variação linguistica

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http://tvescola.mec.gov.br/tve/ video/perspectivas-lingua- portuguesa-cultura-e-variacao- linguistica Variação linguística – A língua em movimento A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa. Pode ser compreendida por meio das influências históricas e regionais sobre os falares. A língua é um sistema vivo e pode ser modificada por seus falantes de acordo com a situação linguística Você sabe o que é variação linguística?

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http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/perspectivas-lingua-portuguesa-cultura-e-variacao-linguistica

Variação linguística – A língua em movimento

A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa. Pode ser compreendida por meio das influências históricas e regionais sobre os falares.

 A língua é um sistema vivo e pode ser modificada por seus falantes de acordo com a situação

linguística

Você sabe o que é variação linguística?

A variação linguística é um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendida por intermédio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode sofrer diversas alterações feitas

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por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta.

As variações acontecem porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, então é compreensível que seus falantes façam rearranjos de acordo com suas necessidades comunicativas. Os diferentes falares devem ser considerados como variações, e não como erros. Quando tratamos as variações como erro, incorremos no preconceito linguístico que associa, erroneamente, a língua ao status. O português falado em algumas cidades do interior do estado de São Paulo, por exemplo, pode ganhar o estigma pejorativo de incorreto ou inculto, mas, na verdade, essas diferenças enriquecem esse patrimônio cultural que é a nossa língua portuguesa. Leia a letra da música “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, e observe como a variação linguística pode ocorrer:

Samba do Arnesto

O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no BrásNós fumos não encontremos ninguém

Nós voltermos com uma baita de uma reivaDa outra vez nós num vai mais

Nós não semos tatu!No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu desculpas mais nós não aceitemosIsso não se faz, Arnesto, nós não se importa

Mas você devia ter ponhado um recado na portaUm recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá

Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,Assinado em cruz porque não sei escrever.

Samba do Arnesto, Adoniran Barbosa

Há, na letra da música, um exemplo interessante sobre a variação linguística. É importante ressaltar que o código escrito, ou seja, a língua sistematizada e convencionalizada na gramática, não deve sofrer grandes alterações, devendo ser preservado. Já imaginou se cada um de nós decidisse escrever como falamos? Um novo idioma seria inventado, aboliríamos a gramática e todo o sistema linguístico determinado pelas regras cairia por terra. Contudo, o que o compositor Adoniran Barbosa fez pode ser chamado de licença poética, pois ele transportou para a modalidade escrita a variação linguística presente na modalidade oral.

As variações linguísticas acontecem porque vivemos em uma sociedade complexa, na qual estão inseridos diferentes grupos sociais. Alguns desses grupos tiveram acesso à educação formal, enquanto outros não tiveram muito contato com a

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norma culta da língua. Podemos observar também que a língua varia de acordo com suas situações de uso, pois um mesmo grupo social pode se comunicar de maneira diferente, de acordo com a necessidade de adequação linguística. Prova disso é que você não vai se comportar em uma entrevista de emprego da mesma maneira com a qual você conversa com seus amigos em uma situação informal, não é mesmo?

A adequação é um tipo de variação linguística que consiste em adequar a língua às diferentes situações comunicacionais

A tirinha Calvin e Haroldo, do quadrinista Bill Watterson, mostra-nos um exemplo bem divertido sobre a importância da adequação linguística. Já pensou se precisássemos utilizar uma linguagem tão rebuscada e cheia de arcaísmos nas mais corriqueiras situações de nosso cotidiano? Certamente perderíamos a espontaneidade da fala, sem contar que a dinamicidade da comunicação seria prejudicada. Podemos elencar também nos tipos de variação linguística os falares específicos para grupos específicos: os médicos apropriam-se de um vocabulário próprio de sua profissão quando estão exercendo o ofício, mas essas marcas podem aparecer em outros tipos de interações verbais. O mesmo acontece com os profissionais de informática, policiais, engenheiros etc.Portanto, apesar de algumas variações linguísticas não apresentarem o mesmo prestígio social no Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de segregação cultural, corroborando com a ideia da teoria dopreconceito linguístico, ao julgarmos determinada manifestação linguística superior a outra, sobretudo superior às manifestações linguísticas de classes sociais ou regiões menos favorecidas.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICASGRAMÁTICA

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CURTIDAS

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A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social.E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: O nível de formalidade e o de informalidade. O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais.Quanto ao nível informal, este por sua vez representa a linguagem do dia a dia, das conversas informais que temos com amigos, familiares etc.Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Dentre elas destacam-se:Variações históricas:Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do vocábulos.

Analisemos, pois, o fragmento exposto:

Antigamente “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,

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mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."Carlos Drummond de AndradeComparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado.

Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira. As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissionais da área de informática, dentre outros.Vejamos um poema e o trecho de uma música para entendermos melhor sobre o assunto:

Vício na falaPara dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados. Oswald de AndradeCHOPIS CENTIS Eu “di” um beijo nelaE chamei pra passear.A gente fomos no shoppingPra “mode” a gente lanchar.Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.

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Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim.Quanta gente,Quanta alegria,A minha felicidade é um crediário nasCasas Bahia.Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho.Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”,Quando eu estou no trabalho,Não vejo a hora de descer dos andaime.Pra pegar um cinema, ver SchwarznegerE também o Van Damme. (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 1995.)Por Vânia Duarte

Variações linguísticas: O modo de falar do brasileiroCOMENTEAlfredina Nery, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

26/03/200712h37

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Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.

1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;

2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;

3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.

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Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.

 

Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.

Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.

Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.

Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado. Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.

Simplificação da concordância: as menina/as meninas.

Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.

Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.

Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).

Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.

Desnasalização das vogais postônicas: home/homem. Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.

Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.

Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.

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Conheça as principais pegadinhas da língua portuguesa10 fotos

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Como diminuir o percentual de erros nos casos de concordância com porcentagensVEJA MAIS >Imagem: Fábio Sgroi/Página 3

 

Variações regionais: os sotaquesSe você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-

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ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

Antigamente"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval. Língua e statusNem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em relação a elas.

Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da RoçaSou fio das mata, canto da mão grossa,Trabáio na roça, de inverno e de estio.A minha chupana é tapada de barro,Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papéDe argun menestré, ou errante cantôQue veve vagando, com sua viola,Cantando, pachola, à percura de amô.

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Não tenho sabença, pois nunca estudei,Apenas eu sei o meu nome assiná.Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,Não entra na praça, no rico salão,Meu verso só entra no campo e na roçaNas pobre paioça, da serra ao sertão.(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.

Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

Vício na falaPara dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados.

Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.Alfredina Nery, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.

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Variantes LinguísticasPor Marcos Duarte

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Uma língua nunca é falada da mesma forma, sendo que ela estará sempre sujeita a variações, como: diferença de épocas (o português falado hoje é diferente do português de 50 anos atrás), regionalidade (diferentes lugares, diferentes falas), grupo social (uso de “etiqueta”, assim como gírias por determinadas “tribos”) e ainda as diferentes situações (fala forma e informal).

Além das variações já citadas, há ainda outras variações, como, modo de falar de diferentes profissionais (linguagem técnica da área), as gírias das diferentes faixas etárias, a língua escrita e oral.

Diante de tantas variantes lingüísticas, é comum perguntar-se qual a forma mais correta. Porém não existe forma mais correta, existe sim a forma mais adequada de se expressar de acordo com a situação. Dessa forma, a pessoa que fala bem é aquela que consegue estabelecer a forma mais adequada de se expressar de acordo com a situação, conseguindo o máximo de eficiência da língua.

Usar o português rígido e sério (linguagem formal escrita) em uma comunicação informal, descontraída é falar de forma inadequada. Soa como pretensioso, artificial. Da mesma forma, é inadequado utilizar gírias, termos chulos e desrespeitosos em uma situação formal.

Ao se falar de variantes é preciso não perder de vista que a língua é um código de comunicação e também um fato com repercussões sociais. Existem muitas formas de comunicar que não perturbam a comunicação, mas afetam a imagem social do comunicador. Uma frase como “O povo exageram” tem o mesmo sentido que “O povo exagera”. Como sabemos o coletivo como conteúdo é sempre plural. Porém hoje a concordância é com a forma. Nesse particular, há uma aproximação máxima entre língua e etiqueta social. Atualmente falar “O povo exageram” deprecia a imagem do falante.

Para resolver essas chamadas questões de correções de frase é aconselhável tomar os seguintes cuidados:

-checar problemas de acentuação, crase e grafias problemáticos;-observar o verbo (conjugação, concordância, regência);

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-observar os pronomes (colocação, função sintática);-observar se as palavras estão sendo utilizadas em sua forma e sentido correto.

Exemplo.

“Convidamos aos professores para que dê início as discursões dos assuntos em palta”

Forma correta

“Convidamos os professores para que dêem início às discussões dos assuntos em pauta”

Arquivado em: Linguística, Português, Redação

Variação LinguísticaVariação  Linguística

A língua portuguesa é o código mais utilizado por nós, brasileiros, nas situações de comunicação e interação social. Criei este blog para falar sobre o tema variação linguística e suas vertentes. Darei uma breve definição sobre língua e em seguida tratarei do tema variação linguística.

Língua é um código formado por signos (palavras) e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si.

Língua é a linguagem verbal (oral/escrita) utilizada por um grupo de indivíduos que constituem uma comunidade.

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         Ela é uma construção humana e histórica;

         É organizadora da identidade dos seus usuários;

         Ela também dá unidade a uma cultura, a uma nação;

         Uma língua viva é dinâmica e, por isso, está sujeita a variações.

Variações linguísticas são diferenças que uma mesma língua apresenta quando é utilizada, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas.

 Onde se fala melhor o português no Brasil?

Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também respostas como “no Maranhão”, no Rio de Janeiro”,” no Rio Grande do Sul” justificadas por motivos históricos, sociais, culturais. Porém, de acordo com a visão moderna de língua, não existi um modelo linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português lusitano.

 Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente adequadas á realidade onde surgiram. Em certos contextos, aliás, o uso de outra variedade, mesmo que seja a língua padrão, é que pode soar estranho e até não cumprir sua função essencial de comunicar.

Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

Entre as variedades da língua, existe uma que tem maior prestígio: a variedade padrão. Também conhecida como língua padrão e norma culta, essa variedade é utilizada na maior parte dos livros, jornais, e revistas, em alguns programas de televisão, nos livros científicos e didáticos, e é ensinada na escola. As demais variedades linguísticas - como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas, etc.) – são chamadas genericamente de variedades não padrão.Variedade padrão, língua padrão ou norma culta é a variedade linguística de maior prestígio social.

Variedade não padrão ou língua não padrão são todas as variedades linguísticas diferentes da padrão.

Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação a variedades não padrão, todas elas são válidas e tem valor nos grupos ou nas comunidades em que são usadas. Contudo, em situações sociais que exigem maior formalidade- por exemplo, uma entrevista de emprego, um requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou uma revista, uma exposição publica, uma redação num concurso publico – a variedade linguística exigida quase sempre é a padrão. Por isso é importante dominá-la bem.

Norma culta ou norma padrão?

Se há tantas variações de uma língua, qual delas é a ensinada na escola? Por que essa e não as demais? “Quem” faz essa escolha? Essas perguntas apenas refletem

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um fato: de todas as variações, uma tem mais prestígio que as demais e acaba por ser escolhida como Padrão a todos os falantes.

“Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou, simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de maior formalidade, usado nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão, etc.), ensinado na escola, e codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa ideia de que só o dialeto padrão pode ter uma gramática, quando qualquer variedade linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o dialeto usado quando se escreve (há naturalmente, diferenças formais, que decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por exemplo, de sua descontextualização. Excetuadas diferenças de pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão sobrepõe-se aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão do país”

                                                                                                     Magda SoaresExemplos com humor da norma padrão:

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Tipos de Variações Linguísticas  

Variação Histórica  

Variação Geográfica  

Variação Social  

Variação Situacional

Variação Histórica

Refere-se aos estágios de desenvolvimento de uma língua ao longo da História.

Exemplo: português arcaico x português contemporâneo. Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, século XVI:

  “De ponta a ponta, é tudo praia... Muito chã e muito formosa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata... Porém a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados... Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa, que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto que dela pode tirar me parece será salvar essa gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.” (tradução)

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Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante comum é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, antigamente era grafada com “ph”, opondo-se à linguagem dos internautas, a qual suprime os vocábulos.

Analisemos, o fragmento exposto:

Antigamente

“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio." 

                                                               Carlos Drummond de AndradeEm comparação à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado.

Variação Geográfica

Variedade que a Língua Portuguesa assume nos diferentes lugares onde ela é falada.

O Português é a língua oficial em oito países de quatro continentes: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste.

Observe este quadro:

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Este anúncio faz um trocadilho entre “bichas” (filas) que ocorrem nos centros urbanos, e “bichos”, símbolo da natureza. O texto talvez pareça estranho ao falante da língua portuguesa que mora no Brasil. Para nós, as pessoas formam filas (e não bichas) quando aguardam sua vez de serem atendidas em um banco, etc. Nós percebemos que a maneira como o português é empregado no Brasil e em Portugal não é exatamente a mesma, assim como também  é diferente nas regiões geográficas brasileiras. Usaremos como exemplo o Sudeste: os modos de fala de Minas Gerais e do Rio de Janeiro apresentam suas peculiaridades e distinções. Do mesmo modo, as regiões urbanas e as regiões rurais também possuem vocabulário e pronúncia diferentes, bem como expressões típicas. Portanto, há variações na língua dependendo dos aspectos geográficos.

No Brasil, cada região possui diferenças linguísticas, tanto na fala como no vocabulário.Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:macaxeira e aipim. Representando também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.Na próxima postagem, falarei de regionalismos e continuarei com o assunto sobre variação linguística.

A importância do conhecimento da variação lingüística 

 

Vera Lúcia Anunciação Costa

Professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Educação da Universidade Federal do Paraná

 

 

A língua não é, como muitos acreditam, uma entidade imutável, homogênea, que paira por sobre os falantes. Pelo contrário, todas as línguas vivas mudam no decorrer do tempo e o processo em si nunca pára. Ou seja, a mudança lingüística é universal, contínua, gradual e dinâmica, embora apresente considerável regularidade.

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A crença em uma língua estática e imutável está ligada principalmente à normatividade da gramática tradicional, que remota à Grécia Antiga, numa época em que os estudiosos estavam interessados principalmente em explicar a linguagem usada nos textos dos autores clássicos e em preservar a língua grega da "corrupção" e do "mau uso". A língua escrita - especialmente a dos clássicos - era tão valorizada que era considerada mais pura, mais bonita e mais correta do que qualquer outro tipo de linguagem.

A lingüística moderna, no entanto, prioriza a língua falada em relação à língua escrita por vários motivos, dentre eles pelo fato de que todas as sociedades humanas conhecidas possuem a capacidade da fala, mas nem todas possuem a escrita.

Analisando a nossa própria sociedade, podemos concluir que a escrita pertence a poucos, uma vez que grande parte da população brasileira é constituída por analfabetos ou semi-analfabetos e que mesmo os que tiveram acesso à escola não a usam muito.

Além da língua falada ser mais utilizada do que a escrita e atingir muito mais situações, o ser humano a adquire naturalmente, sem precisar de treinamento especial. Apenas em contato com o modelo, ou seja, apenas exposta a uma determinada língua, qualquer criança normal é capaz de falar essa língua e compreendê-la perfeitamente nas mais variadas situações e em um período de tempo muito curto. Aos três anos, mais ou menos, uma criança já adquiriu quase todas as regras de sua língua, podendo ser considerada um falante competente da comunidade lingüística da qual faz parte. Mesmo quando parece que ela não conhece a sua língua nativa, o dizer, por exemplo, "eu di" ou "eu fazi" no lugar de "eu dei" e "eu fiz", a criança está mostrando que sabe muito sobre ela, pois já compreendeu que o passado, no português, termina regularmente com "i" e está aplicando uma regra geral da língua em vez de aplicar uma particular.

O processo de aquisição da escrita difere do da fala no sentido de não ser natural. Crianças que têm mais contato com a escrita sem dúvida a aprendem mais fácil e rapidamente, mas ainda assim necessitam de algum tipo de instrução.

Quanto à homogeneidade, as pessoas de uma mesma comunidade lingüística podem até pensar que falam exatamente a mesma língua, mas isso não é verdade. As diferenças lingüísticas podem ser percebidas em todas as línguas do mundo, mesmo em pequenas comunidades de fala, nos níveis fonéticos, fonológico, morfológico, sintático ou semântico. Por exemplo, a palavra "porta" pode ser pronunciada de várias maneiras, tais como  ,  ou  ; a palavra "mulher" pode ser pronunciada "muié"; as frases "Maria assistiu ao filme" e "faz dois anos que parei de fumar" também podem ser ditas "Maria assistiu o filme" e "fazem dois anos que parei de fumar", respectivamente.

Na verdade, toda língua é um conjunto heterogêneo e diversificado porque as sociedades humanas têm experiências históricas, sociais, culturais e políticas diferentes e essas experiências se refletirão no comportamento lingüístico de seus membros. A variação lingüística, portanto, é inerente a toda e qualquer língua viva do mundo. Isso significa que as línguas variam no tempo, nos espaços geográfico e social e também de acordo com a situação em que o falante se encontra.

Podemos exemplificar a variação temporal com a forma "você", que passou por uma grande transformação ao longo do tempo. No século XII, as pessoas diziam "vossa mercê" e hoje, na linguagem falada, e mesmo na escrita informal, encontramos "cê", que não é a melhor nem a pior que "você" ou "vossa mercê", embora entre os não-lingüistas a tendência seja a de considerá-la ruim, feira ou

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deteriorada. Isso acontece porque a sociedade normalmente é conservadora e demora para aceitar as mudanças, inclusive as lingüísticas.

O espaço lingüístico também produz variação em um momento sincrônico de uma língua, o que pode ser explicado tanto pela existência de limites físicos como montanhas, mares ou rios que separam uma comunidade lingüística de outra, como pela idéia de "rede de comunicação". Considerando-se uma população espalhada em um determinado espaço geográfico, uma pessoa se comunicará mais com aqueles que estão mais próximos a ela do que com as que se encontram mais distantes. Haverá, assim, um padrão de maior densidade de comunicação entre os indivíduos que estão mais próximos e de menor densidade de comunicação entre os que se encontram mais distantes. A maior densidade provocará maior interação entre as pessoas e, conseqüentemente, as formas lingüísticas de uns se estenderão aos membros do grupo mais denso (que estão mais próximos) do que aos membros dos agrupamentos mais distantes. Aparecerão, dessa maneira, em cada região, diferentes variedades. No Brasil, por exemplo, a fala da região nordestina se caracteriza pela abertura das vogais pretônicas "e" e "o", como em "mérgulho" e "cólete", normalmente fechadas em outras regiões. Há lugares onde se diz  ,   e   e outros em que se diz [tomate], [tomati],   e [kaska].

As variações também podem ser notadas nas estruturas sintáticas ou no nível lexical. Assim, conforme a região, encontramos "nós fomos ir embora" em vez de "nós fomos embora" e a banana pode ser "anã", "nanica" ou "d'água".

A densidade de comunicação também pode explicar as variedades lingüísticas que existem entre os diferentes grupos sociais, uma vez que cada um formará a sua própria rede de comunicação. Assim, sociedades rurais e urbanas são importantes fatores sociais, bem como sexo, idade, escolaridade, classe socioeconômica, dentre outros. Sabemos, por exemplo, que pessoas que vivem nas áreas urbanas falam variedades diferentes dos falantes do meio rural, onde são comuns formas como "nóis vai" ou "eles prantô" em oposição às formas padrão "nós vamos" e "eles plantaram", mais características das regiões urbanas.

As mulheres, por outro lado, são lingüisticamente mais conservadoras e geralmente mais sensíveis à norma culta do que os homens, além de usarem expressões e até entonações mais associadas à feminilidade, enquanto os homens, de modo geral, distanciam-se da norma padrão e usam formas que acentuam sua masculinidade. Segundo Possenti, "muitos meninos não podem usar a chamada linguagem correta na escola, sob pena de serem marcados pelos colegas, porque em nossa sociedade a correção é considerada uma marca feminina".

Os grupos etários também diferem lingüisticamente: os mais jovens, por exemplo, tendem a ser menos conservadores que os mais velhos e isso se refletirá na sua maneira de falar.

A escolaridade também é um fator muito relevante na questão da variação lingüística e, em nosso país, está diretamente relacionada à classe socioeconômica, porque os que têm acesso à escola pertencem, de modo geral, ao grupo socioeconômico mais privilegiado. Dessa maneira, as pessoas pertencentes aos estratos sociais mais altos tendem a usar mais as formas padrão do português do que aquelas dos grupos menos privilegiados e menos escolarizados.

A língua varia, ainda, de acordo com a situação em que o falante se encontra. Situações formais exigem uma variedade de língua mais cuidada, uma vez que a sociedade impõe certas regras sociais - e, conseqüentemente, lingüísticas - que espera ver cumpridas, e que qualquer desrespeito a essas regras pode provocar

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não só o constrangimento ao falante como também a sua não-aceitação pelo grupo. Lingüisticamente, porém, todas as formas associadas a grupos sociais e a diferentes situações são igualmente perfeitas. Nenhuma é melhor, ou mais correta ou mais bonita que outra, embora umas tenham prestígio social e outras não tenham, e embora algumas possam ser mais adequadas a certas situações sociais que outras.

A aceitação ou não de certas formas lingüísticas por parte da comunidade falante está relacionada com o significado social que lhe é imposto pelo grupo que as usam, ou seja, estão relacionadas com o conjunto de valores que simbolizam e que se uso comunica. Algumas variedades são estigmatizadas ou ridicularizadas não porque são feias, incorretas ou ruins em si, mas porque a sociedade, preconceituosamente, associa seu uso a situações e/ou grupos sociais com valores negativos. Cientificamente, porém, todas as variedades de uma língua qualquer são igualmente consideradas, porque possuem uma gramática, ou seja, todas possuem regras, todas têm organização e todas são funcionais.

A escola, de modo geral e tradicionalmente, tem desconsiderado a questão da variação lingüística e dos usos das variedades pela comunidade falante, o que é bastante grave, já que muito do que é classificado como problema de fala e escrita, principalmente na alfabetização, está diretamente relacionado ao fenômeno.

O professor alfabetizador, geralmente imbuído dos conceitos da gramática tradicional, atribui valores de certo e errado aos textos de seus alunos, desconsiderando que as crianças, nesta fase, além de não possuir o domínio do sistema gráfico e das complexidades que lhe são características, tende a escrever conforme o seu dialeto regional e/ou social.

Mattoso Câmara Jr., em um artigo denominado "Erros de escolares como sintomas de tendências lingüísticas no português do Rio de Janeiro", apresenta resultados parciais de análises de textos em que mostra que a oralidade e a percepção fonética estão presentes na produção escrita dos alunos.

Luiz Carlos Cagliari, em Alfabetização e lingüística, afirma que as crianças relacionam a fala e a escrita ortográfica a todo momento e que seus erros não são frutos de distração, irreflexão ou descuido. Para ele,

os alunos aprendem a escrever produzindo textos espontâneos, aplicam nessa tarefa um trabalho de reflexão muito grande e se apegam a regras que revelam usos possíveis do sistema de escrita do português. Essas regras são tiradas dos usos ortográficos que o próprio sistema de escrita tem ou de realidades fonéticas, num esforço da criança para aplicar uma relação entre letra e som que nem sempre é previsível, mas que também não é aleatória.

Nos textos por ele analisados, a transcrição fonética da própria fala caracteriza o "erro" mais freqüente dos alunos, e em nossa amostra acontece o mesmo. Analisemos, por exemplo, dois textos "de crianças", em fase de aquisição da língua escrita, da região rural de União da Vitória, no norte do Paraná.

Primeiro:

 

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(A minha mãe é boa e eu gosto dela e o meu pai é bom e eu, eu gosto dele também muito. Nós vamos na cidade passear. Na cidade é bom. Nós toma (mos) picolé.)

Segundo:

 

 

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(A mamãe faz comida, o papai vai na roça eu "barru" o chão, o nenê chora e eu ajudo a minha mãe nos "trem" do almoço.)

Nesses textos, podemos constatar a ausência da segmentação convencional exigida pela escrita, mas as crianças estão simplesmente demonstrando que têm uma percepção fonética muito acurada ao escreverem de acordo com sua própria fala. De fato, a fala é um continuum: ao falarmos não fazemos segmentação alguma, a não ser que falemos de maneira artificial, muito vagarosamente ou separando as sílabas propositadamente. As crianças percebem o funcionamento da fala tão bem que registram quase todas as palavras emendadas. No texto 1, por exemplo, as únicas palavras escritas separadamente são "mãe" e "é", grafada sem acento, e no caso do texto 2 apenas o artigo "a" e o nome "mamãe" (que a criança grafou "mamae") tiveram registro separado das outras.

E não é só na hiposegmentação (conferir Silva, 1991) que percebemos a relação entre a fala e a escrita dessas crianças. Dissemos, anteriormente, que pessoas do campo falam diferentemente daquelas que vivem nos centros urbanos, e podemos observar que os dois textos retratam o uso da variedade rural. No primeiro, aparecem as formas "bãu" e "tamei", por exemplo, e no segundo aparecem "barru", "trem" e "armoço", em vez de "bom", "também", "varro", "louça" e "almoço", normalmente usados nas áreas urbanas.

Outras marcas da oralidade presentes na escrita dos dois textos são:

1) ditongação da vogal "o" diante de "a": a criança escreve "boua"em vez de "boa";

2) ditongação da vogal "o" diante da fricativa surda ([s]); a forma exigida pela escrita, "nós", é escrita "nóis";

3) ditongação da vogal "a" diante da fricativa surda: aparece a forma "fais" em vez de "faz";

4) apagamento da semivogal "i" da palavra "muito" e nasalização da vogal "u" (que a criança grafa "muntu");

5) anulação da oposição entre "i" e "e" em final de sílaba ou quando o "e" constitui elementos de coesão. Exemplos.:

a- "Na cidadi é bãu";

b- "O meu pai é bãu i eu gosto deli";

6) anulação do contraste entre "u" e "o" em final de sílaba ou quando o "o" constitui artigo. Exemplos.:

a- "eu gostu deli";

b- "eu barru u chão"

7) supressão do "r" em final de palavra: a criança escreve "passiá" e não "passar";

8) queda do "s" em final de palavra: a forma "vamos" é substituída por "vamu", porque a criança provavelmente fala dessa maneira;

9) alternância de "l" por "r" posvocálico (fenômeno conhecido como rotacismo) em final de sílaba: o exemplo é "armoço" que a criança escreveu " ".

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Do ponto de vista sintático, destaca-se a falta de concordância do verbo com o sujeito em "nóis toma picolé", e em "ajudo a minha mãe nos 'trem' do armoço" destaca-se a ausência da concordância nominal.

Nos outros textos de nossa amostra, constituída por alunos de escolas públicas de Foz do Iguaçu e de escolas públicas e particulares de Curitiba, as marcas de oralidade também são percebidas na escrita das crianças.

A ditongação das vogais diante de fricativa surda, tal como nos textos anteriormente analisados, é bastante comum. Encontramos, por exemplo, "mais" no lugar da conjunção adversativa "mas", e "fais" e "treis" substituindo as formas "faz" e "três", dentre outras palavras.

A supressão do "r" e do "s" em final de palavra também é comum, como atestam as formas "jogá", "mulhé", "vamo" e "vamu", assim como a marca nasal dental na palavra "muito", normalmente grafada "muinto" ou "muintu" pelas crianças.

A não-distinção entre "i" e "e" e entre "u" e "o" é encontrada em final de sílaba tanto em interiores quanto em final de palavra, como mostram os exemplos "Cicilha Merelis", "deli", "durmir" e "muitu".

A ausência da oposição entre [ou] e [o] e entre [ei] e [e] também são freqüentes, e podem ser exemplificadas pelas formas "roxinou", "dotor", "geladera" e "cachuera". Barros, Parcker e Costa (1989) constataram que o apagamento da semivogal é corrente no dialeto de Curitiba, principalmente quando correlacionado ao estilo da fala.

A queda da vogal "u" em final de palavra é atestada pela ocorrência freqüente de palavras tais como "tiro" e "chego", dentre outras.

A vocalização de velar posvocálica ([l] passando a [u]) em trava de sílaba é constante na grande maioria dos textos analisados, independentemente de sua posição na palavra, de a criança ser de escola pública ou particular e da região em que vive. Encontramos, por exemplo, "sauvou", "resouveu", "casau" e "hoteu" substituindo as formas preconizadas pela escrita, grafadas com "l". Isso corrobora a afirmação de muitos lingüistas de que a grande maioria dos brasileiros não distingue mais o "l" do "u" na língua falada. Temos, assim, um exemplo de mudança lingüística implementada no português do Brasil. Mas é interessante observar que a percepção da escrita e a pressão escolar está presente desde cedo nos textos infantis, porque mesmo falando "u" e não "l", as crianças escrevem muitas vezes conforme a exigência da convenção ortográfica, o que vai ao encontro da afirmação de Abaurre (1986) de que a criança também usa a escrita convencional na produção de seus primeiros textos.

Além dessas variações de ordem fonética, os textos analisados também apresentam variações de natureza morfológica e sintática, que não serão abordadas aqui. Mas, pelos exemplos dados, é possível constatar que as crianças em fase de aquisição da escrita se utilizam da própria fala ao produzir textos espontâneos escritos. Portanto, as questões relativas à variação lingüística não podem ser ignoradas pela escola, especialmente no período de alfabetização, sob pena de considerarem erros o resultado de reflexões profundas e de não se valorizar o conhecimento lingüístico das crianças.

Para compreender a escrita inicial dos alunos e o porquê dos seus muitos "erros", é necessário, dentre outras coisas, que se valorize a oralidade e que se compreenda que eles muitas vezes transferem para a escrita marcas da variedade lingüística que usam no dia-a-dia.

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Variações linguísticasA língua portuguesa encontra-se em constante alteração, evolução e atualização, não sendo um sistema estático e fechado. O uso faz a regra e os falantes usam a língua de modo a suprir suas necessidades comunicativas, adaptando-a conforme suas intenções e necessidades.

Sendo uma sociedade complexa, formada por diferentes grupos sociais, com diferentes hábitos linguísticos e diferentes graus de escolarização, ocorrem variações na língua, principalmente de caráter local, temporal e social.

Nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo prestígio, sendo algumas consideradas menos cultas. Contudo, todas as variações devem ser encaradas como fator de enriquecimento e cultura e não como erros ou desvios.

Tipos de variação

As variações linguísticas ocorrem principalmente nos âmbitos geográficos, temporais e sociais.

Variações regionais (diatópicas ou geográficas)São variações que ocorrem de acordo com o local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência. Este tipo de variação ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas, com diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo assim diferentes estruturas linguísticas.

Exemplos de variações regionais:

Diferentes palavras para os mesmos conceitos; Diferentes sotaques, dialetos e falares; Reduções de palavras ou perdas de fonemas.

Variações históricas (diacrônicas)São variações que ocorrem de acordo com as diferentes épocas vividas pelos falantes, sendo possível distinguir o português arcaico

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do português moderno, bem como diversas palavras que ficam em desuso.

Exemplos de variações históricas:

Expressões que caíram em desuso; Grafemas que caíram em desuso; Vocabulário típico de uma determinada faixa etária.

Variações sociais (diastráticas)São variações que ocorrem de acordo com os hábitos e cultura de diferentes grupos sociais. Este tipo de variação ocorre porque diferentes grupos sociais possuem diferentes conhecimentos, modos de atuação e sistemas de comunicação.

Exemplos de variações sociais:

Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os skatistas. Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais.

Variações situacionais (diafásicas)São variações que ocorrem de acordo com o contexto ou situação em que decorre o processo comunicativo. Há momentos em que é utilizado um registro formal e outros em que é utilizado um registro informal.

Exemplos de variações situacionais:

Linguagem formal, considerada mais prestigiada e culta, usada quando não há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações que requerem uma maior seriedade.

Linguagem informal, considerada menos prestigiada e culta, usada quando há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações descontraídas

Questão 1

"Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como

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ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."

                   Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.

b) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.

c) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.

d) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.ver resposta

Questão 2Questão 106 - Enem 2013 (Variações linguísticas no Enem)

Até quando?

Não adianta olhar pro céu

Com muita fé e pouca luta

Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer

E muita greve, você pode, você deve, pode crer

Não adianta olhar pro chão

Virar a cara pra não ver

Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus

Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).

Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.

b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.

c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.

d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.

e) originalidade, pela concisão da linguagem.ver resposta

Questão 3Questão 115 - Enem 2012 (Variações linguísticas no Enem)Texto IAntigamente

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Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco.

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).Texto II

Expressão Significado

Cair nos braços de Morfeu Dormir

Debicar Zombar, ridicularizar

Tunda Surra

Mangar Escarnecer, caçoar

Tugir Murmurar

Liró Bem-vestido

Copo d'água Lanche oferecido pelos amigos

Convescote Piquenique

Treteiro de topete Tratante atrevido

Abrir o arco Fugir

Bilontra Velhaco

FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado).

Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse fenômeno revela que

a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos e coisas do cotidiano.

b) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente do português europeu.

c) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal.

d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser reconhecido como língua independente.

e) o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada.ver resposta

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Questão 4Contudo, a divergência está no fato de existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade mais elevado e com um poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como o “correto”, não levando em consideração essas variações que ocorrem na língua. Porém, o senso linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso acontece pelo “fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente que esse português seja um bloco compacto coeso e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18)

Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno, podemos inferir, exceto:

a) A língua deve ser preservada e utilizada como um instrumento de opressão. Quem estudou mais define os padrões linguísticos, analisando assim o que é correto e o que deve ser evitado na língua.

b) As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.

c) A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos sociais.

d) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.

e) Segundo Bagno, não podemos afirmar que exista um tipo de variante que possa ser considerada superior à outra, já que todas possuem funções dentro de um determinado grupo social.ver resposta

Respostas Resposta Questão 1

Alternativa “a”. Embora as variedades linguísticas sejam consideradas importantes do ponto de vista comunicacional, a língua padrão ainda alcança maior prestígio social.voltar a questão

Resposta Questão 2Alternativa “d”. A linguagem coloquial adotada por Gabriel, O Pensador, confere à letra da música grande espontaneidade, marca do discurso utilizado no gênero textual rap.voltar a questão

Resposta Questão 3Alternativa “e”. O texto de Carlos Drummond de Andrade apresenta exemplos de palavras ou expressões que caíram em desuso, o que comprova o dinamismo da língua e as variações sofridas ao longo do tempo.voltar a questão

Resposta Questão 4Alternativa “a”. É fundamental que as variações linguísticas sejam respeitadas e compreendidas, já que dizem respeito a um organismo vivo, que é a língua. Esta, por sua vez, jamais deve ser utilizada como instrumento de opressão, pois cada variante exerce

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uma função dentro de um grupo social. Respeitar as variações linguísticas é um dos princípios da cidadania.

Exercícios Sobre Variedades LinguísticasEstes exercícios sobre variedades linguísticas abordam os diferentes dialetos e registros, fenômenos encontrados principalmente na oralidade.Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Exercícios de Gramática 0 comentário

Questão 1Vício da falaPara dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados.(Oswald de Andrade)

Sobre o poema de Oswald de Andrade, estão corretas:

I. O escritor faz uma crítica dirigida àqueles que cometem desvios linguísticos na oralidade, comportamento que contraria a gramática normativa da língua portuguesa.

II. O poema de Oswald de Andrade apresenta uma temática tipicamente modernista. Os modernistas da fase heroica defendiam a língua falada pelo povo brasileiro, considerando suas variações e registros.

III. O poema realiza na prática o que o trecho do manifesto modernista propõe na teoria, ou seja, a incorporação de coloquialismos brasileiros na escrita poética nacional.

IV. Oswald, assim como os demais modernistas, defendiam o uso de um vocabulário formal e livre de intervenções da oralidade.

a) I e IV estão corretas.

b) II e III estão corretas.

c) I, III e IV estão corretas.

d) Todas estão corretas.ver resposta

Questão 2(Enem - 2009)

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A norma-padrão está vinculada à ideia de língua modelo, seguindo as regras gramaticais de acordo com o momento histórico e com a sociedade

Quanto às variantes linguísticas presentes no texto, a norma-padrão da língua portuguesa é rigorosamente obedecida por meio

a) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por que o senhor publicou esse livro?”.

b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, um escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!”.

c) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala distanciamento do interlocutor.

d) da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.ver resposta

Questão 3(Enem – 2014)Óia eu  aqui de  novo xaxandoÓia eu aqui de novo pra xaxarVou mostrar pr’esses cabrasQue eu ainda dou no couroIsso é um desaforoQue eu não posso levarQue eu aqui de novo cantandoQue eu aqui de novo xaxandoÓia eu aqui de novo mostrandoComo se deve xaxar.Vem cá morena lindaVestida de chitaVocê é a mais bonitaDesse meu lugarVai, chama Maria, chama Luzia

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Vai, chama Zabé, chama RaqueDiz que tou aqui com alegria.(BARROS, A. Óia  eu  aqui de  novo. Disponível  em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai  2013)

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório  linguístico e  cultural do Brasil. O  verso que singulariza uma  forma do falar  popular  regional é

a) “Isso é um desaforo”

b) “Diz que  eu  tou aqui com alegria”

c) “Vou  mostrar pr’esses cabras”

d) “Vai, chama  Maria, chama  Luzia”

e) “Vem  cá, morena linda, vestida de chita”ver resposta

Questão 4

“A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou outra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para os seus membros. Aprendemos a distinguir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se é de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é ser “poliglota” em sua própria língua. Saber português não é só aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola. As variações não são fáceis ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes, são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam.”

(FIORIN, José Luiz. “Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito linguístico”. In O direito à fala. A questão do preconceito linguístico. Florianópolis. Editora Insular, pp. 27,

28, 2002.)

Sobre o texto de José Luiz Fiorin, é incorreto afirmar:

a) As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.

b) A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos sociais.

c) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.

d) As variedades linguísticas trazem prejuízos à norma-padrão da língua, por isso devem ser evitadas.ver resposta

Respostas Resposta Questão 1

Alternativa “b”. Os primeiros modernistas estavam preocupados com a criação de uma poesia tipicamente nacional, por isso, voltavam-se para os coloquialismos e desvios da norma culta provenientes da oralidade. Eles acreditavam que o português falado pelo brasileiro comum era a verdadeira língua do Brasil e deveria ser definitivamente aceito como parte de nossa identidade cultural.voltar a questão

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Resposta Questão 2Alternativa “b”. A oração está de acordo com a norma-padrão culta da língua portuguesa, especialmente no que se refere ao emprego do pronome oblíquo no verbo escrever.voltar a questão

Resposta Questão 3Alternativa “c”. A palavra “cabras”, utilizada para referir-se a “homens”, é bastante utilizada na região Nordeste do Brasil.voltar a questão

Resposta Questão 4Alternativa “d”.

Exercícios Sobre Vícios De LinguagemEstes exercícios sobre vícios de linguagem abordam alguns aspectos dos principais cacoetes linguísticos encontrados principalmente na oralidade.Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Exercícios de Gramática 0 comentário

Questão 1(Enem/2003)

No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: 

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE 

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: 

a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. 

b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. 

c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. 

d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase. 

e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.ver resposta

Questão 2

Todas as sentenças a seguir apresentam duplo sentido, exceto:

a) Maria pediu a Márcia para sair.

b) O advogado disse ao réu que suas palavras convenceriam o juiz.

c) Crianças que comem doce frequentemente têm cáries.

d) A mala foi encontrada perto do banco.

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e) A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela.ver resposta

Questão 3(Enem – 2010)Carnavália

Repique tocou

O surdo escutouE o meu corasamborim

Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?

[...] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. 

Essa palavra corresponde a um:

a)  estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.

b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.

c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.

d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.

e) termo técnico, dado que designa elemento de área e de atividade.ver resposta

Questão 4

Assinale a sequência correta:

I. O pleonasmo consiste em intensificar o significado de um elemento do texto por meio da redundância, isto é, da repetição da ideia já expressa por esse elemento.

II. A ambiguidade não pode ser considerada um vício de linguagem, já que não provoca qualquer tipo de dificuldade para a interpretação de um texto.

III. O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de novas palavras ou expressões e não pode ser considerado como um vício de linguagem, já que pode ser empregado com intenções artísticas.

IV. O arcaísmo consiste no emprego de palavras ou expressões cuja utilização seja menos frequente na modalidade escrita e na modalidade oral. É o oposto do neologismo, pois está na contramão do movimento criador de palavras.

V. Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Podem subverter as normas da concordância, da regência e da colocação.

a) I, II e III.

Page 34: variação linguistica

b) II e IV.

c) I, III, IV e V.

d) I, II, IV e V.

e) III e V.ver resposta

Respostas Resposta Questão 1

Alternativa “e”. Na manchete “Campanha contra a violência do governo do Estado entra em nova fase”, não é possível identificar se a campanha é contra a violência do governo do Estado ou se é o governo do Estado que está promovendo uma campanha contra a violência. Tal ambiguidade pode ser eliminada da seguinte maneira: “Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase”.voltar a questão

Resposta Questão 2Alternativa “e”.voltar a questão

Resposta Questão 3Alternativa “b”. O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de novas palavras ou expressões. Pode ser um fenômeno espontâneo, com origem na oralidade, ou artístico, com fins literários.voltar a questão

Resposta Questão 4Alternativa “c”. A ambiguidade pode provocar dificuldades de interpretação de texto, pois confere às palavras ou expressões múltiplas possibilidades de leitura, efeito indesejado nos textos não literários.

Exercícios Sobre Norma Culta E Variações LinguísticasEstes exercícios sobre norma culta e variações linguísticas abordam as principais diferenças entre os diferentes registros da língua portuguesa.Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Exercícios de Gramática 0 comentário

Questão 1(UERJ)O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo, nos põe em xeque, paralisa alguns e atiça a criatividade de outros. Uma pessoa em estado de pavor é dona de uma energia extra capaz de feitos incríveis.Um amigo nosso, quando era adolescente, aproveitou a viagem dos pais da namorada para ficar na casa dela. Os pais voltaram mais cedo e, pego em flagrante, nosso Romeu

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teve a brilhante ideia de pular, pelado, do segundo andar. Está vivo. Tem hoje essa incrível história pra contar, mas deve se lembrar muito bem da vergonha.Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, mas na qual também vi meu medo me deixar em maus lençóis.Estava caminhando pelo bairro quando resolvi explorar umas ruas mais desertas. De repente, vejo um menino encostado num muro. Parecia um menino de rua, tinha seus 15, 16 anos e, quando me viu, fixou o olhar e apertou o passo na minha direção. Não pestanejei. Saí correndo. Correndo mesmo, na mais alta performance de minhas pernas.No meio da corrida, comecei a pensar se ele iria mesmo me assaltar. Uma onda de vergonha foi me invadindo. O rapaz estava me vendo correr. E se eu tivesse me enganado? E se ele não fosse fazer nada? Mesmo que fosse. Ter sido flagrada no meu medo e preconceito daquela forma já me deixava numa desvantagem fulminante.Não sou uma pessoa medrosa por excelência, mas, naquele dia, o olhar, o gesto, alguma coisa no rapaz acionou imediatamente o motor de minhas pernas e, quando me dei conta, já estava em disparada.Fui chegando ofegante a uma esquina, os motoristas de um ponto de táxi me perguntaram o que tinha acontecido e eu, um tanto constrangida, disse que tinha ficado com medo. Me contaram que ele vivia por ali, tomando conta dos carros. Fervi de vergonha.O menino passou do outro lado da rua e, percebendo que eu olhava, imitou minha corridinha, fazendo um gesto de desprezo. Tive vontade de sentar na guia e chorar. Ele só tinha me olhado, e o resto tinha sido produto legítimo do meu preconceito.Fui atrás dele. Não consegui carregar tamanha bigorna pra casa. "Ei!" Ele demorou a virar. Se eu pensava que ele assaltava, ele também não podia imaginar que eu pedisse desculpas. Insisti: "Desculpa!" Ele virou. Seu olhar agora não era mais de ladrão, e sim de professor. Me perdoou com um sinal de positivo ainda cheio de desprezo. Fui pra casa pelada, igual ao Romeu suicida.

Denise FragaA crônica é um gênero textual que frequentemente usa uma linguagem mais informal e próxima da oralidade, pouco preocupada com a rigidez da chamada norma culta.Um exemplo claro dessa linguagem informal presente no texto está em:

a) O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo, (l. 1)

b) Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, (l. 6)

c) De repente, vejo um menino encostado num muro. (l. 8-9)

d) ele também não podia imaginar que eu pedisse desculpas. (l. 23)ver resposta

Questão 2(ENEM - 2012)A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?

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CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em:

www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que

a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.

b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.

c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.

d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.

e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.ver resposta

Questão 3Vício da fala

Para dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mió

Para pior pióPara telha dizem teia

Para telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados.

Oswald de Andrade

Sobre o poema de Oswald de Andrade, um dos principais representantes da primeira geração do modernismo brasileiro, é correto afirmar:

a) Oswald, como os demais modernistas da primeira fase, defendia o uso da coloquialidade nos textos escritos como maneira de alcançar uma linguagem genuinamente brasileira, linguagem que levasse em consideração os diferentes registros da língua portuguesa.

b) O poema de Oswald tece uma crítica sobre o emprego da coloquialidade nos textos da literatura brasileira. De acordo com o poema, essa coloquialidade subverte a norma culta da língua, único registro capaz de representar adequadamente a linguagem poética.

c) O título “Vício da fala” remete à falha dos brasileiros ao reproduzir erradamente fonemas complexos. Essa simplificação das palavras é prejudicial para o idioma, já que pode vulgarizar a língua portuguesa.d) Aqueles que subvertem a norma culta ao falar “mio”, em vez de milho, “mió” em vez demelhor, “pió” em vez de pior, “teiado” em vez de telhado estão prejudicando o entendimento da mensagem, anulando a comunicação, sua principal finalidade.ver resposta

Questão 4"Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva

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sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."

                   Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:

a) o conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.

b) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.

c) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.

d) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.ver resposta

Respostas Resposta Questão 1

Alternativa “b”. Considera-se linguagem informal aquela que se desvia da chamada norma-padrão ou norma culta, mas estabelece comunicação eficiente em contextos informais, como os de uma conversa pessoal. Segundo a norma culta do português, não se deve começar uma frase por um pronome pessoal átono, como em “Me lembrei dessa história...”. A norma preconiza ou “Lembrei-me dessa história...” ou “ Eu me lembrei dessa história...”. Entretanto, a próclise do pronome é frequente na linguagem informal, valorizada em especial pelo gênero da crônica jornalística.voltar a questão

Resposta Questão 2A alternativa “e”, a opção correta, revela o ponto de vista da autora ao afirmar que os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística, ou seja, segundo ela, defender a pureza da linguagem de maneira limitada só revela um conhecimento deficiente da língua.voltar a questão

Resposta Questão 3Alternativa “a”. Antes mesmo da questão do preconceito linguístico vir à tona com a Sociolinguística, os primeiros modernistas já ponderavam sobre a necessidade de se considerar os diferentes registros da língua portuguesa e respeitar a fala brasileira. Em seu poema, Oswald de Andrade utiliza a escrita para, de certa forma, revelar o conflito social existente entre as variedades de uma mesma língua e, ao mesmo tempo, o conflito social que se estende à relação língua/fala.voltar a questão

Resposta Questão 4Alternativa “a”. Embora as variedades linguísticas sejam consideradas importantes do ponto de vista comunicacional, a língua padrão ainda alcança maior prestígio social.voltar a questão

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Exercícios sobre Variações LinguísticasTeste os seus conhecimentos: Faça exercícios sobre Variações Linguísticas e veja a resolução comentada.

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Questão 1

Tendo em vista que “as gírias” compõem o quadro de variantes linguísticas ligadas ao aspecto sociocultural, analise os excertos a seguir, indicando o significado de cada termo destacado de acordo com o contexto:

a – Possivelmente não iremos à festa. Lá, todos os convidados sãopatricinhas e mauricinhos!b - Nossa! Como meu pai é careta! Não permitiu que eu assistisse àquele filme.c – Os namoros resultantes da modernidade baseiam-se somente no ficar.d – E aí mano? Estás a fim de encontrar com uma mina hoje? A parada vai bombar!e – Aquela aula de matemática foi péssima, não saquei nada daquilo que o professor falou.    

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Questão 2

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(FUVEST)

Capitulação

DeliveryAté para telepizzaÉ um exagero.Há quem negue?Um povo com vergonhaDa própria língua.Já está entregue.            Luís Fernando Veríssimo

a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista o conteúdo do poema? Justifique sua resposta.   

b) O exagero que o autor vê no emprego da palavra “delivery” se aplicaria também à “telepizza”? Justifique sua resposta. 

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Questão 3

A seguir são apresentados alguns fragmentos textuais. Sua tarefa consistirá em analisá-los, atribuindo a variação linguística condizente aos mesmos:

a – Antigamente

“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

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                                                                                                            Carlos Drummond de Andrade

b - Vício na fala

Para dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados.                                        Oswald de Andrade

c –“ Aqui no Norte do Paraná, as pessoas chamam a correnteza do rio de corredeira. Quando a corredeira está forte é perigoso passar pela pinguela, que é uma ponte muito estreita feita, geralmente, com um tronco de árvore. Se temos muita chuva a pinguela pode ficar submersa e, portanto, impossibilita a passagem. Mas se ocorre uma manga de chuva, uma chuvinha passageira, esse problema deixa de existir.”

d – E aí mano? Ta a fim de dá uns rolé hoje?Qual é! Vai topá a parada? Vê se desencana! Morô velho?

 

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Questão 4

Os enunciados linguísticos em evidência encontram-se grafados na linguagem coloquial. Reescreva-os de acordo com o padrão culto da linguagem.

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a – Os livros estão sobre a mesa. Por favor, devolve eles na biblioteca.

b – Falar no celular é uma falha grave. A consequência deste ato pode ser cara.

c – Me diga se você gostou da surpresa, pois levei muito para preparar ela.

d – No aviso havia o seguinte comentário: Não aproxime-se do alambrado. Perigo constante.

e – Durante a reunião houveram reclamações contra o atraso do pagamento dos funcionários. 

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Questão 5

A letra musical abaixo se compõe de alguns registros de variação linguística. Identifique-os tecendo um comentário acerca do referido assunto, levando em consideração os preceitos trazidos pela linguística, em se tratando de tais variedades.

Cuitelinho

Cheguei na beira do portoOnde as onda se espaiaAs garça dá meia voltaE senta na beira da praiaE o cuitelinho não gostaQue o botão de rosa caia, ai, aiAi quando eu vimda minha terraDespedi da parentáia

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Eu entrei no Mato GrossoDei em terras paraguaiaLá tinha revoluçãoEnfrentei fortes batáia, ai, ai [...]

                                    Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó 

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Respostas Resposta Questão 1

a – Os termos em evidência representam garotos e garotas pretensiosos, esnobes, isentos de  características condizentes a um bom  relacionamento interpessoal.b – conservador, sistemático, que não aprova as mudanças oriundas da sociedade.c – manter um relacionamento sem compromisso.d -  amigo, companheiro / garota / um evento grandioso que promete grandes surpresas.e – compreender, assimilar o conteúdo.

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Resposta Questão 2

a – Sim, somos coagidos pelo modismo vigente, submetendo-nos aos estrangeirismos por valorizarmos o que é importado em detrimento àquilo que nos pertence, no caso, a língua portuguesa.

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b -  Não, o enfoque principal do emissor se atém ao termo delivery, pois o mesmo está relacionado à língua inglesa (cuja significância está relacionada à entrega domiciliar), que, segundo a concepção do autor, representa um descrédito em relação ao nosso idioma. 

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Resposta Questão 3

a – variação históricab – variação culturalc – variação regionald – variação social

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Resposta Questão 4

a – devolva-osb – falar ao celularc – diga-me; prepará-la.d – não se aproximee -  houve

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Resposta Questão 5

Analisando o texto em referência, percebemos que no mesmo há uma variação regional, relacionada ao termo “cuitelinho”, como também um forte predomínio da variação cultural, pois o mesmo não se adequa à norma padrão da linguagem.

Page 44: variação linguistica

A letra musical é um típico exemplo de que para a sociolinguística não existe a noção de “certo” ou “errado”, existe sim, diferentes falas, desvios linguísticos, concebidos de maneira errônea pela gramática tradicional.

Exercícios sobre variações da línguaOs exercícios sobre variações da língua vão mostrar para você as diferenças entre as modalidades oral e escrita.

Por Luana Castro Alves Perez

Questão 1

Enem 2009

A norma-padrão está vinculada à ideia de língua modelo, seguindo as regras gramaticais de acordo

com o momento histórico e com a sociedade

Quanto às variantes linguísticas presentes no texto, a norma-padrão da língua portuguesa é rigorosamente obedecida por meio

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a) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por que o senhor publicou esse livro?”.

b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, um escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!”.

c) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala distanciamento do interlocutor.

d) da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.

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Questão 2

Enem 2010

S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso. 

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso

a) regional, pela presença do léxico de determinada região do Brasil.

Page 46: variação linguistica

b) literário, pela conformidade com as normas da gramática.

c) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.

d) coloquial, por meio do registro de informalidade.

e) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.

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Questão 3

"Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."

                   Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é: a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma

alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.

b) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.

c) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.

d) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.

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Questão 4

“A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou outra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para os seus membros. Aprendemos a distinguir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se é de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é ser “poliglota” em sua própria língua. Saber português não é só aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola. As variações não são fáceis ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes, são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam.”

(FIORIN, José Luiz. “Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito linguístico”. In O direito à fala. A questão do preconceito

linguístico. Florianópolis. Editora Insular, pp. 27, 28, 2002.)

Sobre o texto de José Luiz Fiorin, é incorreto afirmar: a) As variações linguísticas são próprias da língua e estão

alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais. b) A variedade linguística é um importante elemento de

inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos sociais.

c) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.

d) As variedades linguísticas trazem prejuízos à norma-padrão da língua, por isso devem ser evitadas.

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Respostas Resposta Questão 1

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Alternativa “b”. A oração está de acordo com a norma-padrão culta da língua portuguesa, especialmente no que se refere ao emprego do pronome oblíquo no verbo escrever.

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Resposta Questão 2

Alternativa “c”. Por ser um texto direcionado a um público específico, os professores, apresenta características próprias por meio de marcas linguísticas, fato que se comprova nas expressões empregadas: código, regras gramaticais e modalidades.

Resposta Questão 3

Alternativa “a”. Embora as variedades linguísticas sejam consideradas importantes do ponto de vista comunicacional, a língua padrão ainda alcança maior prestígio social.

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Resposta Questão 4

Alternativa “d”.

NORMA CULTA E NORMA POPULARA língua que utilizamos deve se adequar a todo o contexto de uso, tal qual a roupa que vestimos ou mesmo os modos que nos permitimos ter em dada ocasião de interação social. Nas palavras de Evanildo Bechara, Professor Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e um dos maiores gramáticos de toda a história de nosso país, “é preciso ser poliglota na própria língua”. Daí, depreendemos que ser um bom falante/usuário da língua é justamente saber integrar-se de forma competente em seus vários níveis de formalidade: do padrão culto aos vários distintos níveis de informalidade. Assim, faz-se necessário pretender dominar a língua em sua totalidade.

A norma culta corresponde ao padrão de fala ou escrita que respeita as normas gramaticais. Por sua vez, as normas populares não seguem o padrão ortográfico oficial e se aproximam da língua oral, variando de acordo com o contexto, que pode ser de um grupo rural ou de um conjunto de adolescentes, por exemplo.

Agora, observemos a primeira estrofe do poema seguinte de Patativa do Assaré, poeta popular:AOS POETAS CLÁSSICOS (Patativa do Assaré) [1ª estrofe]Poetas niversitário,

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Poetas de Cademia,De rico vocabularoCheio de mitologia;Se a gente canta o que pensa,Eu quero pedir licença,Pois mesmo sem portuguêsNeste livrinho apresentoO prazê e o sofrimentoDe um poeta camponês.[...]A contraposição feita pelo texto entre poetas clássicos e poeta camponês  reflete a própria oposição entre os registros linguísticos, respectivamente o padrão e as variedades populares. Note-se ainda que a expressão sem português faz referência à percepção do eu lírico de que seu uso não corresponda a uma realização válida da língua, uma vez que não é respaldada socialmente, como dissera Celso Cunha, como exemplar.

EXERCÍCIOS(FUVEST- 2012, primeira fase) "Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."                    Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.Depreende-se do texto que uma determinada língua é um:a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de maior prestígio social.c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma culta.d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela heterogeneidade social.e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas de normas e outras não o são.

GabaritoLETRA A, pois a alternativa apresenta a paráfrase das ideias centrais apresentadas pelo gramático Celso Cunha. Ao destacar o papel de modelo, de ideal lingüístico do chamado uso culto, atribui-lhe exatamente esse papel exemplar, responsável por sua ascendência sobre as demais variedades. Extrapolando a questão, esse papel exemplar da variedade padrão também garante a essa a função de fator de coesão linguística, em meio às múltiplas variedades de uso.

(UFV - 2006) Suponha um aluno se dirigindo a um colega de classe nestes termos: “Venho respeitosamente solicitar-lhe que se digne emprestar-me o livro.” A atitude desse aluno se assemelha à atitude do indivíduo que:a) comparece ao baile de gala trajando “smoking”.b) vai à audiência com uma autoridade de “short” e camiseta.c) vai à praia de terno e gravata.d) põe terno e gravata para ir falar na Câmara dos Deputados.e) vai ao Maracanã de chinelo e bermuda.GabaritoLETRA C, já que é nesta alternativa que se encontra uma correlação entre fala e atitude com a seguinte caracterização: ser muito formal em uma situação que pede naturalmente informalidade.