universidade federal de mato grosso campus de sinop ... luis d… · os fungicidas foliares têm...

47
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA AVALIAÇÃO DE NOVA TECNOLOGIA DE USO FOLIAR NA QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE GRÃOS DE SOJA HENRIQUE LUIS DARIO SINOP MT Maio 2019

Upload: others

Post on 05-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA

AVALIAÇÃO DE NOVA TECNOLOGIA DE USO FOLIAR NA QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE GRÃOS DE SOJA

HENRIQUE LUIS DARIO

SINOP – MT Maio – 2019

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA

AVALIAÇÃO DE NOVA TECNOLOGIA DE USO FOLIAR NA QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE GRÃOS DE SOJA

HENRIQUE LUIS DARIO (DISCENTE) SOLANGE MARIA BONALDO (ORIENTADORA)

SOLENIR RUFFATO (CO-ORIENTADORA)

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Agronomia do ICAA/CUS/UFMT, como parte das exigências para a obtenção do Grau de Bacharel em Agronomia.

SINOP – MT MAIO-2019

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família e

amigos, que sempre estiveram ao meu lado,

me apoiando e dando força para que eu

chegasse até o fim desta caminhada.

Graças a eles consegui viver momentos de

intensa satisfação e superar todos os

obstáculos impostos pela vida. Aos meus

pais: Nagibe Luis Dario e Nelcy Guzatti

Dario, a minha irmã Marina Maria Dario, e

por último, mas não menos importante a

minha Noiva, Paola Gil Espina, amo muito

todos vocês. A todos os pesquisadores, que

com toda sabedoria adquirida de geração

em geração, vêm contribuindo com a

incessante busca da ciência para uma

agricultura mais sustentável.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ser luz em meu caminho e me dar força para

que conseguisse vencer cada desafio tornando-me mais forte para seguir em frente.

À minha família que sempre me deu muito amor, carinho e todo apoio para que

corresse atrás dos meus sonhos, mesmo que isso representasse longos períodos e muitos

quilômetros de distância.

Agradeço a professora Profª Dra. Solange Maria Bonaldo, pela sua orientação,

paciência e por estar sempre presente ajudando e disponibilizando grande parte do seu tempo

para que este trabalho fosse realizado com sucesso, a ela sou muito grato.

Agradeço a minha co-orientadora Profª Dra Solenir Ruffato, por seu grande

conhecimento, sabedoria e enorme coração, que me auxiliou em todos os momentos para

que esta etapa fosse concluída.

Agradeço todos os amigos que conquistei na Universidade especialmente,

Guilherme Klein Joanella, Rafael Cichelero, Gustavo Coelho, Fernando Coelho, Fernando

Turra, Pedro Turra, Élito Siqueira, Igor Kevein, Victor Castilho, Samuel Dettoni e tantos outros

que passaram por minha vida durante esta etapa deixando muitas alegrias e recordações

únicas.

Agradeço a minha noiva Paola R. Gil Espina ao companheirismo, carinho e

paciência durante a maioria do tempo que estive na faculdade e por ser de fundamental

importância para que eu pudesse finalizar este trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 12

2.1 Produção e exportação de soja.....................................................................12

2.2 Aspectos do cultivo da soja...........................................................................12

2.3 Doenças fúngicas da cultura da soja.............................................................16

2.4 Controle químico de doenças........................................................................19

2.5 Qualidade dos grãos de soja.........................................................................20

2.6 Indutores de resistência em plantas..............................................................21

2.7 Indutores de resistência na cultura da soja...................................................23

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 24

3.1 Localização e condução do experimento......................................................24

3.2 Análises pós-colheita....................................................................................27

3.3 Análise estatística.........................................................................................29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................29

4.1 Análise das condições climáticas durante o desenvolvimento da cultura da

soja.............................................................................................................................29

4.2 Qualidade física de grãos.............................................................................32

4.2.1 Teor de água dos grãos ......................................................................... 32

4.2.2 Massa de mil grãos ................................................................................ 33

4.2.3 Massa específica aparente e massa específica unitária ......................... 35

4.3 Qualidade sanitária dos grãos.......................................................................37

5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 41

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 42

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

RESUMO

O controle de doenças em campo é fundamental, de forma a garantir alta produtividade e produção de grãos, com boa qualidade física, fisiológica e sanitária. Assim, avaliou-se o efeito de nova tecnologia de maneira isolada e combinada com fungicida, na qualidade pós-colheita de grãos de soja, em área comercial em Sinop, MT. Analisou-se o teor de água de colheita (%b.u.); massa de 1.000 grãos (g), umidade (%), massa específica unitária (kg m-3), massa específica aparente (kg m-3), e qualidade sanitária de grãos por meio da detecção de fungos associados (%). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias ao teste Scott-Knott, 5% de probabilidade. Não houve diferença significativa na massa específica unitária. Porém a aplicação do Produto Teste isolado ou associado a fungicida contribui para o aumento da massa específica aparente de grãos de soja; e quando associado a fungicida proporciona maiores valores de massa de mil grãos. O Produto Teste isolado reduz incidência de Fusarium sp. e Aspergillus sp. e; quando associado a fungicida reduz incidência de Phomopsis sp. em grãos de soja. Conclui-se, portanto, que esta nova tecnologia contribuirá na qualidade física e sanitária de grãos de soja, em pós-colheita.

Palavras chave: Indução de resistência, Glycine max, controle químico, qualidade física.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

ABSTRACT

The control of diseases in the field is fundamental, in order to guarantee high productivity and grain production, with good physical, physiological and sanitary quality. Thus, the effect of new technology was evaluated in an isolated and combined manner with fungicide, in the post-harvest quality of soybean grains, in a commercial area in Sinop, MT. The moisture content (%w.b.); mass of 1000 grains (g), real density (kg m-3), bulk density (kg m-3), and the sanitary quality of the grains through the detection of associated fungi. Data were submitted to analysis of variance and the means to the Scott-Knott test, 5% probability. There was no significant difference in real density. Application of the Test Product isolated or associated with fungicide contributes to increase the bulk density of soybeans; and when associated with the fungicide yields greater values of a thousand grain mass. The Isolated Test Product reduces incidence of Fusarium sp. and Aspergillus sp. and; when associated with fungicide reduces the incidence of Phomopsis sp. in soy beans. It is concluded, therefore, that this new technology will

contribute to the physical and sanitary quality of soybeans, in post-harvest.

Keywords: Induction of resistance, Glycine max, chemical control, physical quality.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

10

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a produção de soja cresce de forma expressiva, e essa produção

crescente está diretamente ligada a alguns fatores: desenvolvimento do mercado

internacional referente ao comércio de derivados da soja; consolidação da oleaginosa como

fonte de proteína vegetal, principalmente para suprir a crescente demanda do ramo ligado a

produção de proteína de origem animal, e maior número de pesquisas e oferta de tecnologias,

que proporcionam a expansão dos setores ligados a soja nas mais diversas regiões do mundo

(EMBRAPA, 2010).

Na safra 2015/2016 a cultura ocupou uma área no Brasil de 33,2 milhões de hectares,

produzindo 95,4 milhões de toneladas, com produtividade média nacional de 2.870 kg ha-1. O

estado de Mato Grosso destinou 14 milhões de hectares para a cultura, produzindo 43,4

milhões de toneladas, e atingindo uma produtividade média de 3101 kg ha-1 (CONAB, 2017).

O estado de Mato Grosso é responsável por 9% da produção mundial de soja, e 30%

da produção nacional. Cerca de 50% da produção tem como destino a exportação, 30% é

absorvido dentro do estado, principalmente para o esmagamento, onde se produz farelo de

soja e óleo. A China é o principal importador de soja em grão e, do farelo de soja os principais

importadores são Holanda e Indonésia. Todos esses países têm em comum a grande

exigência de produtos com qualidade, produzido de forma sustentável (IMEA, 2015).

Um dos principais gargalos para se manter, ou mesmo aumentar a produção de soja

no país é o controle efetivo das doenças pois, hoje, no Brasil são aproximadamente 40

doenças causadas por fungos, vírus, bactérias e nematoides. As principais doenças da cultura

da soja são antracnose (Colletotrichum truncatum; Colletotrichum cliviae), Crestamento foliar

de Cercospora e mancha púrpura (Cercospora kikuchii), Ferrugem asiática (Phakopsora

pachyrhizi), Mancha alvo e Podridão Radicular de Corynespora (Corynespora cassiicola),

Mancha Parda (Septoria glycines), Míldio (Peronospora manshurica), Mofo Branco

(Sclerotinia sclerotiorum), Seca da haste e da vagem (Phomopsis spp.) (HENNING, 2014).

Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas,

mas o uso contínuo de uma mesma classe ou modo de ação pode selecionar isolados

resistentes. Uma estratégia para minimizar essa seleção é a rotação e mistura de diferentes

modos de ação (ABAG, 2015) bem como o emprego de novas ferramentas no manejo de

doenças, como o uso de indutores de resistência.

A indução de resistência aparece com uma boa alternativa para o controle de doenças,

pois envolve a ativação de mecanismos de resistência latentes na planta e, essa ativação

pode ser por agentes bióticos ou abióticos, não afetando diretamente o patógeno, mas

tornando a planta mais resistente com a formação de barreiras físicas ou bioquímicas

(CARVALHO, 2010).

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

11

Entretanto, ainda são escassos estudos do efeito de indutores de resistência na

qualidade pós-colheita de grãos, assim, avaliou-se com o presente trabalho o efeito de nova

tecnologia de maneira isolada e associada com fungicida foliar, na qualidade pós-colheita de

grãos de soja.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

12

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Produção e exportação de soja

O farelo de soja (cerca de 79% do grão) é um subproduto que resulta do esmagamento

do grão para obtenção do óleo. Durante a extração do óleo, o farelo é aquecido e isso contribui

de forma positiva para sua qualidade. Possui quantidade de proteína bruta variando entre 44

a 48% e essa variação está diretamente ligada a quantidade da casca de soja acrescentada

(EMBRAPA, 2003). No ano de 2018 o Brasil produziu aproximadamente 33,1 milhões de

toneladas de farelo de soja, e desse montante 16,8 milhões de toneladas foram exportadas,

tendo como principais compradores a União Europeia, Ásia (exceto a China) e Oriente médio

(ABIOVE, 2019).

Outro importante produto relacionado a soja é o óleo, que representa cerca de 19% do

peso do grão, porcentagem considerada baixa quando comparado aos óleos de girassol e

canola que possuem em torno de 40% (ABIOVE, 2009). Em 2018 o Brasil produziu 8,8 milhões

de toneladas de óleo de soja e exportou 1,4 milhões de toneladas (ABIOVE, 2019).

Um levantamento realizado em 2018 das exportações do complexo soja mostram uma

receita de US$ 40,9 bilhões. As exportações de grão in natura representaram US$ 33,1

bilhões. O farelo de soja vem em segundo lugar como o produto mais comercializado do

complexo soja com receita US$ 6,6 bilhões. O óleo de soja rendeu US$ 1,02 bilhões (ABIOVE,

2019).

Na safra 2017/2018 o Brasil ainda aparece como o segundo maior produtor do grão,

com área plantada de 35,1 milhões de hectares, produção chegando a 117 milhões de

toneladas e produtividade de 3.333 kg ha-1. Os EUA mantêm seu título como maior produtor

mundial do grão com área plantada de 36,2 milhões de hectares, produção de 119,5 milhões

de toneladas e produtividade de 3.299 kg ha-1 (EMBRAPA, 2018). O Mato Grosso é o maior

produtor de soja do país, na safra 2018/2019 registrou uma área plantada de 9,6 milhões de

hectares, com média de 3.434 kg ha-1, e produção total de 32,65 milhões de toneladas (IMEA,

2019).

2.2 Aspectos do cultivo da soja

A água é um fator extremamente limitante para a soja, e existem dois momentos que

esse elemento se torna indispensável para a cultura, quando se visa um alto rendimento na

sua produção. O primeiro momento é o da germinação-emergência, onde não pode haver

falta nem excesso, nesse momento a semente precisa ganhar 50% do seu peso em água,

para que haja uma boa germinação, a quantidade de água presente no solo não deverá passar

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

13

dos 85% e nem estar abaixo dos 50%. O segundo momento é o da floração-enchimento dos

grãos, nesse estádio a demanda hídrica chega ao seu máximo. Para um alto rendimento a

soja precisa de uma disponibilidade hídrica entre 450 a 800 mm/ciclo. A soja aceita bem

temperaturas do ar entre os 20 e 30 °C, se a temperatura do ar ultrapassar os 40 °C a floração

será afetada e vagens podem ser abortadas, para que a planta seja estimulada a florir são

necessárias temperaturas superiores aos 13 °C (EMBRAPA, 2011).

Sobre a absorção de nutrientes pela planta de soja há vários fatores, que podem

interferir, como a condição climática, o manejo da cultura, o histórico da área plantada, a

cultivar escolhida, a quantidade de nutrientes contida no solo, entre outros (EMBRAPA, 2003).

O nitrogênio é o nutriente mais exigido pela cultura da soja, e suas principais fontes são os

fertilizantes a base de nitrogênio e a fixação biológica de nitrogênio. Para se produzir 1000 kg

de soja acredita-se que são necessários aproximadamente 65 kg de N, e mais 15 kg para

desenvolvimento das folhas, caules e raízes, totalizando 80 kg de N. As bactérias do gênero

Bradyrhizobium podem suprir toda a exigência da cultura por N (HUNGRIA et al., 2001).

Na região do cerrado tanto a adubação potássica e a fosfatada devem ser

recomendadas pelos resultados verificados na análise de solo, para a adubação fosfatada,

quando o P do solo estiver na classe de médio ou bom, usa-se apenas a adubação de

manutenção, que é de 20 kg de P2O5 ha-1 para cada 1000 kg de grãos produzidos. Para a

adubação potássica é necessário que seja feita a adubação de manutenção, pois a cultura

leva nos grãos grande quantidade de K (cerca de 20 kg de K2O t-1 de grãos). Acredita-se que

se deve repor no solo cerca de 60 kg ha-1 de K2O, quando se espera ter uma produtividade

de três toneladas de grãos ha-1, sem levar em consideração a textura do solo (EMBRAPA,

2003).

Os micronutrientes mais indispensáveis para a cultura da soja quando se pretende

atingir o máximo de produtividade são Molibdênio (Mo) e Cobalto (Co), esses dois nutrientes

desempenham um papel muito importante na fixação simbiótica de nitrogênio do ar. O

Rhizobium (bactéria fixadora de nitrogênio) utiliza o molibdênio como carreador de elétrons, e

o cobalto para produção da vitamina B12, conhecida por cobalamina. O molibdênio está

intimamente ligado a redutase do nitrato, enzima responsável pela ativação da redução do

NO3, disponibilizando o nitrogênio contido nesta molécula (BRAKEMEIER, 1999). A aplicação

desses nutrientes pode ser através da mistura nas sementes, juntamente com fungicidas e

inoculantes, ou então via foliar, não ultrapassando 15 dias após o plantio da soja, as doses

recomendadas são 12 a 25 g ha-1 de Mo e 2 a 3 g ha-1 de Co1 (EMBRAPA, 2010).

A população de plantas utilizada por hectare nos dias atuais se difere bastante de 30

anos atrás quando se usava 400 mil plantas ha-1 ou em casos, até mais. Em virtude das

pesquisas com relação as semeadoras, melhoria genética, melhor qualidade nas sementes

produzidas, carregando alta taxa de germinação e alto vigor e, tratamento das sementes com

fungicidas, propiciaram estabelecer populações mais padronizadas, com isso a população por

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

14

hectare nos dias de hoje gira em torno de 200-250 mil plantas por hectare. O espaçamento

que mais se ajusta as nossas necessidades varia de 40-50 cm entre linhas, espaçamentos

menores que 40 cm podem trazer amassamento das plantas quando se entra na lavoura com

máquinas influenciando diretamente na produtividade e, espaçamentos maiores que 50 cm

faz com que as fileiras demorem mais para fecharem, deixando um espaço livre para

surgimento de plantas daninhas que irão competir por água, luz e nutrientes de forma bastante

agressiva com a cultura (EMBRAPA, 2011).

A cultura da soja é sensível ao fotoperíodo, assim sua adaptação varia à medida que

se desloca para o sul ou o norte, cada cultivar tem uma região limitada de adaptação

(EMBRAPA, 2010).

Para resolver esse problema de divergências relacionado ao ciclo da cultura, um

modelo utilizado nos EUA testado e adaptado para o Brasil, propõe a classificação do ciclo da

cultura em “grupos de maturação (GM)”, o Brasil possui três linhas de latitude 0°, 10° e a 20°

(Figura 1), com essas três linhas formam-se quatro faixas de graus de maturação no país,

assim: GM 5.0 a 7.0-8.0 que compreende desde o extremo sul do Rio Grande do Sul até a

latitude de 20º; GM 7.0-8.0 a 9.0-10.0 entre as latitudes 20º a 10º; GM 9.0-10.0 de 10º até a

linha do equador (0º). Dessa forma a cultivar que estiver no GM até 6.0 será classificada como

superprecoce, de GM 6,1 a 6,5 em precoce, de GM 6,6 a 6,9 de semiprecoce, de GM 7,0 a

8,0 são classificadas como ciclo médio, e de 9.0-10.0 são classificadas como tardias

(SEDIYAMA, 2009).

Figura 1. Distribuição aproximada dos grupos de maturidade da soja, das cultivares

predominantes em cada região, não considerando as subdivisões dentro de cada grupo. 6 = ciclo

superprecoce; 6.1-6.5 = ciclo precoce; 6.6-6.9 = ciclo semi-precoce; 7.0-8.0 = ciclo médio; 9.0-

10.0 = tardio. Fonte: Sediyama (2009).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

15

Os estádios de crescimento da soja são divididos em vegetativos e reprodutivos, com

exceção do VE (emergência) e VC (cotilédone). Uma planta é considerada em VE quando

seus cotilédones emergiram, isto é, quando seus cotilédones estão sobre o nível do solo e

estes formam um ângulo de 90°, ou maior, com seus hipocótilos. O estádio VC é caracterizado

pela abertura e expansão total dos cotilédones, a planta estará em VC quando as bordas de

suas folhas unifolioladas não estiverem mais se encostando. A partir daí surgem números

ligados a letra V (V1 , V2, V3, V4,...Vn) onde cada número representa o número de nós acima

do nó cotiledonar, com folha totalmente expandida. Uma plântula está em V1 quando suas

folhas unifolioladas estiverem totalmente expandidas, ou seja, quando os bordos dos folíolos

da primeira folha trifoliolada não estiverem mais se tocando. E assim sucessivamente para o

restante dos estádios vegetativos (V2, V3, V4,...Vn) (FARIAS et al., 2007).

O estádio reprodutivo da planta é dividido em quatro fases bem diferenciadas umas

das outras, assim, tem-se: florescimento (R1 e R2), desenvolvimento da vagem (R3 e R4),

desenvolvimento do grão (R5 e R6) e maturação da planta (R7 e R8) (FARIAS et al., 2007).

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

16

2.3 Doenças fúngicas da cultura da soja

As doenças fúngicas são um dos maiores fatores que limitam altas produtividades na

cultura da soja, aparecem em grande número no Brasil e a tendência é que esse número só

aumente devido à expansão da fronteira agrícola e da monocultura. Porém, a relevância de

cada doença varia muito de um ano para o outro e também da região, comportamento do

clima durante o ciclo da cultura é outro fator que influencia muito na disseminação da doença

pela lavoura (EMBRAPA, 2010).

Essa grande ênfase dada as doenças causadas por fungos não é só pelo seu maior

número, mas pelos prejuízos causados tanto na questão de rendimento como na qualidade

da semente, e é na semente que muitos desses fungos encontram seu veículo para

disseminação para outras áreas ou regiões (EMBRAPA, 2004). Os principais fungos

encontrados tanto no campo como no armazenamento são listados a seguir:

I) Colletotrichum truncatum e C. cliviae são os agentes causais da antracnose em soja

e, em condições de alta umidade, esta doença causa apodrecimento e queda das vagens,

abertura das vagens ainda em formação e a germinação dos grãos imaturos. A grande

concentração de antracnose em solos do cerrado se dá pelas altas temperaturas e grande

quantidade de chuva (EMBRAPA, 2010; BARBIERI et al., 2017).

Os sintomas de antracnose são observados a olho nú desde as primeiras fases de

desenvolvimento da cultura, lesões nos cotilédones, na haste e nos ramos, que após secarem

ficam cobertos por pontuações escuras, os acérvulos, onde são observadas setas escuras,

que ajudam na identificação da doença após seu período de incubação. O fungo pode causar

apodrecimento da semente antes mesmo dela germinar, morte das plantas jovens e infectar

plantas adultas (EMBRAPA, 2004).

O seu controle deve ser feito pelo do uso de sementes sadias, um tratamento de

sementes, rotação de culturas, espaçamento entre fileiras e estande que permitam um bom

arejamento, o qual não permita a formação de um microclima favorável ao desenvolvimento

da doença e manejo adequado do solo, com destaque para a adubação potássica e indução

de resistência (EMBRAPA, 2014; BONALDO et al., 2019).

II) Cercospora kikuchii é o fungo responsável pela mancha-púrpura e crestamento

foliar, encontrado em todas as regiões do país, apresentando-se de forma mais agressiva em

regiões mais quentes e chuvosas como o Mato Grosso. O fungo pode infestar a lavoura por

meio de sementes infectadas e que não receberam tratamento com fungicidas, sobrevive

também nos restos culturais da lavoura e, a doença encontra condições favoráveis ao seu

desenvolvimento quando há alta umidade e temperaturas entre 23 e 27 °C (EMBRAPA, 2014).

Embora a mancha-púrpura seja o principal sintoma observado nas sementes, nem sempre

esse sintoma aparecerá no tegumento das sementes infectadas, o fungo pode ainda infestar

vagens, hastes e pecíolos, causando manchas castanho-avermelhadas, e nas folhas

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

17

crestamento foliar. Apesar de ser o fungo mais encontrado em sementes de soja, no Brasil,

estudos realizados pela Embrapa comprovam que o fungo não traz efeitos negativos quanto

à qualidade da semente (EMBRAPA, 2004).

III) Corynespora cassiicola é o agente causal da mancha alvo e da podridão radicular

de Corynespora, é encontrado em todas as regiões do Brasil onde há produção de soja.

Acreditasse que ele seja nativo, e por isso tenha inúmeros hospedeiros, sobrevive nos restos

culturais e em sementes infectadas. As lesões começam com pontuações pardas, com halo

amarelado, passando para grandes manchas circulares, de cor castanho-claro a castanho-

escuro, chegando até dois centímetros de diâmetro; e em sua maioria as manchas

apresentam uma mancha escura no centro, lembrando um alvo. Cultivares suscetíveis podem

apresentar grande desfolha, com manchas pardo-avermelhadas em suas hastes e vagens

(EMBRAPA,2014).

O fungo C. cassiicola também causa a podridão da raiz, principalmente em áreas onde

se usa a prática de semeadura direta, no entanto a infecção nas folhas, hastes e vagens não

está associado com a podridão das raízes (EMBRAPA, 2010).

Acreditasse que para haver reduções significativas na produção por conta desta

doença, deve haver no mínimo 25 a 30% de severidade nas plantas de soja (GRIGOLLI,

2017). O controle é feito com o uso de variedades resistentes, rotação/sucessão de culturas

com milho e espécies de gramíneas, revolvimento do solo caso haja monocultura com soja,

tratamento de sementes e uso de fungicidas.

VI) O Phakopsora pachyrhizi foi identificado pela primeira vez no Brasil, no estado do

Paraná, em 26 de maio de 2001, atualmente ocorre em quase todas as regiões onde se

produz soja, exceto no estado de Roraima. A doença ganha força com chuvas frequentes e

longos períodos de molhamento. A temperatura ideal para que ocorra a infecção fica entre 18

e 26,5 °C e as perdas com a produção podem variar de 10 a 90%. Os sintomas podem surgir

em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, como minúsculos pontos mais escuros

que o tecido sadio da planta, apresentando coloração esverdeada a cinza-esverdeada, com

equivalente protuberância (urédia), na parte abaxial da folha. As urédias ganham cor

castanho-claro a castanho-escuro, então um minúsculo poro se abre, e os esporos hialinos

ficam ao redor desse poro esperando sua disseminação pelo do vento, o tecido da folha ao

redor das urédias ganha cor castanho-claro a castanho-avermelhada (EMBRAPA, 2010).

O controle é realizado com aplicação de fungicidas formulados em misturas de

diferentes grupos químicos de forma preventiva ou nos primeiros sintomas da doença, com

isso um monitoramento constante da lavoura para identificar a doença no início é o que irá

garantir o sucesso das aplicações de fungicidas. O plantio deve seguir as datas

recomendadas, utilizando cultivares precoces e deixar a lavoura limpa no vazio sanitário,

eliminando plantas de soja (guaxa), bem como plantas daninhas que possam servir de

hospedeiras para a doença na entressafra, o plantio na safrinha também não é recomendado.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

18

Há no mercado cultivares resistentes para várias regiões do país, contudo, isso não dispensa

o uso de fungicidas, pois a variabilidade do patógeno, pode selecionar indivíduos dentro da

população virulenta, que apresentem resistência a determinado fungicida (EMBRAPA,2014).

V) Fusarium é responsável por causar as fusarioses, sendo que várias espécies vêm

sendo relatadas ao longo dos anos. Mas o que mais se destaca por contaminar sementes de

soja é, Fusarium semitectum. Alguns autores o classificam como parasita fraco ou saprófita.

Grãos que sofrem atraso na colheita ou deterioração no campo por excesso de umidade

geralmente apresentam o fungo.

O sintoma característico de F. semitectum após ser incubado é a presença de micélio

geralmente branco, podendo variar do amarelo-pêssego até marrom, com aparência

lembrando o algodão. Seu controle deve ser feito por meio do uso de variedades resistentes,

evitando a compactação do solo, e o tráfego de máquinas de regiões infectadas áreas onde

não se encontra o patógeno (EMBRAPA, 2004).

VI) Phomopsis causa a seca da haste e da vagem, levando ao descarte de muitos

lotes de sementes nos cerrados. Os danos mais severos são observados em anos quentes e

chuvosos, quando as vagens e a maturação estão em fase inicial, e quando se atrasa a

colheita por excesso de umidade (EMBRAPA, 2010).

Sementes contaminadas superficialmente por Phomopsis spp. quando semeadas em

solo com boa umidade, em sua maioria chegam a emergir, contudo, o fungo que se

desenvolveu no tegumento impede a abertura dos cotilédones, por esse motivo as folhas

primárias não se desenvolvem e a plântula acaba por morrer. Os sintomas da doença na

planta surgem no final do ciclo, tendo como característica pontuações pretas (picnídios), que

se desenvolvem linearmente na haste e nos pecíolos e, às vezes, sobre as vagens. As

sementes contaminadas após o período de incubação, ficam geralmente com um micélio

branco, denso, no qual surgem os picnídios. Não dificilmente, Phomopsis spp., pode

apresentar apenas picnídios sobre a semente (EMBRAPA, 2004).

O controle é feito com a utilização de sementes com procedência; tratamento de

sementes com fungicidas sistêmicos; rotação de cultura e manejo correto do solo,

principalmente em relação a adubação potássica; armazenagem da semente em condições

ambientais, pois Phomopsis spp. perde viabilidade sob estas condições (EMBRAPA, 2014).

VII) Aspergillus spp. e Penicillium spp. são fungos que recebem a designação de

“fungos de armazenamento”, e segundo a literatura não contaminam as sementes em campo

pois não conseguem competir com os demais fungos encontrados ali. Grãos armazenados

com teor de água acima do valor crítico perdem sua viabilidade, pois essas espécies de fungos

atacam preferencialmente o embrião. A infecção das sementes ou grãos armazenados, por

“fungos de armazenamento” depende de alguns fatores essenciais como teor de água das

sementes, umidade relativa do ambiente, temperatura e o tempo.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

19

A faixa de temperatura considerada ótima para o crescimento da maioria dos fungos

de armazenamento fica entre 28 a 35 °C e o grau de infecção inicial é outro fator que está

diretamente ligado a viabilidade das sementes. As impurezas, como pedaços de caules,

folhas, pequenos torrões de terra, poeira e insetos, podem apresentar maior facilidade em

absorver e reter umidade quando comparado a semente, essa umidade em meio a um lote de

sementes pode facilitar o desenvolvimento fúngico (DHINGRA, 1985).

VIII) Rhizopus spp. é considerado um fungo contaminante, sem importância

econômica em sementes, entretanto traz problemas relacionados a identificação de

patógenos de maior importância, por possuir um rápido crescimento e recobrir a semente

como um todo. Os esporóforos são hialinos, com esporângios em forma de esfera negros no

ápice, e os esporangióforos são esféricos e escuros (GOULART, 2005).

2.4 Controle químico de doenças

O manejo de doenças se tornou peça chave para o sucesso de qualquer cultura. Os

fungicidas são usados basicamente por três motivos: controlar ou evitar uma doença durante

a fase de estabelecimento e/ou desenvolvimento de uma cultura; aumentar a produtividade

da cultura e minimizar os danos estéticos (no caso de frutas, verduras e ornamentais), e

prolongar o período que um produto ou planta colhido fique armazenado. Para serem eficazes

muitos fungicidas necessitam ser aplicados antes que a doença ocorra ou quando os

primeiros sintomas começarem a serem percebidos (AMERICAN PHYTOPATHOLOGICAL

SOCIETY, 2004).

Os fungicidas atualmente encontrados no mercado são divididos em cinco modos de

ação: 1- aqueles com ação preventiva, que atuam na germinação dos esporos, na formação

de apressório e na penetração; 2- os de ação erradicantes, que atuam na fase de esporulação;

3- os de ação sistêmica (se forem aplicados antes da instalação do patógeno) ou então

erradicante (quando o patógeno já está no hospedeiro) atuando na fase de colonização; 4- os

indutores de resistência, que como o nome diz, induzem resistência sistêmica na planta; e 5-

os mesostêmicos, com ação protetora na superfície e efeito translaminar, atuando na fase de

penetração, colonização e formação do apressório (MIGUEL; CUNHA, 2010).

A decisão da hora certa de se aplicar um fungicida é essencial para um resultado

positivo, visto que um atraso ou adiantamento na hora de aplicar pode ser menos eficaz

quanto a não aplicação do fungicida (CALAÇA, 2008).

O gasto com fungicidas por hectare no médio norte de Mato Grosso na safra

2016/2017 foi de R$ 173,76 para soja convencional e de R$ 244,20 para soja transgênica. O

custo com fungicidas para cada hectare representa 7,8% para soja convencional e 10,55%

para soja transgênica quando comparado ao custeio total da lavoura (por ha), são valores

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

20

relativamente muito baixos se levado em conta os prejuízos que uma doença pode causar na

lavoura (IMEA, 2016).

2.5 Qualidade dos grãos de soja

Os efeitos constatados pela ocorrência de fungos nos principais produtos agrícolas

destinados tanto a alimentação humana como animal são: perda de nutrientes, alterações na

cor e odor, endurecimento dos grãos, e perda da capacidade de germinação no caso das

sementes. No caso dos grãos, as micotoxinas representam um perigo real quando

consumidas por humanos ou animais, as mais perigosas nesse grupo são as aflatoxinas, que

podem ser encontradas em grãos que sofreram ataques de fungos, podem ser letais, e não

são facilmente retiradas ou degradadas dos grãos. A maneira mais efetiva para se evitar a

bio-deterioração ocasionada por fungos, é associar a massa de grãos, uma baixa temperatura

e um baixo teor de água (FAO, 2014).

Fungos que contaminam sementes e grãos são divididos em fungos de campo e

fungos de armazenamento de acordo com sua ecologia e/ou condições ambientais, teor de

água e temperatura necessária para seu desenvolvimento. Os fungos de armazenamento

recebem está denominação porque crescem em sementes e grãos com teores de umidade

que variam entre 8 a 18% b.u. Os principais representantes desse grupo são Aspergillus flavus

e Penicillium spp. Fusarium spp. não é classificado como fungo de armazenamento, mas se

desenvolve em grãos de soja com 19,0% b.u. Estes fungos causam grandes perdas na

qualidade e quantidade de sementes e grãos de soja, consumindo gordura, proteína e

carboidratos. Aumentando o teor de acidez do óleo, consumindo matéria seca, reduzindo

assim o peso do grão (LAZARRI, 1997).

O teste de sanidade em sementes de soja ajuda a explicar os baixos índices de

germinação em amostras com alto grau de infecção, um diagnóstico completo realizado em

laboratório, feito em sementes de soja com alta infestação de Phomopsis spp. comprovou que

este fungo era o responsável pela baixa germinação dos lotes de sementes infestados por

esse patógeno (HENNING et al., 1980).

A soma de estresses climáticos e nutricionais, juntamente com injúrias causadas por

insetos e microrganismos, são os maiores responsáveis pela perda de qualidade da semente

no campo. A deterioração por umidade é o fator que mais implica na qualidade da semente,

quando a semente de soja fica exposta a elevadas e baixas umidades antes de ser colhida,

em virtude das frequentes chuvas, ou as oscilações de umidade relativa do ar, nessas

condições a deterioração por umidade será alta, essa deterioração por umidade também

resultará num maior índice de danos mecânicos durante a colheita (NETO et al., 2007).

A semente é o principal disseminador e foco de sobrevivência de muitos patógenos,

grande parte das doenças que implicam nas maiores perdas econômicas na cultura da soja

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

21

são disseminadas por sementes, isso proporciona a introdução ou reintrodução de doenças

em áreas antes livres. Deve-se lembrar que a semente quando encontra condições favoráveis

germina rapidamente, entretanto quando não encontra essas condições para germinar a

semente fica no solo exposta a diversos patógenos, reforçando a necessidade de um bom

tratamento da semente para que não perca qualidade fisiológica e física devido a patógenos

presentes no solo (GOULART, 1998).

2.6 Indutores de resistência em plantas

A indução de resistência (IR) possui o objetivo de ativar os mecanismos latentes de

resistência de um hospedeiro vegetal que se apresente suscetível ou com resistência

moderada, essa indução é feita por meio do uso de agentes abióticos ou bióticos

(eliciadores/indutores), com isso o hospedeiro tem mais sucesso em sua defesa contra o

ataque de patógenos como fungos, oomicetos, bactérias, vírus e nematoides (PASCHOLATI

et al., 2015).

Segundo Margis-Pinheiro et al. (1999) as plantas não permitem, de maneira passiva,

a entrada de patógenos no interior dos tecidos, sendo a primeira barreira constitutiva, ou seja,

aquela que ocorre mesmo sem a presença de agressores, de caráter hereditário e que as

tornam imunes (resistência de não-hospedeiro) à maioria dos fitopatógenos. Há ainda a

resistência localizada, ativada no ponto onde ocorre a agressão e a resistência induzida, que

protege a planta contra ataques subsequentes a diversos patógenos.

Pacholati e Leite (1995) relatam que os mecanismos de defesa são pré-formados e

pós-formados. Os pré-formados são defesas constitutivas ou passivas, presentes nas plantas

antes do contato das mesmas com o patógeno e que podem ser: a) estruturais: cutícula,

tricomas, estômatos, fibras/vasos condutores e; b) bioquímicos: fenóis, alcaloides

glicosídicos, lactonas insaturadas, glicosídeos fenólicos e cianogênicos, inibidores proteicos,

fototoxinas, quitinases e β-1,3 glucanases. Enquanto que mecanismos pós-formados (defesas

induzíveis ou ativas) se encontram ausentes ou presentes em baixos níveis antes da infecção,

sendo produzidos em resposta a presença do patógeno. Podem ser: a) estruturais: papilas,

halos, lignificação, camadas de cortiça, camada de abscisão e tiloses; b) bioquímicos:

espécies ativas de oxigênio, fitoalexinas, e proteínas relacionadas a patogênese (como

quitinase e β-1,3 glucanases).

A aplicação de moléculas elicitoras nas plantas pode levar não apenas a uma resposta

de resistência, mas sim a um conjunto de mecanismos de defesa resultando na conhecida

indução de resistência, e que têm por característica a transformação de uma relação

inicialmente compatível entre planta e patógeno, numa relação de incompatibilidade

(LABANCA, 2002).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

22

Os eliciadores são moléculas presentes em um indutor de resistência, que possuem a

capacidade de ativar mecanismos de defesa contidos na planta. Originalmente os eliciadores

são moléculas capazes de promover a síntese de fitoalexinas, substâncias antimicrobianas,

de baixo peso molecular, que acrescentam resistência contra microrganismos invasores nos

tecidos vegetais. Com o passar dos anos a definição de elicitores se tornou mais abrangente,

considerando como compostos ou moléculas que induzem uma resposta de defesa da planta,

abrangendo desde mudanças celulares, como a reação de hipersensibilidade até mudanças

moleculares, como exemplo, a ativação de genes de defesa (HAHN, 1996).

A luz ultravioleta, íons metálicos, e as moléculas orgânicas sintetizadas em laboratório

podem ser considerados como elicitores abióticos, sendo que elicitores bióticos possuem

natureza química variada, como os carboidratos (oligossacarídeos), glicoproteínas, proteínas,

oligopeptídeos, ácidos graxos e constituintes da parede celular (SMITH, 1996).

Para que a planta se defenda do ataque do patógeno, primeiramente é necessário que

a mesma o reconheça, este reconhecimento em sua maioria se dá por meio da ligação de um

elicitor a um receptor presente na membrana plasmática, e a partir dessa ligação são

desencadeados muitos sinais primários, que agiriam um atrás do outro, e de sinais

translocáveis que ativariam genes relacionados a defesa, tanto no local como sistemicamente.

A etapa seguinte a sinalização é a ativação de respostas de defesa (LABANCA, 2002).

Como vantagens da indução de resistência têm-se ausência de especificidade (amplo

espectro de ação) protegendo assim a planta contra uma vasta gama de patógenos como

vírus, bactérias, fungos e nematoides. Tem caráter sistêmico, podendo passar essa

resistência através da enxertia, esse efeito protetor pode durar apenas alguns dias ou até

meses, dependendo do intervalo de tempo desde a indução até o ataque do patógeno. O

estado nutricional da planta é fator a se considerar para o controle do patógeno, isso porque

permite taxas ideais de síntese proteica, evitando um acúmulo em excesso. Vigor e estádio

fenológico influenciam diretamente na capacidade da planta em se defender. A resistência

poderá ser parcial, incompleta e dessa maneira com o passar do tempo pode ser preciso que

se reative essa resistência, por ser parcial e inespecífica essa resistência não apresenta

pressão de seleção sobre o patógeno, com isso o surgimento de patógenos resistentes se

torna muito difícil e raro de acontecer (PHYTOSCLUB, 2016).

Dependendo da rota metabólica que foi ativada e origem do agente indutor, a indução

de resistência pode ter menor ou maior sucesso na hora de proteger a planta, com isso é

necessário a união de pesquisadores na condução de experimentos que demostrem tanto os

mecanismos de defesa quanto a melhor forma de torná-los ativos (BALMER et al. 2013).

Existem grandes chances que a resistência induzida contra doenças através dos

ativadores químicos, como acibenzolar-S-Metil e Messenger®, por exemplo, ou por outros

meios, como rizobactérias promotoras de crescimento ou elicitores oriundos de fungos e

bactérias, se transformem em ferramenta chave para um bom manejo e controle de doenças,

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

23

mais especificamente nos casos onde os métodos utilizados não se mostram tão eficientes, e

também no controle de doenças pós-colheita envolvendo frutas e hortaliças

(HAMMERSCHMIDT; DANN, 1997).

2.7 Indutores de resistência na cultura da soja

Nos dias atuais existe uma infinidade de compostos químicos utilizados no controle de

doenças fúngicas da cultura da soja, entretanto muitos são os estudos com compostos

naturais visando uma maior eficiência e uma alternativa durável no controle dessas doenças.

Arruda et al. (2012), estudaram o efeito de extratos aquosos de Agaricus blazei,

Lentinula edodes e Pycnoporus sanguineus na indução de fitoalexinas, no controle de oídio

da soja em casa de vegetação e, observaram eficiência da utilização desses extratos no

controle da doença, sendo o extrato aquoso de L. edodes o mais eficiente no controle da

doença.

Uma planta bem nutrida também poderá apresentar boa resistência ao ataque de

diversos patógenos. Queiroz et al. (2012) analisaram a nutrição da soja e sua influência na

indução de resistência para infecção e severidade dos sintomas da ferrugem asiática e,

concluíram que a presença do zinco nas aplicações foliares reduziu a severidade e progresso

da doença.

A indução a resistência sistêmica adquirida foi observada por Janegitz et al. (2012),

trabalhando com extrato de cis-jasmone no controle de nematoides (Meloidogyne javanica)

na cultura da soja. Estes autores observaram que a pulverização foliar com cis-jasmone

induziu sistemicamente nas raízes das plantas a atividade da PAL (Fenilalanina amônia-liase),

após 120h da aplicação, e a síntese de daidzeína, genisteína e coumestrol, após 144h, sendo

essa indução mais acentuada no genótipo resistente. Com os resultados os autores sugeriram

haver uma ação positiva da aplicação do extrato vegetal estudado na ativação sistêmica da

resistência em diferentes genótipos de soja diante da patologia estudada.

Roese et al. (2012) utilizaram os indutores de resistência silicato de potássio (solução

aquosa), silicato de cálcio (volastonita) e acibenzolar-S-methyl – ASM (granulado dispersível

em água) para avaliar a severidade da ferrugem-asiática em função das aplicações dos

indutores e produtividade da soja. Estes autores concluíram que silicato de potássio, quando

aplicado via foliar, de forma preventiva, auxilia no controle da ferrugem asiática, levando à

redução nas aplicações de fungicida. Aplicações foliares de silicato de potássio juntamente

com ASM possibilitam a redução das aplicações de fungicida, sem prejuízo da produtividade

de soja.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

24

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização e condução do experimento

O experimento foi implantado e conduzido em área comercial da empresa Agropel

Sementes, município de Sinop, região Norte de Mato Grosso, tendo a predominância de um

solo latossolo vermelho distrófico, de perfil profundo e textura argilosa.

A cultivar de soja utilizada para o plantio foi a soja Monsoy 8372 IPRO, que possui alto

potencial produtivo, com crescimento determinado chegando a medir 0,76 metros, possuindo

também moderada resistência a Mancha alvo (C. Cassiicola), e sua época de semeadura

ideal é entre 01/10 a 30/10, com população variando entre 240 a 280 mil plantas por hectare.

É uma cultivar de ciclo precoce de 114 dias.

O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados (DBC) com 10

tratamentos e 5 repetições, totalizando 50 parcelas.

Os produtos utilizados foram: 1) Starter Mn Platinum® (N = 5%; S = 4,9%; B = 0,3%;

Cu = 0,3%; Mn = 5%; Mo = 0,05% e Zn = 3%); 2) Phytogard Mn® (30% de P2O5, na forma

de fosfito, e 9% de Manganês); 3) Produto teste (produto testado); 4) Priori® (Azoxistrobina);

5) Alto 100® (Ciproconazole); 6) Fox® (Trifloxistrobina e Protioconazole); 7) Unizeb Gold®

(Mancozebe) e 8) Aproach® Prima (Picoxistrobina e Ciproconazole). Em todas as aplicações

utilizou-se 0,5% (v/v) de Óleo Natural (óleo vegetal) na calda de pulverização.

No dia 07 de novembro de 2015 foi realizado o plantio da soja Msoy 8372 IPRO e,

aproximadamente 18 dias após o plantio foi realizado a implantação das parcelas, onde foi

conduzido o presente experimento (Figura 2). O manejo de pragas e plantas invasoras

juntamente com adubação foram realizadas de acordo com padrão produtor.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

25

Figura 2. Estaqueamento do experimento na área (Sinop, MT, Safra 2015/2016). Fonte: Cichelero

(2015).

As unidades experimentais foram constituídas de 6 linhas com espaço entre linhas de

0,5 metros (3 metros de largura) e 5 de comprimento, perfazendo uma área total de 15 m². A

área útil da parcela experimental foi considerada, descartando-se duas linhas de cada lateral,

utilizando apenas as linhas centrais para fins de avaliação. Os produtos foram aplicados com

pulverizador costal pressurizado CO2 com barra de 4 bicos, espaçados em 0,5 m, e volume

de calda de 150 L ha-1. As aplicações dos tratamentos (Tabela 1) foram realizadas em

diferentes estádios fenológicos da cultura, sendo nos estádios V5, quinto nó, entretanto na

sua descrição, uma planta atinge V5 quando a quarta folha trifoliada está completamente

desenvolvida, pois o nó cotiledonar não é considerado. R1, início do florescimento, uma flor

aberta em qualquer nó do caule, (haste principal). E R5, início do enchimento do grão, grão

com 3 mm de comprimento em vagem num dos 4 últimos nós do caule, com folha

completamente desenvolvida (EMBRAPA, 2007).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

26

Tabela 1. Tratamentos utilizados e procedimentos de aplicação na cultura da soja, visando avaliar a eficiência do Produto Teste (PT) no controle de doenças foliares

TRATAMENTOS Estádios fenológicos da cultura da soja no momento da aplicação

Uso de Fungicida V5 R1 R5

T1 - - -

Sem Fungicida

T2 PT (70 g ha-1) PT (70 g ha-1) PT (70 g ha-1)

T3 PT (140 g ha-1) PT (140 g ha-1) PT (140 g ha-1)

T4 PT (210 g ha-1) PT (210 g ha-1) PT (210 g ha-1)

T5 PT (280 g ha-1) PT (280 g ha-1) PT (280 g ha-1)

T6 AZOXISTROBINA (0,024 ml ha-1) +

CIPROCONAZOLE (100g L-1)

TRIFLOXTROBINA E PROTICOLNAZOLE (0,400 L ha-1)

+MANCOZEB 1,500 g ha-1)

PICOXISTROBINA E CIPROCONAZOLE (0,300 L ha-1)

Com Fungicida

T7 PT (70 g ha-1) + AZOXISTROBINA (0,024 L ha-1) + CIPROCONAZOLE

(100g L-1)

PT (70 g ha-1) + TRIFLOXTROBINA E PROTICOLNAZOLE (0,400 L ha-1)

+MANCOZEB (1,500 g ha-1)

PT (70 g ha-1) +PICOXISTROBINA E

CIPROCONAZOLE (0,300 L ha-1)

T8 PT (140 g ha-1) + AZOXISTROBINA (0,024 L ha-1) + CIPROCONAZOLE

(100g L-1)

PT (140 g ha-1) + TRIFLOXTROBINA E PROTICOLNAZOLE (0,400 L ha-1)

+MANCOZEB (1,500 g ha-1)

PT (140 g ha-1) +PICOXISTROBINA E

CIPROCONAZOLE (0,300 L ha-1)

T9 PT (210 g ha-1) + AZOXISTROBINA (0,024 L ha-1) + CIPROCONAZOLE

(100g L-1)

PT (210 g ha-1) + TRIFLOXTROBINA E PROTICOLNAZOLE (0,400 L ha-1)

+MANCOZEB (1,500 g ha-1)

PT (210 g ha-1) +PICOXISTROBINA E

CIPROCONAZOLE (0,300 L ha-1)

T10 PT (280 g ha-1) + AZOXISTROBINA (0,024 L ha-1) + CIPROCONAZOLE

(100g L-1)

PT (280 g ha-1) + TRIFLOXTROBINA E PROTICOLNAZOLE (0,400 L ha-1)

+MANCOZEB (1,500 g ha-1)

PT (280 g ha-1) +PICOXISTROBINA E

CIPROCONAZOLE (0,300 L ha-1)

PT: Produto Teste. Em todas as aplicações foliares foram utilizadas 0,5% (v/v) de óleo vegetal (natural óleo) na calda de pulverização. Realizou-se, em todos os tratamentos, o manejo de plantas daninhas e pragas recomendadas para a cultura.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

27

Ao atingir o estádio R8 que é o ponto de maturação da cultura da soja foi realizada

dessecação, colheita e debulha manualmente, separando as linhas da área útil, das linhas da

bordadura.

3.2 Análises pós-colheita

As amostras colhidas foram devidamente identificadas e separadas em sacos de papel

kraft e conduzidas ao laboratório de Pós-colheita da Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT), Campus de Sinop, para avaliação dos seguintes parâmetros: produtividade, teor de

água, massa de 1.000 grãos, massa específica aparente, massa específica unitária, e teste

de sanidade por meio da detecção de fungos associados, de acordo com as metodologias a

seguir descritas:

As amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar, na temperatura de

40 ºC, para padronização do teor de água a 12 % b.u. que foi o menor valor de colheita.

a) Teor de água dos grãos (% b.u.): realizado pelo método direto representado pela

perda de água contida nos grãos, extraída em forma de vapor pela aplicação de calor sob

condições controladas. As amostras foram pesadas colocadas em recipientes próprios e

levadas para estufa com circulação forçada de ar, à temperatura de 105 ºC, onde permaneceu

por 24 horas. O cálculo do teor de água foi realizado por meio da massa perdida após a

secagem. Foram realizadas três repetições para cada amostra, conforme recomendações

descritas nas Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 2009).

b) Massa de 1.000 grãos (g): determinada de acordo com metodologia descrita nas

Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009), sendo oito repetições de 100 (cem) grãos

de cada amostra coletados aleatoriamente e pesados em balança de precisão. Em seguida

calculou-se a média e multiplicou-se por 10 (dez). O procedimento foi realizado em três

repetições para cada amostra. A massa foi corrigida para o teor de água comercial de 13

%b.u.

c) Massa Específica Aparente (kg m-3): estabeleceu-se a massa de um determinado

volume de grãos, utilizando um cilindro de capacidade de 1L, com amostras limpas e

homogeneizadas, sendo avaliadas três repetições por amostra. A altura de queda dos grãos

foi controlada a 20 cm, permitindo acomodação uniforme do produto no cilindro.

d) Massa Específica Real (kg m-3): para obtenção desta propriedade procedeu-se com

a determinação do volume e massa unitária do grão. Primeiramente obteve-se o diâmetro

médio do grão por meio da média aritmética da medida das três dimensões características do

grão (Figura 3). Foram coletados ao acaso 20 (vinte) grãos de cada amostra medindo-se cada

dimensão com o auxílio de um paquímetro digital obtendo-se o diâmetro médio do grão pela

Equação 01.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

28

Figura 3. Desenho esquemático do grão de soja com suas dimensões características. x - eixo transversal ao cotilédone do grão; y - eixo paralelo ao cotilédone do grão (mm); z - eixo longitudinal ao cotilédone do grão.

Ø =(

𝑥+𝑦+𝑧

10)

3 Eq. 01

Em que:

Ø - diâmetro do grão (mm);

x - eixo transversal ao cotilédone do grão (mm);

y - eixo paralelo ao cotilédone do grão (mm).

z - eixo longitudinal ao cotilédone do grão (mm);

Para obtenção do volume do grão (mm³) considerou-se que o mesmo se aproxima da

forma geométrica de uma esfera foi calculado a partir da Equação 02.

𝑉 =4

3𝜋 𝑅3 Eq. 02

Em que:

V - volume do grão (mm);

R – raio do grão (mm).

Os grãos foram pesados em balança semi-analítica com precisão de 0,001 g. Na

sequência fez-se a relação da massa pelo volume do grão obtendo a massa específica real,

devidamente calculada em kg m-3.

e) Detecção de fungos associados: para avaliação da sanidade dos grãos utilizou-se

o método de papel filtro (Blotter Test), de acordo com as Regras para Análise de Sementes

(2009), onde 400 grãos de cada tratamento foram distribuídos em 16 placas de Petri (25 grãos

por placa) contendo três folhas de papel filtro previamente esterilizadas e umedecidas com

água destilada. As placas foram incubadas por sete dias a temperatura de 20±2 ºC, com

fotoperíodo de doze horas de luz fluorescente e doze horas de escuro. Após o período de

incubação, os grãos foram examinados individualmente com auxílio de microscópio

estereoscópico e óptico (aumento final: 400x). Os fungos foram identificados conforme sua

morfologia, e os resultados foram expressos em porcentagem de grãos infectados com cada

fitopatógeno.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

29

3.3 Análise estatística

Os dados foram submetidos ao teste F (ANOVA) e quando significativos as médias

foram submetidas ao teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise das condições climáticas durante o desenvolvimento da cultura da soja

A temperatura média do ar durante o ciclo da cultura variou entre os 25 e 30 °C (Figura

4) e, considerando que a soja se desenvolve bem em temperaturas entre os 20 e 30 °C,

apresentando pleno crescimento e desenvolvimento com temperatura na casa dos 30 °C

(EMBRAPA, 2011), observa-se que a temperatura foi adequada durante a safra em questão.

Figura 4. Temperaturas máxima, média e mínima durante o ciclo da cultura da soja. Sinop – MT, 2015/2016. Fonte: Estação meteorológica da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop.

A umidade relativa do ar durante o ciclo da cultura e na fase de pré-colheita foi elevada,

com média variando entre 70 e 98% (Figura 5). Esta alta umidade associada a altas

temperaturas pode afetar a qualidade do grão, pela deterioração por umidade, sendo que um

grão deteriorado apresenta também maior suscetibilidade a danos mecânicos durante a

colheita. De acordo com Henning (2005) essa deterioração na lavoura é potencializada

quando alguns fungos de campo como Fusarium spp. e Colletotrichum truncatum, infectam o

grão ou a semente ajudando na redução do vigor e da germinação.

0

10

20

30

40

50

1-n

ov

5-n

ov

9-n

ov

13-n

ov

17-n

ov

21-n

ov

25-n

ov

29-n

ov

3-d

ez

7-d

ez

11-d

ez

15-d

ez

19-d

ez

23-d

ez

27-d

ez

31-d

ez

4-jan

8-jan

12-ja

n

16-ja

n

20-ja

n

24-ja

n

2-f

ev

6-f

ev

10-f

ev

14-f

ev

18-f

ev

22-f

ev

26-f

ev

Tem

pera

tura

(°C

)

Datas

Média Máxima Mínima

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

30

Figura 5. Umidade relativa (%) máxima, média e mínima entre os dias 01 de novembro de 2015 ao dia 27 de fevereiro de 2016, safra de 2015/2016. Fonte: Estação meteorológica da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop. Sinop-MT.

Por outro lado, segundo Rodrigues (2003) a umidade do ar e a temperatura influem na

velocidade com que a solução aplicada é secada, quando estas duas variáveis interagem

abaixando o gradiente de pressão de vapor na dita superfície pode-se esperar uma maior

absorção. Uma umidade adequada favorece a absorção da solução aplicada, visto que a

solução conserva-se por mais tempo sobre a folha, permitindo assim uma melhor distribuição

e mantendo a cutícula hidratada.

A soja durante todo seu ciclo precisa de um total de água que varia entre 450 a 800

mm. Com essa demanda atendida a soja poderá expressar seu máximo rendimento

(EMBRAPA, 2011). Observa-se que durante o ciclo da cultura da soja houve água disponível

em quantidade acima do máximo relatado na literatura (Figura 6), com um total acumulado de

812,2 mm.

0

20

40

60

80

100

120

1-n

ov

5-n

ov

9-n

ov

13-n

ov

17-n

ov

21-n

ov

25-n

ov

29-n

ov

3-d

ez

7-d

ez

11-d

ez

15-d

ez

19-d

ez

23-d

ez

27-d

ez

31-d

ez

4-jan

8-jan

12-ja

n

16-ja

n

20-ja

n

24-ja

n

2-f

ev

6-f

ev

10-f

ev

14-f

ev

18-f

ev

22-f

ev

26-f

ev

Um

idad

e r

ela

tiva (

%)

Datas

Média Máxima Mínima

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

31

Figura 6. Precipitação pluviométrica (mm) entre os dias 01 de novembro de 2015 ao dia 27 de fevereiro de 2016, safra de 2015/2016. Fonte: Estação meteorológica da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop. Sinop-MT, Safra 2015/2016.

A disponibilidade de água é muito importante principalmente em dois períodos do

cultivo da soja, na germinação-emergência e floração-enchimento, para altos rendimentos

uma boa distribuição de água durante o ciclo da cultura até a fase de maturação é essencial

para que a planta possa expressar todo seu potencial produtivo. A cultura sofreu com estresse

hídrico em duas fases importantes (Figura 6), no início da fase vegetativa, e no enchimento

de grãos, onde a falta de água pode causar abortamento de vagens, implicando em menor

produtividade. Bons rendimentos da cultura estão associados a 650 a 700 mm de água bem

distribuídos durante o ciclo da cultura, porém estudos realizados em Londrina-PR,

demonstraram que apesar de uma precipitação de mais de 700 mm durante o ciclo da cultura,

não foi suficiente para bons rendimentos devido a sua má distribuição (EMBRAPA, 2007).

A colheita do experimento foi realizada no dia 27 de fevereiro, época que ainda

ocorrem fortes chuvas na região sendo que o acumulado de chuva na semana que antecedeu

a colheita somou 51,65 mm (Figura 7).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

1-n

ov

4-n

ov

7-n

ov

10-n

ov

13-n

ov

16-n

ov

19-n

ov

22-n

ov

25-n

ov

28-n

ov

1-d

ez

4-d

ez

7-d

ez

10-d

ez

13-d

ez

16-d

ez

19-d

ez

22-d

ez

25-d

ez

28-d

ez

31-d

ez

3-jan

6-jan

9-jan

12-jan

15-jan

18-jan

21-jan

24-jan

27-jan

30-jan

2-f

ev

5-f

ev

8-f

ev

11-f

ev

14-f

ev

17-f

ev

20-f

ev

23-f

ev

26-f

ev

Pre

cip

ita

ção

acu

mu

lad

a (

mm

)

Pre

cip

itação

(m

m)

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

32

Figura 7. Precipitação diária e acumulada durante os sete dias que antecederam a colheita da soja. Sinop – MT, 2015/2016. Fonte: Estação meteorológica da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop.

Observa-se que ocorreu uma variação bem acentuada de precipitações na semana

que antecedeu a colheita, variando de 0,5 a 26,3 mm (Figura 7), variação esta que faz com

que o grão passe por secagens e reidratações sucessivas. Neste caso a qualidade do grão

será comprometida, principalmente pela suscetibilidade a infecção por fungos de campo.

Os grãos da soja ao sofrer sucessivas alterações volumétricas na pré-colheita podem

fazer com que a camada protetora do grão se rompa, aumentando as chances de quebra

durante a colheita mecanizada, bem como na limpeza e secagem.

4.2 Qualidade física de grãos

4.2.1 Teor de água dos grãos

Os grãos foram colhidos com baixos teores de água (Figura 8), sendo que apenas em

T7 (aplicação de fungicida padrão produtor e 70 g ha-1 de PT) e T4 (sem fungicida com 210 g

ha-1 de PT) os grãos apresentaram valores acima do indicado para comercialização (13%

b.u.). Provavelmente a dessecação e alta insolação associado a temperaturas elevadas

contribuiu para que os grãos perdessem água e; isso é favorável para manutenção da

qualidade dos grãos, porém, caso ocorra chuva precedida de intensa insolação, o que é

comum na região, pode causar rompimento de tegumento.

A soja por se tratar de uma oleaginosa, e assim ser hidrofóbico, perde água para o

ambiente com mais facilidade que grãos amiláceos. Os processos de ganho e perda de água,

nos últimos dias que antecederam a colheita, promoveram o rompimento do tegumento das

sementes, sendo isto observado visualmente nas amostras, o que provoca problemas na hora

0

10

20

30

40

50

60

20/fev 21/fev 22/fev 23/fev 24/fev 25/fev 26/fev 27/fev

série 1

serie 2

Pre

cip

itação

(m

m)

Precipitação diária

Precipitação acumulada

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

33

da colheita, como a quebra dos grãos, bem como, problemas sanitários, com maior

suscetibilidade a infestação do grão por fungos.

Figura 8. Teor de água (%b.u.) médio de grãos de soja submetidos a diferentes tratamentos foliares, obtido pelo método padrão da estufa. Onde: T1- testemunha (sem fungicida e sem Produto Teste - PT); T2- sem fungicida com 70 g ha-1 de PT; T3- sem fungicida com 140 g ha-1 de PT; T4- sem fungicida com 210 g ha-1 de PT; T5- sem fungicida com 280 g ha-1 de PT; T6- com fungicida padrão produtor e sem PT; T7- com fungicida padrão produtor e 70 g ha-1 de PT; T8- com fungicida padrão produtor e 140 g ha-1 de IC; T9- com fungicida padrão produtor e 210 g ha-1 de PT; T10- com fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT. *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

4.2.2 Massa de mil grãos

Com relação a propriedade massa de mil grãos (Figura 9), houve diferença média

significativa entre os tratamentos, onde T8 (com fungicida e 140 g ha -1 de PT), T10 (com

fungicida e 280 g ha-1 de ICPT) e T7 (com fungicida e 70 g.ha-1

de PT) apresentaram peso

médio de 141,14; 140,77 e 139,53 g, respectivamente; ou seja, maior massa de mil grãos

em relação à testemunha (136,69 g). Este resultado indica que o fungicida associado ao

Produto Teste (PT) contribuiu para o aumento da massa de mil grãos.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

34

Figura 9. Massa de mil grãos (g), corrigidos a 14% de umidade, sob aplicação de diferentes tratamentos com e sem Produto Teste (PT), associado ou não com fungicidas aplicados via foliar. Onde: T1 = testemunha (sem fungicida e sem PT); T2 = sem fungicida com 70 g ha-1 de PT; T3 = sem fungicida com 140 g ha-1 de PT; T4 = sem fungicida com 210 g ha-1 de PT; T5 = sem fungicida com 280 g há-1 de PT; T6 = com fungicida padrão produtor e sem PT; T7 = com fungicida padrão produtor e 70 g ha-1 de PT; T8 = com fungicida padrão produtor e 140 g ha-1 de IC; T9 = com fungicida padrão produtor e 210 g ha-1 de PT; T10 = com fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT. Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Sinop-MT, Safra 2015/2016. CV: 2,48%.

Segundo Nomelini et al. (2010) a massa de 1000 grãos é uma propriedade que pode

ser utilizada na comparação da qualidade dos grãos e também para cálculo de densidade de

semeadura. Portanto, pode-se observar que nos tratamentos T3, T10 e T7, os grãos

apresentam maior massa quando comparados aos demais tratamentos.

Os tratamentos que proporcionaram maiores incrementos para massa de mil grãos,

com diferença significativa, porém com valores numéricos próximos, foram T8 e T10 com peso

médio de 141,14 g e 140,77 g, respectivamente. Os valores aqui observados são próximos

aos valores observados por Freitas (2015) que avaliou a qualidade pós-colheita da soja em

função de diferentes tratamentos foliares de doenças, incluindo indutor de resistência. No

caso deste autor, os dois melhores resultados encontrados em seu estudo variaram entre

139,93 e 143,63 g para esta propriedade analisada.

Os valores médios para massa de mil grãos (137,85 g) foram inferiores aos

encontrados por Mayer et al. (2014) e Dalle Laste (2016) que obtiveram valor médio de 148,36

e 158,84 g respectivamente, com cultivares utilizadas em plantios na região. Sales (2017) e

Beteli (2017) na mesma safra, também obtiveram valores baixos para este parâmetro

analisado, suas melhores médias foram 135,93 e 142,52 g respectivamente, médias muito

próximas as encontradas neste trabalho.

A safra 2015/16 sofreu bastante com déficit hídrico, principalmente nos estádios

importantes para o estabelecimento da cultura e enchimento de grãos. Na safra 2014/15 a

b b b b b b a a b a

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Massa d

e m

il g

rão

s (

g)

Tratamentos

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

35

produtividade média no Estado foi de 52,3 sc ha-1, ao passo que na safra 2015/16 foi de 47,5

sc ha-1 (CONAB, 2016). Dalle Laste (2016), Sales (2017) e Beteli (2017) também relataram

situação atípica, parecida com a deste trabalho, pois a demanda hídrica da cultura durante o

ciclo não foi atendida, sendo por baixa precipitação ou por má distribuição das chuvas.

4.2.3 Massa específica aparente e massa específica unitária

Com relação à massa específica aparente (Tabela 2) os tratamentos que

apresentaram as maiores médias, sem diferença estatística entre si, foram: T9 (fungicida

padrão produtor e 210 g ha-1 de PT), T10 (fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT), T6

(fungicida padrão produtor e sem PT), T3 (sem fungicida com 140 g ha-1 de PT) e T2 (sem

fungicida com 70 g ha-1 de PT)

O tratamento T4 apresentou a menor média de massa específica aparente com 667,81

kg mˉ3, 3,12% menor que a média geral de todos os tratamentos (689,32 kg mˉ3) e 4,3%

inferior à média da massa específica aparente de grãos submetidos ao tratamento T9.

Tabela 2. Valores médios de massa específica aparente e massa específica unitária (kg m-3) de grãos de soja, cv. Monsoy 8372 IPRO, sob aplicação de diferentes tratamentos com e sem Produto Teste (PT), associado ou não com fungicidas aplicados via foliar

Tratamentos

Massa específica

aparente kg mˉ3 Massa específica

unitária kg mˉ3

T1 690,33 b 1211,25ns

T2 693,36 a 1207,05

T3 694,70 a 1214,66

T4 667,81 d 1198,89

T5 695,58 a 1205,81

T6 697,61 a 1268,48

T7 675,48 c 1232,58

T8 687,95 b 1231,18

T9 697,85 a 1203,56

T10 697,32 a 1222,50

C.V. % 0,29 11,37 Onde: TSTO= testemunha (sem fungicida e sem PT); TS70= sem fungicida com 70 g ha-1 de PT; TS140= sem fungicida com 140 g ha-1 de PT; TS210= sem fungicida com 210 g ha-1 de PT; TS280= sem fungicida com 280 g há-1 de PT; TCT0= com fungicida padrão produtor e sem PT; TC70= com fungicida padrão produtor e 70 g ha-1 de PT; TC140= com fungicida padrão produtor e 140 g ha-1 de IC; TC210= com fungicida padrão produtor e 210 g ha-1 de PT; TC280= com fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT. *Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. n.s. Não significativo.

Furtado et al. (2015) utilizando cultivares de soja intacta na região Médio Norte de Mato

Grosso na safra 2014/15 obtiveram valores médios de massa específica aparente de 681,43

kg m-3, inferiores aos 689,32 kg m-3 obtidos neste trabalho, mesmo havendo déficit hídrico em

momentos considerados importantes, conforme discutido no item 4.1.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

36

Porém Freitas (2015) avaliando a qualidade pós-colheita da soja em função de

diferentes tratamentos foliares de doenças fúngicas, encontrou valores de massa específica

aparente de grãos de soja próximos de 710 kg m-3 na safra 2013/14. Este autor também

avaliou tecnologias com mesmo modo de ação a utilizada neste estudo (Produto Teste),

porém observou valores de massa específica aparente superiores aos observados neste

trabalho.

Beteli (2017) observou as melhores médias para massa especifica aparente nos

tratamentos T8 com 699,31 e T6 com 697,26 kg m-3 , para massa especifica unitária seus

melhores resultados foram com T6 e T7 com 1279,33 e 1262,04 kg m-3, respectivamente.

Sales (2017) para massa específica aparente observou melhor média no T4 com

686,34 kg m-3, no parâmetro de massa específica unitária também foi no T4 com 1.200,18 kg

m-3. Tanto Sales (2017) e Beteli (2017) e este trabalho foram realizados na mesma safra, o

que pode justificar os valores bem próximos destes parâmetros para os três experimentos;

sendo que a má distribuição das chuvas no decorrer do ciclo da cultura pode ter sido um dos

fatores que contribuiu na redução da massa específica dos grãos.

Prado (2016) na safra 2014/15, avaliando somente o emprego de fungicidas foliares e

sua influência sobre a qualidade de grãos de soja intacta observou valores de 708 kg m-3,

também superiores aos valores obtidos neste trabalho.

Vale lembrar que mesmo a massa específica aparente não sendo um parâmetro

considerado na comercialização de grãos de soja, um baixo valor desta propriedade significa

menor rentabilidade, pelo fato de se ter menor quantidade de massa em um mesmo volume,

e ainda, que a qualidade dos grãos foi afetada pelo menor acúmulo de massa que significa

energia reserva do grão, podendo assim, ser armazenado por um período maior.

Com relação aos valores de massa específica unitária não houve diferença

significativa entre os tratamentos analisados.

Furtado et al. (2015), analisando a mesma variedade deste estudo, também produzida

na região Médio Norte de Mato Grosso, obtiveram 1.250,8 kg m-3 de massa específica unitária,

próximos aos valores aqui encontrados.

Caldeira et al. (2015) utilizando cultivares Nidera e M8210 cultivadas na região Médio

Norte de Mato Grosso obtiveram 1.264,2 e 1.254,5 kg m-3, respectivamente, de massa

específica unitária, superiores aos 1.219,59 kg m-3 obtidos neste trabalho.

Contudo Mayer (2014) utilizando a cultivar Msoy 9144 RR obteve valores médios de

massa específica unitária de 1.142,22 kg m-3, inferiores aos 1.219,59 kg m-3 obtidos neste

trabalho. Portanto, observa-se que há uma grande variação de massa específica unitária em

função da safra e cultivares analisadas.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

37

4.3 Qualidade sanitária dos grãos

A umidade relativa média (70 a 98%) e as altas temperaturas, que é característico da

região, durante o desenvolvimento da cultura e principalmente no seu final de ciclo contribuem

para a grande diversidade e alta incidência fúngica. De acordo com Kimati et al. (1995), fatores

ambientais podem influenciar o grau de pré-disposição do hospedeiro, contribuindo para o

estabelecimento de uma doença na cultura, bem como para desencadear uma epidemia. Um

dos fatores externos de maior importância para o ataque de agentes patogênicos é a umidade.

Na análise de sanidade de grãos realizada nas amostras de soja da cultivar Monsoy

8372 IPRO, os fungos identificados foram: Phomopsis sp., Cercospora sp., Colletotricum sp.,

Furarium sp., Aspergillus sp., Penicilium sp. e Rhizopus sp. (Tabela 3).

Pereira (2017) realizando testes sanitários na mesma região, e com a mesma cultivar

deste trabalho, também verificou a incidência destes fungos em suas análises.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

38

Tabela 3. Valores médios, em porcentagem, de incidência de fitopatógenos em grãos de soja submetidos a diferentes tratamentos foliares para o controle de doenças

Onde: T1- testemunha (sem fungicida e sem Produto teste - PT); T2- sem fungicida com 70 g ha-1 de PT; T3- sem fungicida com 140 g ha-1 de PT; T4- sem fungicida com 210 g ha-1 de PT; T5- sem fungicida com 280 g ha-1 de PT; T6- com fungicida padrão produtor e sem PT; T7- com fungicida padrão produtor e 70 g ha-1 de PT; T8- com fungicida padrão produtor e 140 g ha-1 de PT; T9- com fungicida padrão produtor e 210 g ha-1 de PT; T10- com fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT. *Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. *Para efeito de análise estatística os dados foram transformados em (x+k)^1/2 com k = 0,5.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

39

Não houve diferença estatística significativa na incidência de Cercospora sp. e

Colletotricum sp.; pois provavelmente não houve pressão destes fitopatógenos sobre as

plantas nesta safra ou as aplicações foliares de fungicidas foram eficazes no controle destes.

Com relação aos fitopatógenos Rhizopus sp. e Penicillium nenhum tratamento

avaliado foi eficiente na redução da incidência destes nos grãos, quando comparados com o

tratamento testemunha.

O T7 (fungicida padrão produtor e 70 g.ha-1 de PT) foi o tratamento que apresentou

maior incidência de Aspergillus sp. com 97,5 % de incidência nos grãos avaliados, um dos

motivos para esta alta infestação pode ter sido a baixa umidade dos grãos no momento da

colheita. Porém não diferindo dos tratamentos T6 (fungicida padrão produtor) e T8 (fungicida

padrão produtor e 140 g ha-1 de PT). Os fungos de armazenamento, como Aspergillus e

Penicillium, infestam os grãos após a colheita e têm como diferencial a capacidade de viver

associados a grãos com teor de umidade mais baixo (13 a 13,5%) e temperaturas mais

elevadas (SANTOS, 2006).

O gênero Aspergillus é responsável por produzir a micotoxina aflatoxina e é

comumente encontrado em grãos oleaginosos. Ribeiro et al. (2003) classificam o gênero como

um precursor da deterioração de grãos e sementes, causando danos ao germe, descoloração

e alterações nutricionais. Em T2 (sem fungicida com 70 g ha-1 de PT) ocorreu a menor % de

incidência deste fungo, 63,25% de grãos contaminados. Os tratamentos T3 (sem fungicida

com 140 g ha-1 de PT) e T10 (fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT) também

apresentaram baixa incidência de Aspergillus sp. Quando comparados aos demais

tratamentos com 67,5% e 65,5%, respectivamente.

O fungo de campo Fusarium sp. infesta principalmente grãos amiláceos, sendo de

difícil controle. Neste estudo, os tratamentos T2 (sem fungicida com 70 g ha-1 de PT); T4 (sem

fungicida com 210 g ha-1 de PT) e T5 (sem fungicida com 280 g ha-1) apresentaram as menores

incidências em relação à testemunha, não diferindo estatisticamente entre si.

Por outro lado, os tratamentos T6, T7, T8 e T9 apresentaram incidência de Fusarium

sp. superior a 80%, estes tratamentos tem em comum a associação dos fungicidas com o PT,

esta associação pode não ter sido eficiente no controle dos patógenos. Sales (2017) e Beteli

(2017) na mesma safra também verificaram uma incidência relativamente alta deste fungo,

onde suas incidências máximas foram de 33,2 e 55%, respectivamente. A pressão do fungo

em nossa região, associado a uma precipitação acumulada de mais de 51 mm na semana

que antecedeu a colheita podem ter influenciado para estes altos valores.

Para Phomopsis sp. as menores incidências foram observadas para grãos dos

tratamentos T7 (fungicida padrão produtor e 70 g ha-1 de PT); T9 (com fungicida padrão

produtor e 210 g ha-1 de PT) e T10 (com fungicida padrão produtor e 280 g ha-1 de PT). Este

resultado reforça a contribuição do efeito positivo da associação de fungicida com a nova

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

40

tecnologia reduzindo a incidência de Phomopsis sp., fungo cuja infecção no campo é

favorecida pela deficiência de potássio.

Souza (2016) em um trabalho realizado em Ipiranga do Norte, MT, constatou a

presença deste fungo em grãos armazenados, entre os meses de março e abril no ano de

2015, sua incidência máxima foi de 20 % aos 12 dias, e média de 7,5 % variando de acordo

com a quantidade de dias de armazenamento.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

41

5 CONCLUSÕES

Por meio da análise dos resultados deste estudo pode-se concluir que:

a. Não houve diferença significativa para a massa específica unitária;

b. O uso desta nova tecnologia isolada ou associada a fungicida contribui para o

aumento da massa específica aparente de grãos de soja; e quando associada

a fungicida proporciona maiores valores de massa de mil grãos;

c. Com relação à qualidade sanitária o uso isolado da nova tecnologia reduz

incidência de Fusarium sp. e Aspergillus sp. em grãos de soja e; quando

associado a fungicida reduz incidência de Phomopsis sp.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

42

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAG. O Futuro da Soja Nacional-Impactos socioeconômicos da ferrugem asiática na cadeia da soja nos próximos dez anos. Disponível em: http://www.abag.com.br/media/images/0-futuro-da-soja-nacional---ieag---abag.pdf. Acesso em: 17/05/2019. ABIOVE, Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Estatística mensal do complexo soja.,19 Mar de 2019. Disponível em:

http://www.abiove.org.br/site/index.php?page=estatistica&area=NC0yLTE. Acesso em: 03 de Mai. de 2019. ALMEIDA, A. M. R.; PEREIRA, L.P.; YORINORI, J.T.; SILVA, J.F.V.; HENNING, A.A.; GODOY, C.V.; COSTAMILAN, L.M.; MEYER, M. Doenças da soja. In: Manual de Fitopatologia. Doenças das Plantas Cultivadas. 1ed. São Paulo: Ceres. v. 2, p. 569-588,

2005. ALVAREZ, P. J . C.; KRZYZANOWSKI,F. C.; MANDARINO, J . M. G.; FRANÇA NETO, J. B. Relationship between soybean seed coat lignin content and resistance to mechanical damage. Seed Science and Technology, Zurich, v. 25, n. 2, p. 209-214, 1997.

AMARAL, Daniel Furlan. Panorama do mercado de extração de óleos. ABIOVE, Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, 03 de Dez de 2009. Disponível

em: http://www.abiove.com.br/palestras/abiove_mercado_oleaginosasPBIO_dez09.pdf. Acesso em 10 de jun. de 2017. ARRUDA, R. S.; MESQUINI, R. M.; SCHWAN-ESTRADA, K. R. F.; NASCIMENTO, J; F. feitos de Extratos de Cogumelo na indução de fitoalexinas e no controle de oídio da soja em casa de vegetação. Biosciense Journal., v. 28, n. 2, p. 164-172. 2012.

BALMER, D.et al. Induced resistance in maize is based on organ‐specific defense responses. The Plant Journal, v. 74, n. 2, p. 213-225, 2013.

BETELI, B.F. Tecnologia Stoller: efeito sobre a qualidade de grãos de soja. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) – Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Sinop. p. 24- 38, 2017.

BARBIERI, M.C.G. ; CIAMPI-GUILLARDI, M.; MORAES, S.R.G.; BONALDO, S.M.; ROGÉRIO, FLÁVIA ; LINHARES, R.R.; MASSOLA JÚNIOR, N.S. First Report of Colletotrichum cliviae Causing Anthracnose on Soybean in Brazil. Plant Disease, v. 101, p. PDIS-07-16-0963-PDN, 2017. BONALDO, S.M.; OLIVEIRA, G. S.; ECKERT, L. L. F. Redução de perdas. Cultivar Grandes Culturas, v. XX, p. 34-36, 2019.

BONATO, E.R.; BONATO, A.L.V. A soja no Brasil: história e estatística. Embrapa Soja-Documentos (INFOTECA-E), 1987.

BRAKEMEIER, C. Acertando no Adubo. Revista Cultivar, Pelotas – RS, ano 1, n. 07, Ago/1999. Disponível em: http://issuu.com/grupocultivar/docs/cultivar_07/17?e=16396492/33960861. Acesso em:18 de mai. de 2017.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

43

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa

Agropecuária. – Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399 p. BROOKER, D.B.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. Springer Science & Business Media, 1. ed. Nova York: Springer US,.1992. CALAÇA, H.A. Ferrugem asiática da soja: relações entre o atraso do controle químico, rendimento, severidade e área foliar sadia de soja (Glycine max L. Merril). 2007. (Tese de Doutorado),80 p. Universidade de São Paulo. CALDEIRA T. I. R.; RUFFATO S.; MEZZALIRA D.; PASTORELLO, M. Classificação de semente de soja e o efeito sobre a caracterização física dos grãos produzidos. São Pedro (SP). Anais [...] XLIV Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola. Set. 2015.

CARVALHO, E.deA.. Indutores de resistência no manejo da ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizi Sydow e P. Sydow) / Eudes de Arruda Carvalho. – Lavras: UFLA,

2010. 65p. CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção.

Jaboticabal, SP, FUNEP, 4a Ed., p. 98-99, 2000. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, v. 12 Safra 2015/16 - Décimo Segundo levantamento, Brasília, p. 1-182, setembro

2016. CONAB. Acompanhamento da safra brasileira. V.4 – Safra 2016/2017 – n.12- Décimo

segundo levantamento. Setembro de 2017. Disponível em: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_09_12_10_14_36_boletim_graos_setembro_2017.pdf. Acesso em: 09 de ago. de 2018. DALL'AGNOL, A.; LAZAROTTO, J.J.; HIRAKURI, M.H. Desenvolvimento, mercado, rentabilidade da soja brasileira. Embrapa Soja-Circular Técnica (INFOTECA-E), p.20 2010. DALLE LASTE, E. M. Qualidade de grãos de soja: influência da fertilização foliar. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia) Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. p.1-32, 2016. DE ALENCAR, E.R. et al. Qualidade dos grãos de soja armazenados em diferentes condições. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13, n. 5, p. 606-

613, 2009. DHINGRA, O. O. 1985. Prejuízos causados por microrganismos durante o armazenamento de sementes. Disponível em:

http://www.abrates.org.br/revista/artigos/1985/v7n1/artigo17.pdf>. Acesso em 11 de nov. de 2018. DIAS, D. Qualidade sanitária da soja em função da época de colheita. (Trabalho de

conclusão de curso). Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. p.1-33, 2013. ELEVAGRO. Phytus Club: Indutores de resistência em plantas. 27 jun de 2016.Disponível

em: https://phytusclub.com/blog/post/indutores-de-resistencia-em-plantas. Acesso em: 15 de jun. de 2017.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

44

EMBRAPA, SOJA. Tecnologias de produção de soja – Região Central do Brasil 2014. – Londrina: Embrapa Soja, 2013. 265p. ; 21cm. – (Sistemas de Produção / Embrapa Soja, ISSN 2176- 2902; n.16) EMBRAPA – Grupo de maturidade, 2010. Disponível em: http://

www.cnpso.embrapa.br/download/cultivares2010/LIVRETO1. pdf. Acesso em 25 de jul. de 2018. EMBRAPA, SOJA. Tecnologias de produção de soja–região central do Brasil 2012 e 2013. Londrina: Embrapa Soja, n. 15, p. 261, 2011.

EMBRAPA. Sistemas de produção: tecnologias de produção de soja – Região Central do Brasil 2011. Circular Técnico ISSN 2176-2902, n.14. EMBRAPA Soja: EMBRAPA Cerrado: EMBRAPA Agropecuária Oeste: Londrina, 2010. Disponível em: http://www.cnpso.embrapa.br/download/SP15-VE.pdf . Acesso em: 10 de set. de 2018. FARIAS, J.R.B.; NEPOMUCENO, A.L.; NEUMAIER, N. Ecofisiologia da soja. Embrapa Soja-Circular Técnica (INFOTECA-E), p. 1 – 9, 2007.

FREITAS, P. H. S. Qualidade pós-colheita da soja em função de diferentes tratamentos de doenças fúngicas. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia)

Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. p.1-47, 2015. FURTADO, R. F. M.; RUFFATO, S.; MORGADO T.; PASTORELLO M. São Pedro (SP). Cultivares de soja intacta: caracterização física dos grãos. Anais [...] XLIV Congresso

Brasileiro de Engenharia Agrícola. Set. 2015. GOULART, A.C.P. Fungos em sementes de soja: detecção e importância. Embrapa

Agropecuária Oeste-Documentos (INFOTECA-E), p.58, 1997. GOULART, A.C.P. Fungos em Sementes de Soja: Detecção, Importância e

Controle. Embrapa Agropecuária Oeste-Documentos (INFOTECA-E), p. 72, 2005. GOULART, A.C.P. Tratamento de sementes de soja com fungicidas: recomendações técnicas. Embrapa Agropecuária Oeste-Circular Técnica (INFOTECA-E), p. 32,1998.

GRIGOLLI, J.F.J. Manejo de pragas e doenças em soja. Fundação MS, 2017. Disponível

em: http://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/225/225/5834814c8d7c029b983d5c3da719918bc5f5648a31145_08-manejo-de-doenc-as.pdf. Acesso em: 15 de nov. de 2018. HAHN, M.G. Microbial elicitors and their receptors in plants. Annual review of phytopathology, v. 34, n. 1, p. 387-412, 1996.

HAMMERSCHMIDT, R.; DANN, E. K. Induced resistance to disease. 1. ed. Boca Raton: CRC Press,.1997. HENNING, Ademir Assis. Patologia e tratamento de sementes: noções gerais. Embrapa Soja-Documentos (INFOTECA-E), p. 52, 2005. HENNING A.A. et al. Manual de identificação de doenças de soja – 5.ed. Londrina:

Embrapa Soja, p. 7-44, 2014. HENNING, ADEMIR ASSIS; FRANÇA NETO, J. de B. Problemas na avaliação da germinação de sementes de soja com alta incidência de Phomopsis sp. Embrapa Soja-Artigo em periódico indexado (ALICE), p. 9-22 1980.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

45

HUNGRIA, M.; CAMPO, R.J.; MENDES, I. de C. Fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja. Embrapa Soja-Circular Técnica (INFOTECA-E), p. 48, 2001. IMEA, IMGDEEA. Entendendo o Mercado de Soja. Cuiabá: IMEA, 2015. Disponível em:

http://www.imea.com.br/upload/pdf/arquivos/2015_06_13_Paper_jornalistas_boletins_Soja_Versao_Final_AO.pd>. Acesso em:19 de mai. de 2019. IMEA, INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA, Relatórios de mercado. 2019. Disponível em: http://www.imea.com.br/imea-site/relatorios-mercado.

Acesso em: 03 de mai. de 2019. IMEIA, INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA. CUSTO DE PRODUÇÃO DA SOJA - SAFRA 2016/2017. Disponível em:

http://www.imea.com.br/upload/publicacoes/arquivos/23122016193852.pdf. Acesso em: 07 de mai. de 2017. JANEGITZ, T.; VIEIRA S. S.; GRAÇA, UEDA, T.SALVADOR, M. C.LEMES, T.OLIVEIRA, M. C. N.DIAS, W.FERRARESE-FILHO, O.HOFFMANN-CAMPO, C. B. J. P. Indução de resistência de genótipos de soja a Meloidogyne javanica. Anais [...] VI Congresso Brasileiro

de Soja. Cuiabá – MT, 2012. KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de Fitopatologia: Princípios e conceitos. 3 ed. São Paulo: Agronomica ceres, p.

919. 1995. KRICHBAUM, J. Quadro das sementes desde 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1900. Boletim da Agricultura, São Paulo (SP), v. 7; 504p., 1900.

LABANCA, E.R.G. Purificação parcial de elicitores presentes em Saccharomyces cerevisiae: atividade como indutores de resistência em pepino (Cucumis sativus) contra Colletotrichum lagenarium e da síntese de gliceolinas em soja (Glycine max).

Piracicaba, 2002. 107p. Dissertação de mestrado. Escola Superior de Agricultura. “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. LAZZARI, F.A. Fungos em Soja Armazenada. Aragricola consultorias e representações. Disponível em: http://www.coolseed.com.br/images/artigos-beneficios/soja/fungos%20em%20soja%20-%20lazzari.pdf. Acesso em:18 de ago. de 2018. LUDWIG, M. P. et al. Qualidade de sementes de soja armazenadas após recobrimento com aminoácido, polímero, fungicida e inseticida. Revista Brasileira de Sementes, v. 33, n. 3,

2011. MANDARINO, J.MG; ROESSING, A.C. Tecnologia para produção do óleo de soja: descrição das etapas, equipamentos, produtos e subprodutos. Embrapa Soja. Documentos, p. 40,

2001. MARGIS-PINHEIRO, M.; SANDRONI, M.; LUMMERZEIM, M.; OLIVEIRA, D. A defesa das plantas contra as doenças. Ciência Hoje, v. 25, p. 24-31, 1999.

MAYER J. F. Avaliação da qualidade de grãos de soja em função da época de colheita no norte de Mato Grosso. UFMT, Trabalho de conclusão de curso. p.1-41, 2014.

MAYER, J. F.; RUFFATO, S.; BONALDO, S. M.; ARFELI, M. J. Avaliação da qualidade de grãos de soja em função da época de colheita no norte de Mato Grosso. Sinop (MT). Anais [...] Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, ed. 43, 2014.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

46

MCGRATH, M.T. O que são fungicidas? 2004. Disponível em:

http://www.apsnet.org/edcenter/intropp/topics/pages/fungicidesport.aspx. Acesso em: 17 out. 2018. MINGUELA, J. V.; CUNHA, J. P. A. R. Manual de aplicação de produtos fitossanitários. Viçosa: Aprenda fácil, 588 p.,2010.

NETO, F. et al. Tecnologia da produção de semente de soja de alta qualidade. Embrapa Soja-Artigo em periódico indexado (ALICE), p.26-32, 2010.

NOMELINI, Q.S.S.; COSTA, D.A.; SILVA, L.F.; FERREIRA, A.S.; PEREIRA, J.M.; BIASE, N.G. Validação do método de dimensionamento do número médio ideal de sementes por saca. 2010. Disponível em:

http://www.ime.unicamp.br/sinape/sites/default/files/artigo_sinape_2010_0.pdf.Acesso em 20 de janeiro de 2017. PASCHOLATI, S. F.; LEITE, B. Manual de fitopatologia: princípios e conceitos, 3. Ed. São

Paulo: Agronômica Ceres,. 1995. PASCHOLATI, S.F.; MELO, TA de; DALIO, R.J.D. Indução de resistência contra patógenos: definição e perspectivas de uso. Visão agrícola, n. 13, julho, p. 110-112, 2015.

PEREIRA, E.B.C.; PEREIRA, A.V.; FRAGA, A.C. Qualidade de sementes de cultivares precoces de soja produzidas em três épocas. Pesquisa agropecuária brasileira, v.35, n.8,

p.1653-1662, 1999. PEREIRA, L.D. Tratamentos fungicidas alternativos e seus efeitos sobre a qualidade de grãos de soja. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Agronomia) –

Universidade Federal de Magro Grosso, UFMT, Sinop. p. 33- 35, 2017. PIROLLA, M.L.; BENTO, R.M. O Brasil e a soja: sua história e as implicações na economia brasileira. Trabalho de conclusão de curso (graduação em Administração) Centro Universitário Eurípedes de Marília, Marília-SP, p. 44, 2008. PRADO, P. M. C. Fungicidas foliares: influência sobre a qualidade de grãos de soja intacta. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental)

Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. p.1-42, 2016. QUEIROZ, C. S.; FERNANDES P. M.; QUEIROZ A. C.; ALVARENGA, W. B.; CARDOSO, Y. A. Nutrição da soja e sua influência na indução de resistência para infecção e severidade dos sintomas da ferrugem asiática. UFG, 5 p. 2012.

QUINEBRE, S.R. Aplicação de fungicidas no manejo de doenças de soja. 2014. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/10/aplicacao-de-fungicidas-no-manejo-de-doencas-na-soja. Acesso em:15/02/2019. RAMOS, H.deS. Sanidade de sementes de soja (Glycine max), em função de fungicidas aplicados a campo. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) –

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 19 p., 2018. RIBEIRO, S.A.L.; CAVALCANTI, M.A.Q.; FERNANDES, M.J.S.; LIMA, D.M.M. Fungos filamentosos isolados de produtos derivados de milho comercializado em Recife, Pernambuco. Revista Brasileira de Botânica, v.26, n.2, p.223-229, 2003.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP ... LUIS D… · Os fungicidas foliares têm sido o principal meio para o controle das doenças fúngicas, mas o uso contínuo

47

RODRIGUES, J. D. Fisiologia vegetal e sua importância na tecnologia de aplicação de defensivos. Biológico, São Paulo, v. 65, n. 1/2, p. 59-61, 2003.

ROESE, A. D.LIMA FILHO, O. F. de MELO, C. L. P.de. Efeito de indutores abióticos de resistência na severidade da ferrugem asiática e na produtividade de soja. Embrapa Agropecuária Oeste-Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento (INFOTECA-E), 2012. 22p. SALES, L. Ação de produtos Stoller sobre a qualidade de grãos de soja. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Agronomia) Universidade Federal de Magro Grosso, UFMT, Sinop. 2017, p. 48. SANTOS, J.P. Controle de pragas durante o armazenamento de milho. Embrapa Milho e Sorgo-Circular Técnica (INFOTECA-E), n. 84, p. 20, 2006.

SEDIYAMA, T. Tecnologias de produção e usos da soja. Londrina: Mecenas, v. 1, p. 314 2009. SFREDO, G.J; OLIVEIRA, M.C.N. Soja Molibdênio e cobalto. Londrina, 2010. (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 2176-2937; 322) Circular Técnica, 16. Disponível em: http://www.cnpso.embrapa.br/download/Doc_322_online.pdf. Acesso em 21 de set. de 2018. SIMON, E. W.; HARUN, R. M R. Leakage during seed imbibition. Journal of Experimental Botany, v. 23, n. 4, p. 1076-1085, 1972.

SMITH, C.J. Accumulation of phytoalexins: defense mechanisms and stimulus response system. New Phytologist, London, v. 132, p. 1-45, 1996 Disponível em:

<http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-8137.1996.tb04506.x/epdf>. Acesso em 05 de jul. de 2018. Soja em números (safra 2017/2018). EMBRAPA Soja. Disponível em :<

https://www.embrapa.br/web/portal/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acesso em: 03 de Mai. de 2019. SOUZA, I. Armazenagem temporária de soja umidade em silo bolsa. Trabalho de

Conclusão de Curso (Engenharia Agrícola e Ambiental). UFMT- Sinop, 2016. Sinop, 2016. TARUVINGA, C.; MEJIA, D.; SANZ ALVAREZ, J. Sistemas apropriados de armazenamento de sementes e cereais para pequenos agricultores: práticas fundamentais para implementadores de RRC. 2014. THIAGO, L.R.L. de S.; DA SILVA, J.M. Soja na alimentação de bovinos. Embrapa Gado de Corte-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2003. VIEIRA, R.D. Teste condutividade elétrica.In: VIEIRA, R.V; CARVALHO, N.M. (Ed) Testes de vigor em sementes.Jaboticabal: FUNEP., 1994.p.103-132.