatal; 2 – Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica; 3 – Hipotermia Terapêutica.
HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
(EBSERH)
Avenida Getúlio Guaritá, nº 130
Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG
Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br
ABRAHAM WEINTRAUB
Ministro de Estado da Educação
OSVALDO DE JESUS FERREIRA
Presidente da Ebserh
ANA LUCIA DE ASSIS SIMÕES
Superintendente do HC-UFTM
DALMO CORREIA FILHO
Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM
MARIA CRISTINA STRAMA
Gerente Administrativa do HC-UFTM
GEISA PEREZ MEDINA GOMIDE
Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM
ELIENE MACHADO FREITAS FELIX
Chefe da Divisão Médica do HC-UFTM
EXPEDIENTE
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica
Produção
HISTÓRICO DE REVISÕES
Data Versão Descrição Gestor do
Protocolo
Autor/responsável
por alterações
10/06/2019 1.0 Condutas Médicas na Asfixia
Perinatal e Encefalopatia Hipóxico-
Isquêmica
Eliene Machado
Freitas Felix
Coordenador:
Fabiana Jorge Bueno
Galdino Barsam,
médica diarista em
Unidade de Terapia
Intensiva (UTI)
Pediátrica.
Validadores:
Valquíria C.A. Chagas,
médica diarista em UTI
Pediátrica,
Valéria C.A. Cunali,
médica diarista em UTI
Pediátrica.
Pávila V.O. Nabuco,
médica diarista da UTI
Pediátrica
Andreia Duarte de Re-
sende, médica gineco-
logia/obstetrícia, chefe
da Unidade Materno-
Infantil,
Andrezza R.A. Alvim,
Médica Pediatra.
Registro, revisão e
validação: Unidade de
Planejamento
Aprovação final:
Colegiado Executivo
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Hipóxico-Isquêmica
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SUMÁRIO
1 – DEFINIÇÃO...................................................................................................................................7
2 – OBJETIVOS .................................................................................................................................7
3 – PÚBLICO ALVO...........................................................................................................................7
4 – ÂMBITO DE APLICAÇÃO .........................................................................................................8
5 – RESPONSABILIDADES .............................................................................................................8
6 – ASFIXIA PERINATAL E ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA ...............................8
7 – HIPOTERMIA TERAPÊUTICA.................................................................................................14
8 – REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................19
9 – ANEXO .......................................................................................................................................21
10 – APÊNDICE ...............................................................................................................................22
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Hipóxico-Isquêmica
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
Hospital de Clínicas (HC-UFTM)
Divisão de Enfermagem
PC/DM: 13/19
Versão: 1.0
Protocolo Clínico
CONDUTAS MÉDICAS NA ASFIXIA PERINATAL E ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-
ISQUÊMICA
1 - DEFINIÇÃO
Asfixia Perinatal
A definição de asfixia perinatal é imprecisa. De maneira geral, refere-se à diminuição do fluxo sanguí-
neo placentário durante o trabalho de parto ou parto, com dificuldade de troca gasosa para o feto, o que
conduz à hipoxemia e à hipercapnia. Se a agressão asfíxica persiste, há metabolismo anaeróbio nos di-
versos órgãos e sistemas, com a instalação de acidose metabólica e disfunção sistêmica.
Encefalopatia Neonatal
É definida clinicamente, como disfunções neurológicas nos primeiros dias de vida, que incluem altera-
ções do estado de consciência, tônus muscular, reflexos, ritmo respiratório e dificuldade de alimentação,
assim como a presença de convulsões.
Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)
Encefalopatia neonatal secundária à asfixia perinatal.
2 - OBJETIVOS
Devido à alta frequência de asfixia perinatal, de EHI e dos impactos de suas sequelas, o objetivo deste
protocolo é a identificação precoce destas patologias e padronização de condutas adequadas para prevenção e tra-
tamento, a fim de redução da morbidade e mortalidade a elas relacionadas.
3 - PÚBLICO ALVO
Profissionais que atuam diretamente nos cuidados dos pacientes recém-nascidos (RNs), bem co-
mo a equipe de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (HC-UFTM).
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4 - ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Unidade de atendimento e de internação de pacientes neonatos com histórico de evento hipóxico-
isquêmico ocorrido imediatamente antes, durante ou após o parto.
5 – RESPONSABILIDADES
Conhecer o protocolo e seguir as condutas padronizadas para prevenção, identificação precoce e
tratamento destas patologias.
6 – ASFIXIA PERINATAL E ENCEFALOPATIA HIPOXICO-ISQUÊMICA
Qualquer processo mórbido que envolva a presença de hipoxemia, isquemia e acidose no feto, seja no
período anterior ao parto ou durante o mesmo, pode desencadear a cascata de alterações que culmina na
lesão do sistema nervoso central (SNC).
1) Incidência
De acordo com a World Health Organization – Organização Mundial de Saúde (2006), 1 a cada 1.000
nascidos vivos morrem por asfixia em países desenvolvidos. Esta taxa aumenta para 7 a cada 1.000 nas-
cidos vivos em países em desenvolvimento, onde estão presentes as maiores taxas de mortalidade e se-
quelas resultantes da asfixia perinatal.
2) Fatores de Risco
Asfixia pode acontecer antes, durante ou após o parto. 90% dos casos ocorrem no período ante ou intra-
parto, mas não necessariamente nas horas imediatas anteriores ao parto. Os casos restantes, pós-parto,
são secundários a doenças pulmonares, cardiovasculares ou neurológicas.
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3) Critérios Diagnósticos
Não há um consenso quanto ao diagnóstico de asfixia. Um dos critérios mais usados é o da Acade-
mia Americana de Pediatria que reserva o termo asfixia para pacientes que apresentem os seguintes
fatores associados:
Acidemia metabólica ou mista profunda (pH < 7,0) em sangue arterial de cordão umbilical;
Escore de Apgar de 0-3 por mais de 5 minutos;
Manifestações neurológicas neonatais (ex: convulsões, coma ou hipotonia);
Disfunção orgânica multissistêmica (exemplos: sistemas cardiovascular, gastrintestinal, he-
matológico, pulmonar ou renal).
Causas Maternas Causas Intraparto Causas Fetais Causas neonatais
- Primiparidade idosa (mais
de 35 anos)
- Primiparidade adolescente
(menor de 16 anos)
- Diabetes
- Hipertensão
- Toxemia
- Doenças crônicas
- Anemia (Hemoglobina -
Hb) 10gr/dl)
- Isoimunização
- Infecção atual ou antenatal
- Ruptura prematura ou pro-
longada de membranas
- Placenta prévia
- Hemorragia anteparto
- História prévia de RN com
anomalia congênita ou doença
neonatal grave
- História de morte neonatal
anterior
- Álcool/drogas
- Drogas que causam
depressão respiratória
(anestesia, narcóticos,
Sulfato de Magnésio -
Mg)
- Apresentação pélvica
ou outras anomalias
- Trabalho de parto pro-
longado
- Prolapso de cordão
- Distócia céfalo-pélvica
- Hipotensão materna
- Descolamento prematu-
ro de placenta
- Ruptura de cordão
- Circular e nó de cordão
- Cabeça derradeira
- Malformações Con-
gênitas
- Gemelaridade
- Restrição de cresci-
mento intrauterino
(RCIU)
- Prematuridade
- Pós-maturidade
- Hidropsia fetal
- Frequência e ritmo
anormais
- RN grande para a ida-
de gestacional (GIG)
- Polihidrâmnio
- Líquido amniótico
meconial
- Imaturidade pulmonar e
outros distúrbios respira-
tórios
- Tumores intratorácicos
- Anemia
- Hemorragia
- Distúrbios metabólicos
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4) Quadro Clínico
As alterações clínicas da EHI se apresentam logo após o nascimento e se tornam mais proeminentes en-
tre 12 e 24 horas (h) de vida. Em geral, como a asfixia perinatal leva ao comprometimento sistêmico, o
quadro neurológico vem acompanhado de morbidade significativa de outros órgãos e sistemas, sendo
mais frequentes as alterações renais, intestinais e pulmonares.
ORGÃO / SISTEMA MANIFESTAÇÕES
Cardiovascular
Choque cardiogênico
Isquemia miocárdica
Disfunção miocárdica
Respiratório
Redução do surfactante
Hipertensão pulmonar persistente neonatal
Hemorragia pulmonar
Insuficiência respiratória por desequilíbrio da
relação ventilação/perfusão (V/Q).
Urinário
Necrose Tubular Aguda - Insuficiência Renal
aguda
Bexiga neurogênica
Trombose de veia renal
Trato Gastrintestinal
Intolerância à alimentação
Melena ou enterorragia
Enterocolite necrosante
Insuficiência hepática
SNC
Edema cerebral
Hemorragia cerebral
Convulsões
Alterações Metabólicas
Hipocalcemia
Hipomagnesemia
Disturbios do Equilíbrio Ácido Base
Hipo/Hiperglicemia
Alterações Endócrinas
Secreção inapropriada de hormônio antidiurético
(SIHAD)
Hipotiroxinemia transitória
Elevação dos níveis de aldosterona e insulina
Deficiência de hormônio antidiurético
Déficit do crescimento
Hematológica Coagulação intravascular disseminada
Pele
Palidez intensa, frialdade, enchimento capilar
diminuído, áreas rosas de reperfusão enquanto
outras áreas permanecem pálidas ou cianóticas.
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A EHI pode evoluir da seguinte forma:
Do nascimento até 12 horas de vida: rebaixamento do nível de consciência - RNC (estu-
por/coma); hipotonia, pouca movimentação ativa, distúrbio ventilatório. Respostas pupilares e oculomo-
toras intactas. Podem começar as convulsões.
De 12 até 24 horas de vida: quando o acometimento é grave, manutenção de estupor profundo ou
coma. Pacientes menos graves mostram uma aparente melhora no nível de alerta, porém, não evidenci-
am outros sinais de função cerebral, evoluindo com episódios de apneia, tremores e piora das convul-
sões. Pode aparecer hipertonia muscular proximal, predominantemente nos membros superiores.
De 24 até 72 horas de vida: Pode haver deterioração do nível de consciência, com evolução para
a parada respiratória. Distúrbios oculomotores e pupilares proeminentes, pupilas mediofixas ou dilata-
das. Nos casos menos graves, as pupilas são reativas à luz, mas constritas. Os óbitos por EHI ocorrem,
em geral, nesta fase
Após 72 horas de vida: Observa-se melhora parcial do estupor. A hipertonia e os distúrbios de
sucção e deglutição são comuns, porém dependendo das estruturas do SNC acometidas a hipotonia pode
ser mais prevalente. Depois de períodos variáveis, as sequelas definitivas, em termos do desempenho
neurológico, começam a se estabelecer.
5) Classificação
Todos os pacientes com Asfixia Perinatal deverão ser classificados em estágios, conforme Sarnat &
Sarnat (1976). (Ver Anexo 1).
Primeira avaliação: deverá ser realizada nas primeiras 3 horas de vida.
Avaliações subsequentes: deverão ser realizadas diariamente até estabilização neurológica.
6) Exames Complementares
Exames Laboratoriais
Gasometria – Na suspeita de asfixia perinatal, coletar gasometria de cordão umbilical, se
possível arterial e venosa, e/ou coletar gasometria arterial do RN até no máximo 1 hora após
nascimento;
Eletrólitos
Glicemia;
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Função renal;
Função hepática;
Hemograma;
Coagulograma;
CPK;
CKMB;
Troponinas;
Anatomopatológico da placenta;
Exames de Imagem
Eletroencefalograma (EEG): 1° exame deverá ser realizado nas primeiras 24h de vida.
Ultrassonografia Transfontanela (USTF): 1° exame deverá ser realizado nas primeiras 24h de
vida (preferencialmente até 6h de vida). Exames de controle deverão ser realizados no 3º dia de vida e
no final da primeira semana de vida. Com registro do índice de resistência (IR)
Tomografia (CT) de Crânio: quando estabilidade clínica, após fase aguda.
Ressonância Nuclear Magnética (RNM): resolução superior para identificar lesões hipóxico-
isquêmicas mais precocemente. Realizar entre o 7º e 10º dia de vida.
Potencial Evocado Auditivo do Tronco Cerebral.
7) Tratamento:
Medidas Gerais
Monitorização contínua das funções vitais;
Débito urinário rigoroso;
Balanço hídrico rigoroso;
Jejum por 48-72h devido ao risco de enterocolite necrosante secundária à hipoperfusão
mesentérica;
Manter glicemia entre 75 - 100 mg/dl;
Suporte Ventilatório – manter pressão parcial de oxigênio (PaO2) entre 50 e 70 mmHg
(hipoxemia→ distúrbio na autorregulação cerebrovascular; hiperóxia → lesão neuronal) e pressão
parcial de gás carbônico (PaCO2) entre 35 e 45 mmHg (hipercapnia→ associada com alteração de
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autorregulação vascular cerebral, hemorragia intraventricular e infarto hemorrágico; hipocapnia →
associada com diminuição de fluxo sanguíneo cerebral e ocorrência de leucomalácia periventricular)
Restrição hídrica: redução de 10% da Oferta Hídrica Total Diária (Risco de SIHAD ou Lesão
tubular);
Pressão arterial sistêmica dentro dos limites da normalidade. Se necessário utilizar aminas
vasoativas.
Atenção
Deverá ser realizado controle rigoroso da hidratação, balanço hídrico, diurese e natremia nestes
pacientes.
Evitar sobrecarga hídrica e expansões volêmicas, pela disfunção miocárdica e edema cerebral
associados.
Observação
A Hipotermia Terapêutica (redução da temperatura corporal entre 33,5 – 35°C), iniciada nas primeiras
6h de vida e mantida durante 72h, tem se mostrado benéfica e protetora em neonatos com idade gestaci-
onal (IG) > ou = 35 semanas com EHI moderada a grave.
8) Controle das Crises Convulsivas
Fenobarbital (1ª escolha)
Dose de ataque: 20 mg/ kg, via endovenosa (EV);
Persistência das crises: pode-se aplicar mais duas alíquotas de 10mg/kg, EV, até completar a do-
se total de 40mg/kg;
Dose de manutenção: 3 a 5 mg/ kg / dia. (Iniciar 12 horas após dose de ataque);
Fenitoína
Dose de ataque: 15 a 20 mg/ kg em 30 minutos;
Dose de manutenção 4 a 8 mg /kg/dia (Iniciar 12 horas após dose de ataque);
Midazolam
Dose de ataque: 0,15 mg/ kg;
Manutenção: 0,1 a 0,4 mg / kg / hora.
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9) Sinais de mau prognóstico:
Aparecimento de convulsões antes de 6h de vida;
Hipotonia acentuada;
Presença de sinais de encefalopatia por período superior a uma semana;
Alteração do EEG e das imagens de US, CT e/ou RNM.
10) Principais sequelas
Problemas motores: Os mais comuns são a quadriparesia ou a hemiparesia espástica e suas vari-
ações e quadros de atetose;
Problemas visuais e auditivos: alterações da motricidade ocular, dificuldades na visão e audição
e, eventualmente, cegueira e surdez.
Alterações do desempenho intelectual: são extremamente frequentes e abrangem um grande es-
pectro de problemas, desde a presença de dificuldade escolar leve até retardo mental grave.
7 – HIPOTERMIA TERAPÊUTICA
Hipotermia terapêutica é um tratamento comprovadamente eficaz em reduzir a mortalidade e a incidên-
cia de sequelas neurológicas em pacientes com evidências de asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico-
isquêmica. Consiste em submeter o RN a uma temperatura de 33,5ºC a partir das 6 primeiras horas de
vida e, após 72h de resfriamento, reaquecer o mesmo de forma lenta.
1) Critérios de Inclusão:
Preencher ambos os critérios:
Evidência de asfixia perinatal:
- Gasometria arterial de sangue de cordão ou na primeira hora de vida com pH < 7,0 ou BE < -16 ou;
- História de evento agudo perinatal (descolamento abrupto de placenta, prolapso de cordão) ou;
- Escore de Apgar de 5 ou menos no 10º minuto de vida ou;
- Necessidade de ventilação além do 10º minuto de vida E
Evidência de encefalopatia moderada a severa antes de 6h de vida: convulsão, RNC, atividade
espontânea, postura, tônus, reflexos e sistema autonômico.
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2) Critérios de Exclusão:
IG inferior a 35 semanas;
Peso inferior a 1800 gramas;
RN com mais de 6h de vida;
Malformações congênitas maiores;
Necessidade de cirurgia nos primeiros 3 dias de vida;
Parada cardiorrespiratória pós-natal.
3) Técnica
Temperatura central alvo: temperatura esofagiana de 33,5ºC por 72h, seguido da fase de reaquecimento,
que deve ser de 0,2 a 0,5 ºC por hora.
Resfriamento
A hipotermia corporal total é feita com um colchão térmico onde o RN é colocado, com um aparelho de
servocontrole para regular a temperatura do colchão para mais ou para menos, de acordo com a tempera-
tura do paciente. Como opção, há os colchões com sistema de água circulante, mas com ajuste manual
da temperatura, ou os métodos de resfriamento artesanais, por meio da aplicação de ar-condicionado, da
aplicação de compressas frias ou pacotes de gelo resfriado (gelpacks), próximos à superfície corporal do
RN. No caso do resfriamento artesanal, os pacientes são mantidos no berço de calor radiante desligado,
os gelpacks resfriados são posicionados no dorso ou na região lateral do corpo até atingir a temperatura-
alvo de 33,5ºC, enquanto se monitora, de forma contínua, a temperatura retal ou esofágica. De acordo
com essa monitoração, é feita a manutenção, o acréscimo ou a retirada dos pacotes destinados ao resfri-
amento do RN. Os pacotes de gelo devem ser embalados em algodão ou equivalente e nunca devem en-
trar em contato direto com a pele do RN.
Passo a passo:
• Pré-esfriar o colchão a 4ºC;
• Amaciar o termômetro em água morna;
• Colocar o RN num berço desligado;
• Colocar o termômetro no esôfago. Realizar Rx para se certificar da localização exata (terço mé-
dio do esôfago);
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• Ajustar a temperatura do paciente em 33,5ºC. Desligar todas as fontes de calor, mantendo o RN
apenas com fralda em berço aquecido desligado. Havendo dificuldade em atingir a temperatura alvo,
instalar com pacotes de gelox e/ou compressas frias;
• Colocar um lençol entre o colchão e o paciente;
• Movimentar o paciente a cada 2h para evitar lesão cutânea;
• Tempo total de tratamento é 72 horas.
Reaquecimento:
• Iniciar após as 72h de hipotermia;
• Aquecer 0,2 a 0,5 °C a cada hora até chegar a 36,5° C;
• Medir sinais vitais a cada 30 minutos durante o reaquecimento;
• O reaquecimento deve ser lento;
• Após o paciente alcançar a temperatura de 36,5ºC, retirar o colchão e reposicionar o paciente na
incubadora ou berço aquecido;
• O reaquecimento deverá ser suspenso sempre que o RN apresentar convulsões e/ou hipotensão,
as quais deverão ser tratadas antes de sua retomada.
4) Monitorização
Acesso central: cateterismo umbilical venoso e arterial;
Registrar a temperatura e sinais vitais (Saturação periférica de oxigênio - SpO2, Frequência
cardíaca - FC, Frequência Respiratória - FR e Pressão Arterial - PA) a cada 15 minutos por 4h; a cada
hora por 8h e a cada 2h até o final do resfriamento. Durante a fase de reaquecimento, registrar sinais vi-
tais a cada 30 minutos;
Aspiração frequente de secreções (tornam-se maiores durante o resfriamento);
Aferição invasiva de PA. Caso não seja possível, aferir PA a cada hora. Será considerada hipo-
tensão, se pressão arterial média (PAM) < que a idade IG da criança, sendo recomendado ecocardiogra-
ma funcional quando possível e uso de drogas vasoativas ou cristaloide (10ml/kg).
Monitorar e registrar a FC. Bradicardia com FC entre 80 e 100 batimentos por minuto (bpm) é
comum e não necessita tratamento. Se FC < 80bpm associada à hipotensão, ajustar temperatura alvo pa-
ra 340C. Se FC < 60bpm, considerar atropina (0,01-0,02mg/kg/dose).
Oximetria de pulso: Manter SpO2 entre 92-98%;
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Avaliação Neurológica: avaliação diária do estado neurológico (resposta a estímulos, esforço
respiratório, movimentos espontâneos). Aplicar escala de Sarnat & Sarnat. Tratar crises convulsivas clí-
nicas e subclínicas. Monitorização com EEG de amplitude integrada (EEGa), se disponível, deve ser
continuada durante todo o período de hipotermia e durante o reaquecimento;
Monitorar os gases sanguíneos corrigindo pH e PaCO2: Manter PaO2 entre 55-90 e PaCO2 en-
tre 35 e 50. Se disponível, utilizar capnógrafo;
Monitorar a glicemia (principalmente nas primeiras 24h) a cada 6h. Manter entre 75 e 100
mg/dl;
Balanço hídrico rigoroso: - Iniciar com 50-60 ml/kg (pode ocorrer ausência de diurese nas pri-
meiras 6h). Realizar Sondagem Vesical de demora e manter durante todo o processo;
Manejo da dor: Manter sedação continua com uso de fentanil (1mcg/kg/hora) ou morfina,
mesmo que o paciente não esteja em ventilação mecânica (VM). Manter inclusive durante fase de rea-
quecimento. A avaliação da dor por meio de escalas validadas, de acordo com a rotina do serviço, é ne-
cessária para ajustar a dose da medicação analgésica. Valores de FC ao redor de 110 a 120bpm, eleva-
dos para pacientes sob hipotermia, aliados à irritabilidade e tremores, sugerem a presença de desconforto
e/ou dor do paciente.
Alimentação: Iniciar nutrição parenteral no 2º dia de vida após estabilização de função renal e
eletrólitos. A alimentação entérica mínima poderá ser iniciada no segundo dia, com leite materno orde-
nhado ou leite humano do banco, se RN clinicamente estável, sem sinais clínicos ou radiológicos de en-
terocolite.
Cuidados com a pele: o tratamento da hipotermia leva a uma redução da perfusão da pele, tor-
nando-se fundamental observar edema periférico causado por asfixia grave e necrose na gordura subcu-
tânea causada pelo atrito da pele com o material utilizado para resfriá-la;
Exames laboratoriais:
- Colher ao início da hipotermia e repetir com 24, 48 e 72h, ou antes, se necessário;
- Sódio (Na), Potássio (K), glicose, ureia, creatinina, cálcio, Mg, CK, CKMB, troponina, transaminases
oxalacética e pirúvica e (TGO, TGP), lactato;
- Hemograma com plaquetas (se plaquetas < 50.000 mm3, realizar transfusão de plaquetas), coagulo-
grama e gasometria (evitar a hipocapnia e a hiperoxia);
- Repetir com 24, 48 e 72h após a hipotermia;
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Ecografia cerebral:
- Na admissão, às 24h, no dia 3 e 4 e, com registro do IR;
EEG:
- Preconiza-se o uso de EEGa durante as 96 primeiras horas de vida (tempo de resfriamento, durante e
após reaquecimento), se disponível.
5. Considerações Importantes
Para o uso de hipotermia terapêutica não há necessidade de o paciente estar em VM. Caso seja
necessária a VM, a temperatura do gás umidificado dos circuitos deve ser a habitual, próxima dos 37ºC,
pois o esfriamento do gás inalado pelo paciente pode facilitar o aparecimento de secreções espessas de
vias aéreas e a obstrução da cânula traqueal.
Hipertensão pulmonar e uso de óxido nítrico inalatório não são contraindicações para o uso de
hipotermia terapêutica.
Bradicardia com FC entre 80 e 100bpm é comum e não necessita tratamento.
Se o paciente apresentar hipotensão arterial deve-se fazer uso de drogas inotrópicas.
A hipotermia não aumenta o risco de sepse. O uso de antibióticos é indicado no caso de haver
diagnóstico de infecção neonatal. Se houver necessidade de antibióticos, deve-se realizar o ajuste das
doses de acordo com a função renal.
Se houver plaquetopenia (<50.000/mm3) deve-se fazer transfusão de concentrado de plaquetas.
O reaquecimento tem que ser lento. Podem surgir crises convulsivas durante o procedimento de
hipotermia e principalmente no processo de reaquecimento. Em caso de crises convulsivas, o paciente
deve ser tratado com drogas anticonvulsivantes, inicialmente, com fenobarbital: dose de ataque de 20
mg/kg - EV e manutenção de 5 mg/kg/dia em duas doses diárias.
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Hipóxico-Isquêmica
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8 – REFERÊNCIAS
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Prática. Sarvier , 2ª edição. p. 572 – 575
3. Bianchini, F.R.M, Deustch, A D. Asfixia Perinatal. In: Vaz FAC, Diniz EMA, Ceccon MEJR,
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4. Alix, A.G et al. Asfixia Intraparto e Encefalopatia Hipóxico Isquêmica. Associação Espanhola de
Pediatria. 2008 : 242 – 252
5. Muñoz, J.T , Rojas CA. Asfixia Perinatal. CCAP. Volume 9 N° 3 . p 17 – 27
6. Guinsburg, R; Figueiras, S.A.N, Santos, A.M.N. Asfixia Perinatal grave no recém-nascido e o
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7. Procianoy, R.S.; Silveira, R.C. Encefalopatia hipóxico-isquêmica: mecanismos fisiopatológicos e
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8. Takazono P.S, Goli, M.O. Asfixia Perinatal: Repercussões Neurológicas e Detecção Precoce.
Neuriciências. 2013; 21(1):108-17
9. Daripa, M; Caldas, H.M; . Perinatal asphyxia associated with early neonatal mortality:
populational study of avoidable deaths. Rev. paul. pediatr. [online]. 2013, vol.31, n.1, pp.37-45.
10. Carneiro, J.L; Mendes, I.C. Identificação da gravidade e do uso de intervenções em recém-
nascidos com asfixia perinatal. Rev Rene. 2018;19:e3310.
11. Procianoy, R.S.; Silveira, R.C. Síndrome hipóxico-isquêmica. Jornal de Pediatria - Vol. 77,
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12. Juvenal, E.A, Santos, A. Influência da hipotermia terapêutica no desenvolvimento motor de
recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica. Rev Soc Bras Clin Med. 2016 jul-set;14(3):145-
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13. Rosa, M.R.I. Evolução neurológica de recém-nascidos com asfixia neonatal tese de doutorado da
universidade estadual de campinas para título de doutor em saúde da criança e do adolescente com área
de concentração em pediatria -2005.
14. Santos, J.P.C Tratamentos neuroprotetores na encefalopatia hipóxico-isquémica, 2015.
Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina) - Universidade de Coimbra (Co-orientador).
15. Carlos A.M. Zaconeta, C; Gonçalves, F.C; Margotto, P.R; Beleza, L. Asfixia Perinatal. 2018.
16. Jesus, J.H.S. ; Santos, P. M. M. Hipotermia Terapêutica em Recém-Nascidos de Unidades de
Terapia Intensiva Neonatal. Revista Atualiza Saúde , v. 07, p. 65-75, 2018
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Hipóxico-Isquêmica
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18. Procianoy, R.S. Hipotermia Terapêutica. 2012. Disponível em:
www.sbp.com.br/pdfs/hipotermia-terapeutica.pdf
19. Cunha CR, Viana LM, Souza CV, Mangueira MA, Lima FP. Therapeutic hypothermia in
newborns with hipoxic-ischemic encephalopathy: Integrative review. Rev Soc Bras Enf Ped.
2018;18(1):37-42.
20. Magalhaes, M.; Rodrigues, F.P.M et al. Neuroprotective body hypothermia among newborns
with
hypoxic ischemic encephalopathy: three-year experience in a tertiary university hospital. A retrospective
observational study. Sao Paulo Med J. 2015; 133(4):314-9.
21. Silveira, R.C; Procianoy, R.S; Hypothermia therapy for newborns with hypoxic ischemic
encephalopathy. J Pediatr (Rio J). 2015;91:S78-83.
22. Perlman, J.M; Wyllie, J.; Kattwinkel, J.; Atkins, D.L.; Chameides, L.; Goldsmith, J.P.;
Guinsburg, R.; Hazinski, M.F.; Morley, C.; Richmond, S.; Simon, W.M; Singhal, N.; Szyld, E.; Tamura,
M.; Velaphi, S.; on behalf of the Neonatal Resuscitation Chapter Collaborators. Part 11: neonatal
resuscitation: 2010 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency
Cardiovascular Care Science With Treatment Recommendations. Circulation. 2010;122(suppl 2):S516 –
S538.
23. Seetha, M.D.S; Abbot, R. et al. Effect of Depth and Duration of Cooling on Death or Disability
at Age 18 Months Among Neonates With Hypoxic-Ischemic Encephalopathy.A Randomized Clinical
Trial. JAMA July 4, 2017 Volume 318, Number 1.
24. Correa, L.V.O; Silveira, R.S; et al. Hipotermia Terapêutica: Efeitos adversos, complicações e
cuidados de Enfermagem. Enferm. Foco 2018; 9 (4): 55-59.
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9 – ANEXO
Classificação de Sarnat & Sarnat para encefalopatia hipóxico-isquêmica (1976)
Estágio 1
(Leve)
Estágio 2
(Moderado)
Estágio 3
(Grave)
Nível de consciência Hiperalgesia Letargia Torpor ou coma
Controle do tônus
muscular
Normal Hipotonia leve Flácido
Postura Flexão distal leve Flexão distal forte Descerebração
intermitente
Reflexos tendinosos Aumentados Aumentados Diminuídos ou ausentes
Mioclonias Presentes Presentes Ausentes
Funções autonômicas Simpáticas generelizadas Parassimpáticas
generalizadas
Ambos os sistemas
deprimidos
Pupilas Dilatadas, reativas Miose, reativas
Médias, pouco reativas,
anisocóricas
Respiração Espontânea Periódica Periódica, apneia
Ritmo cardíaco Normal ou taquicardia Bradicardia
Variável, bradicardia
Secreções de vias aéreas Escassa Profusa Variável
Motilidade gastrointestinal Normal ou diminuída Aumentada
Variável
Eletroencefalograma Normal Baixa voltagem Periódico ou isoelétrico
Duração dos sintomas < 24 horas 2 a 14 dias Horas ou semanas
Seguimento 100% - normal. 80% - normal.
Anormal se houver
sintomas por mais de
5 a 7 dias
50% - óbito. Os demais,
com sequelas graves
Fonte: Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN), Ciclo 9, módulo 2, 2012.
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10- APÊNDICE
Rotina de coleta de gasometria arterial e venosa de cordão umbilical no HC-UFTM
1) Indicação:
Em todo parto, especialmente nos de risco, ou que o RN necessite reanimação neonatal, devem ser
coletadas amostras de sangue de gasometria de cordão umbilical, arterial e venosa.
2) Responsáveis pela coleta:
As amostras devem ser coletadas pela equipe de Ginecologia e Obstetrícia e entregue ao técnico de
Enfermagem para identificação devida.
3) Técnica de coleta:
As amostras de sangue umbilical arterial e venoso, devem ser coletadas em seringas heparinizadas de
1 ml, próprias para realização de gasometria, as quais deverão ficar estocadas no Bloco Cirúrgico.
Deve-se coletar idealmente 0,6 ml de sangue, retirar as bolhas de ar e homogeneizar suavemente as
amostras após coleta. As amostras, após devidamente identificadas, devem ficar refrigeradas em re-
cipientes com gelo, até serem encaminhadas ao laboratório. O tempo máximo entre a coleta e proces-
samento das amostras deve ser de 1 hora. As amostras podem ficar em temperatura ambiente por no
máximo 15 minutos.
4) Identificação das amostras:
As amostras devem ser devidamente identificadas com o nome (RN de ...), número do RG da mãe,
data e hora da coleta, e se é amostra arterial ou venosa.
5) Responsáveis pela solicitação dos exames:
Os exames devem ser solicitados pelo pediatra ou residente de Pediatria, manualmente, no impresso
específico para pedidos de exames laboratoriais (uma vez que o RN em sala de parto ainda não está
inserido no sistema de informações hospitalar (Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários -
AGHU), devendo ser adequadamente especificadas as solicitações: “gasometria arterial de cordão
umbilical” e “gasometria venosa de cordão umbilical”.
6) Responsáveis pelo encaminhamento da amostra ao laboratório:
Durante o dia, os responsáveis por encaminhar as amostras ao laboratório são os residentes ou inter-
nos de Pediatria. À noite, os responsáveis pelo encaminhamento das amostras são os profissionais da
escrituração. Os responsáveis pelo transporte das amostras devem trazer o resultado impresso e en-
tregar ao pediatra ou à equipe de Ginecologia e Obstetrícia. As amostras devem ser transportadas em
recipiente higienizável e impermeável, com gelo, devidamente identificadas.
HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO
MINEIRO (HC-UFTM)
Avenida Getúlio Guaritá, 130
Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG |
Divisão Médica
Telefone: (34) 3318-5212 | Sítio: www.ebserh.gov.br/web/hc-uftm