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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Fisioterapia Trabalho de Conclusão de Curso II Leonardo Barbosa de Almeida DISFUNÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA VAGAL EM FILHOS DE HIPERTENSOS DURANTE O EXERCÍCIO FÍSICO Juiz de Fora 2013

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Page 1: Universidade Federal de Juiz de Fora · explicados por doenças do aparelho circulatório, fazendo com que as doenças cardiovasculares sejam consideradas a principal causa de morte

Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Fisioterapia

Trabalho de Conclusão de Curso II

Leonardo Barbosa de Almeida

DISFUNÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA VAGAL EM FILHOS DE HIPERTENSOS

DURANTE O EXERCÍCIO FÍSICO

Juiz de Fora

2013

Page 2: Universidade Federal de Juiz de Fora · explicados por doenças do aparelho circulatório, fazendo com que as doenças cardiovasculares sejam consideradas a principal causa de morte

Leonardo Barbosa de Almeida

DISFUNÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA VAGAL EM FILHOS DE HIPERTENSOS

DURANTE O EXERCÍCIO FÍSICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal

de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da

aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de

Curso II.

Área de concentração: Investigação Cardiovascular

e Fisiologia do Exercício.

Orientador: Prof. Dr. Mateus Camaroti Laterza - UFJF

Co-orientadora: Profª. Ms. Isabelle Magalhães Guedes Freitas

Juiz de Fora

2013

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que esteve sempre presente em toda minha trajetória, verdadeiro porto

seguro e refúgio nos momentos de angústia, sempre mostrando o caminho mais

sábio a seguir.

Aos meus pais, Adaílton e Izabel, pelo apoio, carinho e amor imensurável, agradeço

pelo suporte em todos esses momentos e por nunca deixarem de me apoiar na

busca e realização dos meus sonhos.

Aos meus avós, Malvina, Sebastiana e José, exemplos de vida e sabedoria, pelo

acolhimento nos momentos difíceis.

Aos familiares, pela presença sempre marcante na minha vida, por estarem por

perto nos principais momentos e fazerem desse último ano, em especial, um pouco

mais fácil de ser vivido.

Ao orientador, Prof. Mateus Laterza, por aceitar o desafio de construir esse trabalho

e me possibilitar momentos de crescimento acadêmico por meio da pesquisa.

À co-orientadora, Profª. Isabelle Guedes, pela dedicação e empenho na realização

do trabalho, pela confiança depositada em vários momentos e, principalmente, pela

amizade construída.

À Profª. Lilian Silva, exemplo profissional, por despertar em mim o amor pela

Reabilitação Cardíaca e por intermediar a minha participação na Iniciação Científica.

À Profª. e amiga Livia Victorino, pela motivação em fazer o trabalho acontecer, por

acreditar no meu trabalho e por, mesmo de longe, torcer sempre pelo meu sucesso.

Ao Prof. Pedro Augusto Mira, pelo interesse em ensinar, pela disponibilidade e pelas

grandes colaborações com o trabalho.

Page 4: Universidade Federal de Juiz de Fora · explicados por doenças do aparelho circulatório, fazendo com que as doenças cardiovasculares sejam consideradas a principal causa de morte

À Natália Portela e Maria Fernanda Falci, por dividirem comigo momentos árduos de

coleta de dados e momentos prazerosos de descoberta científica.

Às meninas da Fisioterapia, Carla Generoso, Bárbara Meurer, Thaís Campos,

Camila Corrêa, Lígia Bittencourt e Bárbara Almeida, presenças fundamentais na

minha vida acadêmica.

À amiga Mariana Balbi, por sonhar junto comigo esse momento de finalização do

TCC e por dividir o amor pela “Cardio”.

Aos amigos de fora da faculdade, por entenderem as ausências e torcerem pelo

sucesso do meu trabalho.

À PROPESQ, pelo apoio financeiro.

À FACFISIO, pelo ensinamento em todos esses anos, e à FAEFID, pelo acolhimento

e onde consegui desenvolver intelectualmente esse trabalho.

Aos voluntários, pela boa vontade em participar do estudo.

Obrigado!

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RESUMO

INTRODUÇÃO: Filhos de hipertensos possuem prejuízo no controle autonômico em

repouso e durante manobras fisiológicas, porém ainda não é conhecido o

comportamento da modulação autonômica cardíaca vagal desses indivíduos em

resposta ao exercício físico. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi testar a

hipótese de que o controle autonômico cardíaco estará diminuído durante o repouso,

e a modulação autonômica cardíaca vagal estará reduzida durante o exercício físico,

em indivíduos normotensos filhos de hipertensos quando comparados a indivíduos

normotensos filhos de normotensos MÉTODOS: Foram avaliados 14 filhos de

hipertensos (Grupo HF+; 25 ± 1 anos) e 14 filhos de normotensos (Grupo HF-; 27 ±

1 anos; p=0,252). Foi coletado o sinal de repouso da frequência cardíaca para a

análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) de repouso e aferida a

pressão arterial pelo método auscultatório. Posteriormente, o protocolo de exercício

físico isométrico de preensão palmar a 30% da contração voluntária máxima foi

realizado, sendo registradas, simultaneamente, a pressão arterial, minuto a minuto,

pelo método oscilométrico e a frequência cardíaca, continuamente, para análise da

modulação autonômica cardíaca vagal durante 3 minutos basais seguidos de 3

minutos de exercício físico. RESULTADOS: Em situação de repouso, filhos de

hipertensos apresentaram medidas da VFC SDNN, RMSSD, pNN50 e HF

significativamente reduzidas comparados aos filhos de normotensos (p=0,027,

p=0,030, p=0,029 e p=0,017, respectivamente). Durante o protocolo de exercício

físico, os níveis pressóricos aumentaram significativamente e de maneira

semelhante em ambos os grupos, porém os indivíduos filhos de hipertensos

apresentaram medidas RMSSD, pNN50 e HF, que refletem a modulação cardíaca

vagal, significativamente reduzidos quando comparados aos filhos de normotensos

(efeito grupo: p=0,021, p=0,020 e p=0,018, respectivamente). CONCLUSÃO:

Indivíduos saudáveis filhos de hipertensos apresentam reduzida VFC em situação

de repouso e disfunção autonômica cardíaca vagal frente ao exercício físico.

Descritores: hipertensão, sistema nervoso autônomo, hereditariedade, exercício.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Offspring of hypertensive parents have impaired autonomic control

at rest and during physiological maneuvers, but it is not yet known the behavior of

vagal cardiac autonomic modulation of these individuals in response to physical

exercise. Thus, the objective of this study was to investigate the response of

autonomic vagal cardiac modulation during exercise in normotensive subjects with

positive family history of hypertension. METHODS: We evaluated 14 offspring of

hypertensive parents (FH+ group, 25 ± 1 years) and 14 offspring of normotensive

parents (FH- group, 27 ± 1 years, p=0,252). The signal of heart rate was collected at

rest for the analysis of Heart Rate Variability (HRV) and blood pressure at rest was

measured by auscultation method. Subsequently, the protocol of isometric exercise

hand grip at 30% of maximal voluntary contraction was performed, and recorded

simultaneously, blood pressure, minute by minute, by oscillometry method and heart

rate continuously for analysis of vagal cardiac autonomic modulation at baseline for 3

minutes followed by 3 minutes of exercise. RESULTS: At rest, offspring of

hypertensive parents had HRV measures SDNN, RMSSD, pNN50 and HF

significantly reduced compared to offspring of normotensive (p=0,027, p=0,030,

p=0,029 and p=0,017, respectively). During the exercise protocol, blood pressure

levels increased significantly and similarly in both groups, but the offspring of

hypertensive parents showed RMSSD, pNN50 and HF, which reflects vagal cardiac

modulation, significantly reduced when compared to offspring of normotensive (group

effect: p=0,021, p=0,020 and p=0,018, respectively). CONCLUSION: Normotensive

subjects offspring of hypertensive parents have reduced HRV at rest and autonomic

vagal cardiac dysfunction during exercise.

Keywords: hypertension, autonomic nervous system, heredity, exercise.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Reflexo pressor do exercício físico............................................ 17

Figura 2 - Avaliação antropométrica ......................................................... 20

Figura 3 - Registro da pressão arterial e frequência cardíaca .................. 22

Figura 4 - Índices analisados na VFC de repouso .................................... 23

Figura 5 - Índices da VFC analisados durante o protocolo de exercício

físico...........................................................................................................

24

Figura 6 - Exercício físico de preensão de mão........................................ 25

Figura 7 - Esquema temporal do protocolo experimental.........................

Figura 8 - Pressão arterial sistólica durante o exercício físico .................

26

31

Figura 9 - Pressão arterial diastólica durante o exercício físico ............... 31

Figura 10 - Pressão arterial média durante o exercício físico .................. 32

Figura 11 - Frequência cardíaca durante o exercício físico ..................... 32

Figura 12 - Índice RMSSD durante o exercício físico .............................. 33

Figura 13 - Índice pNN50 durante o exercício físico................................. 34

Figura 14 - Índice HF durante o exercício físico ....................................... 34

Figura 15 - Representação da banda espectral HF .................................. 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação da pressão arterial de acordo com a medida

casual no consultório (> 18 anos).................................................................

Tabela 2 - Características físicas e hemodinâmicas e bioquímicas dos

grupos HF+ e HF-......................................................................................

11

29

Tabela 3 - Modulação autonômica cardíaca de repouso nos grupos HF+ e

HF-................................................................................................................. 30

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................

1.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ...............................................

1.2 HISTÓRICO FAMILIAR PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL

SISTÊMICA ............................................................................................

1.3 EXERCÍCIO FÍSICO E HISTÓRICO FAMILIAR PARA

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ..............................................

2 OBJETIVOS ..........................................................................................

3 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................

3.1 AMOSTRA .............................................................................................

3.2 MEDIDAS E PROCEDIMENTOS ..........................................................

3.2.1 Entrevista ..............................................................................................

3.2.2 Avaliação antropométrica ......................................................................

3.2.3 Avaliação do nível de atividade física....................................................

3.2.3 Avaliação bioquímica .............................................................................

3.2.4 Medida da pressão arterial e frequência cardíaca durante o repouso..

3.2.5 Medida da pressão arterial e frequência cardíaca durante o protocolo

de exercício físico ...................................................................................

3.2.6 Modulação autonômica cardíaca...........................................................

3.2.7 Exercício físico isométrico de preensão de mão – Handgrip .................

3.3 PROTOCOLO EXPERIMENTAL ...........................................................

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................

4 RESULTADOS ......................................................................................

4.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E HEMODINÂMICAS ...........................

4.2 MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA DE REPOUSO ..................

4.3 COMPORTAMENTO HEMODINÂMICO DURANTE O EXERCÍCIO

FÍSICO ............................................................................................................

4.4 MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA VAGAL DURANTE O

EXERCÍCIO FÍSICO ........................................................................................

5 DISCUSSÃO ..........................................................................................

6 CONCLUSÃO ........................................................................................

7 REFERÊNCIAS ......................................................................................

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ANEXOS

ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........ 45

ANEXO 2 - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA ............................................. 48

ANEXO 3 - ANAMNESE ................................................................................ 50

ANEXO 4 - QUESTIONÁRIO DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL ............. 52

ANEXO 5 - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NOS ARQUIVOS

BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA ........................................... 55

ANEXO 6 - ARTIGO CIENTÍFICO.................................................................. 64

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1 INTRODUÇÃO

1.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A hipertensão arterial sistêmica é definida por nível pressórico sistólico igual

ou superior a 140 mmHg e/ou nível pressórico diastólico igual ou superior a 90

mmHg. A Tabela 1 apresenta a classificação da pressão arterial para adultos, acima

de 18 anos, segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010). Os

valores pressóricos estabelecidos como ótimos são menores que 120 mmHg para a

pressão arterial sistólica e menores que 80 mmHg para a pressão arterial diastólica

(VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010).

Tabela 1 - Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)

Adaptado de: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010.

A manutenção dos níveis pressóricos elevados pode favorecer a ocorrência

de lesões em vasos arteriais e órgãos-alvo como rins, coração e cérebro, tornando

os pacientes hipertensos mais propensos ao desenvolvimento de doença arterial

coronariana, acidente vascular encefálico e doença renal crônica (WILLIAMS, 2010).

Assim, a hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco para

morbidade e mortalidade cardiovascular. De fato, a Organização Mundial de Saúde

preconiza que pequenas alterações na pressão arterial, como a elevação acima de

Classificação Pressão Arterial

Sistólica (mmHg)

Pressão Arterial

Diastólica (mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130 – 139 85 – 89

Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99

Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109

Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica

isolada

≥ 140 < 90

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115/75 mmHg, aumenta de forma linear, progressiva e independente as taxas de

mortalidade (CHOBANIAN et al., 2003). Dados epidemiológicos mundiais referentes

ao ano de 2001 mostraram que cerca de 7,6 milhões de mortes foram atribuídas à

elevação da pressão arterial, sendo que 54% dessas mortes foram por acidente

vascular encefálico e 47% por doença isquêmica do coração (WILLIAMS, 2010). E

mais, estima-se que em 2050 cerca de um bilhão de indivíduos no mundo, serão

hipertensos (CHOBANIAN et al., 2003). No Brasil, a hipertensão arterial acomete,

aproximadamente, 22,3% a 43,9% da população (VI Diretrizes Brasileiras de

Hipertensão, 2010), sendo que somente no ano de 2009, 320.074 óbitos foram

explicados por doenças do aparelho circulatório, fazendo com que as doenças

cardiovasculares sejam consideradas a principal causa de morte no país

(DATASUS, 2009). Dessa forma, a hipertensão arterial tem sido considerada um

grande problema de saúde pública, por gerar custos elevados aos cofres públicos

com internações, medicamentos e consultas médicas, chegando ao ano de 2009 às

cifras aproximadas de 74 bilhões de dólares nos Estados Unidos da América e 166

bilhões de reais no Brasil (VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010; ARONOW

et al., 2011).

A pressão arterial é resultante da combinação instantânea da resistência

periférica e do débito cardíaco, sendo que a alteração em uma destas variáveis, ou

em ambas, interfere na manutenção dos níveis pressóricos normais. Diferentes e

complexos mecanismos de controle estão envolvidos não só na manutenção como

na variação momento a momento da pressão arterial, regulando o calibre e a

reatividade vascular, a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos e o débito

cardíaco. Assim, desequilíbrios entre esses mecanismos de controle culminarão no

desenvolvimento e manutenção de níveis pressóricos elevados (KRIEGER,

IRIGOYEN, KRIEGER, 1999). Nesse sentido, estudos apontam que a diminuição do

controle barorreflexo da pressão arterial, o aumento da atividade nervosa simpática

e o prejuízo do controle autonômico cardíaco estão envolvidos no processo de

desenvolvimento da hipertensão arterial (LIAO et al., 1996; SINGH et al., 1998; DE

ANGELIS, SANTOS, IRIGOYEN, 2004). Além disso, diversos fatores de risco podem

provocar e/ou acelerar o desequilíbrio entre esses mecanismos controladores da

pressão arterial, sendo que a hereditariedade ganha importante destaque nesse

cenário (KRIEGER, IRIGOYEN, KRIEGER, 1999; CHOBANIAN et al., 2003; DE

ANGELIS, SANTOS, IRIGOYEN, 2004; JOHNSON et al., 2008; KUNES & ZICHA,

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2009; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010; ARONOW et al.,

2011).

1.2 HISTÓRICO FAMILIAR PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Crescentes evidências vêm demonstrando que complexas interações entre

múltiplos genes e fatores ambientais respondem pelo risco individual de

desenvolvimento de doenças, sobretudo a hipertensão arterial. Estudos estimam

que a contribuição da hereditariedade seja de 30% a 50% na variação da pressão

arterial (TIMBERLAKE, O'CONNOR, PARMER, 2001; JOHNSON et al., 2008;

KUNES & ZICHA, 2009, GO et al, 2013). De fato, diversas pesquisas têm mostrado

que indivíduos saudáveis com histórico familiar positivo para hipertensão arterial já

apresentam níveis pressóricos significativamente maiores, durante o repouso,

quando comparados a indivíduos saudáveis, filhos de pais normotensos

(NARKIEWICZ et al., 1995; LOPES et al., 2000; PICCIRILLO et al., 2000; LOPES et

al., 2001; PITZALIS et al., 2001; MAVER, STRUCL, ACCETO, 2004; LOPES et al.,

2008; RAFIDAH et al., 2008; PELA et al., 2011). Nesse sentido, Lopes et al. (2001)

estudaram 42 indivíduos com histórico familiar positivo para hipertensão arterial e 35

indivíduos sem histórico familiar para essa doença, avaliando a pressão arterial

desses indivíduos pelo método auscultatório, pela medida ambulatorial de 24 horas

e também pela medida batimento a batimento cardíaco. Nesse trabalho,

independentemente do método utilizado para aferição da pressão arterial, foram

encontrados valores pressóricos significativamente maiores nos indivíduos

saudáveis filhos de hipertensos. Corroborando esses achados, Rafidah et al. (2008),

investigaram 70 indivíduos saudáveis e sedentários, divididos em dois grupos: filhos

de pais hipertensos (n=35) e filhos de pais normotensos (n=35). Esses

pesquisadores observaram, por meio da monitorização da pressão arterial de 24

horas, que aqueles indivíduos com pai e/ou mãe hipertensos apresentaram valores

pressóricos significativamente elevados, durante a noite, quando comparados aos

indivíduos que tinham pais normotensos. Recentemente, Pela et al. (2011)

monitorizaram a pressão arterial durante 24 horas em 43 indivíduos saudáveis e

sedentários, sendo 23 filhos de hipertensos e 20 filhos de normotensos, concluindo

que aqueles indivíduos filhos de pais hipertensos apresentaram pressão arterial

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sistólica, diastólica e média significativamente maiores durante o dia, quando

comparados aos filhos de normotensos.

Além das elevações na pressão arterial, pesquisas conduzidas pelo grupo de

Lopes et al. (2000, 2001 e 2008) relataram também alterações na ativação nervosa

simpática associada ao histórico familiar positivo para hipertensão arterial.

Inicialmente, foi observado, em situação de repouso, elevação da atividade

simpática por meio dos níveis plasmáticos de noradrenalina, sendo verificados

valores significativamente maiores para essa medida nos indivíduos com história

familiar positiva para hipertensão arterial quando comparados àqueles indivíduos

sem história familiar para essa doença (LOPES et al., 2000; LOPES et al., 2001).

Posteriormente, esses autores registraram em 10 filhos de hipertensos e 10 filhos de

normotensos a atividade nervosa simpática muscular, pela técnica de

microneurografia, e verificaram exacerbação da atividade nervosa simpática

naqueles indivíduos com predisposição genética para hipertensão arterial (LOPES et

al., 2008).

Outro mecanismo que se encontra alterado nos filhos de hipertensos e que,

consequentemente, influencia de maneira negativa as respostas hemodinâmicas

desses indivíduos é o controle barorreflexo da pressão arterial (LOPES et al., 2000;

MAVER, STRUCL, ACCETE, 2004; LENARD et al., 2005). Maver et al. (2004),

investigaram 11 voluntários com fator hereditariedade positivo para hipertensão e 13

voluntários sem esse fator, e concluíram que, em condições basais, filhos de

hipertensos apresentam diminuição da sensibilidade barorreflexa. E mais, assim

como a disfunção do controle barorreflexo da pressão arterial, nos indivíduos com

herança genética para hipertensão também foi observado prejuízo do controle

autonômico cardíaco, avaliado por meio da variabilidade da frequência cardíaca

(PICCIRILLO et al., 2000; PITZALIS, IACOVIELLO et al., 2001; MAVER, STRUCL,

ACCETE, 2004; MURALIKRISHNAN, BALASUBRAMAN, RAO, 2011). Piccirillo et al.

(2000), observaram que indivíduos filhos de um ou ambos os pais hipertensos

apresentaram diminuição significativa da banda espectral de alta frequência (HF

u.n.), bem como elevação da banda espectral de baixa frequência (LF u.n.) e da

razão LF/HF, na análise espectral dos batimentos cardíacos, quando comparados a

filhos de pais normotensos. Dessa forma, pode-se inferir que aqueles indivíduos

saudáveis, porém com história familiar de hipertensão arterial positiva, já

apresentam alteração no controle autonômico cardíaco, caracterizado por prejuízo

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no balanço simpato-vagal. Confirmando esses achados, Pitzalis et al. (2001)

encontraram modificação do controle autonômico do coração em filhos de

hipertensos, observado por meio do reduzido índice SDNN, que reflete tanto a

modulação simpática quanto a parassimpática da frequência cardíaca. Assim,

observa-se que, em condições basais, o histórico familiar positivo para hipertensão

arterial promove alterações cardiovasculares precoces e significativas, o que sugere

que tais alterações possam prejudicar também as respostas cardiovasculares frente

a manobras fisiológicas como, por exemplo, o exercício físico.

1.3 EXERCÍCIO FÍSICO E HISTÓRICO FAMILIAR PARA HIPERTENSÃO

ARTERIAL SISTÊMICA

Durante o exercício físico, o organismo supre as demandas metabólicas

periféricas, entre outras adaptações, por meio do aumento da frequência cardíaca,

volume sistólico e pressão arterial a fim de aumentar o débito cardíaco e a pressão

de perfusão, objetivando maior redirecionamento do fluxo sanguíneo para a

musculatura ativa (LIND & MCNICOL, 1967; MARTIN et al., 1974; VATNER &

PAGANI, 1976; KRIEGER et al., 1998; IELLAMO et al., 1999; MURPHY et al., 2011).

Essa resposta fisiológica ao exercício físico é possível, em parte, pela atuação

autonômica sobre o coração, que reduz a atividade nervosa vagal e aumenta a

atividade simpática (MARTIN et al., 1974; IELLAMO et al., 1999). Sabe-se que em

fases iniciais do exercício físico, mais especificamente durante os primeiros 30

segundos, o aumento da frequência cardíaca acontece em função da redução da

atividade nervosa vagal, enquanto que os incrementos dos valores de frequência

cardíaca em momentos posteriores são gerados, predominantemente, pelo aumento

da atividade nervosa simpática (MARTIN et al., 1974; KLUESS, WOOD, WELSCH,

2000). Esses ajustes autonômicos que culminam com o aumento da frequência

cardíaca são mediados pelo conjunto de eferências centrais e aferências periféricas

(HELLSTEN et al., 1998; GLADWELL & COOTE, 2002; KIM et al., 2007;

TSUCHIMOCHI et al., 2009; AMANN et al., 2010; MURPHY et al., 2011).

Inicialmente, como resposta antecipatória, o comando central, localizado na região

alta do córtex, ativa as regiões corticais responsáveis pelo recrutamento das

unidades motoras da musculatura esquelética e envia para região bulbar sinais para

aumento do tônus simpático e redução do tônus vagal, preparando o organismo para

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possível ação (IELLAMO, 2001; TSUCHIMOCHI et al., 2009). Durante o exercício

físico, o comando central permanece estimulando a região bulbar, mantendo o tônus

simpático aumentado e o tônus vagal diminuído. Além disso, com o iniciar do

exercício físico e, consequentemente, a ocorrência da contração muscular, ocorre o

acionamento de terminações nervosas livres, localizadas na musculatura

esquelética, sensíveis à deformação mecânica. Essas terminações, quando

estimuladas, carreiam sinais elétricos via fibras aferentes do grupo III até a região

bulbar, informando ao sistema nervoso central que está ocorrendo contração

muscular. Em resposta, a região bulbar aumenta ainda mais a atividade nervosa

simpática e diminui ainda mais a atividade nervosa vagal, sendo esse arco

denominado mecanorreflexo (IELLAMO, 2001; GLADWELL & COOTE, 2002; KIM et

al., 2007; AMANN et al., 2010; MURPHY et al., 2011). Com o processo progressivo

do exercício físico e, dependendo da intensidade na qual ele é realizado, ocorre

acúmulo de metabólitos na região exercitada. Esses metabólitos estimulam de

alguma forma, ainda não totalmente esclarecida, fibras aferentes do grupo IV, que

informam a região bulbar sobre a atividade metabólica muscular. Em resposta, mais

uma vez, a região bulbar promove o aumento da atividade simpática e a retirada da

atividade vagal, sendo esse arco denominado metaborreflexo (IELLAMO et al., 1999;

IELLAMO, 2001; AMANN et al., 2010; MURPHY et al., 2011). Então, com a

progressão do exercício físico, há aumento progressivo da frequência cardíaca,

visando o aumento do débito cardíaco e do aporte sanguíneo para a musculatura

exercitada. Entretanto, estudos vêm mostrando que o aumento exacerbado da

frequência cardíaca frente ao exercício físico está relacionado com o aumento do

risco de morte súbita (VANOLI et al., 1991; ALBERT et al., 2000; BUCH, COOTE,

TOWNEND, 2002; JOUVEN et al., 2005). E mais, estudos sugerem que a redução

exacerbada da modulação vagal sobre o coração durante o exercício físico aumenta

o risco para ocorrência de arritmias letais e morte súbita (SCHWARTZ, BILLMAN,

STONE, 1984; BILLMAN & HOSKINS, 1989; VANOLI et al., 1991; TULPPO et al.,

1998; BUCH, COOTE, TOWNEND, 2002). Dessa forma, é plausível pensarmos que

a atividade nervosa vagal durante o exercício físico confere importante fator de

proteção contra os riscos de origem cardiovascular.

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Figura 1: Reflexo pressor do exercício físico. Durante o exercício físico, o comando central estimula a região bulbar juntamente com os mecanorreceptores e metaborreceptores. Essa região promove modulações do sistema nervoso autônomo sobre o sistema cardiovascular, resultando em aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Adaptado de: FREITAS, 2012.

Assim como no repouso, diversos estudos comprovam que há alterações nos

mecanismos reguladores da pressão arterial também durante o exercício físico em

pessoas filhas de pais hipertensos (LOPES et al., 2001; LOPES et al., 2008). Nesse

sentido, pesquisa conduzida por Lopes et al. (2008) mostrou que filhos de

hipertensos comparados a filhos de normotensos, têm exacerbação da ativação

nervosa simpática muscular, medida pela técnica de microneurografia, quando

submetidos a protocolo de exercício físico isométrico de preensão palmar, com

intensidade de 40% da contração voluntária máxima, durante 90 segundos.

Entretanto, não é conhecido, até o momento, o comportamento do controle

autonômico cardíaco frente ao exercício físico, em especial da modulação cardíaca

vagal, de indivíduos saudáveis e sedentários, porém com histórico familiar positivo

para hipertensão arterial.

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2 OBJETIVOS

Testar a hipótese de que o controle autonômico cardíaco estará diminuído

durante o repouso e a modulação autonômica cardíaca vagal estará reduzida

durante o exercício físico, em indivíduos normotensos filhos de hipertensos quando

comparados a indivíduos normotensos filhos de normotensos.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 AMOSTRA

De acordo com cálculo amostral para variáveis com distribuição normal,

adotando erro alfa de 95% e erro beta de 80%, deveriam ser recrutados no mínimo

11 indivíduos para cada grupo. Portanto, foram recrutados 28 indivíduos saudáveis,

de ambos os sexos, divididos em dois grupos: Grupo HF+, constituído por 14

indivíduos filhos de pacientes com hipertensão arterial sistêmica e Grupo HF-,

composto por 14 indivíduos filhos de pais normotensos. Como critérios de inclusão,

os voluntários deveriam: 1) ter pressão arterial menor que 140/90 mmHg; 2) ter

Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 30 Kg/m²; 3) não fazer uso de

medicamentos; 4) não ser tabagista; 5) não praticar atividade física regular nos 6

meses que antecederam a realização da pesquisa. Aos voluntários foram explicados

todos os procedimentos da pesquisa e após a concordância dos mesmos, o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado (ANEXO 1). Essa pesquisa foi

aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da

Universidade Federal de Juiz de Fora, sob o Parecer nº 119/2010 e desenvolvida no

Hospital Universitário HU-CAS/UFJF (ANEXO 2).

Para caracterização dos grupos foram seguidos os seguintes critérios:

GRUPO HF+: o voluntário deveria ser filho de pai e/ou mãe diagnosticados com

hipertensão arterial. Para verificação dessa característica, foi analisado o histórico

do paciente e o uso de medicação anti-hipertensiva pelos pais.

GRUPO HF-: o voluntário deveria ser filho de pai e mãe normotensos. Foram

considerados normotensos todos os pais que não tivessem diagnóstico de alguma

doença e não fizessem uso de medicamentos.

3. 2 MEDIDAS E PROCEDIMENTOS

3.2.1 Entrevista

Foi realizada entrevista para verificação dos hábitos de vida e estado de

saúde dos voluntários, bem como do histórico familiar (ANEXO 3).

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3.2.2 Avaliação antropométrica

Para avaliação antropométrica, a estatura foi mensurada, por meio do

estadiômetro Lider®, e a massa corporal, por meio da balança Lider®. O IMC foi

calculado pela massa corporal dividida pela altura ao quadrado (Figura 2).

Figura 2: Avaliação antropométrica. Balança e estadiômetro. Fonte: O autor (2013).

3.2.3 Avaliação do nível de atividade física

Todos os voluntários responderam ainda ao questionário Baecke (FLORINDO

& LATORRE, 2003) para investigação do nível de atividade física habitual. Este

questionário é composto por questões distribuídas em três domínios que

correspondem à avaliação das atividades físicas ocupacionais, exercícios físicos no

lazer e atividades físicas de lazer e locomoção.

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O nível de atividade física nos últimos seis meses foi investigado quanto ao

tipo, intensidade, duração e frequência e mensurado pelo escore total (ANEXO 4).

3.2.4 Avaliação bioquímica

Foram coletados 10 mL de sangue, após jejum de 12 horas, para análise da

glicemia, colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol, triglicérides e creatinina

(TARVAINEN, RANTA-AHO, KARJALAINEM, 2002).

3.2.5 Medida da pressão arterial e frequência cardíaca durante o repouso

A medida clínica da pressão arterial foi realizada pelo método auscultatório,

com o voluntário em posição supina, sendo o manguito posicionado no braço direito

do voluntário, em ambiente calmo após 15 minutos de repouso, sempre pelo mesmo

avaliador, utilizando o esfigmomanômetro com coluna de mercúrio, modelo

Takaoka®. As fases I e V de KorotKoff foram adotadas para identificação das

pressões sistólica e diastólica respectivamente (VI Diretrizes Brasileiras de

Hipertensão, 2010).

A frequência cardíaca foi monitorada continuamente de forma não invasiva,

durante 10 minutos de repouso, em posição supina, utilizando-se o

cardiofrequencímetro Polar S810i® (Kempele, Finlândia).

3.2.6 Medida da pressão arterial e frequência cardíaca durante protocolo de

exercício físico

A pressão arterial foi aferida pelo método oscilométrico, de forma

automática, minuto a minuto, com o paciente em posição supina, por meio do

aparelho DIXTAL 2023® (Amazônia, Brasil) (Figura 3) sendo o manguito posicionado

no membro inferior direito do voluntário (FREITAS, 2012).

Simultaneamente, a frequência cardíaca foi monitorada de forma contínua e

não invasiva, utilizando-se o cardiofrequencímetro Polar S810i® (ALONSO et al.,

1998).

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Figura 3: Registro da pressão arterial. Monitor DIXTAL® 2023.

Fonte: O autor (2013).

3.2.7 Modulação autonômica cardíaca

A avaliação da modulação autonômica cardíaca, durante o repouso e o

exercício físico, foi realizada pelo método indireto da VFC (STEIN et al., 1994; TASK

FORCE, 1996; LOPES et al., 2007). Os valores pontuais dos intervalos entre cada

batimento cardíaco (iRR) coletados foram direcionados ao microcomputador, pela

transmissão de dados do receptor de pulso para o software Polar Precision

Performance. Os dados do repouso foram transferidos para o aplicativo Matlab,

versão 7.6, para seleção automática dos 5 minutos de menor variância, por meio de

uma rotina previamente implementada, e estes foram utilizados para o cálculo da

VFC, (LOPES et al., 2007). As séries temporais de iRR com duração de 5 minutos

foram transferidas para o software Kubios HRV Analysis, versão 2.0. Neste

aplicativo, foi realizada correção de artefatos utilizando o filtro de nível médio do

software e foram calculados os índices de VFC no domínio do tempo: MNN (duração

média dos intervalos RR normais), SDNN (desvio padrão dos intervalos RR

normais), RMSSD (raiz média quadrática dos batimentos cardíacos sucessivos),

pNN50 (número de vezes que iNN sucessivos apresentam diferença de duração

superior a 50 ms dividido pelo número de batimentos) (TASK FORCE, 1996). A

densidade espectral de potência foi estimada pelo método não paramétrico da

transformada rápida de Fourier, após a remoção da componente de tendência

(detrend) da série temporal, pelo método de suavização a priori, e a decimação a

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frequência de 4Hz, utilizando interpolação por spline cúbica. No domínio da

frequência, foram consideradas as bandas de baixa (LF) e alta frequência (HF) do

espectro de potência, expressas em potência absoluta e em unidades normalizadas,

além da razão LF/HF (TASK FORCE, 1996) (Figura 4).

Figura 4: Medidas da VFC de repouso calculadas à partir de rotina previamente implementada (software Kubius HRV Analysis, versão 2.0). Fonte: O autor (2013).

Para análise da VFC durante o protocolo de exercício físico, as séries

temporais de iRR foram transferidas para o software Kubios HRV Analysis, versão

2.0, no qual foram corrigidos os artefatos por meio do filtro de nível médio do

software. Após isso, para avaliação da modulação autonômica cardíaca vagal,

foram calculados, os índices no domínio do tempo RMSSD e pNN50 e, no domínio

da frequência, a banda espectral HF em potência absoluta, como valor médio para

os três minutos basais e para os dois últimos minutos do exercício físico (Figura 5).

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Figura 5: Medidas da VFC calculadas e analisadas durante o protocolo de exercício físico (software Kubius HRV Analysis, versão 2.0). Fonte: O autor (2013). 3.2.8 Exercício físico isométrico de preensão de mão

Inicialmente, foi calculada a contração voluntária máxima (CVM) pela média

aritmética de três tentativas máximas de exercício de preensão de mão, com o

membro dominante, por meio do dinamômetro de membros superiores, Jamar®. Foi

realizado o cálculo de 30% da CVM, a intensidade que foi realizada durante o

protocolo de exercício físico (Figura 6). A realização do exercício físico a 30% da

CVM caracteriza o exercício como de moderada intensidade e permite atuação do

comando central, mecanorreflexo e metaborreflexo no controle hemodinâmico. Os

voluntários foram instruídos a respirar normalmente e não realizar Manobra de

Valsalva durante o protocolo (LOPES et al., 2008).

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Figura 6: Exercício físico de preensão de mão. Dinamômetro (1). Fonte: O autor (2013).

3.3 PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Todo o protocolo experimental foi realizado no período da tarde para não

haver interferência do ciclo circadiano nas variáveis hemodinâmicas e autonômicas

investigadas. Inicialmente, foi realizada entrevista para conhecimento do estado de

saúde e do histórico familiar do voluntário, seguida da avaliação antropométrica.

Após 5 minutos em repouso, foi coletado o sinal de repouso da frequência cardíaca

para a análise da VFC de repouso. Em seguida, foi aferida a pressão arterial pelo

método auscultatório. Posteriormente, o protocolo de exercício físico isométrico de

preensão de mão a 30% da CVM foi realizado, sendo registradas, simultaneamente,

a pressão arterial, minuto a minuto, pelo método oscilométrico e a frequência

cardíaca, continuamente, durante 3 minutos basais seguidos de 3 minutos de

exercício físico (Figura 7). Ao final da coleta, os voluntários receberam

encaminhamento para realização de coleta de sangue para avaliação bioquímica.

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Figura 7: Esquema temporal do protocolo experimental. Fonte: O autor (2013).

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados estão expressos como valor médio ± erro padrão do valor

médio. A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. O

teste qui-quadrado foi aplicado para verificar as diferenças dos gêneros entre os

grupos. Os índices de VFC do domínio da frequência que não apresentaram

distribuição normal foram transformados em logaritmo natural para utilização de

análise estatística paramétrica. As possíveis diferenças entre os grupos nas

características basais e nos índices de modulação autonômica cardíaca de repouso

que apresentaram distribuição normal foram testadas por meio do Teste t de Student

para amostras independentes. Para os índices da modulação autonômica cardíaca

que não apresentaram distribuição normal, foi aplicado o Teste U de Mann-Whitney.

As possíveis diferenças entre os grupos nas variáveis hemodinâmicas e de

modulação autonômica cardíaca durante o protocolo de exercício físico foram

verificadas por meio da análise de variância de dois fatores para medidas repetidas

(ANOVA two-way). Em caso de diferença significativa, foi realizada a comparação

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Post Hoc de Tukey. Em todos os testes estatísticos foi considerada diferença

significativa quando p<0,05. Toda a análise estatística foi realizada no programa

STATISTICA versão 8.0 (StatSoft-USA).

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4 RESULTADOS

Os índices da VFC MNN, SDNN, RMSSD, LF absoluto, HF absoluto e razão

LF/HF medidos em repouso não apresentaram distribuição normal.

4.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E HEMODINÂMICAS

A Tabela 2 apresenta as características físicas e hemodinâmicas de repouso

dos grupos HF+ e HF-. Ambos os grupos foram semelhantes com relação a idade,

IMC e CVM. Os níveis de pressão arterial sistólica, diastólica, média e frequência

cardíaca também foram semelhantes entre os grupos. Além disso, como esperado,

não houve diferenças significativas entre os grupos HF+ e HF- para as

características bioquímicas avaliadas, creatinina, glicemia, colesterol total, HDL

colesterol, LDL colesterol e triglicérides.

4.2 MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA DE REPOUSO

A tabela 3 apresenta as medidas de VFC no domínio do tempo e da

frequência. Os índices SDNN, RMSSD, pNN50 e ln da banda espectral HF, expressa

em potência absoluta, foram significativamente menores no grupo HF+ quando

comparado ao grupo HF-. Os índices MNN, ln da banda espectral LF, expressa em

potência absoluta, bandas espectrais LF e HF, expressas em unidades

normalizadas, e razão LF/HF foram semelhantes entre os grupos avaliados.

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Tabela 2 - Características físicas, hemodinâmicas e bioquímicas dos grupos HF+ e HF-.

HF+ HF- p

Características Físicas

Gênero (Homem/Mulher) 3/11 7/7 0,115

Idade (anos) 25 ± 1 27 ± 1 0,252

IMC (kg/m²) 23 ± 1 24 ± 1 0,301

CVM (kgf) 37 ± 3 41 ± 3 0,217

NAFH (escore total) 7 ± 1 7 ± 1 0,960

Características Hemodinâmicas

PAS (mmHg) 114 ± 2 113 ± 2 0,922

PAD (mmHg) 71 ± 2 67 ± 1 0,166

PAM (mmHg) 85 ± 2 83 ± 1 0,302

FC (bpm) 71 ± 2 69 ± 2 0,592

Características Bioquímicas

Creatinina (mg/dL) 0,83 ± 0,1 1,02 ± 0,1 0,093

Glicemia (mg/dL) 79,1 ± 2,0 80,1 ± 3,6 0,804

Colesterol Total (mg/dL) 180,7 ± 11,4 181,0 ± 12,8 0,989

HDL colesterol (mg/dL) 47,6 ± 1,9 46,6 ± 4,1 0,815

LDL colesterol (mg/dL) 106,0 ± 12,9 144,0 ± 24,0 0,209

Triglicérides (mg/dL) 109,4 ± 22,3 125,3 ± 27,8 0,658

Resultados apresentados como valor médio ± erro padrão do valor médio; IMC - índice de massa corporal; CVM - contração voluntária máxima; NAFH - nível de atividade física habitual; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica; PAM - pressão arterial média; FC - frequência cardíaca. Fonte: O autor (2013).

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Tabela 3 - Modulação autonômica cardíaca de repouso nos grupos HF+ e HF-

HF+ HF- p

Domínio do Tempo

MNN (ms) 853 ± 32 884 ± 31 0,597

SDNN (ms) 39 ± 3 53 ± 5 0,027

RMSSD (ms) 42 ± 4 65 ± 8 0,030

pNN50 (%) 16 ± 4 33 ± 5 0,029

Domínio da Frequência

ln LF (ms²) 6 ± 0 6 ± 0 0,216

ln HF (ms²) 6 ± 0 7 ± 0 0,017

LF u.n. 48 ± 6 35 ± 5 0,200

HF u.n. 51 ± 6 66 ± 5 0,164

ln LF/HF 2 ± 0 1 ± 0 0,154

Resultados apresentados como valor médio ± erro padrão do valor médio; MNN - duração média dos intervalos RR normais (iNN); SDNN - desvio padrão dos iNN; RMSSD - raiz média quadrática das diferenças entre batimentos sucessivos; pNN50 - contador do número de vezes que iNN sucessivos apresentam diferença de duração superior a 50 ms/ número total de iNN da série temporal analisada; LF - banda espectral de baixa frequência; HF - banda espectral de alta frequência; ln - logaritmo natural. Fonte: O autor (2013).

4.3 COMPORTAMENTO HEMODINÂMICO DURANTE O EXERCÍCIO FÍSICO

Durante o exercício físico a 30% da CVM, os valores de pressão arterial

sistólica, diastólica e média aumentaram significativamente (efeito tempo: p<0,001,

p<0,001 e p<0,001, respectivamente) e se comportaram de maneira similar (efeito

interação: p=0,631, p=0,789 e p=0,752, respectivamente), não havendo diferença

entre os grupos HF+ e HF- (efeito grupo: p=0,139, p=0,335 e p=0,210,

respectivamente) (Figuras 8, 9 e 10). A frequência cardíaca também aumentou

significativamente (efeito tempo: p<0,001) e similarmente (efeito interação: p=0,986)

nos grupos HF+ e HF-, durante o exercício físico. Além disso, não foi observada

diferença significativa entre os grupos para essa variável (efeito grupo: p=0,175)

(Figura 11).

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Figura 8: Pressão arterial sistólica durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). Fonte: O autor (2013).

Figura 9: Pressão arterial diastólica durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). Fonte: O autor (2013).

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Figura 10: Pressão arterial média durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). Fonte: O autor (2013).

Figura 11: Frequência cardíaca durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). Fonte: O autor (2013).

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4.4 MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA VAGAL DURANTE O EXERCÍCIO

FÍSICO

Os índices, RMSSD, pNN50 e ln da banda espectral HF diminuíram

significativamente (efeito tempo: p<0,01, p<0,01 e p<0,01, respectivamente) e

similarmente (efeito interação: p=0,411, p=0,103 e p=0,152, respectivamente) nos

grupos HF+ e HF- durante o exercício físico. Entretanto, o grupo HF+ apresentou

valores significativamente menores em condição basal e durante o exercício físico

quando comparado ao grupo HF- (efeito grupo: p=0,021, p=0,020 e p=0,018)

(Figuras 12, 13, 14 e 15).

Figura 12: Índice RMSSD durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). (†) Diferença significativa em relação ao grupo HF- (p<0,05).

Fonte: O autor (2013).

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Figura 13: Índice pNN50 durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). (†) Diferença significativa em relação ao grupo HF- (p<0,05). Fonte: O autor (2013).

Figura 14: Medida da banda espectral HF durante o protocolo de exercício físico entre os grupos HF+ e HF-. (*) Diferença significativa em relação ao basal (p<0,01). (†) Diferença significativa em relação ao grupo HF- (p<0,05). Fonte: O autor (2013).

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Figura 15: Representação da densidade espectral da banda HF (em amarelo - frequência entre 0,15 e 0,4 Hz), estimada pelo método não paramétrico da Transformada Rápida de Fourier, dos voluntários avaliados (software Kubius HRV Analysis, versão 2.0). Grupo HF+ (A). Grupo HF- (B). Fonte: O autor (2013).

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5 DISCUSSÃO

Esse foi o primeiro estudo a investigar a modulação autonômica cardíaca

vagal durante o exercício físico em filhos de hipertensos. Os principais achados do

presente estudo são que indivíduos saudáveis, porém com histórico familiar positivo

para hipertensão arterial apresentam, em situação de repouso, prejuízo no controle

autonômico cardíaco e, durante o exercício físico, reduzida modulação cardíaca

vagal.

No repouso, observamos nos filhos de hipertensos, diminuição do SDNN,

índice que reflete a variabilidade total da frequência cardíaca. Além disso,

encontramos redução do RMSSD, pNN50 e banda espectral HF, medidas que

refletem a modulação vagal dos batimentos cardíacos. Portanto, nossos achados

corroboram os de Pitzalis et al. (2001), que também verificaram redução dessas

medidas nos filhos de hipertensos. Porém, nesse estudo, a diminuição das medidas

RMSSD e HF foi somente observada nos homens filhos de hipertensos, não sendo

encontrada nas mulheres. Dessa forma, esses pesquisadores hipotetizaram que

além da influência do histórico familiar positivo para hipertensão, as diferenças

hormonais entre os gêneros também estariam envolvidas, de maneira ainda não

totalmente esclarecida, na redução do controle autonômico cardíaco vagal.

De maneira semelhante ao presente estudo, Maver et al. (2004) encontraram

que, independentemente do gênero, filhos de hipertensos apresentam diminuição

significativa da densidade espectral da banda HF. Adicionalmente, a redução da

modulação cardíaca vagal foi explicada, pelo menos em parte, pela diminuição da

sensibilidade barorreflexa nesses indivíduos. Entretanto, nas pesquisas de Maver et

al. (2004) e Pitzalis et al. (2001), os níveis pressóricos sistólicos dos filhos de

hipertensos estavam significativamente aumentados, mesmo que dentro da faixa de

normalidade. Nesse contexto, estudos têm mostrado associação direta entre

elevação da pressão arterial e prejuízo do controle autonômico (LIAO et al, 1996;

SINGH et al., 1998). Assim, de maneira contrária, no presente estudo observamos

que mesmo com valores de pressão arterial semelhantes aos filhos de normotensos,

os filhos de hipertensos apresentam prejuízo do controle autonômico cardíaco,

fortalecendo nossos resultados. Além disso, não foram mencionados nos trabalhos

de Maver et al. (2004) e Pitzalis et al. (2001), o nível de atividade física habitual e os

parâmetros bioquímicos dos indivíduos investigados, variáveis que interferem na

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análise do controle autonômico cardíaco. E mais, no estudo realizado por Maver et

al. (2004), a amostra foi constituída por indivíduos fumantes, o que pode contribuir

para o aumento dos valores pressóricos e comprometer a investigação da

modulação autonômica cardíaca.

Em nosso estudo, as características bioquímicas, creatinina sérica, glicemia,

colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e triglicérides foram semelhantes

entre os grupos. Da mesma maneira, Lopes et al. (2008) também não encontraram

diferenças significativas entre filhos de hipertensos e filhos de normotensos para

esses parâmetros bioquímicos. Em contrapartida, Elias et al. (2004) mostraram

comprometimento do perfil lipídico em filhos de hipertensos, verificando níveis

elevados de colesterol total e razão LDL-colesterol/HDL-colesterol, e diminuição dos

níveis de HDL-colesterol. Ainda, as diferenças do perfil lipídico nos filhos de

hipertensos foram acompanhadas por aumento significativo dos níveis pressóricos, o

que confere aumento do risco de origem cardiovascular nesses indivíduos. Dessa

forma, no presente estudo, os níveis pressóricos, o nível de atividade física habitual

e as características bioquímicas semelhantes entre os grupos nos permitem afirmar

que os indivíduos investigados eram saudáveis e homogêneos. Portanto, podemos

afirmar que o histórico familiar positivo para hipertensão arterial causa redução do

controle autonômico cardíaco independente do prejuízo no perfil lipídico e na

pressão arterial. Ainda, diante dos nossos resultados, é plausível pensarmos que a

disfunção autonômica cardíaca é uma das alterações mais precoces que pode

contribuir para o desenvolvimento da hipertensão na presença do histórico familiar

positivo, uma vez que nenhuma outra alteração foi verificada nos filhos de

hipertensos, considerando-se as variáveis investigadas.

Durante o protocolo de exercício físico a 30% da CVM, os níveis pressóricos e

a frequência cardíaca aumentaram significativamente e de maneira semelhante nos

grupos investigados. Além disso, observamos redução fisiológica da modulação

autonômica cardíaca vagal durante essa manobra. Porém, os filhos de hipertensos

apresentaram níveis diminuídos das medidas RMSSD, pNN50 e banda espectral HF

tanto no basal quanto durante o exercício físico. De forma diferente, Lopes et al.

(2001, 2008) observaram durante o exercício físico isométrico a 40% da CVM,

resposta exacerbada da pressão arterial sistólica em filhos de hipertensos o que

pôde ser explicado pela elevada atividade nervosa simpática muscular e níveis de

noradrenalina plasmática também elevados nesses estudos. Utilizando outra

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metodologia, Noll et al. (1996), observaram exacerbação dos níveis pressóricos

sistólicos e diastólicos em filhos de hipertensos quando comparados a filhos de

normotensos frente ao protocolo de estresse mental. Nesse mesmo trabalho,

medidas dos níveis de noradrenalina plasmática e de endotelina, importante

vasoconstritor, explicaram os elevados níveis pressóricos encontrados nos

indivíduos com histórico familiar positivo para hipertensão arterial. Assim, podemos

inferir por meio dos estudos de Lopes et al. (2001, 2008) e Noll et al. (1996)., que o

comportamento alterado da pressão arterial em filhos de hipertensos foi justificado

pela disfunção autonômica desses indivíduos. Isso sugere que inicialmente ocorra

disfunção autonômica, porém acompanhada por regulação hemodinâmica ainda

preservada por outros mecanismos. No entanto, é muito provável que com o passar

do tempo, o indivíduo com predisposição genética para hipertensão tenha piora

também na função hemodinâmica, verificada por resposta pressórica elevada frente

a diferentes manobras fisiológicas.

O interesse em avaliar a modulação vagal cardíaca durante o exercício físico

se deu por não terem sido encontrados estudos desse âmbito na literatura. Além

disso, é ainda mais interessante o estudo da modulação vagal quando se leva em

consideração a influência batimento a batimento no ritmo cardíaco (TASK FORCE,

1996) e o importante e independente valor preditor de mortalidade que essa alça do

sistema nervoso autônomo possui (VANOLI et al., 1989; JOUVEN et al., 2005;

THAYER & RICHARD, 2007; THAYER, YAMAMOTO, BROSSCHOT, 2010).

Os achados do presente estudo mostraram reduzida modulação

parassimpática em situação de repouso e frente ao protocolo de exercício físico em

indivíduos saudáveis, porém filhos de pai e/ou mãe hipertensos, o que sugere menor

proteção cardíaca conferida pela alça vagal do sistema nervoso autônomo. Nesse

sentido, Vanoli et al. (1989) mostraram em estudo experimental a importância do

papel da modulação vagal na prevenção de fibrilações ventriculares em cães. Nesse

estudo, os animais foram submetidos a isquemia miocárdica para promoção de

infarto agudo do miocárdio e, após um mês de recuperação pós-evento, foram

submetidos a teste estressor de exercício físico submáximo. Antes do fim do teste, a

artéria coronária circunflexa dos cães era ocluída, o que gerou fibrilação ventricular

em 56% dos participantes. Os animais que desenvolveram fibrilação ventricular

realizaram então o mesmo teste de exercício físico, divididos em dois grupos: grupo

controle e grupo estimulação vagal, no qual os animais recebiam estimulação

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elétrica no nervo vago durante a oclusão coronariana. Ao final do teste foi possível

perceber que a estimulação vagal reduziu para 10% a incidência de fibrilação

ventricular naqueles cães susceptíveis ao desenvolvimento de arritmias, enquanto

87% dos animais que compunham o grupo controle apresentaram fibrilação

ventricular novamente. E mais, Jouven et al. (2005) mostraram que a frequência

cardíaca durante o exercício físico, determinada pelo balanço entre os componentes

simpático e vagal do sistema nervoso autônomo, é preditora independente para

morte súbita em adultos, com idade entre 42 e 53 anos, durante 23 anos de

seguimento. Nesse elegante estudo, valores elevados de frequência cardíaca

durante o exercício físico, que podem ser explicados por menor atividade vagal e/ou

maior atividade nervosa simpática cardíaca, determinaram maior risco de morte

súbita.

Além disso, com nossos resultados é possível inferir que a predisposição

genética por si só influencia de maneira negativa a modulação autonômica do

coração, especialmente a modulação vagal, sugerindo que essa disfunção

autonômica possa responder pelo desenvolvimento e manutenção da hipertensão

arterial. Dessa forma, é plausível pensarmos que intervenções precoces não

farmacológicas, como a prática regular de exercício físico, sejam de extrema

importância nesses indivíduos a fim de retardar ou até mesmo eliminar a influência

do histórico familiar positivo no desenvolvimento da doença, prevenindo a elevação

da pressão arterial. Nesse sentido, estudo desenvolvido por Lenárd et al. (2005),

observou em filhos de hipertensos que, aqueles indivíduos fisicamente ativos não

apresentavam influência do histórico familiar sobre a modulação autonômica

cardíaca, avaliada pelos índices da VFC, assim como em variáveis hemodinâmicas,

quando comparados a filhos de hipertensos sedentários. Portanto, o exercício físico

pode ser adotado como uma medida bastante eficaz para esse fim.

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6 CONCLUSÃO

Indivíduos normotensos filhos de hipertensos apresentam reduzido controle

autonômico cardíaco em situação de repouso e disfunção autonômica cardíaca

vagal frente ao exercício físico.

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ANEXO 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP HU/UFJF JUIZ DE FORA - MG – BRASIL

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE

FORA PESQUISADORES RESPONSÁVEIS: Mateus Camaroti Laterza (coordenador) ENDEREÇO: FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DE JUIZ DE FORA BAIRRO MARTELOS, CAMPUS UNIVERSITÁRIO. CEP: 36030 - 900 – JUIZ DE FORA – MG. FONE: (32) 2102-3291 / (32) 2102-3287. E-MAIL: [email protected] Isabelle Magalhães Guedes Freitas ENDEREÇO: Rua Profª Jacy Gotelip de Aguiar, nº 43. Bairro Francisco Bernardino. CEP: 36081-650 – JUIZ DE FORA – MG. FONE: (32) 8803-8681. E-MAIL: [email protected] Pedro Augusto de Carvalho Mira ENDEREÇO: Rua Padre Matias, nº 74. Complemento 302. Bairro Morro da Glória. CEP: 36035-140 – JUIZ DE FORA – MG. FONE: (32) 8862-6346 E-MAIL: [email protected] TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “Controle neurovascular durante o exercício físico e estresse mental em pacientes com doença renal crônica”. Neste estudo, pretendemos verificar a sua pressão arterial durante o exercício físico e um jogo de cores. Essa pesquisa tem como motivo conhecer o comportamento da pressão arterial de pacientes com doença renal crônica durante situações do dia a dia.

Para isso, mediremos no (a) senhor(a): O peso com uma balança; A altura com uma fita métrica; A quantidade de gordura do corpo com um aparelho semelhante a uma pinça; A pressão arterial semelhante ao aparelho do médico; Os batimentos cardíacos com o eletrocardiograma (aparelho semelhante ao do posto de saúde); A quantidade de sangue que passa pelo braço por um aparelho simples que não tem agulhas; E, a acidez do sangue com uma gota de sangue coletada da ponta da orelha, que tem uma picada semelhante a do aparelho que mede o açúcar

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do sangue na ponta do dedo. Durante a medida da quantidade de sangue que passa pelo braço o(a) senhor(a) poderá sentir no máximo um leve formigamento na mão, que passa rapidamente.

Para representar as situações do dia a dia o(a) senhor(a) realizará os seguintes testes: 1. Exercício físico sem esforço: Durante esse teste o(a) senhor(a) não precisará fazer nada, nós mexeremos na sua mão por dois minutos como se fosse uma massagem. 2. Exercício físico com esforço: Durante esse teste o(a) senhor(a) irá segurar um aparelho (semelhante ao freio de bicicleta) por três minutos. No final desse tempo, colocaremos um aparelho de pressão no seu braço que ficará apertado por mais dois minutos. Esse teste será feito duas vezes. Nesse teste, o(a) senhor(a) poderá sentir um cansaço na mão, por causa do exercício físico, e um formigamento no braço, por causa do aparelho de pressão apertado, mas isso passará rapidamente quando terminado o teste. 3. Jogo de cores: Durante esse teste o(a) senhor(a) irá ver uma folha com palavras escritas com nomes de cores. E, irá nos dizer por 3 minutos a cor com que a palavra está pintada. Todos esses testes e medidas apresentam risco mínimo para a sua saúde. Apesar disso, você tem assegurado o direito a ressarcimento ou indenização no caso de quaisquer danos eventualmente produzidos pela pesquisa.

Todas essas medidas serão realizadas no mesmo dia, na Unidade de Avaliação Física do Hospital Universitário da UFJF – HU/CAS.

O(A) senhor(a) terá como benefícios na participação desta pesquisa, avaliação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos em repouso e durante situações que representam o dia-a-dia e a medida da quantidade de gordura corporal. Além disso, caso não tenha um exame recente de sangue faremos um exame de sangue.

Para participar deste estudo o(a) senhor(a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. O(A) senhor(a) será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou se recusar a participar dos testes. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento do estudo. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador e os centros de tratamento.

O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu

nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão.

O(A) senhor(a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, na Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF e a outra será fornecida ao(à) senhor(a).

Eu, ____________________________________________, portador do

documento de Identidade ____________________ fui informado(a) dos objetivos do estudo “Controle neurovascular durante o exercício físico e estresse mental em pacientes com doença renal crônica”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

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Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 201__ .

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o: CEP HU - COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA HU/UFJF HOSPITAL UNIVERSITÁRIO UNIDADE SANTA CATARINA PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO SALA 27CEP 36036-110. E-mail: [email protected]

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ANEXO 2

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ANEXO 3

ANAMNESE

Pesquisa: "CONTROLE NEUROVASCULAR DURANTE O EXERCÍCIO FÍSICO E ESTRESSE MENTAL DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA".

Data: ____/____/____

1) Identificação:

Nome: _____________________________________________ Data nascimento: ____/____/____

Telefone(s): _______________________________ Profissão: ______________________________

( ) Grupo Controle ( ) Grupo DRC – Estágio: ____ FG: _____________

2) Hábitos de Vida

Sono: ( ) Reparador ( ) Não Reparador

( ) Não fumante ( ) Ex – fumante: há quanto tempo parou de fumar? _____________________

Etilista: ( ) Sim ( ) Não Qual(is) bebida(s) faz uso: ________________________________

Quantidade semanal: ______________________

Bebe café ou chá: ______ xícaras/dia

Já foi atleta? Sim ( ) Não ( ) Há quanto tempo: _____________ Modalidade: ____________

3) Fatores de Risco para DAC

Hipertensão arterial: Sim ( ) Não ( )

Diabetes: Sim ( ) Não ( )

Obesidade: Sim ( ) Não ( )

Dislipidemia: Sim ( ) Não ( )

Estresse: Sim ( ) Não ( )

Histórico Familiar: Sim ( ) Não ( ) ______________________

4) Sinais e Sintomas Relacionados com Alterações do Sistema Cardiovascular

Lipotímia: ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo: ______________________________

Síncope: ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo: ______________________________

Palpitação: ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo: ______________________________

Dor Precordial: ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo: ______________________________

Dispnéia: ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo: _____________________________

5) Doenças Cardiovasculares: ( ) Sim ( ) Não

Qual (is) ________________________________________________________________________

6) História Patológica Pregressa: _____________________________________________________

________________________________________________________________________________

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7) Climatério: Sim ( ) Não ( )

Reposição Hormonal: Sim ( ) Não ( )

8) Medicações em uso

Descrição Concentração Posologia

9) Exames – Data: __/__/__

Cr FG Ptn Glicemia Ca T P PTH Vit D CT HDL LDL VLD Hb Hematócrito

Obs.: ___________________________________________________________________________

10) O voluntário está apto para participar do estudo? ( ) Sim ( ) Não

Justificativa: _____________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________

Pesquisador (a)

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ANEXO 4

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