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Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 24 2005 V i d á l i a • Açores – Ambiente, • Açores – Ambiente, associativismo e cidadania associativismo e cidadania • Percurso Pedestre da Montanha do Pico • Percurso Pedestre da Montanha do Pico • Gruta das Torres • Gruta das Torres • Geodiversidade em Áreas Protegidas • Geodiversidade em Áreas Protegidas

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  • Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 24 • 2005

    V i d á l i a• Açores – Ambiente, • Açores – Ambiente,

    associativismo e cidadaniaassociativismo e cidadania• Percurso Pedestre da Montanha do Pico• Percurso Pedestre da Montanha do Pico

    • Gruta das Torres• Gruta das Torres• Geodiversidade em Áreas Protegidas• Geodiversidade em Áreas Protegidas

  • Vidália 24 2

    Sumário

    Vidália

    Boletim dos Amigos dos Açores– Associação Ecológica

    Distribuição gratuita entre os sócios

    Os artigos são da respon-sabilidade dos autores e nãorepresentam obrigatoriamente aposição oficial da Associação.

    É permitida a reprodução etranscrição, desde que citada afonte e o autor

    ApoioSecretaria Regional do

    Ambiente e do Mar

    Execução Gráfica e ImpressãoEGA

    Empresa Gráfica Açoreana, Lda.

    ÓRGÃOS SOCIAIS PARA 2005-2006

    DIRECCÇÃOPresidente

    Teófilo BragaSecretário

    Francisco BotelhoTesoureiro

    Mário FurtadoVogais

    Maria Manuela LivroLúcia VenturaSuplentes

    Sérgio Diogo CaetanoGilda Pontes

    CONSELHO FISCALPresidente

    Paula SantosSecretário

    Eduardo SantosVogal

    George HayesSuplentes

    Emanuel MachadoPedro Teves

    ASSEMBLEIA GERALPresidenteJoão Nunes

    Vice-PresidenteLuís Guimarães Secretário

    Eva Almeida LimaSuplentes

    Maria do Carmo MoreiraCristina Ferreira

    Sede SocialEstá instalada no edifício da Junta deFreguesia do Pico da Pedra, Avenidada Paz, 14. Ali se encontram todas aspublicações editadas e uma bi-blioteca especializada na temáticaambiental. Os interessados poderãovisitá-la todos os dias úteis das 8:30hàs 12h e das 13h às 16h. Aconselha--se a marcação da visita. Contacto:Carla Oliveira,Tel. 296 498 004

    Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

    Açores – Ambiente,Associativismo e Cidadania . 4

    Percurso Pedestre da Montanhado Pico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    EspeleologiaGruta das Torres – Pico . . . . . .11

    Geodiversidade em ÁreasProtegidas – enquadramentohistórico e perspectivasfuturas . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    Publicações e Materiais paraVenda . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

    Novos Sócios . . . . . . . . . . . . . 15

    Boletim de Inscrição . . . . . . . . 15

    Humor Verde . . . . . . . . . . . . . . 16

    www.virtualazores.com/amigosdosacores

    e-mail:[email protected]@gmail.com

    Tel. 296 498 004Fax 296 498 006

  • 3 Vidália 24

    Editorial

    Neste número 24 do boletim Vidália,damos destaque à ilha do Pico, através dapublicação de um texto relativo a um passeiopedestre/ visita de estudo realizada no passadodia 5 de Agosto à Montanha, que contou com apresença de 39 pessoas. Este passeio estavainserido no projecto Conhecer para Protegerque no primeiro semestre do corrente ano jácontou com 310 participantes.

    Também, não esquecemos um dos“campos de batalha” dos Amigos dos Açores, aespeleologia. Assim, nesta Vidália os leitorespoderão encontrar um texto sobre a Gruta dasTorres, que foi visitada por alguns doselementos da Associação que se deslocaram aoPico. O sucesso que tem tido, em termos denúmero de visitantes, o recentementeinaugurado Centro de Interpretação da Grutadas Torres é digno de registo. Está de parabénsa Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.

    O exemplo da Gruta das Torres tem deser estendido quanto antes à Gruta do Carvão,

    na Ilha de São Miguel. Temos a certeza de que,dada a localização geográfica da Gruta, com aentrada quase no centro de Ponta Delgada, asua abertura ao público ainda atrairá maisvisitantes do que as que já estão abertas noutrasilhas. Os Amigos dos Açores apoiam todas asdiligências da Senhora Secretária Regional doAmbiente e do Mar no sentido da construçãodo Centro de Interpretação da Gruta do Carvãonas instalações dos antigos secadores daFábrica de Tabaco Micaelense, na rua deLisboa e não admitem entraves ao projecto,venham eles donde vierem. Embora abertaapenas para visitas de caráter didáctico, a Grutado Carvão, no primeiro semestre de 2005, foivisitada por 340 pessoas, sobretudo por alunosde diversas escolas da Região e do Continenteportuguês.

    Neste número do Vidália, também,poderão ler um artigo sobre os Amigos dosAçores e a Cidadania, bem como outro sobreGeodiversidade em Áreas Protegidas.

  • Vidália 24 4

    Ambiente

    1- Uma Acção Paradigmática em Prol doAmbiente

    Nos Açores, infelizmente, oassociativismo ambiental não tem umaimplantação muito ampla. De entre asassociações existentes, destaca-se pela sualongevidade, número de associados eactividade persistente, a associação Amigosdos Açores cujas actividades se iniciaram emJaneiro de 1984.

    Com cerca de 1300 associadosindividuais e alguns colectivos espalhados porvárias ilhas dos Açores, em PortugalContinental e nas comunidades de emigrantes,sobretudo nos Estados Unidos da América eCanadá, a sua acção, embora centrada na ilhade São Miguel, tem-se estendido a todas asilhas, quer através dos seus membros, quer

    através da colaboração com docentes dasescolas de todos os níveis de ensino.

    A actividade dos Amigos dos Açores, aolongo dos seus 20 anos de existência, tem-sedesenvolvido essencialmente em quatrovertentes: recreativa/ desportiva, científica,educativa e pressão/denúncia.

    No que diz respeito à primeira, aAssociação promove a realização de passeiospedestres mensais para os seus associados,integrado num projecto intitulado “Conhecerpara Proteger”, tendo por objectivos principais:a verificação in loco do estado do ambiente e arecolha de apontamentos para elaboração deitinerários de descoberta da natureza e roteirosde percursos pedestres, importantes recursospara a educação ambiental e para o fomento doturismo de natureza.

    Açores – Ambiente, Associativismo e CidadaniaTeófilo Braga

  • 5 Vidália 24

    Como complemento a esta actividade,com o apoio de diversas entidades, já forameditados 16 roteiros de percursos pedestres.Ainda nesta vertente, a Associação encontra-sea implementar um projecto destinadoexclusivamente a jovens, intitulado “Caminharpara Melhor Conhecer e Proteger”, que tem porobjectivos: despertar o prazer de apreciar anatureza; sensibilizar para a necessidade da suapreservação; fomentar a discussão sobrehábitos saudáveis e proporcionar alternativassaudáveis de ocupação dos tempos livres.

    No âmbito da realização de actividadesde carácter científico/ investigação, aAssociação promoveu diversas iniciativas, comdestaque para um estudo sobre as aves derapina dos Açores, o estudo do tritão de crista,o inventário das zonas húmidas da ilha de SãoMiguel, bem como o levantamento fotográficoe topográfico das grutas e algares da ilha deSão Miguel.

    No que diz respeito à vertente educativa,para além de apoiar as escolas, quer noacompanhamento de visitas de estudo, quer nofornecimento de materiais de apoio para osprofessores e a solicitação dos alunos, aAssociação organiza acções de sensibilizaçãosobre os mais diversos temas, com destaquepara o património natural, a gestão das áreasprotegidas, a problemática dos resíduossólidos, etc. Ainda nesta área, a Associaçãoeditou várias publicações, das quaisdestacamos: Grutas, Algares e Vulcões-Património Espeleológico da Ilha de SãoMiguel; Lagoas e Lagoeiros da Ilha de SãoMiguel; Paisagens Vulcânicas dos Açores;Borboletas Nocturnas dos Açores; Migraçõesde Aves; Proposta de Intervenção Museológicana Gruta do Carvão (Ponta Delgada); Moinhosda Ribeira Grande e o jogo A Minha PrimeiraHistória Natural dos Açores.

    Relativamente à vertente dapressão/denúncia, destaca-se a apresentação depetições ou memorandos aos órgãos de poder, anível comunitário, nacional, regional eautárquico, a denúncia de situações através da

    comunicação social e o envio, à DirecçãoRegional do Ambiente, de propostas declassificação de Áreas Protegidas. Nesteâmbito, destacamos a apresentação àAssembleia Legislativa Regional dos Açores,em conjunto com outras associações de defesado ambiente, de uma petição intitulada “PelaSobrevivência da Vegetação Autóctone dosAçores”, a qual levou a que aquela Assembleiaaprovasse uma Resolução (nº 13/95/A), ondetodas as propostas referidas na petição fossemrecomendadas para que o governo as tomasseem atenção aquando da implementação dasnecessárias medidas para salvaguardar avegetação açoriana. No que diz respeito àapresentação de propostas para a classificaçãode áreas protegidas já foram apresentadasquatro: Caldeira Velha, Pico das Camarinhas ePonta da Ferraria, Gruta do Carvão e Lagoas doCongro e Nenúfares.

    2- Educar para a CidadaniaPerante o exposto, parece que estamos no

    melhor dos mundos. Temos muita legislação esão muitas as instituições que se dedicam àcausa ambiental. Contudo, tal como nos dizAntónio Barreto (2002): “É todavia verdadeque nem sempre as leis e as instituiçõesprimam pela clareza e pelo acesso fácil aoscidadãos. Ou porque estes não estão habituadosa elas. Ou porque as burocracias tendem atornar difícil o que não deveria ser”.

    Urge, pois, ultrapassar a apatia doscidadãos e o cepticismo e a desconfiançacom que, por vezes, ainda, é C o n t i n u a

  • Vidália 24 6

    usadas, etc.. Em suma, mais do que demonstraralguma boa vontade, é importante, comurgência, elaborar uma Estratégia Regional deEducação Ambiental, tendo por base, entreoutras, a Estratégia Internacional de Acção emMatéria de Educação e Formação Ambiental,adoptada pela Unesco e PNUA por ocasião doCongresso Internacional sobre Educação eFormação Ambiental, realizado em 1987 nacidade de Moscovo.

    Terminaria, com três citações: [a educação ambiental] não é neutra,

    mas ideológica. É um acto político, baseadoem valores para a transformação social, devefacilitar a cooperação mútua e equitativa nosprocessos de decisão, em todos os níveis eetapas, promovendo o diálogo entre indivíduose instituições e integrando conhecimentos,aptidões, valores, atitudes e acções. Deveconverter cada oportunidade em experiênciaseducativas de sociedades sustentáveis”

    (in “Tratado de Educação Ambiental paraSociedades Sustentáveis e ResponsabilidadeGlobal”)

    “Educar para a cidadania é…contribuirpara formar uma colectividade responsávelpelo mundo que habita. Ter uma atitudeecológica é assumir essa responsabilidade quese exerce em todo o tempo e lugar, sendocidadão” (Carvalho, 1992)

    “A acção educativa não pode deixar deser política, da mesma maneira que a política -a boa política - tem de ser pedagógica.”(Gutierrez, citado por Rocha, 1999)

    encarado, entre nós, o exercício de direitos decidadania. Por um lado, todas as pessoas têm aobrigação de conhecer os seus direitos eacreditar que podem ter um papel importantena correcção de disfunções do sistema jurídico.Por outro lado, há que ultrapassar adesconfiança com que são encaradas as pessoasque exercem um direito de cidadania, porexemplo uma consulta pública, cuja atitude é,por vezes, entendida como motivada porinteresses pouco claros (Sendim, 2002).

    O que fazer para alterar o actual estadodas coisas?

    A educação ambiental poderá dar umcontributo nesse sentido. Mas, o que tem sidofeito entre nós?

    Procure-se saber o que se faz em nome daeducação ambiental e não temos dúvida que emnome daquela ensina-se ciências naturais,sobretudo biologia e em menor escala geologia.Por outro lado, de acordo com Fernandes(1997), a educação ambiental é poroportunismo, muitas vezes transformada emmero acto de propaganda destinado à obtençãode meios financeiros ou de “bandeiras dequalidade”.

    Na educação ambiental não pode serperdido de vista o seu princípio geral:

    “Fazer compreender às pessoas e àscomunidades a natureza complexa resultantedos factores físicos, biológicos, sociais,económicos e culturais do ambiente natural eurbano e dar a estas pessoas ou comunidades aoportunidade de adquirir os conhecimentos, osvalores, as atitudes e as aptidões práticas quelhes permitam ajudar de uma maneiraresponsável e eficaz a prever e resolver osproblemas ecológicos e gerir a qualidade doambiente.”

    Para a implementação da educaçãoambiental é necessário reflectir sobre comointegrá- la nos currículos escolares a todos osníveis de ensino, como deverá ser feita aformação dos professores, como e quem a farána sua vertente não formal, quais os recursosnecessários, que metodologias deverão ser

  • 7 Vidália 24

    ao segundo posto – A Furna Abrigo, a umaaltitude de 1425 metros.

    A Furna Abrigo, situada no Alto doBarreiro em território pertencente à freguesiada Candelária, correspondia, antigamente, a umponto de paragem quase obrigatório depernoita, para os mais incautos que seaventuravam na escalada à montanha.Actualmente, uma vez que o acesso de carro até

    a uma cota de 1200 metros vem facilitar muitoa realização deste percurso, é muito raro seregistarem pernoitas por parte dosmontanhistas, mesmo quando o tempo não serevela muito amigável.

    A Furna Abrigo é uma chaminé vulcânicade um hornito, o qual é, de acordo com Nunes(1998), um pequeno cone de lava, sem condutaprofunda, formado por “salpicos” de lava,resultantes de pequenas explosões ocorridas àsuperfície das escoadas.

    Após algumas palavras do guia sobre olocal e após o disparar de mais uns flashes, deu-se continuidade à subida, não se registando,ainda, por esta altura, qualquer

    No dia 6 de Agosto, os Amigos dosAçores efectuaram a escalada à montanha doPico. Ao todo foram 38 membros destaassociação, acompanhados por um guiacredenciado, que embarcaram nesta aventura,sendo que 35 elementos o fizeram pelaprimeira vez.

    O percurso iniciou-se pelas 6 h e 30minutos, a cerca de 1200 m de altitude,próximo do Cabeço dasCabras, e terminou no mesmolocal, tendo sido atingido oponto mais alto de Portugal,no Piquinho, a 2351 m dealtitude.

    O dia estava limpo, oque facilitou a subida. Logo deinício, a vista panorâmicasobre a ilha do Faial e sobre oConcelho da Madalenadeliciou os olhares de quemali se encontrava pela primeiravez.

    Ordenadamente, os ele-mentos dos Amigos dosAçores caminharam cerca de meia hora,seguindo sempre as instruções do guia, RenatoGoulart, que seguia na frente por forma acontrolar o ritmo de andamento, até chegarem

    Conhecer para proteger

    Percurso Pedestre da Montanha do PicoCatarina Furtado

    C o n t i n u a

  • Vidália 24 8

    tipo de desânimo ou cansaçopor parte dos participantes.

    Algum tempo depoisatingiu-se a cota de 2050metros, onde se localiza umacratera fóssil existente noaparelho vulcânico.

    Esta cratera, com umdiâmetro de aproximado de800 metros, corresponde auma segunda cratera poço,mais antiga do que aquela emque se localiza o piquinho,encontrando-se materializadapor uma nítida ruptura dedeclive. Terá tido origem apartir do colapso de um vulcão compósito, numevento que correspondeu, segundo França et al(2003), à primeira fase de edificação do vulcãocentral.

    À medida que se foi subindo em altitude,tornou-se nitidamente visível a diminuição da

    altura da vegetação, sendo que, a esta cota, e apartir daqui para a frente, observa-se quaseexclusivamente rapa (Calluna vulgaris), queiró(Daboecia azorica) e tomilho ou erva-úrsula(Thymus caespititius). Estas últimas, comtonalidades de rosa “choque” e rosa bebé,

  • 9 Vidália 24

    respectivamente, formam em várias zonaspequenos mantos, que foram sendo, ao longoda subida, alvo das objectivas das máquinasfotográficas dos participantes.

    Alguns metros mais a cima, quando ocansaço já se fazia sentir em alguns, atingiu-sea cratera de colapso existente na Montanha doPico, a uma altitude de 2250 m. Nesta craterade contorno sensivelmente circular, com umdiâmetro médio de 550 metros e um desnívelmáximo de aproximadamente 25 m, foipossível observar, em flor, a subespécieendémica dos Açores bermim (Silene vulgarisssp. craterícola), que apenas se encontra nestelocal.

    Uma vez que a fome já apertava e aanimação dava, nesta altura, lugar a algumcansaço, efectuou-se uma breve paragem pararesponder a estas necessidades. Assim, esempre sob um céu limpo que marcava,decisivamente, a presença do Verão, foi-seacompanhando o almoço com uma boa

    conversa, ora sobre o tempo, ora sob o cansaço,o que é certo é que tema não faltou.

    Terminado o almoço, chegou a altura deconquistar aquele que é o ponto mais alto dePortugal, o Piquinho, a 2351 m de altitude. Àpartida, este cone lávico, muito íngreme, que seeleva a cerca de 125 metros do fundo dacratera, foi suficiente para intimidar alguns,que não se aventuraram a subi-lo. No entanto,mais de metade dos 38 elementos dos Amigosdos Açores, sempre acompanhados do guia,foram suficientemente corajosos e persistentespara atingir a derradeira meta a que se tinhamproposto logo de início.

    Deu-se, então, início à subida, atingindo-se em pouco tempo a cratera, com cerca de 15m de diâmetro, existente no topo do Piquinho,onde se localiza um pequeno campofumarólico. De acordo com França (2002),estas fumarolas existentes no topo da cratera doPiquinho e nas suas vertentes, onde parecemdefinir um alinhamento geral WNW-ESE, não

  • Vidália 24 10

    constituem, neste momento, qualquer ameaça,mesmo para os mais imprudentes, que nestelocal se aproximem delas, visto se tratarem deemanações essencialmente constituídas porvapor de água.

    Do Piquinho, a paisagem avistadarevelou-se verdadeiramente monumental,tendo-se observado desde a ilha de São Jorge, anordeste, e o Faial, a Oeste, à zona central daprópria ilha, a sueste, com os seus conesvulcânicos, as manchas de vegetação primitiva,algumas lagoas, nomeadamente a Lagoa doCapitão, etc., até à imensidade do oceanoAtlântico. Deste local, e uma vez que o tempoassim o proporcionou, foi, ainda, possívelobservar, por detrás da ilha de São Jorge, a ilhada Graciosa.

    Este panorama mereceu e conquistoumuitos registos fotográficos, que servirão, paramuitos, de comprovação e recordação doalcançar desta meta, que segundo as estatísticasé apenas alcançada por 80% dos que sobem amontanha.

    Após a descida à cratera, onde parte dogrupo esperava os mais aventureiros, efectuou-

    se mais uma paragem, para então, depois derecuperadas as forças, se dar início à descida damontanha.

    A descida fez-se a ritmo vagaroso esempre com muita cautela, já que o trilho algotraiçoeiro acompanhado pelo cansaço de algunselementos, propiciavam a ocorrência deincidentes.

    Volvidas cerca de 10 horas desde o iníciodesta aventura, chegou-se, finalmente, ao fimdo percurso. Com muito cansaço, algunsescaldões, joelhos, pernas e pés a doer, mascom o maior dos aprazimentos, finalizou-se,assim, mais um passeio dos Amigos dosAçores.

    Não poderia terminar, no entanto, semfazer menção ao facto de ter sido com grandetristeza e decepção que nos deparámos comuma sinalização desadequada e degradada, pelodeixo um apelo para que se uniformize asinalética utilizada neste percurso, substituindoa existente pela que se utiliza nos restantespercursos pedestres recomendados, mascolocando reflectores.

  • 11 Vidália 24

    De entre as inúmeras cavidadesvulcânicas que podemos encontrar na ilha doPico, é de destacar a Gruta das Torres, cujotraçado original se mantém num estadoimpecavelmente preservado. Pela suadimensão e beleza, pela sua biodiversidade egeodiversidade e pela sua importância comopatrimónio natural, esta gruta foi classificadacomo Monumento Natural Regional através doDecreto Legislativo Regional nº 6/2004/A de18 de Março.

    Devido ao seu interesse, e enquantoMonumento Natural Regional, esta cavidadevulcânica foi classificada, sobretudo, porconstituir uma paisagem subterrânea decaracterísticas muito especiais, o que lheconfere particular destaque no panoramavulcano-espeleológico regional, justificando-se, por isso, a sua geoconservação.

    Localizada na freguesia de CriaçãoVelha, a uma altitude de 285m, a sua origemprende-se com a formação de escoadas lávicasdo tipo pahoehoe, emitidas pelo Cabeço Bravo.Constituído por um túnel principal de grandesdimensões e vários túneissecundários laterais esuperiores de dimensõesmais reduzidas, este é omaior tubo lávicoconhecido na RegiãoAutónoma dos Açores,com cerca de 5 150 m decomprimento total, sendoo seu interior rico emformações lávicas, estala-gmites lávicas, bancadaslaterais, lava balls,paredes estriadas e lavasencordoadas. O chão éconstituído por lava dotipo aa e pahoehoe,

    encontrando-se muito bem preservado emgrande parte da gruta. As suas paredesencontram-se por vezes revestidas por óxidosde sílica.

    O acesso à gruta é feito pelo seu Centrode Interpretação, recentemente inaugurado.Descida a escadaria de pedra existente no Algarda Ponte, penetra-se no seio do seu ambientecavernícola, surgindo, imediatamente, apercepção da transição da vegetação arbórea dasuperfície, para uma vegetação mais rasteiradominada por fetos e musgos e outras formasde vida, como os líquenes, que se encontram nochão e paredes junto da abertura.

    No que diz respeito à fauna troglóbia,foram identificadas, neste local, as espéciesendémicas Trechus picoensis Machado e Cixiusazopicavus Hoch. No entanto, as grandesdimensões desta cavidade fazem prever aexistência de mais espécies que poderão serencontradas em futuros estudosbioespeológicos.

    C.F. (com base em desdobrável editadopela Direcção Regional do Ambiente)

    Espeleologia

    Gruta das Torres – Pico

  • Vidália 24 12

    Vida Associativa

    Geodiversidade em Áreas Protegidas – enquadramento histórico e perspectivas futuras

    Sérgio Diogo Caetano e Eva Almeida Lima

    As questões relacionadas com aConservação da Natureza apresentam umaimportância crescente na sociedadecontemporânea. O incremento populacional, apressão urbanística de uma forma concentradaem algumas áreas, a exploração desordenada dosrecursos naturais, entre outros, têm contribuídoperemptoriamente para uma evidente diminuiçãode áreas onde a Natureza permanece inalteradaou em elevado estado de conservação. Noentanto, as políticas de Conservação da Naturezavêm sendo valorizadas socialmente, dada a suaimplicação nos projectos e acções promotoras dedesenvolvimento sustentável.

    A Conservação da Natureza deve serconsiderada de forma holística integrando apreservação dos valores paisagísticos,geológicos, biológicos e ecológicos de uma dadaregião.

    Dada a impossibilidade da implementaçãode práticas conservacionistas de formageneralizada em todo o território, optou-se poradoptar medidas conducentes à Conservação daNatureza em áreas protegidas, locais ondeteoricamente as condições naturais estariam maispreservadas e onde a riqueza e singularidade deelementos paisagísticos, geológicos, biológicos eecológicos poderia ser mais significativa, semesquecer a vertente cultural e social daspopulações que habitavam estas áreas. É noseguimento desta politica que é criado o conceitode Parque Nacional, ao qual está intimamenteligado a criação, em 1872, do Parque Nacional deYellowstone, nos Estados Unidos da América.Desde então, as perspectivas de gestão de áreasprotegidas têm sofrido diversas evoluções.

    Em Portugal, o actual sistema de áreasprotegidas é constituído por dezenas de unidadesentre Parques Nacionais e Naturais, Reservas

    Naturais, Monumentos Naturais, PaisagensProtegidas, etc. Para além destas unidades daresponsabilidade do Instituto da Conservação daNatureza (Secretaria Regional do Ambiente e doMar, no caso da Região Autónoma dos Açores),inúmeras autarquias gerem espaços naturaisprotegidos de âmbito local.

    Na Região Autónoma dos Açores, as áreasprotegidas estão classificadas por Leis regionaise nacionais: 15 áreas estão classificadas comoReserva Florestal Regional (Decreto Lei27/88/A, de 22 de Julho) e as restantes estãoclassificadas como Paisagem Protegida (4),Reserva Natural (10) ou Monumento NaturalRegional (10) pelo Decreto Legislativo Regional21/93/A, de 23 de Dezembro, que adaptou para aRegião Autónoma o Decreto Lei 19/93, de 13 deJaneiro.

    A necessidade de preservação e fomentoda Biodiversidade, uma das componentes doPatrimónio Natural, é uma ideia já relativamentebem implantada na sociedade. Mas, por outrolado, tem sido subvalorizada a importância daoutra componente do Património Natural: ageodiversidade. Este termo, que apenas surgiu noinício da década de 90, corresponde à variedadede ambientes geológicos, fenómenos e processos

    Rocha dos Bordões

  • 13 Vidália 24

    activos geradores de paisagens, rochas, minerais,fósseis, solos e outros depósitos superficiais queconstituem a base para a vida na Terra. Noentanto, a geodiversidade não tem merecido, naspolíticas nacionais e internacionais, um destaqueproporcional à Biodiversidade. É mais fácilenvolver a população na preservação de umadada espécie animal ou vegetal do que naconservação de um afloramento rico em fósseis –vegetais ou animais - com alguns milhares oumilhões de anos. O carácter inanimado doPatrimónio Geológico e a falta de sensibilidadepara a Geologia da maioria da populaçãoconduziu a este afastamento da sociedade face ànecessidade de implementar medidas degeoconservação.

    As questões relacionadas com ainventariação, caracterização e valorização doPatrimónio Geológico só foram despoletadas nadécada de 90 do século passado. A nívelinternacional, o 1st International Symposium onGeological Heritage decorreu em 1991 em Digne(França). Em 1993 foi criada a ProGEO -European Association for the Conservation of theGeological Heritage. Apenas em 1996 o 30th

    International Geological Congress consagra, pelaprimeira vez, uma sessão a este tema. No mesmoano a International Union of Geological Sciencescria um Grupo de Trabalho (Task Group onGlobal Geosites) com o objectivo de promover oinventário de locais de interesse geológico comrelevância mundial. No entanto, alguns paísestinham já encetado algumas iniciativas no finalda década de 80, principalmente alguns países doleste europeu.

    A primeira iniciativa em Portugal, decarácter científico e alargada a toda acomunidade, apenas ocorreu em 1998,enquadrada no V Congresso Nacional deGeologia. Desde essa data, as iniciativas têm-semultiplicado, quer de carácter científico, quer aonível da implementação de acções deinventariação e caracterização do PatrimónioGeológico Português.

    Hoje, embora com elevado potencial esingularidade, a geodiversidade do arquipélago

    dos Açores carece de estudos sectoriais quetenham por base a execução de um encontro deinformações dispersas em cartas geológicas,teses e artigos científicos que abordemtransversalmente esta temática, com um intuitoda investigação, inventariação e descrição deelementos do património geológico presentes nasáreas protegidas, de forma a que se constituamferramentas de apoio ao estabelecimento dasmelhores práticas para a conservação e usufrutoregrado destes locais.

    Nos Açores, em termos de trabalhoscientíficos, existe o projecto GEODIVAGeodiversidade das Áreas Classificadas dosAçores (SRA/DRA – Univ.Açores) em que estasforam objecto de análise através de umacaracterização sumária da geologia e davulcanologia destas zonas, na perspectiva de quea mesma pudesse contribuir para a valorizaçãodo Património Natural dos Açores. Está emelaboração uma Carta de Geomonumentos daIlha de São Miguel, uma edição do OVGA –Observatório Vulcanológico e Geotérmico dosAçores. E há ainda o grupo GESPEA, um grupode trabalho encarregado de promover um estudosobre as grutas e algares do arquipélago, que temvindo a desenvolver uma base de dados e umsistema classificativo, com o intuito de reunirtoda a informação disponível sobre as cavidadesvulcânicas dos Açores, pretendendo, também,promover uma gestão mais eficaz destascavidades relativamente ao seu potencialturístico e científico.

    Capelinhos

  • LIVROS Associados Não Assoc. Nº ValorGrutas, Algares e Vulcões 5,00 € 7,50 €Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel 7,50 € 12,50 €Paisagens Vulcânicas dos Açores 5,00 € 8,00 €Borboletas Nocturnas dos Açores Grátis 2,50 €Moinhos da Ribeira Grande Grátis 2,50 €Parque Natural Reg. Plataforma Costeira das Lajes do Pico Grátis 2,50 €Cavidades Vulcânicas dos Açores Grátis 2,50 €Orientação Grátis 1,00 €Percursos Pedestres em São Miguel Grátis 5,00 €Plantas Nativas dos Açores Grátis 2,50 €Plantas Ornamentais dos Açores Grátis 2,50 €BROCHURASPercurso Pedestre da Ribeirinha Grátis 1,50 €Percurso Pedestre do Salto do Cabrito Grátis 1,50 €Percurso Pedestre da Serra Devassa Grátis 1,50 €Percurso Pedestre do Pico da Vela Grátis 1,50 €Percurso Pedestre das Três Lagoas Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Praia – Lagoa do Fogo Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Pinhal da Paz Grátis 1,50 €Percurso Pedestre do Sanguinho Grátis 1,50 €Percurso Pedestre das Sete Cidades Grátis 1,50 €Percurso Pedestre das Quatro Fábricas da Luz Grátis 1,50 €Percurso Pedestre da Ponta da Madrugada Grátis 1,50 €Percurso Pedestre da Fajã do Calhau Grátis 1,50 €Percurso Pedestre das Furnas Grátis 1,50 €Percurso Pedestre de Santa Bárbara Grátis 1,50 €OUTROS MATERIAISBonés "Amigos dos Açores" 2,00 € 3,00 €T-Shirt "Salvemos o Pombo Torcaz" 3,00 € 4,00 €T-Shirt "Golfinhos" 4,00 € 5,00 €T-Shirt "Amigos dos Açores" 5,00 € 6,00 €Casacos para Protecção da Chuva 10,00 € 11,00 €Sweat-Shirt "Amigos dos Açores" 12,50 € 13,00 €

    Vidália 24 14

    Publicações e Materiais para Venda

    Nota: todos os pedidos deverão ser acompanhados do respectivo pagamento em cheque ou vale postal.Para o estrangeiro ao valor total deverá acrescentado 2 €

    AMIGOS DOS AÇORES- Avenida da Paz,14 9600-053 PICO DA PEDRATelefones - 296 498 004 Fax - 296 498 006 E-mail - [email protected]

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    BOLETIM DE INSCRIÇÃO

    Os AMIGOS DOS AÇORES são umaassociação regional de defesa do ambiente,independente do poder político-económico eapartidária, que vem, desde 1985, trabalhandoininterruptamente a favor da conservação damaior riqueza dos Açores: o seu patrimónionatural.No entanto, uma associação como esta, paradesempenhar ainda melhor o seu papel, tem decontinuar a aumentar a sua principal base deapoio: os seus associados.

    Porque é fundamental contribuir para a garantiada existência de uma voz independente e firmena defesa do ambiente nos Açores, vimosconvidá-lo(a) a aderir aos Amigos dos Açores,para tal basta preencher a ficha que juntoenviamos e devolvê-la para:

    AMIGOS DOS AÇORESAvenida da Paz, 14

    9600-053 PICO DA PEDRA

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    PARTICIPAÇÃO NOS PASSEIOS PEDESTRES: SIM________ NÃ0________

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    Por débito na minha conta com o NIB _______________________________ nesse Banco,solicito que transfiram para crédito da conta dos AMIGOS DOS AÇORES com o NIB001200009399438830116 (Agência de Ponta Delgada do BANCO COMERCIAL DOSAÇORES), a importância de ___________ , ____ €, no primeiro dia útil de _________________de cada ano, até instruções minhas em contrário. Agradeço ainda que, ao efectuarem astransferências, indiquem sempre o nome completo e morada do ordenante. Esta ordem anulatodas as eventuais anteriores.

    De V.Exas.Muito Atentamente

    _________________________________(nome completo) (assinatura idêntica à existente no Banco)

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