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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JEIRO COPPEAD AVALIAÇ Ã O DE DESEMPENHO E PREÇOS DE TRANSFE NCIA O ESTUDO DO CASO DA XEROX DO BRASIL MESTRADO EM ADMINISTRAÇ Ã O AUTOR: BRUNO FAINGUELERNT ORIENTADOR: JOSIR SIMEONE GOMES Mço de 1998

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

COPPEAD

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA

O ESTUDO DO CASO DA XEROX DO BRASIL

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

AUTOR: BRUNO F AINGUELERNT

ORIENTADOR: JOSIR SIMEONE GOMES

Março de 1998

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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA

o ESTIJDO DO CASO DA XEROX DO BRASIL

BRUNO F AINGUELERNT

Tese submetida ao Corpo Docente do Irntituto de Pós-Graduação e Pesquisa em

Administração - COPPEAD, da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)

Aprovada por:

Prof. Josir Simeone Gomes

J� Prof. Marcos Gonçalves A vila

Prof. Roberto Nogueira Fontoura Filho

Rio de Janeiro, RI - Brasil

Março de 1998

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lFainguelemt, Bruno Avaliação de Desempenho e Preços de Transferência - O Estudo do

Caso da Xerox do Brasil /Bruno Fainguelemt. Rio de Janeiro: COPPEADIUFRJ,1998.

XII, l 23p. il Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD l.Controle Gerencial. 2. Avaliação de Desempenho. 3. Preços de

[Transferência. 4. Tese. (Mestr. - COPPEADIUFRJ). I. Título.

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Aos meus pais

e queridos avós

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v

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Josir Simeone Gomes, pela orientação recebida e por todo o apoio e

incentivo durante a realização deste trabalho.

Aos professores Marcos Gonçalves Ávila e Roberto Nogueira Fontoura Filho, pela

participação.

Aos professores do COPPEAD, que muito contribuíram para a minha formação.

Aos amigos Ana Silvia R. Luiz, João Paulo P. Silva, Marcelo Landau, Marília

Mattos, Katia Rousseau, Marie L. Beyssac e Sidney Adler, pelo apoio e incentivo.

Aos funcionários do COPPEAD, em especial à Secretaria Acadêmica e à Biblioteca,

pela grande colaboração.

À CAPES, pelo apolO financeiro durante os dois anos em que permanecI em

dedicação integral ao Mestrado.

Aos executivos da Xerox do Brasil, pela atenção dispensada.

À Miriam, funcionária do COPPEAD, pela grande colaboração.

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RESUMO DA TESE APRESENTADA À COPPEADIUFRJ, COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS

(M. Se.)

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PREÇOS DE TRANSFERENCIA

O ESTUDO DO CASO DA XEROX DO BRASIL

Bruno Fainguelernt

Março de 1998

ORIENTADOR: Professor Josir Simeone Gomes

PROGRAMA: Administração

Esta pesquisa tem como objetivo explorar as relações existentes entre a literatura

sobre estruturas organizacionais descentralizadas em unidades de negócios, principalmente

no que se refere à avaliação de desempenho e preços de transferência, e a estrutura

descentralizada adotada por uma empresa privada multinacional, a Xerox do Brasil Ltda.

Com este objetivo, foi realizada a revisão de literatura na qual são apresentadas as

possíveis razões que conduziram as empresas a um processo de descentralização, as

definições, vantagens e desvantagens da utilização de centros de responsabilidade, bem

como os fundamentos teóricos encontrados na literatura sobre avaliação de desempenho e

preços de transferência, além de um breve relato a respeito da autonomia delegada aos

gerentes de centros de responsabilidade.

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vii

Em seguida, a metodologia empregada na pesquisa é descrita, bem como as razões

para a sua utilização neste tipo de estudo exploratório.

Através de entrevistas e com o auxílio de um questionário especialmente elaborado

para o propósito desta pesquisa, foi possível obter dados, possibilitando a descrição da

estrutura organizacional dividida em unidades de negócio, bem como o processo de

avaliação de desempenho e a política de preços de transferência da empresa estudada.

Os resultados obtidos permitiram, então, a realização da análise, que consistiu

basicamente na comparação da estrutura organizacional encontrada na empresa estudada

com os fundamentos teóricos acima descritos.

Finalmente, pôde-se chegar a importantes conclusões, possibilitando a formulação

de recomendações e sugestões para estudos futuros.

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viii

ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS PARTIAL

FULFILLMENT OF THE REQUlREMENTS FOR THE DEGREE OF MAS TER OF

SCIENCE (M. Sc.)

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PREÇOS DE TRANSFERENCIA

O ESTUDO DO CASO DA XEROX DO BRASIL

Bruno Fainguelernt

March/1998

CHAlRMAN: Prof. Josir Simeone Gomes

DEPARTMENT: Administração

This study explores the relationship between the literature on decentralized

organizational structures based on business units, referring mainly to the subjects of

performance evaluation and transfer prices, and the decentralized form of organization

adopted by a private company, Xerox do Brasil Ltda.

Bearing this in mind, a survey was made of the literature, presenting the possible

reasons that lead the organizations to a decentralization process, the definitions, advantages

and disadvantages of using responsability centers structures, as well as the theoretical basis

found in the literature about performance evaluation and transfer prices and a brief

description about the degree of autonomy given to responsability center managers.

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Then the metodology adopted in this study is presented, as well as the reasons why

it was applied in this exploratory study.

Through interviews, which were supported by a questionnaire specially

manufactured for the purpose of this study, data could be obtained, allowing the description

of the organizational structure divided in business units, as well as the process of

performance evaluation and transfer prices policy adopted by the studied company.

The results obtained made possible the analysis, that consisted basically of the

comparison of the organizational strutcture found in the studied company with the

theoretical fundamentais, before referenced.

Final1y, we reached important conc1usions, which made possible some

recomendations and suggestions for further studies.

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Capitulo 1 - Introdução

1.1 - A Importância do Estudo

1.2 - Objetivos do Estudo

1.3 - Delimitação do Estudo

1.4 - Organização do Estudo

Capitulo 2 - Revisão da Literatura

2.1 - Introdução

ÍNDICE

2.2 - O Caminho para a Descentralização

2.3 - Organizações Descentralizadas

2.4 - Centros de Responsabilidade

2.5 - Controle e Avaliação de Desempenho

2.6 - Medidas de Avaliação de Desempenho

2.6.1 - ROI x Lucro Residual

2.7 - Preços de Transferência

2.7.1 - Tipos de Preços de Transferência

2.7.2 - Preços de Transferência e Carga Tributária

2.7.3 - Transferência de Custos Corporativos

2.7.4 - Alocação de Serviços Administrativos

2.8 - Autonomia dos Gerentes das Unidades

2.9 - Relações de Mercado entre as Unidades de Negócio

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Capítulo 3 - Metodologia

3.1 - Introdução

3.2 - Metodologia Utilizada

3.3 - Perguntas da Pesquisa

3.4 - A Escolha da Empresa

3.5 - O Método de Coleta de Dados

3.6 - Trabalho de Campo

3.7 - Análise dos Dados

Capítulo 4 - Descrição do Caso

4. I - Introdução

4.2 - Histórico

4.3 - A Xerox Corporation

4.4 - A Xerox do Brasil

4.4.1 - Ambiente Competitivo

4.4.2 - Estratégia e Vantagem Competitiva

4.4.3 - Grau de Diversificação

4.4.4 - Estrutura de Responsabilidade

4.4.5 - Fluxo Simplificado dos Produtos

4.4.6 - Caracterização dos Centros de Responsabilidade

4.4.7 - Avaliação de Desempenho

4.4.8 - Preços de Transferência

4.4.9 - Grau de Autonomia dos Gerentes das Unidades

4.4.10 - Relações de Mercado Entre as Unidades

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Capítulo 5 - Análise do Caso

5.1 - Introdução

5.2 - Processo de Descentralização e Objetivos

5.3 - Estrutura Organizacional

5.4 - Centros de Responsabilidade

5.5 - Controle e Avaliação de Desempenho

5.5.1 - Medidas de Avaliação de Desempenho

5.5.2 - Medidas Não Financeiras

5.5.3 - Padrões de Referência

5.6 - Preços de Transferência

5.6.1 - Transferência de Custos de Atividades Comuns

5.6.2 - Transferência de Serviços Corporativos

5.6.3 - Autonomia dos Gerentes das Unidades de Produto

Capítulo 6 - Conclusões, Recomendações e Sugestões para Pesquisas

Futuras

6.1 - Conclusões

6.2 - Recomendações

6.3 - Sugestões para Pesquisas Futuras

Anexo 1 - Questionário

Anexo 2 - Carta Enviada à Empresa

Anexo 3 - Organogramas

Bibliografia

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1 - INTRODUÇÃO

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1.1 - A Importância do Estudo

"A estrutura organizacional de uma corporação é resultado de

muitos fatores. À medida em que o volume de vendas aumenta e as linhas de

produtos se diversificam, uma estrutura organizacional divisionalizada toma­

se o caminho mais lógico para muitas corporações. Entretanto, o progresso

inevitavelmente traz problemas (bem como a resolução de problemas leva ao

progresso) e a mudança de uma operação baseada em apenas uma unidade

para outra baseada em várias unidades significa que a administração deverá

operar sob regras dificeis" (Solomons, 1976).

1

o caminho citado por Solomons na passagem acima descrita, de adoção de uma

forma de organização descentralizada, reflete uma tendência observada em grandes

corporações americanas que se iniciou na década de 30, tendo como precursores deste

conceito as empresas Du Pont e General Motors, empresas que possuíam um grande

potencial de crescimento e que queriam melhorar seu desempenho global através da

melhora da qualidade das decisões gerenciais. Mais tarde, outras empresas que haviam

reprimido seu crescimento com o objetivo de manter suas operações gerenciáveis,

perceberam que poderiam aproveitar novas oportunidades de diversificação e, através da

descentralização das atividades, manter a eficiência gerencial.

Segundo Vancil (1979), a descentralização das corporações foi uma invenção em

1920, uma filosofia em 1950, uma tendência em 1960 e uma prática universal em 1970.

Hoje, segundo pesquisa realizada por Govindarajan (1994), 93% das maiores empresas

norte americanas listadas na revista Fortune estão estruturadas de forma descentralizada.

Parece que a questão não é mais se devemos descentralizar ou não e, sim, o quanto.

o mesmo fenômeno ocorrido nos Estados Unidos parece estar acontecendo no

Brasil com algumas décadas de atraso. Nesta última década, o ambiente competitivo em

que estão inseridas as empresas brasileiras sofreu mudanças muito profundas. A abertura do

mercado nacional às empresas estrangeiras, a queda de tarifas alfandegárias e o inerente

processo de globalização fez com que o mercado das empresas brasileiras, antes cativo e

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protegido, se tomasse extremamente competitivo.

Enxergando esta situação, várias empresas brasileiras em busca de malOr

competitividade para fazer face à nova concorrência estão transformando suas antigas

estruturas centralizadas em novas estruturas descentralizadas, normalmente baseadas em

centros de responsabilidade (usualmente chamados de unidades de negócios) em busca de

maior eficiência administrativa e rapidez de reação em relação às mudanças no ambiente.

Pinto (1997) cita algumas empresas brasileiras e subsidiárias de empresas estrangeiras que

estariam utilizando o modelo de estrutura descentralizada: Philips do Brasil, Pão de

Açúcar, GE do Brasil, Cia. Vale do Rio Doce, GM do Brasil, IBM do Brasil, Ericsson,

Tintas Coral, Agrale, Petrobras, Alpargatas, Perdigão, Grupo RBS, Texaco do Brasil e

Caloi. A grande quantidade de subsidiárias americanas contidas nesta relação parece

comprovar o grande distanciamento entre empresas brasileiras e americanas com relação à

utilização deste tipo de estrutura.

Um outro fator que estaria motivando as empresas brasileiras a adotarem uma

organização descentralizada é o grande número de fusões e aquisições ocorrido nos últimos

anos e a grande participação de empresas estrangeiras neste processo. Segundo a empresa

de consultoria KPMG, o número de fusões e aquisições foi recorde em 1997, totalizando

372 transações, sendo que grupos estrangeiros foram responsáveis por 55% deste total.'

Apesar de estruturas organizacionais descentralizadas já serem objeto de estudo há

mais de vinte anos em outros países, é notória a falta de estudos brasileiros a respeito do

assunto, indicando a necessidade de investigações sistemáticas que possam explicar e

descrever as características de estruturas organizacionais descentralizadas existentes nas

empresas brasileiras.

Visando preencher parte desta lacuna, este estudo justifica sua importância pela

contribuição ao alcance de um maior conhecimento sobre o funcionamento de empresas

brasileiras cuja estrutura organizacional descentralizada se baseia em unidades de negócios.

'Fonte: Jornal O Globo.

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1.2 - Objetivos do Estudo

O principal objetivo deste estudo é explorar a relação existente entre a literatura

sobre estruturas organizacionais descentralizadas baseadas em centros de responsabilidade

ou unidades de negócios e o sistema adotado pela empresa objeto de estudo. Além disso,

esta pesquisa procura descrever detalhadamente a estrutura de empresa estudada no intuito

de aprofundar o conhecimento sobre este tipo de empresa no Brasil, permitindo soluções

para problemas que possam ser encontrados em outras empresas.

1.3 - Delimitação do Estudo

Este estudo focaliza dois problemas básicos tratados na literatura sobre controle

gerencial que abordam estruturas descentralizadas: medidas de avaliação de desempenho e

políticas de preços de transferência. Além disso, a pesquisa também busca explorar o grau

de autonomia dos gerentes das unidades de negócios.

Na medida em que a alta administração das corporações encontra-se afastada do dia

a dia das unidades de negócio, as medidas de avaliação de desempenho assumem papel

relevante em empresas descentralizadas. Sloan (1964) retrata bem esta importância:

" ... foi no lado financeiro que a última chave para descentralização com

controle coordenado foi encontrada. Esta chave, em princípio, era o conceito

de que se nós tivéssemos os meios para rever e julgar a eficácia das

operações, poderíamos deixar, com tranqüilidade, a execução destas

operações nas mãos dos homens encarregados por elas ... ".

O estudo das políticas de preços de transferência é importante por três razões: a

primeira é que preços de transferência inadequados podem impedir que a empresa atinja o

maior lucro possível, na medida em que podem encorajar gerentes a tomar decisões que são

o melhor para suas unidades mas que, em contrapartida, não são o melhor para a empresa

como um todo. A segunda razão é o impacto sobre a avaliação de desempenho das

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unidades, já que o preço de transferência é receita para uma e custo para outra. Finalmente,

os preços de transferência têm grande relevância em organizações complexas, onde várias

unidades coexistem, gerando uma grande quantidade e diversidade de relações de compra e

venda entre elas.

1.4 - Organização do Estudo

Este estudo está organizado em seis capítulos, incluindo este primeiro introdutório,

no qual evidencia-se a importância, os objetivos, a delimitação e a forma como o estudo foi

organizado.

O capítulo 2 destina-se à revisão de literatura no qual são desenvolvidos, de acordo

com os fundamentos teóricos existentes, o tema central da pesquisa: estruturas

organizacionais descentralizadas baseadas em centros de responsabilidade ou unidades de

negócios. O capítulo divide-se em nove seções: na primeira descreve-se o processo que

levou à descentralização das grandes empresas; na segunda define-se o conceito de

descentralização; na terceira descreve-se e conceitua-se os vários tipos de centros de

responsabilidade; na quarta discorre-se sobre os sistemas e medidas de avaliação de

desempenho; na quinta, sobre política de preços de transferência; na sexta, sobre a

autonomia do gerentes das unidades de negócios e na sétima, sobre as relações de mercado

entre as unidades.

O capítulo 3 descreve a metodologia utilizada na pesquisa, destacando as razões

para o seu emprego, o método e a forma como foi realizada a coleta de dados e as principais

limitações do estudo de modo a possibilitar sua utilização em trabalhos futuros.

O capítulo 4 descreve o caso estudado, apresentando o histórico e as características

gerais da empresa, além de detalhar a estrutura descentralizada organizada em unidades de

negócios particular da empresa, destacando os tópicos descritos na revisão de literatura.

No capítulo 5 é realizada a análise dos dados obtida através das entrevistas

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realizadas na empresa. Esta análise consiste da comparação dos resultados obtidos com os

fundamentos teóricos referenciados no capítulo 2, além da resposta às principais perguntas

da pesquisa.

o capítulo 6 apresenta um sumário da pesquisa, as conclusões do estudo,

recomendações e sugestões para pesquisas futuras.

Finalmente, os anexos apresentam a carta enviada à empresa, o questionário

utilizado na entrevista, e outros documentos necessários à completa descrição do caso.

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2 - REVISÃO DA LITERATURA

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2.1 - Introdução

Este capítulo tem como objetivo apresentar os fundamentos teóricos sobre empresas

com estruturas organizacionais descentralizadas baseadas em centros de responsabilidade

ou unidades de negócios.

o capítulo está organizado em nove seções. As duas primeiras, seguindo esta

introdução, descrevem o processo que levou as grandes empresas a adotarem estruturas

organizacionais descentralizadas, procurando definir o conceito de descentralização. A

quarta seção define o conceito de centro de responsabilidade, descrevendo os vários tipos

encontradas na literatura.

A quinta e sexta seções discorrem sobre avaliação de desempenho e as medidas

utilizadas em estruturas descentralizadas. A sétima seção enfoca políticas de preços de

transferência, englobando desde transferência entre centros de responsabilidade até a

alocação de custos corporativos. A oitava seção enfoca a autonomia dos gerentes de centros

de responsabilidade e, finalmente, a nona seção relata as relações de mercado existentes

entre diferentes centros de responsabilidades e os possíveis conflitos gerados.

2.2 - O Caminho para a Descentralização

De acordo com Vancil (1 979), o grande crescimento da economia americana no

último século propiciou grandes oportunidades para suas empresas, provocando um

aumento de tamanho e complexidade de suas operações. O ator concluiu, então, que a

adoção de uma estrutura administrativa descentralizada teve motivação claramente

econômica, pois tomou-se quase obrigatório que os executivos do topo das organizações

restruturassem a divisão de seu trabalho com o objetivo de tirar maior proveito do tamanho

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da orgaIÚzação e melhorar a qualidade das decisões gerenciais.

Parecia quase impossível para um indivíduo ou para um pequeno grupo de

administradores compreender e gerenciar operações numerosas e diversificadas de uma

grande organização suficientemente bem para possibilitar a tomada das melhores decisões

em prol desta.

Vancil (1979) também cita outro fator de cunho não econômico como propiciador

do caminho para descentralização das orgaIÚzações. Este, de cunho social, é representado

pela crescente profissionalização da administração através da sofisticação de tecnologia e

de treinamento formal nas universidades, capacitando milhares de jovens a assumir

posições gerenciais.

Segundo Chandler (1963), a mudança no ambiente competitivo das empresas foi

outro fator importante que motivou a mudança para uma estrutura descentralizada. Para o

autor, em um ambiente relativamente estável, a falta de tempo, informação e uma visão

comprometida com o todo da organização não eram características vistas como

desvantajosas. À medida que este ambiente começou a mudar, com a expansão de negócios

em novas áreas geográficas, diversificação de linhas de produtos etc., todos os tipos de

decisões gerenciais multiplicaram-se, tomando os executivos sobrecarregados de trabalho e

menos eficientes. Esta crescente pressão criou, então, a necessidade de construção e adoção

de uma nova estrutura multidivisional. O autor confirma estas afirmações através da

conclusão de seu estudo em quatro empresas que passaram pelo processo de

descentralização de suas estruturas organizacionais:

" ... claramente removeu das atividades maIS rotineiras, os executivos

responsáveis pelo destino da corporação, dando a eles tempo, informação e

até comprometimento psicológico para avaliações e planejamento de longo

prazo. De modo complementar, colocou responsabilidade e autoridade

necessária para a administração operacional nas mãos de gerentes gerais de

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divisões multifuncionais ... "

Oliveira ( 1 998) resume no Quadro 1 abaixo os principais motivadores que levaram

as organizações à descentralização.

Quadro I '

Principais Motivadores à Descentralização

t" ;-" Motivadores Internos ..

" -·i

,J :� �

Necessidade de subdivisão do trabalho gerencial * Excesso de trabalho sobre a alta administração * Incapacidade técnica da alta administração * F oco da alta administração em decisões estratégicas

Maior facilidade de mensuração da performance de cada unidade organizacional em separado

Ampliação do número de centros criativos na empresa e estímulo ao desenvolvimento do talento criativo dos gerentes divisionais

Treinamento gerencial e identificação de talentos

Atração de melhores profissionais

Maior motivação dos gerentes médios

Processo decisório mais ágil e de melhor qualidade

Flexibilidade e adaptabilidade

} �>. , ; Motivadores'Externos . i ..

Maior dinamismo e instabilidade da economia

Maior velocidade de inovações tecnológicas

Estratégia associada à exploração de mercados dispersos geograficamente

Estratégia associada à diversificação de linha de produtos e à exploração de novos segmentos de clientes

Estratégia associada à diversificação de negócios

Especialização da informação

Acirramento da concorrência

• Fonte: OLIVEIRA, L. B. Descentralização em Unidades de Negócio: um estudo de caso. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 1998.

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2.3 - Organizações Descentralizadas

Empresas descentralizadas são aquelas que empregam uma forma "divisional" de

organização em contraste com empresas centralizadas que empregam a forma funcional.

Parece não existir maneira melhor de comparar estes dois tipos de estruturas

organizacionais do que comparar os organogramas de duas companhias representativas dos

dois tipos.

Embora muitos usem os termos descentralização e divisionalização como

sinônimos, Solomons (1976) diferencia estes conceitos, indicando que o primeiro tem um

significado genérico, ao passo que o segundo inclui a noção de responsabilidade delegada

por lucro. Ele define divisão como sendo uma unidade da empresa, chefiada por alguém

com responsabilidade completa pela lucratividade de suas operações.

Segundo Horngren e Foster ( 1 991), a essência da descentralização é a delegação e a

liberdade dada aos gerentes de escalões inferiores da empresa para a tomada de decisões. A

assimetria de informações seria a razão básica apresentada pelos autores para justificar esta

maior liberdade, ou seja, estes gerentes teriam informações de qualidade superior para a

tomada correta de decisões.

Parece evidente que, dentro desta dicotomia organizacional, os exemplos de

empresas "puras", onde apenas um tipo de estrutura se faz presente, são bastante raros na

prática.

Segundo Anthony el alii (1992), entre os extremos de uma organização com

estrutura totalmente funcional e outra totalmente divisionalizada em unidades de negócios,

existem todos os tipos de combinações de estruturas com diferentes graus de

descentralização.

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2.4 - Centros de Responsabilidade

Em uma estrutura organizacional descentralizada, os centros de responsabilidade,

como podem ser chamadas as várias unidades de negócios ou divisões, têm papel

fundamental na sua construção.

Anthony et alii (1992) definem o conceito de "centro de responsabilidade" como

qualquer unidade organizacional que possui um gerente como responsável. Segundo estes

autores, as empresas são de certo modo um conjunto de centros de responsabilidade,

possuindo metas específicas, sendo estas interligadas como um todo aos objetivos da

organização. Pode-se dizer que a meta destes centros é implementar a estratégia traçada

pela gerência corporativa. Assim sendo, se cada centro de responsabilidade atingir sua

meta, a organização irá atingir por conseguinte seus objetivos globais.

De acordo com Gomes (1997), a formulação de objetivos globais derivados da

estratégia traçada para determinada organização é o ponto de partida para a definição dos

objetivos e metas especificas de cada centro de responsabilidade. Quanto maior a

organização, maior e mais detalhado será o desdobramento dos objetivos globais em

objetivos específicos para os correspondentes centros de responsabilidade.

Segundo este autor, centro de responsabilidade é uma unidade organizacional

chefiada por um gerente, ao qual foram delegadas funções operacionais, dando a ele grau de

autonomia suficiente para tomar determinadas decisões.

Encontra-se na literatura quatro tipos de centros de responsabilidade classificados de

acordo com o tipo de controle realizado sobre as entradas (insumos) e saídas (produtos)

existentes dentro da unidade organizacional. São eles: centro de receita, centro de

custo/despesa, centro de lucro e centro de investimento.

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Centro de Receita: Em um Centro de Receita, somente as saídas (produtos) são medidas em

unidades monetárias, não sendo feita nenhuma tentativa formal de relacioná-Ias às entradas

(insumos). Este tipo de centro de responsabilidade pode ser encontrado em organizações

que têm como atividade principal o marketing, onde, em sua maioria, as vendas reais ou

pedidos em carteira são comparados a orçamentos, metas ou previsões.

Centro de Custo ou Despesa- Ao contrário do centro de receita, em um centro de

custo/despesa somente as entradas (insumos) são medidas em unidades monetárias.

Segundo Anthony et alii (1992), existem dois tipos de centros de despesa: Centro de

Despesas de Engenharia e Centro de Despesas Discricionárias. A diferença entre os dois

consiste no tipo de custo a ser medido. No primeiro, o valor dos custos incorridos pelo

centro pode ser estimado com um razoável grau de confiabilidade através do uso do custo

padrão, como por exemplo no caso da determinação de custos de fabricação de determinado

equipamento (custos de mão de obra direta, matéria prima, componentes etc.). No segundo,

os custos a serem incorridos dependerão basicamente do julgamento do gerente responsável

pelo centro, dependendo das circunstâncias apresentadas no momento específico da tomada

de decisão. Pode-se incluir nesta categoria unidades de pesquisa e desenvolvimento e de

suporte como setores juridico e recursos humanos.

Centro de Lucro: Para o propósito desta pesquisa, usaremos o conceito desenvolvido por

Vancil (1979) na definição de Centro de Lucro:

" Um centro de lucro é definido como qualquer unidade organizacional

razoavelmente independente, avaliada separadamente por sua performance e

na qual alguma medida de lucro é determinada periodicamente (exemplos

incluem divisões descentralizadas ou departamentos e grupos de produtos) ".

Segundo Anthony et alii (1992), quando a performance de um centro de

responsabilidade é avaliada pelo valor do lucro gerado, este é chamado de centro de lucro.

Segundo o autor, devem haver duas condições para a constituição de um centro de lucro. A

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pnmelra é o conhecimento, pelo gerente responsável, das informações relevantes

necessárias para tomada de decisões que envolvam trade-offs entre receita e despesa e a

segunda é a existência de algum método efetivo de avaliação destes gerentes.

Para Kaplan & Atkinson (1989), apesar da relevância da medida de lucro, o mais

importante na definição deste tipo de centro de responsabilidade é a autonomia delegada

aos seus gerentes.

Apesar de Vancil (1979) e Solomons (1976) não citarem a questão da autonomia em

suas definições, parece claro em seus trabalhos publicados a grande importância deste fator

na plena utilização do conceito de centro de lucro.

Anthony et alii (1992) enumeram algumas vantagens ao se transformar unidades de

negócios em centros de lucro:

- Aumento da velocidade das decisões operacionais, pois não será sempre necessário

consultar o centro corporativo.

- Aumento da qualidade das decisões, já que os gerentes dos centros estarão mais

perto do foco dos problemas.

- A administração corporativa terá mais tempo para se concentrar em assuntos mais

relevantes ao invés de perder tempo resolvendo questões do dia a dia.

- Melhora da medida de performance. A lucratividade é uma medida mais ampla de

avaliação quando comparada a receitas e despesas medidas separadamente, pois mede

simultaneamente o efeito das decisões gerenciais sobre ambas.

Apesar das vantagens, a divisão da organização em centros de lucros pode também

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trazer alguns problemas. Anthony et alii (1992) citam alguns deles:

- Perda de parte do controle por parte do centro corporativo. Ao invés de estar

pessoalmente no controle da operação, a administração de topo terá seu controle baseado

principalmente em relatórios gerenciais.

- F alta de pessoal capacitado a assumir a função de gerente das unidades de

negócios, já que em organizações funcionais o desenvolvimento de pessoal com visão

generalista é mais raro.

- Aumento de atritos dentro da organização. Provavelmente haverá muitas

discussões referentes aos preços de transferência utilizados, a apropriação de custos comuns

e ao crédito de receitas geradas por mais de uma unidade.

Segundo estes autores, para que todas as vantagens geradas pelo uso dos centros de

lucro se concretizem, é preciso que o gerente da unidade possua o máximo de autonomia

possível. Entretanto, encontrar unidades de negócio com um grau de autonomia total é

muito raro, pois desta maneira se estaria abdicando das vantagens oferecidas pelo tamanho

e sinergismo da organização. Conseqüentemente, a estrutura escolhida pelas organizações

representará um trade-of! entre a autonomia dada às unidades e as limitações impostas a

elas pelo centro corporativo.

Dean (1973) lista algumas exigências para que uma estrutura organizacional baseada

em centros de lucro alcance os objetivos de estimular e medir a performance de seus

gerentes:

- definição correta dos centros de lucro.

- estabelecimento de preços de transferência justos.

Page 28: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

1 5

- medição correta do lucro gerado por cada centro.

- determinação de padrões realistas para o lucro a ser alcançado pelos centros.

_ estabelecimento de incentivos e premiações que induzam os gerentes dos centros de lucro

a agirem da melhor forma para a organização como um todo.

Centro de Inyestimento: Ao invés de focalizar o lucro como único elemento, o centro de

investimento tem sua atenção voltada ao cálculo do lucro comparado aos ativos necessários

para gerá-lo.

Segundo Anthony et aUi (1992) a atenção voltada para o lucro sem considerar os

ativos empregados na geração deste não é uma forma adequada de controle, pois toma

dificil a comparação com outras unidades e empresas. Entretanto, a definição dos ativos

utilizados é mais um complicador no cálculo desta medida.

Segundo Reece & Cool (1978), o centro de investimento é uma extensão da idéia de

centro de lucro. O lucro é medido nos dois casos, mas somente no centro de investimento

ele é relacionado à base de ativos, conseqüentemente gerando um melhor entendimento de

como certa unidade está contribuindo para a organização como um todo.

De acordo com os autores, a utilização de centros de lucro e de investimento tendem

a crescer com o aumento do tamanho da companhia. Em pesquisa realizada em 1979 com

as 1000 maiores empresas industriais americanas listadas na revista For/une 1000, os

autores constataram que 50% das empresas com vendas inferiores a US$ 500 milhões

utilizavam centros de investimento, comparado com 84% das empresas com vendas acima

de US$ 500 milhões.

Esta constatação parece confirmar a hipótese levantada no início desta revisão, de

que o aumento da complexidade das operações levaria as empresas a buscarem a utilização

Page 29: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

16

de uma nova estrutura organizacional.

Anthony et alii (1992) cita duas medidas de comparação entre o lucro e os ativos

empregados: o ROI (retomo sobre investimento) e o Lucro Residual. A primeira medida é a

razão entre o lucro e os ativos empregados para gerá-lo e a segunda é uma medida

monetária correspondente ao lucro, subtraído de um encargo sobre o capital utilizado, sendo

este encontrado através da multiplicação do valor dos ativos empregados por uma taxa

específica. Esta taxa é normalmente ditada pelo centro corporativo, sendo seu valor

próximo ao custo de capital da empresa.

2.5 - Controle e Avaliação de Desempenho.

Segundo Flarnholtz (1996), a avaliação de desempenho possui duas funções como

parte de um sistema de controle. A primeira é gerar números que possam ser usados para

monitorar até que ponto os objetivos e padrões estabelecidos pela corporação foram

alcançados, fornecendo um retomo para os membros da organização com objetivos de

correção e avaliação. A segunda função não está relacionada aos números produzidos pelas

medições e, sim, pelo fenômeno causado pelo processo de medição em si. O simples fato de

que algo está sujeito a avaliação tende a influenciar o comportamento das pessoas na

organização.

Seguindo o raciocínio de que uma organização descentralizada é estruturada de tal

forma que os executivos da alta administração fiquem mais afastados do dia a dia das

operações, é natural que eles criem mecanismos de controle sobre a performance das

unidades ou centros de responsabilidade na tentativa de assegurar a congruência de

objetivos na organização, ou seja, tentar fazer com que as decisões tomadas

individualmente por cada unidade estejam de acordo com os interesses globais da

corporação. Segundo o autor, as organizações devem influenciar e controlar o

Page 30: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

1 7

comportamento das pessoas, se desejam que estas cumpram seus planos e alcancem seus

objetivos.

Segundo Gomes (1997), em uma empresa descentralizada, o sistema de controle

deve ser mais sofisticado e formalizado, com predomínio de sistemas de controle

financeiros e orientado à atuação de cada responsável. Igualmente, o processo de

planejamento parece ser fundamental para assegurar uma adequada alocação de recursos

aos diferentes centros e facilitar a congruência entre os objetivos pessoais de cada

responsável e os objetivos globais dos diversos membros da organização.

Para este autor, o desenho de uma estrutura de controle de resultados por centros

baseia-se na definição de responsabilidades, autoridade e grau de descentralização, que

emanam da estrutura organizacional.

2.6 - Medidas de Avaliação de Desempenho

Segundo Gomes (1983), o principal cuidado a ser tomado quando da seleção das

medidas de desempenho é o de que todos os pontos chaves para o sucesso da organização

sejam mensurados pelo sistema de avaliação. Para Eccles (1991), a não monitoração do

desempenho de determinado fator crítico para a organização significa abrir mão de qualquer

esforço no sentido de otimizá-lo, ficando o resultado associado a ele relegado ao acaso.

Anthony et alii (1992) destacam o lucro como uma importante medida tanto de

eficácia como de eficiência na avaliação da performance de um centro de responsabilidade.

Segundo estes autores, existem dois tipos de medidas de lucro em uma unidade de

negócio. A primeira se refere à avaliação da performance gerencial, concentrada nas ações

dos gerentes das unidades e a segunda é uma medida de performance econômica na qual o

Page 31: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

1 8

foco é a avaliação d o centro de lucro como uma entidade econômica. As interpretações

derivadas destas duas medidas podem ser bem diferentes, já que a unidade como um todo

pode estar em situação difícil enquanto que seu gerente pode estar realizando um ótimo

trabalho.

A maioria dos problemas encontrados na medição da performance dos gerentes dos

centros de lucro se encontra na não separação desta com a medição da performance da

unidade. Se as empresas considerarem esta separação, fíca evidente que os gerentes devem

ter sua performance medida considerando apenas as variáveis que podem influenciar.

Segundo Ferreira (1997), a objetividade e a controlabilidade são dois fatores que

devem ser considerados ao se selecionar as medidas de desempenho. Segundo o autor,

medidas não objetivas podem pôr em risco a credibilidade dos sistema de medição, ao

passo que, medidas que levem em conta aspectos não controláveis comprometem a

confiança na justiça da avaliação.

Shillinglaw (1 961) sugere que, para ser considerada satisfatória, a medida de lucro

de uma unidade de negócio deve satisfazer três regras:

- o lucro da divisão não deve crescer provocado por nenhuma ação que reduza o

lucro da organização como um todo.

- o lucro de cada divisão deve ser o mais independente possível da performance e

das decisões gerenciais de outras unidades.

- o lucro da divisão deve refletir todos os itens que estão sujeitos a um substancial

grau de controle por parte do gerente.

Dearden (1 987) explica porque os sistemas atuais falham ao não distinguir

explicitamente a medida de performance financeira do gerente e da unidade a qual

Page 32: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

19

gerencia. Segundo este autor, não havendo esta distinção, gerentes de unidades lucrativas

serão sempre considerados gerentes de sucesso enquanto que gerentes de unidades não

lucrativas serão tidos como incompetentes. O entendimento da alta administração das

variáveis "influenciáveis" pelos seus gerentes é fator fundamental na avaliação destes.

Pode-se citar como exemplo o impacto da conversão da moeda em um demonstrativo de

resultados de uma subsidiária estrangeira, que é importante na avaliação da subsidiária, mas

é irrelevante no julgamento da performance do gerente.

É interessante notar a diferente conotação da palavra influenciável. Segundo o autor,

muito poucos itens são totalmente controláveis pelos gerentes, em compensação, muito

poucos não podem ser influenciados por eles. A distinção a ser feita não é controlabilidade

e sim a habilidade para influenciar.

Oearden conclui que, na maioria das empresas descentralizadas, os gerentes estão

sob constante pressão para atingir determinados objetivos. Estas pressões influenciam-no a

esconder más notícias e a tomar decisões de curto prazo que não são de interesse da

organização. Por isso, um sistema que faz com que os gerentes sejam responsáveis pelo que

realmente podem influenciar, permitindo que expliquem as razões de não alcançarem

alguns objetivos irá aliviá-los um pouco da pressão, fazendo com que se sintam mais livres

para comunicar erros ou problemas.

O autor propõe uma avaliação baseada em um orçamento do lucro expresso em

valor absoluto previsto para o ano em questão, incluindo somente as partes que o gerente

poderia influenciar. O valor deverá representar a melhor estimativa do fluxo de caixa

potencial do centro de lucro desenvolvido no processo de planejamento estratégico, sendo

este igual ao objetivo financeiro pessoal do gerente, que deverá explicar qualquer variação

existente.

Na mwona dos relatórios de orçamentos, as empresas não classificam

explicitamente as variações ocorridas de acordo com o grau de influência que a gerência

Page 33: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

20

tem sobre elas. Esta prática pode conduzir erroneamente à avaliação de performance. Se

uma empresa trata todas as variações de forma homogênea, poderá verificar uma variação

favorável sobre a qual o gerente tem pouca influência compensar uma variação

desfavorável sobre a qual o gerente tem bastante influência.

2.6.1 - ROI x Lucro Residual

o ROI, ou retomo sobre investimento, é uma das medidas mais utilizadas na

avaliação de desempenho de um projeto, unidade de negócios ou empresa. Segundo Sloan

(1965), a estratégia básica a ser seguida de modo a conseguir o controle total da corporação

de modo consistente com a estrutura descentralizada da organização é permitir que os

gerentes das unidades administrem da forma que acharem melhor as operações do dia a dia

e ao mesmo tempo avaliá-los em termos de retomo sobre investimento. Isto dará aos

gerentes um alto grau de autonomia, permitindo ao mesmo tempo que os executivos da alta

administração controlem seus objetivos.

Apesar de vários autores jã terem evidenciado distorções causadas por esta medida e

afirmado que o lucro residual é conceitualmente uma medida mais correta, o ROI continua

sendo largamente utilizado.

Em pesqUisa realizada por Reece & Cool (1978), 65% dos respondentes que

possuíam centros de investimento utilizavam o ROI, enquanto que 28% utilizavam ambas

as medidas e apenas 2% utilizavam o lucro residual. Os autores citam algumas vantagens

do ROI que podem explicar sua grande utilização:

a - Sendo uma razão, o ROI faz com que negócios ou unidades diferentes no que diz

respeito às suas bases de investimento possam ser comparados.

b - O ROI é uma medida percentual de retomo consistente com a metodologia da

medida de custo de capital das empresas.

Page 34: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

2 1

c - O ROI é útil para pessoas externas à organização como analistas financeiros e

potenciais investidores que podem calculá-lo com o objetivo de avaliar a performance

econômica e realizar comparações com outras empresas.

Oearden (1987) lista algumas desvantagens da utilização do ROI como medida de

avaliação:

a - A maximização desta medida pelos gerentes das unidades pode desencorajar o

crescimento das divisões mais lucrativas. Ao se deparar com uma oportunidade de

investimento cujo ROI está acima do custo de capital da empresa mas abaixo do ROI da

divisão, o gerente desta provavelmente abandonará o projeto, já que o investimento embora

economicamente viável diminuirá o ROI da divisão, medida pelo qual será avaliado.

b - As mesmas decisões que aumentam o ROI de uma unidade podem, ao mesmo tempo,

diminuir a riqueza de uma empresa ou divisão. Em uma unidade cujo ROI é 25%, este pode

ser aumentado se o gerente decidir desinvestir de um ativo cujo ROI é 20% e tendo 15%

como custo de capital.

Segundo Reece & Cool (1978), as desvantagens citadas acima podem ser superadas

se a unidade utilizar o lucro residual como medida de performance, já que investimentos

que gerem lucro adicional ao custo de capital irá aumentar o lucro residual total, sendo

assim atrativos para o gerente da divisão. Outra vantagem do uso do lucro residual é que

este permite a utilização de diferentes taxas sobre o capital para cada tipo de ativo. Estas

diferenças podem refletir o fato que algumas categorias de ativos são mais arriscadas que

outras ou que alguns ativos podem ser financiados a taxas mais baixas que outros.

Segundo Solomons (1976), depois da empresa utilizar o conceito de lucro residual

para medir a performance das várias divisões, ainda há o problema de ajustar, quando

aplicável, o número da medida de performance do negócio em uma medida de performance

do gerente.

Page 35: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

22

Com o objetivo de ajudar os gerentes de divisão a tomar melhores decisões e aos

executivos da alta administração a avaliar o desempenho destes, o autor propõe uma forma

de demonstrativo divisional de resultado, introduzindo neste a diferença entre lucro residual

controlável e lucro líquido residual. O primeiro é o que sobra da receita da divisão

diminuído dos custos variáveis, custos fixos controláveis e taxa sobre investimento

controlável. Se do lucro residual controlável deduzimos custos não controláveis diretamente

atribuíveis à divisão, o resultado é o lucro residual líquido antes dos impostos.

Segundo o autor, a medida de lucro mais apropriada para o uso na avaliação da

performance do gerente da divisão e na tomada de decisão destes é o lucro residual

controlável antes dos impostos como indicados na Figura 1. Já para auxiliar os executivos

da alta administração a tomar decisões sobre o negócio em si, a melhor medida é o lucro

residual líquido.

Page 36: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

Figura 1 Demonstrativo de Resultado da Divisão'

Vendas pl clientes externos

Transferências pl outras divisões a preço de mercado

Receita variável de outras divisões sobre transferências

não precificadas a preço de mercado

Menos;

Custo variável dos produtos vendidos e transferidos

Despesas variáveis da divisão

Lucro variável

Adicionar (deduzlrl:

Despesas fixas cobradas de (por) outras divisões por

transferências não precificadas a preço de mercado

Menos:

Custos fixos controláveis pela divisão

Depreciação sobre ativos fixos controláveis

Taxas e seguro sobre ativos fixos controláveis

Lucro operacional controlável

Adicionar (deduzirl:

Ganhos ou perdas não operacionais

MeDOS; Juros sobre investimentos controláveis

Lucro residual controlável antes dos impostos

Menos:

Custos fixos da divisão não controláveis

Despesas corporativas alocadas a divisão

Juros sobre investimento não controlável

Lucro residual líquido antes dos impostos

MeDOS: Imposto de Renda

Lucro residual líquido depois dos impostos

$ xxx

xxx

lQQ(

xxx

lQQ(

xxx

xxx

xxx

xxx

xxx

xxx

$

xxx

lQQ( xxx

lQQ( xxx

lQQ( xxx

lQQ( xxx

lQQ( xxx

23

• Fonte: SOLOMONS, D., Divisional performance: measurement and controi, Illinois: Richard D. Irwin, Homewood, i O' ed., i976.

Page 37: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

24

Eccles (1991) destaca a crescente necessidade de utilização de outras medidas de

avaliação, além das tradicionais medidas financeiras. O autor ressalta que, para uma

variável não financeira ter o mesmo status das medidas financeiras como o lucro, é preciso

que as medidas estejam atreladas ao sistema de recompensas, isto é, recompensar as pessoas

na proporção de sua performance baseada nas medidas que a corporação afirma que

realmente importam.

O importante na definição destas novas variáveis é identificar aquelas que melhor

avaliariam a performance da unidade, dada uma determinada estratégia a ser seguida. Pode­

se citar, como exemplo, várias corporações que na década de oitenta viram a qualidade

como arma estratégica para ganhar competitividade. O resultado foi a desenvolvimento de

várias medidas, como índice de defeitos, tempo de resposta etc. Na década de noventa,

esforços estão sendo feitos para gerar medidas de satisfação do cliente, variável bastante

relacionada à qualidade.

Surpreendentemente, apesar de um número considerável de empresas descreverem

sua estratégia em termos de serviços ao cliente, inovação, qualidade ou capacitação de seus

empregados, poucas realizam algo para medir estas variáveis.

Para Ferreira (1997), as medidas financeiras apresentam limitações inerentes à sua

natureza, limitando a sua aplicação. Uma delas é a incapacidade de captar adequadamente o

impacto de determinadas ações gerenciais benéficas ao futuro da organização como, por

exemplo, investimentos em P&D, mudanças de layout, desenvolvimento de pessoal etc.

Outra limitação é a incapacidade de aferir o potencial de ganhos futuros, limitando-se a

informar o resultado do período passado.

Eccles (1991) cita o desenvolvimento do benchmarking competitivo como

metodologia importante aplicável a qualquer tipo de medida, seja financeira ou não. O

benchmarking envolve a identificação de competidores ou companhias em outras indústrias

Page 38: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

25

que são exemplos da melhor prática em alguma atividade ou processo e a comparação

destes com a própria performance. O uso desta metodologia parece ter o efeito de ampliar

os horizontes dos executivos para melhorias de performance antes pensadas impossíveis de

serem atingidas quando verificadas apenas internamente, através de comparação destas

apenas com períodos anteriores, orçamentos ou outras unidades dentro da organização.

Alguns administradores afirmam que a valorização das medidas financeiras se deve

em muito ao mercado financeiro que ao avaliar uma determinada empresa se baseia

praticamente em medidas financeiras como lucro por ação, retomo sobre patrimônio,

retomo sobre investimento, taxa de crescimento de lucros e fluxos de caixa futuros, por

exemplo. Em oposição a este argumento, os analistas de investimento rebatem dizendo que

a maioria dos administradores não estariam dispostos a publicar em seus relatórios mais do

que informações financeiras a fim de não revelar sua estratégia a seus competidores.

Na avaliação correta da performance de cada unidade ou centro de responsabilidade

através do lucro, especialmente em organizações onde as transações internas entre os

diferentes centros são freqüentes, a definição dos preços de transferência se toma uma

variável chave do sistema.

De acordo com Gomes (1997), o grande problema que surge com o aumento de

tamanho da organização e a descentralização inerente é o da coordenação entre as várias

unidades ou centros de responsabilidade. Os preços de transferência são um dos

mecanismos de coordenação mais utilizados em organizações que adotam sistemas de

controle financeiro relativamente sofisticados e cujo sistema de avaliação e controle são

baseados nos resultados de cada unidade de negócio.

A necessidade de estabelecer preços de transferência surge das relações comerciais

internas entre os diferentes centros através da compra ou venda de produtos e serviços, já

que estas transações afetarão a atuação e o resultado obtido por cada um.

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26

À medida que estas transferências aumentam em relação às vendas totais da

organização, mais dependente se toma o sistema de avaliação com base no resultado em

relação aos preços de transferência.

Segundo Eccles (1 983) é importante que a medição, avaliação e a recompensa do

desempenho nas companhias sejam consistentes com a política de preços de transferência

adotada.

2.7 - Preços de Transferência

Anthony et alii (1 992) define como preço de transferência o valor atribuído aos bens

ou serviços frutos de transações comerciais dentro de uma mesma empresa e que envolvam

pelo menos um centro de lucro ou centro de responsabilidade.

Muitos defendem a tese de que um centro de lucro em sua forma mais pura é em

prinCÍpio substancialmente independente de outras unidades operacionais dentro da mesma

empresa. Estes tipos de unidade possuindo sua própria força de vendas, distribuição,

administração e P&D praticamente não geram problemas de preços de transferência,

fazendo também com que a avaliação de desempenho se tome um processo direto e sem

conflitos.

Entretanto, mesmo podendo existir este tipo puro de centro de lucro, a organização

iria perder muitas das vantagens que a sinergia de uma estrutura divisionalisada, onde

centros de lucro dependem um do outro para atingir seus objetivos operacionais, pode

proporcionar. Solomons (1976) retrata bem esta afirmação:

"Se uma companhia divisionalizada pode organizar seus negócios de forma

que suas divisões não tenham transações comerciais de qualquer tipo entre

Page 40: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

elas, certamente estará eliminando um dos problemas mais complexos da

medição do lucro destas divisões. Porém, estará perdendo também um

aspecto valioso da descentralização, que é a capacidade de aproveitar os

frutos da divisão do trabalho e especialização ao mesmo tempo que se

beneficiando da integração em maior ou menor grau. O fato de que uma

companhia divisionalizada é mais que a soma de suas partes é evidenciado

através do complicado padrão de relações que podem se estabelecer entre

suas divisões."

27

Segundo Solomons (1976), na medida em que os preços de transferência são uma

parte essencial dos sistema de medição de lucro, eles devem, da maneira mais precisa

possível, ajudar a alta administração das empresas a avaliar a performance dos centros de

lucro vistos como unidades separadas. Os preços de transferência devem ser tais que

motivem os gerentes a agirem da melhor maneira para a organização como um todo.

Infelizmente neste aspecto há uma grande possibilidade de conflito, pois um conjunto de

preços de transferência próprios para avaliação de performance pode levar divisões a

agirem contra os interesses da corporação. Ao mesmo tempo em que o centro de lucro

procura maximizar seus lucros e ser melhor avaliado, o lucro da corporação como um todo

pode ser reduzido, situação que não deve ser tolerada pela alta administração.

Segundo Gomes (1997) a definição de preço de transferência deve favorecer a

autonomia de cada centro de modo a melhorar sua eficácia. A definição propriamente dita

dos preços de transferência é uma tarefa bastante complexa demandando uma análise

cuidadosa. O autor completa:

"Ao mesmo tempo em que possam funcionar como elemento relevante no

processo de avaliação de desempenho, podem, ao contrário, quando não

considerados de forma adequada, transformar-se em mecanismos

perturbadores e desagregadores, com reflexos negativos na motivação dos

indivíduos que poderão manipular os resultados apresentados pelo centro, de

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modo que apareçam bem diante dos instrumentos de aferição utilizados pela

organização. "

28

Em sua pesquisa, Tang et alii (1976) concluiu que os dois principais objetivos dos

sistemas de preços de transferência tanto em empresa japonesas quanto americanas eram de

maximizar os lucros consolidados da organização e de avaliar a performance das várias

divisões componentes desta.

Segundo Anthony et alii (1992), o preço de transferência é uma ferramenta cujo

objetivo maior é fazer com que os gerentes das unidades tomem decisões corretas.

Especificamente, este deve ser desenhado de tal forma que preencha algumas características

tais como:

- Motivar a congruência de objetivos, ou seja, decisões que gerem resultado para as

unidades de negócio deverão gerar resultados para organização como um todo.

- Ser de simples entendimento para os gerentes, como também fácil de administrar.

- Deve fornecer ao gerente da unidade informações relevantes necessárias para a

determinação do trade-offótimo nas decisões que envolvam despesas e receitas.

Os autores acrescentam que a situação organizacional ideal, onde os preços de

transferência levariam à congruência de objetivos, deve satisfazer às seguintes condições:

pessoal competente, boa atmosfera induzida pela boa percepção dos sistemas de avaliação,

liberdade para comprar e vender fora da organização, existência de um mecanismo de

negociação entre as unidades e utilização do preço de mercado como metodologia para

definição do preço de transferência.

Segundo EccIes (1983), o problema de determinação de preços de transferência é

composto por duas partes principais: a decisão sobre fontes e a decisão sobre preços, ou

Page 42: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

29

seja, de que modo uma unidade de negócios deveria optar entre fornecedores internos e

externos e que preço deveria ser fixado para o produto no caso de uma negociação interna.

Através de sua pesquisa, na qual entrevistou maIs de 150 executivos de 13

companhias diferentes, Eccles (1983) concluiu que a chave para o problema dos preços de

transferência é a estratégia, isto é, os sistemas de preços de transferência são um meio para

a geração de informações e controle para a implementação da estratégia do produto, da

unidade de negócios e da empresa.

Na tentativa de ajudar os executivos a pensarem de forma analítica sobre o

problema, Eccles desenvolveu uma metodologia simples tendo como base duas dimensões

amplas da estratégia, aplicáveis em nível de produto, da unidade de negócios e da empresa.

A metodologia desenvolvida foi denominada PAA - Plano Analítico do Administrador.

Integração Vertical

Alta

Baixa

Gráfico 1*

Políticas de Preços de Transferência e Objetivos Estratégicos

- Custo total real

COOPERA TIV A

COLETIVO

Baixa

- Custo total - Custo mais padrão investimento

- Baseado no mercado

COLABORADORA

- Preços duplos - Fontes restritivas baseadas no mercado - ausência de políticas de preços de transferência

COMPETITIVA

Alta I Diversificação I • ECCLES, R. G. Contrai with fairness in transfer pricing. Harvard Business Review. v.6 l , n.6, p . 149- 16 l , nov/dez, 1983.

Page 43: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

30

No Gráfico I, observa-se no eixo vertical a primeira dimensão do PAA, a integração

vertical. A integração vertical resulta em uma interdependência entre centros de lucros

quando cada etapa do ciclo operacional da empresa é avaliado com base na rentabilidade. A

segunda dimensão, no eixo horizontal, é a diversificação, que resulta em uma ênfase nas

contribuições independentes de cada negócio, quando estes estão separados em centros de

lucros.

Uma companhia pode empregar diversas políticas de preços de transferência,

dependendo da estratégia adotada. O administrador poderia utilizar o plano definido por

estas duas dimensões estratégicas com o objetivo de localizar sua empresa dentro deste,

ajudando na análise da própria empresa ou da unidade de negócios, já que cada combinação

das duas dimensões estratégicas está associada a características organizacionais

particulares, incluindo políticas de preços de transferência.

O autor apresenta em seu trabalho quatro tipos "puros" de organizações para

facilitar a análise e compreensão do administrador. Estes tipos correspondem aos quatro

cantos do plano do PAA, sendo eles denominados: competitivo, cooperativo, colaborador e

coletivo, sendo que, no último, o preço de transferência não está presente.

Page 44: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

3 1

o Quadro 2 sumariza as características dos três tipos que envolvem os preços de

transferência:

Quadro 2'

Características Competitiva Cooperativa Colaboradora

Estratégia Agregado de estratégias Estratégia da companhia Perspectivas empresariais da divisão como um todo como um todo

mutuamente defmidas

Estruturas Multidivisional Funcional Matricial

Sistemas Lucros, ROI comparados Custos comparados a Combinações de custos, com orçamento orçamentos e lucros e ROI comparados

interno e externo história passada ao orçamento

Processos De baixo para cima; De cima para baixo; Iterativos; negociações de negociações distributivas negociações integrativas modo misto

Método de avaliação Espectador imparcial Destino compartilhado Confiança Racional de justiça dos

administradores

Controle da alta Através de sistemas Através de estruturas Através de processos por administração sobre resultados sobre ações meio de um balanceamento

de estruturas e sistemas

Da mesma forma que a política de preços de transferência pode ser utilizada para

manter a localização de uma empresa no P AA, ela pode ser utilizada para direcionar a

mesma no sentido de uma futura posição estratégica desejada. Por exemplo, uma

organização competitiva pode utilizar uma política de preços duplos para aumentar sua

integração vertical, direcionando a companhia para o "norte" do P AA .

• ECCLES, R. G. Control withfairness in transfer pricing. Harvard Business Review. v.61, n.6, p. 149- 16 1 , nov/dez, 1983.

Page 45: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

32

2.7.1 - Tipos de Preços de Transferência

Vancil (1979), descreve a existência de três tipos de transferência entre os centros de

lucro de uma empresa:

- Transferência de mercadorias e/ou produtos de um centro para outro.

- Transferência de serviços entre centros de lucro.

- O uso conjunto de instalações (usualmente um centro de lucro é responsável pela

manutenção desta instalação, sendo que os custos incorridos são rateados por todos

usuários)

Além destes, há também a transferência dos custos corporativos para os centros de

lucro.

Transferência de Mercadorias entre Centros de LuID).

Na determinação dos preços de transferência, existem uma gama de diferentes

metodologias utilizadas pelas empresas que variam desde o preço de mercado até a

negociação. Abaixo descreve-se alguns dos principais métodos:

Preço de Mercado:

A utilização do preço de mercado é preconizada pela maioria dos autores como o

melhor método para determinação dos preços de transferência. Este preço seria baseado no

preço de mercado de produtos idênticos àqueles objeto de transferência, ou seja, um preço

refletindo todas as condições de uma venda real como quantidade, prazo de entrega etc.

Page 46: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

33

Entretanto, segundo Solomons (1976), a utilização do preço de mercado está

condicionada a existência de um mercado competitivo para o produto intermediário a ser

transferido. O autor demonstra graficamente porque o preço de mercado é o melhor método

na medida em que leva as divisões e a corporação à congruência de objetivos.

No Gráfico 2 demonstra-se graficamente a situação de compra e venda de produtos

entre duas unidades A e B, utilizando-se o preço de mercado Pa como preço de

transferência e supondo um mercado competitivo.

Gráfico 2'

$ Pb

MCa

Pb - MCb

o Qa Qa' Unidades

A linha horizontal Pb representa a curva de demanda para o produto final da divisão

B. Supondo o mercado para o produto final da divisão B perfeitamente competitivo, o preço

por unidade obtido na venda do produto não variará com a quantidade vendida, já que as

vendas desta divisão não representam mais que uma pequena parcela do mercado.

A partir das vendas de seu produto, a divisão B deve recuperar seus próprios custos

• Fonte: SOLOMONS, D., Divisional performance: measurement and control, Illinois, Richard D. Irwin, Homewood, 1 0' ed, 1976.

Page 47: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

34

de processamento do produto intermediário fornecido pela divisão A. Estes custos de

processamento consistem de custos fixos mais o custo variável por unidade processada. A

análise dos custos fixos será relevante na decisão se um determinado processo deve ser

instituído ou descontinuado, não tendo tanta relevância nas questões de curto prazo que

concernem o nível de operações, já que estão previamente determinados. Baseado nesta

hipótese, a análise gráfica acima fica concentrada apenas no custo variável ou marginal das

operações.

Na situação exemplificada assume-se que os custos marginais por unídade sobem

com o aumento de produção principalmente por perda de eficiência.

A linha Pb - MCb significa o preço do produto B menos o custo marginal de

processamento do produto intermediário A, representando a receita líquida da unidade B

por cada unídade adicional de produto B que é vendido, valor este que deve cobrir ainda os

custos fixos da unidade B e o custo do produto intermediário.

A linha MCa representa os custos marginais da unídade A, que sobem com o

aumento do nível de produção similarmente à unídade B. A divisão A não é única fonte do

produto intermediário, o qual pode ser comprado externamente pelo preço competitivo Pa

por unidade.

A partir do gráfico, pode-se ver claramente os rumos a serem tomados por cada

divisão. A divisão B deve comprar o produto intermediário e processá-lo até a quantidade

que adicione mais valor a sua receita do que é adicionado ao seu custo, ou seja, Qa'

unidades.

Entretanto, para a unidade A só é vantajoso fornecer até Qa unídades pelo preço Pa.

Fornecer além desta quantidade adicionaria mais custo do que receita para a divisão.

Conseqüentemente, a divisão B irá comprar Qa unidades da divisão A e Qa - Qa' unídades

externamente. Nenhuma outra solução pode ser melhor para a empresa como um todo.

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35

A linha Pb representa a curva de demanda para o produto final da divisão B. O

mercado para este produto é perfeitamente competitivo, ou seja, o preço por unidade obtido

na venda é independente da quantidade vendida, já que as vendas desta divisão não

representam mais que uma pequena parte do mercado.

Ajustes no Preço de Mercado

Na prática, a utilização do preço de mercado deve ser modificada a fim de ajustar

algumas diferenças entre vendas internas e externas. Por exemplo, a unidade fornecedora do

produto intermediário incorrerá em despesas com vendas quando vender externamente, o

que não ocorre com vendas internas. Outras despesas características de vendas externas são

as despesas com cobrança e, algumas vezes, despesas com dívidas incobráveis.

Não havendo este ajuste pela unidade vendedora, a organização como um todo

perderá, pois as outras unidades poderão comprar externamente, incorrendo em gastos

desnecessários. Por isso, muitas companhias modificam o preço de mercado nas

transferências entre unidades, deduzindo uma margem suficiente para cobrir os custos que

seriam incorridos com vendas externas.

Madison (1979) destaca a possibilidade de haver alguns problemas ao se utilizar o

preço de mercado sem o devido cuidado. Segundo o autor, sempre haverá discrepâncias

entre os preços de mercado publicados e as verdadeiras condições no momento da

comercialização. Vários fatores podem ocasionar a alteração rápida dos preços de

mercados, como por exemplo, mudanças na oferta e demanda do produto (entrada de outro

player, comprador ou vendedor, de tamanho considerável no mercado), reações

psicológicas a eventos, como mudanças nas taxas de juros e até assassinatos, atitudes frente

a futura tendência da economia etc.

Outro problema encontrado, é que, mesmo existindo um preço de mercado estável

para o produto em questão, deverá ser difícil determinar que quantidade ou descontos

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36

espeCiaiS estarão disponíveis para clientes regulares em comparação com aqueles não

freqüentes.

Preços de Transferência Baseados no Custo

Há situações onde não é possível a determinação do preço de mercado. Como

alternativa, existem algumas opções como o desenvolvimento de preços de transferência

baseados no custo.

Custo Total Real

o custo total real é calculado através da divisão de todas as despesas fixas e

variáveis para um determinado período pelo número de unidades produzidas. A principal

dificuldade com transferências baseada no custo total real é que o preço do bem

intermediário flutua. Se nem a demanda interna nem a demanda externa caírem e o volume

da unidade vendedora diminuir, o preço de transferência para compradores internos

aumenta. Além disso, unidades compradoras desconhecem o preço até o fim do período e

até que a unidade vendedora possa calcular os custos reais.

Segundo Anthony et alii (1992), o custo real não deve ser utilizado, pOiS as

ineficiências da unidade vendedora seriam transportadas para a unidade compradora. Neste

caso, como no preço de mercado, ajustes devem ser feitos no que concerne a questão de

despesas não incorridas em vendas internas.

Custo Total Padrão

o custo padrão é o custo esperado da unidade para a produção de um bem durante

um determinado período. Geralmente está baseado naquilo que custaria para produzir o bem

caso a fábríca estivesse operando com capacidade quase plena.

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37

Em comparação com o custo total real, a utilização do custo total padrão reduz

substancialmente a variação no preço recebido pela unidade compradora, possibilitando

uma avaliação mais precisa da contribuição dada por cada unidade, em especial quando

variâncias são debitadas à unidade responsável por elas. Além disso, o sistema de custo

padrão pode isolar os efeitos que a unidade compradora tem sobre a unidade vendedora,

como quando a primeira compra um volume inferior ao previsto.

Custo Mai s Lucro

Este método utiliza basicamente o custo mais uma margem de lucro. Na definição

da margem de lucro, o método mais simples é a percentagem sobre o custo. Entretanto,

quando tal prática é realizada, não é levada em conta a base de capital utilizada na

confecção dos produtos. Neste caso seria conceitualmente melhor a utilização de uma

percentagem sobre o investimento, que cai no problema prático de determinação dos

investimentos aplicáveis a determinado produto.

Custo Marginal

o custo marginal é outro método sugerido para a definição dos preços de

transferência quando não existe um mercado para determinado produto intermediário. Neste

caso, o preço de transferência deverá ser igual ao custo marginal de fabricação do produto

intermediário para uma quantidade específica predeterminada.

Para Solomons (1 976), na impossibilidade da utilização do preço de mercado pela

inexistência de um mercado competitivo para o produto transferido, deveria ser utilizado o

custo marginal, pois este conduziria as diferentes unidades à maximização dos lucros da

corporação

Assumindo que o objetivo de uma companhia é a maximização do lucro, o melhor

programa de produção seria igual tanto se a empresa fosse organizada como um único

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38

centro de lucro quanto se fosse organizada em divisões independentes. Se a empresa é

organizada com um único gerente responsável tanto pela produção do produto

intermediário como pela transformação deste em produto final, o caminho mais lucrativo

seria produzir até o ponto que o custo marginal igualasse a receita marginal obtida. Do

ponto de vista da organização, esta política não deixaria de estar correta pelo simples fato

desta estar dividida em dois ou mais centros de lucro.

Outro fator que reforça o uso do custo marginal é a utilidade deste método em

questões envolvendo decisões de compra. Dentro de uma divisão, decisões de comprar fora

ou fazer, se feitas racionalmente, necessitam da comparação do custo da compra externa

com o custo adicional de produzir internamente. A natureza desta decisão não se modifica

simplesmente porque o produto intermediário deve cruzar linhas divisionais se feito

internamente.

Entretanto, Solomons (1 976) destaca o conflito que poderá surgir quando a empresa

usa políticas de preços de transferência inconsistentes com o conceito de empresa

divisionalizada. De um lado está a necessidade de maximização de lucros da organização e,

de outro, o desejo de manter a autonomia divisional baseando-se no lucro da divisão como

incentivo que conduzirá à eficiência e à base para avaliação de performance.

Muitos autores defendem a tese que o abandono da estrutura divisonal em favor da

utilização de preços de transferência mais corretos seria, no fmal, prejudicial à organização.

Como Cooke ( 1 955) relata:

"Os efeitos dos incentivos e avaliações baseadas no lucro, como inovação,

criatividade e trabalho duro, de longe compensam as desvantagens inerentes

a um sistema ilógico de preços de transferência e a relatórios financeiros de

certa forma enganosos"

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39

2.7.2 - Preços de Transferência e Carga Tributária

Uma das utilidades do preço de transferência em empresas multinacionais, ou outras

que transferem produtos entre unidades com diferentes razões sociais e localizadas em

estados ou países diferentes, é a utilização deste com o objetivo de diminuir a carga

tributária total da organização. Geralmente, estão envolvidas nestas considerações a análise

das estruturas tributárias de várias nações ou estados, principalmente no que se refere a

tarifas de importação e exportação e de Imposto de Renda. Estas considerações têm o

objetivo de deslocar lucros e valores patrimoniaís para as unidades da organização que

proporcionem um carga fiscal menor. No caso brasileiro, impostos como ICMS, IPI e

outros específicos também devem ser estudados.

2.7.3 - Transferência de Custos Corporativos

Vancil ( 1 979) questiona se uma organização ao se reestruturar de forma

descentralizada deveria desmembrar cada função operacional tomando-a presente em cada

unidade de negócios. Segundo o autor, tal decisão implica em um frade-o f! entre eficiência

e adaptabilidade, ou seja, os executivos da alta administração determinam a autoridade

funcional de cada centro de lucro de maneira a encontrar a quantia ideal de desagregação

para cada função operacional.

Fica claro em seu estudo que a estratégia de diversificação é uma variável

importante na decisão de centralizar certas funções. Analisando as respostas de seu

questionário verificou-se uma clara distinção entre empresas caracterizadas por negócio

único (não diversificada) e de negócios não relacionados (diversificada). Pode-se ter na

economia de escala a justificativa para tal conclusão. Sessenta e oito por cento das empresas

classificadas como negócio único decidiram ter um centro de P&D servindo sua linha de

produtos relativamente homogênea, enquanto apenas quarenta e oito por cento das

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40

empresas de negócios não relacionados optaram por este caminho. Ignorando o efeito da

estratégia de diversificação da empresa, a eficiência que pode ser alcançada em atividades

de grande escala é aparentemente maior nas funções de P&D seguidas por manufatura,

distribuição e vendas.

Vancil ( 1979) sugere, baseado em sua pesquisa, que, se as funções operacionais

podem ser executadas de forma eficiente e eficaz centralizadamente, então elas tendem a

predominar dentro da organização, ou seja, a parcela destas realizada pelas divisões será

bem pequena.

Segundo este autor, para as funções de P&D, distribuição e vendas, os métodos de

alocação ou transferência para os centros de lucro distribuem-se em três categorias:

- rateio (sobre vendas, custos, lucros ou ativos).

- negociação (uso estimado e outros métodos).

- medição (uso real).

Analisando os tipos descritos, conclui-se que, na medida que caminhamos do

método de rateio para o método de uso real, o controle do gerente do centro de lucro sobre

os custos corporativos se acentua. Para a função de manufatura, os métodos de alocação

distribuem-se em quatro categorias:

- custo variável.

- custo total.

- custo mais lucro (negociação incluída nesta categoria).

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41

- preço de mercado.

o método adotado pela empresa na transferência dos custos corporativos pode fazer

com que uma divisão atue de maneira contrária aos interesses da companhia como um todo.

O caso mais óbvio deste tipo pode ser exemplificado quando alguma despesa corporativa é

alocada entre divisões na proporção de suas vendas. Neste caso, cada divisão preferiria

vender um volume menor de produtos com preço alto rendendo menor receita de vendas e

menor lucro antes da alocação das despesas corporativas. Entretanto, o lucro da divisão

seria maior depois da alocação, já que a redução nas vendas implicaria em uma reduzida

alocação de despesas. O total das despesas alocáveis não caíram, mas a contribuição da

divisão sim, fazendo com que a organização como um todo piore, apesar da divisão mostrar

um lucro líquido maior.

2.7.4 - Alocação de Serviços Administrativos

Certas funções usualmente denominadas de serviços administrativos nunca são

completamente descentralizadas. De acordo com Vancil ( 1979), a razão de atividades como

finanças, contabilidade ou serviços jurídicos estarem sempre retidas no centro corporativo é

permitir que seus executivos tenham autoridade funcional direta sobre estas, as quais

consideram importantes e que não gostariam de delegar a gerentes das unidades.

Normalmente, quando servIços administrativos são executados pelo centro

corporativo, os centros de lucro são cobrados por parte ou total dos custos incorridos,

apesar de existirem empresas que nada cobram. Além disso, a cobrança pode existir ou não

dependendo do tipo de serviço executado. Vancil ( 1 979) demonstra em sua pesquisa que

87% das empresas pesquisadas cobravam por serviços de processamento de dados enquanto

apenas 60% cobravam por serviços como relações públicas, planejamento corporativo etc.

Uma possível explicação para a não cobrança destes é a dificuldade de medir os custos e/ou

beneficios destes serviços para os centros de lucro.

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42

No que se refere aos métodos de transferência destes serviços, Vancil ( 1979)

encontrou a maioria das empresas utilizando transferências com base no custo e

pouquíssimas utilizando alguma forma de preço de mercado. Os métodos mais utilizados

foram o uso real, uso estimado, negociação e rateio baseado em vendas, custo ou lucro.

No que tange à avaliação da divisão, Solomons ( 1976) defende a utilização do lucro

da unidade sem a alocação dos custos administrativos, já que estes, quando realizados a

nível corporativo, não são controláveis pela divisão. A alocação poderia enganar os

executivos da alta administração, fazendo-os pensar que determinada divisão estaria

mostrando prejuízo ou lucro muito pequeno e que portanto deveria ser liquidada. Isto

poderia ser o caso de uma divisão cuja contribuição para os custos corporativos não estaria

sendo grande, porém estaria sendo o suficiente para talvez continuar suas operações na

esperança de uma possível recuperação. Qualquer que seja a política que maximize o lucro

da divisão, esta também irá maximizar a contribuição ao lucro da organização antes da

alocação dos gastos corporativos. Em outras palavras, o lucro líquido da organização não

sofrerá se os custos fixos do centro corporativos deixarem de ser alocados. É importante

notar que os custos aqui referidos não incluem departamento localizados no centro

corporativo e que fornecem serviços para as unidades, como processamento de dados,

informações de marketing etc., serviços estes que teriam que ser comprados externamente

se não fossem fornecidos centralmente.

2.8 - Autonomia dos Gerentes das Unidades

Vancil (1 979) define autonomia como o poder de iniciar mudanças e a habilidade de

influenciar eventos. Uma das razões principais da descentralização das empresas é

multiplicar o número de centros de iniciativa dentro da organização através da divisão desta

em unidades de negócio, cada uma focalizando seu próprio mercado e sendo gerenciada por

um gerente inovador. Porém a descentralização é mais que o redesenho da organização em

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43

uma nova estrutura de responsabilidade, já que o comportamento dos gerentes dos centros

de lucro também será peça fundamental.

A definição da extensão e limite da responsabilidade, normalmente definida em

termos de mercados ou segmentos de mercados, atribuída aos gerentes das unidades de

negócio é a tarefa mais fácil realizada pelos executivos da alta administração. A parte

complicada surgirá na execução destas responsabilidades pelos gerentes. Existirão ações

em que estes deverão iniciar e executar sem consultar qualquer superior e em contrapartida

haverá outras em que a consulta a outros executivos fora de centro de lucro é

imprescindível. A tarefa dos executivos corporativos será desenvolver e transmitir aos

gerentes o sentido de restrições que irão limitar sua habilidade de tomar decisões

independentes.

Segundo Vancil ( 1979), estas restrições podem ser de dois tipos. A primeira é de

ordem econômica e está relacionada à magnitude da decisão a ser tomada e suas

conseqüências para outras unidades ou centros de lucro. Estes tipos de restrições são

facilmente especificados através de declarações escritas de políticas e procedimentos.

o segundo tipo de restrição está ligado a fatores sociais e psicológicos, sendo

portanto bem mais dificil de definir e transmitir aos gerentes. A tomada de decisões

independentes na resolução de problemas dificeis é vista como um risco para os gerentes

das unidades. É mais fácil identificar o problema e levá-lo a um superior hierárquico que

decidirá o que deve ser feito. Em certas circunstâncias este procedimento estaria correto

mas em outras os executivos da alta administração prefeririam que os gerentes tomassem a

decisão sozinhos. Do ponto de vista da corporação este é um problema que requer o

desenvolvimento da disposição por parte dos gerentes em tomar decisões independentes,

sendo esta claramente influenciada por fatores como autoconfiança, confiança no próximo e

clima organizacional. É importante ressaltar que fatores como autoconfiança e confiança

não podem ser delegados. No entanto pode se procurar criar um clima dentro da

organização o qual encoraje a propensão ao risco e à tolerância aos inevitáveis erros que

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44

ocorrerão. Pode-se dizer que o objetivo dos executivos corporativos é possUIr na

organização gerentes que tenham confiança de agir sozinho em algumas situações, procurar

conselhos em outras e a sensibilidade de distinguir uma situação da outra.

Na tentativa de verificar o grau de autonomia dada aos gerentes em diferentes

situações, Vancil ( 1979) dividiu os tipos de decisões em quatro grandes grupos, chegando à

conclusão que o grau de autonomia varia com o tipo de decisão e com a estratégia de

diversificação das organizações. Abaixo listamos os grupos citados pelo autor:

1- Decisões de ProdutolMercado - envolvem descontinuação ou projetos de novas

linhas de produtos, expansão para outros mercados etc. Constatou-se que os gerentes dos

centros possuem o menor grau de autonomia para decisões deste tipo, especialmente em

empresas menos diversificadas onde a integração entre os centros é maior. Até em empresas

diversificadas, a restrição a este tipo de decisão também é grande, j á que envolve grandes

valores e conseqüências de longo prazo, além de modificar a extensão da responsabilidade

do gerente da unidade.

2 - Decisões de pessoal - envolvem a contratação, dispensa, compensação e

promoção de funcionários. Este conjunto de decisões são pouco afetadas pelo grau de

diversificação da empresa.

3 - Decisões sobre fontes - envolvem a seleção de compradores e vendedores

internos ou externos à organização. No geral, os gerentes possuem uma razoável autonomia

neste quesito, embora haja uma clara diferença entre empresas de negócio único (menor

autonomia) e negócios não relacionados (maior autonomia). Pode-se citar o caso de uma

companhia de carvão americana, subsidiária integral de uma fabricante de aço. O controller

da primeira afirmou que, apesar de ser tratada como centro de lucro, a venda para

compradores externos podendo causar a interrupção do fluxo de produção e recursos na

segunda jamais seria tolerado.

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45

4 - Outras decisões operacionais - envolvem precificação, propaganda,

determinação de níveis de estoque e de pessoal etc. Os gerentes possuem a maior

autonomia nestas ações.

A descentralização física dos recursos da organização é outro fator citado por Vancil

(1976) como sendo uma importante característica propiciadora para tomada de decisões

pelos gerentes, já que estes terão uma propensão maior a agir independentemente se tiverem

"custódia" dos recursos envolvidos na decisão proposta. Pode-se entender a custódia destes

recursos como sendo a autoridade funcional possuída por estes gerentes.

2.9 - Relações de Mercado entre as Unidades de Negócios

O conflito entre unidades dentro de uma estrutura organizacional descentralizada

não se restringe apenas a problemas de transferência de produtos entre elas. Muitas vezes

estas divisões estarão competindo pelos mesmos mercados ou fonte de recursos. Produtos

de diferentes divisões podem ser complementares ajudando um ao outro na expansão de

seus mercados consumidores como, por exemplo, uma companhia que possui uma divisão

fabricante de câmaras fotográficas e outra de filmes.

Estas interre\ações possuem grande importância na hora da avaliação da

performance de cada divisão. Pode-se citar o exemplo de uma divisão que, apesar de estar

operando com prejuízo, está realizando importante contribuição para os lucros da

organização através do resultados de outras divisões. Na tomada de decisões que envolvam

preço ou receita de marketing para promoção de determinado produto deve ser levado em

conta, além do aumento de receita do próprio produto, o aumento da receita proveniente dos

produtos complementares.

É importante lembrar que estas relações não são privilégio apenas de empresas

divisionalisadas. Elas existem em maior ou menor grau em empresas que fabricam uma

gama grande de produtos. Entretanto, os conflitos gerados por estas relações se tomam mais

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46

agudos quando produtos competitivos ou complementares são fabricados por diferentes

divisões onde gerentes diferentes receberão os louros pelo sucesso ou a culpa pelo fracasso.

Solomons ( 1 976) sugere que a maneira mais simples de lidar com estas relações é

prevenir ou, pelo menos, minimizar sua ocorrência, através do desenho das fronteiras

divisionais de maneira que a demanda dos produtos da divisão A seja independente da

demanda da divisão B e assim por diante. É claro que deve haver bom senso, pois se as

empresas seguirem este conselho ao pé da letra muitas delas teriam que abandonar sua

estrutura divisionalizada.

A situação teórica ideal levantada pelo autor seria a possibilidade de relatórios

financeiros das diferentes divisões refletirem o lucro que foi alcançado as custas de outra

divisão ou vice-versa. Apesar da medição destes valores ser bastante dificil de implementar

com a constante mudança de relações entre divisões, não significa que o problema deva ser

abandonado. É importante que ao menos um julgamento qualitativo da precisão dos

resultados da divisão reflitam a verdadeira contribuição da divisão para o lucro total da

organização.

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47

3 - METODOLOGIA

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48

3 . 1 - Introdução

Este capítulo tem como obj etivo descrever a metodologia utilizada nesta pesquisa,

bem como explicar as razões para sua utilização, apresentar as perguntas que pretendem ser

respondidas, explicar a escolha da empresa estudada, detalhar os métodos usados na coleta

de dados, descrever como foi realizado o trabalho de campo e a análise de dados.

3.2 - Metodologia Utilizada

Utilizou-se nesta pesquisa o método de estudo de casos denominado segundo a

classificação de Kerlinger ( 1 973) como estudos de campo de natureza exploratória.

Segundo o autor, se enquadram neste tipo pesquisas que busquem descobrir variáveis

significativas na situação estudada e as relações entre elas.

A escolha do método acima citado se justifica na medida em que o assunto

explorado na pesquisa ainda é incipiente no Brasil no que diz respeito a publicações

científicas. Este método é utilizado quando se deseja obter maior riqueza de detalhes sobre

o assunto, parecendo o mais apropriado quando está se procurando indícios e idéias para

pesquisas futuras. Além disso, o reduzido número de eventos não permitiria o tratamento

estatístico dos dados coletados.

Apesar de possibilitar o conhecimento profundo do assunto estudado, permitindo a

identificação de diversas variáveis contextuais ou situacionais, permitindo comparações

com a teoria, este tipo de estudo não permite que se generalizem seus resultados, que não

devem ser estendidos para outras empresas além daquela objeto da pesquisa.

Conclui-se então que o método de estudo de casos é bastante apropriado no caso

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49

desta pesquisa, já que o objetivo desta é explorar as relações existentes entre a literatura

sobre medidas de avaliação de desempenho e preços de transferência utilizadas em

empresas com estrutura organizacional baseada em centros de responsabilidade ou unidades

de negócios e o sistema adotado pela empresa objeto de estudo.

3.3 - Perguntas da Pesquisa

Com o objetivo principal de entender como funciona a estrutura organizacional

baseada em unidades de negócios da empresa objeto da pesquisa, objetivou-se responder às seguintes questões;

1 - Quais os objetivos da empresa objeto do estudo, ao adotar a estrutura

descentralizada em unidades de negócios?

2 - Como está organizada a empresa a nível de centros de responsabilidade?

3 - Quais são os métodos utilizados pela empresa objeto do estudo na avaliação de

desempenho dos centros de responsabilidade ou unidades de negócios e de seus gerentes e

qual a relação, em termos de proximidade ou afastamento daqueles referenciados na

revisão de literatura?

4 - Qual é a política de preços de transferência adotada pela empresa e qual a

relação, em termos de proximidade ou afastamento daquelas referenciadas na revisão de

literatura?

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50

A resposta destas questões pennite a inferência do atual estágio de desenvolvimento

deste tipo de estrutura na empresa escolhida, além de possibilitar a comparação dos

sistemas utilizados na prática com a teoria apregoada pela literatura sobre o assunto.

Na tentativa de aprofundar as questões acima, foi elaborado um questionário (Anexo

1 ) que serviu como guia para as entrevistas realizadas na empresa.

3.4 - A Escolha da Empresa

Os seguintes fatores influenciaram a seleção da empresa estudada:

a - A adoção pela empresa de uma estrutura baseada em unidades de negócios;

b - O conhecimento através de artigos de revistas e jornais e também por intennédio

de funcionários da utilização de modernas técnicas de administração;

c - A credibilidade associada ao nome da empresa;

d - A localização de sua sede no Rio de Janeiro, possibilitando a realização das

entrevistas sem grandes deslocamentos;

e - O fato de o pesquisador ser amigo de uma funcionária da empresa, o que

possibilitou o acesso às pessoas entrevistadas.

f - O fato de a empresa ser líder em seu mercado de atuação;

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5 1

3.5 - O Método de Coleta de Dados

Com o objetivo de atingir a profundidade necessária ao tipo de pesquisa utilizando o

método de estudo de casos, optou-se pela entrevista pessoal conduzida pelo entrevistador.

O pesquisador optou pela utilização de um questionário que serviu de roteiro para a

entrevista. O questionário tinha duas funções básicas: a primeira era fazer com que a

entrevista e a abordagem do assunto explorado seguisse uma estrutura similar ao da revisão

de literatura, facilitando assim a posterior análise dos dados; a segunda, era impedir que

informações relevantes não fossem perdidas, o que fatalmente aconteceria.

Ao realizar a entrevista, o pesquisador utilizou dois questionários similares. O

primeiro, entregue ao entrevistado, era composto na sua maioria de perguntas abertas

referentes aos assuntos abordados na revisão de literatura seguindo o mesmo escopo desta.

O segundo, que ficou de posse do pesquisador, continha as mesmas questões do primeiro só

que com possíveis respostas resumidas que tinham como objetivo relacionar as respostas

do entrevistado à teoria previamente conhecida.

Durante a entrevista foi utilizado um gravador portátil, devidamente autorizado pelo

entrevistado, a fim de poupar tempo de entrevistado e pesquisador, além de possibilitar o

registro de todos os detalhes das respostas obtidas, o que seria muito dificultado através do

uso de anotações.

Com o objetivo de enriquecer ainda mais a pesquisa, procurou-se obter documentos

internos utilizados pela empresa que tivessem relação com o assunto pesquisado.

Nos Anexos encontram-se os questionários utilizados, além dos documentos acima

referidos.

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52

3.6 - Trabalho de Campo

Depois da conclusão do questionãrio, contatou-se a funcionária da empresa

selecionada a qual era conhecida do pesquisador a fim de identificar a pessoa ou pessoas

capazes de responder às perguntas da pesquisa. Após a identificação, esta funcionãria

abordou o futuro entrevistado com o objetivo de indagar sobre a disposição deste em

conceder uma entrevista, descrevendo o assunto a ser abordado. Após receber a resposta

positiva em relação à concessão da entrevista, o pesquisador enviou uma carta formal em

nome do COPPEADfUFRJ, descrevendo o teor da entrevista e enfatizando a importância da

participação da empresa. Depois de enviada a carta, que pode ser encontrada nos anexos

desta pesquisa, foi feito um contato telefônico e marcada a entrevista. Foram realizadas três

entrevistas, cada uma com duração aproximadamente de uma hora e trinta minutos.

3.7 - Análise dos Dados

A análise dos dados consistiu da descrição do caso estudado, possibilitando a análise

qualitativa deste, concentrando-se no relacionamento dos resultados obtidos com os

fundamentos teóricos apresentados na revisão de literatura.

A descrição e análise do caso são realizadas em separado, com o intuito de facilitar

o entendimento e interpretação, ao mesmo tempo proporcionando a maior riqueza de

detalhes possível sobre a atual estrutura organizacional da empresa, baseada em unidades de

negócios.

A descrição do caso é apresentada no Capítulo 4, onde procura-se descrever, com a

maIOr quantidade possível de detalhes, a estrutura organizacional peculiar da empresa

estudada, dando ênfase às questões descritas na seção 3.3 . Já no Capítulo 5, apresenta-se a

análise dos dados descritos.

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53

4 - DESCRIÇÃO DO CASO

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54

4.1 - Introdução

Este capítulo tem como objetivo apresentar os resultados obtidos na pesquisa de

campo baseados nas entrevistas realizadas e na consulta de documentos fornecidos pela

empresa estudada.

o capítulo inicia com um histórico da empresa e a descrição desta tanto a nível

mundial quanto nacional, já que se trata de uma empresa multinacional. A seguir, descreve­

se a estrutura organizacional da empresa baseada em centros de responsabilidade,

focalizando os aspectos descritos na revisão de literatura encontrada no Capítulo 2.

É importante observar que, neste capítulo, se pretende apenas reproduzir, com a

maior fidelidade possível, o resultado dos depoimentos obtidos. As análises e comentários

sobre a adequação desses resultados à literatura serão realizadas no Capítulo 5 .

4.2 - Histórico

A história da xerografia confunde-se com a história de seu inventor, o americano

Chester Carlson. Graduado em Física, Química e Direito, Carlson trabalhava como gerente

do Departamento de Patentes da P.R. Mallory Co., uma empresa fabricante de produtos

eletrônicos e ao mesmo tempo era um inventor nas horas vagas.

Em 1 937, Carlson descobriu os princípios fundamentais daquilo que denominou

eletrografia, um processo que teoricamente poderia reproduzir documentos com certa

qualidade, inexistente até então. A partir desta data, Carlson decidiu aprofundar suas

pesquisas, montando um pequeno laboratório no bairro de Queens, Nova York,

conseguindo sua primeira cópia em outubro de 1 938.

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55

Depois de patentear a idéia, Carlson tentou por vários anos vender sem sucesso sua

invenção. A maioria dos empresários não acreditava que existisse um mercado para uma

copiadora, já que o papel carbono funcionava muito bem. Finalmente, em 1 944, o Instituto

Memorial BatteIle, uma instituição sem fins lucrativos, interessou-se pela idéia, oferecendo

recursos em troca de 60% de participação na receita que viesse a ser obtida com a

comercialização do equipamento.

Em 1947, uma pequena empresa chamada Haloid, que fabricava papel fotográfico

para o Instituto, se interessou pelo produto, negociando os direitos sobre sua patente. Em

acordo com Carlson, e por sugestão de um professor de Letras Clássicas de Ohio, o

processo passou a ser chamado de xerografia (do grego: xero = seco e grafia = escrita),

sendo a palavra Xerox utilizada para identificar o produto.

Dois anos depois nascia a primeira máquina, a copiadora Xerox, e em 1 96 1 , como

reflexo da grande aceitação do mercado, a Haloid mudava sua razão social para Xerox

Corporation.

4.3 - A Xerox Corporation

Hoje, a Xerox Corporation é uma companhia global atuante em mais de 130 países e

cuja atividade principal é a fabricação e comercialização de copiadoras, impressoras,

scanners, máquinas de fax e programas de gerenciamento de documentos, além do

fornecimento produtos e serviços associados. Pode-se dizer que a empresa atua em um

único segmento da indústria, que consiste no desenvolvimento, fabricação e

comercialização de produtos e serviços ligados ao processamento de documentos.

A organização encerrou o ano de 1 996 com um faturamento consolidado de US$ 1 7

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56

bilhões, lucro líquido de US$ 1 ,2 bilhões, ativos de US$ 26 bilhões e patrimônio líquido de

US$ 5,9 bilhões.

4.4 - A Xerox do Brasil

A Xerox passou a atuar no Brasil em 1 965, a partir de um acordo firmado entre o

empresário Henrique Sergio Gregori e a Xerox Corporation, que resultou na criação da

Xerox do Brasil Reproduções Gráficas Ltda. Desta forma, a Xerox, um nome que

inicialmente poucos conseguiam pronunciar, tomou-se sinônimo de cópia, incorporou-se

aos dicionários e gerou neologismos.

Em 1 966, a recém criada empresa participou de uma exposição no Museu de Arte

Moderna, no Rio de Janeiro, onde foram apresentados alguns modelos de máquinas que

despertaram logo a atenção do público. Até a introdução desta tecnologia, o Brasil dispunha

de alternativas que reproduziam originais em papéis fotossensíveis, sistema oneroso e lento,

que tinha ainda como agravante o fato de que as cópias se deterioravam com o tempo, em

conseqüência de um processo de oxidação.

Em 1 967, a expansão da empresa já começara, instalando filiais por todo território

nacional. Primeiramente surgiram as do Rio de Janeiro e São Paulo. Em seguida, a de

Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e assim por diante, até a de Porto Velho, no

ano de 1 983, totalizando 53 filiais que repondem por seis Diretorias Regionais.

Hoje, a Xerox do Brasil é a terceira maior operação Xerox no mundo com 6.000

funcionários e faturamento em 1 996 de US$ 1 ,6 bilhão, perdendo apenas para a matriz

americana (faturamento de US$ 7,5 bilhões) e para o Japão (US$ 5,2 bilhões).

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57

A partir de 1 994, como fruto de um novo posicionamento estratégico iniciado em

1991 , a Xerox Co. e todas suas subsidiárias passaram a se identificar como " Xerox - The

Document Company". Segundo a própria Xerox, mais do que definir um novo

posicionamento, usar esta denominação significava assumir o compromisso de oferecer a

seus clientes um novo conceito de soluções integradas para o processamento de seus

documentos. A proposta consiste na parceria com seus clientes para oferecer-lhes assessoria

na busca de soluções que fortaleçam sua imagem, através da inovação e qualidade de seus

documentos, isto é, qualquer oferta de produtos ou serviços deve ser precedida de um

levantamento mais abrangente das necessidades de negócio do cliente, de forma a

identificar o conjunto de soluções que torne seus documentos diferenciados e competitivos.

Este conjunto de soluções vai desde a criação do documento, até o seu arquivamento,

passando por uma série de etapas que compõem o ciclo: criação, edição, impressão,

reprodução, transmissão, acabamento, distribuição, arquivamento e recuperação. Para

realizar este ciclo, a Xerox desenvolveu produtos para atender todas estas etapas. Em

resumo, eles são os seguintes:

- copiadoras e duplicadoras em preto e branco e em cores;

- impressoras pessoais ou para velocidades alta, média e baixa; com opções de preto

e branco e em cores; centralizadas ou descentralizadas;

- fac-símiles a laser ou digital, com uso de papel comum ou sensibilizado;

- copiadoras e plotters para engenharia;

- scanners para digitalização;

- produtos digitalizados e software, desenhados para atender às necessidades de

mercado; fontes, imagens e logotipos personalizados;

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58

- produtos de pré e pós-processamento;

Apesar desta mudança, o negócio principal da Xerox continua a ser o aluguel e

leasing de copiadoras. Segundo as próprias palavras do presidente da Xerox do Brasil,

Carlos Salles:

" . . . eu não posso dizer que a Xerox inteira virou "The Document Company".

Este conceito foi apenas agregado ao que a companhia já tinha e fazia.

Xerox continua sendo uma máquina de botar tinta no papel para 80% do

mercado, e assim vai continuar. O que é "The Document Company"? É alguma coisa que nós não sabíamos fazer e passamos a fazer. Todos os

valores tradicionais da companhia continuam em vigor e 75% da nossa

receita ainda vêm da copiadora isolada, no Brasil e no resto do mundo. O

negócio tradicional de copiadoras teve a morte decretada várias vezes.

Balela: a Xerox Corporation continua sustentada por este negócio. O que

fizemos foi criar condições para, no momento devido, aproveitarmos as

oportunidades que vão aparecer. Estamos pensando nos próximos quatro,

cinco ou oito anos, na medida que o mercado vá se sofisticando e as

soluções integradas sejam de uso mais corrente."

4.4.1 - Ambiente Competitivo

Desde a sua chegada no Brasil, a Xerox se beneficiou da ausência de concorrentes a

sua altura. A empresa só começou a sentir a presença da concorrência com o fim de reserva

de mercado para informática e a liberação das importações. Neste momento, empresas

como Gestetner/Nashua, Kodak, Oliveti e Canon começaram a trazer para o Brasil

equipamentos de última geração.

Para fazer frente à concorrência e manter sua posição de líder de mercado, a Xerox

Page 72: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

59

começou a disponibilizar para o mercado outros equipamentos mais modernos e compactos,

além de ampliar o leque de produtos oferecidos com a marca Xerox, como fac-símiles,

impressoras a laser e outros equipamentos de escritório mais avançados. Atualmente, a

empresa vem conseguindo manter a liderança de mercado graças a uma ampla rede de

vendas e um sistema de manutenção abrangente.

4.4.2 - Estratégia e Vantagem Competitiva

Em 1 984, a Xerox implantou a estratégia denominada de "Liderança Através da

Qualidade". Qualidade para a Xerox significa oferecer sempre produtos e serviços que

atendam com conformidade às necessidades de seus clientes. Esta estratégia procura

priorizar a satisfação dos clientes, entendendo que o retomo sobre os ativos e a participação

de mercado são conseqüências desta.

Na esteira desta estratégia, a Xerox criou uma filosofia denominada "Clientar", ou

seja, empenhar-se ao máximo para suprir os cliente com produtos e serviços inovadores que

satisfaçam inteiramente suas necessidades. Para que essa mentalidade seja possível de ser

criada e implantada nas várias unidades da empresa, treinamentos são realizados com todos

os funcionários para que estes aprendam os princípios e práticas de qualidade e, dessa

forma, possam orientar seus trabalhos para a satisfação dos clientes.

A empresa realiza pesquisas periodicamente com o objetivo de medir a satisfação de

seu cliente. O processo usual é o envio de cartas com questionários que são enviados e

respondidos pelos clientes.

Um outro projeto original realizado pela Xerox é o denominado de "Anjos da

Guarda". Este trabalho, realizado diretamente pelas Filiais espalhadas pelo país, consiste

em atribuir, a cada funcionário da Filial, um certo número de clientes específicos, para os

quais deverá ligar duas ou três vezes ao ano, com o objetivo de detectar a existência de

Page 73: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

60

algum tipo de problema.

Pode-se dizer que a Xerox tem tradição em qualidade, já que é ganhadora habitual

de prêmios ligados a este assunto. Pode-se citar o Prêmio Nacional de Qualidade em 1 993,

além de outros prêmios importantes ganhos pelas outras subsidiárias como o "MaJcom

Baldrige National Quality Award", em 1989, e o "Deming Prize", em 1 980.

A Xerox do Brasil tem como vantagem competitiva em relação a seus concorrentes

os seguintes fatores: produto de qualidade, cobertura de mercado e assistência técnica. O

preço do produto Xerox é em geral um pouco mais caro que o da concorrência, sendo esta

diferença igual ao prêmio que seus clientes estão dispostos a pagar para ter a qualidade dos

serviços disponíveis.

4.4.3 - Grau de Diversificação

De acordo com as definições de V ancil ( 1 979), pode-se definir a Xerox do Brasil

como um negócio relacionado, ou seja, nenhuma linha de produtos ou serviços é

responsável por mais de 70% da receita total da empresa, mas mais de 70% da receita

provem de linhas de produtos relacionados. Pode-se dizer que a totalidade de produtos e

serviços comercializados pela empresa estão relacionados a um único segmento de mercado

definido pela empresa como atividades de processamento de documentos.

4.4.4 - Estrutura de Responsabilidade:

A Xerox do Brasil tem sua estrutura organizacional baseada em vários centros de

responsabilidade ou unidades de negócios, como são normalmente chamadas. Descreve-se a

seguir como estão organizados os principais centros de responsabilidade da empresa:

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6 1

4.4.4. 1 - Matriz

Inaugurada em 1 970 e localizada no Rio de Janeiro, a Matriz ou Centro Corporativo

é onde se encontra o Comitê Executivo, responsável pelas estratégias de negócio, e as

Diretorias Funcionais (marketing, finanças, manufatura, recursos humanos, conforme

organograma anexo), responsáveis pelo estabelecimento e monitoração dos objetivos e

diretrizes funcionais e globais da Companhia.

4.4.4.2 - Unidades de Produto

A empresa é dividida em três grandes centros de responsabilidade de acordo com os

principais produtos comercializados, dando origem a três Unidades de Produto. Estas

unidades, por sua vez, são divididas em unidades menores, também a nível específico de

produtos e tecnologia. Como exemplo, pode-se citar uma unidade de impressoras de

pequeno volume, também dividida de acordo com a tecnologia incorporada ao produto,

como impressoras com tecnologia de rede e outras sem esta característica. Outro exemplo é

o da lmidade de copiadoras dividida de acordo com sua capacidade de produção ou

tecnologia de cor. As três grandes Unidades de Produto são:

• Marketing Office - copiadoras, impressoras, fax e equipamentos multifuncionais;

• Marketing DSG & After Sales - material de consumo e terceirização de serviços de

reprografia; e

• Marketing Production - impressão em alto volume e plolters.

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62

4.4.4.3 - Fábricas

Executam as atividades industriais, ou seja, a fabricação e montagem dos

equipamentos Xerox, dando continuidade ao programa de expansão da linha de produtos

xerográficos fabricados no Brasil. São elas:

a - Xerox do Nordeste - XNOR

Em 1 97 1 , ao perceber que teria que nacionalizar parte de seus produtos, a Xerox

inaugurou a primeira fábrica, a Metalquímica da Bahia S.A., hoje Xerox do Nordeste.

Localizada no Centro Industrial de Aratu, a XNOR foi inicialmente projetada para fabricar

tonelizadores e reveladores (materiais de consumo) para as copiadoras Xerox. Em 1 985,

passou a fabricar também cintas e fotorreceptores utilizados em vários equipamentos. Esta

unidade hoje supre o mercado brasileiro, da América Latina e Caribe.

b - Centro Tecnológico Hemique Sérgio Gregori

Inaugurado em 1 973 e localizado em Resende, no Estado do Rio de Janeiro, esta

unidade constitui um complexo industrial capaz de fabricar equipamentos xerográficos que

incorporam tecnologia de ponta, tanto para consumo local como para o mercado de

exportação (outras operações Xerox no exterior). O Centro é composto por três partes

principais: CTI - Centro Técnico de Itatiaia, destinado ao recondicionamento e recuperação

de máquinas; CND - Centro Nacional de Distribuição, almoxarifado central da Xerox do

Brasil; e Manufatura, responsável pela fabricação dos equipamentos.

c - Xerox do Amazonas - XAM

Inaugurada em 1 988 e localizada em Manaus, a XAM é responsável pela produção

de equipamentos de pequeno e médio porte para o mercado brasileiro, devendo, dentro em

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63

breve, também produzir para o mercado externo.

d - Vitória Equipamentos S.A. - JDR

Criada em 1 988, a JDR produz talonadoras, envelopadoras, serrilhadoras e

etiquetadoras, voltadas para o acabamento de produtos gerados nas impressoras eletrônicas

Xerox. Tratam-se de equipamentos pioneiros em sua concepção e tecnologia, que

receberam extraordinária aceitação do mercado brasileiro, iniciando sua exportação em

1 99 1 .

e - Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Vitória - CDSV

Criado em 1 990, o CDSV tem com objetivo produzir programas aplicativos

especiais para serem utilizados pelos clientes usuários das impressoras eletrônicas Xerox,

no Brasil e no exterior. Este projeto é uma iniciativa pioneira no país, representando uma

transferência de tecnologia de grande importância para o mercado interno de informática

como um todo. Em 1 996, o CDSV recebeu o certificado de qualidade CMM Levei 2

(Capability Maturity Model) concedido pelo Software Engineering Institute, que tem a

mesma importância para a indústria de software que o ISO para as demaís indústrias e

empresas de serviços. A Xerox mantém unidades semelhantes nos Estados Unidos,

Inglaterra, Índia e Singapura.

4.4.4.4 - Regiões

O mercado consumidor da empresa foi dividido em seis grandes regiões geográficas,

cada uma sob a responsabilidade de um diretor regional. São elas: Região Norte (engloba a

região nordeste), Sul, São Paulo I e São Paulo lI, Rio (estados do Rio de Janeiro e Espirito

Santo) e Brasília (engloba as regiões Centro- Oeste e Norte).

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64

Estas Regiões são responsáveis por toda a comercialização dos produtos e serviços

Xerox, ou seja, é o contato da empresa com o cliente no que diz respeito à realização de

novos negócios, como a venda ou aluguel de equipamentos e na prestação de serviços como

assistência técnica, sendo que cada região possui estrutura completa para atender todos os

possíveis tipos de clientes Xerox.

A divisão da empresa em unidades de negócios baseada em regiões foi conseqüência

de um processo natural, dada as dimensões continentais do país e à medida que o negócio

se expandia por todo o território nacional. A empresa sentiu a necessidade de possuir

estruturas diferenciadas para atender as diferentes culturas existentes e aos variados tipos de

negociação de maneira a proporcionar uma cobertura completa de todo mercado brasileiro.

Estar mais perto de seu cliente significava, para a Xerox, oferecer melhor atendimento e

maior rapidez de resposta às suas necessidades.

Uma das vantagens observadas na utilização deste tipo de estrutura é o

entendimento mais apurado do próprio negócio, como, por exemplo, a compreensão de

algumas variáveis como margens operacionais diferenciadas de Região para Região ou o

entendimento da forma que se realiza negócios de uma região para outra. Quando indagada

a respeito da possível falta de controle que possa existir neste tipo de estrutura, a empresa

ressaltou que, com a existência de um controller em cada região, este tipo de problema é

inexistente.

4.4.4.5 - Filiais

Com o objetivo de melhor gerenciar os negócios de cada Região, existe ainda,

dentro de cada estrutura regional, a separação em segmentos de mercados específicos. Cada

região é composta por um certo número de Filiais, totalizando 53 em todo o Brasil. Cada

Filial possui um gerente (Gerente de Filial), responsável por um território específico ou tipo

de cliente (Grandes Contas, Governo, Bancos etc.) dentro da região a qual é subordinado.

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65

4.4.5 - Fluxo Simplificado dos Produtos

Através da Figura 2, pode-se observar o fluxo básico dos produtos dentro da

organização estudada. É importante mencionar que os produtos ou serviços não fluem

fisicamente pelas Unidades de Produto e sim gerencialmente, isto é, estas unidades,

localizadas na Matriz da empresa, funcionam como uma estrutura de responsabilidade

paralela, administrando os resultados da empresa por tipos de produtos. Além disso, vale

lembrar que as Unidades de Produto não possuem qualquer ingerência sobre as Regiões ou

Filiais no que se refere ao tipo de produto ou serviço a ser comercializado, não existindo

qualquer subdivisão por tipo de produto no nível das Regiões ou Filiais.

Figura 2

Matriz Fábricas

( I ) Uno de

Produto 1

Uno de Região 1 Região 2 Região 3 Região 6

Produto 2

(2) Uno de

Produto 3 / Filij1 24 / (3)

Consumidor Final

( 1 ) - As Fábricas fornecem os variados tipos de produtos às Regiões ao Custo Padrão.

(2) - As Regiões distribuem os produtos às Filiais que os vendem ao consumidor final.

(3) - A receita total gerada pelas Filiais é dividida por tipos de produtos e alocada as respectivas Unidades de Produto

Page 79: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

66

4.4.6 - Caracterização dos Centros de Responsabilidade

4.4.6.1 - Matriz

A Matriz ou Centro Corporativo da empresa é considerada um grande centro de

despesa. Todas as atividades realizadas, tais como finanças, contabilidade, comunicação,

recursos humanos etc. são consideradas centros de responsabilidade, mais especificamente

centros de despesa, e todas sem exceção possuem gerentes responsáveis.

4.4.6.2 - Unidades de Produto

Estas três grandes unidades, dividida em três linhas de produtos principais, têm

como gerentes responsáveis três diretores, denominados de Diretores de Marketing, os

quais têm como principal atribuição trazer produtos e criar estratégias de marketing

suficientemente boas para que estes produtos possam ser vendidos pelas Regiões. Estas

unidades correspondem à mesma separação descrita anteriormente em linhas de produtos.

São elas: Marketing Office, Marketing DSG & After Sales e Marketing Production.

Estas Unidades de Produto não possuem nenhuma ingerência sobre as Regiões ou

Filiais. Elas apenas criam as condições necessárias para que as Regiões vendam seus

produtos específicos. Pode-se dizer que as Regiões são o mercado consumidor primário das

Unidades de Produto. Isto significa que, primeiramente, será feito um esforço de marketing

no sentido de vender determinados produtos para as Regiões para que, em seguida, estas

vendam ao cliente final da Xerox. Dentre as atividades das Unidades de Produto junto às

Regiões, incluem-se o lançamento dos produtos e treinamento em tecnologia do produto.

o controle dos estoques de produtos está sob controle destas unidades, isto é, elas

têm a responsabilidade de administrar a falta ou excesso de determinado produto. As

Regiões estão preocupadas em vender o produto que o cliente deseja, a partir do momento

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67

que este esteja disponibilizada pelas Unidades de Produto.

As unidades podem ser consideradas centros de lucro, j á que são apuradas várias

medidas de resultado envolvendo receitas e despesas, como margem bruta e lucro

operacional.

4.4.6.3 - Fábricas

As fábricas estão sob a responsabilidade da unidade principal denominada de

Manufatura, a qual possui como responsável um Diretor Executivo. É importante salientar,

que, apesar de pertencer à operação da Xerox do Brasil (XBRA), a unidade Manufatura

responde diretamente à matriz americana. Esta unidade cumpre metas de produção

definidas pela demanda projetada para o Brasil e para outras unidades Xerox no mundo.

Cada fábrica possui um gerente responsável, podendo ser definidas a nível de centro de

responsabilidade como Centros de Custos.

4.4.6.4 - RegiõeslFiliais

As Regiões e Filiais são consideradas centros de resultado, tendo como responsáveis

um Diretor Regional e um Gerente de Filial respectivamente. Existe na empresa um

processo de determinação de lucro de cada filial que depois será agregado, resultando no

lucro de cada uma das seis regiões definidas. Este lucro de cada filial ou margem de

contribuição, como prefere denominar um dos gerentes corporativos, é calculado, de

maneira simplificada, conforme demonstrado em seguida:

Page 81: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

68

Quadro 3

Demonstrativo de Resultado - Filial "X"

Receita da Filial (comercialização de produtos e serviços de 100

da filial específica)

- Custo dos Produtos Vendidos (50)

- Despesas da Filial (20)

= Lucro ou Margem da Filial 30

Em seguida, a partir dos resultados apurados em cada Filial, tem-se um resultado

agregado por Região compreendendo o somatório de todos os resultados das Filiais

compreendidas dentro da Região específica.

4.4.7 - Avaliação de Desempenho

o principal objetivo da avaliação de desempenho é a monitoração dos resultados das

diferentes unidades para posterior análise e tomada de decisão em função de um resultado

favorável ou desfavorável. No caso de resultado positivo, a avaliação conduz à premiação e,

em caso de resultado negativo, conduz a um alerta e a uma análise dos possíveis problemas

existentes em determinada unidade, que finalmente levam a um plano de ação.

o processo de avaliação de desempenho dentro da Xerox se realiza mensalmente,

tendo uma denominação muito peculiar: "Desafio". É importante ressaltar que o processo

Page 82: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

69

de avaliação está diretamente ligado ao processo de premiação, apesar deste ser realizado

anualmente.

A avaliação consiste na comparação dos resultados reais atingidos por cada centro

de responsabilidade com as metas traçadas no período anterior. As metas a serem

alcançadas podem ser de vários tipos dependendo da característica específica de cada centro

ou unidade de negócio. Elas podem ser de natureza financeira como receita, crescimento de

receita, lucro, margem operacional etc., como também podem ser metas de atividade fisica,

como quantidade de equipamentos instalados, cobrança etc. É importante ressaltar que as

metas estabelecidas são amplamente discutidas entre o controle corporativo e os vários

gerentes dos centros de responsabilidade.

4.4.7. 1 - Padrões de Referência

o resultado passado das unidades de negócio é uma das referências utilizadas tanto

para estipular metas quanto para avaliar o desempenho. Entende-se como passado a

experiência obtida com determinada unidade, gerando padrões de resultado a serem

seguidos e melhorados no futuro. A própria meta estipulada pode ser considerada a

principal referência, já que incorpora um conhecimento profundo da unidade em questão.

Outro tipo de referência é uma espécie de benchmarking interno. Este processo,

realizado no nível de Filiais, consiste na comparação de Filiais similares, ou seja, aquelas

que tem padrão similar no que se refere ao tipo de cliente ou de equipamento

comercializado. Pode-se citar, como exemplo, a comparação entre uma Filial "Grandes

Contas" da Região de São Paulo e a Filial "Grandes Contas" da Região do Rio de Janeiro

que teriam margens brutas e operacionais comparáveis. A mesma comparação pode ser feita

em Filiais que são mais focadas em equipamentos de pequeno volume e assim

sucessivamente.

Page 83: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

70

4.4.7.2 - Variáveis Controláveis

A empresa tenta identificar se o resultado negativo foi causado realmente por

problemas de desempenho, ou por fatores externos, como a atuação da concorrência ou até

problemas macroeconômicos, como recessão etc. É interessante mencionar que a Xerox

acredita que a recessão é o melhor momento para ser estrategicamente agressivo e ganhar

parcela de mercado da concorrência.

4.4.7.3 - Premiação

Denominada de bônus, a premiação pelos resultados alcançados acontece logo após

o fechamento do resultado anual. O bônus, também chamado de participação nos lucros,

consiste em uma premiação em dinheiro que varia com o resultado alcançado pela unidade

avaliada. Por exemplo, se uma Região atinge em 100% ou mais as metas estipuladas para o

período avaliado, todos os funcionários desta região, desde que tenham um desempenho

normal, receberão um valor X de salários adicionais. Em contrapartida, se a unidade de

negócios não atingir a meta especificada, não haverá premiação para nenhum de seus

funcionários.

A avaliação dos centros de responsabilidade com o objetivo de distribuição de

lucros, além de estar baseada em metas específicas de cada centro, também será

influenciada por metas globais da companhia, ou seja, mesmo que metas específicas de

determinado centro sejam amplamente satisfeitas, a avaliação desta será afetada pela não

satisfação de uma das metas globais. Pode-se citar como exemplo de metas globais a

satisfação do cliente, cobrança e estoques.

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71

4.4.7.4 - Avaliação dos Centros de Responsabilidade da Matriz

Na avaliação dos centros de despesa localizados na Matriz, o principal foco é sobre

as metas de despesas estipuladas para o período avaliado. As metas de despesas iniciam-se

a partir de um orçamento global da companhia, onde é definida uma projeção de receita a

ser atingida e proposta uma percentagem de despesa global sobre esta receita. Definido o

valor total de despesa, este é desmembrado pelos vários centros de responsabilidade de

acordo com as negociações entre as Diretorias e as várias Gerências.

Além das metas de despesas, estes centros também possuem metas específicas de

atividade, que irão variar bastante de acordo com as características peculiares de cada um.

Como exemplo, pode-se citar o centro de tesouraria que tem como meta específica atingir

certo valor médio de saldo de caixa ou o caso da controladoria que tem a meta de apresentar

os resultados da empresa em um número máximo de dias.

4.4.7.5 - Avaliação das RegiõeslFiliais

Na avaliação de desempenho das Regiões e Filiais, é elaborado mensalmente um

demonstrativo de resultados independente para cada Filial e Região, sendo o resultado

analisado em dois níveis. O primeiro é o resultado antes da entrada das despesas específicas

da Região ou Filial, que pode ser denominado de Margem Bruta da RegiãolFilial (igual a

receita menos custo dos produtos vendidos). O segundo nível é o resultado depois da adição

das despesas da Região ou Filial ao CPV, resultando no que denomina-se Margem sobre

Vendas da RegiãolFilial (igual a receita menos CPV+ despesas). Existe também o enfoque

especial sobre as despesas operacionais específicas de cada Região ou Filial (acima

referenciadas) como, por exemplo, despesas de vendas, aluguéis, viagens, pessoal,

contratação de serviços de terceiros etc., ou seja, o enfoque recai sobre as variáveis que são

controláveis pelos diretores e gerentes responsáveis.

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72

Não é realizada apuração de lucratividade por tipo de produtos dentro das Regiões

ou Filiais. Este estudo é realizado no nível das Unidades de Produto.

A experiência acumulada com unidades separadas em Regiões demonstra grandes

variações nos resultados de uma região para outra, o que reforça ainda mais o uso deste tipo

específico de estrutura.

4.4.7.6 - Avaliação das Fábricas

A avaliação das Fábricas é similar à avaliação de qualquer centro de

responsabilidade dentro da empresa, isto é, dependerá principalmente dos resultados

atingidos comparados com as metas propostas. As metas sugeridas pela companhia são

baseadas principalmente no custo padrão definido antes de cada ano fiscal, denominado

UMC (unit manufacturing COSI/custo unitário de fabricação).

o processo de definíção do UMC é realizado trimestralmente, após a definição pelas

unidades de marketing das metas de produção para cada linha de produtos. Com o objetivo

de auxiliar a avaliação destas unídades, existe uma conta denominada MCV (manufacturing

cosI variance/variação do custo de fabricação). Esta conta tem a função de registrar todas as

diferenças ocorridas entre o custo padrão e o custo real incorrido, sendo debitada ou

creditada dependendo da natureza desfavorável ou favorável da variação do custo.

4.4.7.7 - Avaliação das Unídades de Produto

Como nas Regiões, existe um demonstrativo de resultados para cada unidade

específica, onde é calculada a receita e margem bruta para todas as subdivisões de produtos.

Para as grandes divisões é calculado também o lucro operacional após a alocação de todas

as despesas.

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73

Estas unidades são avaliadas com base nas medidas acima citadas e alguns outros

tipos de medidas, como número de máquinas instaladas, número de devoluções, número de

upgrades das máquinas instaladas etc.

4.4.7.8 - Medidas Globais

É importante ressaltar, que além das medidas específicas para cada centro de

responsabilidade, existem medidas comuns que são aplicadas a todos os centros como, por

exemplo, índices de satisfação do empregado. Existem, também, medidas globais, ou seja,

medidas realizadas no nível da empresa como um todo, afetando todos os centros de

responsabilidade, seja favoravelmente ou desfavoravelmente. Pode-se citar como exemplos

índices de satisfação do cliente ou o resultado financeiro global da empresa.

4.4.8 - Preços de Transferência

A Xerox do Brasil não se utiliza muito de preços de transferência entre os centros de

resultado, como as Unídades de Produtos e as Regiões, tendo em vista as características

peculiares de sua estrutura de responsabilidade. Não há nenhuma transferência de produtos

ou serviços entre as Regiões, o mesmo acontecendo entre as Unidades de Produto. As

transferências existentes se resumem basicamente à alocação de custos e despesas aos

centros de resultado.

A seguir, descrevemos alguns tipos de transferência verificados na empresa

Entre a Manufatura (Fábricas) e as Re2jões

Os equipamentos vendidos pelas Regiões são transferidos ao custo padrão definido

Page 87: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

74

para a fabricação destes, não se alterando de uma Região para outra, mesmo se alguma

estiver localizada a milhares de quilômetros do depósito central (localizado em Resende),

como a Região Norte.

Os custos da atividade de distribuição não são alocados às Regiões ou Filiais. Isto

significa dizer que não importa a localização do produto vendido, já que ele irá custar o

mesmo para a Região Norte como para a Região do Rio de Janeiro. Esta função é avaliada

em relação a suas próprias metas de custo. Assim como as Regiões, a atividade de

distribuição está subordinada a Diretoria de Operações, localizada no nivel da Matriz, ou

seja, é uma atividade centralizada, que tem seus custos alocados apenas para as Unidades de

Produto de acordo com critérios específicos. Um deles é a medida de cubagem dos

equipamentos, ou seja, os custos totais de distribuição serão alocados proporcionalmente ao

volume dos equipamentos transportados e armazenados de acordo com cada linha de

produto específica.

Entre a Manufatura e as Unidades de Produto

Todos os custos dos equipamentos comercializados são transferidos para as

Unidades de Produto específicas, transferências estas baseadas no custo real de fabricação.

Entre a 1 Jnjdade de P&D e as Unidades de Produto

Todas as atividades de P&D estão subordinadas à Manufatura, sendo transferidos

para as Unidades de Produto ao custo real incorrido, sendo este facilmente identificado a

cada tipo de produto. Esta unidade chamada de PAS é responsável pelo desenvolvimento de

equipamentos que irão ser lançados em anos posteriores. O P AS também é avaliado como

um centro de custos.

Page 88: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

75

Entre as Unidades Xerox no Exterior e a 1 Jnidade XBRA

As únicas transferências realizadas entre as várias unidades mundiais e a Xerox do

Brasil refere-se à venda de produtos (exportação e importação de equipamentos ou

subconjuntos). É importante salientar que as Fabricas brasileiras são em sua maioria

montadoras de subconjuntos fornecidos pela Matriz nos EUA. A importação destes

subconjuntos é realizada a um preço de custo mais uma margem de lucro variando para

cada tipo de produto.

Na exportação de produtos brasileiros, a Xerox, tal como a matriz americana, vende

seus produtos a custo mais margem de lucro. A receita auferida nas operações de

exportação não são transferidas a nenhum centro de responsabilidade, apenas são

computadas dentro da receita global da unidade brasileira.

4.4.8. I - Alocação de Custos/Serviços Corporativos

Os custos corporativos só são alocados às Unidades de Produtos, ou seja, o resultado

destes centros englobam todas as despesas ocorridas na empresa. Normalmente, estes custos

são alocados de acordo com o custo real incorrido, sendo que as bases de alocação

dependerão de cada tipo de atividade. Existem determinadas atividades, como recursos

humanos ou contabilidade, que são de difícil identificação em relação a unidades de

produtos específicas. Apesar disso, estes custos são alocados, mesmo que tenham que ser

usadas bases de alocação arbitrárias como por exemplo receita de vendas.

Uma das razões da alocação de todas as despesas é a influência que os diretores das

Unidades de Produto podem ter sobre elas, ou seja, na medida em que serão cobrados por

estes gastos, eles provavelmente discutirão a necessidade destes, gerando maior controle e

pressão para diminuí-los.

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76

É importante mencionar que nenhum custo corporativo é alocado às Regiões ou

Filiais.

4.4.9 - Grau de Autonomia dos Gerentes das Unidades de Produto

Decisões de produto/mercado' os diretores das Unidades de Produto possuem

autonomia para lançar ou descontinuar linhas de produtos, o que seria uma de suas funções.

Análises específicas de mercado, enfocando fatores como níveis de aceitação de

determinado produto ou novas tecnologias disponíveis, podem gerar estudos de viabilidade

para o lançamento de novos produtos, criando-se programas de P&D, análises de

custolbenefício etc.

Decisões de pessoal: com relação à contratação, a autonomia com relação a estas

atividades está restrita a um plano ou orçamento. Para passar do nível estipulado é preciso

justificar a necessidade da contratação. É dada bastante autonomia com relação à dispensa

de funcionários. Entretanto, existem políticas na companhia que restringem estas ações,

como, por exemplo, em casos de funcionários com mais de vinte anos de empresa, os quais

não podem ser sumariamente demitidos antes de uma cuidadosa análise.

Decisões sobre fontes: existem políticas dentro da companhia que descrevem

exatamente como proceder, ou seja, existem regras e critérios que devem ser obedecidos,

como nivel de preço, capacidade técnica do fornecedor etc. É importante ressaltar que estas

atividades deverão ser validadas através de um sistema de auditoria interna e externa. As

unidades são livres para escolher o fornecedor, seja internamente (no nível de Xerox no

mundo) ou externamente. A empresa tem a liberdade de desenvolver fornecedores nacionais

para o fornecimento de peças ou subconjuntos específicos com a mesma qualidade dos

fornecidos pela matriz americana. Os produtos de exportação, por exemplo, tem a maioria

Page 90: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

77

de suas peças fornecidas por fabricantes locais.

4.4.10 - Relações de Mercado entre as Unidades de Produto

Não foram identificadas relações de mercado significativas entre as Unidades de

Produtos da empresa. Percebe-se uma grande preocupação em evitar este tipo de conflito ao

se dividir os tipos de produtos em diferentes unidades.

Page 91: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

78

5 - ANÁLISE DO CASO

Page 92: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

79

5.1 - Introdução

Baseada na descrição do caso efetuada no capítulo anterior, é realizada, neste

capítulo, a análise do caso estudado, que consiste na comparação dos resultados obtidos na

pesquisa de campo com os fundamentos teóricos referenciados no Capítulo 2, além da

resposta às principais perguntas da pesquisa.

5.2 - Processo de Descentralização e Objetivos

Segundo Vancil ( 1979), o processo de descentralização das organizações se iniciou

a partir do crescimento do tamanho e complexidade de suas operações. Segundo o autor, era

preciso dividir responsabilidades a fim de obter maior qualidade na tomada de decisões.

Para Chandler ( 1963), a necessidade de uma nova estrutura descentralizada surgiu

com a mudança no ambiente dos negócios, gerada pela expansão das organizações em

novas áreas geográficas, diversificação de linhas de produtos etc.

No caso estudado, verificou-se que a empresa iniciou seu processo de

descentralização a partir do momento de sua fundação. A expansão e a necessidade de

atingir novos mercados fez com que a empresa se dividisse em Regiões, tornando-as

centros de responsabilidade. No momento que o negócio também começou a se diversificar,

com a fabricação de novos equipamentos digitais, bem diferentes das tradicionais

copiadoras, a empresa descentralizou-se em Unidades de Produto que direcionavam seu

foco para diferentes linhas de produtos. Tornou-se quase impossível para um pequeno

grupo de pessoas compreender e gerenciar operações numerosas e diversificadas de uma

grande organização, suficientemente bem para possibilitar a tomada das melhores decisões

em prol desta (Vancil, 1979).

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80

As afirmações de Vancil ( 1979) são evidenciadas na empresa quando esta declara

que a estrutura descentralizada adotada possibilitou uma maior aproximação com o cliente,

propiciando uma qualidade de atendimento melhor e maior velocidade de resposta às suas

necessidades. Pode-se dizer até que esta estrutura veio atender a principal estratégia adotada

pela empresa, ou seja, a satisfação do cliente em primeiro lugar.

5.3 - Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional encontrada na Xerox do Brasil pode ser considerada um

desdobramento da estrutura descentralizada da Xerox Corporation, que tem seu negócio

dividido em várias unidades, as quais seriam representadas por cada subsidiária

internacional. Além disso, segundo o gerente corporativo da XBRA, devido às dimensões

continentais encontradas em seus países, a estrutura encontrada no Brasil se assemelha

bastante à encontrada na matriz americana.

De acordo com Antbony (1 992), entre os extremos de uma organização com

estrutura totalmente funcional e outra totalmente descentralizada e organizada em unidades

de negócios, existem todos os tipos de combinações de estruturas com diferentes graus de

descentralização.

Na empresa estudada, pode-se evidenciar um tipo de estrutura híbrida, ou seja, que

acumula características tanto de uma organização tipicamente funcional e outras típicas de

organizações descentralizadas. Pode-se observar, por exemplo, as unidades de manufatura,

tipicamente funcionais, que, sob a responsabilidade de um Diretor Executivo, buscam a

qualquer custo a eficiência e economia de escala em suas operações. Segundo Vancil

( 1979), uma organização funcional tem o potencial de atingir maior eficiência, potencial

este criado pela grande proximidade entre a responsabilidade e a autoridade contida em

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8 1

cada atividade funcional.

De acordo com o autor, uma organização matricial guarda a estrutura funcional

existente focada na administração eficiente de entradas (inputs) e adiciona um novo grupo

de administradores, que estão preocupados com as saídas (outputs) da organização.

No caso apresentado, funcionando paralelamente à estrutura funcional existente, os

Diretores das Unidades de Produto se aproximam muito destes novos administradores

citados por Vancil (1 979). Eles têm a função de trabalhar lateralmente através das

hierarquias funcionais existentes, coordenando as várias atividades funcionais necessárias

para a saída do produto.

Ainda de acordo com este autor, em estruturas funcionais, o único que consegue

enxergar o negócio como um todo e preocupa-se em fazer com que o todo seja maior que a

soma que sua parte funcionais, é o presidente da empresa. Além disso, ele é o único que

pode resolver os conflitos inevitáveis que surgem entre seus subordinados "funcionais".

V ancil ( 1 979) cita o clássico exemplo de conflito que surge entre manufatura e vendas.

Normalmente, o gerente de vendas gostaria de uma ampla linha de novos produtos e

extrema rapidez nas entregas aos clientes, ao mesmo tempo em que o gerente de manufatura

gostaria de fabricar poucos itens em longas corridas de fabricação. Os objetivos conflitantes

entre estes dois gerentes freqüentemente focam o estoque de produtos acabados, o qual

serve como buffer entre as duas funções. Apesar do conflito, os dois gerentes concordam

em um ponto: quanto maior o estoque, melhor. Mas quem é responsável pelo capital

investido no estoque? Segundo o autor, não é difícil encontrarmos nestas empresas o

presidente como responsável pela administração deste conflito. Na empresa estudada,

verifica-se justamente que os gerentes das Unidades estão atuando entre estas duas funções,

tendo sob sua responsabilidade a administração dos estoques da companhia, sendo este um

dos itens mais importantes em sua avaliação de desempenho.

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82

5 .4 - Centros de Responsabilidade

Segundo Anthony et alii (1992), as organizações são um conjunto de centros de

responsabilidade, possuindo metas específicas, sendo estas interligadas como um todo aos

objetivos da organização. Segundo os autores, estes centros formam uma hierarquia, na qual

no nível mais baixo da estrutura existem centros de responsabilidade para pequenas

unidades organizacionais como seções ou grupos de trabalho e no nível mais alto estão os

departamentos ou unidades de negócios que consistem de vários destes pequenos centros.

Dentro da estrutura das Regiões estão contidas os centros de responsabilidade denominados

Filiais e dentro das Unidades de Produto estão contidos centros de responsabilidade

menores e mais especializados ou com alguma tecnologia específica.

Dentro da Xerox do Brasil, evidencia-se claramente a utilização de uma estrutura

organizacional fortemente baseada em centros de responsabilidade. Encontra-se na empresa

vários tipos de centros, sendo que os mais utilizados são os centros de despesa/custo e

centros de lucro.

Segundo Anthony (1992), a utilização do centro de lucro em detrimento de centros

de receita ou despesa/custo melhora a medida de desempenho, já que o lucro é uma medida

mais ampla quando comparada a receitas e despesas medidas separadamente, pois mede

simultaneamente o efeito das decisões gerenciais sobre ambas.

Entretanto, para o autor, a atenção voltada para o lucro sem considerar o capital

utilizado em sua geração não é uma a forma adequada de controle, pois toma difícil a

comparação com outras unidades e empresas. Segundo Reece & Cool (1 978), a utilização

do conceito de centro de investimento gera um melhor entendimento de como certa unidade

está contribuindo para a organização como um todo.

Apesar das evidências que o controle sobre determinada unidade é maIs eficaz

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83

através do uso de centros de investimento, não se encontra, na empresa estudada, nenhum

tipo de unidade ou centro de responsabilidade utilizando este conceito. Pode-se dizer que

apenas a empresa como um todo, ou seja, a unidade XBRA, é encarada como um grande

centro de investimento pela Xerox Corporation. A utilização deste conceito para os centros

de responsabilidade da empresa necessitaria de uma grande mudança na estrutura de

responsabilidade e nas medidas de avaliação utilizadas. Uma das principais dificuldades na

utilização de unidades de negócios como centros de investimento é a dificil definição do

capital empregado por cada uma. Além disso, a própria inércia advinda de uma grande

organização como a Xerox poderiam dificultar mudanças como esta.

Na organização estudada, a definição de metas e objetivos se assemelha à descrição

feita por Gomes ( 1997) quando diz que a formulação de objetivos globais derivados da

estratégia traçada para determinada organização é o ponto de partida para a definição dos

objetivos e metas de cada centro de responsabilidade. Quanto maior a organização, maior e

mais detalhado será o desdobramento dos objetivos globais em objetivos específicos.

o processo verificado na empresa se inicia com o que ela denomina de "economics",

ou seja, a definição de variáveis macroeconômicas e setoriais que possam influenciar seu

desempenho futuro. Em seguida, a empresa propõe objetivos globais, como crescimento de

receita, despesa e lucro, além de metas qualitativas como satisfação do cliente. A partir daí,

inicia-se o processo de definição de metas específicas para cada centro com o objetivo final

de, através destes, atingir as metas globais traçadas.

5.5 - Controle e Avaliação de Desempenho

A função do sistema de avaliação de desempenho encontrado na empresa, enquanto

parte de um sistema de controle, parece se aproximar muito dos objetivos propostos por

Page 97: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

84

Flarnholtz ( 1996). De acordo com o autor, a primeira função deste sistema seria a geração

de nÚlneros usados para monitorar até que ponto os objetivos e padrões estabelecidos pela

corporação foram alcançados, fornecendo um feedback para os membros da organização

com a finalidade de correção e avaliação. Além de possuir estes objetivos, o sistema de

avaliação da Xerox é utilizado ainda com fins de premiação aos funcionários.

A segunda função sugerida pelo autor se refere ao sistema de avaliação como agente

modificador do comportamento das pessoas dentro da organização. Pode-se observar na

empresa o total comprometimento dos funcionários com o sistema, que ainda possui a

sugestiva denominação de "Desafio". A percepção foi de que as pessoas estão o tempo todo

buscando superar suas metas afim de serem bem avaliados.

o sistema de premiação encontrado na empresa, ligado diretamente ao sistema de

avaliação de desempenho, é outro importante fator de influência sobre o comportamento

dos funcionários. O prêmio ou bônus, como é usualmente chamado, é diretamente

proporcional aos resultados obtidos na avaliação. Não foi encontrado nenhum tipo de

vínculo oficial entre os resultados da avaliação e a ascensão do funcionário na hierarquia da

empresa.

5.5. 1 - Medidas de Avaliação de Desempenho

Vários tipos de medidas são utilizadas no processo de avaliação de desempenho dos

centros de responsabilidade da empresa estudada. Dentre as medidas financeiras destaca-se

o lucro, que segundo Anthony el alii ( 1 992), é uma importante medida tanto de eficácia

quanto de eficiência e as despesas/custos e dentre as medidas não financeiras pode-se citar

índices de satisfação do cliente.

A utilização de várias medidas de desempenho observadas na empresa estudada

denota a intenção de incluir no sistema de avaliação todos os fatores chaves para o sucesso

Page 98: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

85

da organização (Gomes, 1983).

As medidas de lucro são utilizadas nos centros denominados de Regiões, Filiais e

Unidades de Produto. É importante observar que os critérios utilizados para as medidas de

lucro podem variar de acordo com o tipo de centro de responsabilidade, na medida em que

modificam-se critérios de alocação e políticas de preços de transferência. O significativo

grau de arbitrariedade contido no cálculo do lucro foi evidenciado também por Pinto ( 1997)

em sua pesquisa com cinco empresas descentralizadas que utilizavam centros de lucro em

sua estrutura de responsabilidade.

Segundo Anthony ef alii (1 992), existem dois tipos de medidas de lucro em uma

unidade de negócio. A primeira se refere à avaliação da performance gerencial, concentrada

nas ações dos gerentes das unidades e a segunda é uma medida de performance econômica

na qual o foco é a avaliação do centro de lucro como uma entidade econômica. As

interpretações derivadas destas duas medidas podem ser bem diferentes, já que a

performance da unidade como um todo pode muitas vezes encobrir a má administração por

parte de seu gerente.

Na unidades denominadas de Regiões, a medida de resultado utilizada pode ser

encarada tanto como uma medida de avaliação do gerente responsável, na medida em que

são utilizadas apenas variáveis controláveis como receita, despesas da unidade e custo dos

produtos vendidos (custo padrão), quanto uma medida econômica, podendo seu resultado

ser encarado como uma margem de contribuição para todos os outros custos não alocados.

Segundo Anthony & Govindarajan ( 1995; apud Oliveira, 1998), o principal argumento para

o uso da margem de contribuição enquanto medida de desempenho do gerente divisional é

que os custos fixos não seriam controláveis pelo gerente, devendo este focar-se na

maximização da diferença entre a receita e os custos variáveis. Já nas Unidades de Produto,

não há nenhuma separação das variáveis controláveis em seus demonstrativos de resultado.

Além das variáveis internas, que podem ou não ser controladas pelo responsável de

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86

uma unidade ou centro de responsabilidade, existem ainda, as variáveis externas à

organização, que podem ter grande influência sobre os resultados. Para Dearden ( 1987), se

não houver distinção entre a medida de performance econômica da unidade e a medida de

performance do gerente, falhas de avaliação provavelmente irão ocorrer.

Na análise dos resultados obtidos tanto nas Unidades de Produto quanto nas

RegiõeslFiliais, existe a tentativa de apurar se um resultado negativo, ou seja, abaixo das

metas estabelecidas, foi causado por algum fator externo à organização como a atuação da

concorrência ou a variação inesperada de variáveis macroeconômicas. Entretanto, não foi

verificado o mesmo interesse em verificar as causas das variações em relação às metas

estipuladas quando o resultado da unidade é positivo, isto é, quando as metas são

ultrapassadas.

Dearden (1987) propõe a utilização de relatórios gerenciais classificando cada item

deste segundo o grau de influência da gerência direta. Esta prática evitaria que variações

desfavoráveis com alto grau de influência fossem compensadas por variações favoráveis

cuja influência direta do gerente responsável fosse mínima.

Não foi encontrada nestas unidades da empresa nenhum relatório gerencial que

possuísse a característica acima referida.

Na avaliação dos centros de responsabilidade da Matriz e das Fábricas são utilizadas

como medidas o custo e a despesa destas unidades. No caso das Fábricas, que podem ser

consideradas, seguindo a definição de Anthony et alii (1992), como um Centro de Despesas

de Engenharia (engineered expense center), é utilizada como medida de avaliação a

variação em relação ao custo padrão proposto. Segundo o autor, uma medida que relaciona

o custo real incorrido a algum custo padrão, ou seja, a um número que expresse quais

seriam os custos para determinado volume de saída (no caso, de produção) pode ser

considerada uma indicação útil de eficiência. Além das Fábricas, a unidade responsável

pela distribuição dos equipamentos também pode Ser considerada como um centro de custos

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87

de engenharia.

Segundo Anthony et alii (1 989), um sistema de custo padrão gera variâncias

(diferença entre o custo real e o padrão) que fornece importantes informações para a

administração. Estas variâncias são utilizadas pela empresa através da utilização da conta

denominada "MCV" (manufacturing cost variance).

o objetivo principal da empresa, ao decompor as variâncias observadas em vários

componentes, é facilitar a análise dos resultados reais. Entretanto, Anthony et alii (1 989)

aconselham a utilizar com cuidado os termos "favorável" ou "desfavorável", já que apenas

denotam o sinal algébrico da variância e não o julgamento do desempenho dos gerentes

responsáveis.

É importante ressaltar que, nestes tipos de centros de responsabilidade existem

outras atividades que não podem ser avaliadas pelas medições de custo. Por exemplo, o

gerente da fábrica, além de ser responsável pela eficiência com relação aos custos de

produção, também é responsável pela qualidade dos produtos fabricados. É necessário,

então, que se especifiquem padrões de qualidade, pois, se não o fizer, custos de produção

poderão ser minimizados às custas da queda da qualidade dos produtos.

Seguindo esta orientação, além das medidas de custo, as fábricas da Xerox possuem

metas específicas não relacionadas diretamente a esta medida financeira, como por

exemplo, vários índices de qualidade.

A Matriz, classificada como um grande centro de despesa, é formada por vários

outros centros de despesa responsáveis por atividades distintas como, por exemplo, recursos

humanos, contabilidade, planejamento, marketing etc. Estes centros de despesa

responsáveis por atividades administrativas e de suporte, podem ser classificados segundo a

definição de Anthony et alii (1992) como centros de despesas discricionárias. Os autores

Page 101: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

88

destacam alguns pontos no que se refere ao controle destes tipos de centros. O primeiro é

que o sistema de controle gerencial ajuda somente no controle das despesas, ou seja, o

orçamento representa somente as despesas planejadas para o centro. Segundo, se as

despesas reais não excederem o orçamento, o gerente pode apenas dizer que sua unidade

estava "dentro" do orçamento. Entretanto, dada a natureza do centro, não se pode dizer que

estar dentro do orçamento seria um desempenho eficiente. Dado que as medidas financeiras

utilizadas não conseguem medir nem a eficácia nem a eficiência destes centros de

responsabilidade, parece ser necessário que medidas não financeiras e outros tipos de

julgamento sejam empregados na avaliação destes.

Se estes dois tipos de centro de custos não são cuidadosamente identificados, a

gerência pode tratar relatórios de desempenho de um centro de despesa discricionário como

se fosse uma indicação de eficiência. Se isto é feito, os funcionários deste centro podem se

motivar a gastar menos que o orçamento.

Medidas como o ROI (retomo sobre investimento) ou o Lucro Residual, utilizadas

na avaliação de desempenho dos centros de investimento, são inexistentes, na medida em

que, como anteriormente citado, este tipo de centro de responsabilidade só existe no nível

da organização Xerox do Brasil como um todo. De acordo com a pesquisa realizada por

Reece & Cool (1 979), 84% das maiores empresas industriais americanas com faturamento

acima de US$ 500 milhões utilizavam centros de investimento dentro de sua estrutura

organizacional. Na Xerox do Brasil, empresa com faturamento acima de US$ 1 ,5 bilhões,

não foi evidenciado nenhum tipo de centro de responsabilidade com as características de

um centro de investimento.

5.5.2 - Medidas Não Financeiras

A empresa estudada faz grande uso de medidas não financeiras tanto nos centros de

despesa anteriormente citados quanto nos demais centros de responsabilidade. No caso dos

centros de despesas localizados na Matriz, a maioria destas medidas estão relacionadas ao

Page 102: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

89

tipo de atividade específica de cada um. É importante observar que a avaliação destas

medidas está diretamente relacionada à premiação destes centros, segundo a orientação de

Eccles ( 1991 ), que afirma que, para uma variável não financeira ter o mesmo status das

medidas financeiras, estas devem estar atreladas ao sistema de recompensas.

Além de serem utilizadas a nível de centro de responsabilidade, medidas

qualitativas, como satisfação do cliente, são usadas como medidas globais de desempenho.

Cabe ressaltar que esta é uma das mais importantes medidas da empresa, já que está

diretamente ligada ao posicionamento estratégico desta. O importante na definição destas

novas variáveis é identificar aquelas que melhor avaliariam o desempenho da unidade, dada

uma estratégia a ser seguida (Eccles, 1991).

A abundància de medidas não financeiras pode ser justificada pela própria estrutura

organizacional encontrada na empresa. Segundo Gomes ( 1997), em uma estrutura matricial,

os indicadores qualitativos, muitos deles de difícil quantificação, e a informação não

financeira, são fundamentais para facilitar a coordenação das diferentes unidades entre si.

É importante mencionar que, na avaliação dos centros de responsabilidade, além de

metas específicas, financeiras ou não, são utilizadas metas globais da organização. Isto

significa que, mesmo se um determinado gerente atingir todas as suas metas, sua avaliação

poderá ser prejudicada por um resultado global desfavorável. Esta adição de resultados

globais à avaliação das unidades pode ser justificada também pelo tipo de estrutura

organizacional adotado pela empresa.

5.5.3 - Padrões de Referência

Os padrões de referência normalmente utilizados na avaliação de desempenho da

empresa são as próprias metas propostas para o período avaliado. Além disso, existem, no

nível das Filiais, o que definimos na descrição do caso como benchmarking interno, ou seja,

Page 103: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

90

a comparação entre os resultados de unidades similares dentro da própria organização.

A empresa estudada pouco se utiliza de referências externas, como a comparação

com a concorrência ou outras organizações, o que, segundo Eclles (1991) pode-se

denominar de benchmarking competitivo. A utilização desta metodologia, segundo o autor,

poderia ampliar de forma bastante significativa os horizontes dos gerentes para melhorias

de desempenho antes consideradas impossíveis.

5.6 - Preços de Transferência

A Xerox do Brasil possui um sistema de preços de transferência bastante

simplificado, o que pode ser justificado pelos poucos tipos de transferência presentes entre

seus centros de responsabilidade. Apesar disso, os preços de transferência existentes são de

grande importância na medida em que afetam o resultado e a avaliação de determinadas

unidades. A presença de preços de transferência parece estar em sintonia com a afirmação

de Gomes (1997) de que a necessidade e a utilidade de dispor de preços de transferência

surge quando existem unidades descentralizadas que são avaliadas e premiadas de forma

individual, mas que possuem transferências internas de produtos, recursos ou serviços com

outras unidades da própria organização que afetam o cálculo de seu resultado.

Segundo Solomons (1976), os preços de transferência devem ajudar a alta

administração das empresas a avaliar o desempenho dos centros de lucro encarados como

unidades separadas, já que são parte fundamental do próprio sistema de medição do lucro.

Confirmando a opinião dos autores, na empresa pesquisada é clara a percepção de

que os preços de transferência são utilizados basicamente com o objetivo de apuração dos

resultados das RegiõesIFiliais e das Unidades de Produtos, conseqüentemente sendo peça

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9 1

fundamental para a análise de desempenho. Esta observação confirma a pesquisa de Tang et

alii (1 976) quando concluiu que os principais objetivos dos sistemas de preços de

transferência tanto em empresas japonesas quanto americanas eram de maximizar os lucros

consolidados das organizações e de avaliar a performance das várias divisões componentes

desta.

Referindo-se ao Plano Analítico desenvolvido por Eccles (1983), o "P AA", pode-se

situar a empresa estudada, com relação às variáveis denominadas de diversificação e

integração vertical, entre os tipos definidos pelo autor como Cooperativa e Colaboradora.

Analisando-se o quadro no qual Eccles (1991) sumariza as caracteristicas dos três tipos

"puros" de organizações, verifica-se, em relação aos preços de transferência, que as

politicas utilizadas estariam situadas entre a utilização do Custo Total Real e o Preço de

Mercado. Verifica-se na empresa a utilização de apenas dois tipos de preços de

transferência, o custo total padrão e o custo total real.

A ausência do preço de mercado pode ser explicada pela inexistência de um

mercado competitivo para os produtos intermediários transferidos entre as unidades

(Solomons, 1 976). Pode-se dizer que os produtos Xerox não têm similar comparativo na

mercado brasileiro. Em relação ao tipo de equipamentos, existem muitos que nem possuem

concorrência. Alguns, como impressoras ou fax, têm similar no mercado, porém, além do

equipamento em si, incorpora-se no produto Xerox toda a infra-estrutura de atendimento e

assistência técnica, inexistente em seus concorrentes.

5.6.1 - Transferência de Custos de Atividades Comuns

Na empresa estudada, a maioria das funções operacionais estão centralizadas no

nível de gerência corporativa. Vancil (1976), destaca que, se as funções operacionais podem

ser executadas centralizadamente de forma eficaz e eficiente, então elas tendem a

predominar dentro da organização. O autor indica a relação direta existente entre o grau de

diversificação encontrado na empresa e o grau de centralização de funções operacionais.

Page 105: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

92

Esta relação implicaria em que quanto menor o grau de diversificação maior a chance da

empresa centralizar certas funções, o que estaria em linha com o nível de diversificação

encontrado na empresa. A justificativa para tal conclusão, segundo o autor, pode estar na

economia de escala alcançada. Descrevem-se abaixo as principais atividades comuns.

Manufatura: Na Xerox, a unidade de Manufatura é coordenada centralizadamente.

Mais ainda, foi observado que esta unidade, além de se reportar à presidência da Xerox do

Brasil, se reporta diretamente à Matriz americana. Os custos de manufatura são transferidos

para as Regiões e Unidades de Produtos. Evidenciou-se a utilização do custo padrão nas

transferências para as Regiões em contraposição à utilização do custo real nas

transferências para as Unidades de Produtos. Segundo Anthony et alii ( 1992), o custo real

não deve ser utilizado como preço de transferência, já que as ineficiências da unidade

vendedora (Manufatura) seriam transportadas para a unidade compradora (Unidade de

Produto). Segundo os autores, o uso do custo padrão em comparação com o custo real reduz

a variação do preço recebido pela unidade compradora, possibilitando uma avaliação mais

precisa da contribuição dada por cada unidade, além de isolar os efeitos que a unidade

compradora tem sobre a vendedora.

Distribuição' esta função, da mesma maneira que a função de manufatura, tem seus

custos alocados somente às Unidades de Produto ao custo real incorrido. As bases de

alocação utilizadas correspondem a medidas específicas proporcionais aos custos gerados

por cada unidade. Este tipo de alocação, longe da perfeição, parece ser uma tentativa de

identificação dos custos incorridos aos verdadeiros geradores destes. Percebe-se na empresa

a tentativa constante de aperfeiçoar as medidas que servem de bases de alocação.

Entretanto, é claro para os gerentes responsáveis, que o beneficio que estas medições trarão

à companhia deverão ultrapassar em muito os custos para gerá-las.

UI:t a atividade de P&D, administrada pela unidade de Manufatura, também tem

seus custos alocados às Unidades de Produto ao custo real. No caso desta atividade, não é

utilizada base de alocação, já que os custos são facilmente identificáveis, na medida em que

Page 106: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

93

os projetos e pesquisas são requisitados diretamente por uma unidade específica, forrnando­

se "times" que trabalharão exclusivamente para ela.

o procedimento adotado pela empresa nestas transferências parece razoável na

medida em que se esforça para obter a melhor base de alocação a fim de não causar grandes

distorções nos resultados das unidades. Vancil (1976) atenta para o fato de que o método

adotado para a alocação destas despesas pode fazer com que uma unidade atue de maneira

contrária aos interesses da companhia como um todo. O autor cita o exemplo de alocações

baseadas em receita de vendas descrito na revisão de literatura.

5.6.2 - Transferência de Serviços Corporativos

Os serviços corporativos como fmanças, planejamento, recursos humanos etc. são

totalmente alocados às Unidades de Produto pelo custo real dos serviços, o que, segundo

Vancil (1979) é o método mais usual encontrado neste tipo de alocação.

Segundo Anthony et alii ( 1992), uma vantagem da transferência dos serviços

corporativos é impedir que estes custos cresçam indiscriminadamente, já que os gerentes

das unidades que os absorvem logo reclamarão deste crescimento, passando a mensagem de

que não há lucro sem que estes custos sejam pagos. Observa-se na empresa estudada uma

grande pressão por parte dos gerentes das Unidades de Produto no que se refere a absorção

destes custos.

Solomons (1976) defende a não alocação destes custos pela empresa, justificando

sua posição dizendo que estas despesas não seriam controladas pelos gerentes das unidades

descentralizadas. Em adição, em muitos casos, qualquer método de rateio toma-se tão

arbitrário, que seria difícil encontrar uma base de alocação que conseguiria refletir a

quantidade utilizada por cada unidade de negócios (Anthony et alii, 1992).

Page 107: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

94

5.6.3 - Autonomia dos Gerentes das Unidades de Produto

Como grande influência na autonomia dos gerentes das unidades, foram

identificadas na empresa algumas normas e procedimentos que devem ser seguidos pelos

gerentes das unidades. Normalmente estas restrições estariam ligadas a fatores econômicos

e relacionados à magnitude da decisão a ser tomada (Vanci!, 1979).

Ao contràrio do que foi inferido pela pesquisa de Vancil ( 1979), os gerentes das

unidades possuem alto grau de autonomia no que se refere a decisões classificadas como

"decisões de produto", ou seja, decisões envolvendo lançamento ou descontinuação de

linhas de produtos.

Page 108: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

6 - CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

PARA PESQUISAS FUTURAS

95

Page 109: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

96

6. 1 - Conclusões

o presente estudo procurou analisar uma empresa privada multinacional, a Xerox do

Brasil, com o objetivo de investigar as relações existentes entre a literatura sobre empresas

descentralizadas em unidades de negócios, especialmente no que se refere à avaliação de

desempenho e preços de transferência, e a prática realizada pela empresa acima referida.

Para que esse objetivo fosse alcançado, inicialmente realizou-se uma revisão de

literatura, na qual foram estudadas as metodologias defendidas pelo principais autores sobre

o assunto proposto.

Através da utilização do método de estudo de casos, foi possível descrever a

estrutura organizacional da empresa, focalizando principalmente suas características no que

tange o sistema de avaliação de desempenho e preços de transferência. Em seguida,

realizou-se a análise qualitativa do caso descrito, na qual procurou-se relacionar os

resultados obtidos no trabalho de campo com a revisão de literatura apresentada no

Capítulo 2.

Finalmente, com base na análise realizada, pôde-se chegar a algumas conclusões, as

quais são abaixo descritas.

Com relação ao processo de descentralização da empresa, pôde-se notar uma grande

proximidade com as referências bibliográficas pesquisadas. V árias foram as razões que

levaram a Xerox a adotar um tipo de estrutura descentralizada baseada em unidades de

negócios, destacando-se, entre elas, a procura pela melhoria de qualidade e agilidade na

tomada de decisões gerenciais.

No que tange aos tipos de centros de responsabilidade utilizados pela empresa, não

verificou-se, em nenhuma de suas unidades, a utilização do conceito de centro de

Page 110: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

97

investimento, apesar deste ser defendido por vários autores, como Anthony ( 1992).

Segundo o autor, a atenção voltada para o lucro sem considerar o capital utilizado para

gerá-lo não é uma forma adequada de controle.

Na medida em que a empresa não utiliza o conceito de centro de investimento em

suas principais unidades, importantes medidas financeiras de desempenho, como o ROI

(retomo sobre investimento) ou o Lucro Residual, não serão utilizadas, ao contrário da

maioria das maiores empresas industriais americanas nas quais estas medidas estavam

presentes em 84% delas, como evidenciado por Reece & Cool (1979).

Apesar da utilização do conceito de centro de lucro, a empresa possui ainda algumas

unidades administradas como centros de custos como, por exemplo, a unidade de

manufatura. Desta maneira, a Xerox estaria abdicando, nestas unidades, de vantagens como

o aumento da velocidade e da qualidade das decisões operacionais, além da melhora da

medida de performance, isto é, o lucro é uma medida mais ampla de avaliação quando

comparada a receitas e despesas medidas separadamente, pois mede simultaneamente o

efeito das decisões gerenciais sobre ambas (Anthony, 1992).

No que se refere ao sistema de avaliação de desempenho, apesar da falta das

medidas como o ROl ou Lucro Residual, destaca-se, além das tradicionais medidas

financeiras como o lucro ou a margem bruta, a utilização de várias medidas não financeiras

e qualitativas com o objetivo de incluir no sistema de avaliação, todos os fatores chaves

para o sucesso da organização (Gomes, 1 983).

Diferentemente do que foi visto na revisão de literatura, não foi verificado, no

sistema de avaliação de desempenho da empresa, nenhum procedimento formal de

separação entre a avaliação dos gerentes e das unidades como um todo, ou seja, em nenhum

dos relatórios gerenciais confeccionados pelas diferentes unidades, é realizado algum tipo

de classificação das variáveis segundo o grau de influência da gerência direta. Segundo

Dearden ( 1987), esta prática evitaria que variações desfavoráveis com o alto grau de

Page 111: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

98

controlabilidade fossem compensadas por variações favoráveis cuja influência do gerente

fosse mínima. Apesar disso, na hipótese de resultados desfavoráveis apresentados por

alguma unidade, procura-se identificar se o mau resultado foi causado por fatores externos

à empresa, estando fora do controle do gerente. Na hipótese de resultados positivos, esta

preocupação não é tão destacada, o que pode causar distorções na avaliação dos gerentes, na

medida em que estes resultados podem encobrir um mau desempenho gerencial.

Outro fator que pode comprometer a avaliação de desempenho dos diferentes

gerentes é a inclusão de metas globais da empresa junto a metas específicas de cada

unidade. Desta maneira, mesmo se algum gerente atingir ou até mesmo ultrapassar todas as

suas metas propostas, este terá sua avaliação prejudicada no caso da empresa não conseguir

atingir suas metas globais.

Em relação à política de preços de transferência praticada na empresa, observa-se o

predomínio de preços de transferência baseados no custo, ao contrário do que é preconizado

pela maioria dos autores, que defendem a utilização dos preços de transferência baseados no

preço de mercado. Esta prática pode ser justificada pela não utilização do conceito de centro

de lucro nas principais unidades vendedoras de produtos ou serviços, como a Matriz e as

unidades de manufatura.

Destaca-se também a diferença no que se refere à transferência de custos de

manufatura para os centros de lucro como as Regiões e as Unidades de Produto. Na

transferência para as Unidades de Produto é utilizado o custo real em contrapartida ao custo

padrão utilizado na transferências para as Regiões. Segundo Anthony ( 1992), o custo real

não deve ser utilizado, já que as ineficiências da unidade vendedora seriam transportadas

para a unidade compradora.

Nas transferências de custos corporativos, algumas atividades cuja natureza dificulta

a transferência para os centros de responsabilidade específicos, sendo portanto de difícil

Page 112: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

99

alocação, têm seus custos transferidos com base na receita de vendas, podendo ocasionar

várias distorções devido à inexistência de uma relação direta entre estas atividades e a

receita de vendas das diferentes unidades.

Cabe destacar que a diferença de política utilizada nas transferências para os

diferentes tipos de centros de lucro, acentuada ainda pela não alocação dos custos

corporativos para um deles (Regiões), parece denotar diferentes objetivos no cálculo de

lucro destas unidades. Estas diferenças podem ser uma tentativa de se obter, nas Regiões,

uma avaliação mais objetiva e clara de seu desempenho.

6.2 - Recomendações

Recomenda-se à empresa algumas revisões em sua estrutura de responsabilidade,

apesar destas envolverem grandes mudanças principalmente no que se refere ao sistema de

avaliação de desempenho e a política de preços de transferência utilizada.

Primeiramente, pode-se sugerir, futuramente, uma possível revisão da tipologia dos

centros de responsabilidade, considerando uma transformação progressiva dos centros de

custo e centros de lucro em centros de investimento. É evidente que mudanças como estas

trariam outras em cascata, como a inerente mudança nas medidas financeiras de avaliação

de desempenho e a utilização de preços de transferências que pudessem gerar informações

sobre o lucro auferido por determinado centro, como o preço de mercado.

Outra recomendação, que geraria menos transformações na organização, seria a

mudança dos relatórios gerenciais, incluindo nestes a identificação do grau de

controlabilidade do gerente responsável sobre as diversas variáveis contidas.

Page 113: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

100

6.3 - Sugestões para Pesquisas Futuras

Dada a quantidade de detalhes percebida na empresa estudada, sugere-se,

primeiramente, que pesquisas futuras sejam realizadas na própria, abordando outros

assuntos, como medidas de alocação de custos, medidas qualitativas de avaliação de

desempenho ou o próprio processo de avaliação de desempenho focalizando a ponderação

das inúmeras variáveis utilizadas. Além disso, dada a complexa estrutura organizacional

encontrada, pode-se propor um estudo de caso focado no sistema de controle gerencial

como o sugerido por Gomes (1 983),

A replicação deste estudo em outras empresas de diferentes setores também seria

válida, mas, dada a quantidade de trabalhos e conhecimentos acumulados nos últimos anos,

pode-se propor a realização de uma pesquisa com as maiores empresas nacionais, com o

objetivo de generalizar as práticas mais comuns no que diz respeito à utilização de unidades

de negócios, sistemas de avaliação de desempenho e políticas de preços de transferência.

Sugere-se também que a pesquisa seja concentrada em um dos tópicos propostos, a fim de

que os questionários não fiquem muito extensos, possibilitando um maior índice de retomo.

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101

ANEXO 1

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102

OUESTIONÁRIO

I - Informações Gerais;

1 - Nome da Empresa:

2- Nome do Respondente: __________ _

3- Cargo que ocupa: __________

___ _

4- Dados requisitados da empresa: Balanço Patrimonial e Relatório Anual contendo

informações gerais como número de funcionários, descrição das instalações, produtos

comercializados, data da fundação, organograma etc.

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103

11 - Grau de Diyersificacão;

A pergunta abaixo tem como objetivo saber o grau de diversificação presente nos negócios

da organização baseada nas definições de Richard F. Vancil (1 979).

1 - Qual das definições abaixo melhor expressa o grau de diversificação de negócios de sua

empresa?

[ 1 Negócio único - quando 95% da receita é proveniente de um único produto ou serviço ou

de uma linha de produtos ou serviços similares.

[ 1 Negócio dominante - quando uma linha de produtos ou serviços é responsável por 70 a

95% da receita total da empresa.

[ 1 Negócio relacionado - quando nenhuma linha de produto ou serviço é responsável por

mais de 70% da receita total da empresa, mas mais de 70% da receita provêm de linhas de

produtos relacionados (ex.: empresa fabricante de câmaras, filmes fotográficos, corantes e

pigmentos)

[ 1 Negócio não relacionado - quando menos de 70% das receitas são provenientes de uma

única linha de produtos ou de negócios relacionados como descrito acima.

Page 117: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

104

III - Descentralização e Centros de Responsabilidade.

Esta parte do questionário procura obter informações sobre o processo de descentralização e

organização da empresa em unidades de negócios e como estas unidades se encontram

estruturadas no nível da tipologia encontrada na literatura.

Para o propósito desta pesquisa, utilizaremos as seguintes definições:

- Centro de Responsabilidade: qualquer unidade organizacional que pOSSUi um gerente

como responsável.

- Centro de Receita: um centro de responsabilidade onde somente as saídas (produtos) são

medidas em unidades monetárias, não sendo feita nenhuma tentativa formal de relacioná-Ias

às entradas (insumos).

- Centro de Custos/Despesas: um centro de responsabilidade onde somente as entradas

(insumos) são medidas em unidades monetárias.

- Centro de Lucro: qualquer unidade ou centro de responsabilidade razoavelmente

independente, avaliado separadamente por sua performance e no qual alguma medida de

lucro é determinada periodicamente.

- Centro de Investimento: uma extensão do conceito de centro de lucro, ou seja, o lucro é

medido nos dois casos, mas somente no centro de investimento ele é comparado à base de

ativos necessários para gerá-lo.

1 - O que motivou a empresa a adotar uma estrutura organizacional baseada em centros de

responsabilidade ou unidades de negócio?

2 - Descreva de forma resumida como a adoção desta estrutura se processou?

Page 118: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

105

3 - Descreva como estão organizadas as principais unidades de negócio da empresa

(quantidade de unidades, funções operacionais, gama de produtos comercializados etc. -

anexar organograma).

4 - Com base nas definições descritas no início do questionário, como você definiria as

principais unidades de negócio da empresa? Por favor, comente.

5 - Descreva a experiência acumulada na utilização deste tipo de estrutura, citando

vantagens e desvantagens observadas.

Page 119: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

106

IV - Medidas de Avaliação de Desempenho.

1 - Existe algum sistema de avaliação de desempenho das unidades de negócio e de seus

gerentes?

[ 1 Sim. Por favor, poderia descrevê-lo de forma resumida?

[ 1 Não. Por favor, vá para a questão 12.

2 - Quais os principais objetivos do sistema de avaliação de desempenho?

3 - Descreva as medidas utilizadas pela alta administração na avaliação das diferentes

unidades de negócios ou centros de responsabilidade?

4 - É utilizado algum tipo de padrão de referência para as medidas utilizadas no processo de

avaliação de desempenho das principais unidades de negócios?

[ 1 Sim. Por favor, descreva os principais padrões utilizados.

[ 1 Não.

5 - No caso de utilização do Lucro Residual, descreva como é calculada a taxa aplicada ao

capital investido?

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107

6 - É realizada a avaliação de desempenho do gerente da unidade independentemente da

avaliação da unidade de negócios como um todo?

[ 1 Sim. Por favor, descreva o sistema de avaliação e as medidas utilizadas.

[ 1 Não. Por favor, vá para a questão 8.

7 - É feita algum tipo de consideração em relação às variáveis controláveis pelo gerente da

unidade?

[ 1 Sim. Por favor, descreva.

[ l Não.

8 - É utilizada alguma medida não financeira na avaliação da unidade de negócio e, se

aplicável, dos respectivos gerentes?

[ 1 Sim, Por favor, descreva.

[ 1 Não. Por favor, vá para a questão 10.

9 - Estas medidas não financeiras estão ligadas à estratégia a ser seguida pela companhia?

[ 1 Sim. Por favor, explique.

[ l Não.

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108

10 - Existe algum tipo de Demonstrativo de Resultado para cada unidade de negócios?

[ 1 Sim. Por favor, descreva.

[ 1 Não. Por favor, vá para a parte V do questionário.

1 1 - Existe neste demonstrativo alguma separação das variáveis controláveis ou não pelo

gerente da divisão?

[ 1 Sim. Por favor, comente.

[ 1 Não.

Page 122: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

109

v - Preços de Transferência

Define-se como preço de transferência o valor atribuído aos bens ou serviços frutos de

transações comerciais dentro de uma empresa e que envolvam pelo menos um centro de

lucro.

I - A sua empresa transfere mercadorias e/ou produtos entre os centros de lucro?

[ ] Sim. Por favor, descreva de forma resumida estas transferências.

[ ] Não. Por favor, vá para a questão 7.

2 - É utilizado algum mecarnsmo de preço de transferência nestas compras e vendas

internas, ou seja, é atribuído algum valor a este bem transferido?

[ ] Sim. Por favor, comente.

[ ] Não. Por favor, vá para questão 7.

3 - Existe um mercado competitivo para os produtos transferidos pela empresa? Por favor,

descreva o mercado no qual estão inseridos estes produtos.

4 - Quais são os métodos mais utilizados na definição do preço de transferência dos

produtos negociados entre os centros de lucro? Por favor, comente as opções assinaladas.

[ ] Custo variável (real ou padrão).

[ 1 Custo total (real ou padrão).

[ ] Custo total + margem de lucro.

[ 1 Preço de Mercado ou Preço de Mercado ajustado.

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1 10

[ ] Negociação entre os gerentes dos centros de lucro

[ ] Outro método. Por favor, descreva.

5 - Com a finalidade de estimar a quantidade de mercadorias transferidas entre os centros de

lucro, gostaríamos de saber, aproximadamente, qual o valor que mais se aproxima da

percentagem da quantidade de mercadorias transferidas entre os centros de lucro em relação

ao total de mercadorias fabricadas e vendidas pela empresa.

Transferência de custos de utilização de instalíWÕes comuns

6 - A sua empresa possui alguma instalação comum, como, por exemplo, uma planta

industrial, escritório etc., que seja usada conjuntamente por dois ou mais centros de lucro?

[ ] Sim. Por favor, descreva.

[ ] Não. Por favor, vá para a questão 8.

7 - Descreva como a empresa transfere os custos de ocupação como depreciação,

refrigeração/aquecimento, luz, aluguéis etc. para os respectivos centros de lucro.

Transferência de Serviços entre os centros de lucro

8 - Em algumas empresas, um centro de lucro pode executar serviços para outros centros

como por exemplo contabilidade, processamento de dados, engenharia, compras etc. Existe

alguma transferência deste tipo em sua empresa?

[ ] Sim. Por favor, descreva.

[ ] Não. Por favor, vá para a questão 10.

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\ 1 1

9 _ Descreva como estes serviços são cobrados dos centros de lucro.

Transferência de Custos Corporativos

1 0 - Existe alguma função operacional como vendas, distribuição, fabricação ou P&D que

seja centralizada, ou seja, que não esteja contida em nenhuma das unidades de negócios ou

centros de lucro?

[ ] Sim. Por favor, descreva estas funções e explique as causas de sua centralização.

[ ] Não. Por favor, vá para a questão 14.

1 1 - Os custos relativos a estas atividades são transferidos para as unidades de negócios?

[ 1 Sim.

[ ] Não. Por favor explique e vá para a questão 1 3 .

12 - Quais os métodos mais utilizados na transferência dos custos destas atividades comuns

para as unidades de negócio? Por favor, descreva diferenciando cada uma das atividades.

1 3 - Qual a percentagem aproximada destas funções é realizada a nível corporativo?

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1 12

Transferência de Serviços Corporativos

14 - Abaixo estão listados vários serviços que usualmente estão localizados a nível

corporativo e que muitas vezes são fornecidos para os centros de lucro.

Gostaríamos de saber qual é a percentagem aproximada dos serviços realizadas no centro

corporativo em relação ao total realizado pela organização (%-1), a percentagem

aproximada dos serviços realizados no centro corporativo que é alocada às unidades de

negócios (%-2) e, quando aplicável, as políticas de preço de transferência e os métodos de

alocação utilizados para cada tipo de serviço.

Serviços % - 1 % - 2 Preço de Método de

Transferência Alocação

Finanças e Contabilidade

Depto. Jurídico

Processamento de dados

Marketing

Relações Públicas

Recursos Humanos

Planejamento Fiscal

Planejamento Corporativo

Custo Fixo da Gerência Corporativa

Compras

Outros:

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1 1 3

Precos de Transferência - Geral

1 5 - Existe algum tipo de receita corporativa em sua empresa?

[ 1 Sim. Por favor, descreva.

[ 1 Não. Por favor, vá para a questão 1 7.

1 6 - Esta receita é alocada às unidades de negócio?

[ 1 Sim. Que base de alocação é utilizada?

[ 1 Não.

17- Em caso de conflito entre duas unidades de negócios, sobre o preço a ser atribuído a

certa transferência, descreva como é realizada a definição do preço final?

1 8- Quais são os principais objetivos da política de preços de transferência de sua empresa?

1 9 - Existe alguma forma de revisão periódica dos preços de transferência utilizados?

[ 1 Sim. Por favor, descreva.

[ 1 Não.

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1 14

VI -- Grau de Autonomia dos Gerentes

1 - Existe na organização algum tipo de norma que limita a ação da unidade de negócios ou

do gerente desta com relação ao tipo de decisões descritas abaixo? Por favor, comente.

a - produto/mercado - envolvem descontinuação ou projetos de novas linhas de produtos,

expansão para outros mercados etc.

b - pessoal - envolvem a contratação, dispensa, compensação e promoção de funcionários.

c - fontes - envolvem a seleção de compradores e vendedores internos ou externos à

organização.

d - operacionais - envolvem precificação, propaganda, determinação de níveis de estoque e

de pessoal etc.

Com relação específica à decisão sobre fontes, responda:

2 - Na hipótese de existirem fornecedores internos e externos que possam atender às

necessidades de recursos (bens e serviços) dos centros de lucro, qual a política adotada por

sua empresa?

3 - Quando existe um mercado interno e externo para produtos e serviços produzidos pelos

centros de lucro, qual a política adotada por sua empresa?

4 - Que esforços são feitos para garantir que as decisões das unidades estejam de acordo

com os objetivos globais da companhia?

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1 1 5

VII - Relações de Mercado entre as DivisÕes:

I - Existe alguma relação de mercado entre os produtos comercializados por diferentes

unidades, ou seja, existe algum produto que seja concorrente ou complementar a outro, mas

comercializados por unidades independentes?

[ 1 Sim. Por favor, explique.

[ 1 Não. Por favor, encerre o preenchimento do questionário.

2 - Como são tomadas decisões que envolvam este tipo de inter-relação entre as unidades?

3 - Como estas inter-relações refletem na avaliação de desempenho dos gerentes

responsáveis?

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1 16

ANEXO 2

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1 17

Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 1 998

Ilmo. Sr.

Prezado Senhor,

A Área de Controle Gerencial do COPPEADIUFRJ (Instituto de Pós-Graduação e

Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro) está desenvolvendo

um programa de pesquisa sobre grandes empresas que utilizam centros de lucro ou unidades

de negócios em sua estrutura organizacional.

Participando do desenvolvimento deste programa, o mestrando Bruno Fainguelernt

está conduzindo uma pesquisa com o objetivo de entender como estas empresas estão

lidando com questões como a determinação do lucro de diferentes unidades, transferência

de bens e serviços entre as unidades, utilização de preços de transferência, alocação de

custos corporativos e medidas de avaliação de desempenho.

Para a realização deste estudo, selecionamos algumas empresas de destaque que

poderiam dar grande colaboração ao desenvolvimento do assunto em questão.

Tal estudo se reveste da maior importância para o nosso programa de pesquisa,

tendo em vista a falta de conhecimento sobre o assunto, notado no cenário acadêmico

brasileiro.

Assim sendo, solicitamos a colaboração de V.s', no sentido de conceder uma

entrevista pessoal ao candidato ao mestrado, Sr. Bruno Fainguelernt, em data e horário

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1 1 8

confinnados por V.S"s, através de contato telefônico.

Infonnamos, outrossim, que todas as infonnações prestadas por V.s" serão

consideradas estritamente confidenciais. Com relação à análise das respostas, os resultados

serão apresentados de fonna agregada de maneira a tomar impossível identificar as

respostas individuais.

Por último, infonnamos que os resultados desta pesqUisa serão enviados

posterionnente a V.S" .

Agradecendo antecipadamente o prestimoso auxílio de V.S" , subscrevo-me.

Atenciosamente,

Josir Simeone Gomes

Diretor do Coppead/UFRJ

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1 19

ANEXO 3

Page 133: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

x

Int'l Affalrs Henrique Rzezinskii

Direeto,

Corporate Affairs Heitor C. Oliveira

Direclor . .

Finance, Adm. & Systems

Sedat Ozmen Execulive Direclor

. . . -

Human Resources & Quality

Antonio C Guimarães Execulive Oireclor

ISC & Mkt Integration

Cesar Bo,ges Executive Direclor

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I�

, .' ,

i

, '. - -

Carlos A. Salles President

Guilherme Bettencourt

Vice-President & General Manager

... � - - -

Field. Operations.

João A. Monteiro. Execulive Oireclor.

lHEIDcUMEr(bMPANY \EI<CIX

.

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120

Manufacturing João B. Borges Executive Direclor

. - . -

�tJ Sergio penteadO : Director i

----, .. - . .

Marketing Office

,

Mauro Szwarewald ,

Executive Direclor _ o • • - . . . .

Marketing DSG & After Sales

Renato Ferreira Executive Director

Marketing Production David Be,zlns

Executive Director -

"

.)

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.

Page 134: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

THE DOCUMENT COMPANY XEROX

Organização de Operações Comerciais

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Staff de Suporte I

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Dir.Executivo de ' Oper.Comerciais

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' Escritório de - - - - - - -. Qualidade

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I I I Região Região Região SP Região SP Norte ! Sul I Gdes Contas . Comercial

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Filiais Filiais Filiais "",

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• Marketing • Serviços a Clientes / • Recursos Humanos • Finanças/Controladoria

.l

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I Serv .Clientes

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-'" -

Page 135: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

122

BIBLIOGRAFIA

Page 136: universidade federal do rio de janeiro coppead avaliação de

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