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Valdeck Almeida de Jesus Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2007 Segunda Edição São Paulo-SP 2012

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Valdeck Almeida de Jesus

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2007

Segunda Edição

São Paulo-SP 2012

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Prefácio A proposta fundamental do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, concebida e organizada pelo escritor baiano que dá nome a esta antologia, é selecionar e reunir obras de poetas de todas as tribos: anônimos, não anônimos, líricos, épicos, críticos, concretistas, realistas e quem mais chegar. É uma porta permanentemente aberta à poesia e à prosa poética, sem distinção de cor, forma, classe, filosofia ou credos, que vem atraindo cada vez mais participantes e propiciando o surgimento de novos talentos. Trata-se de uma iniciativa única, onde seu idealizador arca com todos os custos e empenha seus melhores esforços no trabalho de divulgação e edição da obra, com vistas a construir um espaço que não usa para si, mas em benefício de outros artesãos da palavra. Inquestionável é a importância deste Prêmio Literário. Além de estimular a força da poesia num mundo que se torna cada vez mais carente dela, é também uma proposta de caráter sócio-econômico e educativo, uma vez que oferece a autores com pouca ou nenhuma condição de publicar seus trabalhos a oportunidade de saírem do anonimato, de seus casulos literários, que é o caso de boa parte do elenco de poetas que habitam estas páginas. Valdeck é um pioneiro e um sonhador, um empreendedor das letras, que, ao contrário do que hoje acontece no mercado editorial, não visa auferir lucros com elas, mas permitir sua expansão pelo verbo de outros autores. Aos participantes já consagrados, louvamos a honra de sua participação, unindo-se aos estreantes para o enriquecimento desta obra, com suas poesias e esperanças de um Brasil melhor. Esta é e sempre foi a proposta de Valdeck Almeida de Jesus, um amante das letras que tem como meta principal democratizá-las, valorizando o potencial de diferentes autores. Por sua vez, os novos talentos que, ao lado de talentos mais experientes e já revelados, derramam aqui o

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melhor de sua criatividade, fazem jus à oportunidade que lhes é oferecida pelo Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus. É o sonho legitimado (e editado). Apesar de os poemas aqui selecionados traduzirem, expressarem, gritarem e refletirem as mais diversas realidades, sentimentos e memórias, existe entre eles uma essência em comum: a verdade da alma humana e a necessidade de expressar-se ao mundo. É nisso que o criador deste Prêmio aposta: na expressão das verdades, no resgate da poesia, na criação desinteressada de mais e mais oportunidades a quem faz por merecê-las. O resultado do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, materializado neste livro, só vem comprovar que todos os esforços valeram a pena. Valeu a pena acreditar no sonho, valeu a pena correr atrás, valeu a pena abrir as portas, investir em cada integrante desta festa poética. Assim como Valdeck, cada um destes autores, com seu modo peculiar de discursar a vida, também luta, usando o verbo como arma e o verso como bandeira, por um futuro mais feliz e mais pleno de poesia. A literatura brasileira agradece. Vagner Paixão Relações Públicas Contato: [email protected]

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Tessitura Noturna (Andréi Pacheco) Um latido apenas não protege a rua, é preciso sempre que os cães o apanhem e o lancem a outros cães e a outros latidos, tal que, somados todos (latidos e cães), na noite formem (no arcabouço da matilha) uma redoma protetora em torno da rua. Andréi Pacheco nasceu em Juazeiro/BA e viveu a primeira infância em Coroatá/MA. Dos 7 aos 27 anos morou em Marabá/PA; hoje reside em Belém/PA. Estudou Eletricidade no SENAI-Marabá, fez Magistério na Escola Estadual Dr. Gaspar Vianna, cursou Licenciatura em Letras na UFPA-Marabá e Mestrado em Literatura na UFPA-Belém. É professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará.

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Sentidos (Adilson Roberto Gonçalves) Múltiplos reflexos da paixão, arco-íris de luzes inspiradoras, sons harmônicos e puros... Tudo o que sai de ti me fascina. Sabores e gostos refinados, cheiro perfumado no olhar, e das entranhas o mais doce beijo... Ah, como é bom amar! Pulsações fortes e ritmadas, suores finos porém discretos, Fragrância de lavanda ao respirar... Deixa-me segurar tua mão macia? Os sentidos à flor dos corpos alertam para a alegria e o prazer, Envolventes, quentes... Brilhamos juntos. Adilson Roberto Gonçalves é Químico por formação, professor universitário; utiliza o tempo livre para escrever. Participou de várias antologias em prosa e verso e ganhou concursos de Cartas de Amor promovidos em Lorena-SP. É acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba.

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Palavras (Albérico Manoel dos Santos) Palavras são notas que resistem ao tempo, Expressões que incidem sobre nós; Palavras são dizeres ao vento, A entoar seu sentido; Palavras são desenhos da grafia, Que, articulados entre si, Vão ganhando vida, Movimento e beleza; Palavras, sejam rebuscadas, Sejam simples Ou sejam ousadas, Serão para sempre palavras; Por vezes, infundadas, Por vezes, contidas, Por vezes, declaradas. Como viver sem elas??? Vida não poderia haver. São o elo entre a vida e a morte, Entre amar e sofrer; E falam por mim, Por todo meu ser!!! Albérico Manoel dos Santos nasceu no bairro de Castelo Branco em Salvador, no dia 4 de setembro de 1977. Desde os 15 anos escrevia poemas, embora não levasse muito a sério este dom. Muita coisa perdeu-se no tempo, mas, com o amadurecimento de seus escritos, o poeta empenhou-se em organizá-los. Em 2005, ingressou na Faculdade da Cidade do Salvador, onde cursa Jornalismo. Seu trabalho aborda a poesia como a mais pura manifestação da alma, que traduz em palavras toda sensibilidade e vivência.

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Excremento (Alexandre dos Santos Amaral) Pútrido e fedorento em ti me alimento como um cão danado Teu cheiro vil e enfastiado me atrai ao acaso Um dia serei parte tua tão fiel como a música de uma funesta partitura Podridão, agora bato asas e me convenço que um dia serei como tu excremento Alexandre dos Santos Amaral tem 33 anos, é carioca, diretor de Arte, fotógrafo, além de poeta nas horas vagas, e nas não vagas também. Na sua visão, palavras são como o vento. Vêm e vão, sem pedir licença. Quando consegue capturá-las, prende-as no papel.

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Acrópole (Alexandre Luiz Frechette Barone) Chega o tempo Em que tudo o que é errado Disfarça-se de certo, E todo o certo Cobre-se de errado ... E eu, vestido de realidade Nessa festa à fantasia. Alexandre Luiz Frechette Barone é formado em Artes Plásticas, mas sempre teve interesse por Literatura. Já publicou quatro livros independentes de poesia, prosa e romance. Participou de algumas coletâneas e prêmios literários, dentre eles o IV Concurso Municipal do Conto da cidade de Niterói/RJ, onde reside, e o Concurso da Associação Niteroiense de Escritores.

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Colcha de retalhos (Aliene Coutinho) Coloridos, pretos, brancos... Você, eu e tantos outros Pedaços de mim, Pedaços de gente Alinhavados à mão, Um a um... Tecidos diferentes Entrelaçados Pelo tempo Que soma dias, meses, anos, Que transforma estranhos em amigos E amigos em irmãos. Colcha de retalhos De risos, De choros, De desencontros De encontros, De amores. Colcha de retalhos Que estiro em minha cama, Onde passo noites insones Buscando, de olhos bem abertos, saber Em qual dessas partes me encontrei E me perdi. Aliene Coutinho tem 41 anos, é jornalista. Com experiência de 20 anos em televisão, é também professora de Telejornalismo. Nasceu em João Pessoa/PB, mas mora em Brasília há 23 anos. Aos 12 anos, começou a escrever poemas, alguns dos quais já publicados em jornais, revistas brasilienses e sites como o www.comunique-se.com.br, onde participa semanalmente da coluna Literário. Unindo a paixão pelas imagens e pelas letras, faz, ainda, roteiros de curtas-metragens e documentários, inclusive institucionais.

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Amor-paixão (Aline Vitória Melo de Sousa) Quando há amor é quando tudo possui uma graça extraordinária. Vive-se esplendidamente. Deus faz cair do cosmos uma gota de ternura e a vida se torna sublime como um quadro de Monet. A saudade é um mar interminável, onde navegam corações apertados que alçam vôo e descobrem a liberdade ao encontro dos amantes. Todas as coisas são ricas e todas as saudades imensas. Todo olhar tem significado e todo toque, nenhum, Pois que o toque é a concretização do sentir.

Aline Vitória é uma autora jovem, detalhista e surpreendente. Quem já leu alguns dos seus contos afirma que sua característica mais forte é a capacidade de surpreender o leitor e prendê-lo, do início ao fim da narrativa. “Grande promessa”; “Nunca sei o que vai acontecer no final dos seus contos” – é o que costumam dizer alguns escritores baianos. Já houve quem a comparasse a Luís Fernando Veríssimo, e não à toa. Fiel leitora de Veríssimo, Aline Vitória tem contos em que o toque de humor é visivelmente influenciado pelo autor.

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Poetizar (Alírio Araújo de Oliveira) Poetizar é tingir o óbvio em brancas folhas de desejos, é cingir em pedra a ternura de momentos e lampejos Reduto de febril sentimento, palavras em sonhos retidas, na boca um gosto doce de vida que se alça no espaço, ao vento É o livre cantar dos pássaros em florestas de cimento sobrevivendo ao insensível É o primo canto, um lamento um profundo corte na alma a quase abstração do visível Alírio de Oliveira é soteropolitano, bacharel em Direito e Analista de Sistemas e de O&M pela UFBA, contista, argumentista e roteirista de H&Q, ensaísta e compositor de MPB. Está desenvolvendo roteiro da primeira H&Q de sua autoria, genuinamente afro-brasileira e baiana, tendo como desenhista o professor cearense Lederly Mendonça. Site: www.feijoadabaiana.blog.br

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Castigo (Andréia Moraes de Rezende) você quando chega e me abraça parece tirar toda a graça da força do mal ou do bem então o meu corpo se engraça e a você ele pensa que enlaça para que meus dedos macios escorram por seu vestido e deleitem-se em seus tecidos partindo do ombro nu e os nossos rostos colados num tímido abraço de amigo - o que pra mim é castigo – nunca se denunciam Andréia Moraes de Rezende é um poeta eclético. Participante das seguintes antologias de prosa e poesia: Amor Sem Fronteiras, Viver é Melhor que Sonhar (2006) e Campo Grande em Poemas (2007). Obteve o primeiro Lugar no XI Concurso Nacional de Poesia Francisco Igreja (APPERJ). É idealizador e coordenador do movimento cultural POVEB (Poesia, Você Está na Barra), movimento detentor do Prêmio ALAP Cultura 2007.

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Extremos (Amélia Marcionila Raposo da Luz) Não pude banhar-me nas águas do rio Não pude, criança, correr em corrupio Não pude andar de bicicleta Nem dançar o carnaval mascarada de alegria. Não pude subir nas copas das árvores Não pude correr livre pelos campos verdes Não pude trilhar o caminho da esperança... Não escalei montanhas de paz Não naveguei, à deriva, mar afora Nem cantei em soprano o Hino da Liberdade! Algemada, não voei como os pássaros nas montanhas Nem dedilhei Chopin no teclado do piano... Mas, com o barro fresco entre os dedos, Gerei a vida e chorei solitária no Monte das Oliveiras! Tangi o infinito, e as palavras pousaram no papel virgem Como pousam as lágrimas nos olhos do poeta! Amélia Marcionila Raposo da Luz escreve poemas, crônicas e contos. Foi premiada em todas as categorias, no Brasil e no exterior. É formada em Pedagogia, Administração Escolar e Magistério, Orientação Educacional, Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa; pós-graduada em Planejamento Educacional e Psicopedagogia na Escola. Publicou o livro Pousos e Decolagens (poesia) e participou de centenas de antologias.

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Quando eu morrer (Ana Aparecida Ottoni) Quando eu morrer, quero que meu espírito, Livre das dores e liberto das amarras do corpo, Siga com alegria ao encontro dos amigos, Dos mestres, dos anjos e guias. Quando eu morrer, quero que meus olhos sãos Doem luz aos olhos de quem vive nas trevas... Quero que meu coração continue a bater forte no peito De outro ser, dando-lhe vida, alegria, força e emoção. Quando eu morrer, quero que meu fígado e rins sadios Possam salvar a vida do doente e aflito... Quando eu morrer, quero que pessoas se alegrem Pela chance de poder continuar vivendo. Ana Aparecida Ottoni é funcionária pública aposentada, natural de São Paulo, nascida em 21 de outubro de 1951, filha dos mineiros Belizário Ottoni Leão e Ricardina Fernandes Leão, ambos naturais de Conceição do Mato Dentro/MG. Reside em Brasília desde 1988.