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USO DO BLOG COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO LABORATÓRIO

EDUCACIONAL DE INFORMÁTICA

Gerdian Teixeira Lourenço – Secretaria da Educação do Estado do Ceará (SEDUC/CE)

Marluce Torquato Lima Gonçalves – Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Resumo As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) permeiam a educação criando e

provocando constantes mudanças neste cenário dinâmico e complexo, que tem sido alvo

de recentes pesquisas quanto ao seu uso no processo de ensino e aprendizagem. Nesse

contexto, insere-se o blog como estratégia de utilização do docente, podendo servir de

referencial para que os professores possam planejar, direcionar e criar suas aulas com

segurança e criatividade, sendo capazes de responder aos desafios do mundo atual. O

objetivo desta pesquisa foi compreender como o uso de blogs educativos pode auxiliar

na prática docente dos professores nos Laboratórios Educacionais de Informática (LEI)

da rede Pública Municipal de Tauá, situado no sertão do estado do Ceará. A pesquisa

pauta-se em uma abordagem qualitativa, na tentativa de elucidação do objeto de estudo,

profundamente articulada ao paradigma interpretativo. Os procedimentos

metodológicos escolhidos constituíram em uma pesquisa-ação, tendo como

instrumentos de coleta de dados: observações aos laboratórios, questionários aplicados

aos professores de LEI e entrevista com a coordenação da Secretaria Municipal de

Educação. Foi feita a triangulação dos dados, revelando a fragilidade da prática

educacional. Como parte da pesquisa-ação, foram realizadas intervenções realizadas

através de minicurso e da criação de um portal de apoio pedagógico para os professores

que trabalham nos laboratórios. Os resultados indicam que os blogs são pouco utilizados

como ferramenta pedagógica, carecendo de apoio para que a prática seja aperfeiçoada e

revelando um imenso potencial para ser explorado. Decorre a necessidade de

investimentos do poder pública na formação de professores para as tecnologias de

informação e comunicação e todas as suas potencialidades.

Palavras-chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Blogs Educativos, Ensino

e Aprendizagem.

1 Introdução

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) assumem papel relevante

na construção de uma sociedade participativa, inclusiva e inovadora. Vivemos em uma

realidade com acelerado fluxo de informações, que exige dos sujeitos conhecimento e

entusiasmo para explorar os desafios e possibilidades de crescimento social, tecnológico

e educacional.

Dentre as diversas ferramentas que as tecnologias possuem para a educação, são

nos blogs como recurso didático para professores dos laboratórios Educacionais de

Informática (LEI) que se concentram significativas alternativas de explorar e dominar

novas ferramentas favoráveis para promover aprendizagem.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola

EdUECE- Livro 104693

Por intermédio desta investigação, muitas escolas de Tauá que não utilizam

Blogs educativos em seus laboratórios, podem compreender algumas das facilidades e

alternativas pedagógicas que as Tecnologias da Informação e Comunicação

disponibilizam para a educação.

Desenvolver e incentivar o uso de recursos didático-pedagógicos, como blogs e

outros recursos midiáticos pode ser um caminho promissor. Inevitavelmente, o

progresso e o nível tecnológico presentes na educação tornam-se fatores preponderantes

que interferem diretamente na metodologia dos professores do laboratório de

informática e suas atividades para facilitar o processo de aprendizagem das crianças.

Os Laboratórios Educacionais de Informática (LEI) são compreendidos como

espaços de potencialidades pedagógicas, capazes de auxiliar a melhoria do processo de

ensino e aprendizagem. O município de Tauá, estado do Ceará apresenta ampla

cobertura na rede pública. Tentamos compreender como o uso do blog poderia auxiliar

o professor do laboratório, contribuindo para o aperfeiçoamento da prática pedagógica.

As mudanças pertinentes à era digital exigem competência docente que

ultrapassam os limites da sala de aula e influenciam a maneira como o professor ensina

e constrói possibilidades para que o processo de ensino-aprendizagem seja mediado por

tecnologias como: blogs, sites educativos e softwares livres. Estes recursos devem ser

criteriosamente selecionados para auxiliar o professor na produção de suas aulas. O

objetivo desta pesquisa foi compreender como o uso de blogs educativos pode auxiliar

na prática docente dos professores nos Laboratórios Educacionais de Informática (LEI)

da rede Pública Municipal de Tauá.

Para tanto, buscou-se compreender o uso de blogs educativos utilizados nos

laboratórios de informática pelas escolas do Município de Tauá e, a partir da realidade

diagnosticada, promoveu-se um minicurso voltado para a formação de professores dos

Laboratórios Educacionais de Informática (LEI) quanto ao uso de blogs na escola,

obtendo como produto a criação de um portal interativo na plataforma blogger de apoio

didático para os professores dos LEI e da rede pública de ensino em Tauá.

O referencial teórico apoia-se em materiais publicados nos meios escritos e

eletrônicos, como livros, artigos, periódicos científicos, bancos de teses e páginas de

web sites, referenciando-se em autores como: Almeida (2005); Moran (2003); (2007);

Tajra (2008) entre outros que abordam o uso da tecnologia na educação e suas

potencialidades pedagógicas.



Realizamos uma pesquisa-ação no município de Tauá, utilizando como

instrumentos de coleta de dados: observações da prática docente, aplicação de

questionários com professores e entrevista com a técnica da Secretaria Municipal de

Educação, responsável pelos laboratórios educacionais. A intervenção ocorreu nas

reuniões denominadas “plantões pedagógicos” oferecendo formação através de

minicurso para os professores dos LEI, sobre o uso do blog e suas implicações no

laboratório e, por fim, criamos em parceria com os professores, um Portal interativo

com materiais pedagógicos para que os professores possam utilizá-lo durante o

planejamento e execução de suas aulas no laboratório.

2 As tecnologias de informação e comunicação na escola: possibilidades dos

laboratórios de informática

Nos últimos anos, o avanço tecnológico ganhou destaque no campo educacional,

mas é especificamente no contexto escolar que compreendemos os maiores impactos,

modificações e novas concepções de ensino-aprendizagem. Tais mudanças estão

arraigadas pelas TIC. Almeida (2005, p. 41), credencia este novo contexto escolar a

partir da afirmação de que o advento das TIC “resultante da junção entre informática e

telecomunicações, gerou novos desafios e oportunidades para a incorporação de

tecnologias na escola em relação a diferentes formas de representação e comunicação de

ideias”.

A escola deve participar das inovações tecnológicas, como fator fundamental

para a inserção da escola na chamada era digital, construindo possibilidades de novas

aprendizagens em vários níveis do conhecimento. A prática docente precisa estar

fundamentada em novas posturas metodológicas, com o propósito de potencializar a

aprendizagem de seus alunos. Todavia, alguns professores insistem em negligenciar os

diversos recursos que as tecnologias possuem para contribuir com uma prática

inovadora e significativa. De acordo com Moran (2007, p. 18) “bons professores são

peças-chave na mudança educacional”, discutindo que os professores não devem ficar

distantes das tecnologias, mas procurar compreendê-las.

É imprescindível que o professor não desconsidere o potencial tecnológico

produzido pelo mundo exterior à sala de aula, mas que novas aprendizagens e

concepções de ensino sejam construídas e consolidadas por intermédio de sua prática

docente, visando melhorar a competência técnica, inserindo possíveis mudanças para

contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos.



3 O potencial do uso de blogs na educação

As possibilidades de uso de blogs educativos são fascinantes, o apoio

pedagógico, a troca e o compartilhamento de conteúdos e atividades trabalhadas em sala

de aula, além do planejamento, criação e atualizações de espaços significativos para

auxiliar professores na sua prática docente são apenas alguns dos caminhos que podem

ser trilhados na busca por ferramentas de aprendizagem para alunos e professores. A

incorporação das tecnologias da comunicação e informação “nos ambientes

educacionais provoca um processo de mudança contínuo, não permitindo mais uma

parada, visto que as mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente e em curtíssimo

espaço de tempo” (TAJRA, 2008, p.118).

As escolas, diante desse novo cenário educacional e tecnológico, ganham novas

atribuições que ultrapassam os limites da sala de aula e proporcionam uma prática

criativa, pois a “informática abriu a possibilidade de novas relações entre homens e

computadores: códigos de programação cada vez mais intuitivos, comunicação em

tempo real, redes micro, novos princípios de interfaces” (LÉVI, 1993, p. 54).

O compartilhamento de informações por intermédios do uso de blogs na

educação evidencia como as tecnologias podem motivar e facilitar os conteúdos

estudados pelos alunos além de provocar nos profissionais da escola uma postura

consciente das contribuições provenientes das novas ferramentas tecnológicas.

O uso de blogs educativos em instituições de ensino representa a valorização e

incentivo para as produções do contexto escolar. Criar um blog é acompanhar o

crescimento e a autonomia desenvolvida pela escola e compartilhá-la com a

comunidade, contudo, é preciso planejamento e organização para que as finalidades

educacionais através do uso de blogs realmente aconteçam.

De acordo com Bastos et. al. (2008) uma das características fundamentais dos

blogs é a interatividade, que acontece através da comunicação entre o autor e seus

leitores, contribuindo de forma cooperativa para melhorar o conteúdo do blog. Outra

característica importante existente nos blogs é a presença de vários links que direcionam

ao endereço de e-mail do autor, aos seus sites favoritos, onde as matérias originais

mencionadas no blog estão disponibilizadas em forma de artigos, notícias, eventos,

campanhas, vídeos e fotos.

Na concepção de Silva (2012), Blog é uma abreviação de weblog, isto é,

qualquer registro frequente de informações (diário pela internet). Mais especificamente,



o blog é uma página web atualizada com frequência pelo usuário, através de pequenos

parágrafos apresentados de forma cronológica. O conteúdo e o tema existente nos blogs

contemplam inúmeros assuntos como: notícias, poesia, ideias, fotografias, ou seja, o que

o autor julgar interessante.

Oliveira (2006) enfatiza que o blog deverá incorporar os recursos tecnológicos

emergentes, permitindo que seu uso esteja sempre alinhado com os avanços e

desenvolvimento de uma sociedade marcadamente perpassada pelas TIC. A escola

como parte do tecido social, pode aproveitar interfaces como o blog, para produzir,

através dos recursos da interatividade, “mais e melhores interações” em seu contexto

didático-pedagógico. Propõe-se, com isso, trazer para dentro da escola os efeitos da

aplicabilidade de uma interface flexível, “antenada” com um tempo novo, de

construção, colaboração e partilha que pode ser acessada e atualizada online, a qualquer

tempo, de qualquer lugar.

Desde 1997, data em que o termo weblog foi apresentado pela primeira vez, essa

ferramenta passou a ganhar proporções que chegaram à educação e não apenas para

servir como diário de relatos de seus usuários, mas como uma alternativa auxiliar para

professores, alunos, núcleos gestores e coordenadores em suas atividades escolares de

forma dinâmica e interativa (SOUZA, 2010, p. 10).

Segundo Nascimento (2007), com o passar do tempo, jornalistas, repórteres e

editores de vários países, transformaram o blog em novo gênero de jornalismo, um

espaço para publicar opiniões e análises que normalmente não encontram espaço na

mídia tradicional, isso favorecia o contato direto entre leitores e jornalistas. Para o

autor, não existe necessidade de dominar conhecimentos técnicos a respeito de

construção de páginas na internet para criar blogs. Sua utilização inspira a troca de

ideias, além de possibilitar a publicação dos trabalhos.

Percebemos que o blog oferece para o contexto educacional diversas

contribuições pedagógicas em várias atividades desenvolvidas na escola, com diferentes

metodologias que possam auxiliar os professores no direcionamento de suas aulas.

É importante salientar que o uso inadequado do blog poderá ocasionar prejuízos

de ordem metodológica, pois caracteriza não apenas a prática docente, mas toda uma

instituição. A confiabilidade e credibilidade das informações disponibilizadas no blog

são indispensáveis para instruir os alunos e usuários ao uso eficiente do blog enquanto

espaço de construção de novos conhecimentos



A classificação dos blogs nos permite identificar qual seja a melhor alternativa

de uso para a escola. A tipificação dos blogs criada por Primo (2008) a forma de

abordagem do novo método, faz divisão em vários gêneros de blogs. Para efeito desse

estudo, abordaremos os principais deles: profissional, pessoais, grupais e coletivos.

O blog profissional é aquele escrito por pessoa especializada em determinada

área em que atua. O blog é tematizado por um expert em certa área, ou seja, uma

determinada postagem é assinada e credenciada por um especialista de acordo com sua

área de atuação.

Os blogs pessoais, definidos por Primo (2008), diferentemente dos profissionais

que são elaborados a partir dos objetivos e estratégias definidos de acordo com a área e

especialidade de cada autor, os blogs pessoais são motivados, principalmente, pelo

interesse em compartilhar e interagir com outras pessoas a escrita de algum assunto.

Esses blogs podem constar de histórias ficcionais, rumores, piadas ou até mesmo

funcionar como um repositório de informações encontradas em outros sites.

Primo (2008) enfatiza que os blogs produzidos por pelo menos duas pessoas são

considerados grupais, com o foco voltado para temas de interesse do grupo. Para este

gênero de blogs pode ser formado em virtude de uma amizade, laços familiares,

interesses comuns entre profissionais de uma determinada área, entre outros motivos.

Por último, o autor estabelece a conceituação para os blogs coletivos

identificados como organizacionais. Oliveira (2002) citado por Primo (2008, p.10),

refere-se às organizações como “grupos de pessoas que combinam seus próprios

esforços e outros tipos de recursos para alcançar objetivos comuns”. Percebemos

através dos inúmeros gêneros de blogs a importância, o planejamento e o devido

direcionamento que deve ser dado durante sua criação e atualizações.

Nossas preocupações em abordarmos estes diferentes gêneros de blogs estão

pautadas na perspectiva de que no campo educacional eles não sejam compreendidos

apenas como mais uma ferramenta de publicação disponível para os professores

trabalharem durante suas aulas, os potenciais educativos existentes no uso de blog, não

se resumem a tão pouco, ao ser criado, o blog deve estar fundamentado e alimentado

com informações seguras e matérias disponíveis para seus usuários.

O uso das tecnologias da informação e comunicação precisa de políticas

educacionais e ações que possam oferecer formação continuada para que nossos

educadores sejam mediadores na aprendizagem dos alunos, pensando, sugerindo e

ousando na prática.



4 Percurso metodológico

Este trabalho foi pautado na abordagem de pesquisa qualitativa, buscando

entender o fenômeno do uso de blogs educativos enquanto ferramenta pedagógica para

os professores dos laboratórios de informática, contribuindo para uma aprendizagem

cooperativa. O método de pesquisa foi a pesquisa-ação, procurando unir a pesquisa à

prática, estabelecendo aproximações e reflexões entre os sujeitos da pesquisa e as

contribuições que poderiam ser realizadas.

A pesquisa circunscreve-se ao município de Tauá, localizado no Sudoeste do

estado do Ceará. Trata-se de um município digital que praticamente universalizou o

processo de informatização das escolas. Os sujeitos da pesquisa atuam como

professores dos laboratórios Educacionais de Informática (LEI) das escolas municipais

de Tauá. Participam mensalmente de reuniões denominadas “plantões pedagógicos”,

objetivando orientar e auxiliar professores de LEI.

Como instrumentos de coleta de dados, foram realizadas observações do tipo

participante nos laboratórios de informática. A partir desta observação, identificamos as

atividades desenvolvidas no laboratório com as tecnologias, principalmente, no que se

refere às atividades com blogs educativos. Foi aplicado questionário aos professores que

trabalham nos LEI e realizada entrevista com a coordenadora dos Laboratórios

Educacionais de Informática, da Secretaria Municipal de Educação.

A intervenção ocorreu através da realização de um minicurso, com carga horária

de 24h/a, distribuídas em três módulos: (I)Tecnologias da Informação e Comunicação,

(II) Aulas dinâmicas no laboratório de informática e (III) Construindo um blog”. Nossa

intenção fundamental foi proporcionar a compreensão e criação de blogs pessoais com

atividades que os professores julgassem importantes para trabalhar com os alunos e,

posteriormente, direcionar outras atividades além das aulas no laboratório.

5 A realidade tauaense no uso de blogs

A pesquisa-ação buscou contribuir para compreendermos como o professor do

laboratório de informática planeja e desenvolve suas aulas, com possíveis intervenções

para que sua prática seja auxiliada por ferramentas educativas. O propósito foi oferecer

momentos de formação, objetivando contribuir para a construção do LEI como um

espaço coletivo, para auxiliar os professores com atividades pedagógicas de apoio para

suas aulas, em consonância com a proposta pedagógica da escola.



O município de Tauá possui 76 laboratórios de informática nas escolas

municipais, sendo 49 rurais e 27 urbanos, porém, apenas 23 laboratórios rurais possuem

sinal de internet, juntamente com 26 urbanos. A observação foi realizada em três

escolas da sede considerando aquelas que desenvolviam melhor trabalho com as TIC, a

partir das informações fornecidas pela Secretaria Municipal de Educação.

Foi aplicado questionário, com perguntas abertas e fechadas a 45 docentes

lotados nos LEI, considerando a frequência nos “plantões pedagógicos”. Os professores

pesquisados possuem idade entre 20 e 30 anos, denotando a intrínseca identificação do

jovem com a área da informática. Em relação ao nível de formação, um terço dos

professores apresenta nível superior completo, enquanto os demais possuem formação

em nível médio, em cursos técnicos na área de informática ou administração.

O tempo em que os respondentes atuam no magistério situa-se entre dois e cinco

anos. Sobre o tempo de atuação dos professores no laboratório de informática, a

totalidade dos pesquisados tem menos de cinco anos de experiência. Todos são

temporários, planejam sozinhos e afirmam que o LEI é utilizado diariamente pelos

alunos e professores.

Quando questionados se o laboratório de informática possui acesso à internet,

softwares, programas e aplicativos, todos os professores responderam afirmativamente,

mais da metade citou os softwares Luz do Saber e GCompris como sendo os mais

utilizados pelos professores, além de sites e blogs educacionais. Os LEI utilizam

softwares livres e 76% dos respondentes afirmaram que existe uma valorização do

trabalho desenvolvido no LEI pelos outros docentes da escola.

Na triangulação dos dados da pesquisa obtidos através das observações, dos

questionários e da entrevista, pode-se denotar: a ausência de integração do planejamento

das demais disciplinas com o professor do LEI, a não utilização do blog como recurso

didático, formação dos professores deficientes, voltada ora para aspectos técnicos, ora

para aspectos pedagógicos, necessidade de um acompanhamento mais sistemático da

coordenação pedagógica da escola e da Secretaria Municipal de Educação (SME) e

mecanismos de melhoria da assistência técnica para manutenção dos laboratórios.

Outro aspecto evidente na pesquisa refere-se ao fato de que, em muitas escolas,

o professor do laboratório além de ministrar suas aulas, ainda é o digitador da escola, o

substituto de outros professores, entre outras atribuições que não competem a este

profissional. Estas condições afetam a compreensão da real função do professor, como

mediador de aprendizagens no laboratório. É preciso compreender a posição de



Nascimento (2007) ao enfatizar que o professor de informática tem um papel muito

importante no desenvolvimento e no gerenciamento do processo pedagógico com o uso

do computador. Muitas responsabilidades são assumidas por este profissional, afinal, ele

deve estar atento e envolvido com o planejamento curricular de todas as disciplinas para

que possa sugerir atividades pedagógicas envolvendo a informática.

Diante dos desafios apresentados na investigação, solicitamos à coordenação o

espaço para intervenção oferecendo um minicurso para contribuir com a formação dos

sujeitos, cujo objetivo foi compreender o potencial dos blogs educativos como recurso

pedagógico para o ensino no laboratório de informática. Todavia, ao longo desse

processo constatamos outros problemas relacionados ao conhecimento técnico e

pedagógico. O minicurso teve a participação de 40 professores. Os módulos foram

trabalhados de acordo com o planejado e versaram também sobre a compreensão dos

conceitos de uso pedagógico do blog no laboratório, e na criação e atualização de blogs

pelos próprios professores que se mostraram interessados e motivados por conhecer um

pouco mais sobre a ferramenta blog.

Identificamos, inicialmente, que algumas escolas já possuíam cadastro no

blogger, todavia, com arquivos desatualizados e com pouca interação. Antes de

construir seus respectivos blogs e suas atividades, constatamos que as aulas no

laboratório acontecem, principalmente, pelo uso de softwares e sites educativos, isso foi

constatado na fala da coordenadora, nas respostas dos professores e nas observações no

laboratório, evidenciando que, nos laboratórios com internet, as principais atividades

são desenvolvidas através de pesquisas nos sites educativos, softwares e aplicativos e os

que não possuem sinal de internet, utilizam apenas softwares e aplicativos,

compreendemos que o uso apropriado desses recursos depende, necessariamente, da

metodologia do professor, influenciada por sua formação.

Durante o minicurso de intervenção, os professores tinham toda liberdade e

autonomia para participar e expor suas dúvidas, uma das mais frequentes relaciona-se

com a falta de conhecimentos para criação de blogs e suas atualizações. Constatamos,

ainda por meio das falas da coordenadora que os professores acreditam que as

atividades desenvolvidas no laboratório podem contribuir na aprendizagem das crianças

e que a relação estabelecida com os professores da sala de aula regular é indispensável

nessa construção. Durante as observações, os profissionais compartilharam experiências

e buscaram alternativas juntos em busca das melhores atividades para serem trabalhadas

com as crianças.



Acreditamos que a proposta do minicurso tenha sido favorável para os

professores e para a coordenadora pedagógica. Ambos possuem papeis fundamentais no

contexto das tecnologias educacionais. Ao longo desse processo, compreenderam que o

laboratório de informática pode e deve trabalhar com atividades em que não seja

necessário o uso do computador, pois identificamos que alguns laboratórios possuem

baixa conexão e falta de internet, o que acaba dificultando o direcionamento de algumas

atividades planejadas e relacionadas com os conteúdos em sala de aula e a coordenação

não esconde esta realidade, mas orienta outras estratégias de ensino como: criação de

histórias em editores de texto e pintura com o GCompris, além de aulas criadas em

Power Point.

Durante a apresentação do vídeo, utilizado no início do primeiro módulo, os

professores se posicionaram no sentido de compreender que o uso das tecnologias no

laboratório de informática precisa estar em consonância com o planejamento docente,

caso contrário, isso não terá implicações na aprendizagem das crianças.

Um dos assuntos novos apresentados para os professores durante os módulos

refere-se aos conceitos de hipertextos, que se trata de toda produção escrita na internet

com seus respectivos links para outras páginas por meio de ícones e imagens. Os

professores rapidamente perceberam que, diariamente, os utilizam para visitarem

conteúdos educacionais na internet e, no tocante à aprendizagem colaborativa, bastou

algumas reflexões para os professores compreenderem que também já trabalhavam em

colaboração com outros profissionais.

Ao chegarmos ao momento de criação dos blogs, nos organizamos da seguinte

forma: para construirmos os blogs pessoais, os professores que já possuíam conta no

blogger iriam ajudar os demais. Após todos estarem no mesmo nível de criação de seus

blogs, começamos a criar novas postagens e utilizar links com outras páginas da

internet, com atividades selecionadas pelos professores, direcionando para criar o blog

da escola.

Nos primeiros passos de criação de seus respectivos blogs, alguns, timidamente,

começaram a idealizar e tecer reflexões e propostas de uso pedagógico em suas futuras

aulas, durante a criação de páginas e alguns menus os professores sentiam-se

entusiasmados ao criarem um espaço que estaria representando sua atuação no

laboratório e a divulgação de suas atividades para toda comunidade estudantil.

Acreditamos que por meio de uma relação próxima com os envolvidos na

pesquisa, através deste minicurso, seus resultados sejam significativos e que por meio



de atividades coletivas, as dificuldades de uso e aceitação das Tecnologias de

Informação e Comunicação possam se transformar em reais potenciais de ensino-

aprendizagem usado pelos professores da rede municipal de ensino fundamental.

Como produto desta intervenção, os blogs das escolas que possuem laboratórios

com conexão à internet foram criados, no total de 40 e estão sendo retroalimentados,

sendo sua utilização e eficácia, objeto de pesquisas futuras.

Ainda como intervenção realizamos a construção de um portal na plataforma

blogger, dinâmico e interativo que se chama Connectei, como apoio institucional,

pedagógico e didático para professores, núcleo-gestor e alunos da rede municipal de

educação, tendo os professores e a coordenadora dos LEI como coautores na construção

do portal, através de dicas e sugestões de atividades que eles já utilizavam no

laboratório. Este momento foi relevante para constatarmos as potencialidades de

construção coletiva, que deve ser incentivada por meio de diálogos, atividades e

orientações entre a coordenação, o grupo gestor das escolas e o professor do laboratório.

6 Considerações finais

O portal reuniu os blogs dos professores e suas respectivas escolas, a intenção

foi interligar todos estes blogs na página inicial do portal Connectei, bem como alguns

softwares identificados e avaliados pelos professores como úteis para o ensino. Possui

espaço reservado para as atividades desenvolvidas pelas escolas, atividades orientadas

pela SME, espaço para músicas e canções infantis, dinâmicas, planos de aulas para os

professores e brincadeiras, vídeos educativos e comentários.

Por intermédio dessa intervenção, constatamos que este espaço chamado de

laboratório não é apenas constituído por máquinas que executam determinados

comandos, trata-se de um ambiente construído e enriquecido por professores e alunos

através de diálogos, atividades, planejamentos e desafios que se tornam em

oportunidades de ensino, e uma delas é o uso do blog que contém um importante

potencial pedagógico.

Todavia, é importante enfatizar o que ficou explicitado tanto durante as

intervenções, como as reflexões teóricas: a utilização do blog não pode ser concebida

como recurso que possa substituir a prática docente quanto ao planejamento, seleção e

avaliação dos conteúdos trabalhados em sala de aula, mas como auxílio para sua

atuação no laboratório.



Entendemos que através dessas estratégias metodológicas de intervenção na

realidade dos professores do laboratório, será permitido aos professores descobrirem

inúmeras possibilidades educacionais a partir da chamada “era digital”, e, assim,

poderão assumir essa necessidade como uma responsabilidade e um compromisso em

busca por ferramentas que o auxiliem na construção da aprendizagem de seus alunos.

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