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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Escola Politécnica Curso de Engenharia Civil Departamento de Construção Civil PANORAMA DAS PRÁTICAS USADAS PARA ENTREGA DE OBRAS MULTIRESIDENCIAIS NO RIO DE JANEIRO Diego Martins de Castro Rio de Janeiro 2015 Diego Martins de Castro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica

Curso de Engenharia Civil

Departamento de Construção Civil

PANORAMA DAS PRÁTICAS USADAS PARA ENTREGA DE OBRAS

MULTIRESIDENCIAIS NO RIO DE JANEIRO

Diego Martins de Castro

Rio de Janeiro

2015

Diego Martins de Castro

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Panorama Das Práticas Usadas Para Entrega De Obras Multiresidenciais No Rio

De Janeiro

Projeto de Monografia

apresentado ao Departamento

de Construção Civil da Escola

Politécnica da UFRJ como

exigência parcial para obtenção

do Título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. JORGE DOS SANTOS, D.Sc

Rio de Janeiro

2015

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PANORAMA DAS PRÁTICAS USADAS PARA ENTREGA DE OBRAS

MULTIRESIDENCIAIS NO RIO DE JANEIRO

Diego Martins de Castro

MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO CIVIL

Aprovada por:

__________________________________________________

Prof. Jorge dos Santos

__________________________________________________

Profa. Ana Catarina Jorge Evangelista

_________________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO 2015

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Castro, Diego Martins.

Panorama das práticas usadas para entrega de obras multiresidenciais no rio

de janeiro./ Diego Martins de Castro. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2015.

IX, 85 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia Civil, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 63-68

1. Introdução; 2. Obras Multiresidenciais - Contextualização;

3.Aspectos Legais; 4.Praticas Utilizadas na Entrega de Obra; 5

Boas Práticas; 6. Considerações Finais I.Jorge dos Santos.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Civil. III. Panorama das práticas usadas para

entrega de obras multiresidenciais no Rio de Janeiro.

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“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o

que quiser. Mas tenho que querer o que for.

O êxito está em ter êxito, e não em ter

condições de êxito. Condições de palácio

tem qualquer terra larga, mas onde estará o

palácio se não o fizerem ali?”

Fernando Pessoa

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AGRADECIMENTOS

Seria impossível o término deste trabalho sem a ajuda de pessoas que, ao

longo deste caminho, aprendi a admirar.

Então, agradeço ao professor e orientador Jorge dos Santos, que tão

pacientemente me orientou neste período, cuja determinação culminou no

término deste trabalho. Muito obrigado pelos conhecimentos transmitidos.

Agradeço imensamente a minha eterna companheira, amiga e noiva

Karine, com quem, dividi momentos bons e ruins nesta etapa da minha vida, e a

cada dia que passa, tenho mais orgulho e felicidade de compartilhar.

Aos meus pais, Marisa e Manoel, e minha irmã Mariane, que sempre

apoiaram as minhas decisões e me deram apoio durante toda esta jornada.

Aos meus avós e padrinhos, Nadyr e Oswaldo, que de uma forma

especial fazem parte da minha história.

A todos os meus familiares, que não dispensaram força e contribuíram na

minha caminhada até o encontro deste sonho.

Aos meus amigos, que sempre me apoiaram e me incentivaram em todos

os momentos.

Muito obrigado.

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RESUMO

A indústria da construção civil tem grande importância no cenário

nacional, seja do ponto de vista econômico ou social. A indústria da construção

é responsável pela edificação de obras que viabilizam o desenvolvimento

nacional gerando ao mesmo tempo empregos para grandes contingentes de mão

de obra. Por conta disso, nos últimos cinco anos a indústria da construção

alcançou grande crescimento e desenvolvimento tecnológico para vencer as

demandas geradas principalmente na área habitacional.

Associado ao crescimento do setor dos últimos anos, algumas

dificuldades são reveladas e grandes problemas surgem para contratantes e

contratados gerando perdas às vezes não mensuráveis para ambos os lados.

Neste aspecto, observa-se que práticas indevidas adotadas para a entrega de

obras multiresidenciais contribuem sensivelmente na geração dessas

dificuldades. Assim sendo, identificar e desenvolver práticas adequadas para a

entrega de obras passa a ter importância significativa para minimizar as relações

entre contratantes e contratados.

Neste trabalho são estudadas as práticas normalmente utilizadas no

mercado para a entrega de obras multiresidenciais e os principais aspectos

intervenientes legais e operacionais que possam contribuir para a melhoria

dessas atividades.

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ABSTRACT

The construction industry has great importance on the national scene,

whether economic or social point of view. The construction industry is

responsible for building works that enable national development while

generating jobs for large labor contingents. Because of this, the last five years

the construction industry has achieved great growth and technological

development to overcome the demands generated primarily in the housing area.

Associated with the growth of the sector in recent years, some difficulties

are revealed and major problems arise for contractors and contractors generating

sometimes not measurable losses for both sides. In this respect, it is observed

that undue practices for delivering multiresidenciais works significantly

contribute to the generation of these difficulties. Therefore, identify and develop

appropriate practices for the delivery of works is replaced by significant

importance to minimize the relationships between contractors and contractors.

This paper studied the practices commonly used in the market for

delivering multiresidenciais works and the main legal and operational aspects

actors that may contribute to the improvement of these activities.

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Lista de Figuras:

- Figura 01 – Cômodos e Serviços.

- Figura 02 – Legenda e campo para observação

- Figura 03 – Divisão para Obra e AT no mesmo formulário.

- Figura 04 - Dados Cliente / Unidade.

Lista de Siglas:

- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

- AT – Assistência Técnica.

- COE – Código de Obras e Edificações.

- ISO - International Organization for Standardization

- NBR – Norma Brasileira.

- PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no

Habitat.

- SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de

Serviços e Obras da Construção Civil.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3

1.1. Importância do Tema. ....................................................................................................... 3

1.2. Objetivos ........................................................................................................................... 5

1.3. Justificativa da Escolha do Tema ....................................................................................... 5

1.4. Metodologia Utilizada ....................................................................................................... 5

1.5. Estrutura do Trabalho ....................................................................................................... 6

2. OBRAS MULTIRESIDENCIAIS – CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................ 8

2.1. Conceituação ..................................................................................................................... 8

2.2. Ciclo de Vida de uma Edificação Multiresidencial ............................................................. 9

2.2.1. Viabilidade, Projeto e Execução .................................................................................. 10

2.2.2. Aspectos Legais ........................................................................................................... 14

2.2.3. Duração das Obras ...................................................................................................... 18

2.2.4 Entrega de Obra e Manutenção .................................................................................. 19

2.3. - Evolução da Participação do Cliente na Fase de Construção ........................................ 22

2.4. Evolução da Participação do Cliente no Processo de Entrega de Obra .......................... 24

2.5. Assistência Técnica .......................................................................................................... 25

2.6. Influência da Entrega na Satisfação do Cliente. .............................................................. 28

3. ASPECTOS LEGAIS E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA NA ENTREGA DE OBRAS ........................... 29

3.1. Aspectos Legais ............................................................................................................... 29

3.1.1. Código de Proteção e Defesa do Consumidor ............................................................. 29

3.1.2. Código Civil Brasileiro: ................................................................................................. 32

3.1.3. NBR 14037:2011 - Diretrizes Para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e

Manutenção das Edificações – Requisitos Para Elaboração e Apresentação de Conteúdos. ..... 33

3.1.4. NBR 5674:2012 - Manutenção de Edificações – Requisitos para a Gestão do Sistema

de Manutenção. .......................................................................................................................... 34

3.1.5. NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais — Desempenho ................................... 36

3.2. Requisitos da ISO 9001:2008 ........................................................................................... 38

3.3. SiAC -PBQP-H ................................................................................................................... 42

4. PRÁTICAS UTILIZADAS NA ENTREGA DE OBRAS .................................................................. 47

4.1. Métodos de Entrega ........................................................................................................ 47

4.2. Inspeção final da obra antes da entrega ......................................................................... 48

4.3. Inspeção Junto ao Cliente para a Entrega das Chaves .................................................... 49

4.4. Entrega de Partes Comuns .............................................................................................. 50

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4.5. Constituição de Condomínio ........................................................................................... 51

5. BOAS PRÁTICAS NA ENTREGA DE OBRA .............................................................................. 53

5.1. Relacionamento com o Cliente ....................................................................................... 54

5.2. Vistoria com o Cliente. .................................................................................................... 56

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .................................................................................................. 63

ANEXOS. ...................................................................................................................................... 69

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1. INTRODUÇÃO

Importância do Tema. 1.1.

A forma como as empresas de construção de empreendimentos

multiresidenciais entregam as unidades aos seus clientes compradores influencia

diretamente no quantitativo de reclamações e de pedidos de assistências técnicas

na pós entrega.

O cliente comprador de unidades habitacionais, independente de estas

serem de alto, médio ou baixo padrão, têm nos últimos anos, ficado cada vez

mais exigente com relação ao produto que lhe é entregue. Essa mudança de

comportamento vem sendo motivada pelo maior grau de esclarecimento destes

clientes com a relação á qualidade do produto.

A evolução do conceito de qualidade e as novas diretrizes voltadas para

um melhor desempenho dos materiais e produtos utilizados na construção civil,

vem fazendo com que as construtoras adotem uma postura mais ativa, através de

uma visão preventiva, onde o objetivo passou a ser no cliente final e no processo

como um todo, e não mais uma visão corretiva apenas ,representada pela

prestação da assistência técnica quando reivindicada pelo cliente.

A norma de desempenho, NBR 15.575 publicada em 2013 (NBR

15.575/2013 – Edificações Habitacionais - Desempenho), institui um nível de

desempenho mínimo ao longo de uma vida útil para os elementos principais de

uma edificação residencial, tais como: estrutura, vedações, instalações elétricas e

hidro sanitárias, pisos, fachada e cobertura. (Em

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfuiQAI/nbr-15575-1-2013-final-

requisitos-gerais#. Acesso em: 13/01/2015). E, juntamente com o fato do

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aumento da competitividade do setor da construção civil e, a redução das

margens de lucro, vem promovendo nas empresas a necessidade de inovar e

melhorar os seus sistemas de produção.

Neste contexto, as empresas procuram estabelecer diferenciais para

melhorar sua posição junto ao mercado.

Uma das ferramentas utilizadas é a implantação e a certificação de

sistemas de gestão da qualidade que vem sendo cobrados pelas entidades

financeiras para a concessão de recursos, seja para o financiamento, na

comercialização das unidades residenciais, seja para a construção propriamente

dita.

Os modelos de conformidade utilizados para as certificações de sistemas

de qualidade de empresas de construção civil, tais como a NBR ISO 9001:2008

e o SIAC/PBQP-H:2012, contem requisitos específicos com relação a entrega da

obra e assistência na pós entrega.

Este quadro acrescido da maior consciência e exigência dos clientes com

relação ao produto vem provocando uma mudança de comportamento em prol

da qualidade do produto final por parte das empresas de construção civil,

afetando diretamente a etapa de entrega de unidades residenciais, a qual vem

sofrendo ajustes para melhor se adequar aos níveis de qualidade exigidos.

Nessa linha de raciocínio, a melhoria da qualidade na entrega das

edificações multiresidenciais, aumenta a satisfação do cliente e a credibilidade

com parceiros, bem como, reduz custos com reserviços e assistência técnica,

valorizando a imagem da empresa, dando maior destaque e competitividade no

mercado, dentre outros aspectos.

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Tais benefícios são evidenciados como resultados do estudo do tema

proposto.

Objetivos 1.2.

Este trabalho tem como objetivo analisar os diversos processos de

entrega de obra praticados pelas construtoras e buscar as melhores práticas

adotadas no mercado da construção civil do Rio de Janeiro.

Justificativa da Escolha do Tema 1.3.

As principais justificativas para a escolha deste tema são em função das

crescentes reclamações e índices da assistência técnica das construtoras nos

últimos anos e devido ao fato do autor deste trabalho já ter vivenciado esta etapa

de obra, tanto na vistoria para a liberação das unidades sem a presença do cliente

quanto realizando a vistoria com o mesmo, em empresas e empreendimentos

distintos, tanto de alto quanto médio padrão.

Metodologia Utilizada 1.4.

Nesse trabalho foi introduzida uma fundamentação teórica dos conceitos

importantes para realização do mesmo. Foram realizadas pesquisas em estudos

de casos, apostilas, artigos publicados, monografias, revistas científicas,

entrevistas através de questionários respondidos por profissionais da construção

civil, e análise de relatórios de assistência técnica de empresas do setor.

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Estrutura do Trabalho 1.5.

No capítulo 1, é apresentada a importância, objetivo e justificativa do

tema abordado, que se refere à utilização dos vários processos de entrega de obra

de edificações multiresidenciais, bem como a metodologia aplicada.

No capítulo 2, é apresentada uma contextualização sobre obras

multiresidenciais, onde serão demonstrados os conceitos, as peculiaridades de

cada fase do seu ciclo de vida, a sua concepção, o modo que são construídas, a

duração de uma obra, além das peculiaridades dos empreendimentos e de seus

processos construtivos. Neste mesmo capítulo ainda será abordada a evolução da

participação dos clientes, tanto na fase de construção quanto no processo de

entrega das unidades, e também os aspectos da assistência técnica quanto ao seu

funcionamento e indicadores; finalizando com a influência da entrega de obras

na satisfação dos clientes.

No capítulo 3, são demonstrados os aspectos legais nos âmbitos

federal, estadual e municipal, que influenciam diretamente na estrega de obra,

além de apresentar os requisitos normativos em vigor como a NBR15.575 de

desempenho, a ISO 9001 e o SiAC-PBQP-H.

No capítulo 4, são expostas as principais práticas utilizadas pelas

construtoras para a entrega das obras, segundo as pesquisas bibliográficas

explicando os métodos de entrega e inspeção final da obra antes da entrega tanto

pelo cliente quanto pelo engenheiro responsável, respectivamente.

No capítulo 5, são abordadas as boas práticas adotadas na entrega da obra

pelas construtoras, que tem trazido bons resultados para minimizar as

dificuldades nessa fase e, consequentemente, redução de desgaste entre a

construtora e o cliente na entrega das chaves.

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No capítulo 6, são apresentadas as conclusões do trabalho com as

considerações finais do tema abordado.

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OBRAS MULTIRESIDENCIAIS – CONTEXTUALIZAÇÃO 2.

Conceituação 2.1.

O termo, edificação multifamiliar ou multiresidencial é utilizado como

referência aos edifícios de apartamentos e casas, cuja obra de edificação é

dimensionada e destinada à habitação de mais de uma família ou mais de duas

unidades residenciais conforme referido na Legislação Municipal (glossário da

Lei nº 1.574/67).

A saber, projeto de lei complementar nº 31/2013 que institui o código de

obras e edificações da cidade do rio de janeiro, em seu artigo 6o classifica as

edificações considerando as suas funções:

I. Edificação residencial - destinada a abrigar o uso residencial

permanente que pode se subdividir em:

a) Unifamiliar – destinada a abrigar uma unidade residencial;

b) Bifamiliar – destinada a abrigar duas unidades residenciais,

superpostas ou justapostas;

c) Multifamiliar – destinada a abrigar mais de duas unidades

residenciais.

Assim, é definida a edificação multifamiliar como um conjunto de

unidades residenciais privadas, dotadas de compartimentos habitáveis (sala e/ou

quarto), um compartimento destinado ao cozimento de alimentos (cozinha) e um

compartimento destinado a higiene pessoal (banheiro), interligadas por uma

circulação comum horizontal, que caracteriza um pavimento. Os pavimentos se

interligam, obrigatoriamente, por uma circulação vertical (escadas, certamente, e

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elevadores, possivelmente) podendo apresentar serviços coletivos nos

pavimentos e nos acessos. CHACON (2004)

Ciclo de Vida de uma Edificação Multiresidencial 2.2.

Toda edificação multiresidencial possui um ciclo de vida, desde a

criação, execução até o fim de utilização. Portanto, é composto por etapas como

estudo de viabilidade, concepção de projetos, aspectos legais, execução, entrega,

utilização e manutenção, considerando a sustentabilidade na construção civil.

Durante as últimas décadas têm surgido muitas metodologias para promover a

construção sustentável. BOONSTRA E PETTERSEN (2003); COLE (2005);

CRISP (2004).

DING, HAAPIO (2008). Atualmente, a Avaliação do Ciclo de Vida

(ACV) é uma metodologia bem conhecida para avaliar os impactos ambientais

ao longo de um sistema (RODRÍGUEZ, 2009). A Avaliação do Ciclo de Vida

(ACV) é uma metodologia que avalia a carga ambiental dos processos e

produtos (bens e serviços) durante o seu ciclo de vida, do berço à sepultura

FAVA, 2004, HAUSCHILD (2005). A ACV foi padronizada pela International

Organisation for Standardisation (ISO) na série ISO 14000.

ACV sobre o setor da construção civil é útil para a tomada de decisões e para a

seleção de indicadores ambientais relevantes na avaliação de projetos e processos,

servindo como suporte em decisões de fabricação na indústria e no governo, como no

planejamento estratégico, ANTON (2003).

Como qualquer outro produto, uma edificação possui uma vida útil, que rege o

tempo de utilização com qualidade e segurança.

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A norma de desempenho (NBR 15.575:2013 – Edificações Habitacionais

– Desempenho), institui como vida útil de uma edificação, o período de tempo

em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais

foram projetados e construídos, considerando a periodicidade e correta execução

dos processos de manutenção.

Viabilidade, Projeto e Execução 2.2.1.

A complexidade do ciclo de vida de edificações multifamiliar está no

grande número de subsistemas ou subprojetos com variadas interfaces que

devem ser compatibilizadas por uma equipe de profissionais.

Portanto, são várias disciplinas sendo projetadas conjuntamente e,

consequentemente, diversos profissionais com ideias e/ou experiências únicas e

noções adversas, tentando chegar ao produto final idealizado.

GIACOMIN (2008), parte do pressuposto de que a viabilização de

qualquer negócio começa sempre pelo aspecto econômico. Dentre as várias

oportunidades, existe sempre a possibilidade de se identificar aquela com melhor

custo benefício. Tudo dentro de estimativas realistas de venda e levantamento de

custos confiáveis. “Busca-se inicialmente o lucro, o benefício projetado para o

futuro e alguma garantia de que ele será realmente obtido. O preço deverá ser

maior do que o custo, e as receitas, ou entradas, deverão ser maiores que os

gastos, ou saídas.” GIACOMIN (2008).

Segundo BERNSTEIN (1997) “quando a decisão de investir está baseada

apenas na análise comparativa da quantidade de recursos entrantes e de saídas

referentes ao custeio do empreendimento, resultando em um lucro, trata-se de

viabilização econômica”.

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GEHBAUER (2002) descreve que o estudo de viabilidade do

empreendimento é a comparação entre estimativa de custo do mesmo e os

rendimentos que se esperam obter por meio de sua comercialização. Ele

compreende todo planejamento técnico básico necessário, desde a ideia inicial,

até a elaboração do anteprojeto. Para empresas de incorporação e construção, é

durante o estudo de viabilidade do empreendimento que fatores como

localização, capital e concepção do produto são combinados, de tal forma que se

obtenha uma incorporação bem sucedida. JACOB (2004), afirma a importância

que tem o estudo de viabilidade bem detalhado na hora da escolha da opção

adequada de empreendimento, pois comumente um projeto para uma

determinada área pode vir a ser alterado para outro perfil de negócio, mais

rentável que o empreendimento inicialmente proposto.

O projeto na construção civil constitui uma das primeiras etapas do

processo de construção, portanto, tem um papel fundamental na obtenção da

qualidade na produção de edifícios, pois é na etapa do projeto que são definidos

os conceitos de organização do espaço, bem como a tecnologia a ser adotada na

fase de execução.

O projeto e a execução não podem ter tratamento distinto como se

fossem duas fases separadas, é importante que haja uma união entre essas duas

principais etapas da obra, Portanto, os projetos devem ser realistas e levar em

conta a praticidade no construir. A tarefa de compatibilizar as fases deve ser

voltada para a execução e desenvolvida por uma equipe de projetos na qual haja

uma coordenação capaz de designar as responsabilidades com enfoque no estudo

e exame das diversas interferências entre os projetos e os detalhes necessários à

execução.

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Na Construção Civil, define-se projeto como a “atividade ou

serviço integrante do processo de construção, responsável pelo

desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e

tecnológicas especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de

execução” (MELHADO, 1994).

Conforme, a norma (NBR- 13532:1995 – Elaboração de Projetos de

Edificações) Item 3.2, a elaboração do projeto de arquitetura da edificação é a

determinação e representação prévia, desenhos e textos, da configuração

arquitetônica de edificação, concebida mediante a coordenação e orientação

geral dos projetos dos elementos da edificação, das instalações prediais, dos

componentes construtivos e dos materiais de construção.

“O processo de elaboração de projeto na construção de edifícios

multiresidenciais é composto por várias especialidades de projetos como

arquitetura, estruturas, sistemas prediais, entre outros, os quais são

desenvolvidos as soluções em nível crescente de detalhamento, levando em

conta as definições do produto final.” MELHADO, (1998).

Conforme a norma (NBR- 13532:1995 – Elaboração de Projetos de

Edificações), Item 3.3, a sequência indicada para as etapas de execução da

atividade técnica do projeto de arquitetura são as seguintes:

a) Levantamento de dados para arquitetura;

b) Programa de necessidades de arquitetura;

c) Estudo de viabilidade de arquitetura;

d) Estudo preliminar de arquitetura;

e) Anteprojeto de arquitetura ou pré-execução;

f) Projeto legal de arquitetura;

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g) Projeto básico de arquitetura, (Opcional);

h) Projeto para execução de arquitetura.

Na sequência, é necessário elaborar os projetos legais, que segundo

GEHBAUER (2002), tem como objetivo, conseguir as licenças e alvarás para a

realização da obra, de acordo com as normas vigentes, o que, para tal, deve-se

dar entrada junto aos órgãos competentes.

O projeto legal é obtido a partir do anteprojeto aprovado pelo cliente, no

qual se devem acrescentar pré-dimensionamentos de projetos complementares

como estrutura, fundação, hidráulica, elétrica, entre outros.

Por fim, na fase de execução, fica necessário o uso de projetos

executivos, que conforme a Norma (NBR- 13532:1995 – Elaboração de Projetos

de Edificações) contemplam as plantas baixas, de todos os pavimentos, plantas

de terraplanagem, cortes, fachadas, vistas internas de paredes de ambientes

especiais como cozinha, banheiro, lavatório, entre outros e plantas de detalhes,

que permitam analisar elementos da edificação e seus componentes construtivos

como portas, janelas, impermeabilizações, entre outros.

Segundo NOVIS (2014), a fase de execução é a fase de materialização,

etapa que inclui tanto o projeto como a construção, incorporando na mesma, a

execução, os materiais necessários e os abastecimentos. Essa é a etapa sobre a

qual, com frequência, incide mais a parte técnica que, usualmente, está

documentada a partir de vários pontos de vista, mas sempre priorizando custos,

prazos e qualidade.

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Aspectos Legais 2.2.2.

O Código de Obras e Edificações, COE, é uma lei que institui normas

para a elaboração de projetos e para a construção, buscando garantir a

preservação da qualidade da paisagem da cidade e das suas edificações.

A construção de uma edificação exige que sejam considerados e

atendidos diversos aspectos, principalmente os de caráter legal, que têm início já

na escolha do lote.

Segundo SILVA (2004) a legislação é muito ampla, e varia de um local

para outro. Refere-se às cláusulas contratuais do loteamento, que procuram

uniformizar o bairro e, muitas vezes, são até mais severas que o Código de

Edificações do município. Nelas define-se o número de pavimentos, a taxa de

ocupação, percentual permitido para a área de projeção da construção sobre o

terreno, o coeficiente de aproveitamento, índice que estabelece a relação entre o

total de área construída e a área do terreno, e a adoção de recuos maiores que os

previstos em lei.

Os procedimentos legais e burocráticos junto à prefeitura devem ser

cumpridos pelo arquiteto ou pelo proprietário, ou por terceiros, com a devida

procuração legal. Os documentos exigidos normalmente são:

a) Requerimento On Line na página da SMU em Serviços; (Para

abertura de processo por requerimento on line, devem ser

fornecidos os dados de localização da obra, e também dos

responsáveis técnicos e legais, pois o requerimento on line só é

fornecido ao usuário cadastrado, interessado).

b) Dois jogos completos de plantas de arquitetura;

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c) Registro de Imóveis (RI) ou Projeto Aprovado de Loteamento

(PAL);

d) Comprovante de pagamento e espelho do IPTU do ano anterior e

certidão negativa de tributos municipais;

e) Cópia da planta cadastral com a localização do imóvel assinalada;

f) Declaração do Profissional Responsável pela Obra ou pelo

Projeto de Arquitetura de que o imóvel não se situa a menos de 50

metros de cursos d'água ou próximo a encostas (Declaração de

rios e canais);

g) Cópia da carteira do Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia - RJ (CREA-RJ) e Conselho de Arquitetos - CAU -

dos profissionais responsáveis;

h) Declaração do autor do projeto de acordo com o anexo I do

decreto 10.426/91;

i) Comprovante de pagamento do DARM - RIO (Documento de

Arrecadação Municipal) referente a 50% da taxa da licença;

j) Cobertura Vegetal - Declaração de Supressão de vegetação.

Caso o setor municipal responsável pela liberação do Alvará de

Construção encontre alguma irregularidade, emitirá um Comunique-se, ou seja,

um comunicado oficial do problema encontrado e um prazo para que este seja

sanado. Deve-se ficar atento aos prazos do Comunique-se, para que as

pendências sejam resolvidas em tempo hábil.

As prefeituras, vias de regra, exigem que o canteiro construído na obra

seja cercado por tapumes, dão um prazo para seu cumprimento e cobram uma

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taxa para sua execução (embutida nos comprovantes exigidos antes da

aprovação do projeto).

Todos os profissionais que trabalharão na obra precisam ser registrados

de acordo com as normas no Ministério do Trabalho, pagando a Guia de

Recolhimento da Previdência Social.

Na obra ficará uma cópia da planta aprovada e o Alvará de Construção.

Também, de acordo com a legislação, deve haver na obra um banheiro, mesmo

que os empregados não durmam no alojamento, bem como ligação de água e

luz. A placa do autor do projeto e do responsável técnico deverá estar em lugar

visível, pois, se um fiscal do CREA não a localizar, pode multar o profissional

com base em lei federal. Dependendo da situação do terreno, são estipulados

horários para carga e descarga, da entrega do material de construção e aos bota-

foras de terra.

Por fim, concluída a obra, visitada os guichês que comandam os aspectos

legais da construção e cumpridas todas as obrigações técnicas e legais, é emitido

o mais almejado dos documentos para quem constrói: o Habite-se. Sem ele, não

é possível ocupar o imóvel e com ele, acaba a interferência municipal sobre a

construção.

Para tanto, conforme diretrizes da prefeitura do Rio de Janeiro, quando as

obras estiverem concluídas e a documentação já tiver sido apresentada, o

construtor deve solicitar a vistoria para concessão do Habite-se, para construções

novas. A documentação requerida para a solicitação do habite-se consta de:

a) Requerimento On Line na página da SMU em Serviço. (Para a

solicitação do requerimento on line de comunicação de conclusão

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de obra, deve-se estar cadastrado do site da SMU e deter o

número do processo existente).

b) Declaração das concessionárias de serviços públicos de água

potável, de esgoto sanitário, de águas pluviais, de gás, luz e

telefone ou Declaração de conclusão das instalações para habite-

se.

c) Certificado de funcionamento de elevadores, ar-condicionados e

outros elementos mecânicos.

d) Comprovante do plantio de mudas de árvores fornecido pela

Fundação de Parques e Jardins.

e) Certidão de Visto Fiscal do ISS, concedida pela Secretaria

Municipal de Fazenda.

f) Certificado de Aprovação do Corpo de Bombeiros (exceto

residências unifamiliares).

g) Comprovante da instalação de sinaleiras (exceto edificações com

estacionamento para até dois veículos ou unifamiliares com

estacionamento para até quatro veículos).

h) Comprovante de instalação de caixa postal (exceto edificações

com até dois pavimentos e menos de quatro apartamentos).

i) Declaração referente ao parágrafo 4o do artigo 58 da Lei

Complementar 111/11 (obediência ao projeto aprovado).

j) Apresentação de outros documentos indicados na licença de

obras.

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Destaca-se que após a concessão do habite-se será fornecida uma

certidão que possibilitará o registro do imóvel junto ao Registro Geral de

Imóveis (RGI) e/ou à Secretaria Municipal de Fazenda.

Além das diretrizes citadas acima, de acordo com a RESOLUÇÃO

SMAC N.º 387 de 24 de maio de 2005, fica condicionada à apresentação de

relatório de implantação e acompanhamento com a comprovação do destino

final adequado dos resíduos gerados em todas as etapas da obra, considerando o

disposto na Resolução CONAMA N°307/02 e na Lei Municipal N° 2.138/94.

Duração das Obras 2.2.3.

São vários os fatores que influenciam no prazo das obras de edificações

multi-residenciais. A saber, o tipo da obra, local, tipo de fundação escolhido,

tempo chuvoso ou não, número de pavimentos, métodos executivos adotados,

materiais utilizados na construção, acabamentos, além de produtividade dos

funcionários que executarão tais serviços, ou seja, para se determinar o tempo de

execução é preciso conhecer o projeto e as especificações.

O tempo necessário para execução da obra nem sempre pode ser feito de

forma precisa, pois existem interferências que não podem ser controladas e que

influenciam diretamente no cronograma final da obra, no entanto deve ser

respeitada a “cláusula de tolerância” (Lei 6454:2013), usada pelas

incorporadoras. Essa cláusula, praxe no mercado, permite um atraso de até 180

dias na entrega do empreendimento, por conta de imprevistos ao longo da obra-

como intempéries, morosidade dos órgãos públicos no processo de

licenciamento etc.

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2.2.4 Entrega de Obra e Manutenção

Na entrega de uma edificação multiresidencial, o cliente final recebe o

seu produto, tanto a sua unidade quanto as áreas comuns do empreendimento, e

verificam se todos os serviços estão de acordo com o especificado pela

construtora em seu memorial de incorporação, que é um documento jurídico

explicativo do objeto da incorporação, detalhando suas áreas privativas e

comuns, forma de utilização, características e dados do empreendimento e de

seu projeto, informações e documentos da incorporadora e todos os demais

requisitos legais exigidos.

Dado o início da utilização do imóvel, inicia-se a manutenção, pois é

quando se passa a utilizar os serviços de todas as concessionárias, e, muitas

vezes, é a partir desse momento que surgem alguns vícios ocultos.

Segundo MOURTHÉ (2013), toda edificação é planejada para atender às

necessidades de seus usuários por muito tempo, entretanto, estes não se

planejam para atender as necessidades da edificação ao longo do tempo. É de

fundamental importância o planejamento de sistemas de manutenção para

corrigir e até mesmo antever falhas nos sistemas constituintes de cada

edificação.

A propósito, de maneira geral, uma edificação apresenta uma

característica que a diferencia de outros bens: sua vida útil é consideravelmente

grande, e para que este prazo seja de fato alcançado, torna-se fundamental a

prática da manutenção.

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Um pouco mais detalhada, a visão de MIRSHAWAKA (1993) e CASTRO

(2007) aborda conceitos de “disponibilidade, de qualidade, de prazos, de custos e de

vida útil” como parâmetros para serem atendidos pela manutenção predial.

Para GOMIDE (2006) e IBAPE/BA (2005), a manutenção predial pode ser

definida, em linhas gerais, como “o conjunto de atividades e recursos que garanta o

melhor desempenho da edificação para atender às necessidades dos usuários, com

confiabilidade e disponibilidade, ao menor custo possível”. Nesta mesma publicação, o

autor chama atenção para o fato de que a manutenção predial não tem como finalidade

principal a execução de reformas e/ ou alterações de sistemas em resposta às anomalias

de concepção, projeto ou execução dos empreendimentos.

Uma vez que se trata de assunto consideravelmente amplo, que envolve diversos

conceitos como: vida útil, desempenho, durabilidade etc.. A manutenção predial pode

ser classificada de diversas formas. Segundo JOHN (1989) e CASTRO (2007), algumas

delas são as seguintes:

a) Conforme o tipo de manutenção: conservação, reparação, restauração

ou modernização;

b) De acordo com a origem dos problemas do edifício: evitáveis ou inevitáveis;

c) Quanto à estratégia de manutenção adotada: preventiva, corretiva ou engenharia

de manutenção;

d) De acordo com a periodicidade de realização das atividades:

rotineiras, periódicas ou emergenciais.

GOMIDE (2006) e CASTRO (2007) sugerem as seguintes tipologias de classificação

da manutenção, não excluindo outras:

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a) Quanto à viabilidade dos serviços de manutenção: técnica, uso e operacional e

administrativa ou de custos e responsabilidades;

b) Quantos às falhas e anomalias existentes;

c) Quanto à estratégia da manutenção adotada, ou seja, quais são as atividades que

constituem o plano de manutenção;

d) Quanto ao tipo de intervenção feita pela manutenção: conservação, reparação,

restauração e modernização; e

e) Quanto à periodicidade de realização das atividades ou rotinas estabelecidas no

plano de manutenção.

Há alguns anos a manutenção era uma preocupação que surgia apenas depois da

entrega do imóvel aos usuários (NBR 5674/1999), porém, a gestão do

empreendimento, que enxerga o edifício de maneira sistêmica, ou seja, como um

todo, deve incluir a manutenção desde o momento da concepção do edifício, sob a

forma de “mantenabilidade”. A mantenabilidade pode ser entendida como um tipo

de manutenção passiva, uma vez que o bem, no caso, o edifício, ainda não existe

materialmente, ou seja, no momento em que a mantenabilidade é um item passível

de alteração, durante a concepção e o projeto, o edifício não passa de um plano.

(CASTRO 2007).

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- Evolução da Participação do Cliente na Fase de 2.3.

Construção

Apesar de não existir uma regra ou legislação específica com relação á

participação do cliente na fase de construção, por exigência dos próprios

clientes, as construtoras cada vez mais vêm franqueando o acesso às instalações

das obras antes mesmo destas estarem concluídas. O que há um tempo não era

possível.

Antes do inicio das obras, o primeiro contato do cliente com o produto

final, é no stand de vendas, no qual são apresentadas algumas unidades tipo do

empreendimento, em dimensões reais.

Durante a obra, normalmente é executado um apartamento modelo, que

será aberto à visitação antes do seu término total.

Próximo ao final da obra, em busca de um bom relacionamento com o

cliente, é aberto à visitação para retirada de medidas para a confecção de móveis

futuros.

Nas últimas décadas, o interesse pelo gerenciamento do valor tem

aumentado no setor da construção. Neste contexto, a geração de valor pode ser

compreendida como o atendimento dos requisitos do cliente final. Tal

atendimento, por sua vez, depende de como os requisitos são priorizados e

comunicados para a equipe de projeto ao longo do processo de desenvolvimento

da construção.

Nesse sentido, a norma de desempenho, NBR 15.575 estabelece para o

processo das habitações, nas suas diferentes fases, ações concretas de todos os

envolvidos na construção e manutenção da edificação habitacional,

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incorporadores, construtores, projetistas, usuários, entre outros, com intuito de

manter o desempenho pretendido durante o prazo de vida útil de projeto.

Nesse tópico, focaliza-se o usuário da edificação habitacional,

proprietário ou não.

O cliente-usuário da edificação, quando opta por comprar um

apartamento, analisa um conjunto de características do empreendimento: o que é

oferecido como lazer, serviços, estrutura funcional, segurança, características

técnicas e estéticas da edificação, dimensões da unidade habitacional,

configuração espacial e estética, posição solar, disposição em planta, além de

outras características, como preço, condições de pagamento, prazos de entrega.

Como é constatado, cabe ao cliente/usuário final do empreendimento

uma postura corresponsável pela execução do projeto até sua finalização, com a

entrega das chaves, pois, além de minimizar reparos futuros, obtém-se um

imóvel, no caso, mais de acordo com suas expectativas.

Pois a partir do momento em que pode interferir com sugestões e

alterações, melhor será a relação o custo/benefício e satisfação, tanto para a

construtora como para o próprio cliente.

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Evolução da Participação do Cliente no Processo de 2.4.

Entrega de Obra

A entrega começa com a realização de inspeção para vistoria do

empreendimento sob a perspectiva do usuário final. Nesse momento são feita

verificações visuais de instalações elétricas e hidrossanitárias (conferência de

quantidades, alturas dos pontos, etc), impermeabilização e acabamento final do

produto executado, com base no memorial descritivo e projetos arquitetônicos e

executivos do empreendimento.

Após é feito um relatório de não conformidades da unidade avaliada que

fica a disposição da construtora para as ações corretivas pertinentes e,

executados os reparos, marca-se nova vistoria.

Estando o proprietário, por fim, de acordo com a vistoria, a empresa o

convida para a entrega oficial do empreendimento. O cliente então assina os

documentos necessários desde que esteja em dia com as obrigações financeiras

frente à empresa.

Por fim, é feita uma assembleia de implantação de condomínio, com a

presença de todos os proprietários. Os moradores devem eleger o síndico e

formar uma comissão que vai acompanhar a entrega e garantir que tudo esteja

como combinado.

De acordo com a norma de desempenho, NBR 15.575, cabe também,

deveres ao usuário final, por exemplo, cabe utilizar corretamente a edificação,

não realizando sem prévia autorização da construtora e/ou do poder público,

alterações na sua destinação, nas cargas ou nas solicitações previstas nos

projetos originais. Cabe ainda realizar e registrar nas manutenções preventivas

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de acordo com o estabelecimento no Manual de Uso, Operações e manutenção

do imóvel e nas normas NBR 5674 e 14037.

Assistência Técnica 2.5.

A assistência técnica na construção civil abrange os serviços de reparos

de defeitos sob garantia prestada pela construtora. Apesar de adotar

procedimentos que visam garantir a qualidade das varias etapas do processo de

produção, é possível a ocorrência de falhas que somente são constatadas após a

entrega da obra ao cliente externo.

SOUZA (1995, p.209), explica que é necessário prestar a assistência

técnica ao cliente, de forma a solucionar os eventuais problemas ocorridos e

reverter a imagem negativa da empresa construtora que o fato pode gerar. É

importante que a empresa disponha de procedimentos padronizados para a

realização dos serviços de assistência técnica, descritos inclusive no manual de

operação, uso e manutenção do edifício.

Conforme RAMOS e MITIDIERI (2007), é importante que as empresas

tenham um Departamento de Assistência Técnica, e procedimentos definidos

para orientar sua atividades como:

a) Entrega de edificação ao cliente externo;

b) Auxilio ao usuário para melhor utilização e maior durabilidade do

imóvel;

c) Atendimento à solicitação do cliente;

d) Análise da solicitação, programação e realização do serviço;

e) Apropriação dos custos envolvidos no atendimento;

f) Ações preventivas e retroalimentação do sistema;

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g) Levantamento da satisfação do cliente em relação aos serviços

prestados.

A possível causa do elevado índice de insatisfação, com relação à

assistência técnica, está diretamente ligada à falta, por parte das empresas

construtoras, de um departamento específico ou procedimentos sistematizados

para prestação desde serviços.

De acordo com Souza (1995, p. 26), os padrões de desempenho devem

ser incorporados à maneira de pensar de todas as pessoas relacionadas à

empresa, para que busquem o mais perto da perfeição em suas atividades.

A criação e manutenção de um banco de dados para a retroalimentação

do processo produtivo é essencial para a eficiência da assistência técnica. A

identificação das causas das manifestações patológicas nas edificações e

posterior prevenção, tanto em nível de projeto como na execução são

fundamentais para a consolidação de uma empresa no mercado. Evitam-se assim

futuras incidências de solicitações que venham a influenciar negativamente o

negócio (VAZQUEZ; SANTOS, 2010).

Por exemplo, durante as vistorias, utiliza-se um histórico de não

conformidades por unidade, que possibilita a construtora a mapear, através de

indicadores, os problemas mais frequentes e os procedimentos de execução de

serviços que devem ser reavaliados e reestruturados, retroalimentando o sistema

de qualidade e buscando diminuir custos com reserviços e assistência técnica.

As não conformidades aparentes, que podem não ser vistas pelos proprietários,

porém existem como problemas ocultos, ou vícios ocultos, poderão aparecer

com a utilização da unidade. Os mais comuns são problemas na instalação

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elétrica, qualidade dos materiais incorporados à construção, tubulações,

impermeabilização etc.

Para esses casos, a legislação obriga que toda construtora tenha um setor

de assistência técnica que atenda e resolva esses problemas.

E em casos de não conformidades na pós entrega, a construtora deverá

ser contatada, e dentro de um prazo previsto e previamente informado, deve

programar uma vistoria na unidade para averiguação do problema, onde será

estipulado um prazo para o término do reparo, levando em conta o tipo de

problema, e anexado também, ao histórico da unidade.

Os chamados vícios ocultos são problemas que não são visíveis a olho

nu, que aparecem geralmente quando a pessoa já está morando no imóvel.

Segundo ROCHA (2004, p. 78), “é importante se manter registros da

eficiência dos serviços de assistência providos pela empresa. Isto pode ser feito

por meio da determinação de indicadores de eficiência, como a porcentagem de

atendimentos no primeiro contato, porcentagem de clientes satisfeitos com a

assistência, tempo médio de atendimento e porcentagem de repetições de um

problema em determinado tempo.”.

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Influência da Entrega na Satisfação do Cliente. 2.6.

Torna-se necessário, também, incorporar o aprendizado proveniente da

entrega de obras anteriores em futuros empreendimentos, a fim de minimizar os

erros, reduzir custos, aumentar o controle sobre a produção e garantir a

satisfação do cliente.

O cliente, ao adquirir um imóvel, por muitas vezes o único em toda sua

vida, concretiza a realização do sonho da casa própria.

Ao ser agendada uma vistoria de entrega, devem-se atentar aos pequenos

detalhes, pois qualquer eventualidade em desacordo com o contrato firmado, um

serviço inacabado na parte comum do empreendimento, falta de limpeza no

acesso á unidade, faz com que uma possível insatisfação já existente, aumente e

se transforme num problema judicial.

Um cliente satisfeito com o produto final é o melhor meio de divulgação

da sua marca.

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ASPECTOS LEGAIS E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA NA 3.

ENTREGA DE OBRAS

Aspectos Legais 3.1.

Para a legalização de um empreendimento de edificações

multiresidenciais as empresas devem atender à legislação vigente nos níveis

federal, estadual e municipal.

Os artigos e leis relacionados a seguir incidem sobre a atividade

construtora, estimulando o aperfeiçoamento das relações entre construtores e

incorporadoras e seu público final, conferindo-lhes, principalmente, maior

transparência.

Código de Proteção e Defesa do Consumidor 3.1.1.

Lei 8.078/90, que institui o Código de Proteção e Defesa do Consumidor,

melhor definindo os direitos e obrigações de consumidores e fornecedores, como

empresas construtoras e/ou incorporadoras.

Principais pontos:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de

serviços.

SEÇÃO II – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e

o importador, respondem independente da existência de culpa pela reparação dos

danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,

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fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou

acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou

inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Art. 14. O fornecedor de serviços, responde independente da existência

de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos

relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou

inadequadas sobre a sua fruição e riscos.

SEÇÃO III – Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo, duráveis ou não

duráveis, respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que

os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes

diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as

indicações constantes do recipiente da embalagem, rotulagem ou mensagem

publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o

consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o

consumidor exigir, alternativamente a sua escolha:

I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas

condições de uso;

II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,

sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III – o abatimento proporcional do preço.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que

os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por

aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou

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mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua

escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,

sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil

constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não

duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos

duráveis.

§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no

momento em que ficar evidenciado o defeito.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos

causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo,

iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua

autoria.

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras

práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em

desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se

normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO);

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Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida

mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser

padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma

garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os

ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido

pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução,

de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.

Código Civil Brasileiro: 3.1.2.

Lei 10.406/02 que regulamenta a legislação aplicável às relações civis.

Principais pontos:

Art. 618: Nos contratos de empreitada de edifícios e/ou outras

construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá,

durante o prazo irredutível de 5 (cinco) anos, pela solidez e segurança do

trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Parágrafo único: Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da

obra que não propuser a ação contra o empreiteiro nos 180 dias seguintes ao

aparecimento do vício ou defeito.

Art. 1.348. Compete ao síndico: V – diligenciar a conservação e a guarda

das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos

possuidores.

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NBR 14037:2011 - Diretrizes Para Elaboração de Manuais de 3.1.3.

Uso, Operação e Manutenção das Edificações – Requisitos

Para Elaboração e Apresentação de Conteúdos.

A NBR 14037:2011 estabelece os requisitos mínimos para elaboração e

apresentação dos conteúdos a serem incluídos no manual de uso, operação e

manutenção das edificações, elaborado e entregue pelo construtor e/ou

incorporador, conforme legislação vigente.

O manual de uso, operação e manutenção é um documento que reúne as

informações necessárias para orientar o proprietário nas atividades de operação,

uso, inspeção e manutenção da edificação e operação de equipamentos. Pois é de

elevada importância para assegurar a durabilidade e a preservação das condições

de utilização durante a vida útil de projeto1.

A NBR 14037:2011, estabelece os requisitos mínimos para elaboração do

manual de uso, operação e manutenção, de forma a:

a) Informar aos clientes, proprietários e condomínio, as

características técnicas da edificação.

b) Descrever procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a

conservação, uso e manutenção da edificação.

c) Informar e orientar, de forma didática, os proprietários e o

condomínio com relação às suas obrigações com relação à

realização de atividades de utilização, manutenção e conservação.

d) Prevenir a ocorrência de falhas ou acidentes decorrentes de uso

inadequado.

1 Vida Útil de Projeto (VPU) – Período estimado de tempo em que um sistema é projetado para atender aos requisitos de desempenho estabelecido na norma ABNT NBR 14037:2011, desde que cumprido o programa de manutenção previsto no manual e equipamentos instalados na edificação.

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e) Contribuir que a edificação atinja a vida útil de projeto.

A NBR 14037:2011 sugere que na estrutura mínima pertencente ao

manual tenha capítulos, de apresentação, onde serão inseridas definições;

garantias, com os termos de garantias de serviços e equipamentos, assim como

da assistência técnica; memorial descritivo, com as descrições dos sistemas e

materiais utilizados e por último um capítulo com os fornecedores que

participaram do processo de construção.

Assim, esse manual é elabora de forma que possa ser dirigido a diferentes

grupos e leitores, sempre de maneira clara, simples e objetiva. E, de posse dele,

permite aos usuários, proprietários ou condomínio, a elaboração de programas

de manutenção preventiva, no intuito de prologar a vida útil do projeto,

atendendo as condições de saúde, segurança e salubridade do usuário devido ao

bom funcionamento da edificação.

NBR 5674:2012 - Manutenção de Edificações – Requisitos 3.1.4.

para a Gestão do Sistema de Manutenção.

A NBR 5674:2012 tem o objetivo de estabelecer os requisitos para a

gestão do sistema de manutenção de edificações. A gestão do sistema de

manutenção2 inclui meios para preservar as características originais da

edificação, prevenir a perda de desempenho decorrente da degradação dos seus

sistemas, elementos ou componentes.

A manutenção de edificações é um tema cuja importância tem crescido

no setor da construção civil, superando, gradualmente, a cultura de se pensar no

2 Sistema de Manutenção – Conjunto de procedimentos organizado para gerenciar os serviços de manutenção.

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processo de construção limitado até o momento em que a edificação é entregue

ao usuário e entra em uso.

É inviável sob o ponto de vista econômico e inaceitável sob o ponto de

vista ambiental considerar as edificações como produtos descartáveis, passíveis

da simples substituição por novas construções quando seu desempenho atinge

níveis inferiores ao exigido pelos seus usuários. Isto exige que se tenha em conta

a manutenção das edificações existentes, e mesmo as novas edificações

construídas, tão logo colocadas em uso, agregam-se ao estoque de edificações a

serem mantidas em condições adequadas para atender as exigências dos seus

usuários.

A elaboração e a implantação de programa de manutenção corretiva e

preventiva nas edificações, além de ser importante para a segurança e qualidade

de vida dos usuários, é essencial para a manutenção dos níveis de desempenho

ao longo da vida útil.

Para atingir maior eficiência na administração de uma edificação ou de

um conjunto de edificações, é necessária uma abordagem fundamentada em

procedimentos organizados em um sistema de manutenção, segundo uma lógica

de controle de qualidade e de custo.

Na manutenção também há responsabilidades do proprietário da

edificação, que pode ser delegada a uma empresa autônoma ou um profissional

capacitado, o qual deve assessorar o proprietário nas decisões, em providenciar e

manter atualizados os registros da edificação, realizar as inspeções, preparar

previsões orçamentarias, definir planos, realizar e supervisionar a realização de

projetos e principalmente orientar os usuários sobre o uso adequado da

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edificação em conformidade com o estabelecido nas normas técnicas e no

manual de operação.

NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais — Desempenho 3.1.5.

A Norma trata os principais sistemas construtivos da edificação sob a

ótica do resultado, do desempenho, e estabelece requisitos mínimos de qualidade

que devem ser atendidos pela construção depois de pronta, ao longo de sua

utilização, conforme o conceito de desempenho que vem sendo utilizado nos

demais países do mundo há cerca de 30 anos.

Para os efeitos desta Norma, apresenta-se uma lista geral de exigências

dos usuários, utilizada como referência para o estabelecimento dos requisitos e

critérios, divididos em três frentes: Segurança, Habitabilidade e

Sustentabilidade.

As exigências do usuário relativas à segurança são expressas pelos

seguintes fatores:

a) Segurança estrutural;

b) Segurança contra o fogo;

c) Segurança no uso e na operação.

As exigências do usuário relativas à habitabilidade são expressas pelos

seguintes fatores:

a) Estanqueidade;

b) Desempenho térmico;

c) Desempenho acústico;

d) Desempenho lumínico;

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e) Saúde, higiene e qualidade do ar;

f) Funcionalidade e acessibilidade;

g) Conforto tátil e antropodinâmico.

As exigências do usuário relativas à sustentabilidade são expressas pelos

seguintes fatores:

a) Durabilidade;

b) Manutenibilidade;

c) Impacto ambiental.

A norma NBR 15.575 institui nível de desempenho mínimo ao longo de

uma vida útil para os elementos principais de toda e qualquer edificação

habitacional. São eles:

a) Estrutura - São os critérios de estabilidade e resistência do imóvel,

indicando, inclusive, métodos para medir quais os tipos de impacto que

a estrutura deve suportar sem que apresente falhas ou rachaduras.

b) Vedações Verticais (portas, janelas e fachadas) - Referem-se a requisitos

como estanqueidade ao ar, à água, a rajadas de ventos e ao conforto

acústico e térmico.

c) Instalações elétricas – Que devem privilegiar a adoção de soluções, caso

a caso, que minimizem o consumo de energia, entre elas a utilização de

iluminação e ventilação natural e de sistemas de aquecimento baseados

em energia alternativa.

d) Hidro sanitárias - Compreende os sistemas prediais de água fria e de

água quente, de esgoto sanitário e ventilação, além dos sistemas prediais

de águas pluviais.

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e) Sistema de pisos – Refere-se aos sistemas de pisos internos e os

externos, bem como combinação de diversos elementos, o que inclui o

contrapiso, por exemplo, e não somente a camada de revestimento ou

acabamento.

f) Coberturas - Tratam da reação ao fogo dos materiais de revestimento e

acabamento e da resistência ao fogo do sistema de cobertura.

Sendo assim, a norma NBR 15.575 veio com o propósito de padronizar o

que cada edificação multi-residencial deve conter com os elementos principais,

já citados no parágrafo anterior, para que na entrega de uma obra corresponda

com nível de segurança ideal e maior conforto para o usuário.

Requisitos da ISO 9001:2008 3.2.

A ISO 9001 é uma das normas mais usadas no mundo, do sistema de

gestão da qualidade (SGQ). Ela auxilia o gestor a trazer consistência e definição

para os processos, resultando em poucos defeitos e práticas mais eficientes.

Quanto melhor o controle, menores são os erros. Adotando a ISO 9001, o

gestor encontra formas de diminuir e recolher desperdícios e de minimizar os

efeitos de processos ineficientes. Com isso, poucos serão os recursos utilizados

em refazer, retrabalhar e reparar.

A certificação ISO 9001 está em evidência no ramo das construtoras e é

considerado um procedimento importante para o processo de implementação da

qualidade na empresa. O gerenciamento da qualidade é um sistema de

melhoramento empresarial baseado em itens que são essenciais para as

organizações se manterem em operação, tais como: Redução contínua de custos;

Aumento da produtividade; Melhoria da qualidade.

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Enfim, auxilia o gestor a melhorar os processos, adotar práticas mais

eficientes e encontrar requisitos que ajudam no aumento da capacidade da

organização de monitoramento dos processos e indicadores de desempenho e,

por fim, analisar, estabelecendo objetivos para realizar ações de aperfeiçoamento

contínuo.

A implantação de um sistema da qualidade dentro de uma empresa, neste

caso a certificação ISO 9001, auxilia no gerenciamento dos processos e

atividades, através da documentação de formulários e registros permitindo as

empresas de verificar a consistência de seus processos, medir, monitorá-los para

assegurar a existência de um controle e ordem na forma de como a organização

conduz seu negócio, para que tempo, dinheiro e outros recursos sejam utilizados

com eficiência. (MELLO, SILVA, TURRIONI, SOUZA; 2009)

Vale ressaltar o fato de o setor da construção civil possuir o segundo

maior número de empresas certificadas. Em uma época de boom imobiliário, a

certificação é considerada importante para as pessoas, pois elas sentem mais

confiança na construção e na garantia de entrega do negócio.

Quando uma empresa é certificada pela norma ISO 9001, não é apenas

ela quem ganha, mas também os clientes e a sociedade, pois ela representa um

atestado de reconhecimento nacional e internacional à qualidade do trabalho.

Entre os principais benefícios da certificação ISO 9001 podem-se

apontar:

a) Melhoria de produtos e serviços;

b) Redução de custos;

c) Melhoria da qualidade dos processos de trabalho e do moral dos

funcionários;

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d) Maior eficiência e eficácia na organização;

e) Ganho de vantagem competitiva ocasionando maiores oportunidades

de marketing e vendas.

São seis os procedimentos documentados obrigatórios da norma ISO

9001:2008:

a) Controle de Documentos;

b) Controle de Registros;

c) Auditorias Internas;

d) Controle de Produtos/Serviços Não-Conformes;

e) Ação Corretiva;

f) Ação Preventiva.

Tais benefícios, voltados para a entrega de obra e assistência técnica,

com o foco no cliente, é onde a alta direção deve assegurar que os requisitos dos

clientes serão determinados e atendidos com o propósito de aumentar a

satisfação dos mesmos.

Para tanto, de acordo com a ISO, a organização deve determinar os

requisitos especificados pelo cliente, incluindo os requisitos para entrega e para

atividades de pós entrega, que incluem, por exemplo, ações sob condições de

garantia, obrigações contratuais, tais como serviços de manutenção.

A organização deve planejar e realizar a produção, sob condições

controladas, que devem incluir a implementação de monitoramento e medição e

a implementação de atividades de liberação, entrega e pós-entrega do produto.

Segundo á ISO, em acréscimo a todos os procedimentos devem ser

elaborados outros documentos como uma “Política da Qualidade” e um “Manual

da Qualidade”.

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A fim de verificar se o sistema de gestão da qualidade está de acordo

com os ISO 9001, a organização deve realizar auditorias internas, conduzidas

por ela mesma, em intervalos planejados, alguns meses antes das auditorias

externas de certificação ou manutenção que são realizadas por empresas

registradas pela ISO, funcionando como uma ferramenta de verificação

sistemática e documentada que permite determinar a conformidade e eficácia

dos elementos do sistema de gestão da qualidade contra os requisitos da ISO

9001 na tentativa de identificar oportunidades de melhoria.

Vale lembrar que a indústria da construção civil possui características

próprias que a difere das demais (RIVA, MESEGUER; 1991). Pode-se destacar:

a participação de diversos setores com diferentes funções: incorporadores,

construtores, projetistas, usuários, fornecedores, empreiteiros, empresa de

gerenciamento, laboratórios de ensaio, proprietário, etc.; a heterogeneidade dos

bens e serviços que produz; o tradicionalismo significando que o processo de

produção e ocupação não sofreu mudanças tecnológicas significativas; a inércia

às alterações por utilizar mão de obra intensiva e pouco qualificada com pouco

acesso a um plano de carreira; nomadismo por as empresas executarem obras em

locais distintos; operários móveis em torno de um produto fixo; a singularidade

das obras; ambiente de trabalho exposto às intempéries; especificações confusas

e mal definidas; grau de precisão indefinido; baixa qualificação e alta

rotatividade da mão-de-obra. (SOUTO, SALGADO; 2003).

Uma vez que as normas da ISO foram desenvolvidas de forma a ser

aplicáveis a todos os segmentos produtivos e não foram desenvolvidas

especificamente para á indústria da construção civil, é fundamental empreender

a discussão dos seus requisitos de forma a viabilizar a sua implantação também

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nesse importante setor produtivo. Existe um desafio muito grande para os

gestores das organizações do setor da construção civil, bem como para as

autoridades brasileiras, na medida em que implica na urgência de se

estabelecerem mecanismos que viabilizem o aumento da competitividade da

indústria da construção civil brasileira. Como resposta a este desafio, o governo

federal brasileiro instituiu o denominado “Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade no Habitat” (PBQP-H), que foi elaborado em 1991, pelo governo

Collor, mas foi aplicado em 1998 na construção civil, cujo objetivo primordial é

melhorar a qualidade e produtividade das organizações brasileiras que estão

ligadas ao setor.

Juntamente com a ISO 9001:2008, as empresas estão adotando a

certificação do PBQP-H, que é um programa que atende aos requisitos da

norma, mas que possui um deles relacionado a projetos, com especificidades

para a construção civil. Pelo fato deste programa ser semelhante á NBR ISO

9001:2008 as construtoras acabam solicitando uma pós auditoria, para obter os

dois certificados, e isso é aceito pois se a empresa possui o PBQP-H,

automaticamente ela também estará atendendo aos requisitos da ISO 9001.

SiAC -PBQP-H 3.3.

O PBQP-H, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do

Habitat, é um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos

compromissos firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul

(Conferência do Habitat II/1996). A sua meta é organizar o setor da construção

civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade da habitação

e a modernização produtiva.

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Essas duas questões primordiais estão intimamente ligadas a entrega das

chaves do empreendimento. Ora, a partir das sucessivas análises e verificações

dos processos de execução da obra, são minimizadas as possíveis não

conformidades no momento da entrega ao cliente, o que acarreta,

consequentemente, menor interferência da assistência técnica e maior satisfação

do usuário final. Fatos esses geradores de economia e qualidade.

Já o SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de

Serviços e Obras da Construção Civil )é um sistema do PBQP-H que tem como

objetivo avaliar a conformidade de Sistemas de Gestão da Qualidade em níveis

adequados às características específicas das empresas do setor de serviços e

obras atuantes na Construção Civil, visando contribuir para a evolução da

qualidade nesse setor. O documento foi criado visando estabelecer os itens e

requisitos do Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras válido

para empresas construtoras que atuem no subsetor de edifícios, o chamado

SiAC.

O PBQP-H fundamenta-se na ISO, por ser uma referência internacional,

amplamente reconhecida. No entanto, a ISO, sendo muito genérica e podendo

ser implantada em qualquer setor, não permite garantir que a construtora obtenha

qualidade na construção do imóvel. Para sanar este problema, a coordenação do

PBQP-H decidiu estabelecer serviços e materiais que deveriam ser

obrigatoriamente controlados pelas empresas, garantindo, desta forma, a

qualidade do produto da construção civil.

A ISO não possui níveis de certificação, mas exige a implantação de

todos os requisitos para solicitação de auditoria, já o SiAC possui os níveis de

avaliação. O programa PBQP-H é dividido em níveis, são eles: Nível "B" e

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Nível "A", em ordem crescente de qualificação e atendimento aos requisitos do

sistema de qualidade.

No que tange a essa monografia, voltada para a entrega de obras e

satisfação do cliente, na PBQP-H, temos o seguinte:

A empresa construtora deve determinar:

a) requisitos da obra especificados pelo cliente, incluindo os requisitos de

entrega da obra e assistência técnica;

b) requisitos da obra não especificados pelo cliente, mas necessários para

o uso especificado ou intencional;

c) obrigações relativas à obra, incluindo requisitos regulamentares e

legais;

d) qualquer requisito adicional determinado pela empresa construtora.

A análise crítica deve ser conduzida antes que seja assumido o

compromisso de executar a obra para o cliente (por exemplo, submissão de uma

proposta, lançamento de um empreendimento ou assinatura de um contrato) e

deve assegurar que:

a) os requisitos da obra estão definidos;

b) quaisquer divergências entre a proposta e o contrato estão resolvidas;

c) a empresa construtora tem capacidade para atender aos requisitos

determinados.

Devem ser mantidos registros dos resultados das análises críticas e das

ações resultantes dessa análise.

Quando o cliente não apresenta seus requisitos documentados, estes

devem ser confirmados antes da aceitação.

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Quando os requisitos da obra forem alterados, a empresa construtora

deve assegurar que os documentos pertinentes são complementados e que o

pessoal pertinente é notificado sobre as alterações feitas.

Para empresas construtoras que recebem projetos de seus clientes, deve

isso ser explicitado na definição do escopo do Sistema de Gestão da Qualidade,

A empresa construtora deve realizar análise crítica dos projetos do

produto como um todo ou de suas partes que receba como decorrência de um

contrato, possibilitando a correta execução da obra ou etapas da mesma. A

empresa construtora deve prever a forma segundo a qual procede à análise

crítica de toda a documentação técnica afeita ao contrato (desenhos, memoriais,

especificações técnicas). Caso tal análise aponte a necessidade de quaisquer

ações, a empresa construtora deve informar tal fato e comunicar ao cliente

propostas de modificações e adaptações necessárias de qualquer natureza.

Com base no SiAC, que desenvolveu o programa para ser aplicado às

empresas com especialização em execução de obras, não podendo ser aplicado

aos setores de projetos e serviços de engenharia, a busca pela certificação passou

a ser um grande objetivo dentro das construtoras, pois além de ganhar

credibilidade no mercado existe uma outra grande vantagem relacionada com as

vendas junto às instituições de crédito. Esta vantagem se relaciona com o

Programa da Carta de Crédito para aplicação do FGTS (Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço), onde o cliente apenas pode usufruir deste benefício quando

se tratar de uma empresa certificada com o programa PBQP-H.

Alguns governos estaduais e prefeituras municipais exigem o certificado

PBQP-H SiAC para a participação em licitações, o que deixa o programa ainda

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mais relevante pois engloba empresas de diferentes portes da construção civil

que atuam nos setores público e privado.

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PRÁTICAS UTILIZADAS NA ENTREGA DE OBRAS 4.

Métodos de Entrega 4.1.

A entrega das obras de edificações multiresidenciais é dividida em

unidades autônomas e área comum, e se dão quando a sequência de serviços

efetuados durante o prazo de execução da edificação é finalizado.

Conforme SANTOS (2003), a entrega é dividida em duas partes, a

entrega técnica e a entrega oficial das chaves. E com base em seus estudos, a

entrega técnica requer que todos os serviços estejam completamente executados

e de acordo com o padrão de qualidade e especificações definidas pela

construtora no seu Plano de Qualidade.

Também analisado por NORONHA (2013), observou-se que a entrega

técnica divide-se em vistoria interna e vistoria com o proprietário. Antes da

realização da vistoria com o proprietário é feita uma vistoria interna nas

unidades e na área comum, ambas do plano de qualidade da obra, hora pelo

corpo técnico da própria empresa, equipe de obra ou de algum setor específico,

hora por empresas terceirizadas, ambas com intuito de aumentar a satisfação do

cliente e evitar vícios aparentes.

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Inspeção final da obra antes da entrega 4.2.

De forma geral, as construtoras estabelecem procedimentos para a

execução da inspeção final antes da entrega com o objetivo de identificar

eventuais não conformidades que não tenham sido detectadas nas inspeções dos

serviços e outras incorporadas por ocasião de serviços executados

posteriormente.

A empresa designa um profissional qualificado, preferencialmente não

ligado ao processo de produção, porém necessariamente treinado a realizar a

vistoria com os critérios adotados pelo cliente, como especificações de projeto,

materiais utilizados de acordo com o memorial descritivo e, com os olhos de

cliente, bem como com conhecimentos técnicos, principalmente nos itens de

maior incidência de problemas nas obras já entregues pela construtora.

“O vício oculto é o que não se percebe de pronto, ou seja, sua

constatação não é facilmente percebida. O vício aparente, por sua vez, possui

fácil constatação.” (NORONHA, 2013).

É elaborado pela Construtora, um check-list específico, constando os

itens a serem verificados, os critérios de verificação e orientações gerais com

diretrizes para orientar a obra na solução dos problemas apontados.

Segundo NORONHA (2013), para sua realização são utilizadas planilhas

onde constam todos os serviços que serão vistoriados pelo fiscalizador. Na

prática, grande parte das construtoras utiliza seus estagiários, pertencentes ao

efetivo da equipe de obra, para fazer tal verificação nos setores de produção

capitaneados por engenheiros que visam, somente, a produção imediata das

unidades habitacionais. Com isso, o preenchimento da ficha de inspeção final é

feito de modo superficial, e muitas das vezes nem são feitos nas unidades,

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servindo apenas de uma “espécie” de defesa em futuras auditorias. Tais

procedimentos são assimilados pelos estagiários, gerando assim executores

corrompidos por essa prática. (NORONHA, 2013)

Para tal vistoria, tem-se um documento que contém a relação de todos os

cômodos da unidade e também dos serviços executados nos mesmos, com a

pergunta conforme ou não conforme e um espaço para colocar algum tipo de

observação. Feita esta vistoria, este documento retorna para a equipe de

produção para fazer as correções necessárias junto aos responsáveis pela

unidade. Realizadas as correções, o documento volta para o vistoriador para

última verificação, e se tudo estiver atendido a contento, constará como pronta a

unidade.

Inspeção Junto ao Cliente para a Entrega das Chaves 4.3.

Concluída a inspeção final antes da entrega descrita no item anterior e,

tendo sido tratadas todas as não conformidades identificadas, é feita a

programação junto ao cliente para a realização da inspeção de sua unidade antes

da entrega.

Para tanto, de forma geral, analisado tanto por NORONHA (2013) em

sua pesquisa sobre os métodos utilizados para inspeção final visando à obtenção

da conformidade de unidades habitacionais na entrega ao cliente e por SANTOS,

COSTA e NEIVA (2003), há outro documento específico que é preenchido e

assinado durante a vistoria do proprietário, com o conteúdo equivalente ao do

Check-List citado na vistoria interna. Para o caso da existência de alguma não

conformidade relatada na vistoria, será feita a correção e remarcada outra visita

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para efetuar uma nova vistoria, chamada de revistoria e, assim, até a entrega

técnica da unidade.

Os serviços relatados na vistoria com o cliente serão corrigidos desde

que as solicitações sejam procedentes e dentro do padrão de qualidade

especificado para a obra.

Feita a entrega técnica ao cliente, são enviadas todas as chaves do

imóvel ao setor de incorporação da empresa, que convida o proprietário para

fazer a entrega das chaves.

Para se proceder a entrega oficial é necessário que o cliente esteja em

dia com as obrigações financeiras frente à empresa, e assinar os documentos

necessários para este fim.

Entrega de Partes Comuns 4.4.

Segundo Santos, Costa e Neiva (2003), os procedimentos adotados para a

entrega das áreas comuns dos empreendimentos são basicamente os mesmo que

contemplam as unidades autônomas.

Segundo Santos, Costa e Neiva (2003) nas obras particulares tanto de

incorporadora como de Condomínio, as empresas estimulam a formação de uma

comissão de proprietários com ou sem engenheiro fiscal ,contratado no caso de

condomínio, para que após todo o processo de vistoria interna feitas pela

construtora, essa comissão, em data combinada venha executar sua vistoria nas

diversas áreas e equipamentos.

Segundo Hernandes (2013), a propriedade exclusiva ou individual é

aquela onde somente pode ser usufruída pelo seu dono e a propriedade coletiva

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ou de uso comum é aquela que pode ser usada por todos os condôminos, visto

que todos são proprietários.

Assim, Hernandes (2013) conclui que é após a assembleia de Instalação

de Condomínio que será efetuada a vistoria e a entrega de toda a área comum do

condomínio, em conjunto com representantes do corpo diretivo eleito, para a

verificação e registro de eventual vício aparente.

Constituição de Condomínio 4.5.

Segundo, Hernandes (2013), as obras terminaram, as unidades foram

vendidas e chegou o momento do imóvel ser administrado pelos seus

condôminos. O primeiro passo da incorporadora responsável é instituir o

condomínio, conhecido também como edilício por ter sido resultado de um ato

de edificação, conforme o artigo 1332 do Código Civil.

Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento,

registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato,

além do disposto em lei especial: I - a discriminação e individualização das

unidades de propriedade exclusiva, estremada uma das outras e das partes

comuns; II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade,

relativamente ao terreno e partes comuns; III - o fim a que as unidades se

destinam.

Juridicamente a instituição discrimina a fração ideal do condomínio que

representa a parte destinada ao dono do apartamento em relação ao terreno do

prédio (que corresponde à área de uso comum) e a fração autônoma (que

corresponde à área de uso particular unidade autônoma).

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Com a instituição de condomínio, de acordo com o código civil, há a

definição da autonomia dos proprietários sobre os seus imóveis, da convivência

dos condôminos na área coletivas do prédio, dos direitos de cada um em relação

ao terreno, às áreas comuns, dos deveres, do repasse da administração.

Segundo, Hernandes (2013) há diferença entre instituição e convenção de

condomínio, ou seja, convenção de condomínio regula a vida em condomínio já

a instituição do condomínio cria o condomínio edifício.

Para se instituir um condomínio, é necessário que haja uma área de uso

comum e área de uso particular, ou seja, se não houver nenhuma área de uso

comum não há como se instituir um condomínio.

Sendo assim, no caso de prédios, um dos primeiros compromissos dos

futuros moradores é participar da assembleia de instalação do novo condomínio.

A reunião tem como principal objetivo aprovar a convenção, que contém o

conjunto de normas que vão reger a vida em comum dos condôminos. Também

são escolhidos o síndico e o conselho consultivo, dando início de fato ao

processo de criação de um novo condomínio.

A convenção vai definir as normas que deverão ser obedecidas pelos

moradores, como horários de silêncio, proibição ou não de abrigar animais

domésticos, a aplicação e o valor de multas por condutas consideradas não

sociais, a permissão ou não de aluguel de garagem para terceiros estranhos ao

prédio, entre outras questões. Em suma, a Assembleia de instalação representa a

oportunidade de elaborar, de forma participativa, a convenção que vai reger a

vida dos condôminos.

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BOAS PRÁTICAS NA ENTREGA DE OBRA 5.

Nos capítulos anteriores foi descrito o procedimento recorrente utilizado

pela maioria das construtoras, de acordo com as bibliografias disponíveis

encontradas. No entanto, nos sites de algumas construtoras, ficam especificadas

práticas utilizadas que buscam uma entrega mais eficiente e com mais clareza

para os clientes visando melhorar o relacionamento e a entrega das unidades.

O fator de destaque está na preocupação com a satisfação do cliente na

compatibilização entre o projeto e execução, até o fim da construção o que,

consequentemente, se constata com vistorias periódicas e manutenções

preventivas.

O forte aquecimento do mercado imobiliário entre 2008 e 2013, além dos

recordes de vendas e lançamentos, gerou um desequilíbrio nos cronogramas das

incorporadoras. O salto no volume de obras, somado à escassez de mão de obra

qualificada e de equipamentos, culminou em atrasos frequentes das obras, que

têm reflexos até hoje no setor. Os processos contra incorporadoras multiplicaram

nesse período.E a principal causa que leva os consumidores aos tribunais é

exatamente o atraso na entrega do apartamento. FERREIRA (2014).

Então, para que a construção seja entregue no prazo estipulado, as

práticas mais comumente adotadas com sucesso pelas empresas de maiores

destaques nos últimos anos, está no controle de vistorias e entrega da

construção, visando as certificações ISO 9001:2008 , considerando na vistoria

os seguintes fatores: planejamento, execução, verificação, atuação corretiva,

entrega do empreendimento.

Afinal, um conjunto de boas práticas é um instrumento de referência para

contratantes e contratados, sejam empresas projetistas, construtoras,

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seguradoras, responsáveis pelo acompanhamento e licenciamento de obras, etc.

Igualmente, o fato de se utilizarem soluções consagradas e boas práticas nas

etapas de projeto, execução e controle das obras contribui para que o edifício

tenha melhor qualidade e atenda aos principais requisitos de desempenho.

Relacionamento com o Cliente 5.1.

A empresa X disponibiliza em seu programa de relacionamento ao

cliente, a possibilidade de obter diversas informações sobre o seu

empreendimento, em todas as fases da obra, bem como tem acesso a serviços

financeiros que facilitam seu dia-a-dia. Assim como á respostas para as dúvidas

mais frequentes. Ainda ,fica disponível um vídeo com um conjunto de dicas e

orientações para passar segurança na hora de fazer a vistoria do imóvel. Com

linguagem simples e prática, o cliente fica capacitado para verificar todos os

itens importantes antes de morar no seu novo apartamento, desde pontos de

elétrica e instalações hidráulicas até pisos, revestimentos, paredes e janelas. Em

destaque, a construtora criou um vídeo altamente detalhado e de fácil

compreensão sobre o procedimento da vistoria, com a criação de um

personagem, Gafisito, que de forma atrativa prende a atenção do cliente nos

itens a serem vistoriado. (Em http://www.gafisa.com.br . Acesso em:

10/02/2015).

Algumas práticas utilizadas pela mencionada, vem sendo usadas também

por outras construtoras, porém sem tanto destaque.

Também em relação à etapa de entrega, Andrade (2010), cita que boas

práticas vêm sendo aplicadas e fazendo efeito diretamente na satisfação dos

clientes. A primeira prática é a responsável por melhorar os processos

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produtivos e diminuir patologias, retroalimentando a base de dados com os

problemas que vem ocorrendo com frequência através do diagrama de causa-

efeito. A segunda é quanto ao diálogo entre construtora e cliente. Dada empresa

realiza reuniões mensais para informar do estágio em que a obra se encontra, os

prazos e informações sobre a implantação do condomínio, dando-lhes indicações

de administradoras por exemplo.

Outro tipo de boa prática que vem sendo aplicada é levar o cliente á obra,

ainda em fase de execução, para que possa ter um primeiro contato com o seu

apartamento.

Segundo TEIXEIRA ( 2014), a visita à obra é apenas o primeiro contato

que o cliente terá com o apartamento, até que ele esteja efetivamente pronto para

morar. Uma maneira cuidadosamente organizada de dar boas vindas ao novo lar.

Essa primeira etapa é uma forma do cliente vislumbrar como será morar no

empreendimento. Nos próximos meses ainda faremos o Dia da Medida e o Dia

da Vistoria, onde os futuros moradores terão contato com seus respectivos

apartamentos e não mais os modelos. Logo após, teremos a assembleia de

instalação do condomínio, culminando com a entrega das chaves e a realização

de um sonho para o novo morador.

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Vistoria com o Cliente. 5.2.

Continuando a busca de exemplos de boas práticas com outros

profissionais do ramo, questionou-se como é feito a sequência de vistorias até a

entrega das chaves na EMPRESA “B”, que se destacou pelo fato de haver uma

vistoria técnica a mais que as outras, elevando os níveis de qualidade na entrega.

Com isso, foi elaborado o seguinte questionário:

a) Descreva sua empresa.

b) Possui certificação? Qual?

c) Qual sua função?

d) Como é o procedimento de entrega?

e) Pode fornecer tais procedimentos?

Respondendo, o Engenheiro forneceu os procedimentos e descreveu

sua empresa como uma construtora renomada no mercado da construção civil

atuante em diversos estados do Brasil. O seu público alvo é de construção de

baixa renda. Para tal, buscou uma parceria com a CEF – Caixa Econômica

Federal, e certificou-se no programa PBQP-H, Nível A, e ISO-9001.

Segundo o Engenheiro, a empresa possui um procedimento

operacional (PO 8.2.5 – Inspeção Final e Entrega da Obra – REV.06), que

tem como objetivo estabelecer as responsabilidades e os requisitos para a

entrega confirmando as especificações quanto ao produto final, além de

padronizar a fase de entrega para todos os empreendimentos. Seguindo as

seguintes etapas:

a) Etapa 01: Vistoria Técnica de Produção (Obra);

b) Etapa 02: Vistoria Técnica de Produção (AT);

c) Etapa 03: Check List – Vistoria Cliente;

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d) Etapa 04: Entrega das chaves.

Então, durante os processos executivos da obra, são feitas as conferências

de todos os serviços, e reserviços em casos de não conformidades, e anotados nos

formulários de verificação de serviços.

a) Etapa 01: Vistoria Técnica de Produção (Obra);

Ao final da obra, com os tais serviços já finalizados e seus requisitos

alcançados, é feita a Vistoria Técnica de Produção, pelo Engenheiro

responsável. Após a limpeza fina da obra, e utilizando o registro de Vistoria

Técnica de Produção para unidades (FOR.8.2.5/01 - Apartamentos) e para

áreas externas (FOR.8.2.5/02 – Halls, Telhado e Caixas de Passagem e

FOR.8.2.5/03 – ASC), são evidenciados os resultados das inspeções finais de

qualidade .

Estes formulários são de fácil preenchimento e bem detalhados,

indicando os principais pontos a serem observados pelo vistoriador, como

pintura, pisos, funcionamento de portas, entre outros (Figura 01).

Figura 01 – Cômodos e Serviços.

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São divididos por cômodos, onde cada cômodo possui cada serviço

separado dos demais. Quanto ao preenchimento, deve-se indicar se o estado final

do produto está conforme, indicado com um “C”, ou não conforme, indicado

com um “NC”, com os padrões de qualidade. Em caso de não conformidade há

um espaço para acrescentar qualquer tipo de observação a fim de detalhar a não

conformidade encontrada. (Figura 02).

Da mesma maneira procede-se para as áreas comuns do empreendimento.

Figura 02 – Legenda e campo para observação

b) Etapa 02: Vistoria Técnica de Produção (AT);

Após a vistoria técnica de produção de responsabilidade da obra, estando

os apartamentos e áreas comuns liberados, conformes, ficam aptos á vistoria e

conferência da Assistência Técnica.

Nesta etapa, é realizada a conferência dos documentos enviados pela obra

referentes á vistoria técnica de produção e, refeita uma inspeção pela assistência

técnica, utilizando o mesmo formulário (Figura 03). Caso aprovados, os

apartamentos são liberados para a vistoria com o cliente.

Figura 03 – Divisão para Obra e AT no mesmo formulário.

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c) Etapa 03: Check List – Vistoria Cliente;

Com o apartamento liberado pelo engenheiro da obra e pela assistência

técnica, a vistoria com o cliente, então, é agendada e realizada seguindo os itens

do formulário (FOR 8.2.5/11 - Check List ―Vistoria Cliente – Área Interna

Unidades). Neste formulário devem ser preenchidos os dados do cliente e da sua

unidade (Figura 04), além de ter um espaço reservado para anotações de

possíveis falhas de acabamento.

Figura 04 – Dados Cliente / Unidade.

Em caso de não conformidade em algum serviço, o cliente deve

descrever no formulário para que posteriormente a equipe de obra retorne para

refazer. Quando novamente liberada a unidade, é agendada outra vistoria com o

cliente, até o aceite final.

d) Etapa 04: Entrega das chaves.

Somente após o aceite do cliente, a entrega das chaves será validada com

a assinatura do termo de recebimento (FOR. 8.2.5/09 Termo de Recebimento

do Imóvel e/ou Declaração de Recebimento do Imóvel sem Habite-se) , se for

o caso, (FOR. 8.2.5/12 – Termo de Responsabilidade do Proprietário).

Então, é feita a entrega das chaves, documentação e Manual do Proprietário.

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CONCLUSÕES 6.

Analisando as situações expostas neste trabalho, ficou evidenciado que nem

todas as construtoras seguem os mesmos padrões de entrega, o que as distingue em

relação á preferência do cliente. Porém, mesmo com o cumprimento dos requisitos de

norma, como os formulários de verificação de serviços.

No ato da entrega de alguns empreendimentos ao proprietário, percebem-se, na

vistoria final, alguns vícios aparentes não corrigidos pela equipe de obra. Equipe essa,

que está mais voltada para o fim da obra do que para os pequenos detalhes de

acabamentos do apartamento, por exemplo, pinturas, rejuntes, funcionamento de portas

e janelas entre outros.

Deve-se priorizar mais o cumprimento dos prazos estabelecidos em contrato sim,

mas não se esquecer de buscar melhor controle dos processos de execução de serviços.

Vale salientar que a satisfação do cliente é fator de grande importância no lucro

final, pois atualmente, o universo de itens a serem analisados para a decisão pela

compra de um apartamento é de complexidade crescente. E nem sempre todos os itens

agradam ao cliente, porém, enquanto poder influir, participando em todo o processo

construção, inclusive na configuração interna do apartamento, pode-se promover um

maior atendimento às necessidades dos clientes através da personalização de unidades

habitacionais.

Poder, assim, possibilitar ao cliente buscar meios de adaptar a planta de seu

apartamento, conforme suas necessidades, proporciona à empresa uma vantagem

competitiva em relação às outras.

É fundamental a comunicação entre construtora e cliente durante os processos da

obra, deixando-o mais próximo e com menos dúvidas sobre os trâmites legais e gerais

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da empresa. Já é notório que algumas empresas buscam estreitar essa relação, mas ainda

percebe-se um longo caminho a ser percorrido por parte da maioria nesse quesito.

Um cliente insatisfeito, além de não tornar a comprar outro imóvel com

determinada empresa, pode denegrir a imagem da mesma e o oposto também ocorre.

Apesar da grande influência da mídia e avanços tecnológicos, a principal

propaganda das construtoras é a divulgação dos futuros proprietários e,

consequentemente, o contato direto com os clientes, através de incorporadoras e

construtoras cada vez mais interessadas em investir em qualidade de informação.

Tais fatores, em conjunto ou não, influenciam diretamente no processo de

entrega da obra pela importância da assistência técnica, pois a solicitação e prestação de

serviços vêm sendo cada vez mais necessária quanto maior consciência e participação o

cliente tem na obra. Fato esse que, se por um lado aumenta a participação da assistência

técnica os custos para a empresa elevam-se também. Mas por outro lado, essa

tendência proporciona às empresas a oportunidade de melhorar seus serviços, buscando

tecnologias e aprimorando a gestão da obra.

As empresas estão buscando melhorar o seu relacionamento com o cliente e

também, os procedimentos internos, requeridos pela ISO 9001, buscando maior

qualidade e menores custos de retrabalhos, porém nem todos os setores da empresa

pensam da mesma maneira e com os mesmos objetivos, talvez pela não familiarização

de todos nas peculiaridades existentes em cada empreendimento.

Infelizmente, muitas dessas organizações estão apenas familiarizadas com os

requisitos básicos da ISO 9001 e não aprofundam o conhecimento dos princípios de

gestão da qualidade nos quais esta norma se baseia, nem investigam as potencialidades

da informação disponível, que permite programar um sistema de gestão da qualidade

eficiente.

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A certificação, atualmente, é considerada um forte fator para se enfrentar a

demanda do mercado imobiliário, pois é uma forma de demonstrar ao cliente que o

produto ou serviço desenvolvido passaram por controles e são padronizados com a

finalidade de garantir a qualidade. Mesmo sendo um investimento alto e com certas

dificuldades de implementação, as construtoras não estão tendo alternativa e estão

buscando vantagem competitiva no mercado, pois além de ser um forte motivo de

marketing e uma forma de demonstrar ao cliente que o produto ou serviço gerado tem

um controle ou padronização garantindo qualidade e eficiência, é também uma

imposição governamental para se obter a carta de crédito para financiamento da obra.

Portanto, é possível concluir que o investimento em uma certificação é o mesmo

que estruturar a empresa a fim de que ela alcance uma melhor produção, canalizando

seus esforços no atendimento ao cliente, dando maior ênfase à sua satisfação e buscando

sempre uma melhoria contínua; objetivando aumentar as vendas e consequentemente o

lucro.

Para futuros trabalhos, podem-se estudar os requisitos estruturais da edificação

envolvidos nos métodos de avaliar os imóveis, incluindo uma possível elaboração de

uma cartilha informativa aos moradores sobre reformas possíveis ou não, respeitando às

autovistorias exigidas pela norma, pois os responsáveis pelos imóveis deverão realizar

Vistorias Técnicas Periódicas, com intervalo máximo de cinco anos, verificando as

condições de conservação, estabilidade e segurança e garantindo, quando necessário, a

execução das medidas reparadoras.

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ANEXOS.

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