revista portugal protocolo nº5 "protocolo no desporto"

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O Desporto utiliza o Protocolo nas suas diversas actividades e cerimónias rituais, a nível amador, profissional e olímpico. Porque não tendo fronteiras, o desporto aglomera diversas nacionalidades, etnias, religiões e culturas; logo, todos estes aspectos distintos são alvo de uma particular e meticulosa atenção, para que os acontecimentos desportivos decorram numa atmosfera propícia ao excelente desempenho das suas principais personagens, os atletas participantes. Mas, estas não estão sozinhas nos palcos desportivos mundiais, outras desempenham papéis importantes nestes eventos, são elas os dirigentes desportivos, as autoridades oficiais, e, porventura militares, entre outras. O Protocolo organiza e regula as cerimónias de abertura, a entrega de prémios e as de encerramento, sendo estas as mais visíveis são também as mais importantes.

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Page 3: Revista Portugal Protocolo Nº5 "Protocolo no Desporto"

4| Editorial

5| Protocolo, Ten. Cor. Adriano Firmino

10| Entrevista, Comandante José Vicente Moura,Comité Olímpico de Portugal

14| Entrevista, João Lagos,Lagos Premium Events

18| Arte & Cultura, A Bandeira Nacional,Museu da Presidência da República

20| Entrevista, Jorge Baptista

22| Jogos Olímpicos Londres 2012,Embaixador Alex Ellis

24| Espaço, Estádio Nacional do Jamor

26| Opinião, Maria Olímpia Simões

27| Como deve ser, Margarida de Mello Moser

28| 1º Encontro Empresarial,Protocolo Social no Meio Profissional

30| Notícias, Concerto dos Mecenas,Palácio Nacional da Ajuda

32| Notícias, Funchal 500 Tall Ships Regatta 2008

33| Notícias, Audi Med Cup 2008

34| Empresas & Marcas,Breitling for Bentley

HP e NBA

PORTUGAL PROTOCOLO - Revista Trimestral | Nº 5 | 2008

Director João Micael

Editor de Fotografia António Homem Cardoso

Tratamento de Imagem Joana Regaleira

Arte Portugal Protocolo Design

Publicidade e R.P. Ana Ferreira

Colunistas Margarida de Mello Moser | Maria Olímpia Simões

Colunistas Convidados Embaixador Alex Ellis | Ten. Cor. Adriano Firmino

Assinaturas [email protected]

Propriedade João Micael - Protocolo, Imagem e Comunicação Unipessoal, Lda.Rua Actor Augusto de Melo, 4 - 3º Dto. | 1900-013 Lisboa Portugal

Tel. +351 21 410 63 56 | +351 21 410 71 95 | Telem. +351 91 287 10 44www.portugalprotocolo.com

[email protected]

Registado no Instituto de Comunicação Social nº 124967Depósito Legal: 24 90 99/06

ISSN - 1646 - 6055

INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUASQUER MEIOS

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s u m á r i o

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e d i t o r i a l

A i m p o r t â n c i a d o d e s p o r t o

O desporto está intrinsecamente ligado à história da humanidade, o Homem

usa a sua destreza física em honra das suas divindades, de ideais políticos,

estéticos e bélicos.

Jogos como o Tlatchtli1, os jogos olímpicos helénicos, as provas celtas, as

justas medievais e os actuais desportos como o futebol e as olimpíadas da era

moderna compartilham a mesma necessidade: regras de comportamento e o

reconhecimento dos vencedores através de rituais e

cerimoniais estabelecidos para o efeito, através da

simbologia dos metais preciosos, a coroa de louro e

de oliveira.

O Desporto utiliza o Protocolo nas suas diversas

actividades e cerimónias rituais, a nível amador,

profissional e olímpico.

Porque não tendo fronteiras, o desporto aglomera

diversas nacionalidades, etnias, religiões e culturas;

logo, todos estes aspectos distintos são alvo de uma

particular e meticulosa atenção, para que os

acontecimentos desportivos decorram numa atmosfera

propícia ao excelente desempenho das suas principais

personagens, os atletas participantes.

Mas, estas não estão sozinhas nos palcos desportivos

mundiais, outras desempenham papéis importantes

nestes eventos, são elas os dirigentes desportivos,

as autoridades oficiais, e, porventura militares, entre

outras.

Desde a acreditação, passando pelas relações com os

órgãos de comunicação social, até à observação das regras protocolares próprias

das entidades desportivas, que aliando-se às oficiais dos países anfitriões, tudo

concorre para um outro objectivo, tão importante como o anterior, a criação

de um ambiente sem incidentes, na gestão dos lugares para todos os convidados

especiais e a sua devida recepção, bem como aquele aspecto que, actualmente,

se tornou de vital importância – a Segurança.

O Protocolo organiza e regula as cerimónias de abertura, a entrega de prémios

e as de encerramento, sendo estas as mais visíveis são também as mais

importantes.

João Micael

1 Jogo sagrado dos astecas, precursor do basquetebol.

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A d e q u a r a o s n o v o sd e s a f i o s

O mundo dos desportos é seguramente, emmatéria de organização de eventos, e com largadiferença, aquele que maior número deactividades suporta.

Todo e qualquer evento, desportivo ou não,encontra-se profundamente dependente do tipode enquadramento social em que decorre equando a sua prática não respeita um conjuntode rigorosos princípios profissionais epedagógicos, facilmente se transforma numanociva actividade social.

O desporto é algo mais que uma actividade quedesenvolve as qualidades físicas do indivíduoque o pratica. Em redor daquele giramnumerosos aspectos como se de uma grandeempresa se tratasse, sendo sobejamentereconhecida a importância que a imagem temna organização da competição, dando origema que muitos eventos desportivos, pelarepercussão social que têm, se convertam emespectáculos, mais que em simplesacontecimentos desportivos. Face àsenvolvências directas e indirectas, provocadas

10º Grande Prémio de Portugal–Algarve, F1 Motonáutica, 2008

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e alimentadas pela capacidade multimédia actual, odesporto em geral e os eventos desportivos emparticular, constituem-se num palco privilegiado paraque os políticos se identifiquem com os cidadãos.Hoje em dia, e cada vez mais, a presença de entidadese personalidades nos grandes eventos desportivosreveste-se mais de um factor social e politico do quedesportivo, em que esta componente assume umpapel secundário ou meramente ocasional, quando,por exemplo, se assiste a um Torneio de Ténis emWimbledon ou a um espectáculo no Teatro La Scalade Milão.

O organizador de um evento desportivo deve participardesde a sua gestão e já lá vai o tempo em que oagente de protocolo se resignava a atribuir o aspectoformal à estética daquele, sendo que nos nossos dias,o responsável pelo protocolo integra-se total epermanentemente com a essência do evento. Asinstituições modernas, onde se incluem as desportivas,pretendem adquirir e manter uma imagem de acordocom os seus valores culturais, canalizando as suasprojecções num conceito de perfeição e eficácia,utilizando o protocolo como instrumento idóneo dasua politica de gestão através da adequada aplicação

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da comunicação. Investir em protocolo significa investirem imagem, caracterizando os procedimentos numponto de vista profissional, que transmita umamensagem de seriedade e capacidade a quem serelaciona com a instituição em causa, mas apesardisso, hoje em dia existem entidades desportivas,nacionais e internacionais, que continuam a nãoatribuir a adequada importância ao assunto, deixandoesta disciplina em mãos de pessoas que não têmqualificação profissional suficiente para poder oferecerum serviço de qualidade. Quantos eventos desportivosvimos que perderam projecção ou interesse porquea entrega de prémios foi um desastre ou porque atribuna de honra não dispunha dos lugaresdevidamente atribuídos?

Nos tempos modernos, toda e qualquer organizaçãonecessita de comunicar e exercer as suas habilidadesde persuasão com o seu público, para atingir os seusobjectivos. Um evento, bem planeado e programado,desperta a atenção, provoca a curiosidade e motivao interesse, em que tudo é mensagem: o cenário, oambiente, a integração da presidência, a integraçãodos convidados, a montagem e a logística, que sedevem conjugar com inovação e criatividade, equilíbrioentre tradição e futuro e maior coordenação entreorganizações e protagonistas.

Carlos Fuente Lafuente afirmou a este respeito que“…Os actos por si mesmos são puras estratégias deuma ou várias mensagens, do colocar em cena deuma necessidade de comunicação. O acto poderá sermais público ou privado, mas tem sempre umafinalidade…”

Os desportos diferenciam-se entre si em numerososaspectos, todos com repercussão nas respectivasactividades de planeamento e execução. O facto deserem individuais e colectivos, concentrados num ouem vários espaços, em recintos ao ar livre ou emrecintos cobertos, com duração de mais ou menostempo, ocorrerem em condições climáticas favoráveisou desfavoráveis, terem lugar num ou noutro país,são características suficientemente influenciadorasem vários aspectos relacionados com a organizaçãoe particularmente com o protocolo. Senão vejamos:no caso de desportos individuais e colectivos, nascerimónias de entrega de prémios não só varia onúmero de troféus a serem entregues, como tambéma dimensão do pódio de vencedores; mas mesmo nosdesportos individuais, a cerimónia de entrega demedalhas num Campeonato do Mundo de Judo ésubstancialmente diferente da entrega do troféu deum torneio internacional de ténis, como assistimosanualmente em Roland Garros; nos desportoscolectivos, e no caso do futebol, embora se disputeum jogo para atribuição dos terceiro e quarto lugares,

na realidade, a cerimónia de entrega de prémios,que ocorre imediatamente a seguir ao respectivojogo, só contempla a atribuição de troféus aoprimeiro e segundo classificados; ainda nosdesportos colectivos, no Torneio das 6 Naçõesem Rugby, também há lugar à atribuição de umtroféu à equipa última classificada; noautomobilismo, por exemplo, entregam-seprémios aos vencedores e à respectiva escudaria;no hipismo, além dos prémios que se entregamaos cavaleiros, coloca-se uma roseta no cavalo,e depois todos os conjuntos premiados dão umavolta de honra ao recinto; no ciclismo, na Voltaa Portugal, vão-se atribuindo troféus em cadauma das chegadas à medida que a prova se vaidesenrolando; não se pode comparar o ambiente,interesses e nível social que envolvem as corridasde cavalos em Ascot com, por exemplo e semdesprimor para a modalidade, o CampeonatoEuropeu de Luta Greco-Romana; emdeterminadas modalidades os prémios entregam-se por ordem da vitória, isto é, do primeiro aoterceiro, mas outros desportos cumprem a regrado terceiro ao primeiro. Todos estes aspectos,como se verifica, estão relacionados com atradição, mas dão igualmente a ideia dasdiferenças protocolárias que existem conformea modalidade ou disciplina de que se trate. Faceàs enormes envolvências e variantes do assunto,o protocolo, sendo um dos elementosconstituintes da organização de um eventodesportivo, relaciona-se e depende praticamentede todas as outras áreas, umas de forma maisdirecta e outras menos, como sejam acalendarização, os patrocínios, as relaçõespúblicas, as relações desportivas, os transportes,os alojamentos, a segurança, as acreditações,a comunicação, a logística, a bilhética, a atençãoao público e o voluntariado. Por outro lado, arecepção de entidades oficiais e desportivas,patrocinadores e convidados, gestão dastribunas, cerimónias de abertura e encerramento,cerimónias de entrega de prémios, outrascerimónias, desportivas e não desportivas, sãoda responsabilidade do protocolo.

Actualmente, o protocolo desportivo padece daausência ou escassez de normativas estatutáriasou orientações que legislem as diferentessituações protocolárias que se devem estabelecer,tornando imprescindível que cada organizaçãotente resolver a questão isoladamente, gerando-se situações insustentáveis e por vezes graves.Em todas as organizações desportivas resultafundamental que se estabeleçam as precedênciaspara as autoridades desportivas e nãodesportivas, na medida em que a sua falta é

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normalmente origem de conflitos, incomodidadee situações desagradáveis, que se podem evitar.Seria recomendável e desejável que no âmbitoda responsabilidade da política desportiva sefixassem critérios e se criassem medidas quese considerem aceitáveis para a maioria e quefossem tomados em conta por todos. A partirdaqui, cada organismo, federação ou organizaçãodesportiva deveria definir as precedências paraos seus próprios eventos. Embora reconhecendoque existem algumas referências, estas sãoescassas, desprovidas e carentes de basestécnicas, estimando-se no entanto, e ao que àprecedência diz respeito, que as autoridadesdesportivas deveriam ter um tratamentoequiparado, todavia, rigorosamente colocadas.A verdade é que todas as incidências se vêmresolvendo na aplicação do protocolo oficial edas técnicas de organização de eventos. Nafalta de orientações específicas nesta matériapor parte das entidades oficiais e responsáveis,na organização dos mais variados eventosdesportivos, nacionais e internacionais, tem sidousual aplicar o que se encontra contempladona Carta Olímpica, com as devidas adaptações.O estabelecimento de precedências éfundamental e necessário face à presença deautoridades nos grandes eventos desportivos.A organização e ordenamento de convidadosdevem responder a critérios do anfitrião,normativas internas e normativas da instituição.Para as autoridades institucionais convidadassegue-se o critério fixado pelas normativasespecíficas vigentes e em caso de igualdade ouequivalência de cargos, daremos precedênciaàs autoridades desportivas, no entanto,funcionando a normativa das precedências comoum guia, não se deve ser obsessivo com oprotocolo. O anfitrião deve presidir ao eventomas pode ceder a presidência quando estiverpresente uma autoridade política, a máximaautoridade desportiva vinculada à actividadeem curso ou por razões de cortesia, a outrasautoridades desportivas ou não desportivas. Emprincípio, todo o evento desportivo, de carácternacional, celebrado ou não num recintodesportivo, seja de competição ou não, deveráser presidido pela máxima autoridade dodesporto nacional que se encontre presente,sem deixar de ter em conta o estabelecido naLei nº 40/2006, de 25 de Agosto, que respeitaàs Precedências do Protocolo do EstadoPortuguês. Em actividades de carácterinternacional que se celebrem no nosso país,deverá considerar-se o disposto pela FederaçãoInternacional que organize esse evento, em quea máxima autoridade desportiva do Estado

Português presente terá um lugar preferencial, quenão significa presidir.Os trabalhos da equipa responsável pelo protocolo,integrada na organização de um evento, além dacolaboração no planeamento, começam com osconvites. Em regra, às autoridades e personalidadesde grande relevância é enviada uma cartapersonalizada da parte do anfitrião, juntamente comum convite normal, ou inclusivamente, com umaacreditação. Às instituições é costume enviar váriosconvites para que o responsável da mesma osdistribua, sendo que aos mesmos se juntará a indicaçãodos espaços reservados nas tribunas ou áreasadjacentes. Aos convidados de menor relevância sãoremetidos convites normais, individualizados. Emqualquer dos casos, o convite deve ser acompanhadode uma nota de protocolo, de tamanho inferior àquele,em que se reflectem aspectos que não devem constarno convite, tanto pela estética como pelo conteúdo,nomeadamente, pormenores importantes na hora deaclarar as questões dos convidados. Estes convitesdeverão ter um logótipo da entidade que organiza oevento e serão assinados pela máxima autoridade damesma.

No que respeita à recepção das entidades e convidadosem qualquer tipo de evento, e os desportivos não sãoexcepção, o anfitrião tem a obrigação de os recebere de se despedir. Quando o anfitrião é a autoridademais conceituada de todas as assistentes do evento,não subsistem dúvidas a quem cabem essas funções,mas em certos casos estão presentes convidados comstatus superior, pelo que, por deferência, as mesmasdeverão ser incluídas nesse acto, colocando-se porordem de precedência na chamada “linha decumprimentos”, localizada de acordo com ospormenores da chegada da alta entidade. Naacomodação dos lugares deverão ser tidos emconsideração todos os aspectos relacionados com asprecedências e resolvidos os sistemas que se elegerampara definir as presidências, para colocar as autoridadese as regras para situar os convidados, assim comoos respectivos acessos, assentes numa clarajustificação dos critérios adoptados. Na configuraçãodas tribunas devem ser incluídas as autoridadesdesportivas, as autoridades políticas, os patrocinadores,os convidados de honra, os convidados especiais, oscolaboradores e eventuais individualidades que pelasua importância se entenda que merecem ocupar umlugar especial. Se o espaço o permitir, poderá havermais que uma tribuna, onde se colocarão as pessoasconforme os quadrantes e origens institucionais,segundo um critério que o anfitrião defina eobedecendo ao prescrito legal a que a matéria importa.É comum admitir um sistema de ordenação em queautoridades oficiais e desportivas ocupem lugaresalternados, embora o razoável seja a atribuição de

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lugares que separem as autoridades desportivas dasrestantes, que depois de definida a presidência e oslugares de honra, se colocarão, respectivamente, àsua direita e esquerda.

Todo o grande evento desportivo deve inaugurar-senuma cerimónia de abertura, para definir o iníciooficial da competição. Por norma, estas cerimóniasenvolvem discursos breves das autoridades desportivase políticas, em que as primeiras se referem ao esforçoe trabalho desenvolvidos conducentes à realizaçãodo evento, assim como ao espírito desportivo quedeve nortear todas as provas, e aos segundos,compete-lhes a declaração de abertura da competição.Não obstante, esta ordem pode sofrer alterações emmuitas ocasiões causadas por diversas situações,constituindo-se numa demonstração de que o protocolonão só não é uma ciência exacta, como também seencontra ao serviço de objectivos concretos. Têmigualmente lugar as cerimónias do hastear dasbandeiras e da entoação dos hinos, o desfile dosatletas e um espectáculo habitualmente subordinadoa temas da tradição histórica e cultural regional ounacional.

Não há cerimónia desportiva que se preze que nãoutilize bandeiras. Estas não são apenas símbolosrepresentativos dos países, mas também constituemum atractivo dos cenários. Num evento internacionalé hasteada a bandeira da entidade desportivaresponsável pelo evento, assim como a do paísorganizador, havendo lugar ao respectivo hino, eocupando aquelas um local de destaque. As bandeirascorrespondentes aos países participantes sãohasteadas, ou já assim se encontrarão numdeterminado local onde se desenvolvem as provas epor vezes também no exterior do recinto, ficandoexpostas até final do evento, desde a direita emformato linear, ou do centro em alternância regulare por ordem alfabética no idioma do país organizador,aplicando o critério olímpico, com a excepção dosJogos Olímpicos em que a bandeira da Grécia ocupao segundo lugar. Se no caso de existirem bandeirasoficiais e bandeiras desportivas de carácter não oficial,deverão colocar-se separadamente. Por ocasião deeventos desportivos nacionais elege-se a bandeiranacional como símbolo máximo do torneio oucampeonato, assumindo a bandeira da Federaçãoresponsável pela organização, idêntica e proporcionalposição de destaque, e a partir daqui, definem-se asregras para a colocação das restantes bandeirasrepresentativas das entidades desportivasparticipantes. Em situações de eventos desportivosrealizados em recintos cobertos, a colocação dasbandeiras no interior do recinto não deve apoiar-seem mastros verticais. Nestes casos, utiliza-se umafixação pela vertical, podendo as bandeiras manterem

a sua posição normal ou ficar fixas superiormentepela tralha. Outra diferença assenta no factodas bandeiras de mastro serem hasteadasmanualmente enquanto as bandeiras de fixaçãovertical o são mecanicamente. Quando ascompetições não envolvem países mas simclubes, não se util izam as bandeirasrepresentativas dos países, mas sim as bandeirasdesportivas representativas dos clubesparticipantes e da entidade organizadora.As cerimónias de entrega de prémios, comvariantes muito distintas consoante asmodalidades, podem ser actos isolados ouúnicos, ou podem ir decorrendo ao longo dasprovas. É o caso, respectivamente, de um Torneiode Golf, em que apenas ocorre uma cerimóniano final da competição, e que pode ou não terlugar nas imediações do local onde sedesenvolveu o torneio, ou de um Campeonatodo Mundo de Equitação, em que os prémios seentregam no local principal das provas, à medidaque as disciplinas da modalidade vão terminando.Durante o normal decurso das competiçõespodem ter lugar outras cerimónias, desportivasou não, nos recintos desportivos ou noutroslocais, que pela sua importância e envolvência,merecem especial atenção da equipa deprotocolo. Incluem-se nestes casos as recepções,as homenagens, o descerramento de placascomemorativas, banquetes, refeições oficiais,reuniões e entrevistas, que deverão serpreparadas de acordo com as orientações queforem determinadas para o efeito.

Às cerimónias de entrega de prémios, que sãouma atribuição exclusiva do protocolo, além dosdesportistas, assistem as autoridades oficiaisque estarão encarregadas de entregar oscorrespondentes troféus, constituindo umacomitiva que tomará o devido lugar destinadopara o efeito. Num local prévio tem lugar acolocação das pessoas para o cortejo da comitiva,cuja ordem estará de acordo com a posteriorlocalização nas imediações do pódio e com ocritério que a organização entender, assim comotambém se confirmam as medalhas ou troféusque irão ser entregues, os ramos de flores ououtros objectos alusivos ao acto, o vestuáriodefinido e a gravação do hino correspondenteao vencedor.

O pódio, constituído por três níveis, contemplao 1º ao centro, cedendo a direita ao 2º lugar ea esquerda ao 3º. Deve estar localizado emfrente à tribuna principal e o local do hasteardas bandeiras deve ser lateral em relação àquele.Quando se trata de desportos colectivos, e

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consoante o número de atletas das equipas, opódio deve ter as dimensões adequadas para oefeito, de modo a permitir uma acomodaçãoespaçosa dos medalhados. Um locutor anunciaas entidades que entregam os prémios e quemos acompanha, no idioma do país organizadore em inglês. Conforme as situações ecaracterísticas específicas da modalidade erespectiva federação, podem-se entregar osprémios do 1º ao 3º lugar, ou na ordem inversa,como é o caso dos Jogos Olímpicos. Por fim, éanunciada a interpretação do hino do país doatleta vencedor e simultaneamente são içadasas três bandeiras correspondentes aos atletasagraciados, dispostas segundo o mesmo critériodo pódio, tomando aqueles uma posição frontalàs bandeiras, rodando nas suas posições.Normalmente, o hino do vencedor dura entre30 a 40 segundos, na sua versão reduzida.As cerimónias de encerramento têm usualmenteo mesmo formato que as cerimónias de abertura,embora com menor duração. Muitos eventosdesportivos acabam por não definir um programaespecífico para a cerimónia de encerramentoporque aproveitam os festejos da entrega deprémios para coincidir com o final do evento,que na maioria das ocasiões, traduz oencerramento da competição.

Em eventos de grande projecção, as cerimóniasde encerramento celebram-se imediatamentedepois da entrega do último troféu dacompetição. A ordem dos discursos é a inversaà da cerimónia de abertura, havendo referênciaà forma como decorreu, sendo enaltecidos osvalores desportivos, e terminando com adeclaração de encerramento da competição.Tem lugar a passagem do testemunho, arreando-se e hasteando-se, respectivamente, asbandeiras representativas do organizador quetermina e as do organizador seguinte,acompanhando com os hinos. Normalmente temlugar um espectáculo de diversão, culminandocom um convívio entre todos os participantes.Uma das últimas preocupações e tarefas dosresponsáveis pelo protocolo, após terminaremas actividades desportivas, é preparar e enviaros agradecimentos a todas as entidades quedirecta e indirectamente tiveram influência narealização do evento. Os agradecimentoscontemplam factos formais da colaboraçãoefectiva que teve lugar ou simplesmentemanifestam o gosto e prazer tidos pelasrespectivas presenças.

Finalmente, mas não menos importante, éfundamental realizar uma reunião de rescaldo

e conclusões, elaborando um arquivo escrito ou digital,em que participam todos os elementos da equipa deprotocolo e sob coordenação do responsável máximopor essa pasta , revendo e ana l i sandopormenorizadamente todas as etapas doacontecimento, de modo a que os aspectos menosconseguidos possam ser revistos e rectificados, paraeventual aplicação em futuras ocasiões nas condiçõesideais, num conceito de lições aprendidas.Não restam pois dúvidas que em qualquer evento, eparticularmente nos desportivos, o responsável peloprotocolo deve trabalhar em equipa de modo a garantiro melhor êxito. A experiência diz que sempre surgeum imprevisto, e nesse caso, há que reagir em tempo,encontrar uma solução possível, mesmo que não sejaa melhor, adivinhando as consequências. As sequênciasdas cerimónias especificas devem ser bem planeadas,e se possível, treinadas. O profissional de protocolonão pode permitir que aspectos menores interfiramna prossecução do seu plano, e como tal, deve estarsempre muito atento, prever desenvolvimentosinesperados, dividir tarefas e transmitir confiança aosseus colaboradores.

O protocolo é a “Ciência da Excelência”, isto é, atécnica que atende à necessidade de alcançar aeficiência e a perfeição daquelas actividades ou acçõeshumanas que têm por objectivo mostrar a imagempública de uma instituição ou de uma empresa noâmbito da comunicação global. E por isso é algo queinteressa a todos, quer seja uma instituição ou umaempresa, grande ou pequena, que pretenda dar boaimagem de si perante o seu público, e organizar osseus actos com brilhantismo e eficiência.Não se trata exclusivamente de uma mera técnica deordenação ou colocação das autoridades ou daspersonalidades num acto público oficial, de instituiçãoou de empresa. O protocolo é, no nosso âmbito, algomais do que uma ciência auxiliar ou mero recursoplástico formal para que os eventos respondam àquiloa que genericamente chamamos “a percepção docorrecto”. O protocolo adaptou-se às novas realidadese costumes da vida moderna que forma parte daestrutura da actividade humana em que a boaintercomunicação e as relações fluidas são essenciais.A nós cabe-nos acompanhar.

Texto Adriano Firmino

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José Vicente Moura, capitão-de-mar-e-guerra, reformado, desenvolveuparalelamente à sua vida militar uma actividade desportiva como nadador.Posteriormente começou uma carreira no dirigismo desportivo na área danatação. Já no Comité Olímpico, começou como secretário-adjunto, depoisvogal, segue-se a vice-presidência e finalmente como presidente, cumprindoo seu terceiro mandato consecutivo.

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Como eram os Jogos Olímpicos daAntiguidade?Tanto quanto se sabe eram jogos só para oscidadãos helénicos livres, excluindo escravos eas mulheres, que não podiam participar nemassistir aos jogos. Eram jogos com maiorespreocupações religiosas do que físicas. Os antigosgregos adoravam os deuses do Olimpo, queapesar de serem divinos se comportavam comohumanos. Os gregos tinham uma verdadeirapaixão pela beleza física, tanto feminina comomasculina, e, portanto, os jogos tambémvisavam homenagear o ideal de beleza nosatletas. Os seus feitos atléticos, de certa forma,imolavam-nos aos seus deuses.Durante o período dos jogos havia uma tréguatácita nas guerras no mundo grego, anunciadapor mensageiros.Os jogos eram tão importantes que um atletavencedor, não recebia directamente qualquerprémio monetário, somente uma coroa de louros,mais tarde de ramos de oliveira, tornava-se umsemi-deus adorado por todos.

Houve evolução desde os primeiros JogosOlímpicos Modernos em 1896, em Atenas?Houve uma série de acontecimentosinteressantes. Após a descoberta das ruínas dacidade de Olímpia, no século XVIII, pelo inglêsRichard Chandler, havia um grande interessepela arqueologia e pelo passado clássico. Jácom o barão Pierre de Coubertin, interessadopelos desportos e após uma visita a uma escolaem Rugby na Inglaterra, ficou tão impressionadocom a educação daqueles jovens, baseada nodesporto para mais tarde seguirem a carreiradas armas que decidiu recuperar o ideal dosjogos olímpicos gregos num congresso em Paris.Aí foi, também, criado o Comité OlímpicoInternacional, para a organização dos primeirosJogos Olímpicos, em Atenas.Com o barão Pierre de Coubertin os jogos eramrealizados com uma atitude muito utópica – nãose aceitavam participações femininas, nematletas profissionais, somente os amadores eem que o mais importante era participar e nãoganhar. Com a sua saída os jogos evoluíramglobalmente, já se recebendo todos os países,inclusivamente os países de Leste. A partir de1984, em Los Angeles, o profissionalismo entroufinalmente nos jogos olímpicos.

Os Jogos Olímpicos, de Los Angeles,atingiram uma outra notoriedade global?Sim. Porque o investimento financeiro foi imenso,em infra-estruturas e foram organizados porentidades privadas com fins lucrativos. A partirde então os jogos olímpicos tornaram-se numevento muito lucrativo a todos os níveis, e,nunca mais faltaram candidaturas de váriascidades à sua organização.

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Qual o cerimonial, ou, cerimoniais maisimportantes dos Jogos Olímpicos? Comose processam?Há cerimoniais próprios como o acender dachama olímpica em Olímpia pelo método antigo,em que se acende a tocha com a ajuda de umespelho hiperbólico por mulheres vestidas comoas antigas sacerdotisas. Esta é como um farolanunciador, que se desloca pelos continentesdifundindo a paz e a mensagem que os jogosserão realizados na cidade anfitriã onde a chamafinalizará o seu percurso.Este cerimonial termina no estádio olímpicoconstruído nessa cidade, depois do desfile daapresentação dos atletas participantes efinalmente entra um atleta transportando achama que se dirige à pira olímpica acendendo-a. Também aí os atletas e os árbitros fazem ojuramento, segurando a bandeira olímpica,comprometem-se a competir cumprindo asregras desportivas com fairplay. Normalmentesão libertadas centenas de pombas comosímbolos da paz.Os jogos são iniciados com uma frasepronunciada pela personalidade oficial maisimportante, geralmente o chefe de Estado dopaís anfitrião: “Declaro os Jogos Olímpicos daEra Moderna oficialmente abertos”. O içar dabandeira olímpica é feito ao som do hino olímpico,para além da presença das bandeiras dos paísesparticipantes. Esta bandeira fica hasteadajuntamente com as bandeiras do Comité OlímpicoInternacional e do país anfitrião à parte dasrestantes bandeiras nacionais.Há, claro, o cerimonial da entrega das medalhasonde num pódio aquelas são distribuídas e éimposta uma coroa de louros, seguindo-se aexecução do hino nacional do país do atletavencedor. Este é o cerimonial que nenhum atletaesquecerá.

Há um Protocolo Olímpico?Sim. Este é definido pelo Comité OlímpicoInternacional, sendo o Protocolo oficial da inteiraresponsabilidade do país organizador. Isto, porvezes, origina alguns problemas. O comitéolímpico organizador só dá estatuto de grandeentidade ao chefe de Estado e ao Primeiro-ministro, excluindo desta categoria os ministrosque nem podem representar o Primeiro-ministrona sua ausência, os secretários de estado, porexemplo, nem estão contemplados oficialmente,só como convidados particulares do presidentedo comité olímpico do seu país.Nem sempre esta organização e reconhecimento

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de precedências é compreendido e aceiteprovocando algumas situações desagradáveis.

Quais as diferenças mais relevantes naorganização dos Jogos Olímpicos de umoutro evento desportivo internacional?A diferença mais relevante é, naturalmente, oestatuto do Comité Olímpico Internacional e dosseus membros. Estes têm todos os direitos,privilégios e apoios. São os “depositários” doolimpismo internacional, e comportam-se comotal. Diferenciam-se dos restantes comitésolímpicos nacionais.Já nos outros eventos desportivos internacionaistal não acontece. É entidade máxima o presidenteinternacional desse desporto e os restantesestão igualmente equiparados.

Quais são os cuidados extraordinários nasua realização, na recepção e acolhimentode atletas, convidados oficiais e VIP?Dá-se sempre muita atenção a este aspecto. Anossa principal preocupação é os resultados,bem como dar total apoio aos atletas – este éo nosso objectivo!Paralelamente há a comitiva olímpica que nãointegra a missão olímpica – são convidadosespeciais como membros do governo, parentesde atletas, particulares, etc. Há vários níveis deacreditação, e esta indica o que se pode fazer,assistir, onde estar. São direccionadas para otipo de convidados, como por exemplo, odirigente da missão do atletismo só poderáassistir às provas daquela modalidade.

Portugal reúne as condições ideais –humanas e logísticas – para a realizaçãodos Jogos Olímpicos?Há possibilidade de se organizar jogos olímpicosem Portugal. Não agora, mais tarde. Asestruturas constroem-se, bastando para talhaver dinheiro.Identifico dois problemas para a sua realização:a existência de um número suficiente demedalhas justificativo da realização dos jogos– não seria compreensível que, ao fim de algunsdias, os atletas portugueses estivessem todoseliminados, criando um ambiente dedesapontamento. Por outro lado é necessárioque os portugueses acreditem em si mesmos.O que se verifica cada vez menos.

Texto João MicaelFotografias Homem Cardoso

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Figura incontornável do desporto de elite de Portugal, João Lagos tem umalonga e reconhecida carreira no mundo desportivo, no ensino e comunicaçãosocial especializada. Organizou eventos desportivos como o golfe, ténis, hipismo,motonáutica, rugby, volei de praia, surf, ciclismo, automobilismo e vela.Foi várias vezes campeão nacional absoluto no ténis, tendo participado váriasvezes, como jogador e capitão, na selecção nacional na Taça Davis.Além de outras distinções foi reconhecido como “Personalidade do Século XX”no ténis por parte da Confederação do Desporto, bem como o grau deComendador da Ordem de Mérito, no dia 10 de Junho de 2005.

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Como nasceu a empresa Lagos Premium Events?

A Lagos Premium Events não é propriamente umaempresa mas sim uma "bandeira" ou marca sob aqual se aglutinam os eventos "Premium" promovidospelas empresas do Grupo, com maior destaque paraa João Lagos Sports S.A. É uma designação que surgequando transferimos uma parte significativa do nossoesforço e trabalho para a organização de eventos denível "Premium", com estatuto e dimensãointernacional, que contribuem não só para a divulgaçãoda modalidade em causa mas simultaneamente paraa promoção além-fronteiras da imagem do nossoPaís.

Que eventos organiza actualmente?Referenciando exclusivamente os eventos "Premium"regulares (anuais) do nosso portfolio actual, temoso Estoril Open (ténis), o Portugal Trophy (vela) e a"Volta a Portugal" (ciclismo). No seguimento daGrande Partida do Lisboa-Dakar em 2006 e 2007(a edição de 2008 foi abruptamente cancelada nasequência de ameaças terroristas), com o qualpretendemos manter um ligação futura, iremos lançarainda em 2008 uma nova e importante prova deTodo-o-Terreno integrada no Dakar Series e quemanterá no futuro a ligação Portugal / África. Emanos anteriores, para além de eventos na área dogolfe (Open de Portugal, Madeira Open e Estoril Open),do hipismo (Gala Equestre), da Motonáutica (LisbonGrand Prix) e do Surf (Figueira Pro), entre muitosoutros, merece destaque particular a organizaçãoda Tennis Masters Cup em Lisboa no ano 2000, quemarcou decisivamente a nossa credibilidadeinternacional.

É importante o uso do Protocolo no seu trabalho?O Protocolo constitui uma preocupação natural econstante nas nossas organizações, onde a presençade entidades oficiais ao mais alto nível é umaconstante. Contudo, tendo em conta que os eventosdesportivos são encarados pelas entidades oficiaiscom maior "à vontade", a importância do Protocoloacaba por ser algo relativizada, em nossa opiniãocom efeitos indesejáveis. A dificuldade com que opromotor se depara para saber ao certo e comantecedência quem marcará presença nas funçõesoficiais (por exemplo a cerimónia de distribuição deprémios), obriga a um esforço de improviso nadaaconselhável em questões de Protocolo, exponenciandoa possibilidade de gaffes protocolares. E se algumaspersonalidades por um lado não dão grande atençãoàs atempadas confirmações de presença, por vezesquando o tal improviso as prejudica não têm a mesmapostura "desportiva"...

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às atempadas confirmações de presença, porvezes quando o tal improviso as prejudica nãotêm a mesma postura "desportiva"...

Quais as diferenças mais relevantes naorganização de um evento desportivointernacional de elite?No fundo, se não considerarmos uma provávelmaior complexidade logística e organizacionalpela dimensão do evento, nada mais o diferenciade um qualquer evento desportivo nacional quese preze, onde o selo de qualidade e objectivode excelência devem ser igualmente elevados.

Quais são os cuidados extraordinários nasua realização, na recepção e acolhimentode convidados VIP?Durante muitos anos os eventos desportivosnão eram mais do que isso, eventos centradosna competição desportiva, onde a envolventeprotocolar e de RP pouca expressão tinha. Hojeem dia a realidade é bem diferente, já que asgrandes realizações desportivas constituemveículos de comunicação e de desenvolvimentode acções RP para os seus patrocinadores devalor muito significativo. Aliás o Estoril Open,evento de notoriedade assinalável no tecidodesportivo nacional, construiu muito do seusucesso nessa componente corporate, até parapoder compensar e ultrapassar a enormedécalage de audiências de que Ténis sofria há20 anos atrás.

Portugal reúne as condições ideais,humanas e logísticas, para a realizaçãodestes eventos?Não tenho dúvidas de que existe em nós,portugueses, excelentes capacidadesorganizativas, largamente demonstradas emgrandes realizações como a Expo 98, o TennisMasters Cup 2000 ou o Euro 2004, entre outras.O nosso grande calcanhar de Aquiles continuaa residir nas infra-estruturas, já que o patrimónionacional para eventos de grande dimensão seconfina praticamente aos novos estádios defutebol construídos e remodelados para o Euro2004 e ao Pavilhão Atlântico, o que é muitopouco se quisermos ser mais competitivos anível internacional.

Que falta para se atingir a Excelência nestecampo?Naturalmente não podemos esquecer a dimensãodo mercado nacional, que cerceia bastante apossibilidade de realização de grandes eventos,

As grandes realizações desportivas constituem veículosde comunicação com valor muito significativo.

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nomeadamente quando estão sujeitos aprocessos de candidatura ou concorrênciainternacional rigorosos onde a capacidadefinanceira constitui factor preponderante.Contudo, a maior limitação reside ainda noparco leque de infra-estruturas de qualidade deque dispomos, que permitam aos eventos atingiresse nível de excelência.

Qual o episódio mais exemplificativo docorrecto uso do Protocolo que tenhacontribuído para o sucesso de um eventoe da sua organização?Na medida em que o Protocolo não constituium factor decisivo de sucesso nos eventosdesportivos, apesar da sua importância, não

me ocorre nenhum exemplo marcante nesse sentido. Recordo contudo uma experiência negativa por partede um membro do Governo que, ao não ser convidadoa participar a cerimónia de entrega de prémios (nãonos apercebêramos da sua presença pois não tinhasido anunciada), sentiu--se pessoalmente atingido ereagiu de forma desadequada pondo fim a umaparceria que se desenvolvia há anos (iniciada emGoverno anterior) abruptamente e sem dar qualquertipo de explicações.

Texto João MicaelFotografias Homem Cardoso

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Museu da Presidência da República

A Bandeira NacionalApós a vitória da revolução republicana de 5 de Outubro de 1910, os novosdirigentes vêm na redefinição dos símbolos nacionais uma das suas prioridades.O Hino da Carta é substituído pela marcha A Portuguesa, a bandeira azul ebranca pela verde e rubra. Porém, a ruptura não é pacífica. Especialmente noque respeita à bandeira e às suas cores em particular a polémica é violentae duradoira.Tendo constado junto da opinião pública que o recém-empossado Governoestaria inclinado em manter na bandeira as cores azul e branca da monarquiaconstitucional, a ala republicana mais radical dá a conhecer o seu desacordo.Para esta, as cores azul e branco representam a decadência da monarquia dosBragança. Reclama antes a evocação da bandeira da jornada revolucionáriade 3 a 5 de Outubro e da primeira bandeira a ser desfraldada depois daimplantação da República, de cores verde e encarnada, bipartida verticalmente,vermelha junto à tralha, ocupando o verde a maior parte, com a esfera armilarde ouro assente em fundo azul, encimada por uma estrela de prata comresplendor de ouro.Procurando solucionar a questão, a 15 de Outubro de 1910 o Governo nomeiauma comissão para o estudo da Bandeira e do Hino Nacionais. Dela fazemparte eminentes personalidades da vida nacional: o pintor Columbano BordaloPinheiro; o escritor Abel Botelho; o jornalista João Chagas; e dois destacadoscombatentes do 5 de Outubro, o tenente Ladislau Pereira e o capitão AfonsoPalla. A 29 de Outubro a comissão apresenta o seu projecto. Em tudo idênticoà bandeira da revolução, apenas se altera a localização das cores e a suaproporcionalidade, ficando agora o verde junto à tralha e ocupando maiorespaço o vermelho. A proposta é apreciada em Conselho de Ministros realizadono dia seguinte e são sugeridas algumas modificações. A segunda versão dacomissão é avaliada e aprovada pelo Conselho de Ministros menos de uma

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a r t e & c u l t u r aMuseu da Presidência da República

semana depois, a 6 de Novembro. Respeitando na globalidade o projecto anterior, é suprimidaa estrela e são introduzidas ligeiras alterações à esfera armilar.A 29 de Novembro o Governo Provisório aprova o último projecto, ao que se soube pelamaioria de um voto, e estabelece por decreto o 1 de Dezembro como o Dia da Festa daBandeira, dia em que simultaneamente se celebra a Restauração da Independência em1640. É o primeiro feriado da jovem República e a primeira grande festa cívica por elarealizada. Na manhã de 1 de Dezembro, frente à Câmara Municipal de Lisboa, a EscolaNaval e a Escola do Exército em parada militar e ao som de A Portuguesa prestam homenagemà bandeira verde e rubra.Todavia, a controvérsia não termina. Multiplicam-se os projectos de bandeira, travam-sede razões os seus autores, discutem-se as cores, as armas e a simbologia. As cores são oprincipal ponto de discórdia. Ao apoio dado ao verde e rubro por Afonso Costa, AntónioJosé de Almeida ou Teófilo Braga, opõe-se o azul e branco defendido por não menosprestigiadas figuras, de que são exemplo Guerra Junqueiro, Braamcamp Freire, Lopes deMendonça ou Sampaio Bruno. Os primeiros evocam o verde e rubro da bandeira içada namalograda revolta de 31 de Janeiro de 1891 no Porto e a posterior propaganda republicana,os segundos sublinham a tradição histórica, falam do branco e azul como espelho da almanacional, lembram que a bandeira verde e rubra içada na varanda do município de Lisboaa 5 de Outubro estava ladeada por duas bandeiras azuis e brancas.O plebiscito reclamado pelos partidários do azul e branco não é aceite pelo Governo e a19 de Junho de 1911, na sessão de abertura da Assembleia Nacional Constituinte, ésancionado o projecto aprovado anteriormente: “A Bandeira Nacional é bipartida verticalmenteem duas cores fundamentais, verde-escuro e escarlate, ficando o verde-escuro ao lado datralha. Ao centro, e sobreposto à união das duas cores, terá o escudo das Armas Nacionais,orlado de branco e assentando sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivadade negro”. Dias depois é publicado o parecer técnico sobre as medidas e proporções dabandeira nacional, das bandeiras regimentais e do Jack para os navios.O triunfo da bandeira verde/rubra corresponde à confirmação simbólica dos princípiosideológicos e políticos da propaganda republicana. A matriz democrática, positivista,nacionalista e colonial, laica e anti-clerical do republicanismo histórico é consagrada. Overmelho é a cor dos movimentos revolucionários e populares, o verde a cor destinada porComte aos pavilhões das nações positivistas do futuro; o escudo das quinas e a esferaarmilar a evocação dos dois momentos mais altos da história portuguesa – a fundação danacionalidade e a epopeia marítima. Pelo contrário, a expulsão do azul-branco é a rupturacom a monarquia e com o culto católico de Nossa Senhora da Conceição. O verde e overmelho são, aliás, as cores sempre presentes em toda a iconografia que simboliza aRepública entre 1891 e 1910, ou seja, durante o “período de propaganda” do republicanismo.Por esta ser, mais que a bandeira nacional, a bandeira da República, com uma legitimidadesobretudo política, o seu reconhecimento é complexo. Nem entre os republicanos a opçãoé consensual. Os actos de desrespeito e repúdio são inicialmente frequentes, mesmo entreos militares. Apenas o tempo e a travessia das vicissitudes políticas e militares a confirmamdefinitivamente como símbolo nacional.

Susana Martins

Diário da Assembleia Nacional Constituinte, n.º 1, sessão de 19 de Junho de 1911, p. 1.

Fotografia - Imagens de Luz-MPR

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Trabalha para a FIFA desde 1991 como media officer, tendo sido convidadopara este cargo após o seu desempenho como chefe de imprensa no mundialsub-21 em Portugal, no estádio da Luz. Mais tarde ingressou na UEFA em 1998,trabalhando desde então nos campeonatos mundiais e europeus, bem comoem competições como a Liga dos Campeões, os sub-17, 19 e 21. Desenvolve,desde 2007, a actividade de formador na FIFA, realizando seminários decomunicação aos media a alguns países, como a Namíbia, a Guiana Inglesa eo Brunei. Acha, também, que algumas equipas, portuguesas incluídas, deveriamassistir a estes seminários pois são deficitários no campo da comunicação e daimagem.

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Há um Protocolo Desportivo?Há, obviamente, regras e normas internacionais daFIFA e das federações no mundo do futebol. Quandose disputam os jogos internacionais há um protocoloespecífico, inclusivamente, existe um departamentoespecializado nessa área.

Onde se vê esse Protocolo?Nas competições internacionais, como a Liga dosCampeões e os campeonatos europeus e mundiais –marcação de lugares, a relação com os meios decomunicação social, a atribuição de bilhetes de ofertaàs diversas personalidades, o relacionamento com ospatrocinadores, o acompanhamento aos presidentes,a visita aos campos antes dos jogos, o acolhimentodos árbitros, as forças policiais, o almoço ou jantarentre as equipas, a troca de presentes, e,particularmente a comunicação com o departamentode protocolo do clube adversário e as entidades oficiaislocais.

O Protocolo no futebol é diferente do usado nosoutros desportos?É o mais mediático, mas, não é muito diferente dosoutros desportos.

Quais são os maiores eventos no futebol?Em Portugal são os grandes derbies, como por exemploo Benfica-Sporting, a final da Taça de Portugal, e, anível internacional os jogos das selecções, a Liga dosCampeões e os campeonatos europeus e mundiais.

Qual é a reputação dos portugueses no meio dofutebol?Antigamente éramos considerados “picuinhas”, nosentido de se tomar uma postura de diva. Temposhouve, em que certas organizações “fugiam” dosportugueses, porque estes punham tudo em causa,protestavam por tudo, devido a um certo complexode inferioridade, e, outras vezes devido ao seucontrário. Hoje, já é diferente, também devido háinternacionalização de alguns jogadores e treinadores.Os estrangeiros aprenderam a separar o trigo do joio,não generalizando a sua opinião somente pelanacionalidade.O Euro 2004 foi o marco da diferenciação na percepçãodos portugueses no futebol, porque a sua organizaçãofoi impecável, o ambiente e envolvimento do povoportuguês alterou a sua imagem junto dosestrangeiros.

Texto João MicaelFotografias Homem Cardoso

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Há já mais de um século que os Jogos Olímpicos são um símbolo de uniãoentre nações e culturas. Hoje em dia os Jogos reflectem a diversidade globalde culturas, idiomas e religiões – unidas pelo desporto. As excelentes Olimpíadasdeste ano em Pequim mostraram-nos a todos o que os Jogos Olímpicos podemalcançar.

As Olimpíadas de LondresUm grande evento desportivo e uma oportunidade

para negócios

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A Grã-Bretanha tem orgulho no sua herançaolímpica e desportiva. Os Jogos Olímpicos de1908 e 1948 realizaram-se em Londres. Foi naGrã-Bretanha que tiveram origem muitos dosdesportos mais populares a nível mundial. Étambém o país onde se realizam alguns dosmaiores eventos desportivos, nomeadamenteWimbledon, Grand National, FA Premier League,e a Maratona de Londres.O anúncio de que a candidatura de Londrestinha saído vitoriosa foi feito pelo Comité OlímpicoInternacional em Singapura em Julho de 2005.Londres teve que enfrentar a difícil concorrênciade algumas das principais cidades mundiais,tais como Paris, Moscovo, Nova Iorque e Madrid.O resultado é um tributo à extraordináriadedicação e imaginação daqueles quecontribuíram para tornar um sonho na realidadeactual. A nação uniu-se em torno deste projecto.Um dos factores que marcam a diferença econtribuíram para o sucesso da nossacandidatura, é o modo como está direccionadapara os jovens – encorajando um número cadavez maior a manter uma boa condição física ea praticar desporto, e encorajando-os,independentemente das suas proezas físicas, aoferecerem os seus serviços à causa olímpicacomo voluntários.Pensamos que a escolha de Londres para acolheros Jogos Olímpicos de 2012 foi acertada. Londresé uma das cidades do mundo onde existe maiordiversidade. Os londrinos falam 300 idiomas eas suas raízes estendem-se a todos os cantosdo globo. Um quarto dos londrinos nasceu forado Reino Unido. Um em cada três londrinospertence a uma minoria étnica.Consideramos que os Jogos de Londres 2012são importantes por serem não só umacelebração do desporto, mas também um factorde regeneração. Estão a transformar uma das

zonas mais degradadas de Londres, à semelhança doque aconteceu com a regeneração de uma das zonasmais bonitas de Lisboa por ocasião da Expo98. Irãocriar milhares de postos de trabalho e habitações,oferecer novas oportunidades para negócios na zonade Londres, deixando também um legado a todo opaís, dado que haverá competições olímpicas emGlasgow, Cardiff, Weymouth, Birmingham, Manchestere Newcastle.As Olimpíadas de Londres 2012 representam muitomais do que uma grande oportunidade para exibirtalentos desportivos; são uma oportunidade parapromover competências e talentos entre a comunidadelocal e para promover o comércio e o emprego.Números recentes mostram que mais de uma emcada 10 pessoas que estão a trabalhar no ParqueOlímpico em Londres estavam desempregadas; umterço das 2.275 pessoas que lá trabalham vivia nazona; calcula-se que cerca de 10.000 trabalhadoresda construção civil estarão empregados quando ocontracto atingir o seu ponto mais alto em 2009/10.Isto mostra como os Jogos podem ser um elementocatalizador da mudança económica e social. Mas tãoimportante como o legado dos Jogos de 2012 emtermos de infra-estruturas, será o legado em termosde emprego duradouro e competências para as pessoaslocais e para o sector da construção no Reino Unido.Apelamos a pessoas e empresas para que façam partedeste projecto: façam parte de um país que temestado na primeira linha do combate contra asalterações climáticas; um país reconhecido como omelhor local na Europa para se ser bem sucedido nocomércio global; um país inclusivo, virado para ofuturo, dinâmico e inovador, que é visitado todos osanos por cerca de 32 milhões de pessoas.

Por tudo isto, a minha mensagem para todos emPortugal é: venham fazer parte deste grande projecto!

Alex Ellis, Embaixador Britânico em Portugal

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e s p a ç o

O Estádio Nacional pretendia melhorar a“formação física da mocidade” e permitir arealização de exercícios e de jogos que gerassem,cultivassem ou demonstrassem a destreza e aforça dos indivíduos e dos grupos”

O Estádio Nacional do Jamor

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e s p a ç o

A promessa feita por Salazar, em 1933, deconstruir um estádio, começou a tomar formaum ano depois, com o Plano Geral de Distribuiçãode uma Cidade olímpica, desenvolvido peloArqt.º Jorge Segurado, no espaço vizinho ao daprojectada Cidade Universitária, no CampoGrande, em Lisboa.O Estádio Nacional foi construído noutro local,na Cruz Quebrada a 10 km de Lisboa.A sua relação com o ambiente envolvente, noplano de 1939, delineado pelo Arqt.º Jacobertyrosa e pelo Eng.º Almeida e Brito, já incluíauma ligação ao rio Tejo e a construção deequipamentos construídos na parai da CruzQuebrada – uma marina, cais fluvial e clubesnáuticos.A sua construção iniciou-se em 1938, sob atutela do então ministro das Obras Públicas eComunicações, o Eng.º Duarte Pacheco, tendoficado concluído em 1944.Exceptuando o hipódromo e as obras fluviais,o programa de construção foi praticamentecumprido. Este previa: estádio de atletismo efutebol, praça da maratona, miradouro da Boa-Viagem, campos de treinos, estádio de ténis,courts de ténis, piscinas, hipódromos, marina,clubes náuticos, cais fluvial, acampamentospara a mocidade Portuguesa, campistas e paraatletas, o Parque Florestal da Encosta do Esteiro,oito parques de estacionamento, estação deeléctricos, estação de comboios, miradouro dogrande estádio, capela, farol, depósito de água,caracol de Santa Catarina, parque de jogos eo Instituto Nacional de Educação Física.A disposição do estádio de atletismo e futebol,comum na Antiguidade Clássica, aproveitandoo declive natural do terreno, construindo aí asbancadas. Esta integração paisagística permitiua construção daquela estrutura capaz de acolher48 000 pessoas.Este tipo de arquitectura era também muitousual nos regimes fascistas, como o projectadoForo Mussolini, em 1927 para Roma; a novaChancelaria do III Reich, em Berlim, projectadaem 1938 e a imponente Universidade deMoscovo, nas colinas de Lenine.O Estádio Nacional de atletismo e futebol foiinaugurado durante a II Guerra Mundial, e,contou com a presença de cerca de 60 000pessoas. A cerimónia oficial de inauguração,organizada por António Ferro, decorreu no dia10 de Junho de 1944, contando com umagrandiosa festa desportiva.A cerimónia incluiu uma parada desportiva,tendo sido o estádio decorado pelos pintoresCarlos Botelho e José Rocha.Mais de 3000 rapazes da Mocidade Portuguesa,

vestidos de branco, bem como a classe de ginásticafeminina da FNAT (Fundação Nacional para a Alegriano Trabalho), participaram naquela parada.Este festival foi filmado pelo realizador António LopesRibeiro, num documentário que mostrava a cerimóniade inauguração e ainda o decorrer das obras deconstrução do estádio.O Complexo Desportivo do Jamor foi, no fim do séculopassado, aumentado com novos equipamentos:piscinas, parque urbano, pista de corta-mato). Tambémo estádio foi remodelado, os anteriores 48 000 lugarespassaram a 37 700, com a instalação de cadeiras deplástico. Foi construído, também, um sistema deiluminação. Para Jorge Paulino Pereira estas alteraçõesretiraram “parte do seu carácter majestático, tornando-se mais um recinto desportivo, talvez maisapetrechado, mas menos nobre na aparência…”

Agradecimentos ao Instituto do Desporto de PortugalBibliografia:

Revista “História”, Ana Assis PachecoRevista Olisipo, Jorge Paulino Pereira

Fotografias: Instituto do Desporto de Portugal

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o p i n i ã o

Os Jogos Olímpicos antigos, eram um festivalreligioso e atlético da Grécia antiga, que se realizavamno santuário de Olímpia, em honra de Zeus. Eramum acontecimento único, tudo parava para a realizaçãodos jogos, até as guerras pois tinham um carácterreligioso e ético. Após diversos estudos atribui-se oano de 776 a.C. à primeira edição destes festivaisreligiosos e atléticos.Zeus, era o pai e o soberano dos deuses, a quem foierigida uma estátua em mármore cristalizado, daautoria de Fídias, considerada uma das sete maravilhasdo mundo antigo, colocada no santuário construídoem sua memoria, (ainda hoje se podem ver as ruínas)na cidade de Olímpia, num local paradisíaco no centro

de um bosque.Estes festivais eram constituídos por diversas provascomo: Corridas Pedestres que incluíam a corrida de192 metros, o comprimento do estádio sendo estaprova a mais antiga e de maior prestígio, já que oseu vencedor daria o nome aos jogos, duplo estádioe corrida com armas; Corridas Equestres que incluíamas corridas de carro ou de cavalo de cela; Luta ondeera obrigado provocar e derrubar três vezes oadversário, para se consagrar vencedor; Pugilato, emque se atacava só com os punhos, e os concorrentesenvolviam os dedos com tiras de couro; Pancrácioera uma combinação de luta e pugilato, por vezeslevava o concorrente à morte, onde tudo era permitidoexcepto enfiar os dedos nos olhos, atacar a regiãogenital ou morder e, o Pentatlo que era compostopelo lançamento do disco, por vezes feito de pedra,bronze ou ferro, com mais de 2,5kgs., lançamentodo dardo, salto em comprimento, corrida de estádioe a luta.Estas provas duravam 5 dias e terminavam com uma

procissão, liderada pelos atletas vencedores atéao Templo de Zeus, onde eram premiados umpor um com uma coroa de louro atribuída pelosjuízes, os espectadores atiravam pétalas e folhassobre os vencedores e à noite havia grandesfestas e banquetes.Esta é a história conhecida e resumida do iníciodos jogos olímpicos, os quais foraminterrompidos após a guerra do Peloponeso.O renascimento dos Jogos Olímpicos, depois de16 séculos da sua extinção, foi realizado coma preciosa mão de Pierre de Fredy, pedagogofrancês, Barão de Coubertin, onde esperavareviver a antiga tradição grega e unir os povos.Assim em 1894, contando com a presença derepresentantes de 15 Países, fundou o ComitéOlímpico Internacional (C.O.I), organismo queainda hoje controla todo o mundo olímpico. Doisanos depois, realizava-se em Atenas os primeirosjogos olímpicos da era moderna contando com285 atletas de 13 países.A partir daqui as olimpíadas são realizadas de4 em 4 anos e a cidade onde se realizam osjogos é decidida numa reunião do C.O.I., seteanos antes da prova.Existem centenas de desportos mas nem todossão considerados olímpicos, para seremaprovados têm que ser praticados por homensem pelo menos 75 países e em 4 continentes,e, por mulheres em pelo menos 40 países e em3 continentes.O Hino dos Jogos Olímpicos foi composto porSpirou Samara, baseado num poema de umpoeta grego Costis Palamas e foi ouvido pelaprimeira vez na primeira edição dos jogosolímpicos modernos, em 1896.A Tocha Olímpica, arde pela 1ª vez em 1936em Berlim. Esta tocha é acendida em Olímpiae chega ao estado olímpico desse ano, sempreacesa. O criador desta cerimónia foi o alemãoCarl Diem e recorda a tradição grega que seacendia uma fogueira no altar da Deusa Heradurante a realização dos festivais.A Bandeira Olímpica, idealizada pelo Barão deCoubertin, é toda branca, com os cinco anéisentrelaçados e é a bandeira actual dos jogosolímpicos. A primeira bandeira foi costurada emParis e apareceu pela primeira vez oficialmenteem 1914 mas só foi hasteada em 1920 emAntuérpia.Os anéis representam os continentes (azul aEuropa, amarelo a Ásia, verde a Oceânia, e overde a América)O Lema Olímpico “Citius, Altius, Fortius” –traduzido para português significa “mais rápido,mais alto, mais forte”, foi criado por um mongefrancês chamado Didon amigo do Barão deCoubertin.

Maria Olímpia Simões

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c o m o d e v e s e r

Não há desporto sem protocolo e algumasmodalidades desportivas têm até regras deprotocolo bastante rígidas. Mas há tambémmuitas regras de cortesia que não sãoobrigatórias e não constam dos regulamentosque regem as modalidades e que se tornaramuma tradição.O Protocolo Desportivo tem mais visibilidadenos grandes acontecimentos internacionais,onde os países, as delegações, os dirigentes,os atletas e os espectadores, através de atitudescarregadas de simbolismo, trocam cumprimentose agradecimentos e prestam as devidas honrasprotocolares.Os jogos olímpicos foram e são sempre um bomexemplo da rigidez e da flexibilidade do protocolo,pela diversidade de modalidades envolvidas,pela diversidade de povos e países que nelesparticipam e pelos diversos protocolos e tipo decortesias que é preciso ter em conta e conciliar,numa organização daquelas dimensões.E mais do que a propósito dos jogos olímpicosdeste ano, e no âmbito das regras decomportamento que dizem respeito a todos ea cada um dos membros de uma delegaçãoolímpica, cabe aqui falar do comportamento dosatletas nacionais que se deslocaram a Pequime que tiveram a ousadia de, em plenos jogos,aproveitar o tempo de antena para fazer assuas reclamações e exigências, bem como dosdirigentes que não souberam estar à altura dosacontecimentos, dando uma imagem poucodigna da representação portuguesa. Não era otempo e não era com toda a certeza o lugar.Pode dizer-se que foi uma belíssima “queda”protocolar.Mas voltemos ao protocolo propriamente dito.As Bandeiras e os Hinos dos Países intervenientesnuma competição, a quem é prestada ahomenagem e honra devidas em competiçõesque envolvem dois ou mais países ou quandoos atletas sobem ao pódio para receber umamedalha de ouro, são um ponto alto do protocolodesportivo.As regras de comportamento e os trajes sãoformalidades que fazem parte do dia a dia demuitas modalidades e podem ir desde o vestuáriodo praticante ao vestuário e ao comportamentomais ou menos elegante e mais ou menos rígidodo espectador. As corridas de cavalos de RoyalAscot são um bom exemplo da rigidez de regrasque não podem ser infringidas sob pena de osespectadores verem a sua entrada barrada norecinto do acontecimento. Este ano, a RainhaIsabel II, impôs rigorosas regras de protocolopara Royal Ascot, no que se refere ao traje,

proibindo as mulheres de mostrarem os ombros e deusarem mini-saia, cujo uso foi considerado impróprio.Estas corridas são um dos mais tradicionais eventosda elite britânica, famoso pelos chapéus usados pelasespectadoras. Quem assistiu às corridas na presençada Rainha cumpriu rigorosamente as regras deprotocolo criadas pelo Duque de Devonshire eaprovadas pela soberana:

- Os homens com fatos de três peças e chapéu alto;- As mulheres, de chapéu, ombros e pernas cobertose com vestidos ou conjuntos de calças; as alças, commais de 25 mm de largura.

O Desporto não existe se só tiver atletas, precisa deespectadores para que a competição tenha visibilidade,para que exista de facto. É fundamental que, à partida,algumas regras de convivência estejam definidas paraserem cumpridas, porque mesmo com regras,passamos a vida a ouvir falar de ausência dedesportivismo e de falta de fair play. E o protocoloe a etiqueta valem para todos: para atletas, paradirigentes e para espectadores.

Margarida de Mello Moser

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1 º e n c o n t r o e m p r e s a r i a l

As empresas privadas e as entidades oficiais organizam, cada vez mais, reuniõese eventos com um forte impacto social. Pela importância que estes acontecimentostêm, são colocados aos profissionais novos desafios a nível protocolar queobrigam a um maior profissionalismo.Para dar resposta a estas e outras questões, o Gabinete Portugal Protocolo eo IAEC, realizaram o I Encontro Empresarial no dia 24 de Junho, no HotelAvenida Palace, em Lisboa.Naquela sessão, num ambiente informal e descontraído, foi debatida a importânciado Protocolo Social no Meio Profissional, onde houve lugar para a colocaçãode questões e dúvidas sobre esta temática. Este debate foi conduzido porHenrique Pietra Torres, especialista na área do Protocolo.Este encontro visou igualmente a vertente de entreajuda onde foram leiloadaspeças de relevantes artistas portugueses: uma pintura de Virgínia Goes, umaedição de colecção do livro “29 Janelas de Maluda” de António Homem Cardoso,a colecção “Aqua Librae” de Manuel Carmo, uma peça de cerâmica de DárioVidal e uma peça de joalharia de Filipe Caracol, cujo valor reverteu a favor daSOL – Associação de Apoio às crianças infectadas pelo Vírus da Sidae suas Famílias, representada por Teresa de Almeida, presidente da associação,como convidada de honra.

Protocolo Social no meio Profissional

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1. Margarida Lima Fonseca, LeonorCorreia de Sá, João Micael, Teresa deAlmeida e Maria do Rosário Ramos2. Virgínia Goes3. Manuel Carmo4. Filipe Caracol5. Piedade Polignac de Barros6. Maria Hermínia Caetano Ramos

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Palácio da Ajuda homenageiamecenas e voluntários

Mecenas e doadores do Palácio Nacional da Ajudaforam homenageados, no dia 25 de Outubro, numconcerto de música clássica com a actuação do barítonoLuc Lalonde, os pianistas Wonny Song e DavidTriestam, o violinista Alexander da Costa, queinterpretaram obras de Ravel, Stenhammmar eBeethoven; e entrega de diplomas a 17 voluntáriospara distinguir o seu "trabalho excepcional" no palácio.

Esteve presente a Secretária de Estado da Cultura,Paula Fernandes dos Santos e o director do Institutode Museus e Conservação, Manuel Bairrão Oleiro.

Após o concerto foi servida uma ceia, oferecida pelaNestlé, aos convidados desta homenagem.

Secretária de Estado da Cultura,Paula Fernandes dos Santos

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1. O barítono Luc Lalonde2. Isabel Silveira Godinho e ManuelBairrão Oleiro3. Entrega de diplomas4.Isabel Silveira Godinho e5. Embaixadora do Peru, Luzmila Zanabriae João Micael

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Funchal 500 Tall Ships Regatta 2008O Funchal recebeu, em Outubro, os grandes veleirosparticipantes na Tall Ships Regatta Funchal 500 Anos.O programa, integrado na comemoração dos 500anos de instituição como cidade pela coroa Portuguesa,a primeira a ser instituída nos vastos domínios dosDescobrimentos, foi variado e promoveu a interacçãoentre a população da cidade e os tripulantes: comoa visita a alguns dos mais emblemáticos veleiros domundo; o cocktail oferecido pelo embaixador doMéxico, no navio Cuauhtemoc a Miguel de Albuquerque,presidente da Câmara Municipal do Funchal econvidados; a exposição fotográfica "Tall Ships Race- Funchal 500 Anos - Na rota dos Grandes Veleiros",de Leonel Nóbrega e a assinatura de protocolo decooperação entre o Funchal e Ílhavo.

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1. Comandante do navio Cuauhtemoc, embaixador e embaixatrizdo México, Miguel e Elizabeth de Albuquerque e um oficial doveleiro mexicano2. Assinatura do protocolo d ecooperação entre o Funchal e Ílhavo,no Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal

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Audi Med Cup 2008A final do circuito de regatas líder mundial – o Troféude Portugal: Audi Med Cup, teve lugar em Portimão,em Setembro. Este foi o segundo ano consecutivoem que esta cidade recebeu este evento internacional.O circuito de regatas contou, este ano, com 20 equipasoriundas de dez diferentes países, entre eles Portugal.

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1. João Lagos e Manuel da Luz2. Bebé Arnoso e João Sachetti3. Helena Gil, António Ponces de Carvalho e Margarida Ruas.4. Júlia e Sílvio Santos5. Manuel e Daiana Pinto Coelho, Madalena Mendonça, António eSandra Garcia Pereira