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1 Antologia Poética Vol. II Valdeck Almeida de Jesus

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Livro com poemas dos autores selecionados no "Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006".

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ANTOLOGIA POÉTICA VOL. II

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Antologia Poética

Vol. IIValdeck Almeida de Jesus

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ANTOLOGIA POÉTICA VOL. II

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ANTOLOGIA POÉTICA VOLUME II

ORGANIZAÇÃO:Valdeck Almeida de Jesus

[email protected]

CORREÇÃO:Valdeck Almeida de Jesus

[email protected]

DIAGRAMAÇÂO E PRODUÇÃO GRÁFICA:Déborah Dourado Pires

([email protected])

CAPA:Fabiano Novaes

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ANTOLOGIA POÉTICA VOL. II

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PREFÁCIOAninha (*)

Esta Antologia Poética retrata toda a riqueza de um encontro literário entre poetasanônimos, em sua maioria, que o escritor baiano Valdeck Almeida de Jesus ,impulsionado pela sensibilidade e intuição, dispôs-se a reunir e promover, como objetivo de revelar novos talentos. Nenhuma taxa foi cobrada de seusconterrâneos pela edição desta obra; quanto aos participantes dos demaisestados, ou países, foi-lhes solicitada apenas uma pequena contribuição. Otrabalho aqui retratado, além de pioneiro, reveste-se, sobretudo, de especialimportância sócio-econômica e educativa, ao incentivar seus participantes,oriundos de vários estados e países, a saírem do anonimato (como é o caso damaioria), tornando-se conhecidos e reconhecidos por aquilo que são e queescrevem. A grande meta deste projeto, no entanto, não é apenas a de darmaior publicidade a novos poetas. Esta obra é um produto gerado a partir davisão de um escritor que traz na alma a esperança de um Brasil melhor eprocura contribuir com isso, fazendo a sua parte. Após criteriosa análise domaterial literário, Valdeck Almeida de Jesus acreditou e resolveu investir nopotencial de todos os que fazem parte deste livro: novos talentos que optaramtambém por seguir em frente na divulgação de seus trabalhos, agarrando-se aesta chance que, se não foi a única, certamente foi aquela que lhes chegou nomomento. Assim, esta antologia traz também em si a união de pessoas queacreditaram em um sonho e o perseguiram incansavelmente, até depararem-se com a grande oportunidade de ver, enfim, suas palavras transformando-seem peças fundamentais na composição de um livro, que mostra, em poemas,toda a verdade de um novo tempo que se descortina. Sabemos das inúmerasdificuldades que se interpõem no caminho de quem tem uma meta a seguir,mas, para Valdeck Almeida de Jesus , não há nada que possa detê-lo assimtão facilmente. Por uma única razão: ele segue a voz do coração e deixa-seconduzir pelas mãos de Deus, dando o melhor de si em cada uma de suasações. E, de certa forma, assim também podemos descrever todos aquelesque integram este livro. É por isso que ele existe!

Confira no blog: www.literaturaecritica.blogspot.com

(*) Ana Maria Faustino é assistida pela equipe-CAPS (Centro de Atenção Psicossocial),Macaíba/RN, e escreve sobre o tema Inclusão Social para a coluna de UtilidadPública da Revista Núcleo Online.

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ÍNDICE POR AUTOR

Aline Vitória Melo de Sousa ....................................... 5Ana Maria Faustino ................................................... 10Anna Maria Avelino Ayres .......................................... 14Antônio Cícero da Silva ............................................. 16Aparecida Lisboa Penido .......................................... 17Aroldo Ferreira Leão ................................................ 20Beatriz Praxedes ...................................................... 21Bruno Albuquerque Carneiro de Oliveira .................. 22Bruno Candéas ........................................................ 26Cristiane Pereira Guimarães ................................... 27Deborah Dourado Pires ........................................... 28Deise Formentin ...................................................... 29Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho ...................... 31Dulcilene Ribeiro Soares Nascimento ..................... 34Edmar José Mascarenhas Silva .............................. 35Edson da Silva .......................................................... 36Eliane Barbosa Gonçalves ....................................... 39Emerson Leandro de Jesus Silva ............................ 42Euclides da Luz ........................................................ 46Felipe Oliveira de Araújo ........................................... 48Iramar Freire Guimarães .......................................... 50Laérson Quaresma de Moraes ................................ 53Lenir P. de Andrade Rodrigues ................................. 54Luciana Oliveira ....................................................... 55Márcio Dison ........................................................... 57Maria Socorro Teixeira de Castro ............................ 58Mirian Freitas ........................................................... 60Nathália Pacheco Figalo ......................................... 61Oleg Andréev Almeida ............................................. 62Roberto Mauro Thomas .......................................... 63Sandra Lima Costa Melo ......................................... 64Silésia Luzia dos Santos ......................................... 67Tereza Neumann Ferreira de Assis ......................... 68Valdeck Almeida de Jesus ....................................... 72Valdecy Almeida de Jesus ....................................... 74Vanise Vergasta ....................................................... 75Vivaldo Almeida de Jesus ........................................ 76

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ALINE VITÓRIA MELO DE SOUSA (Aline Vitória) é natural de Salvador,Bahia, e atualmente reside em Santo Amaro/BA. O contato com o ofício deescrever vem desde a infância, ocasião em que enviou uma história para oconcurso Cadê a história?, promovido pela rede de supermercados PaesMendonça. Esta iniciativa demonstra que, desde muito cedo, já era latente oseu interesse em contar e divulgar as histórias que criava. Com o tempo,sua veia literária não parou de evoluir e o gosto pela leitura foi se aprimorando.Formada em Letras Vernáculas pela UEFS - Universidade Estadual de Feirade Santana, atua na área da Educação, lecionando Língua Portuguesa eLiteratura Brasileira no município onde reside. Implantou em sua região umprojeto de leitura de contos nas escolas da rede pública, o qual conta comtrabalhos voluntários e visa aproximar a literatura dos jovens estudantes domunicípio.

A CRIAÇÃO IV

O que foi criadojá foi e pronto!Não serve maispara o poeta.Foi algo absolutamentenecessário,mas só por alguns instantes.Depois de “parido”,está morto eimortalizado.

BREVE CONSUMO

Eu, tão facilmente cheia de tédio,nem sei como, me dei a ti.E, conforme tu sentiste tudo,senti tudo e sinto tudo.E de uma forma bonita e singela,essa forma que não nos coube.Dessa forma bela, de mãos dadas,não nos demos.

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Dessa mesma forma, nos afastamos;dessa forma ficamos, findamos.Tão efêmero e célere, mas intenso.Foste tudoem pouco tempo.Foste o primeiro e o últimopensamento do dia.Foste herói, foste bandido, foste gentile foste cruel.Foste doce e foste duro, foste amávele foste indiferente,Foste tu.Trouxe-me a vida e a morte,o gozo e a dor.Todos os gozos e todas as doresque eu quis sentir.Penetraste em mim por todas as vias,no corpo e na alma.Despertaste em mim desejos latentes...Fui consumida num breve momentopor um sentimento singularque me entonteciaque me embriagavae que às vezes ainda insiste...Deixo-me consumir.E essa madrugada que virou rameira minhavem toda noite e se instala em minha cama,leva meu sono, traz tua imageme, com ela, a insônia...não nos demos.Dessa mesma forma, nos afastamos;dessa forma ficamos, findamos.Tão efêmero e célere, mas intenso.Foste tudoem pouco tempo.Foste o primeiro e o últimopensamento do dia.Foste herói, foste bandido, foste gentil

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e foste cruel.Foste doce e foste duro, foste amávele foste indiferente,foste tu.Trouxe-me a vida e a morte,o gozo e a dor.Todos os gozos e todas as doresque eu quis sentir.Penetraste em mim por todas as vias,no corpo e na alma.Despertaste em mim desejos latentes...Fui consumida num breve momentopor um sentimento singularque me entonteciaque me embriagavae que às vezes ainda insiste...Deixo-me consumir.E essa madrugada que virou rameira minhavem toda noite e se instala em minha cama,leva meu sono, traz tua imageme, com ela, a insônia...

IDENTIDADE

Vira-te, move-te,volta-se e revolta-se,revolve-se.Muda-te, transforma-tecontinuas assim.E assim serás,um dia, a sombra,apenas a lembrançado que um dia foste.

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SONHO DE POETA

Ter um intelecto superior,viver em outro plano,não fazer parte,da classe dos reles mortais.Não ser semideus,ser o próprio!

A CRIAÇÃO III

O poeta se expõe.Despe-se despudoradamentecomo se despe uma prostituta.Arreganha e revela a almacomo uma rosa que desabrocha.Nu e sem pejo fica,com isso não se importa.A criação é maior que tudo.Maior que os olhares alheios,maior que as idéias alheias,maior atéque ele mesmo.

A DANÇA DOS AMANTES

É uma luta, uma dança,uma briga de criança.Um jogo, um enlevo,um riso e um choro.Um mergulho gostosoem gostosa água.Uma virada bruscacom reflexo perfeito.Uma corrida sem prêmio.Uma ginástica vã.

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Que finda num cansaçode corpos quase mortos,enlanguescidos de gozoe com saliva fresca à borda dos lábios.

CONHECE-TE AO OUTRO

Na singular e peculiar linguagem dos amantes,como saber algo se o que se ouve são sons involuntários,palavras cortadas,gemidos e sussurros?

O DESENTENDER

Minha lingüística sente o gosto amargo de teus vocábulos.Roço devagar a ponta da língua na tua fala oblíqua.Desesperadamente busco a compreensãodos sons que proferes.Perco a noção da dicotomia saussureana:significante/significado.É demasiado cruel compreender.Escarlatemente converto-me em ignorânciae passo a desconhecer o meu vernáculo.

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ANA MARIA FAUSTINO , ou Aninha, como é carinhosamente mais conhecida,tem um sorriso discreto, às vezes tímido, e o brilho no olhar de quem desafiaos próprios limites. Atualmente, mora na cidade de Macaíba, Rio Grande doNorte. É assistida pela equipe CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e escrevesobre o tema Inclusão Social na coluna de Utilidade Pública da Revista NúcleoOnline. Gosta de experimentar o novo e redescobrir os encantos da vida coma pureza de uma criança feliz. Aninha é apaixonada por animais (gatos, emespecial). Adora escrever, e deixa transparecer nas palavras toda a suasimplicidade e emoção. Não se permite abater quando enfrenta preconceitosdiversos e se sente discriminada por ser especial e portadora de esquizofrenia.Afinal, ela acredita que, assim como qualquer ser humano, tem o seu própriovalor, e que vale a pena lutar contra todas as adversidades, para se sobressaire garantir, a cada dia, seu lugar ao sol.

UM SER ESPECIAL

Sou um ser especial,E, por ser como sou,Muitas verdades se confundem dentro de mim.Muitos me acham estranha, diferente,E me olham como se não me vissem.Outros me aceitam,Mas, nem por um segundo,Acreditam que eu seja realmente um ser capaz.Mas... Para minha alegria,Há aqueles que apostam na minha capacidade,E entre sorrisos me falam:“Vá em frente!”, “Eu confio em você!”, “Conte semprecomigo!”,Essas coisas que enchem nosso coração de paz!E assim vou caminhando...Na certeza de que EU EXISTO e,Por existir,também tenho um valorNão importa se sou DIFERENTE...Se sou... UM SER ESPECIAL!Afinal, a única anormalidadeÉ a incapacidade de Amar!

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O SONHO

O Sonho existe porque alguém acreditouE com muita vontade o buscou,Sem se importar muito com o tempo,Apenas trazendo no coração o alentoDe quem quer de verdade viver,E com isso aprenderQue o sonho faz parte da vida.Mesmo que às vezes algum de nós duvide,Vamos procurando nos fortalecerPara as batalhas vencer.Porque lutar é preciso,Mesmo que nem sempre se encontre abrigo.Para dividir o medo e a insegurançaO importante é caminhar com esperança,Sabendo que nem sempre é fácil acreditar,Mas que ainda assim vale a pena sonhar,Pois tudo é possível quando se crê,Não importa o que depois venha a acontecer,O mais importante de tudo é saber ser feliz,E não sou só eu quem lhe diz.A vida sem lutas e sem sonhos é nada,Por isso não se deixe perder na estrada,Não troque sua fé pela incerteza,Pois é nela que está toda a beleza.E nunca desista do seu sonho buscarPorque, com certeza, haverá de encontrá-lo! EU SÓ QUERIA

Eu só queria poder ir além da minha imaginação...Eu só queria saber expressar o que sinto aqui dentro domeu coraçãoEu só queria não chorarEu só queria ainda acreditarEu só queria não sofrerEu só queria entender

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Amor de verdade transforma o nosso diaAmor de verdade quer sempre o melhor a toda horaAmor de verdade nunca vai emboraAmor de verdade é poder olhar o céu brilhanteAmor de verdade é ter o coração giganteAmor de verdade deixa a gente contenteAmor de verdade torna a vida transparenteAmor de verdade faz a gente acreditarE Amar, Amar, Amar...Tão somente Amar!Amar a qualquer pessoaApenas por ser um AMOR DE VERDADE!

AMAR

AMAR é olhar para si mesmo e dizer: EU QUERO...É viver intensamenteÉ sonhar com uma gota desse sonhoÉ estar presente mesmo na ausênciaAMAR é ter em quem pensarÉ razão que ninguém teria para nos tirarÉ pensar no outro tão alto a ponto de ele escutarAMAR é ir até a morte...É acordar para a realidade do sonhoÉ vencer através do silêncioÉ ser feliz com pouco, mesmo quando muito não é obastante...AMAR é dar anistia ao coraçãoÉ sonhar o sonho de quem sonha com vocêÉ sentir saudadesÉ chegar perto na distânciaAmar é ser adulto e se sentir criançaÉ viver a vida em versos e ao inversoAMAR é a maior experiência na vida de cada umFaz com que a gente se sinta única, especialAMAR é curtir uma Amizade legalÉ poder acreditar que um Amigo é o maior tesouro que se temE que por isso somos privilegiados e felizes,

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Mesmo que haja entre nós alguns indesejáveis quilômetros.A certeza de termos um Amigo com quem contarNas horas mais incertas é divino.E sempre sabemos para onde estamos indo...Ao encontro do coração amigoQue nos estende a mão e nos dá abrigo.AMAR é saber que Deus está no comando de tudo...Mas, acima de tudo, AMAR é crer no AMOR!

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ANNA MARIA AVELINO AYRES é mineira, nascida na cidade deCampanha/MG. Licenciada em Letras pela Faculdade de Educação – UFMG.Exerceu o magistério durante 33 anos. Escreve poemas desde o final daadolescência, mas passou a publicá-los apenas recentemente.

CANÇÃO PARA UM AMIGO

Não feneça assimnão morra enfim.

Olha a luz bem alialém do vale, aí.

Há um lago no vale azulnão distante, mais ao sul.

O choro da casuarina,tange-a o vento em surdina.

Seixos brincam na fina areiaquando a água trêmula ondeia.

Vem, vem comigomolha os pés no lago amigo.

Um simples raio rompe o ramoacorda do sono o gaturamo.

E tudo silenciapara ouvir da ave a melodia.

E tu dirás que o raio te renovae que tua alma agora está nova.Eu te direi, querido amigo:volta sempre, estarei contigo.

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UM PERFEITO MODELO

No café da praça, na mesma mesa,O solitário moço – uma pintura –Suave o rosto, a face uma brancuraCausa-me esta imagem certa surpresa.

Com volúpia traga sua brasa acesa.É personagem de antiga brochuraDas folhas saída a bela figura?Até lhe noto fidalga nobreza.

A marcha detenho, a fim de vê-loMelhor em seu poético cismarPor que, oh Senhor, tamanho desvelo?

E a quem não conheço fui assim notar?Bem sei: será o perfeito modeloQue com tinta e paleta hei de pintar!

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ANTÔNIO CÍCERO DA SILVA nasceu na cidade de São José do Belmonte/PE, em 02/12/1962, e reside atualmente em Carapicuíba/SP. É diretor deempresas. Já publicou textos em jornais e revistas de São Paulo e Rio deJaneiro. Livros publicados: “Servir e Proteger com Lealdade” (romancepolicial - Ed. Komedi) e “Nós Somos Poesia” (poesias - Câmara Brasileirade Jovens Escritores), entre outros...

VOCÊ É LEGAL

Você é excelenteE nunca displicenteÉ muito comoventeMinha estrela cadente. Você é muito lindaPara mim é bem-vindaGosto-te mais aindaMuito mais ainda. Você é minha amadaPerfeita e educadaMinha aclamadaE idolatrada. Você é tão legalA mulher idealNa minha vida, a principal. Você é valorosaE realmente formosaÉ também respeitosa.

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APARECIDA LISBOA PENIDO , ou simplesmente Cida Lisboa, como gostade ser chamada. É mineira e mora na Bahia há dez anos. Escreve poesiasdesde adolescente, quando ganhou um concurso da revista Contigo; desdeentão, nunca mais parou de escrever. Hoje, além de poesias, faz tambémletras de músicas. Como compositora, já ganhou o troféu de melhor MPBdo sul da Bahia. Tem paixão por poesias e músicas e dificilmente passa umdia sem escrever.

ACASO

Entre quatro paredes tenho um segredoQue desaba por medo, bem na hora de dormir.Ajeito o lençol, aperto o meu travesseiro,Que exala o seu cheiro de quando esteve aqui.

No que devo acreditar?Na poeira do seu rastro,Na trilha dos seus passosOu no acaso do amanhã?

Vou lá fora ver o tempo passar,Não tenho nada a fazer a não ser ter saudade!Sinto a hora e o tempo perdidoE sem nada a fazer a não ser esperar...

Vou lá fora ver o tempo passarNão tenho nada a fazer a não ser...Sinto a hora e o tempo perdidoE o que vou fazer? Acaso é um caso mal resolvido.

É assim...Não sou sua metadeMas quando tenho saudadeSinto você, em toda parte de mim...

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ENXURRADA

Corre mamãe, a chuva já começou,Pega o balde, aqui tem goteira!Corre mamãe, o piso inundou,A água já sobe no pé da geladeira!

Corre meu filho, vem nos meus braços.Está levando tudo, a enxurrada!Corre meu filho, o que é que eu faço?Perdemos tudo, não temos mais nada!

Olha mamãe, os meus brinquedinhos,Os meus caderninhos, a merendeira!Olha mamãe, os meus chinelinhos,Minha chupeta, minha mamadeira!...

Olha meu filho, a chuva está forte.Levou geladeira, sofá e fogão.Olha meu filho, a nossa sorte.Não nos sobrou nem o colchão!

Vamos mamãe, não chora não,Papai do Céu vai te ajudar!Vamos mamãe, a gente dorme no chão,Só até arranjar outro lugar!...

DELÍRIOS

Uma essência encobre meu corpoMeus olhos se fecham, meu coração acelera.Curvo-me diante do espelhoOuço passos, meu corpo te espera.

Teus olhos me fitamEnvolve-me em teus braços, respiro teu cheiro.Sinto tua pele, sinto vocêNo meu corpo inteiro.

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Tua boca no meu ouvidoTua respiração no meu pescoço, faço-me levada.Deixo-me toda mulher, só pra vocêEstou realizada.

Abro os olhosOlho pro espelho, você não está lá.Era só a saudade, a tanta vontadeQue me fez delirar!

PONTO POÉTICO

Se dois, sou reta; se nós, bordado.Sou linha, sou tinta, na pele sou pinta;Memória de um texto contracenado...No céu a estrela que a forma nos finta.

Posso ser fixo, forte e determinado.Marco presença, relógio... cartão.Sou grau pelo qual meço algum valor,Por acréscimo ou diminuição.

Na rosa-dos-ventos, sou cardeal.Mudo de lugar, mudo o sentido.Numa frase, sou essencial!Afirmo, interrogo, exclamo e duvido.

Tenho o poder de fazer entender.Sim?!...Sem minha presença...... é difícil escrever!

Sou limite, sou triplo, sou patético!De vista, de acumulação, de conto.Sou até poético!... E sou pontual.Quem sou?! Sou o pontoE ponto final.

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AROLDO FERREIRA LEÃO , nascido em Parnamirim/RN, em 12.10.1967,é poeta, com 62 livros publicados: 57 de poesia, 2 de roteiros para teatro, 3de literatura infantil. Formado em Engenharia Elétrica pela UFRN, possuipós-graduação em Letras pela UFRJ. Atualmente, reside no Sertão, maisprecisamente na região de Juazeiro/Petrolina.

A ALMA É A ENCARNAÇÃO DE SEUS PRÓPRIOS SEGREDOS

A alma é a encarnação de seus próprios segredos,Velha esperança trafegando, confusa,Ante a inércia do olhar desamparado eDistante, canção expandindo a verdade

Que há em todos os seres, ninguém sabe pra onde.Amanhã, ou depois de amanhã, tudoSerá como antes, arredia ficçãoDe instintos esbravejando em nossas mentes

Decadentes. Meu Deus, quanta solidãoHá em mim, coerente incoerência unindoOs pólos de minhas percepções vazias.

Alguém me diga por que os homens se destroemCom tanta intensidade e, depois, reflitaSe precisamos viver assim, morrer sem luz.

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BEATRIZ PRAXEDES (Bia) , baiana e soteropolitana com muito orgulho,meio Câncer meio Escorpião. Formada em Turismo pela Faculdade SãoSalvador, trabalha na área bioquímica e pretende concluir a faculdade dePsicologia, que diz ser seu “forte”, depois da escrita.

A saudade fala muito mais do que a própria fala,principalmente quando o tempo diz “não”, deixando-nossem chão.

A saudade dói, machuca, faz sofrer, chorar, sorrir. Eexistem coisas que nem mesmo o tempo consegueapagar.

Sempre existirá uma palavra, ou até mesmo uma frase,que nunca foi dita. Sabe qual? Aquela que o coração cala,sentida de maneira inexplicável, sem entendermos como enem por que as coisas acontecem.

Muitas vezes, o silêncio é a razão verdadeira do que a falanão dita, e o gesto é a melhor demonstração da fala.

Existem coisas que jamais falamos, escrevemos porque sóo nosso Eu é nosso confidente, nosso refúgio, nossocofrinho de segredos por toda uma vida.

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BRUNO ALBUQUERQUE CARNEIRO DE OLIVEIRA (o poeta DíAlbuquerque) nasceu no dia dez de maio do ano de 1980 em Itabuna, naBahia. Com um ano e oito meses, após a separação de seus pais, o poeta foiviver no Rio de Janeiro com a mãe e o irmão, onde teve seus primeiros contatoscom o mundo das artes, freqüentando a Oficina para Atores de Ernesto Pícoloe Rogério Blat. Foi também quando começou a fazer poesias baseadas nadesordem contemporânea. Já com vinte e quatro anos, Dí Albuquerque retornaà sua terra natal, ingressa no grupo de declamação “A Sociedade dos PoetasAnônimos” e, posteriormente, na faculdade de jornalismo. O poeta lançourecentemente seu primeiro livro independente: TRABUZANA, uma abordagempoética atual, mordaz, crítica, mas sem perder de vista a ternura da lírica aoagregar musicalidade ao caos de seus versos.

DESFIGURAÇÃO DO NÃO SER

A solidão faz preceRezo euReza vocêRezam todos... Sofre vocêChoro euPor mim,Por vocêPor todos...Todos tolos! Sombras vagam por entre vales luminososOfuscando lumes ociosos.Luzes fugidias pairamAcima das expectativasDo mais nobre dos esperançosos,Fora de alcance... Cores desintegram-se, degeneram-seArco-íris, preto, branco, cinzaCinzas...Descoloração do não ser,

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Nuance... Na medula da selva de pedraA flora só cresceQuem padeceÉ a faunaQue sofreQuando o amor feneceNo coração da alma No deserto individual de cada umHabitam sonhos desidratadosErmos povoados, repletosDe uma falsa paz alcançada sem tratadosAcordos ou pactosCidades fantasmasRetiros superlotadosJardins de cactosIntactos espinhosFamílias, amigos, vizinhos...Aos cacos A solidão faz preceRezo euReza vocêRezam todos... Sofre vocêChoro euPor mim,Por vocêPor todos...Todos tolos!

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SILÊNCIO

Silêncio!Não quero ouvir nada!Nem o tempo! Nem o vento!Nem o pranto do arrependimento!Nem o canto de minha amada!Não quero ouvir nada! Latidos, miados, grunhidos,As crianças brincando na calçada,Nem mulheres dando risada!Poupem meus ouvidos!Quero a humanidade calada,Não quero ouvir nada! Almejo apenas um pouco de paz,Só o silêncio gritando cada vez mais!E o mundo mudo, calado,Contemplando extasiadoA harmonia de suas notas musicais...

DIVÃ

A poesia é meu divã.É onde descarrego meu fardo passadoE busco a fonte do alívio de amanhã:Rimas que me enchem de graçaFazendo com que eu me refaçaE renasça a cada manhã. É ela que capina e aterraO sussurro lírico que berraNo meu Vietnã. É ela que mata e enterraQualquer demonstração externaDa minha guerra interna

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Nessa cruzada por uma filosofia sã. Na conquista da alegriaMinha arma é a poesia,Meu divã,Na luta pelo alívio de amanhã.

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BRUNO CANDÉAS é autor dos livros Poeta Nu na Alcova (2002), Filé 1,99( 2003), A Trégua dos Ditadores (2004), Férias do Gueto (2005), O osso doPoema (inédito), além de integrar diversas antologias no Brasil e no exterior.

a gente se tragase malcria entre

os lençóis aomeio-diana camadoutro

quenemqueria

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CRISTIANE PEREIRA GUIMARÃES (Giulyete Greene) é professoraprimária de Português, Inglês, Espanhol, Educação Artística e Religião nacidade de Glória do Goitá/PE. Vencedora de dois concursos literários: oconcurso Leia Comigo, Relato Real (FNLIJ), classificando-se em primeirolugar com o texto “A Verdadeira Arte de Ser feliz”, e concurso de poesias dasEdições AG, onde participou com os trabalhos Viagem à Eternidade eProfundezas. Publicou um livro infanto-juvenil pela Editora Edicon de SãoPaulo: O Sapinho Sassá.

CONTANDO AS ESTRELAS

No frio da noiteCom ventos e chuvasEu vivoPelas ruasCoberto com jornaisChorando minha vida...Com o céu estreladoOlhando a luaConto as estrelasPara esquecerMinha triste vida.

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DEBORAH DOURADO PIRES é natural de Goiânia-GO. Passou a infânciano interior e, aos sete anos, foi para Salvador. Estudou no Colégio BatistaBrasileiro, onde fez grandes amizades que perduram até hoje. Deborah ficouna dúvida sobre que carreira seguir. Foi aí que, já escrevendo poesias emseu tempo vago, descobriu uma nova e fascinante paixão: a Comunicação.Ingressou nos cursos de Jornalismo e Produção Editorial - hoje sua grandepaixão. Atua na área de criação, design e, principalmente, diagramação.

POESIA

Assim Sou Eu...Sou estrela solitária entre tantos cometas.Sou o brilho de um deles...Que não se ofusca, nem se apaga.

Sou raio de sol esquecido, outrora fogo...Hoje, um brilho esmaecido.Sou efêmera, sou sensível. Sou fraca, sou falível.Sou eterna em sonhos e dores.Sou uma palavra daquela canção esquecida.Sou a lágrima da melancolia escondida...Sou, talvez, também simples ilusão perdida.

Assim sou eu...Sou contradição, sou promessa, pois ontem vivi de paixões.Sou aquela que anseia ser amada de madrugada,Acordar aninhada.Sou segredo, sou desejo. Sou inquieta, sou discreta.Sou a rima que ainda não se achou.

Assim sou eu...Sou a onda que se quebra, mas volta com insistência,Num recomeçar incessante.Sou a espuma branca na areia que se desmancha.Num eterno beijo ofegante... Sou um coração por inteiro.

Assim sou eu...Simplesmente mulher!

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DEISE FORMENTIN trabalha na Secretaria de Educação do município deSanta Apolônia/SC há 6 anos. Concluiu o Curso de Pedagogia, adora ler e,sobretudo, escrever. Já participou de concursos de poesias e contos, temdois poemas publicados em uma antologia lançada em regime decooperativa. Continua a participar de concursos, pois seu maior sonho éver, um dia, o seu livro de poesias publicado.

MAS...!!!

Não sou perfeita... Mas... ninguém assim o é!Tenho medo... Mas... e quem não tem?Tenho sonhos...Todos têm... Ou será que não?Sofro... Mas... e quem não sofre?Tento não ser amarga,Mas... acabo sendo!Nunca quis ter inimigos,Mas... haverá sempre alguémQue não goste de mim.Procuro não errar...Mas..., na ânsia da perfeição,Cometo duas vezes mais erros.Viver é tão difícil...Mas... e quem falou que seria fácil? TE PERDI

Encontrei-te na praia...Olhei-te, você me olhou.Sorri, você também.Logo percebi: “Me Apaixonei”Corri para te abraçar, e você me envolveu em seus braços.Senti então, pela primeira vez, o gosto de seus beijos.De repente você partiuSem nenhum motivo... Sumiu!Todo o amor que por ti sentia se transformou em ódioPor teres me abandonado

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Chorei, sofriQuiseste voltar, eu não quis.E agora somos dois a sofrer, nos braços da negra solidão.Arrependi-me então, mas já era tarde demais.Quase enlouqueci...Quando descobri que realmente te perdi.

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DOMINGOS AILTON RIBEIRO DE CARVALHO é membro-fundador e 2ºvice-presidente da Academia de Letras de Jequié. É o mais jovem acadêmicoentre os atuais nomes que compõem a ALJ e também um dos nomes maisjovens do Brasil e do mundo a ingressar em uma Academia de Letras. Autordo romance O Fogo do Povo e do conto Pura, Domingos Ailton tem váriospoemas publicados em diversas coletâneas, a exemplo da de Jequié: Poesiae Prosa. Encontram-se publicados em anais de congressos científicos, noslivros de conteúdo acadêmico, vários resumos de pesquisas de sua autoria,tais como: “A Recuperação de Palavras da Língua Pataxó-hã-hã-hãe 500Após a Chegada dos Portugueses nas Terras Indígenas”, no livro Percursosda Memória – Construções do Imaginário Nacional (lançado no Brasil e naPolônia); “Tradições dos Ternos de Reis”, no livro Fragmentos de Memóriade Vitória da Conquista e Região; e “José de Sá Bittencourt”, em VultosHistóricos (Revista da Academia de Letras de Jequié). São Também de suaautoria os documentários em vídeo: “Rio das Contas: potencialidade epoluição”, “Lapa: a Fé do Sertão” e o “Trezenário de Santo Antônio”, além dapeça teatral “Agenda 21 - Que Bicho é Este?”. Em 2004, obteve o 1º lugarna categoria sênior do concurso de redação Qual a Jequié que Queremos?É jornalista e editor do jornal “O Ecológico”. Licenciado em Letras,especialista em Literatura e Ensino da Literatura pela UESB – UniversidadeEstadual do Sudoeste da Bahia e mestre em Memória Social e Documentopela da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professor da UNEB –Universidade do Estado da Bahia – Campus XXI.

PARA NICY, KELLER, DELÍCIA .

Sinto saudade do ritmo sensuale aconchegante de tua dança,do teu olhar carinhoso e de teu alto astral.Da brisa que toca o teu cabelo e balança.Do teu doce e afetuoso abraço,De cada beijo, de cada mordida,De cada desejo e de cada amasso...

Os melhores momentos da vidasão aqueles que deixam saudades,que procuram recriar realidadesna reconstituição da memória,

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no recorte marcante da história,na busca do passado no agora.

A saudade tem às vezes um ritmo rápido,que faz estremecer e acelerar o coração.Outras vezes tem um ritmo lento comoa brisa do final da tarde, os raios do solao amanhecer ou o pensamento expresso na face de uma pessoa à espera do seu amor....

DEUSA ENCANTADA

A noite é minha poesia calada.A juventude é minha luta cantada.A vida, a vida é minha piada.A natureza é minha namoradaE na natureza há uma coisa admirada:A menina.Menina de sorriso apaixonado.Menina de olhar parado.Menina-deusa entre as deusas adoradas.Deusa-encantada.

JEQUITE-FOI

Jequi-foi chão pisado pelos carros de bois que passavamcom seu chiado bonito pelo Curral dos Bois.Jequi-foi pousada de tropeiros, flagelados e boiadeiros quedo Porto-Terra saíam pelo sertão inteiro.Jequi-foi abrigo dos caboclos cotoxós e mongoiós que, sóde ouvirem falar no desbravador João Gonçalves da Costa,saíam do Sertão da Ressaca para dentro da mata.Jequi-foi terra de homens humildes: do vassoureiro quevendia suas vassouras para os mateiros, da apanhadeirade água e do raizeiro com seu remédio caseiro. Gente quesoube enfrentar a seca e a enchente como quem aprende acantar.

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Jequié Cidade Sol que vive sempre a brilhar parece queseus raios querem dizer que teu povo precisa se libertar.Jequié menino de pés no chão.Jequié Rio das Contas cheio de poluição.Jequié terra esquecida.Jequié povo sem vida.Jequié gente que sabe o que quer: terra, educação,comida e café.Jequi-será quando o povo se organizar.Jequi-será quando teus poetas e teus artistas seorganizarem e começarem a falar do teu povo folclórico, doteu histórico e lutar pela cultura popular.Jequi-será quando o estudante se organizar e lutar para oensino melhorar.Jequi-será quando a mulher se organizar e começar alavar a sujeira e a exploração que hão de se acabar.Jequi-será quando o pescador se organizar e em seu jequipeixe bom pegar.Jequi-será quando o sertanejo se organizar e começar acontar a história do povo jequieense: que tudo vence.Nesse dia, um novo sol vai brilhar e o povo de Jequié vaisair pelas ruas a cantar.E a liberdade vai chegar.E o povo de Jequié vai ensinar que sempre é preciso lutar!

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DULCILENE RIBEIRO SOARES NASCIMENTO , ou Dulce, como prefereser chamada, nasceu em Camacã/BA, no dia 06.05.1970. Aos dois anos deidade muda-se, com os pais e a irmã, para Gandu, onde atualmente residee tem os pés e o coração fincados. Passou um período de seis anos emAlagoinhas, onde cursou História pela Faculdade de Formação deProfessores de Alagoinhas (FFPA), atual Campus II Universidade do Estadoda Bahia (UNEB). Especialista em Metodologia do Ensino e Pesquisa, comextensão em Educação, faz Mestrado em Ciência Política, Cidadania eGovernação. É também funcionária pública estadual, professora universitáriae não esconde de ninguém o prazer de trabalhar com a educação. Comalma de quem nasceu poeta, Dulce retrata em seus poemas desde osmistérios da puberdade até a maturidade da mulher que chega aos 35 anoscom certezas, convicções, mas, acima de tudo, muita esperança. O amorpela família, pelos amigos e especialmente pelo avô, o caboclo Damião,estão explícitos em cada verso de seu trabalho, tecido a partido de seus 13anos, quando era ainda menina. Com o lançamento de Dupla Face (2003) eEsqueçam as Bonecas! A Menina Morreu... (2004), além da participaçãona Antologia Presente de Natal em Prosa e Verso, lançado pela REBRA(2004), Dulce despe para o mundo a sua paixão pela poesia, fazendo delasua meta, seu sonho e - no seu próprio modo de conceber o mundo -efemeridade, paciência, esperança e fé.

Amizade e amorNo meu corpo se misturamOra amo e amigoSomos umOra amigo e amoEscapuloDo contatoDo afagoDo medoDe ser felizQue é humanoE só o amigoQue amoMe revelaO que o meu euNunca me diz.

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EDMAR JOSÉ MASCARENHAS DA SILVA é natural de Várzea da Roça/BA, ondedeclamava poesias de vários autores. Escreve desde criança, mas nuncagostou de ler ou divulgar os seus próprios trabalhos, como todo poeta nato.Na luta pela sobrevivência, teve várias profissões, de balconista acabeleireiro, de garçom a marmiteiro. Atualmente mora em Swindon, regiãometropolitana de Londres, onde cursa Inglês e História.

JUVENTUDE

Uma geração vivendo grande emoçãoentre drogas e prostituição.Não usando violência,tendo muita inocência,uma linda adolescência,dando amor sem decadênciaem sua sobrevivência.Flores no amanhecer, louvandosem padecer,hoje quero te dizerrosa é o meu viver.Igreja, religião,drogas, prostituição,violência não.Aproveitando a missão,amor, morte, vida, razão:juventude é como floresnaquela estação,desabrocha o coraçãopara a realidadeda nação!

*17.12.2004Bar Boca de Forno, Calçada – Salvador/BA

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EDSON DA SILVA é soteropolitano, mas aos cinco anos vai morar no interiorda Bahia, Itabuna, onde morou até os catorze anos. De volta à sua cidadenatal, começa a traçar seus primeiros versos sem compromisso. Só aostrinta e cinco anos resolve seguir a sua vocação, levando na bagagem todaa experiência de seus trabalhos sociais como Agente de Saúde e AgenteComunitário de Saúde e aliando-se a outras entidades como o CEPA,presidida pelo Professor Germano Machado. E hoje, com o Movimento Poetana Praça, trabalho realizado juntamente com o poeta Pedro Cezar, vive aexperiência de lançar o seu primeiro livro.

AMOR

Retrato reversoInverdade perfeitaIlusão sugestivaInsanidade adquirida

Docilidade majestosaIncivilidade afloradaDesordem de pensamentoDesamor

Doar sem restriçãoViver sem sentidoSucumbir à dor

Perdoar o imperdoávelMatar,Morrer.

ASAS DO VENTO

Asas ao ventoPlaina no arIncógnita ao longe

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Trafega nos céusÉs condor, quem sabe andorinhaA que lugar se aninha

Nos Alpes telhados da catedralNum bater de asasCorta as nuvens do céu

Relâmpago incitanteDominadores do ar

BAHIA

Bahia terra sublimeBerço da nossa geraçãoÉtnica na sua pluralidadeSeus templos, suas igrejas,Seus terreiros de candombléSuas religiões

Bahia de todos os santosTodos os gênerosTodas as raçasTodos os encantosTerra do axé

Português é sua vozNagô óxido gritoDos descendentesDa nação zumbiO toque dos atabaquesClama o seu cantoO canto dos afoxés

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ÁGUA DE CHUVA

Água que cai da bicaChuá, chuá, chuáE bate no chão sem pararEu gosto de ouvir o seu somQuando estou na cama a deitarParece canção de ninar

Nesta noite sei que tereiBelos sonhos debaixo do

Lençol a me esquentarE ao amanhecer sei queVerei um belo sol a despertar

Cai chuva, cai sem pararNem que seja até eu dormirFaz os meus sonhos se embalar

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ELIANA BARBOSA GONÇALVES , nascida em Mata de São João/BA em26.01.1962, reside em Salvador desde 1979. Gosta de ler, escrever, comporletras de músicas, escrever poemas, mas não tem nenhum texto ou músicapublicados.

TRIBUTO A JORGE AMADO

Se ele não contasse históriasNem sei com seriaTalvez fôssemos todos baianosSem conhecer bem a BahiaEle já nos falou do cacauDos cabarés e do jogoFalou de uma morena faceiraQue com seu cheiro de cravo e canela Fazia Nacib arder em fogo Falou dos encantos da terraE de uma bela chamada TerezaMuito cansada de guerraFalou dos mistérios do marDa vida dos pescadoresFalou de uma rara FlorQue tinha seus dois amoresFalou dos coronéis, do agresteDos orixás, do candombléEsse anjo criador, gênio iluminadoTodos sabemos quem éEle fala da Bahia com amorE por ela é amadoAmado Jorge, Jorge amado.

FORRÓ PRA INGLÊS VER

Do you love me, minha nega?Yes, I do.Do you love me mesmo? Yes, meu nego, I do.

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Então vamos pro forróQue eu também love you. Vamos dançar gostoso até o dia amanhecer.Vamos fazer bonito que é forró pra inglês ver.Vamos mostrar pra essa genteQue “rock” aqui é nome de “home”,Que é bem agarradinho no salão que o couro come. Aqui não tem Michael JacksonNem essa tal de Madonna.Tem é muito arrasta pé,Muita zabumba e sanfonaNada de uísque “on the rocks”Que o Roque não bebe isso, não.Aqui se bebe é batidaMuito licor e quentão E esse negócio de “bacon”Nem quero ouvir falar.Aqui tem é canjicaE muito milho pra assar.Se eles “disser” que tá ruim,Perder tempo nós não “vai”Nós dois “embola” a língua,Abana a mão e diz “good bye”.

VIAGEM

Quando o dia nascerE o sol iluminar o teu corpoQuero sentir o gostoDa tua pele suada;Quero beber do teu néctarMe alimentar do teu ser;Quero uma viagem sem volta,Fazer morada em você.

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E quando o sol se esconderDando lugar à deusa Lua,Quero contar nas estrelasAs vezes que fui tua;Quero invadir teus segredosE devassar tua alma;

Buscar dentro de tiA paz que sempre me acalma. Mas não permita que eu me percaNessa viagem insensataPois o vinho que dá prazerTambém vicia e mata.

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EMERSON LEANDRO DE JESUS SILVA nasceu na região metropolitanade Salvador, na cidade de Camaçari/Ba. Teve uma infância permeada deacontecimentos comuns, típicos de uma infância normal: empinou pipa,brincou de gude e jogou futebol. Filho de Manoel messias Leão Silva e MariaCecília de Jesus Silva, e o mais novo de seus quatro irmãos, foi criado porsua mãe, a quem deve a base da formação do seu caráter e conduta ética.Uma forte característica que adquiriu desde a sua infância foi a capacidadequase mágica de formular “por quês”. E coube exatamente à sua mãe apaciência quase divina de responder a todos eles. No ensino fundamental,cursado todo ele em escola pública, nunca teve, ao contrário do que sepossa pensar, um desempenho fantástico. Apenas manteve-se próximo dasdisciplinas de ciências humanas, e foi justamente neste período, quandoteve acesso ao ensino médio, que lhe foram abertas as portas para oscaminhos da leitura. Nas escolas Cidade de Camaçari, Luiz EduardoMagalhães e José de Freitas Mascarenhas engajou-se seriamente nasatividades dos grêmios estudantis, participou de movimentos sociais dediversos segmentos e esteve presente em ONGs. Na seqüência lógicaproporcionada por essas experiências, adquiriu consciência crítica, e tornou-se inevitável expressar seu modo de ver a vida. E o modo escolhido para talexpressão foi a escrita. Só então, aos 15 anos, iniciou sua jornada na criaçãode textos poéticos, passando à criação de contos e publicando artigos emrevistas culturais eletrônicas, como o Caeba, além de elaborar esquetesteatrais. Desta fase de alta produtividade nasceram trabalhos como O Legado(romance policial), Um Retirante na Cidade (crítica social) e Expoemas(poemas). Atualmente trabalha no funcionalismo público, na Biblioteca JorgeAmado, ligada à Secretaria de Cultura do município de Camaçari.

QUESTÕES

A beleza de sorrir, mesmo diante de imensuráveisproblemas, é loucura ou força?A dor, é somente um silêncio corrosivo ou mudainspiração?O futuro, é somente uma estrada tortuosa e desconhecidaou o resultado das escolhas feitas hoje?Amar, é uma busca insana de muitos ou privilégio dantescode poucos?Viver, ainda que meio morto,Cantar, ainda que meio mudo,

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Sorrir, ainda que meio bobo,Ouvir, ainda que meio surdo.Olhar, ainda que meio cego,Sentir, ainda que meio gélido,Lecionar, ainda que meio leigo,Chorar, ainda que meio lépido.Amar, ainda que meio indecoroso,Sonhar, com o longínquo aqui perto,Rimar, com sorriso insidioso,Temer, ainda que meio certo.

JUSTIFICATIVAS

As guerras se justificam porque se somam ao poder,Os erros se justificam porque trazem aprendizado,A dor se justifica porque ensina a viver,O amor se justifica de acordo com o que é amado.

O caos se justifica porque traz o progresso,O sorriso se justifica porque nos mostra alegria,O futuro se justifica porque eu não o peço,A noite se justifica porque existe o dia.

A música se justifica porque existe tristeza,O silêncio se justifica porque traz reflexão,Ela se justifica por existir a beleza,O adeus se justifica porque existe emoção.O poema não se justifica porque não quer se justificar,Nem se justifica a vontade de não arriscar,A vida não se justifica porque seu codinome é mistério,A justificativa não se justifica porque se justificarNão é algo assim tão sério.

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GRAMATICAMANDO

Eu sou artigo indefinido,Ela é pronome possessivo,Eu oração subordinada,Ela comparação metafórica.

Eu antítese,Ela hipérbole,Eu sou prefixo,

Ela é radical.

Eu sou sintaxe,Ela é gentílico,Eu sou pronome,Ela é verbo intransitivo.

Eu sou poesia,Ela é prosa,Eu sou preposição,Ela é flexão verbal.

Eu sou encontro vocálico,Ela é hiato,Eu sou reticências,ELA É, ponto final.

NÓS, SEGUNDO EU

Pra que ninguém ouça nossa cançãoNo toque suave de nossas mãosEu a escondo numa fração de pensamento,E canto-a em silêncio.

As notas são dadas por nossos passosPorque, embora superados tantos encalços,

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Não estamos certos se sabemos,Nem notamos que assim fazemos.Seus olhos buscam em volta o nada,E a miudeza do seu corpo dá o tom.Sua voz enche o vazio com um pouco de som.E você empresta uma nova cor às fadas.O som se enche de vazioE não se sabe se é o tempo ou o erro que está certo.Se o pensamento se esconde no sorriso,Mesmo de longe, ficamos perto.

SOMBRAS

Todos dividem a culpa passando-a ao inimigo invisível.Refletem, debatem e esquecem no soar de belosdiscursos.A força motriz que a prática possui.É que não os vemos, por isso não existem.

A minha amada, mãe e gentil Sede por força da insistência,Um abrigo na calçada escura da cidade.Eu descalço sujo e desnorteadoSou igual a tantos sedentos, presos em seus rótulosengravatados.

Ali, à margem esquerda da sociedade, falta pão,Sobra fome, apesar de tanta luz e tanto nome,Sigo falando no silencioso estender de mãos.

Dispenso a grana que possuem, quero só dignidade.Suas moedas nutrem apenas a matéria,Esta parte que insiste em viver mesmo sem razão......mas teus olhares ou teu silêncio mataram em muito aminh’alma.

Falta afago, respeito, “Bom dia!”.... nesta sombra descansa a sobra de um homem.

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EUCLIDES DA LUZ é um poeta soteropolitano que já tem trabalhospublicados na “Primeira Antologia Valdeck Almeida de Jesus” e na revistaArt Poesia. Ele canta e encanta a vida, as emoções, o cotidiano,transformando em magia as agruras humanas, colorindo com pincel de luzo viver e o reviver, oferecendo um novo olhar aos leitores de livros e vida.

CRIMES CONTRA A VIDA

Quem pode julgar o ser humanoE humano ser?Com um juízo desumano quePune o culpado no anoEm que se decreta a penaPara certos crimes, pequenaPara outros tantos, injustas,Pois para elucidá-los muito custa.

Crime contra a vida é raroQue se tenha o devido amparo,- Reparo o que digo, punição.Pois, de genocídio a corrupção,Todos são contra a vidaDeixando marcas e feridas,Levando ao descrédito a humanidadeEm homens públicos de verdade.

Será mesmo que pena de morteVale a pena? Ou dá pena de verUm inocente morrer culpadoSem ser poupado do vil castigo?Quiçá fosse absolvido,Investigando o ocorrido.E o real culpado tivesse morrido,E o inocente não sucumbido.

Sou mesmo contra a pena de mortePois às vezes é pena de sorte.Seria melhor outra punição

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Perpétua, sim, com educação,Trabalho, dignidade para os que estão em prisão,Vivendo agora em separação

Por crimes, delitos, corrupçãoHediondos ou culposos,Pois todo homem é ardilosoVivendo em grupo, criteriosoE vivendo ocioso, muito perigoso.

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FELIPE OLIVEIRA DE ARAÚJO, natural de Salvador/BA, tem raízesfamiliares espalhadas pelo Brasil inteiro, especialmente no distrito de Cajaíba(Camamu/BA) e em Angra dos Reis/RJ. Como todo poeta, é introspectivo,fala pouco e se retrai quando o assunto se torna sério. Um “Erê”, na linguagemyorubá. Porém, quando está entre amigos ou se sente feliz, Felipe setransforma em criança. Amante da vida e da liberdade, ele encontra nasletras um caminho sem fim e sem limites que lhe permite expressar agrandeza de sua alma. Não gosta de ser chamado nem de escritor nem depoeta, como todo talento nato. Mas não há quem não se encante com ospoemas que, a muito custo, alguém consegue arrancar de suas mãos edas gavetas de sua alma. Lipe é “poeta de mão cheia”, como se diz na gíria.Um rapaz de grande inspiração e modesto – define-se como um aprendizda arte de escrever, quando é visível a profundeza invulgar de seus poemas,revelando todo o romantismo que guarda dentro do peito. Estréia aqui comduas poesias: “Ao encontro do amor” e “Muito significante”.

AO ENCONTRO DO AMOR

Um dia encontrei o amor,Ele estava na janela.Quando o enxergueiEra a coisa mais bela.

O amor é tão belo,Eu nem pude acreditar.Assim que adentrou meu coraçãoLogo comecei a amarEsse amor que vem de DeusE que nunca se apagará.

*10.11.2006

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MUITO SIGNIFICANTE

Você é muito significanteEstou sentindo algo que nunca senti antes.E é a melhor coisa que acontece nesse instanteEstou amando como nunca amei antes.

Quero encerrar este poemaCom palavras sibilantes:Não quero ficar longe de vocêNem por um instante,Porque você em minha vidaÉ um tesouro muito importante!

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IRAMAR FREIRE GUIMARÃES , baiana de Itapetinga, nascida em23.12.1960. É a 15ª filha do casal Eulina Guimarães da Silva Freire eDeoclécio Vieira Freire (ambos falecidos). É professora e dá aulasparticulares de reforço escolar em todas as matérias. Seu maior sonho épublicar um livro que reunirá suas poesias e uma autobiografia, intituladoprovisoriamente de Ira Explícita. Conforme se auto-define, a autora é donade uma personalidade que possui instintos considerados masculinos, ouseja, não gosta de ser a caça, mas a caçadora. Adora ler Nietzsche, Freud,Florbela, Drummond e Vinícius. Seus trabalhos poéticos nunca forampublicados antes, por falta de oportunidade. Ira estréia nesta Antologia, dandoo seu primeiro passo num caminho que certamente será bem longo e repletode sucesso.

O HOMEM

A força e beleza do mistério que nos faz existire me prende...Que ao som de qualquer bicho solto me embalatem cheiro gostoso que me narcotiza...É estranha e divinamentetua presença rara.Apareceste com origem e sem destinodeixando minha carne ávidae minha esperança fugaz.Sinto vontade de fulminar esse fremir gigantescoque é tua ausência pertinaz.Que vontade animalesca de beijar-te a bocalamber tua carne,de aspirar teu cheiro afrodisíacoque incita meu tinoe aguça meus desejos sexuais.mas meu medo insano me confunde e atormentaagigantando meu fogopelo mais lindo dos mortais.

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DEIXA

Deixa eu te verapalpar-tesentir teu cheiroapertar teu cheiro contra o meuforte, bem fortecomo se quisesse tatuar-te em mimbeijar-tecomo se quisesse fundir-me em ti.Deixa eu ir pra cama contigo e agircomo se tu fosses meu primeiro ou último homemou minha primeira ou última vezQuero ir pra cama contigo e vousaciar minha fome da tua carneminha sede da tua salivado teu suor, do teu sêmen, das tuas “lágrimas”......e sentir doer-me as entranhascomo se “um bicho as rasgassem”.Deixa eu te sentirantes que morra em mim a essência humana.Deixa.Amanhã?Não sei se apenas minha saudade-vontadeterá que recordar-te.Deixa?

NÓS

Eu vou te olhareu vou tirar tua roupaeu vou te cheirareu vou te apalparteu corpo inteiro lambereu vou me deliciar com teu saboreu vou açular teu juízodespudorar nossas carnesnossas vontades

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eu vou tocar cada reentrância da tua geografiacomo se deve tocar um recém-nascidofazendo latejar minha derme, epidermee alterar meu relógio biológico.Sentirei o teu fogo incitando minha libidosentirei tua virilidadejorrando o néctar seminal dentro de mime ainda dentro de mimteu gozo nutritivoe na tua cara, no teu sorriso atrativonossos corpos descobrirão juntos e ao mesmo tempoa satisfação únicade sem pressa nem cansaçogozar...E com muita disposiçãoreiniciar...Conheceremos a grandeza de sermosfêmea e machomulher e homemeu e vocênós!

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LAÉRSON QUARESMA DE MORAES é natural de Nioaque/MS(29.04.1950) e reside em Campinas/SP desde 16.08.1964. Casado, técnicoem contabilidade, aposentado. Um apaixonado pelas Letras. Em novembrode 2003, participou do Livro V - Antologia NAU literária (Editora Komedi,Campinas/SP) com frases, poesias e trovas. Contista, cronista, trovador,não tem livro publicado ainda.

NAMORADA

Não direi teu nome,Pois tu não tens nome;nem direi como és,sobre teus olhos,teus cabelos eteus encantos,pois não se defineo Universo!

Nunca nos viram juntos,é bem verdade,porque os olhos humanostêm alcance limitado.Mas direi que tu existes,como existe o meu amore minha necessidade maiorde existir por ti!

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LENIR P. DE ANDRADE RODRIGUES (Lenir de Andrade) é escritorainiciante, professora de educação da rede municipal em Telêmaco Borba/PR desde 1979. Tem um livro publicado e já participou de vários concursosde poesia, sendo classificada entre os primeiros lugares, em cinco deles.Possui um livro no prelo aguardando editora que deseje publicar seus poemas,que são destinados a leitores de todas as faixas etárias.

QUEM DÁ AOS POBRES EMPRESTA A DEUS

Está vendo o mendigo na praça?Ele já foi homem de bens!Mas jamais um dia deu de graçaUm trocadinho de esmola a alguém.

E hoje em dia ele passaCom os trocadinhos que lhe dão.A Deus ele louva com graçaQuando ganha um pedaço de pão.

Nesta vida de alegrias e tristezas,Não sabemos o que vem pela frentePois a nossa Mãe NaturezaPode dar e tirar de repente.

Teremos que estar preparadosPara o que der e vier enfrentar,E não sermos pegos de surpresaPelo que a vida nos preparar.

Eu já ouvia dos meus avós:- Quem dá aos pobres empresta a Deus.Encontra-se na Sagrada Escritura,Um certo apóstolo o escreveu.

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LU OLIVEIRA , nascida na bela cidade de Ilhéus, interior da Bahia, terra deJorge Amado. Sempre foi fascinada pelas letras e já rabiscava versos naadolescência. Formada em Letras e especialista em Ensino de LínguaPortuguesa, leva a poesia pra sala de aula, encantando alunos das maisvariadas faixas etárias. Divulga suas poesias na Internet, tendo participadode alguns concursos virtuais, com algumas premiações.

POETNIA

Poesia navegantePortugal - BrasilAchamento. Selvagens.Mata. Bicho. Rio.Língua mátriaSalve Caminha!Terra à vistaPorto Seguro. Brasil.Terra rica, terra fértilEm se plantando tudo dá,Cana-de-açúcar, café, ouro.É natureza pra se fartar...“Minha terra tem palmeirasonde canta o sabiá”mas os índios foram cativosdos brancos do além-mar!Muita luta, catequeseimposição de religiãoinúmeras tribos extintasem nome de Dom João.E veio a Mãe Áfricacom toda força e esplendormãos doces de canamães amargas de dor.Luta. EscravidãoQuilombo dos PalmaresNegros vistos como gentePoesia - Castro Alves!Meu Brasil Brasileiro

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Atabaques, bandolinsMãos negras, mães pardas,

Rosas, dálias, orquídeas, jasmins.Meu Brasil brasileiro,José, João, Helena, Mariajuntos numa mesma face.Brasil - Poetnia

IDENTIDADE

Sou o sol que te bronzeia a peleRubor - cor - seduçãoSou eu que queimo a terraFome - castigo - sertãoEsquento teus sonhosAlimento tuas fantasiasEu sou pai, sou mãe,Sou chuva, alimento.Corro por entre as matasÀ procura dos ventosSou limpa, turva, pálida.Escorro de teus olhosPersigo a tua estrada,Sou estrela, azul, infinitoDançando no mapa astralDe sua noite enluaradaSou lucidez, fascínio, canduraSou paz, chama, loucuraSou entusiasmoSou esquecimentoSou um deus.Vim ao mundotransformá-lo no paraísoEu sou o Amor.

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MÁRCIO DISON, 44 anos, jornalista, professor, nascido em Porto União/SC, casado, uma filha chamada Elis, vencedor de concursos de Poesia daUniversidade Federal de Santa Catarina e Menção Honrosa do PrêmioFranklin Cascaes de Literatura.

COLHEITA

Plantei sementes de versos em enormes vasos,coloquei-os ao sol protegidos do vento.Afaguei brotos de letras como quem ara a terrapreparei o solo para vê-lo fértil, palavras geradas em cadasulco.

O regalo da alma: adormecer cada manhã,controle biológico da área revolvida.Retirar frases feitas, jogos de palavras, rimas frágeis,ervas daninhas, que, insistentes,singram superfície umedecida.

Os versos surgem como que por encanto,a mágica criatividade colhida de lavoura de verbo.Pétalas de poesia crescendo, folhas de lirismoesverdeando ambiente,flores silábicas agrupando-se para engendrar indescritívelbuquê.

O broto que emerge do papel,a poesia que irrompe da terra:verso floresce saudávelo ciclo da vida se regenera.

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MARIA SOCORRO TEIXEIRA DE CASTRO (Florzinha) , 53 anos, nascidaem Fortaleza/CE, formada em Pedagogia. Com toda a sua sensibilidadepoética, a autora consegue repassar a emoção transmitida pelo exameintrospectivo dos grandes temas do cotidiano. Suas poesias são retalhosda existência e verdadeiras pétalas que exalam a essência da vida e suasmetamorfoses.

MÃE TERRA

Mãe terra, tudo que existe em tiencerra todas as grandezas do amor,que foram moldadas e criadaspelas mãos do Salvador. Terra mãe que nos dás o sustento,é o teu solo que nos dá alimento pra nossa fome matar,e são tuas águas refrescantes e cristalinas,que nossa sede faz saciar. Terra de lindas cores, és o nosso próprio pulmão,é o verde das tuas florestas,que nos dá o ar tão puro,que faz respirar o coração. O teu sol lindo e brilhantecom seus raios a espalhar,o calor que precisamos,se doa todos os dias, pra nossa vida encantar. Homens e animais de toda espécie,o sol, a lua, a chuva e o mar,são todos teus filhos, ó Terra!E juntos deveriam proteger-te e amar-te.

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EU E VOCÊ

Eu e você, dois corpos um só prazer,Sedentos de desejos e de tesão,você e eu, duas almas em um só coraçãoQue se amam com loucura,E se devoram com paixão. Eu e você, dois corpos em umFamintos de sexo e de prazer,Para ti eu me desnudoE sinto teu corpo tesudo. Eu sou teu fruto delicioso,você, meu pecado gostoso,Eu me abro para ti como florvocê me penetra e me encheCom o mel em gozo do teu amor. Eu e você, depois de um delicioso gozar,Corpos abraçadinhos querendo repousar,Eu te abrigo, você me abriga.E, como dois cansados passarinhos,abraçados, adormecemos no ninho.

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MÍRIAN FREITAS , nasceu em Caratinga/MG. Cursou Letras na FAFICe especializou-se em Literatura Brasileira pela PUC-MG. Atualmente residee leciona nos Estados Unidos. É autora do livro de contos IntimidadeVasculhada (7Lettras/Imprimatur-RJ)

À TERCEIRA MARGEM

No meio de tudo, sou árvore.Tenho raízes e dou frutos.Frutos sem nomes:prósperos. Mesmo na inutilidadedas palavras e dos gestos, um assobio roucome traz à sanidade absoluta do que não-sou. Durmo amarrotada pelas ausências da memória,anterior à hora de um dia antes de hoje.Quando amanheço, resmungo a falta de tempo,são os indícios da velhice. As rugas rimando terço com berço. E, então, antes do meu recomeço,sei que envelheço na esfera vermelha do frutodesbotado em um galho antigoda árvore.

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NATHÁLIA PACHECO FIGALO escreve desde criança e participou doConcurso Poe Santos, realizado em Santos/SP, classificando-se em 2º lugarna categoria “Infanto-Juvenil” e 1º lugar em “Interpretação”.

DELÍRIO

Artista, de faces puras...Onde vais transcrever a vida?Com um poema – um dilemaPor que brilham teus olhos ardentes?(Descansas a febre que ocultas...). Artista, de gemidos frementes...Quem escuta o teu clamor?Com um desenho – um profanoComo preenches a luz da aurora?(Descansa a paz eterna...). Artista, quem tu és? O delírio?Eu sei...És sílabas,Que me custa soletrar;Palavras, que não posso interpretar.

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OLEG ANDRÉEV ALMEIDA , nasceu em 1971 na Bielo-Rússia e veioradicar-se no Brasil já adulto. Desde então, mora em Brasília e trabalhacomo tradutor. Seus versos são escritos em dois idiomas muito diferentesentre si: português e russo.

O AMOR NÃO MORRE...

O amor não morre,O amor não cansa,

Com os anos não se desbota.O amor perdura,Resistindo firme

A qualquer mudança que seja.

Quem amou, procura,Pela vida afora,

Do amor errado livrar-se!Não consegue, mesmoSe o seu passado

Duma vez por todas renega.

O amor é bênção,O amor é praga,

Feito um anjo sujo de enxofre...O amor nos fereE de ter ferido

Nem brincando pede desculpas.

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ROBERTO MAURO THOMAZ participou, em 2004, da Antologia do QuintoConcurso de Poesia da Universidade Federal de São João del Rei, MinasGerais. No ano de 2005, foi agraciado com uma menção honrosa no PrimeiroConcurso Literário Poeta Audifax Amorim, na cidade de Colatina, EspíritoSanto. No ano de 2006, obteve o segundo lugar no concurso literáriopromovido pelo site Autores e Leitores, onde concorreu com uma crônica.

COR AUSENTE (Para Patrícia Setúbal)

Depois da chuva,Saí para ver se o arco-íris no céu estava.Permaneci olhando por sessenta minutos, e nada.Quando, desanimado, cabisbaixo, triste, já ia embora.Você chegou,Simultaneamente ao arco-íris.Então, como em um passe de mágica, compreendiTu és a cor que faltava.

RELACIONANDO

Muitas famílias estão fragmentadas,Sofrem de inapetência de amor.Pai está contra filhoTornara-se algoz esquecendo-se que é progenitor. A ternura sucumbiu à rotina,O lar é campo de genocídio,O urubu é adotado como animal de estimaçãoPreteriram o piprídeo. Ninguém suporta conviver em um ambiente lôbregoHospedar a tristeza, até quando?É melhor alimentar-se do gerúndioE apreciar entes humanos se relacionando.Jesus ordenou-me que para segui-lo, a família deveriaaborrecê-la.Mas não disse para desmerecê-la, e jamais me ordenouesquecê-la.

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SANDRA LIMA COSTA MELO (Sandra Melo) nasceu em 29.02.1976 na cidade deSerrinha, interior baiano. De personalidade introvertida e centrada, sempreencontrou na escrita a forma ideal de expressar sua sensibilidade aosdetalhes que marcam coisas, eventos e pessoas. Já na infância, seu sonhoera escrever um livro, mas somente agora começou a perseguir seu sonho.Neste momento, Sandra tenta editar um livro biográfico que escreveu hádois anos, e declara ao autor desta Antologia: “Fiquei feliz ao tomarconhecimento de sua iniciativa, que acho ser uma forma brilhante de divulgaro nosso jeitinho baiano de viver.”

MEDO DE VIAJAR

Desfiz as malas.A viagem foi adiada, tive medo de ir porque o ônibus pareciainseguro.Pensei em arriscar, cheguei a subir os primeiros degraus eavistar minha poltrona.Mas a covardia me fez voltar, desistir de tudo.Atirei-me ao sofá arrasada, sentindo-me fraca e pequena.Vontade de estar lá, mas sem correr os riscos da estrada.Talvez nem fosse tão inseguro assim...Poderia ser a minha viagem mais gostosa, maisfascinante...Quem sabe contemplaria horizontes que só aquele dia teriapra mostrar ou me sentaria com alguém interessante, queme puxasse uma conversa envolvente enquanto eudesapercebia os riscos da viagem...Tenho vontade de ir...Prefiro nem saber que a viagem foi boa, que todos deladesfrutaram enquanto meu medo jogou-me neste sofá,paralisada e indecisa.Enfim, desfazer as malas pra evitar lembrar do meufracasso em enfrentar a vida e desafiar minhas fobias...E mal abro o zíper da mala, a frustração me toma....meus sonhos estavam ali, arrumados com tanto carinho,achando que desembarcavam no destino combinado.Tive vergonha deles porque eram muitos, e eu mesma osarrumei com a promessa de que iriam para o mundo real...

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Pesava levá-los, eu já sabia,mas garanti que os levaria comigo e que os fariarealizados....não fosse o medo de viajar...Escondo a face, fecho a mala e digo que vou no próximohorário, para que eles permaneçam em minha malapacientemente esperando por mim.Só agora percebo que não reparei se eles têm validade,alguns podem se desfazer com o tempo...

Prefiro não voltar a olhar e me contenho aflita,não sei se brigando com o tempo ou comigo mesma.Tenho uma vontade imensa de colocar as mãos em meuíntimo e arrancar de vez este medo paralisante.Mas vejo que as mãos são frágeis e a fonte da minhacoragem está no desejo que pouco a pouco podei comminhas próprias mãos...Ergo-me do sofá e olho o jardimde onde uma luz parece brilhar diante dos meus olhos:as roseiras cresceram muito e faz pouco tempo que forampodadas...- Sou maior do que elas, me animo!...tudo aquilo que podei voltará a crescer, se eu quiser...

ABORTO

Silêncio na madrugada...Acordo sentindo a perda do meu primeiro filho;aquele que gerei em meus sonhos e sentia nos meuspensamentos.- Não quero perdê-lo! - grito desesperada quebrando osilêncio da madrugada enquanto uma dor profunda merasga, e fecho os olhos para não vê-lo sair......tão lindo menino fecundado num ninho de amor, naviolenta paixão que me arrebatou a imaginação e o fezexistir...Sotaque estranho, sangue tranqüilo, bebê perfeito.Fruto do amor mais desmedido e encantador que se possa

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viver...queria nascer, queria olhar o mundo e transformar o corpoe a vida daquela que pretendia ser mãe.- Não posso olhar teu rosto, filhinho. Não aceito abortá-lodos meus pensamentos porque te criei pra nascer epreciso da tua companhia...(Ninguém mais ouve meu grito. Se ouvem, não podemsocorrer...).Sinto-me pequena enquanto entendo que meu filhinho sevai...Morreu nos sonhos, deixou-me desalentada.Quisera eu trazê-lo de volta, arrancá-lo dos sonhos e dar-lhe vida meramente com a força do meu pensar...- Teu pai abriu mão de trazer-te – digo baixinho. – Li estafrase e nela não marcava o dia de voltar......talvez nunca volte.Perdoa, filhinho...Sua mãe também sofre porque um pedaço dela morrecontigo;levas embora um sonho colorido, no qual tua mãe usou asmelhores tintas para pintar...Descansa tranqüilo, tu sempre serás único.

Tua mãe te fará existir na memóriaVivo, forte e lindo!E eternizar-te-ás nas inúmeras linhas em que tiver decontar esse amor...

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SILÉSIA LUZIA DOS SANTOS é poetisa de Diadema/SP e escreve desdea tenra infância. Ela canta e encanta com sua graça poética, sua formaespecial de utilizar as palavras para exprimir o seu olhar para a vida.

A TI, ALTEZA

Bebeste a luz do solLevaste minha pazSou barco no remoBuscando meu cais.

A prata da luaLevaste contigoEntão me esquecesteSó e sem abrigo.

Carregas o mistérioDe milhões de vidasO silêncio da esperaO afã da chegadaA dor da partida.

És minha lucidezLoucura incontidaParadoxo infinitoA sábia insensatezA paz e o conflito

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TEREZA NEUMANN FERREIRA DE ASSIS nasceu em 1954, no municípiode Inhambupe/BA. Filha de Francisco Guedes de Assis Junior e RosáliaFerreira de Assis, formou-se em Magistério e trabalhou por 27 anos naCOELBA, aposentando-se nessa empresa no ano 2002. Lançou algunstextos na Antologia de Escritores Brasileiros - 3ª Edição e Antologia EscritoresBrasileiros - 4ª Edição (ambas pela RB Editora, Vitória da Conquista/BA), eescreve para o site literário www.recantodasletras.com.br.

ADVERSIDADE À DIVERSIDADE

Mundo de discriminações injustas e radicais,contra negros, feios, pobres e homossexuais,Eles chamam de minoria, só por serem desiguais.Como pode essa gente,de uma mente doentia e incoerente,achar que essas pessoas,nasceram, por sua vontade, diferentes?Ser assim é por direito,não podem mudar o que já está feito.É tão fácil discriminar,difícil é pra quem sofre a dor do preconceito.Deus fez este mundo com tantas diferenças...homens e mulheres,brancos e pretos,feios e bonitos,heteros e homos,pobres e ricos...É essa diversidade,que torna o mundo mais bonito.Imaginem se as diferençasfossem tratadas com igualdade,Decerto teríamos,paz na humanidade.

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MALDITA E DURA ARROGÂNCIA

O homem desferiu-meum golpe com o olhar,um olhar como se fosseum choque elétrico, mediu-me de cima a baixo,franziu o cenho, porque eu estava maltrapilha,só faltou jogar-me aos cães, sua matilha.Pus-me a desnudarminhas vestes pestilentas;eu, em estado físico perfeito,olhei o sórdido homem,vestido num sobretudo,portando um medalhão de ouro.Imaginei-o desnudo,epidermicamente murcho,exibindo tanto luxo...A ironia e o orgulho,acaba pra todo mundoque faz fezes como eu.Que valia tinha o homem?Arrogante, pobre homem...Bebe todo dia,o drinque da soberba,enquanto tiver amigos,brinde com eles o orgulhoe beba do seu castigo...Meu olhar, em flashes de ternura,derrubou o vil semblantede mente doente,de ouro semente,achava-se o dono do mundo...de sordidez malfadada,de altivez derrubada,só fezes pra enterrar aquele homem...O luxo comidopelos vermes do lixonem luta por luto, pelos amigos!

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FELICIDADE, ESSA DESCONHECIDA...

Tarde,todas as matizes de cor, meu dia colore,a alegria faz festa dentro de mim,circos com palhaços metafóricos,discos com acordes de sonata,dia singelo e bonito,íntimo ser que contagia.Abro os braços pra liberdade,naquela praça em cores,coretos e bandas lilasesorquestram sons de rouxinóis...Grito pra todos: sorriam!Abracem os raios do sol.Deitem na relva,assobiem qualquer melodia,recitem uma poesia,pra saudar o girassol.Não quebrem o encanto do dia,a felicidade vem de tempos em tempos,este momento quero guardar...subo no mais alto edifício,abro meus braços e grito:Hoje, a felicidade,veio me procurar!

ÉPOCALIPSE

Pressinto com o professor Jucelino,“premonitor” dos nossos destinos,seus sonhos reais querevelam nosso futuro fatídico,sonhos que querem nos acordar...Nestes destinos precisamos ter tinos,se quisermos um feliz despertar.Acabar nossos desatinos,ouvir o nosso divino,

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reflorestar nossas florestas,despoluir nossas águas infectas,refazer o que já foi desfeito,fiscalizar nossos horizontes,antes que o fiscal nos aponte o mal.Cercear depredações,acabar com as ambições,senão viramos prisioneirosda fúria dos furacões.Ah, professor,os céticos não querem enxergar...O que fazermos pra que acreditem,antes do planeta acabar?As paineiras assustaram-se,os pássaros ficaram tristes,o mar bate suas águas,indomável ele insiste,o sol tornou-se brasa,queima o nosso arrebol,suores escoam na testa,ninguém impede o furor,políticos falam asneiras.Só sei que, neste terceiro milênio,o terço será nossa bandeira!

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VALDECK ALMEIDA DE JESUS é funcionário público federal, nasceu a 15de março de 1966 em Jequié/BA, onde viveu até aos seis anos de idade,quando foi residir na Fazenda Turmalina, região de Itagibá/BA. Suashabilidades na área literária valeram-lhe uma Menção Honrosa, em 1989, no1° Concurso Nacional de Poesia, promovido pelo Instituto Internacional daPoesia, de Porto Alegre/RS, e no Concurso Literário Oswald de Andrade,promovido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em 1990, nacidade de Jequié/BA. Possui poemas publicados em mais de dez antologias,no Brasil e no exterior. É membro da União Brasileira de Escritores – UBE.Participante ativo da Diretoria Regional do Partido Comunista do Brasil, emJequié/BA; em 1987, foi eleito o primeiro diretor de imprensa do GrêmioEstudantil Dinaelza Coqueiro, do Instituto de Educação Régis Pacheco, alémde ter sido o fundador do jornal Jornada Estudantil.

VOCÊ

Você e o marMaré, água, areiaArraia, ondas, maréOndas, você e o mar. Amo as ondasO mar, a areia,A maré alta (cheia)Maré vazante (amante)O movimentoQue me impulsiona a você... Você é o marAmo o mar que é vocêInconfundível, inconquistável,Infinito, profundo...

*Salvador, 25 de junho de 2006Praia de Cantagalo, vendo o mar

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MÁRIO QUINTANA

É a própria essência da poesiaContida num prematuro nascerÉ a forma da palavraTraduzida em carne, osso e ser.

É a aspereza do frioAquecido pelo pensarÉ a inquietude da almaQue teima em inquietar.

É o Brasil despertandoGritando para espalharSua gana de escreverQue a vida tem valorQue o pensar tem calorPara a todos aquecer.

* 11 de Março de 2006

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VALDECY ALMEIDA DE JESUS é poeta e escritora. Natural de Jequié/Ba.Como todo poeta iniciante, não gosta de mostrar seus trabalhos, mas como incentivo dos amigos e da família, começa a despontar agora para o mundoliterário e ousou até enviar um poema para esta Antologia. Valdecy é formadaem Magistério, administradora do lar e uma batalhadora na vida.

SER LIVRE É...

SonharViverSentir e acreditarQuerendo sempreO melhor da vida

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VANISE VERGASTA é uma estrela que anda revolucionando a literaturabaiana e brasileira. Sua primeira participação em livro foi na Antologia PoéticaValdeck Almeida de Jesus – Vol. I. Agora já participa da segunda edição, aotempo em que também divulga seus trabalhos na revista Art Poesia e realizatrabalhos nas faculdades de Salvador e do interior do estado da Bahia. Temvários livros no prelo e promete lançá-los em breve.

O PLÁGIO DO AMOR

Pai vosso que estais no céu. . .E aqui neste Evento maravilhoso!Santificado seja o vosso nome. . .E a pessoa de Valdeck Jesus.Venha a nós o vosso reino. . .E todo esse reino que se inicia,Seja feita a vossa vontadeAssim na terra como no céu. . .Nessa hora bentificada. . .O pão nosso de cada dia. . .Dai-nos hoje, perdoai as nossas dívidasFazei com que Ele nunca nos deixe de amarAssim com nós perdoamos. . .Porque Valdeck, nós te amamos. . .Aqueles que nos têm ofendido. . .Porque o seu amor nos transmite pazNão nos deixeis cair em tentação. . .Sou eternamente grata a Deus por ter te conhecidoMas livrai-nos do mal, que assim seja. . .Agora a minha vida tem um outro sentido. . . Amém! ! !

*Para Valdek Almeida de Jesus

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VIVALDO ALMEIDA DE JESUS é poeta e escritor, nascido em Jequié/Ba,embora nunca tenha publicado seus trabalhos, por modéstia e por falta deoportunidades. Seus temas preferidos são o amor e as reflexões sobre aexistência.

JANELA

A fresta da janela anuncia o amanhecer,A luz irradia clareando o quarto.É mais um dia que tenho para agradecer.O trabalho me chama, sim, é verdade, mas,Deste pouco tempo que tenho na camaPreciso para me espreguiçar,Pois não tenho mais tempo a perder.Nutrir-me preciso.E, sem trabalho, não há alimento nem lazer.

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Sobre o Organizador

VALDECK ALMEIDA DE JESUS é funcionário público federal, nasceu em15 de fevereiro de 1966 em Jequié/BA, onde viveu até os seis anos de idade,quando foi residir na Fazenda Turmalina (região de Itagibá/BA), e lá continuoua estudar em escola pública até os 12 anos de idade. Aluno exemplar,retornou a Jequié/Ba para se matricular na 5ª série do primeiro grau, tambémna rede pública de ensino. Ingressou na Faculdade de Enfermagem daUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia em 1990, mas desistiu decontinuar o curso. Prestou vestibular para Letras na mesma universidadeno ano seguinte, onde concluiu apenas o primeiro semestre. Por motivos deordem financeira e de outras naturezas, resolveu se transferir para Salvador,onde reside desde fevereiro de 1993.

Na capital, fez cursos de informática, Relações Humanas e Fotografia. Fez,ainda, curso de espanhol, ao longo de dois meses, nas cidades de Madri(Espanha), Santa Elena de Uairen (Venezuela), Puerto Iguazu (Argentina),Ciudad del Este (Paraguay) e La Habana (Cuba), e de inglês, durante três anos,em Salvador, complementado por curso intensivo de dois meses em Nova Iorque,Estados Unidos. Recentemente, passou a freqüentar o Curso de Turismo daFaculdade São Salvador e envolveu-se com aulas de Teatro. Suas habilidadesna área literária valeram-lhe Menção Honrosa nos seguintes concursos:

a) 1989 - 1° Concurso Nacional de Poesia, promovido pelo InstitutoInternacional da Poesia, de Porto Alegre/RS

b) 1990 - Concurso Literário Oswald de Andrade, promovido pelaUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia, na cidade de Jequié/BA.

Possui poemas publicados nas antologias:- “Poetas Brasileiros de Hoje –1984”, Editora Shogun Arte, Rio de Janeiro,1984;- “Transcendental”, publicado em Salvador em 1996, pela Editora Gráficada Bahia;- “II Antologia Cultural: 500 Anos de Língua Portuguesa no Brasil”, EditoraClube de Letras, Barra Bonita/SP, 2005;- “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 14º volume”,publicada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro,2005;

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- “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 15º volume”,publicada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro,2005;- “Letras Libertas - Contos, Crônicas e Poesias - Vol 2”, Editora Ilha dasLetras, Santa Catarina, 2005;- “XV Concurso Internacional Literário de Verão”, Editora Agiraldo, SãoPaulo, 2005;- “Palavras que Falam”, Editora Scortecci, São Paulo, 2005;- “Todas as Formas de Amar”, Casa do Novo Autor Editora, São Paulo,2005;“O Amor na Literatura”, São Paulo, Casa do Novo Autor Editora, 2005;- “Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea”, Câmara Brasileirado Jovem Escritor, Rio de Janeiro, 2005;- “VII Antologia Nau Literária”, Komedi Editora, São Paulo, 2005;- “Ensaios Poéticos”, Academia Virtual Brasileira de Letras, 2005;- “Poetry Vibes”, Editora Poetry Vibes, Ohio, USA, 2005;- “20 Anos de Poesia – Caderno 32”, Oficina Editores, Rio de Janeiro,2005; - “Pérgula Literária – VII”, Editora EVSA, Rio de Janeiro, 2005;- “Amor, Sublime Amor”, Editora Litteris, Rio de Janeiro, 2006;

Livros publicados:

- “Heartache Poems. A Brazilian Gay Man Coming Out from the Closet”,Editora iUniverse, New York, USA, 2004;- “Feitiço Contra o Feiticeiro”, Editora Scortecci, São Paulo, 2005;- “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”,Editora Scortecci, São Paulo, 2005; - Editor da “1ª Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus”, publicadapela Casa do Novo Autor Editora, São Paulo, 2006;Expositor, como escritor independente, na Bienal do Livro da Bahia, em2005 e 2007.- Participação no V Fórum Social Mundial, em Porto Alegre/RS, de 26 a 31de janeiro de 2005; “Sangue, Suor e Lágrimas”, Arnaldo Giraldo Editor,São Paulo, 2006;- Possui poemas publicados nos jornais de grande circulação da capital edo interior do estado da Bahia, além de jornais de Brasília/DF;- Colaborador, desde 1985, do jornal A PROSA, de Brasília/DF.- Membro da Federação Canadense de Poetas desde 2004.

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- Colunista do site www.radarmix.com, desde março de 2006.- Membro da União Brasileira de Escritores – UBE, desde março de 2006.- Participante ativo da Diretoria Regional do Partido Comunista do Brasil,em Jequié/BA; em 1987 foi eleito o primeiro diretor de imprensa do GrêmioEstudantil Dinaelza Coqueiro, do Instituto de Educação Régis Pacheco,sendo o fundador do jornal Jornada Estudantil.- Fundador do fã-clube do Jean Wyllys (www.jeanwyllys.com).- Residente e domiciliado à Rua São Domingos Sávio, 155 – EdifícioGama – apartamento 401 – CEP 40050-520 – Nazaré, Salvador/Bahia,poeta e escritor, filho de Paula Almeida de Jesus e João Alexandre deJesus (ambos falecidos).

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