universidade federal do rio grande do norte curso de ... · a educação de jovens e adultos (eja)...

24
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA RELATÓRIO DE PRÁTICA EDUCATIVA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Mirucha Mikelle Nunes de Lima NATAL-RN 2015

Upload: haxuyen

Post on 10-Feb-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

RELATÓRIO DE PRÁTICA EDUCATIVA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS

Mirucha Mikelle Nunes de Lima

NATAL-RN

2015

MIRUCHA MIKELLE NUNES DE LIMA

RELATÓRIO DE PRÁTICA EDUCATIVA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS

Relatório de Práticas Educativas, apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como requisitoà obtenção do título de Licenciada

em Pedagogia.

NATAL-RN

DEZEMBRO DE 2015

MIRUCHA MIKELLE NUNES DE LIMA

RELATÓRIO DE PRÁTICA EDUCATIVA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS

Aprovada em: ___/ 12/ 2015

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________

Orientador: Prof. Dr. Alexandre da Silva Aguiar

_______________________________________

Profa. Dra. Marisa Narcizo Sampaio

__________________________________________

Profa. Ms.Fernanda Mayara Sales de Aquino

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado condições e saúde para chegar até aqui.

Agradeço ao meu amado Ricardo, pelo incentivo e apoio incansáveis.

Agradeço a minha família, especialmente minha mãe e meus sogros, que foram

como anjos, ajudando-me em tantos aspectos que seria impossível mensurar.

Agradeço aos meus amigos mais chegados, assim como meus colegas de curso

pelo companheirismo que tornaram essa jornada mais suave e prazerosa.

Agradeço aos docentes que fizeram parte de toda minha formação. A dedicação

e o trabalho de cada um deles estão presentes nas linhas deste trabalho ainda que

indiretamente. Em especial, agradeço ao professor Alexandre Aguiar, meu orientador,

pela paciência ajuda.

SUMÁRIO

INTRUDUÇÃO.................................................................................................................5

JUSTIFICATIVA..............................................................................................................7

MEMORIAL - EU PROFESSOR.....................................................................................9

SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS....................................................11

EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO......................................................................................14

OBSERVAÇÃO...........................................................................................................14

PLANO DE AULA DA PROFESSORA.....................................................................16

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA...............................................................................17

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA...............................................................................19

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................22

5

INTRODUÇÃO

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade da educação

básica,que abrange os segmentos Fundamental e Médio e tem como público pessoas

que por algum motivo deixaram de frequentar a escola regular e não concluíram seus

estudos na, assim chamada, idade própria.

Apesar de sua institucionalização como modalidade educacional ser recente no

Brasil, sabe-se que inúmeras iniciativas de governos e também de organismos da

sociedade civil se ocuparam ao longo de nossa história recente com educação voltada

para o público jovem e adulto. Destacaríamos aqui as iniciativas postas em marcha a

partir de meados do século passado, quando esta preocupação torna-se parte do projeto

de desenvolvimento nacional ou de projetos que contemplaram a construção de uma

sociedade mais democrática, justa e igualitária e que foram violentamente interrompidos

pelo golpe civil-militar de 1964.

Com o passar dos anos, as complexidades do mundo contemporâneo, aliada às

lutas da sociedade civil em favor do direito à educação para todos, a Educação de

Jovens e Adultos vai ganhando maior institucionalidade, tendo como principal marco

deste processo a Constituição Federal de 1988. Este direito, pela primeira vez expresso

em uma constituição brasileira, é corroborado pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional de 1996, que além de reforçar o direito de todos à educação, trata

ainda das especificidades desta modalidade. De igual importância é o Parecer 11/2000

do CNE que apresenta as Diretrizes Nacionais para Educação de Jovens e Adultos, além

de destacar as funções reparadoras, equalizadoras e qualificadoras desta modalidade

educacional.

A partir daí políticas públicas e organização pedagógica curricular passaram a

compor mais veementemente o ensino de jovens e adultos e a organizá-lo para atender

às necessidades dos alunos.

Porém, o direito em vigor e as mudanças no olhar pedagógico para a EJA não

foram suficientes para resguardar as especificidades dessa modalidade, considerando

principalmente as especificidades e pluralidade de seus sujeitos. Tendo como

consequência resultados insatisfatórios que a modalidade vem produzindo ao longo dos

anos. O cenário das salas de aula mostra que é preciso mudanças para que o ensino

6

chegue até os jovens e adultos com qualidade e, ao mesmo tempo, é necessária uma

transformação no próprio aluno e até mesmo alterações na sociedade, de uma forma

geral, para que se compreenda o sucesso ou fracasso escolar não é uma questão a ser

enfrentada individualmente pelo aluno, mas pelo conjunto da sociedade e os sujeitos

envolvidos.

É notável que não exista um culpado a quem nós devamos colocar toda a

responsabilidade sobre a situação aquém em que se encontra essa modalidade de ensino

atualmente, mas é necessário investigar se é possível mudar nossas práticas educativas

para alcançar resultados melhores e investigar se esses resultados já não são alcançados

por algumas instituições de ensino.

Nesse sentido, então, faz-se necessário pensar sobre esse processo da Educação

de Jovens e Adultos, tendo em vista que não se trata de fenômeno educacional simples,

mas faz parte da nossa realidade e não podemos omiti-lo em nossas discussões.

Com isso, também pretendo trazer para esse relatório, além do diálogo com

algumas referências escritas da temática de Educação de Jovens e Adultos, uma reflexão

dialogada com minhas experiências pessoais como aluna, estudante de pedagogia e

atualmente professora do ensino fundamental na rede particular de ensino.

As informações desse trabalho foram organizadas através de pesquisas, mas

também nasceu de uma observação em campo realizada em uma turma da EJA na

Escola Municipal Maria Francinete Gonçalves Maia. Portanto, nesse relato, apresentarei

aspectos físicos da escola, procedimentos didáticos realizados pela professora atuante na

escola observada, modelos de planos de aula executados por ela, minha intervenção

pedagógica e a reflexão sobre o que foi observado neste relato de prática educativa.

7

JUSTIFICATIVA

Atualmente, o ensino para jovens e adultos representa uma grande conquista

em meio a um cenário de disputas por projetos de sociedade diversos que marcam o

campo educacional no Brasil. Através de uma revolução no pensar sobre o processo

educativo e reivindicações para que o direito à educação alcançasse também os jovens e

adultos que nunca frequentaram a escola ou deixaram de frequentá-la, podemos

enxergar um cenário de mais oportunidades para quem quer aprender.

Até porque não podemos pensar na EJA apenas em seu aspecto de

escolarização, mas como campo permanente de formação de pessoas jovens e adultas.

Apesar do discurso das oportunidades iguais para todos, sabemos que na prática isso

não acontece e é justificado pela multiplicidade cultural e marcantes desigualdades

sociais de nosso país. Ou seja, A garantia de que todas as crianças frequentem a escola e

concluam a educação básica, durante o processo de seu período escolar regular, não

depende de uma oportunidade oferecida por uma instituição governamental, ainda que

esta seja de considerável relevância, mas depende de várias circunstâncias que nem

seria possível enumerar como, por exemplo, questões pessoais enfrentadas pelo próprio

sujeito. Como escreve Marta Kohl de Oliveira:

O tema “educação de pessoas jovens e adultas não nos remete apenas a uma

questão de especificidade etária , mas primordialmente, a uma questão de

especificidade cultural. Assim, apesar do recorte por idade (jovens e adultos

são basicamente, “não crianças”), esse território da educação não diz respeito

a reflexões e ações educativas dirigidas a qualquer jovem ou adulto, mas

delimita um determinado grupo de pessoas...” (Oliveira ,1999,p. 59)

Porém, essa modalidade de ensino tem apresentado resultados inferiores ao

esperado e atualmente é sinônimo de uma educação fracassada. Evasão escolar,

irregularidade na frequência, falta de estímulo ao aprender, ausência de avanço no

processo de ensino aprendizagem, cansaço físico dos alunos e monotonia das aulas.

Além disso, podemos colocar os problemas estruturais enfrentamos por muitas escolas

da rede pública e a falta de empenho e atualização profissional dos educadores.

8

Por isso, este trabalho é fundamental para que se repense as práticas

educativas que envolvem essa modalidade para garantir que esse direito seja vivido de

forma eficaz por aqueles que precisam. Como escreve Carneiro:

“Sabemos que a escola atual precisa estar preparada para receber e formar

estes jovens e adultos que são frutos dessa sociedade injusta, e para isso é

preciso, professores dinâmicos, responsáveis, criativos, que sejam capazes de

inovar e transformar sua sala de aula em um lugaratrativo e estimulador”.

(Carneiro, p. 9)

Não adianta enxergar somente os problemas, precisamos atentar para as

possibilidades de mudança. Compreender que existem escolas que trabalham e

conjuntamente fazem o ensino de Jovens e Adultos ser eficaz e eficiente. Fazendo parte

da minoria dos resultados.

Ainda existem também professores que compreendem a necessidade de se

atualizar e adequar sua prática profissional. Os conteúdos são os da escola regular, mas

não são para crianças ou adolescentes, portanto, não devem ser ministrados da mesma

forma, nem em relação à metodologias, muito menos no que diz respeito a recursos

didáticos. Como explica Oliveira:

“O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de

um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma

história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências,

conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si

mesmo e sobre as outras pessoas.” (Oliveira, 200, p. 3)

Nesse sentido, este trabalho busca trazer a reflexão da necessidade de se romper

com o paradigma de que a EJA é uma modalidade de ensino fracassada. Para que esse

rompimento seja possível, é preciso então compreender as especificidades do ensino

para jovens e adultos, assim como a realidade singular de cada escola e de cada

estudante.

Esse relato também busca trazer uma relação desses conteúdos bibliográficos

com minha própria experiência pessoal e profissional, tomando como ponto de partida a

observação realizada na turma da EJA da Escola Municipal Maria Francinete Gonçalves

Maia.

9

EU PROFESSORA

Eu sempre admirei os meus professores quando criança e adolescente,

principalmente na infância. Carregava comigo um sentimento muito gostoso quando me

lembrava das minhas professoras e era doce chamá-las de tia. Estudei por oito anos na

mesma escola, do maternal à 5ª série do Ensino Fundamental, então guardo com muito

carinho todas as memórias daquele lugar e daquele tempo. As minhas antigas

professoras ainda continuam trabalhando lá. De vez enquanto passo pela escola, pois

continuo morando próximo, e quando falo com as professoras resgato de alguma forma,

aquela admiração da infância.

No meu Ensino Médio, estudei no Instituto Federal de Tecnologia e Educação

do Rio Grande do Norte, fazendo o curso técnico de Turismo junto com a série regular.

Foram anos de muita aprendizagem e esforço e também foi quando estava lá que tive

meu primeiro contato com a sala de aula como professora, aceitando o convite de

ensinar aulas de reforço em um estabelecimento que oferecia esse serviço para alunos

de todas as idades. Eu tinha 16 anos e era a professora de reforço mais jovem. Alguns

dos meus alunos tinham a minha idade e outros eram mais velhos. Passei, inclusive, por

uma experiência curta de ensinar jovens e adultos que ainda não sabiam ler. Na época

eu não conhecia Emília Ferreiro e outros autores, portanto, não foi a melhor das

experiências educativas da minha vida.

Confesso que mesmo com toda vontade parecia um pouco assustador ensinar.

As pessoas sempre olhavam (e ainda olham) com um olhar muito negativo dizendo

coisas do tipo: “Vai ganhar pouco!” “Vai ser sofressor”! “Vai viver estressado!”

“Procura outra vida!” “É a pior profissão que existe!” Ou simplesmente diziam “vixe!”

que na minha língua nordestina é uma interjeição de profunda decepção. Mas eu

gostava. Eram só aulas de reforço, mas eu fazia com tanto gosto. Passei cinco anos com

aulas de reforço. Cinco anos que mostravam quanto é bom ensinar!

Com o passar do tempo chegou o momento de escolher o curso superior. Eu

sabia o que queria, mas existem muitos caminhos para isso. Queira ser professora, mas

de quê? Matemática? Geografia? História? Como gostava muito de ler, fiquei

titubeando para Letras – Português, ainda que com muita dúvida em Letras – Inglês. A

parte da linguística sempre me encantou. Lembro- me que quando criança pegava os

livros dos meus irmãos mais velhos e ficava lendo todos os textos dos livros de

10

Português. A minha brincadeira favorita era “escolinha”. Tudo isso foi crucial na minha

escolha profissional, principalmente porque acredito que professor nasce com a vocação

e aperfeiçoa com os estudos.

Poucos dias antes da inscrição decidi olhar o perfil profissional de cada curso

oferecido pela universidade. E li bem atentamente. Foi então que decidi fazer

Pedagogia. Nunca havia me passado antes esse curso, porque não me considero tão

habilidosa com as crianças, mas ao ler o perfil percebi que é uma carreira muito

abrangente, tem a possibilidade de trabalhar na sala de aula, com a parte da

coordenação, em diversos tipos de empresa. Isso me chamou atenção. Caso eu não

quisesse mais ensinar eu estaria habilitada para tralhar em outro segmento da

Pedagogia. Então eu me inscrevi. Fiz o vestibular em uma sala do campus da

Universidade e passei em 15ª colocação. Entrei na academia no ano de 2011.

Ao chegar na Universidade, todas as melhores expectativas se formaram. O

primeiro semestre das aulas foi o melhor de todos. Tudo era novidade. Por várias vezes

estava na biblioteca revisando os conteúdos, fazendo empréstimos de livros sobre

educação, fazendo os trabalhos com antecedência. Eu continuava com as aulas de

reforço, mas eram apenas três vezes na semana, à noite, durante duas horas. Não

prejudicava, portanto, meu desempenho inicial na universidade.

No semestre seguinte muitas mudanças fizeram com que essa realidade mudasse

completamente. Para amenizar os problemas financeiros decidi fazer um currículo e

deixar nas escolas próximas à minha casa. E para qual escola eu fui? Naquela que havia

estudado por oito anos da minha vida. Mas infelizmente não estavam precisando de

professoras ou estagiárias. No mesmo dia fui à outra escola do bairro e eles me

contrataram. Eu trabalho nessa escola há três anos, partindo para o quarto. Fui

professora do 5º ano durante dois anos e, agora, estou lecionando para o 2° ano.

Quando comecei a trabalhar de verdade o tempo ficou curto para os estudos e o

meu rendimento caiu um pouco, por outro lado, devo admitir que trabalhar na área da

educação no segundo semestre do curso me permitiu ver de perto a teoria na prática e

apesar de sufocante, às vezes, o meu trabalho funcionou como uma espécie de

laboratório educacional onde eu praticava tudo que aprendia, fazendo que eu

aproveitasse mais e aprendesse mais.

11

SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A pesquisa e reflexão referentes à Educação de Jovens e Adultos é bastante

recente, pois até o final dos anos 50, a modalidade de ensino para jovens e adultos

(EJA) em processo de alfabetização não dispunha de referencial teórico próprio. As

metodologias desenvolvidas em sala de aula eram as mesmas que atendiam o ensino

para as crianças da educação regular. A partir do final dos anos de 1950 até meados da

década seguinte, inúmeras iniciativas envolvendo diversos sujeitos vinculados a

partidos políticos, movimentos sociais e igrejas, puseram em marcha importantes

iniciativas voltas para uma educação das bases. É neste contexto que aparece o

pensamento de Paulo Freire como catalisador e grande sistematizador de todas esta

experiência deixando, acima de tudo, um importante legadopara a modalidade de EJA,

na perspectiva de um educação de qualidade para todos, tomando seus sujeitos como

principal foco das ações educativas e o desenvolvimento humano integral como meta

destas ações.

Essa também foi uma das dificuldades encontradas no percurso da modalidade:

valorizar o conhecimento em detrimento à formação tecnicista profissional. Enquanto

jovens e adultos, a necessidade imediata era de um trabalho, uma fonte de renda. A

preocupação com a formação educacional ficava em segundo plano. Assim, as escolas

que ofereciam Educação de Jovens e Adultos preocupavam-se em oferecer um ensino

conteudista, sem significação, voltado para a preparação de uma mão-de-obra barata.

Uma pesquisa feita por Márcia Rodrigues Neves Cerrati esclarece alguns

problemas presentes na Educação de Jovens e Adultos e contribui para o

aprofundamento teórico da pesquisa. Apesar de ser uma pesquisa específica feita em

uma escola da cidade de Londrina, podemos fazer projeções desses dados considerando

que os alunos da EJA compartilham de muitos dados em comum.

A pesquisa afirma que o alunado faz poucas reclamações sobre a estrutura da

escola e desempenho e qualidade dos professores. Às vezes as respostas parecem

contraditórias, mas a reclamação que predomina são as condições particulares e pessoais

dos alunos como, por exemplo, estar cansado na aula, a interferência negativa do

trabalho, a falta de perspectivas pessoais, dentre outros. Os depoimentos desses alunos

a essa pesquisa nos leva à reflexão do porquê o número da evasão ser tão alto e como

essa informação se relaciona com a própria vida do aluno, como bem coloca Cerrati:

12

“Certamente, por trás das frases ditas pelos alunos estão presentes,

muitas vezes, algumas das razões da evasão escolar concorrendo para: o

medo do fracasso e de se esforçar, a necessidade de preservar a auto-estima, a

dificuldade de enfrentar as dificuldades, entre outros. Diante destas

constatações aparece a neutralidade da escola implícita nos alunos, assim

também como a crença de que a causa do fracasso escolar realmente esteja

nele próprio.” (Cerratti, 2008, p. 12)

A questão primordial da pesquisa é que a evasão escolar, muitas vezes, é

justificada por esses relatos dos alunos, somente. O que não é verdade. O maior

problema identificado é compreender que os alunos que estão aprendendo a ler e

escrever ou mesmo estudando conteúdos das séries iniciais em um ensino não regular

necessitam de práticas diferenciadas de ensino e metodologias eficazes, para isso Cerrati

(2008) afirma: “O aluno faria um esforço se percebesse que os conteúdos da

aprendizagem são medianamente atrativos, úteis, conectados, com sua vida diária,

atraentes o suficiente para que o esforço valha a pena.”

Nesse caso, percebemos que não existe um responsável no qual nós devamos

colocar a culpa do fracasso escolar, porém também não devemos nos eximir das

responsabilidades que são exigidas no exercício de ensinar. Assim explica Cerrati

(2008): “Imputar ao professor individualmente todos os defeitos da educação é tão

injusto quanto livrá-lo de toda responsabilidade”.

Também não podemos desprezar as relações de poder existentes na sociedade

como fator determinante quando falamos de educação. Apresentamos dois sujeitos

atuantes na discussão: o professor e o aluno, numa dicotomia de interações que

estabelecem o processo de ensino-aprendizagem.

Mas além deles a sociedade atua indiretamente no processo escolar, portanto,

também pode de alguma forma, ter responsabilidade no fracasso na EJA. O que um

aluno “fora de faixa” representa para a nossa sociedade? As construções que a

sociedade faz em relação às pessoas que fazem parte dela contribuem para o

posicionamento individual das pessoas, como se fosse uma resposta, positiva ou não, a

essas representações. Para esse questionamento esclarece Baquero:

“[...] os alunos com mais de 25 anos de idade foram alvos de várias políticas

e campanhas educacionais adotadas pelo governo na década de 60 e 70. Eles

são frutos de uma educação desigual e excludente que não oportunizou

condições de equidade e de melhoria na educação. Muitos destes adultos de

hoje ouviram ou cresceram ouvindo os discursos de várias entidades

governamentais dizendo que o analfabeto era uma vergonha, que o analfabeto

não era cidadão, era uma nada, que homem que não sabe ler é homem sem

alma, sem respeito. (Baquero, 2001, p 116)

13

As questões da nossa sociedade e educação vão além das representações sociais,

estão relacionadas diretamente ao que diz respeito aos direitos constitucionais. Para isso

explico Haddad:

Pela primeira vez na história brasileira, o Art. 208 da Constituição de outubro

de 1988 conferiu à população jovem e adulta o direito à educação

fundamental, responsabilizando os poderes públicos pela oferta universal e

gratuita desse nível de ensino àqueles que a ele não tiveram acesso e

progressão na infância e adolescência. (Haddad, 2000, p 5)

A Educação de Jovens e adultos sofria com a falta de políticas públicas que

incentivasse a sua concretização ou simplesmente garantisse que ela existisse. É muito

recente o direito à educação básica dado àqueles que, por algum motivo, não

frequentaram ou abandonaram o ensino regular. Essa situação talvez responda o olhar

tão desamparado que se tem da EJA atualmente.

Percebemos então, que a Educação de Jovens e Adultos tem uma proposta que

atende às necessidades: proporcionar o ensino básico aos jovens e adultos que não o

tiveram na infância ou adolescência, porém os resultados não tem sido satisfatórios.

Para isso é necessário uma visão ampliada e atualizada que corresponda às necessidades

existentes no ensino como afirma Oliveira e Ferreira (2009) “[...]o ensino para jovens e

adultos merece uma atenção específica, a partir da seleção de seus currículos

formulados dentro da contextualização coletiva [...]”.

14

EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO

OBSERVAÇÃO

O estágio supervisionado descrito neste trabalho aconteceu na escola Maria

Francinete Gonçalves Maia, localizada no município de Parnamirim/RN. Uma turma

com 26 alunos e 18 frequentando.

Foi uma grande surpresa, porque nunca tinha acompanhado aulas da modalidade

de EJA antes e as minhas expectativas eram movidas pelos comentários negativos que a

maioria das pessoas fazem acerca dessa modalidade, mas me surpreendi de forma

bastante positiva, pois a turma era ótima.

Percebi alguns grandes problemas presentes na sala de aula como a grande

evasão, principalmente nas sextas-feiras e no final do ano (segundo relatos da

professora) e a irregularidade de frequência dos alunos: alguns vêm duas semanas

seguidas e faltam as duas semanas seguintes. Estes fatos influenciam diretamente na

aprendizagem e na continuidade do desenvolvimento das atividades propostas pela

professora em sala de aula, pois ela muitas vezes precisa retomar o que foi trabalhado

com os faltosos e fica nítido que alguns avançam e outros apresentam muitas

dificuldades de avançar.

A professora estabelece uma relação muito admirável com os alunos, tratando-

lhes com muita amizade e cordialidade. Em uma das aulas, uma ex-aluna telefonou e

observamos pela conversa que foi construída uma relação extraclasse de amizade, a

professora perguntou sobre como estavam os estudos da ex-aluna, demonstrando uma

preocupação em relação a continuidade do aprendizado.

Outra situação que me chamou atenção é que os alunos não levam nenhuma

atividade de casa para fazer, pois como todos trabalham não há condições de realizá-las

em casa. O trabalho também interfere na aula, alguns alunos chegam tarde, pois vem do

expediente e saem mais cedo, alegando diversos motivos como o cansaço, a condução, a

violência presente no trajeto entre a escola e sua casa, dentre outros.

Durante as observações percebi que apesar de todos os obstáculos encontrados

na turma, eles participam da aula e interagem de forma significativa com a professora.

Vão ao quadro, lêem as questões disponíveis nos livros didáticos, trabalham em duplas,

formando grupos produtivos, lêem em voz alta textos e participam das discussões com

suas opiniões e impressões sobre o tema, a professora pede-lhes que respondam e os

15

leva a esse caminho não lhes dando as respostas imediatas e prontas, provocando nos

alunos a capacidade de interpretar e refletir sobre o que está sendo exposto, como

afirma Paulo Freire quando enfatiza a interação do aluno em sala de aula fazendo com

que a tarefa do professor deva ser então a de problematizar para os alunos o conteúdo

que os mediatiza e não entregá-lo e expressá-lo como algo já feito e acabado (Freire,

1996).

A professora também se utiliza de muitos recursos durante o desenvolvimento

da aula, como, por exemplo, gêneros textuais diversos: música, poema, parlendas,

receita culinária, bilhete, carta. Atividades diferenciadas como: ditado de frases e

palavras, pequenos textos contextualizados, dinâmicas, usa de lista de palavras,

aperfeiçoando as habilidades da leitura e a escrita dos alunos, fazendo com que a aula

fique mais atrativa e interessante, como afirma Márcia Rodrigues:

“Uma boa aula é tão importante que figura como uma mola propulsora

estimulando o gosto pelo estudo: ao apresentar o conteúdo de formas

variadas, o professor prende a atenção do aluno, reforçando a idéia que o

elemento surpresa mantém o seu interesse. Além disso, a intervenção

pedagógica aumenta a amplitude do conteúdo, sendo que o fornecimento de

instruções e pistas, induz o aluno à reflexão, exigindo intenso trabalho

cognitivo." (RODRIGUES, Márcia, 2008)

Destaco também o processo de alfabetização dos alunos desta turma. Eles apresentam

níveis diferentes de escrita, mas a maioria está no silábico alfabético em processo de

aquisição das normas ortográficas. A professora ao elaborar as aulas, tem a preocupação

de contextualizar as atividades e os conteúdos, principalmente no que se refere ao

processo de alfabetização, de acordo com o contexto social em que os alunos estão

inseridos. Ao mesmo tempo em que traz a novidade da diversidade textual para que os

alunos tenham acesso a esse conhecimento, traz também textos que fazem parte do

cotidiano dos alunos, como, por exemplo, uma atividade que envolvia a construção de

um bilhete. Sobre isso Freire coloca que:

“(...) O aprendizado da leitura e da escrita não pode ser feito como algo

paralelo ou quase paralelo à realidade concreta dos alfabetizandos. (...). Na

medida que os alfabetizandos vão organizando uma forma cada vez mais

justa de pensar, através da problematização de seu mundo, da análise crítica

de sua prática, irão podendo atuar cada vez mais seguramente no mundo.”

(FREIRE, 1976: 16-20).

16

Nessa perspectiva é possível romper com a estagnação de que o ensino da EJA é

ruim ou nunca alcança bons resultados. A experiência na escola mostrou que é possível

modificar quando se tem comprometimento e dedicação profissional.

PLANO DE AULA – PROFESSORA

TEMA: Sinônimos e Antônimos

OBJETIVOS: Compreender o conceito de antônimos e sinônimos; interagir de

forma dinâmica com os outros colegas; trabalhar leitura oral das palavras.

CONTEÚDO: Conceito de Sinônimos e Antônimos; oralidade; interação.

DURAÇÃO: 1 aula

RECURSOS: palavras impressas, tesoura, doces, recipiente.

METODOLOGIA: A aula será dividida em duas partes. Inicialmente

formaremos um círculo com os alunos. Na primeira parte os alunos escolheram

doces que estarão dentro de um recipiente. Cada um irá receber um. Em seguida,

os alunos receberão uma palavra e já tentarão lê-la. Será explicado a eles que

deverão trocar de doce com a pessoa que tiver o sinônimo de sua palavra. Assim

os alunos leem sua palavra e trocam de doce com o outro que possuir o sinônimo

de sua palavra. Depois que todos tiverem trocado os doces, vem a segunda parte

da aula. Os alunos receberão novas palavras e desta vez, terão que trocar os

doces com que tiver o antônimo de sua palavra. Finalmente, depois de todas as

trocas, os alunos podem comer os doces. Para finalizar, haverá um momento de

discussão sobre os conceitos.

AVALIAÇÃO: atividade em folha xerografada

17

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Para elaboração das aulas, contei com a ajuda da Professora titular da sala.

Reunimo-nos em um dos dias do planejamento dela e organizamos como seriam as

aulas dadas por nós. Escolhemos um tema para abordar durante as aulas e

consideramos que “a água” é um tema rico, bastante atual e, principalmente, faz

parte da realidade dos alunos. Para a realização das aulas buscamos focar na escrita

e leitura das palavras, já que os alunos estão em processo de alfabetização.

Dividimos os temas referentes à água em uma perspectiva linguística, fazendo uma

interdisciplinaridade com Ciências.

DIA ATIVIDADE/ PROCEDIMENTO OBJETIVO

1 Apresentação do tema/ utilidades da

água:

Nessa aula apresentamos o

tema aos alunos; pedimos que

eles falassem que utilizam a

água; as respostas foram

anotadas no quadro e eles

passaram para o caderno; cada

aluno ficou com uma utilidade

para anotar em um gota de

papel que receberam;

finalizamos com a construção

de um mural.

Apresentar o tema

proposto: água

Permitir que eles

reconheçam as utilidades

da água;

Refletir sobre o consumo

da água;

Escrever uma lista de

utilidade da água;

Observar a escrita e

leitura das palavras.

2 Ciclo da água

Nessa aula retomamos tudo

que foi dito na aula anterior;

questionamos aos alunos como

a água chegava em nossas

casas; trouxemos imagens do

ciclo da água, explicamos

como ocorria; para finalizar

construímos um texto coleitvo.

Saber como ocorre o

ciclo da água;

Saber como a água

chega em nossas casas e

porque chove;

Realizar um texto

coletivo;

3 Propriedades da água:

Nessa aula trouxemos um texto

curto falando das propriedades

da água, em seguida, lemos

junto com eles e discutimos de

forma reflexiva as informações

contidas; os alunos tiveram um

tempo para preencher a

cruzadinha solicitada; pegamos

algumas palavras do texto e, na

lousa, contamos quantas letras

Reconhecer as

propriedades da água;

Contar quantas letras e

sílabas tem uma palavra;

Separar as sílabas

corretamente;

Saber preencher uma

cruzadinha;

Identificar a sonoridade

das palavras;

18

e sílabas e depois pedimos para

fazer a separação silábica.

4 Água na natureza.

Nessa aula trouxemos o

poema: “Água na natureza”;

fizemos a leitura

compartilhada; algumas

palavras a atividade solicitava

que encontrasse em um caça

palavras; utilizamos as

palavras para criar uma grande

tabela para contar letras e

sílabas e depois separá-las; em

seguida os alunos tiveram um

tempo para criar frases com as

palavras destacadas; para

terminar os alunos

compartilharam as frases

criadas e fizemos a correção.

Familiariza-se com o

gênero poema;

Treinar habilidades de

escrita e leitura;

Saber contar letras e

sílabas;

Separar sílabas

corretamente;

Procurar palavras no

caça palavras;

Elaborar frases

corretamente.

5 Formas de economizar a água

Nessa aula levamos para sala a

música “Terra, planeta água.”

A partir do texto da letra da

música, refletimos com os

alunos sobre as como a água é

utilidade e da necessidade de

economizá-la; pedimos para os

alunos circularem a palavra

água e terra e depois fizemos

um ditado de palavras, com as

palavras do texto; para

encerrar construímos um

acróstico com a palavra água

retomando tudo que foi

ensinado.

Refletir sobre a

necessidade da água;

Familiarizar-se com os

gêneros textuais: canção

e acróstico;

Treinar habilidades de

escrita através do ditado;

19

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA

A minha experiência nesse estágio me permitiu quebrar aquela ideia de que o

ensino de Jovens e Adultos é fracassado ou ruim. Isso foi muito importante, para

perceber que a teoria que estudamos na universidade pode sim subsidiar nossa prática.

Não me deparei com nenhuma situação em que não tivesse subsídios suficientes

para enfrentá-la referente à Pedagogia, mas sim nos deparamos com situações de

superação em meio ao caos. Isso foi de grande enriquecimento para minha formação.

Cheguei com a ideia de que a EJA é uma modalidade de ensino que o professor não

ensina direito, que os alunos estão cansados, que há muita evasão e de repente nos

deparamos com outro cenário, bem melhor, porém sem desprezar a realidade dos fatos

anteriores.

Isso me levou a refletir como os professores podem contribuir para que a EJA

funcione, apesar das dificuldades. É uma questão muito mais profissional ou individual

do que propriamente pedagógica. Os professores sabem o que fazer, porém não fazem

porque estão desestimulados. Os alunos querem aprender, porém também não fazem

porque estão desestimulados. E assim fica um ciclo sem fim.

A professora entretanto, é consciente de que os alunos tem realidades diferentes

e esforça-se para estimulá-los. Não utiliza na sala materiais infantilizados, o que é

bastante comum com adultos que estão aprendendo a ler e procura trazer ao máximo o

conteúdo para a realidade do aluno, ainda que sejam muito diversas. Corroborando com

esta prática Marta Kohl afirma:

O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de

um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma

história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências,

conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si

mesmo e sobre as outras pessoas. (Oliveira, 1999, p.60)

Considero o estágio uma situação de aprendizado sem igual. Aprendi mais sobre

a Educação de Jovens e Adultos, através da experiência prática e das pesquisas. Aprendi

com a professora Gleici e com os alunos e suas experiências (conversei muito com os

alunos). A respeito disso Pimenta e Lima escrevem que:

A identidade se constrói com base no confronto entre as teorias e as

práticas, na análise sistemática das práticas à luz das teorias, na elaboração de

teorias, o que permite caracterizar o estágio como um espaço de mediação

20

reflexiva entre a universidade, a escola e a sociedade (Pimenta e Lima 2009,

p.112)

Os elementos que colaboraram para que essa experiência fosse muito positiva,

sem dúvida, foi a ajuda da professora da escola: Gleici. Ela nos ajudou e nos permitiu

aprender muitas coisas sobre sua prática e até mesmo com sua vida pessoal.

Ao me deparar com a prática eu pude ver muitos conteúdos vistos em sala de

aula vivenciados na prática. É claro, que uma situação é bem diferente da outra, porém

elas não estão dissociadas, e sim interligadas. A prática necessita da teoria, ainda que

esta precise de uma adaptação ou até mesmo de uma mescla de vários segmentos

pedagógicos para se adequar aquela determinada situação. Como bem escrevem

Pimenta e Lima:

[...] “o estágio é teoria e prática (e não teoria ou prática). De acordo com

oconceito de ação docente, a profissão de educador é uma prática social.

Como tantas outras, é uma forma de se intervir na realidade social, no caso

por meio da educação que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições

de ensino. Isso porque a atividade docente é ao mesmo tempo, prática e ação”

(PIMENTA & LIMA, 2009).

A experiência nesse estágio para além de uma oportunidade de enxergar mais de

perto a ligação entre teoria e prática, ajudou a ver também os próprios problemas da

nossa sociedade como desigualdade social, discriminação e desestrutura no sistema

educacional.

A realidade da professora Gleice pode ser a minha daqui a alguns anos e nenhum

livro pode ensinar melhor que uma situação vivenciada. Aprendi que as construções

sociais têm um peso muito forte nas instituições educativas e precisamos mudar isto: o

aluno da EJA é o negro, pobre e desinteressado. Não, não é. Aprendi que é preciso mais

que boas intenções para mudar a realidade, é preciso ação: mudar a didática do espaço

pensando na aprendizagem do aluno. Aprendi que nem sempre todos estarão ao nosso

lado, como, por exemplo, nossos colegas de profissão, a escola que disponibiliza o

material, o prefeito que não mandou a verba, mas que isso não nos deixe nunca de

braços cruzados. Aprendi que cada aluno tem uma história de vida única e, muitas

vezes, de superação que não se pode omitir. Às vezes procuramos tanto o culpado pela

situação da EJA que nos esquecemos de lidar com ela na realidade.

21

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realidade da EJA é um tema muito pragmatizado como ruim ou fracassado.

Muitas escolas públicas brasileiras apresentam deficiências em seus ensinos da EJA,

mas nada ou pouco se faz para mudar essa realidade. É necessário, entretanto, entender

porque essas situações não estão indo bem e a partir daí desconstruir essa ideia, tendo

em vista a importância singular dessa modalidade de ensino.

Infelizmente alguns professores não têm a dimensão da importância de se

preparar para ensinar esses alunos e utilizam com adultos as mesmas técnicas que usam

com as crianças, muitas vezes não se interessam em relacionar o conteúdo com a

realidade ou modificar suas didáticas para alcançar o perfil dos alunos.

Esse trabalho, portanto, buscou trazer a reflexão baseado na história da própria

Educação de Jovens e Adultos, juntamente com uma pesquisa bibliográfica e com uma

experiência pessoal e acadêmica em uma sala de aula da EJA em uma rede pública de

ensino através de um estágio supervisionado.

Essa experiência foi de fundamental importância para mim, pois é muito

desestimulante pensar em situações educacionais que não dão certo e esta veio para

quebrar esse paradigma e mostrar que depende de cada situação. Apesar de não ter um

responsável direto pelos problemas existentes, isso não nos impede de tentar fazer

diferente, pois é possível e essa experiência de observação e regência me mostrou isso.

Considero que refletir sobre a temática é um passo muito importante no que se

refere às mudanças que gostaríamos de ver no futuro, pois as maiores mudanças

educacionais aconteceram primeiramente com muita reflexão e diálogo e segundo,

colocando em prática aquilo que aprendi durante as observações e intervenções, pois

esta experiência enriqueceu minha vida acadêmica, assim como pessoal e profissional e

me fez perceber que a EJA não é uma modalidade fracassada e sim, uma modalidade

que necessita de atenção e mais compromisso por parte dos professores, autoridades

escolares, alunos, familiares e governantes.

22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARNEIRO, Selma de Souza. Práticas Escolares para Diminuir a Evasão na EJA.

CERRATI, Márcia Rodrigues Neves. Evasão Escolar: Causas E Conseqüências.

2008.

BAQUERO, Fabíola Gomide. O Fracasso Escolar de Jovens e Adultos e O

Imaginário Social. 2001. 127 f. Mestre em Psicologia. Universidade Católica de

Brasília. Brasília. 2001.

FERREIRA, S. R.; OLIVEIRA, S. C. Por Que Ainda Ocorre Evasão Escolar?

2009.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. São Paulo, Paz

e Terra, 1976.

Freire, Paulo. Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire

(antologia). São Paulo: Loyola. 1978.

CERATTI. Márcia Rodrigues Neves. Evasão escolar: causas e consequências.

Município de Nova Londrina. 31 páginas, 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa.

37.ed.São Paulo: Paz e Terra, 1996

HADDAD, Sérgio, DI PIERRO, Maria Clara. Aprendizagem de jovens e adultos:

avaliação da década da educação para todos Vol. 1, São Paulo em Perspectiva, 2000.

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência:

questões e propostas. 4ª São Paulo: Cortez, 2009.

23

OLIVEIRA, Marta Kohl de;Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e

aprendizagem; trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu,

setembro de 1999.