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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Parasitologia Dissertação Leishmaniose visceral canina: Investigação clínica, laboratorial e epidemiológica em cães de canís de doze municípios do Rio Grande do Sul Lourdes Caruccio Hirschmann Pelotas, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Parasitologia

Dissertação

Leishmaniose visceral canina: Investigação clínica, laboratorial e epidemiológica em cães de

canís de doze municípios do Rio Grande do Sul

Lourdes Caruccio Hirschmann

Pelotas, 2013

LOURDES CARUCCIO HIRSCHMANN

LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: Investigação clínica, laboratorial e epidemiológica em cães de canís de

doze municípios do Rio Grande do Sul

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (área do conhecimento:

Parasitologia).

Orientador: Prof. Dr. Claudiomar Soares Brod

Pelotas, 2013

Dados de catalogação na fonte: Ubirajara Buddin Cruz – CRB-10/901

Biblioteca de Ciência & Tecnologia – UFPel

H669l Hirschmann, Lourdes Caruccio

Leishmaniose visceral canina: Investigação clínica, laboratorial e epidemiológica em cães de canís de doze municípios do Rio Grande do Sul / Lourdes Caruccio

Hirschmann. – 65f. – Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas. Instituto de Biologia. Departamento de Microbiologia

e Parasitologia. Pelotas, 2013. – Orientador Claudiomar Soares Brod.

1.Parasitologia. 2.Leishmania chagasi. 3.Hemoparasita. 4.Zoonose. 5.Diagnóstico. I.Brod, Claudiomar Soares. II.Título.

CDD: 616.9364

H669l Hirschmann, Lourdes Caruccio

Leishmaniose visceral canina: Investigação clínica, laboratorial e epidemiológica em cães de canís de doze municípios do Rio Grande do Sul / Lourdes Caruccio

Hirschmann. – 65f. – Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas. Instituto de Biologia. Departamento

de Microbiologia e Parasitologia. Pelotas, 2013. – Orientador Claudiomar Soares Brod.

1.Parasitologia. 2.Leishmania chagasi. 3.Hemoparasita. 4.Zoonose. 5.Diagnóstico. I.Brod,

Claudiomar Soares. II.Título.

CDD: 616.9364

Banca examinadora:

_____________________________________ Médica Veterinária Drª. Anelise Afonso Martins

_____________________________________ Prof. Dr. Carlos James Scaini

_____________________________________ Profª.Drª. Nara Amélia da Rosa Farias

_____________________________________

Prof. Dr. Claudiomar Soares Brod (Orientador)

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Jaime e Georgeta, meu marido Léo Vítor, minha irmã

Ana Délia, meus amigos e animais, por tudo que representam na minha vida!

Agradecimentos

Agradeço a Deus por estar sempre me iluminando e me dando graças. E agradeço a

Ele por tudo que vou agradecer abaixo, pois nada é meu, é dEle tudo o que tenho!

Aos meus pais por acreditarem em mim, pelo apoio, pela paciência comigo em

tantos momentos, pelo ensinamento deixado, pelo amor dado de tantas formas, pela

dedicação desde sempre, principalmente por não me deixarem desistir nos

momentos de dificuldade, e simplesmente por serem os melhores pais que eu

poderia ter na vida.

Ao Léo Vítor, meu marido, que tanto me ajudou nesta caminhada, me mostrando o

melhor de mim, me dando forças nos momentos em que precisei, principalmente por

ter apoiado e participado ativamente junto comigo neste estudo desde o começo, me

acompanhando nas partes práticas de coleta, ajudando a segurar os cães, pelas

idas ao laboratório aos fins de semana, perdendo de aproveitar para me auxiliar

lavando o material do projeto, pelas muitas edições de mapas e figuras do projeto,

me acompanhando até altas madrugadas, deixando de lado seus próprios interesses

para me ver feliz, resumindo por ser este amor que és, sempre disposto a ajudar,

sem reclamar, sem vacilar, sem pensar duas vezes, estando ao meu lado dia após

dia pro que der e vier!

Aos animais, especialmente os meus gatinhos (Ariel, Alemão e Gatão) e minhas

cachorras (Sol e Chiquita) por serem uma companhia verdadeira, acolhedora,

divertida em todos os momentos da minha vida, amo vocês muito!!

A todos meus amigos que de alguma forma se colocaram no meu lugar e

entenderam os momentos que estive distante por motivos de estudo, por motivo de

crescimento profissional, em especial as amigas que sempre estiveram presentes de

todas as formas possíveis nesta fase da minha vida, Rosália Garcia Neves, Carolina

Rodeghiero, Diana Penha e Juliana Berny, que em momentos marcantes estiveram

presentes me dando forças para chegar onde estou agora!

Aos amigos Pedritenses, Anelise Martins e família, Cíntia e João, Ida Maria de

Oliveira, Sherol Rodrigues e família, Thaís e Jansen, Daniele e Alex, Vanessa

Nunes, pessoas queridas e maravilhosas, que tenho tanto carinho, me ajudaram em

momentos de dificuldade com uma palavra amiga, com apoio, momentos em que

estive longe da família, com tantas responsabilidades e muitas vezes sem saber a

quem recorrer, quando eu estava com medo e insegura no trabalho e na nova

cidade, vocês foram um porto seguro, estiveram ao meu lado para me mostrar o

lado bom de tudo! Uma nova família que não importa onde eu estiver vou levar

comigo!

A coordenação da Universidade Federal do Pampa - Campus Dom Pedrito, em

especial a Diretora Nádia Bucco, que em todo momento autorizou meus

afastamentos para esta qualificação, pela amizade e empenho em proporcionar o

meu bem-estar e crescimento profissional. Muito obrigado!

Aos amigos do laboratório do CCZ/UFPel, Joana Caetano, Vanessa, Caroline

Simon, Jaqueline Radin, Leonardo Prestes, aos estagiários do projeto Anna Luiza

Silva, Marcelo Leal e Bárbara Ponzilacqua, pela participação e colaboração desde o

início do projeto, sempre dispostos a ajudar, a aprender junto comigo, os quais me

proporcionaram momentos de muita alegria e conhecimento.

Ao meu orientador Claudiomar Soares Brod, por acreditar na minha capacidade, por

me incentivar na pesquisa com a Leishmaniose visceral canina, por me acrescentar

maiores ensinamentos, as vezes difíceis para mim, mas que serão muito úteis, como

as medidas de efeito, visão de epidemiologia, entre outros, agradeço pela

compreensão em que estive distante, por entender a mudança de vida que passei,

por me dar liberdade para fazer minhas atividades com tranquilidade, pela confiança,

dedicação e amizade.

A Ana Recuero por ser uma lutadora, sempre dedicada aos estudos, sempre se

esforçando, sempre divertida, sempre nos levando um cafezinho nas horas de

cansaço e uma palavra de conforto. Obrigado!

Ao Departamento de Parasitologia/UFPel, pela compreensão em tantos momentos,

especialmente professora Nara Farias e coordenador Marcos Villela, obrigado pelo

apoio!!!

Aos colegas de Pós-graduação, pelos estudos e conhecimento compartilhado.

A CAPES pelo incentivo aos meus estudos, proporcionando condições para eu

pesquisar cada vez mais e aprimorar conhecimento.

Ao Ministério da Saúde pela colaboração com os Kits de diagnóstico doados ao

projeto, obrigado por ajudar desta forma com a pesquisa.

Ao LACEN/RS, especialmente a Raquel Ramos, pelo ensino e participação nos

exames de diagnósticos, por ter dedicado um tempo do seu trabalho para me

auxiliar, tirando minhas dúvidas e pela sua generosidade.

Ao laboratório Biogene, Imunodot, na colaboração e interesse no projeto.

Aos canis municipais e ONG’s que se dispuseram a participar da pesquisa,

interessando-se pelo conhecimento da doença em questão, se prontificando a

ajudar, especialmente por serem humildes e cuidarem dos animais com tanto

carinho.

Resumo

HIRSCHMANN, Lourdes. Leishmaniose visceral canina: Investigação clínica,

laboratorial e epidemiológica em cães de canis de doze municípios do Rio Grande do Sul. 2013. 65f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas – RS.

A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma zoonose de caráter crônico, sistêmica, que acomete diversos mamíferos, causada pelo protozoário Leishmania

(Leishmania) chagasi, que é transmitido pela hematofagia da fêmea do flebotomíneo Lutzomyia longipalpis. A LVC apresenta ampla distribuição geográfica, e com alto

potencial de letalidade. O Rio Grande do Sul era considerado um estado do Brasil sem casuística da doença, ou seja, não endêmico. Porém, em 2008 foram registrados casos autóctones de LVC em municípios de região oeste do estado. O

objetivo deste estudo foi realizar um levantamento da presença de cães soropositivos em canis de doze municípios do Rio Grande do Sul, considerando os

aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais, comparando métodos e protocolos de diagnóstico. Com isso, pode-se detectar precocemente uma possível disseminação da doença, incentivando campanhas de controle e prevenção,

evitando assim futuros surtos. Este estudo foi realizado em uma área do RS sem diagnóstico para LVC, sendo avaliados o total de 165 cães provenientes dos

municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santiago, Dom Pedrito, Bagé, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Piratini, Arroio Grande, Capão do Leão, Rio Grande e Camaquã. Os animais foram submetidos à avaliação clínica geral, sendo

observadas principalmente lesões tegumentares e linfoadenopatias. Na avaliação laboratorial, realizou-se hemograma completo, exame parasitológico e sorológico.

Os achados clínicos de cada animal e os resultados das técnicas laboratoriais foram submetidos a análise estatística no programa EpiInfo versão 6.04. Sinais dermatológicos, anemia normocítica normocrômica, alterações plaquetárias e

leucocitose com neutrofilia foram apresentados pelos animais sororreagentes. A pesquisa sorológica foi realizada através das técnicas de Imunofluorescência

Indireta (IFI), ensaio imunoenzimático (ELISA) e Dual Plate Plataform (DPP). Constatou-se taxa de 33,94% (56/165) na IFI, 6,67% (11/165) no DPP, 3,03% (5/165) na IFI e DPP e 6,06% (10/165) no ELISA. Destes confirmados no ELISA,

cinco (5/10) foram reagentes na IFI, e apenas três (3/10) foram positivos no DPP, resultando em três cães soropositivos conforme o protocolo atual preconizado pelo

Ministério da Saúde. A comparação das técnicas sorológicas demonstrou que DPP e IFI isoladamente apresentaram uma Acurácia de 65,45%. Já na análise dos mesmos testes quando se considerou o teste de ELISA como padrão ouro, a Acurácia do

DPP foi de 90,91% e a da IFI 66,06%. Entretanto, quando se considerou somente resultados positivos no DPP e IFI, a Acurácia aumentou para 94,55%, com um valor

de Kappa=0,375, ou seja, com concordância considerável. Conclui-se que a pesquisa em áreas sem diagnóstico do RS, revelou presença de cães sororreagentes em quatro municípios do RS: Cachoeira do Sul (2), São Francisco de

Assis (1), Dom Pedrito (1) e Rio Grande (1). Palavras-chave: Leishmania chagasi. Hemoparasita. Zoonose. Diagnóstico.

Abstract

HIRSCHMANN, Lourdes. Canine visceral leishmaniasis : Clinical, laboratorial and

epidemiological investigation in kennel dogs of twelve cities in Rio Grande do Sul. 2013. 65f .Dissertation (Master’s degree) – Post-graduation Program of Parasitology. Federal University of Pelotas, Pelotas – RS.

The canine visceral leishmaniasis (CVL) is a chronic zoonotic systemic disease,

which affects numerous mammals, caused by protozoa Leishimania (Leishimania) chagasi which is transmitted by the hematophagy of the female phlebotominae Lutzomyia longipalis. The CVL shows vast geographical distribution and great

lethality potential. Rio Grande do Sul was considered a non-endemic state. However, in 2008, autochthonous cases of the disease in Western cities of the state were

reported. The aim of this study was to survey the presence of seropositive dogs in kennels in twelve municipalities of Rio Grande do Sul considering the clinical, epidemiological and laboratory aspects therefore being able to early detect a

possible spreading of the disease – encouraging prevention and controlling campaigns in order to avoid future outbreaks. This study was conducted in an area

without diagnosis for the disease, collecting sampling material of 165 dogs from the cities of Alegrete, São Franscico de Assis, Santiago, Dom Pedrito, Bagé, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Piratini, Arroio grande, Capão do Leão, Rio Grande and

Camaquã. Animals were submitted to general clinical evaluation and tegumentary and lymphadenopathy injuries. In the laboratory evaluation, CBC, parasitological and

serological examinations were performed. The information of each animal was described in detail in the form of clinical examination and then submitted to EpiInfo version 6.04. Dermatological signs, normocytic normochromic anemia, platelet

changes and neutrophilic leukocytosis were presented by the suspected and confirmed animals. Serological analysis was performed using the techniques of

indirect immunofluorescence (IIF), enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) and Dual Plate Platform (DPP). It was found the rate of 33.94% (56/165) reagents for Leishmania chagasi in the IIF, the DPP showed that 6.67% (11/165) were positive,

while 3.03 % (5/165) were positive in both tests (IIF and DPP) and ELISA showed a 6.06% (11/165). In these confirmed by ELISA, five (5/10) were reagents in IIF and

only three (3/10) were positive in DPP, resulting in three seropositive canines according to the updated protocol recommended by the Ministry of Health. A comparison of serological techniques demonstrated that DPP and IIF alone showed

an accuracy of 65.45% while in the analysis of the same tests, considering ELISA as a gold standard, the accuracy of the DPP was 90.91% and IFF showed 66.60%.

However, when considering only the positive results in DPP and IIF, the accuracy increased to 94.55%, with Kappa=0.375, that is, with considerable agreement. Concluding the investigation of non-endemic districts, five seropositive dogs were

revealed: in Cachoeira do Sul (2), in São Francisco de Assis (1), in Dom Pedrito (1) and in Rio Grande (1).

Key-words: Leishmania chagasi. Hemoparasite. Zoonosis. Diagnosis.

Lista de Figuras

Figura 1 – Forma amastigota de Leishmania spp......................................... 18

Figura 2 – Forma promastigota de Leishmania spp.…………………..…...... 18

Figura 3 – Ciclo biológico da Leishmania spp. ………………...........……..... 19

Figura 4 – Vetor Lutzomyia longipalpis ………………….........................….. 20

Figura 5 – Identificação do cão, coleira numerada. Camaquã/RS…………. 25

Figura 6 – Extensão da área em estudo, onde foi desenvolvido trabalho a

campo, Rio Grande do Sul…………………………………...……. 26

Figura 7 – Avaliação e punção dos linfonodos............................................. 27

Figura 8 – Lâmina de IFI LVC. IMUNOTEST®. Verde= reação

positiva........................................................................................ 32

Figura 9 – Placa de ELISA LVC Bio-maguinhos®. Amarelo= reação

positiva........................................................................................ 32

Figura 10 – Teste rápido LVC DPP Bio-maguinhos®. A linha esquerda

representa a banda de teste, indicando um resultado

positivo........................................................................................ 32

Figura 11 – Mapa do estado do Rio Grande do Sul demonstrando as

regiões com casos de Leishmaniose visceral canina, no

período de 2011 a 2012…………………………………………..... 35

Figura 12 – Cão soropositivo IFI, ELISA e DPP. Dom

Pedrito/RS.................................................................................... 36

Figura 13 – Cão soropositivo IFI, ELISA e DPP. São Francisco de

Assis/RS...................................................................................... 36

Figura 14 – Cão soropositivo IFI e ELISA. Cachoeira do

Sul/RS.......................................................................................... 36

Figura 15 – Cão Soropositivo IFI e ELISA. Cachoeira do

Sul/RS.......................................................................................... 36

.

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Medidas de efeito dos testes diagnósticos, tabela de contingência

2 X 2.................................................................................................... 28

Tabela 2 – Prevalência de anticorpos anti-Leishmania chagasi, na IFI

(Imunofluorescência Indireta), DPP (Dual Plate Plataform) e ELISA

(Ensaio Imunoenzimático) em 165 cães pertencentes aos 12

municípios pesquisados no Rio Grande do Sul, RS, período de

janeiro de 2011 a dezembro de

2012……………………………………………………………………....... 31

Tabela 3 – Comparação de métodos sorológicos utilizando associações de

protocolos dos testes de IFI, DPP e ELISA, realizados nos 165 cães

provenientes de área indene de Leishmaniose visceral canina no

estado do Rio Grande do Sul……………………………………………. 33

Tabela 4 – Aspectos clínicos dos cinco cães soropositivos para L. chagasi

pertencentes a quatro municípios de área indene no estado do Rio

Grande do Sul, no período de 2011 a

2012……………………………………………………………………….... 34

Tabela 5 – Aspectos epidemiológicos de cinco cães soropositivos para L.

chagasi pertencentes aos quatro municípios de área indene no

estado do Rio Grande do Sul, no período de 2011 a

2012……………………………………………………………………….... 35

Lista de Abreviaturas e Siglas

µG – Micrograma

µM – Micrometro

A – Acurácia

A.– Arroio

BA – Bahia

CCZ – Centro de Controle de Zoonoses

CE – Ceará

CEVS – Centro Estadual de Vigilância em Saúde

COL. – Coleta

CEEA – Comitê de Ética em Experimentação Animais

CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária

CRMV – Conselho Regional de Medicina Veterinária

DNA – Ácido Desoxirribonucléico

DPPIFI – DPP + IFI

DPP – Dual Plate Plataform

EDTA – Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético (anticoagulante)

EIE – Ensaio Imuno Enzimático

ELISA – Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

ES – Especificidade

et al. – e colaboradores

FN – Falso negativo

FP – Falso positivo

FNS – Fundação Nacional de Saúde

g/dL – Grama por decilitro

HE – Hematoxilina e eosina

IGG – Imunoglobulina G

IFI – Imunofluorescência indireta

IND – Indeterminado

KM – Quilômetros

LACEN – Laboratório Central do Estado

L. – Leishmania (gênero)

LTA – Leishmaniose tegumentar americana

LVC – Leishmaniose visceral canina

MA – Maranhão

MS – Mato Grosso do Sul

MG – Minas Gerais

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MS. – Ministério da Saúde

NNN – Novy – Macneal – Nicolle

ONG’s – Organizações Não-Governamentais

PA – Prevalência aparente

PAAF – Punção aspirativa por agulha fina

PA – Pará

PCR – Reação em Cadeia pela Polimerase

pH – Unidade de acidez/alcalinidade

PI – Piauí

PREV – Prevalência

PPT – Proteína plasmática total

PT – Portugal

PV – Prevalência verdadeira

RJ – Rio de Janeiro

RN – Rio Grande do Norte

RS – Rio Grande do Sul

S. FCO. ASSIS – São Francisco de Assis

SP – São Paulo

SE – Sensibilidade

SRD – Sem raça definida

TO – Tocantins

TPC – Tempo de preenchimento capilar

TR – Teste rápido

UFPel – Universidade Federal de Pelotas

UI – Unidade internacional

VPN – Valor preditivo negativo

VPP – Valor preditivo positivo

Қ – Coeficiente de correlação kappa

Sumário

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………… 15

1 REVISÃO DE LITERATURA………………………………………………………. 17

1.1 Leishmaniose visceral …………………………………………………………… 17

1.1.1 Histórico………………………………………………………………………….. 17

1.1.2 Taxonomia………………………………………………………………………. 18

1.1.3 Morfologia e ciclo evolutivo……………………………………………………. 18

1.1.4 Vetores e reservatórios………………………………………………………… 19

1.1.5 Transmissão…………………………………………………………………….. 20

1.1.6 Distribuição geográfica……………………………………………………….… 21

1.1.7 Aspectos clínicos da doença………………………………………………… .. 21

1.1.8 Métodos diagnósticos………………………………………………………..… 22

2 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 25

2.1 Animais estudados......................................................................................... 25

2.2 Delineamento................................................................................................. 25

2.3 Exame clínico................................................................................................. 26

2.4 Exame parasitológico…........................................................………………… 26

2.5 Hemograma.................................................................................................... 27

2.6 Sorologia........................................................................................................ 27

2.7 Análise estatística.......................................................................................... 28

3 RESULTADOS................................................................................................. 30

4 DISCUSSÃO.................................................................................................. ... 37

5 CONCLUSÕES……….....………………………………………………………..… 46

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……….……………………………………… 47

ANEXOS…………………………………………………..…………………………… 55

APENDICES......................................................................................................... 57

15

INTRODUÇÃO

A leishmaniose visceral é uma doença parasitária crônica, cuja forma

visceral (LV) no Brasil, é causada pela Leishmania (Leishmania) chagasi (Maia-

Elkhoury et al, 2008). A LV foi uma zoonose caracterizada como doença de caráter

eminentemente rural. Recentemente, expandiu-se para áreas urbanas e se tornou

problema de saúde pública no Brasil e em outras áreas do continente americano,

sendo uma endemia em franca expansão. Atualmente, encontra-se entre as seis

endemias consideradas prioritárias no mundo (BRASIL, 2011a).

É uma doença infecciosa sistêmica considerada importante endemia pela

Organização Mundial de Saúde, com ampla distribuição geográfica e caracterizada

pelo alto potencial de letalidade (MOREIRA, 2012). Na América Latina 90% dos

casos ocorrem no Brasil, sendo que a maior prevalência da doença é no nordeste e

a menor na região Sul (BRASIL, 2011a).

Os hospedeiros são vários mamíferos, sendo que o cão é o principal

hospedeiro doméstico, e existem os hospedeiros silvestres como canídeos

silvestres, roedores, gambá e a preguiça (VILELA et al., 2013).

A transmissão da L. chagasi para o homem e outros hospedeiros

vertebrados ocorre durante a hematofagia de Lutzomyia longipalpis (LAINSON &

RANGEL, 2005).

As medidas de controle incluem o diagnóstico e tratamento dos casos

humanos, combate ao vetor e a identificação e eutanásia dos reservatórios,

particularmente os cães (RIBEIRO, 2007). O tratamento de cães não é uma medida

recomendada, pois não diminui a importância do cão como reservatório do parasito.

(BRASIL, 2006).

O diagnóstico baseia-se nos dados epidemiológicos (área endêmica ou área

silenciosa), analisando aspectos clínicos e os exames laboratoriais. Os exames

recomendados pelo Ministério da Saúde até 2011 eram ELISA como exame de

triagem e IFI como confirmatório. A partir de 2012, o Ministério da Saúde apresentou

uma nota técnica utilizando um teste rápido imunocromatográfico como triagem e

ELISA como teste confirmatório da doença, sendo este protocolo o que apresentou

maior eficácia.

Até novembro de 2008, o Rio Grande do Sul era considerado uma área sem

ocorrência de LV, porém foi notificado um caso suspeito de LVC em um cão

16

proveniente de São Borja. A seguir, houve desencadeamento de investigação

epidemiológica neste e em outros municípios, registrando a presença de Lutzomyia

longipalpis e de cães sororreagentes com caracterização de Leishmania chagasi. Os

municípios de São Borja e Uruguaiana foram considerados área de transmissão,

sendo encontrado o vetor, casos de LV em humanos e caninos autóctones, com

caracterização do parasito (CEVS/RS, 2011).

Neste trabalho foi realizado um levantamento da presença de cães

soropositivos em área indene do RS, especificamente de municípios da região Sul

até os municípios da fronteira oeste do estado, onde ocorreram os primeiros focos

da doença, compreendendo uma área de 148.000 km², onde se localizam 68 dos

496 municípios do RS. Na área em estudo, entrou-se em contato telefônico com as

secretarias de saúde de todos os 68 municípios, muitas alegaram que não possuíam

canil público, outras se recusaram a participar da pesquisa devido à preocupação

em descobrir a presença da doença. Dos contatados, somente doze municípios

(17,6%) aceitaram participar da pesquisa: Alegrete, São Francisco de Assis,

Santiago, Dom Pedrito, Bagé, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Piratini, Arroio

Grande, Capão do Leão, Rio Grande e Camaquã, sendo coletadas amostras de 165

cães e avaliados os aspectos clínicos, laboratoriais e epidemiológicos.

17

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Leishmaniose visceral

1.1.1 Histórico

A Leishmaniose visceral (L.V.) foi descrita na Grécia em 1835 quando então

era denominada "ponos" ou "hapoplinakon". Foi na Índia em 1869 que recebeu o

nome "kala-jwar" que quer dizer febre negra ou "kala-azar" que significa pele negra

em virtude do discreto aumento da pigmentação da pele ocorrido durante a doença

(MARZOCHI et al.,1981).

Em 1913, Migone, no Paraguai, descreveu um caso de LV em material de

necropsia de um paciente vindo do Brasil, da cidade de Boa Esperança, Mato

Grosso (ALENCAR et al., 1983). No entanto, a LV no Brasil foi relatada pela primeira

vez em 1934, sendo que o primeiro surto foi em 1954 na cidade de Sobral, no

estado do Ceará (BRAGA, 2009). A partir de um estudo realizado para o diagnóstico

e distribuição da febre amarela no Brasil, foram encontrados 41 casos positivos para

Leishmania spp., sendo identificados em lâminas de viscerotomias praticadas post-

mortem, em indivíduos oriundos das regiões Norte e Nordeste (PENNA et al., 1934

apud BRASIL, 2006).

A seguir, Lutzomyia longipalpis foi incriminado como espécie vetora e foram

descobertos os primeiros casos da infecção em cães, o grupo de Evandro Chagas

contribuiu significativamente para o estudo da LV através da observação em animais

domésticos (7 cães e 1 gato) infectados por L.(L.) chagasi e constatou que o inseto

hematófago encontrado freqüentemente dentro e nos arredores dos domicílios dos

pacientes com LV era o flebotomíneo da espécie Lutzomyia longipalpis (CHAGAS,

1936).

De acordo com CRMV/MS (2002) o cão é o principal reservatório e

geralmente após casos de infecção em cães surgem casos humanos.

Lainson et al. (1987) acreditam que a L. chagasi seja realmente uma espécie

autóctone da América do Sul, pois encontraram altas taxas de infecção em canídeos

originários da Amazônia.

18

Atualmente Leishmania spp. são observadas no mundo todo, na Ásia, na

Europa, no Oriente Médio, na África e nas Américas (BRASIL, 2006).

1.1.2 Taxonomia

Reino: Protista

Sub-reino: Protozoa

Filo: Sarcomastigophora

Sub-filo: Mastigophora

Classe: Zoomastigophorea

Ordem: Kinetoplastida

Família: Tripanosomatidae

Gênero: Leishmania

Espécie: Leishmania chagasi

1.1.3 Morfologia e Ciclo evolutivo

Leishmania spp. possui duas formas de desenvolvimento: a promastigota

flagelada e a amastigota intracelular (SOUZA, 2004). A Leishmania é um parasita

com ciclo de vida digenético alternando entre um hospedeiro mamífero e insetos

vetores (DOSTÁLOVÁ et al., 2012). Durante o ciclo de vida a Leishmania foi se

adaptando a ambientes variados e heterogêneos em relação ao inseto vetor e

hospedeiros vertebrados, que diferem no pH, temperatura e outros parâmetros

(VOLF et al., 2008). Amastigota (3-6 µm): arredondada e imóvel, aflagelada,

conforme Figura 1. Promastigota (15-23 µm): flagelada, móvel, vive no meio

extracelular, na luz do trato digestivo, conforme Figura 2.

Figura 1 – Forma amastigota de Leishmania spp.

Fonte: Atlas de parasitologia Clínica Viqar Zaman, 1979.

Figura 2 – Forma promastigota de

Leishmania spp. Fonte: www.fiocruz.br

19

Quanto ao ciclo evolutivo do parasita (Fig. 3), a infecção no hospedeiro

invertebrado ocorre quando a fêmea do vetor durante o repasto sanguíneo ingere

macrófagos parasitados de um vertebrado infectado. (VOLF et al., 2008). No interior

do inseto, as amastigotas diferenciam-se em promastigotas, dividem-se e prendem-

se nas microvilosidades intestinais do vetor, desta forma não serão eliminadas

durante a digestão (SILVA, 2006). No flebotomíneo, encontramos a forma

promastigota, divide-se por mitose e diferencia-se na forma metacíclica, forma

infectante, que migra para a probóscide do inseto e é inoculada no hospedeiro

invertebrado, nos mamíferos, no repasto sanguíneo. Nos hospedeiros mamíferos, a

forma metacíclica é fagocitada por macrófagos (WINTER, 2012).

Figura 3 – Ciclo biológico da Leishmania spp. (adaptado de www.cdc.gov).

1.1.4 Vetores e reservatórios

Flebotomíneos são vetores de Leishmania spp, (VOLF et al., 2008), e são

classificados como dípteros, família: Psychodidae, sub-família: Phlebotominae

(DOSTÁLOVÁ et al., 2012). Nas Américas a principal espécie vetora é Lutzomya

longipalpis (CEVS/RS, 2011), Figura 4.

20

Figura 4 – Vetor Lutzomyia longipalpis Fonte: Manual de LV. MS, 2006.

São insetos pequenos (1,5 - 2 mm de comprimento), principalmente

encontrados em regiões tropicais e subtropicais. Existem dois gêneros de

importância médica, Phlebotomus e Lutzomyia (KILLICK-KENDRICK R., 1999 apud

DOSTÁLOVÁ et al., 2001).

Os principais hospedeiros domésticos da LV são: homem e o cão, enquanto

que os hospedeiros silvestres são: canídeos silvestres (raposas) e marsupiais

(gambá), conforme VILELA (2013).

Segundo Thomé (1999) as leishmanioses são doenças que acometem o

homem e várias espécies animais, entre elas o cão, o gato (mais raramente), e

diferentes espécies de animais silvestres.

1.1.5 Transmissão

O desiquilibrio ecológico e a presença do cão como reservatório doméstico

suscetível, colaborou com a urbanização da LVC e a domiciliação de insetos

transmissores de zoonoses, inclusive vetores responsáveis pela transmissão da

leishmaniose (AMORÁ, 2006).

No Brasil, duas espécies, até o momento, estão relacionadas com a

transmissão da doença, Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. A primeira espécie

é considerada a principal espécie transmissora de L. chagasi no Brasil e,

recentemente, Lutzomyia cruzi foi incriminada como vetora no estado do Mato

21

Grosso do Sul. Nas regiões Norte e Nordeste, Lutzomia longipalpis foi encontrado

originalmente nas matas participando do ciclo primário de transmissão da doença

(BRASIL, 2003).

1.1.6 Distribuição geográfica

Tem ampla distribuição ocorrendo na Ásia, na Europa, no Oriente Médio, na

África e nas Américas, onde também é denominada Leishmaniose visceral

americana (LVA) ou Calazar neo-tropical. Na América Latina, a doença já foi descrita

em pelo menos 12 países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil (BRASIL,

2006).

Em 2010, a região Nordeste teve 47,1% dos casos, seguida pelas regiões

Norte (18,0%), Sudeste (17,8%), Centro-Oeste (8,6%) e Sul (0,1%). Atualmente,

está distribuída em 21 Unidades Federadas, atingindo as cinco regiões brasileiras

(BRASIL, 2011a).

O Rio Grande do Sul era considerado área indene para LV até 2008, quando

foram registrados casos autóctones em São Borja e Uruguaiana (CEVS/RS, 2011).

1.1.7 Aspectos clínicos da doença

É uma doença que possui apresentação clínica variada, de formas

assintomáticas até o quadro clássico da parasitose, evidenciado pela presença de

febre, anemia, hepatoesplenomegalia, além de tosse seca, leucopenia e

hipergamaglobulinemia (OLIVEIRA et al., 2010).

Classicamente os cães apresentam lesões cutâneas, descamação e

eczemas, principalmente no espelho nasal e orelhas. Nos estágios mais avançados

os cães podem apresentar onicogrifose, esplenomegalia, linfoadenopatia, alopecia,

dermatites, ceratoconjuntivite, coriza, apatia, diarréia, hemorragia intestinal, edemas

de membros e vômitos (ARRUDA, 2009).

22

1.1.8 Métodos diagnósticos

O diagnóstico em cães pode ser feito com base nas características clínicas,

confirmado por métodos laboratoriais parasitológicos e imunológicos (BONATES,

2003). Através dos sinais clínicos e fatores epidemiológicos pode-se suspeitar de

leishmaniose, porém são necessários exames laboratoriais específicos para

confirmar o diagnóstico, citados abaixo:

Isolamento em cultura;

Exame direto parasitológico;

IFI

ELISA

Teste rápido imunocromatográfico

PCR

O isolamento em cultura é feito através da inoculação em meios de cultura

especiais, contendo agar e sangue de coelho, o meio geralmente utilizado é o NNN,

(Neal, Novy, Nicolle) que pode ser acrescido de fase líquida constituída de

Schnneider’s medium, com 1.000 UI de penicilina/mL e 100µg de sulfato de

gentamicina/Ml. Leishmania spp. são cultivadas entre 24-26°C e observadas em

microscopia óptica comum ou invertida, semanalmente, até quatro semanas. Os

tubos positivos devem ser encaminhados para laboratórios de referência para

identificação da espécie (BRASIL, 2006).

O exame parasitológico serve para demonstração direta do parasita, pode

ser feito através de punção de linfonodo, baço e medula óssea (SUNDAR et al.,

2002). Além disso, pode ser feito imprinting durante necropsias, ou seja, impressões

de fragmentos de tecidos de baço são realizadas em lâminas de microscopia,

fixadas em metanol e coradas pelo Giemsa. Analisa-se até 100 campos

microscópicos na objetiva de 100x e os campos positivos com formas amastigotas

são contados. A intensidade do parasitismo é graduada da seguinte forma: até 10%

dos campos positivos (+); de 11 a 30% (++); 31 a 60% (+++); 65 a 100% (++++). Os

tecidos dos animais que não apresentarem amastigotas em nenhum dos campos

são considerados negativos (–) (TASCA et al., 2009).

Também se pode realizar exames histológicos – HE: Amostras de tecidos de

baço de animais são coletadas e fixadas em solução de formalina tamponada a 10%

e pH 7,4, emblocadas em parafina para o exame histológico de rotina e coradas com

23

hematoxi lina e eosina (HE). Para avaliação do grau parasitário adota-se o seguinte

procedimento: Tecido negativo: ausência de amastigotas (–). Tecido suspeito (+)

quando ha lesões de fraca intensidade que não permitia uma avaliação conclusiva,

ou quando o grau de contraste da coloração não é suficiente para permitir uma

visualização perfeita das amastigotas, se presentes. Tecido fracamente positivo

(++), quando apenas alguns macrófagos são visualizados com amastigotas, mas

concentrados apenas em algumas áreas. Tecido moderadamente positivo (+++),

quando em torno de 50% do tecido está comprometido com macrófagos infectados.

Fortemente positivo (++++), quando a secção tecidual analisada encontra-se quase

que completamente comprometida, tanto pelas lesões, quanto pela presença dos

macrófagos parasitados (TASCA et al., 2009).

Apesar de discordâncias entre alguns autores (FERRER, 1999; KOUTINAS

et al., 2001; MOREIRA et al., 2002) o exame parasitológico é considerado, ainda, o

teste confirmatório para o diagnóstico da doença. A observação direta de formas

amastigotas do parasito em esfregaços de aspirado de linfonodo, medula óssea,

baço, fígado, pele e sangue corados por Giemsa, Leishman ou Panótico® é uma

forma segura, simples, rápida e pouco traumática para o diagnóstico da

enfermidade. A especificidade desse método é de 100%, mas a sensibilidade

depende do grau do parasitismo, do tipo de material biológico coletado, do seu

processamento e coloração, além do observador. A sensibilidade pode ser de 50% a

83% em amostras de medula óssea, entre 30% e 85% em amostras de linfonodo e

entre 71% a 91% quando ambos os tecidos (FERRER, 1999; KOUTINAS et al.,

2001) estão combinados. Quando o parasitismo é intenso não há problemas para

um diagnóstico rápido e seguro; contudo, em muitos casos, especialmente em

animais assintomáticos, nos quais apenas poucas formas amastigotas estão

presentes nos tecidos, o diagnóstico parasitológico torna-se difícil e duvidoso. Esse

problema pode ser solucionado com a utilização de técnicas mais sensíveis para a

detecção de parasitos, tais como a imunofluorescência direta e a imunohistoquímica

(LAURENTI, 2009).

Existem diversos exames laboratoriais citados na literatura, porém no Brasil,

os testes mais utilizados no diagnóstico de LV humana e canina são a IFI e ELISA,

sendo considerado, sobretudo este último, teste de escolha para inquéritos

populacionais (GONTIJO et al., 2004).

24

IFI tem sido amplamente utilizada para diagnóstico de várias doenças

parasitárias, podendo apresentar reações cruzadas principalmente com a

leishmaniose tegumentar americana (LTA) e a doença de Chagas. O resultado

considerado sororreagente é aquele que possua título igual ou superior ao ponto de

corte que é a diluição de 1:40 (BRASIL, 2006).

ELISA consiste na reação de anticorpos presentes nos soros com antígenos

solúveis e purificados de Leishmania spp. obtidos a partir de cultura in vitro. Este

antígeno é adsorvido em microplacas, e os soros diluídos são adicionados

posteriormente (BRASIL, 2006).

O teste rápido imunocromatográfico (TR DPP® LVC – Bio-Manguinhos) é um

teste de triagem para detecção de anticorpos específicos para L. chagasi, em soro,

plasma ou sangue total venoso em cães, este teste contem proteínas recombinantes

K28 de L. chagasi e a Proteína A Conjugada ao Ouro Coloidal, adsorvidos em

Membrana de Nitrocelulose (BIO-MANGUINHOS, 2011).

Exames complementares como os testes moleculares (PCR),

histopatológicos e imunohistoquímicos estão disponíveis nos Laboratórios de

Referência Nacional para elucidação de diagnóstico e caracterização de espécie

(ARRUDA, 2009).

25

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Animais estudados:

Foram estudados cães procedentes de canis ou de ONG’s de 12 municípios

do Rio Grande do Sul. Foram selecionados aleatoriamente cerca de 15 cães por

canil, utilizou-se apenas focinheira para contenção dos animais. Os animais foram

identificados por coleiras numeradas e fotografados para posterior identificação,

conforme Figura 5. Este estudo foi aceito pelo Comitê de Ética em Experimentação

Animal (CEEA) da Universidade Federal de Pelotas (CEEA/UFPEL 2134).

Figura 5 – Identificação do cão, coleira numerada. Camaquã/RS

2.2 Delineamento:

Foi traçada uma linha imaginária do município de Rio Grande ao município

de São Borja (540 Km em linha reta), traçando-se duas linhas paralelas 137km

acima e abaixo da linha imaginária, resultando em uma área de cerca de 148.000

Km2, conforme mapa (Figura 6). Na área de estudo, foram selecionados 12

municípios, dos quais foi autorizada a pesquisa em canis municipais ou ONG’s,

através de um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme Apêndice A.

Dentre os municípios consultados na área de estudo, os que autorizaram a pesquisa

foram Alegrete, São Francisco de Assis, Santiago, Dom Pedrito, Bagé, Caçapava do

26

Sul, Cachoeira do Sul, Piratini, Arroio Grande, Capão do Leão, Rio Grande e

Camaquã, onde se totalizou a coleta de material biológico de 165 animais.

Figura 6 – Extensão da área em estudo, onde foi desenvolvido trabalho a campo, Rio Grande do Sul.

2.3 Exame clínico:

Foram coletadas amostras de sangue de cães pertencentes aos canis

municipais ou ONGs dos 12 municípios, no período de janeiro de 2011 a dezembro

de 2012. Os animais foram submetidos à avaliação clínica geral (frequência cardíaca

e respiratória, temperatura retal, avaliação dos linfonodos, coloração das mucosas e

avaliação dermatológica), conforme Apêndice B.

2.4 Exame parasitológico:

O diagnóstico de LVC foi baseado na observação direta de formas

amastigotas de Leishmania spp. através da PAAF (Punção Aspirativa Por Agulha

fina) de linfonodos palpáveis (aspirado de linfonodo poplíteo ou submandibular),

conforme Figura 7. A punção foi executada com uma agulha hipodérmica 25 x 7 mm

e uma seringa descartável de 5 mL acoplada. A agulha foi descartada da seringa, o

êmbolo repuxado e a agulha acoplada à seringa para então despejar o material em

27

lâminas de vidro, distribuído com ajuda de outra lâmina no formato de squashes.

Após secar ao ambiente, as lâminas foram coradas pelo método Panótipo Rápido.

Figura 7 – Avaliação e punção dos linfonodos.

2.5 Hemograma:

A coleta de sangue para avaliação do hemograma foi realizada por punção

da veia cefálica e coletados 4 mL de sangue, em tubos com anticoagulante (EDTA).

O material foi encaminhado para ser realizado o hemograma completo no

Laboratório de Análises Clínicas da UFPel.

2.6 Sorologia:

Também foram coletados 4 mL de sangue em tubos sem anticoagulante

para análise sorológica. Estas amostras foram acondicionadas em caixas

isotérmicas e transportadas ao laboratório do CCZ/UFPel, onde o soro foi separado

e armazenado a -20ºC até o seu processamento.

Os soros foram avaliados pela Imunofluorescência indireta (IFI) usando o kit

de diagnóstico comercial IMUNOTESTE®, que contém o substrato antigênico de

Leishmania chagasi, este teste foi realizado de acordo com o protocolo do

fabricante. Também foi feito ELISA (EIE LVC Bio-manguinhos®), que contém

antígenos solúveis e purificados de Leishmania major like e o teste rápido (DPP LVC

Bio-manguinhos®), utilizando proteínas recombinantes K28 de Leishmania chagasi e

a Proteína A Conjugada ao Ouro Coloidal, adsorvidos em Membrana de

Nitrocelulose. ELISA e DPP foram realizados de acordo com o protocolo do

fabricante, (Anexo A).

28

2.7 Análise estatística:

Todos resultados foram confrontados, comparando os diferentes canis de

cada região, diferenciando os sinais clínicos e exames complementares através do

programa EpiInfo versão 6.04 (DEAM et al., 1994), efetuando-se o teste χ2 e análise

multivariada nos fatores significantes no χ2, bem como as medidas de associação

(Sensibilidade, Especificidade, Valor Preditivo Positivo e Negativo, Acurácia e

coeficiente de correlação kappa).

Tabela 1 – Medidas de efeito dos testes diagnósticos, tabela de contingência 2 X 2.

TESTE PADRÃO OURO TOTAL

DIAGNÓSTICO Positivos Negativos

Positivos

VP(a) FP(b)

Erro tipo I ou Erro alfa

a + b

Negativos

FN(c)

Erro tipo II ou Erro beta

VN(d)

c + d

TOTAL a + c b + d a+b+c+d

Sensibilidade (Se) - É definida como a probabilidade de um teste ser

positivo, em pacientes com a doença em estudo. Proporção de VP que um teste é

capaz de detectar.

Se =

Especificidade (Es) - É definida como a probabilidade de um teste ser

negativo, em pacientes livres da doença em estudo. Proporção de VN que um teste

é capaz de detectar.

Es =

Valor Preditivo Positivo (VPP) - É a probabilidade de doença em um

animal com um resultado positivo no teste.

VPP =

Valor Preditivo Negativo (VPN) - É a probabilidade de que um animal não

tenha a doença quando o resultado do teste é negativo.

29

VPN =

Acurácia (A) - É a proporção de todos os resultados positivos e negativos

corretos de um teste.

A =

Falso-Positivo (FP) – Número de indivíduos com resultado positivo no teste

que não confirmam pelo padrão ouro. Também chamado de Erro tipo I ou Erro alfa

do teste.

Falso-Negativo (FN) – Número de indivíduos com resultado negativo no

teste que não confirmam pelo padrão ouro. Também chamado de Erro tipo II ou Erro

beta do teste.

Prevalência Verdadeira (PV) – É a proporção de indivíduos positivos

detectados pelo padrão ouro.

PV =

Prevalência Aparente (PA) – É a proporção de indivíduos positivos

detectados pelo teste.

PA =

Coeficiente de correlação kappa (Қ) - O Teste Kappa é uma medida de

concordância inter-testes e mede o grau de concordância além do que seria

esperado tão somente pelo acaso. Para descrevermos se há ou não concordância

entre dois ou mais métodos de classificação, utilizamos a medida Kappa que é

baseada no número de respostas concordantes, ou seja, no número de casos cujo

resultado é o mesmo entre os testes. Esta medida de concordância assume valor

máximo igual a 1, que representa total concordância ou ainda pode assumir valores

próximos e até abaixo de 0, os quais indicam nenhuma concordância.

Os valores de kappa são avaliados de acordo com os parâmetros abaixo:

Concordância pobre: 0

Concordância ligeira: 0-0,20

Concordância considerável: 0,21-0,40

Concordância moderada: 0,41-0,60

Concordância substancial: 0,61-0,80

Concordância excelente: 0,81-1

30

3 RESULTADOS

Foram realizados três testes: IFI, DPP e ELISA, conforme o protocolo antigo

e o protocolo atual, descrito pelo Ministério da Saúde para LVC. Dos 165 cães

avaliados, constatou-se que 33,94% (56/165) reagiram para Leishmania chagasi na

IFI; 6,67% (11/165) foram reagentes no DPP, 3,03% (5/165) foram reagentes em

ambos os testes (IFI e DPP) e 6,06% (10/165) no ELISA. Destes confirmados no

ELISA, cinco (5/10) foram reagentes na IFI, e apenas três (3/10) foram positivos no

DPP, resultando em três cães soropositivos conforme o protocolo atual preconizado

pelo Ministério da Saúde. Os três cães soropositivos no teste de ELISA e DPP

(protocolo atual) eram provenientes de Dom Pedrito, Rio Grande e São Francisco de

Assis. Os cinco cães positivos no ELISA e IFI (protocolo antigo) incluíam os três

cães reagentes no protocolo antigo e procedentes de Cachoeira do Sul (tab. 2).

Depois de confirmados estes resultados, o serviço de vigilância epidemiológica foi

notificado, conforme Apêndice C.

Na tabela 3, podem ser observadas as medidas de efeito (valor preditivo

positivo; valor preditivo negativo; sensibilidade; especificidade; acurácia; coeficiente

de correlação kappa) ao confrontarem-se três testes de diagnóstico (ELISA; IFI;

DPP): Avaliando o resultado de dois testes em série (triagem e confirmatório), e

também na associação dos resultados positivos de dois testes de triagem (IFI+DPP)

com o teste confirmatório (ELISA).

Na análise das técnicas sorológicas verificou-se que ao os resultados

positivos de dois testes DPP + IFI (DPPIFI) com o padrão ouro ELISA, constatou-se

uma sensibilidade de 30,0%, uma especificidade de 98,71% e valores de VPP de

60,0% e VPN de 95,93%. A associação encontrou uma acurácia de 94,55% e um

coeficiente de correlação kappa de 0,375, demonstrando uma melhor combinação

do que a recomendada pelo protocolo atual (DPP+ELISA) que apresentou uma

sensibilidade de 30,0%, uma especificidade de 94,84% e valores de VPP de 27,27%

e VPN de 95,45%. A associação encontrou uma acurácia de 90,91% e um

coeficiente de correlação kappa de 0,237 (tab. 3).

31

Tabela 2 – Prevalência de anticorpos anti-Leishmania chagasi, na IFI

(Imunofluorescência Indireta), DPP (Dual Plate Plataform) e ELISA (Ensaio

Imunoenzimático) em 165 cães pertencentes aos 12 municípios pesquisados no Rio

Grande do Sul, RS, período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012.

MUNICÍPIOS ELISA IFI DPP IFI1 DPP2 IFI3 Prev 1 Prev 2 Prev 3

Col. Pos Neg Ind Pos Neg. Pos Neg. ELISA ELISA DPP

Alegrete 15 0 15 0 3 12 2 13 0 0 0 0.00 0.00 0.00

A. Grande 15 0 14 1 6 9 3 12 0 0 2 0.00 0.00 13,33

Bagé 15 0 15 0 5 10 0 15 0 0 0 0.00 0.00 0.00

Caçapava Sul 15 3 12 0 1 14 0 15 0 0 0 0.00 0.00 0.00

Cachoeira Sul 9 2 7 0 6 3 0 9 2 0 0 22,22 0.00 0.00

Camaquã 17 1 16 0 6 11 1 16 0 0 0 0.00 0.00 0.00

Capão Leão 18 0 17 1 6 12 1 17 0 0 0 0.00 0.00 0.00

Dom Pedrito 14 1 13 0 3 11 2 12 1 1 1 7,14 7,14 7,14

Piratini 7 0 7 0 5 2 0 7 0 0 0 0.00 0.00 0.00

Rio Grande 10 1 9 0 7 3 1 9 1 1 1 10,00 10,00 10,00

S. Fco. Assis 15 1 14 0 7 8 1 14 1 1 1 6,67 6,67 6,67

Santiago 15 1 12 2 1 14 0 15 0 0 0 0.00 0.00 0.00

TOTAL 165 10 151 4 56 109 11 154 5 3 5 3,03 1,82 3,03 1 Protocolo Ministério da Saúde até 2012 2 Protocolo Ministério da Saúde depois de 2012 3 Duas técnicas, usando o teste confirmatório IFI e o triagem teste rápido DPP Col. = número de coletas

Nas figuras 8, 9 e 10 podem ser verificados os resultados positivos

encontrados neste trabalho, utilizando os testes de IFI, ELISA e DPP,

respectivamente. Na IFI foram considerados positivos soros com títulos ≥ 1:40,

conforme preconizado pelo fabricante do kit. O ELISA foi considerado reagente (ou

positivo) quando apresentou densidade óptica maior que o ponto de corte (cut off)

encontrado através do leitor de placas, o ponto de corte é feito a partir de um

cálculo:

Cálculo do Cut-Off (CO)

XCN: Média da DO dos CN

CO=XCN X 2 = 0,186

FC=CO X 1,2 = 0, 223

A DO entre 0,186 e 0,223 foram os cães sororreagentes indeterminados,

abaixo de 0,186 foram os cães não reagentes e acima de 0,223 foram considerados

cães sororreagentes no ELISA. Este teste foi realizado com apoio do LACEN/RS. Já

no DPP foi considerado positivo quando apareceu duas linhas, a linha do controle e

a linha teste, e foi considerado negativo quando só apareceu a linha do controle.

32

Figura 8 – Lâmina de IFI LVC. IMUNOTEST®.

Coloração Verde= reação positiva

Figura 9 – Placa de ELISA LVC Bio-maguinhos

®.

Coloração Amarelo= reação positiva.

Figura 10 – Teste rápido LVC DPP Bio-maguinhos®

A linha esquerda representa a banda de teste, indicando um resultado positivo.

33

Tabela 3 – Comparação de métodos sorológicos utilizando associações de protocolos dos testes de IFI, DPP e ELISA, realizados nos 165 cães provenientes de área indene de Leishmaniose visceral canina no estado do Rio Grande do Sul.

IFI DPP

DPP Pos Neg Total PV PA, FP FN VPP VPN Se Es A Қ IFI Pos Neg Total

Pos 5 6 11 Pos 5 51 56 Neg 51 103 154 Neg 6 103 109

Total 56 109 165 Total 11 154 165

IFI/ DPP 33,94 6,67 54,54 33,12 45,45 66,88 8,93 94,50 65,45 0,042 DPP/ IFI 6,67 33,94 91,07 5,50 8,93 94,50 45,45 66,88 65,45 0,042

ELISA/ DPP 6,06 6,67 72,73 4,55 27,27 95,45 30,0 94,84 90,91 0,237

ELISA/ DPPIFI 6,06 3,03 40,0 4,38 60,0 95,93 30,0 98,71 94,55 0,375

ELISA/ IFI 6,06 33,94 91,07 4,59 8,93 95,41 50,0 67,1 66,06 0,054 ELISA2/ DPPIFI 6,21 3,11 40,0 4,49 60,0 95,51 30,0 98,68 94,41 0,374

ELISA2/ DPP 6,21 6,83 72,73 4,67 27,27 95,33 30,0 94,7 90,68 0,236 ELISA2/ IFI 6,21 34,78 91,07 4,76 8,93 95,24 50,0 66,23 65,22 0,052

ELISA ELISA ELISA

DPP Pos Neg Total DPPIFI Pos Neg Total IFI Pos Neg Total

Pos 3 8 11 Pos 3 2 5 Pos 5 51 56 Neg. 7 147 154 Neg. 7 153 160 Neg. 5 104 109

Total 10 155 165 Total 10 155 165 Total 10 155 165

ELISA2 ELISA2 ELISA2 DPP Pos Neg Total DPPIFI Pos Neg Total IFI Pos Neg Total

Pos 3 8 11 Pos 3 2 5 Pos 5 51 56

Neg. 7 143 150 Neg. 7 149 156 Neg. 5 100 105

Total 10 151 161 Total 10 151 161 Total 10 151 161

DPPIFI= soros reagentes tanto na IFI quanto no DPP; Pos= Positivo; Neg = Negativo; PV = Prevalência Verdadeira, PA = Prevalência Aparente; FP= Falso Positivo; FN= Falso Negativo; VPP = Valor Preditivo Positivo; VPN = Valor Preditivo Negativo; Se = Sensibilidade; Es=Especificidade; A=Acurácia; Қ = coeficiente de

correlação kappa; ELISA2=Resultado do ELISA não considerando os quatro soros com valor indeterminado.

34

Os cães soropositivos apresentaram alterações hematológicas variadas

como: trombocitopenia e eosinofilia (Dom Pedrito), anemia normocítica

normocromica e trombocitopenia (Rio Grande), neutrofilia e eosinopenia (Cachoeira

do Sul) e anemia normocítica normocrômica, trombocitose e leucocitose com

neutrofilia (Cachoeira do Sul). Entretanto o cão soropositivo de São Francisco de

Assis não apresentou alteração no hemograma.

Na avaliação do exame direto, através do esfregaço do conteúdo dos

linfonodos não foram observadas amastigotas. No entanto, na palpação dos

linfonodos 60% (3/5) dos cães soropositivos apresentaram alteração, como

linfonodos aumentados (Rio Grande), aumentados e sensíveis à palpação (São

Francisco de Assis) e endurecidos (Cachoeira do Sul). Os aspectos clínicos e

epidemiológicos podem ser evidenciados nas tabelas 4 e 5, e na Figura 11 disposta

abaixo.

Tabela 4 – Aspectos clínicos dos cinco cães soropositivos para L. chagasi

pertencentes a quatro municípios de área indene no estado do Rio

Grande do Sul, no período de 2011 a 2012.

Verificou-se neste estudo que os principais sinais clínicos encontrados em

cães soropositivos foram: linfonodos aumentados (60%) e lesões dermatológicas

(60%). Seguido em menor frequência de sinais como desidratação (40%) e

emagrecimento (40%). Os sinais menos observados foram pa lidez de mucosa

(20%), alteração no TPC (20%) e presença de lesão ocular (20%). Quanto aos sinais

vitais, observou-se que a frequencia cardíaca e frequencia respiratória estavam

dentro dos padrões para a espécie, porém em relação a temperatura corporal todos

cães soropositivos apresentaram temperatura abaixo de 38ºC.

Aspectos clínicos Municípios

Dom Pedrito Rio Grande São Francisco de

Assis

Cachoeira do

Sul

Cachoeira do

Sul

Cão 1 Cão 2 Cão 3 Cão 4 Cão 5

Condição corporal Hidratado Desidratado Hidratado Hidratado Desidratado Estado nutricional s/alteração Caquético s/alteração s/alteração Magro Mucosas Pálidas Róseas Róseas Róseas Róseas

TPC s/alteração s/alteração s/alteração Alterado s/alteração Linfonodos s/alteração Alterados Alterados s/alteração Alterados Lesão dermatológica Presente Presente Ausente Ausente Presente

Lesão ocular Ausente Presente Ausente Ausente Ausente

35

As lesões dermatológicas encontradas nos cães sororreagentes para LVC

foram: lesão ulcerada principalmente ao redor das orelhas e alopecia (Dom Pedrito);

descamação cutânea, alopecia, despigmentação e nódulos intradérmicos (Rio

Grande); descamação cutânea, alopecia e lesão ulcerada (Cachoeira do Sul) e o

cão de São Francisco de Assis era assintomático. Todos os cães soropositivos

apresentaram pêlo seco. Nas Figuras 12, 13, 14 e 15, pode-se visualizar os quatro

cães sororreagentes (oligossintomáticos), o cão de Rio Grande/RS não possui foto.

Tabela 5 – Aspectos epidemiológicos de cinco cães soropositivos para L. chagasi

pertencentes aos quatro municípios de área indene no estado do Rio

Grande do Sul, no período de 2011 a 2012.

Aspectos epidemiológicos

Municípios

Dom Pedrito Rio Grande São Francisco

de Assis Cachoeira do

Sul

Cachoeira do Sul

Cão 1 Cão 2 Cão 3 Cão 4 Cão 5

Raça Pastor SRD SRD Dachshund SRD

Sexo Macho Macho Fêmea Fêmea Fêmea Tipo de pelagem Longo Médio Curto Curto Curto

Presença de ectoparasitas

Pulgas e

Demodex spp.

Ausente Pulgas Pulgas Pulgas

Mês da coleta Dezembro Setembro Abril Julho Julho

Região no RS Sudoeste Extremo sul Sudoeste Centro sul Centro sul

Figura 11 – Mapa do estado do Rio Grande do Sul demonstrando as regiões com casos de Leishmaniose visceral canina, no período de 2011 a 2012.

36

Figura 12 - Cão soropositivo IFI, ELISA e DPP. Dom Pedrito/RS.

Figura 13 – Cão soropositivo IFI, ELISA e DPP. São Francisco de Assis/RS.

Figura 14 – Cão soropositivo IFI e ELISA. Cachoeira do Sul/RS.

Figura 15– Cão Soropositivo IFI e ELISA. Cachoeira do Sul/RS.

37

4 DISCUSSÃO

O diagnóstico da leishmaniose visceral na região sul do país é raro e

realizado a partir de focos endêmicos de outras regiões do país (SANTA ROSA &

OLIVEIRA,1997 apud POCAI et al., 1998). Este estudo foi importante pois registrou

soropositividade em cães de regiões sem diagnóstico para LVC.

A prevalência de 3,03% (5/165) de cães soropositivos utilizando a

associação ELISA triagem e IFI confirmatório (protocolo utilizado até 2012), e a

prevalência de apenas 1,82% (3/165) de cães soropositivos utilizando DPP triagem

e ELISA confirmatório (protocolo utilizado atualmente), demonstrou que houve uma

redução da sensibilidade do diagnóstico para leishmaniose visceral canina,

podendo, portanto estar subestimando casos de LVC ou o protocolo antigo poderia

resultar em muitos falsos positivos.

A prevalência de 33,94% (56/165) determinada somente pelo método de IFI

em regiões não endêmicas pode indicar que este teste apresenta alta sensibilidade,

entretanto resultando muitos falso-positivos. A IFI tem sido amplamente utilizada

para o diagnóstico de várias doenças parasitárias, podendo ser observadas reações

cruzadas principalmente entre a leishmaniose visceral, leishmaniose tegumentar

americana e a doença de Chagas (BRASIL, 2006). No trabalho realizado por Lira et

al. (2006) foi detectada reação cruzada na IFI para demodicose e ehrlichiose. Estas

reações inespecíficas ocorrem devido à complexidade antigênica dos

tripanossomatídeos, que compartilham vários epítopos comuns (BADARÓ et al.,

1986). Em contrapartida, Guimarães et al. (2009) demonstraram não haver reação

cruzada entre Babesia spp., Toxoplasma gondii, Neospora sp. e Leishmania spp.

Oliveira et al. (2008) também concluíram não haver reação cruzada entre anticorpos

para Leishmania spp., Babesia canis e Ehrlichia canis. Silva (2009) concluiu que

outra forma de reação cruzada pode ser por anticorpos vacinais.

Este estudo foi feito em região não endêmica e em cães de canis municipais

ou ONGs, que não possuíam o protocolo de vacinação para as doenças mais

frequentes. Portanto, provavelmente os resultados sorológicos desta pesquisa não

entrariam neste parâmetro de falso-positivo pela vacinação.

38

Segundo Gonçalves (2010), pode apresentar resultados falso-negativos

(anticorpos inativos, janela imunológica) e falso-positivos (sangue hemolisado,

anticorpos persistentes de infecção antiga). Títulos baixos podem apresentar

reações cruzadas com outras parasitoses.

Na orientação fornecida pelo Bio-Manguinhos/Fundação Oswaldo Cruz,

fabricante de IFI e ELISA PARA LVC o desempenho da IFI para amostras de soro

oscila em torno de 90% de sensibilidade e 80% de especificidade. Isto explicaria a

prevalência maior em cães soropositivos utilizando o teste de IFI e ELISA. Lira et al.

(2006) demonstraram que para obter maior sensibilidade, os kits (EIE-LVC e IFI-

LVC) devem ser usados em paralelo, no entanto para conseguir maior

especificidade melhor utilizá-los em série (EIE-LVC+IFI-LVC).

No estudo realizado por Silva et al. (2011), a associação de ELISA+IFI

demonstrou moderada concordância, com coeficiente Kappa de 0,41. Gonçalves

(2010) encontrou acurácia de 57,78% utilizando IFI e ELISA, com concordância

considerável com coeficiente de kappa 0,24. No caso deste estudo, em regiões não

endêmicas, a combinação IFI+ELISA demonstrou acurácia semelhante de 66,06%,

mas concordância pobre com valor de kappa 0,054.

Segundo Boarino et al. (2005), a combinação de diferentes antígenos em um

mesmo ensaio também é uma abordagem a ser explorada no diagnóstico da LVC. A

formação de um antígeno quimérico, produzido por múltiplos epítopos, demonstrou

sensibilidade e especificidade superiores a 95% quando aplicado em ELISA.

Conforme Grimaldi et al. (2012), o teste DPP®, produzido pelo Instituto de

Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, que une dois antígenos

recombinantes (rK39 e rK26) apresentou potencial promissor, entretanto, apresentou

elevada sensibilidade apenas para cães sintomáticos (98%), pois em assintomáticos

esta foi baixa (47%), isso indica que é necessário inserir mais antígenos no teste

rápido para tornar a detecção de anticorpos anti-Leishmania mais eficaz na fase

inicial da doença

Neste trabalho, considerando DPP como triagem e ELISA como

confirmatório, em um cenário de prevalência real de 6.06% e prevalência aparente

de 6,67, a sensibilidade foi de 30%, a especificidade de 94,84%, a acurácia de

90,91% e o valor de kappa de 0,237. Comparando o protocolo antigo com o

protocolo atual, verificou-se que a sensibilidade do teste diminuiu em 20%, mas a

especificidade aumentou em 27,74%. O número de falso-positivos diminuiu em

39

cerca de 18%, o de falso-negativos permaneceu o mesmo. Entretanto o VPP que

era de 8,93% subiu para 27,27%. Gonçalves (2010) obteve resultados semelhantes,

quando comparou isoladamente os testes de DPP e IFI: o teste rápido obteve

46,67% (21/45) de soropositividade, enquanto que a IFI obteve 84,44% (38/45).

De acordo com Schubach (2011), DPP pode ser usado pelo Programa

Nacional de Controle das Leishmanioses, por ser de fácil execução e leitura, e

também por ser possível utilizá-lo em amostras de sangue total a campo, porém

apresenta baixa sensibilidade e especificidade. Além disso, Gonçalves (2010)

verificou em seu trabalho, que o teste rápido apresenta sensibilidade mais alta

quando comparado a IFI.

O Ministério da Saúde, por meio da Nota Técnica Conjunta 01/2011

substituiu o protocolo da LVC, sendo uti lizado o DPP® como teste de triagem e

ELISA como teste confirmatório. Segundo Faria e Andrade (2012), sugerem que

poderão ocorrer falhas nesses resultados, causando a eliminação de um número

desconhecido de animais falso-positivos.

Entretanto para explicar que estes resultados de sensibilidade e

especificidade do teste dependem das condições epidemiológicas em que ele é

aplicado, ou seja, da prevalência da doença. Por exemplo, se o DPP® fosse utilizado

em cenários de diferentes prevalências reais conhecidas, poderíamos saber quantos

não infectados poderiam ser eliminados, bem como, quantos positivos não

detectados. Se fosse uti lizado o DPP® com a sensibilidade de 89% e a

especificidade de 69% (SCHUBACH, 2011), se aplicássemos isto em um cenário de

prevalência real de 1,8% (áreas hipoendêmicas ou não endêmicas) e

pretendêssemos avaliar 10.000 cães, teríamos 182 cães reagentes e 9818 não

reagentes. Com a sensibilidade e especificidade do DPP® acima especificada,

teríamos 162 verdadeiro-positivos e 6774 verdadeiro-negativos e consequentemente

completando a tabela de contingência, teríamos 3044 falso-positivos e 20 falso-

negativos, o que se traduziria em um VPP do teste de 5,05%, um VPN de 99,71%,

uma acurácia de 69,36% e um kappa de 0,06. Se aplicássemos o mesmo teste em

um cenário de prevalência real de 50% (áreas endêmicas) e com os mesmos 10.000

animais, teríamos um VPP de 78,69%, um VPN de 87,14%, uma acurácia de

82,45% e uma concordância substancial com um kappa de 0,65. Entretanto, se

fosse aplicado em áreas hiperendêmicas, com prevalência real de 90%, o VPP seria

de 96,27%, o VPN de 41,07%, a acurácia de 87% e o kappa moderado de 0,45.

40

Segundo Gonçalves (2010), a associação DPP e ELISA demonstrou

acurácia de 86,67% e valor de coeficiente de kappa de 0,73, com concordancia

substancial, valor de acurácia aproximado ao observado no presente estudo

(A=90,91%), porém K=0,237.

A utilização das técnicas imunocromatográficas abriu um novo panorama no

diagnóstico realizado em campo. O MS substituiu o protocolo de diagnóstico da LVC

pelo DPP (imunocromatográfico) como opção de triagem e o ELISA como teste

confirmatório. Entretanto, a sensibilidade dos antígenos empregados nessas

técnicas ainda deixa a desejar o que leva crer que o uso de novos antígenos a

serem empregados em tiras imunocromatográficas apresenta uma perspectiva

bastante animadora para o desenvolvimento de testes de campo (FARIA e

ANDRADE, 2012).

Neste trabalho, o melhor resultado apresentado foi a combinação dos

resultados positivos DDP/IFI em série, com ELISA padrão ouro, resultando no

aumento da especificidade do teste (Es=98.71%), melhor acurácia (94,55) e melhor

coeficiente kappa (0,375), comparado às outras combinações.

No que se refere ao diagnóstico parasitológico não foi observado amastigota

no esfregaço de sangue dos cães soropositivos. Conforme o estudo de Lira et al.

(2006), 42% dos cães positivos no exame sorológico EIE-LVC e IFI-LVC e

sintomáticos para leishmaniose, não tiveram confirmação no parasitológico (padrão

ouro), assim demonstrando que o parasitológico não é sensível o suficiente.

Segundo Campillo et al., (1999) a punção de medula óssea oferece

sensibilidade superior ao aspirado de linfonodo. No entanto, neste estudo foi

utilizada a punção de linfonodo por ser a forma menos invasiva e mais rápida. A

visualização das formas amastigotas é fácil nas amostras com intenso parasitismo,

mas quando a carga parasitária é baixa pode haver dificuldade na detecção

(FERRER, 1995).

No que diz respeito aos achados hematológicos relacionados à

leishmaniose, a anemia normocítica normocrômica é caracterizada por redução na

eritropoiese, e suas causas incluem baixos níveis séricos de eritropoetina, presença

de doença inflamatória (primariamente crônica), hipoplasia ou aplasia da medula

óssea, deficiências nutricionais e insuficiências endócrinas. A ausência de

regeneração desta anemia deve-se à presença do parasito na medula óssea,

41

levando à infiltração de linfócitos, plasmócitos e macrófagos e assim

comprometendo a produção eritrocitária (COSTA-VAL et al., 2007). Nas parasitoses

que acompanham esplenomegalia, como a leishmaniose entre outras, a anemia

seria do tipo hemolítica, explicada pelo desenvolvimento do hiperesplenismo

(FARID; PATWARDHAN & DARBY, 1969). Sobre a trombocitopenia encontrada, a

leishmaniose pode levar à redução no número de plaquetas induzida por vasculite

associada à reação de hipersensibilidade tipo III, aumento da destruição plaquetária,

hepatopatia e nefropatia (FELDMAN et al., 2000). Segundo Bulla et al.(2004) e

Ciaramella et al. (2005) as alterações na quantidade e função plaquetária são mais

evidentes nos cães sintomáticos devido ao comprometimento do sistema imune no

processo inflamatório tanto na ehrlichiose quanto na leishmaniose canina. Quanto a

leucocitose com neutrofilia, dados mostram que animais com leishmaniose podem

apresentar esta alteração (FEITOSA et al., 2003; MEDEIROS et al., 2008).Estudos

vem demonstrando que a fase inicial da leishmaniose induz leucocitose associada a

neutrofilia e em estágios mais avançados, pode-se observar leucopenia com

linfopenia (BOURDOISEAU et al., 1997). Conforme estudo feito por Coutinho (2005)

os cães soropositivos não apresentaram aumento nos níveis médios de leucócitos,

não caracterizando uma leucocitose. Já a frequência de trombocitopenia foi

significativa em cães com LVC. A leucocitose é esperada em qualquer afecção que

cause uma resposta inflamatória aguda, como a leishmaniose e outras doenças. O

valor leucocitário normal de alguns animais confirmados para LVC pode estar

relacionado ao estágio da doença. Maia (2013) observou hiperproteinemia,

leucocitose e trombocitopenia nos animais suspeitos e confirmados. Neste estudo,

os cães soropositivos estavam com PPT entre 7,2-8,2g/dL, relativamente acima do

normal. O aumento da concentração de proteína plasmática (PPT) é outra alteração

laboratorial comum na leishmaniose e está associado com processos inflamatórios.

O diagnóstico através dos sinais clinicos em áreas não endêmicas é muito

dificil, pois as lesões são semelhantes às causadas por outras doenças que

acometem os cães. Contudo é importante lembrar que os sinais clinicos dependem

da virulência da cepa, dose do inóculo, estado imunológico, nutricional e também da

característica genética dos animais. Neste trabalho, a temperatura baixa encontrada

é um achado clínico comum em cães desidratados e caquéticos, pode ser também

que este sinal clínico esteja associado a outras infecções concomitantes, como a

cinomose, muito comum nesses animais errantes e também pode ser causada

42

por temperatura ambiente muito baixa. No entanto, Feitosa et al. (2000) observaram

temperatura acima de 38ºC em cães com LVC.

As lesões dermatológicas encontradas foram: lesão de pele ulcerada,

descamação cutânea, alopecia, despigmentação da pele e nódulos intradérmicos.

Lesões semelhantes foram observadas por Gonçalves (2010), sendo que as mais

frequentes foram descamação (53,33%), alopecia (44,44%) e lesões ulceradas

(40%), e nas alterações clinicas, mucosas hipocoradas estava entre as alterações

menos freqüentes, concordando com este estudo onde apenas um cão (Dom

Pedrito/RS) apresentava mucosas pálidas.

Apenas o cão de Rio Grande apresentou lesão ocular, isto se deve

provavelmente à presença dos parasitas, deposição de imunocomplexos. Tais

alterações oculares verificadas estão de acordo com estudo de Fulgêncio et al.

(2008) que observou, num total de 100 animais (200 olhos), 76 (38%) com pelo

menos uma alteração. Além disso, foi observado em alguns cães secreção

mucopurulenta e intenso acúmulo de secreção mucosa na superfície ocular. Da

mesma forma, Genaro (1993) observou secreção purulenta em 25% dos cães

estudados.

No estudo feito por Coutinho (2005) alterações cutâneas (úlceras, dermatites

e alopecias) foram bastante prevalentes nos cães positivos para LVC. Da mesma

forma, Lima et al. (2004) também encontrou lesões dermatológicas como

descamação seca (40,7%) e a alopecia (40,7%). Moreira et al. (2013) observou

conjuntivite, caquexia, onicogrifose, áreas de alopecia, descamação e ulceração na

pele, que variavam de distribuição local a disseminada em animais sintomáticos com

LVC. Contudo, neste caso as lesões observadas eram apenas localizadas.

O cão soropositivo de São Francisco de Assis/RS era assintomático quanto

às lesões dermatológicas. No trabalho de Magalhães (2012) 42% dos cães

assintomáticos eram positivos para LVC, demonstrando a importância dos cães

assintomáticos como reservatório da doença. Da mesma forma, Silva et al. (2011)

observaram em seu estudo que 78% (11/14) dos cães positivos para LVC eram

assintomáticos, reforçando a importância destes no ciclo de transmissão, como

reservatório silencioso da doença, por serem assintomáticos não atraem a atenção

de proprietários e veterinários, dificultando assim o controle da doença.

Com relação ao estado nutricional dos cães soropositivos, 40% (2/5)

apresentaram estado nutricional alterado, de magro ou caquético. Lima et al. (2004)

43

também avaliou os sinais clínicos em cães soropositivos pra LVC estando presente

em seus resultados sinais de magreza e caquexia.

Neste estudo, 60% (3/5) dos cães soropositivos apresentaram alteração nos

linfonodos. De acordo com Lima et al. (2004), os linfonodos dos cães positivos eram

sempre reativos, apresentando aumento de tamanho. Igualmente Cardoso (2012)

verificou que entre os sinais clinicos mais frequentes nos cães com LVC estava a

linfoadenomegalia. Segundo Barbosa et al.(2010), dentre os sinais clínicos mais

frequentes está a linfoadenopatia presente em 96,4% dos cães sintomáticos. Este

aumento dos linfonodos é resultado da proliferação de linfócitos B, plasmócitos,

histiócitos e macrófagos de órgãos linfoides (FEITOSA, 2001).

Em consideração aos aspectos epidemiológicos, a literatura afirma que os

principais transmissores da LVC são os flebotomíneos. Entretanto, não foi realizado

um levantamento entomológico destes insetos nos 12 municípios em questão.

Porém, 80% (4/5) dos cães soropositivos estavam infestados por pulgas, e poderiam

também anteriormente a visita a campo, já terem entrado em contato com carrapatos

ou outros ectoparasitas. Atualmente, estudos como de Coutinho et al. (2005)

descreveram a transmissão de L. chagasi por carrapatos Rhipicephalus sanguineus

no Brasil. Coutinho e Linardi (2007), ao investigar o papel das pulgas

Ctenocephalides felis felis na transmissão da LVC, verificaram que 1,9% das pulgas

retiradas de cães com LVC apresentaram formas promastigotas em esfregaços

corados pelo Giemsa, enquanto que 29,9% exibiram reação positiva pela técnica da

PCR.

Em relação ao tipo de pelagem, neste estudo, 60% (3/5) dos cães

soropositivos apresentava pêlo curto, isto ocasionado pela facilidade do inseto

realizar a picada, tornando-os com mais chances de serem infectados. Da mesma

forma, França-Silva (2003) quando verificou o comprimento do pêlo, observou que

animais de pêlo curto são mais susceptíveis a ação do vetor do que os animais de

pêlo longo. No trabalho de Filho (2008) os animais de pêlo curto também

apresentaram maior soropositividade. Igualmente observado no estudo de Rondon

(2008), em cães com pêlo curto e pelagem escura a prevalência da doença foi mais

elevada.

Quanto à predisposição racial, a maioria dos cães soropositivos deste

estudo eram sem raça definida, as únicas raças sororreagentes encontradas foram

Daschund e Pastor. Também quanto ao gênero, não houve nenhuma diferença

44

estatistica significativa quanto a soropositividade. França-Silva (2003) também não

verificou predisposição racial em adquirir a doença, embora outros autores, como

Miranda et al. (2008) demonstram predisposição racial para as raças Pastor Alemão,

Rotweiler e Boxer para leishmaniose,enquanto as raças Poodle e Yorshire Terrier

pareciam ser mais resistentes. Em relação ao fator sexo, conforme Rondon (2008) o

gênero macho ou fêmea não demonstrou influenciar a suscetibilidade do animal para

leishmaniose visceral. Da mesma forma, Nascimento (2011) verificou que o risco de

infecção para LVC é semelhante para ambos os sexos e sem predisposição racial,

não havendo diferença estatística. Almeida (2010) também não observou diferença

estatisticamente significativa entre sexos ou raças.

Durante muito tempo a Leishmaniose Visceral esteve restrita apenas a áreas

rurais, matas onde habita o inseto vetor. Com a urbanização, a doença foi

aumentando sua abrangencia para a zona urbana. A LVC estava localizada

principalmente em estados com temperatura tropical e regiões com populações mais

pobres. Conforme Manual do Ministério da Saúde (2006) os dados epidemiológicos

dos últimos dez anos revelam a periurbanização e a urbanização da leishmaniose

visceral, destacando-se os surtos ocorridos no Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte

(MG), Araçatuba (SP), Santarém (PA), Corumbá (MS), Teresina (PI), Natal (RN),

São Luís (MA), Fortaleza (CE), Camaçari (BA) e mais recentemente em Três Lagoas

(MS), Campo Grande (MS) e Palmas (TO). Até a década de 90, a maioria dos casos

ocorridos foram notificados na região Nordeste do Brasil. Entretanto, este estudo

revelou 5 casos de LVC na região Sul do Brasil, região conhecida como não

endêmica, abrangendo várias áreas do RS (extremo sul, sudoeste e centro sul).

Segundo boletim epidemiológico da CEVS/RS (2011) o Rio Grande do Sul era

considerado área indene para LV até novembro de 2008, quando foi notificado um

caso suspeito de LVC em um cão proveniente de São Borja. Observou-se no

inquérito epidemiológico em Santa Maria uma amostra canina sororreagente, em

Porto Alegre, a prevalência, até dezembro de 2010, foi de 4,1%, em 72 amostras, Os

municípios com casos suspeitos caninos são aqueles onde houve casos

sororreagentes, mas ainda não foi isolado o parasita responsável pela doença.

Estão em investigação: Santa Cruz do Sul, Viamão, Cachoeira do Sul, São Luiz

Gonzaga e Santo Ângelo (CEVS/RS, 2011).

Segundo Alves (2005), uma vez confirmada a L. (L.) chagasi/infantum, deve

ser coletado material sorológico em todos os cães da área, a fim de avaliar a

45

prevalência canina e desencadear as demais medidas. No entanto, este estudo vem

agregar conhecimento sobre a doença, alertando o centro de vigilância em saúde

dos municípios estudados, a tomarem as medidas de controle e prevenção

necessárias nas regiões onde se encontrou cães reagentes a LVC.

46

5 CONCLUSÕES

Constatou-se presença de focos de Leishmaniose visceral canina em quatro

municípios do Rio Grande do Sul: Rio Grande, Dom Pedrito, Cachoeira do Sul

e São Francisco de Assis.

Nossos resultados aumentam para oito o número de municípios sobre

investigação no RS, considerando que Cachoeira do Sul já estava incluída;

A doença demanda uma situação de alerta e vigilância, pelo registro de novos

municípios com cães soropositivos;

O melhor desempenho dos resultados sorológicos sucedeu-se quando se

associou em série os resultados positivos de DPP e IFI, usando o ELISA

como teste confirmatório;

É necessário o desenvolvimento de ensaios sorológicos baseados em mais

antígenos definidos e específicos para melhorar os métodos diagnósticos

para as leishmanioses.

47

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Volf, P.; Hostomska, J.; Rohusova, I.; Molecular Crosstalks In Leishmania-Sandfly-Host Relationships. Parasite. 2008, 15, 237.

55

ANEXOS

56 ANEXO A

Kit comercial para diagnóstico de Imunofluorescência Indireta. IMUNOTESTE

®.

Kit de ELISA (EIE LVC Bio-manguinhos

®).

Teste rápido (DPP LVC Bio-manguinhos®

).

57

APÊNDICES

58

APÊNDICE A

59

APÊNDICE B

60

61

APÊNDICE C

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE VETERINÁRIA

CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES Campus Universitário - UFPEL - Prédio Nº 42, Fone (053)

3275.7424

Pelotas, __/___/____.

Ao Serviço de Vigilância Sanitária Município de ________________

A/C ___________________________________________

Sra. Diretora

Vimos através deste comunicar que, no estudo epidemiológico (“Leishmaniose visceral canina: Investigação clínica,

laboratorial e epidemiológica em cães de canis de doze municípios do Rio Grande do Sul”) que desenvolvemos em 12 municípios do Rio Grande do Sul,

lamentavelmente identificamos cães sororreagentes (de acordo com os testes e protocolo vigente do Ministério da Saúde para Leishmaniose Visceral Canina), em quatro municípios, entre os quais encontra-se o Município de ________________.

Colocamo-nos à disposição para esclarecimentos que se façam necessários, bem como sugerimos entrar em contato com CVS/RS, para que

as medidas cabíveis possam ser realizadas.

Atenciosamente

Prof. Dr. Claudiomar Soares Brod Coord. CCZ/UFPel Orientador do Projeto de Mestrado

P.S. Abaixo, encaminhamos as normas do Ministério as Saúde para Vigilância e

Controle da Leishmaniose Visceral.

62

AÇÕES DA VIGILÂNCIA DA LVC CONFORME MANUAL MS, 2006.

5.3.2 Ações de Vigilância

As ações de vigilância sobre o reservatório canino deverão ser desencadeadas,

conforme descrito: • Realizar alerta ao serviço e à classe médica veterinária, quanto ao risco da

transmissão da leishmaniose visceral canina – LVC; • Divulgar à população sobre a ocorrência da LVC na região e alertar sobre os sinais clínicos e os serviços para o diagnóstico, bem como as medidas preventivas para

eliminação dos prováveis criadouros do vetor; • Para o poder público, desencadear e implementar as ações de limpeza urbana em

terrenos, praças públicas, jardins, logradouros entre outros, destinando de maneira adequada a matéria orgânica recolhida. • Na suspeita clínica de cão, delimitar a área para investigação do foco. Define-se

como área para investigação, aquela que, a partir do primeiro caso canino (suspeito ou confirmado), estiver circunscrita em um raio de no mínimo 100 cães a serem

examinados. Nesta área deverão ser desencadeadas: • Busca ativa de cães sintomáticos para exame parasitológico e confirmação da identificação da espécie de Leishmania. Uma vez confirmada a L. chagasi, coletar

material sorológico em todos os cães da área, a fim de avaliar a prevalência canina e desencadear as demais medidas.

63

5.3.3 Monitoramento

5.3.3.1 Inquérito sorológico amostral

Este tipo de inquérito deverá ser realizado nas seguintes situações:

• Municípios silenciosos e receptivos, isto é, onde a L. longipalpis já foi detectada, mas não tenha sido confirmada a transmissão da LV humana ou canina, com a

finalidade de verificar ausência de enzootia; • Municípios com transmissão moderada e intensa, que permitirá avaliar as taxas de

prevalência em cada setor, a fim de identificar as áreas prioritárias a serem trabalhadas. O inquérito poderá ser realizado em todo ou em parte do município dependendo do

tamanho do mesmo e da distribuição do vetor. Será utilizada amostragem estratificada por conglomerados, onde o estrato é um

setor do PEAa (setorização realizada quando implementada o plano de erradicação do Aedes aegypti) e o conglomerado, o quarteirão. Para cada setor será calculada a amostra de cães considerando-se a prevalência

esperada e o número de cães do setor, conforme a tabela 2. Para aqueles municípios que já tenham uma estimativa de prevalência conhecida, utilizar este

valor como parâmetro. Caso contrário, utilizar a prevalência de 2%. Por exemplo, a amostra deverá ser tomada em cada setor, onde deverá ser sorteado um determinado número de quarteirões até atingir o número de cães que

compõem a amostra. Para efeito de cálculo do número de quarteirões a serem sorteados, considerou-se que em média cada quarteirão possui 20 imóveis, cada

imóvel 4 habitantes e que a relação do número de cães por habitante é de 1:5. Portanto, a estimativa é que haja em média 16 cães por quarteirão. Dessa forma, o

número de quarteirões a serem sorteados poderá ser determinado pela fórmula:

Onde:

Q é o número estimado de quarteirões a serem trabalhados;

n é o número de cães previstos na amostra por setor (conforme tabela a seguir); Â é o número médio de cães por quarteirão, que é igual a 16.

64

Para o sorteio dos quarteirões deverá ser utilizado o conjunto de tabelas de números

aleatórios. Sendo sorteada, primeiro a tabela e, em seguida, o primeiro número da tabela, o qual corresponderá ao primeiro quarteirão sorteado. O número de

algarismos a ser utilizado na(s) coluna(s), dependerá do maior valor numérico do quarteirão existente no setor. Para uti lização da tabela de números aleatórios, é necessário sortear a coluna e

seguir sistematicamente de cima para baixo e da esquerda para a direita. Para obter uma melhor distribuição espacial da amostra no setor, deverão ser

trabalhados 50% dos imóveis existentes no quarteirão, sistematicamente. Para tanto, iniciar o trabalho em cada quarteirão na esquina mais ao Norte (devidamente assinalada no mapa), no imóvel sorteado (primeiro ou segundo), prosseguindo

alternadamente em sentido horário, até que o quarteirão tenha sido totalmente coberto.

Setores com população canina inferior a 500 cães deverão ser agrupados com um ou mais setores contíguos, para o cálculo da amostra. Por outro lado, em municípios com população inferior a 500 cães, deverá ser realizado inquérito canino censitário.

5.3.3.2 Inquérito sorológico censitário

Este tipo de inquérito deverá ser realizado nas seguintes situações: • em zona urbana de município classificado como silencioso e receptivo com população canina menor que 500 cães;

• em setores urbanos de municípios classificados como de transmissão moderada ou intensa;

• em zona rural de municípios em qualquer uma das situações de transmissão de LV;

Este tipo de inquérito terá como objetivo o controle através da identificação de cães infectados para a realização da eutanásia, como também de avaliar a prevalência.

Estes inquéritos deverão ser realizados, anualmente, sincronizado com as demais ações de controle, por no mínimo 3 anos consecutivos, independente da notificação de novos casos humanos confirmados de LV.

A fim de não sobrecarregar os laboratórios de saúde pública de referência para a realização dos exames, o planejamento das ações deverá ser realizado em conjunto

com as instituições que compõem o Programa de Vigilância de LV no estado.

65