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Série Verbetes Enciclopédicos Diversidade de Linguagens no Ensino Médio Volume 1: Desenho Anatômico e Diagrama

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Série Verbetes EnciclopédicosDiversidade de Linguagens no Ensino Médio

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AngelA PAivA Dionisio (org.)

VerbetesenciclopédicosDesenho Anatômico e Diagrama

Pipa ComunicaçãoRecife - 2013

Série Verbetes EnciclopédicosDiversidade de Linguagens no Ensino Médio

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IMAGEM DA CAPAHandbuch der Anatomie der Tiere für Künstler. 1889 and 1911-1925. Wilhelm Ellenberger and Hermann Baum. Domínio Público. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lion_anatomy_head.jpg

CAPA, PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOKarla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação - www.pipacomunicacao.net) EQUIPE PIBID LETRAS UFPE

Ágnes Christiane de SouzaAmanda Alves de OliveiraAndrea Silva MoraesAngela Paiva DionisioBibiana Terra Soares CavalcantiCássia Fernanda de Oliveira CostaDaniella Duarte Ferraz Elilson Gomes do Nascimento Getulio Ferreira dos SantosHellayne Santiago de AzevedoJoão Alberto Barbosa de Gusmão

Juliana Serafi m dos Santos Larissa Ribeiro Didier Leila Janot de VasconcelosMagda Evania Vila Nova Maria de Lourdes Cavalcante Chaves Maria Medianeira de SouzaMariana Bandeira Alves FerreiraMaura Lins Dourado RodriguesRaquel Lima Nogueira Renata Maria da Silva FernandesSaulo Batista de Souza

O trabalho Série Verbetes Enciclopédicos - Diversidade de Linguagens no Ensino Médio de Angela Paiva Dionisio, PIBID Letras UFPE e Pipa Comunicação foi licenciado com uma Licença Creative Commons -

Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.Com base no trabalho disponível em http://www.pibidletras.com.br.

Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em http://www.pibidletras.com.br.

Catalogação na publicação (CIP)Ficha catalográfi ca produzida pelo editor executivo

D592

Dionisio, Angela Paiva. Verbetes enciclopédicos: desenho anatômico e diagrama/ Angela Paiva Dionisio [org.]. - Recife: Pipa Comunicação, 2013. 66p. : Il.. (Série verbetes enciclopédicos: diversidade de linguagens no ensino médio) Inclui bibliografi a. ISBN 978-85-66530-05-6

1. Língua Portuguesa. 2. Gêneros Textuais. 3. Desenho Anatômico. 4. Diagrama. I. Título. II. Série

400 CDD811.134.3 CDU

c.pc:03/13ajns

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITORIAAnísio Brasileiro de Freitas Dourado

PRÓ-REITORIA PARA ASSUNTOS ACADÊMICOSAna Maria Santos Cabral

COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL DO PIBID - UFPESérgio Ricardo Vieira Ramos

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DO PIBID - UFPEEleta Freire

CHEFIA DO DEPARTAMENTO DE LETRASJosé Alberto Miranda Poza

COORDENAÇÃO DO SUBPROJETO PIBID LETRAS - UFPEAngela Paiva Dionisio

GRADUANDOS PIBID LETRASÁgnes Christiane de Souza, Amanda Alves de Oliveira, Bibiana Terra Soares Cavalcanti, Cássia Fernanda de Oliveira Costa, Daniella Duarte Ferraz, Elilson Gomes do Nascimento, Hellayne Santiago de Azevedo, João Alberto Barbosa de Gusmão, Juliana Serafim dos Santos, Larissa Ribeiro Didier, Magda Evania Vila Nova, Maria de Lourdes Cavalcante Chaves, Mariana Bandeira Alves Ferreira, Raquel Lima Nogueira, Renata Maria da Silva Fernandes

SUPERVISORES PIBID LETRAS

Maura Lins Dourado Rodrigues (EREM Diário de Pernambuco)Saulo Batista de Souza (Escola Senador Novaes Filho)

COLABORADORES PIBID LETRASAndrea Silva Moraes (Mestrado PG Letras-UFPE); Getulio Ferreira dos Santos (Graduação de Letras – UFPE); Leila Janot de Vasconcelos (Neuropsicóloga, pesquisadora – NIG UFPE); Maria Medianeira de Souza (Professora Departamento de Letras, pesquisadora – NIG UFPE)

TRADUÇÃO INGLÊS-PORTUGUÊS:Tradução: Larissa Cavalcanti (UFPE-FAFIRE) Supervisão da Tradução: Lúcia Bodeman (Cultura Inglesa)

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A B

C

Desenho Anatômico e Diagrama

BA

Volume 1

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Sumário

09 PREFÁCIO

VERBETES ENCICLOPÉDICOS: CAPTURAM A IMPERMANÊNCIA E ENSINAMMaria Auxiliadora Bezerra

13 APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO

VERBETAR: FAZER VERBETES E ORGANIZÁ-LOS, EIS O NOSSO DESAFIO!Angela Paiva Dionisio

21 VERBETES

DESENHO ANATÔMICOCássia Fernanda de Oliveira CostaDaniella Duarte Ferraz

DIAGRAMAElilson Gomes do NascimentoHellayne Santiago de AzevedoJoão Alberto Barbosa de Gusmão

53 O TEMA EM CENA...

TRANSCRIÇÕES

57 UMA PITADA DE HUMOR

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— PREFÁCIO —Verbetes enciclopédicos

!

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Verbetes enciclopédicos: capturam a impermanência e ensinam

A Série Verbetes Enciclopédicos apresenta, de for-ma clara, interativa e substancial, informações sobre gêneros multissemióticos, que são intrinsecamente dinâmicos, pois suas semioses estão em constante de-vir. São, por exemplo, diagramas, que se constituem de formatos variados; são mapas, que mudam de feição, segundo as representações que fazem da realidade; são linhas do tempo, que se apresentam horizontal ou ver-ticalmente, mas também em zigue-zague... Ou seja, são gêneros que se transformam, mas que se deixam capturar, sendo apresentadas, nos verbetes, suas possi-bilidades de configurações.

A leitura do verbete Desenho Anatômico nos faz lembrar o artista gráfico norte-americano Eric Drooker, que usa a técnica de raio X para representar os tipos hu-manos, como se estivessem sendo vistos por dentro. A leitura do verbete Mapa nos faz associá-lo ao livro El Hacedor, de Jorge Luis Borges, especificamente o tex-to Museo, que aborda a arte da cartografia, mostrando a impossibilidade de um mapa coincidir exatamente com o que ele representa.

Relacionando-a à educação formal, a Série Verbe-tes Enciclopédicos proporciona ao professor do Ensino Médio (mas também do segundo segmento do Ensi-no Fundamental) um trabalho de leitura, que não se

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restringe apenas ao professor de Língua Portuguesa. A seleção dos gêneros multissemióticos explorados aten-de a todas as áreas do conhecimento que constituem conteúdo curricular da Educação Básica: o desenho anatômico, o diagrama, o mapa, a linha do tempo, por exemplo, são gêneros que se materializam nos mate-riais didáticos com o intuito de mostrar conteúdos conceituais de Biologia, de Geografia, de História, de Literatura, de Química, de Artes Visuais, etc. e de con-tribuir para que os alunos desse nível de escolaridade os dominem, ampliando seu conhecimento enciclopé-dico e seu letramento multissemiótico tão necessário em nossa sociedade atual.

Mas essa Série não pode ser objeto de estudo ape-nas para o professor em serviço, ela também deve ser estudada em cursos de formação inicial ou continuada de professores. Se a habilidade de leitura dos mais va-riados tipos de textos e nas mais variadas linguagens é uma necessidade para alunos, saber como desenvolvê-la e trabalhá-la na escola também o é para os futuros professores. Assim, a série Verbetes Enciclopédicos se caracteriza como um material propício às práticas de ensino, aos estágios supervisionados, enfim, às ativida-des de ensinar como ensinar.

Vale ressaltar a interatividade dessa Série, que possibilita ao usuário o acesso a todos os exemplos re-tirados de vídeos que se encontram na web, bastando apenas estar conectado à internet e clicar no endereço eletrônico dado. Assim, a dinamicidade dos verbetes enciclopédicos favorece o acesso por parte dos alunos a textos de gêneros muito flexíveis e seu estudo.

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A imagem de verbetes construídos de forma está-tica dá lugar a uma outra que procura mostrar a vida do gênero textual nos variados domínios discursivos, dando aos alunos um conhecimento sistematizado desses gêneros e mostrando que é possível ensiná-los sem enrijecê-los.

Maria Auxiliadora BezerraUniversidade Federal de Campina Grande

Campina Grande, janeiro de 2013.

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— VAMOS —verbetar

!

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Verbetar: fazer verbetes e organizá-los,

eis o nosso desafio!

Vamos verbetar! Esta foi a decisão tomada após algumas reuniões da equipe PIBID Letras UFPE, ao estudarmos gêneros textuais, investigando questões de avaliações de programas que buscam traçar perfis dos nossos alunos de educação básica, ao analisarmos manuais didáticos do ensino médio de disciplinas diversas e ao buscarmos respaldo teórico para defi-nições de alguns gêneros multissistêmicos recorrentes em diferentes áre-as de conhecimento no ensino fundamental e médio, tais como desenho anatômico, diagrama, fotografia, infográfico, linha do tempo, tabela. To-dos nós com um letramento mais formal podemos ler cada um deles, com certa facilidade, sem que isto nos cause entrave mais sério no processo de compreensão, certo? Porém, como sujeitos responsáveis pela elaboração de atividades didáticas que orientam a formação de leitores, precisamos nos apropriar melhor dos gêneros textuais que circulam em nosso con-texto educacional, em nosso dia a dia. Conhecer apenas não é suficiente e apropriação exige domínio! A tarefa não foi tão simples, como mostrare-mos no decorrer desta apresentação.

Voltando aos aspectos motivadores da nossa decisão em verbetar esta série Verbetes Enciclopédicos, uma situação bastante significativa foi vivenciada em uma das escolas estaduais recifenses nas quais estamos atuando. Durante a realização de um teste piloto, envolvendo a compre-ensão de enunciados com gêneros multissistêmicos, uma aluna não res-pondeu a uma questão, pois, segundo ela, não sabia o que era charge, termo que iniciava o enunciado da questão, transcrita abaixo (01). Não estamos, neste momento, questionando a elaboração do enunciado em si, mas alguns fatores merecem ser pensados, tais como (i) a importância

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Introdução

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da nomeação do gênero para o aluno-leitor e sua influência no momento de avaliação (não saber o significado do termo não poderia ser atenuado com a verificação ou a leitura do gênero em si? E no enunciado em análise a nomeação está equivocada, temos uma tirinha; jamais uma charge!); (ii) a não flexibilidade cognitiva do aluno-leitor para realizar a tarefa solici-tada, desistindo no primeiro entrave, o que nos revela, talvez, uma orien-tação metodológica de que é necessário conhecer o significado de cada palavra para entendermos o texto.

(01):Na charge, a arrogância do gato com relação ao comportamento alimentar da minhoca, do ponto de vista biológico:

(A) não se justifica, porque ambos, como consumidores, devem “cavar” diariamente o seu próprio alimento.(B) é justificável, visto que o felino possui função superior à da minhoca numa teia alimentar(C) não se justifica, porque ambos são consumidores primários em uma teia alimentar(D) é justificável, porque as minhocas, por se alimentarem de detritos, não participam das cadeias alimentares(E) é justificável, porque os vertebrados ocupam o topo das teias alimentares.ENEM, 2002, http://www.inep.gov.brAcessado em 26/09/2011

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Paralelamente a observações como estas, constatamos também o uso crescente, ao longo dos anos, de gêneros multissistêmicos para o ensino de conteúdos e para situações de avaliação. Gráficos, tabelas, desenhos anatômicos, infográficos, mapas, histórias em quadrinhos, entre outros gêneros veiculados na mídia impressa e digital, simbolizam alguns dos gêneros textuais que migraram para o domínio educacional. Muitos des-tes gêneros são originalmente produzidos em outros domínios discursi-vos e estão inseridos em outros gêneros, tais como reportagens, relatórios do IBGE, da ONU, da UNESCO, do INMETRO; atlas do IBGE, do INPE.

Tomamos para nós, equipe PIBID Letras UFPE, o desafio de estu-darmos melhor alguns destes gêneros, especialmente aqueles que não são muito recorrentes para o ensino de leitura e de escrita nos materiais didáticos de língua materna. Isto se deve ao fato de um dos objetivos do projeto A Leitura de Linguagens Diversas ser compreender a natureza e as características dos textos multissistêmicos, com o objetivo principal de oferecer subsídio teórico-metodológico para o tratamento dos mesmos nas atividades de leitura em sala de aula. Decidimos, então, selecionar os gêneros. Usamos como critérios a recorrência de gêneros em áreas distintas de conteúdos curriculares, as dificuldades de leitura sinaliza-das nas situações de avaliação que realizamos com aproximadamente 200 alunos do primeiro ano do ensino médio de duas escolas recifenses, a não consciência do gênero pelos membros da equipe PIBID Letras, embora sejamos seus leitores. Chegamos, então, ao seguinte conjunto de gêne-ros: desenho anatômico, esquema, diagrama, fotografia, gráfico, infográ-fico, história em quadrinhos, linha do tempo, mapa e tabela. Os passos seguintes foram pesquisar sobre eles, pensar na organização da escrita dos verbetes, e, finalmente, verbetar! Eita, tarefa complicada!

Estes gêneros transitam por domínios discursivos e áreas de conhe-cimentos as mais diversas, ou seja, sob as mais diversas rubricas. A título de exemplificação, tomemos o termo diagrama no “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa” e no “Dicionário de Comunicação”. Ambos tra-zem acepções para cinema, televisão, artes gráficas, música, informática,

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Introdução

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editoração. Tivemos que optar por desenvolver definições mais voltadas para a divulgação de informações, uma vez que o nosso interesse está nos usos destes gêneros com propósitos informativos, científicos. Então, es-colher a acepção foi o ponto de partida, mas isto não invalida a incursão pela história do gênero e sua tipologia. Mas, se definir é um ato discursivo cotidiano nosso, não significa que seja simples, não é, Zaqueu?

(02) Narradores de Javé: [00:11:30 – 00:12:16]Para assistir: http://goo.gl/2g6DE

ZAQUEU – Só que tem uma coisa: eles falaram lá que só tem validade esse trabalho se for assim... Científico.ARISTEU – Que coisa é científico, Zaqueu?ZAQUEU – Científico é... ó, é assim, como por exemplo... é... é que não pode ser as patacoadas mentirosas que ocês inventam! As patranha duvidosa que ocês gostam de dizer e contar.

Quando pensamos em verbetes, acessamos imediatamente nossa história de leitores de dicionário de línguas e os estudos de vocabulário. Não lembramos se tivemos uma professora como aquela existente nas memórias de Lygia Bojunga Nunes que “achava impossível a gente viver sem um dicionário perto”, mas certamente achamos em algum momento

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de nossas vidas que um dicionário era “exagero de papel”, “uma monta-nha de palavras desabando em cima da gente”, “uma letrinha supermiú-da de tanto quererem espremer mais quer-dizer-isso e mais quer-dizer-aquilo!”, “então, era só tirar a dúvida se tinha dois ss mesmo, ou se era um s em vez de um z, e pronto, eu fechava ele logo” (1995, p. 39, 41).

Ao trazermos o depoimento de Lygia Bojunga Nunes, queremos também trazer os nossos...

“ler um verbete inteiro, olhar bem pra cara de uma palavra e ver se eu achava ela simpática ou não, e pensar se eu ia ficar me lembrando dela, e me perguntar se eu ia gostar de me encontrar com ela outra vez (quem sabe a gente podia ser companheira de um outro jogo, não precisava ser só programa de rádio, a gente podia até se juntar de novo pra fazer letra de samba. Já pensou?) – não. Não mesmo. Que-rer saber mais da vida daquela palavra era coisa que não me aconte-cia, ah, então tá, você tem um acento no a, e fim de papo: fechava o dicionário na cara dela” (1995, p. 41).

Lygia começou a trabalhar para o rádio e para a TV, começou a es-crever livros “e foi nesse encontro com a Literatura que (Lygia) começou a ter curiosidade de ler um verbete inteiro, e de querer experimentar os caminhos que o dicionário (lhe) mostrava, conferindo uma palavra com outra (...)” (1995, p. 41). No meu caso, pesquisei sobre definições e adi-vinhações orais em interações conversacionais (DIONISIO, 1998; 2003), orientei dissertações sobre estudo do vocabulário e uso de dicionários em língua materna (LEAL, 2003; VIANA, 2003), escrevi uns poucos capítulos de livros sobre a abordagem de vocabulário/verbete na sala de aula (DIO-NISIO, 2002 [2010]). Mas assim como Lygia disse que deu “pra ficar tão contente com as (suas) (...) descobertas” (1995, p. 41), também comecei a me encantar com as mudanças trazidas para o estudo do vocabulário com Linguística de Texto, Linguística Aplicada e Teorias de Gênero!

Assim como Lygia, eu gostava “cada vez mais de assuntar: o texto que o dicionário usava pra dar exemplo de uma palavra, ah, que graça!

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Introdução

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eles pegaram uma marchinha de carnaval do Lamartine Babo pra mostrar que palhaço também quer dizer fantasia de palhaço, olha aí, ‘rasguei a minha fantasia, o meu palhaço cheio de laço e balão ...’ (quanta coisa eu ia poder imaginar lá na tal ilha lendo os versos dessa marchinha)” (NUNES, 1995, p.41, 42).

“Olha só pra isso!” (NUNES, 1995, p. 41), a equipe PIBID Letras pegou rápido o hábito de assuntar o tema do verbete em domínios discursivos diversos! Desenho anatômico em videoclipe de Madonna? Linha do Tempo na cabeleira dos Beatles? Diagrama usado como teaser de uma mostra de vídeo-dança?

Então, “as coisas científicas” de que iremos tratar nestes cinco pri-meiros volumes da Coleção Verbetes Enciclopédicos são:

a) Desenho anatômico e Diagrama (Volume 1)b) Linha do Tempo e Mapa (Volume 2)c) Fotografia e História em Quadrinhos (Volume 3)d) Gráfico e Infográfico (Volume 4)e) Esquema e Tabela (Volume 5)

Em 2002, quando escrevi a primeira versão do capítulo Verbete: um gênero além do dicionário, (Dionisio, 2010, p. 136), achei bem interessante a metáfora criada por Hoey (2001:75), ao comparar a organização de di-cionários, glossários, enciclopédias a colmeias, cujas propriedades seriam:

a) o significado não deriva de uma sequência, b) as unidades adjacentes não formam uma prosa contínua, c) não há um frame contextual, d) não há um autor individual,e) um componente pode ser usado sem referência aos demais, f) os componentes podem ser reimpressos ou reutilizados em trabalhos subsequentes, g) os componentes podem ser acrescentados, removidos ou alterados, h) muitos componentes podem servir à mesma função e i) há uma sequência alfabética, numérica ou temporal.

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Duas palavrinhas finais. Quando chegamos à versão que conside-ramos final dos nossos verbetes, recorremos a alguns colegas profissio-nais e professores de outras áreas, a coordenadores de outros PIBID da UFPE, solicitando suas colaborações como leitores críticos. Registramos aqui os nossos agradecimentos a Aldemir Dantas Barbosa, a Judith Ho-ffnagel, a Karla Vidal, a Marina Marcuschi, a Paulo Gileno Cysneiro, a Renê Montenegro, a Simone de Campos Reis. E para os nossos leitores, três dicas: as letras dos nossos verbetes não são miúdas, o nosso verbete é multissemiótico e a nossa escrita não é muito obediente às estruturas típicas do gênero...

Acredito que você, leitor, vai gostar de assuntar nossos verbetes enciclopédicos!

Angela Paiva DionisioRecife, dezembro de 2012.

RefeRências:

ABREU, Luis e CAFFÉ, Eliane. Narradores de Javé. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Cultura – Fundação Padre Anchieta, 2004.

DIONISIO, Angela. Imagens na oralidade. Recife: UFPE (Tese), 1998.

DIONISIO, Angela. Definições na oralidade. IN: DIONISIO, A. & BESERRA, N. Tecendo textos, construindo experiências. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.

DIONISIO, Angela. Verbete: um gênero além do dicionário. In: DIONISIO, Angela, MACHADO, Anna Rachel, BEZERRA, Maria Auxiliadora (orgs.) Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola, 2010.

HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro. Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Rio de Janeiro: Agir, 2001.

LEAL, Audria. Os exercícios de vocabulário: o léxico no livro didático. Recife: UFPE (Dissertação), 2003.

NUNES, Lygia Bojunga. Livro: um encontro com Lygia Bojunga. Rio de Janeiro: Agir, 1995.

RABAÇA, Carlos e BARBOSA, Gustavo. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001.

VIANA, Karine, O dicionário: do livro didático à sala de aula. Recife: UFPE (Dissertação), 2003.

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Verbetes

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Desenho

AnatômicoCássia Fernanda de Oliveira

Daniella Duarte Ferraz

Imaginando a nossa anatomia...

Imagens de nós mesmos? Pensamos imediatamente em fotografias, desenhos, caricaturas, pinturas; formamos diversas imagens de nós mesmos, mas será que pensamos em nós assim como uma imagem de ressonância magnética?

(01): Ressonância Magnética crânio-encefálicoFonte: Acervo Pessoal de Angela Dionisio - 2012

E se pudéssemos ver o outro com a visão de raio X? Como seria, por exemplo, uma cotidiana viagem de ônibus?

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Desenho Anatômico

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(02): A Magia Estrutural do Corpo Humano – Criação de Hélio RubiálesFonte: http://youtu.be/_5WbXyTZN2UAcessado em 18/10/12

Na visão dos criadores do videoclipe “Anormal” do grupo Pato Fu, humanos, animais, plantas e objetos são captados com a acuidade raio X.

AnormalJohnPato Fu

Mais que anormalEu devo serPra ver vocêEm todo lugar

(03): Videoclipe da música “Anormal”, primeira faixa do álbum ‘Toda Cura para Todo Mal’Fonte: http://youtu.be/596BjKP-hf0 Acessado em 18/10/12

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Cássia Fernanda de Oliveira e Daniella Duarte Ferraz

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No âmbito da produção de videoclipes, numa pesquisa exploratória preliminar, podemos responder a pergunta inicial E se pudéssemos ver o outro com a visão raio X? com “Hey Boy”, do Chemical Brothers:

(04): Videoclipe da música “Hey Boy” do Chemical BrothersFonte: http://www.youtube.com/watch?v=tpKCqp9CALQ Acessado em 18/10/12

E se uma energia se apoderasse de nossos corpos, devorando nossa pele, corroendo nossos músculos, veias? Agora, imagine isto no corpo de Madonna. É este o recurso utilizado em “4 Minutes”!

(05): Videoclipe da música “4 Minutes” de MadonnaFonte: http://www.youtube.com/watch?v=bHHUhcV2eVY Acessado em 18/10/12

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Desenho Anatômico

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No entanto, já houve época em que o estudo da anotomia humana era feito por médicos e artistas, geralmente, em corpos de criminosos. O famoso criador de Monalisa era um dos poucos que aceitava fazer este trabalho de dissecação de cadáveres. Vejamos uma cena do documentário Leonardo Da Vinci que retrata as condições de estudo da anatomia humana:

(06): Da Vinci dissecando um cadáver (Parte 2 -32:51 a 34:18). Fonte: Biografia de Leonardo Da Vinci BBC

Para assistir: http://goo.gl/YCzN3

Desenhando anatomias...

DESENHO ANATÔMICO s.m. (1567) (Desenho [Dev. de desenhar, do it. disegnare.] s.m. (1567) 1. Processo de criação visual que tem propósito. (WONG, 2010, p. 41); 2. Representação de formas sobre uma superfície, por meio de linhas, pontos e manchas, com objetivo lúdico, artístico, científico, ou técnico.) + (Anatômico [Do gr. anatomikós, pelo lat. anatomicu.] Adj. Referente à anatomia.) (FERREIRA, 2010, p. 648 e 133) 3. “Gênero

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Cássia Fernanda de Oliveira e Daniella Duarte Ferraz

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[...] formado por um desenho que ilustra a forma e a estrutura de seres.” (GONZAGA, 2005, p. 76). Representação dos organismos vivos vegetais (07) e animais (08), através de traços e cores, com objetivo científico, cuja produção se dá a partir da observação e análise dos seres organizados a serem representados. Segundo os princípios de análise do desenho, o desenho anatômico pode ser classificado como uma forma figurativa natural por representar realisticamente formas que existem na natureza (WONG, 2010, p. 147).

(07): Desenho botânico Dieffenbachia daguensis Fonte: http://goo.gl/2AR7e

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(08): Anatomia de um cachorroFonte: http://goo.gl/RU9hPAcessado em 10/10/12

Retrata a anatomia dos seres vivos simbolizando os níveis de organização estrutural (químico, celular, tecidual, orgânico, sistêmico e do organismo) (TORTORA e DERRICKSON, 2010, p. 3), a fim de facilitar a compreensão acerca do ser organizado em análise. É o caso das representações de siste-

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Cássia Fernanda de Oliveira e Daniella Duarte Ferraz

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mas do corpo humano, raízes de um vegetal, células ou partes delas etc. Também no intuito de favorecer as pesquisas, os anatomistas convencio-naram uma posição corporal padrão, planos e secções imaginárias, além de termos direcionais. O uso de tais convenções é bastante comum nos desenhos anatômicos. Na posição corporal humana padrão, chamada de posição anatômica, o ser humano encontra-se em pé, olhando para frente, com os membros esticados, os pés e as palmas das mãos voltados para o lado dianteiro. Os planos e secções são “cortes” imaginários que dividem o corpo em partes, são eles: plano sagital (divide em lado direito e esquer-do), frontal (divide em parte anterior e posterior), transverso (divide em parte superior e inferior) e oblíquo (forma um ângulo com um dos outros planos). Os termos direcionais constituem um vocabulário específico para designar a posição de determinada parte do corpo.

(09) Desenho do torso de uma mulherFonte: http://goo.gl/eYdFgAcessado em 14/10/12

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Na Antiguidade, os estudos de anatomia (do gr. ἀνατομή, que significa “através de corte”) já eram realizados com o uso de dissecação e vivissecção, com o propósito de conhecer cientificamente a estrutura interna (09) dos animais e seres humanos. Porém, foi apenas no Renascimento que essas análises se solidificaram. Nos séculos XV e XVI, a anatomia tornou-se a “ciência do pintor” (BUTTERFIELD, 1949, p. 46), pois os artistas buscavam observar e compreender o corpo humano para trazer realidade às suas obras. Através da arte, foi possível “materializar” as observações, que perderiam a clareza se descritas por meio de palavras (SANTILLANA, 1981, p. 29). Leonardo Da Vinci, um dos mais reconhecidos renascentistas, chegou a dissecar cerca de 30 cadáveres e deixar 750 esboços de partes do corpo humano (10).

(10): Estudo do braço mostrando os movimentos feitos pelos bíceps.Fonte: http://goo.gl/88lEfAcessado em 18/10/12

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No vídeo Anatomia e Fisiologia – Leonardo Da Vinci (1452-1519), é possível visualizar muitos dos esboços de Da Vinci (11):

(11): Anatomia e Fisiologia – Leonardo Da Vinci (1452-1519). Criação de Hélio Rubiales - Música: Reverence of life - Mike Rowland Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=SVRvhN1yxdoAcessado em 14/10/2012

O desenho diferencia-se das outras formas de arte, como a escultura e a pintura, pois atende a necessidades práticas e não à expressão pessoal do artista. Em sua obra intitulada “Trattato della pittura” (12), Da Vinci descreve detalhadamente como pintar a figura humana a partir da dissecação e observação:

(12)

“Para realizar perfeitamente os membros dos nus nas atitudes e gestos que possam executar, é necessário que o pintor conheça a anatomia dos nervos, ossos, músculos e tendões, a fim de saber, em cada esforço ou movimento, quais tendões ou músculos foram sua causa, e somente estes destacar ou engrossar, e não todos de uma vez, como aqueles que, para parecerem grandes desenhistas, fazem os seus nus lenhosos e sem

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Desenho Anatômico

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graça, mais semelhantes a sacos de nozes do que a formas humanas, ou ainda a um feixe de rabanetes, e não a um nu musculoso. [...] E tu, que dizes ser melhor ver fazer anatomia do que ver tais desenhos, dirias bem se fosse possível todas essas coisas que em tais desenhos se demonstram, em uma só figura, na qual [porém] com todo o teu engenho não verás e não obterás conhecimento senão de algumas poucas veias, das quais eu, para obter verdadeiro e pleno conhecimento, desfiz mais de 10 corpos humanos, destruindo todos os outros membros, removendo as mínimas partículas de carne que em torno a essas veias se encontravam, sem sangrá-las, senão pelo imperceptível sangramento das veias capilares; e como um só corpo não durava tanto tempo, era preciso gradativamente proceder em muitos corpos, para que completassem o entendimento por inteiro; o que repetir duas vezes para ver as diferenças.”

Fonte: LICTENSTEIN, J., 2010, pp.38 e 39.

A veracidade das informações contidas em desenhos feitos a partir de observações é notória até hoje, fato que contribuiu para que Da Vinci fosse considerado um dos precursores do desenho anatômico. A partir do Renascimento, esse gênero passou a ser encontrado além das telas. Unindo os conhecimentos artísticos às descobertas feitas a partir dos estudos provenientes da dissecação (13), os renascentistas atribuíram ao desenho anatômico uma natureza científica e multissistêmica. Muitos dos desenhos de Da Vinci são infográficos ou glossários visuais. Com o desenvolvimento das tecnologias, foi possível que o desenho anatômico fosse aprimorado e seus usos expandidos. O computador, por exemplo, possibilitou a criação de novas técnicas de desenho (dentre elas, os desenhos tridimensionais) (14) por meio de softwares especializados.

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Cássia Fernanda de Oliveira e Daniella Duarte Ferraz

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(13): De Re AnatomicaFonte: http://goo.gl/xLkcQAcessado em 10/10/12

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Desenho Anatômico

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(14): MesencéfaloFonte: http://goo.gl/DOBM9Acessado em 19/10/2012

Investigando desenho anatômico em Ao Pé Letra...

(15): Artigo A Magia Estrutural do Corpo Humano

Desenho Anatômico: uma análise multimodal. Larissa Rossiter Gonzaga (UFPE)

http://goo.gl/juNS3Acessado em 14/10/2012

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Cássia Fernanda de Oliveira e Daniella Duarte Ferraz

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RefeRências:

BUTTERFIELD, Hebert. As origens da ciência moderna. Rio de Janeiro: Edições 70, 1949.

DA VINCI, Leonardo. Trattato della pittura. In: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A pintura – Vol. 6: A figura humana. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2004

FERREIRA, Aurélio. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5 ed. Curitiba: Positivo, 2010.

FOUREZ, Gerard. A construção das ciências. 1reimpr. São Paulo: UNESP, 1995.

GONZAGA, Larissa. Desenho Anatômico: uma análise multimodal. Revista Ao Pé da Letra, Recife, V. 7, n.1, p.73 – 80, 2005.

GRAY, Henry. Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

ROSA, Carlos. História da Ciência Volume 1. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2010.

SANTILLANA, Giorgio de. O papel da arte no renascimento científico. São Paulo: FAU/USP, 1981.

TECNIRAMA Enciclopédia de ciência e tecnologia Volume 3. São Paulo: Editora Três, 1974. 582p.

TORTORA, Gerard; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2010.

WONG, Wucius. Princípios de forma e desenho. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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DiagramaElilson Gomes do NascimentoHellayne Santiago de Azevedo

João Alberto Barbosa de Gusmão

Diagramas. Diagramas! Diagramas?

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Diagrama

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Diagramas são tão presentes em nosso cotidiano que certamente nos acompanham desde as nossas primeiras experiências de leitura (desenhos animados, explicações, informações, noções matemáticas, tabulação de da-dos, teaser...). No trecho de um episódio de Phineas e Ferb (01), da Disney, as personagens cantam sobre a importância da utilização dos diagramas, demonstrando como os diagramas permeiam vários domínios discursivos, glorificando a utilidade dos diagramas na elaboração de conceitos, na cons-trução de projetos, de torres e de brinquedos, na modelagem de chocola-tes... Enfim, do aspecto mais minucioso ao contexto mais abrangente ou “qualquer coisa que imaginar”, como cantarolam as personagens:

Phineas e Ferb, “Com esses diagramas”Fonte: http://goo.gl/CPKYZAcessado em 28/10/2012

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Elilson Gomes do Nascimento, Hellayne Santiago de Azevedo e João Alberto Barbosa de Gusmão

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A forma do SmartArt (02) – Diagrama de Venn – nos auxilia na organização de informações visuais, interligando elementos, função primária de um diagrama, sendo bastante útil para apresentação de dados em documentos oficiais, em textos acadêmicos. No entanto, neste jogo constante dos gêne-ros textuais entre os domínios discursivos, em (03), observamos a relação metafórica na construção de um diagrama-teaser, entre os elementos dos conjuntos A e B. No conjunto da direita, estão os elementos dança “dansa” (dança) e vídeo-dança e no da esquerda vídeo e vídeo-dansa, de modo que o diagrama indica que video-dança é um elemento encontrado nos dois conjuntos. Ou simplesmente: a vídeo-dança é a união dos conjuntos vídeo e dança, e não a intersecção entre eles!

Exposició de l’Antonio Clavijo, Contradansa, a l’Espai 7 del Centre Cultural del Casino (Manresa) // 14 -30 de setembre de 2012 //Música: Kinoplatz// Ballarí: Roberto R. Zudaire// Projeccions/Càmara: VJ PAL// Muntatge: Antonio Clavijo / Paloma SánchezFonte: http://goo.gl/hyNLq Acessado em 26/10/2012

Agora, como pede um verbete, hora de conceituar diagrama!

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Diagrama

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DIAGRAMA s.m. (1873) [Do gr. Diágramma, pelo latim tardio diagram-ma.] 1. Representação gráfica de determinado fenômeno (FERREIRA, 1999, p. 675); 2. Representação gráfica esquemática de uma sequência de operações ou da estrutura de um sistema (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p. 222); 3. (...) Gráficos feitos principalmente de formas geométricas, como círculos, retângulos ou triângulos, conectados por linhas ou setas. Um dos maiores propósitos dos diagramas é mostrar como pessoas, coisas, ideias, funções etc., estão inter-relacionadas 1 (HARRIS, 1999, p. 137) (04).

(04): Um diagrama de Blocos: Dinâmica organizacional do PIBID-CAPES. Relatório de Gestão 2009-2011 da Diretoria de Educação Básica Presencial DEB.Fonte: http://goo.gl/OmNbpAcessado em 22/10/2012

1. “Diagrams are charts made up primarily of geometric shapes such as circles, rectangles, or triangles, connected by lines or arrows. One of the major purposes of diagrams is to show how people, things, ideas, functions, etc., interrelate.”

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4. Gráfi co; esquema. Essa “confusão terminológica” pode decorrer do fato de um diagrama introduzir explanação de dados, como ocorre em gráfi cos e esquemas. 5. Termo que pode ser utilizado para englobar outras catego-rias, como numa funcionalidade “resumitiva”: “ocasionalmente, gráfi cos, mapas e tabelas são referidos como diagramas” 2 (HARRIS, 1999, p. 137). Todavia, o que singulariza os diagramas é a noção de ciclo, de conceitos ou dados relacionados e destrinchados em cadeia, ou seja, o aspecto de inter-relação e a função de resumir - característica salientada por Mendonça (2010), ao verifi car em cartilhas educativas (05), que o diagrama “é apre-sentado [...] como informação que ‘fi naliza’ toda a história e que ressalta o caráter científi co da publicação” (p. 79).

(05): Um diagrama de Dados: demonstração do ciclo evolutivo do Aedes aegypti. Extraído de Mendonça (2010, p.79)Para adquirir: http://goo.gl/ZlZNt

2. “Occasionally graphs, maps and illustration charts are referred to as diagrams”.

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Diagrama

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Classifi cação. Diagrama de Venn, diagrama pictorial, diagrama de cama-das e de volumes, diagrama de setores, diagrama de cromaticidade, diagra-ma de entidades e relacionamentos, fl uxograma e diagrama de Hertzprung-Russel. Provavelmente a primeira classifi cação advém do século XVII, com o Diagrama de Venn (06), cujo nome é atribuído a John Venn (07), que possivelmente foi o primeiro a utilizar o formato “no fi nal dos anos 1800 para mostrar relações na matemática”3 (SOUZA, 2005, p.196). Também denominados “diagramas de conjunto”, os diagramas de Venn são, nas ciências exatas, os conjuntos de intersecção matemática e, desde os pri-meiros postulados, tornou-se consensual associar esse e demais tipos de diagramas às áreas das ciências exatas e biológicas. Este tipo de diagrama é utilizado para “comparar e contrastar características entre dois ou três itens, como pessoas, lugares, acontecimentos, estórias, ideias, situações e coisas”4 (SOUZA, 2005, p. 196), sendo todos esses elementos relaciona-dos por uma área sombreada, uma intersecção assinalada pelo encontro de formas geométricas equivalentes, em geral por círculos.

(06): Diagrama de Venn Fonte: http://goo.gl/u17kk Acessado em 26/10/2012

3. “John Venn fi rst used these diagrams in the late 1800s to show relationships in mathematics”.

4. “They are now used (…) to compare and contrast the qualities of two or three items, such as people, places, events, stories, ideas, situations, and things”

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(07): Representação do Diagrama de Veen presente no vitral do refeitório Caius College, Universidade de Cambridge. O vitral simboliza uma homenagem a John Venn, aluno e, posteriormente, docente do Caius College, em Cambridge, onde desenvolveu suas teorias. No vitral, abaixo do diagrama, aparece a inscrição: “John Venn Fellow 1857-1923. President 1903-23”.Fonte: http://goo.gl/VkiVb Acessado em 26/10/2012

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Diagrama

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O diagrama pictorial (08) demonstra, por meio de ilustrações, vários com-ponentes interligados em um mesmo sistema, numa sequência operacio-nal ou processual (cf. HARRIS, 1999, p. 137).

(08): Diagrama Pictorial, (questão extraída do ENEM 2008)Fonte: http://www.inep.gov.brAcessado em 26/09/2011

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O diagrama de camadas e de volumes (09) tem como função mostrar “uma mudança de quantidade durante um certo período de tempo” (FRENCH & VIERCK, 1989, p. 486).

(09): Diagrama de camadas e volumes (questão extraída do ENEM 2004)Fonte: http://www.inep.gov.brAcessado em 26/09/2011

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Diagrama

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O diagrama de setores (10) traz esquematização de dados em porcenta-gens e tem forma e função sinônima ao gráfi co de setores, ou pizza:

(10): Diagrama de Setores (questão extraída do ENEM 2010)Fonte: http://www.inep.gov.brAcessado em 26/09/2011

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De formato similar ao diagrama de setores, os diagramas de cromaticidade (11) caracterizam “a cor de uma radiação luminosa visível, e cujas coor-denadas são os coefi cientes tricromáticos” (FERREIRA, 1999:165), como também apresentam o conjunto de cores numa cadeia de agrupamento ou variação: exemplo, círculos cromáticos.

(11): Diagrama de Cromaticidade: as letras transcritas ao redor do círculo cromático servem de legenda às cores e suas variações. Ex: Y- yellow; Y0- yellow orange; O- orange.Fonte: http://goo.gl/c7gJE Acessado em 26/10/2012

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Diagrama

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Diagramas de entidades e relacionamentos (12), por sua vez, são utilizados “na modelagem conceitual de dados, que representa entidades, seus rela-cionamentos e, eventualmente, seus atributos” (FERREIRA, 1999, p. 165). Exemplos capitais desse tipo de diagrama são as cadeias de hereditarieda-de genética, bem como as árvores genealógicas.

(12) Árvore Genealógica de Expedita Ferreira. Extraído de Bonita Maria do Capitão: centenário de Maria Bonita 1911-2011 de Vera Ferreira e Germana Gonçalves de Araujo (2011, p. 83)

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Os fl uxogramas (13), também chamados “diagramas de fl uxo” (RABAÇA e BARBOSA, (2001, p. 313) ou “de bate-papo” (HARRIS, 1999, p. 137) têm como funcionalidade a utilização de símbolos convencionais para repre-sentação de operações, dados, equipamentos, ocorrências etc., para defi -nição, análise ou solução de um dado problema:

(13): Fluxograma: (questão extraída do ENEM 2004) Fonte: http://www.inep.gov.brAcessado em 26/09/2011

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Diagramas também são usuais na astronomia, como é o caso do diagrama de Hertzprung-Russel (14) “que estabelece a relação entre a magnitude ab-soluta e o tipo espectral, e permite distinguir as estrelas anãs das gigantes” (FERREIRA, 1999, p.165).

(14): Diagrama de Hertzsprung-Russell adaptado de Powell. São mostradas 22 000 estrelas do Catálogo de Hiparcos e 1000 do catalogo Gliese de estrelas próximas (Figura 13).Fonte: http://goo.gl/slweK Acessado em 26/10/2012

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Fator que agrega a diversidade tipológica dos diagramas é a função geral de inter-relacionar informações, de construir sentidos visualmente, em di-versos domínios discursivos, tais como jornalístico, científico, industrial, artístico. Para fechar este verbete, o uso do diagrama de Venn em uma letra de música. A canção “Venn Diagram” de Gwyn Fowler versa sobre a cone-xão das coisas, na metáfora de uma vida em círculos: “In circles, in circles. This Venn Diagram is caving in on me” (Em círculos, em círculos, este Diagrama de Venn desaba sobre mim)”.

(17): Venn Diagram” de Gwyn FowlerFonte: http://goo.gl/na0Ac Acessado em 10/10/2012

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Diagrama

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RefeRências:

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

FRENCH, Thomas F. e VIERCK, Charles J. Desenho Técnico e tecnologia gráfica. São Paulo: Globo, 1989.

HARRIS, Robert L. Information Graphics: a comprehensive illustrated reference. New York: Oxford University Press, 1999.

MENDONÇA, Márcia. Ciência em quadrinhos: imagem e texto em cartilhas educativas. Recife: Bagaço, 2010.

RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001.

SOUZA, David A. How the brain learns to read. Thousand Oaks: Corwin Press, 2005.

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— O TEMA —em cena

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Transcrições

ABREU, Luis e CAFFÉ, Eliane. Narradores de Javé. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura – Fundação Padre Anchieta, 2004.

TRANSCRIÇÃO DA CENA:

Zaqueu: Vamo colocar no papel os enredo, gente! Desencavar da cabeça os acontecimentos de valor. Botar na escrita, fazer uma juntada de tudo que é importante, provar pras autoridades por que Javé tem de ter “tombamento”!

Deodora: Tá certo! História grande, de valor, é o que não falta aqui! Né, minha gente?

Zaqueu: Só que tem uma coisa: Eles falaram lá que só tem validade esse trabalho se for assim... Científico.

Aristeu: Que coisa é científico, Zaqueu?

Zaqueu: Científico é... ó, é assim, como por exemplo... é... é que não pode ser as patacoadas mentirosas que ocês inventam! As patranha duvidosa que ocês gostam de dizer e contar!

Firmino: Pera aê, Zaqueu! Tudo o que eu conto é caso acontecido!

Para assistir: http://goo.gl/JC46O

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O tema em cena

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Fonte: Biografia de Leonardo Da Vinci. BBC

TRANSCRIÇÃO DA CENA:

Narrador: Nesta época, as operações eram permitidas pela Igreja, ocasionalmente. Eles disponibilizavam os corpos de criminosos condenados que eram dissecados por cirurgiões assistidos por artistas e estudantes. Dadas as condições da época, poucos queriam fazer o trabalho nojento que Leonardo executava.

Amigo de Da Vinci: Quero ir para casa, está congelando.

Leonardo Da Vinci: Venha aqui.

Narrador: As salas de dissecação eram lugares terríveis.

Pesquisador: É terrível a sala de dissecação. Não havia como preservar os corpos na época. Dentro de 48 horas, havia um odor intenso. Partes do corpo estavam apodrecendo. O instrumento mais importante que tinham eram as mãos com unhas compridas que eram usadas para fazer a parte que usava algo pontudo.

Leonardo Da Vinci: Segure isso.

Amigo de Da Vinci: Por que temos que passar a noite ao lado de cadáveres?

Para assistir: http://goo.gl/JC46O

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— UMA PITADA DE —humor

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Fonte: Almanhaque 1955, Segundo Semestre, ou, “Almanhaque d’A Manha, Aparício Torelly, o Barão de Itararé. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Imprensa Oficial do Estado, 2005. (Coleção Almanhaques do Barão de Itararé).

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Fonte: Almanhaque 1955, Segundo Semestre, ou, “Almanhaque d’A Manha, Aparício Torelly, o Barão de Itararé. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Imprensa Oficial do Estado, 2005. (Coleção Almanhaques do Barão de Itararé).

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COMISSÃO EDITORIAL

Editores ExecutivosAugusto Noronha e Karla Vidal

Conselho EditorialAngela Paiva DionisioAntonio Carlos XavierCarmi Ferraz SantosCláudio Clécio Vidal EufrausinoClecio dos Santos Bunzen JúniorPedro Francisco Guedes do NascimentoRegina Lúcia Péret Dell’IsolaUbirajara de Lucena PereiraWagner Rodrigues Silva

Prefi xo Editorial: 66530

INFORMAÇÕES GRÁFICAS

FORMATO: 210 x 297 mmTIPOLOGIA: Constantia / Myriad Pro

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