verbetes de teologia

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1 VERBETES DE TEOLOGIA MORÉH: Pr. SANDRO G. G. NOGUEIRA Diretor Geral Pastor da Igreja Batista Vida Abundante em Santa Maria DF. Mestrado em Teologia pela fatesp São Paulo. Juiz Arbitral pelo TJAEM - Tribunal de Justiça Arbitral e Mediação dos Estados Brasileiros. Teólogo e Professor na FATADEB - Faculdade Teológica da Assembléia de Deus de Brasília. Professor na FAETEB - Faculdade de Educação Teológica de Brasília. Professor na FATEN - Faculdade Teológica Nacional de Luziânia - GO. Professor no STEMM - Seminário Teológico Evangélico de Missões Mundiais. Registrado no CFT - Conselho Federal de Teólogos do Brasil - N° 000.083/061. Registrado no COPEV - DF - Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal. Registrado na ORMIBAN -DF - Ordem dos Ministros Batistas do Distrito Federal. Registrado na C.B.N Convenção Batista Nacional - DF Registrado no CFECH DF - Conselho Federal Evangélico de Capelania Hospitalar do DF. Membro da Academia Nacional de Doutores, Mestres e Teólogos do Brasil. Contatos WWW.ULPAN.COM.BR E-mail: [email protected] Fone: (61) 30452188 ou (61) 96221288 / 86220402

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VERBETES

DE

TEOLOGIA

MORÉH: Pr. SANDRO G. G. NOGUEIRA

Diretor Geral

Pastor da Igreja Batista Vida Abundante em Santa Maria DF.

Mestrado em Teologia pela fatesp – São Paulo.

Juiz Arbitral pelo TJAEM - Tribunal de Justiça Arbitral e Mediação dos Estados Brasileiros.

Teólogo e Professor na FATADEB - Faculdade Teológica da Assembléia de Deus de Brasília.

Professor na FAETEB - Faculdade de Educação Teológica de Brasília.

Professor na FATEN - Faculdade Teológica Nacional de Luziânia - GO.

Professor no STEMM - Seminário Teológico Evangélico de Missões Mundiais.

Registrado no CFT - Conselho Federal de Teólogos do Brasil - N° 000.083/061.

Registrado no COPEV - DF - Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal.

Registrado na ORMIBAN -DF - Ordem dos Ministros Batistas do Distrito Federal.

Registrado na C.B.N – Convenção Batista Nacional - DF

Registrado no CFECH – DF - Conselho Federal Evangélico de Capelania Hospitalar do DF.

Membro da Academia Nacional de Doutores, Mestres e Teólogos do Brasil.

Contatos

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Fone: (61) 30452188 ou (61) 96221288 / 86220402

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VISÃO FILOSÓFICA DA PESSOA DE DEUS

O que é Deus? Quem é Deus?Ele Existe?ou é mera invenção humana? O que significa

Deus? Se algum desconhecido me perguntar diretamente se eu acredito em Deus e exigir

apenas Sim ou Não como resposta, eu não saberia o que dizer. Pelo simples fato de que eu

não saberia sobre que Deus essa pessoa estaria falando.

Sinceramente não creio que haja uma palavra mais mal compreendida, confusa e multi

signficativa do que Deus. A palavra "deus" deriva da palavra grega "teo", que por si só

pode significar não apenas um tipo específico de deus monoteísta, mas também qualquer

tipo de divindade ou "princípio" divino.

Quando um brasileiro usa a palavra Deus, não há como saber superficialmente se ele está se

referindo a uma concepção de Deus Panteísta como o da maioria das religiões espiritistas, a

um específico deus de um panteão qualquer, ao Deus monoteísta ao estilo Judáico-Cristão,

ou mesmo a alguma idéia mais abstrata tal como uma simples Consciência Universal, uma

Inteligência Oculta ou mesmo as simples leis de causa e efeito da natureza.

Para deixar logo de imediato a opinião sobre o assunto a filosofia declara que:

NÃO ACREDITA QUE EXISTA UMA "INTELIGÊNCIA" SUPREMA NO

UNIVERSO. INCOGNISCÍVEL E NÃO INTERFERENTE DE FORMA DIRETA

EM NOSSAS VIDAS.

Mas agora, apenas para mostrar o quão complexa é a questão, verifiquemos o significado

de diversas palavras diretamente relacionadas ao termo Deus.

DEUS: Nas modernas religiões monoteístas Judaísmo, Zoroastrismo, Cristianismo,

Islamismo, Sikhismo e Bahaismo, o termo “Deus” refere-se à idéia de um ser supremo,

infinito, perfeito, criador do universo, que seria a causa primária e o fim de todas as coisas.

Os povos da mesopotâmia o chamavam pelo Nome escrito em hebraico como ( יהוה ) o

tetragrama YHVH . Mas com o tempo deixaram de pronunciar o seu nome diretamente,

apenas se referindo a "Ele" como "O" Salvador ou "El" Salvador, "O" Criador ou "El"

Criador e "O" Supremo, etc. e assim por diante. Um bom exemplo desse tipo de associação,

ainda estão presentes em alguns nomes e expressões árabes, por exemplo Abdallah que

quer dizer servo (abd) de Deus (Allah).

Dentre as características principais deste Deus-Supremo estariam:

a Onipotência: poder absoluto sobre todas as coisas;

a Onipresença: poder de estar presente em todo lugar; e,

a Onisciência: poder de saber tudo.

Essas características foram reveladas aos homens através de textos contidos nos Livros

Sagrados, quais sejam:

o Bhagavad-Gita, dos vaishnavas;

o Tanakh, dos judeus;

o Avesta, dos zoroastrianos;

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a Bíblia, dos cristãos;

o Livro de Mórmon, dos santos dos últimos dias;

o Alcorão, dos muçulmanos;

o Guru Granth Sahib dos sikhs;

o Bayan Persa, dos babis; e,

o Kitáb-i-Aqdas, dos bahá'ís;

Esses livros relatam histórias e fatos envolvendo personagens escolhidos para testemunhar

e transmitir a vontade divina na Terra ao povo de seu tempo, tais como:

Abraão e Moisés, na fé judaica;

Zoroastro, na fé zoroastriana;

Jesus Cristo, na fé cristã;

Maomé, na fé islâmica;

Guru Nanak, no sikhismo, e;

Báb e Bahá'u'lláh, na fé bahá'í

Portanto,na visão da filosofia religiosa Deus é qualquer entidade cujos atributos estão

acima das capacidades humanas.

CETICISMO OU PIRRONISMO: O ceticismo (ou cepticismo) divide-se em duas

correntes:

Ceticismo filosófico - uma postura filosófica em que pessoas escolhem examinar de

forma crítica se o conhecimento e percepção que possuem são realmente

verdadeiros, e se alguém pode ou não dizer se possui o conhecimento absolutamente

verdadeiro;

Ceticismo científico - uma postura científica e prática, em que alguém questiona a

veracidade de uma alegação, e procura prová-la ou desaprová-la usando o método

científico.

O Ceticismo filosófico originou-se a partir da filosofia grega. Uma de suas primeiras

propostas foi feita por Pirro de Elis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia e lá estudou, e

propôs a adoção do ceticismo "prático"chamado de Pirronismo.

Subseqüentemente, na "Nova Academia", Arcesilaos (315-241 a.C.) e Carneades (213-129

a.C.) desenvolveram mais perspectivas teóricas, que refutavam concepções absolutas de

verdade e mentira. Carneades criticou as visões dos Dogmatistas, especialmente os

defensores do Estoicismo, alegando que a certeza absoluta do conhecimento é impossível.

Sextus Empiricus (d.C. 200), a maior autoridade do ceticismo grego, desenvolveu ainda

mais a corrente, incorporando aspectos do empirismo em sua base para afirmar o

conhecimento. Ou seja,o ceticismo filosofico é procurar saber, não contentando-se com a

ignorancia fornecida atualmente pelos meios publicos, por meio da dúvida. Se opoem ao

dogmatismo, onde é possivel conhecer a verdade.

O ceticismo científico tem relação com ceticismo filosófico, mas eles não são idênticos.

Muitos praticantes do ceticismo científico não são adeptos do ceticismo filosófico clássico.

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Quando críticos de controvérsias científicas, terapias alternativas ou paranormalidades são

ditos céticos, isto se refere apenas à postura cética científica adotada.

O termo cético é usado atualmente para se referir a uma pessoa que tem uma posição crítica

em determinada situação, geralmente por empregar princípios do pensamento crítico e

métodos científicos (ou seja, ceticismo científico) para verificar a validade de idéias. Os

céticos vêem a evidência empírica como importante, já que ela provê provavelmente o

melhor modo de se determinar a validade de uma idéia. Apesar de o ceticismo envolver o

uso do método científico e do pensamento crítico, isto não necessariamente significa que os

céticos usem estas ferramentas constantemente. Os céticos são freqüentemente confundidos

com, ou até mesmo apontados como, cínicos Porém, o criticismo cético válido (em

oposição a dúvidas arbitrárias ou subjetivas sobre uma idéia) origina-se de um exame

objetivo e metodológico que geralmente é consenso entre os céticos. Note também que o

cinismo é geralmente tido como um ponto de vista que mantém uma atitude negativa

desnecessária acerca dos motivos humanos e da sinceridade. Apesar de as duas posições

não serem mutuamente exclusivas e céticos também poderem ser cínicos, cada um deles

representa uma afirmação fundamentalmente diferente sobre a natureza do mundo.

Os céticos científicos constantemente recebem também, acusações de terem a "mente

fechada" ou de inibirem o progresso científico devido às suas exigências de evidências

cientificamente válidas. Os céticos, por sua vez, argumentam que tais críticas são, em sua

maioria, provenientes de adeptos de disciplinas pseudocientíficas, tais como homeopatia,

reiki, paranormalidade e espiritualismo ,cujas visões não são adotadas ou suportadas pela

ciência convencional. Segundo Carl Sagan, cético e astrônomo, "você deve manter sua

mente aberta, mas não tão aberta que o cérebro caia". A necessidade de evidências

cientificamente adequadas como suporte a teorias é mais evidente na área da saúde, onde

utilizar uma técnica sem a avaliação científica dos seus riscos e benefícios pode levar a

piora da doença, gastos financeiros desnecessários e abandono de técnicas

comprovadamente eficazes. Por esse motivo, no Brasil é vedado aos médicos a utilização

de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica. O Pirronismo, ou

ceticismo pirrônico, foi uma escola de ceticismo fundada por Enesidemo de Cnossos no

século I EC e registrada por Sextus Empiricus no século III. Toma seu nome de Pirro de

Elis, um cético que viveu circa 360 a 270 AEC, embora a relação entre a filosofia da escola

e essa figura histórica é pouco clara. O pirronismo tornou-se influente há alguns séculos

desde o surgimento da moderna visão científica do mundo. "Nada pode ser conhecido, nem

mesmo isto". Os céticos pirrônicos negam assentimento a proposições não imediatamente

evidentes e permanecem num estado de inquirição perpétua. Por exemplo, pirrônicos

afirmam que uma falta de provas não constitui prova do oposto, e que essa falta de crença é

profundamente diferente de uma descrença ativa. Ao invés de descrer em Deus, poderes

psíquicos etc., baseados na falta de evidências de tais coisas, pirrônicos reconhecem que

não podemos estar certos de que evidências novas não possam aparecer no futuro, de modo

que eles mantém-se abertos em sua pesquisa. Também questionam o saber estabelecido, e

vêem o dogmatismo como uma doença da mente. Pirro de Elis (c360 a.C. - c270 a.C.),

filósofo de Elis, considerado o primeiro filósofo cético e é o fundador da escola conhecida

como Pirronismo. Diz-se que Pirro era tão cético que isso o teria levado a uma prematura e

infortunada morte por volta de 270 a.C.. Segundo a lenda, ele estava demonstrando seu

ceticismo vendado quando seus discípulos tentaram avisá-lo de um precipício à sua frente.

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Recusando-se a acreditar neles, terminou sua vida abruptamente.

TEÍSMO: (do grego Theós, "Deus") é um conceito surgido no século XVII (R. Cudworth,

1678) contrapondo-se ao moderno ateísmo, deísmo e panteísmo. O teísmo sustenta a

existência de um deus (contra o ateísmo), ser absoluto transcendental (contra o panteísmo),

pessoal, vivo, que atua no mundo através de sua providência e o mantém (contra o deísmo).

No teísmo a existência de um deus pode ser provada pela razão, prescindindo da revelação;

mas não a nega.

Podemos dividir o Teísmo em:

Monoteísmo- Crença em um só Deus.

Politeísmo- Crença em vários deuses.

Henoteísmo- Proposta de veneração de um Deus Supremo, mas não nega a existência de

outros. Em suma teísmo é qualquer idéia de que há um Deus supremo ou vários deuses que

se relacionam diretamente com o Universo.

DEÍSMO: O deísmo é uma postura filosófico-religiosa que admite a existência de um

Deus criador, mas rejeita a idéia de revelação divina. É uma doutrina que considera a razão

como a única via capaz de nos assegurar da existência de Deus, rejeitando, para tal fim, o

ensinamento ou a prática de qualquer religião organizada.O deísmo pretende enfrentar a

questão da existência de Deus através da razão, em lugar dos elementos comuns das

religiões teístas como a revelação directa, a fé ou a tradição. Os deístas em geral rejeitam a

religião organizada e o(s) deus(es) - dito(s) - “revelado(s)”, argumentando que Deus é o

criador do mundo mas que não intervém de forma alguma nos afazeres do mesmo, embora

esta posição não seja estritamente parte da filosofia deísta. Para eles, Deus se revela através

da ciência e as leis da natureza. O deísta não necessariamente nega que alguém possa

receber uma revelação directa de Deus, mas essa revelação será válida ´´só´´ para uma

pessoa. Se alguém lhe diz que Deus se revelou, para ele será uma revelação secundária e

ninguém é obrigado a segui-la. Isto implica a possibilidade de estar aberto às diferentes

religiões como manifestações diversas de uma mesma realidade divina, embora não crendo

em nenhuma como “verdadeira” ou “totalmente verdadeira”,no Deísmo há uma idéia de

que há um Deus, mas este não se relaciona diretamente com o Universo, tendo-o criado e

depois se afastado, eliminando a possibilidade de haver revelações divinas ou qualquer

comunicação com tal divindade.

ATEÍSMO: O termo "ateu" é formado pelo prefixo grego a-, significando "ausência" e o

radical "teu", derivado do grego theós, significando "deus". O significado literal do termo é,

então: "sem deus".Teísmo é a crença em algum deus, assim, a ausência da crença será o

ateísmo (ausência de teísmo), O ateísmo ou ateía (não confundir com atéia, feminino de

ateu)[1]

, num sentido lato, refere-se à descrença em qualquer deus, deuses ou entidade

divinas. Os ateus podem, contudo, incluir-se em várias modalidades de pensamento, sendo

o pensamento ateísta dividido em duas categorias específicas: o ateísmo fraco e o ateísmo

forte.Alguns autores defendem um uso mais restrito do termo, reservando-o apenas para

determinados grupos. Assim, não poderiam ser englobados na categoria dos ateus todas as

pessoas indecisas quanto a qualquer crença religiosa, o que excluiria do conceito e sua

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definição aqueles que são designados como ateus fracos. Contudo, é frequente, em

discursos orientados por uma religião e cultura específicas, que se considere como ateu

todo aquele que não partilhe as mesmas crenças religiosas. Por exemplo, era freqüente que

os antigos romanos acusassem os antigos cristãos de ateísmo, justificando assim a sua

perseguição. Os textos cristãos, por seu lado, usavam o mesmo termo para classificar os

seus perseguidores. Este tipo de discurso ainda é frequente atualmente,portanto Ateísmo é a

Concepção de que não há qualquer forma de Deus, mas que não necessariamente invalida

um plano transcendente.

AGNOSTICISMO: "Agnosticismo" derivou-se da palavra grega "agnostos", formada com

o prefixo de privação (ou de negação) "a-" anteposto a "gnostos" (conhecimento).

"Gnostos" provinha da raiz pré-histórica "gno-",que se aplicava à idéia de "saber" e que

está presente em numerosos vocábulos da nossa língua, tais como cognição, cognitivo,

ignorar, conhecer, ignoto, ignorância, entre outros. As bases filosóficas do agnosticismo

foram assentadas no século XVIII por Immanuel Kant e David Hume, porém só no século

XIX que o termo agnosticismo seria formulado. Seu autor foi o biólogo britânico Thomas

Henry Huxley - avô paterno do escritor Aldous Huxley (autor do romance distópico

Admirável Mundo Novo) - numa reunião da Sociedade Metafísica, em 1876. Ele definiu o

agnóstico como alguém que acredita que a questão da existência ou não de um poder

superior (deus) não foi nem nunca será resolvida. Em suas palavras: "Eles estavam seguros

de ter alcançado uma certa gnose -- tinham resolvido de forma mais ou menos bem

sucedida o problema da existência, enquanto eu estava bem certo de que não tinham, e

estava bastante convicto de que o problema era insolúvel." T. H. Huxley (1825-

1895).Desde essa época o termo "agnóstico" também tem sido usado para descrever aquele

que não acredita que essa questão seja intrinsecamente incognoscível, mas por outro lado

crê que as evidências pró e contra Deus não são ainda conclusivas, ficando pragmático

sobre o assunto. Se existe um Criador, um Deus, do tempo, do espaço, da energia, da

matéria, até chegar a nossa criação, que poderia até ser atribuída a uma outra raça, então, só

descobrindo e explorando as coisas em sua suposta ordem inversa da criação que

chegaremos ao Criador, até lá a simples existência da vida não prova a existência de Deus

nem a prova da evolução das espécies a nega. Aliás, talvez nem mesmo a existência da vida

após a morte prová-la-ia.Esta Filósofia grega nascida em Élida, fundadora da escola

filosófica, o ceticismo, uma doutrina prática, também conhecida como pirronismo, que se

caracterizava por negar ao conhecimento humano a capacidade de encontrar certezas.

Filósofo de teorias complicadas, acompanhou Alexandre, o Grande (356-323 a. C.), na

conquista do Oriente, ocasião em que entrou em contato com os faquires da Índia. Estudou

filosofia com o atomista Anaxarco de Abdera, durante e após esta expedição (334-325 a.

C.) e iniciou-se no magistério (324 a. C.), na cidade de Élida. Ao meditar sobre os discursos

filosóficos de sua época, concluiu que todas as doutrinas eram capazes de encontrar

argumentos igualmente convincentes para a razão. Desdobrou sua filosofia em três

questões: qual a natureza das coisas, como devemos portar-nos ante elas e o que obtemos

com esse comportamento. Para ele toda intenção de ir além das aparências está condenada

ao fracasso pelas deficiências dos sentidos e pela fraqueza da razão. Seu principal seguidor

foi o escritor satírico Timón de Fliunte (320-230 a. C.). Seus ensinamentos exerceram

influência sobre a Média e a Nova Academia. Durante o século XVII voltaram à atualidade

em razão da reedição dos livros de Sexto Empírico (150-220), que codificara as obras

doutrinárias da escola cética no século III da era cristã. Esta posição declara não ser

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possível "Nenhum conhecimento" confiável a respeito de Deus. Seus partidários embora

em geral não neguem a existência de Deus, não seguem qualquer religião.

PANTEÍSMO: é uma doutrina que identifica o universo (em grego: pan,tudo) com Deus

(em grego: theos). O mundo material é portanto O panteísta é aquele que acredita e/ou tem

a percepção da natureza e do Universo, como divindade. A reflexão deve partir de um

conhecimento da realidade divina e depois especular sobre a relação entre o divino e o não-

divino. A este ponto de vista chama-se panteísmo acósmico. Inversamente, quando a

reflexão começa de uma percepção de toda realidade finita, das entidades passíveis de

mudança e é dado o nome Deus a sua totalidade, denomina-se panteísmo cósmico.

Etimologicamente falando, o termo panteísmo deriva das palavras gregas pan ("tudo") e

teísmo ("crença em deus"), sustentando a idéia da crença em um Deus que está em tudo, ou

à de muitos deuses representados pelos múltiplos elementos divinizados da natureza e do

universo. Em diversas culturas panteístas, freqüentemente a idéia de um Deus que vive em

tudo, complementa e coexiste pacificamente com o conceito de múltiplos deuses associados

com os diversos elementos da natureza, sendo ambos, aspectos do panteísmo. A principal

convicção é que Deus, ou força divina, está presente no mundo e permeia tudo o que nele

existe. O divino também pode ser experimentado como algo impessoal, como a alma do

mundo, ou um sistema do mundo. O panteísmo costuma ser associado ao misticismo, no

qual o objetivo do mortal é alcançar a união com o divino. O Panteísmo é também a linha

filosófica aque mais se aproxima da filosofia hermética do antigo egito, onde o principal

objetivo é fazer parte da conspiração universal(ou conspiração Cósmica) "Pan" significa

Natureza. Idéia de que Tudo é Deus. Que todos os elementos e coisas existentes são o

próprio "corpo" de Deus, e mesmo que possua uma dimensão invisível, transcendente, está

intimamente ligado a natureza e relacionado a todos os eventos.

PANENTEÍSMO: (pan-en-teísmo) é uma doutrina que diz que o universo está contido em

Deus (ou nos deuses), mas Deus (ou os deuses) é maior do que o universo. É diferente do

panteísmo (pan-teísmo), que diz que Deus e o universo coincidem perfeitamente (ou seja,

são o mesmo).No panenteísmo, todas as coisas estão na divindade, são abarcadas por ela,

identificam-se (ponto em comum com o panteísmo), mas a divindade é, além disso, algo

além de todas as coisas, transcendente a elas, sem necessariamente perder sua unidade (ou

seja, a mesma divindade é todas as coisas e algo a mais),sendo assim é a variação do

Panteísmo Transcendente onde a "alma" do universo porém excede em muito o "corpo", de

modo que Deus e a Natureza não são a mesma coisa, mas Deus é ONIPRESENTE em tudo,

característica que pode gerar confusão com o Monoteísmo.

PANDEÍSMO (em grego πάν) é uma corrente filosófica que surgiu da mistura do

panteísmo com o deísmo.Corrente religiosa sincrética (do grego: πάν (pan), "todo" e do

latin deus, "deus") proveniente da junção do panteísmo(identidade de Deus com o

Universo) com o deísmo (O Deus criador do universo não mais pode ser localizado, senão

com base na razão), ou seja, a afirmação concomitante de que Deus precede o Universo,

sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua Totalidade.Como o deismo, faz uso de razão

na religião, o pandeísmo usa o argumento cosmológico, o argumento teológico e outros

aspectos da chamada "religião natural". Tal uso se deu entre os disseminadores de sistemas

filosóficos racionais, durante o século XIX.Também foi largamente empregado para

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identificar a expressão simultânea de todas as religiões. Algumas Mitologias, tais como a

nórdica, sugerem que o mundo foi criado da substância corporal de uma deidade inactiva,

ou ser de capacidades similares; no exemplo citado, Odin, junto de seus irmãos Ve e Vili

derrotaram e mataram o gigante Ymir, e de sua carne fizeram a terra, dos cabelos, a

vegetação, e assim por diante, criando o Mundo conhecido. Semelhantemente, a mitologia

Chinesa propugna a mesma estrutura, atribuindo á Pan Gu a criação dos elementos físicos

que compõe o Mundo. Modernamente, Thomas Paine, filósofo britânico, e o naturalista

holandês Franz Wilhelm Junghuhn redimensionaram os conceitos sobre deísmo e

panteísmo em suas obras, introduzindo-as na mentalidade contemporânea. Em 2001, Scott

Adams escreveu God's Debris (Restos do Deus), que propõe um formulário de Pandeísmo.

POLITEÍSMO: consiste na crença em mais do que uma divindade de gênero masculino,

feminino ou indefinido, sendo que cada uma é considerada uma entidade individual e

independente com uma personalidade e vontade próprias, governando sobre diversas

actividades, áreas, objectos, instituições, elementos naturais e mesmo relações humanas.

Ainda em relação às suas esferas de influência, de notar que nem sempre estas se

encontram claramente diferenciadas, podendo naturalmente haver uma sobreposição de

funções de várias divindades. O reconhecimento da existência de múltiplos deuses e deusas,

no entanto, não equivale necessariamente à adoração de todas as divindades de um ou mais

panteões, pois o crente tanto pode adorá-las no seu conjunto, como pode concentrar-se

apenas num grupo específico de deidades, determinado por diversas condicionantes como a

ocupação do crente, os seus gostos, a experiência pessoal, tradição familiar, etc. São

exemplos de religiões politeístas as da antiga Grécia, Roma, Egipto, Escandinávia, Ibéria,

Ilhas Britânicas e regiões eslavas, assim como as suas reconstruções modernas e ainda o

Xintoísmo e algumas ramificações do Wicca e Hinduísmo. Portanto, no Politeísmo se crê

na idéia de que existem vários deuses independentes, que geralmente representam aspectos

específicos da natureza, mas não são a própria natureza, e que geralmente se sucedem

através de gerações.

HENOTEÍSMO: é a crença religiosa que postula a existência de várias divindades, mas

que atribui a criação de todas a uma divindade suprema, que seria objeto de culto. Outra

modalidade de culto henoteísta, mais próxima do politeísmo, defende a existência de

diversos deuses, cabendo a cada grupo ou cada tribo a eleição da sua divindade protetora,

para quem prestam reverência e adoração. Outras crenças henoteístas são aquelas mais

próximas do monoteísmo, pois afirmam que existe um único Deus que, no entanto, se

manifesta e interage com os seres humanos em uma variedade de aspectos ou avatares, de

variadas aparências e personalidades. Existem alguns casos de henoteísmo no Hinduísmo.

Concepção de que existem vários deuses mas que um possui a qualidade suprema.

MONOTEÍSMO: é a crença em um só Deus. Diferente do politeísmo que conceitua a

natureza de vários deuses, como também diferencia-se do henoteísmo por ser este a crença

preferencial em um deus reconhecido entre muitos. A divindade, nas religiões monoteístas,

é onipotente, onisciente e onipresente, não deixando de lado nenhum dos aspectos da vida

terrena. A crença em um só Deus, que para além de ser considerado todo-poderoso é

também um ícone moral para os adeptos de religiões monoteístas - exigindo dos fiéis

observância de normas de conduta consideradas puras.

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São exemplos de religiões monoteístas:

Cristianismo

Fé Bahá'í

Islamismo

Judaísmo

Monoteísmo é a idéia de que existe um único Deus supremo sobre todas as outras

criaturas, que é princípio e fim de todas as coisas e que criou o Universo estando separado

dele. Pode confundir-se com Henoteísmo, e por vezes com o Politeísmo, por admitir a

existência de outras criaturas divinas como Anjos, mas que nesse caso, não são chamadas

de deuses, e estão claramente subordinados a entidade máxima que é Eterna e Imutável.

TEOCRACIA: é uma forma de governo onde o povo é controlado por um sacerdote ou

líder religioso que governa, supostamente, segundo o desejo de uma divindade. A teocracia

pode ser também, Regime político; Religião. O Estado com essa forma de Governo.

Exemplos atuais de regimes desse tipo são o Vaticano, regido pela Igreja Católica e tendo

como chefe-de-Estado um sacerdote (o Papa), e o Irã, que é controlado pelos Aiatolás,

lideres religiosos islâmicos, desde a Revolução Islâmica em 1979. Sua forma corrupta é

denominada clerocracia. A forma de Estado teocrático contém princípios bastante diversos

dos que norteiam a monarquia e a república. Enquanto estas duas são peculiares ao

ocidente, as teocracias são típicas do mundo islâmico - ou muçulmano. Como o próprio

nome indica, teo refere-se ao que provém ou está relacionado a Deus - aqui é preciso

cuidado para que não se confunda a teocracia com a variante absolutista do Estado

monárquico. Nas monarquias ocidentais, o poder real continha uma natureza divina. No

entanto, por mais próximos que estivessem o Estado e a Igreja, ambos constituíam esferas

separadas: a monarquia detinha o poder político, enquanto a Igreja, os poderes espiritual e

moral. Já nas teocracias tal distinção está ausente. Os poderes político e religioso andam

lado a lado. Portanto, quem detêm o controle do Estado regula também os preceitos morais,

espirituais, educacionais e culturais. Nada é feito de forma autônoma. Toda e qualquer

atitude tomada pelo Estado ou pela sociedade está vinculada a uma única lógica religiosa,

que serve como fundamento universal. Tais características imprimem um elemento místico

ao poder estatal. Nas teocracias o exercício da autoridade política é, ao mesmo tempo, um

ritual religioso, que, em tese, afasta qualquer contestação social. Os países islâmicos,

sobretudo aqueles nos quais a facção xiita é majoritária, são fortemente estruturados sobre

essa mistura de crença e submissão. Um exemplo presente de Estado teocrático é o Irã,

onde vigora o regime dos aiatolás, que são, simultaneamente, sacerdotes e governantes e

sustentam, como objetivo central, a destruição do mundo ocidental por meio de atos

terroristas estimulados pelo fanatismo religioso. Embora nem todos os países islâmicos

possam ser caracterizados como teocracias, é preciso que se diga que a incorporação de

padrões políticos e culturais típicos do ocidente - como a democracia e a separação entre

Igreja e Estado - é muito remota, uma vez que envolve processos consolidados ao longo de

séculos de história. Portanto,Teocracia seria um sistema de governo subordinado a uma

religião, através de uma classe sacerdotal e, ou, um código de leis sagradas.

METAFÍSICA: O sentido da palavra metafísica deve-se a Aristóteles e a Andrônico de

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Rodes. Aristóteles nunca utilizou esta palavra, mas escreveu sobre temas relacionados à

physis e sobre temas relacionados à ética e à política, entre outros semelhantes. Andrônico,

ao organizar os escritos de Aristóteles, o fez de forma que, espacialmente, aqueles que

tratavam de temas relacionados à physis viessem antes dos outros. Assim, eles vinham

depois da física (Metha = depois, além; Physis = física). Assim, conscientemente ou não,

Andrônico organizou os escritos de forma análoga à classificação dos dois temas. Ética,

política, etc., são assuntos que não tratam de seres físicos, mas de seres não-físicos

existentes apesar da sua imaterialidade. Em resumo, a Metafísica trata de problemas sobre

o propósito e a origem da existência e dos seres. Especulação em torno dos primeiros

princípios e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da Filosofia,

outras, se confunde com ela. Metafísica é uma palavra originária do Grego ( μετα [meta] =

depois de/além de e Φυσις [physis] = natureza ou físico). É um ramo da filosofia que estuda

o mundo como ele é. A saber, é o estudo do ser ou da realidade. Se ocupa em procurar

responder perguntas tais como: O que é real (veja realidade)? O que é natural (veja

naturalismo)? O que é sobre-natural (veja milagres)?. O ramo central da metafísica é a

ontologia, que investiga em quais categorias as coisas estão no mundo e quais as relações

dessas coisas entre si. A metafísica também tenta esclarecer as noções de como as pessoas

entendem o mundo, incluindo a existência e a natureza do relacionamento entre objetos e

suas propriedades, espaço, tempo, causalidade, e possibilidade,a Metafísica é parte da

Filosofia que aborda questões que transcendem o plano físico e a natureza sensível.

TEOLOGIA: em seu sentido literal, é o estudo sobre Deus (do grego θεóς, theos, "Deus";

+ λóγος, logos, "palavra", por extensão, "estudo"). Como ciência tem um objeto de estudo:

Deus. Entretanto como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não

tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da

revelação de Deus na Bíblia. Por isso, também se define "teologia" como um falar "a partir

de Deus" (Karl Barth). Este termo foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo A

República, para referir-se à compreensão da natureza divina por meio da razão, em

oposição à compreensão literária própria da poesia feita por seus conterrâneos. Mais tarde,

Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados:

teologia como o ramo fundamental da ciência filosófica, também chamada filosofia

primeira ou ciência dos primeiros princípios, mais tarde chamada de metafísica por

seus seguidores.

teologia como denominação do pensamento mitológico imediadamente anterior à

Filosofia, com uma conotação pejorativa, e sobretudo utilizado para referir-se aos

pensadores antigos não filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro).

Santo Agostinho tomou o conceito "teologia natural" da obra Antiquitates rerum

humanarum et divinarum, de M. Terêncio Varrão, como única teologia verdadeira dentre as

três apresentadas por Varrão: a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a teologia

sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da revelação e, portanto,

considerada superior. A teologia sobrenatural, situada fora do campo de ação da Filosofia,

não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva (ancilla

theologiae) que ajudaria a primeira na compreensão de Deus. Teodicéia, termo empregado

atualmente como sinônimo de teologia natural, foi criado no século XVIII por Leibniz,

como título de uma de suas obras (chamada "Ensaio de Teodicéia. Sobre a bondade de

Page 11: VERBETES DE TEOLOGIA

11

Deus, a liberdade do ser humano e a origem do mal"), embora Leibniz utilize tal termo para

referir-se a qualquer investigação cujo fim seja explicar a existência do mal e justificar a

bondade de Deus. Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a teologia é organizada

segundo os dados da revelação e da experiência humana. Estes dados são organizados no

que se conhece como Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática. Teologia pode ser

também considerada como parte da METAFÍSICA que estuda a idéia e concepção de Deus.

Outros tipos de Teologia:

Teologia Contemporânea

Teologia moral

Teologia fundamental

Teologia Gnóstica

Teologia da Libertação

Teologia cristã

Teologia Espiritual

Teologia Sistemática

Palavras secundariamente relacionadas:

MONISMO: Chama-se de monismo (do grego monos, "um") às teorias filosóficas que

defendem a unidade da realidade como um todo (em metafísica) ou a identidade entre

mente e corpo (em filosofia da mente). Opõe-se ao dualismo ou ao pluralismo em geral. As

raízes do monismo na filosofia ocidental estão em Parmênides, Platão e Plotino. Spinoza é

o filósofo monista por excelência, pois defende que existe uma única coisa, a substância, da

qual tudo o mais são modos. Hegel defende um monismo semelhante. Em filosofia da

mente, monismo é, no mais das vezes, materialismo sobre a natureza da mente,dentro da

idéia de que todo o Universo pode ser visto através de uma única substância, reduzido a

uma única essência, que pode estar associado à idéia de Deus e mais aproximadamente de

um Deus Panteísta.

DUALISMO: ou dualidade foi uma doutrina estabelecida por René Descartes, e Christian

von Wolff quem primeiro utilizou o conceito em sua concepção moderna, segundo o qual

"é o sistema filosófico ou doutrina que admite, como explicação primeira do mundo e da

vida, a existência de dois princípios, de duas substâncias ou duas realidades irredutíveis

entre si, inconciliáveis, incapazes de síntese final ou de recíproca subordinação."O

princípio da dualidade é amplamente utilizado na filosofia e física modernas e constitui

uma das bases da moderna teoria quântica. Na metafísica, chama-se de dualista ao sistema

que explica o todo da realidade como composto de dois tipos de realidades distintas. A

doutrina metafísica segundo a qual há duas substâncias, ou seja, dois tipos distintos e

independentes de seres: material e espiritual. A substância material é definida como fisica e

pode ser definida como a realidade do mundo empirico, que nós vemos, ouvimos, etc e

medida pelos nossos sentidos bem como por instrumentos como microscópios, telescópios,

radar, etc. O mundo espiritual é descrito negativamente como não-fisico, não-material,

chamado psicológico, mental ou espiritual,por isso há a concepção de que o Universo é

composto fundamentalmente por duas forças primárias, princípios complementares,

substâncias equivalentes e distintas, que podem se harmonizar ou não dependendo de suas

Page 12: VERBETES DE TEOLOGIA

12

proporções estarem ou não em equilíbrio. Só poderiam ser reduzidas a uma, se puderem,

num plano transcendente.

MANIQUEÍSMO: filosofia religiosa sincrética e dualística ensinada pelo profeta persa

Mani (ou Manes), combinando elementos do Zoroastrismo, Cristianismo e Gnosticismo,

condenado pelo governo do Império Romano, filósofos neoplatonistas e cristãos

ortodoxos.Filosofia dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo.

A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do

termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios

opostos do Bem e do Mal. A igreja cristã de Mani era estruturada a partir dos diversos

graus do desenvolvimento interior. Ele mesmo a encabeçava como apóstolo de Jesus Cristo.

Junto a ele eram mantidos doze instrutores ou filhos da misericórdia. Seis filhos iluminados

pelo sol do conhecimento assistiam a cada um deles. Esses "epíscopos" (bispos) eram

auxiliados por seis presbíteros ou filhos da inteligência. O quarto círculo compreendia

inúmeros eleitos chamados de filhos e filhas da verdade ou dos mistérios. Sua tarefa era

pregar, cantar, escrever e traduzir. O quinto círculo era formado pelos auditores ou filhos e

filhas da compreensão. Para esse último grupo, as exigências eram menores. Eles deviam

seguir sobretudo os dez mandamentos seguintes como fio condutor da sua vida cotidiana:

1. Não adorar nenhum ídolo;

2. Purificar o que sai da boca: não praguejar, não mentir, não levantar falso

testemunho ou caluniar;

3. Purificar o que entra pela boca: não comer carne, nem ingerir álcool;

4. Venerar as mensagens divinas;

5. Ser fiel ao seu cônjuge e manter a continência sexual durante os jejuns;

6. Auxiliar e consolar aqueles que sofrem;

7. Evitar os falsos profetas;

8. Não assustar, ferir, atormentar ou matar animais;

9. Não roubar nem fraudar;

10. Não praticar nenhuma magia ou feitiçaria.

Esta religião que foi fundada na Pérsia no século III propõe que o Universo é constituído

de dois princípios fundamentais opostos que se repelem e não podem se harmonizar, no

caso o Bem e o Mal. Nome também usado para designar qualquer concepção de Dualismo

desarmônico e conflitivo.

MONOLATRIA: Adoração centrada num único ponto. Geralmente no Politeísmo, onde

ocorre a adoração de uma só divindade embora não implique sempre em Henoteísmo.

Muitas vezes o foco da adoração se desloca para uma figura humana, um Governante, Rei,

Imperador, ao qual se atribuem qualidades divinas.

NIILISMO: do latim nihil (nada), é uma corrente filosófica que, em princípio, concebe a

existência humana como desprovida de qualquer sentido. Tendo sido popularizada

primeiramente na Rússia do século XIX, como reação de alguns intelectuais russos,

mormente socialistas e anarquistas à lentidão dos czares em promover as desejadas

reformas democráticas. Apesar do termo se popularizar na obra Pais e Filhos de Ivan

Turgueniev, encontramos evidente relação com o estoicismo, por subjugar o externo, o não

Page 13: VERBETES DE TEOLOGIA

13

próprio do ser. Mais tarde, o termo é usado para designar o não-cristão pela escolástica,

amiúde em Tomás de Aquino. Só no Renascimento, contudo, é que o niilismo ganha

terreno para florescer; já na obra de Goethe, Fausto, encontramos através de Mefistófeles a

noção de aniquilamento ali expressa. Hegel, filósofo idealista alemão, dá novo fôlego ao

niilismo, porém, Max Stirner é o primeiro a realmente estudar diretamente o assunto em si.

Seguindo a linha hegeliana, Bakunin é um dos precursores do niilismo-político, inclusive,

em 1794, em meio às turbulências da Revolução Francesa a República declara em

convenção: "Esta não é uma República nem teísta e nem ateísta, mas niilista". A difusão

das concepções socialistas encontram moradia na Rússia arrastando consigo este niilismo

germinal, sob a bandeira do "tudo é permitido". É nesse contexto que o tema é

desenvolvido por Dostoiévski, principalmente nas obras Os Irmãos Karamazov, Crime e

Castigo e Os Demónios. Bougart, também aprofunda o tema e dá as melhores referências,

para que Nietzsche, posteriormente, teorizasse a questão à volta do termo, expressa

sobretudo na sua obra compilada póstumamente Vontade de Poder, em 1895. Fica confesso

assim, as maiores influências de Nietzsche no tocante ao niilismo: Schopenhauer, Ivan

Turgueniev, Dostoievski e Bougart. É notável salientar que na Alemanha de Schopenhauer

se desenvolveu o niilismo no aspecto social e religioso,portanto se tem a crença de que não

há qualquer forma de deus, transcêndencia, ética ou moral superiores. Descrença absoluta.

MATERIALISMO: O termo foi inventado por Leibniz em 1702, e reivindicado pela

primeira vez por La Mettrie em 1748. Entretanto, em termos da origem das idéias, pode-se

considerar que os primeiros filósofos materialistas, são alguns filósofos pré-socráticos:

Demócrito, Leucipo, Epicuro, Lucrécio, os estóicos, que se opunham na questão da

continuidade da matéria: os átomos evoluiriam no vácuo ? O atomismo de Demócrito

influenciou Platão em sua teoria (idealista) dos elementos (fogo, ar, água, terra, éter,

identificados em sua forma atômica aos polígonos regulares, respectivamente : tetraedro,

octaedro, icosaedro, cubo, dodecaedro). Para o materialismo científico, o pensamento se

relaciona a fatos puramente materiais (essencialmente mecânicos) ou constituem

epifenômeno. Na filosofia marxista, o materialismo dialético (ou materialismo marxista) é

uma forma desta doutrina estabelecida por Karl Marx e Friedrich Engels que, introduzindo

o processo dialético na matéria, admite, ao fim dos processos quantitativos, mudanças

qualitativas ou de natureza, e daí a existência de uma consciência, que é produto da matéria,

mas realmente distinta dos fenômenos de ordem material. O materialismo histórico é uma

tese do marxismo, segundo a qual o modo de produção da vida material condiciona o

conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise da

história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas. Essa tese foi definida e utilizada

por Karl Marx (em O 18 do brumário de Luis Bonaparte, O capital), Friedrich Engels

(Socialismo utópico e socialismo científico), Rosa Luxemburgo e Lênin. O termo

materialismo é também utilizado para designar a atitude ou o comportamento daqueles que

se apegam aos bens, valores e prazeres materiais. No campo artístico, o materialismo

constitue uma tendência a dar às coisas uma representação realista e sensual. Em filosofia,

materialismo é o tipo de fisicalismo que sustenta que a única coisa da qual se pode afirmar

a existência é a matéria; que, fundamentalmente, todas as coisas são compostas de matéria e

todos os fenômenos são o resultado de interações materiais; que a matéria é a única

substância. Como teoria, o materialismo pertence à classe da ontologia monista. Assim, é

diferente de teorias ontológicas baseadas no dualismo ou pluralismo. Em termos de

Page 14: VERBETES DE TEOLOGIA

14

explicações da realidade dos fenômenos, o materialismo está em franca oposição ao

idealismo. Esta doutrina visa explicar todos os fenômenos existentes pelo ponto de vista

unicamente físico, sem apelar para qualquer conteúdo Metafísico.

HEDONISMO: [Do grego hēdonē "prazer"]. É uma teoria ou doutrina filosófico-moral

que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo bem da vida humana. Surgiu na

Grécia, na época pós-socrática, e um dos maiores defensores da doutrina foi Aristipo de

Cirene. O hedonismo moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de

prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas,pois é a tendência a

buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando

tudo o que possa ser desagradável. O contrário do Hedonismo é a Anedonia, que é a perda

da capacidade de sentir prazer, próprio dos estados gravemente depressivos,nesta doutrina

considera-se que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da

vida moral. A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, etc, quando entendida pela

índole voluptuosa de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se

resolve no prazer. A idéia básica que está por trás do hedonismo é que todas as ações

podem ser medidas em relação ao prazer e a dor que produzem na busca de um modo de

vida que se ocupa unicamente da busca do prazer e satisfação pessoal.

SOLIPSISMO: (do latim "solu-, «só» +ipse, «mesmo» +-ismo".) é a crença filosófica de

que, além de nós, só existem as nossas experiências. O solipsismo é a consequência

extrema de se acreditar que o conhecimento deve estar fundado em estados de experiência

interiores e pessoais, não se conseguindo estabelecer uma relação direta entre esses estados

e o conhecimento objetivo de algo para além deles. O "solipsismo do momento presente"

estende este ceticismo aos nossos próprios estados passados, de tal modo que tudo o que

resta é o eu presente. Com o intuito de demonstrar como considerava ridícula esta ideia,

Bertrand Russel refere o caso de uma mulher que se dizia solipsista, estando espantada por

não existirem mais pessoas como ela. Nesta corrente filosófica determina-se que exista

apenas um Eu que comanda o Mundo, ou seja, o mundo é controlado consciente ou

insconscientemente pelo SER. Devido a isso, a única certeza de existência é o pensamento,

instância psíquica que controla a vontade. O mundo ao redor é apenas um esboço virtual do

que o Ser imagina. Como também as pessoas, acreditando que são resultados de uma

experiência mental. Além a isso, também pode-se considerar o corpo do próprio Ser como

algo virtual, como diz a corrente solipsista, tudo é uma reprodução. Uma vez que não se

pode ter confiança nem nos sentidos que são experimentados, e apenas nos pensamentos,

como fonte de certeza de existência e Proposição de que o Eu é a única realidade

comprovada, e todas as demais coisas podem ser projeções da mente individual.

EXISTENCIALISMO: é uma corrente filosófica e literária que destaca a liberdade

individual, a responsabilidade e a subjetividade do ser humano. O existencialismo

considera cada homem com um ser único que é mestre dos seus atos e do seu destino.

O existencialismo afirma o primado da existência sobre a essência, segundo a célebre

definição do filósofo francês Jean-Paul Sartre: "A existência precede a essência." Essa

definição funda a liberdade e a responsabilidade do homem, visto que esse existe sem que

seu ser seja definido a priori. A palavra "existencialismo" vem de "existência". Sartre, após

ter feito estudos sobre fenomenologia na Alemanha, criou o termo utilizando a palavra

Page 15: VERBETES DE TEOLOGIA

15

francesa "existence" como tradução da palavra alemã "Dasein", termo empregado por

Heidegger em Ser e tempo. Após a Segunda Guerra Mundial, uma corrente literária

existencialista contou com Albert Camus e Boris Vian, além do próprio Sartre. É de se

notar que, do ponto de vista filosófico, Albert Camus era contra o existencialismo, e Vian

se considerava um patafísico. Nesta doutrina prega-se que o ser humano é quem determina

todos os eventos a partir de sua própria escolha, sendo totalmente livre para fazer o que

quiser, não havendo qualquer impedimento de ordem divina, moral ou ética. Nesta

concepção a Existência precede a Essência do Ser, que na verdade é um Não-Ser, um vazio.

Creio que este simples glossário possa evidenciar a complexidade dessa questão que ao

longo da história vem sendo abordada das mais diversas formas possíveis. Há muitas

proposições que visam comprovar ou reprovar a existência de um princípio divino no

Universo, porém, o estabelecimento de uma certeza com relação a essa questão é

praticamente impossível.

É evidente que sob qualquer concepção séria, Deus não pode ser diretamente percebido

pelos sentidos, e mesmo que o pudesse, a simples inconfiabilidade dos sentidos seria

suficiente para que qualquer certeza nesse campo estivesse anulada. Sendo assim, Deus está

fora do escopo da Ciência enquanto atividade Empírica.

Dessa forma a única maneira de se abordar a questão é pela Filosofia. Antes de fazê-lo

porém, gostaria de estabelecer algumas proposições que auxiliam na questão.

AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO É EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA.

Esta frase famosa diz que o fato de não podermos perceber algo não significa que este não

exista, isso deveria ser óbvio, todavia inúmeras pessoas declaram a inexistência de algo

apenas por nunca a terem experienciado.

NÃO EXISTEM PROVAS DE NÃO-EXISTÊNCIA.

Significa que não se pode provar definitivamente que algo não exista. Mais provável é o

contrário. Eu só preciso provar um único fenômeno para demonstrar que o mesmo existe,

mas não tenho como demonstrar sua não existência a não ser negando alegações mal

fundamentadas.

Exemplificando: Para provar que existe um Coelho Verde basta apresentar um, mas eu não

posso vasculhar o mundo inteiro em cada metro quadrado para mostrar que o mesmo não

exista em algum lugar. Eu poderia entretando demonstrar que um suposto Coelho Verde

seja uma fraude, mas isso mostra apenas que não se provou a existência de tal Coelho, não

garante que ele não exista em algum outro lugar.

Por essas duas proposições anteriores, fica claro que é mais provável provar alguma coisa,

inclusive Deus, positivamente do que negativamente. Entretanto podemos sim demonstrar a

inconsistência de determinadas proposições Teístas, principalmente a mais difundida de

todas, a Monoteísta Judaíco-Cristã-Islâmica.

Para prosseguir nessa abordagem só me resta estebelecer alguns nomes para evitar

Page 16: VERBETES DE TEOLOGIA

16

confusões. A palavra Deus será usada sempre da forma mais genérica possível, não

significando então nenhum Deus específico. Quanto aos Deuses das diversas religiões,

todos podem ser chamados por nomes específicos, como se segue no caso das religiões

monoteístas.

Bhramanismo BHRAMA Cristianismo IAVÉ, ou JEOVÁ

Zoroastrismo AHURA MAZDA Islamismo ALÁ

Judaísmo YHWH Sikhismo NAM

Na maioria dos casos tais nomes não possuem um significado muito específico. ALÁ por

exemplo é apenas a palavra "Deus" em árabe, o tetragrama impronunciável YHWH,

geralmente corrupetalado para IAVÉ, e do qual decorre a grosseira falha de tradução que

resulta em JEOVÁ, significa basicamente "EU SOU". Além do Deus cristão, o bhramane é

o único que também possui uma natureza Trinitária.

Quando ao Espíritismo Kardecista, ao qual resisto em classificar como Monoteísta e que

apresenta a meu ver uma das mais convincentes proposições Teístas, ocorre o problema de

não haver um nome específico para a divindade, por tanto sempre me referirei a ela como

"Deus Kardecista" ou algo parecido.

O INSUSTENTÁVEL MONOTEÍSMO TRADICIONAL DO OCIDENTE

A maioria da população terrestre crê em religiões Monoteístas, uma vez que Cristianismo,

Islamismo e Hinduísmo são as 3 maiores crenças, totalizando mais 2/3 do número de

habitantes no globo. Como tento demonstrar no texto sobre RELIGIÕES, os motivos disso

são principalmente a maior articulação teórica do Monoteísmo e sua postura expansiva

incisiva.

A crítica que se segue tem como alvo o Monoteísmo Cristão, e em menor grau o Judáico e

Islâmico, não afetando outras formas de monoteísmo. É importante lembrar que tal crítica

em si não invalida por completo todas as teologias desenvolvidas por essas religiões, mas

apenas aquelas mais disseminadas, o que infelizmente corresponde a maioria esmagadora.

O fato de, diferente da Trindade do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo não aceitarem

qualquer subdivisão da unicidade de Deus, também não é aqui relevante.

O problema desse tipo de Monoteísmo já vem sendo abordado de várias formas há milhares

de anos, e sua mais famosa expressão é objeto de estudo de uma das partes da Teologia, a

TEODICÉIA.

Uma vez que se propõe que JEOVÁ é ONIPRESENTE, ONISCIENTE e ONIPOTENTE,

além de ETERNO e IMUTÁVEL, fica claro que absolutamente nada está fora de seu poder

e conhecimento, sendo assim, por que existe aquilo que esse mesmo monoteísmo classifica

como sendo o Mal?

Page 17: VERBETES DE TEOLOGIA

17

Por que JEOVÁ criou os anjos e os humanos já sabendo que um deles se rebelaria e que

disso resultaria toda a saga do mundo após a queda do homem? Se ele não pudesse prever o

que ocorreria, então não seria ONISCIENTE, pois ONISCIÊNCIA absoluta incluiu o

conhecimento pleno do Futuro e do Passado, se ele sabendo não pudesse evitar, não seria

ONIPOTENTE.

Sendo assim é inevitável aceitar que tudo o que ocorre no universo, inclusive todas as

mazelas do mundo, são responsabilidade direta deste Deus. E não adianta utilizar o velho

Sofisma Agostiniano de que o Livre Arbítrio humano é o responsável pela existência do

Mal, pois isso não remove a responsabilidade de JEOVÁ se ele tem poder absoluto acima

de tudo.

Na realiade sequer existiria Livre Arbitrio, pois todo o destino já estaria traçado dentro da

"mente" de JEOVÁ, e os humanos e mesmo os anjos não teriam poder para alterá-lo,

portanto tudo o que fazemos não é realmente resultado de nossas vontades e escolhas, mas

sim, é predeterminado por JEOVÁ.

Além disso, um Livre Arbítrio que exige uma conduta específica que do contrário resultaria

numa pena severíssima, é um falso Livre Arbítrio.

O problema porém surge quando se propõe um dos pontos chaves e clássicos da Doutrina

Cristã, o da Justiça Divina, que se relaciona com a premiação e punição dos Anjos e

Humanos devido as suas escolhas. Em geral a SOTERIOLOGIA, parte da Teologia que

estuda a doutrina da salvação, compartilha a visão do julgamento divino e da sorte

diferenciada dos seres, onde alguns receberão o gozo perpétuo e outros a aflição perpétua.

Fica impossível contestar o fato de que então, desde o princípio, JEOVÁ planeja, cria, dá a

vida, e dá como destino a bilhões de seres humanos um indizível sofrimento infinito num

plano existencial infernal, deliberadamente. Não há como negar que Ele é o responsável por

tudo isso. Portanto:

JEOVÁ CRIA HUMANOS PARA SEREM LANÇADOS NO INFERNO

INTENCIONALMENTE SEM QUALQUER POSSIBILIDADE DESTES EVITAREM

ISSO.

Esta á a Doutrina da PREDESTINAÇÃO, proposta inicialmente pelo protestante João

Calvino, e que influencia a maior parte das designações protestantes cristãs. Afirma que

JEOVÁ cria o Ser Humano e lhe concede Livre Arbítrio, mas já sabe de antemão quais

serão as escolhas dele e qual será seu destino. Sendo assim, bem poderia não tê-lo criado,

ou o criar com um natureza diferente, um Livre Arbítrio inclinado para a salvação. Se ele

não puder fazer isso, não será Onipotente.

O FATOR LÓGICO

Page 18: VERBETES DE TEOLOGIA

18

Até aqui na verdade, não há de fato nenhuma contradição lógica em si, mas já fica

impossível atribuir a JEOVÁ qualquer conceito de Justiça e Bondade humanamente

aceitável. Ou seja, pelos parâmetros humanos, JEOVÁ é infinitamente Cruel!

Tentando atenuar isso, já se produziram várias Teodicéias que em geral não encontram

outra solução que estabelecer um Dogma que afirma a impossibilidade de se compreender o

desígnio divino, ou que tenta relativizar o conceito de Mal, ou então romper com a

Soteriologia tradicional do Cristianismo.

Se aceitarmos o Dogma da Incognoscibilidade, colocamos a Teologia em xeque. Ela seria

uma atividade inútil. De nada valeria então toda a nossa elaboração teórica para

compreender as revelações divinas. Dessa forma, todas as doutrinas perdem sua base como

atividade humana, inutiliza-se então a religião como algo praticável, pois tudo estaria

apoiado sobre algo que afinal não compreendemos em essência. Por que então haveria a

revelação? Se esta não pode ser compreendida. Para quê Leis trazidas por profetas? Se nada

do que fizermos mudará nosso destino. Toda a religião não passaria de um engodo, um

abissal amontoado de supertições.

Pode-se no máximo argumentar que os Dogmas ocupam apenas alguns aspectos da

doutrina, ainda que os mais importantes, mas fica inegável a característica de

irracionalidade, ainda que com o nome de Fé ou Graça, e a constatação que toda a demais

teologia compreensível é no máximo um passatempo sem qualquer valor prático.

Se aceitarmos a relativização do conceito de Mal, como entender que na realidade não

exista o Mal em si, e sim apenas uma ilusão, então os preceitos clássicos da religião ficam

abalados. Não haveria então o pecado, e sem o tal nem mesmo qualquer forma de punição,

ou mesmo sofrimento. O próprio Inferno seria ilusório assim como o sofrimento. Isso retira

por completo a força argumentativa da doutrina.

A única saída a meu ver, será como veremos mais adiante, romper com certos

estabelecimentos tradicionais do Cristianismo.

Mas a grande contradição não está na verdade, nesse conteúdo emotivo da doutrina, que

coloca a existência de todas as desgraças, todos os sofrimento, como sendo resultado da

ação direta, intencional e plenamente consciente de JEOVÁ.

A contradição está na verdade na alteração de estado da criação em relação aos atributos de

IMUTABILIDADE e ETERNIDADE divinas.

É inegável que o Universo logo após a criação é diferente do que virá logo após o Dia do

Juízo. Ou seja, há duas realidades distintas completamente diferentes separadas por um

certo intervalo de tempo.

Se esse Deus é então ONIPRESENTE a toda a sua criação, é inegável que ele se relaciona

com a mesma, então como poderia ele ser IMUTÁVEL?

Page 19: VERBETES DE TEOLOGIA

19

Simplificando, se JEOVÁ é ETERNO e IMUTÁVEL, ou seja, pleno em todas as suas

perfeições, por que então ele criaria um Universo temporal que é mutável? Não se pode

produzir algo intencionalmente sem um propósito, qual seria então o proposito de um SER

absolutamente perfeito?

Qual a função da Criação? Se nada falta a JEOVÁ?

Se a Criação tivesse apenas um objetivo em si própria, o papel então de sua expressão

máxima, o Ser Humano, deveria ser muito mais independente da natureza divina do Deus.

Então por que não permitir a este Ser Humano uma verdadeira liberdade de ação em um

Universo que só tem sentido para ele próprio?

Como aceitar que o JEOVÁ da recém criação, que convive, intereage, delega, e se relaciona

apenas com seres quase perfeitos, os anjos, num universo perfeito, o mundo recém-criado, e

o primeiro casal ainda no Éden, seja o mesmíssimo JEOVÁ que convive, interage, delega e

se relaciona com um universo onde há uma parte da humanidade vivendo no Paraíso, e

parte sofrendo no Inferno, incluindo um ou dois terços dos anjos no lago de fogo e enxofre,

seres que antes foram quase perfeitos?

Fazendo a comparação, uma pessoa que vive numa belíssima casa não o faz da mesma

forma que se vivesse numa casa de péssimas condições, suas impressões, sentimentos,

atitudes, mudariam, ela mudaria, a não ser que ela ignorasse por completo a casa. Da

mesma forma a não ser que JEOVÁ ignorasse por completo sua criação, não há como

aceitar que sendo o Universo uma expressão de seu poder, irá existir em tempos distintos de

formas tão distintas, sem afetar de alguma forma as caracteristicas deste Deus.

Sintetizando:

SE JEOVÁ EXISTIA ETERNAMENTE ANTES DA CRIAÇÃO, E ENTÃO DEU

ORIGEM A UMA CRIAÇÃO, ENTÃO NÃO É IMUTÁVEL, SUFICIENTE EM SI

MESMO, E PERFEITO.

A SOLUÇÃO PARA O IMPASSE

Esse problema já era exposto desde os primórdios do Cristianismo, e uma de suas formas

era com a pergunta: "O que Deus fazia antes de criar o Universo?"

Seria ingenuidade crer que isso é suficiente para neutralizar a teologia cristã. Com quase

dois mil anos de elaboração e tendo em sua tradição brilhantes mentes ao longo da história,

não são simples perguntas e raciocínios aparentemente inescapáveis que irão demolir a

trabalho milenar de filósofos que remontam até o helenismo.

As duas contradições citadas acima, entre os ONI atributos de JEOVÁ e o Livro Arbítrio, e

entre a Imutabilidade e a criação temporal, costumam receber o nome de ANTINOMIA,

um paradoxo que só pode ser aceito pela fé.

Page 20: VERBETES DE TEOLOGIA

20

Orígenes de Alexandria, no século II dC, já propunha uma resposta que, infelizmente,

jamais foi muito aceita na doutrina cristã. Trata-se da APOCATÁSTASE (Restauração), ou

UNIVERSALISMO, também conhecida como ORIGENISMO.

Segundo essa proposição, ao final de todos os eventos apocalípticos previstos nas

escrituras, todo o Universo seria revertido ao estado de perfeição original. Essa restauração

eliminaria todas as divisões, inclusive entre o Inferno, a Terra e o Céu, e todos os seres

seriam reintegrados à divindade. Enfim, mesmo Satan seria perdoado.

Com essa idéia, e acentuando essa reversão, a Criação seria desfeita até o estado onde antes

só houvera JEOVÁ e o vazio. Tendo isto, fica aberta a idéia de que a Criação poderá

ocorrer novamente da estaca zero, para depois ser encerrada de novo, e de novo. É evidente

de que houveram infinitas criações anteriores e haverão posteriores. Sendo assim, o

Universo seria infinitamente criado e desfeito, num ciclo eterno.

Essa idéia elimina o problema da contradição entre a existência eterna, perfeição e

imutabilidade divina, e a criação temporal isolada no tempo. Pois Deus recriaria o Universo

incessantemente, e esse ciclo faria parte de sua natureza, essa constante atividade estaria

inclusa na sua imutabilidade, que não seria um estado em si, mas um processo imutável.

Essa idéia é parte integrante de duas outras religiões monoteístas. O Bhramanismo e o

Shikismo indianos, e abre espaço para várias outras elaborações, inclusive a que permite

uma maior veracidade do Livre Arbítrio.

A APOCATÁSTASE, exige também um conceito que embora não maioritário na doutrina

cristã, é de bem maior aceitação, o ANIQUILACIONISMO, que diz que os condenados ao

Inferno não sofrerão perpétuamente e sim serão aniquilados, deixarão de existir após um

certo período de tempo. Algumas designações cristãs como os ADVENTISTAS DO 7o DIA

e os TESTEMUNHAS DE JEOVÁ são adeptos dessa doutrina.

Porém é muito grande a insistência das maioria das teologias cristãs em manter um doutrina

completamente insustentável racionalmente, o da Punição e Graça Pérpetuas.

PUNIÇÃO "ETERNA"

A crença no tormento eterno para os infiéis é uma das mais notáveis, marcantes,

incômodas, e sem dúvida a mais execrável de todas as proposições das teologias

monoteístas tradicionais.

Ela elimina qualquer possibilidade de se defender a idéia de que JEOVÁ seja um ser

bondoso, amoroso ou piedoso em qualquer parâmetro humanamente compreensível. Pior,

ela torna impossível defender a idéia sequer de que Ele seja um ser Justo e Inteligente.

Isso pode ser facilmente demonstrável por uma alegoria. Sabemos que os delitos podem ser

punidos com penas diferentes de acordo com a gravidade da infração, como por exemplo:

Page 21: VERBETES DE TEOLOGIA

21

O Roubo de um pão: - 1 Dia de prisão

Crime Hediondo Brutal: - 50 Anos de prisão.

Está implícito que de certa forma, o Crime Hedindo Brutal é cerca de 18.250 vezes mais

grave que o roubo do pão, pois para o mesmo é aplicado 50 x 365 dias de prisão. Isso sem

dúvida é algo que podemos considerar como justiça pelos parâmetros humanos, ainda nos

padrões do senso comum.

Seria justo porém, que a punição para os dois crimes acima fosse a mesma?

Se considerarmos que não, então não temos como aplicar qualquer concepção humana de

justiça à idéia de "Punição Eterna", pois pela maioria das teologias convencionais, não são

apenas os mais hediondos e brutais crimes imagináveis que serão punidos com o tormento

infinito.

Segundo o Islamismo, uma pessoa, por mais íntegra, caridosa, sensível e justa que seja, será

atirada ao ignominioso castigo interminável se simplesmente não acreditar na existência de

ALÁ. Segundo a Teologia da maior parte das designações protestantes, a mesma pessoa

terá o mesmo destino se não aceitar o dogma de que todos os humanos são inerentemente

pecadores e só se salvam pela fé em Jesus Cristo.

Por outro lado, mesmo após praticar crimes extremamente terríveis, o indivíduo poderia

obter a Graça Infinita se realizar sua conversão e abraçar a fé.

Dessa forma, se torna possível igualar um Ser Humano que só cometa um leve delito, ao

mais horrendo dos psicopatas de todo os tempos. Ao mesmo tempo que esse psicopata

extremo possa ser subitamente igualado ao mais louvável dos Seres Humanos, se ele

cumprir, ao final de toda uma vida de crimes, as exigências de uma conversão religiosa.

Se considerarmos praticamente todos os parâmetros humanos de justiça, é impossível

considerar justos esses procedimentos de punição e premiação, entretanto ainda podemos

apelar para o super relativismo, de que tais parâmetros de justiça não são humanos, ou

ainda os inúmeros recursos racionais possíveis para se fazer valer um ponto de vista

específico contra os tradicionais pontos de vista da ótica humana.

O único ponto entretanto que não pode ser superado pela razão é o conteúdo "Eterno" desta

Punição ou Salvação divinas. Esse peculiar elemento torna a doutrina racionalmente

incompreensível.

Trata-se da incoerência lógica de se relacionar diretamente um evento temporal com um

evento supra temporal, "Eterno". Como veremos a seguir.

O TEMPO E A ETERNIDADE

Page 22: VERBETES DE TEOLOGIA

22

O próprio termo "Punição Eterna" já é contraditório. ETERNO significa o que está "fora do

tempo", não tendo tido começo nem fim, punição por outro lado é um conceito claramente

temporal, algo que se aplica a partir de um determinado momento devido a um evento

ocorrido na linha do tempo. Portanto o termo correto na verdade seria PUNIÇÃO

PERPÉTUA, pois Perpétuo é o que mesmo tendo início não teria fim, o que acrescenta uma

problema talvez ainda maior, pois sendo o Perpétuo uma espécie de "Metade de

Eternidade", como compreender a idéia de que a Eternidade permita ser dividida?

Faria sentido dividir o infinito? A idéia do Perpétuo, ou do "Retro-Perpétuo", que seria o

que nunca teve começo mas teria fim, seria então equivalente a Eternidade? Ou

aceitaríamos a "Meia-Eternidade"?

Antes de observarmos a ilustração abaixo, é bom lembrar que a idéia de que o ETERNO

possa ser representado por uma Linha de Tempo Infinita é em si errônea. O ETERNO não

seria um "tempo" interminável para o passado e para o presente, mas sim uma ausência de

tempo. Porém na impossibilidade racional de se trabalhar com esse Não-Tempo, usemos

enfim a ilustração na forma de "Tempo Infinito".

Até agora não vimos um meio de driblar esse paradoxo da "Semi-Eternidade", que

caracterizaria o Perpétuo, mas o mais importante no momento é compreender a diferença

desses conceitos com o conceito Temporal.

Tudo o que existe no tempo, só pode ser relacionado com outras coisas temporais, a relação

direta entre o temporal e o Eterno ou Perpétuo é como já vimos, no mínimo duvidosa.

Sabemos que tudo o que existe no nosso plano temporal não pode perpetuar-se

indefinidadamente. É preciso antes de tudo se livrar da idéia de que o Perpétuo seria um

período de tempo muito grande, não é, seria uma forma de escapar do Temporal.

Se imaginarmos que existe um tipo de "barreira" entre o Eterno e o Temporal,

perceberemos que nada temporal pode adentrar a "Dimensão do Eterno", o que passou a

existir não pode se tornar ETERNO, isso é completamente absurdo. Isso nos leva então a

duas possibilidades:

Se o PERPÉTUO equivaler ao ETERNO, no sentido de que metade de Infinito continua

sendo Infinito, então nada temporal pode se perpetuar infinitamente, portanto, a idéia de

Page 23: VERBETES DE TEOLOGIA

23

que algo temporal possa ser de um modo ou de outro "eternizado" é insustentável. O

temporal não pode se tornar ETERNO, portanto nesse sentido, Punição Perpétua seria o

mesmo que Punição Eterna, ou seja, uma contradição.

Se o PERPÉTUO pertencer a uma dimensão diferente do ETERNO, resta então verificar a

viabilidade de tal possibilidade. O PERPÉTUO como algo em especial, diferente do

Temporal e do Eterno. Consideremos o seguinte esquema:

Podemos notar que em relação aos TEMPORAIS, um PERPÉTUO é como um ETERNO, a

não ser que sua interrupção ocorra dentro do período decorrido do TEMPORAL.

Mas o detalhe é que se existe o Perpétuo FUTURO, porque não existiria o Perpétuo

PASSADO? Ou Retro-Perpétuo?

Seria válido considerar apenas o "sentido" PASSADO-FUTURO como passível de produzir

PERPÉTUOS? O que impediria que algo tivesse pré-existência Perpétua e então cessasse

de existir?

Se for esse o caso, então a criação de Perpétuos se daria ao infinito, porém jamais fariam

parte do ETERNO. Para os temporais entretanto equivaleriam ao ETERNO. A questão de

se o Perpétuo é possível, é no mínimo duvidosa.

Mas como ficaria o Retro-Perpétuo? Como poderia ser desfeita um coisa que sempre

existiu no Passado?

É evidente que o problema em si está fora do escopo da razão humana, mas podemos

apresentar possibilidades.

Um delas é a de que não existiria o Perpétuo em si, mas o SUPER TEMPORAL. Esse

estaria acima dos temporais normais para os quais equivalerio ao ETERNO, ou seria

Perpétuo caso sua interrupção se desse no decorrer desse temporal. Sendo assim o Pérpetuo

e o Retro-Perpétuo formariam um Super Temporal.

Outra é considerar que exista uma "dimensão" diferenciada para o Perpétuo, o que o

tornaria possível, porém isso acrescenta um discussão ainda mais complicada. Uma vez que

os Perpétuos podem ser criados, eles iriam aumentar incessante e exponencialmente o

"conteúdo" de existência? Como um Universo se expandindo indefinidamente? Ou o fim

Page 24: VERBETES DE TEOLOGIA

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dos Retro-Perpétuos compensaria? Sendo assim, a não ser que o ETERNO não se relacione

como os demais Universos, como manter sua característica de IMUTABILIDADE?

Além de tudo isso, observe como uma diagramação diferenciada, circular, do esquema

parece tornar a característica do Perpétuo ainda mais desafiadora.

Nesse caso fica claro que no Eterno, no centro, não há movimento, ao contrário do Perpétuo

onde ocorreria um ciclo fechado de movimento, aparentemente com eventos repetitivos. Os

Temporais e Super-Temporais seriam ciclos abertos. Outra forma de visualizar a questão

seria:

Colocando o Eterno num plano "externo" à dinâmica.

Na melhor das hipóteses, essas possibilidade desafiam a concepção cosmodinâmica do

Monoteísmo Tradicional, acrescentando problemas e mais problemas de racionalidade cuja

Page 25: VERBETES DE TEOLOGIA

25

única saída satisfatória seria aceitar os Dogmas incogniscíveis. Mas sendo assim, porque

aceitar como dogma a possibilidade de existência do Perpétuo e não sua impossibilidade?

Além disso há o problema da categorização do estado de ETERNIDADE. No Eterno, ou no

Perpétuo, não existe movimento, pois não existe tempo e logo espaço. Não há dinâmica,

mas sim uma essência, pode haver um SER, nunca um DEVIR, ou este não seria imutável,

e logo estaria fadado a transformação, e invariavelmente ao fim.

Sendo assim, como aceitar conceitos tão necessariamente dinâmicos como Sofrimento ou

Gratificação num plano que sendo Perpétuo, iria invalidar tais estados de movimento? Seria

mais fácil crer num plano de "congelamento" da existência, onde sequer haveria

consciência do acontecimento.

CONCLUSÃO

Sendo assim, a idéia de uma Punição ou Premiação Perpétuas é inaceitável tanto Ética,

Moral, Emocional ou Lógica e Racionalmente. É, pois, sendo empurrada na forma de

Dogma, uma forma arbitrária de forçar um coquetel de conceitos como se fossem um único,

quando este em si não possui qualquer sentido.

Dessa forma, admite-se que a Teologia Monoteísta Tradicional é indefensável

racionalmente, assumindo um caráter de irracionalidade, o que não necessariamente ocorre

com outras possibilidade Monoteístas como a cíclica, ou Panteístas.

A questão é: SE ESSE MONOTEÍSMO TRADICIONAL É INCOERENTE TANTO

EMOCIONAL QUANTO RACIONALMENTE, E SE NÃO APRESENTA

QUALQUER EVIDÊNCIA MATERIAL, POR QUE ACEITÁ-LO?

Baseando-se apenas na autoridade de um Livro Sagrado? Que sequer conseque provar ser a

Palavra de Deus. Porque crer numa proposição que se baseia unicamente numa obra

literária sem acuidade racional, de cunho ético e moral discutível e claramente cultural, e

que comete flagrantes erros na concepção do mundo físico?

Por tudo isso considero que a adição de soluções como a APOCATÁSTASE e

consequentemente o ANIQUILACIONISMO, longe de serem prejudiciais à crença, fazem

é elevar em muito sua qualidade argumentativa, tornando-as competitivas racionalmente e

emocionalmente com doutrinas bem mais elaboradas.

PANTEÍSMO

Bastante diferente é a concepção Panteísta de divindade. Trata-se de considerar que Deus é

o próprio Universo, a Natureza, de modo que ele estaria em toda parte. Sendo assim, Deus

seria um ser Físico, Dinâmico, Perpétuo ainda que sujeito a mudanças cíclicas. Deus seria

então, IMANENTE à Natureza, intrínseco, ou seja, não Transcendente.

Já o Panenteísmo, que também pode ser entendido como um "Panteísmo Transcendente",

Page 26: VERBETES DE TEOLOGIA

26

concebe-se o Universo como sendo o Corpo de Deus, mas tendo este um Espírito, havendo

então uma dualidade, Imanência e Transcendência, Corpo e Alma.

A mais significativa diferença com relação ao Monoteísmo é a Impessoalidade de Deus, ou

seja, Deus não é um ser antropomórfico nem mesmo psicológicamente, mas sim uma

entidade totalmente distinta dos humanos, cuja natureza, meios e intenções não são

expressáveis como comumente o são nas religiões monoteístas.

Um Deus Panteísta não tem uma intenção clara, e por isso no Panteísmo não ocorrem

revelações.

EM BUSCA DA TRANSCENDÊNCIA

O QUE É RELIGIÃO? QUAL A DIFERENÇA DE SEITA?

MITOLOGIA É RELIGIÃO? O QUE É HERESIA?

RELIGIÃO deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino.

Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso,

abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que

tenham como característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do

mundo físico.

Sendo assim o hábito, geralmente por parte de grupos religiosos de taxarem tal ou qual

grupo religioso rival de seita, não têm apoio na definição do termo. SEITA, derivado da

palavra latina "Secta", nada mais é do que um segmento minoritário que se diferencia das

crenças majoritárias, mas como tal também é religião.

HERESIA é outro termo mal compreendido. Significa simplesmente um conteúdo que vai

contra a estrutura teórica de uma religião dominante. Sendo assim o Cristianismo foi uma

Heresia Judáica assim como o Protestantismo uma Heresia Católica, ou o Budismo uma

Heresia Hinduísta.

A MITOLOGIA é uma coleção de contos e lendas com uma concepção mística em

comum, sendo parte integrante da maioria das religiões, mas suas formas variam

grandemente dependendo da estrutura fundamental da crença religiosa. Não há religião sem

mitos, mas podem existir mitos que não participem de uma religião.

MÍSTICA pode ser entendida como qualquer coisa que diga respeito a um plano sobre

material. Um "Mistério".

PRESENÇA DA RELIGIÃO EM TODA A CULTURA HUMANA

Page 27: VERBETES DE TEOLOGIA

27

Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia, Sociologia ou

qualquer outra "ciência" social, de um grupamento humano em qualquer época que não

tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então um fenômeno

inerente a cultura humana, assim como as artes e técnicas.

Grande parte de todos os movimentos humanos significativos tiveram a religião como

impulsor, diversas guerras, geralmente as mais terríveis, tiveram legitimação religiosa,

estruturas sociais foram definidas com base em religiões e grande parte do conhecimento

científico, "filosófico" e artístico tiveram como vetores os grupos religiosos, que durante a

maior parte da história da humanidade estiveram vinculados ao poder político e social.

Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce,

desafiando previsões que anteveram seu fim. A grande maioria da humanidade professa

alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a Religião continua a promover diversos

movimentos humanos, e mantendo estatutos políticos e sociais.

Tal como a Ciência, a Arte e a Filosofia, a Religião é parte integrante e inseparável da

cultura humana, é muito provavelmente sempre continuará sendo.

TIPOS DE RELIGIÕES

Há várias formas de religião, e são muitos os modos que vários estudiosos utilizam para

classificá-las. Porém há características comuns às religiões que aparecem com maior ou

menor destaque em praticamente todas as divisões.

A primeira destas características e cronológica, pois as formas religiosas predominantes

evoluem através dos tempos nos sucessivos estágios culturais de qualquer sociedade.

Outro modo é classificá-las de acordo com sua solidez de princípios e sua profundidade

filosófica, o que irá separá-las em religiões com e sem Livros Sagrados.

Pessoalmente como um estudioso do assunto, prefiro uma classificação que leva em conta

essas duas características, e divide as religiões nos seguintes 4 grandes grupos distintos.

PANTEÍSTAS

POLITEÍSTAS

MONOTEÍSTAS

ATEÍSTAS

Nessa divisão há uma ordem cronológica. As Religiões PANTEÍSTAS são as mais antigas,

dominando em sociedades menores e mais "primitivas". Tanto nos primórdios da

civilização mesopotâmica, européia e asiática, quanto nas culturas das Américas, África e

Oceania.

As Religiões POLITEÍSTAS por vezes se confundem com as Panteístas, mas surgem num

estágio posterior do desenvolvimento de uma cultura. Quanto mais a sociedade se torna

complexa, mais o Panteísmo vai se tornando Politeísmo.

Page 28: VERBETES DE TEOLOGIA

28

Já as MONOTEÍSTAS são mais recentes, e atualmente as mais disseminadas, o

Monoteísmo quantitativamente ainda domina mais de metade da humanidade.

E embora possa parecer estranho, existem religiões ATEÍSTAS, que negam a existência de

um ser supremo central, embora possam admitir a existência de entidades espirituais

diversas. Essas religiões geralmente surgem como um reação a um sistema religioso

Monoteísta ou pelo menos Politeísta, e em muitos aspectos se confunde com o Panteísmo

embora possua características exclusivas. Essa divisão também traça uma hierarquia de

rebuscamento filosófico nas religiões. As Panteístas por serem as mais antigas, não têm

Livros Sagrados ou qualquer estabelecimento mais sólido do que a tradição oral, embora na

atualidade o renascimento panteísta esteja mudando isso. Já as politeístas muitas vezes

possuem registros de suas lendas e mitos em versão escrita, mas Nenhuma possui uma

REVELAÇÃO propriamente dita. Isto é um privilégio do Monoteísmo. TODAS as grandes

religiões monoteístas possuem sua Revelação Divina em forma de Livro Sagrado. As

Ateístas também possuem seus livros guias, mas por não acreditarem num Deus pessoal,

não tem o peso dogmático de uma revelação divina, sendo vistas em geral como tratados

filosóficos.

Vejamos alguns quadros

ÉPOCAS DE SURGIMENTO E PREDOMÍNIO

PANTEÍSMO:

As mais antigas, remontando a pré-história onde tinham

predominância absoluta, e também presentes em muitos dos

povos silvícolas das Américas, África e Oceania.

POLITEÍSMO:

Surgem num estágio posterior de desenvolvimento social, tendo

sido predominantes na Idade Antiga em todo o velho mundo, e

mesmo nas civilizações mais avançadas das Américas pré-

colombianas.

MONOTEÍSMO: Mais recentes, surgindo a partir do último milênio aC e

predominando da Idade Média até a atualidade.

ATEÍSMO:

Surgem a partir do século V aC, tendo vingado somente no

Oriente e no Ocidente ressurgindo somente após a renascença

numa forma mais filosófica que religiosa.

Neo PANTEÍSMO: Embora possuam representantes em todos os períodos históricos,

popularizam-se ou surgem a partir do século XVIII.

BASE LITERÁRIA

PANTEÍSMO: Próprias de culturas ágrafas, não possuem em geral qualquer

forma de base escrita, sendo transmitidas por tradição oral.

Page 29: VERBETES DE TEOLOGIA

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POLITEÍSMO:

Nas sociedades letradas possuem frequentemente registros

literários sobre seus mitos, e mesmo nas ágrafas possuem

tradições icônicas mais elaboradas.

MONOTEÍSMO:

Possuem Livros Sagrados definidos e que padronizam as formas

de crença, servindo como referência obrigatória e trazendo

códigos de leis. São tidos como detentores de verdades

absolutas.

ATEÍSMO:

Possuem textos básicos de conteúdo predominantemente

filosófico, não possuindo entretanto força dogmática arbitrária

ainda que sendo também revelados por sábios ou seres

iluminados.

Neo PANTEÍSMO: Seus textos são em geral filosóficos, embora possuam mais força

doutrinária, não incorrendo porém em dogmas arbitrários.

MITOLOGIA

PANTEÍSMO:

Deus é o próprio mundo, tudo está interligado num equilíbrio

ecossistêmico e místico. Crê-se em espíritos e geralmente em

reencarnação, é comum também o culto aos antepassados.

Procura-se manter a harmonia com a natureza, e o mundo

comummente é tido como eterno.

POLITEÍSMO:

Diversos deuses criaram, regem e destroem o mundo. Se

relacionam de forma tensa com os seres humanos, não raro

hostil. As lendas dos deuses se assemelham a dramas humanos,

havendo contos dos mais diversos tipos.

MONOTEÍSMO:

Um Ser transcendente criou o mundo e o ser humano, há uma

relação paternal entre criador e criaturas. Na maioria dos casos

um semi-deus se rebela contra o criador trazendo males sobre

todos os seres. Messias são enviados para conduzir os povos,

profetiza-se um evento renovador violento no final dos tempos,

onde a ordem será restaurada pela divindade.

ATEÍSMO:

O Universo é uma emanação de um princípio primordial

"vazio", um Não-Ser. Crê-se na possibilidade de evolução

espiritual através de um trabalho íntimo, crê-se em diversos

seres conscientes dos mais variados níveis, e geralmente em

reencarnação.

Neo PANTEÍSMO:

Acredita-se em geral no Monismo, um substância única que

permeia todo o Universo num Ser único. São em geral

reencarnacionistas e evolutivas. A desatribuição de qualidades

do Ser supremo por vezes as confunde com o Ateísmo.

Page 30: VERBETES DE TEOLOGIA

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SÍMBOLOS

PANTEÍSMO: Utilizam no máximo totens e alguns outros fetiches, é comum o

uso de vegetais, ossos, ou animais vivos ou mortos.

POLITEÍSMO:

Surgem os ídolos zoo ou antropomórficos na forma de pinturas e

esculturas em larga escala. A simbologia icônica se torna

complexa em alguns casos resultando em formas de escrita

ideográfica.

MONOTEÍSMO:

O Deus supremo geralmente não possui representação visual,

mas os secundários sim. Utilizam símbolos mais abstratos e de

significados complexos.

ATEÍSMO:

O Não-Ser supremo não pode ser representado, mas há muitas

retratações dos seres iluminados. Há vários símbolos

representativos da natureza e metafísica do Universo.

Neo PANTEÍSMO:

Diversos símbolos e mitos de diversas outras religiões são

resgatados e reinterpretados, também não há representação

específica do Ser Supremo mas pode haver de outros seres

elevados.

RITUAIS

PANTEÍSMO:

Geralmente ligados a natureza e ocorrendo em contato com esta.

É comum o uso de infusões de ervas, danças, oráculos e

cerimônias ao ar livre.

POLITEÍSMO:

Passam a surgir os templos, embora em geral não abandonem

totalmente os rituais ao ar livre. Em muitos casos ocorrem os

sacrifícios humanos, oráculos e as feitiçarias de controle

ambiental.

MONOTEÍSMO:

Geralmente restritas ao templos, as hierarquias ritualistas são

mais rígidas, não há oráculos pessoais mas sim profecias

generalizadas com base no livro sagrado. Não há rituais de

controle ambiental.

ATEÍSMO:

Embora ainda comuns nos templos são também frequentes fora

destes. Desenvolvem-se técnicas de concentração, meditação e

purificação mais específicas, baseadas antes de tudo no controle

dos impulsos e emoções.

Neo PANTEÍSMO:

Em geral baseados no uso de "energias" da natureza. Não mais

têm influência nos processos civis, sendo restritos a curas,

proteção contra ameaças físicas e extrafísicas.

Page 31: VERBETES DE TEOLOGIA

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EXEMPLOS

PANTEÍSMO: Religiões silvícolas, xamanismo, religiões célticas, druidismo,

amazônicas, indígenas norte americanas, africanas e etc.

POLITEÍSMO: Religião Grega, Egípcia, Xintoísmo, Mitologia Nórdica,

Religião Azteca, Maia etc.

MONOTEÍSMO: Bhramanismo, Zoroastrismo, Judaísmo, Cristianismo,

Islamismo, Sikhismo.

ATEÍSMO:

Orientais: Taoísmo, Confucionismo, Budismo, Jainismo.

Ocidentais: Filosofias NeoPlantônicas, Ateísmo Filosófico

(Não Religioso)

Neo PANTEÍSMO: Espiritsmo Kardecista*, Racionalismo Cristão, Neo-

Gnosticismo, Teosofia, Wicca, "Esotéricas", etc.

*Apesar do Kardecismo não se considerar Panteísta e sim antes Monoteísta.

PANTEÍSMO

As religiões primitivas são PANTEÍSTAS, acredita-se num grande "Deus-Natureza".

Todos os elementos naturais são divinizados, se atribuí "inteligências" espirituais ao vento,

a água, fogo, populações animais e etc.

Há uma clara noção de equilíbrio ecossistêmico, onde é comum ritos de agradecimento

pelas dádivas naturais e pedidos às divindades da natureza, em alguns casos requisitando

autorização mesmo para o consumo da caça que embora tenha sido obtida pelo esforço

humano, seria na verdade permitida, se não ofertada, pelos entes espirituais.

A relação de dependência do ser humano com o ecossistema é clara, assim como a de

parentesco e de submissão. As entidades elementais da natureza estão presentes em toda a

parte, conferindo a onisciência do espírito divino. Embora haja a tendência da

predominância de um presença mística feminina, a "mãe-terra", o elemento masculino

também é notável a partir do momento que os seres humanos passam a compreender o

papel do macho na reprodução. Ocorre então a presença de dois elementos divinos básicos,

o Feminino e Masculino universal.

É um domínio de pensamento transcendente, mais compatível com a subjetividade e a

síntese, não sendo então casual que este seja o tipo religioso onde as mulheres mais tenham

influência. A presença de sacerdotisas, bruxas e feiticeiras é em muitos casos, muito mais

significativa que a de seus equivalentes masculinos.

Todas essas religiões são ágrafas, sem escrita, com exceção é claro dos NeoPanteísmos

contemporâneos. Portanto são as mais envoltas em obscuridade e mistérios, não tendo

deixado nenhum registro além da tradição oral e de vestígios arqueológicos.

Page 32: VERBETES DE TEOLOGIA

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POLITEÍSMO

Com o tempo e o desenvolvimento as necessidades humanas passam a se tornar mais

complexas. A sobrevivência assume contornos mais específicos, o crescimento

populacional hipertrofiado graças a tecnologia que garante maior sucesso na preservação da

prole e da longevidade, gera um série de atividades competitivas e estruturalistas nas

sociedades, que se tornam cada vez mais estratificadas.

Nesse meio tempo a influência racional em franca ascensão tenta decifrar as transcendentes

essências espirituais da natureza. Surge então o POLITEÍSMO, onde os elementos divinos

são então personificados com qualidades cada vez mais humanas. O que era antes apenas a

Água, um ser de essência espiritual metafísica e sagrada, agora passa a ser representada por

uma entidade antropomórfica ou zoomórfica relacionada a água.

No princípio as características dessas divindades não são muito afetadas, mas com o tempo,

a imaginação humana ou a tentativa de se adequar as religiões às estruturas sociais, elas

ficam cada vez mais parecidas com os seres humanos comuns, surgindo então entre os

deuses relacionamentos similares aos humanos inclusive com conflitos, ciúmes, traições,

romances e etc. E cada vez mais os deuses perdem características transcendentes até que a

"degeneração" chegue a ponto destes se relacionarem sexualmente com seres humanos, o

que significa a perda da natureza metafísica, da característica invisível, ou mais, de haver

relações físicas e pessoais de violência entre humanos e divindades, sem qualquer caráter

transcendente.

Em muitos casos é difícil distinguir com clareza se determinadas religiões são Pan ou

Politeístas. Mesmo no estágio Panteísta por vezes pode-se identificar com muita evidência

algumas personificações das entidades divinas, mas algumas características como as citadas

no parágrafo anterior são exclusivas do politeísmo. É possível que os elementos que

contribuam ou realizem essa transição sejam o Animismo, Fetichismo e Totemismo.

Ocorre também uma relativa equivalência entre deidades femininas e masculinas, embora

as masculinas mostrem sinais de predominância a medida que o sistema de crenças se torne

mais mundano, características de uma fase mais racional e técnica onde muitas vezes a

religião politeísta caminha junto com filosofias da natureza.

É sempre nesse estágio também que as sociedades desenvolvem escrita, ou pelo menos

passa a utilizar símbolos abstratos e códigos visuais mais elaborados, no caso do politeísmo

asiático, egípcio e europeu por exemplo, evoluiu para um sistema de escrita complexo.

Muitas destas religiões têm então, narrativas de seus mitos em forma escrita, mas tais não

possuem o valor e a significância de uma Revelação propriamente dita.

Num estágio final tende a ocorrer o fenômeno da Monolatria, onde a adoração se concentra

numa única divindade, o que pode ser o ponto de partida para o Monoteísmo.

Page 33: VERBETES DE TEOLOGIA

33

MONOTEÍSMO

Chega um momento onde o Politeísmo está tão confuso, que parece forçar o "inconsciente

coletivo", ou a "intuição global" a buscar uma nova forma de crença. Alguém precisa pôr

ordem na casa, surge então um poderoso Deus que acaba com a confusão e se proclama

como o Único soberano. Acabam-se as adorações isoladas e hierarquiza-se rigidamente as

deidades, de modo a se submeter toda a autoridade do universo a um ente máximo.

O MONOTEÍSMO não é a crença em uma única divindade, mas sim a soberania absoluta

de uma. A própria teologia judáico-cristã-islâmica adota hierarquias angélicas que são

inclusive encarregadas de reger elementos específicos da natureza.

Um elemento que caracteriza mais claramente o MONOTEÍSMO mais específico,

Zoroastrista, Judáico, Cristão, Islâmico e Sikh, é antes de tudo a ausência ou escassez de

representações icônicas do Deus supremo, e sua desatribuição parcial de qualidades

humanas, nem sempre bem sucedida. Já as entidades secundárias são comumente retratadas

artisticamente.

A própria mitologia grega através da Monolatria, já estaria a dar sinais de se dirigir a um

monoteísmo similar ao que chegou a religião Hindu, ou a egípcia com a instituição do deus

único Akhenaton, embora ainda impregnadas fortemente de Politeísmo a até de

reminiscências Panteístas no caso do Bhramanismo. Zeus assomava-se cada vez mais como

o regente absoluto do universo. Entretanto um certo obstáculo teológico impedia que tal

mitologia atingisse um estágio sequer semi-Monoteísta. Zeus é filho de Chronos, neto de

Urano, essa descendência evidencia sua natureza subordinada ao tempo, ele não é eterno ou

sequer o princípio em si próprio, que é uma característica obrigatória de um Deus Uno e

absoluto como Bhraman ou Jeová.

Um fator complicador é que todas essas religiões apesar de seu princípio Uno, são também

Dualistas, pois contrapõem um deus do Bem contra um do Mal. Entretanto não se presta

"Sob Hipótese Alguma!", qualquer culto ao deus maligno, como ocorre nas Politeístas.

Saber se o deus maligno está ou não sujeito afinal ao deus supremo é uma discussão que

vem rendendo há mais de 3.000 anos.

Diferente do estado Panteísta original não ocorre harmonia entre os opostos, e um deles

passa a ser privilegiado em detrimento do outro. Sendo assim onde antes ocorria a

divinização dos aspectos Masculinos e Femininos do Universo, e a sacralidade da união,

aqui ocorre a associação de um com o maligno, fatalmente do elemento Feminino uma vez

que todas as religiões monoteístas surgiram na fase patriarcal da humanidade.

O Bhramanismo sendo o mais antigo, ainda conserva qualidades tais como veneração a

manifestações femininas da divindade, não condena a relação sexual e ainda detém a crença

reencarnacionista que é uma quase constante no Panteísmo. Do Politeísmo guarda toda um

miríade de deuses personificados, com estórias bastante humanas que envolvem conflitos e

paixões. Mas a subordinação a um Uno supremo, no caso representado pela trindade

Bhrama-Vinshu-Shiva, é clara. O panteão anterior Hindu foi completamente absorvido pelo

Page 34: VERBETES DE TEOLOGIA

34

monoteísmo Bhraman, e conservou até mesmo a deusa Aditi, que outrora fora a divindade

suprema.

Já os monoteísmos posteriores, mais afastados do fenômeno panteísta, entram em choque

mais evidente com o Politeísmo que geralmente está em estado caótico. Ocorre um

abafamento da religião anterior pela nova e seu caráter patriarcal e associado a violência,

especialmente a partir do Judaísmo, se impõe de forma opressiva. As divindades femininas

são erradicadas ou demonizadas, sendo então obrigatoriamente associadas ao elemento

maligno do universo. Esse fenômeno acompanha a queda da condição social feminina na

sociedade.

Embora as teologias monoteístas, especialmente na atualidade, se esforcem para afirmar o

contrário, o deus único Hebreu, Cristão e Islâmico, basicamente o mesmo, assim como o do

anterior Zoroastrismo e posterior Sikhismo, são nitidamente masculinos, aparentemente

renegando o aspecto feminino divino do universo, mas na verdade o absorvendo, uma vez

que ao contrário de deuses "supremos" Politeístas como Zeus, Osíris e Odin, eles são

carregados de atribuições de amor e compaixão, embora ainda conservem sua Ira divina e

seus atributos violentos, o que resulta em entidades complexas, que possuem aspectos

paternos e maternos simultâneamente.

Tal como a própria emocionalidade, esse é o período mais contraditório da evolução do

pensamento Teológico. Apesar de estar sob o domínio de uma característica de

predominância subjetiva, é o momento onde as sociedades se mostraram paradoxalmente

mais androcráticas. Os elementos femininos são absorvidos pelo Deus Único dando a ele o

poder de atrair e seduzir as massas pela sua bondade, mostrando sua face benevolente, mas

por outro lado a espada da masculinidade está sempre pronta a desferir o golpe fatal em

quem se opuser a sua soberania.

Tal união, confere aos deuses monoteístas um poder supremo inigualável, e tal contradição,

tal desarmonia intrínseca, resultou não por acaso no período religiosamente mais violento

da história. As religiões monoteístas, especialmente o trio Judaísmo-Cristianismo-

Islamismo, são as mais intolerantes e sanguinárias da história.

ATEÍSMO

As religiões aqui caracterizadas como Ateístas negam simplesmente a existência de um Ser

Supremo central, que tudo tenha criado e a tudo controle, e talvez seja nesse grupo que se

sinta mais radicalmente a ruptura entre Ocidente e Oriente, mas basicamente o Ateísmo

religioso tende a funcionar da seguinte forma.

Se o Monoteísmo tenta acabar com o "pandemonium" Politeísta e estabelecer uma nova

ordem por algum tempo, acaba por também se mundanizar. As autoridades religiosas

interferindo fortemente na política e na estruturação social, enfraquecem como símbolos

transcendentes. A inflexibilidade fundamentalista do sistema se revela injustificável ante a

problemática social e as conquistas e descobertas filosóficas e científicas e num dado

momento o sentimento de descrença é tal que deixa-se de acreditar num deus. Surge o

ATEÍSMO.

Page 35: VERBETES DE TEOLOGIA

35

Esse é o ponto crucial, a razão pela qual de fato não acredito que existam Ateus no sentido

mais profundo do termo, no máximo "agnósticos".

Geralmente o ateu não é aquele que desacredita do "invisível", de qualquer forma de Téos,

mas sim o que descrê dos deuses personificados e corrompidos. Afinal até o mais

materialista e cético dos cientistas trabalha com forças invisíveis! Fenômenos da natureza

ainda inexplicáveis.

Gravitação Universal, Lei de Entropia, Mecânica Quântica e etc. não podem ser vistas!

Apenas seus efeitos. Tal como sempre se alegou com relação aos deuses.

No que se refere a uma visão do Princípio, não creio fazer diferença acreditar que um corpo

é atraído para o centro da Terra por uma força invisível da natureza ou pela vontade de um

deus também invisível. Há apenas uma maior compreensão racional do fenômeno, com

maiores resultado práticos, mas de um modo ou de outro, a explicação possui um certo

caráter de fé, tão racionalmente satisfatório para o cientista quanto para o religioso, capaz

de explicar com clareza o funcionamento do mundo e mesmo quando isso não ocorre,

admiti-se como mistérios divinos, ou causas científicas ainda desconhecidas.

No caso do Oriente, o Ateísmo religioso surge principalmente na Índia, sob a forma do

Budismo e do Jainísmo, e na China, sob o Taoísmo e o Confucionismo. Todas essas

religiões possuem textos base com certo grau de respeitabilidade mística ou filosófica, mas

o grau de liberdade com que se pode reinterpretar ou mesmo discordar destes textos é

incomparável em relação aos livros sagrados Monoteístas.

E nesse nível que muitas posturas passam a ser desconsideradas como religiões, sendo tidas

em geral como filosofias. No Ocidente, tal movimento ocorreu também na Grécia Antiga,

através de Filósofos da Natureza que estabeleciam como princípio primário universal

alguma "substância" completamente impessoal. Mais especificamente, Aristóteles colocava

o MOTOR IMÓVEL como o princípio primário, e PLOTINO, estabelecia o UNO. Porém

essa breve ascensão do Ateísmo filosófico e científico ocidental foi logo minada pelo

sucesso do Monoteísmo cristão.

O Ateísmo no Ocidente só surgiu novamente após a renascença, no Iluminismo, onde

outras formas filosóficas se desenvolveram, mas a mistura destas com os Neo Panteísmos e

o avanço científico em geral resulta num quadro difícil de se diferenciar.

Mas o ponto mais complexo na verdade, e que Ateísmo e Panteísmo se confundem.

RELIGIÕES ATEÍSTAS e NEO-PANTEÍSTAS

As religiões Ateístas não crêem numa entidade suprema central, mas pregam a

interdependência harmônica do Universo, da mesma forma que o Panteísmo.

Page 36: VERBETES DE TEOLOGIA

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Pregam a harmonia dos opostos como Yin e Yang, da mesma forma que a harmonia entre a

Deusa e o Deus no Panteísmo, e constantemente adotam um posição de neutralidade em

relação aos eventos.

Provavelmente não por acaso TAOÍSMO e BUDISMO são as mais avançadas das grandes

religiões num sentido metafísico, racional e mesmo científico. São imunes a contestação

racional pois seus conceitos trabalham num plano mais abstrato mas ao mesmo tempo

capaz de explicar a realidade, e fartos de paradoxos escapistas, sendo extremamente mais

flexíveis que as religiões monoteístas por exemplo. Não há casos significativos de

atrocidades cometidas em nome destas religiões em larga escala como as monoteístas ou

nas politeístas monolátricas.

Porém, barreiras intransponíveis impedem que essas religiões sejam nesse esquema de

divisão, classificadas como Panteístas. TAOÍSMO e CONFUCIONISMO que são chinesas

equanto o BUDISMO e o JAINISMO Indianos, são religiões letradas. Possuem seus

escritos fundamentais como os Sutras Budistas, o Tao Te-King Taoísta e os Anacletos

Confucianos e os textos dos Tirthankaras Jainistas. Todas possuem seus mentores, Buda,

Lao-Tsé, Confúcio e Mahavira. E todas são muito desenvolvidas filosoficamente, por vezes

sendo consideradas não religiões, mas filosofia. Todas essas características inexistem no

Panteísmo primitivo.

Portanto isso me leva a classificá-las como RELIGIÕES ATEÍSTAS, por declararem a

inexistência de um Ser Supremo. Pelo contrário, o TAO ou o NIRVANA, o centro de todo

o Universo segundo o Taoísmo e Confucionismo, e o Budismo, são uma espécie de Vazio,

um Não-Ser.

Já o Neo-Panteísmo possui sim seus textos. É o caso do Espiritismo Kardecista, do

Bahaísmo, do Racionalismo Cristão e etc. Embora muitos insistam em negar-se como

Panteístas se inclinando para o Monoteísmo, porém uma série de fatores a distanciam muito

deste grupo. Tais como:

A ênfase atenuada dada ao livro base da doutrina, que embora seja uma revelação, não tem

o mesmo peso dogmático e em geral se apresenta de forma predominantemente racional. A

postura passiva e não proselitista, e muito menos violenta, do Monoteísmo tradicional. A

caraterização de seu fundador que mesmo sendo dotado de dons supra-naturais, não

reivindica deificação e nem mesmo reverência especial. E o mais importante,

diferenciando-as principalmente do Monoteísmo "Ocidental", o tratamento totalmente

diferenciado dado a questão da existência do "Mal". Esses são alguns exemplos que tendem

a afastar essas novas religiões, que prefiro agrupar na categoria Neo-Panteísmo, do grupo

das Monoteístas.

PANTEÍSMO => Deus é Tudo

POLITEÍSMO => Deus é Plural

MONOTEÍSMO => Deus é Um

ATEÍSMO => Deus é Nada

Page 37: VERBETES DE TEOLOGIA

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Evidentemente, afirmar que DEUS é TUDO é muito similar a afirmar que é NADA. O

ZERO é tão imensurável e incalculável quanto o INFINITO. Eles não podem ser medidos

ou divididos, assim como não se divide por eles.

Vale lembrar que não se pode também rotular tal ou qual religião como meramente Pan,

Poli ou Monoteísta. Muitas passaram pelas várias fases nem sempre de maneira perceptível

e consensual. O próprio Budismo tem várias escolas bastante diferentes entre si, e mesmo o

Cristianismo tem suas variantes com direito a reencarnação e sexo tântrico, e cujas

atribuições de Deus o afastam das características monoteístas. Mas o processo macro,

inconsciente, me parece ser esse! O de fases "psicohistóricas" que vão na forma:

PANTEÍSMO-POLITEÍSMO-MONOTEÍSMO-ATEÍSMO

Outro ponto importante é que jamais uma dessas formas religiosas deixou de existir

totalmente, principalmente na atualidade onde a intolerância religiosa não é mais "tolerada"

na maior parte do mundo. Esses tipos de religiões se misturam e se confundem, o que

explica porque qualquer tentativa de se classificar as religiões é tão complexa.

Até mesmo essa divisão esquemática apresenta problemas, como a notável diferença entre

o Monoteísmo "Ocidental", Judaísmo-Cristianismo-Islamismo, fortemente interligadas, o

Monoteísmo Oriental, Hindu, Bhramanismo e Sikhismo, e o sempre complexo

Zoroastrismo, de características fortemente Maniqueistas, o que viria por vezes a suscintar

a questão de se o Maniqueísmo, que tem forte influência sobre o Gnosticismo e o

Catolicismo, poderia ser considerado Monoteísta.

VERBETES PAR LER TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA

AGNOSTICISMO

Doutrina que defende a incognoscibilidade de qualquer ordem de realidade desprovida de

evidência lógica satisfatória. O termo foi criado por T.H. Huxley (1825 – 1895), para

expressar o seu desprezo em face da atitude de certeza dogmática simbolizada pelas crenças

dos antigos gnósticos. Nega a possibilidade de um conhecimento racional e certo de

qualquer realidade transcendente. Para o agnosticismo a razão humana não pode adquirir

uma ciência certa, a não ser das realidades apreendidas pela experiência sensível; apenas

afirma que isso não se pode conhecer com certeza por meio da razão. Como sistema

teológico foi condenado pelos apóstolos e pela Igreja. Sob qualquer forma que se apresente,

o agnosticismo deve ser considerado segundo o sistema científico a que se amolda e

também os pressupostos da teoria do conhecimento que adota.

ANALOGIA DA FÉ

Era analogia entis que Karl Bath substitui pela analogia Fidei (analogia da fé), visto que a

verdade religiosa é dada por Deus.

Page 38: VERBETES DE TEOLOGIA

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É um conceito Bíblico tirado de Romanos 12, (analogia tes pisteões) ou (metron pisteõs),

que são palavras semelhantes "analogia da fé" e "medida da fé", representam um

desenvolvimento do significado paulino original. Para a hermenêutica a analogia da fé

conota que passagens bíblicas podem ser interpretadas com outras passagens porque nada

dentro das escrituras podem se contradizer e tendo em vista que Deus é o autor das

Escrituras. Para Agostinho a interpretação da das Escrituras não deve violar a fé. E Lutero

usa termos quase semelhantes "o intérprete primário da Escritura deve ser ela própria", por

isso as autoridades cristãs evitavam qualquer fonte fora das Escrituras. Para alguns pais da

igreja passagens difíceis das escrituras são iluminadas pela fé ensinadas pela igreja, já o

protestantismo da reforma é contra essa idéia imposta pelo catolicismo. Ainda como

princípio exegético a analogia da fé sofre alguns abusos com significados que o autor

bíblico não quis colocar no texto, por isso o intérprete de uma passagem bíblica deve se

esforçar o máximo para extrair do texto o que realmente ele diz.

ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA

Antropologia nasceu com o grego Heródoto, no século V a.C. que foi cognominado Pai da

Antropologia. Antropologia Teológica é a doutrina do homem no que tange a Deus. Teve

sua transformação em duas grandes transições: a do cosmo para Deus, quando o

cristianismo suplantou a visão grega da realidade. A segunda é de Deus para o homem e

ocorreu na época moderna em conseqüência da secularização e do ateísmo. Repentinamente

Deus desaparece de cena e cede lugar ao homem. Sua transformação teve início no

Renascimento. O espírito humano abre-se a um novo modo de ver e agir, um violento

contraste com o precedente, enquanto o primeiro, o centro de todo interesse era Deis, agora

o centro é o homem. A filosofia é ao mesmo tempo a testemunha fiel e artífice principal da

transição do teocentrismo para o antropotismo. Vemos aí (Descartes, Hume, Spinosa). Mas

Kant que atinge o momento conclusivo, afirmando que o homem não é mais simplesmente

o ponto de partida, mas também o ponto de chegada da reflexão filosófica. Vemos também

dois princípios que são supremos na antropologia teológica: São o arquitetônico e

hermenêutico. O arquitetônico é o eixo do ordenamento de todos os eventos da história da

salvação. O hermenêutico é a verdade primária a cuja luz a teologia procura compreender e

interpretar um dos aspectos da história da salvação.

CALVINISMO

Doutrina religiosa fundada por João Calvino. Ele nasceu em Noyon, em 1509 e morreu em

Genebra em 1564.

Caracteriza-se pela origem democrática da autoridade religiosa (os ministros não são

padres). Os principais fundamentos da doutrina estão contidos na obra de Calvino intitulada

"Instituição da Religião Cristã". Calvino e seus seguidores, sustentavam a soberania

absoluta de Deus, a justificação pela fé, e a predestinação. O Calvinismo não admite as

cerimônias religiosas e nega com rigor a tradição; pela crença na predestinação acha inútil

as obras para a salvação. Segundo Calvino, a fé se dá pela deposição de absoluta confiança

em Deus. Os seguidores de Calvino, na França, passaram a ser chamados "huguenotes".

Propagou-se a doutrina pela Holanda, Suíça, Hungria, Escócia e Estados Unidos. Do

Calvinismo, originou-se o puritanismo e as demais igrejas protestantes.

Page 39: VERBETES DE TEOLOGIA

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Esta doutrina não foi aceita pelos sorbonistas, e Calvino foi perseguido e obrigado a deixar

a Igreja Católica, fugindo para Basiléia.

CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS – CMI

Desde 1909 – Conferência Missionária Mundial em Edinburgo até 1937 – Conferência

sobre "Vida e Trabalho" em Oxoford e sobre "Fé e Ordem" em Edimburgo – o movimento

ecumênico era atuante sob muitos aspectos mas não tinha organização central. Por ocasião

das conferências de 1937 tomaram-se as primeiras iniciativas para a fusão de "Vida e

Trabalho" e "Fé e Ordem" num Conselho Mundial de Igrejas – CMI. De 1938 a 1948 este

permaneceu – devido à Segunda Guerra Mundial – oficialmente em "processo de

formação"; em Amsterdã, em 1958, ele foi formalmente estabelecido.

O CMI é uma comunhão de igrejas que confessam o Senhor Jesus como Deus Salvador,

segundo as Escrituras e por isso buscam cumprir em conjunto a sua vocação comum para

glória do único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. É uma organização ecumênica

internacional das igrejas cristãs da Reforma da qual a igreja católica faz parte como

observadora. Prolonga historicamente os dois movimentos mundiais: "Vida e Trabalho",

"Be Oxford" e "Fé e Ordem" de Edimburgo.

O CMI não é uma igreja, nem pretende ser uma espécie de "super igreja", mas existe para

servir as igrejas como instrumento, possibilitando-lhes entrar em contato umas com as

outras. O CMI não considera nenhum conceito ou doutrina sobre a unidade da igreja como

normativo para suas igrejas membros. Pretende ajudar todas elas na procura dessa meta.

A 5a Assembléia Geral foi em Nairobi em 1975. Ela propôs um consenso em torno da

unidade nos seguinte termos: "Jesus Cristo fundou uma igreja. Hoje vivemos em diversas

igrejas separadas umas das outras. Contudo, nossa visão do futuro é que algum dia

viveremos de novo, como irmãos e irmãs numa igreja indivisa.

O CMI exerce seu mandato por intermédio da Assembléia Geral, do Comitê central do

Comitê executivo, das Comissões, dos Comitês das Unidades de Programas e dos Centros

Permanentes Administrativos de Genebra e Nova York. A Assembléia se reúne a cada sete

anos.

CORRELAÇÃO (teologia)

Paul Tillich faz uma correlação entre teologia de Bultmann ortodoxia e a teologia de Karl

Barth cristomonismo, esta teologia foi desenvolvida em 1951. Paul Tillich chegou a um

consenso que sintetiza a sabedoria e a experiência humana com a religião bíblica,

empregando todos os recursos da ciência, da história, da literatura, da arte, e da psicologia

em profundidade, bem como a filosofia clássica e a moderna, em especial o existencialismo

de Kierkegaard. Assim estabeleceu um tipo de doutrina teológica que era o fim apologético

e estabeleceu a correlação de fé com a existência humana. Paul Tillich afirma que a

doutrina só tem valor ou significado para o homem, se estiver relacionado com os

problemas, as situações, e as crises de sua existência cultural, secular e cotidiana.

Page 40: VERBETES DE TEOLOGIA

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Paul Tillich escolheu atuar "na fronteira" entre a religião e a cultura ele escreve "a religião é

a substância da cultura e a cultura é a forma da religião" Paul Tillich afirma que sempre que

ele se encontra entre duas possibilidades existenciais, ele reflete sobre sua posição de

sempre Ter um pé em cada um dos dois arraiais tradicionalmente antagônicos. Daí sua

teologia de correlação inteiramente dialética. Paul Tillich procurou relacionar os problemas

de sua filosofia, a partir da condição humana comum e demonstrou a relevância e o

significado da doutrina teológica relacionada com o problema assim interpretado. Sua tese

torna-se numa síntese em quatro níveis: (1) disciplina, (2) antológica, (3) histórica, e (4) na

vida pessoal.

DEÍSMO

Vem do latim deus, "deus". Os socianos introduziram o termo no século VI. Porém veio a

ser aplicado a um movimento dos séculos XVII e XVIII, que enfatizava que o

conhecimento sobre questões religiosas e espirituais vem através da razão, e não através da

revelação, que sempre aparece como suspeita e como instrumento de fanáticos e de pessoas

de estabilidade mental questionável. Vendo-se nisto a característica principal do deísmo,

conhecimento através da razão e não sobrenatural. A isso podemos chamar de religião

natural comum a todos, era uma garantia de uma convivência pacífica, que surge como um

reflexo do iluminismo no campo religioso.

DEMITIZAÇÃO

Método desenvolvido na teologia protestante e católica, proposto pelo teólogo alemão

Rusolf Bultmann (1884-1976), e que visa a escoimar a mensagem cristã da roupagem dos

mitos. Na sua forma genuína, salva o essencial das narrativas, despindo-as de sua veste

literária mítica, para poder interpretá-las de modo crítico e não eliminá-las. Consiste na

discrepância entre cosmologia antiga e moderna bem como entre as compreensões

existenciais divergentes dos homens da Bíblia e dos de todas as épocas posteriores. A

demitização, não reside na eliminação de asserções e descrições, mas em sua interpretação,

para que a mensagem nelas contida adquira dimensões existenciais. Essa interpretação

pressupõe que as categorias mitológicas utilizadas pelos autores se constitua em

instrumento destinado a expressa a revelação. Busca impedir que a mensagem evangélica

se fundamente em assertivas mitológicas, perdendo seu caráter paradoxal.

DIALÉTICA

Dialética vem do Dialéktos grego, que significa discurso, debate. Esse vocábulo refere-se

àquele tipo de atividade filosófica que traça distinções rígidas, que trazem à luz contrários e

opostos.

Dialética é o emprego da formulação, tese, antítese e síntese. A dialética determina todos os

processos da vida, e deve ser aplicada na biologia, na psicologia, e na sociologia. A própria

vida é dialética.

Para Platão a dialética tornou-se uma forma suprema de adquirir conhecimento. A dialética

aparece como o nome dado ao estudo do inter-relacionamento das idéias platônicas.

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Dialética é o jogo dos opostos que se fundem gerando assim uma tese, que tem em si uma

antítese, que gera uma síntese, que é a nova tese.

A dialética explica a mudança como resultado do conflito entre os opostos, que se fundem

num novo tipo de coisa que sintetiza ambos os opostos.

ETERNIDADE

As palavras hebraicas, ADH e OLAM, designam qualquer período com duração

desconhecida, e tempo não fixado. É similar no grego no vocábulo AIÔN que indica uma

vida inteira ou um tempo indefinido no passado ou no futuro.

Na filosofia grega, a existência da eternidade divina subentendia, a realidade e

insignificância daquilo que é temporal. Para Platão a esfera da eternidade é imaterial

diferente de nosso mundo. Heráclito, associava a idéia de fluxo com a idéia de existência.

A idéia de eternidade não deve ser entendida em contraste com o tempo. A idéia Bíblica de

eternidade não é ausência de tempo mas a extensão ilimitada de tempo, uma sucessão

infinita de eras. A era presente é limitada em sua duração, tendo um começo e um fim; a era

futura tem um começo, não sabemos o fim.

A eternidade unida no próprio Deus, portanto ele não tem causa, dotado de um tipo de vida

que se encontra exclusivamente no ser divino.

EVANGELHO SOCIAL

O Evangelho Social apareceu no final do séc. XIX e dava bastante ênfase aos aspectos

sociais do cristianismo. Esta corrente do protestantismo moderno teve como base o livro

"Em Seus Passos o que Faria Jesus?" Esta corrente teve como sua maior expressão a figura

de Walter Rauschenbush. O Evangelho Social se caracterizou por uma dupla ênfase, as

quais são:

· Uma função mais ampla da Igreja;

· E uma crítica crescente dos sistemas e ideologias da ordem vigente.

Foi sem dúvida alguma uma aplicação da ética cristã em resposta as exigências de uma

nova situação histórica – a intensidade dos problemas sociais geradas pelo rápido

crescimento industrial dos EUA. Tendo em vista este fato, a consciência cristã viu-se

obrigada a converter-se em consciência social.

EVANGELICALISMO

Movimento no cristianismo moderno que transcende as fronteiras denominacionais e

confessionais, enfatizando a conformidade com as doutrinas básicas da fé e um alcance

missionário de compaixão e urgência. Quem se identifica com este movimento é um

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"evangélico conservador" (ou "evangelical") que crê no evangelho de Jesus Cristo e o

proclama. A palavra é derivada do substantivo grego euangelion, traduzido como boas-

novas, notícias de alegria, sendo euangelizomai o verbo correspondente, que significa

anunciar boas-novas ou proclamar como boas-novas. Estas palavras aparecem quase cem

vezes no Novo Testamento e passaram para os idiomas modernos através do equivalente

em latim, evangelium.

Desde a Reforma Protestante, a palavra tem sido adotada por certos grupos cristãos, que

supõem que retornaram ao evangelho (ou Bíblia), em contraste com o sistema tradicional

que se desenvolveu na Igreja Católica Romana. Na Alemanha, na Suíça e em alguns outros

países a palavra passou a indicar o corpo geral das igrejas protestantes. Na Inglaterra, é

empregada quase como sinônimo da Igreja Baixa (expressão que aponta para os membros

de postura mais protestante e evangélica). Na atualidade, os evangélicos são aqueles

grupos, essencialmente protestantes, que frisam a necessidade do evangelismo, da expiação

mediante o sangue de Cristo, da regeneração, da crença nos elementos fundamentais do

ensino bíblico. Usualmente, esses grupos apegam-se a esses documentos sagrados com a

sua base de autoridade, rejeitando as tradições, os concílios, etc., como padrões de fé e

prática. Assim, o evangelicalismo é muito mais do que um assentimento ortodoxo a

determinados dogmas ou uma volta racionária aos costumes antigos. É a afirmação das

crenças centrais do cristianismo histórico.

Embora o evangelicalismo seja geralmente considerado um fenômeno contemporâneo, o

espírito evangélico sempre se manifestou no decurso da história eclesiástica. A igreja

apostólica, os pais da igreja, os movimentos reformistas medievais, pregadores como

Bernardo de Claraval, Pedro Waldo, John Wycliffe, John Huss e Savonarola se

distinguiram dentro do evangelicalismo de tempos remotos. Dos mais recentes podemos

citar: John e Charles Wesley, George Whitefield, os batistas, congregacionais e metodistas.

No século XIX, surgiram Charles Spurgeon, George Williams, Hudson Taylor, Charles

Finey, D. L. Moody, as cruzadas evangelísticas de Billy Graham, e outros. Com a

"autoctonização" das organizações assistenciais e evangelísticas e o envio de missionários

por grupos dentro dos próprios países do Terceiro Mundo, o evangelicalismo já obteve sua

maioridade e é verdadeiramente um fenômeno global.

Estou convencido que o Neo-Evangelicalismo é um dos maiores perigos com que as igrejas

fundamentalistas em geral e o movimento baptista independente em particular se

defrontam, e para lhe resistir com sucesso é preciso identificá-lo. Espanta-me o quão

comum é que as igrejas fundamentalistas e baptistas independentes não doutrinem

cuidadosamente o seu povo a respeito dos perigos do Neo-Evangelicalismo, espanta-me o

grande número de pastores fundamentalistas que não identificam cuidadosamente os Neo-

Evangélicos populares e influentes para que os membros das suas igrejas estejam

devidamente informados acerca deste perigo. Em Fevereiro eu preguei na Conferência

Bíblica de Inverno organizada pela Igreja Baptista Independente de Ramsey, estado de

Minnesota, EUA, cujo pastor é Chuck Nichols. Esta conferência de quatro dias concentrou-

se em avisar o povo de Deus em relação aos desafios que eles têm de enfrentar hoje em dia.

Quantas igrejas baptistas independentes há que organizariam uma conferência destas?

O Neo-Evangelicalismo não pode ser ignorado, porque os membros das igrejas estão

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confrontados com ele por todos os lados, particularmente através de personalidades na

rádio e televisão, através das livrarias cristãs, e através dos relacionamentos com família e

amigos.

O que se segue são algumas das características do Neo-Evangelicalismo que permitirão ao

crente bíblico identificá-lo e evitá-lo.

1. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR REPUDIAR A

SEPARAÇÃO “O chamamento para um REPÚDIO AO SEPARATISMO... recebeu uma calorosa

recepção de muitos evangélicos... o Neo-Evangelicalismo [é] diferente do fundamentalismo

no seu REPÚDIO AO SEPARATISMO” (Harold J. Ockenga).

*** A primeira das características do Neo-Evangelicalismo é o seu repúdio do

separatismo.

O Neo-Evangélico não gosta da separação e recusa que esta desempenhe um papel

significativo na sua vida e ministério. Foi isto que Ockenga enfatizou duas vezes no seu

discurso de 1948 no Seminário Fuller.

Os evangélicos não se separam de denominações que se deixaram infiltrar com

modernismo, tais como a Igreja Metodista Unida, a Igreja Presbiteriana dos EUA, a

Convenção Baptista Americana, a Convenção Baptista do Sul (EUA), a Igreja Anglicana. A

coluna [em jornais] de religião de Billy Graham deu o seguinte conselho a um casal

católico romano que estava desiludidos com a sua igreja e estava a pensar deixá-la: “Não

deixem a igreja. Fiquem... ajudem a vossa igreja” (Sun Telegram, 06/01/1973).

*** Os evangélicos praticam o evangelismo ecumênico

Billy Graham tem trabalhado lado a lado com católicos romanos e modernistas teológicos

desde a década de 50, e no entanto ele é exaltado e louvado pelo mundo evangélico.

A campanha de Nova Iorque de Billy Graham em 1957 foi patrocinada pelo liberal

Concílio Protestante e apresentou eminentes modernistas teológicos. Num jantar

preparatório organizado no Outono anterior (17 de Setembro de 1956) no Hotel

Commodore em Nova Iorque, Graham disse que queria que judeus, católicos e protestantes

assistissem às suas reuniões e depois voltassem para as suas próprias igrejas. Esta

declaração foi confirmada pela edição de 18 de Setembro do jornal “New York Evening

Journal. A campanha de Nova Iorque foi o catalizador da ruptura emtre Graham e

fundamentalistas tais como Bob Jones Sênior e John R. Rice do jornal “The Sword of The

Lord”.

A organização de Graham e as igrejas cooperantes na campanha de 1957 em São Francisco

nomearam o Dr. Charles Farrah para dar apoio aos “convertidos” e para elaborar relatórios

sobre o assunto. As suas conclusões foram publicadas a 16 de Dezembro. De acordo com o

jornal “Oakland Tribune”, dos cerca de 1300 católicos que foram à frente,

PRATICAMENTE TODOS PERMANECERAM CATÓLICOS, CONTINUARAM A

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ORAR A MARIA, IR À MISSA, E A CONFESSAREM-SE A UM PADRE (Oakland

Tribune, quarta-feira, 17 de Dezembro de 1958).

Graham tem-se afiliado e apoiado centenas de modernistas convictos e líderes católicos

romanos. Na campanha de Nova Iorque de 1957, Graham passou dez minutos num elogio

ao Dr. Jesse Baird, um liberal e apóstata bem conhecido, chamando-o de grande servo de

Cristo. Na campanha de São Francisco de 1957, Graham honrou o bispo episcopal James

Pike, que havia declaradamente negado a divindade de Jesus Cristo, negado o seu

nascimento virginal, negado milagres, e negado a ressurreição corporal [de Cristo]. O bispo

metodista Gerald Kennedy foi o organizador da campanha de 1963 em Los Angeles, e

Graham chamou-o “um dos dez maiores pregadores cristãos da América,” mesmo tendo ele

negado praticamente todas as doutrinas da fé cristã. No primeiro domingo dessa campanha,

Graham passou vários minutos a elogiar o modernista E. Stanley Jones, chamando-o de

“meu bom amigo e conselheiro de confiança.” A autobiografia de Graham de 1997 está

cheia de referências à sua amizade com apóstatas.

A prática do evangelismo ecumênico espalhou-se pelo evangelicalismo. Bill Bright, líder

da organização Campus Cruzade, Luís Palau, e outros evangélicos de renome têm

caminhado nos passos de Graham no evangelismo ecumênico. Ao fazer a reportagem da

campanha Amesterdão ‟86, o repórter Dennis Costella perguntou a Luís Palau se ele iria

cooperar com católicos romanos. Palau respondeu que sim e admitiu que era algo que já

estava a ser feito.

Mesmo os mais conservadores dos Baptistas da Convenção do Sul (EUA) apoiam o

evangelismo ecumênico de Graham. O Seminário Teológico Baptista do Sul tem uma

disciplina chamada Vida e Testemunho Cristão, que ensina aos estudantes técnicas de

aconselhamento em campanhas de evangelização. A 3 de Maio de 2001, o jornal Baptist

Press publicou um artigo intitulado “Centenas de Estudantes do Sul Preparam-se Para

Campanha de Graham.” R. Albert Mohler, Jr., presidente do Seminário do Sul e uma voz

de destaque na ala conservadora da Convenção Baptista do Sul, prestou serviço como

organizador da campanha de Graham. Ele disse ao Baptist Press, “Jamais uma outra coisa

juntou o tipo de inclusividade étnica, racial e denominacional como a que está representada

nesta campanha; nada na minha experiência e nada na história recente de Louisville alguma

vez juntou um grupo como este de cristãos empenhados num único propósito.” O

Seminário do Sul alberga orgulhosamente a "Escola de Missões, Evangelismo e

Crescimento" da Igreja Billy Graham. Dizer que todos os participantes nas campanhas de

evangelicalismo inclusivas de Billy Graham são “cristãos empenhados” é recusar aplicar

padrões doutrinários críticos.

*** Os Evangélicos citam heréticos sem qualquer aviso para os seus leitores

Considere, por exemplo, o bem conhecido escritor e conferencista evangélico Warren

Wiersbe. A sua prática de citar modernistas praticantes sem qualquer aviso foi descrita por

Jerry Huffman, editor do jornal Calvary Contender: “Num painel de discussão na

conferência bíblica de 1987 do Tenessee Temple, Wiersbe expressou satisfação que

Malcolm Muggeridge – um católico romano liberal – tenha apoiado uma das suas posições.

Num artigo do jornal Moody Monthly de Dezembro de 1977, Wiersbe apoiou obras de

Page 45: VERBETES DE TEOLOGIA

45

autores liberais como Thielicke, Buttrick e Kennedy. Mais recentemente ele louvou os

livros de outros liberais tal como Barclay, Trueblood, e Sockman” (Calvary Contender, 15

de Julho de 1987).

Considere também Rick Warren do ministério Purpose Driven Church (Igreja Guiada por

Propósito). Ao manter a sua filosofia de “não julgarás”, Warren cita de forma não crítica

uma grande variedade de heréticos teológicos, especialmente católicos romanos tais como

Madre Teresa, Irmão Lawrence (um monge carmelita), John Main (um monge beneditino),

Madame Guyon, John of the Cross, e Henri Nouwen. Warren não avisa os seus leitores que

estes são perigosos falsos mestres que se mantêm num falso evangelho e adoram um falso

cristo. Madre Teresa e Nouwen são universalistas que acreditavam que o homem pode-

se salvar sem uma fé pessoal em Jesus Cristo.

Um outro exemplo disto é Chuck Swindoll, que dedicou um número completo da sua

publicação Insights for Living (Abril de 1988) à promoção acrítica do neo-ortodoxo alemão

Dietrich Bonhoeffer. Swindoll chama a Bonhoeffer “um santo destinado ao céu.” Mas este

“santo” promoveu a “desmitologização” e a colocação em dúvida das Escrituras. Cornelius

Van Til documentou a perigosa teologia de Bonhoeffer no jornal The Great Debate Today.

O QUE DIZ A BÍBLIA:

A separação não é uma parte opcional do cristianismo; é um mandamento (Rom. 16:17-18;

II Co. 6:14-17; I Tim. 6:5; II Tim. 2:16-18; 3:5; Tito 3:10; II Jo. 7-11: Ap. 18:4). A

separação não é feita com espírito maldoso ou falto em amor; é obediência a Deus.

É suposto separarmos-nos mesmo dos irmãos em Cristo que estão a andar em

desobediência (II Tess. 3:6).

A separação é um muro de proteção contra os perigos espirituais. A não separação do erro

deixa-nos abertos à influência do erro (I Co. 15:33). A razão pela qual o agricultor separa

os vegetais das ervas daninhas e parasitas, e a razão pela qual o pastor separa as ovelhas dos

lobos, é para os proteger. Da mesma forma, um pregador fiel e piedoso irá procurar separar

o seu rebanho dos perigos espirituais que são ainda mais destrutivos do que insetos e lobos.

2. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UM AMOR AO

POSITIVISMO; REPÚDIO PELOS ASPECTOS MAIS NEGATIVOS DO

CRISTIANISMO BÍBLICO; UMA FILOSOFIA DO “NÃO JULGAREIS”; UMA

ANTIPATIA PELA CONTROVÉRSIA DOUTRINÁRIA.

“A estratégia do Neo-evangelicalismo é a proclamação positiva da verdade em oposição a

qualquer erro, sem se deter em personalidades que abraçam o erro. ... Em lugar do ataque

ao erro, os neo-evangélicos proclamam as grandes doutrinas históricas do cristianismo”

(Harold Ockenga).

O maior perigo do Neo-evangelicalismo não é o erro que é pregado, mas, [sim,] a verdade

que é negligenciada.

Page 46: VERBETES DE TEOLOGIA

46

O Neo-evangélico afunila a sua mensagem, concentrando-se apenas numa porção de todo o

conselho de Deus (Atos 20:27).

Isto significa que muito do que o Neo-evangélico prega e escreve é bíblico e

espiritualmente benéfico. O Neo-evangélico irá dizer muitas coisas boas sobre a salvação,

vida cristã, amor pelo Senhor, casamento, educação de crianças, santificação, a divindade

de Cristo, mesmo acerca da infalibilidade das Escrituras. Por exemplo, quando Ravi

Zacharias pregou na Crystal Cathedral de Robert Schuller em Abril de 2004, a sua

mensagem foi, em larga medida, uma benção. (Li uma versão online desta.) Ele pregou

sobre coisas tais como o amor por Jesus [a ser demonstrado] na [nossa] caminhada cristã, e

um casamento no Senhor. O problema não foi o que ele disse, mas o que ele não disse e o

contexto em que foi dito. Ele falhou em avisar acerca da heresia do amor-próprio de

Schuller. Ele falhou em realçar que Schuller usa termos teológicos tradicionais à medida

que os redefine num sentido herético. Ele falhou em reprovar e repreender de uma forma

clara. Ele falhou em não se separar do erro. (De uma forma Neo-evangélica típica, ele

também citou um modernista, J. K. Chesterton, de uma forma não crítica.)

Um pregador Neo-evangélico pregará contra o pecado e o erro de uma forma geral, mas

não claramente. Ele irá dizer que se opõe ao erro e à não separação, mas não o definirá

claramente.

(A única exceção é o que eu chamo de pecados e erros “politicamente carretos” ou

“seguros”, como a homossexualidade e o aborto. O Neo-evangélico irá falar claramente

sobre este tipo de coisa porque fazê-lo é aceitável nos círculos evangélicos de hoje. Pecados

e erros seguros são aqueles acerca dos quais os pregadores podem avisar sem ofender a

maioria dos seus ouvintes habituais.) Quando são confrontados com pedidos para se

pronunciarem claramente sobre o erro e dizer os nomes de líderes cristãos populares, irá

recusar tomar partido e irá, mais provavelmente, atacar quem o está a pressionar ou irá

lançar-se contra o “fundamentalismo extremo” ou qualquer coisa do gênero.

Billy Graham é o rei do positivismo e da filosofia do “não julgareis”

A sua mensagem tem sido descrita como “sólida no centro mas mole no rebordo.” Ele diz

que o seu trabalho é fundamentalmente a pregação do evangelho, que ele não foi chamado

para se envolver em controvérsias doutrinárias.

Em 1966 o jornal “United Church Observer”, órgão oficial da extremamente liberal "Igreja

Unida do Canadá", colocou a Graham uma série de perguntas. Quando perguntado acerca

se achava que Paul Tillich era um falso profeta, Graham respondeu: “TENHO FEITO

QUESTÃO DE NÃO FAZER JUÍZOS DE VALOR SOBRE OUTROS MEMBROS DO

CLERO.” Ele disse a seguir, “A NOSSA ASSOCIAÇÃO EVANGELÍSTICA NÃO SE

PREOCUPA EM FAZER JUÍZOS DE VALOR – FAVORÁVEIS OU ADVERSOS –

ACERCA DE QUALQUER DENOMINAÇÃO EM ESPECIAL. NÃO TENCIONAMOS

ENVOLVER-NOS NAS VÁRIAS DIVISÕES NO SEIO DA IGREJA.”

Isto é Neo- Evangelicalismo puro. O Neo- Evangélico pregará sobre o erro em termos

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gerais, mas raramente o fará clara e especificamente. Quando questionado directamente por

qualquer dos lados, ele tende a se atabalhoar e a esquivar-se. Ele não é um profeta mas um

político religioso. Ninguém é melhor do que Graham a fazê-lo, mas ele influenciou uma

multidão de outros pregadores. É óbvio perceber porque é que o Sr. Graham tem sido

chamado “o Sr. que olha para os dois lados.” Ele é a favor da Criação e da evolução,é a

favor de uma terra recente e de uma terra antiga, é pró nascimento virginal e contra ele, é

pela posição liberal e pela posição evangélica. Ele é a favor de tudo e, por isso mesmo,

contra nada.

A filosofia do crescimento da igreja é outro bom exemplo. A mensagem tem de ser não

controversa e ser contemporânea. A pregação na igreja Willow Creek cujo pastor é Bill

Hybels é descrita desta forma: “Aqui não há fogo nem enxofre. Não há pregações de dedo a

apontar para a Bíblia (original: Bible-thumping). Apenas mensagens práticas e

espirituosas.”

Considere esta descrição do guru do crescimento da igreja, C. Peter Wagner: “Wagner não

faz apreciações negativas de ninguém; fez carreira da descoberta do que é bom e da

afirmação disso sem a colocação de perguntas críticas” (Christianity Today, 08/08/1986).

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A ABORDAGEM SÓ- POSITIVISTA:

Os profetas antigos não eram Neo-Evangélicos de abordagem positiva (i. e., Enoque em

Judas 14-15). Não há nada de Neo-Evangélico nessa mensagem.

O Senhor Jesus Cristo não era um Neo-Evangélico de abordagem positivista. Ele pregou

mais acerca do inferno do que acerca do Céu (i.e. Marcos 9:42-48) e repreendeu duramente

o erro (Mat. 23). Ele censurou os fariseus por terem pervertido o caminho da verdade e

corrompido o evangelho da graça, chamando-os de hipócritas, guias cegos, loucos e cegos,

serpentes, geração de víboras. E isso foi apenas numa mensagem!

Também é óbvio que os apóstolos não eram Neo-Evangélicos de abordagem positivista.

Paulo estava constantemente envolvido em controvérsias doutrinárias e ele foi brutalmente

claro sobre o perigo da heresia. Ele chamou aos falsos mestres de “cães” e “maus obreiros”

(Fil. 3:2). Acerca daqueles que pervertiam o evangelho, ele disse, “seja anátema” (Gal.

1:8,9). Ele chamou-os de “homens maus e enganadores” (II Tim. 3:13), “homens corruptos

de entendimento e réprobos quanto à fé” (II Tim. 3:8), “falsos apóstolos, obreiros

fraudulentos” (II Co. 11:13). Ele disse o nome de falsos mestres e chamou aos seus

ensinamentos “falatórios profanos” (II Tim. 2:16,17). Ele avisou acerca de “filosofias e vãs

subtilezas” (Col. 2:8). Ele descreveu claramente os “que com astúcia enganam

fraudulosamente”. Quando Elimas tentou desviar homens da fé que Paulo havia pregado,

Paulo não desperdiçou tempo com diálogo. Ele disse “Ó filho do diabo, cheio de todo o

engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos

caminhos do Senhor?” (Actos 13:10). Ele avisou acerca dos falsos mestres que haviam de

vir às igrejas e chamou-os de “lobos cruéis” (Actos 20:29) e aos seus ensinamentos de

“coisas perversas” (Actos 20:30). Aqueles que negavam a ressurreição corporal eram

chamados de “insensatos” (I Co. 15:35-36). Ele avisou acerca de falsos cristos, falsos

espíritos, falsos evangelhos (II Co. 11:1-4). Ele rotulou os falsos ensinamentos de

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“doutrinas de demônios” (I Tim. 4:1). Nas Epístolas Pastorais Paulo avisou acerca de falsos

mestres e daqueles que se comprometem com o erro chamando-os pelo nome em 10

ocasiões.

Pedro era também de palavras claras quando se tratava de heresias. Aos falsos profetas da

sua época e àqueles que ele sabia que viriam no futuro, ele rotulou as suas heresias de

“heresias de perdição” e avisou acerca da sua “repentina perdição” (I Pe. 2:1). Ele chamou

os seus caminhos de “dissoluções”; disse que as suas palavras eram “fingidas”; e declarou

ousadamente que “a sua perdição não dormita” (II Pe. 2:3). Ele avisou-os acerca do inferno

eterno (II Pe. 2:4-9) e chamou-os de “atrevidos” e “obstinados” (II Pe. 2:10). Ele

comparou-os a “animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e

mortos” (II Pe. 2:12) e expôs o seu engano (II Pe. 2:13).

João, “o apóstolo do amor,” ocupou-se também de avisar acerca dos anticristos (I João

2:18-19), chamando-os de mentirosos (I Jo. 2:22) e enganadores (I Jo. 2:26; II Jo. 7); ao

dizer que negavam o Filho (I Jo. 2:23) e que não tinham Deus (II Jo. 9). Ele até declarou

toda uma série de pronunciamentos exclusivos, tais como, “Sabemos que somos de Deus, e

que todo o mundo está no maligno” (I Jo. 5:19).

João até proibiu os crentes de receberem os falsos mestres em suas casas ou de os saudarem

(II Jo. 10-11).

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE JULGAR:

A Bíblia requer que julguemos tudo de acordo com o padrão divino (I Tess. 5:21).

Devemos julgar de acordo com a recta justiça (Jo. 7:24)

Devemos julgar todas as coisas (I Co. 2:15-16)

Devemos julgar o pecado na igreja (I Co. 5:3, 12)

Devemos julgar os negócios entre os irmãos (I Co. 6:5)

Devemos julgar a pregação (I Co. 14:29)

Devemos julgar os que pregam falsos evangelhos, falsos cristos, e falsos espíritos (II Co.

11:1-4).

Devemos julgar as obras das trevas (Ef. 5:11)

Devemos julgar os falsos profetas e os falsos apóstolos (II Pe. 2; I Jo. 4:1; Ap. 2:2)

Não devemos julgar de forma hipócrita (Mat. 7:1-5).

Nesta passagem, o Senhor Jesus não condena todas as formas de julgamento; Ele condena

que se julgue de forma hipócrita (Mat. 7:5). É evidente, pelo contexto, que Ele não condena

todas as formas de julgamento. No mesmo sermão Ele avisou acerca dos falsos mestres

(Mat. 7:15-17) e falsos irmãos (Mat. 7:21-23). É impossível acautelarmo-nos de falsos

profetas e falsos irmãos sem julgar a doutrina e a prática comparando-as com a Palavra de

Deus. É também evidente que Ele não condena todas as formas de julgamento ao

compararmos diferentes passagens bíblicas. Já vimos que outras passagens exigem

julgamento.

3. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE PELA EXALTAÇÃO DO

AMOR E DA UNIDADE EM DETRIMENTO DA DOUTRINA

Page 49: VERBETES DE TEOLOGIA

49

Billy Graham disse, “O distintivo do discipulado cristão não é a ortodoxia, mas o amor”

(citado por Ian Murray, Evangelicalism Divided (O evangelicalismo dividido), pg. 33).

Considere o exemplo de cristianismo de Baskin-Robbins. Num artigo convidando ao

evangelismo ecumênico, o pastor Ted Haggard (Igreja New Life, Colorado Springs)

comparou as convicções doutrinárias a diferentes sabores de sorvete. “Eu gosto de todos os

tipos de sorvete. Por vezes quero baunilha com caramelo, chantilly, muita amêndoa e uma

cereja. Outras vezes quero sorvete de amêndoa, banana ou com pedaços de chocolate. Por

isso é que eu gosto muito de ir às sorveterias Baskin-Robbins. Em Colorado Springs, no

estado do Colorado, onde eu sou pastor, temos igrejas de 90 sabores diferentes. (...) Estou a

dizer que precisamos valorizar as interpretações respeitadas das Escrituras que existem em

muitas denominações cristãs. (...) Erigiu algum muro de separação e vedação entre a sua

igreja e a congregação do outra lado da rua? Fez algum julgamento acerca dela no seu

coração ou criticou-a abertamente? Acredito que o Espírito Santo nos está a chamar para

mudarmos os nossos muros de separação e vedações, e mostramos, a um mundo atento, que

estamos unidos” (Ted Haggard, “We Can Win Our Cities... Together” (Juntos Podemos

Ganhar as Nossas Cidades), Charisma, Julho de 1995).

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE DOUTRINA:

É suposto separarmos-nos daqueles que ensinam falsas doutrinas (Rom. 16:17). Devemos

acautelar-nos de todo o vento de falsa doutrina (Ef. 4:14). Não deve ser permitida qualquer

falsa doutrina (I Tim. 1:3). O pregador deve cuidar da doutrina (I Tim. 4:16).

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O AMOR CRISTÃO:

Os ecumênicos estão confusos sobre a DEFINIÇÃO DE AMOR (Jo. 14:23; Fp. 1:9-10; I

Jo. 5:3).

O amor bíblico está associado com a obediência a Deus (Jo. 14:23; I Jo. 5:3). O amor

Bíblico é obediência a Deus e à Sua Palavra, não às emoções vãs, não à uma mente

abrangente, não à tolerância bíblica do erro.

O amor bíblico está associado com a repreensão do pecado e do erro. Jesus, que é o Amor

Incarnado, aparece “olhado para eles em redor com indignação condoendo-se da dureza do

seu coração” (Mc. 3:5) e repreendeu os fariseus asperamente e mesmo ferozmente (Mt.

23). Jesus chamou a Pedro de Satanás (Mt. 16:23) e censurou os discípulos pela sua

“incredulidade e dureza de coração” (Mc. 16:14). O apóstolo Paulo chamou aos falsos

mestres “cães” e “maus obreiros” (Fp. 3:2). Daqueles que pervertiam o evangelho ele disse,

“seja anátema” (Gl. 1:8,9). Ele chamou aos falsos mestres “homens maus e enganadores”

(II Tim. 3:13), “homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (II Tim. 3:8),

“falsos apóstolos, obreiros fraudulentos” (II Co. 11:13). Ele disse o nome de falsos mestres

e chamou aos seus ensinamentos “falatórios profanos” (II Tim. 2:16,17). Ele avisou acerca

de “filosofias e vãs subtilezas” (Col. 2:8). Ele descreveu claramente os “que com astúcia

enganam fraudulosamente”. Quando Elimas tentou desviar homens da fé que Paulo havia

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pregado, Paulo não desperdiçou tempo com diálogo. Ele disse “Ó filho do diabo, cheio de

todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os

retos caminhos do Senhor?” (Actos 13:10). Nada disto é contrário ao amor cristão.

Os ecumênicos estão também confundidos acerca da DIRECÇÃO DO AMOR. A primeira

direcção do amor deve ser em direcção a Deus (Mt. 22:35-39). Preciso de amar a Deus o

suficiente para tomar uma posição acerca da Sua Palavra, para amar e temer a Deus mais do

que eu amo e temo ao homem.

A segunda direcção do amor deve ser para com aqueles que estão em perigo espiritual

(“apascenta as minhas ovelhas” Jo. 21:16-17). Preciso amar ovelhas do Senhor mais do que

amo os lobos.

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A UNIDADE CRISTÃ?:

JOÃO 17:21 – O movimento ecumênico moderno pegou em João 17:11 como um dos seus

versículos temáticos, reclamando que a unidade pela qual Cristo orou é uma unidade

ecumênica entre todos que se professam cristãos e que não olha ou valoriza a doutrina

bíblica. O contexto de João 17 destrói este mito.

Em João 17, Jesus está a referir-se àqueles que são salvos (Jo. 17:3). João 17 não é uma

unidade de verdadeiros crentes regenerados com aqueles que são falsos crentes [, crentes

meramente] nominais.

Em João 17, Jesus refere-se àqueles que guardam a Sua Palavra; é uma união na verdade

(Jo. 17:6, 17). Não é uma unidade que ignora as diferenças doutrinárias em favor de uma

comunhão alargada. Não é uma ecumênica “unidade na diversidade”. Em lugar nenhum do

Novo Testamento está ensinado que a doutrina deve ser sacrificada, ou até desvalorizada,

em favor da unidade.

Em João 17, Jesus refere-se àqueles que não são do mundo (Jo. 17:14, 16). Por contraste, o

movimento ecumênico não se separa do mundo. Billy Graham é louvado pelo mundo e

frequentemente votado o homem favorito dos EUA. Em 1989, Graham recebeu mesmo

uma estrela no "Passeio da Fama", de Hollywood! A sua estrela está junto daquelas que

honram Wayne Newton e John Travolta.

O movimento ecumênico de hoje caracteriza-se por um cristianismo do tipo Rock & Roll

que não acredita numa verdadeira separação do mundo, e o mundo responde com prêmios

em vez de perseguições.

Em João 17, Jesus refere-se a uma unidade do Espírito, não a uma unidade feita pelo

homem (Jo. 17:1). João 17 é uma oração dirigida a Deus o Pai, não um mandamento

dirigido aos homens.

FILIPENSES 1:27 – Este é um outro versículo que é mal utilizado como uma plataforma

para o movimento ecumênico, mas repare nas seguintes observações a partir do contexto:

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A unidade bíblica dá-se na igreja local. Esta instrução era dirigida à igreja em Filipos. A

verdadeira unidade cristã não é um assunto extra-igreja ou interdenominacional.

A unidade bíblica significa ter uma única mente, não “unidade na diversidade.” Compare

Rom. 15:5-6; I Co. 1:10.

A unidade bíblica requer dedicação total à fé que se professa. A fé do Novo Testamento

não é um grupo de doutrinas separadas, mas é, sim, um corpo de verdade unificado no qual

todas as doutrinas se encaixam. Não existem doutrinas “secundárias” que possamos ignorar

em favor da unidade bíblica. A escolha é entre “uma comunhão limitada ou uma mensagem

limitada.” Se alguém é fiel à fé do Novo Testamento, é impossível ter uma comunhão

alargada, e se alguém é dedicado a uma comunhão alargada tem de limitar a sua mensagem

para algo menos do que todo o conselho de Deus.

4. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA ABORDAGEM

PRAGMÁTICA DO MINISTÉRIO

“Queremos libertar o cristianismo de gozar apenas um lugarzinho nas fronteiras da cultura

dominante e colocá-lo no meio da corrente da vida moderna” (Harold Ockenga).

Pragmatismo é planear a obtenção de algum objectivo humano traçado, em vez de se ser

simplesmente fiel à Palavra de Deus e deixar que “caiam as faíscas onde tiverem de cair.”

Seguem-se alguns exemplos:

*** Almejar influenciar o mundo para Cristo. É este o objectivo das cruzadas

ecumênicas de Graham. É o objectivo dos artistas de rap e rock cristão. É o objectivo dos

princípios para o crescimento das igrejas. Uma enorme quantidade de transigências a

princípios e de desobediências às Escrituras deve-se ao tipo de evangelismo dos dias de

hoje.

*** Almejar influenciar denominações. Este era um dos objectivos originais do neo-

evangelicalismo. Ockenga disse que ele queria reconquistar a liderança denominacional. É

por isso que os evangélicos dizem que preferem ficar nas denominações liberais em vez de

se separarem delas.

*** Almejar influenciar a nação. É este o objectivo da Maioria Moral de Jerry Falwell e a

sua nova organização chamada de “Faith and Values Coalition” (Coligação de Fé e

Valores). É o objectivo da BBFI (Baptist Bible Fellowship International ) nas Filipinas e de

um novo movimento ecumênico- político na Austrália liderado pela “Hills Christian Life

Centre”, em Sydney.

*** Almejar edificar uma grande igreja. Em 1986, Carl Henry avisou, “a grandeza

numérica está a tornar-se numa epidemia infecciosa” (“Confessions of a Theologian”, pg.

387). Isto explica a popularidade impressionante de pastores visivelmente bem sucedidos

como Bill Hybels e Rick Warren. Este tipo de pragmatismo também caracterizou um

grande segmento do movimento das igrejas baptistas fundamentalistas. Nos anos 70, o

objectivo foi atingido criando-se uma atmosfera excitante com “dias especiais,” campanhas

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promocionais agressivas, grandes ministérios de rotas de autocarros (ônibus) [trazendo

principalmente crianças e idosos, para a igreja], pregação motivacional vívida mas pobre, e

outras coisas do gênero. Isto foi o que me foi ensinado no Tenessee Temple em meados da

década de 70, e foi a prática da Igreja Baptista Highland Park. Os homens que foram

exaltados foram os homens que haviam erigidos grandes igrejas, homens que eram “bem

sucedidos” pelo padrão dos grandes números.

As coisas que não se enquadravam no objectivo – tais como forte ensinamento bíblico,

refutação clara do erro que implica a nomeação (chamar pelo nome) dos falsos mestres

influentes, um ênfase na separação eclesiástica – foram omitidas ou menosprezadas, porque

“não faziam a igreja crescer.” Não é uma mudança dramática sair-se deste tipo de

pragmatismo para aquele de Rick Warren ou Bill Hybels nos anos 90.

O objectivo continua a ser o mesmo, ou seja, uma igreja grande e números impressionantes,

mas os métodos alteraram-se. Em vez da promoção, usamos a música de louvor

contemporânea e o baixar dos padrões para atrair a multidão. Em nenhum dos casos o

objectivo preeminente é a obediência às Escrituras e o comprometimento para com todo o

conselho de Deus a qualquer custo, quer a igreja seja grande ou pequena.

O QUE DIZ A BÍBLIA:

Somos comandados a ter um único objectivo, o de obedecer à Palavra de Deus (Ecl. 12:13).

Devemos guardar todas as coisas que Cristo mandou (Mat. 28:20).

Devemos respeitar todo o conselho de Deus (Actos 20:27) e manter a Palavra de Deus “sem

mácula” no que se refere a coisas aparentemente pequenas e inconseqüentes (I Tim. 6:13-

14).

Quando o rei Saul obedeceu apenas a uma parte de uma ordem de Deus, ele foi

severamente repreendido (I Sam. 15:22-23).

O que dizer de I Coríntios 9:22 ? As pessoas envolvidas com Rock cristão usam este

versículo para apoiar a sua filosofia de se ser um rapper para alcançar os rappers e um sem

abrigo para se alcançar os sem abrigo. No entanto, quando se compara a Escritura com

Escritura, descobrimos que Paulo não queria dizer nada disso.

Olhemos para o contexto imediato e depois para o contexto mais remoto:

Em I Co. 9:21, por exemplo, Paulo diz, “Para os que estão sem lei, como se estivesse sem

lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que

estão sem lei.”

Portanto, ele explica que sempre esteve debaixo da lei para Cristo e nunca teve liberdade

para fazer coisas contrárias às Escrituras. Por exemplo, Paulo não usaria cabelo comprido

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53

para poder alcançar os pagãos, porque a lei de Cristo proíbe o cabelo comprido num

homem (I Co. 11:14).

E em I Co. 9:27 Paulo diz, “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que,

pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” Por isso,

Paulo sempre foi rigoroso no que dizia respeito ao pecado e não permitia nada que

resultasse na despreocupação espiritual.

E em Gálatas 5:13 Paulo diz, “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis

então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.”

Portanto, a liberdade de Paulo não era liberdade para servir à carne. Paulo ensinava que os

crentes se devem abster “de toda a aparência do mal” (I Tess. 5:22). Essa é a mais rigorosa

forma de separação, e Paulo nunca faria algo contrário a isto na sua própria vida ou

ministério. “A fé cristã está no seu ponto mais elevado quando o seu antagonismo para com

a descrença é mais definitivo, quando o seu espírito está alicerçado fora deste mundo, e

quando a sua confiança total não está „em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus‟ (I

Co. 2:5)” (Iain Murray, in “Evangelicalism Divided” (Evangelicalismo Dividido), 2000, pg.

212).

5. O NEO- EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UM DESEJO POR

RESPEITABILIDADE INTELECTUAL, PELO ORGULHO DA ERUDIÇÃO.

Billy Graham, falando na convenção anual da National Association of Evangelicals

(Associação Nacional de Evangélicos) em 1971, disse: “Acredito que a Christianity Today

(publicação) desempenhou um papel muito importante ao dar aos evangélicos a

respeitabilidade e iniciativa intelectuais que eram tão drasticamente necessária há 29 anos

atrás.”

John R. W. Stott: “Durante mais de 50 anos, tenho insistido que os cristãos evangélicos

autênticos não são fundamentalistas. Os fundamentalistas tendem a ser anti-intelectuais...”

(Stott, in “Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue” (Essenciais: Um Diálogo

Evangélico-Liberal), 1988, pg. 90). Os evangélicos mais novos da Igreja Anglicana, que

foram profundamente influenciados por John Stott, estão numa “ávida procura por uma

teologia respeitável” (Ian Murray, in “Evangelicalism Divided” (Evangelicalismo

Dividido), 2000, pg. 175).

O QUE DIZ A BÍBLIA:

Deus avisa acerca do orgulho intelectual (Prov. 11:2; I Co. 1:25-30). A apostasia começa

geralmente entre os intelectuais. Foi isto que levou à queda da Universidade de Harvard no

início do séc. XIX:; no seu zelo pela respeitabilidade intelectual, trouxeram um Unitariano

para dirigir a escola. O crente bíblico não é anti-intelectual no sentido de ser contrário ao

ensino e educação; mas compreende os perigos existentes no eruditismo humano por causa

da natureza caída do homem; e opõe-se ao eruditismo humanista que está divorciado e é

Page 54: VERBETES DE TEOLOGIA

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antagônico à Palavra de Deus.

Repare na forma como Jesus foi tratado pelos intelectuais religiosos (Jo. 7:15) e repare no

Seu aviso (Lc. 6:26).

Repare na forma como os apóstolos foram tratados por estes mesmo intelectuais religiosos

(Actos 4:13).

Considere as exigências para os líderes das igrejas. Deus não exige intelectualismo e graus

de educação superior (I Tim. 3; Tito 1). O povo de Deus é, na sua maioria, gente comum;

[os membros das igrejas] não precisam de intelectualismo; precisam da simples e prática

verdade bíblica (I Co. 1:26-29). A verdade não é complexa; tem uma simplicidade básica

que a mais simples pessoa consegue compreender (Mat. 11:25). É o diabo que torna as

coisas complexas (II Co. 11:3).

Paulo recusou-se a pregar a verdade de uma forma “intelectual” (I Co. 2:4).

A verdade é estreita e inaceitável para a pessoa não salva (“estreita é a porta” Mat. 7:14; Jo.

15:19; I Jo. 4:5-6; 5:19). Nunca pode ser feita aceitável no mundo presente. Ganhar

respeitabilidade intelectual requer uma profunda transigência espiritual.

A forma Neo-Evangélica de encarar o eruditismo corrompeu aqueles que o buscavam (I Co.

15:33). Dez breves anos após seu começo, o neo-evangelicalismo estava profundamente

infiltrado com cepticismo acerca da infalibilidade bíblica.

Há quarenta anos atrás [nas década de 1930] o termo evangélico representava aqueles que

eram teologicamente ortodoxos e que esgrimiam a inerrância das Escrituras como um dos

seus distintivos... NO ESPAÇO DE MAIS OU MENOS UMA DÉCADA, O NEO-

EVANGELICALISMO... ESTAVA A SER ATACADO DE DENTRO COM

CEPTICISMO CRESCENTE ACERCA DE INFALIBILIDADE OU INERRÂNCIA

BÍBLICAS” (Harold Lindsell, in “The Bible in The Balance” (Colocando a Bíblia em

Questão), 1979, pg. 319).

“Em 1962 (ou em torno disso) tornou-se aparente que já haviam alguns, no Seminário

Teológico de Fuller, quer entre os professores como entre os membros do Conselho

Directivo, que já não acreditavam na inerrância da Bíblia.” (Harold Lindsell, in “The Battle

for the Bible” (A Batalha Pela Bíblia), pg. 106). David Hubbard, que se tornou presidente

do seminário em 1963, referia-se jocosamente à doutrina da inerrância das Escrituras como

sendo “a teoria do balão de gás da Bíblia: uma única fuga, e toda a Bíblia vem abaixo.”

6. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA ATITUDE ANTI

FUNDAMENTALISTA. NA PRÁTICA, CONCENTRA-SE MAIS NOS ALEGADOS

PROBLEMAS DO FUNDAMENTALISMO DO QUE NOS ERROS DO

MODERNISMO E ROMANISMO E ECUMENISMO.

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O Neo-Evangélico fala do erro dos modernistas teológicos e dos romanistas em termos

gentis. No entanto, fica verdadeiramente agitado quando o assunto se volta para o

fundamentalismo. Ele reserva para o fundamentalista termos escolhidos tais como legalista,

fariseu, obscurantista, odioso, ignorante e extremista.

Quando Billy Graham se recordou da fundação da publicação Christianity Today, ele disse,

“Estávamos convencidos que a revista seria inútil se tivesse estampada a imagem de

fundamentalismo extremo” (“In the Beginning: Billy Graham Recounts the Origins of

Christianity Today” (No Princípio: Billy Graham Recorda as Origens da Christianity

Today), Christianity Today, 17 de Julho, 1981).

Repare na forma como John Stott define o fundamentalismo:

“... anti-intelectualismo; uma reverência infantil, quase supersticiosa pela KJV [Versão do

Rei Tiago, as Escrituras em inglês, baseada no Textus Receptus]; um encarceramento

cultural; discriminação racial; preocupações políticas de extrema-direita” (Stott, in

Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue (Essenciais: Um Diálogo Evangélico-Liberal),

1988, pg. 90-91).

Repare no seguinte exemplo da forma como o Neo-Evangélico olha para as coisas. Depois

de Stephen Olford pregar uma forte mensagem sobre a autoridade das Escrituras, na

Cruzada Amesterdão ‟86, Dennis Costella da revista Foundation teve uma oportunidade de

o entrevistar. Costella perguntou, “O senhor enfatizou na sua mensagem os perigos do

liberalismo e a forma como este poderia arruinar o evangelista e o seu ministério. O que é

que esta conferência está a fazer para instruir o evangelista acerca de como identificar o

liberalismo e o liberal para que, quando voltar a casa possa evitar cair no mesmo?” Olford

respondeu:

“Esse é o espírito errado – evitar o liberal! Gosto muito de estar com liberais, especialmente

se estes estiverem dispostos a ser ensinados, muito mais do que com fundamentalistas de

casca grossa que têm as respostas todas... Os evangélicos devem buscar a construção de

pontes” (Costella, “Amsterdam ‟86: Using Evangelism to Promote Ecumenism”

(Amsterdão ‟86: Usar o Evangelismo para Promover o Ecumenismo), Foundation

magazine, Jul.-Ag. 1986). Isto é neo-evangelicalismo puro. Parece ser zeloso da verdade e

corajoso relativamente ao pecado, mas na prática, aponta as suas armas mais destruidoras

para os fundamentalistas.

O QUE DIZ A BÍBLIA:

Mesmo o mais forte dos crentes é apenas um pecador salvo pela graça (Rom. 7:18).

Guardamos o tesouro em vasos de barro (II Co. 4:7). Todos, incluindo os zelosos da fé e da

separação, são fracos e têm falhas. A posição do crente relativamente à verdade será sempre

imperfeita. Pense em Noé, que se levantou corajosamente como defensor da justiça na sua

geração, mas que também se embebedou e causou vergonha à sua família. Pense em David,

que estimou todos os preceitos de Deus acerca de todas as coisas como sendo certos e

Page 56: VERBETES DE TEOLOGIA

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odiava todo o falso caminho (Sl. 119:128), o que será, sem dúvida, o testemunho de um

fundamentalista, mas que também cometeu adultério e homicídio e numerou

orgulhosamente o povo de Israel. Pense em Pedro, que se levantou pela justiça na sua

geração e era zeloso pela verdade e ousadamente alertou contra heresias malditas (II Pe. 2),

mas que também disse palavrões e negou o Senhor e fez-se hipócrita (Gal. 2:11-14). Pense

em Paulo, que era um tal guerreiro da fé; certamente poderia ser descrito como sendo um

fundamentalista; mas que também se separou de Barnabé porque causa de um assunto de

natureza exclusivamente pessoal (Actos 15:36-40).

A espiritualidade e a carnalidade são assuntos pessoais, não de ordem posicional. Existem

Neo-Evangélicos carnais e desagradáveis e fundamentalistas carnais e desagradáveis. Das

centenas de Neo-Evangélicos que me têm escrito ao longo dos anos, a maioria tem-me

tratado sem um mínimo de graça cristã.

Não é sábio julgar todo um movimento pelas falhas de indivíduos. “É verdade que alguns

fundamentalistas disseram algumas coisas pouco simpáticas, mas os fundamentalismo não

é antipático. É verdade que alguns fundamentalistas tiveram falta de temperança, mas o

fundamentalismo não é um movimento em que 'tudo vale'. Alguns fundamentalistas podem

ter sido vingativos, mas o fundamentalismo não é vingativo” (Rolland McCune, in

“Fundamentalism in the 1980s and 1990s” (O Fundamentalismo dos anos 80 e 90)).

O Neo-Evangélicos que tratam os fundamentalistas tão asperamente, não atingem tais

níveis de criticismo relativamente aos verdadeiros hereges. Numa carta para a “Sword of

the Lord” em 27 de Julho de 1956, Chester Tulga, que tinha frequentemente sido mais

atingido pelas línguas viperinas dos Neo-Evangélicos, “expôs brilhantemente a duplicidade

dos evangélicos de „condenar o fundamentalismo através do artifício constrangedor da

caricatura‟ enquanto tratavam os liberais „muito respeitosamente e objectivamente – sem

piadas, desprezo, sem generalizações que se reflectissem sobre eles de alguma forma‟”

(Bob Whitmore, in “The Enigma of Chester Tulga”, 1997).

Os Neo-Evangélicos julgam constantemente os motivos do fundamentalista. Ele rotula o

fundamentalista como sendo mal intencionado, mal agradecido, movido pelo medo,

invejoso, e com falta de amor, no entanto, é impossível conhecer os motivos do coração de

outra pessoa. Nisto, o Neo-Evangélico é na verdade mais “julgador” do que o

fundamentalista que ele critica.

Correcção e forte pregação contra o pecado e o erro parecem sempre ser duras e pouco

meigas com os que se recusam arrepender. Vemos isto do princípio ao fim da Bíblia. Um

pregador avisou sabiamente, “Se a pregação bíblica afaga o teu pelo na direcção errada,

então vira o gato ao contrário!”

Israel queixava-se constantemente dos seus profetas e exigia que estes pregassem “coisas

aprazíveis” (Is. 30:10).

Os judeus dos dias de Jesus rejeitaram a Sua pregação, dizendo que Ele estava a pregar um

discurso “duro” (Jo. 6:60, 66).

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7. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE PELA DIVISÃO DA

VERDADE BÍBLICA EM CATEGORIAS 'IMPORTANTE' E 'NÃO

IMPORTANTE'

Os Neo-Evangélicos dividem a doutrina em categorias “cardinais” e “secundárias”, e as

“secundárias” podem ser desprezadas por causa da unidade. Mesmo Ian Murray, que

compreende os erros do neo-evangelicalismo no geral, cai nesta armadilha. Ao condenar o

fundamentalismo na América ele disse, “Na sua tendência de acrescentar estipulações não

fundamentais à crença cristã, o fundamentalismo tendeu a tornar as fronteiras do reino de

Cristo demasiado pequenas” (Ian Murray, in “Evangelicalism Divided” (O Evangelicalismo

Dividido), pg. 298).

O QUE DIZ A BÍBLIA:

Isto é refutado pelo ensinamento de Cristo. É refutado em Mateus 23:23. Aqui Cristo

ensinou que enquanto nem tudo na Bíblia tem a mesma importância, tudo tem alguma

importância e nada deve ser desprezado ou negligenciado. É refutado em Mateus 28:20,

onde Cristo ensinou que as igrejas devem ensinar TODAS AS COISAS que Ele tenha

ordenado.

Isto é refutado pelo exemplo e ensinamentos de Paulo. Ele pregou todo o conselho de Deus

(Actos 20:27). Ele ensinou Timóteo a valorizar toda a doutrina e a não permitir

QUALQUER falsa doutrina (I Tim. 1:3). Ele ainda ensinou Timóteo a guardar toda a

doutrina “sem mácula” (I Tim. 6:13-14). As máculas referem-se às pequenas coisas, às

coisas aparentemente insignificantes. O contexto da instrução de Paulo em I Tim. 6:14 é a

epístola que tem como tema a verdade da igreja (I Tim. 3:15). Nesta epístola encontramos

instrução acerca da ordem na igreja, envolvendo coisas como os princípios pastorais (I Tim.

3), diáconos (I Tim. 3), o trabalho da mulher na igreja, incluindo a proibição de ensinar e de

ter autoridade sobre homens (I Tim. 2); o cuidado das viúvas (I Tim. 5), e a disciplina (I

Tim. 5). Estes é o tipo de coisas que são habitualmente desprezadas pelos Neo-Evangélicos.

8. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA

PREDOMINANTE EMOÇÃO DE SUAVIDADE, UM DESEJO POR UM

CRISTIANISMO MENOS RIGOROSO, INDISPONIBILIDADE PARA A LUTA,

UMA NEUTRALIDADE QUANTO ÀS BATALHAS ESPIRITUAIS.

O Neo-Evangelicalismo é uma coisa subtil. No seu interior há uma disposição, uma atitude,

uma tendência, uma direcção.

Em 1958, William Ashbrook escreveu “Evangelicalism: The New Neutralism”

(Evangelicalismo: A Nova Neutralidade), que começava com o seguinte aviso: “Um dos

mais recentes membros do cristianismo é chamado de Neo-Evangelicalismo. Podia ser

melhor caracterizado como NEO-NEUTRALIDADE. Este Neo „Evangelicalismo‟ expira

demasiado orgulho, e está imbuído demasiadamente na cultura do mundo para [por isso]

partilhar a rejeição do fundamentalismo. Tem ainda fé suficiente e demasiado entendimento

da Bíblia para aparecer como modernismo. PROCURA TERRENO NEUTRO, sendo nem

peixe nem carne, nem direita nem esquerda, nem a favor nem contra – está no meio!”

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No livro “A History of Fundamentalism in América” (Uma História do Fundamentalismo),

Dr. George Dollar observa: “Tem-se tornado num passatempo favorito dos escritores Neo-

Evangélicos, que sabem tão pouco acerca do fundamentalismo histórico, atribuir-lhe nomes

ofensivos, como que para enterrá-lo na vergonha. O verdadeiro perigo não é o

fundamentalismo de linha dura mas um CRISTIANISMO SUAVE E EFEMINADO –

exótico, mas cobarde. É triste ver que estes homens não reconheceram o aviso de W. B.

Riley acerca Da posição de „MEIO DA ESTRADA‟” (Dollar, “A History of

Fundamentalism in América” (Uma História do Fundamentalismo), 1973, pg. 208).

No seu começo, especialmente, o Neo-Evangelicalismo pode ser de difícil detecção. Não

começa necessariamente com um repúdio total do separatismo. O Neo-Evangelicalismo

começa mais com uma mudança de disposição, uma nova atitude que não aprecia uma

abordagem rigorosa das coisas de Deus. Uma vez que esta é a tendência de qualquer igreja

ou movimento, tornar-se mais fraca e suave em vez de mais forte, é necessário manter uma

guarda cuidadosa em relação a esta “nova disposição”. Tal como observou o evangelista

John Van Gelderen, “Se compararmos o Fundamentalismo moderno com o Neo-

Evangelicalismo moderno, ainda existe uma diferença. Mas se compararmos o

Fundamentalismo moderno com o Neo-Evangelicalismo inicial, as semelhanças são

alarmantes” (Preach the Word, Jan.-Mar. 1998).

Wayne Van Gelderen, pai, escreveu acerca de “UMA NOVA SUAVIDADE NO

FUNDAMENTALISMO.” Ele disse: “Nos anos 50 e 60, os Baptistas Conservadores eram

os Fundamentalistas – os Separatistas entre os Baptistas do Norte. Eles haviam travado uma

honrosa batalha, mas finalmente tiveram de se retirar da Convenção Baptista do Norte nos

anos 60. Pouco tempo depois da separação e da formação da Associação dos Baptistas

Conservadores, começou a emergir um espírito estranho. Muitos começaram a sentir que

precisávamos de ser mais „cristãos‟, mais práticos, mais comunicativos, MAIS GENTIS na

nossa defesa de Deus. Os termos „SUAVE‟ (soft-core) e „duro‟ foram usados para

descrever os dois campos que surgiram. A política suave era ser prático em vez de se ser

justo. Os resultados que se buscavam eram mais importantes que os meios. Estes que se

comprometiam acreditavam que parte do movimento era demasiado duro. Mais de 400

igrejas saíram numa divisão nos anos 60. Estas igrejas verdadeiramente fundamentalistas

cresceram e multiplicaram-se nos anos 70. Agora, nos anos 90, alguns de nós podemos ver

uma repetição do passado. Existe um novo ênfase na metodologia e nas relações públicas

para as igrejas crescerem. Esta nova metodologia é orientada pelo mercado e feita para

agradar ao povo. NÃO OFENDER É A VIRTUDE CARDINAL. A separação pessoal e a

santidade são deixadas para trás na idade das trevas. Apesar do pecado público em

ascensão, A CONDENAÇÃO É SUAVIZADA. ... Em cada geração as nossas batalhas têm

de ser novamente travadas. A geração que não segue os velhos caminhos irá perecer tal

como pereceu o evangelicalismo na Inglaterra” (Calvary Contender, 1 de Maio, 1995).

O QUE DIZ A BÍBLIA:

O cristianismo que não é rigoroso não é bíblico. [O cristianismo autêntico e bíblico] é

rigoroso na doutrina (I Tim. 1:3) e rigoroso na vida cristã (Ef. 5:11). Batalha pela fé com

todo ardor e sinceridade (Judas 3) e é inamovível e não transigente, é dogmático e resoluto.

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Basta abrir o Novo Testamento em qualquer página e começar a ler, não levará muito

tempo até isto se tornar evidente.

O rigor e o zelo pela verdade não significa que alguém tem falta de amor ou de compaixão.

Jesus era o rigor personificado e era também o amor e a compaixão personificados. À

mulher apanhada em adultério Ele disse, “Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques

mais.” (Jo. 8:11). Que grande misericórdia, e também, que grande rigor também! Paulo

demonstrou a mesma combinação, ele era rigoroso e inamovível acerca da doutrina e

prática, mas era meigo “como a ama que cria seus filhos” (I Tess. 2:7).

Mary Schultze, em seu site www.cpr.org.br/Mary.htm,faz uma crítica dura quando diz:

Quem arreda um milímetro da Palavra de Deus, tentando amenizar as suas verdades, que servem de martelo

contra a dureza da iniquidade incrustada em nossa mente carnal, depressa cai na apostasia das

congregações “light”, as quais derivam todas do primeiro desvio da verdade bíblica, com a criação de

igrejas pentecostais, carismáticas e coisas do gênero.

Como um abismo chama outro abismo, quem se desvia uma vírgula do fundamentalismo bíblico vai

dando margem ao abraço dos erros que proliferam, assustadoramente, nas igrejas modernas. A coisa vai

piorando cada dia e, dentro de poucos anos, não haverá mais uma única igreja realmente bíblica, neste país,

porque todas estarão corrompidas pelo Novo Evangelicalismo, o amigo íntimo da apostasia religiosa.

Quem não leva a sério as admoestações do Apóstolo Paulo, conforme Gálatas 1:6-9, cai na

maldição do engodo moderno, achando que está agradando a Deus, porque se tornou mais amoroso, mais

gentil e mais compreensivo com as doutrinas (e os irmãos) de outras denominações, mesmo quando suas

organizações pregam coisas esdrúxulas, condenadas pelo evangelho puro e simples que Jesus Cristo e seus

apóstolos nos legaram.

Vejamos as queixas de uma irmã (batista bíblica) obediente à Palavra de Deus, vítima de uma

família pentecostal, que a censura, achando até que ela é uma herege e vai ser castigada, por não aceitar as

doutrinas espúrias, seguidas pela sua família. Ela escreveu após a leitura de minha sátira de ontem sobre os

lobos pentecostais carismáticos:

Mamie:

Como é terrível ver pessoas, nessas "biroscas pentecostais"! Tenho parentes e amigos envolvidos com esses

"movimentos", os quais se consideram "espirituais", pois jejuam, passam horas em oração, vão ao monte,

fazem vigílias, etc. E quando falamos a verdade, eles nos acusam de estar blasfemando contra o Espírito

Santo.

Tenho procurado alertá-los. Minha irmã caçula, antigamente, ficava brava comigo; mas, graças a Deus,

hoje em dia, ela já esta aceitando a verdade, pois chegou a uma situação mental/espiritual tão crítica que

precisou tomar drogas psiquiátricas. [Discípula da Palavra da Fé/Prosperidade], ela não aceitava a vontade

de Deus, pois achava que Ele tinha obrigação de dar tudo que ela determinava).

Minha mãe é outra vítima desses lobos e é tão radical, a ponto de não manter diálogo com a família... Ela

nos condena por cortar o cabelo, tirar as sobrancelhas, usar calça comprida, pintar as unhas, etc. Todos os

sonhos que ela tem, depressa leva para o lado espiritual. Eu tenho combatido isso, pois, na Igreja

Assembléia de Deus onde ela congrega [e é explorada], existem pessoas que afirmam receber revelações,

visões, sinais e dons de cura, diretamente de Deus. Imagine que, num dia desses, um profeta de Baal disse

que, naquela “sinagoga”, havia uma pessoa que tomava remédio (no caso minha irmã), mas “Deus estava

falando para essa pessoa parar de tomar o remédio". Minha irmã, que precisa de remédios psiquiátricos por

sofrer de Distúrbio Bipolar, logo parou de tomar alguns remédios e foi um rebuliço, pois, quando ela pára de

tomar a medicação prescrita, fica totalmente fora de si. Uma vez ela quase cometeu suicídio (meu pai

conseguiu segura-lá, quando ela já estava retirando a tampa do poço para se jogar lá dentro). Tudo isso por

causa desses "homens malignos". Como disse o Dr. Peter Ruckman: “O pior demônio que já existiu é um

homem que tira vantagem da enfermidade alheia para obter dinheiro”.

Então, quando minha mãe fica sabendo que alguma coisa ruim me acontece ela diz que: “É Deus que está

me castigando, porque falo mal das "profetizas de Deus", pois eu as chamo de "profetiza de Baal"! Tenho

uma amiga que é da IEQ e está com um problema de saúde grave (a "púrpura"), correndo perigo de vida.

Contudo, ela diz que está "curada pela fé"... Essa gente está mentindo, pois não existe na Bíblia um verso que

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diga: "Pela fé estou curada”, quando os exames dizem que não. [Se fosse proibido ficar doente, e consultar

um médico, por que Paulo adoeceu e teve o Dr. Lucas cuidando dele? E Timóteo com a sua deficiência de

suco gástrico... E outros santos do Novo Testamento?] Quanto engano acontece dentro dessas "sinagogas

espirituais", que usam versículos bíblicos, fora do contexto, para respaldarem as mentiras que pregam. Neste

instante, me veio a mente aquele versículo que diz: “Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e

farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos.” (Marcos 13:22).

Tenho orado para que Deus possa libertar minha família e meus amigos, dando-lhes crescimento na graça e

no conhecimento do Nosso Senhor Jesus Cristo. Abraço.

Lamento, sinceramente, por tantos desvios doutrinários que estão varrendo as igrejas modernas, as

quais deveriam acolher, confortar e edificar as ovelhas de Cristo, mas, infelizmente, estão prejudicando a

saúde física e espiritual de tantas ovelhinhas indefesas!

EXISTENCIALISMO

Os existencialistas ao contrário do modo de pensar do homem da Idade Média que dizia

que o ser humano possuía uma essência que "a priore" o determinava, diziam que o homem

é um ser histórico e que sua essência vai sendo construída pois a "existência precede a

essência".

A doutrina existencialista tem como precursor Kierkegaard (1813-1855) o qual atacou a

interpretação dogmática do cristianismo e o sistema metafísico Hegeliano.

Kierkegaard propôs-se a conduzir os indivíduos à plenitude da sua existência, a qual seria

realizada mediante a decisão livre do indivíduo e a fé em Deus.

Os filósofos existencialistas refletem sobre a natureza da realidade, mas subordinavam as

questões tradicionais da metafísica e da filosofia do conhecimento a uma perspectiva

antropocêntrica (isto é, o homem como referência o valor principal). Para eles dar-se um

confronto dramático e trágico entre o homem e o mundo. Os mesmos menosprezavam o

conhecimento científico em particular a psicologia, na medida em que esta se pretende

ciência – e nega a existência de valores objetivos, enfatizando como preferência a realidade

e a importância da liberdade humana.

No séc. XX as posições existencialistas desenvolveram-se na sua forma ateísta por

Heidegger (1889-1969) e Gabriel Marcel (1889-1963). Karl Jaspers considerava a filosofia

como metafísica dentro da qual se processa todo o saber e toda a descoberta possível do ser.

O que os filósofos existencialistas tem em comum, é o conceito de existência, pois para os

mesmos existir implica em estar em relação como outros seres humanos, com as coisas e

com a natureza, sendo estas relações múltiplas, concretas, denominadas possíveis de

acontecer ou não.

FENOMENOLOGIA

FENOMENOLOGIA – Do grego yaíva que significa: a brilhar, dar luz, ser brilhante.

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FENOMENOLOGIA – Fenômeno + logia – aparência + conhecimento – estudo do

fenômeno.

A FENOMENOLOGIA tem como pai o filósofo alemão Esmund Husserl (1859-1938) da

escola de Cristian Wolff.

Hussel pretendia fazer uma análise descritiva particularizada do fenômeno. Ele aplicava a

redução eidética, o que chamava de purificação do fenômeno – A busca da essência.

Este termo foi trabalhado por outros pensadores que lhe deram diferentes compreensões.

O filósofo Lambert, entendeu FENOMENOLOGIA como sendo o estudo dos erros da

aparência ilusória. Kant tomou o vocábulo para explicar as características dos fenômenos

de forma geral. Hegel particularizou-lhe ao desempenho da mente, pressupondo-lhe como o

pensamento absoluto.

Na compreensão de William Hamilito era a identificação do objeto pelos dados empíricos.

Para Heidegger a FENEMOLOGIA mostra o que está escondido e fundamenta o que se

mostra possibilitando o estudo do "SER".

Sartre concorda com Heidegger e entende que o pensamento natural é um fenômeno que

busca a transfenomenologia que leva a considerações antológicas.

Todavia, Husserl insistiu em purificar o termo desatrelando-o da psicologia.

É de Husserl o conceito contemporâneo: "FENOMENOLOGIA é a generalização da noção

de objeto que compreende não somente as coisas materiais, mas também as formas de

categorias, as essências e os objetos ideais. É uma investigação a priore dos significados do

pensamento".

GNOSTICISMO

Esta palavra vem do grego "gignoskein", saber, sistema eclético filósofo-religioso, surgido

nos primeiros séculos da era cristã buscando conciliar todas as religiões e decifrar-lhes o

sentido através da gnose. Gnosticismo é a primeira tentativa de uma filosofia cristã,

tentativa conduzida sem rigor sistemático, com a mistura de elementos cristãos, místicos,

neoplatônicos e orientais.

A principal corrente das idéias gnósticas foi o espiritualismo neoplatônico de Filo de

Alexandria. O gnosticismo cristão era basicamente uma forma de heresia sobre a pessoa de

Cristo, explicando-a termos teosóficos ou de filosofia pagã.

No tocante ao cristianismo, o gnosticismo consistia essencialmente, na tentativa de fundir

as revelações dadas por meio de Cristo e seus apóstolos com os padrões de pensamentos já

existentes. Se porventura o gnosticismo tivesse sucesso, nessa tentativa, o cristianismo

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tornar-se-ia apenas mais outro culto misterioso greco-romano. Os principais gnósticos:

Basílides, Carpócrate, Valentim e Bardesane.

HISTORICISMO

Doutrina Histórica-Filosófica que define o pensamento como resultado cultural do processo

histórico e reduz a realidade e sua concepção à história adotada por autores como Croce,

Nietzesche, Conte e Simmel.

Essa palavra vem do termo alemão "historismus", uma palavra usada para se aplicar a uma

ênfase exagerada sobre a história.

O termo foi cunhado por Mannheim e Troeltsch, da escola neokantiana; afirmava que "tudo

é história", e Dilthey, argumentava que todos os historiadores escrevem como cativos de

sua era e circunstâncias particulares. Isto significa que é muito difícil chegar-se a uma

história pura, se estivermos olhando para os sentidos envolvidos no processo histórico.

Certamente, Hegel e Marx podem ser criticados desse modo. Hegel, porque via a síntese

histórica cumprida na monarquia constitucional do governo alemão, que vigorava em seus

dias, em sua pátria: e Marx, por haver pensado, totalmente, que o comunismo poria fim ao

processo histórico, por ser uma síntese final.

A doutrina segundo a qual a realidade é histórica (isto é, desenvolvimento, racionalidade e

necessidade) e que todo conhecimento é conhecimento histórico. Ela supõe a coincidência

de finito e infinito, de mundo e de Deus, e considera, portanto, a história como a própria

realização de Deus.

Concepção segundo a qual o pensamento humano se caracteriza por seu processo histórico

erigido em sistema a ponto de fazer do tempo o gerador e o decorador das verdades que a

escola vai paulatinamente ensinando. Uma variante da doutrina precedente, que vê na

história a revelação de Deus no sentido de considerar cada momento da própria história em

relação direta com Deus e permeado dos valores transcendentes, incluídos por ele, na

história.

O termo historicismo também é usado em um sentido negativo, como sinônimo de falácia

genética. Esta consiste em explicar de outro modo (mediante falsificação) a natureza de

algum fenômeno, mediante uma alusão à sua origem.

HUMANISMO

Na idade média no séc. XVI o que predominava era o teocentrismo; tudo era em nome de

Deus ou seja (Deus era o centro de tudo), enquanto na renascença criaram o humanismo, o

homem no centro de todas as coisas, o homem é a primazia (visão antropocêntrica);

Protágoras afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, de tal modo que segundo

o humanismo, todas as considerações éticas, metafísicas e práticas dependem do homem, e

não de forças cósmicas, dos deuses, etc. Assim, criou-se um filosofia relativista, sem

valores fixos ou absolutos.

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Foi assim cunhada a significação clássica do termo, ou aquele tipo de cultura e ênfase

promovidos por certos filósofos gregos.

Durante a Renascença, homens como Petrarca e Erasmo de Roterdã retornaram às raízes

gregas quanto a muitos valores; e assim foi rejeitado, pelo menos em parte, o modo de

pensar que se desenvolvera no escolasticismo, com sua autoridade religiosa centralizada,

que também caracterizava a Igreja medieval e a sociedade. Erasmo, naturalmente, como

cristão, dava valor à missão de Cristo, tendo adicionado isso à sua clássica maneira de

pensar sobre o homem. O humanismo cristão da Idade Média e da Renascença tem

mostrado ser o único fundamento da liberdade pessoal e acadêmica da era moderna. O

homem aparece como a base de todos os valores e de toda excelência bem como o objeto

de todas as atividades. Augusto Conte foi o grande campeão dessa forma de humanismo.

Ele fazia da humanidade o único objeto da nossa adoração.

IDEALISMO

O termo vem do grego ideein, "ver", e de eidos, "visão, contemplação". De acordo com um

uso popular, o termo indica um conjunto de padrões daquilo que é mais desejável, como os

esforços necessários para atingir tal alvo.

Ideal – Vem do termo grego "eidos", "visão", contemplação, consideremos os pontos

abaixo:

O uso popular dessa palavra refere-se a algum padrão de perfeição ou algo que aponta para

nobreza, para alguma elevada qualidade, ou seja para algo que deve ser emulado. O ideal é

a forma mais desejável de realização de qualquer coisa. Aquilo que existe somente na

imaginação, sem qualquer realidade física. Quando um ideal é pertencente às idéias, então

devemos falar em ideal conceptual. Nos escritos de Platão, idéia é arquétipo. O mundo

ideal é o mundo arquétipo e não material das idéias, das formas universais.

Idealismo Platônico – Platão preparou o caminho para um tipo especial de idealismo que

tem desfrutado uma longa e influente história. Para ele, as idéias, formas ou universais, são

verdadeiras realidades, possuídas de natureza espiritual. A matéria seria menos real e, se

admitirmos qualquer realidade, então teremos um dualismo, onde o ideal é mais real, e a

matéria é menos real, imitativa do real, em seu caráter. Esse é um tipo de idealismo

metafísico, que admite certo tipo de dualismo. O cristianismo reteve essa forma de

dualismo. O mundo celeste é o mundo espiritual, onde imperam as realidades espirituais, e

o mundo inferior é material, e é mera cópia do mundo superior, por intermédio do poder do

LOGOS. Os trechos de Heb. 8.5; 9-23 refletem o dualismo Platônico, com uma cópia do

arquétipo que vai sendo produzida nos objetos materiais. Essa forma de idealismo

metafísico chama-se realismo metafísico, dando a entender que a idéia é que é real".

Idealismo Hegeliano – Hegel ensinava um idealismo absoluto. A força Cósmica todo-

abrangente (Deus) é idéia, e não material. É, espiritual em sua essência. O idealismo

subjetivo, dentro desse sistema, é a tese. O idealismo objetivo seria a antítese. Essas

formas, são apenas nomes que damos às operações do Espírito Absoluto, que atua através

de seu próprio sistema de tese, antítese e síntese, através da qual dá forma a todas as coisas,

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bem como seu estado de ser, seus atos e suas realizações. O Espírito Absoluto nunca

descansa, e nenhuma síntese dEle é final. Uma nova tese surgirá inevitavelmente de sua

antítese, dando origem a uma nova síntese.

ILUMINISMO

Movimento filosófico que teve seu apogeu no século XVIII e determinou a face espiritual

do século XIX. Caracterizou-se pela confiança no progresso e na razão, pelo desafio à

tradição e à autoridade, e pelo incentivo à liberdade de pensamento. Irradiou-se da

Inglaterra e dos Países Baixos. Apresenta aspectos diversos conforme os países. O

iluminismo católico mostra linhas nitidamente sociais e humanitárias.

As lojas maçônicas ajudaram a disseminá-lo por toda a Europa. O movimento contra as

crenças e instituições estabelecidas ganhou impulso durante o século XVIII, com Voltaire,

Rousseau, Tugot, Condorcet e outros. Muitos foram presos em função de suas convicções,

mas através da Enciclopédia seus ataques ao governo, à Igreja e ao judiciário forneceram a

base intelectual para a Revolução Francesa.

JANSENISMO

(Do francês jansénisme). O jansenismo foi um movimento de tentativa de reforma, dentro

da Igreja Católica Romana, seguindo idéias de Cornelius Jansen, bispo de Ipres (1585-

1638), depois da morte dele. No campo moral, o jansenismo atacava o laxismo e defendia

uma disciplina rigorosa. Jansen buscava respostas para certas questões doutrinárias

levantadas pelo luteranismo e pelo calvinismo.

O seu tratado teológico, publicado dois anos após a sua morte, chamado Augustinus, vivia

uma forma extrema e radical da idéias de Agostinho, pois achava que a reforma dos

dogmas católicos e da ética romana deveria usar moldes agostinianos como guia.

Causou grande comoção, principalmente em face de sua forte ênfase sobre a doutrina da

predestinação e sobre o ensino que a graça divina se limita aos eleitos. Foi adotada a

principio na abadia de Port-Royal e condenada pelo para Inocêncio X em 1653.

O termo "jansenista" adquiriu significados secundários, como de escrúpulos éticos

extremos e grande rigor quanto às questões dogmáticas, disciplinares e de costume. Um

resultado positivo do movimento foi que o mesmo inspirou um maior desenvolvimento da

filosofia e da teologia morais.

LIBERALISMO

Conjunto de idéias e doutrinas que têm por objetivo assegurar a liberdade individual

inclusive no campo moral e religioso. Preconiza o direito ao indivíduo de adotar idéias e

posições avançadas. É contrário a qualquer tipo de intolerância. Admite maior amplitude na

esfera das opiniões pessoais.

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· LIBERALISMO RELIGIOSO – foi um desenvolvimento da teologia alemã

posterior ao iluminismo.

É a doutrina segundo a qual não existe verdade positiva em religião, mas num credo vale o

outro. Ele não reconhece como verdadeira nenhuma religião. Ensina que todas devem ser

toleradas e que todas são matéria de opinião. A religião revelada não é uma verdade, mas

um sentimento e um gosto, não é um fato objetivo nem milagroso, e é direito de todos os

indivíduos seguirem aquilo que a sua fantasia quiser.

· LIBERALISMO POLÍTICO – Defende a valorização da livre iniciativa e da

liberdade individual no campo da política e da economia, eqüivale no campo do

conhecimento à valorização da experiência individual, tanto intelectual quanto sensível.

· LIBERALISMO ÉTICO – Não admite nenhuma restrição imposta por algum

sistema, como numa igreja, numa fé religiosa, o Estado, etc. O homem como indivíduo, tem

a liberdade de tomar suas próprias decisões éticas, sobre quaisquer bases e de acordo com

qualquer sistema ou teoria. A liberdade ética pois, não implica, necessariamente, na

liberdade de qualquer tipo de obrigação, mas somente na liberdade de certos tipos de

restrição. Assim, um homem pode sentir-se restringido por sua própria consciência e pela fé

bíblica, mas não por outras forças.

METAFÍSICA

Ramo da filosofia que trata dos princípios e fundamentos das coisas primárias, ou realidade

última. Essa palavra procede de Andronico de Rhodes, que colecionou pela primeira vez, os

escritos de Aristóteles, no ano 70 a.C. Escreviam-se então, ao final dos tratados de física,

especulações abstratas, que passaram a ser conhecidas com o nome de meta ta phusia

(depois da física). Com o passar do tempo, o termo meta (depois) tomou o sentido de "mais

além" dos domínios da física. Passou a designar as teorias racionais que se situam além da

verificação experimental dos fenômenos físicos aparentes.

MITO

Vem do grego, mythos, que significa "contar", "narrar uma ficção". Pode-se dizer que é

uma estória, apresentada como histórica, relacionada a tradições cosmológicas e

sobrenaturais de um povo, com seus deuses, sua cultura, seus heróis, suas crenças

religiosas, etc. Um mito é uma ficção popular, contada como se fosse histórica e real. O

pensamento religioso dos povos primitivos se expressa quase exclusivamente através de

mitos. Em quase todas as religiões primitivas e desaparecidas, ou ainda existentes, existe

um forte elemento mítico. Em teologia, o mito consistindo em história da (s) divindade (s),

pressupõe a existência desta (s), agindo ativa e passivamente no tempo e no espaço.

MONISMO

Esse vocábulo vem do grego, monos, "único". Refere-se a qualquer doutrina que diz que

algum princípio único governa todas as coisas, por meio de cujo princípio tudo existe e

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opera. Também pode ser uma doutrina panteísta em que Deus e a natureza se dissolvem em

uma só realidade impessoal.

Pode-se aplicar o monismo para o cristianismo para o cristianismo no sentido de que

postula uma única causa da existência, uma única fonte da vida. Ainda no sentido da

unidade da verdade, que propões que toda verdade é uma só, visto que Deus é a fonte

originária de toda verdade.

Esse termo foi introduzido na filosofia por Christian Wolff, em sua discussão sobre o

problema corpo-mente. Ele usava a palavra "monismo" a fim de designar a idéia daqueles

filósofos que reconhecem somente a existência do corpo físico, e que fazem da mente

apenas uma função do cérebro, ou que reconhecem somente a existência da mente,

pensando que o corpo físico é uma ilusão, ou apenas uma instância da mente. Não obstante

ao apresentado o monismo mostra outras formas:

· MONISMO NEUTRO – defendido por Bertrand Russel; o mesmo dizia que a

realidade básica do mundo nem é a matéria física e nem é a idéia, mas antes, alguma coisa

neutra, ainda indefinida, por meio da qual se expressam, de diferentes modos, os

fenômenos materiais e mentais.

· MONISMO EPISTEMOLÓGICO – assevera que o objeto conhecido e o processo

de conhecer são uma só coisa dentro da relação-conhecimento, o que empresta imenso

poder à percepção dos sentidos e suas capacidades.