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Cabo de Santo Agostinho/PE. 2015
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM TEORIA E PRÁTICA DOS CONSELHOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – SER CONSELHEIRO
ADEILDA SOARES SILVA DURVAL
CARINA XAVIER DA SILVA JANE FERREIRA
MARCONIEL DUARTE
Conselheiro
Cabo de Santo Agostinho/PE.
2014
ADEILDA SOARES SILVA DURVAL
CARINA XAVIER DA SILVA JANE FERREIRA
MARCONIEL DUARTE
Projeto de intervenção apresentado como requisito parcial de
conclusão de curso de Aperfeiçoamento em Teoria e Prática dos
Conselhos da Infância – Ser Conselheiro.
Prof. Orientador: Roberto Machado
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
PROJETO DE INTERVENÇÃO:
CICLO DE PALESTRAS: CONSELHO TUTELAR, EDUCANDO PARA A CIDADANIA.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................3
2. JUSTIFICATIVA............................................................................................5
3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................8
4. RESULTADOS: CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................20
5. BIBLIOGRAFIA...........................................................................................21
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INTRODUÇÃO
Este projeto de Intervenção vem de encontro à problemática
vivenciada no cotidiano dos Conselheiros Tutelares do Cabo de Santo Agostinho/PE
(CENTRO), enquanto Conselheiros atuantes em sua regional e conhecedores da
dificuldade vivenciada pelas Escolas da Rede Municipal de Ensino, em divulgar
corretamente aos seus alunos/as e professores, o papel do Conselho Tutelar, bem
como divulgar os direitos e deveres estabelecidos no ECA - Estatuto da Criança e do
Adolescente, para que dessa forma, possa ser garantido a proteção social a criança
e adolescente, conforme preconiza o ECA em todos os seus artigos.
De acordo com o Art.131 do Capitulo I do ECA – Estatuto da Criança
e do Adolescente, Lei 8.069/90,que afirma:
“O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
não jurisdicional encarregado pela sociedade de zelar
pelo cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente, definidos nesta lei.”
Por entendermos que toda criança e adolescente são sujeitos de
direitos, não podemos aceitar que em pleno século XXI, no ano que o ECA completa
seus 24 anos, os gestores/as e ou dirigentes escolares, continuem usando o
Conselho Tutelar, como instrumento de repressão à crianças e adolescentes,
principalmente usando a figura do Conselheiro, como se este fosse um verdadeiro
“monstro” para fazer terror contra seu alunos/as. Temos ainda como proposito
desmitificar que o Conselheiro Tutelar é um bicho papão, ou que ele é um órgão
repressor, é importante esclarecer, que ele foi criado para “proteger” e “zelar” por
direitos, mas que, se for preciso, ele também pode punir.
Pretendemos ainda estimular a leitura sistemática do Estatuto, para
que crianças e adolescentes entendam sua importância, como defesa e garantia de
seus direitos, tendo no Conselho Tutelar e no Estatuto, fortes aliados, que lutam em
sua defesa e não o contrário.
Através dos tempos, de geração a geração, a família sempre foi tida
como elemento fundamental da sociedade, considerada a célula mater da
sociedade. Em razão disso, a dignidade da família esteve sempre em pauta nos
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desafios das políticas sociais.
Atualmente, no que se refere à questão da criança e do adolescente,
nota-se que a família é elemento essencial para o seu efetivo desenvolvimento
social. Verifica-se que a situação da criança e do adolescente no Brasil em especial
na Região Nordeste, é de vulnerabilidade em razão de complexas situações
familiares, ocasionadas por uma serie de determinantes sociais que formam a
Questão Social.
A Questão Social se evidencia nas desigualdades sociais e assume
diferentes expressões. Entre estas salienta-se a dependência química de crianças e
adolescentes.A dependência química seja pelo uso de drogas ilícitas,cigarro ou
álcool desencadeia outras problemáticas que prejudicam a saúde física e social
destes sujeitos sociais,sujeitos de direitos conforme o Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Este trabalho foi idealizado para ser desenvolvido nas Escolas da
Rede Municipal de Ensino, da cidade do Cabo de Santo Agostinho, com os
alunos/as do ensino fundamental I e II nos horários da manhã e da tarde durante o
ano letivo de 2014.2.(turmas mixtas).
JUSTIFICATIVA
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A cidade do Cabo de Santo Agostinho é
um município brasileiro do estado de Pernambuco, e se encontra situado no litoral
sul do Estado. Pertence à Mesorregião Metropolitana do Recife, sendo um dos
integrantes da Região Metropolitana do Recife. Na atualidade concentra um dos
maiores pólos industriais do Estado de Pernambuco, o Complexo Industrial de
Suape. O município é um importante pólo turístico do estado, sendo suas praias
nacionalmente conhecidas.
De acordo com a contagem do Censo do ano de 2012, feito
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o município tem 189.222
habitantes, estando 167.783 na zona urbana e 17.242 na zona rural. Sendo o sétimo
(7°) maior do estado, o quinto maior da Região Metropolitana do Recife e o maior
da Microrregião de Suape. Tem uma densidade demográfica de 414,32 hab/km². Já
a estimativa para o ano de 2013, apontava uma população de 196.152 habitantes.
Outros Dados:
População estudantil Municipal 33.118 (Fonte IBGE 2009)
VIOLÊNCIA LETAL NA CIDADE EM 2011 (159)
Criança menor de 12 anos (0,63) 01 Morte
Adolescentes de 13 a 17 anos (7,55) 12 Mortes
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) médio entre
as escolas públicas do Cabo de Santo Agostinho era de 3,7 (na 5º ano) e de 3,1 (no
8°ano). Sendo a nota 4,0 (5º ano) e nota 3,1 (8º ano) nas escolas estaduais, nota 3,7
(5º ano) e nota 3,0 (8º ano) nas escolas municipais. Estando abaixo da média
estadual na educação pública, que é de 3,9 (5º ano) e 3,2 (8º ano). O valor do Índice
de Desenvolvimento Humano para a educação é de 0,609, considerado médio pelo
PNUD, o valor é maior que a média estadual que é de apenas 0,547.
Os casos de violência praticados contra crianças e adolescentes
triplicaram nos últimos dois anos, e o município está em 3º colocado em casos de
abuso e exploração sexual infanto juvenil.
Pelo município estar também há quatro anos sem juíza titular na Vara
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da Infância, a demanda de Atendimentos dos Conselhos Tutelares aumentou
consideravelmente, pois os casos vão e voltam pela falta de apoio da rede de
serviços, que tem se mostrado fragilizada e ineficiente para atender as demandas.
Os casos que chegam através do disk 100 aos Conselhos Tutelares,
tem aumentado consideravelmente a cada dia, e em muitos deles a denuncia não
caberia ao Conselho Tutelar e sim a outros serviços, o que também nos desgasta
pelo tempo gasto na triagem dos casos.
As demandas espontâneas de denuncias em todos os Conselhos
Tutelares da cidade se apresentam de forma crescente.
Através de pesquisa no banco de dados dos Conselhos Tutelares da
cidade, nos deparamos com a necessidade de desenvolver um projeto voltado para
divulgação das atribuições do Conselho Tutelar, bem como da importância da
divulgação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente devido ao grande
número de escolas que nos solicitam, para resolver situações adversas, que não
condizem com as reais atribuições do Conselho Tutelar, conforme afirma o ECA em
seu Art.136 – Das Atribuições do Conselho Tutelar a saber:
I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts.
98 e 105, aplicando as medidas previstas no art.101, I a VII;
II – atender e aconselhar os pais ou responsáveis, aplicando as
medidas previstas no art.129, I a VII;
III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) Representar junto á autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV – encaminhar ao M.P noticia de fato que constitua infração
administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V – encaminhar á autoridade judiciaria os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciaria dentre
as previstas no art.101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII – expedir notificações;
VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças ou
adolescentes, quando necessário;
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IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta
orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente;
X – representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos
direitos previstos no art.220,§ 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI – representar ao M.P para efeito das ações de perda ou suspensão do
poder familiar, depois de esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou
do adolescente junto a família natural.
Paragrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender
necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao
Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento
e as providencias tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da
família.
Por falta do conhecimento das reais atribuições do Conselheiro
Tutelar, os/as dirigentes escolares, professores, pais, mães e ou responsáveis,
dentre outros, nos ligam a todo o momento, querendo que o Conselho Tutelar
intervenha em brigas de alunos, porque os alunos não querem entrar em sala de
aula, porque estão rebeldes, porque não obedecem, são chamados tão absurdos,
que até parece que o Conselheiro Tutelar é “bom bril”“ e tem mil e uma utilidades,
tendo uma formula para resolver todos os problemas.
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REFERENCIAL TEÓRICO
A Evolução da Proteção Social no Brasil voltado à Criança e ao Adolescente
(Do Código de Menores a Promulgação do ECA).
Para entender a trajetória dos direitos de crianças e adolescentes
no Brasil, torna-se necessário compreender os contextos históricos, políticos e
culturais de cada época, analisando as correlações de forças presentes e seus
impactos na sociedade, e particularmente, na situação dos sujeitos em formação.
A mais antiga noção de criança que se tem registro remonta a
Idade Média. Costa (2010) nos diz que a Idade Média “herdou da Idade Antiga”
tradições nada boas para a condição de criança. No Império Romano, por exemplo,
a criança dependia totalmente do desejo do pai, que poderia criá-la,ou rejeita-
a,podendo neste caso,o seu destino ser a morte.
Na idade Moderna se constitui um novo conceito de criança:
ingênua, frágil, a ser cuidado um “bibelô”. Entre os séculos XVI para o XVII atribui-se
á infância um novo conceito vinculado a fragilidade do ser humano. Podemos notar a
partir dos quadros retratados naquela época,os escultores retratavam as crianças
pela sua graça,beleza e crença na pureza infantil.
No Brasil, o período colonial foi marcado por uma estrutura econômica
de exploração das riquezas locais, que utilizava a mão de obra escravocrata
indígena, e posteriormente à africana. Nessa época, o cuidado com as crianças
indígenas era realizado através de padres jesuítas que, pelas suas tradições
religiosas e culturais, as batizavas sob a égide cristã da época e as educavas com o
escopo de introduzi-las no trabalho escravo. Muitas dessas crianças eram afastadas
de suas tribos.
Segundo Nunes (2007, p. 77-8), as crianças escravas viviam com
suas mães até os cinco ou seis anos, quando passavam a serem objetos de uso e
abuso das crianças brancas, utilizadas como se fosse um brinquedo, “saco de
pancadas” ou até mesmo como animais de estimação das sinhás. A estas cabiam,
também, os afazeres domésticos até serem incorporadas ao trabalho nos engenhos.
Após a independência do Brasil em 1822, momento marcado pela
ascensão da burguesia industrial, a questão da atenção à infância e adolescência se
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fundou no cumprimento da ordem pública, na perspectiva do controle e repressão do
Estado frente à situação de abandono e pobreza da população.
É neste cenário que, segundo Coimbra apud Nunes (2007),
começa a se consolidar a associação entre pobreza e criminalidade, isto é, a
construção do mito das classes perigosas, sob o parâmetro da absorção do
movimento higienista no Brasil, o qual considerava pelo viés da medicina, a
absolvição de hábitos de higiene como recurso principal para o desenvolvimento,
carregado da perspectiva moralista, individualista e controladora das classes
populares, desconsiderando todas as contradições históricas inerentes à sociedade.
O Código de Menores de 1927, redigido por Mello Mattos, estabelecia
ao mesmo tempo “a questão dos cuidados com a higiene de crianças e a vigilância
pública ao menor, galgando ao Juiz de Menores a suspensão do Pátrio Poder e
ações destinadas aos abandonados, delinquentes” ou possíveis candidatos a sê-lo e
era caracterizado por sua prática intervencionista e assistencialista, pelo poder
arbitrário do juiz e por considerar os “menores” como objetos e não como sujeitos de
proteção.
Adotava-se, então, a doutrina da situação irregular. A carência
financeira, por si só, era tida como uma “situação irregular” e, em razão disto,
crianças e adolescentes que estivessem nestas condições eram tratados como
objetos passíveis de tutela do Estado.
Para o Código de Menores, a institucionalização de crianças e
adolescentes podia ser implementada sem qualquer vinculação com as eventuais
causas geradoras das situações de abandono. Nesse cenário, o “juiz de menores”
entendendo ser o detentor do poder e da verdade inquestionáveis, encaminhava os
“menores em situação irregular” para “instâncias de tratamento”, com o objetivo de
reeducar os filhos de famílias desajustadas e desqualificadas (pelo próprio Estado).
Pertenciam a esta categoria, por exemplo, as famílias carentes, notadamente de
recursos materiais, consideradas geradoras de menores em situação irregular.
A filosofia construída pelo sistema assistencialista de proteção de
então, permitia que a condição de pobreza enquadrasse unidades familiares no raio
da ação da Justiça e da assistência. Sob o argumento de “prender para proteger”,
confinavam-se crianças e adolescentes em grandes instituições totais sem qualquer
consideração dos vínculos familiares existentes.
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“As representações negativas sobre as famílias cujos filhos
formavam a clientela da assistência social nasceram junto com a
construção da assistência no Brasil. À ideia de proteção à
Infância era, antes de tudo, proteção contra a família. (...) foi,
sobretudo na década de 1920, que as famílias das classes
populares se tornaram alvo de estudos e formulação de teorias a
respeito da incapacidade de seus membros em educar e
disciplinar os filhos” (RIZZINI, 2004:39)
Essas representações negativas sobre as famílias, cujos filhos
formavam o público da assistência social e demais políticas sociais, tornaram-se
parte estratégica das políticas de atendimento, principalmente da infância e da
juventude, com recorrentes acolhimentos prematuros e desnecessários a crianças e
adolescentes pobres.
No estado de Pernambuco a História relata que no final do século
XVIII crianças eram abandonadas e era possível encontrar seus corpos jogados e
devorados por animais nos becos e ruas da cidade.
Em 1942, no governo de Getúlio Vargas, consolidou-se uma política
assistencialista e repressiva à infância e a adolescência. Foi criado o Serviço de
Assistência ao Menor – SAM, então ligado ao Ministério da Justiça, que era
equivalente ao Sistema Penitenciário para a população menor de idade.
Nessa mesma época, foi criada a Legião Brasileira de Assistência –
LBA – para dar apoio aos combatentes da II Guerra Mundial e às suas famílias
tendo, depois, se estabelecido como instituição de assistência suplementar para a
sociedade civil de modo geral.
No ano de 1964, estabeleceu-se pala Lei nº 4.513 a Política Nacional
de Bem-Estar do Menor – PNBEM – com proposta claramente assistencialista a ser
executada pela Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor – FUNABEM, com o
objetivo de dar caráter nacional à política de bem-estar de crianças e adolescentes
(MARCÍLIO, 1998).
A partir do final da década de 70, segmentos da sociedade brasileira
começam a aderir à luta em prol da garantia de direitos de crianças e adolescentes,
quando começa uma mudança de paradigmas no que tange aos direitos da criança
e do adolescente, no cenário nacional. Considerando-os sujeitos de sua história,
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apontavam-se a perversidade e a ineficiência da prática de confinamento de
crianças e adolescentes em instituições.
A década de 1980 foi caracterizada pelo início da abertura
democrática e, em 1986,foi criada a Comissão Nacional Criança e Constituinte. A
FUNABEM sai da Previdência Social e passa para o Ministério do Interior,
responsável pela área social e de desenvolvimento.
Em 1988, a nova Constituição Federal chamada “Cidadã”, contempla
a proteção integral a crianças e adolescentes em seus artigos 227 e 228, além de
introduzir no aparato legal brasileiro, o conceito de seguridade social, agrupando as
políticas de assistência, previdência social e saúde (BARBETTA, 1993.39).
A partir de então, o reconhecimento de crianças e adolescentes como
pessoas em peculiar estágio de desenvolvimento passa a exigir à proteção integral,
especial e prioritária da família, da sociedade e do Estado, atribuindo-lhes
responsabilidade pela criação e execução de políticas públicas específicas para a
garantia dos direitos fundamentais desses sujeitos de direitos.
Em decorrência da aprovação do ECA, o modelo FUNABEM foi
substituído em 1990, pela Fundação Centro Brasileiro para a infância e a
adolescência – FCBIA, e em 1995, foi transformado, já sob a égide do governo de
Fernando Henrique Cardoso, no Departamento da Criança e Adolescente, vinculado
ao Ministério da Justiça, passando em 1998 à Secretaria Nacional dos Direitos
Humanos, que no ano seguinte recebe status de ministério.
Em 2003, já na gestão do ex-presidente Lula, surge a Secretaria de
Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, vinculada à Secretaria Especial
dos Direitos Humanos da Presidência da República.
A Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente vieram dar um novo rumo à história da Infância a partir de um projeto
político criando uma rede de promoção, proteção e de defesa, em busca da efetiva
garantia dos direitos, para todas as crianças de nosso Brasil. Contudo, entendemos
que estes direitos continuam sendo ameaçados, violados por quem de fato deveriam
protegê-lo: A família, sociedade e o Estado.
O ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Art.4º relata que:
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“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, á
liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
É Importante notar neste processo, a passagem da área da infância e
da juventude. Com mudanças de configurações de todas as políticas direcionadas a
essa população para se adequar ou formular ao que dispõe o ECA, incidindo
diretamente na concepção de responsabilidade para a família, para a sociedade e
para o Estado Brasileiro nos últimos anos, assegurando as garantias ali previstas,
sendo uma delas, a convivência familiar e comunitária. Neste contexto, destaca-se
como uma conquista de garantia de Direitos, a elaboração e publicação do Plano
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito à Convivência Familiar e
Comunitária. Vale ressaltar que ainda há muito por fazer para efetivação deste
O Conselho Tutelar De acordo com o ECA em seu Art. 131.
“O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos
nesta Lei”.
Ele foi criado com o Estatuto da Criança e do Adolescente (em 1990)
e é um dos órgãos que compõem o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Adolescente. É responsabilidade das prefeituras e criação a manutenção de pelo
menos um Conselho Tutelar em cada município brasileiro. Cinco conselheiros
escolhidos pela comunidade formam o Conselho.
O Conselho Tutelar tem a função de tomar providências em casos de
ameaças ou violação dos direitos da criança e do adolescente. Ao ser informado de
um caso, o Conselho Tutelar deve atuar para garantir que a transgressão do direito
não aconteça ou que o direito seja restaurado, caso a violação já tenha acontecido.
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Como o Conselho Tutelar deve atuar?
O Conselho Tutelar não trabalha sozinho, ele atua dentro de uma rede,
o chamado Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. O
Conselho Tutelar deve ter à sua disposição serviços públicos que possam efetuar as
avaliações necessárias e executar as medidas aplicadas. Sem uma rede de serviços
e programas, o Conselho Tutelar pode fazer pouco por uma criança ou adolescente
em situação de risco.
O Conselho não deve apenas aguardar a chegada das denúncias. Deve
ser atuante e ter uma preocupação preventiva, aplicando medidas e efetuando
encaminhamentos diante da simples ameaça de violação dos direitos de uma
criança ou de um adolescente.
Sempre que estiver presente notícia de fato que constitua infração
administrativa ou penal sobre os direitos da criança ou do adolescente (Art. 136,
inciso IV, do ECA), bem como se mostrar necessário o ajuizamento de ações de
suspensão ou destituição do poder familiar (Art. 136, inciso XI, do ECA),
independente das medidas de proteção ou aplicáveis aos pais (Art.101 e 129 do
ECA), o Conselho Tutelar encaminhará ou representará ao Promotor de Justiça.
De posse das informações, o Ministério Público avaliará a
necessidade do ajuizamento da ação de suspensão ou destituição do poder familiar,
assim como a adoção das medidas legais cabíveis. Ao propor a ação, no âmbito
cível ou mesmo criminal, o Ministério Público aciona o sistema de Justiça, dando
início a uma nova fase na vida da criança ou do adolescente e de seus pais.
A atuação do Conselheiro tutelar é fundamental para romper com a
impunidade existente em muitas das situações de violência contra crianças e
adolescentes. A necessária prontidão à solicitação é o primeiro passo um bom
atendimento.
Muitas vezes apenas a visita do Conselheiro tutelar a residência da
criança ou do adolescente que possa estar sendo vitima de violência acaba por
gerar o efeito inibitório em adultos (inclusive da vizinhança),que não estavam
respeitando seus direitos.Isso porque,culturalmente,ainda há resquícios das antigas
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legislações que não estabeleciam punições para o espancamento físico ou outras
formas de violência contra crianças.
É importante que o Conselheiro tutelar seja muito cuidadoso na
abordagem á crianças e adolescentes supostamente vitimas de violência, e os
educadores podem ajudá-los muito nessa tarefa, pois possivelmente já enfrentaram
muitas situações similares em seu trabalho educativo.
Questões como o linguajar adequado a cada faixa etária ou inibição
ante uma autoridade desconhecida podem se constituir em variáveis muito
determinantes para a obtenção de informações imprescindíveis á apuração dos
fatos, É exatamente nessas situações que se faz importante a atuação “em rede”,
conforme mencionado ao longo desta pesquisa.Uma das principais ideias do
trabalho em rede é a noção de complementaridade.
OBJETIVOS:
GERAL: Divulgar e ampliar o conhecimento sobre o Conselho Tutelar e suas
atribuições, para crianças e adolescentes nas Escolas da Rede Municipal de
Ensino (Fundamental I e II de Gaibu, Centro e Ponte dos Carvalhos) da
cidade do Cabo de Santo Agostinho em PE.
ESPECIFICOS:
Estimular a leitura sistemática do ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente;
Realizar palestras educativas e informativas nas escolas municipais;
Esclarecer o papel do Conselho Tutelar a alunos e educadores.
ATIVIDADES a serem desenvolvidas:
Palestras a serem realizadas nas Escolas da Rede Municipal de Ensino, sendo
que todos os Conselheiros estão responsáveis por todas as ações a serem
desenvolvidas.
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Reuniões com gestores nas escolas;
Elaboração de convites e entrega;
Divulgação nas rádios comunitárias locais;
Divulgação nas Redes Sociais.
ESCOLAS:
1 ) Escola Modelo: Professor Antônio Benedito da Rocha, Garapu
Telefone: (81) 3521-3986
Direção: Ladjane Freire e Luciene Zacarias de Amorim
Palestra: 09 às 12h (02/12/2014) - Terça - Feira
Local: Auditório, (existe disponível o serviço necessário para apresentar vídeos).
2) Escola Municipal Dr. Paulo Amorim Salgado, Centro
Direção: Ana Flavia e Ingrid Fabiola
Telefones: (81) 3521-6684
Palestra: Sala de aula.
Hora/Data: 09 às 12h (05/12/2014), Sexta - Feira.
3) Escola Municipal Monteiro Lobato, Vila da COHAB
Direção: Sandra Maria de Souza
Telefones: (81) 3524-9198
Palestra: Sala de aula
Hora/Data: 14h ás 17h (08/12/2014).
4) Escola Municipal Jason Brandão
Direção: Tania e Elson
Telefones: (81) 3524-9196
Palestra: Sala de aula
Hora/Data: 9h ás 12h (11/12/14)
METAS: Atender 90% dos alunos e professores das escolas onde as palestras vão
ser ministradas até dezembro de 2014.
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METODOLOGIA
A metodologia para realização do Ciclo de palestras foi planejada em
reuniões na sede do Conselho Tutelar, com a participação da equipe de
Conselheiros participantes do Curso SER CONSELHEIRO, e ficou decido a
realização de visitas nas escolas para apresentação do Projeto de Intervenção:
Ciclo de Palestras: Conselho Tutelar, Educando para a Cidadania e realizar o
agendamento das datas nas escolas, para as palestras a serem proferidas, com o
tempo proposto estimado em 3 horas. As escolas foram selecionadas a partir do
banco de dados existentes no Conselho Tutelar, com base no número de denuncias
e solicitações feitas por cada dirigente escolar, compreendidas, no período do ano
de 2013/2014.
Quatro escolas foram selecionadas para fazer parte do projeto piloto, e no
ano de 2015, mais quatro escolas serão comtempladas.
Inicialmente será feita uma dinâmica de quebra gelo com a apresentação
dos Conselheiros, alunos/professores e participantes, em seguida haverá a
apresentação de um vídeo de forma dialogada pelos Conselheiros Tutelares,
focando nos principais pontos: O que é o ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei 8.069/90), o que é Conselho Tutelar, quem é o Conselheiro Tutelar e o que ele
faz, direitos x deveres preconizados no ECA e onde procurar ajuda em casos de
violações de direitos. Teremos abertura para perguntas e respostas, com direito a
replica, com o tempo estimado de 2 minutos para cada pergunta e resposta. Ao final
será aplicado um questionário entre os participantes para avaliar o nível de
motivação ao tema proposto.
As palestras serão administradas por todos componentes da Equipe
(Conselheiros Tutelares) da regional envolvida. O material a ser utilizado será:
Apresentação e leitura do Estatuto, cartazes, vídeo, slides, exposição dialogada,
debate com direito a replica, para melhor interação e que instigue o conhecimento
dos alunos. Esperamos com as palestras poder esclarecer o que de fato são
atribuições do Conselho Tutelar, à importância do seu papel, bem como divulgar o
ECA e está incentivando sua leitura entre os alunos, gestores e demais
participantes.
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ONDE QUEREMOS CHEGAR...
Sensibilizar a sociedade em geral no que corresponde ao atendimento de forma
qualitativa sobre as questões voltadas para crianças e adolescentes do município.
Bem como divulgar o papel e a importância da atuação do Conselho Tutelar.
Cronograma Físico
Atividades previstas
H/a
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Elaboração do plano de Aula
10h/a
X
X
Palestras nas Escolas
20h/a
X
Construção do Relatório
10h/a
X
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AVALIAÇAO
A avaliação do projeto acontecerá durante todo o processo de
desenvolvimento do mesmo, envolvendo reuniões da equipe, construção do relatório
final do Curso e da observação da atuação dos próprios Conselheiros Tutelares. A
participação, envolvimento e a motivação das crianças e adolescentes participantes,
também servirão como parâmetros, para medir o grau de interesse pelo tema
apresentado. Serão ainda considerados como avanços, outras contribuições
apresentadas sobre a temática, durante a realização das palestras.
No final da palestra será distribuído um questionário com as seguintes
perguntas para marcar um x:
1- O que você aprendeu sobre o Conselho Tutelar;
a) Muito
b) Pouco
c) Nada
2 - O que você aprendeu a cerca das atribuições do Conselho Tutelar;
a) Muito
b) Pouco
c) Nada
3 - O que você entendeu sobre deveres e direitos da criança e do
adolescente;
a) Muito
b) Pouco
c) Nada
4- A partir desta palestra, você terá interesse em ler o ECA – Estatuto da Criança e
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do Adolescente?
a) Muito
b) Pouco
c) Nada
RECURSOS
A) Humanos: Conselheiros Tutelares do Cabo de Santo Agostinho/Centro Alunos/as Professores Gestores
B) Material de Consumo:
5.000 mil folders - Doação. 10 resmas de papel, 10 caixas de lápis, hidrocores, 05 caixas de canetas coloridas – Doação. 300 – Exemplares do ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PARCERIAS
CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Secretaria Municipal de Educação do Cabo de Santo Agostinho
Escolas Municipais
Conselhos Tutelares do Cabo de Santo Agostinho
Escola de Conselhos de PE.- UFRPE
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RESULTADOS: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para nós Conselheiros Tutelares do Cabo de Santo
Agostinho/Centro, foi um enorme prazer termos o privilegio de participar do Curso de
Extensão “Aperfeiçoamento em Teoria e Prática dos Conselhos da Criança e do
Adolescente - SER CONSELHEIRO”. Aproveitamos o ensejo para agradecer e
parabenizar á todos que compõe á Escola de Conselhos de PE, pois sem dúvida,
sua atuação é fundamental para capacitar os Conselheiros Tutelares, de todo
Estado de Pernambuco, sempre em prol da luta e da Defesa das crianças e
adolescentes.
Este Curso foi fundamental para adquirirmos novos conhecimentos,
e ao mesmo tempo, poder aprofundar os conhecimentos que já tínhamos, e de
poder estar debatendo com professores altamente qualificados, sempre dispostos
em nos ouvir, esclarecer nossas dúvidas e apaziguar os ânimos mais acirrados.
Á pratica integrativa foi bastante importante por nos proporcionar
colocar em prática, tudo que aprendemos no ambiente do curso de forma teórica,
durante todo o período do curso. O Ciclo de Palestras: Conselho Tutelar,
Educando para a Cidadania, teve uma excelente aceitação tanto pela gestão
escolar, quanto pelos alunos, e já dispomos de uma lista de novas palestras a serem
proferidas durante o ano de 2015, em varias escolas da rede de ensino municipal,
devendo ser incluída, algumas escolas da Rede particular de ensino, a pedidos.
Por fim, reitero o nosso compromisso da luta e da defesa pelos direitos
da criança e do adolescente do nosso estado e de nosso país.
“[...] Todas as ações dos operadores do Sistema de Garantia
de Direitos devem ser legitimamente referendadas, amparadas
nas leis e normativas especificas, construídas a partir da
criação do estatuto da Criança e do Adolescente. O combate
ás mais diferentes violações dos direitos dos nossos meninos e
meninas inicia com o nosso compromisso de se fundamentar,
de estudar, de buscar cotidianamente tomar decisões
baseadas nos princípios éticos e legais [...]”.
Humberto Miranda, 2010.
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REFERÊNCIAS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_de_Santo_Agostinho#Demografia <Acessado em
12/11/14 ás 16:12.>.
BRASIL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI 8.069/90. RIO de
Janeiro: DP e A, 1998.
BRASIL, Presidência da Republica, Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Plano Nacional de
Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária. Brasília, 2006.
BRASIL, Presidência da República, Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília DF, 1988.
CENDHEC. Sistema de Garantia de Direitos: um caminho para a proteção
integral/Centro Dom Hélder Câmara de Estudos e Ação social - CENDHEC:
Recife, 1999.
Dossiê direitos da criança e do adolescente/Humberto da Silva Miranda,
organizador. -Recife: CCS Grafia e editora, 210.194p.
DURVAL, Adeilda Soares. Título da obra. Violência Domestica Contra Criança e
os Direitos á proteção Social. Cabo de Santo Agostinho/PE.UNITINS, 2011.
MIRANDA, Humberto (organizador) Crianças e Adolescentes: do tempo da
assistência a era dos Direitos/, Recife, PE: Lidergraff Gráfica e Editora, 2010.
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