uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS JANAÍNA CARLA SENHA PAULO HENRIQUE VANZEA TOMAZ PRISCILA MARIA SOLER PASCHOALINI TATIANE DE OLIVEIRA SALVIONI USO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES FERNANDÓPOLIS 2012

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Page 1: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS

JANAÍNA CARLA SENHA PAULO HENRIQUE VANZEA TOMAZ

PRISCILA MARIA SOLER PASCHOALINI TATIANE DE OLIVEIRA SALVIONI

USO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

FERNANDÓPOLIS 2012

Page 2: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

JANAÍNA CARLA SENHA

PAULO HENRIQUE VANZEA TOMAZ

PRISCILA MARIA SOLER PASCHOALINI

TATIANE DE OLIVEIRA SALVIONI

USO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Banca Examinadora do Curso de Graduação em

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis como exigência parcial para obtenção

do título de bacharel em farmácia.

Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FERNANDÓPOLIS – SP

2012

Page 3: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

JANAÍNA CARLA SENHA

PAULO HENRIQUE VANZEA TOMAZ

PRISCILA MARIA SOLER PASCHOALINI

TATIANE DE OLIVEIRA SALVIONI

USO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Trabalho de conclusão de curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de bacharel

em farmácia.

Aprovado em: 22 de novembro de 2012.

Banca examinadora Assinatura Conceito

Prof. MSc. Giovanni Carlos de

Oliveira

Prof. MSc. Reges Evandro Teruel

Barreto

Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli

Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira

Presidente da Banca Examinadora

Page 4: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois

sem Ele, nada disso se realizaria.

Aos nossos pais e família, que sempre nos deram

apoio, e estiveram presentes acreditando em nosso

potencial, nos incentivando a cada passo, fazendo

com que tivéssemos coragem pra nunca desistir.

Page 5: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

AGRADECIMENTOS

A muitos, o meu agradecimento seria necessário, mas há os que sem eles

nada disso seria possível. Meus ternos agradecimentos, primeiramente ao meu

gênio Criador, Deus, pela vida e pela fé que me trouxeram até aqui. Aos meus pais,

Jair e Cleusmar, pela educação que me deram, pela visão sobre a vida de que sem

luta e sem esforços nada acontece principalmente a minha mãe por ser a mais fiel

das amigas, por segurar minha mão sem nunca me deixar cogitar a desistência de

meus sonhos. Aos meus irmãos Júlio e James por, serem meus irmãos, os que me

fazem rir mesmo nos momentos impróprios. A uma pessoa especial, Carlos, por me

acompanhar nessa jornada e ficar ao meu lado me dando força e palavras de

conforto e esperança. Minha tia Alessandra, por ter dito o orgulho que eu lhe dava e

por isso ter me motivado a lutar. Também agradeço imensamente aos meus Amigos

e parceiros de trabalho Paulo, Priscila e Tatiane por me aceitarem junto deles nessa

jornada final, esses que estarão pra sempre no meu coração. Por último, mas não

menos importante, á todos os meus mestres e professores, desde minha primeira

educação até o final de minha jornada acadêmica, porque sem eles nada disso seria

possível, meu eterno agradecimento por vossa vocação em ensinar.

Janaína Carla Senha

Page 6: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pois Ele rege, guarda e guia todos os meus

caminhos.

Ao meu avô Luiz, agradeço por confiar, investir e me motivar nessa jornada.

Por ser um pai, que sempre acreditou e apoiou. É o exemplo de homem de caráter e

respeito, que me molda, fazendo com que esforço e empenho fizessem alcançar

meus objetivos.

À minha mãe, Estergiane, por sempre acreditar e me encorajar, mesmo nos

momentos de maior dificuldade em minha vida e por me dar luz, mesmo nos

momentos mais obscuros, me defendendo de tudo e todos.

À Minha avó Maria Aparecida e a minha tia Josiane, por serem como mães

para mim, que também me apoiam, educam e ajudam na minha formação.

Ao meu tio José Luiz, por sempre me proteger do mundo e abrir meus olhos

para a realidade da vida, me guiando por caminhos seguros para alcançar meus

objetivos.

Agradeço ao meu irmão, Tiago por ser um exemplo de superação, dedicação

e esforço para ultrapassar os obstáculos que a vida o impôs e por ser além de

irmão, um amigo leal e confidente para toda a vida.

À minha prima Shamyra, por alegrar meus dias mesmo nos momentos de

raiva e desesperança.

À minha namorada e melhor amiga, Juliane, por ser uma pessoa muito

especial em minha vida, que sempre quis meu melhor, tanto pessoal quanto

profissional e por ser meu porto seguro, onde posso recorrer a qualquer hora,

encontrar força e confiança para enfrentar os obstáculos ao decorrer de minha

trajetória.

Agradeço meus amigos de sala, que me ajudaram e acompanharam por toda

essa jornada acadêmica, em especial minhas amigas Priscila, Janaína e Tatiane,

que estiveram comigo na batalha para conclusão do curso e desta monografia.

Aos meus professores, que me passaram conhecimentos, experiências de

vividas e profissionais, durante esses quatro anos de curso.

Muito obrigado a todos. Vocês fizeram toda a diferença para ser o que sou.

Paulo Henrique Vanzea Tomaz

Page 7: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

AGRADECIMENTOS

Como já dizia o provérbio 16, “Confia suas obras ao Senhor e teus planos

terão bom êxito”, foi exatamente o que fiz, entreguei todos os meus planos nas mãos

do Criador e hoje estou aqui para agradecer, primeiramente, a Ele que tanto me deu

forças e coragem para continuar e que nunca me deixou desistir. Agradeço também

aos meus pais, Antonio e Roseli, que nunca saíram do meu lado e que sempre me

incentivaram a lutar pelo meu sonho, que sempre me ajudaram a não desistir dessa

luta. A todos os meus amigos, principalmente ao meu amigo Luiz que me incentivou

e me apoiou, e a minha amiga Janaína que sempre me encorajou a tomar as

decisões mais difíceis. Aos meus outros parceiros de trabalho Paulo e Tatiane, por

estarem comigo nessa batalha. Aos meus professores e mestres por terem tanta

paciência e dedicação para nos ensinar o que nos foi necessário. Enfim, obrigado

por sempre estarem comigo e por participarem desta conquista, sem vocês eu não

teria conseguido chegar até aqui.

Priscila Maria Soler Paschoalini

Page 8: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, meu porto seguro, nunca me deixou desanimar,

sempre me deu forças e me capacitou em todos os momentos. Se não fosse por

Ele, não conseguiria sozinha, pois, Ele é a base de toda conquista e cada sucesso

que consegui conquistar e que ainda conquistarei.

Aos meus pais, sempre me apoiando e me auxiliando nos momentos mais

difíceis desta caminhada. Em especial, minha mãe, sem ela me dando forças e me

ajudando a não desanimar e a não desistir, me falando palavras de encorajamento e

sempre ao meu lado, sem dúvidas seria muito difícil chegar até aqui. A minha irmã

que também teve papel importante, pois, sempre me apoiou e me ajudou.

A meus amigos e colegas de sala que sempre serão lembrados e estarão

guardados em meu coração. Especialmente, aos amigos e companheiros, Janaína,

Priscila e Paulo, sempre estando junto a cada passo, sempre um apoiando o outro.

A todos os professores que nos auxiliaram e nos ensinaram durante esses

quatro anos de aprendizado. Cada um com seu importante papel para nossa

formação.

Obrigado a todos!

Tatiane de Oliveira Salvioni

Page 9: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

“Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.” Steve Jobs

Page 10: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

RESUMO

As doenças cardiovasculares (DCV) representam o primeiro lugar entre as causas de mortalidade no Brasil e são consideradas graves e de difícil recuperação que levam a pessoa a uma diminuição da qualidade de vida e sobrevida. As DCVs podem ser prevenidas, porém, em nosso país é mais valorizado o diagnóstico a partir de tecnologias e pouco é feito em relação à prevenção. Para a prevenção de eventos cardiovasculares utiliza-se antiagregantes plaquetários. Utilizou-se nesse trabalho o método de revisão literária e de artigos científicos, e observou-se que um dos fármacos mais utilizados é o ácido acetilsalicílico que é um anti-inflamatório não esteroidal comumente utilizado pelas suas propriedades analgésicas e antipiréticas. Sua ação primária é a inativação da ciclo-oxigenase por acetilação irreversível da prostaglandina sintase, enzima que catalisa a primeira fase da biossíntese da prostaglandina a partir do ácido araquidônico. Com isso, há inibição da síntese de prostaglandinas, as quais estão especialmente associadas com o desenvolvimento da dor que acompanha a lesão ou a inflamação. Baixam, também, a febre por dilatação dos vasos sanguíneos periféricos, aumentando a dissipação do calor por transpiração. Verificou-se que por muitos anos o ácido acetilsalicílico tem sido considerado como antiagregante plaquetário padrão da prevenção secundária de doenças vasculares, pois, sua eficácia independe de sexo, idade ou da presença de doenças associadas como, diabetes ou hipertensão, mesmo em relação a outros antiagregantes plaquetários. Na prevenção primária de doenças cardiovasculares, o ácido acetilsalicílico exerce benefício quando utilizado em baixas doses, porém não negligenciável ao risco de sangramento. Já na prevenção secundária de doenças cardiovasculares, o ácido acetilsalicílico reduz o risco de mortalidade e morbidade. Em meta-análise de ensaios clínicos demonstrou a eficácia do AAS na redução de 30% de infarto agudo do miocárdio (IAM) e 20% de acidente vascular cerebral (AVC), assim, parecendo ser mais efetivo que outros agentes plaquetários. As doses utilizadas variam entre 75mg e 325mg/dia, sendo melhor o uso da menor dose possível para limitar efeitos adversos. Sendo assim, o uso do ácido acetilsalicílico (AAS) em tratamento de doenças cardiovasculares como antiagregante plaquetário, tem se mostrado eficaz, além de possuir baixo custo, sendo assim, colocado como antiagregante de escolha.

Palavras-chave: Doenças cardiovasculares. Ácido acetilsalicílico. Anti-inflamatório.

Antiagregante plaquetário. Antipirético.

Page 11: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

ABSTRACT

Cardiovascular Disease (CVD) represent the first place between deaths causes in Brazil and they're considered serious and they have a hard recovery, lowering the quality of life and survival. CVDs can be prevented, but, in our country, the diagnostic from technologies is more valued and almost nothing is done for prevention. For prevention of cardiovascular events, antiplatelets are used. It was used in this study the method of literature review and scientific articles, of it was observed that one of the drugs most used is the acetylsalicylic acid that is a non-steroidal antiinflammatory commonly used by its analgesic and antipyretic properties. Its primary action is the inactivation of the cyclooxygenase by irreversible acetylation of prostaglandin synthase, enzyme that catalyses the first phase in the biosynthesis of prostaglandins from arachidonic acid. With that, there is a inhibition of the prostaglandin synthesis, that are specially associated with the development of pain that comes with injury or inflammation. They lower fever by dilatating peripheral blood vessels, raising heat dissipation by transpiration. It was concluded that for many years acetylsalicylic acid has been considered as an default antiplatelets of the cardiovascular secondary treatment, because its effectiveness doesn't depends on sex, age or the presence of diseases like diabets or hypertension, even if related with other antiplatelets. On the primary cardiovascular diseases prevention, the acetylsalicylic acid exercises benefit when used on little doses, but non-negligible about the risk of bleeding. From the secondary prevention of cardiovascular diseases, the acetylsalicylic acid lowers the mortality risk and morbid. In meta-analysis of clinical trials demonstrated efficacy of aspirin on lowering by 30% of acute myocardial infarction (AMI) and 20% of cerebrovascular accident (CVA), looking like its more effective than the others platelet agents. The used doses vary about 75mg and 325mg/day, being better using the lowest dose possible to limit adverse effects. So, the use of acetylsalicylic acid (ASA) in the treatment of cardiovascular diseases such as antiplatelet, has been proven effective, besides possessing low cost, so placed as antiplatelet of choice.

Keywords: Cardiovascular Disease. acetylsalicylic acid. Anti-inflammatory.

Antiplatelets. Antipyretic.

Page 12: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

LISTA DE FIGURAS OU GRÁFICOS

Figura 1 –

Anatomia do coração .......................................................................... 17

Figura 2 –

Corte Anatômico ................................................................................

19

Figura 3 –

Organização do Sistema Circulatório ................................................

21

Figura 4 –

Estrutura do Coração ........................................................................

22

Figura 5 – Prevalência de uso da Aspirina.......................................................... 31

Page 13: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

DCV - Doenças Cardiovasculares.

AAS - Ácido acetilsalicílico.

IAM - Infarto Agudo do Miocárdio.

AVC - Acidente Vascular Cerebral.

AVE - Acidente Vascular Encefálico.

DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis.

HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica.

FR - Fatores de Risco.

SUS - Sistema Único de Saúde.

RENAME - Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais.

DM - Diabetes mellitus.

S.A. - Nodo Sinoatrial.

RR - Risco Relativo.

Page 14: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15

1 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO .......................................................................... 17

1.1 ANATOMIA CARDIOVASCULAR ....................................................................... 17

1.1.1 Posição do coração..................................................................................... 17

1.1.2 Anatomia do coração .................................................................................. 18

1.1.3 Vasos associados ao coração ................................................................... 19

1.1.4 Vasos do miocárdio .................................................................................... 20

1.2 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR ...................................................................... 20

1.2.1 Ciclo cardíaco .............................................................................................. 22

1.2.2 Músculo cardíaco ........................................................................................ 23

1.2.3 Regulação do bombeamento cardíaco ...................................................... 24

1.2.4 Arritmias cardíacas ..................................................................................... 24

1.3 DOENÇAS CARDIOVASCULARES .................................................................... 25

1.3.1 Fatores de risco ........................................................................................... 26

1.2.2 Prevenção .................................................................................................... 27

1.3.3 Diagnóstico .................................................................................................. 27

1.4 ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS) ..................................................................... 27

1.4.1 História ......................................................................................................... 27

1.4.2 Mecanismo de ação..................................................................................... 28

1.4.3 Uso no tratamento das doenças cardiovasculares .................................. 29

1.4.4 Comparação do aas com outros antiplaquetários ................................... 35

2 MÉTODO ................................................................................................................ 38

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 39

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

Page 15: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

ANEXOS ................................................................................................................... 44

Page 16: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

15

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) são consideradas graves e de difícil

recuperação, o que leva a pessoa a uma diminuição da qualidade de vida e

sobrevida. As DCVs podem ser prevenidas, porém, em nosso país é mais valorizado

o diagnóstico a partir de tecnologias e pouco é feito em relação à prevenção

(CARVALHO, 1988).

As DCVs representam o primeiro lugar entre as causas de mortalidade no

Brasil, demonstrando significativa porcentagem de mortes na faixa etária de 30 a 69

anos de idade e sendo responsável por mais de 1,2 milhões de internações no

Sistema Único de Saúde (SUS) (GODOY et al., 2006).

Apesar de possível redução de morte por DCV no Brasil e no mundo, países

de baixa e média renda indicam um aumento relativo dessas doenças, isso se dá

pelo fato de que, existe maior exposição a fatores de risco que induzem ao

aparecimento ou agravamento da doença (ISHITANIL et al., 2006).

Para a prevenção de eventos cardiovasculares utiliza-se antiagregantes

plaquetários. Um desses fármacos utilizados é o ácido acetilsalicílico, o principal

foco desse estudo. Ele foi desenvolvido pela primeira vez em 1897, por Felix

Hoffman (GABRIEL et al., 2006).

Um dos motivos que gerou interesse em abordar o assunto foi o fato de ter

sido observado durante o estágio realizado em rede pública no município de

Fernandópolis a vasta utilização do medicamento ácido acetilsalicílico em pessoas

portadoras de doenças cardiovasculares.

O AAS possui perfil de segurança bem definido, ampla disponibilidade e baixo

custo, por este motivo, encontra-se incluso na relação dos medicamentos essenciais

(RENAME) de 2010, que o considera como o agente de primeira escolha para

prevenir as doenças cardiovasculares isquêmicas, incluindo acidente vascular

cerebral.

Porém, apesar de seu uso ser frequente e de suma importância em pessoas

portadoras de doenças cardiovasculares, ainda há poucas pesquisas destinadas a

este assunto.

Esse trabalho será dividido em quatro partes, sendo a primeira a anatomia

cardíaca, logo após a fisiologia e os fatores de risco para pacientes com eventos

cardiovasculares e por último será demonstrado o AAS e seu uso nesses eventos.

Page 17: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

16

O objetivo geral deste trabalho é demonstrar o uso do ácido acetilsalicílico

com foco em doenças cardiovasculares.

Tem como objetivos específicos demonstrar alguns estudos acerca do

medicamento ácido acetilsalicílico, sendo sua história, mecanismo de ação e sua

aplicação como antiagregante plaquetário de escolha em prevenções primárias e

secundárias de doenças cardiovasculares através de pesquisas em livros e artigos

científicos, evidenciando a eficácia do medicamento.

Page 18: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

17

1 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

1.1 ANATOMIA CARDIOVASCULAR

Figura 1: Base do coração – vista posterior

Fonte: NETTER, 2003.

1.1.1 Posição do coração

Localizado entre os pulmões, num espaço denominado mediastino, o coração

adulto é um órgão em forma de cone com o tamanho aproximado de uma mão

fechada. Possui uma base, um ápice, face diafragmática e esternocostal, e quatro

margens (bordas) (TORTORA, 2000).

Não há delimitação nítida para a base do coração, pois esta corresponde à

área ocupada pelas raízes dos grandes vasos da base do coração, através desses

vasos que o sangue chega ou sai do coração (DANGELO; FATTINI, 2006).

Sua base está voltada para cima, para trás e para a direita, ao nível da

segunda e terceira costelas. Está formada principalmente pelo átrio esquerdo, parte

do átrio direito, e a porção proximal dos grandes vasos que penetram pela parede

Page 19: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

18

posterior do coração. O coração parte da base, se projetando para baixo, para frente

e para esquerda, terminando em um ápice arredondado, que ocupa o quinto espaço

intercostal esquerdo, cerca de 8 cm da linha medioesternal. A região entre a base e

o ápice é a face diafragmática, que repousa sobre o músculo diafragma, envolvendo

o ventrículo esquerdo e ventrículo direito. Formada principalmente pelo ventrículo e

átrio direito, a face anterior do coração é denominada face esternocostal

(SPENCER, 1991).

1.1.2 Anatomia do coração

O coração é um órgão muscular, que funciona como uma bomba contrátil

propulsora, revestido por um tecido muscular estriado cardíaco e sua camada média

é denominada miocárdio (DANGELO; FATTINI, 2006).

Para o funcionamento do coração como bomba, este deve apresentar

câmaras de entrada e saída, valvas para direcionar o fluxo sanguíneo através destas

câmaras uma parede extremamente compressível a fim de proporcionar força

suficiente para impelir o sangue, e vasos para conduzirem o sangue do coração e

para o coração (SPENCER, 1991).

O coração é constituído por quatro câmaras: átrio direito, átrio esquerdo,

ventrículo direito e ventrículo esquerdo. Localizados na região superior do coração,

os átrios são menores. Assim, constituindo o maior volume do órgão os ventrículos

são maiores, localizados inferiormente formando o ápice do coração. A maior face

do coração, a anterior, é formada pelo ventrículo direito, e o esquerdo forma a maior

parte da face inferior e a margem esquerda. Os átrios são separados pelo septo

interatrial, e os ventrículos, pelo septo interventricular (TORTORA, 2000).

Ocorrendo a sístole ou contração ventricular, a tensão aumenta nesta câmara

consideravelmente, podendo provocar a reversão da valva para o átrio e

consequente refluxo de sangue para esta câmara, porém, isto não ocorre porque

cordas tendíneas prendem a valva músculos papilares, os quais são projeções do

miocárdio nas paredes internas do ventrículo (DANGELO; FATTINI, 2006).

Page 20: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

19

Figura 2: Corte Anatômico

Fonte: NETTER, 2003.

1.1.3 Vasos associados ao coração

Entram ou saem pela base e margem superior do coração vários vasos

sanguíneos de grande calibre. Esses, por sua vez, são: A veia cava superior e veia

cava inferior, que trazem o sangue venoso do corpo para o átrio direito. A artéria

troncopulmonar, que se divide em artérias pulmonares direita e esquerda, e que

levam o sangue do ventrículo direito para os pulmões. As veias pulmonares (duas

direitas e duas esquerdas) que trazem o sangue do pulmão para o átrio esquerdo. A

artéria aorta, que leva sangue do ventrículo esquerdo para o corpo (SPENCER,

1991).

Page 21: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

20

1.1.4 Vasos do miocárdio

Surge a partir do ventrículo esquerdo a artéria aorta, inicialmente dirigindo-se

para cima e depois para trás e para a esquerda, formado assim o arco aórtico

(DANGELO; FATTINI, 2006).

As artérias coronárias, direita e esquerda, se originam da aorta logo que esta

atravessa a margem superior do coração, e é através dessas artérias que o

miocárdio recebe um abundante suprimento sanguíneo vindo dos seios localizados

atrás das válvulas semilunares da valva da aorta (SPENCER, 1991).

Situada em uma depressão denominada sulco coronária que separam os

átrios dos ventrículos, a artéria coronária direita se origina da superfície anterior da

aorta e passa para a margem direita do coração, estendendo-se ao redor da

margem do órgão até a face posterior, enviando ramos para o átrio e ventrículo

direitos. Após percorrer uma curta distância, próximo à margem esquerda do

coração, origina-se a artéria coronária esquerda vinda da superfície anterior

esquerda da aorta, posteriormente ao tronco pulmonar; ela se divide nos ramos

interventricular e circunflexo (TORTORA, 2000).

Qualquer bloqueio ou o estreitamento das artérias coronárias interfere no

suprimento de oxigênio do miocárdio, o que determina o aparecimento de regiões

com células musculares mortas, condição que pode ser incapacitante ou fatal, é

comumente conhecida como ataque cardíaco. Esse bloqueio pode ser temporário,

resultando um suprimento inadequado de oxigênio para o miocárdio por somente

alguns segundos, assim uma dor aguda no tórax é sentida, podendo se irradiar para

o membro superior esquerdo. Esta dor é denominada angina pectoris (angina de

peito) (SPENCER, 1991).

Infarto é a morte de uma área de tecido pela interrupção do suprimento de

sangue podendo resultar de um coagulo em uma das artérias coronárias. O tecido

morre e é substituído por um tecido não-contrátil, que faz com que o músculo

cardíaco perca a força (TORTORA, 2000).

1.2 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

O sistema cardiovascular é constituído por tubos de diferentes tipos de

calibres, pelo qual é bombeado sangue para todo o corpo. Esse sistema é composto

Page 22: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

21

pelo coração, vasos sanguíneos (artéria, arteríola, veia, vênula e capilar), sangue e

vasos linfáticos. Existem dois tipos de circulação: uma denominada Circulação

Sistêmica ou Grande Circulação na qual, o sangue é mandado do coração para os

órgãos rico em O2 e retorna ao coração como CO2; outra denominada Circulação

Pulmonar ou Pequena Circulação na qual, o sangue rico em CO2 sai do coração e

vai para os pulmões, onde acontece a troca de CO2 para O2, e volta para o coração

(BOER; CAMPOS; PADILHA, 2007).

Sua função primária é conduzir fluidos, ou seja, sangue, O2, nutrientes,

metabolitos, detritos, fármacos e hormônios para toda parte do corpo. O sistema

cardiovascular é responsável também por recolher os resíduos que são liberados

pelas células. Alguns resíduos são transportados para os pulmões e rins (de onde

serão excretados) e outros para o fígado, neste caso serão metabolizados antes de

serem excretados na urina e fezes (SILVERTHORN, 2003).

Figura 3. Organização do sistema circulatório

Fonte: BOER; CAMPOS; PADILHA, 2007.

O coração é formado por duas bombas distintas, sendo uma formada pelo

átrio direito e ventrículo direito (responsável pelo bombeamento de sangue para os

pulmões) e outra formada pelo átrio esquerdo e ventrículo esquerdo (responsável

Page 23: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

22

pelo bombeamento de sangue para os órgãos periféricos). Os átrios ou “bomba de

escorva” recebem o sangue do corpo e transferem para o ventrículo. Os ventrículos

ou “bomba de força” possui força principal para realizar o ciclo de bombeamento do

sangue para os pulmões (ventrículo direito) e para os órgãos periféricos (ventrículo

esquerdo), porém, o ventrículo esquerdo possui espessura três vezes maior que o

direito, pois, necessita de mais força para bombear o sangue para todo o corpo

(GUYTON; HALL, 2002).

Figura 4: Estrutura do coração

Fonte: BOER; CAMPOS; PADILHA, 2007.

1.2.1 Ciclo cardíaco

O músculo cardíaco somente se contrai após estímulos elétricos que chegam

até o miocárdio, ou seja, somente depois da geração desse potencial de ação que

atinge o músculo, através do sistema de excito-condução cardíaca, que o coração

vai se contrair (DOUGLAS, 2002).

O ciclo cardíaco através das bombas de escorva e de força acontece pela

contração (um movimento definido como sístole) e relaxamento (movimento definido

Page 24: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

23

como diástole) do músculo cardíaco. No ciclo normal, enquanto os dois átrios se

contraem os dois ventrículos relaxam e quando os átrios relaxam os ventrículos se

contraem. O ciclo se inicia com a contração dos átrios (sístole atrial) que impulsiona

o sangue para os ventrículos, essa contração atrial acontece através dos batimentos

do coração. Com a chegada e enchimento de sangue nos ventrículos, eles se

contraem (sístole ventricular) e mandam sangue para fora do coração (GUYTON;

HALL, 2002).

O ciclo de bombeamento do coração acontece da seguinte maneira: o sangue

chega ao átrio direito pela veia cava superior rico em CO2 e passa para o ventrículo

direito através da válvula tricúspide saindo do ventrículo direito pela artéria

pulmonar, chega aos pulmões onde ocorre a troca gasosa (de CO2 para O2), passa

através da veia pulmonar para o átrio esquerdo rico em O2 e pela válvula bicúspide

ou mitral para o ventrículo esquerdo saindo pela artéria aorta para irrigar toda a

circulação sistêmica com sangue enriquecido de O2 onde, após a distribuição

sanguínea pelo corpo o sangue volta para o coração rico em CO2 e retoma o ciclo

novamente; o sangue rico em CO2 é transportado pelo plasma sanguíneo e o

sangue rico em O2 é transportado pela hemoglobina (BOER; CAMPOS; PADILHA,

2007).

1.2.2 Músculo cardíaco

O músculo do coração se contrai continuamente, descansando somente nos

milissegundos dos batimentos cardíacos, para isso, torna-se necessário suprimentos

contínuo de oxigênio e nutrientes para o músculo cardíaco adquirir a quantidade de

energia necessária para realizar esse trabalho (SILVERTHORN, 2003).

O coração possui três tipos de músculos, são eles: músculo atrial, músculo

ventricular e fibras musculares excitatórias e condutoras. Os músculos atrial e

ventricular possuem maior contração e maior duração de contração que as fibras

excitatórias e condutoras, pois estas possuem poucas fibrilas contráteis e são

responsáveis pela ritmicidade da contração cardíaca (GUYTON; HALL, 2002).

Seu mecanismo é realizado por filamentos de actina e miosina, que

encontram – se lado a lado se deslizando uns nos outros no momento da contração.

Esses filamentos são parecidos com os do músculo esquelético (BOER; CAMPOS;

PADILHA, 2007).

Page 25: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

24

No coração existem dois sincícios. Um é responsável pela formação da

parede dos dois ventrículos e o outro pela formação da parede dos dois átrios. O

músculo cardíaco é formado por várias células musculares cardíacas, essas células

encontram – se interligadas de modo que, quando uma é excitada, o potencial se

propaga entre as demais células. Os sincícios tem grande importância para a

eficácia do bombeamento cardíaco (GUYTON; HALL, 2002).

1.2.3 Regulação do bombeamento cardíaco

O Nodo Sinoatrial (S.A) (formado por corpos celulares de neurônios) possui

frequência rítmica maior que o músculo atrial e ventricular humano, com isto, seus

impulsos passam rapidamente para os átrios e ventrículos o que o faz ser o ritmo de

todo o coração, ou seja, trabalha como um marcapasso cardíaco o que o torna como

um marcapasso normal do coração (BOER; CAMPOS; PADILHA, 2007).

Pode – se ter também marcapassos anormais, os quais são chamados de

marcapasso ectópico. Esses marcapassos podem provocar enfraquecimento no

bombeamento cardíaco devido a uma sequência anormal de contração de diferentes

partes do coração (SILVERTHORN, 2003).

Os mecanismos básicos do bombeamento cardíaco se dão pela regulação

intrínseca do bombeamento cardíaco ou lei de Frank-Starling (variações do volume

de sangue que flui para o coração) e pelo controle da frequência e da força do

bombeamento cardíaco através do sistema nervoso (GUYTON; HALL, 2002).

LEI DE FRANK-STARLING (Lei do Coração): O retorno venoso (sangue que

chega ao coração) deve ser da mesma quantidade que o Débito cardíaco (sangue

que sai do coração), ou seja, se uma grande quantidade de sangue vai para os

ventrículos, o músculo cardíaco fica com maior comprimento, o que faz com que

através dos filamentos de actina e miosina o músculo se contraia com mais força,

assim, o ventrículo bombeia sangue extra para as artérias (BOER; CAMPOS;

PADILHA, 2007).

1.2.5 Arritmias cardíacas

Na maioria das vezes as disfunções cardíacas ocorrem pelo ritmo cardíaco

anormal, ou seja, os batimentos dos átrios não encontram - se coordenados pelos

Page 26: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

25

batimentos dos ventrículos, assim, os átrios não conseguem funcionar como bombas

de escorva para os ventrículos. Em geral, as causas das arritmias cardíacas são

uma combinação de anormalidades no sistema de condução e ritmicidade do

coração (GUYTON; HALL, 2002).

1.3 DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As doenças cardiovasculares (DCV), de um modo geral, são todas as

doenças que afetam o coração e o sistema sanguíneo (artérias, veias e vasos

capilares). É uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. Sua

principal característica é a aterosclerose que vem se tornando forte epidemia,

atingindo pacientes de várias idades começando muitas vezes na infância,

determinando assim um amplo impacto médico-social e econômico (BRANDÃO et

al., 2004).

A aterosclerose é o acúmulo de gorduras na parede dos vasos sanguíneos o

que impede a passagem do sangue. O corpo humano precisa de oxigênio para

funcionar, isso acontece com a saída do sangue com oxigênio do coração para

atingir todos os órgãos do corpo por meio das artérias; em seguida, o sangue volta

ao coração para se reabastecer com oxigênio e repetir todo o procedimento. Quando

ocorre o fechamento das artérias ocasionadas pelo acúmulo de placas de gorduras,

causa infarto na região que não recebeu oxigênio, ou seja, basta simplesmente o

não recebimento de oxigênio para que a região entre em colapso (BRASIL, 2010a).

O aumento de idade da população eleva a morbidade associada a doenças

cardiovasculares e cerebrovasculares, representando assim, elevado custo humano

e econômico, em níveis social e individual, por outro lado, o aumento de mortalidade

pré-hospitalar demonstra deficiência nos tratamentos adotados (HOEFLER, 2004).

Populações de baixa escolaridade e baixa renda tendem a maiores taxas de

adoecimento e mortalidade por doenças cardiovasculares, apesar de poderem ser

prevenidas, esse tipo de população muitas vezes não tem acesso aos benefícios de

tratamento e prevenção. A Organização Mundial da Saúde confirma que nos países

em desenvolvimento, estão grande parte do aparecimento das doenças

cardiovasculares (GODOY et al., 2006).

No Brasil, aproximadamente, um terço dos óbitos provocados por DCV

ocorrem antecipadamente em adultos entre 35 a 64 anos de idade. As principais

Page 27: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

26

causas nessa faixa etária são as doenças isquêmicas do coração, as doenças

cerebrovasculares e as doenças hipertensivas (ISHITANI et al., 2006).

1.3.1 Fatores de risco

As doenças cardiovasculares podem ser provocadas por vários fatores de

risco sendo eles alteráveis ou não. Estudos epidemiológicos mostram que a junção

de fatores de risco tem significativo aumento de possibilidade do aparecimento de

doenças cardiovasculares, isso acontece, pois, cada fator de risco reforça o outro

aumentando assim, a morbimortalidade (BRANDÃO et al., 2004).

Como fatores de risco que não podem ser alterados têm-se: idade, sexo, raça

e histórico de doença coronária familiar; já como fatores de risco que podem ser

alterados têm-se: hipertensão arterial, hiperlipidemia, diabetes mellitus, tabagismo,

obesidade, estresse emocional e sedentarismo (CARVALHO, 1988).

Fatores que influenciam no aparecimento de eventos cardiovasculares

Tabagismo Relacionado à cerca de 50% de óbitos por doenças

cardiovasculares, das quais, risco de acidente vascular cerebral,

aparecimento da angina de peito, enfarte do miocárdio e da doença

arterial periférica e aterosclerose.

Obesidade Contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, pois,

se tem acúmulo de gorduras o que se dá muitas vezes pela falta de

atividades físicas podendo desencadear o aparecimento de diabetes,

hipertensão arterial e dislipidemias.

Sedentarismo É considerado fator de risco por potencializar outros fatores

susceptíveis a provocarem doenças cardiovasculares, como por

exemplo, a hipertensão arterial, a obesidade, a diabetes e a

hipercolesterolemia.

Colesterol Essencial para o organismo, porém, quando temos valores elevados

de colesterol ele se torna prejudicial. Portanto, tanto o excesso de

colesterol LDL (colesterol ruim), quanto à falta de colesterol HDL

(colesterol bom), aumenta-se o risco das doenças cardiovasculares

Fonte: BRASIL, 2010a.

Page 28: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

27

1.3.2 Prevenção

A prevenção das doenças cardiovasculares deve ser iniciada na infância, pois

assim, as crianças cresceriam sem prováveis fatores de risco. A principal finalidade

é prevenir possíveis desenvolvimentos de hipertensão arterial, dislipidemias,

obesidade, diabetes e tabagismo, com medidas de promoção da saúde (BRANDÃO

et al., 2004).

No geral, as medidas adotadas para esta faixa etária concentram-se em

melhores hábitos alimentares, na prática de atividades físicas e o não uso de fumo.

Uma das tarefas mais importantes é a prevenção da obesidade através da atividade

física e dieta, pois, evitam-se vários outros fatores de risco (BRANDÃO et al., 2004).

1.3.3 Diagnóstico

O diagnóstico é feito mediante o quadro clínico apresentado pelo paciente

observando, suas queixas, histórico médico e fatores de risco associados. Assim,

através de exames específicos o médico cardiologista fará o diagnóstico final do

paciente (BRASIL, 2010a).

Deve-se ficar à alerta, principalmente em idosos, ao apresentar alguns

sintomas, tais como: Dificuldade em respirar, podendo indicar uma doença

coronária; Angina de peito, caracterizada por uma sensação de peso durante um

esforço físico; Alterações do ritmo cardíaco; Enfarte do miocárdio, existência de dor

prolongada no peito, muitas vezes em repouso; Insuficiência cardíaca acontece

quando o coração, em repouso, não consegue bombear sangue suficiente para os

órgãos do corpo causando, fadiga, falta de ar e pernas inchadas (BRASIL, 2010a).

1.4 ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)

1.4.1 História

Sua história iniciou-se no século V a. C. através de um médico e filósofo

grego, Hipócrates, considerado na modernidade como o pai da medicina, hoje, com

mais de 100 anos no mercado, o ácido acetilsalicílico, popularmente conhecido

Page 29: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

28

como Aspirina, é o medicamento mais conhecido e mais vendido no mundo (PINTO,

s.d.).

Foi sintetizado pela primeira vez no ano de 1829 (salicilina), com base na

estrutura química da Salix Alba, substância natural extraída do salgueiro branco.

Comercializado inicialmente (Ácido Salicílico) como medicamento eficaz para

tratamento de febres reumáticas, artrites crônicas e gota, causava sérios transtornos

estomacais e um desagradável gosto na boca, foi aí então que Felix Hoffman, um

químico da empresa Bayer em 1893, decidiu acetilar o ácido salicílico, produzindo

assim o Ácido Acetilsalicílico, batizado como Aspirina (PINTO, s.d.).

1.4.2 Mecanismo de ação

O Ácido Acetilsalicílico (AAS) é um antiinflamatório não-esteroidal comumente

utilizado pelas suas propriedades analgésicas e antipiréticas. Sua ação primária é a

inativação da ciclo-oxigenase por acetilação irreversível da prostaglandina sintase,

enzima que catalisa a primeira fase da biossíntese da prostaglandina a partir do

ácido araquidônico. Com isso, há inibição da síntese de prostaglandinas, as quais

estão especialmente associadas com o desenvolvimento da dor que acompanha a

lesão ou a inflamação. Baixam, também, a febre por dilatação dos vasos sanguíneos

periféricos, aumentando a dissipação do calor por transpiração (GOODMAN;

GILMANN, 1995).

Após ser administrado por via oral, o ácido acetilsalicílico é rápida e

completamente absorvido pelo trato gastrintestinal. Durante e após a absorção, o

ácido acetilsalicílico é convertido em ácido salicílico, seu principal metabólito ativo.

Os níveis plasmáticos máximos de ácido acetilsalicílico são atingidos após 10 a 20

minutos e os de ácido salicílico após 30 minutos a 2 horas. Tanto o ácido

acetilsalicílico, como o ácido salicílico, se ligam amplamente às proteínas

plasmáticas e são rapidamente distribuídos a todas as partes do organismo. O ácido

salicílico é eliminado principalmente por metabolismo hepático. Os metabólitos

formados incluem o ácido salicilúrico, o glicuronídeo salicilfenólico, o glicuronídeo

salicilacílico, o ácido gentísico e o ácido gentisúrico. A cinética da eliminação do

ácido salicílico depende da dose, uma vez que o metabolismo é limitado pela

capacidade das enzimas hepáticas. Desse modo, a meia-vida de eliminação varia de

2 a 3 horas após doses baixas, até cerca de 15 horas com doses altas. O ácido

Page 30: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

29

salicílico e seus metabólitos são excretados principalmente por via renal. O ácido

acetilsalicílico inibe ainda a agregação plaquetária, fazendo o bloqueio do

tromboxano A2 presente nas plaquetas, por esse motivo, ele é relacionado a

doenças do sistema vascular (ASPIRINA, 2011).

1.4.3 Uso no tratamento das doenças cardiovasculares

O Ácido Acetilsalicílico tem sido considerado, por muitos anos, como

antiagregante plaquetário padrão da prevenção secundária de doenças vasculares,

pois, sua eficácia independe de sexo, idade ou da presença de doenças associadas

como, diabetes ou hipertensão. Com o passar do tempo, outros antiagregantes

começaram a serem escolhidos como substituto do AAS ou adjuntos em

determinados casos clínicos, porém, ainda assim, estudos demonstram que o ácido

acetilsalicílico é o mais eficaz na redução de eventos cardiovasculares e mortalidade

cardiovascular, assim como, angina recorrente, progressão para angina grave,

enfarte do miocárdio recorrente e acidente vascular cerebral (AVC), podendo

também ser utilizado associado a outros antiagregantes com a finalidade de

melhorar sua ação farmacológica e diminuir seus efeitos adversos (BRASIL, 2010b).

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são a principal causa de

morte, incapacidade prematura e por um grande número de internações

hospitalares. Por esse motivo, muitos esforços têm sido empregados para reduzir a

morbimortalidade dessas doenças cardiovasculares, como a modificação do estilo

de vida, com o incentivo à prática de atividade física, dieta saudável e a cessação do

tabagismo, além do controle das principais doenças que atuam como fatores de

risco, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus e dislipidemia.

Fora isso, alguns estudos demonstraram que o uso de ácido acetilsalicílico (AAS),

tanto na prevenção primária (pessoas com idade acima de 40 anos com pelo menos

dois fatores de risco: HAS, diabetes mellitus e/ou dislipidemia), quanto na prevenção

secundária (pacientes com história de AVC isquêmico, infarto agudo do miocárdio

e/ou com angina pectoris) pode levar a uma importante redução de eventos

cardiovasculares, que pode ser de até 40% (VIANNA; GONZÁLEZ; MATIJASEVICH,

2012).

Estima-se que 80% dos diabéticos morrerão devido a eventos

cardiovasculares. Assim sendo, o tratamento dos fatores de risco (FR) é essencial

Page 31: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

30

na redução desses índices. Uma parte desse tratamento pode ser a utilização de

antiagregantes plaquetários, nomeadamente, o ácido acetilsalicílico (AAS). Em

estudos clínicos realizados com pacientes diabéticos não se observaram diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos aspirina e placebo relativamente à

ocorrência de eventos cardiovasculares. Porém, observou-se uma redução

significativa de enfarte de miocárdio nos homens e do acidente vascular cerebral nas

mulheres, em estudos de populações aparentemente saudáveis, em que os

subgrupos dos diabéticos tiveram igual beneficio (MACHADO, 2008).

Durante um estudo realizado nos Estados Unidos, observou-se o aumento do

volume de consultas ambulatoriais de pacientes classificados como sendo de alto

risco para futuros eventos cardiovasculares, e também aqueles consideradas como

situação de risco intermediário. O número de visitas de pacientes de alto risco

aumentou em 33%, de 44,2 milhões em 1993-1994 para 58,8 milhões em 2001-

2002. O número de visitas de pacientes de risco intermediário em que um

diagnóstico de DM foi observado mais do que duplicou, de 40,5 para 83,3 milhões, e

para aqueles com múltiplos fatores de risco, o aumento foi de 57%, de 70,2 para

110,4 milhões. O número de visitas de pacientes de baixo risco aumentou 23%,

passando de 975,4 milhões para 1,20 bilhões. Ao longo do tempo, esse estudo

mostrou substancialmente a utilização da aspirina na categoria de risco mais

elevado e intermédio, com uma melhoria nos quadros vista a partir de 1999-2000

(Figura 5). A probabilidade de uso de aspirina pelos pacientes em 1993-1994 foi de

21,7% para a categoria de alto risco, de 3,5% para os pacientes diabéticos e de

3,6% para a categoria de risco intermediário. As probabilidades para as três

categorias de risco oscilaram, mas permaneceu essencialmente inalterada de 1999-

2000. Aumentos significativos foram notados em 2001-2002 e persistiu em 2003. A

probabilidade de uso de aspirina em 2003 foi de 32,8% para a categoria de alto

risco, 11,7% para o diabético, e de 16,3% para a categoria de risco intermediário. O

uso da aspirina permaneceu entre 1% e 3% nas visitas de pacientes de baixo risco

(STAFFORD; MA; MONTI, 2005).

Page 32: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

31

Figura 5: Prevalência de uso da Aspirina

Fonte: STAFFORD; MA; MONTI, 2005.

Este estudo documentou o aumento do uso de aspirina por pacientes

portadores de DCV e classificados como categoria de risco nas visitas ambulatoriais.

Algumas melhorias foram notadas ao longo desse estudo da utilização de aspirina

para prevenção tanto secundária, como primária das DCV. No entanto, a magnitude

dessas melhorias é relativa mínima para preencher o espaço que há entre a prática

clínica e as recomendações baseadas em evidências. O uso de aspirina em

pacientes de prevenção primária, incluindo aqueles com diabetes, parece ser o

ideal, mas ainda gera incertezas. Esse estudo também mostrou que, apesar da

aspirina ter uma relação custo-eficácia mais favorável, as estatinas têm sido

priorizados frente da aspirina como tratamento para reduzir o risco de DCV.

Enquanto ampla evidência atesta a subutilização de aspirina na redução dos riscos

de doenças cardiovasculares, o uso de aspirina em regime ambulatorial dos EUA

revela que as melhorias têm sido, na melhor das hipóteses, modesta. Em 2003, o

uso da aspirina foi relatado em apenas um terço das visitas ambulatoriais de

pacientes com doenças cardiovasculares, o que aponta para uma desvalorização da

aspirina como uma terapia de prevenção eficaz e de baixo custo. O uso foi de 12%

Page 33: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

32

entre os diabéticos e de 16% entre as visitas de pacientes com múltiplos fatores de

risco cardiovasculares. O aumento no uso de aspirina pode refletir a maior

conscientização dos benefícios da aspirina na redução da morbidade e mortalidade

cardiovascular, mediada através da divulgação intensificada de diretrizes norte-

americanas e os resultados de ensaios clínicos (STAFFORD; MA; MONTI, 2005).

Ao longo dos últimos anos, as publicações relativas unicamente ao papel do

AAS na prevenção primária das doenças cardiovasculares foram escassas. Quando

se restringe o tema ao estudo da população de diabéticos, a literatura é ainda mais

insuficiente. Dois dos estudos clínicos aleatorizados, o PHS e o WHS, analisaram os

efeitos de uma baixa dose de AAS na prevenção primária de doenças

cardiovasculares, em homens e mulheres, respectivamente. Os resultados destes

estudos, para a população de diabéticos, foram determinados através da análise

deste subgrupo na população da amostra total. O PHS revelou, após 5 anos de

seguimento, uma redução significativa de 61% do risco de Enfarto do Miocárdio

entre os diabéticos utilizadores de AAS. O WHS mostrou, após 10 anos, reduções

significativas do AVC em 54% e do AVC isquêmico em 58% das pacientes

diabéticas tratadas com AAS. Por outro lado, as diferenças relativamente ao Enfarto

do Miocárdio e aos eventos Cardiovasculares major não foram significativas entre os

grupos de diabéticos (MACHADO, 2008).

Conhecido por sua eficácia na redução do risco de doenças cardiovasculares,

o uso do ASS tem sido recomendado regularmente, tanto na prevenção de coágulos

já formados, quanto na possibilidade da formação de outros coágulos (STAFFORD;

MA; MONTI, 2005).

Estudos mostram que o ácido acetilsalicílico exerce benefícios, em baixas

doses, na prevenção primária, que os benefícios superam os riscos na prevenção

secundária, reduzindo morte e morbidade cardiovascular, podendo também ser

empregado na prevenção secundária de acidente vascular encefálico e episódio

isquêmico transitório (WANNMACHER, 2005).

Como agente de primeira escolha na prevenção de doenças cardiovasculares

isquêmicas e acidente vascular cerebral, principalmente em prevenções

secundárias, utiliza-se doses de 50 mg a 325 mg/dia, isto por possuir alto índice de

segurança, ampla disponibilidade, além de custo acessível e bem menor que outros

antiagregantes plaquetários (BRASIL, 2010b).

Page 34: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

33

Em doses maiores que 325 mg/dia, o AAS muitas vezes apresenta um efeito

contraditório, porque ele também inibe a síntese da prostaciclina nas células

endoteliais e plaquetárias, substância que favorece a formação de trombos. Olhando

do ponto de vista de pacientes diabéticos, ele se mostra importante porque os níveis

de prostaciclina são reduzidos. Alguns estudos mostram que as doses mais

utilizadas variam de 75 a 500mg/dia, porém as doses compreendidas entre 75 a

100mg/dia tem sido mais efetivas que em altas doses, pois causa menor toxicidade

gastrointestinal (LIMA; GÓIS; NÓBREGA, 2005).

Uma metanálise com quatro estudos realizada com mais de 48.000 pacientes,

tendo entre 3 e 7 anos de seguimento, mostrou que doses entre 75 a 500 mg/dia de

AAS reduziram os eventos cardiovasculares em 15% e infartos do miocárdio em

30%, mas não reduziram significativamente morte total e aumentaram complicações

hemorrágicas em 69%. Os dois primeiros ensaios clínicos avaliaram efeitos de ácido

acetilsalicílico em prevenção primária de cardiopatia isquêmica. Tiveram resultados

discordantes quanto à eficácia e a tendência a maior incidência de AVEs

hemorrágicos nos pacientes acompanhados. A maioria dos indivíduos estudados era

do sexo masculino, ficando assim a ser definido o benefício do ácido acetilsalicílico

na prevenção primária em mulheres (WANNMACHER, 2005).

O estudo randomizado ISIS-2 (Second Internacional Study of Infart Survival),

utilizou a dose de 162,5 mg de aspirina e doses de placebo, tendo a terapia iniciada

até 24 horas do início dos sintomas do IAM suspeito e continuada diariamente por 5

semanas. O uso da aspirina diminuiu significativamente a incidência de mortalidade

vascular em 23%, reinfarto não fatal em 43% e AVE não fatal em 46%, com redução

da probabilidade de ocorrência de outros eventos de 30%. Não houve aumento na

incidência de AVE hemorrágico ou sangramento gastrointestinal. Os pacientes que

receberam placebo não tiveram resultados relativamente significativos (ISIS-2,

1988).

Uma análise conjunta de cinco ensaios clínicos realizados com mais de

50.000 pacientes a respeito da prevenção primária de doença coronariana, mostrou

que os benefícios do ácido acetilsalicílico estavam diretamente relacionados ao perfil

de risco cardiovascular dos indivíduos. Indivíduos com risco aumentado de eventos

coronarianos (acima de 3%) podem ter benefício clínico relevante com ácido

acetilsalicílico em doses baixas. Já nos casos que o risco de evento cardiovascular

anual for inferior a 1%, o benefício torna-se menor que o dano. Em pacientes de

Page 35: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

34

baixo risco, o ácido acetilsalicílico em doses baixas, influencia pouco ou nada nas

mortalidades de todas as causas (WANNMACHER, 2005).

Em um ensaio clínico que envolveu aproximadamente 4.500 indivíduos com

pelo menos um fator de risco para doença aterosclerótica, o ácido acetilsalicílico,

utilizado na dose de 100 mg/dia, reduziu significativamente eventos cardiovasculares

totais (os riscos caíram de 8,2% para 6,3%), porém a redução de AVEs foi de menor

magnitude e sem significância estatística (de 1,1% para 0,6%). Assim, seu uso

profilático não se justifica em prevenção primária de AVEs (WANNMACHER, 2005).

O ácido acetilsalicílico é mais eficaz no período de maior risco de eventos

vasculares graves como, por exemplo, nas semanas posteriores à ocorrência de um

infarto do miocárdio. As evidências dos ensaios clínicos mostra que todas as doses

que inibem completamente a função plaquetária são eficazes na prevenção de

coágulos. A organização “Antiplatelet Trialists Collaboration” (ATC) publicou uma

metanálise de 145 ensaios clínicos randomizados no tratamento antiplaquetário,

desses, quarenta e seis ensaios foram realizados com o uso isolado do ácido

acetilsalicílico. Foram utilizados três regimes de dose:

• <160 mg (principalmente 75 a 150 mg) (7 ensaios).

• 160 a 325 mg (12 ensaios).

• 500 a1500 mg/dia (30 ensaios).

Os resultados para as reduções de risco para infarto do miocárdio, AVC ou

morte vascular para estes três regimes foram de 26%, 28% e 21%, respectivamente,

não apresentando diferenças que fossem significativas. Em outros três ensaios

clínicos foram comparadas doses elevadas de ácido acetilsalicílico (500 a 1500

mg/dia) com doses mais baixas (75 a 325 mg/dia). Não houve diferenças

significativas em eficácia entre estes regimes. Estes três ensaios forneceram

evidência substancial de que as doses diárias de 75 mg/dia são efetivas (HOEFLER,

2004).

Outra meta-análise que selecionou nove segmentos comparou de forma

randomizada o uso de AAS versus o uso de placebo ou controle em pacientes sem

DCV clínica. Foram acompanhados um total de 710.053 pacientes por até 6,9 anos,

desses, 359.709 eram do grupo que usou AAS e 350.344 placebo/controle. O uso de

AAS foi associado com redução dos eventos cardiovasculares. Houve uma redução

significativa de IAM, AVC e mortalidade por todas as causas. O uso de AAS,

entretanto, também foi associado com maior incidência de AVC hemorrágico e risco

Page 36: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

35

de sangramento. O benefício do uso da medicação quanto ao risco de sangramento

mostraram-se independente ao risco de eventos cardiovasculares, terapêutica de

base, idade, sexo e dose do AAS. A decisão do uso do AAS para prevenção

primária de IAM ou AVC ainda permanece complexa e controversa, entre o grupo de

pacientes sem DCV clínica. Deve-se sempre individualizar cada decisão e

considerar a relação entre risco e benefício para cada paciente a ser tratado

(BERGER et al., 2011).

Um estudo multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado randomizado do

tratamento com aspirina 324 mg/dia acompanhou por 12 semanas 1266 homens

com angina instável, 625 deles receberam aspirina e 641 receberam placebo.

Observou-se que a incidência de morte ou enfarte do miocárdio agudo, foi de 51%

mais baixa no grupo da aspirina do que no grupo do placebo. A redução da

mortalidade no grupo da aspirina também foi de 51% embora não tenha sido

estatisticamente significativa. Não foram observadas diferenças nos sintomas

gastrintestinais ou evidência de perda de sangue entre os grupos de tratamento e de

controle. Sendo assim, o estudo mostrou que a aspirina tem um efeito protetor

contra o infarto agudo do miocárdio em homens com angina instável, e sugerem um

efeito parecido sobre a mortalidade (LEWIS et al., 1983).

Em prevenção secundária (após infarto do miocárdio e angina instável),

baixas doses (50-325 mg/dia), uma revisão de seis estudos mostrou menos mortes,

eventos vasculares combinados e infartos de miocárdio. No entanto, houve mais

sangramento gastrintestinal, sem causar nenhuma morte. Os benefícios superaram

os riscos. Avaliou-se que a cada mil pacientes em prevenção secundária

comparados com os que não fizeram profilaxia, haveria menos 55 eventos

vasculares (incluindo 27 infartos e 11 AVEs) e menos 15 mortes. Nesses mesmos

pacientes, ocorreriam mais oito episódios de sangramento, metade dos quais

poderiam ser graves (WANNMACHER, 2005).

1.4.4 Comparação do AAS com outros antiplaquetários

Dipiridamol

Responsável por inibir a fosfodiesterase plaquetária, o Dipiridamol, aumenta o

AMP cíclico diminuindo a adesão das plaquetas. Apesar de poucos estudos, o

dipiridamol isoladamente, não oferece benefícios relevantes, porém, quando

Page 37: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

36

associado a outros fármacos antiagregantes podem trazer benefícios clínicos. Sendo

assim, o ácido acetilsalicílico se torna mais eficaz e fármaco de escolha

(WANNMACHER, 2005).

Ticlopidina

Um ensaio clínico comparou o uso de ticlopidina e de ácido acetilsalicílico,

isoladamente, em pacientes com acidentes cerebrais isquêmicos. Esse estudo

mostrou que, inicialmente o uso de ticlopidina seria um pouco mais eficaz que do

ácido acetilsalicílico, porém, seu uso constante traria mais riscos de efeitos adversos

graves, como a supressão da medula óssea, causando neutropenia grave

(WANNMACHER, 2005).

O uso de ticlopidina associada ao ácido acetilsalicílico na prevenção de

doenças cardiovasculares mostrou-se que, não houve diferenças significativas de

sua eficácia e efeitos adversos (TICLOPIDINA, 1999).

Contudo, a ticlopidina passa a ser utilizada como alternativa para pacientes

com intolerância ao ácido acetilsalicílico, levando em conta seu custo elevado o AAS

se torna o mais indicado. Já na associação da ticlopidina com o ácido acetilsalicílico

não houve significativas diferenças em seu uso (OLIVEIRA, 2001).

Clopidogrel

Em uma análise comparativa do clopidogrel com o ácido acetilsalicílico na

redução de acidentes cardiovasculares cerebrais, infarto do miocárdio e doença

vascular periférica sintomática, o clopidogrel apresentou menor incidência para

desfecho combinado de acidentes cardiovasculares. Na utilização do clopidogrel

associado ao ácido acetilsalicílico na prevenção de eventos cardiovasculares de

pacientes com potencial de grande risco para sangramento, constatou-se que, o

risco de sangramento foi um pouco aumentado com a associação dos fármacos, não

mostrando diferença na mortalidade (WANNMACHER, 2005).

Sendo assim, o clopidogrel, isoladamente, se torna alternativa para a

prevenção secundária de eventos vasculares em pacientes não tolerantes ao ácido

acetilsalicílico e o uso do clopidogrel associado ao ácido acetilsalicílico se torna

viável, porém, se administrado em baixas doses (OLIVEIRA, 2001).

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37

Varfarina

A varfarina é responsável por inibir a ação da vitamina K nos hepatócitos,

esse fator leva à diminuição dos fatores de coagulação dependentes destas e os

fatores anticoagulantes da proteína C e S (ATIÉ et al.; 2001).

Estudos demonstraram que, pacientes que receberam tratamento com ácido

acetilsalicílico e varfarina, separadamente, a varfarina mostrou-se mais eficaz que o

ácido acetilsalicílico, pois, o com o uso do AAS os resultados de morbidade e

mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca foram maiores que os da

varfarina (GOODMAN; GILMAN, 2003).

Page 39: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

38

2 MÉTODO

A busca foi efetuada através de uma revisão literária sobre o uso do AAS no

tratamento de doenças cardiovasculares.

O conteúdo bibliográfico foi selecionado em bibliotecas através de livros,

obras de referência, periódicos científicos, resumos disponibilizados na biblioteca da

Fundação Educacional de Fernandópolis e na Internet nas bases de dados como

Scielo, Pubmed, Organizações Pan-americanas, ANVISA, dentre outros com as

palavras chave AAS, doenças cardiovasculares, aspirina, etc. A metodologia de

pesquisa utilizada neste trabalho é caracterizada como pesquisa bibliográfica.

Page 40: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

39

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do trabalho percebeu-se que houve uma grande contradição

entre artigos, demonstrando os lados positivos e negativos de se efetuar a

realização do uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças

cardiovasculares, por exemplo, alguns artigos afirmam que a maior eficácia do AAS

na prevenção é em mulheres, enquanto outros artigos mostram que a eficácia é

indiferente do sexo. Também constatou-se em artigos que a maior eficácia do ácido

acetilsalicílico é em prevenções primárias, já em prevenções secundárias alguns

demonstraram que não houve diferenças significativas.

Contudo, na grande maioria dos artigos, foi observado que, o AAS pode sim

ser utilizado como antiagregante plaquetário de escolha em alguns casos de

doenças cardiovasculares, pois, além de custo acessível possui menos efeitos

adversos que outros fármacos antiplaquetários.

O uso do ácido acetilsalicílico (AAS) em tratamento de doenças

cardiovasculares como antiagregante plaquetário, tem se mostrado eficaz

independente de sexo, idade e outros fatores como: diabetes ou hipertensão, além

de mais econômico que outros medicamentos utilizados para essa finalidade, sendo

assim, colocado como antiagregante de escolha (HOEFLER; 2004).

Apesar de poucos estudos serem realizados para avaliação do uso de AAS

no Brasil, sua frequência de uso em nível hospitalar ou ambulatorial, é de 17,7%

para prevenção primária e até 98% na prevenção secundária (VIANNA, GONZÁLEZ,

MATIJASEVICH; 2011).

Na prevenção primária de doenças cardiovasculares, o ácido acetilsalicílico

exerce benefício quando utilizado em baixas doses, porém não negligenciável ao

risco de sangramento. Já na prevenção secundária de doenças cardiovasculares, o

ácido acetilsalicílico reduz o risco de mortalidade e morbidade (WANNMACHER,

2011).

Uma meta-análise de ensaios clínicos demonstrou a eficácia do AAS na

redução de 30% de infarto agudo do miocárdio (IAM) e 20% de acidente vascular

cerebral (AVC), assim, parecendo ser mais efetivo que outros agentes plaquetários.

As doses utilizadas variam entre 80mg e 325mg/dia, sendo melhor o uso da menor

dose possível para limitar efeitos adversos (FURTADO, POLANCZYK; 2007).

Page 41: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

40

REFERÊNCIAS

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Page 42: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

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Page 43: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

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Page 44: Uso do ácido acetilsalicílico na prevenção de doenças cardiovasculares

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ANEXOS

São produzidas no mundo todos os anos aproximadamente 50 mil toneladas

do princípio ativo da aspirina. Se toda essa produção fosse convertida em

comprimidos de 500 mg (seriam 100 bilhões deles) e se eles fossem colocados em

linha reta, a extensão (mais de 1 milhão de quilômetros) seria equivalente a duas

vezes a distância entre a Terra e a Lua (NASA, sd).

A Aspirina já foi tema de um filme brasileiro. Dirigido por Marcelo Gomes,

"Cinema, Aspirinas e Urubus", de 2005 (UOL NOTÍCIAS, sd).

De acordo com a Bayer, são vendidas por dia 216 milhões de comprimidos de

aspirinas no mundo. Segundo os cálculos da empresa, com essa quantidade seria

possível cobrir uma superfície de 2,4 quilômetros quadrados, ou seja, mais do que a

extensão do Principado de Mônaco (BAYER, sd).

A Argentina consome um quarto de todas as aspirinas tomadas no mundo. Os

argentinos são os que mais utilizam o analgésico, estima-se que cada habitante

toma, em média, 80 comprimidos por ano (AFP, sd) .

Em 1950, a Aspirina recebeu menção no Guinness Book, o livro dos recordes,

como o analgésico mais vendido do mundo (GUINNESS WORLD RECORDS, 1950).

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Em comemoração ao centenário da marca Aspirina, em 1999, a empresa

BAYER "encapou" o prédio sede na Alemanha com a embalagem do produto

(KNIPPERTZ, sd).