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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE LUCAS DE ASSIS PEREIRA CACAU VALORES DE REFERÊNCIA E EQUAÇÃO PREDITORA PARA O TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM CRIANÇAS SAUDÁVEIS DE 7 A 12 ANOS NO BRASIL: ESTUDO TC6minBRASIL ARACAJU 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

LUCAS DE ASSIS PEREIRA CACAU

VALORES DE REFERÊNCIA E EQUAÇÃO PREDITORA PARA O TESTE DE

CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM CRIANÇAS SAUDÁVEIS DE 7 A 12 ANOS NO

BRASIL: ESTUDO TC6minBRASIL

ARACAJU

2017

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LUCAS DE ASSIS PEREIRA CACAU

VALORES DE REFERÊNCIA E EQUAÇÃO PREDITORA PARA O TESTE DE

CAMINHADA DE SEIS MINUTOS INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS DE 7 A 12 ANOS:

ESTUDO TC6minBRASIL

       

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Vitor Oliveira Carvalho Co-orientador: Prof. Dr. Valter Joviniano de Santana-Filho

                     

ARACAJU

2017

 

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA BISAU UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

C118v

Cacau, Lucas de Assis Pereira Valores de referência e equação preditora para o teste de caminhada de seis minutos em crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil: estudo TC6minBRASIL / Lucas de Assis Pereira Cacau ; orientador Vitor Oliveira Carvalho ; coorientador Valter Joviniano de Santana-Filho. – Aracaju, 2017.

67 f. : il.

Tese (doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Sergipe, 2017.

1. Pediatria. 2. Teste de esforço. 3. Criança. 4. Valores de

referência I. Carvalho, Vitor Oliveira, orient. II. Santana-Filho, Valter Joviniano de, coorient. III. Título.

CDU 616-053.2

   

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LUCAS DE ASSIS PEREIRA CACAU

VALORES DE REFERÊNCIA E EQUAÇÃO PREDITORA PARA O TESTE DE

CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM CRIANÇAS SAUDÁVEIS DE 7 A 12 ANOS NO

BRASIL: ESTUDO TC6minBRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde.

Aprovada em: _____/_____/_____

____________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Vitor Oliveira Carvalho

____________________________________________________ 1o Examinador: Prof. Dr. Manoel Luiz Cerqueira Neto

____________________________________________________ 2o Examinador: Profa. Dra. Josimari de Santana Melo

____________________________________________________ 3o Examinador: Prof. Dr. Carlos Raphael Araújo Daniel

____________________________________________________ 4o Examinador: Prof. Dr. Marcelo Fernandes

 

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A Deus, o Único Digno de toda glória e louvor;

Ao meu filho, João Lucas, razão do meu viver, meu amor eterno e motivação sempre.

Aos meus pais, Gláucia e Hernani, pela vida e porque sou hoje o que eles me ensinaram ontem.

Ao meu irmão, Mateus, pelo companheirismo e amizade.

A todos os meus familiares, a maioria de tão longe… mesmo assim, sempre presentes.

Amo vocês.

 

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela direção, promessas cumpridas, por tudo o que sou e tudo o que tenho,

especialmente à força para continuar nessa caminhada.

Aos meus orientadores professores Vitor e Valter, pela oportunidade, paciência,

amizade, ensinamentos, conselhos que me fizeram crescer e pelas horas de dedicação

ao meu trabalho.

Ao Prof. Carlos Raphael, pela força, tranquilidade e resolutividade no quebra cabeça

dessa reta final. Sua ajuda foi imprescindível.

Aos amigos que estiveram comigo em todos os momentos, em especial Manoel e

Amaro.

A todos os responsáveis pelos centros de coleta de dados, peças chave para conclusão desse estudo.

Aos membros da banca, pelas contribuições extremamente relevantes para construção desse trabalho.

Muito obrigado!

 

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“O Senhor é meu Pastor e nada me faltará…” Salmos 23

 

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RESUMO

VALORES DE REFERÊNCIA E EQUAÇÃO PREDITORA PARA O TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM CRIANÇAS SAUDÁVEIS DE 7 A 12 ANOS NO BRASIL: ESTUDO TC6minBRASIL. Lucas de Assis Pereira Cacau. 2017

Introdução: O Brasil é um país com grandes diferenças climáticas, socioeconômicas e culturais que ainda não tem um valor de referência para o teste de caminhada de seis minutos em crianças saudáveis. Para evitar interpretações erradas, o uso de equações para prever a distância máxima percorrida deve ser estabelecido em cada país. Objetivos: Estabelecer valores de referência para o teste de caminhada de seis minutos (Tc6min) em crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil; determinar as variáveis que influenciam a distância percorrida; elaborar equação para predizer distância máxima percorrida e testar essa equação para predizer a distância máxima percorrida no Tc6min em uma amostra independente de crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil. Métodos: Participaram do estudo 1496 crianças saudáveis, avaliadas em 11 centros em todas as regiões do Brasil, com idades entre 7 a 12 anos, recrutadas em escolas públicas e particulares das suas respectivas regiões. O comitê diretivo do estudo Tc6minBrasil realizou uma vídeo-conferência com cada centro para apresentação do estudo, orientações quanto à organização do espaço físico e aplicação do teste. Após inclusão das crianças no estudo, os dados foram coletados e inseridos em fichas padronizadas. Cada criança foi pesada numa balança e medida com fita métrica para obtenção dos valores de peso e altura. Foram verificados e anotados na ficha de avaliação: frequência cardíaca (bpm), saturação periférica de oxigênio (%) e pressão arterial (mmHg). O principal desfecho do estudo foi a distância percorrida em metros (m) através do teste de caminhada de seis minutos. Para análise dos dados, foi utilizado o programa estatístico R e considerada significância estatística o valor de p<0,05. Resultados: Houve comportamento gaussiano da amostra em relação à distância percorrida no Tc6min. Nota-se também maior distância média percorrida no sexo masculino (531,1m) e diferença de 24,9 m (p<0,0001) para o sexo feminino (506,2m). Foram estabelecidos valores de referência para o Tc6min e geradas as seguintes equações para predizer a distância percorrida, para o sexo masculino: Distância=16,86*Idade+1,89*DeltaFc-0,80*Peso+336,91GR1+360,91GR2 e para o sexo feminino: Distância= 13,54*Idade+1,62*Delta Fc-1,28*Peso+352,33GR1+394,81GR2. Conclusão: Foram estabelecidos valores de referência para o Tc6min em crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil e geradas equações para predizer a distância máxima percorrida no Tc6min. Além disso, a equação estabelecida neste estudo conseguiu predizer a distância máxima percorrida, com erros de aproximadamente 10 metros em média, quando testada numa amostra independente. Descritores: teste de esforço. criança. pediatria. valores de referência.

 

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ABSTRACT

REFERENCE VALUES AND EQUATION PREDICTOR FOR SIX MINUTES WALK TEST IN HEALTHY CHILDREN TO 7 AT 12 YEARS IN BRAZIL: MULTICENTER TC6minBRASIL STUDY. Lucas Assis Pereira Cacau. 2017

Introduction: Brazil is a country with great climatic, socioeconomic and cultural differences that still does not have a reference value for the six-minute walk test in healthy children. In order to avoid misinterpretations, the use of equations to predict the maximum distance traveled must be established in each country. Objectives: To establish reference values for 6MWT in healthy children aged 7 to 12 years in Brazil; Determine the variables that influence the distance traveled; elaborate an equation to predict the maximum distance traveled and test this equation to predict the maximum distance traveled in 6MWT in an independent sample of healthy children aged 7 to 12 years in Brazil. Methods: The study enrolled 1496 healthy children, evaluated by 11 centers in all regions of Brazil, aged 7 to 12 years, recruited in public and private schools in their respective regions. The steering committee of the study TC6minBrasil held a videoconference with each center to present the study, guidelines on the organization of the physical space and application of the test. After the inclusion of the child in the study, the data were collected and inserted into standardized charts. Each child was weighed on a scale and measured with tape measure to obtain the values of weight and height. Heart rate and peripheral oxygen saturation (%) and blood pressure (mmHg) were checked and recorded on the evaluation card. The main outcome of the study was the distance walked through the six-minute walk test. The statistical program R was used to analyze the data. Results: There was Gaussian behavior of the sample in relation to the distance covered in the Tc6min. The mean distance traveled in males (531.1 m) and the difference of 24.9 m (p <0.0001) in females (506.2 m) was also observed. Reference values were set for 6MWT and the following equations were calculated to predict the distance traveled for males: Distance = 16.86 * Age + 1.89 * HrDelta-0.80 * Weight + 336.91GR1 + 360.91GR2 and for females: Distance = 13.54 * Age + 1.62 * Hr Delta-1.28 * Weight + 352.33GR1 + 394.81GR2. Conclusion: Reference values for Tc6min were established in healthy children aged 7 to 12 years in Brazil and equations were generated to predict the maximum distance covered in Tc6min. In addition, the equation established in this study was able to predict the maximum distance traveled, with errors of approximately 10 meters on average, when tested in an independent sample.

Key-words: exercise test. child. pediatrics. reference values.

 

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização geral da amostra ......................................................... 27

Tabela 2. Caracterização da amostra por idade e sexo ....................................... 28

Tabela 3. Valores do Tc6min por sexo e idade .................................................... 29

Tabela 4.Valores de referência para o Tc6min em crianças de 7 a 12

anos ……………................................................................................................... 30

Tabela 5. Diferenças entre as distâncias do Tc6min por região ………………….32

Tabela 6. Variáveis do estudo e suas correlações ............................................... 33

Tabela 7. Análise dos modelos de equações testadas ........................................ 36

Tabela 8. Análise dos modelos de equações testadas por sexo ......................... 37

Tabela 9. Coeficientes utilizados nos modelos de equações por sexo ................ 39

Tabela 10. Porcentagem dos erros nos modelos de equações testadas .............42

 

 

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma dos participantes no estudo .............................................. 26

Figura 2. Histograma de distância percorrida no Tc6min .................................... 29

Figura 3. Curva de referência das distâncias percorridas no Tc6min por faixas

etárias. .................................................................................................................. 31

Figura 4. Correlação dos valores previstos pela equação de referência proposta

com a distância absoluta percorrida durante o teste de caminhada no grupo

equação .............................................................................................................. 40

Figura 5. Correlação dos valores previstos pela equação de referência proposta

com a distância absoluta percorrida durante o teste de caminhada no grupo

teste ...................................................................................................................... 40

Figura 6. Representação gráfica quantil-quantil da distribuição normal .............. 41

 

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................. 08

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13

2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 15

3. OBJETIVOS ..................................................................................................... 19

4. MÉTODO .......................................................................................................... 20

4.1. Considerações éticas .................................................................... 20

4.2. Casuística ....................................................................................... 20

4.3. Cálculo da amostra ........................................................................ 21

4.4. Procedimentos ............................................................................... 22

4.5. Método estatístico ......................................................................... 24

5. RESULTADOS ................................................................................................. 26

6. DISCUSSÃO .................................................................................................... 43

7. CONCLUSÃO ................................................................................................... 47

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 48

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 49

APÊNDICES ......................................................................................................... 53

ANEXOS ............................................................................................................... 65

       

 

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1. INTRODUÇÃO

O teste de caminhada de seis minutos (Tc6min) é um teste de fácil aplicação,

baixo custo e amplamente utilizado no mundo para avaliação da capacidade física

submáxima1,2. O Tc6min também costuma ser utilizado para avaliação da capacidade

física antes e após uma intervenção, como em um programa de treinamento físico, ou

para a estratificação prognóstica em algumas situações clínicas, tais como, insuficiência

cardíaca3 ou doença pulmonar obstrutiva crônica2,4.

No Tc6min, os indivíduos são orientados a caminhar durante seis minutos em um

corredor reto e plano de 30 metros ou mais de comprimento, delimitado por dois cones

ou marcadores de virada nas suas extremidades. A máxima distância percorrida em

seis minutos é o desfecho principal do Tc6min2. Quanto maior a distância percorrida em

seis minutos, melhor o desempenho físico no teste.

Embora o Tc6min seja bem estabelecido e amplamente aplicado em adultos, a

sua utilização em crianças vem aumentando na última década5. O Tc6min para crianças

tem sido utilizado para avaliar o efeito de um programa de treinamento físico, assim

como para avaliação do efeito do treinamento físico em condições crônicas, tais como

nas cardiopatias congênitas 6 , 7 , insuficiência cardíaca 8 , asma brônquica 9 , fibrose

cística 10 , doença renal 11 , mucopolissacaridose tipo 1 12 , distrofia muscular de

Duchenne13, espinha bífida14 e obesidade15, dentre outras12.

Considerando a alta relevância e aplicabilidade clínica5, muitos países já

estabeleceram valores de normalidade e equações para predizer a distância percorrida

no Tc6min em crianças saudáveis16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26. Entretanto, o Brasil, país com

grandes diferenças climáticas, socioeconômicas e culturais, ainda não possui um valor

de referência representativo para este teste.

O estabelecimento de valores de referência para o Tc6min auxilia a interpretação

clínica, fornecendo uma informação concreta acerca da distância que se espera ser

caminhada pelo indivíduo. O valor de referência costuma ser apresentado por um

intervalo em metros, ou mais precisamente por equações capazes de predizer a

distância máxima a ser percorrida. A falta de valores de referência para crianças

saudáveis brasileiras pode induzir ao clínico o uso de uma outra equação obtida em um

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outro país, podendo levar a um significante erro de interpretação clínica.

A realização de um estudo multicêntrico com uma amostra de crianças saudáveis

de diferentes regiões do Brasil se torna fundamental para a determinação de valores de

referência e elaboração de uma equação para predizer a distância percorrida no

Tc6min. Desta forma, como já realizado em adultos saudáveis27, existe a necessidade

da realização de um estudo nesse mesmo modelo para crianças saudáveis no Brasil.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

O Tc6min surgiu na década de 1970 28 como um método de avaliação da

capacidade física em indivíduos com pneumopatias crônicas. O Tc6min demonstrou

boa reprodutibilidade e correlação com o consumo máximo de oxigênio. O consumo

máximo de oxigênio é a principal variável de capacidade física aeróbia e é obtido

através de uma análise direta do ar que entra e sai dos pulmões29.

Na verdade, o teste veio de uma adaptação do teste de corrida de doze minutos

descrito por Cooper em 196830 . Em 1982 Burtland 31 , ao analisar três diferentes

durações de testes de caminhada: dois, seis e doze minutos, demonstrou que o tempo

de 6 minutos era suficiente para obter os mesmos resultados do teste de 12 minutos29.

A partir daí, o Tc6min fortaleceu-se como método de avaliação do desempenho

cardiorrespiratório em indivíduos com pneumopatias crônicas28.

Como se trata de um teste conceitualmente realizado sob esforço submáximo, o

desempenho no Tc6min está associado a capacidade de realização das atividades

físicas diárias, uma vez que as atividades de vida diária também costumam ser

realizadas em esforços submáximos. Algumas condições de saúde podem dificultar a

realização dessas atividades cotidianas e, por certo, realizar o Tc6min, o que se

traduzirá em uma distância máxima percorrida em seis minutos abaixo da predita32,33.

Estudos prévios já mostraram a validade e confiabilidade do Tc6min para avaliação da

aptidão cardiorrespiratória em adultos e crianças saudáveis e com doenças15,34,10.

A distância máxima percorrida no Tc6min está associada com o consumo

máximo de oxigênio obtido durante o teste cardiopulmonar, apesar de serem métodos

de avaliação diferentes. O teste cardiopulmonar tem como proposta avaliar a

capacidade física máxima, enquanto o Tc6min a capacidade física submáxima. Isto

indica que o Tc6min é também um método válido para avaliação do desempenho físico,

por apresentar corelação com os achados do teste cardiopulmonar35.

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Tc6min no Brasil e no mundo

Uma revisão sistemática recente5 (Anexo 3), mostrou a visível busca mundial em

se estabelecer valores de referências para o Tc6min para crianças saudáveis e ter uma

interpretação mais fidedígna do teste na prática clínica.

Tanto uma faixa de normalidade quanto uma equação podem ser utilizadas para

predizer a distância máxima percorrida no Tc6min. Essas informações são importantes

pois impactam significativamente o processo de tomada de decisão clínica, como por

exemplo, na prescrição da intensidade do exercício na reabilitação funcional num pós

operatório, iniciado ainda no período de hospitalização.

Considerando os países que já estabeleceram valores de referência para o

Tc6min para crianças saudáveis, a máxima distância percorrida pode variar em torno

de 150 metros21,26 quando comparada em crianças com a mesma faixa etária (a partir

de 6 anos). Em outra revisão36, que considerou na sua análise a comparação em

crianças com menor faixa etária (4 anos) essa diferença de distância é ainda maior

(cerca de 200 metros). Isso equivale a quase 5 vezes mais que a mínima diferença

clinicamente significativa para adultos com doenças cardiopulmonares 37 , 38 , 39 .

Infelizmente a mínima diferença clinicamente significativa para crianças não está

disponível na literatura.

Ao comparar crianças com a mesma faixa etária, o estudo de Tonklang et al21,

realizado na Tailândia, apresentou a maior distância geral media percorrida no Tc6min

(677m). Por outro lado, o estudo de Keppler et al26, realizado nos Estados Unidos da

América, apresentou a menor distância percorrida geral média (518m). Isso mostra a

grande variação entre países e fortalece a necessidade de se estabelecer um valor de

referência nacional para uma adequada interpretação do Tc6min sem subestimar ou

superestimar a distância percorrida.

No Brasil, um estudo33 realizado na cidade de Porto Alegre (RS), estabeleceu

uma equação para predizer a distância máxima percorrida no Tc6min em crianças

saudáveis, porém a amostra utilizada foi de uma única cidade do país. Sabendo-se que

o Brasil é um país com inúmeras diferenças climáticas, socioeconômicas e culturais,

existe a necessidade de um estudo multicêntrico para estabelecer valores mais

fidedígnos e concretos para esta população; assim como já realizado em adultos 25.

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Nesse estudo33, os autores correlacionaram seus desfechos com outros do mundo e

houve correlação forte com as crianças austríacas21 e moderada com as crianças

chinesas16. Como o estudo foi realizado numa única localização do sul do país,

acreditou-se que provavelmente a população consistiu principalmente de indivíduos de

ascendência européia.

Nas equações estabelecidas no mundo para predizer a distância máxima

percorrida, não existe uma unanimidade na escolha das variáveis. No estudo de

Priesnitz et al33 por exemplo, a variável sexo não influenciou na distância percorrida;

diferente da maioria dos países do mundo, onde a variável sexo é preditiva para a

distancia percorrida. Existe forte recomendação da American Thoracic Society (ATS)2

para que se utilize uma equação validada para a população a ser estudada.

Tc6min na prática clínica

A distância percorrida no Tc6min pode sofrer influência de algumas variáveis,

dentre elas, a idade, o peso, a altura, a frequência cardíaca e a condição de saúde37.

Com isso, os valores de referência fornecem uma base comparativa para responder a

questões relativas à normalidade do estado de saúde, respostas do exercício e

capacidade funcional35.

Um estudo brasileiro, utilizou como base a equação sugerida por Priesnitz et al33,

que levou em consideração a idade, a altura, o delta da frequência cardíaca (frequência

cardíaca no sexto minuto menos a frequência cardíaca de repouso) e o peso, para a

avaliação do desempenho no Tc6min de crianças asmáticas12.

Alguns estudos realizados em crianças saudáveis têm demonstrado uma

correlação entre a altura e sexo com a distância máxima percorrida; crianças mais altas

e as crianças do sexo masculino tiveram melhor desempenho21,31.

O comportamento da freqüência cardíaca foi associada a um aumento do

desempenho físico, uma vez que a frequência cardíaca de repouso inferior geralmente

reflete uma maior prevalência do sistema nervoso parassimpático e maior aptidão40.

Também é sabido que as crianças mais velhas têm melhor desempenho físico

que as mais jovens20. Isso pode ser um reflexo da maior estatura e maior influência de

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hormônios anabólicos ao longo do crescimento41.

Em adultos, sabemos que a capacidade de exercício pode diminuir de 8% a 10%

por década em indivíduos sedentários e ativos42. Assim como em adultos, sabe-se que

a influência do sobrepeso em crianças, pode também influenciar na distância

percorrida. A obesidade infantil está associada com uma tolerância reduzida ao

exercício e uma diminuição da função cardiopulmonar, bem como uma alteração da

resposta muscular periférica43.

No entanto, as diretrizes da ATS2, recomendam que a interpretação do Tc6min

deva ser feita levando-se em consideração as variáveis antropométricas, pois afetam

de forma independente o Tc6min em adultos saudáveis. No entanto, os profissionais de

saúde de países que não têm valores de referência para o Tc6min, devem estar cientes

sobre a utilização de um valor de referência estabelecido em outro país; caso contrário,

a interpretação do teste pode ser comprometida.

Apesar da importância do Tc6min em crianças, o Brasil ainda não possui valores

de referência para este teste, o que justifica a realização de um estudo multicêntrico

que traga valores representativos para o Tc6min em crianças saudáveis.

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3. OBJETIVOS

3.1 Primário

• Estabelecer valores de referência para o Tc6min em crianças saudáveis de 7 a

12 anos no Brasil

3.2 Secundários

• Determinar variáveis que influenciam a distância percorrida no Tc6min em

crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil;

• Elaborar equação para predizer distância máxima percorrida no Tc6min em

crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil;

• Testar a equação para predizer distância máxima percorrida no Tc6min em uma

amostra independente de crianças saudáveis de 7 a 12 anos no Brasil.

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4. MÉTODO 4.1- Considerações éticas

Todos os participantes e responsáveis legais envolvidos no estudo foram

informados sobre os objetivos da pesquisa e procedimentos a que seriam submetidos.

Um vídeo com a realização do Tc6min em uma criança saudável foi disponibilizado na

internet para que os pais ou responsáveis pudessem entender o teste. Um

representante legal assinou o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE),

(Apêndice A).

Este estudo foi inicialmente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 08827713.1.1001.0065) (Anexo 1) e, em seguida, cada centro que foi incluído na

pesquisa teve sua aprovação no comitê de ética local.

4.2 Casuística

Trata-se de um estudo transversal, multicêntrico, em que foram elegíveis uma

amortra por conveniência de crianças saudáveis com idades entre 7 e 12 anos,

recrutadas em escolas públicas ou particulares de todas as regiões brasileiras (Norte,

Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-oeste), no período de agosto de 2013 a dezembro de

2016. Foram excluídos os indivíduos com algum tipo de indisposição no dia do teste

(como por exemplo: resfriado, gripe, febre); que não entenderam ou realizaram o

Tc6min fora dos padrões internacionais. A escolha dessa faixa etária, se deve a

provável baixa compreensão em crianças com idade menor que 7 anos e devido a

maior influência hormonal e estirão puberal em crianças acima de 12 anos44.

Os critérios de elegibilidade para inclusão dos centros que realizaram a coleta

dos dados foram: possuir estrutura física e de recursos humanos compatível com as

diretrizes internacionais para realização do Tc6min2, tais como: um corredor plano e

reto de 30 metros de comprimento e materiais para coleta de dados: oxímetro, balança,

fita métrica, esfigmomanômetro, estetoscópio, cronômetro (ou algum opcional como

relógio, celular). Após esta etapa, o comitê diretivo da pesquisa enviou uma carta-

convite ao coordenador responsável pelo centro.

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Após o aceite para participação na pesquisa, os centros foram treinados e

instruídos para a realização do Tc6min, conforme recomendações da American Toracic

Society (ATS)2. O treinamento dos centros foi realizado através de vídeos tutoriais,

contatos telefônicos e material impresso que abordavam desde orientações aos

participantes e seus responsáveis até a montagem e realização do teste (Apêndice B).

Os centros dispunham de canais de comunicação abertos com o comitê diretivo do

estudo Tc6minBrasil, através de vídeo conferência, email ou ligação telefônica.

4.3 Cálculo da amostra

O tamanho da amostra foi calculado com o objetivo de construir uma curva de

95% de referência para a distância máxima percorrida por crianças saudáveis com

idades entre 7 e 12 anos no Brasil. Assumimos uma distribuição gaussiana para a

distância percorrida e que um método paramétrico fosse utilizado. Consideramos para

cálculo da amostra as 12 sub-populações, formadas pelas seis faixas etárias das

crianças, ou seja 7 a 12 anos, e por ambos os gêneros. O número estimado de crianças

em cada sub-população de interesse foi 136 se assumirmos tolerável um erro absoluto

de 1,5% em relação aos percentis de ordem 2,5% e 97,5%. Com isso, totalizaram 1496

crianças selecionadas por amostragem, estratificada por sexo e idade, provenientes de

todas as regiões brasileiras. A distribuição da amostra nas diferentes regiões levou em

conta a densidade populacional, buscando a representatividade, de acordo com os

dados do IBGE de 2010. Nesta distribuição, 8,3% foram equivalentes a população do

Norte, 27,8% do Nordeste, 42,1 do Sudeste, 14,4% do Sul e 7,4% do Centro-Oeste,

totalizando 100% da população brasileira.

Considerando o cálculo da amostra, foi proposto que um centro na região norte

avaliasse 118 crianças, três centros no nordeste avaliassem um total de 415 crianças

(dois centros com 138 e um centro com 139), um centro na região centro-oeste

avaliasse 112 crianças, quatro centros na região sudeste avaliassem um total de 627

crianças (três centros com 157 e um centro com 156) e dois centros na região sul

avaliassem um total 224 crianças (112 por centro). Dessas 1496 crianças, 1364

participariam da elaboração da equação preditora e 132 para testar essa equação.

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22  

Foi recomendado que cada centro distribuísse o número de participantes de

forma igualitária, por sexo, nas 6 faixas etárias (de 7 a 12 anos).

4.4 Procedimentos

O comitê diretivo do estudo Tc6minBrasil convidou centros brasileiros para

participação no estudo multicêntrico (Apêndice C). O comitê diretivo constitui-se de um

investigador chefe, um co-investigador e um coordenador geral, este último alocado na

Universidade Federal de Sergipe.

Após cada centro aceitar participar do estudo Tc6minBrasil, o comitê diretivo do

estudo Tc6minBrasil realizou uma vídeo-conferência para apresentação completa do

estudo, orientações quanto à organização do espaço físico e aplicação do teste. Após a

montagem do espaço físico, o comitê diretivo entrou em contato, por telefone, com os

centros para sanar quaisquer dúvidas pendentes, e para que o mesmo fornecesse

dados acerca do andamento do estudo. Ao completar a avaliação das 10 primeiras crianças, houve outra vídeo-

conferência para checar se o teste e a coleta dos dados estavam sendo realizados

adequadamente. A partir daí, a cada 50 crianças avaliadas, houve contato com o

centro, por meio de ligações telefônicas. Uma nova vídeo-conferência foi realizada, ao

final do estudo, para auditoria dos dados.

Os centros foram responsáveis pelo recrutamento das crianças, através de

busca ativa nas escolas visitadas. Para realizar a triagem, uma ficha padronizada sobre

a condição atual de saúde, foi encaminhada ao responsável pela criança. Também foi

disponibilizado um endereço na internet com um exemplo do Tc6min com o qual os

responsáveis poderiam ver exemplos dos procedimentos que suas crianças seriam

submetidos.

Após a assinatura do termo de assentimento dos pais (Apêndice D) e

preenchimento da ficha de triagem (Apêndice E), os pesquisadores responsáveis por

cada centro agendaram uma data para a realização do teste e coleta dos dados.

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23  

Após a inclusão no estudo, os dados foram coletados e inseridos em fichas

padronizadas (Apêndice F) e cada criança teve o peso e altura aferidos através de uma

balança e com o estadiômetro respectivamente.

Após a coleta destes dados iniciais, a criança permaneceu em repouso numa

cadeira próxima a linha de início do teste por pelo menos 10 minutos. Durante este

tempo, foram verificados e anotados na ficha de avaliação: frequência cardíaca (bpm),

saturação periférica de Oxigênio (%) e pressão arterial (mmHg).

Foi explicado aos participantes que o objetivo do teste era caminhar a maior

distância possível, porém sem correr, durante 6 minutos. A criança poderia desacelerar

a caminhada e parar, caso houvesse necessidade. Havendo interrupção, o cronômetro

continuaria registrando o tempo do teste. Se houvesse condições de continuar o teste,

o participante continuaria a caminhada, caso contrário, o teste seria encerrado.

Após explicação do teste, o investigador demonstrou o percurso, realizando uma

volta completa. Após receber as instruções, o participante foi orientado a iniciar o teste

quando estivesse pronto. Durante o teste, foram utilizadas frases de incentivo

padronizadas, conforme recomendação internacional2.

Ao final de seis minutos, o investigador finalizou o teste pedindo que a criança

parasse ao seu comando. O investigador, então, ia ao encontro da criança com uma

cadeira para ela sentar, quando foram registrados: percepção subjetiva de esforço,

saturação periférica de oxigênio, frequência cardíaca nos sexto minuto e após 1 e 2

minutos de recuperação; além de medir a distância máxima percorrida. Para obtenção

da percepção subjetiva de esforço foi utilizada a escala de esforço percebido

modificada de Borg45 (Anexo 2), anexada na ficha de extração de dados (Apêndice E).

O Tc6min foi realizado segundo as recomendações da ATS2, em que cada

centro dispunha de um corredor com superfície plana, rígida e reta, com 30 metros de

comprimento, com marcações no solo com fitas adesivas, pelo menos, a cada 3 metros.

O percurso foi mensurado com uma fita métrica, trena, ou similar, demarcando-se com

cones ou marcadores de virada o início e o final do percurso. Os marcadores de virada

ficavam posicionados antes da linha final do percurso para que a criança fizesse a volta

passando pela linha da marcação (Apêndice G).

O participante foi orientado a usar roupas confortáveis e calçado apropriado

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24  

(tênis) para caminhada. Uma refeição leve foi aceitável antes dos testes, no início da

manhã ou no início da tarde. A criança não deveria realizar atividade física intensa

(muito cansativa) nas 2 horas que antecederam o teste.

Os dados coletados foram inseridos e encaminhadas ao comitê diretivo da

pesquisa através de uma planilha padronizada. Ao final, foi realizada uma video-

conferência para auditoria dos dados.

4.5 Método estatístico

Para análise dos dados, foi utilizado o programa estatístico R, versão 3.3.2.

Inicialmente, foi verificada a correlação entre as variáveis (Correlação Bivariada,

por meio do coeficiente de Pearson), tanto para identificar se alguma (e qual/quais)

delas teve uma associação mais forte com a distância, como também para verificar se

as variáveis explicativas estavam correlacionadas entre si.

As variáveis sexo e região foram analisadas, utilizando-se o teste de Tukey para

verificar se existiu diferença entre as distâncias médias. Em seguida, foram ajustados

vários modelos através de uma regressão logística utilizando as variáveis sexo, grande

região (GR), idade, altura, IMC e Delta da frequência cardíaca (diferença da frequência

cardíaca de repouso pela frequência cardíaca no sexto minuto do teste), a partir do

grupo para elaborar a equação, com 1364 crianças (Grupo equação), e depois

validados utilizando-se o grupo de 132 crianças (obtidas utilizando 2 criança de cada

sexo por faixa etária) (Grupo teste). Em seguida, novos modelos foram ajustados

apenas para os indivíduos do sexo masculino e da mesma forma para o sexo feminino.

Comparando-se os valores observados com as estimativas fornecidas pelos

modelos, foi possível ter uma noção do comportamento dos erros de previsão. Os

melhores modelos foram selecionados utilizando-se o erro médio, o desvio-padrão do

erro, o erro quadrático médio (EQM), bem como, visualmente pelos gráficos de

dispersão.

Para comparação do comportamento entre os grupos equação e teste, foi

utilizado o test t, considerando significância estatística p<0,05.

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25  

Para as correlações, considerou-se 0,7 a 1,0 uma correlação forte; 0,5 a 0,7 uma

correlação moderada; 0.3 a 0.5 uma correlação fraca e 0 a 0,3 uma correlação

desprezível.

Ao final, foi sugerido um modelo para o sexo masculino e outro para o sexo

feminino, com base em todos os resultados.

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26  

5. RESULTADOS Foram elegíveis 1546 crianças, das quais 1534 foram incluidas no estudo. Foram

excluidas 38 criancas pelos motivos: 1 por gripe, 1 por dor torácica, 1 por dor no corpo,

1 por mal estar, 1 por tontura e 33 por outros motivos. No final, foram avaliadas 1496

criancas, sendo 1364 para estabelecimento do valor de referência da distância máxima

percorrida no Tc6min e 132 para testar a equação para predizer a distância máxima

percorrida (figura 1).

Figura 1 - Fluxograma dos participantes no estudo

Crianças excluídas 7 anos: 6 8 anos: 4 9 anos: 4

10 anos: 7 11 anos: 9 12 anos: 8 Total:38

 

Total de crianças no estudo 1496

 

Total de crianças triadas 1546

 

Grupo equação 1364

 

Grupo teste 132

 

Crianças incluídas 1534  

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27  

A amostra deste estudo foi composta por crianças saudáveis de 7 a 12 anos e

está caracterizada nas tabelas abaixo (Tabelas 1 e 2). Percebe-se que a altura, o peso

e o índice de massa corpórea (IMC) aumentaram com a idade, tanto no sexo masculino

quanto no sexo feminino. Ao comparar essas diferenças entre os sexos, percebemos

que não existe diferença na altura (1,40m) e uma pequena variação no peso (média de

35,33 no sexo masculino e 36,09 no sexo feminino). A percepção subjetiva de esforço

avaliada pela escala de Borg não sofreu grandes variações entre os sexos ou faixas

etárias, assim como a saturação periférica de oxigênio (SpO2).

Tabela 1. Caracterização geral da amostra

Delta Fc: Diferença da frequência cardiaca de repouso e no sexto minuto do Tc6min; SpO2 Rep; saturação periférica de oxigênio de repouso. Valores expressos em média e desvio padrão entre parênteses.

Idade (anos)

N Altura (m) Peso (kg) Delta Fc IMC Borg Final SpO2 Rep

7 246 1,26 (0,06) 26,43 (6,03) 22,34 (22,72) 16,58 (2,66) 2,37 (2,59) 97,18 (2,37) 8 239 1,31 (0,07) 30,37 (6,70) 21,06 (25,11) 17,64 (3,07) 2,47 (2,45) 97,47 (1,73) 9 247 1,37 (0,07) 33,20 (7,93) 22,33 (20,71) 17,65 (3,05) 2,18 (2,15) 97,19 (3,32)

10 255 1,42 (0,08) 36,54 (9,36) 29,95 (25,80) 17,85 (3,35) 2,45 (2,15) 97,75 (1,85) 11 258 1,48 (0,08) 41,63 (10,36) 27,48 (30,09) 18,72 (3,42) 2,52 (2,27) 97,62 (1,77) 12 251 1,53 (0,08) 45,50 (9,83) 30,06 (26,76) 19,30 (3,35) 2,85 (2,70) 97,56 (2,29)

Total 1496 1,40 (0,12) 35,72 (10,72) 25,61 (25,65) 17,97 (3,28) 2,47 (2,40) 97,47 (2,29)

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28  

Tabela 2. Caracterização da amostra por idade e sexo

Idade N Altura (m) Peso (kg) Delta Fc IMC Borg Final SpO2 Rep MASCULINO

7 129 1,26 (0,06) 26,55 (5,32) 20,21 (20,73) 16,52 (2,32) 2,19 (2,41) 97,20 (2,04) 8 117 1,32 (0,07) 30,89 (6,95) 21,66 (20,96) 17,72 (3,08) 2,74 (2,54) 97,61 (1,52) 9 117 1,36 (0,06) 32,66 (5,82) 20,66 (19,81) 17,48 (2,48) 2,06 (2,02) 97,03 (3,63)

10 114 1,42 (0,07) 35,42 (9,09) 30,44 (24,96) 17,48 (3,15) 2,29 (2,26) 97,68 (1,86) 11 132 1,48 (0,08) 40,89 (10,54) 26,51 (31,26) 18,54 (3,50) 2,36 (2,25) 97,56 (1,63) 12 121 1,53 (0,09) 45,33 (10,38) 27,52 (26,10) 19,15 (3,42) 2,45 (2,55) 97,49 (2,51)

Total 730 1,40 (0,12) 35,33 (10,43)

24,47 (24,65) 17,82 (3,14) 2,35 (2,35) 97,43 (2,30)

FEMININO 7 118 1,25 (0,06) 26,30 (6,74) 24,67 (24,58) 16,64 (3,00) 2,58 (2,78) 97,16 (2,68) 8 122 1,30 (0,07) 29,88 (6,44) 20,49 (28,60) 17,57 (3,08) 2,21 (2,34) 97,34 (1,91) 9 130 1,37 (0,08) 33,68 (9,44) 23,84 (21,45) 17,81 (3,49) 2,29 (2,26) 97,32 (3,01)

10 140 1,43 (0,08) 37,43 (9,52) 29,55 (26,54) 18,16 (3,49) 2,57 (2,07) 97,80 (1,85) 11 126 1,49 (0,08) 42,40 (10,15) 28,50 (28,89) 18,90 (3,35) 2,68 (2,28) 97,69 (1,91) 12 130 1,53 (0,08) 45,65 (9,33) 32,42 (27,25) 19,44 (3,28) 3,23 (2,80) 97,63 (2,08)

Total 766 1,40 (0,12) 36,09 (10,99) 26,71 (26,55) 18,11 (3,40) 2,60 (2,44) 97,50 (2,28) Delta Fc: Diferença da frequência cardiaca de repouso e no sexto minuto do Tc6min; SpO2 Rep; saturação periférica de oxigênio de repouso. Valores expressos em média e desvio padrão entre parênteses.

Houve um comportamento gaussiano da amostra em relação à frequência das

distâncias médias percorridas. Percebe-se que poucas crianças caminham mais de 700

m e poucas crianças caminham abaixo de 400 m. A maior parte das crianças da

amostra caminhou entre as distâncias de 400 e 600 metros (figura 2).

   

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29  

  Figura 2. Histograma de distância percorrida no Tc6min

 

Ao analisar por faixas etárias as distâncias percorridas no Tc6min, percebe-se

comportamento semelhante em ambos os sexos, com aumento da distância conforme a

idade aumenta, com exceção no sexo feminino, em que na faixa etária de 11 anos

(530,3 m) a distância percorrida foi maior do que na de 12 anos (524,5 m). Nota-se

também maior distância média percorrida no sexo masculino (531,1m) e diferença de

24,9 m (p<0,0001) para o sexo feminino (506,2m) (Tabela 3).

Tabela 3. Valores da distância percorrida no Tc6min por sexo e idade

Idade   Masculino   Feminino     p-­‐valor    7   474,4  (83,29)   469,1  (87,08)     0,75    8   514,1  (77,13)   485,5  (91,30)     0,007*    9   525,0  (81,02)   505,5  (74,58)     0,025*    10   549,5  (87,24)   517,5  (89,61)     0,008*    11   557,3  (98,72)   530,3  (85,18)     0,026*    12   568,0  (99,74)   524,5  (102,50)     0,002*    

Geral   531,1  (93,83)   506,2  (91,04)     <  0,0001*     Distância expressa em média e desvio padrão (entre parênteses). Para comparação entre a média geral foi utilizado o teste de tukey e considerado significância estatística *p<0,05.

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30  

Baseado nos valores médios percorridos e nos desvios padrões de cada faixa

etária, foram estabelecidos valores de referência para o Tc6min, considerando

diferentes situações ao subtrair “desvios padrões” dos valores médios percorridos em

cada faixa etária. O valor de referência para meninos foi: entre 391-474 m para 7 anos,

entre 437-514 m para 8 anos, entre 444-525 m para 9 anos, entre 462-549 m para 10

anos, entre 458-557 m para 11 anos e entre 468- 568 m para 12 anos. Para meninas,

entre 382-469 m para 7 anos, entre 394-485 m para 8 anos, entre 430-505 m para 9

anos, entre 427-517 m para 10 anos, entre 445-530 m para 11 anos e entre 422-504 m

para 12 anos (Tabela 4).

Tabela 4. Valores de referência para o Tc6min em crianças de 7 a 12 anos

Idade Média "-1SD" "-2SD" "-3SD" Masculino  

7   474,4   391,1   307,8   224,6  8   514,1   437,0   359,8   282,7    9   525,0   444,0   363,0   282,0  10   549,5   462,2   375,0   287,7  11   557,3   458,6   359,9   261,1  12   568,0   468,3   368,5   268,8  

Feminino

7   469,1   382,1   295,0   207,9  8   485,5   394,2   302,8   211,5  9   505,5   430,9   356,3   281,8  10   517,5   427,9   338,3   248,7  11   530,3   445,2   360,0   274,8  12   524,5   422,0   319,5   217,0  

-1SD: subtraiu-se a distância média percorrida de um valor desvio padrão; “-2SD: subtraiu-se a distância média percorrida de dois valores de desvio padrão e “-3SD: subtraiu-se da distância média percorrida três valores de desvio padrão.

Após o estabelecimento dos valores de referência, foi criada uma curva de

referência para a distância percorrida no Tc6min por faixa etária entre 7 e 12 anos, para

crianças do sexo masculino e feminino (Figura 3).

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31  

Figura 3. Curva de referência de distâncias máximas no Tc6min por grupos etários. A linha vermelha representa a média e as linhas verdes e azuis representam a média menos um e dois desvios padrão respectivamente. Os valores de referência estão localizados entre as linhas verdes.

Houve diferença na distância percorrida no Tc6min entre crianças de distintas

regiões do Brasil. Ao analisá-las duas a duas, essas diferenças foram significativas

(p<0,0001), exceto na comparação entre o Centro-Oeste e o Sudeste (p=0,70). A

máxima diferença percebida entre as regiões foi entre Sul e Norte (123,48 m, p<

0,0001*). Como algumas regiões foram investigadas em poucos centros e, também

para evitar a utilização de um coeficiente para cada região, os centros foram agrupados

em Norte/Nordeste (Grande região 1 – GR1) e Sul/Sudeste/Centro-Oeste (Grande

região 2 - GR2). Ao utilizar essa divisão em Grandes regiões 1 e 2, essa diferença

continua significativa (p<0,0001), porém a diferença em metros pôde ser minimizada

(45,03 m) (Tabela 5).

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32  

Tabela 5. Diferenças entre as distâncias do Tc6min por região

Região Diferença Limite Inferior Limite Superior p-valor S-N 123,48 94,93 152,04 < 0,0001*

CO-N 92,25 59,09 125,41 < 0,0001* SE-N 79,85 55,05 104,65 < 0,0001* S-NE 64,24 43,01 85,46 < 0,0001* NE-N 59,25 33,52 84,97 < 0,0001* S-SE 43,63 23,54 63,73 < 0,0001*

CO-NE 33,00 5,90 60,10 0,01* S-CO 31,23 1,43 61,03 0,03*

SE-NE 20,60 4,79 36,41 0,001* CO-SE 12,40 -13,82 38,62 0,70

GR GR1-GR2 45,03 35,08 54,98 <0,0001*

S- Sul; N- Norte; CO- Centro Oeste; SE- Sudeste; NE- Nordeste; GR- Grande região;. GR1- Regiões Norte e Nordeste; GR2- Regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. Valores médios expressos em metros. Para comparação entre as regiões foi utilizado o teste de tukey e considerado significância estatística *p<0,05.

Para entender a força de associação das variáveis potencialmente elegíveis

como explicadoras da distância máxima percorrida no Tc6min, foi feita uma análise da

correlação entre elas. Percebe-se que algumas delas apresentam correlação linear

forte entre si, como, por exemplo, peso*altura (r=0,80); IMC*peso (r=0,84); altura*idade

(r=0,79); Fc Final*Delta Fc (r=0,85), porém essas variáveis não apresentam correlação

linear muito forte com a distância. Apenas as variáveis Fc Final e Delta Fc apresentam

correlação moderada com a distância (r=0,50 e r=0,52, respectivamente) (Tabela 6).

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Tabela 6. Variáveis do estudo e suas correlações   Idade   Peso   Alt   IMC   PASI   PADI   Fc  R   Fc  F   SpO2  R   SpO2  F   Borg  F   Delta  

Fc  Dist  

Idade   1   0,6   0,79   0,25   0,17   0,18   -­‐0,16   0,04   0,08   -­‐0,01   0,06   0,13   0,27  

Peso     1   0,8   0,84   0,27   0,22   -­‐0,03   0,08   0,04   -­‐0,02   -­‐0,05   0,1   0,1  

Altura       1   0,36   0,21   0,18   -­‐0,11   0,03   0,05   -­‐0,04   -­‐0,03   0,09   0,2  

IMC         1   0,22   0,18   0,04   0,1   0,01   0   -­‐0,05   0,09   -­‐0,01  

PASI           1   0,67   0   0,15   0,06   0,05   0,11   0,16   0,05  

PADI             1   0,03   0,12   0,08   0,08   0,11   0,11   0,1  

Fc  R               1   0,38   0,03   0,03   0,08   -­‐0,16   0,02  

Fc  F                 1   0,14   0,12   0,42   0,85   0,5  

SpO2  R                   1   0,21   0,17   0,13   0,14  

SpO2  F                     1   0,1   0,11   0,01  

Borg  F                       1   0,4   0,36  

Delta  Fc                         1   0,52  

Dist                           1  

SpO2 R- Saturação periférica de oxigênio de repouso; SpO2 F- Saturação periférica de oxigênio final; PASI-Pressão arterial sistólica Inicial; PADI-Pressão arterial diastólica Inicial; Fc R- Frequência cardiaca de repouso; Fc F- Frequência cardiaca final; Delta Fc-Diferença entre as frequências cardíacas de repouso e no sexto minuto. Para correlação teste de correlação de Pearson.

Com base nas correlações entre as variáveis elegíveis para explicar a distância

máxima percorrida no Tc6min, a próxima etapa buscou estabelecer um modelo de

equação para predizer os valores para o Tc6min. Foram testados alguns modelos de

equações através de modelos de regressão linear logística para selecionar a melhor

combinação de variáveis independentes para estimar a distância percorrida durante o

teste. A idade, a altura, o delta da frequência cardíaca, a região do Brasil, o sexo e o

IMC foram testados.

Em análise de regressão, quando duas (ou mais) variáveis explicativas são

fortemente correlacionadas trata-se de multicolinearidade. Nesses casos, é possível

que nenhum de seus coeficientes no modelo seja estatisticamente significativo, pois a

contribuição de cada uma das variáveis explicativas na descrição da variável resposta é

redundante. Portanto, é preferível incluir no modelo apenas uma das variáveis

correlacionadas, já que a variável descartada pouco teria a acrescentar nas previsões e

poderia interferir bastante no valor dos coeficientes já presentes no modelo.

Os modelos foram ajustados a partir do grupo equação (1364 crianças) e depois

validados utilizando o grupo teste (132 crianças). Inicialmente, esses modelos foram

testados, sem a divisão por sexo (modelos M1 a M9), utilizando algumas variáveis e

seus coeficientes, representados por βi, em que o índice “i” varia de zero até o número

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34  

de variáveis incluídas no modelo. A inclusão do coeficiente β0 no modelo representa o

valor da variável resposta quando todas as variáveis explicativas são iguais a zero. No

caso dos modelos investigados que incluem variáveis qualitativas, como sexo ou

região, o ajuste atribui valor zero a uma combinação dos níveis das variáveis

qualitativas (ex.: Sexo masculino e região Norte) e calcula todos os coeficientes como a

variação observada em comparação com esse grupo de referência.

M1: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Idade +β_3 Delta Fc + β_4 Região

M2: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Idade +β_3 Delta Fc + β_4 GR

M3: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Altura +β_3 GR

M4: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 √Altura +β_3 GR

M5: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Altura +β_3 Delta Fc + β_4 GR

M6: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 IMC +β_3 Delta Fc + β_4 GR

M7: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Idade+β_12 Sexo*Idade+β_3 Delta Fc + β_4 GR

M8: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Altura+β_12 Sexo*Altura +β_3 Delta Fc + β_4 Região

M9: Distância = β_0+β_1 Sexo +β_2 Altura+β_3 Fc R + β_4 Região

É possível que o efeito de uma variável se manifeste de maneira diferente,

dependendo do grupo observado. Portanto, é necessário avaliar a interação de

algumas vaiáveis como por exemplo, sexo*idade e sexo*altura. Esta avaliação torna o

modelo mais complexo.

Diante das diferenças apresentadas entre as distâncias percorridas entre as

regiões, utilizar a variável região brasileira fortaleceu o modelo e ao substituir a variável

região brasileira por GR (grande região brasileira) conseguiu-se simplificar ainda mais o

modelo. Um modelo mais simples facilita sua aplicação na prática clínica sem prejudicar

a predição da distância máxima percorrida no Tc6min (comparando os modelos M1 e

M2). O modelo M1 considerou as cinco regiões do Brasil, enquanto o modelo M2

considerou somente a grande região brasileira 1 (regiões sul, sudeste e centro-oeste) e

grande região brasileira 2 (regiões norte e nordeste).

A curvatura de altura é pouco acentuada na faixa etária de 7 a 12 anos. Apesar

da variável distância máxima percorrida no Tc6min não aumentar linearmente com o

aumento da altura, a utilização dessa variável não melhora significativamente os

resultados.

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35  

Ao testar o efeito da variável frequência cardíaca em um modelo (M6), a

frequência cardíaca de repouso não foi suficiente para explicar o comportamento da

distância máxima percorrida no Tc6min, mas o delta Fc melhora o modelo (M1, M2, M6,

M7 e M8), podendo ser observado através da diminuição dos erros.

O modelo M8, que utiliza altura, foi semelhante ao modelo M7, que utiliza idade e

ambos poderiam ser aplicados com resultados similares. No entanto, estes modelos

incluem a interação Sexo*Idade e Sexo*Altura mas os modelos M1 e M3 fornecem

melhores resultados sem a necessidade de incluir essa interação, portanto, com melhor

aplicabilidade na prática clínica. Entre os modelos M1 e M2, a diferença consiste

apenas na substituição da variável região brasileira pela variável grande região

brasileira (GR).

A escolha da equação para predizer a distância máxima percorrida no Tc6min se

deu após analisar o comportamento dos modelos de equações nos dois grupos (grupo

equação com 1364 crianças e grupo teste com 132 crianças), através da observação do

erro médio, desvio-padrão do erro e erro quadrático médio ( que é uma medida da

magnitude dos erros na qual não é levado em consideração se a estimativa é maior ou

menor que o valor observado). O ideal é que o erro médio seja próximo de zero, com

desvio-padrão baixo e erro quadrático médio baixo. O erro médio no grupo equação foi

zero, pois a equação foi elaborada utilizando o próprio grupo, portanto, sem chances de

erro, como observado na primeira coluna da tabela 7. Os valores de erro médio no

conjunto teste são negativos, pois na verdade os modelos estão subestimando em

média a distância percorrida pelos indivíduos do conjunto de teste. Os modelos M1, M2,

M7 e M8 apresentaram menor dispersão analisando esses três requisitos (erro médio,

desvio padrão do erro e erro quadrático médio) (Tabela 7).

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36  

Tabela 7. Análise dos modelos de equações testadas

M1 a M9- Modelos de equações testados. Grupo equação (1364 crianças) e Grupo teste (132 crianças)

A conclusão geral da comparação entre os modelos é que as variáveis “Sexo”,

“Região”, “Idade” e “Delta Fc” explicam melhor a distância máxima percorrida no

Tc6min, enquanto “Altura” (M3, M5 e M9) e “IMC” (M6) apresentaram maior dispersão

nos critérios de análise (erro médio, desvio padrão do erro e erro quadrático médio).

Tendo em vista a praticidade na aplicação das equações, o procedimento foi

repetido para tentar ajustar modelos de forma separada para o sexo masculino e da

mesma forma para o sexo feminino.

O ajuste de modelos de equações separadas por sexo (masculino e feminino)

reduz uma variável no modelo (Sexo) e, caso exista interação entre a variável “sexo”

com alguma outra do modelo, essa interação não precisa ser analisada. Isso facilita a

interpretação, já que elimina a necessidade de termos que testar interações como

Sexo*Altura, que pode indicar que a altura interfere na distância máxima percorrida no

Tc6min, porém de maneira diferente dependendo do sexo, podendo inclusive ter um

efeito inverso para cada sexo (Ex.: meninos mais altos e meninas mais baixas

caminham distâncias maiores que meninos mais baixos e meninas mais altas,

respectivamente).

Os modelos testados tanto para o sexo masculino como para o feminino foram

os mesmos. Dessa forma, para o modelo masculino e feminino, foram testadas

separadamente as equações abaixo para cada sexo (M1 a M7): M1: Distância = β_1 Idade+β_2 GR

Modelo Erro médio Desvio-padrão do erro Erro quadrático médio

Grupo equação

Grupo teste

Grupo equação

Grupo teste

Grupo equação

Grupo teste

M1 0 -9,05 73,52 78,06 5401,62 6128,68 M2 0 -9,40 74,36 78,79 5525,58 6249,49 M3 0 -8,53 87,86 89,31 7714,27 7988,72 M4 0 -8,54 87,83 89,28 7707,68 7983,65 M5 0 -9,88 75,54 79,99 5701,78 6446,83 M6 0 -9,07 76,54 84,49 5854,49 7166,27 M7 0 -9,32 74,18 78,60 5498,82 6218,37 M8 0 -9,54 74,79 79,81 5589,32 6411,59 M9 0 -7,12 85,89 86,73 7371,95 7515,17

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37  

M2: Distância = β_1 Idade+β_2 Peso+β_3 GR

M3: Distância = β_1 Idade+β_2 IMC+β_3 GR

M4: Distância = β_1 Altura+β_2 GR

M5: Distância = β_1 Idade+β_2 Delta Fc+β_3 GR

M6: Distância = β_1 Idade+β_2 Delta Fc+β_3 Peso+β_4 GR

M7: Distância = β_1 Altura+β_2 Delta Fc+β_3 GR

Todos os modelos foram ajustados sem o coeficiente 𝛽! para facilitar a

interpretação. A variável Região do Brasil foi utilizada em apenas um dos modelos para

verificar se o resultado é significativamente melhor que o obtido com GR, porém a

substituição da variável região pela variável GR não prejudica o modelo.

Os modelos M5, M6 e M7 apresentaram desempenho semelhante no grupo

equação. É possível verificar que altura e idade contribuem praticamente da mesma

forma na descrição da distância. Apesar de peso e altura serem fortemente

correlacionados (r=0,8), a correlação entre idade e peso é mais fraca (r=0,6), portanto o

modelo M7 é igual ao M6, acrescentando a variável peso. No grupo teste, o

desempenho dos modelos M5, M6 e M7 também foi semelhante (Tabela 8).

Tabela 8. Análise dos modelos de equações por sexo

Modelo Erro médio Desvio-padrão do erro Erro quadrático médio

Grupo equação

Grupo teste

Grupo equação

Grupo teste

Grupo equação

Grupo teste

Masculino M1 0 -6,76 86,72 91,51 7509,41 8293,33 M2 0 -6,46 86,66 91,66 7498,20 8315,34 M3 0 -6,38 86,64 91,88 7495,20 8354,02 M4 0 -7,69 88,69 94,09 7853,41 8778,03 M5 0 -9,63 74,36 79,59 5521,67 6330,96 M6 M7

0 0

-9,05 -9,29

74,07 74,53

80,21 81,32

5477,61 5551,844

6417,75 6067,43

Feminino

M1

0

-8,98

84,94

82,74

7205,04

6822,46 M2 0 -9,25 84,06 83,72 7055,34 6987,65 M3 0 -9,79 84,14 82,63 7068,93 6819,79 M4 0 -9,28 84,69 83,51 7162,65 6954,26 M5 0 -9,14 73,75 77,12 5431,03 5940,53 M6 0 -9,38 72,9 78,03 5306,59 6084,17 M7 0 -9,29 74,56 77,93 5551,90 6067,45

M1- M7: Modelos de equações testadas

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38  

Os resultados observados para o sexo feminino foram parecidos com os do sexo

masculino, ou seja, M5, M6 e M7 forneceram boas estimativas para a distância

percorrida no Tc6min, tanto no grupo equação quanto no grupo teste (Tabela 8).

Testando os coeficientes dos modelos M5, M6 e M7 para o sexo masculino e

feminino, após utilizar todos os critérios para desempate, concluímos que o modelo M6

é o mais apropriado para predizer a distância percorrida e chegou-se aos seguintes

resultados:

Para o sexo masculino:

Distância = 16,86*Idade+1,89*DeltaFc-0,80*Peso+336,91GR1+360,91GR2

Para o sexo feminino:

Distância = 13,54*Idade+1,62*DeltaFc-1,28*Peso+352,33GR1+394,81GR2

A única diferença na aplicabilidade das equações para os sexos masculino e

feminino, é o valor dos coeficientes utilizados para as variáveis utilizadas (tabela 9).

Esses coeficientes mostram o peso de cada variável e seu comportamento em

predizer a distância máxima percorrida no Tc6min, como, por exemplo, o coeficiente da

idade: quer dizer que a cada ano que envelhece, a distância percorrida aumenta em

média 16,86 metros no sexo masculino e 13,54 metros no sexo feminino. O coeficiente

do delta Fc quer dizer que com o aumento de uma unidade dessa variável, a distância

percorrida aumenta 1,89m no sexo masculino e 1,62 metros no sexo feminino. Já o

peso é negativo, pois demonstra que essa variável traz efeito contrário na distância

percorrida: quanto maior o peso, menor a distância percorrida. Para os coeficientes da

variável grande região, se a criança for do sexo masculino e da grande região 1, soma-

se 336,53 metros à equação e se for da grande região 2 soma-se 360,91 metros. Se a

criança for do sexo feminino soma-se 352,33 metros se grande região 1 (GR1) e 394,81

se grande região 2 (GR2). O valor de p descrito na tabela 9, mostra que todas essas

variáveis são significativas em predizer a distância percorrida no Tc6min.

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39  

Tabela 9. Coeficientes utilizados nos modelos de equações testadas por sexo

Coeficiente

Desvio-Padrão

t

p-valor

MASCULINO idade

16,86

2,08

8,08

< 0,001*

Delta Fc 1,89 0,12 15,60 < 0,001* peso -0,80 0,34 -2,30 0,021* GR1 336,53 16,49 20,40 < 0,001* GR2 360,91 16,316 22,121 < 0,001* FEMININO idade 13,54 2,09 6,47 < 0,001* Delta Fc 1,62 0,10 15,14 < 0,001* peso -1,28 0,31 -4,04 < 0,001* GR1 352,33 16,40 21,47 < 0,001* GR2 394,81 16,09 24,53 < 0,001* GR1- Grande região Norte; GR2- Grande região Sul. Teste t de student. Para significância estatística, p<0,05*. A equação foi gerada utilizando o grupo equação (1364 crianças) e pode-se

observar o comportamento das crianças, ao correlacionar a distância máxima percorrida

no Tc6min com a distância estimada (figura 4). Logo em seguida, a equação foi testada

no grupo teste (132 crianças) e a mesma correlação foi realizada (figura 5). Percebe-se

o mesmo comportamento em ambos os grupos.

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40  

Sexo maculino Sexo feminino

Figura 4. Correlação dos valores previstos pela equação de referência proposta com a distância absoluta percorrida durante o teste de caminhada no grupo equação. Correlação de Pearson (R = 0,608; p< 0,001 no sexo masculino e R = 0,601; p<0,001 no sexo feminino).

Sexo masculino Sexo feminino

Figura 5. Correlação dos valores previstos pela equação de referência proposta com a distância absoluta percorrida durante o teste de caminhada no grupo teste. Correlação de Pearson (R=0,598 no sexo masculino e R=0,519 no sexo feminino).

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41  

Uma das suposições do modelo é a de que os erros apresentam distribuição

Gausssiana em torno do zero, e é possível verificar se esse pressuposto é válido

através do gráfico quantil-quantil (Q-Q plot). Caso os erros tenham uma distribuição

normal, os quantis observados devem se comportar de maneira semelhante ao que

seria esperado na distribuição normal e quando isso ocorre, os pontos no gráfico se

ajustam a uma reta inclinada a 45º. Quanto mais afastado desse padrão esperado de

comportamento, mais evidências de que os erros seguem outra distribuição de

probabilidade, ou de que alguma variável importante não foi incluída no modelo e que

foi erroneamente tratada como erro aleatório. Tanto para o sexo masculino quanto para

o feminino, os erros apresentaram um comportamento normal, como pode ser visto nos

gráficos abaixo (Figura 6).

modelo masculino modelo feminino

Quantis teóricos da normal padrão

Figura 6. Representação gráfica quantil-quantil da distribuição normal

Para os homens, 50% dos erros cometidos estava no intervalo entre -52,75 e

51,12 metros (aproximadamente 50 m para mais ou para menos) e 80% dos erros

cometidos estava no intervalo entre -101,11 e 90,84 m (aproximadamente 100 m para

mais ou para menos). Para as mulheres, 50% dos erros cometidos estava no intervalo

entre -47,70 e 47,65 metros (menos que 50 m para mais ou para menos) e 80% dos

erros cometidos estava no intervalo entre -93,28 e 91,01 metros (menos que 95 m para

mais ou para menos) (Tabela 10).

Qua

ntis

obs

erva

dos

nos

dado

s  

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42  

Tabela 10. Porcentagem dos erros nos modelos de equações testadas

  Mínimo   1º  Decil  

1º  Quartil  

Mediana   3ª  Quartil  

9º  Decil  

Máximo  

Masculino   -­‐228,10   -­‐101,11   -­‐52,75   5,42   51,12   90,84   223,30  Feminino   -­‐259,20   -­‐93,28   -­‐47,70   0,26   47,65   91,01   272,30  

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43  

6. DISCUSSÃO

Este estudo estabeleceu valores de referência e elaborou uma equação para

predizer a distância máxima percorrida no TC6min em crianças saudáveis no Brasil. As

variáveis que predizem a distância percorrida são: idade, peso, grande região e

variação da frequência cardíaca durante o teste.

Além disso, nossa equação quando testada numa amostra independente,

cometeu erros de aproximadamente 10 metros em média.

O nosso estudo possui algumas limitações. A amostra não foi aleatorizada e o

perfil sócio socioeconômico dos participantes não foi avaliado. Alem disso, as crianças

foram separadas pela idade cronológica e não pela idade de maturação sexual.

Uma revisão sistemática publicada recentemente5 analisou os valores de

referência para o Tc6min em crianças estabelecidos pelo mundo e identificou que pode

haver uma variação de até 159 metros entre um país e o outro21,26. Isso é de grande

importância clínica, se considerarmos a diferença minimamente significativa já

estabelecido em várias populações adultas, tais como 3237 metros para a insuficiência

cardíaca, 25 metros para doença arterial coronariana38 e 30 metros para a doença

pulmonar obstrutiva crônica39. Contudo, na literatura, nenhuma diferença minimamente

significativa está disponível para crianças.

Nosso estudo mostrou uma variação na distância média percorrida no TC6min

entre as regiões do Brasil. Ao comparar com os valores mundiais, encontramos um

valor médio total de distância percorrida de 518,4m, se equiparando com os valores dos

EUA (518m).

Ao comparar a média de distância percorrida no TC6min do nosso estudo com o

único estudo brasileiro que avaliou o mesmo desfecho em crianças saudáveis em Porto

Alegre, identificamos uma diferença de 61 metros. Nesse estudo brasileiro30, os autores

fizeram a correlação dos achados do estudo com outros já publicados no mundo e seus

dados se correlacionaram fortemente com os de crianças austríacas19 e

moderadamente com crianças chinesas20. Como o estudo foi realizado numa única

localização do país, acreditou-se que provavelmente a população consistiu

principalmente de indivíduos de ascendência européia.  

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44  

O modelo da equação de Porto alegre30 não mostrou influência significativa para

a variável sexo, divergindo do nosso estudo, assim como de outros modelos

mundiais19,20.

Considerando uma variação dos valores de referência pelo mundo e entre a

equação estabelecida em Porto Alegre, acreditamos ser necessária cautela ao se

utilizar um valor de referência outro que não aquele estabelecido para a sua população.

Um erro significativo de interpretação do teste pode ocorrer.  

Um fato relevante para aplicabilidade do TC6min, é seguir as diretrizes da ATS2.

A diferença percebida entre os diversos países pode ter tido influência da divergência

na metodologia do exame. Nosso estudo seguiu estas normas, corroborando com a

maioria dos estudos que estabeleceram valores de referência para o TC6min em

crianças19-25.

As variáveis mais prevalentes nas equações de referência utilizadas para

crianças43, foram altura (100%), frequência cardíaca (80%), idade (70%) e peso (60%),

o que condiz com nosso estudo, onde apenas a variável altura não foi utilizada na

equação. Um detalhe que foi observado é que nessa faixa etária a altura não sofre

grandes variações, por isso, utilizar a idade pode trazer uma informação mais concreta.

Outro ponto é que a altura interfere na distância, porém de maneira diferente

dependendo do sexo, podendo inclusive ter um efeito inverso (Ex.: meninos mais altos

e meninas mais baixas caminham distâncias maiores que meninos mais baixos e

meninas mais altas, respectivamente). Esta prevalência não foi surpreendente porque

são variáveis associadas com o desempenho do exercício.

É interessante que as variáveis sejam correlacionadas com a distância, pois isso

permite prever/descrever melhor o comportamento dessa variável. Além disso, as

variáveis idade, peso, altura e IMC apresentam correlação moderada entre si e devem

ser analisadas com cautela para evitar multicolinearidade (a contribuição que elas

fornecem ao modelo é redundante, ou seja, a informação que uma delas acrescenta já

foi obtida a partir da outra). Apesar dessas variáveis não apresentarem correlação tão

alta com a distância, talvez esta associação se manifeste de maneira diferente entre os

sexos masculino e feminino ou entre as diferentes regiões.

O Delta de Fc (Fc inicio e no sexto minuto do teste) utilizado na equação,

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45  

costuma estar associado ao desempenho físico máximo. A melhor relação entre Vo2 e

Fc se dá pelo percentual da Fc de reserva pelo percentual do Vo2 de reserva46. Quando

testada na equação somente a Fc de repouso, ela não foi suficiente para explicar o

comportamento da distância, mas o delta Fc melhorou o modelo da equação. Alguns

estudos15,36,39 corroboram com o nosso, ao utilizar o delta Fc para predizer a distância

percorrida no Tc6min.

Relacionando a idade, é sabido que as crianças mais velhas têm melhor

desempenho do exercício do que os mais jovens16. Isso pode ser um reflexo da maior

estatura e maior influência de hormônios anabólicos ao longo do crescimento47. Na

maioria dos estudos que até então elaboraram equações para predizer a distância

máxima percorrida15,16,39,40 a idade foi uma variável importante, corroborando com

nosso estudo.

Em adultos, sabemos que a capacidade de exercício pode diminuir de 8% a 10%

por década em populações de ambos os sedentários e esportivas48. Assim como

adultos com maior peso tendem a ter menor capacidade de exercício, sabe-se que esse

comportamento pode seguir em crianças46. O peso tem sido também preditivo para a

distância percorrida no Tc6min em crianças15,16,39,40, como foi nesse estudo.

Ao se utilizar a variável grande região brasileira nesse estudo, admite-se que

existem variações nas distâncias nas diferentes regiões do país, como identificado

nesse estudo. Dessa forma, os centros mais próximos geograficamente fazem parte de

uma mesma “Grande Região”. Por exemplo, a diferença SE-NE foi observada de

maneira recorrente e não parece ser por acaso, mas não significa que 20,6m seja uma

grande diferença para efeitos práticos. Em nenhum estudo foi utilizado essa variável;

acreditamos que a depender da extensão territorial desse país, os valores podem variar

e isso pode ser um viés na interpretação.

Esta variável grande região melhorou muito o modelo (erro quadrático, erro

padrão e erro médio bem menores) na capacidade de predizer a distância percorrida

para crianças brasileiras. Na aplicabilidade da equação, fica a critério do investigador

utilizar ou não essa variável. Caso não queira utilizar, basta que o investigador coloque

zero ao multiplicar pelo coeficiente GR1 ou GR2. Portanto, recomenda-se utilizá-la,

visto maior fidedignidade em predizer a distância.

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46  

Na maioria dos estudos, a validade da equação de referência TC6 foi investigada

comparando a distância prevista para a distância medida com outros estudos

publicados. O nosso estudo também testou a equação criada, porém numa amostra

independente, demonstrando a viabilidade e erros de apenas 10 metros.

Diante do exposto, e do que é mundialmente conhecido, na prática clínica os

valores de referência podem ser utilizados baseados no ponto de corte, analisado

através da distância média percorrida ou através de uma equação preditora. Pode-se

utilizar tanto um, quanto o outro. Por exemplo: uma criança saudável de 8 anos, sexo

masculino, 1,42 metros de altura, 40 kg, residente na região nordeste do Brasil, num

pós operatório, com frequência cardiaca de repouso de 85 bpm e no sexto minuto do

teste Fc de 93bpm. Ao ser avaliada no hospital caminhou uma distância de 380 metros

no Tc6min. Era predito para ela a faixa de 504 a 420 metros percorridos baseado na

tabela 11. Pode-se predizer também a distância através do uso da equação:

Dist=16,86*Idade+1,89*Delta Fc-0,80*Peso+336,91GR1+360,91GR2 chegando-se no

resultado de 478,9 metros, que prediz o valor dentro da faixa de normalidade (Caso o

pesquisador não queira identificar a variável grande região, basta somar os valores de

das variáveis GR1 e GR2 e dividir por dois, ciente que esta variável ajuda a melhor

predizer o resutado). Tal achado reflete redução na capacidade física e aptidão

cardiorrespiratória (cerca de 40 metros abaixo do mínimo esperado). Através disso, a

equipe de reabilitação estabelece um plano de tratamento, objetivando

restabelecimento da capacidade física, que se dará no momento em que ao repetir o

teste, a criança atingir os valores de normalidade para sua faixa etária.

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47  

7. CONCLUSÃO

Este estudo encontrou valores de referência para a distância máxima percorrida

no Tc6min em crianças saudáveis no Brasil, que foram influenciados pelasvariáveis

idade, peso, localidade e variação da frequência cardíaca.

Foram também geradas as seguinte equações para predizer a distância máxima

percorrida no Tc6min, para o sexo masculino e para o sexo feminino em crianças

saudáveis no Brasil.

Além disso, a equação estabelecida neste estudo conseguiu predizer a distância

máxima percorrida, com erros de aproximadamente 10 metros em média, quando

testada numa amostra independente.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estabelecimento de valores de referência e equações para predizer a distância

máxima percorrida no TC6min para crianças no Brasil, proporciona condição de uma

interpretação fidedígna do teste na pesquisa e na prática clínica.

Sugerimos que as equações preditoras para o teste de caminhada de seis

minutos em crianças sejam utilizadas nos guidelines, agora também já existente no

Brasil. Agradecemos o apoio da Fapitec-SE, que financiou este estudo através

da CHAMADA MS/CNPq/FAPITEC/SE/SES – Nº 02/2013.

                                         

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REFERÊNCIAS

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15 Geiger R, Strasak A, Treml B, et al. Six- minute walk test in children and adolescents. J Pediatr. 2007;150:395–399, e1–e2.  16 Li AM, Yin J, Yu CCW, Tsang T, HK SO, Wong E, et al. The six-minute walk test in healthy children: reliability and validity. Eur Respir J. 2005;25:1057–1060.  17 Saad HB, Prefaut C, Missaoui R, Mohamed IH, Tabka Z, Hayot M. Reference Equation for 6-min Walk Distance in Healthy North African Children 6–16 Years Old. Pediatric Pulmonology. 2009;44:316–324.  18  Rahman SAA, Alnegimshi AA. Normative Values of Six-Minute Walk Distance for Healthy Saudi Girls. World Applied Sciences Journal. 2014; 32 (8): 1721-1730.  19  Gatica D, Puppo H, Villarroel G, et al (2012). Valores de referencia test de marcha de seis minutos en niños sanos. Rev Med Chile.140: 1023-30.  20  Lammers; AE, Hislop AA, Flynn Y, Haworth SG. The 6-minute walk test: normal values for children of 4–11 years of age. Arch Dis Child. 2008;93:464–468. DOI:10.1136/adc.2007.123653  21  Tonklang N, Roymanee S, Sopontammarak S. Developing Standard Reference Data for Thai Children from a Six-Minute Walk Test. J Med Assoc Thai. Prince of Songkla University, Hat Yai, Songkhla, ThailandVol. 2011;94 (4):470-475.  22  Kanburoglu KK, Ozdemir FM, Ozkan S,MD, Tunaoglu FS. Reference Values of the 6-Minute Walk Test in Healthy Turkish Children and Adolescents Between 11 and 18 Years of Age. Respir Care. 2014;59(9):1369 –1375.  23  D’silva C, Prem V, Vaishali K. Six-Minute Walk Test-Normal Values of School Children Aged 7–12 Y in India: A Cross-Sectional Study. Indian J Pediatr. 2012; 79(5):597–601.  24  Ulrich S, Hildenbrand FF, Treder U, Fischler M, Keusch S, Speich R, Fasnacht M. Reference values for the 6-minute walk test inhealthy children and adolescents in

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29 Basset JR, Howley ET. Limiting factors for maximum oxygen uptake and determinants of endurance performance. Med Sci Sports Exerc. 2000;32(1):70-84.

30 Cooper, KH. A means of assessing maximal oxygen intake: correlation between field and treadmill testing. Journal of the American Medical Association, Chicago, v. 203, p.135-138, 1968.  31  Butland RJ, Pang J, Gross ER, Woodcock AA, Geddes DM. Two-, six-, and 12-minute walking tests in respiratory disease. Br Med J (Clin Res Ed). 1982; 284 (6329): 1607-8. 32  Kempen JC, Harlaar J, van der Kooi AJ, de Groot IJ, van den Bergen JC, Niks EH, Verschuuren JJ, Brehm MA. Reliability of the walking energy cost test and the six-minute walk test in boys with duchenne muscular dystrophy.Neuromuscu Disord. 2014;24(3):216-21  33 Priesnitz CV, Rodrigues GH, Stumpf Cda S, ViapianaG, Cabral CP, Stein RT, Marostica PJ, Donadio MV. Reference values for the 6-min walk test in healthy children aged 6–12 years. Pediatr Pulmonol. 2009;44:1174–1179.  34 Lesser DJ, Fleming MM, Maher CA, Kim SB, Woo MS, Keens TG. Does the 6-min walk test correlate with the exercise stress test in children? Pediatr Pulmonol 2010; 45: 135-140.  

35 Limsuwan A, Wongwandee R, Khowsathit P. Correlation between 6-min walk test and exercise stress test in healthy Children. Acta Pædiatrica/Acta Pædiatrica. 2010;99, pp. 438–441.  

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37 Shoemaker MJ, Curtis AB, Vangsnes E, Dickinson MG. Clinically meaningful change estimates for the six-minute walk test and daily activity in individuals with chronic heart failure. Cardiopulm Phys Ther J. 2013;24(3):21-9.  38 Gremeaux V, Troisgros O, Bena.m S, Hannequin A, Laurent Y, Casillas JM, et al. Determining the minimal clinically important difference for the six-minute walk test and the 200-meter fast-walk test during cardiac rehabilitation program in coronary artery disease patients after acute coronary syndrome. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(4):611-9.  39 Polkey MI, Spruit MA, Edwards LD, Watkins ML, Pinto-Plata V, Vestbo J, et al. Six-minute-walk test in chronic obstructive pulmonary disease: minimal clinically important difference for death or hospitalization. Am J Resp Crit Care Med. 2013;187(4):382-6.  40  Alvares GA, Quintana DS, Kemp AH, Van Zwieten A, Balleine BW, Hickie IB, et al. Reduced heart rate variability in social anxiety disorder: associations with gender and symptom severity. PLoS One. 2013;8(7): e70468.  41  Bell J. Parker KL. Swinford RD, Hoffman AR, Maneatis T, Lippe B. Long- term safety of recombinant human growth hormone in children. J Clin Endocrinol Metab. 2010;95(1):167-77.  42  Fletcher GF, Balady GJ, Amsterdam EA, Chaitman B, Eckel R, Fleg J, et al. Exercise standards for testing and training: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association. Circulation. 2001;104(14):1694-740.  43  Norman AC, Drinkard B, McDuffie JR, Ghorbani S, Yanoff LB, Yanovski JA. Influence of excess adiposity on exercise fitness and performance in overweight children and adolescents. Pediatrics 2005; 115: e690-e696.  44  Tanner JM, Whitehouse RH, Marubini E, Resele LF. The growth spurt of boys and girls of the Harpenden Growth Study. Ann Hum Biol 1976;3:109-26.  45 Borg GV. Psychophysical bases of perceived exertion. Med Sci Sports Exercise 1982; 14(5): 377–381. 46 Elloumi M, Makni E, Ounis OB, Moalla W, Zbidi A, Zaoueli M et al. Six-minute walking test and the assessment of cardiorespiratory responses during weight- loss programmes in obese children. Physiother Res Int 2011; 16: 32-42.

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APÊNCICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

____________________________________________________________________

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. NOME: .:............................................................................. ........................................................... DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M □ F □ DATA NASCIMENTO: ......../......../...... ENDEREÇO ................................................................................. Nº ...........................

APTO: .................. BAIRRO: ........................................................................ CIDADE

............................................................. CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............)

......................................................................

2.RESPONSÁVEL LEGAL ..............................................................................................................................

NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ..................................................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M □ F □ DATA NASCIMENTO.: ....../......./...... ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO: ............................. BAIRRO: ................................................................................ CIDADE: ...................................................................... CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)..................................................................................

________________________________________________________________________________________________

DADOS SOBRE A PESQUISA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Valores de referência para o Teste de Caminhada de Seis

Minutos em crianças saudáveis no Brasil

PESQUISADOR : Vitor Oliveira Carvalho

CARGO/FUNÇÃO: Fisioterapeuta INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 61285-F

UNIDADE DO HCFMUSP: Instituto do Coração (InCor – HCFMUSP)

3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

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RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □

4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 2 anos

1 – Essas informações estão fornecidas para a participação voluntária de seu filho(a) nesse estudo que visa estabelecer valores de referência para o Teste de Caminhada de Seis Minutos em crianças saudáveis no Brasil. O teste de caminhada de seis minutos é um teste amplamente usado na prática clínica, porém ainda não existem valores de normalidade para as crianças brasileiras. Inicialmente o responsável pela criança responderá um breve questionário voltado para o histórico recente de saúde da criança. Após esse primeiro contato serão agendados data e local no qual a criança deverá comparecer acompanhada pelo responsável. 2 – Seu filho ficará sentado numa cadeira, por 10 minutos e após este período, serão coletadas medidas simples, indolores e que não vão furar a criança: pressão arterial, freqüência cardíaca e oxigenação do sangue. A pressão arterial será medida através de um aparelho que ficará posicionado no braço do seu filho e fará uma leve pressão por poucos segundos (Esfigmomanômetro) e o pesquisador escutará o pulso passando no braço do seu filho (Estetoscópio) enquanto o aparelho de pressão estiver funcionando. A oxigenação do sangue e a frequência cardíaca serão avaliadas através de um aparelho que possui uma luz vermelha e ficará posicionado no dedo do seu filho (Oxímetro), este aparelho não é invasivo, portanto não causa nenhum tipo de dor ou desconforto e não irá furar a criança. Seu filho realizará um teste onde ele terá de caminhar por seis minutos, em um corredor reto com superfície plana de 30 metros de comprimento por seis minutos. Nesse teste para avaliar sua capacidade física usada no seu dia-a-dia (Teste de Caminhada de Seis Minutos) a criança muito provavelmente não ficará cansada ou sentirá qualquer desconforto. Após os seis minutos, seu filho sentará novamente por mais dois minutos em uma cadeira e dirá ao pesquisador qual o grau de esforço (Escala visual de Borg) que a caminhada causou e serão feitas, novamente, medidas simples e indolores de oxigenação do sangue e frequência cardíaca. E os pesquisadores medirão qual foi a distância total caminhada por seu filho nos sei minutos de teste. Um vídeo demonstrando os procedimentos acima descritos poderá ser acessado por você a qualquer momento no link http://www.youtube.com/watch?v=-da3RxQUMLk&feature=youtu.be. 3 – O teste de caminhada de seis minutos é indolor, oferece riscos mínimos aos participantes e representa esforço muito menor que aquele realizado pelas crianças em suas práticas esportivas regulares, o único possível desconforto é que poderá haver algum tipo de cansaço físico leve. 4 – Não há benefício direto para o participante. Trata-se de estudo experimental para a estabelecimento de valores de referência para o Teste de Caminhada de Seis Minutos em crianças saudáveis no Brasil. O participante contribuirá muito para o estabelecimento desses valores de normalidade nas crianças brasileiras, com estes valores de normalidade estabelecidos será possível interpretar os valores do Teste de Caminhada de Seis Minutos de crianças de futuros estudos com problemas no coração, pulmão e outros tipos de doenças. 5 – Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é o Dr. Lucas de Assis Pereira Cacau que pode ser encontrado na Universidade Tiradentes, Av. Murilo Dantas – Telefone: 98819-5949. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) –Av. Dr.

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Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo” Valores de referência para o Teste de Caminhada de Seis Minutos em crianças saudáveis no Brasil” Eu discuti com o Dr. Lucas de Assis Pereira Cacau sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.

---------------------------------------------------------------------------------------

Assinatura do paciente/representante legal Data / /

---------------------------------------------------------------------------------------

Assinatura da testemunha Data / /

para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual.

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

------------------------------------------------------------------------------------

Assinatura do responsável pelo estudo

Data / /

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APÊNDICE B  Instruções  para  o  Teste  de  Caminhada  de  Seis  Minutos  

 

1.  Materiais  

 

  Para  realizar  o  Teste  de  Caminhada  de  Seis  Minutos,  serão  necessários:  

• Fita  métrica/trena  

• Balança  

• Fitas  adesivas  cores  coloridas  

• Marcadores  de  virada  (dois  cones  ou  duas  cadeiras)  

• Cadeira  que  possa  ser  movida  facilmente  até  o  paciente  

• Oxímetro  para  obtenção  da  Frequência  Cardíaca  e  Saturação  periférica  de  Oxigênio  

• Esfigmomanômetro   automático   ou   analógico   (nesse   caso   será   necessário  

estetoscópio)  

• Cronômetro  digital  (relógio,  celular  ou  algo  semelhante)  

 

2.  Preparação  do  espaço  físico  

 

O  local  do  teste  deve  ter  superfície  plana,  dura  e  reta.  O  corredor  deve  ter  30  metros  

comprimento,    

Mensure   um   percurso   a   ser   utilizado   com   uma   fita   métrica   ou   uma   trena,  

demarcando  com  cones  ou  cadeiras  o  início  e  o  final  do  corredor.  As  cadeiras  ou  os  cones  

deverão  ficar  posicionados  antes  da  linha  final  do  percurso  para  que  a  criança  faça  a  volta  

passando  por  sobre  a  linha  da  marcação.  

Faça  marcações  no  solo  com  a  fita  adesiva  a  cada  3  metros.  

 

3.  Preparação  da  criança  

  Deve-­‐se  realizar  o   teste   individualmente  e  sugere-­‐se  que  sejam  recrutadas  3  (três)  

crianças  por  vez,  no  sentido  de  garantir  a  execução  adequada  do  teste,  livre  de  distrações.    

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                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          A   criança   deve   estar   usando   roupas   confortáveis   e   calçado   apropriado   para  

caminhada.  

  Uma   refeição   leve   é   aceitável   antes   dos   testes   no   início   da  manhã   ou   no   início   da  

tarde.  

  A  criança  não  deve  realizar  atividade  física  intensa  (muito  cansativa)  nas  2  horas  que  

antecedam  o  teste.  

  Quando   recrutar   a   criança,   preencha   os   dados   na   ficha   de   avaliação   do   teste   de  

caminhada  de  seis  minutos.    

A  criança  deverá  ser  pesada  numa  balança  e  medida  com  fita  métrica  para  obtenção  

dos  valores  de  peso  e  altura.    

Preencha  a  ficha  de  avaliação  com  estes  valores,  assim  como  o  horário  de  realização  

do  teste.  

Após   a   coleta   destes   dados   iniciais,   deixe   a   criança   em   repouso   sentada   numa  

cadeira,  próxima  a   linha  de  início  do  teste,    por  pelo  menos  10  minutos.  Após  este  tempo,  

verifique   e   anote   na   ficha   de   avaliação:   Frequência   Cardíaca   e   Saturação   periférica   de  

Oxigênio   utilizando   o   oxímetro,   e   Pressão   Arterial   utilizando   o     esfigmomanômetro   e  

estetoscópio.  

 

4.  Instruções  à  criança  

4.1  Antes  do  teste  

 Explicar  para  a  criança  que  o  objetivo  é  caminhar  a  maior  distância  possível,  porém  

sem  correr,    durante  6  minutos.    

  Esclarecer  que  durante  o  teste,  a  criança  pode  desacelerar  a  caminhada  e  parar,  caso  

haja  necessidade.    

Havendo  interrupção,  o  cronometro  continuará  registrando  o  tempo  da  caminhada.  

Prossiga   com   o   teste   se   houver   condições   de   continuar,   caso   contrário   este   deve   ser  

encerrado.    

Após  explicar  o   teste,  demonstre  o  percurso,   realizando-­‐o  por  uma  volta  completa.  

Apresente  a  Escala  de  Borg  explicando-­‐a.  

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durante  o  teste.  O  examinador  observará  a  criança  a  partir  do  ponto  de  partida  e  assim  que  

a  mesma  começar  a  caminhar,  inicia-­‐se  a  contagem  do  tempo.    

 

4.2  Durante  o  teste  

Frases  de  incentivo  padronizadas  a  cada  minuto  são  utilizadas  durante  o  teste:  

 

Final  1º  minuto:  “Você  está  indo  bem.  Faltam  5  minutos”.  

 

Final  2º  minuto:  “Mantenha  o  bom  desempenho.  Faltam  4  minutos”.  

 

Final  3º  minuto:  “Você  está  indo  bem.  Está  na  metade  do  teste”.  

 

Final  4º  minuto:  “Mantenha  o  bom  desempenho.  Faltam  2  minutos”.  

 

Final  5º  minuto:  “Você  está  indo  bem.  Falta  apenas  1  minuto”.  

 

Quando  faltar  15  segundos  para  o  término  diga:  “A  qualquer  momento  direi  à  você  para  

parar.  Quando  eu  disser,  pare  onde  estiver,  que  eu  irei  até  você”.  

 

Para  cada  volta  completa  (ida  e  volta)  que  a  criança   fizer,  marque  preenchendo  os  

quadrados  na  ficha  de  avaliação.  

 

4.3  Final  do  teste  

Quando  completar  o  6o  minuto,  diga  “Pare!”  Caminhe  até  a  criança  com  uma  cadeira  

para  ela  se  sentar,  posicione  o  oxímetro  para  verificar  a  Frequência  Cardíaca  e  a  Saturação  

periférica   de  Oxigênio,  mostre   a   Escala   de   Borg   questionando   a   percepção   de   esforço   da  

criança   após   o   teste,   anotando   o   Borg,   Frequência   Cardíaca   e   a   Saturação   periférica   de  

Oxigênio.  

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na  ficha  de  avaliação  os  valores  de  Frequência  Cardíaca  após  1  e  2  minutos.  

Marque  o  local  em  que  a  criança  parou  na  última  volta  e  anote  a  distância  adicional  

percorrida  (o  número  de  metros  na  última  volta  parcial  caso  essa  seja  incompleta).  Calcule  

a  distância  total  percorrida  e  anote  na  ficha  de  avaliação.  

Sugere-­‐se  parabenizar  a  criança.  

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Caro Dr(a) XXXXXX, nome da instituição

A Unidade de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do Instituto do Coração do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor HC-

FMUSP) iniciará um estudo multicêntrico para obter valores de referência do Teste de

Caminhada de Seis minutos em crianças no Brasil. Do ponto de vista metodológico,

este é o primeiro estudo com poder e metodologia adequadas contemplando todas as

regiões do Brasil.

Gostaríamos de convida-lo para participar dessa importante pesquisa para o

Brasil e saber se existe um interesse em fazer parte do nosso estudo coletando dados

da sua região.

O envolvimento do centro não implicará em nenhuma contra partida financeira,

porém cada centro indicará um pesquisador para ser co-autor deste importante estudo.

Para inclusão do seu centro serão necessários um corredor de 30 metros e

materiais como: oxímetro, balança, trena, esfigmomanômetro/ estetoscópio, cronômetro

(relógio, celular). Seu centro avaliará xxx crianças.

Aguardamos sua resposta.

Saudações,

Dr. Vitor Oliveira Carvalho

Prof. Dr. Marcelo Jatene

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APÊNDICE D

CARTA DE ANUÊNCIA

Eu ______________________________________ aceito participar da pesquisa

“Valores de referência para o Teste de Caminhada de Seis Minutos em crianças

saudáveis no Brasil”.

Declaro que os pesquisadores Dr. Vitor Oliveira Carvalho e Lucas de Assis

Pereira Cacau me explicaram todas as questões sobre o estudo que vai acontecer.

Compreendi que não sou obrigado(a) a participar da pesquisa, eu decido se quero

participar ou não.

Os pesquisadores me explicaram também que farei 1 (um) exame que não

causará dor, para medir minha capacidade física (teste de caminhada de seis minutos).

Sei, também, que posso desistir a qualquer momento, se assim desejar.

_____________, ____ de __________ de 2013.

Sujeito da pesquisa

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APÊNDICE E

FICHA  DE  TRIAGEM  

Senhores   pais,   gostaríamos   que   preenchessem   esse   formulário   com   informações   de   seu  

filho,  caso  aceite  participar  nossa  avaliação.  Havendo  alguma  dúvida,  disponibilizamos  um  

vídeo   explicativo   que   pode   ser   acessado   no   http://www.youtube.com/watch?v=-­‐

da3RxQUMLk&feature=youtu.be.  

             

Nome  da  criança:_______________________________________________________  

Idade:  ___________       Telefone  para  contato:  __________________________  

E-­‐mail  do  responsável:  __________________________________________________  

Seu  filho  possui  alguma  dificuldade/limitação  física/doença  que  o  impossibilita  de  realizar  

atividades  físicas?               �  Sim     �  Não  Qual?___________________________________  

Seu  filho  pratica  alguma  atividade  física  regular?     �  Sim                          �  Não  

Há  quanto  tempo?  _______________                    

Modalidade:_______________            Quantas  vezes  por  semana?  _________________  

Em  relação  a  atividade  física,  como  considera  seu  filho?  

�Sedentário           �Insuficientemente  ativo      

�Ativo          �Muito  ativo  

Seu  filho  ficou  doente  nas  últimas  duas  semanas?       �  Sim                 �  Não  O  que  ele  teve?  __________________________________  

Seu  filho  toma  alguma  medicação?           �  Sim     �  Não  Qual?  __________________________________  

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APÊNDICE F Ficha  de  Avaliação  -­‐  Teste  de  Caminhada  de  Seis  Minutos  (TC6’)  Centro  

n°:     Nome:  _____________________________________________________________      Idade:  __________anos    Peso:  __________kg                    Altura:  ____________m       Horário  de  realização  do  Teste:________  

               

  Repouso   Final   Após  1  minuto   Após 2 minutos                

FC (bpm)                

SpO2 (%)                

PAS (mmHg)                

PAD (mmHg)                

Escala de Borg

Marque  um  quadrado  a  cada  volta  completa   ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐

☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐ ☐

Última  volta  ___________________metros  Distância total percorrida: _______________________________ metros Atividade Física ( ) Sim - ( ) Não Tempo Que Pratica________________________________________________ Modalidade______________________________________________________ x/Semana________________________________________________________ Percepção dos pais_________________________________________________

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   Aferição dos sinais vitais, medidas antropométricas e repouso por 10min.

Explicação e início do teste

Finalização do teste após 6 minutos, aferição dos sinais vitais e medicão da distância

percorrida

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FACULDADE DE MEDICINA DAUNIVERSIDADE DE SÃO

PAULO - FMUSP

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Pesquisador:

Título da Pesquisa:

Instituição Proponente:

Versão:CAAE:

Valores de referência para o Teste de Caminhada de Seis Minutos em criançassaudáveis no Brasil

vitor oliveira carvalho

FUNDACAO FACULDADE DE MEDICINA

108827713.1.1001.0065

Área Temática:

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Número do Parecer:Data da Relatoria:

295.90929/05/2013

DADOS DO PARECER

PROJETO MUITO BEM APRESENTADOApresentação do Projeto:

eSTUDO POULACIONAL TRANSVERSAL MULTI-INSTITUCIONAL PARA O CÁLCULO DO VALOR DEREFERÊNCIA PARA O TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM CRIANÇAS SAUDÁVEIS NO

Objetivo da Pesquisa:

NÃO HÁ RISCOS. BENEFÍCIO RELEVANTE DO PONTO DE VISTA FISIOLÓGICO.Avaliação dos Riscos e Benefícios:

PESQUISA BEM PROJETADA E ELABORADAComentários e Considerações sobre a Pesquisa:

APRESENTAÇÃO ADEQUADAConsiderações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Recomendações:

SEM PENDÊNCIASConclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

AprovadoSituação do Parecer:

Financiamento PróprioPatrocinador Principal:

01.246-903

(11)3061-8004 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

DOUTOR ARNALDO 455PACAEMBU

UF: Município:SP SAO PAULO

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Escala  de  Esforço  Percebido  Modificada  de  Borg    

 

   

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