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Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 32 2009 V i d á l i a • Participação pública • Na ilha do Dragão • Cagarro • Educação Ambiental • Bons exemplos de Natal sustentável 0088:paginação 09 02 2010 12:23 Página 1

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Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 32 • 2009

V i d á l i a• Participação pública• Na ilha do Dragão• Cagarro• Educação Ambiental• Bons exemplos de Natal sustentável

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Sumário

Vidália

Boletim dos Amigos dos Açores– Associação Ecológica

Distribuição gratuita entre os sócios

Os artigos são da responsabilida-de dos autores e não representamobrigatoriamente a posição ofi-cial da Associação.

É permitida a reprodução e trans-crição, desde que citada a fonte eo autor

ApoioSecretaria Regional do

Ambiente e do Mar

Execução Gráfica e ImpressãoEGA

Empresa Gráfica Açoreana, Lda.

Órgãos sociais da Associação

DirecçãoPresidente

Sérgio Diogo CaetanoSecretário

Gilda PontesTesoureiro

Eduardo SantosVogais

Eva Almeida LimaJorge Cardoso

SuplentesLúcia Ventura

José Pedro Medeiros

CONSELHO FISCAL

PresidenteEmanuel Ponte

SecretárioArlinda Fonte

VogalNorberto Carreiro

SuplentesNuno Pimentel

Catarina Furtado

ASSEMBLEIA GERAL

PresidenteTeófilo Soares de Braga

Vice-PresidenteMaria Manuela Livro

SecretárioMário Furtado

SuplentesEduardo Almeida

José Melo

Sede SocialEstá instalada no edifício da Junta deFreguesia do Pico da Pedra, Avenidada Paz, 14. Ali se encontram todas aspublicações editadas e uma bibliote-ca especializada na temática ambien-tal. Os interessados poderão visitá-latodos os dias úteis das 9h às 12h e das13h às 17h. Aconselha-se a marcaçãoda visita. Contacto: Carla Oliveira,Tel. 296 498 004

Capa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1

Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3

Participação pública - uma chavepara um desenvolvimentosustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Na ilha do dragão . . . . . . . . . . . 6

Este Ano Salve um Cagarro, Faça um Amigo . . . . . . . . . . . . .8

Cântigo ao Cagarro . . . . . . . . . 10

Educação Ambiental... Reflexões... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Actividades da Ecoteca de PontaDelgada . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

Ecoteca da Ribeira Grande ...Ensino ou Educação Ambiental?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

Bons exemplos de Natalsustentável. . . . . . . . . . . . . . . . .17

Publicações e Materiais paravenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

Novos Sócios . . . . . . . . . . . . .19

A Terra que não queremos . . . .20

Telefone/Fax: +351 296 498 004

Web: www.amigosdosacores.pt/

Email:[email protected]

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sacor

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Editorial

Este Boletim Vidália vem recheado de diver-sos artigos de variados temas e actividades desen-volvidos no âmbito dos Amigos dos Açores e dasEcotecas de Ponta Delgada e da Ribeira Grande.

É apresentado um estudo sobre a participa-ção pública em planos e projectos ambientais nosAçores, sendo apresentados os principais resulta-dos deste estudo promovido pelos Amigos dos Aço-res e desenvolvido por Julie Bentz.

Em seguida a associada Margarida Melo rela-ta a saída de campo realizada à ilha de São Jorgepor um grupo dos Amigos dos Açores, com o intui-to de se realizarem percursos pedestres e contactarcom a natureza jorgense.

Os cagarros marcam, novamente, presençano boletim Vidália, agora com o testemunho deCidalina Gomes, associada que participou pela pri-meira vez nas Brigadas Nocturnas de Salvamentode Cagarros campanha e conta-nos as suas aventu-ras.

São, ainda, apresentados dois textos de refle-xão sobre a Educação Ambiental que se faz por cáe seus propósitos.

São apresentadas algumas das actividadesrealzadas pela Ecoteca de Ponta Delgada e a con-cluir temos um texto sobre bons exemplos de Natalsustentável, que todos deveriam promover, da auto-ria de Luís Noronha.

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Participação pública – uma chave para um desenvolvimentosustentável

A Participação pública é já uma prática comumem muitos países.Em Portugal a implementação e execução de umaefectiva participação pública tem sido dificulta-da. Verifica-se, no entanto, cada vez mais que osprocessos de participação onde o diálogo está pre-sente possuem uma grande vantagem pelo factodo público sentir-se mais envolvido na decisãotomada e, portanto, assumir a co-responsabilida-de das consequências que poderão daí advir.Em processos relativos à protecção do ambiente,é reconhecido que a sua implementação dependeespecialmente da aceitação do público. Portanto,a participação dos cidadãos é fulcral para o suces-so das políticas ambientais e para um desenvol-vimento sustentável.

Participação a nível regionalA nível regional a participação pública é efec-tuada por meio da consulta pública e dos órgãosconsultivos do Governo Regional dos Açores.Para melhor perceber a participação pública naregião, os Amigos dos Açores tomaram a inicia-tiva de realizar um estudo exploratório que, entreoutros, tem como objectivos um melhor conheci-mento do modo como é feita a sua promoção porparte das entidades públicas e como a mesma éencarada por parte dos cidadãos. Assim, foramelaborados dois questionários: um para entidadespúblicas e privadas, instituições de ensino supe-rior, organizações não governamentais, agênciasregionais e outras associações; e outro que tinhacomo público alvo a população em geral. Envia-ram-se questionários a 72 entidades, dos quaisforam remetidos 36, quanto aos inquéritos feitosaos cidadãos conseguiram-se 259 inquéritospreenchidos.

Consulta pública e formas de participaçãoOs resultados obtidos revelaram algumas defi-ciências na consulta pública. A maioria das enti-dades inquiridas (52,7%) considera o processo daconsulta pública pouco eficaz. Apenas 38,80%encara a participação pública razoavelmente efi-caz.

Figura 1: Eficiência da consulta pública

Relativamente ao inquérito ao público revelou-seque muitas pessoas não sabem como podem par-ticipar na elaboração dos planos e projectosambientais, pois 92% dos inquiridos (238 pes-soas) não conhecem nenhuma forma de partici-pação.

Figura 2: Conhecimento de formas departicipação

Influência do público sobre as decisõesPara 40,9% dos inquiridos “a consulta públicaserve apenas para informar o público sobre os pla-nos e projectos em questão”. Os inquiridos têm,portanto, a opinião de que os seus receios não têmqualquer efeito sobre as decisões com incidênciano Ambiente. 21% dos auscultados consideramque a consulta pública serve, para além de infor-mar, “também para considerar os receios do públi-co”. Mas a maior parte das pessoas entende a con-sulta como veículo de informação do que já foidecidido e não como uma forma de incorporar opúblico no próprio processo de tomada de deci-são.

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Texto, fotografia e imagens: Julia Bentz

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Propostas dos inquiridos para melhorar a partici-pação públicaAs propostas dadas pelo público para melhorar aparticipação foram sobretudo “mais informação”e “maior transparência”, mas revelaram tambémque há uma necessidade de melhorias nas outrasáreas Pediram-se mais possibilidades de colaborarna elaboração dos planos e projectos, possibilitarmais discussão sobre os planos e projectos nacomunicação social, técnicas adaptadas paraalcançar e informar pessoas sem formação e aces-so aos meios de comunicação social e haver maisinteresse das pessoas pelas políticas do Ambiente.

Os resultados do estudo revelam que há necessi-dade de promoção de um processo de participação

pública mais compreensível, acessível e atrac-tiva. Um processo desta natureza deve permi-tir à sociedade exprimir a sua opinião e nãopode ser reduzido a uma formalidade adminis-trativa. Deve ser um processo aberto, de modoa levar os cidadãos a sentirem confiança de queas suas opiniões serão tidas em consideração. As respostas aos inquéritos efectuados mostra-ram que há pouco conhecimento sobre as pos-sibilidades de participar efectivamente na ela-boração de planos ambientais. Para melhorar oconhecimento das pessoas, é importante que ainformação seja acessível e fácil de obter porqualquer cidadão. Ela deve ser de fácil inter-pretação de modo aque todos os interessadossejam capazes de compreender como poderãoparticipar.Para alcançar o maior número de pessoas é

necessário haver um investimento em novas for-mas de publicitação adequadas aos diferentespúblicos e projectos. Não há, por exemplo, umesforço no sentido de fazer chegar a informação adeterminados grupos, como o caso dos analfabe-tos ou pessoas com pouca escolaridade, que ocu-pam ainda hoje uma grande percentagem da popu-lação portuguesa.Havendo falta de hábitos de participação, é preci-so ajudar o público a participar, o que passa porpromover o envolvimento, compreensão e desen-volver capacidades das pessoas sobre o que estáem causa, sendo fundamental transmitir, clara-mente, aos cidadãos que eles conseguem efecti-

vamente influenciar os planos e projectos emquestão.

Para uma comunidade vivaAs entidades promotoras da participação públi-ca podem tirar grande proveito de uma boa par-ticipação. É útil para minimizar o desinteressedo público pelos processos políticos e mobili-za a troca de experiências, a capacidade de argu-mentação e o estabelecimento de compromis-sos (Brito 2008). A participação promove,sobretudo, melhores decisões e cidadãos maisinformados, e ao nível social favorece a cons-trução de uma comunidade viva, integradora,comunicativa e responsável, com capacidadede dar forma ao seu futuro (Heras 2002).

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Figura 3: Influência do público sobre as decisões através da consulta pública

Figura 4: Propostas para melhorar a participação

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Conta a lenda que a ilha de S. Jorge escondeum dragão adormecido. Um dragão jovem, cujodorso se estende por algumas dezenas de quilóme-tros e de que das três vezes que acordou, na sua irre-verência vulcânica, transformou o verde da ilha,modificando falésias, penedias, grutas e fajãs.

No verde costado deste dragão, instalaram-se os primeiros povos da ilha, ávidos e determina-dos em contornar as dificuldades da paisagem agres-te. Partilhando a coragem do santo cavaleiro, quesegundo a lenda desceu do céu para enfrentar o dra-gão que ameaçava a sobrevivência do pequeno reino,os povos da ilha vivem há centenas de anos neste

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Na ilha do dragão

Texto: Margarida Melo; Fotografias: Margarida Melo e Eva Lima

negociado equilíbrio com a natureza. Talvez por isso,em S. Jorge se encontrem tão engenhosos utensíliose técnicas agrícolas: os poços de maré; as roldanasque ainda persistem nas fajãs e que de lá fazem des-cer e subir lenha e outros haveres; a arquitectura dascasas que se moldam à natureza; as janelas de gui-lhotina para as habituais ventanias, …

Diz-se (e eu concordo) que a necessidadefaz o engenho e, certamente, S. Jorge é um perfeitoexemplo da persistência e génio humanos em con-tornar as adversidades naturais. Mas mais do queisso, S. Jorge é um perfeito exemplo de que antes dadeterminação existiu a certeza que a natureza eramais forte. Enfim o dragão estava adormecido,porém nunca estaria definitivamente vencido, porisso, como dizia um aldeão, “a terra não nos dá nada,nós é que temos que lhe tirar”. Os antigos povos dailha saberiam pouco de ler e escrever, mas foramsábios em descortinar que a única forma de contor-nar as adversidades passaria pelo estrito respeito ereconhecimento das forças naturais. Enfim, uns ver-dadeiros ecologistas do passado, cujos pensamentosde humildade e engenho nos deviam guiar nestesconturbados tempos modernos. É que naquele tempoa “tecnologia” não serviu para dominar o espaço,mas tão somente para usufruir dele, para “tirar”dele aquilo que ele podia dar, repe- C o n t i n u a

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tindo, com humildade e perseverança, o trabalho asvezes que necessárias fossem.

Estavam, naturalmente, encontrados osmotivos que nos levariam à ilha do dragão e, assim,para lá partiu um grupo de Amigos na última sema-na de Julho. O nosso objectivo era, sobretudo, visi-tar as afamadas fajãs, repetindo os trilhos há muitoabertos pelos primeiros colonos da ilha.

À chegada percebe-se o mais importante:não estamos na ilha, estamos no Triângulo. Aqui sematerializa o conceito de arquipélago, aqui pressen-te-se que estamos isolados, mas acompanhados e, naverdade, os ilhéus cumprimentam-se todas as noitesquando se avistam as luzes das ilhas vizinhas.

Esse será outro dos grandes ensinamentos des-tas gentes - o espírito de uma comunidade que par-tilha e se solidariza para enfrentar os “azedos” danatureza. É, aliás, disso que nos fala outra das len-das da ilha, que relaciona a ocorrência de catástro-fes naturais e da dureza e isolamento da ilha à famados milagres operados pelo Espírito Santo. Por isso,nestas festividades se oferece pão, vinho e sopas aquem precisa, porque o divino (ou a natureza) impõea humildade aos homens, lembrando-lhes que só soli-dariamente subsistirão. Nos Lourais também nósusufruímos destas oferendas. Curiosamente, o Impe-rador era um açoriano emigrado na Califórnia que,cumprindo promessa feita, trouxera a sua já “ame-ricanizada” família a descobrir S. Jorge, numa odis-seia de retorno às raízes do pai e avô, repleta emfajãs misteriosas e trilhos verdejantes. Mas isso sóaconteceu no segundo dia, porque no primeiro des-cemos , porventura, a um dos espaços mais bonitosdo arquipélago – a Fajã de Santo Cristo.

Não deixa de ser curioso que à Fajã de SantoCristo não se chegue, mas se vá chegando. É talvezuma cautela da própria Natureza ou talvez apenas

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uma outra lição de humildade, poisa beleza e espectacularidade desteespaço não deve ser oferecida deforma gratuita, obrigando o visi-tante a uma caminhada de algumashoras até a este isolado paraíso. AFajã é, de facto, uma espécie deparaíso perdido que, possivelmen-te, ainda assim se mantém devido àdifícil acessibilidade. Não há mui-tos anos, aqui vivia uma animadacomunidade, mas a fúria de um ter-ramoto veio adensar a ideia de iso-lamento que aqui se vivia e o espa-ço quase ficou despovoado. Nós,

porém, encontrámos por lá muitas pessoas, algumasserenamente saboreando aguardentes de canela eoutras, claramente para aqui deslocadas de longín-quas e movimentadas cidades, espreitavam indolen-tes à nossa passagem. Percebe-se que o paraíso temsido descoberto por muitos, esperemos que todoseles reconheçam a urgência da sua preservação…. Éa única atitude admissível quando se fala de um san-tuário.

Não foi esta, contudo, a única Fajã que visi-támos. Da Fajã do Santo Cristo partimos a pé até àvizinha Fajã dos Cubres, onde junto a uma pequenaermida descobrimos, num acaso feliz, uma tradicio-nal salga de peixe. Também, a seguir à Sopas dosLourais, visitámos a Fajã dos Vimes, onde se prova,provavelmente, o único café produzido em terrasaçorianas e se aprecia a confecção em teares de belís-simas colchas e tapetes. Preciosidades que os tem-pos modernos têm feito esquecer, mas que as gen-tes destes recônditos lugares preservam e estimam.

E assim foi. Uma viagem de saberes e sabo-res, de conhecimentos e reflexões. Em seguida, via-jámos até à Ilha Montanha, mas isso já é outra his-tória.

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Texto: Cidalina Gomes; Fotografias: Duarte Sousa

“ Os cagarros estão exaltados. Estou estática,aprisionada pelo cinto dito de segurança com dois cagar-ros hospedados num caixote improvisado. O bicorobusto de um tomou rumo em direcção à mão do Danielque debate-se por permanecer na estrada, o outro deci-de encaminhar-se na direcção das minhas bochechas.A mão do Eduardo insurge-se do assento de trás e segu-ra-o com uma luva. Entretanto o Nuno abre frenetica-mente a porta do meu lado e desata-me o cinto. Suspi-rei fundo. Por breves segundos, imaginei que eraprotagonista de um filme de ficção científica digno deSpielberg, com explosões à Peter Jackson”

Este é o testemunho pessoal de uma das muitassituações caricatas que ocorreram nas Brigadas Noc-turnas da Campanha SOS Cagarro. De 19 de Outubroa 7 de Novembro um grupo de voluntários reunia-sepelas 20h:45min no quartel-general da Campanha cujabase oficial era o Bar do Pópulo. Após um dia de tra-balho, fazemo-nos à estrada em busca de cagarros

desamparados. Nem sempre as noites outonais aço-reanas são convidativas, mas nem a brisa gélida e achuva miudinha detêm-nos da nossa missão: “Salveum Cagarro, Faça um Amigo”. Antes da partida somosdivididos pelo número de viaturas existentes e ficamosresponsáveis por percorrer os meandros das estradasmicaelenses. O avistamento de um cagarro vem a parde um grande frenesim dentro do carro. Busca-se a toa-lha, alguém que tire o caixote, onde estão as luvas? Aliestá ele, atordoado, com penugens à volta da cabeça,pasmado com tal alvoroço em seu redor. É recolhidopara dentro de um caixote. De preferência não guardedois cagarros no mesmo caixote. De acordo com a nossaexperiência irão tornar-se ferozes, como feras da sava-na africana, lutando pelo seu território, “desplumando-se” mutuamente, trauteando cantos estridentes. Namanhã seguinte os felizardos apanhados durante a noite,serão libertados à beira-mar para assim prosseguiremo seu caminho.

É de louvar o trabalho destes voluntários, pes-soas como tu que lês esta narrativa, que todos os diasfazem o esforço de comparecer nas Brigadas, cujo pro-veito passa por uma duradoura sensação de satisfaçãopessoal e de dever cumprido. Este ano foram salvosmais de 400 cagarros. Mas não estamos aqui para tra-balhar equações aritméticas, estamos aqui para actuar.A par dos cagarros vivos que salvamos, existe cerca de70 mortos. Muitas vezes vimos cagarros estonteadospelas luzes de portos, urbanizações, irem directos baterem postes de iluminação e prostrarem-se fatalmente nochão. Outros jaziam nas bermas dasestradas dilacerados por rodas de auto-

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Este Ano Salve um Cagarro, Faça um Amigo– O relato em primeira mão de uma Voluntária –

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móveis, que ingenuamente pensando, julgo que nãotiveram outra hipótese senão rumar naquela direcção.Será que são os Cagarros que seguem o caminho erra-do? Ou somos nós que estamos a invadir um espaçoque a nós não nos compete? Opto que esta perguntaretórica paire no ar. Segundo Ghandi “o progresso moralde uma nação pode ser avaliado na forma como tratamos seus animais”. Se continuarmos a encontrar animaisdespedaçados nas nossas estradas, e se o resultado desteacto nos alimentar o ego, estaremos a afastar-nos cadavez mais de uma sociedade que se pretende justa e comdireitos iguais para todos. Todos entenda-se por todo oser vivo que existe à face do nosso planeta.

--- A esperança reside naqueles que a vão construindo ---

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Donde vens, donde vens,de que terra, de que mar,

donde vens, donde vens ó Cagarro,que aos Açores vens repousar.

Desta terriola selvagem,do alto da falésia viste barcos a desembarcar,

carregados de feiticeiras,que a haviam de povoar.

Já tu aqui velejavas,navegando sobre mar encrespado,

uma nau traiçoeira timonavas,para donde jazia chicharro grado.

Cagarro, Cagarro,que rapsódia entoas na escarpa,

nesse buraco recatado,donde cuidas da tua cria,e lhe sibilas o teu fado.

Cântico ao CagarroOdília Silves (Pseudónimo)

A cria fez-se juvenil,chegou a hora de abalar,

para as terras meridionais á que rumar,onde os mares parecem telas,

de águas tépidas pintadas a aguarelas.O caminho é arriscado,

porque às vezes a estrela do céu que reluz,as feiticeiras lançam-lhes um bruxedo,

e a estrela disfarça-se num poste da luz,

Chegas a esbarrar nestes encantos,sem saber como a estas magias superar,

acabas morto sem direito a prantos,morto por quem um dia viste chegar.

Se o dia for de ventura,um bom mago poderá o feitiço reverter,

voltarás a cursar o teu destino,e ele ficará só levitando na arriba,

a aguardar pelo dia em que te voltará a ver.

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Educação Ambiental… Reflexões…

Texto Rafaela Anjos; Fotografias Rafaela Anjos e Paulo Correia

A educação ambiental na minha vida pessoal tempor base duas questões fundamentais: o respeito pelasleis da natureza e a capacidade de amar o próximo.

Estes dois ideais de vida, a meu ver, e associadosa outros ideais éticos e de cidadania, quando postosem prática asseguram, por si só, o desenvolvimentosustentável do nosso planeta, do nosso “bemcomum”.

A experiência de educar para a preservação deste“bem comum” permitiu-me constatar que as ques-tões ambientais da nossa região, e do mundo, sãoencaradas de formas diferentes, tendo em conta o graude valorização da natureza e a sensibilidade de per-cepção de que temos o dever de conservar um bem,do qual todos somos dependentes.

A perfeição nunca se atinge, se assim fosse omundo seria algo bem diferente, difícil até de con-ceptualizar …

Se fizermos o pouco que está ao nosso alcanceserá o suficiente para que o pouco de todos se façasentir ...

O pouco para nós, como a poupança de algunslitros de água, representa a sobrevivência, a vida demuitas pessoas, noutro local do planeta …

Existem interesses que se sobrepõem à vontadede cultivar, de forma simples, e por vezes trivial, assementes que originarão os tais ideais fundamentaisà preservação do nossa “casa” e consequentementeà nossa sobrevivência.

A solução é tão simples e fácil de entender. Porém,é algo difícil de operacionalizar …

Vejamos um exemplo. Milhões de euros são gas-tos em tentativas de projectos mirabolantes baseadosem energias limpas e tecnologias verdes, que impli-cam gastos enormes de recursos naturais quer na suaconstrução, quer no seu processo de fim de vida. Hátempos publicou-se uma notícia sobre uma propostade construção de uma embarcação que se apresentacomo uma estrutura habitável, auto-suficiente e nãopoluente. O desenvolvimento deste projecto baseia-se no facto de, hipoteticamente, precisarmos “deum segundo planeta por volta do ano C o n t i n u a

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2050”, admitindo a possibilidade de sobrevivermosno mar de forma sustentável. Não se estará a fugirao senso da realidade? Que impactos isto terá sobreos ecossistemas marinhos? Será mesmo necessárioinvadir habitats que não são, por excelência, os ade-quados à nossa sobrevivência natural? Iremos con-tinuar a contrariar as leis da natureza, que natural-mente nos oferece todas as condições desustentabilidade, e com isso aumentar cada vez maisa irresponsabilidade perante o futuro do planeta?

À escala global, considero que as Ilhas dos Aço-res ainda são contempladas como um paraíso. Con-tudo caminhamos no sentido de uma crescente urba-nização e degradação da paisagem natural, muitoem prol do desenvolvimento turístico e da econo-mia da região. Não devemos esquecer que o nossoarquipélago é constituído por ecossistemas extre-mamente frágeis e interdependentes, de cujo equi-líbrio depende a nossa qualidade devida.

Serão instantes como a falta deágua por um dia, uma baixa de luzprolongada, a má qualidade dosprodutos alimentares, uma inunda-ção, uma derrocada, entre outrascircunstâncias, que nos fazemreflectir sobre o nosso papel nadefesa e preservação do nosso“bem comum”.

Infelizmente, de uma formageral, só se aprende, realmente, avalorizar os bens disponíveis quan-do se sente a falta ou se sofrem asconsequências, ou, quando se tema sensibilidade e se está alerta paraos apelos e incitamentos de quemcultiva a defesa do patrimónionatural.

Muitos quilómetros ainda exis-

tem por percorrer. Contudo, neste caminho bastan-te sinuoso, já se avistam iniciativas que poderãodesencadear atitudes e comportamentos ecologica-mente correctos e contribuir para a esperança deum futuro ambiental, quem sabe, risonho …

Julgo ser fundamental o estabelecimento de umarelação transversal entre educação e ambiente e istopassa pelo incentivo da prática da educação ambien-tal em escolas, instituições, organizações e grupossociais, quer através de um ensino formal, quer deum ensino não formal. É também importante quehajam incentivos que proporcionem uma maior par-ticipação local em projectos de desenvolvimentosustentável e que o conhecimento científico sobrea natureza seja orientador da prática da educaçãoambiental.

A educação ambiental não é a “fada-madrinha”dos problemas ambientais, mas pode consistir numprocesso contínuo de aprendizagem de conheci-mento e exercício da cidadania, capacitando as pes-soas para uma visão crítica da realidade e uma actua-ção consciente no âmbito social, ético e ambiental.Defender a qualidade ambiental deve ser um valorinseparável do dever de cidadania.

Mudar hábitos e atitudes não é tarefa fácil … temde se sentir e acreditar que é realmente necessáriouma mudança de pensamento e acção, sem nuncadescurar as relações sociais locais e a forma comoos indivíduos observam e valorizam a natureza.

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Actividades da Ecoteca de Ponta Delgada

Texto e fotografias: Rafaela Anjos e Paulo Garcia

Dia Mundial da Alimentação

No dia 16 de Outubro, a Ecoteca de Ponta Delgada,a Quinta do Priôlo e as turmas do 2º e 4º ano da Eco-Escola EBI/JI de Milagres comemoraram o Dia Mun-dial da Alimentação com um almoço biológico con-feccionado pelos alunos.Os alunos tiveram a oportunidade de explorar a quin-ta biológica (Quinta do Priôlo), de onde foram colhi-dos os legumes utilizados na confecção do almoço,fazer exercício físico na área Aventura e Ambientee aprender a fazer papel reciclado.O objectivo das actividades dinamizadas foi estabe-lecer o contacto com a prática da agricultura bioló-gica e, em conjunto, elaborar uma refeição saudávelà base de produtos biológicos produzidos localmen-te, não esquecendo o exercício físico na natureza,tão importante na nossa saúde.

Horta BiológicaAntes da preparação do almoço as crianças tiveramoportunidade de explorar a horta biológica e apre-ciar a diversidade de alimentos cultivados sem a uti-lização de produtos químicos.

O responsável pela horta demonstrou algumas téc-nicas de controlo, das pragas, amigas do ambiente.

O local da composta-gem foi também exa-minado, nomeada-mente as diferentesfases de degradação damatéria orgânica até setransformar em com-posto fértil, assimcomo alguns factoresimportantes neste pro-cesso como a tempe-ratura e a humidade.Nesta fase das activi-

dades os alunos contactaram com duas importantesetapas do ciclo da matéria orgânica: produção edegradação dos alimentos.

CozinhaNa cozinha todos ajudaram a preparar o almoço. Depois de colhidos os alimentos, e cumpridas asdevidas regras de higiene, os alimentos foram pre-parados para a seguinte ementa:

Sopa Biológica – Diversos legumes da horta.Prato Principal – Salada de Frango com alface etomate biológicos.Sobremesa – Fruta Biológica: ananás, mandarina ebanana.Bebida - Água

ReciclagemNo ateliê de reciclagem foi demonstrado o proces-so de reciclagem de papel, onde foram feitas aspáginas do álbum para registo da acti-vidade.

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Aventura e AmbienteNo espaço Aventura e Ambiente as crianças tive-

ram a oportunidade de praticar desportos saudáveise amigos do ambiente: BTT e Karts. Aqui ficamalguns dos seus comentários:

“Também andámos num carro que não polui oambiente”“É bom para a nossa saúde fazer desporto.”“Foi um dia hilariante e divertido. E importantepara a nossa saúde.”

Depois das actividades almoçámos todos juntos. Arefeição estava bem saborosa!

A sopa de legumes biológicos A salada de frango

No final as crianças elaboraram um álbum fotográ-fico, feito com papel reciclado, onde descreveram tudoo que fizeram na data que assinala o Dia Mundial daAlimentação. “Jamais esqueceremos este dia!”

A dinamização desta actividade pretendeu reforçara importância do consumo de alimentos biológicosna manutenção de uma alimentação saudável e naadopção de estilos de vida salutares e em harmoniacom o ambiente.

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Memórias de um passeio pelo Mar de São Miguel

Texto e fotografias: alunos da turma 8º E da Escola Secundária das Laranjeiras e Professora Fátima Botelho

Com o objectivo de comemorar o Dia Nacional doMar, um grupo de 20 alunos da turma E do 8º anoda Escola Secundária das Laranjeiras, acompanha-dos por dois professores, embarcou numa aventura,no dia 16 de Novembro. Esta actividade, organiza-da pela Ecoteca de Ponta Delgada, em colaboraçãocom a empresa Domingues Sub proporcionou “umpasseio pelo mar de São Miguel”, desde Ponta Del-gada até Vila Franca e permitiu que estes alunos, nafaixa etária dos 12-13 anos, saíssem da sala de aula,num estado de expectativa e emoção que era auto-maticamente perceptível pelos seus sorrisos e con-versas entusiastas sobre a aventura que se avizinha-va.Numa reunião preparatória, os cuidados a ter e osobjectivos desta saída foram apresentados aos par-ticipantes pela Ecoteca de Ponta Delgada. Esta acti-vidade pretendia:

- sensibilizar os alunos para a importância do marpara os açorianos;- permitir a observação das principais formas de ocu-pação da zona litoral (portos, áreas habitacionais,áreas industriais e áreas de cultivo) e a observaçãomorfológica do modo como o mar contacta com aterra;- estimular a reflexão sobre as consequências dasprincipais ameaças que as várias actividades huma-nas podem provocar no equilíbrio natural que exis-te nos ecossistemas marinhos;- permitir a observação da biodiversidade que o mardos Açores pode oferecer;- levar à conclusão que os benefícios do mar sãoinestimáveis e que a sua gestão sustentável é neces-sária para que as gerações futuras possam conti-nuar a aproveitá-los. C o n t i n u a

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encontradas ao longo do percurso verificou-se que,logo à saída do porto de Ponta Delgada, na zona daPranchinha, sentiam-se os odores desagradáveis pro-venientes da ETAR e observou-se a presença de resí-duos sólidos numa praia de calhau rolado, localizadaentre S. Roque e Lagoa. Por nós passaram duas embar-cações de pesca, o que nos fez recordar que grandeparte da nossa economia depende do mar e que temosque ser conscientes para gerir os recursos que ele nospode oferecer.

Resíduos sólidos numa praia de calhau rolado

Não se detectaram manchas nas águas da zona costei-ra, provocadas pelo lançamento de águas residuais deesgotos, manchas de petróleo ou alcatrão ou grandesdepósitos de resíduos sólidos. Os sinais de pressão urba-nística e erosão costeira provocados pela construçãodescontrolada junto ao litoral também não foram notó-rios. Conscientes de que esta quase ausência de ameaçasvisíveis na zona litoral da costa sul da ilha de São Miguelpode ser uma situação temporária, os alunos mesmoassim pesquisaram, no regresso à sala de aula, o modocomo o homem pode ameaçar o equilíbrio dos ocea-nos, provocando a morte de muitos seres vivos, a extin-ção de espécies e a redução da biodiversidade. Algu-mas conclusões sobre os efeitos negativos dolançamento de resíduos sólidos, dos derrames de petró-leo e alcatrão, da erosão costeira resultante da cons-trução sem controle e da pesca excessiva foram elabo-radas pelos alunos e serão apresentadas no decorrer doano lectivo. Na viagem de regresso a Ponta Delgada, o ligeiroaumento da ondulação e da brisa marítima, a diminui-ção ténue da intensidade luminosa e um ligeiro aumen-to de velocidade fizeram com que todos os participan-tes sentissem subir a adrenalina no sangue e guardassemsensações fantásticas que não vão esquecer por umlongo período de tempo. Foi uma viagem sensacionale é sempre um prazer voltar ao mar.

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Apresentação dos objectivos da saída.

Como muitos destes alunos estavam apenas habitua-dos a observar o mar visto da terra, era uma perspec-tiva completamente nova observar a costa sul da ilhade São Miguel, as várias formas como a ilha contac-ta com o mar. Ver e fotografar as praias de areia e decalhau rolado, as fajãs, as falésias, os ilhéus e baíasque se encontram ao longo deste percurso permitiu-lhes explorar os seus conhecimentos de geografia ede geologia, uma vez que era possível, em determi-nados locais, distinguir as diferentes escoadas lávicase os diferentes materiais vulcânicos que se deposita-ram no contacto da lava com o mar. A ilha “cresceu”e tomou uma dimensão “maior”.

Ilhéu de São Roque

Também foi importante observar e fotografar algunsanimais directa ou indirectamente dependentes domar tais como, caranguejos, garças, gaivotas e cagar-ros que se encontraram ao longo do percurso.

Gaivotas, ao fundo a Praia das Milícias

No que diz respeito a situações menos agradáveis

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Numa altura em que técnicos e cientistas, algunsdeles professores universitários, tanto filosofamsobre educação, depreciando os educadores e pero-rando sobre o “eduquês”, é útil reflectir sobre a uti-lidade ou inutilidade da educação ambiental.A Escola formal cada vez mais é pressionada paraque prepare os alunoscomo retransmissoresde conhecimentos. Aimportância é dadaprioritariamente à Lín-gua Portuguesa e àMatemática e, recente-mente, à Língua Ingle-sa.A Escola deixou de tera finalidade de educar,ou seja, de procurardesenvolver as faculda-des físicas, morais,artísticas, sociais e inte-lectuais, para se limitara ensinar, ou seja, trans-mitir conhecimentos.Mais recentemente passou a ser pressionada paraapenas treinar os alunos a resolver provas de exame,para obterem melhores resultados.Porém, quando a sociedade descobre os flagelos daobesidade, do consumo de drogas ilícitas, da falta deeducação cívica, por exemplo, quer atribuir à esco-la “mais uma disciplina” ou mais uma área não dis-ciplinar para a Cidadania, a Sexualidade, o Ambien-te, a Prevenção Rodoviária, o Consumo, a SaúdeOral, etc. No entanto há limites para o tempo em queos alunos estão na escola e com tantas horas de Lín-guas e Matemática…A Ecoteca é um instrumento para executar educaçãoambiental, procurando apoiar as escolas de todos osgraus de ensino, a sociedade em geral, privilegian-

do a sensibilização, formação e informação sobre oambiente.A educação não se esgota nas escolas, assim se jus-tifica que se aposte num projecto que tenha comoalvo toda a população.A Ecoteca da Ribeira Grande, desde que abriu suasede no Centro da Cidade, em Junho de 2008, pas-sou a ser mais acessível à população em geral, nãodescurando as zonas de Maia e Rabo de Peixe e oConcelho de Nordeste. Mas a sua actividade princi-pal atinge sobretudo a população da cidade da Ribei-ra Grande.Além do apoio às Eco-escolas, a parceria com ins-tituições é uma forma de manter um projecto comactividades continuadas. A educação não pode serfeita apenas com uma comemoração, um evento, uma

sessão, uma exposição,exige um projecto conti-nuado, com a participa-ção activa dos interve-nientes.Durante o ano foram rea-lizadas 231 acções, nasquais se inclui o acom-panhamento de visitas deestudo (107), sessõessobre temas como osresíduos, a água, as ener-gias renováveis, biodi-versidade, história natu-ral dos Açores,geodiversidade, no totalde 70, além de sessões detrabalho na Ecoteca, no

total de 64.Por outro lado, as acções no exterior tiveram sem-pre a parceria de outras entidades, nomeadamentedos Amigos dos Açores, com 16 visitas à Gruta doCarvão acompanhadas pela Ecoteca e 6 outras ses-sões em parceria com a Associação.Das restantes entidades avulta a colaboração com oCentro de Apoio Social e Acolhimento (ProjectoCrescer) e a sua valência CDIJ (55) e com a parti-cipação da Câmara Municipal da Ribeira Grande(40).Os estágios profissionais da Escola Profissional daRibeira Grande e da EPROSEC foram e vão conti-nuar a ser em 2010 acções de formação impor-tantes, tal como o de 23 jovens do

Ecoteca da Ribeira Grande... Ensino ou Educação Ambiental?

Texto e fotografias: Luís Noronha e Rita Melo(Ecoteca da Ribeira Grande)

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OTL-J que no Verão promoveram 50 actividades, amaioria delas com crianças, jovens e famílias dosBairros Sociais de Santa Luzia e Bandejo.

Seria exaustivo fazer a descrição de cada acção e detodas as entidades, mas salienta-se as realizadas comas escolas: Secundária da Ribeira Grande com 41,Básica do 2º ciclo Gaspar Frutuoso com 32, o con-junto das escolas do 1º ciclo da Básica Integrada daRibeira Grande com 35 e de Rabo de Peixe com 19.No total participaram directamente nas actividades6027 crianças, jovens e adultos. Indirectamente, nasexposições e acções públicas, como a Semana daMobilidade ou nos concursos é impossível contabi-lizar. Por exemplo, nas Eco Olimpíadas, além dos36 membros das equipas, normalmente assistemtodos os alunos da respectiva escola.

Mas, daquele número, muitos são “repetentes” devárias actividades, o que é normal, para se atingi-rem os objectivos de consolidação das boas práti-cas. De todas as acções, talvez uma das mais emble-mática foi a da Campanha SOS Cagarro, em que aEcoteca foi procurada por 53 pessoas diferentes,individualmente ou em grupo, para entrega de Cagar-ros juvenis. A Ecoteca é já um local de referência para o salva-mento de outras aves, morcegos e até de tartarugasque dão à costa, mas também para procura de infor-mação e esclarecimentos para trabalhos universitá-rios ou para alertas sobre situações diversas.Tudo isto revela uma população mais sensibilizadae consciencializada.A Ecoteca não foi durante 2009 nem uma “Ecoto-ca”, nem um ATL, nem um depósito de informação.

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O Natal é celebrado pelos povos que maiori-tariamente têm uma cultura cristã, porque tem comomotivo o Nascimento de Jesus Cristo.

As Igrejas Cristãs incorporaram muitas das tra-dições ancestrais e os rituais de celebração do sols-tício de Inverno. Toda a sociedade se sente conta-giada numa época em que as próprias ruas sãoenfeitadas com motivos de Natal, apelando a que aspessoas as visitem e se sintam motivadas para as com-pras.

No entanto, a consciência ecológica vai evo-luindo e sem perder os hábitos e as tradições, há apreocupação de evitar o desperdício e o consumosupérfluo. A responsabilidade é de cada cidadão, não

cabe apenas aos órgãos de decisão.As iluminações de rua são cada vez mais ela-

boradas, para serem atractivas, mas o uso de lâmpa-das LED (Díodo Emissor de Luz) tornou-se vulgar,permitindo uma poupança no consumo de 80 a 90%em relação às lâmpadas incandescentes. As sanefasque são usadas na rua, semelhantes às que podemosusar em casa, têm vantagem igualmente de durarem7 vezes mais, podendo ser reutilizadas nos anosseguintes. Além disso, há o cuidado de apagar a ilu-minação a partir de certa hora em que todos dormem– ninguém vai ver a iluminação de madrugada!

As tradicionais árvores de natal podem ser arti-ficiais, podendo ser reutilizadas, poupando as árvo-res naturais. Estas também estão à venda, mas sãocertificadas, por terem sido cortadas na desmataçãoque é, por vezes, necessária para diminuir a densi-dade da plantação.

Os adereços das decorações de Natal têmdesenvolvido a imaginação das crianças e dos pais,que reutilizam o material que seguiria para os eco-pontos. Muitos deles obtêm efeitos estéticos muitoagradáveis e são reutilizados em anos sucessivos.

Os embrulhos e respectivas embalagenspodem ser reduzidos, havendo ofertas que são meti-das em sacos reutilizáveis. Os papéis das nossas ofer-tas servem para novos embrulhos, podendo ser usa-dos em motivos decorativos ou enviados para areciclagem.

Cada vez mais se opta por evitar ceder à ten-tação de comprar o que é vistoso e fútil. Uma dasopções certas será a de decidir por materiais produ-zidos na própria região, porque ajuda a nossa eco-nomia e diminui a pegada ecológica provocada pelotransporte.

Optar por uma festa de Natal mais sustentá-vel não implica acabar com as tradições, mas simfazer escolhas acertadas e conscientes.

Bons exemplos de Natal Sustentável

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Texto e fotografias: Luís Noronha (Ecoteca da Ribeira Grande)

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Publicações e Materiais para Venda

LIVROS Associados Não Assoc. Nº ValorAlimentos Transgénicos 5,00 € 5,00 €Associativismo Ambiental – O caso dos Amigos Grátis 1,00 €dos Açores (1984-2007)Borboletas Nocturnas dos Açores Grátis 2,50 €Cavidades Vulcânicas dos Açores (pequeno) Grátis 2,50 €Cavidades Vulcânicas dos Açores (grande) Grátis 5,00 €Desporto e Aventura – Orientação Grátis 5,00 €Educar para a Energia Grátis 1,00 €Gruta do Carvão – Património Natural Geológico Grátis 5,00 €Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel 7,50 € 12,50 €Orientação Grátis 1,00 €Paisagens Vulcânicas dos Açores 5,00 € 8,00 €Parque Natural da Plataforma Costeira das Lajes do Pico Grátis 2,50 €Pedestrianismo e Percursos Pedestres 3,00 € 6,00 €Pensar como uma Montanha de Aldo Leopold –Um caminho de Educação e Ética AmbientalPercursos Pedestres em São Miguel Grátis 5,00 €Plantas dos Açores Grátis 5,00 €Plantas Usadas na Medicina Popular Grátis 5,00 €BROCHURASPercurso Pedestre Agrião – Ribeira Quente Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Água Retorta – Sanguinho – Grátis 1,50 €Faial da TerraPercurso Pedestre Caldeiras da Ribeira Grande – Grátis 1,50 €Pico VermelhoPercurso Pedestre Caldeirinhas – Pico da Esperança – Grátis 1,50 €Fajã do OuvidorPercurso Pedestre da Caloura Grátis 1,50 €Percurso Pedestre da Ponta da Madrugada Grátis 1,50 €Percurso Pedestre da Serra Devassa Grátis 1,50 €Percurso Pedestre das Furnas Grátis 1,50 €Percurso Pedestre das Sete Cidades Grátis 1,50 €Percurso Pedestre do Salto do Cabrito Grátis 1,50 €Percurso Pedestre do Sanguinho Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Pico da Urze – Fajã de Santo Cristo Grátis 1,50 €– Fajã dos Cubres

Percurso Pedestre Pico da Vara Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Ponta Garça – Ribeira Quente Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Praia – Lagoa do Fogo Grátis 1,50 €Percurso Pedestre Santo António Grátis 1,50 €POSTAISAlgar do Carvão – Ilha Terceira Grátis 1,50 €Algar Vulcânico – Génese Grátis 1,50 €Bola de Acreção – Lava Ball Grátis 1,00 €Estalactites – Stalactites Grátis 1,00 €Furna do Enxofre – Ilha Graciosa Grátis 1,50 €Gruta das Torres – Ilha do Pico Grátis 1,50 €Gruta do Carvão – Ilha de São Miguel Grátis 1,50 €Gruta do Carvão (Paim) Grátis 1,00 €Gruta Lávica – Génese Grátis 1,50 €Tubos Sobrepostos Grátis 1,00 €OUTROS MATERIAISBonés “Amigos dos Açores” 2,00 € 3,00 €Corta-vento “Amigos dos Açores” 10,00 € 11,00 €Sweat-Shirt “Amigos dos Açores” 12,50 € 13,00 €T-Shirt “Amigos dos Açores” 2,00 € 4,00 €T-Shirt “Golfinhos” 4,00 € 5,00 €T-shirt “Salve um Cagarro Este Ano” 5,00 € 6,00 €T-Shirt “Salvemos o Pombo Torcaz” 3,00 € 4,00 €

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Novos Sócios

BOLETIM DE INSCRIÇÃO

Os AMIGOS DOS AÇORES são uma associação regional de defesa do ambiente, independente do poderpolítico-económico e apartidária, que vem, desde 1984, trabalhando ininterruptamente a favor da conserva-ção da maior riqueza dos Açores: o seu património natural.No entanto, uma associação como esta, para desempenhar ainda melhor o seu papel, tem de continuar a aumen-tar a sua principal base de apoio: os seus associados.Porque é fundamental contribuir para a garantia da existência de uma voz independente e firme na defesa doambiente nos Açores, vimos convidá-lo(a) a aderir aos Amigos dos Açores, para tal basta preencher a fichaque junto enviamos e devolvê-la para:

AMIGOS DOS AÇORESAvenida da Paz, 149600-053 PICO DA PEDRA

SÓCIO N.º _______

Quota anual 10 € Outro Valor (quota + donativo) _________,______€

NOME _____________________________________________________________________________________________

MORADA _________________________________________________________________________________________

LOCALIDADE______________________________________ CÓDIGO POSTAL _______________________________

TELEFONE_________________________________________ E-MAIL _______________________________________

PROFISSÃO ________________________________________ DATA DE NASCIMENTO ____/____/____

N.º DO B. IDENTIDADE______________________________ N.º DE CONTRIBUINTE _________________________

PARTICIPAÇÃOGRUPOS DETRABALHO:

DATA____/____/____ ASSINATURA_________________________________________________________________

Preencher em maiúsculas e devolver por correio para a morada acima indicada:

Grupo de Actividadesde Natureza

Grupo de EducaçãoAmbiental e de

Participação

Grupo de Fotografiade Natureza

A associação passará recibo, como donativo, de qualquer contributo acima do valor de 10 , o qual poderá serdeduzido à colecta do ano para efeitos de IRS ou IRC.

Se deseja efectuar o pagamento de quotas por transferência bancária, por favor preencha em maiúsculas e devolvadevidamente assinado:

AO BANCO _________________________________Agência de _______________________________

________________, ___ de ___________ de ______

Exmos. Senhores,Por débito na minha conta com o NIB _______________________________ nesse Banco, solicito que transfiram paracrédito da conta dos AMIGOS DOS AÇORES com o NIB 003800009399438830195 (Agência de Calheta do BANIFAÇORES), a importância de _____ ( __________), no primeiro dia útil de _________________de cada ano, até ins-truções minhas em contrário. Agradeço ainda que, ao efectuarem as transferências, indiquem sempre o nome completo emorada do ordenante. Esta ordem anula todas as eventuais anteriores.De V.Ex.as.Atentamente

(nome completo) (assinatura idêntica à existente no Banco)

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Grupo pelo BemEstar Animal

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A T E R R A Q U E N Ã O Q U E R E M O S

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