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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LUCAS NOBREGA DELCISTIA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO EM ESTUDOS DE CASO SOBRE IMPACTOS ANTRÓPICOS NOS ECOSSISTEMAS NACIONAIS: REFLEXÕES NA SALA DE AULA São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LUCAS NOBREGA DELCISTIA

METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO EM ESTUDOS DE CASO SOBRE

IMPACTOS ANTRÓPICOS NOS ECOSSISTEMAS NACIONAIS: REFLEXÕES

NA SALA DE AULA

São Paulo

2017

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UNIVERSIADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LUCAS NOBREGA DELCISTIA

3152585-7

METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO EM ESTUDOS DE CASO SOBRE

IMPACTOS ANTRÓPICOS NOS ECOSSISTEMAS NACIONAIS: REFLEXÕES

NA SALA DE AULA

Orientadora: Prof. ͣ Dr. ͣ Paola Lupianhes Dall’Occo

São Paulo

2017

Trabalho de conclusão de curso de Ciências

Biológicas apresentado ao Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como requisito para

a obtenção do grau de Licenciado Pleno em

Ciências Biológicas.

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“I can see now that the circumstances of one’s birth are irrelevant, it is what you

do with the gift of life that determines who you are”

Mewtwo – Pokémon the Movie (1998)

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e ao

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) por me fornecer a

oportunidade de estudar e me formar em um curso muito bem visto no mercado

de trabalho.

À professora doutora Paola Lupianhes Dall’Occo por todo conselho, opinião e

orientação ao longo do tempo de confecção deste trabalho, além de toda a

atenção e dedicação em correções prévias. Sem isso e todo seu conhecimento

na área, não teria sido possível produzir esta monografia.

Ao coordenador do curso de Ciências Biológicas Adriano Monteiro de Castro por

mostrar tanta preocupação, não somente com a formação do profissional

biólogo, mas também com a formação do profissional docente em cada

estudante do curso de licenciatura e por aceitar ser um membro da banca

avaliadora.

Ao corpo docente que acompanhou meu crescimento durante o curso e

contribuíram com diversas ideias para a confecção deste trabalho e minha

formação, com um agradecimento especial à professora doutora Ana Paula

Ferreira da Silva por aceitar constituir a banca avaliadora e por mostrar como um

simples diálogo pode mudar a concepção de um aluno sobre o ensino.

Aos colegas de turma que me acompanharam durante a jornada da licenciatura

e contribuíram fortemente para minha formação como docente em ciências e

biologia.

Aos meus amigos Miriade Gonçalves Coutinho e Gabriel Catalano Soldano por

estarem por perto em um tempo de muita necessidade e a professora Maíra

Galiotte Almoster por ter me inspirado a tomar a decisão de entrar no universo

docente em biologia.

A minha prima Bruna Del Vale por ter auxiliado na revisão textual da primeira

proposta deste trabalho.

Aos meus pais Cyro Delcistia Júnior e Solange Francisco de Nobrega Delcistia

por terem me feito a pessoa que sou hoje.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo propor uma atividade baseada nos moldes

da metodologia de problematização para estudar casos que abordam

problemáticas em relação a intervenção humana nos ecossistemas naturais e

como ela está causando desequilíbrios ecológicos. Esta monografia se embasa,

principalmente, nas teorias de Mizukami (1986), Rosa (2003), Anastasiou e

Alves (2009) e Vieira e Panúncio-Pinto (2015), constituindo uma proposta que

foi planejada para ser aplicada em alunos de ensino médio, em um mínimo de

quatro aulas. Os alunos irão, em grupos, selecionar artigos jornalísticos

provenientes de fontes comuns em seu dia-a-dia na sociedade e terão de trazer

a aula um que trate de impactos antrópicos no meio ambiente brasileiro de

alguma maneira. Cada grupo irá tratar apenas de um artigo que será escolhido

pelos próprios integrantes. Após essa escolha, o artigo será analisado em uma

série de etapas até que os grupos identifiquem problemas dentro destes e

proponham soluções viáveis a eles. Após confeccionar uma produção escrita, os

grupos irão socializar suas produções na sala de aula. Acredita-se que com esta

proposta, dentro de uma perspectiva interacionista, o aluno consiga exercitar

habilidades como observação, questionamento, argumentação, interpretação de

textos, tomada de decisões, entre outras, além de trazer uma carga na

construção de atitudes e valores que o levem a refletir sobre os impactos

antrópicos no mundo e, principalmente, no Brasil. Com essa proposta também é

possível com que o professor trabalhe conteúdos conceituais que podem não ter

sido compreendidos pelos educandos após um primeiro contato. Neste contexto

a metodologia da problematização, dentro desta atividade, permite trabalhar as

faces conceituais, procedimentais e atitudinais no ensino de ecologia. Com a

aplicação desta proposta, espera-se trazer sensibilização sobre conservação

ambiental e incitar o hábito reflexivo sobre suas ações diárias e como elas se

refletem neste meio natural.

Palavras-chave: ensino de ecologia, impacto antrópico, estudo de caso,

metodologia de ensino, problematização.

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ABSTRACT

The goal of this paper is to propose an activity based on the methods of

problematization to conduct case studies that addresses problems involving

human intervention on natural ecosystems and how they lead to ecological

imbalances. This work bases itself mainly on the theories of Mizukami (1986),

Rosa (2003), Anastasiou and Alves (2009) and Vieira and Panúncio-Pinto (2015),

focusing on a proposal planned to be applied on high school students on, at least,

four straightforward classes. After arranging themselves on small groups, each

student will research articles from various newspapers that are commonly read

amongst people in their day-to-day routines, someway these articles must

address the issue of the anthropic impact on Brazilian natural environments. Each

group will study only one article brought by one member and after choosing which

one it will be, this article will be submitted to an analysis constituted by a series

of steps until a problem is identified and the students create and suggest possible

and viable solutions to them. After writing a report, the groups will then socialize

their results with their classmates. It is believed that, inside a more interactive

perspective, this proposal will help students to exercise abilities such as

observation, questioning, discussion, text interpretation, decision-making,

amongst others, it also carries a certain load of knowledge when it comes to

shaping attitudes that lead them to reflect about the anthropic impact caused by

humans on the world, especially in Brazil. With this proposal, it is also possible

for the teacher to work concepts that the students didn´t understand when he/she

first studied it. In this scenario, learning with problems, within this activity, allows

teachers to work all kinds of content with their students, from concepts to

procedures and attitudes, inside ecology education. With the appliance of this

proposal, is it expected to bring awareness about environmental conservation

and cause the development of a reflexive habit on the students about their daily

actions and how they reflect in the natural environment.

Key-words: ecology education, anthropic impact, case study, teaching

methodology, problematization.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................8

2. REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................9

2.1. O processo de ensino e de aprendizagem.................................................9

2.2. Estudos de caso e a metodologia da problematização............................17

2.3. O impacto antrópico nos ecossistemas nacionais....................................22

3. OBJETIVO ...............................................................................................28

4. MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................29

5. RESULTADOS ESPERADOS E DISCUSSÃO........................................35

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................44

FOLHA FINAL DE CIÊNCIA...............................................................................48

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo propor uma atividade baseada na

metodologia de problematização, como uma maneira de abordar impactos

antrópicos nos ecossistemas nacionais dentro do conteúdo de ecologia do

ensino médio. Esta proposta procura levar sensibilização ao aluno sobre a

importância da biodiversidade nacional e da conservação ambiental, propiciando

uma oportunidade para que ele desenvolva o hábito reflexivo sobre suas ações

diárias e como estas influenciam o cenário ecológico atual do Brasil.

A escolha do tema em questão se deu devido à sua pertinência e repercussão

nas vias de comunicação e na maneira como é abordado nas escolas. O Brasil

é caracterizado por possuir a maior biodiversidade do mundo distribuída em uma

grande extensão territorial pela América do Sul e isso não é amplamente

explorado em escolas, tanto do sistema público quanto do sistema privado.

Livros didáticos e sistema apostilados tratam conteúdos, como relações entre

seres vivos e cadeias e teias alimentares, utilizando uma biota inexistente no

Brasil.

Além disso, o impacto antrópico é trazido pela mídia, mais frequentemente

em jornais e revistas, com manchetes sensacionalistas que omitem conceitos

biológicos. A utilização destes artigos nas escolas traz a possibilidade da

realização de estudos de caso sobre situações problema reais, que podem incitar

o desenvolvimento de um ato de reflexão no investigador desta reportagem.

Este trabalho está subdividido em tópicos para que haja maior compreensão

pelo leitor. Esta introdução é o primeiro, seguida por um referencial teórico sobre

o tema que também está divido em itens que são: o processo de ensino e de

aprendizagem, a metodologia da problematização e os estudos de caso e o

impacto antrópico nos ecossistemas nacionais. Este referencial é seguido pelo

objetivo deste trabalho como sendo o terceiro tópico. Material e métodos está

como o quarto tópico e após este são apresentados os resultados esperados

desta proposta, acompanhados por uma discussão sobre estes dados. O

trabalho é encerrado com as considerações finais e as referências bibliográficas

utilizadas para sua confecção.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. O processo de ensino e de aprendizagem

O processo de ensino e de aprendizagem é apresentado em diferentes

formatos ao longo da história em abordagens e metodologias de ensino que

visam um aspecto em comum, efetividade. Diversos autores analisam este

processo de diferentes perspectivas e descrevem abordagens diversificadas.

Cada uma se relaciona a um tipo de epistemologia.

Entende-se por epistemologia uma das principais áreas da filosofia da ciência

que discute como se origina o conhecimento, seus métodos e estrutura. Dentro

deste contexto, destacam-se três tipos de epistemologia, empirismo, inatismo e

interacionismo. O empirismo explica o conhecimento como sendo originado de

experiências registradas na mente do aluno, essas experiências são

caracterizadas por serem sensíveis aos nossos sentidos e baseadas em um

método empírico e experimental. O inatismo discute que o conhecimento é como

um dom, ou uma inquietação, implícita dentro do indivíduo, como se este

possuísse uma vocação para determinado assunto e é neste que ele deve se

aprofundar. O interacionismo apresenta interações interpessoais como foco,

sendo estas mais frequentes entre sujeito e objeto, e a construção de

conhecimento processual como finalidade (ROSA, 2003).

Estudos como os de Mizukami (1986) discutem o processo de ensino e de

aprendizagem de diferentes pontos de vista. São propostas diferentes

abordagens de ensino: a tradicional, a comportamentalista, a humanista, a

sociocultural e a cognitivista. A tradicional traz o professor como sendo o centro

da sala de aula, ele é o detentor do conteúdo que será depositado no aluno. Não

há interação entre educador e educando no que diz respeito ao que está sendo

aprendido e o convívio entre ambos se dá por modelos fixos que futuramente

serão transmitidos e copiados pelos alunos.

Outro aspecto levantando por Mizukami (1986) sobre a abordagem

tradicional é a característica do acúmulo de conteúdo no aluno. Freire (2006)

discute esta prática dentro de um modelo de educação chamado educação

bancária. Este consiste no princípio de arquivamento de conteúdo, no decorrer

deste processo de transmissão, o aluno irá decorar tudo o que lhe é passado

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com chances de esquecê-lo posteriormente, além de não o compreender

também e comenta que quanto mais esta prática for exercida, menor será o

senso crítico do aluno e é isso que iria inseri-lo no mundo.

A abordagem comportamentalista, por outro lado, não coloca a ênfase no

professor, mas sim no aluno, mais especificamente em seu comportamento e

seu condicionamento. Utilizam-se as chamadas contingências de reforços,

exemplos destas são boas notas, prêmios, entre outros. Estes reforços possuem

o papel de estimular o aluno a reproduzir a resposta, que segundo o professor,

é a correta e mais adequada às circunstâncias do momento (MIZUKAMI, 1986).

Ambas as abordagens tradicional e comportamentalista de Mizukami (1986),

compartilham semelhanças pois não levam em consideração diferenças culturais

entre indivíduos. O educador que adota estas práticas julga que a sala de aula é

homogênea, ou seja, todos dentro dela possuem os mesmos ideais e opiniões

(ROSA, 2003). Este argumento é contraposto por Coll e Solé (2006), que

discutem que a diversidade é um elemento que deve ser adotado como

integrante da sala de aula.

O uso de recompensas como reforços condicionantes de comportamento da

abordagem comportamentalista e o método transmissivo de conhecimento da

abordagem tradicional discutida por Mizukami (1986), podem ser relacionados

com a primeira concepção de Mauri (2006), esta estabelece que o aprendizado

de conceitos corretos e relevantes se dá a partir da reprodução mecânica destes

conhecimentos. Estes são transmitidos pelo educador, que é um ser dotado de

informação e capacidade para oferecer diversas formas de obtenção destes

conceitos pelos alunos. Além disso, o educador também se utiliza de um sistema

de recompensas composto por reforços positivos e negativos, um deles será

aplicado aos estudantes se eles reproduzirem uma cópia fiel do que lhes foi

transmitido ou não.

Tanto a abordagem tradicional, quanto a abordagem comportamentalista de

Mizukami (1986) podem ser relacionadas a pedagogia diretiva descrita por

Becker (1994), que nada mais é do que uma pedagogia transmissiva de

conteúdo na qual o professor é detentor deste, além de organizar sua sala de

aula de maneira que as carteiras estejam devidamente enfileiradas e afastadas

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umas das outras o suficiente para que os alunos não conversem em si. A aula

deste professor pode ser descrita como “o professor fala e o aluno escuta. O

professor dita e o aluno copia. O professor decide o que fazer e o aluno executa.

O professor ensina e o aluno aprende” (BECKER, 1994, p. 89). Outro aspecto

que pode ser dito sobre estas abordagens é que ambas possuem relações com

a epistemologia empírica descrita por Rosa (2003).

Diferente das abordagens tradicional e comportamentalista, a humanista

retira a ênfase do professor e a deposita no aluno. Há um maior foco no

desenvolvimento da personalidade do aluno e em sua capacidade de atuar como

um ser integrado. O professor age como um facilitador no processo de ensino e

de aprendizagem e este tem como base as próprias experiências do discente.

Em outras palavras, o educador cria condições que facilitam o aprendizado do

educando, dando ênfase no seu desenvolvimento intelectual e emocional. Para

aprender o educando deve ter iniciativa, reponsabilidade e autodeterminação, e

os motivos para esta atividade devem partir dele próprio (MIZUKAMI, 1986).

Essa abordagem humanista pode ser relacionada com a pedagogia não-

diretiva de Becker (1994), que estabelece que o professor tem o papel de

facilitador e somente auxilia o aluno a despertar um conhecimento que já existe

dentro dele no processo de aprendizagem. Após esse despertar, o educando

terá a necessidade de organizar este conteúdo e complementá-lo com o mínimo

de intervenção possível por parte do professor. Sendo o conhecimento algo

implícito no aluno, pode-se dizer, também, que a abordagem humanista se

relaciona com a epistemologia inatista de Rosa (2003).

Além das abordagens tradicional, comportamentalista e humanista, Mizukami

(1986) também descreve mais outras duas, a sociocultural e a cognitivista. A

sociocultural deposita seu foco na construção de conhecimento a partir da

discussão de aspectos sociais, políticos e culturais. Ela também estabelece que

há busca de uma consciência crítica por parte do educando e este, assim como

o educador estão sujeitos ao conhecimento, ou seja, a relação entre ambos se

dá de maneira horizontal. Dentro da sala de aula, o professor procura realizar

uma ação desmistificadora e questionar o conteúdo juntamente com o aluno,

isso caracteriza uma prática chamada de transformadora.

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Assim como a abordagem sociocultural, a cognitivista também coloca ênfase

na construção de conhecimento, porém de maneira diferente. Com raízes

piagetianas, a abordagem cognitivista propõe trabalhar essa construção a partir

da investigação e solução de problemas. É de responsabilidade do professor

propiciar situações-problema, nas quais haja reciprocidade intelectual e

cooperação entre indivíduos durante sua investigação. Acredita-se que

encontrar uma solução para um problema leva o educando a melhor

compreensão do conteúdo em questão (MIZUKAMI, 1986). Observado de um

ponto de vista epistemológico, ambas as abordagens sociocultural e cognitivista

são de natureza interacionista, ou seja, estão relacionadas à epistemologia

interacionista de Rosa (2003).

A construção de conhecimento é característica desta abordagem e o próprio

Piaget realça o quão importante é o problema em si para desencadear esse

processo. Segundo ele, ao propor um problema, a tarefa de pensar e raciocinar

é passada do educador ao educando e deste ponto em diante o docente terá

apenas a função de orientar o discente a desenvolver novos conhecimentos.

Desta maneira o professor não somente expõe o conteúdo ao aluno e espera

que este siga sua linha de raciocínio (CARVALHO, 2013).

Além de ressaltar a importância da ferramenta problema no processo de

ensino e de aprendizagem, Piaget considera que a aprendizagem somente será

concretizada se o aluno dispuser de estruturas cognitivas que são formadas ao

longo do crescimento deste indivíduo. Além disso, também afirma que

conhecimentos prévios, os quais nos fornecem informações que nos permitem

explicar os fenômenos de nosso dia-a-dia, formam conhecimentos informais que

compõe a chamada ciência do senso comum e podem propiciar visões de ciência

alternativas, impossibilitando que o educando aprenda concepções

cientificamente corretas (GASPAR, 2009).

Ao contrário de Piaget, Vigotsky diz que uma estrutura mental previamente

formada no aluno não é totalmente necessária para que haja o aprendizado de

determinado conteúdo, porém isso não desvalida sua importância. O ensino de

um conceito desencadeia a formação destas estruturas mentais que são

necessárias na aprendizagem. Além disso, Vigotsky também discorda de Piaget

quando este diz que conhecimentos prévios impedem o aprendizado de

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concepções corretas. Segundo ele, a formulação de novos conceitos científicos

é auxiliada pelas preconcepções e se beneficia das mesmas, mesmo que sejam

contraditórias. Reconstruir uma preconcepção incorreta é mais fácil do que criar

uma estrutura mental original e inédita ao aluno (GASPAR, 2009).

A aquisição e formação de conhecimento é, segundo Mauri (2006), uma

construção pessoal que relaciona um novo conteúdo com algo que o aluno já

tem em mente. Sendo o professor um participante ativo no processo de

aprendizagem, questões ou problemas servem como estímulos para observar se

o aluno consegue ir além do novo conteúdo utilizando seus conhecimentos

prévios.

Conhecimentos prévios são aqueles que são provenientes, não somente da

escola, mas do aluno em si. Cada um possui uma história de vida diferente,

trazendo assim compreensões e opiniões diferentes. Consequentemente, uma

sala de aula apresentará uma heterogeneidade de interpretações do mundo,

mesmo havendo experiências semelhantes (COLL; SOLÈ, 2006).

Alguns docentes relatam esta característica de heterogeneidade como sendo

uma dificuldade pois, não é fácil lecionar de maneiras diferentes para cada aluno.

A homogeneidade, caráter oposto a heterogeneidade, é vista como uma utopia

dentre alguns educadores, porém se esta fosse a realidade, não haveria tanta

criticidade ou dúvida dentro deste ambiente que é a sala de aula (ROSA, 2003).

Professores que articulam suas práticas dentro destes modelos tradicionais,

como os mencionados por Mizukami (1986), geralmente apresentam uma

concepção equivocada sobre a natureza do conhecimento cientifico. Estes

educadores possuem uma visão estática e um posicionamento neutro em

relação a ciência, além de julgarem que o conhecimento presente em livros e

apostilas ganhou este espaço pois, foi adquirido por meio de um método

cientifico rígido e, por isso, merece muita credibilidade. O professor que se

apropria desta visão sobre o pensamento cientifico comumente tem a ciência

como sendo o reflexo correto da realidade e, para chegar a esse conhecimento,

existe um método único e universal. Este não é influenciado por subjetividade e

tem como produto final uma ciência que não é problematizável e é tida como

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uma verdade universal e absoluta a ser transmitida para seus alunos (CAMPOS;

NIGRO, 1999).

Ainda segundo Campos e Nigro (1999), para um educador ensinar ciências

de formas que não sejam neste modelo transmissivo, é necessário que este

reveja suas concepções sobre o conhecimento científico. Quando embasado em

métodos tradicionais, há a possibilidade de uma série de aspectos negativos

virem a surgir, muitas vezes, como efeitos secundários, segundo Morin (2008),

estes são: a superespecialização ou fragmentação do saber, ou seja, o

confinamento do indivíduo produtor desse conhecimento em determinada área;

o afastamento das ciências naturais da sua natureza cultural, histórica e social;

o impacto nas ciências antropossociais que seguem o mesmo caminho de

especialização e tem seus conteúdos cortados uns dos outros, sem a

possibilidade de uma reconstituição interdisciplinar; o surgimento de uma maior

tendência ao anonimato por conta da fragmentação do saber; a produção de

saberes tanto mortais quanto benéficos, em outras palavras, estes cientistas

produzem um poder sobre o qual não possuem poder.

Nestes momentos, é importante pensar em qual verdade que a ciência

pretende fornecer-nos. A ciência não reflete o real absoluto e verdadeiro, mas

transforma-o em teorias explicativas que podem ser tão mutáveis quanto outros

estudos como religião. Neste contexto, pode-se dizer que as teorias científicas

são mortais, e seus conhecimentos são basicamente a evolução e reformulação

destes saberes, que estão sujeitos a influência do estado contemporâneo dos

conhecimentos (MORIN, 2008).

Segundo Zabala (1998), a aprendizagem divide os conteúdos e seus

conhecimentos em três tipos diferentes: conteúdos conceituais, que se referem

aos conceitos teóricos em si; conteúdos procedimentais, que são os conteúdos

que constituem o “saber fazer”, ou seja, técnicas, métodos ou procedimentos

que direcionam o aluno a atingir certo objetivo; conteúdos atitudinais, que são

aqueles que geram reflexão e impacto tanto na vida escolar quanto na vida

pessoal do aluno. São compreendidos por valores, atitudes e normas que levam

o aluno a tomar uma postura em relação a determinado assunto.

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A aprendizagem de atitudes é considerada mais relevante e complexa do que

geralmente se admite ser. Para que o aluno consiga desenvolver atitudes e

valores, é necessário que estes conteúdos sejam reconhecidos como um

constituinte do ensino, neste caso de ciências (POZO; CRESPO, 2009). O

aprendizado de um valor implica com a sua interiorização e a criação de critérios

morais pelo aluno, para avalia-lo e tomar uma posição frente a ele, sendo ela

positiva ou negativa. Esta avaliação implica ao aluno avaliar a si mesmo e outros

ao seu redor (ZABALA, 1998).

O ensino de atitudes pode ser considerado complexo pois, sendo a escola

um espaço que é influenciado pela sociedade que a rodeia, pode-se dizer que

ela prepara seus alunos a mando de funções sociais atribuídas a eles, não

focando em atitudes, mas sim em conceitos. Em outras palavras, a maioria das

instituições de ensino priorizam preparar seus estudantes para o que a

sociedade necessita que eles sejam, a partir de um sistema avaliativo que

seleciona os alunos mais aptos a uma aprendizagem que funciona a base da

memorização de conceitos que verifica se houve aprendizagem periodicamente

(FREITAS, 2003).

Historicamente, o sistema educacional pode ser dividido em três categorias,

segundo Marandino (2008): educação formal, que é um sistema estrutural de

forma hierarquizada e graduada cronologicamente, indo dos primeiros anos da

escola até a universidade; educação não-formal, que consiste de atividades

organizadas de forma separada do sistema de educação formal, podendo operar

separadamente umas das outras ou compor uma atividade mais ampla e que

atende a clientes pré-determinados procurando atingir certos objetivos de

aprendizagem; educação informal, que constitui um tipo de educação processual

que ocorre ao longo da vida de cada pessoa. Neste, o indivíduo irá adquirir

valores, atitudes e procedimentos provenientes de seu cotidiano e das

influências do meio em que está inserido, seja da família, amigos, lazer, entre

outros.

Nesta perspectiva, a aprendizagem de valores e atitudes está relacionada a

educação informal segundo Marandino (2008), mas não quer dizer que não se

encontra em outros modelos educacionais como a formal e a não formal. Não é

comum observar a educação informal em instituições de ensino já que estas,

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atualmente, se encontram em um sistema competitivo e excludente, porém não

é impossível. Alunos disputam por notas altas, dividindo-os em diferentes níveis

segundo seus desempenhos. A nota é encarada como uma mercadoria, se o

aluno obtiver um bom desempenho em uma avaliação teórica, após memorizar

vários conteúdos fragmentados, ele receberá uma boa nota do professor. Isso

caracteriza um sistema capitalista e hierarquizado de ensino que perdura até

hoje, formando alunos cada vez mais conformados com que, supostamente,

precisam aprender e tornam-se submissos a este método de ensino (FREITAS,

2003).

Desta maneira, a escola tem se distanciado cada vez mais da vida em si,

sendo que ela deveria preparar seus estudantes para enfrenta-la. Os alunos

“isolados em salas de aula, assistem das janelas da escola à vida passar. Estão

“enclausurados”, à espera de poder viver quando chegar a hora” (FREITAS,

2003, p. 29).

Geralmente entende-se que o sistema escolar é falho, não por conta do

contexto histórico no qual ele foi construído, mas sim por culpa do professor ou

do aluno. Se o intuito é formar pessoas que futuramente irão construir um novo

mundo com novas relações e diferentes visões, a escola deveria ser o lugar onde

estes estudantes constroem pensamentos para realizar esta mudança e, para

que essa se inicie, há de ser criado um projeto político pedagógico que direcione

tal mudança (FREITAS, 2003). Neste contexto, a mediação se mostra muito

importante pois é ela que irá incentivar a aprendizagem e a construção de novos

conhecimentos pelos alunos, relacionando o que lhes é novo com aquilo que a

lhes é familiar (ROSA, 2003).

Como diz Freire (2010), ensinar exige reconhecer que seus alunos possuem

autonomia e que estes são seres inacabados buscando este acabamento, o que

é natural. Além disso, o educador deve ser dotado de bom senso para procurar

saber o que seu aluno sabe e como ele está inserido na sociedade, podendo,

assim, auxiliá-lo. A prática docente, mais especificamente a humana é

profundamente formadora, necessitando de uma boa relação entre educador e

educando. Utilizando-se de métodos que levem em consideração os

conhecimentos prévios dos alunos (COLL; SOLÉ, 2006), que tenham a

epistemologia do interacionismo (ROSA, 2003) e que fujam do sistema

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classificatório imposto pelo modelo avaliativo capitalista a partir de instrumentos

diferentes (FREITAS, 2003), ambos educador e educando poderão criar um

ambiente propício ao aprendizado, não somente de conceitos, mas de atitudes

e valores também.

2.2. Estudos de caso e a metodologia da problematização

O estudo de caso é uma categoria de estudo utilizada por diversos

pesquisadores. Seu objetivo é procurar fatos e características dentro de uma

investigação profunda sobre um indivíduo, entidade, fenômeno, etc. Sendo

assim, o estudo de caso pode ser considerado um método empírico dentro de

uma apuração de dados, ancorados e baseados em situações reais e

contemporâneas (NJIE; ASIMIRAN, 2014).

Para Anastasiou e Alves (2009), dentro da prática educacional, os estudos

de caso são considerados uma “estratégia de ensinagem” dentre algumas outras

que, mesmo com pontos de vista diferentes, possuem um mesmo objetivo,

realizar a construção de operações mentais variadas nos alunos o que,

consequentemente, contribui no aprendizado. Os autores argumentam sobre as

ações mentais que são desenvolvidas segundo uma listagem de operações em

relação a estas estratégias:

Nesse processo de apropriação, o estudante efetiva construções

mentais variadas. Tomamos por base a listagem das operações

de pensamento de RATHS et al. (1977), que se referem às

ações mentais de comparação, observação, imaginação,

obtenção e organização de dados, elaboração e confirmação de

hipóteses, classificação, interpretação, crítica, busca de

suposições, aplicação de fatos e princípios a novas situações,

planejamentos de projetos e pesquisas, análises e tomadas de

decisão e a construção de resumos (ANASTASIOU; ALVES,

2009, p. 70).

Para possibilitar o desenvolvimento destas operações mentais, o docente

deve pensar e propor situações que propiciem tal feito. Ele deve ser um

estrategista para selecionar, organizar e propor ferramentas que facilitem a

apropriação do conhecimento pelos estudantes dentro de uma vivência pessoal

(ANASTASIOU; ALVES, 2009).

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O estudo de caso não é uma ferramenta exclusiva da profissão docente, ela

também está presente na modalidade de pesquisa e consultoria. Sendo assim,

ela se estende por diversas áreas do conhecimento como psicologia,

administração, sociologia, ciência política, entre outras (ALVES-MAZZOTTI,

2006).

O estudo de caso traz diversas contribuições como instrumento de pesquisa.

Ele auxilia na compreensão de fenômenos individuais, organizacionais, sociais

e políticos. Para realizar um destes estudos, é necessário que o investigador

tenha feito um desenvolvimento teórico prévio para que a coleta e análise de

dados seja conduzida de maneira correta (YIN, 2001). Levando em consideração

as observações de Anastasiou e Alves (2009), esta mesma ideia pode ser

aplicada na área educacional. O estudante, após ter passado por uma introdução

prévia sobre certo tema, é possível realizar um estudo com um embasamento

teórico adequado, mas nada impede o professor de querer aplicar esta técnica

como uma introdução à um conteúdo.

Ainda segundo Yin (2001), a aplicação de um estudo de caso é tida

equivocadamente como algo rígido, como se houvesse um protocolo a ser

seguindo, no entanto, isso não é verdade. Um estudo de caso traz relações com

o intelecto da pessoa, além de seu ego e emoções, ele não é um método que

segue um procedimento de rotina como um experimento. Para uma pessoa

realizar um estudo de caso, ela teria que desenvolver os seguintes requisitos: a

habilidade de fazer boas perguntas e interpretar respostas; ser um bom ouvinte

e não ser enganado por suas próprias ideologias e preconceitos; ser uma pessoa

adaptável e flexível, de forma a ver oportunidades e novas situações e não

ameaças; deve-se ter noções claras do que está sendo estudado; a pessoa deve

ser imparcial em relação as noções preconcebidas, incluindo aqueles que

surgem de teorias.

A estratégia do estudo de caso traz consigo um grande potencial de

argumentação junto aos estudantes. Para realiza-la, o caso deve ser retirado da

própria vivencia do estudante ou deve estar dentro de alguma temática. Um

aspecto desta técnica é que casos podem propor problemas, o que instiga os

alunos a procurar soluções para estes, quanto mais desafiador for o caso, maior

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é a possibilidade de manter os estudantes envolvidos no assunto

(ANASTASIOU; ALVES, 2009).

A utilização de problemas na construção de conhecimento dentro do

processo de aprendizagem nos leva a um outro tema, o PBL (Problem Based

Learning), ou em português ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas). Ele

consiste em uma metodologia que se utiliza de cenários complexos para

estimular alunos a pensar em soluções para problemas. Isso os auxilia a criarem

uma personalidade ativa e se tornam responsáveis por sua própria

aprendizagem. Os problemas são tidos como o ponto inicial na aquisição de

conteúdo e são situados no cotidiano dos estudantes (ANDRADE; CAMPOS,

2007).

Trabalhos que se utilizam do PBL geralmente são confeccionados em grupos

e o professor é visto como um tutor que não age como um transmissor de

conteúdo, mas sim um estimulador e parceiro dos estudantes durante o processo

de construção de conhecimento, assim facilitando a dinâmica do trabalho em

grupo (ANDRADE; CAMPOS, 2007; MALHEIRO; DINIZ, 2007).

A participação do aluno no método do PBL traz uma abordagem

multifacetada de contribuições ao desenrolar das atividades, ele: participa

ativamente das discussões, contribui com seus conhecimentos e experiências

prévias nas discussões, colabora com os conhecimentos adquiridos, tendo como

justificativa os estudos anteriores e referências bibliográficas consultadas. Tudo

isso faz com que cada componente de cada grupo tenha um papel na busca pela

solução do problema proposto (MALEHIRO; DINIZ, 2007).

Ao contrário do PBL, a metodologia da problematização (MP), que é

comumente confundida com o PBL, é um método que se utiliza de estratégias

de ensino e de aprendizagem diferentes, porém visa um mesmo objetivo,

trabalhar a formação de diversas estruturas cognitivas a partir de desafios que

propiciem tal feito e fazer com que o aluno seja responsável por sua própria

aprendizagem (VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015).

Nem todos os conteúdos existentes em uma linha de aprendizado, ou

currículo escolar, são propícios a serem aprendidos dentro da metodologia da

MP, mas aqueles que se encaixam nessas visões, seguem um método

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denominado “Método do Arco” pois, quando feito é um esquema da progressão

pedagógica deste trabalho, sua estrutura se assemelha a um arco que está

representado na figura 3. O alvo desta técnica é a busca de possibilidades para

transformar a realidade (VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015).

Figura 3: Representação do método do arco da MP. Fonte: VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015.

O método do arco da MP é dividido em 5 etapas, estas são: 1) Observar a

realidade: os alunos recolhem dados e observações sobre um tema de estudo

ou de uma realidade social e concreta. A orientação do professor neste caso é

imprescindível para que os alunos retenham o foco no que desejam trabalhar,

neste processo podem ser identificadas carências, discrepâncias, entre outros

fatores que serão problematizados; 2) Refletir sobre o problema: os estudantes

irão definir os pontos-chave do porquê aquele problema existe, qual é a sua

causa; 3) Teorização: os alunos irão buscar informações sobre o problema

identificado em diferentes fontes bibliográficas, tendo como orientação os

pontos-chave; 4) Hipóteses de solução: ocorre a construção de hipóteses para

possíveis resoluções para estes problemas, levando em consideração a

criticidade e criatividade dos educandos; 5) Aplicação à realidade: os estudantes

irão pensar em uma aplicação real da sua solução, levando em consideração

parâmetros sociais e políticos. Nesta etapa a metodologia da problematização

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ultrapassa o exercício intelectual e revela um compromisso do aluno com seu

meio (BERBEL, 1998).

Observando os métodos da MP, é possível dizer que os principais objetivos

de sua aplicação seriam o desenvolvimento do pensamento reflexivo do aluno e

a mobilização de um potencial social e político do mesmo. O professor que se

utiliza deste método deixa de ser a fonte de informação ou decisão de condutas

de trabalho na sala de aula, ele somente guia seus alunos para que eles passem

por todas as etapas do processo desta metodologia. A MP também exige

disponibilidade de tempo e dedicação para que o professor pesquise e

acompanhe o aprendizado dos estudantes. Ela também implica no docente

saber lidar com situações imprevistas e saber participar de diálogos com os

alunos já que neste contexto a aprendizagem é cooperativa entre professor e

aluno (VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015).

Um material de uso potencial na análise de situações problema são os textos

jornalísticos, estes são fundamentais para a formação de um leitor crítico. Jornais

exercem uma função política importante utilizando recursos sutis de escrita, mas

que constroem uma realidade condicionada por um imaginário coletivo. Além

disso o jornalismo não é neutro, ele representa a opinião de seu proprietário e

seus escritores. A função de um jornal não é completa sem que o leitor realize

sua própria interpretação desta obra, levando-o a uma reflexão e à formação de

um posicionamento em relação a informação fornecida (BENITES, 2008).

Considerando que os estudos de caso procuram encontrar soluções para

uma situação problema (ANASTASIOU; ALVES, 2009), assim como a

metodologia da problematização (VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015), e o texto

jornalístico possui um posicionamento não neutro, sua utilização no ambiente

escolar seria de grande interesse, já que, quando são usadas obras de jornais

em análises críticas, é esperado que o indivíduo questione o que está lendo com

o intuito de enriquecer seu conhecimento (BENITES, 2008).

Conteúdos como os de ciências e biologia apresentam forte caráter crítico.

Áreas como a ecologia, considerada uma ciência recente, trazem muita polêmica

e discussão em seus conceitos, podendo ser influenciados por ideologias de

diferentes grupos sociais (MOTOKANE; TRIVELATO, 1999).

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Neste contexto, há grande ênfase depositada na área de sustentabilidade e

impactos antrópicos. Diante das atuais circunstâncias em que o homem se

encontra em relação ao meio em que vive, principalmente em seu avanço sobre

os diversos ecossistemas, causando variados impactos ambientais no equilíbrio

ecológico, é necessário que sejam desenvolvidas maneiras de pensar e agir,

para situar este indivíduo, no caso o aluno, de que maneira ele está inserido em

determinado meio, e para fazer com que o mesmo participe de maneira

consciente na sociedade. Isso se dá pela promoção do aprofundamento dos

saberes sobre ecologia e, juntamente com este, o desenvolvimento de um

conhecimento cientifico e tecnológico na perspectiva de cidadania, ou seja, o

que é possível ser feito para auxiliar a sociedade tendo consciência de como

meus atos afetam o meio ao meu redor (JÚNIOR, 2008).

Ainda segundo Júnior (2008), o ensino de ecologia proporciona aprendizados

e instrumentos para que o aluno consiga agir em determinadas situações do

cotidiano. Por isso, há a necessidade desta temática ser ensinada de maneira

contextualizada com a realidade do aluno. A ciência seria introduzida como parte

fundamental para a compreensão da realidade.

2.3. Impactos antrópicos nos ecossistemas nacionais

Em uma visão comum, os impactos ambientais são vistos como algo negativo

associado a algum tipo de dano feito a natureza, como poluição de rios ou alta

mortalidade de fauna devido a algum incidente. Porém, o conceito de impacto

ambiental vai além disso, definições de calibre mais técnico, abrangem este

como sendo qualquer alteração em ecossistemas, no meio ambiente, ou

espaços naturais, que afeta seus componentes e parâmetros por meio de ações

induzidas pelo homem (SÁNCHEZ, 2015).

Sendo o impacto ambiental, como seria possível definir o que é este ambiente

que sofre ações antrópicas tão prejudiciais? Esta é uma pergunta da qual muitos

pesquisadores procuram manter distância. Dentro da perspectiva do

planejamento e gestão ambiental, o conceito de ambiente é multifacetado por:

ter a possibilidade de ser aprendido de diversas maneiras, ser muito amplo já

que pode incluir tanto a natureza quanto a sociedade e maleável por conta de

ser multifacetado e de ter grande amplitude (SÁNCHEZ, 2015).

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A ecologia se apresenta como o estudo que trata das relações entre os seres

vivos e como estes interagem com o ambiente em que estão inseridos. Um

agrupamento de seres vivos se reúne dentro de um ecossistema, o qual interage

com variáveis abióticas (fatores físicos e químicos) e o torna um sistema estável.

Um ecossistema pode ir tanto de uma pequena escala como um pequeno lago

até uma grande escala, à nível planetário. As características físicas e

comportamentais dos seres vivos como reprodução, hábitos alimentares,

inimigos naturais, estratégias de sobrevivência, entre outros, constituem seu

nicho ecológico e definem interações adaptativas entre eles e o ambiente em

que vivem (AMABIS; MARTHO, 2005a).

A ação do ser humano nos ecossistemas é imperativa, pois estes apresentam

uma capacidade limitada para sustentar a demanda do consumo material de

hoje. A expansão de suas fronteiras para além do que precisa faz com que ele

ocupe áreas maiores do que suas regiões urbanas, assim se apropriando delas

com o intuito de utilizar os recursos naturais e, neste processo, geram resíduos,

os quais resultam em um grande déficit ecológico, ou seja, faltarão recursos e

os resíduos irão degradar o que poderia ser utilizado de maneira consciente

(CIDIN; SILVA, 2004).

Ainda segundo Cidin e Silva (2004), a exacerbada expansão urbana mudou

a fisionomia do planeta de tal forma que a população esqueceu o quanto

dependente ela realmente é da natureza, a qual foi vista meramente como um

apanhado de recursos e serviços gratuitos ao alcance de qualquer pessoa.

Uma maneira de quantificar o quanto a Terra consegue sustentar a população

humana e medir o impacto ambiental é calcular a pegada ecológica. Esta

consiste no quanto de áreas produtivas cada indivíduo necessitaria para levar

seu estilo de vida com uma determinada quantidade de recursos (CIDIN; SILVA,

2004). Atualmente, a maior pegada ecológica pertence aos Estados Unidos.

Cada indivíduo necessitaria de 10,3 hectares, em média, para continuar vivendo

em seu atual padrão de vida, porém, o planeta Terra dispõe somente de 1,7

hectares de terras cultivadas para cada indivíduo atualmente (RICKLEFS, 2010).

Além de interferir nos habitats e nos ecossistemas e produzir e liberar

poluentes, o ser humano pode alterar ainda mais o equilíbrio com outras ações

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como o desmatamento, introduzindo espécies exóticas e levando outras nativas

destes ecossistemas a extinção. Este último é um tipo de interferência que pode

causar sérios danos e distúrbios a um ecossistema, alterando toda uma cadeia

alimentar e outras relações entre os indivíduos viventes daquele local (AMABIS;

MARTHO, 2005a).

Segundo a última atualização do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBio), no Brasil há 1.773 táxons em algum grau de ameaça

na natureza, seja em estado vulnerável, em perigo, criticamente em perigo ou

extinto. A principal ameaça para estas espécies é a degradação e perda de seu

habitat, principalmente pela expansão urbana e agrícola, além da construção de

grandes instalações como usinas hidrelétricas. No caso de seres marinhos, a

pesca excessiva se mostra como principal ameaça (BRASIL, 2014).

O aparecimento e a extinção de espécies são processos extremamente

lentos na natureza e demoram até milhões de anos para ocorrerem. O ser

humano tem contribuído para a extinção de diversas espécies como resultado

de sua grande expansão urbana, o que se mostra como justificativa para que

haja o aumento de áreas de pastagem ou de agricultura, por exemplo.

Extrativismo desordenado, poluição, incêndio florestais, a formação de lagos

para construção de usinas hidrelétricas, entre outros são consequências desta

expansão (BRASIL, 2017b).

Acredita-se que, atualmente, estamos vivendo em um novo período,

caracterizado por grandes extinções como as que aconteceram a milhões de

anos atrás. O ser humano tem tornado sua vida melhor com os constantes

avanços, porém, aos custos do que aconteceria depois. O homem está afetando

o ambiente tanto diretamente com a caça excessiva por exemplo, quanto

indiretamente, com a mudança climática, fruto da alta atividade industrial. Em um

planeta, com tantas espécies desconhecidas, talvez não haja tempo para que

possamos conhece-las se elas foram extintas antes disso (PSIHOYOS, 2015).

O Brasil apresenta 6 biomas distribuídos em território nacional, a Amazônia,

caatinga, pampas, cerrado, mata atlântica e pantanal. O bioma Amazônia se

apresenta como o mais abrangente de todos, cobrindo 49,29% do país (IBGE,

2004). Cerca de um terço da madeira tropical do mundo, além de diversas

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espécies de plantas e animais se encontram nas florestas deste bioma (BRASIL,

2004).

Mesmo com toda sua grandeza, o bioma amazônico sofre muito com a ação

do desmatamento para implantação de áreas de pasto para pecuária e com a

agricultura em larga escala. A extração seletiva de madeira também se mostra

uma causa do desmatamento no local. Somando todos estes fatores, estima-se

que de 15% a 35% da emissão de combustíveis fósseis no mundo foi por causa

destas ações na década de 1990 (RIVERO et al., 2009).

O cerrado se mostra como o segundo bioma mais abrangente do país,

cobrindo 23,92% dele (IBGE, 2004). Sendo o segundo maior bioma da América

do Sul, ele é considerado um dos hotspots mundiais de biodiversidade,

apresentando um grande número de espécies endêmicas da região. Além disso

o cerrado brasileiro é reconhecido como a sanava mais rica do mundo. No

entanto, diversas espécies animais e vegetais estão em risco de extinção pois

ele é um dos biomas brasileiros que mais sofre mudanças por conta da ocupação

humana. O aumento da produção de grãos e carne para exportação se mostra

o principal motivo para a degradação deste ambiente e o esgotamento de seus

recursos naturais (BRASIL, 2017c).

A mata atlântica preenche 13,04% e se mostra como o terceiro maior bioma

brasileiro, sendo composto por florestas ombrófilas densas e mistas, além de

florestas estacionárias semideciduais (IBGE, 2004). Atualmente o bioma se

encontra altamente degradado após anos de exploração por interferência

antrópica, estima-se que somente 22% de sua cobertura vegetal original ainda

exista e se encontra em diferentes estados de recuperação. Mesmo muito

degradada, a mata atlântica ainda abriga uma biodiversidade maior que muitos

países ou até continentes. Isso mostra o quanto é necessária a conservação

deste ambiente (BRASIL, 2008).

É certo dizer que toda espécie de animal, incluindo o ser humano, explora o

ambiente em que vive, porém, o impacto causado por conta do rápido avanço

tecnológico e da sociedade industrial não tem precedentes. A ação de poluentes,

os quais geralmente são produzidos por atividade humana, mostram uma alta

capacidade de afetar a natureza em larga escala. Materiais radioativos também

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se enquadram nesta categoria de poluentes. No Brasil, o conhecido incidente

com o césio 137 expôs mais de 600 pessoas ao risco da radiação, além de afetar

o ambiente natural. Tudo isso por conta de uma capsula com material brilhante

de um equipamento de radioterapia que não foi devidamente descartado

(AMABIS; MARTHO, 2005b).

Além deste acidente no Brasil, também é possível citar a tragédia ocorrida

em novembro de 2015, quando a barragem da mineradora Samarco se rompeu

causando a inundação e devastação de quilômetros de áreas naturais e urbanas

que hoje estão inabitáveis tanto por fauna quanto por flora locais. Naquela

região, milhares de hectares foram afetados, incluindo áreas e conservação

permanentes presentes ao longo dos rios. Um desastre deste calibre foi

altamente noticiado, porém vários menores e considerados pouco importantes

passam despercebidos pela população, não recebendo o mesmo nível de

atenção da mídia (LOPES, 2016).

É importante ressaltar que a espécie humana não sobrevive sem explorar

recursos do ambiente, tanto na alimentação com a criação de animais e plantas

para suprir necessidades energéticas fisiológicas, quanto na luta com agentes

causadores de doenças como bactérias, fungos, etc. Neste contexto, uma

exploração a longo prazo demanda um planejamento para manter equilíbrio no

desenvolvimento humano e natural. A ecologia é a área que se responsabiliza

por esse planejamento, a partir dos conhecimentos sobre o meio natural e como

os ecossistemas funcionam, é possível criar um plano para que os recursos

naturais sejam utilizados de maneira racional (AMABIS; MARTHO, 2005b).

Conscientização ambiental não se trata somente de decisões

governamentais, hábitos diários como alterações na dieta ou consumir certo

alimento com menos frequência, poderiam fazer uma diferença enorme.

Pequenas decisões de nosso dia-a-dia podem levar a um tipo de sociedade

diferente no futuro. Mudanças são necessárias para alterar este cenário,

trazendo o uso sustentável dos recursos presentes na biosfera (PSIHOYOS,

2015; RICKLEFS, 2010).

Um dos aspectos que justifica a conservação da biodiversidade é a

funcionalidade ecológica dos ecossistemas, esta enfatiza que os mesmos são

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sensíveis a mudanças em sua biota pois os organismos que se desenvolvem

naquela região auxiliam na manutenção e mediação de diversos fluxos de

matéria e energia. Para que a conservação ambiental seja vista com um olhar

mais crítico e atencioso pela população, é preciso remodelar os sistemas de

valores humanos para que haja reflexão sobre a realidade ecológica atual

(FONSECA, 2007).

Promover uma investigação por parte dos futuros componentes de nossa

sociedade, alunos do ensino básico, na atual situação ambiental do país, pode

potencialmente levar a uma maior preocupação com o que chamamos de meio

ambiente. Podem-se considerar reflexões dentro de um processo no qual um

indivíduo, neste caso o educando, constrói valores sociais, conhecimentos,

habilidades, competências e atitudes que visam a conservação do meio

ambiente, assim como saber maneiras de como ser humano pode usufruir do

mesmo de maneira sustentável (BRASIL, 2017a).

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3. OBJETIVO

Sensibilização do aluno de ensino médio sobre a conservação ambiental a

partir da elaboração e proposição de uma atividade baseada na metodologia da

problematização que incita o hábito reflexivo sobre os impactos antrópicos em

território brasileiro, visando a valorização da biodiversidade nacional.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

A atividade em questão tem seu planejamento baseado na união dos estudos

de caso e da MP, já que ambos apresentam situações problema como ponto de

partida para a aprendizagem.

Para que os estudos de caso sejam realizados, estes devem ser

enquadrados dentro da própria vivência do aluno ou em uma temática de estudo.

No caso, esta atividade se utilizará da segundo opção, os casos a serem

escolhidos terão de abordar conteúdos selecionados para o ensino de ecologia

no ensino médio, contudo será dada ênfase ao impacto antrópico nos

ecossistemas nacionais.

Esta atividade é planejada como algo a ser aplicado após a introdução de

conceitos biológicos sobre ecologia de populações e a interação entre o homem

e o meio ambiente. A metodologia de aplicação desta atividade planeja seguir

as etapas descritas por Berbel (1998), sendo assim, haverá diversas comandas

constituindo este exercício, estas precisam ser claras e precisas. Ela também

será dividida em etapas, que serão iniciadas em sala de aula e finalizadas em

casa pelos próprios estudantes.

A primeira comanda dada aos alunos, que constitui a primeira etapa dento da

sala de aula é: “Vocês (alunos), terão uma tarefa para a próxima atividade. Vocês

terão de se reunir em pequenos grupos de, no máximo, 5 pessoas. Em casa,

cada integrante do grupo irá pesquisar em jornais comumente lidos pela

população local, artigos que tratem sobre impactos ambientais causados pelo

ser humano no ambiente natural, dentro das fontes recomendadas. Este artigo

é de livre escolha e será dado o prazo de uma semana para que todos os

integrantes dos grupos venham a aula da próxima semana com pelo menos 1

artigo lido para que a atividade seja continuada”. As figuras 1 e 2 mostram

exemplos de reportagens que podem aparecer nessa pesquisa.

O professor irá passar os seguintes critérios para os alunos para realizar

a pesquisa: o artigo precisa ser recente, de no máximo 10 anos atrás e não será

pedido para que os estudantes concordem com o conteúdo que o artigo aborda,

em vista que o texto jornalístico apresenta um posicionamento de seu escritor ou

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outro responsável pelo mesmo, mas sim que o compreenda e consiga relatar

aos seus companheiros de trabalho do que ele se trata.

Figura 1: Exemplo de reportagem sobre desmatamento ilegal na Amazônia. Fonte: Sérgio Matsuura, 2017.

Foi mencionado que os alunos poderão escolher artigos de fontes

bibliográficas que foram recomendadas pelo professor, isso pois, antes de

passar a comanda, o professor deverá realizar um levantamento prévio de

possíveis fontes bibliográficas que sejam consideradas confiáveis para retirada

de material base para a investigação a ser realizada pelos discentes. Alguns

exemplos de fontes locais da cidade de São Paulo seriam os jornais Folha de

São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo, entre outros.

Figura 2: Exemplo de reportagem sobre o impacto ambiental da construção de uma usina termelétrica no litoral de São Paulo. Fonte: Fernando Tadeu Moraes, 2017.

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A finalização da primeira etapa será feita em casa pelos alunos

individualmente. Na semana seguinte, será iniciada a segunda etapa em sala de

aula na qual, os integrantes de cada grupo irão se reunir e deverão chegar a um

consenso de qual artigo será investigado, afinal não será possível analisar todos

os artigos. Cada integrante irá relatar brevemente aos seus companheiros de

trabalho do que se trata seu artigo para que todos saibam o conteúdo de cada

um e possam escolher de maneira democrática qual utilizar na análise. O artigo

escolhido será repassado ao professor para que ele consiga auxiliar o grupo na

articulação do trabalho e na posterior socialização com a sala.

Após selecionar o artigo, será fornecida a segunda comanda aos grupos: “o

aluno que teve seu artigo escolhido irá agora relatar aos seus companheiros de

trabalho sobre o que este se trata, do que ele está falando em uma perspectiva

geral. Após isso, juntos, vocês irão procurar delimitar qual é o problema

identificado e separar pontos-chave sobre ele, ou seja, porquê esse problema

existe e o que o causou ou está causando. Após delimitarem esses pontos me

chamem e iremos discutir qual será o foco de cada grupo”.

A partir desse ponto, temos a terceira etapa da atividade que, poderá ser

iniciada tanto na sala de aula quanto fora dela. Nesta os alunos irão estudar o

caso e buscar informações sobre ele em fontes bibliográficas diversas, tendo

como orientação os pontos-chave delimitados por eles, isso constitui a terceira

comanda, que também compreende o seguinte: “após pesquisar sobre este caso

e ter uma base teórica, vocês irão propor uma hipótese de solução para o

problema, pensem que vocês são responsáveis por fazer uma intervenção neste

local para ajudar a solucionar este impasse trazido pela reportagem. Porém há

uma condição, essas intervenções devem ser viáveis para o cenário ecológico e

político que vivemos atualmente”.

Continuando a terceira comanda: “além disso, nas próximas aulas nós iremos

fazer uma socialização sobre as soluções de vocês e cada grupo irá me entregar

um relato escrito que deve conter os seguintes tópicos: capa com os integrantes

do grupo e título do trabalho, um breve resumo do artigo relatando do que ele se

trata e qual foi a data de sua publicação, além de qual fonte ele foi retirado, a

identificação do problema presente na reportagem juntamente com o motivo dele

ser um problema, ou seja, qual o impacto causado por ele, dentro deste item

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deverá ser destacado qual o bioma brasileiro e biodiversidade que estão sendo

afetados por essa ação antrópica e o que sua perda acarreta para aquele

ambiente, o conteúdo de ecologia presente no artigo e como ele se relaciona

com a intervenção antrópica e, por fim, qual a solução proposta pelo grupo e o

porquê esta é viável. Depois de tudo isso coloquem as referências bibliográficas

utilizadas por vocês na pesquisa. Também será requisitado para que os grupos

relatem se eles reescreveriam o artigo de alguma maneira e, se sim, como. Este

relato deverá ser escrito segundo às normas da Academia Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) ”. Serão fornecidas orientações sobre como confeccionar

trabalhos com base nesta.

Todos os grupos terão entre 2 e 3 semanas para preparar o relatório escrito.

Entre a data de início da terceira etapa e a data de entrega do relatório, haverá

aulas normais nestas duas semanas antes da socialização e entrega final, nestes

dias o educador irá acompanhar todos os grupos pedindo um relato prévio e

breve de qual é a ideia do grupo em relação à possível interferência e o que já

foi pesquisado até o momento, assim ele poderá orientar os grupos dizendo se

estão na direção certa e podem continuar ou precisam repensar seus passos e

reformular suas ideias. Isso compõe a quarta comanda.

Na data de entrega do relatório, haverá uma socialização das produções, os

grupos podem escolher o formato em que desejam apresentar suas soluções,

podendo ser em uma apresentação de slides, debates, um diálogo informal,

entre outros. A apresentação constitui a quarta e última etapa. Essa socialização

ocorrerá, obrigatoriamente após 3 semanas da data de quando foi apresentada

a comanda do relatório final.

Em suma está atividade terá a duração de um total de 4 a 5 aulas, com

trabalho que será desenvolvido em sala de aula e fora dela, subdividido em 4

etapas. A primeira etapa acontecerá ao final da primeira aula e será dedicada à

comanda 1 de pesquisa por artigos individualmente, a segunda etapa aborda a

escolha do artigo definitivo pelo grupo e separação dos pontos-chave de acordo

com a comanda 2, ela será realizada na segunda aula, a terceira etapa será

constituída pela comanda 3 para dar início a produção do relatório final, além de

haver a checagem após uma semana de trabalho de cada grupo representado

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33

pela comanda 4. A quarta e última etapa será representada pela socialização

das produções.

Considerando que, em média, salas de aula possuem 30 alunos, e cada

grupo é constituído por, no máximo, 5 integrantes, haverá um total de 6 grupos,

sendo que este número pode variar. Sendo assim cada grupo terá até 10 minutos

para socializar seus resultados e alguns minutos posteriores para discutir

dúvidas. Se necessário uma quinta aula pode ser cedida para finalizar as

apresentações de grupos restantes, estas serão planejadas por sorteio de

grupos, mesmo que todos os grupos não apresentem no primeiro dia, é

necessário que todos estejam com o relatório final pronto para ser entregue. O

fluxo de trabalho está representado no esquema da figura 4.

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34

Figura 4: esquema do fluxo de trabalho da atividade de acordo com a sequência das aulas.

Aula 1: apresentação

da comanda 1.

Aula 2: confecção da

comanda 2 e

introdução comanda

3.

Aula 3 e 4:

continuação da

comanda 3 e início da

comanda 4.

Aula 4 e 5: finalização

da atividade.

- Proposta: apresentação da

atividade aos alunos e

constituição dos grupos de

trabalho para que seja feita a

pesquisa por artigos. Serão

impostos os critérios para

realizar a pesquisa.

- Proposta: eleição do artigo

para análise e reflexão sobre

ele, juntamente com a

seleção dos pontos chave e

divulgação do relatório final

como instrumento de

avaliação da atividade;

Organização dos grupos para

sua confecção.

- Proposta: continuar o

trabalho no relatório com o

apoio do professor e

checagem intermediária do

trabalho para aconselhar os

grupos.

- Proposta: finalização da

atividade com a

socialização das resoluções

em sala e entrega dos

relatórios ao professor.

Pesquisa por reportagens

em jornais em casa – tempo

de trabalho: 1 semana.

Trabalho em casa: início de

um relatório prévio para que

o professor consiga orientar

os grupos.

Finalização em casa do

relatório final para entrega

nas próximas aulas e

socialização.

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35

5. RESULTADOS ESPERADOS E DISCUSSÃO

Observando a metodologia da atividade, nota-se que os alunos são

encarregados de praticamente todo o trabalho, desde a escolha do artigo até sua

análise e resolução. De certa maneira, os estudantes tendem a criar um senso

de responsabilidade como mencionado por Andrade e Campos (2007), além

disso, já que o professor se apresenta como um orientador, como colocam os

autores, e não um transmissor de conhecimento, a tendência é que o estudante

seja mais ativo e procure as respostas por si mesmo a partir de um senso de

curiosidade já que a resposta não será diretamente fornecida pelo professor.

Sendo assim, teoricamente, o aluno se tornaria o responsável por sua própria

aprendizagem, porém momentaneamente, enquanto a atividade está sendo

aplicada. Segundo Carvalho (2013), propor um problema é uma maneira de

passar a tarefa de raciocinar do professor para o aluno para que este desenvolva

seus próprios conhecimentos e o educador entra neste meio como um orientador

para este aprendizado. Para que todo o aprendizado daqui em diante fosse de

total responsabilidade do estudante e este desenvolva seu conhecimento por

conta própria, essa técnica teria de ser constantemente aplicada em diversas

ocasiões, ou outras atividades, dependendo da metodologia de ensino do

professor que for aplica-la. Isso implicaria com uma estruturação curricular

diferente, na qual diversos conteúdos teriam de ser adaptados para a

metodologia da problematização.

Considerando que o texto jornalístico, muitas vezes, traz uma problemática a

ser analisada e o foco desta monografia é a metodologia da problematização,

pode-se dizer que o problema em si é uma ferramenta muito importante no

processo de ensino e de aprendizagem. Outro aspecto que pode contribuir para

a criação desse senso de responsabilidade mencionado por Andrade e Campos

(2007) e Carvalho (2013), é a estipulação de prazos de entrega, o que foi feito

ao longo da elaboração desta atividade. Ter uma data de referência para algo

pode fazer com que haja uma maior organização para confecção de trabalhos.

Júnior (2008) ressalta a importância da ecologia ser lecionada de maneira

contextualizada., pois isso trariam relações com aquilo que já aprenderam.

Segundo Andrade e Campos (2007), há grande importância de se adquirir

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conhecimento de forma contextualizada com a realidade, isso irá inserir o aluno

cada vez mais no mundo que ele vive, trazendo assim a personalidade mais

ativa.

Conteúdos como os de ecologia são de grande importância neste contexto

pois podem ser facilmente modificados por de diferentes visões e ideologias

(MOTOKANE; TRIVELATO, 1999). Com estes conhecimentos, os estudantes

terão mais recursos e maior aprofundamento na temática para que possam lidar

com situações do dia-a-dia mais facilmente, além de atuar como cidadãos ativos

na sociedade com consciência (JÚNIOR, 2008).

Decidiu-se utilizar o método do arco discutido por Berbel (1998) e Vieira e

Panúncio-Pinto (2015). Essa escolha se deu por conta de ser condizente com a

metodologia dos estudos de caso. Assim, articulando as etapas da metodologia

da problematização em diferentes aulas, haverá maior organização ao trabalho.

Sendo assim, a atividade aqui proposta tem o propósito de trazer à tona este

senso de responsabilidade e desenvolver uma personalidade ativa no aluno

como dito por Andrade e Campos (2007) e Vieira e Panúncio-Pinto (2015), além

aprofundar os conteúdos de ecologia lecionados no ensino médio.

Com relação a utilização de artigos jornalísticos como fonte dos problemas a

serem solucionados, um dos motivos para sua escolha foi que jornais são

facilmente adquiríveis tanto por meio físico quanto no meio eletrônico, porém

este não foi o principal. Como destacado por Benites (2008), o texto jornalístico

não é neutro, ou seja, ele expressa um posicionamento de seus escritores,

proprietários, enfim, pessoas responsáveis por este frente ao conteúdo de uma

reportagem. Sendo assim, o indivíduo ao ler terá de interiorizar pensamentos já

formulados por outros, isso é uma experiência rica para desenvolvimento de

criticidade e formação de critérios avaliativos. A autora ainda ressalta que a

função do jornal não é completa sem que o leitor o leia e tome um

posicionamento em relação a aquilo que está escrito. Sendo assim, o aluno lerá

o caso descrito e se utilizará de todo o conhecimento que já possui para

interpretá-lo e questioná-lo.

Além dos conhecimentos que lhes foram apresentados na sala de aula, o

educando também dispõe de seus conhecimentos prévios que, segundo Coll e

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Solé (2006) são próprios de cada indivíduo pois cada um possui uma história de

vida diferente. Graças a estes conhecimentos, a sala de aula adquire um caráter

heterogêneo, ou seja, com pensamentos bem diferenciados uns dos outros

(ROSA, 2003). Dentro da atividade proposta por este trabalho, quanto maior

essa heterogeneidade, menor é a possibilidade de que soluções iguais, ou muito

semelhantes, sejam sugeridas por grupos diferentes, por mais que os casos

escolhidos sejam muito parecidos.

Esta propriedade heterogênea pode vir a gerar conflitos na hora de escolher

os artigos para análise, após a pesquisa, porém somente em uma divergência

de opiniões, o que pode vir a gerar discussões entre os estudantes que podem

servir de mais uma fonte de experiência para construção de argumentos.

Para professores que planejam se utilizar desta proposta, seria vantajoso

procurar levantar os conhecimentos prévios dos alunos pois, além de conferirem

heterogeneidade na sala de aula, estes auxiliam na assimilação de novos

conceitos segundo Vigotsky. Ainda segundo este ocorreria, neste contexto, a

reconstrução de uma concepção incorreta, o que para Vigotsky é mais fácil do

que construir uma totalmente inédita ao aluno (GASPAR, 2009).

Mesmo sendo uma atividade planejada para ser aplicada após uma primeira

introdução de conceitos, isso não desvalida o pensamento de Vigotsky aqui

aplicado, pois um dos objetivos da utilização de problemas na aprendizagem é

rever conceitos que não foram entendidos em um primeiro momento pelos

alunos. Neste contexto, os alunos ainda podem acessar seus conhecimentos

prévios para solucionar problemas como estes.

Voltando para o que Rosa (2003) discute sobre heterogeneidade na sala de

aula, haverá uma gama de pensamentos e realidades diferentes dentro desta

por conta disso. Os prazos de entrega do trabalho final foram planejados com

um intervalo de 2 a 3 semanas em vista deste fato. As realidades sociais entre

estudantes podem ser discrepantes umas das outras dependendo da realidade

em que a instituição de ensino se encontra, por exemplo, alguns discentes

podem possuir computadores de fácil acesso em casa e assim produzir o

trabalho com maior facilidade, outros podem precisar ficar na escola e produzir

nas maquinas disponibilizadas pela mesma, entre outros casos. Com um prazo

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de entrega mais abrangente, há maior possibilidade de todos os grupos

entregarem o produto final.

Pode-se dizer então que a atividade proposta neste trabalho estaria

relacionada a abordagem cognitivista de Mizukami (1986), a qual traz a

investigação e a resolução de problemas como principal ferramenta na

construção de conhecimento e é de responsabilidade do professor propiciar

estas situações problema. No entanto, dentro da descrição da atividade, os

responsáveis por trazer as situações problema a serem analisadas seriam os

próprios alunos, isso difere do pensamento trazido pela abordagem de bases

piagetianas. Essa ideia estaria mais próxima da abordagem sociocultural, a qual

utiliza aspectos sociais, políticos e culturais para construir conhecimento. Sendo

assim, a prática do educando buscar um artigo que lhe interesse para ser

analisado, reforça o fato que este artigo possivelmente estará dentro de uma

realidade, ou uma vivência, próxima a sua própria.

Nas outras abordagens, tradicional, comportamentalista e humanista,

descritas por Mizukami (1986), o professor não se mostra presente ou possui

uma presença mínima no processo de ensino e de aprendizagem, este não é o

objetivo deste trabalho. Está atividade exige a presença do professor para

orientar os grupos sobre o viés da solução escolhida e apontar possíveis erros

conceituais, direcionando-os a um caminho mais realista, afinal um dos critérios

que será avaliado nas soluções propostas pelos grupos será a viabilidade da

intervenção. O professor é, segundo Mauri (2006) um participante ativo da

aprendizagem fornecendo questionamentos que estimulam os alunos a ir além

do que foi visto em sala de aula. Sendo assim, outra característica presente tanto

na abordagem sociocultural, quanto na cognitivista (MIZUKAMI, 1986), estaria

marcando presença no desenvolvimento deste trabalho, a presença do

professor.

Um método que foi pensado neste contexto foi a realização do relato prévio

algumas semanas antes da entrega ao professor. A mediação, como diz Rosa

(2003), é a maneira que se incentiva e permite a construção de novos

conhecimentos pelo aluno, sendo assim, essencial no processo de

aprendizagem.

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Mesmo sendo uma atividade que apresenta características voltadas para tais

abordagens e metodologias de ensino que fogem do tradicional, nada garante

que está atividade não possa ser aplicada por um professor que se utiliza do

modelo tradicional de ensino discutido por Mizukami (1986) e Becker (1994), se

isso acontecer, é esperado que ela seja aplicada da maneira como foi aqui

descrita, mas caso não seja, seria interessante realizar uma análise de como

determinado (a) professor (a) se apossou destes dados e os adaptou a seus

métodos de ensino.

Zabala (1998) divide a aprendizagem de conteúdos em 3 tipos, os

conceituais, procedimentais e atitudinais. Este último é considerado um conjunto

de conteúdos que age na postura do aluno e o leva a tomar atitudes e a formar

valores sobre determinado assunto. Seu aprendizado implica na interiorização

de uma teoria e a criação de critérios morais para avaliar tal conteúdo e tomar

uma posição positiva ou negativa frente a ele. Dos três, ele é considerado o mais

complexo de ser ensinado segundo Pozo e Crespo (2009).

Sendo uma atividade que leva o aluno a realizar análises críticas em relação

a problemas da atualidade, pode-se dizer que há atitudes e valores envolvidos

no aprendizado fornecido. O conhecimento contemplado sobre impactos

ambientais provocados pelo homem nos ecossistemas brasileiros traz uma

carga de sensibilização já que é um problema que afeta principalmente fauna e

flora naturais, porém afeta a nós também, já que dependemos de serviços

ecossistêmicos como predadores, decompositores, polinizadores, entre outros

(RICKLEFS, 2010; VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015).

Entretanto, um detalhe nessa história seria que, segundo a classificação de

sistemas educacionais de Marandino (2008), a aprendizagem de valores e

atitudes está mais relacionada a educação informal, e não é comum observar

esse tipo de educação em instituições de ensino. Muitas se encaixam em um

sistema competitivo e excludente que faz seus alunos competirem por notas

altas em um sistema de mercadoria, se o estudante decorar todos os conceitos

e expressa-los em uma avaliação teórica, ele será recompensado com uma nota

alta. Tudo isso caracteriza um sistema hierarquizado de ensino que forma

pessoas para o que o capitalismo quer que eles sejam, sem a menor

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preocupação com os valores e as atitudes, somente os conceitos (FREITAS,

2003).

Por conta desta mentalidade competitiva e exclusiva, instituída dentro de um

contexto histórico de décadas atrás, muitos pensam que o sistema escolar é

falho. A escola deveria ser o lugar que fornece aos seus alunos saberes e

conhecimentos para constituir uma sociedade diferente com novos pensamentos

(FREITAS, 2003). Esta atividade procura aproximar os discentes da realidade

que existe hoje frente a uma nova era ecológica como a descrita por Psihoyos

(2015), na qual vivencia-se grande extinções como a milhões de anos atrás.

Claramente este trabalho não irá mudar uma concepção sobre ensino e

aprendizagem que foi construída a décadas, em poucas aulas, mas poderá

trazer para os alunos algo próximo da realidade e que os sensibilizem a iniciar

uma mudança dentro do cenário ecológico atual.

Freitas (2003) também destaca que, com um sistema escolar destes, a

distância entre a escola e vida se torna discrepante, sendo que o que deveria

ocorrer é o contrário disso. Ao falar deste distanciamento, pode-se dizer que há

um afastamento da vida natural também. A escola se foca tanto nos conceitos,

que, muitas vezes, não leva em consideração as atitudes. Neste momento,

centenas de espécies animais e vegetais correm risco de extinção por conta da

intervenção humana desbalanceada dos ecossistemas naturais (PSIHOYOS,

2015).

Esta atividade procura se voltar para o ensino de atitudes que abordem a

sustentabilidade como um dos temas principais a serem discutidos. Tendo um

caráter mais afastado deste sistema hierarquizado de ensino, a proposta deste

trabalho pretende também remodelar sistemas de valores, o que segundo

Fonseca (2007), é necessário para levar a ideia de conservação à população.

Segundo Psihoyos (2015), a conscientização ambiental não é somente de

cunho governamental com decisões políticas e afins envolvidos. Ela se trata

também de hábitos diários que todos podem aderir. Este é um dos objetivos da

atividade proposta, trazer o hábito de reflexão no aluno de ensino básico para

que este reflita sobre suas práticas do dia-a-dia e como elas podem estar

afetando ambientes tanto perto quanto distantes dele, além de leva-los a

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perceber como isso os afeta também como doenças, gastos, custos, entre outros

aspetos do dia-a-dia.

Promover uma discussão por parte de pessoas que integram a sociedade e

atuam de forma ativa nela, potencialmente, pode trazer uma maior preocupação

com este ambiente do qual há grande dependência, já que todos exigem alguns

hectares para levar seus respectivos estilos de vida e contribuem na pegada

ecológica (CIDIN; SILVA, 2004). Este é o objetivo principal desta atividade,

propiciar um ambiente para que haja a construção de conhecimentos ligados a

valores e atitudes que o levem a se sensibilizar com a conservação do meio

ambiente, dentro de uma problemática atual, especialmente em relação ao

brasileiro (BRASIL, 2017a).

Como relatado pelo ICMBio (2014), há 1.173 táxons sob algum tipo de

ameaça no Brasil, sendo que os principais motivos para que isso esteja

acontecendo estão relacionados a degradação e perda de seus habitats por

conta da expansão agrícola e urbana. O aparecimento e a extinção de uma

espécie são processos, naturalmente lentos por natureza, podendo levar milhões

de anos para acontecer. Acelerar o processo de extinção de uma, retirando-a do

seu ambiente pode causar um verdadeiro desequilíbrio ecológico (BRASIL,

2017).

Estas espécies estão em risco de extinção por conta da intervenção humana

nos diferentes biomas que habitam. O bioma Amazônia se vê ameaçado pelo

contínuo desmatamento para implantação de novas áreas de plantio e pasto

para pecuária, além da extração seletiva de madeira (RIVEIRO et al. 2009), o

cerrado sofre com o aumento da produção de grãos e carne para exportação

(BRASIL, 2017c) e a mata atlântica já vem sendo degradada há anos para

expansão urbana, deixando apenas cerca de 22% de sua cobertura vegetal

original remanescente (BRASIL, 2008). Além do que foi aqui mencionado,

podem haver vários outros tipos de impacto que estão sendo causados nos

outros biomas como os pampas, o pantanal e a caatinga, que estão resultando

na perda do habitat de diversas espécies e levando-as cada vez mais próximas

da extinção.

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Dentro da comanda do relatório final, foi pedido que os grupos destaquem

qual o bioma brasileiro e qual a biodiversidade afetada dentro do artigo, isso

realça a importância do foco depositado na realidade brasileira nesta atividade.

Outro fato que destaca isso é o de os alunos poderem escolher os artigos,

segundo Andrade e Campos (2007), se esta atividade fosse articulada em cima

dos métodos do PBL, os artigos deveriam ser escolhidos pelo educador,

impondo um caráter mais determinado a dinâmica deste exercício, porém, na

metodologia da problematização ocorre o contrário, os problemas são trazidos

pelos próprios alunos segundo Vieira e Panúncio-Pinto (2015), sendo há um

interesse do educando em pesquisar sobre tal fenômeno. Isso pode aproximá-lo

cada ainda mais de sua realidade.

Após a aplicação desta atividade, espera-se que os alunos tenham

aprofundado seus conhecimentos em ecologia a partir de sua aplicação na

resolução de uma problemática atual e que tenha ocorrido o desenvolvimento,

ou pelo menos o princípio dele, do hábito reflexivo, que são objetivos da

metodologia da problematização e dos estudos de caso, além de auxiliar no

desenvolvimento de diversas estruturas mentais, desde habilidades de

observação e comparação de dados até sua interpretação e tomada de decisões

(ANASTASIOU; ALVES, 2009; VIEIRA; PANÚNCIO-PINTO, 2015).

Geralmente, quando um problema é identificado em alguma situação,

significa que há algo não está certo. Resolve-lo implica com habilidades de

interpretação e análise que são desenvolvidos ao longo do processo, o educando

se torna o desenvolvedor de seus conhecimentos (CARVALHO, 2013).

Atualmente, está sendo vivenciado um grande problema, que está levando

diversas formas de vida a extinção por conta de uma relação mal construída

entre ser humano e meio natural. Como seres altamente dependentes deste

meio, é muito importante ter uma relação mais sustentável possível com ele e

diminuir ao máximo a imperatividade das suas ações (AMABIS; MARTHO,

2005b). No caso do Brasil, se isso persistir sem que seja encontrada uma

solução, o que Psihoyos (2015) menciona pode vir a acontecer, com alta gama

de espécies diferentes, podemos vir a não conhecer todas pois as extinguimos

antes disso.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal objetivo deste trabalho era apresentar uma proposta que tinha por

base a teoria da metodologia da problematização e que utiliza como fonte para

casos a serem estudados e investigados, os artigos jornalísticos. Sendo assim,

é uma atividade com uma carga significativa de conteúdos procedimentais e

atitudinais a serem aprendidos.

Além de procurar exercitar habilidades de observação, questionamento,

interpretação de textos, tomada de decisões, entre outras, espera-se também

que o aluno se sensibilize com a atual situação ecológica que o país se encontra,

principalmente em relação ao que ser humano pode fazer para alterar o ambiente

ao seu redor e, assim, afetar os ecossistemas naturais de maneira a causar

desequilíbrios extinguindo espécies, tanto animais quanto vegetais. Portanto,

procura-se levar ao aluno a importância da conservação ambiental, com seu foco

na biodiversidade nacional.

Mesmo estando dentro de um pensamento mais voltado a epistemologia

interacionista, acredita-se que esta atividade possa ser utilizada em abordagens

diversas, mesmo empíricas como a abordagem tradicional, porém com algumas

mudanças devido às diferentes metodologias de ensino presentes em cada uma.

É proposto um exercício tanto de argumentação, quanto de formação de opinião

a partir da discussão em grupo sobre um problema, e trabalha a ideia do aluno

ser o protagonista em seu aprendizado, já que ele terá suas conclusões em cima

de um trabalho feito inteiramente por ele.

Além disso, é claro o fato de que, com esta proposta, o sistema competitivo

e excludente no qual a escola se encontra atualmente não será repensado ou

substituído, mas com ela procura-se ao menos aproximar mais o aluno de sua

vivência cotidiana e leva-lo a criar um sentimento de empatia com o mundo em

que vive, instigando-o a buscar maneiras de como ajudar a tornar nossa

sociedade sustentável ambientalmente, socialmente e economicamente.

Em vista de todos os aspectos levantados, são esperadas futuras aplicações

desta atividade já que o material usado é de fácil acesso e ela não possui um

longo tempo de duração.

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FOLHA FINAL DE CIÊNCIA

Eu, professor (a) Paola Lupianhes Dall’Occo, estou ciente do conteúdo do

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pelo aluno (a) Lucas Nobrega

Delcistia com o Título Metodologia da problematização em estudos de caso

sobre impactos antrópicos nos ecossistemas nacionais: reflexões na sala

de aula a ser defendido em sessão pública como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie.

_________________________________________________

Lucas Nobrega Delcistia

(Aluno – Código de matrícula: 3152585-7)

_________________________________________________

Paola Lupianhes Dall’Occo

(Orientadora – Universidade Presbiteriana Mackenzie)

São Paulo, 22 de novembro de 2017.