urn protocolo de preven

4
Urn Protocolo de Preven<;ao de Trombose Venosa Profunda em Cirurgia Plastica Jaime Anger l Antonio Claudio Amaral BaruzzP Elias KnobeP 1] Cirurgiao Plastico da Equipe de Retaguarda em Cirurgia Plastica do Hospital Israelita Albert Einstein. Cirur- giao Plastico do lnstituto Dante Pazzanese de Cardiologia de Sao Paulo. 2] Medico Cardiologista do Centro de Terapia lntensiva de Adultos do Hospital Israelita Albert Einstein - Sao Paulo. 3] Medico Chefe do Centro de Terapia lntensiva de Adultos do Hospital Israelita Albert Einstein - Sao Paulo. Endere'Io para correspondencia: Jaime Anger Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 3889 Sao Paulo - SP 01401-001 Fone: (11) 3887-8524 e-mail: [email protected] Descritores: Trombose venosa profunda; anticoagulantes; emboli a pulmonar; proftlaxia. RESUMO A ocorrencia de trombose venosa profonda tem sido cada vez mais discutida na cirut;gia pldstica. Embora os seus indices sejam pequenos) a repercusstio de suas complicafoes e importante. Ap6s rever a literatura) os autores constataram ntio haver um protocolo especifico para esta especialidade que possa sennr de base de avaliaftio e conduta. Os autores propoem um protocolo especifico com fatores de risco avaliados em sistema de pontos que) uma vez somacWs) conftrem 0 grau de risco) que pode ser pequeno) medio e alto. Para cada nivel de risco stio sugeridas medidas de prevenftio fannaco16gicas e ntio fannaco16gicas. Os autores concluem que este protocolo e de facil execuftio na rotina clinical pode ser copiacW e repetido e) tambem) servir de pardmetro de avaliaytio para foturas pesquisas. INTRODU<;Ao As comp1icas:oes ocasionadas por trombose venosa Reinisch, em 1998, relataram resultados de pesquisas profunda (TVP) e embolia pulmonar em Cirurgia realizadas por questionario enviado a cirurgioes plas- Plastica tern recebido uma atens:ao significativa nos ticos americanos. Reinish relatou 0,39% de TVP e ultimos anos(l, 2, 3, 4). 0,16% de embolia pulmonar venosa ap6s cirurgia es- tetica da face (S). Foram descritos alguns rdatos de ca- Emretanto, sao poucos os estudos sobre os indices de sos de embolia por trombose venosa e gordurosa, re- TVP na Cirurgia Plastica. Teimourian, em 1989, e Rev. Soc. Bras . Cir. Plast. Sao Paulo v.I8 n.1 p. 47-54 jan/abr. 2003 51 . -

Upload: trinhdiep

Post on 08-Dec-2018

226 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Urn Protocolo de Preven

Urn Protocolo de Preven<;ao de Trombose Venosa Profunda em Cirurgia Plastica

Jaime Anger l

Antonio Claudio Amaral BaruzzP Elias KnobeP

1] Cirurgiao Plastico da Equipe de Retaguarda em Cirurgia Plastica do Hospital Israelita Albert Einstein. Cirur­giao Plastico do lnstituto Dante Pazzanese de Cardiologia de Sao Paulo.

2] Medico Cardiologista do Centro de Terapia lntensiva de Adultos do Hospital Israelita Albert Einstein - Sao Paulo.

3] Medico Chefe do Centro de Terapia lntensiva de Adultos do Hospital Israelita Albert Einstein - Sao Paulo.

Endere'Io para correspondencia:

Jaime Anger

Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 3889 Sao Paulo - SP 01401-001

Fone: (11) 3887-8524 e-mail: [email protected]

Descritores: Trombose venosa profunda; anticoagulantes; embolia pulmonar; proftlaxia.

RESUMO

A ocorrencia de trombose venosa profonda tem sido cada vez mais discutida na cirut;gia pldstica. Embora os seus indices sejam pequenos) a repercusstio de suas complicafoes e importante. Ap6s rever a literatura) os autores constataram ntio haver um protocolo especifico para esta especialidade que possa sennr de base de avaliaftio e conduta. Os autores propoem um protocolo especifico com fatores de risco avaliados em sistema de pontos que) uma vez somacWs) conftrem 0 grau de risco) que pode ser pequeno) medio e alto. Para cada nivel de risco stio sugeridas medidas de prevenftio fannaco16gicas e ntio fannaco16gicas. Os autores concluem que este protocolo e de facil execuftio na rotina clinical pode ser copiacW e repetido e) tambem) servir de pardmetro de avaliaytio para foturas pesquisas.

INTRODU<;Ao

As comp1icas:oes ocasionadas por trombose venosa Reinisch, em 1998, relataram resultados de pesquisas profunda (TVP) e embolia pulmonar em Cirurgia realizadas por questionario enviado a cirurgioes plas­Plastica tern recebido uma atens:ao significativa nos ticos americanos. Reinish relatou 0,39% de TVP e ultimos anos(l , 2, 3, 4) . 0,16% de embolia pulmonar venosa ap6s cirurgia es­

tetica da face(S). Foram descritos alguns rdatos de ca­Emretanto, sao poucos os estudos sobre os indices de sos de embolia por trombose venosa e gordurosa, re-TVP na Cirurgia Plastica. Teimourian, em 1989, e

Rev. Soc. Bras. Cir. Plast. Sao Paulo v.I8 n.1 p. 47-54 jan/abr. 2003 51

. - - -­

- -~ ­

Page 2: Urn Protocolo de Preven

Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plastica

lacionados com a dermolipectomia abdominal isola­da ou associada alipoaspira<;:aO(6).

Em outras especialidades medicas, sao cada vez mais fre­quentes os estudos cientificos na tentativa de normaliza­<;:ao dos procedimentos de proftlaxia da TVP. Vir-ios ti­pos de protocolos ja foram divulgados e testados(7).

N a Cirurgia Plastica, a American Society of Plastic Surgery organizou urn Grupo de Estudo (Task Force), cujo resultado foi publicado em 1999 por McDevin(3). Nessa publica<;:ao, foram discutidos os fatores de risco e indicadas algumas medidas profilaticas, mas nao foi criado urn protocolo que pudesse ser repetido nos varios centros, 0 que ajudaria a comparar pesquisas cllnicas e forneceria dados reais sobre a incidencia e morbidade na TVP na Cirurgia Plastica.

Em 1999, ao serem implementados os protocol os ci­rurgicos das cirurgias plasticas mais frequentes reali­zadas no Hospital Israelita Albert Einstein, em Sao Paulo, Brasil, notou-se que nao havia urn protocolo espedfico de profilaxia de TVP para cirurgias plasti­cas e foi entao criado urn Grupo de Estudo, compos­to por cirurgioes plasticos e medicos da terapia inten­siva, com a inten<;:ao de investigar e identificar os pa­cientes que poderiam ser de risco para TVP em cirur­gias plasticas, em especial as cirurgias consideradas primordialmente esteticaS(8). Uma vez reconhecido 0

risco, estudou-se urn esquema de profilaxia de acordo com 0 grau de risco do paciente.

o objetivo principal foi 0 de criar urn protocolo sim­ples, objetivo e facil de ser consultado, no qual 0 Medi­co Cirurgiao Plastico pudesse identificar e quantificar os fatores de risco no perfodo pre-operat6rio e que pudesse ajuda-Io a indicar a melhor conduta para evi­tar a TVP e suas complica<;:oes. 0 protocolo deveria poder ser integralmente repetido por outros centros medicos, permitindo a compara<;:ao dos dados obtidos.

RESULTADOS

Os fatores de risco de forma<;:ao da TVP sao comuns para qualquer paciente, entretanto, ao analisar somente as cirurgias plasticas eletivas, dificilmente encontrare­mos as condi<;:oes que seguramente requisitam urn cuidado clfnico maior ja pre-estabelecido em literatu­ra medica, pois muitas das condi<;:oes cllnicas que au­mentam 0 risco de TVP ja contra-indicam a realiza­<;:ao do procedimento, em bora existam exce<;:oes, como nos casos de urgencias ou reconstru<;:oes.

Fig. 1 - Flexao de pe durante 0 ato cirurgico para ativar musculatura da panturrilha nos casos em que nao e possive! 0 usa de aparelhos de compressao imermiteme.

Fig. 2 - Utiliza<;:ao de apareU10 de compressao pneumatica nos membros inferiores.

Fig. 3 - Meia elastica com gradua<;:ao de pressao.

52 Rev. Soc. Bras. Cir. Plast. Sao Paulo v.18 n.l p. 47-54 jan/abr. 2003

Page 3: Urn Protocolo de Preven

Urn Protocolo de Preven<;ao de Trornbose Venosa Profunda em Cirurgia Phlstica

Por outro lado, determinadas cirurgias ou condutas sao espedficas da Cirurgia Plastica e awnentam 0 risco da TVP, grac;:as ao tipo de deaibito e prazo de pennanencia do paciente durante 0 ato cirUrgico, pelo tempo de ci­rurgia, pelas conseqiiencias fisiopato16gicas do trauma

cirUrgico e limitac;:Oes de atividade no pOs-operat6rio.

Outras siruac;:oes de risco sao muito freqiientes em nossa especialidade, como 0 fato de que a maioria dos pacientes de cirurgias esteticas e formada por mulhe­

res nas faL'(as ed.rias em que e mais Tabela I evidente 0 uso de anticoncepcionais

Clfnicos Pontos Ciriirgicos Pontos ou e feita a reposic;:ao hormonal, si­

ldade > 60 anos 2 Tempo de Cirurgia > 60 minutos ruac;:oes que reconhecidamente au­mentam 0 risco de TVP(9).

Obesidade (8MI' > 30 kglm 2) Posi~ao de Fowler

Neoplasia presente 2 Dermolipectomia abdominal ou de Por essa razao, decidimos criar uma coxas

tabela de fatores de risco espedfica Fumante Lipoaspira~ao para a cirurgia plastica, de acordo lmobiliza~ao previa 11 cirurgia por 2 lnclusao de pr6tese de silicone em com siruac;:oes que podemos encon­mais de 24 horas regiao glutea ou em perna ou em coxa

trar na nossa rotina, formada porlnsuficiencia venosa ou edema 2 Cirurgias esteticas associadas ou membros inferiores combinadas dois grupos distintos: um de fatores

considerados cHnicos, envolvendo Trombose venosa profunda ou 2 Reconstru~ao de mama com retalho(s) embolia previa tambem medicac;:ao ingerida que Queimaduras 2 pode facilitar a TVP, e um outro gru­

po composto de ocorrencias e con­Anticoncepcionais ou reposi~ao com eSlrogenos dutas cirurgicas, no intra e p6s-ope­Fatores de risco de trombose venosa profunda em cirurgia pi<istica . * (ndice de massa corp6rea. rat6rio, que parecem facilitar a ocor­

rencia de TVP, muitas delas espedfi­Tabela II cas da cirurgia plastica e que dificil­

Baixo Risco Risco Moderado (I ponto) (2 a 4 pontos)

Medidas nao Compressao pneumatica Compressao pneumatica Farmacologicas intermitente intermitente

Manipula~ao de membros Manipula~ao de membros inferiores: inferiores

- Intra-operat6ria - Intra-operat6ria - P6s-operat6ria - P6s-operat6ria

Mobiliza~ao precoce Mobiliza~ao precoce

Meia elastica Meia elastica

Meia de compressao Meia de compressao graduada ou malha graduada ou mal ha compressiva graduada compressiva graduada

Medidas Heparina de baixo peso Farmacologicas molecular (via sub­

cutiinea) -Nadroparina 0.3 ml

Ix/dia

-Enoxaparina 40 mg Ix/dia

-Tedelparina 2.500 UI lx/dia

Inicio: 2 horas antes da cirurgia.

P6s-operat6rio: injec;oes dimas

Medidas profilaticas de acordo com a c1assifica~ao de risco.

Alto Risco (5 pontos)

Compressao pneumatica intermitente

Manipula~ao de membros inferiores

- Intra-operat6ria - P6s-operat6ria

Mobilizac;ao precoce

Meia elastica

Meia de compressao graduada ou malha compressiva graduada

Heparina de baixo peso molecular (via subcutanea)

-Nadroparina 0,3 ml lx/dia

-Enoxaparina 40 mg lx/dia

-Tedelparina 5.000 UI lx/dia

Inicio: 12 horas antes da cirurgia

P6s-operat6rio: inje~oes diarias

mente encontraremos citadas em ou­tras especialidades (Tabela I).

o sistema de avaliac;:ao do risco foi baseado no sistema de pontos rela­tado por Weinman, em 1994, que atribui um nllinero de pontos para cada item de acordo com 0 grau de risco(lO). 0 resultado da soma total em numero de pontos identifica 0

grau de risco, que foi classificado em baixo, moderado e alto. A classifica­c;:ao e a quantificac;:ao do grau de ris­co facilitam 0 enquadramento da conduta, que dividimos em medidas farmacol6gicas e nao far-maco16gicas (Tabela IT).

De acordo com 0 escore obtido na Tabela I, 0 risco do paciente e classificado em baixo, moderado ou alto. A profilaxia apropriada e indicada na Tabela II.

As medidas nao farmacol6gicas nao apresentam efeitos colaterais de importancia clfnica, entretanto aumentam 0 custo do procedimento.

Rev. Soc. Bras. Cir. Pl<ist. Sao Paulo v.IS n.I p. 47-54 jan/abr. 2003 53

--. --­

Page 4: Urn Protocolo de Preven

, Revjsta da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plastica

A finalidade fundamental e a de ativar 0 £luxo de re­tornosangumeo dos membros inferiores. Sabe-se que mais de 95% dos trombos sao formados na perna em consequencia da falta de movimenta~ao dos musculos da panturrilha, importante para 0 retorno de sangue. Em cirurgias mais longas com completa inatividade dos membros inferiores, a probabilidade de estase e trombose aumenta gradativamente com 0 tempo. Uma vez ocorrida a TVP, a possibilidade de libera~ao de parte proximal de urn trombo e sua emboliza~ao, principalmente pulmonar, e grande, muitas vezes ocorrendo horas ap6s 0 fim da cirurgia, quando 0

membro inferior finalmente e mobilizado(IO, ll, 12).

Em procedimentos prolongados, a manipula~ao dos membros inferiores e a deambula~ao precoce sao muito importantes (Fig. 1). Quando 0 grau de risco e maior, e importante 0 uso de compressao pneurnatica intermitente (Fig. 2) , desde 0 inicio da anestesia ate a recupera~ao e 0 inicio da deambula~ao, seguindo 0

aparelho com 0 paciente para 0 leito de interna~ao.

o uso de meias elasticas com pressao graduada e recomendado para os pacientes com hist6ria previa de insuficiencia venosa ou de fenomenos tromboemb6licos. Essas meias sao largamente usadas em Cirurgia Geral, Neurocirurgia e em pacientes internados em Terapia Intensiva (Fig. 3) (7). 0 seu uso deve ser prolongado por alguns dias, principalmente quando a cirurgia envolve membros inferiores, como no caso das lipoaspira~6es e implantes de pr6teses.

As medidas farmaco16gicas incluem as medica~6es mais frequentemente indicadas na profilaxia da TVP. Entretanto, e controverso 0 seu uso pela falta de dados objetivos sobre as altera~6es de sangramemo durante e ap6s 0 ato operat6rio, e e importante citar que nao ha nenhum relato cientffico sobre as possfveis consequencias que elas possam acarretar na cirurgia piastica(3). Torna-se importante utilizar todos os meios nao farmacol6gicos de preven~ao que forem acessfveis, em especial nos casos de risco moderado, na tentativa de evitar 0 usa de anticoagulantes, isto ate que esteja metodizado 0 seu uso.

A decisao do uso de anticoagulantes deve considerar tam bern 0 tipo de anestesia a ser empregada. A pun~ao raquidiana e evitada quando do emprego profuatico de anticoagulantes. Outros consideram a anestesia geral em cirurgias prolongadas com os mem bros inferiores inativos como lun fator de risco, mas que poderia ser evitado se fossem tornados os cuidados de rotina(5).

Em conclusao, consideramos este protocolo como urna evolu~ao em rela~ao as medidas sugeridas pela ASPS, na qual a descri~ao e classifica~ao dos fatores de risco e extensa e nao conecta diretamente com as medidas cHnicas necessarias, alem de nao permitir a cria~ao de uma base de dados que pode ser repetida integralmente, favorecendo os relatos comparativos(3). E importante que tenhamos uma real avalia~ao do fndice de TVP na Cirurgia Plastica para diminuir cada vez mais a frequencia de complica~6es.

BIBLIOGRAFIA 1, Few rW, Marcus JR, Placik OJ, Deep vein

thrombosis prophylaxis in the moderate to high­ris k patient undergoing lower extrem i ty liposuction [letter]. 1999;104:309.

2. Jewell ML. Prevention of deep vein thrombosis in aesthetic surgery patients. Aesth Plast Surg. 2001;21: 161-3.

3. McDevitt NB. Deep vein thrombosis prophylaxis . Plast Reconstr Surg. 1999;104:1923-8.

4. Teimourian B, Rogers WBIll . A national survey of complications associated with suction lipectomy: A comparative study. Plast Reconstr Surg. 1989;84:628-31.

5. Reinish JF, Rosso RF, Bresnick SD. Deep vein thrombosis and pulmonary embolus following face lift: A study on incidence and prophylaxis. Plast Surg Forum. 1998;21:159.

6. Rao RB, Ely SF, Hoffman RS . Deaths related to liposuction. N Engl J Med. 1999;340( 19): 1471-5.

7. Baruzzi ACA, Knobel E. Profilaxia da trombose venosa profunda . Rev Bras Clin Terap. 1996;22:61-4.

8. Hospital Israelita Albert Einstein. Protocolos de Conduta. Sao Paulo; 1999.

9. Daly E, Vessey MP, Hawkins MM, Carson JL, Gough P, Marsh S. Risk of venous thromboembolism in users of hormone replacement therapy. Lancet. 1996;348:977-80.

10. Weinmann EE, Salzman EW. Deep-vein thrombosis. N Engl J Med. 1994;331: 1630-45.

11. Huber 0 , Bounameaux H, Borst F, Rohner A. Postoperative pulmonary embolism after hospital discharge : an underestimated risk. Arch Surg. 1992;127:310-3.

12. Kakkar vv, Howe cr, Flanc C, Clarke MB. Na­tural history of postoperative deep-vein thrombosis. Lancet. 1969;2:230-2.

Rev. Soc. Bras. Cir. Phisr. Sao Paulo v. 18 n.l p. 47-54 jan/abr. 2003 54