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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA GUSTAVO MILANELLO ROCHA CAMPOS RELATÓRIO DE ESTÁGIO: ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA AQUICULTURA DOIS IRMÃOS CUIABÁ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

GUSTAVO MILANELLO ROCHA CAMPOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO: ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA AQUICULTURA DOIS IRMÃOS

CUIABÁ 2016

i

GUSTAVO MILANELLO ROCHA CAMPOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO: ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA AQUICULTURA DOIS IRMÃOS

Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Márcio Aquio Hoshiba Supervisor do Estágio Supervisionado:

Zootecnista Gilcler Sabaini Alcino de Souza

CUIABÁ 2016

Aos meus pais Maria Emília e Ricardo e meu irmão Leonardo

Dedico.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos geralmente são feitos de clichês, e serei mais um a contribuir

com isso. Primeiramente, agradeço aos meus pais (Ricardo e Maria Emília) e meu

irmão (Leonardo), que tornaram possível a realização do curso. O apoio de vocês

(tanto psicológico quanto financeiro) foi imprescindível para tal.

Agradeço aos meus tios Rejane e Rubens (Rubinho) por abrirem as portas de

sua casa para se tornar meu lar. Sinto-me realmente em casa. À seus filhos: Júlia (por

ser chata e me fazer estudar), Pedro (pela amizade e companheirismo) e Gabriel (que

fez minha mente expandir quanto ao respeito pelos demais).

Meu muito obrigado à toda minha família: primos, tios e avós. Daria a vida por

vocês e sei que vocês fariam o mesmo por mim. Amo vocês!

Minha namorada, Juliana Madruga, por ser parte tão presente em praticamente

quatro anos de curso. Pegando no meu pé, brigando comigo, mas principalmente, me

fazendo feliz! Também ressalto o acolhimento que sua família teve comigo, foi (e ainda

é) espetacular.

À saudosa Toca do Jão, local onde pude crescer como homem, adquirindo

responsabilidades maiores, onde pude ter a minha casa, onde se realizavam as

melhores confraternizações de amigos e os estudos mais assíduos. E isso não seria

possível sem meus amigos (irmãos) que toparam unirmos e ter nossa casa. Agostinho

(Guira/Bira) e Mauricio (Mau), obrigado!

Os amigos foram parte importantíssima nessa etapa, sem eles, tenho certeza

que as coisas seriam muito mais difíceis. Agradecer à todos, talvez fique difícil, mas

vou tentar assim mesmo. André (não tenho palavras para descrever esse cara...);

Daniel (Méc) por todos os estudos que você fazia, pelas idas na academia, pelas

cervejas bebidas e por ser essa pessoa ímpar; Gabriel (Chaddad) pela amizade, pelos

desastres naturais (haha), por me propiciar conhecimento em uma nova área da

Zootecnia e por lembrar constantemente dos amigos e insistir neles; Wemerson pela

amizade desde o primeiro dia de aula; Dalton pela amizade, parentesco e lolzinho;

Flávio, Leonardo (Léo), Marcos (Beiço) e Michel por estarem juntos desde os

primórdios da graduação, pelas festas que curtimos, pelos estudos realizados, pelo

aprendizado que me proporcionaram...; Lucas (Bodão), Vanilson e Yan por serem

grandes parceiros e pessoas com quem é sempre bom estar junto! Visca

Cuiabátimas!; Amanda, Anna Luz, Kamila, Mônica e Ronyatta pela amizade,

companheirismoe boas risadas; Daniel (Monge), Igor, Indaya, Kyron (Cabral),

Mariana, Rafael (Rafão) e Renata, por tudo, mas principalmente pelas cervejas e

risadas; Aos pais de meus amigos (que também são meus amigos) por me acolherem

tão bem; À galera do basquete, por ser algo tão importante, calmante e ao mesmo

tempo desafiador, obrigado gente; Enfim, para todos os amigos e colegas que foram

de alguma forma importantes para mim.

Aos meus amigos de longa data: Diego, Fábio (Fabinho), Gabriel, Guilherme

(Guigol), Lucas (Bona) e Thiago. Por estarem comigo em fases importantes da minha

vida. Vocês com toda certeza, foram, são e sempre serão pessoas em que posso

confiar, desabafar, divertir, chorar e tudo mais que for possível.

Agradeço à todos os professores, mas principalmente àqueles que foram

também amigos. Carlos Eduardo, Lucas, Regina, Sania e Lisiane.

Ao professor e orientador Márcio Hoshiba, por acreditar em mim, pela grande

ajuda no desenvolvimento do trabalho, pelas aulas ministradas, pela simpatia e por

tudo mais que de alguma forma me serviu para crescimento pessoal e profissional.

À banca examinadora. Professora Janessa e Calixto (Calixtão), pelos

ensinamentos, amizade e o tempo dedicado a mim.

Ao pessoal da Aquicultura Dois Irmãos (Caio e Gilcler) e Fazenda São Rafael,

por me abrirem às portas, me ensinar um novo segmento, pelo companheirismo e por

fazerem com que meu estágio tenha sido o melhor possível.

À Universidade Federal de Mato Grosso, por ser onde tudo isso ocorreu.

“Um em um milhão, nasce pra vencer, mas nada impede que esse um seja você”.

José Tiago Sabino Pereira

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Vista exterior do laboratório de reprodução.. ............................................. 16

Figura 2. Canal de abastecimento. ............................................................................ 17

Figura 3. Represa de abastecimento. ....................................................................... 17

Figura 4. Viveiro escavado para a produção de alevinos. ......................................... 17

Figura 5. Tanques de espera .................................................................................... 18

Figura 6. Estufa de hidroponia. ................................................................................. 18

Figura 7. Rede para despesca. ................................................................................. 19

Figura 8. Linha de incubadoras. ................................................................................ 19

Figura 9. Incubadoras ............................................................................................... 19

Figura 10. Caixas de transporte. ............................................................................... 20

Figura 11. Viveiro anstes da aplicação de cal. .......................................................... 22

Figura 12. Viveiro após a aplicação de cal. ............................................................... 22

Figura 13. Aplicação de cal ....................................................................................... 23

Figura 14. Leitura de transparência d’água com disco de Secchi. ............................ 24

Figura 15. Coleta de água para análise de pH. ......................................................... 24

Figura 16. Escala colorimétrica. ................................................................................ 25

Figura 17. Arraçoamento de matrizes ....................................................................... 26

Figura 18. Ração fornecida aos reprodutores ........................................................... 26

Figura 19. Ração fornecida aos alevinos maiores que 8cm. ..................................... 27

Figura 20. Ração fornecida aos alevinos menores que 8cm. .................................... 27

Figura 21. Despesca ................................................................................................. 28

Figura 22. Bolsão para despesca. ............................................................................. 28

Figura 23. Bolsão para seleção. ................................................................................ 29

Figura 24. Observação do poro urogenital avermelhado. ......................................... 30

Figura 25. Matriz de tambaqui. .................................................................................. 30

Figura 26. Alevinos no tanque de depuração. ........................................................... 31

Figura 27. Alevinos em sacos plásticos para transporte. .......................................... 32

Figura 28. Biometria individual de comprimento de alevino. ..................................... 33

Figura 29. Pesagem dos alevinos ............................................................................. 33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Evolução da produção das principais espécies de peixes no Brasil ........... 5

Tabela 2 Principais espécies cultivadas no Brasil, técnicas de propagação artificial e principais entraves ...................................................................................................... 7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

2. OBJETIVO(S) ........................................................................................................ 2

3. REVISÃO ....... ........................................................................................................3 3.1 Panorama da Aquicuitlura ...................................................................................... 3

3.2 Pisicultura. ....................................................................................................... 4

3.2.1 Reprodução Artificial................................................................................4 3.2.1.1 Seleção de Reprodutores............................................................ 5

3.2.1.2 Indução Hormonal ....................................................................... 6

3.2.1.3 Extrusão dos Gametas.................................................................6 3.2.1.4 Hidratação e Incubação .............................................................. 7

3.2.2Produção de Peixes Híbridos ................................................................... 7

3.2.3 Manejos Gerais na Piscicultura.................................................................8 3.2.3.1 Calagem ...................................................................................... 8

3.2.3.2 Desinfecção ................................................................................ 9

3.2.3.3 Arraçoamento e Biometria ...........................................................9 3.2.3.4 Despesca e Depuração ............................................................. 10

4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO..................................................................................11 5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO .............................................. 16

5.1 Desinfecção dos Viveiros ............................................................................... 16

5.2 Monitoramento dos Parâmetros Físico-Químicos da Água.............................18 5.3 Arraçoamento ................................................................................................ 20

5.4 Despesca ....................................................................................................... 22

5.5 Seleção de Reprodutores .............................................................................. 24

5.6 Venda de Alevinos ......................................................................................... 26

5.7 Biometria ........................................................................................................ 27

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................29 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 30

RESUMO

A piscicultura é hoje uma das atividades que mais crescem no setor agropecuário

sendo a reprodução um dos gargalos dessa cadeia produtiva. Buscando alavancar

ainda mais o crescimento é necessário observar os fatores econômicos e ambientais,

investindo corretamente o capital e utilizando com sabedoria os recursos naturais.

Nosso país, devido às grandes extensões e ao elevado potencial hídrico, apresenta

condições favoráveis para o crescimento desse segmento. A hibridação entra como

uma alternativa de melhorar as espécies produzidas, buscando as melhores

características que cada uma pode apresentar. Um grande exemplar é a tambatinga

(híbrido da fêmea do tambaqui com o macho da pirapitinga) que é produzido

vastamente no estado de Mato Grosso. Os manejos gerais de uma piscicultura são

essências para o bom funcionamento da mesma e quando feitos de forma incorreta

causam pequenas perdas, o que ao fim da produção pode se tornar algo grande.

Dessa forma, o estágio teve por objetivo, acompanhar os manejos diários de uma

piscicultura, bem como a estação reprodutiva e a venda de alevinos.

Palavras-chaves: Manejos, piscicultura, reprodução

1

1. INTRODUÇÃO

A aquicultura pode ser definida como o cultivo de organismos aquáticos, é a

atividade agropecuária que mais cresce no Brasil e no mundo, amenizando o impacto

causado pela pesca sobre os estoques naturais. Atualmente, a aquicultura é

responsável por metade da produção de peixes e moluscos consumidos pela

população mundial. A atividade necessita, assim como os demais setores

agropecuários, de técnicas específicas e adequadas. Dentre os segmentos da

aquicultura se destaca a piscicultura (cultivo de peixes).

A produção total da piscicultura brasileira foi de 474,33 mil toneladas em 2014,

representando um aumento de 20,9% em relação à registrada no ano anterior. O

estado de Mato Grosso foi responsável por 12,8% da produção, totalizando 60,95 mil

toneladas de peixe. Os peixes redondos juntamente com a tilápia são os mais

cultivados no Brasil representando 83,8% dos peixes produzidos seguidos pela carpa

que atinge 4,4% da produção (IBGE, 2014). Dentro da piscicultura a reprodução e a

alevinagem, vem se tornando um dos gargalos da cadeia produtiva. A reprodução de

espécies reofílicas se dá pela hipofisação, uma metodologia que ainda hoje pode ser

considerada um desafio para aqueles que não possuem um conhecimento do assunto.

Esta técnica se mostra muito importante nos dias de hoje, tendo em vista o enorme

crescimento da piscicultura e se faz necessária na reprodução em cativeiro

Alguns manejos são estritamente necessários para um bom funcionamento de

uma piscicultura, com eles se torna possível produzir peixes de qualidade, além de

permitir melhor uso da renda disponível. De acordo com Ostresnky & Boeger (1998),

a piscicultura foi por muito tempo tratada como uma “caixinha de surpresas”, só se

sabia como havia sido o cultivo, no momento da despesca, quando mais nada poderia

ser feito. Manejos de observação dos animais e de qualidade de água acarretam em

ganhos muito maiores futuramente, além de um controle maior de sua produção.

Tendo em vista da importância dos itens citados acima, o estágio supervisionado

realizado na Aquicultura Dois Irmãos se mostrou de grande importância, tanto para o

crescimento profissional como acadêmico. As experiências práticas lá vividas

2

reforçam o aprendizado adquirido na Universidade, além de apresentar técnicas que

ainda não haviam sido vistas em sala de aula.

3

2. OBJETIVOS

Observar e realizar atividades no setor de piscicultura, utilizando dos

conhecimentos adquiridos de forma teórica durante a graduação e vivenciá-los no

campo.

4

3. REVISÃO

3.1. Panorama da Aquicultura

A aquicultura se caracteriza pela produção de organismos predominantemente

aquáticos, em qualquer fase de desenvolvimento, e que envolva um espaço confinado

e controlado. Esta prática pode consumir recursos naturais, como água, energia e

solo. É uma prática tradicional de longa data, e encontrada em diversos lugares do

mundo. De acordo com De Oliveira et al. (2015) há registros históricos evidenciando

a técnica em documentos e manuscritos chineses datados de séculos remotos, e

chega a ser mencionada até em hieróglifos egípcios. Este sistema incluía, de forma

simplificada, o armazenamento de exemplares imaturos de diversas espécies de

peixes, seu desenvolvimento condicionado a um ambiente propício, que não

demandava adição de muitos insumos ou recursos externos, e por fim seu consumo

pelas populações, sendo uma importante fonte alimentar.

Nos dias de hoje, a aquicultura é considerada uma atividade multidisciplinar,

pois é passível do cultivo de inúmeras culturas, como os principais exemplos temos:

a piscicultura (criação de peixes) e a carcinicultura (criação de camarões). A

contribuição da aquicultura para os estoques mundiais de alimento continua

crescendo, aumento esse que salta de 3,9% em 1970 para consideráveis 32,4% no

ano de 2004 (FAO, 2006). O setor vem tendo grande crescimento quando comparado

aos principais ramos de abastecimento alimentício. A aquicultura cresce cerca de

8,8% ao ano por várias décadas, enquanto a pesca extrativa e a criação pecuária

crescem 1,2% e 2,8% respectivamente (FAO, 2008).

Esta produção de alimento chega a cerca de 2,6 bilhões de pessoas, e supriu

por volta de 20% da necessidade de proteína animal mundial. Os maiores produtores

foram a China (63,5 milhões de toneladas), a Indonésia (11,7 milhões de toneladas),

a Índia (9,3 milhões de toneladas) e o Japão (5,2 milhões de toneladas). O Brasil

produziu em 2010 1,26 milhão de tonelada, valor este que representou 0,75% da

produção global.

5

A tabela abaixo, mostra a evolução da produção de algumas espécies

produzidas no Brasil do ano de 2007 à 2011:

Tabela 1: Evolução da produção das principais espécies de peixes no Brasil

Espécie 2007 2008 2009 2010 2011

Tilápia 98.091,00 111.145,00 132.957,00 155.450,80 253.824,10

Tambaqui 30.598,00 38.833,00 46.454,00 54.313,10 111.084,10

Tambacu 10.854,00 15.458,00 18.492,00 21.261,40 49.818,00

Carpa 36.631,00 67.624,00 80.895,00 94.579,00 38.079,10

Pacu 12.397,00 15.189,00 18,171,00 21.245,10 21.689,30

Tambatinga 2.028,00 3.514,00 4.204,00 4.915,60 14.326,40

Pirapitinga 330 560 670 1.365,60 9.858,70

Pintado 1.592,00 1.777,00 2.126,00 2.486,50 8.824,30

Curimba 2.721,00 3.736,00 4.469,00 5.226,00 7.143,10

Piau 3.491,00 5.227,00 6.252,00 7.227,60 4.309,30 Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura

A aquicultura brasileira em 9 anos passou de apenas 12% da produção

nacional de pescado para 25,9%. A tendência, com os apelos ambientais existentes

nos dias de hoje e o grande aumento populacional, é que essa porcentagem cresça

cada vez mais. A grande diferença entre a aquicultura e a pesca extrativista, talvez

seja a falta de incertezas que a primeira proporciona. A pesca extrativista está sujeita

a inúmeras variáveis, enquanto a aquicultura o ambiente todo é controlado.

3.2 Piscicultura

A piscicultura refere-se ao cultivo de peixes, podendo ser criados

principalmente em três diferentes tipos de sistemas: Extensivo (onde não se utiliza

ração comercial e se necessário, alimenta os peixes com subprodutos agrícolas,

obtendo-se baixa produtividade), Semi-intensivo (utilização de ração comercial e certo

nível de controle da qualidade da água) e Intensivo (todos os fatores de produção são

controlados pelo homem) (CORREA et al., 2008).

A piscicultura pode seguir diferentes ramos como a engorda e a produção de

alevinos.

6

3.2.1 Reprodução Artificial

A demanda pelo pescado vem aumentando nos últimos anos, impulsionada

principalmente pelo crescimento da população e pela tendência mundial em busca de

alimentos saudáveis e indicados para a saúde humana, como o pescado. Na contínua

busca pela captura de um número maior de peixes, a pesca extrativa aliada a

degradação ambiental, aos poucos, afetou o equilíbrio de populações e desse modo

os estoques naturais de águas continentais e marinhos que se constituíam na principal

fonte de pescado tiveram sua capacidade de produção drasticamente limitada

(ANDRADE & YASUI, 2003). A tendência é que a pesca extrativista diminua cada vez

mais, e assim faz-se necessário a reprodução em cativeiro. A piscicultura só teve

possibilidade de expandir quando as técnicas de reprodução natural e artificial em

cativeiro foram dominadas.

No Brasil, dentre espécies nativas e exóticas, são reproduzidas mais de 50

espécies de peixes. A diversidade é grande devido as dimensões de nosso país. As

diferentes características climáticas de cada região fazem com que determinados

peixes tenham desempenho superior a outros. Assim os produtores buscam as

espécies mais adaptadas ao seu local de produção. A demanda do mercado também

pode influenciar o produtor na hora da escolha. Na tabela 2 são citadas as principais

espécies de peixes reproduzidos em nosso país, assim como a técnica reprodutiva é

o principal entrave.

A reprodução artificial é dividida em algumas etapas, etapas estas que serão

descritas nos próximos itens.

7

Tabela 2. Principais espécies cultivadas no Brasil, técnicas de propagação artificial e principais entraves

Fonte: Andrade, D. R., & Yasui, G. S. (2003). Manejo da reprodução natural e artificial e sua importância na produção de peixes no Brasil. Revista Brasileira de Reprodução Animal, 27(2), 166-172.

3.2.1.1 Seleção de Reprodutores

De acordo com Sreit et. al. (2012) a seleção dos reprodutores deve seguir

algumas recomendações básicas tais como:

Evitar o estresse dos animais que serão induzidos é o principal fator a ser

considerado. O estresse pode levar a uma retenção dos ovócitos.

Selecionar os animais com um número de pessoas e equipamentos

adequados. Condutores experientes devem ficar nas extremidades da rede, pois são

eles que conduzirão o ritmo da operação. A rede deve ter o tamanho adequado para

evitar malhar os peixes

8

Na seleção de reprodutores para a indução hormonal, é necessário certificar-

se de que os animais estejam em condições ideais, ou seja, aptos para a reprodução.

Se as gônadas não estiverem desenvolvidas o suficiente, os animas não responderão

à indução hormonal.

O transporte dos animais do tanque até o laboratório deve ser o mais rápido e

cuidadoso possível. A caixa de transporte deve conter água limpa com oxigênio, na

mesma temperatura da água do viveiro.

A identificação dos machos prontos para a indução, na maioria das espécies, é

mais fácil do que a identificação das fêmeas. Os machos preparados, após sofrerem

uma leve massagem na cavidade celomática, geralmente liberam uma pequena

quantidade de sêmen, mostrando que estão aptos à indução, que levará ao aumento

da quantidade de sêmen liberado. Já com as fêmeas prontas é incomum a liberação

de ovócitos quando estas são submetidas a massagens na cavidade celomática

(ÓRFÂO, 2013). A identificação das fêmeas é feita por características externas, como

abdômen em formato arredondado e macio e papila urogenital avermelhada

(WOYNAROVICH & HORVÁTH, 1983). A seleção é um passo muito importante, se

feita de forma inadequada pode comprometer todo o resto do procedimento.

3.2.1.2 Indução Hormonal

Os peixes reofílicos, quando são criados em cativeiro, necessitam de um

estimulo hormonal exógeno, já que em condições naturais a piracema seria a

responsável para que os peixes iniciem a reprodução, fato que não ocorre em

cativeiro. Existem diversas alternativas para a indução hormonal, a maioria se baseia

em aplicações na base das nadadeiras peitorais e pélvicas. O principal indutor

utilizado é o extrato de hipófise, que dá ao processo, o nome de hipofisação.

Para a obtenção dos gametas, calcula-se a quantidade de extrato de hipófise a

ser injetado com base no peso do animal. Cada espécie necessita de uma quantidade

diferente, como o tambaqui que necessita de 5,5mg de extrato de hipófise/kg do peso

vivo nas fêmeas e 2,5mg nos machos (SREIT et. al., 2012).

Sreit et al. (2012) ainda dizem que o extrato de hipófise é então macerado,

adicionando uma gota de glicerina para melhorar a maceração, até transformar-se em

uma massa. Essa massa é misturada à soro fisiológico 0,7% para que ocorra a

diluição e torne assim possível a injeção nos animais. A solução resultante é injetada

9

no animal. Em sua maioria, a aplicação deve ser feita da seguinte maneira: 10% da

dose é aplicada na fêmea em uma primeira etapa, após 12 horas aplica-se os 90%

restantes juntamente com a dose total no macho. Caso o tempo entre as duas

aplicações seja muito grande pode ocorrer a reabsorção dos ovócitos.

3.2.1.3 Extrusão dos Gametas

Após a aplicação da segunda dose nas fêmeas, deve-se contabilizar as horas-

grau (somatório da temperatura a cada hora) para que a mesma atinja o estado final

de maturação e esteja apta à liberação dos gametas. As horas-grau diferem para cada

espécie, sendo importante conhecer a necessitada pela espécie que deseja produzir.

Sreit et. al, (2012) diz que o reprodutor deve ser retirado do tanque, colocado em uma

superfície macia e enrolado em um pano seco. É realizada então a massagem

abdominal, no sentido da cabeça para a cauda observando fácil liberação de gametas,

tanto no macho quanto na fêmea. Os óvulos são recolhidos em um recipiente seco, o

sêmen deve ser colocado sobre os ovócitos recolhidos. A quantidade de sêmen deve

ser bem calculada, tendo em vista que uma dosagem baixa vá causar subfertilização

enquanto uma dosagem em excesso pode causar superfertilização, ambas provocam

uma baixa taxa de fertilização.

3.2.1.4 Hidratação e Incubação

A hidratação é um passo importante. A água é extremamente necessária para

que ocorra a fecundação dos ovócitos. É necessário ter cuidado na quantidade de

água, pois, baixa quantidade de água não irá ativar todos os espermatozoides, assim

como uma grande quantidade de água acabará diluindo o sêmen. O volume de água,

em média, deve ser 10 vezes o volume de ovócitos.

A incubação é a última etapa da reprodução. O sucesso nessa etapa depende

de uma boa qualidade de água. As incubadoras mais comuns possuem um cano de

abastecimento de água conectado à abertura, promovendo boa movimentação dos

ovos e permitindo controlar a vazão de água de acordo com o desenvolvimento

embrionário e larval. Durante a incubação além da limpeza, são necessários alguns

cuidados de acordo com Silva et. al. (2004):

10

Vazão. A vazão ideal varia de acordo com a espécie que está sendo

reproduzida. O choque mecânico entre os ovos ocorre em função de uma velocidade

muito alta da água que abastece as incubadoras. Por outro lado, uma velocidade

pequena fatalmente incorre na infestação da superfície externa do córion com esporos

de fungos, além da possibilidade de os embriões não estarem sendo supridos com

uma quantidade suficiente de oxigênio.

Aeração. A concentração de oxigênio é imprescindível para o desenvolvimento

do embrião

Reutilização da água. Quando se tem sistema fechado de reutilização de água

para incubação. É necessário um biofiltro que proporcione a proliferação de bactérias

para degradar amônia

Sólidos em suspensão. Materiais em suspensão podem prejudicar a incubação.

Após a eclosão, a limpeza da incubadora é a parte mais importante, devendo ser

realizada por uma pessoa treinada. De acordo com Streit et al. (2012). Deve-se cortar

o fluxo de água por alguns minutos de forma que todo o resíduo de córion decante.

Depois, é preciso certificar-se de que as larvas estejam na superfície da água,

desconectar a mangueira de alimentação de água da incubadora e, rapidamente,

baixar o nível da água de forma a sifonar resíduo decantado, retornando,

imediatamente, a mangueira ao registro e ajustando-se o fluxo da água. O tempo em

que a larva deve permanecer na incubadora varia de espécie para espécie, no

tambaqui, como exemplo, as larvas ficam de 6 a 10 dias e após isso são transferidas

para um viveiro.

3.2.2 Produção de Peixes Híbridos

A hibridação nada mais é do que o cruzamento natural ou artificial de indivíduos

diferentes. A produção de híbridos na piscicultura, embora em alta nos dias de hoje,

é uma prática muito antiga. De acordo com Fernandes (2010) normalmente se

realizam três tipos de hibridação, são elas:

Intraespecífica: Realizada entre indivíduos de mesma espécie, porém de

variedades diferentes. Comum em peixes ornamentais para conseguir novas cores ou

formatos de cauda, por exemplo.

11

Interespecífica: Feita com indivíduos de espécies diferentes, porém de mesmo

gênero, como maior exemplo temos o cruzamento entre a cachara e o pintado, que

resulta na cachapinta.

Intergenérica: Efetivada entre espécies de gênero diferente. Um exemplo é o

cruzamento entre surubins do gênero Pseudoplatystoma e o jundiá amazônico

(Leiarius marmoratus)

Muitas são as justificativas para se produzir híbridos na piscicultura, entre elas

temos a redução no tempo de engorda; obter populações de um mesmo sexo; ter

animais mais dóceis; aumentar a resistência à doenças e etc. (FERNANDES, 2010).

A produção de híbridos nos dias de hoje, é considerada uma atividade relativamente

fácil de ser realizada, as técnicas reprodutivas dominadas deixam essa atividade mais

simples.

3.2.3 Manejos Gerais na Piscicultura

Para o bom funcionamento de toda a piscicultura, são necessários alguns

manejos comumente realizados. Estes manejos são parte importante para que todo o

ciclo tenha resultados satisfatórios, influenciam em parâmetros como a qualidade da

água, sanidade do plantel e eleva os indicies produtivos. Alguns são realizados

diariamente, outros só quando há a real necessidade. Os seguintes tópicos explicarão

os principais, geralmente realizados em pisciculturas pelo Brasil a fora.

3.2.3.1 Calagem

Em áreas brasileiras, corriqueiramente nos esbarramos com viveiros

construídos em solos com baixos valores de pH e concentrações reduzidas de

alcalinidade e dureza. A calagem tem como objetivo melhorar esses parâmetros,

influenciando assim, positivamente na produção.

A calagem visa a melhoria de produtividade e sustentabilidade ambiental. Para

isso neutraliza a camada superficial de sedimentos do fundo dos viveiros e aumenta

a alcalinidade e dureza da água. De acordo com Boyd & Tucker (1998) a acidez dos

sedimentos no fundo do viveiro deve ser entre 7,0 e 8,0 e a alcalinidade e dureza

devem ser superiores a 20mg/L. Os valores de pH dos viveiros pode variar durante o

dia, isso devido à ação fotossintética de fitoplâncton e demais plantas aquáticas

12

presentes no local (QUEIROZ & BOEIRA, 2006). Os sedimentos presentes no fundo

dos tanques influenciam na quantidade de fertilizante utilizado na preparação do

viveiro. Queiroz & Boeira (2006) citam que o sedimento, quando ácido, absorve quase

todo o fósforo adicionado através de fertilizantes. A calagem, quando realizada,

aumenta o pH tornando o fósforo mais disponível e consequentemente aumenta

também a disponibilidade de carbono para a fotossíntese através da elevação de

bicarbonato na água.

Para determinar a exigência de calagem para o viveiro, é necessário medir o

pH do solo. Segundo Vinatea et al. (2004) para isto é recomendável diluir 20 gramas

de solo seco em 20 ml de água destilada e depois de 30 minutos utilizar um pHmetro

para medir o pH da mistura. Caso o pH seja inferior a 5,9, se faz necessário o uso da

metodologia da solução buffer, que consistem em diluir mais 20 gramas de solo em

40 ml de solução de p-nitrofenol 1. Após uma hora de agitação constante, determina-

se a queda de pH da solução. Essa queda é então multiplicada pela constante 6000

e terá a quantidade de calcário necessária para aplicação no viveiro. Ainda segundo

Vinatea et. al. (2004) nem todos os calcários encontrados no mercado são puros,

sendo necessária a divisão da dose calculada pelo produto dividido por cem da

reatividade e poder neutralizante do calcário utilizado, assim terá a dose real. A

aplicação é feita a lanço, podendo o viveiro estar cheio ou não.

3.2.3.2 Desinfecção

A desinfecção por muitas vezes é confundida com a calagem, esta tem por

principal objetivo evitar que resíduos tóxicos ou que organismos ou microrganismos

indesejáveis venham a prejudicar o andamento do cultivo que será iniciado. Uma

desinfecção cuidadosa pode permitir ainda a oxidação da matéria orgânica acumulada

e aumentar a fertilidade do solo dos viveiros. A desinfecção pode ser feita

simplesmente deixando o sol agir sobre o viveiro seco ou pode ainda ser feita de forma

química, forma essa que torna a confusão com a calagem explícita.

Segundo Ostrensky e Boeger (1998) há duas formas de fazer a desinfecção química,

sendo:

Uso de cal virgem (CaO) ou cal hidratada (Ca (OH)2) – Quando em contato

com a água a cal virgem aumenta o pH e a temperatura do solo, matando os

13

organismos vivos que estiverem presentes no fundo do tanque. A cal hidratada não

eleva a temperatura, atuando apenas no aumento do pH.

Hipoclorito de sódio – A ação será semelhante à da cal, porém de forma mais

agressiva. Neste caso é necessário a aplicação, revirar o solo e realizar nova

aplicação.

Ambos os modos necessitam de equipamentos de segurança devido à

possíveis queimaduras causadas pelos produtos.

3.2.3.3 Arraçoamento e Biometria

O arraçoamento consiste no ato de alimentar os peixes com ração. A frequência

necessária varia principalmente conforme a espécie do peixe, a qualidade da água, a

temperatura, e à finalidade dos peixes (engorda ou manter o tamanho). De acordo

com Oliveira (2008), a taxa de arraçoamento influencia diretamente o crescimento e a

eficiência alimentar dos peixes, sendo necessários estudos nutricionais para definir a

melhor taxa e evitar mascaramento das exigências nutricionais, perda de ração e

diminuição da qualidade da água.

Parte da ração ofertada ao peixe é consumida, transformando-se em proteína

animal. Outra parte não é ingerida pelo animal, e por fim temos a parte que é

transformada em fezes. As parcelas ditas como não aproveitadas pelos animais, irão

se depositar no fundo dos viveiros, aumentando as concentrações de matéria orgânica

(BOYD & QUEIROZ, 1997). Parte dessa matéria orgânica irá ser liberada na forma de

dióxido de carbono, amônia e fósforo através do intercâmbio com a atmosfera no

contato da água com o ar. Outra parte será eliminada através das trocas de água

realizadas no viveiro. E, por fim, parte do gás carbônico, nitrogênio e amônia serão

adsorvidos pelo solo e pelo ar na forma de gás de nitrogênio e amônia. Logo, com o

aumento das taxas de arraçoamento, isolando os fatos, temos duas vertentes: o

aumento da produção de peixes e a diminuição da qualidade de água. Porém, quando

analisamos de forma conjunta, a diminuição da qualidade de água, diminuirá a

produção dos peixes em um ritmo maior que o proporcionado pelo aumento do

arraçoamento.

Grandes taxas de arraçoamento aumentam os níveis de nutriente na água e à

medida que as concentrações de nutrientes aumentam, a produção de algas acelera,

isso altera a ecologia do sistema aquático. Os nutrientes contribuem para o aumento

14

da produção orgânica, elevando a biomassa de fitoplâncton e por consequência

diminui a penetração de luz no viveiro (ESTEVES, 1998). Segundo Mitchell (1996) a

proliferação excessiva de fitoplâncton, pode ainda, causar a diminuição de oxigênio

no período noturno e supersaturação durante o dia. Isso pode causar a obstrução das

brânquias dos peixes e diminuir o crescimento de algas mais assimiláveis e ainda

causar o desenvolvimento de cianobactérias, que causam sabor desagradável no

pescado.

Existem inúmeros fatores que implicam nos índices de ingestão alimentar.

Assim, as taxas de arraçoamento devem ser ajustadas de acordo com a necessidade.

Cada caso deve ser analisado individualmente para se definir um nível ideal de

alimentação (ELLIOT, 1975).

A biometria é realizada para acompanhar o tamanho dos animais. Este

procedimento é importante para mensurar o crescimento dos peixes e saúde dos

mesmos durante o cultivo. Para tal mede-se o comprimento corporal e pesa-se os

animais capturados. Quanto maior a densidade do tanque, mais exemplares devem

ser capturados para que a amostra seja o mais precisa possível. De acordo com

Ostrensky & Boeger (1998) o número máximo deve ficar em torno de 30 peixes, o que

seria suficiente para avaliar o estado de saúde e o andamento do cultivo. Lima et. al.

(2013) dizem que a biometria permite ajustes no manejo de produção, principalmente

na alimentação, e deve ser realizada a cada 15 dias ou uma vez por mês.

3.2.3.4 Despesca e Depuração

A despesca pode ser feita por vários motivos, quando os peixes estão aptos ao

abate, no ato de venda ou simplesmente para observação dos mesmos. Ela pode ser

parcial (quando se retira apenas uma parte dos peixes) ou total (quando todos os

peixes são coletados).

É importante realizar jejum de 24 horas nos animais antes da despesca. Para

Ostrensky & Boeger (1998) esse procedimento é muito importante, pois, alimentos

não digeridos podem ser regurgitados durante o transporte, diminuindo a qualidade

da água, além de que, os peixes ficam mais resistentes e se estressam menos quando

o trato digestivo não está cheio. Basicamente há dois métodos de despesca no brasil:

Drenagem dos viveiros – Para realizar esse método, o viveiro deve ter sido

planejado para tal em sua construção. Á medida que a água é drenada do viveiro, os

15

peixes se concentrarão em uma caixa de coleta, onde podem ser facilmente

capturados (OSTRENSKY & BOEGER, 1998).

Utilização de redes de arrasto – Faria et al. (2014) dizem que para facilitar a

operação deve-se baixar o nível da água do viveiro, a rede deve apresentar pelo

menos 3/2 do tamanho tanque para permitir a formação do “bolsão”. É conveniente

começar pela parte amis fundão do viveiro.

Após a despesca, os peixes devem ser depurados (mantidos em tanques

menores, em água corrente e limpa sem receber alimentação, para esvaziar o trato

gastroinstestinal), antes do abate ou transporte, isso permite eliminar o odor e o sabor

de barro, característica de alguns pescados de água doce, causados pelo acúmulo de

algumas espécies de algas (FARIA et.al, 2014), além de evitar a contaminação por

amônia, comum no transporte de alevinos.

16

4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado na Aquicultura Dois Irmãos (unidade integrante da Fazenda

São Rafael), localizada na região de Nossa Senhora do Livramento em Mato Grosso,

tendo como supervisor o zootecnista Msc. Gilcler Alcino, no período de 08 de agosto

de 2016 a 19 de setembro de 2016.

A Fazenda São Rafael conta com aproximadamente 2500 ha, sendo 5,76

dispostos à Aquicultura Dois Irmãos. A Aquicultura conta com 28.916 m² de lâmina

d’água, divididos em 16 tanques escavados retangulares, sendo 2 para reprodutores

e o restante para alevinos. Conta também com uma estufa para plantação de alface

em hidroponia com estimativa de produção média de 600 folhas por semana.

As estruturas físicas que compõem a fazenda e são responsáveis pela

manutenção e funcionamento de toda a cadeia produtiva, são descritas a seguir:

Laboratório (figura 1): local onde são realizados os manejos de reprodução dos

peixes.

Figura 1. Vista exterior do laboratório de reprodução.

Fonte: Arquivo pessoal

Alojamento: local destinado ao alojamento de estagiários e colaboradores

Depósito de Ração: local onde fica estocada a ração

Canal de abastecimento (figuras 2 e 3): local onde a água é reservada, para

posterior abastecimento dos viveiros

17

Viveiros escavados (figura 4): locais de produção de alevinos, estoque de

matrizes e reprodutores

Figura 2. Canal de abastecimento.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 3. Represa de abastecimento

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 4. Viveiro escavado para a produção de alevinos.

Fonte: Arquivo pessoal

18

Tanques de espera (figura 5): Empregadas para estocagem de reprodutores e

depuração de alevinos para a venda

Estufa (figura 6): local onde ocorre o cultivo das alfaces em hidroponia

Figura 5. Tanques de espera

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 6. Estufa de hidroponia

Fonte: Arquivo pessoal

Equipamentos para a realização das atividades da empresa como:

Redes para despesca (figura 7): Redes utilizadas tanto para os manejos de

venda como para seleção de reprodutores

Incubadoras (figuras 8 e 9): Utilizadas para eclosão e larvicultura

Caixas de transporte (figura 10): Usadas para a entrega de alevinos vendidos

Sacos plásticos: Utilizados para o transporte de alevinos quando em pequenas

quantidades

Caixas d’água: Abastecem tanto as caixas de despesca, como as incubadoras

e os tanques circulares

19

Morto: Peças de metal empregadas para a sustentação dos bolsões da rede

Cilindros de oxigênio: Utilizados tanto para o abastecimento de oxigênio das

caixas de transporte quanto para os sacos plásticos

Figura 7. Rede para despesca.

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 8. Linha de incubadoras.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 9. Incubadoras.

Fonte: Arquivo pessoal

20

Figura 10. Caixas de transporte.

Fonte: Arquivo pessoal

A Aquicultura Dois Irmãos existe há cerca de 1 ano, e possuí como principal

foco a produção de peixes híbridos como por exemplo a tambatinga. Também há a

produção de espécies puras como: Piau (Leporinus frideric), curimba (Prochilodus

lineatus), pacu (Piaractus mesopotamicus), tambaqui (Colossoma macropomum) e

pirapitinga (Piaractus brachypomus). Em segundo plano ocorre o cultivo de alface

hidropônica.

21

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

O estágio foi desenvolvido na Aquicultura Dois Irmãos no município de Nossa

Senhora do Livramento no estado de Mato Grosso, no período de 08/08/2016 a

19/09/2016 com carga semanal de 30 horas, durante o qual foi realizado o

acompanhamento das atividades em todos os setores da fazenda, sob orientação dos

zootecnistas Caio Marcos Castaldelli Alves de Barros, Gabriel Cazeiro Chaddad

Monteiro e Gilcler Alcino Sabaini de Souza.

As atividades desenvolvidas foram divididas por setores, acompanhado todas

em tempo suficiente para conhecimento teórico e prático sobre cada atividade

realizada. Abaixo estão listadas as atividades desenvolvidas durante o estágio:

Desinfecção dos viveiros;

Monitoramento dos parâmetros físico químicos da água;

Arraçoamento;

Despesca;

Seleção de reprodutores;

Venda de alevinos;

Biometria;

5.1 Desinfecção dos Viveiros

Em qualquer área agrícola, incluindo a piscicultura, o manejo sanitário requer

conhecimentos técnicos e utilização de boas práticas para garantir um produto de

qualidade e viabilização econômica no negócio, na piscicultura não é diferente. Caso

contrário, as doenças podem ocasionar perdas significativas para o produtor (ROJAS,

2006). A desinfecção diminui muitos os riscos de doenças no tanque e quando

realizada com cal, aumenta também os níveis de pH.

Na Aquicultura Dois Irmãos, durante o período de estágio, foi realizada a

desinfecção de um viveiro com tamanho de 2.000m² (figuras 11 e 12). Este viveiro

necessitava da desinfecção, tendo em vista a presença grande quantidade de

22

pequenos animais, microrganismos indesejáveis e eminência da próxima safra. O

viveiro em questão seria utilizado para estocagem dos alevinos que produzidos na

próxima estação reprodutiva.

Figura 11. Viveiro antes da aplicação de cal.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 12. Viveiro após a aplicação de cal.

Fonte: Arquivo pessoal

A desinfecção foi realizada com 196kg de cal virgem (CaO), distribuídas em 5

sacos de 20 kg e 6 sacos de 16kg, para tal função 3 pessoas foram empregadas, tanto

para buscar os sacos no depósito como para a aplicação da cal. Os equipamentos

necessários para a aplicação, não foram disponibilizados pelo local, exceto a máscara

de respiração, o que talvez fosse o mais importante. Quanto aos demais

equipamentos, ficaram por conta do estagiário, mas foi tudo avisado com tempo para

o preparo do mesmo. A aplicação foi feita de forma manual (figura 13), segurando o

saco de cal com uma das mãos e com a outra era feita a aplicação. Foi recomendado

23

aplicar uma maior quantidade nos locais que estavam com alguma umidade ainda,

tendo em vista que mesmo com sol por diversos dias, o viveiro não se mostrou

totalmente seco. A aplicação durou cerca de uma hora, sendo iniciada por volta das

8:30 da manhã e terminando cerca 9:30h.

Figura 13. Aplicação de cal.

Fonte: Arquivo pessoal

5.2 Monitoramento dos Parâmetros Físico Químicos da Água

No que diz respeito à piscicultura as variáveis físico–químicas mais apropriadas

à qualificação da água de viveiros destinadas a piscicultura são o oxigênio dissolvido,

o pH, o dióxido de carbono livre, a alcalinidade, a dureza, a condutividade elétrica, a

temperatura e a transparência (Sipaúba Tavares,1994). Esses parâmetros atuam

diretamente na sobrevivência, na reprodução e no crescimento do plâncton e por sua

vez, na sobrevivência dos peixes cultivados. De acordo com Cabral et. al. (2012). O

monitoramento e o controle das condições da água dos tanques de piscicultura

possibilitam tomadas de decisões no sentido de melhorar as condições físico-

químicas da água e também contribuir com o aumento da produção plantônica.

Das tarefas realizadas durante o estágio, essa talvez tenha sido a com maior

falha, não por desinteresse dos responsáveis, mas sim pela falta de estrutura da

propriedade. Não dispunham de um oxímetro (peça fundamental para o

monitoramento dos níveis de oxigênio dissolvido na água), e a medição de pH era

feito por kit de comparação colorimétrica. A utilização do disco de Secchi também foi

realizada (figura 14), e foi satisfatória em seu objetivo de mensurar a transparência da

água.

24

Figura 14. Leitura de transparência da água com disco de Secchi.

Fonte: Arquivo pessoal

A medição de pH foi realizada em dois tanques durante dois períodos, isso para

mostrar que o pH pode oscilar durante o dia e que a diferença pode ser grande,

mesmo em tanques lado a lado. Para realizar a amostragem, era necessário entrar no

tanque (figura 15) e recolher a quantidade de água indicado no reservatório coletor,

após isso aplicava 4 gotas do reagente e então comparava com a escala colorimétrica

contida ao lado do reservatório (figura 16).

Figura 15. Coleta de água para análise de pH

Fonte: Arquivo pessoal

25

Figura 16. Escala colorimétrica.

Fonte: Arquivo pessoal

5.3 Arraçoamento

Um manejo alimentar correto é indispensável para a otimização do rendimento

sem o comprometimento do estado sanitário. Alimentar em excesso pode provocar

alterações metabólico-digestivas e também implica na deterioração da qualidade da

água, por outro lado, a subalimentação acarreta em baixo índice de crescimento e

também na despadronização dos peixes (CASTAGNOLLI, 1992). Existem muitos

fatores que influenciam o índice de ingestão alimentar, logo, as taxas de arraçoamento

devem ser ajustadas segundo as condições individuais de cada unidade de cultivo

(ELLIOT, 1975).

A alimentação feita na Aquicultura Dois Irmãos divergia da aprendida em sala

de aula. Foi visto durante a graduação que a distribuição deve ser feita em dois lados

do viveiro, formando um L em torno do mesmo. Durante o estágio, o arraçoamento

era realizado apenas em um dos cantos do viveiro (figura 17), e a explicação dada

pelos zootecnistas responsáveis foi a de que isto facilita o manejo, tanto do

arraçoamento como posteriormente em despescas parciais (como trabalham com

venda de alevinos, a alimentação é sempre feita em um mesmo canto, para quando

houver a necessidade de despesca de uma parte dos animais, seja mais fácil captura-

los na rede).

Outro ponto importante era a quantidade de ração ofertada. Para os

reprodutores, era feito o arraçoamento com média de 10% do peso vivo dos animais

tendo em vista que o ideal é de 3 a 5% (NETO & PRADO, 2014), isso porque com

eminencia da próxima safra, os animais necessitam de uma maior quantidade de

26

alimento, para entrar em estado reprodutivo. A ração fornecida, continha 32% de

proteína e tamanho de 6mm (figura 18). Era lançada no tanque com auxílio de um

balde e uma pá improvisada, feita pelos colaboradores. Era feita no mínimo três vezes

por semana.

Figura 17. Arraçoamento de matrizes.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 18. Ração fornecida aos reprodutores.

Fonte: Arquivo pessoal

Já o arraçoamento dos alevinos era feito raramente. O motivo era o tamanho

que os mesmos já haviam atingindo, e para evitar que crescessem em demasia,

poucas vezes era ofertada ração. Quando realizada era feita com ração 32% de

proteína e com 4-6mm (figura 19) para alevinos maiores de 8cm e farelada para os

menores (figura 20).

27

Figura 19. Ração fornecida aos alevinos maiores que 8cm.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 20. Ração fornecida aos alevinos menores que 8cm.

Fonte: Arquivo pessoal

5.4 Despesca

A despesca representa o ato de recolher os peixes. Esta pode ser parcial ou

total e devem ser realizadas de maneira rápida, com auxílio de equipamentos como

puçás, baldes, redes, etc, sendo necessária mão-de-obra suficiente, para que os

peixes sejam transferidos ao seu local de destino em menos tempo possível. Este

procedimento pode reduzir o estresse do abate, sem gerar comprometimento à

qualidade da carne (OSTRENSKY & BOEGER 1998).

Era realizada comumente para vendas. Jogava-se uma quantidade de ração

em um canto do viveiro, os alevinos se acumulavam para comer, neste momento a

28

rede era passada. Uma pessoa se mantinha na ponta da rede, colocava-se um laço

que prendia a parte do chumbo (parte de baixo da rede) ao pé, e outro (ligado às

boias) era seguro pelas mãos. Essa pessoa adentrava o viveiro (figura 21), enquanto

outra a auxiliava pelo lado de fora, desembaraçando a rede. Quando era necessário,

outra pessoa se prendia a outra extremidade da rede e fechava o bolsão em uma das

bordas (figura 22), para então realizar a retirada dos peixes do viveiro. Os alevinos

eram colocados em sacos plásticos com água e levados aos tanques de depuração.

Figura 21. Despesca.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 22. Bolsão para despesca.

Fonte: Arquivo pessoal

Em outra oportunidade, foi realizado o manejo para a transferência de um lote

de alevinos para outro tanque. A água do tanque foi reduzida a cerca de 1/3 do volume

total, como manda a literatura, a rede então foi passada pelo tanque todo com o auxílio

29

de 8 colaboradores. Os peixes eram colocados em sacos plásticos e transferidos ao

viveiro destino.

5.5 Seleção de Reprodutores

A correta seleção dos reprodutores que serão utilizados na formação de um

estoque e o monitoramento genético destes e suas progênies podem oferecer bases

importantes para formular estratégias de manejo reprodutivo (SØNSTEBØ et al.,

2007), as quais permitirão um intercâmbio de reprodutores entre pisciculturas e dessa

forma fragmentar ciclos de endogamia que são comuns em ambientes controlados

(MOREIRA et al., 2007) e que definirão a conservação de uma espécie e seu futuro

potencial biológico (MELO et al., 2006)

Esta etapa não chegou a ser finalizada, pois os reprodutores ainda não se

encontravam em condições ideais de reprodução. Porém, a observação para tal, foi

realizada em uma manhã, das 9:30 às 10:40. Em quatro pessoas, a rede de arrasto

foi passada de uma ponta a outra do viveiro, prendendo os reprodutores em um bolsão

às margens do tanque (figura 23). Era observado se os mesmos já possuíam

características reprodutivas, como por exemplo, ventre abaulado e poro urogenital

avermelhado (figura 24) nas fêmeas e liberação de sêmen nos machos. Cada animal,

após a verificação, era solto novamente no tanque.

Figura 23. Bolsão para seleção.

Fonte: Arquivo pessoal

A Aquicultura Dois Irmãos, reproduz principalmente o hibrido tambatinga

(hibrido de tambaqui com pirapitinga), mas há ainda outras espécies para a

30

reprodução, neste manejo foram observados peixes como: Piau (Leporinus frideric),

curimba (Prochilodus lineatus) e pacu (Piaractus mesopotamicus), além do tambaqui

(Colossoma macropomum) e da pirapitinga (Piaractus brachypomus). Um problema

observado foi o tamanho exagerado de algumas matrizes. Parte das matrizes de

tambaqui atingiam facilmente 12kg (figura 25), quando o ideal é que chegue no

máximo a 8kg. Esse peso elevado, faz com que a quantidade de hormônio aplicada

na reprodução seja muito grande. Porém, como o estabelecimento ainda se encontra

em fase inicial, o descarte dessas matrizes e a compra de novas para a reposição é

inviável.

Infelizmente, devido a época do ano em que nos encontramos, o manejo

reprodutivo parou por aí, mas a Aquicultura Dois Irmãos me deixou as portas abertas

para retornar na época da reprodução e continuar meu aprendizado.

Figura 24. Observação do poro urogenital avermelhado.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 25. Matriz de tambaqui.

Fonte: Arquivo pessoal

31

5.6 Venda de Alevinos

Os alevinos são classificados por tamanho e espécie, cada um com seu preço

de venda. Devem ser despescados e posteriormente depurados em tanques de

despesca. O transporte pode ser feito em sacos plásticos ou em caixas de transporte

(dependendo do número de alevinos e da distância que será percorrida até a soltura

dos mesmos), em ambos os casos se faz necessária a utilização do sal na água e a

inserção de oxigênio.

A venda era feita através de telefonemas do colaborador que fica na cidade,

após isso, era passada aos que se encontravam na propriedade para realizar os

manejos necessários. Os animais eram despescados como citado no item 5.4,

levados ao tanque de depuração (figura 26), onde ficavam em água limpa, corrente e

com pouca quantidade de sal (quantidade que não era definida exatamente). Quando

a venda era baixa (em média 2000 alevinos) e os próprios compradores iam até à

propriedade buscar, os alevinos eram colocados em sacos plásticos (figura 27) com

média de 150 alevinos por saco, além de 8g de sal por litro de água e inserção de

oxigênio através de um cilindro. Para maiores quantidades, e entregas que seriam

feitas pela Aquicultura Dois Irmãos, eram utilizados caixas de transportes, que

continha também 8g de sal por litro d’água e possuíam um cilindro de oxigênio

acoplado às mesmas para a manutenção de O2 para os peixes.

Figura 26. Alevinos no tanque de depuração.

Fonte: Arquivo pessoal

32

No ato da retirada ou entrega, os colaboradores explicavam os procedimentos

de soltura aos compradores, bem como enviavam de 5% a 10% a mais de alevinos

como garantia.

Figura 27. Alevinos em sacos plásticos para transporte.

Fonte: Arquivo pessoal

5.7 Biometria

Todo o processo de produção necessita de um acompanhamento que permita

avaliar o crescimento e saúde dos peixes ao longo do cultivo. Para isso, é realizada a

biometria. De acordo com Lima et. al. (2013) a biometria é um manejo no qual parte

dos peixes cultivados é amostrada e informações de interesse, como peso e estado

de saúde dos animais, são verificados. Além disso, tais medidas permitirão ajustes no

manejo da produção, principalmente na alimentação. As biometrias devem ser

realizadas, preferencialmente, a cada 15 dias ou uma vez por mês.

A biometria foi realizada apenas uma vez durante o estágio. Foi feita a retirada

de alguns alevinos para a depuração, e desses alevinos, a biometria foi realizada em

30 como sugere a literatura. Foram medidos individualmente (figura 28) e pesados

todos juntos (figura 29). A necessidade da biometria para o arraçoamento não se faz

tão necessária na propriedade, uma vez que a alimentação dos alevinos é bem

escassa para o controle de crescimento. Porém, quanto ao arraçoamento dos

reprodutores, seria necessária a biometria para o correto fornecimento de alimento

para os mesmos, procedimento que não foi realizado.

33

Figura 28. Biometria individual de comprimento de alevino.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 29. Pesagem dos alevinos.

Fonte: Arquivo pessoal

34

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização do estágio supervisionado na Aquicultura Dois Irmãos, permitiu

que os aprendizados do curso de Zootecnia, não somente a parte de piscicultura,

fossem colocados em prática, principalmente aqueles relacionados aos manejos

diários de uma propriedade. Foi possível perceber a divergência entre campo e

academia. Muito do que se aprende teoricamente, as vezes é inviável de ser colocado

em prática (como a troca frequente das matrizes, que devido ao grande valor

financeiro, é de grande dificuldade essa troca) porém, uma gama muito maior do visto

em sala de aula, pode ser utilizado para aperfeiçoar as tarefas do campo.

Durante o período de estágio, notou-se a necessidade de aprimoramento em

áreas especificas da piscicultura, para melhor aproveitamento das práticas. A

reprodução, é uma prática que envolve conhecimentos avançados, tornando-se um

dos gargalos da piscicultura. Este estágio, então, mostrou uma oportunidade ímpar.

A Aquicultura Dois Irmãos, conta com uma estrutura ainda precária, devido a

estar durante a fase inicial de instalação, porém a vivência no local foi de extrema

importância para meu crescimento pessoal e profissional. Mostrou-se eficaz em

demonstrar que os conhecimentos empíricos, às vezes, são até mais importantes que

aqueles que vimos na graduação e a relação pessoal também não deve ser deixada

de lado.

Vai-se o estágio, fica o aprendizado. Quando lá comecei, pouco entendia da

área de piscicultura, hoje, ainda sei pouco, porém muito mais do que em outrora.

35

REFERÊNCIAS

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