universidade federal de goiás - desempenho agronÔmico e … · 2017-04-04 · aos meus...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DESEMPENHO AGRONÔMICO E NUTRICIONAL DO CAPIM
"MULATO II" SOB DOSES E FONTES NITROGÊNIO.
Reginaldo Jacovetti
Orientador: Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França
GOIÂNIA
2016
ii
REGINALDO JACOVETTI
DESEMPENHO AGRONÔMICO E NUTRICIONAL DO CAPIM
"MULATO II" SOB DOSES E FONTES NITROGÊNIO
Tese apresentada para obtenção do Titulo de
Doutor em Zootecnia junto à Escola de
Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás.
Área de Concentração:
Produção Animal
Linha de Pesquisa:
Metabolismo nutricional, alimentação e
forragicultura na produção animal.
Orientador:
Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França - UFG
Comitê de Orientação:
Profª. Drª. Débora de Carvalho Basto
Dr. Leonardo Guimarães de Oliveira
GOIÂNIA
2016
iii
iv
v
Dedico este trabalho aos meus pais Felício
Antonio Jacovetti e Maria Julia Belotto
Jacovetti, as minhas filhas Jessica Rodrigues
Jacovetti, Juliana Rodrigues Jacovetti meu
filho Renato Carnevalli Jacovetti e a minha
neta Lavínia Jacovetti Guido.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao pai todo poderoso criador do céu e da terra, pela vida, saúde e direção para realização de
mais um projeto de vida realizado.
Ao professor Aldi Fernandes de Souza França, meu orientador pela incansável dedicação por
estar sempre pronto a mostrar alternativas para o sucesso deste.
A Universidade Federal de Goiás a Escola de Veterinária e Zootecnia, o diretor Marcos
Barcelos Café a professora Alessandra Gimenez Mascarenhas e ao Professor Paulo Hellmeister Filho
ambos como chefe do departamento de Zootecnia que concordaram com minha especialização para
crescimento humano e profissional.
Aos meus co-orientadores professora Débora de Carvalho Basto a amizade que se solidificou
com o tempo de convivência Leonardo Guimarães de Oliveira a professora Nadja Mogyca Leandro
pelas conversas e direcionamentos prestados meu muitíssimo obrigado.
A Elizana Ferreira Coelho, amiga incondicional sempre apoiando positivamente esse sonho.
Eder de Sousa Fernandes técnico do laboratório de nutrição animal do DZO no auxilio e
ensinamentos na fase laboratorial do experimento, ao meu companheiro de sala Benedito Pereira da
Silva o Dito por ter segurado as pontas enquanto nos fazíamos a colheita das parcelas no campo
experimental.
Aos integrantes da administração da pós graduação PPGZ professora Eliane Sayuri Miyagi
coordenadora, ao Helio Alves que por muitos anos trabalhamos juntos na zootecnia e ao Gerson Luiz
Barros nas questões documentais solucionadas.
E claro aos alunos de graduação do curso de agronomia, veterinária e zootecnia da UFG, Ester
Priscila da Silva Santos, Jordana Dias Furtado, Julliana Grazielle Oliveira, Laísa Siqueira da Fonseca,
Luane Nunes de Araújo, Rosiel Moreira Cavalcante Filho, João Arthur Borges, Mirella Paula Costa e
Silva minha amiga e companheira do inicio ao fim, ao amigo Adesvaldo José e Silva Junior, Bruna
Aparecida Nascimento Ferraz ambos alunos da Católica e aos pós graduandos Daniel Staciarini Corrêa
Renata Vaz Ribeiro, Nayanny Corrêia Guimarães, Ludimilla Costa Brunes, Emanuel Stival e o Tiago
Pereira Guimarães sem o empenho de vocês não seria possível a realização deste trabalho.
A empresa Dow AgroSciences na pessoa do RTV Gabriel Gurian e ao Diretor executivo da
Agroquima produtos agropecuários em Goiânia Sr. Aldo Maia pela contribuição de insumos e
sementes utilizados neste experimento.
Meus agradecimentos sinceros aos que
colaboraram direta e indiretamente com
este sonho
vii
O sucesso nasce do querer, da determinação e
persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo
o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas
admiráveis.
José de Alencar
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. xiii
CAPITULO 2 ............................................................................................................ xiii
CAPITULO 3 ............................................................................................................ xiii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xiv
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................ xiv
CAPITULO 3 ............................................................................................................. xv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................... xvi
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................... 17
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17
2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 19
2.1. Pastagens Tropicais ........................................................................................... 19
2.1.1 Brachiaria híbrida Convert HD364 (capim Mulato II) ........................................ 21
2.2 Adubação Nitrogenada e sua associação com a produção e valor nutritivo de
forragens ................................................................................................................... 23
2.1 Fontes de nitrogênio para adubação ................................................................... 26
2.3 Manejo de pastagens e sua associação com a produção e valor nutritivo de
forragens ................................................................................................................... 27
2.4 Técnica de produção de gases in vitro para avaliação nutricional de pastagens 30
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 33
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 42
CAPÍTULO 2 - PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA Do CAPIM
MULATO II SOB DOSES E TIPOS DE UREIA ......................................................... 43
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 46
2.MATERIAl E MÉTODO........................................................................................... 47
2.1. Local do experimento ......................................................................................... 47
2.2 Preparo de solo e implantação do experimento .................................................. 48
2.3 Delineamento experimental e tratamentos .......................................................... 49
ix
2.4 Acúmulo de forragem, composição morfológica .................................................. 50
2.5 Composição bromatológica ................................................................................. 50
2.6 Eficiência de conversão, recuperação aparente do nitrogênio e produção de
proteína bruta por hectare ......................................................................................... 51
2.7 Delineamento experimental e análise estatística ................................................ 51
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 52
3.1 Produção de massa verde, massa seca e relação folha:colmo ........................... 52
3.2 Composição bromatológica ................................................................................. 56
3.4 Recuperação aparente de nitrogênio (RAN), eficiência de conversão de
nitrogênio (ECAN) e produção de proteína bruta (PB) por hectare ........................... 60
3.4.1 Recuperação aparente do nitrogênio (RAN) .................................................... 60
3.4.2 Eficiência de conversão de nitrogênio (ECAN) ................................................. 62
3.4.3 Produção de proteína bruta por hectare ........................................................... 63
4. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 65
5. REFERENCIAS ..................................................................................................... 66
CAPITULO 3 - CINÉTICA DA FERMENTAÇÃO E DEGRADAÇÃO RUMINAL Do
CAPIM MULATO II SOB ADUBAÇÃO NITROGENADA E DIFERENTES FONTES . 70
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 72
2. METerial E método ................................................................................................ 74
2.1 Local e condução do experimento ....................................................................... 74
2.2 Produção in vitro de gases .................................................................................. 75
2.3 Degradabilidade in situ ........................................................................................ 76
2.4 Delineamento experimental e análise estatística ................................................ 76
3. Resultados e discussão......................................................................................... 77
4. Conclusões ............................................................................................................ 86
5. Referências ........................................................................................................... 87
CAPITULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 92
ANEXO ...................................................................................................................... 93
x
FICHA DE APROVAÇÃO NO CONSELHO DE ÉTICA - CEUA ................................ 93
ATA DE QUALIFICAÇÃO .......................................................................................... 97
xi
RESUMO GERAL
Visando a competitividade comercial para o produto final brasileiro, nas atuais conjunturas a
pecuária de corte se mostra a frente com o maior rebanho comercial do planeta, com
produções por área, a desejar. Para que produtivamente o Brasil melhore ainda mais seus
índices zootécnicos faz se necessário produzir com conhecimento, sustentabilidade ambiental
e principalmente respeitando os limites de todos os envolvidos no processo produtivo. Limites
ambientais como água, solo, clima, planta, animal, homem. Produtivo, o que pode ser feito
em determinada região, agricultura, hortifrutigranjeiro, pecuária, qual sistema pode ser
incorporado em determinadas regiões do país. Sistema e o todo, tudo aquilo que faz parte do
processo produtivo, não se produz economicamente não estando inserido em um sistema. Se
produzimos boi necessita-se de terra, água "recurso escasso", área agricultável, afinal boi se
alimenta de capim, que tipo de alimento pode ser inserido em determinada região, então
chega-se ao conhecimento que necessita de informações do tipo, qual a precipitação anual de
determinada localidade, qual a temperatura máxima e mínima no decorrer do ano, o solo é
ácido, argiloso, arenoso, afinal quem vai fazer investimentos sem conhecimento de onde está
empregando seu dinheiro. A produção animal necessita de conhecimentos específicos para
que se possa produzir sem degradar o ambiente, fazendo com que o sistema perdure e seus
índices zootécnicos sejam produtivo dentro dos limites de produção da planta, do animal,
ambiente e do manejo do homem "conhecimento" Existem infinitas cultivares para pastagens,
dentre elas o lançamento de um genótipo de Brachiaria híbrida "Convert HD364" cv Mulato
II, que necessita de pesquisas para identificação de habito de crescimento, produção por área,
quantitativamente quanto qualitativamente, para estimar qual será a produção do produto final
por área empreendida dentro do sistema. Assim, foi analisado a produção por área, realizadas
analises laboratoriais para caracterização da composição bromatológica, a recuperação
aparente de nitrogênio, a eficiência de conversão de nitrogênio e a produção de proteína bruta
por área do capim Mulato II. Para verificação qualitativa realizou-se a digestibilidade in sito e
produção de gases in vitro do capim Mulato II.
palavras chave: brachiaria, produção de massa verde, proteína bruta, produção de gases
xii
ABSTRACT
Aiming a commercial competitiveness to the brazilian final product, in the current situation,
the beef cattle industry shows itself as the largest herd in the world, but with low production
by area. To Brazil improve zootechinical indexes, is necessary to product with knoledge,
enviromental sustainability and first of all respecting the limits of all involved in the process
like wather, soil, environment, plant, plant and man. Amomng this limits we need to respect
all productive process of each regional structure and comerce for example large curlures,
horticulture and livestock. If not respected this limits and regional structure is compromised
the economical part of the system. To produce beef we need a lot o sources like wather
"scarce resource" , agricultural area, and so cattle as feeded by grass, what kind of feed could
be inserted in each region, and finaly we bring the knowledge that we need informations like
local annual precipitation, maximun and minimum temperature, informations about phisical
and chemical characteristics os the soil to be secure about your investiment. To animal
production is required specific knowledge to produce without degradate the environment,
making the zootechical indexes persist, respectiong the plant limit production, aminal limit
production and environmental sustainability. There are many forrage cultivars to pasture,
among them a recently released hybrid Brachiaria genotype "Convert HD 364" cv Mulato II,
that requires research to identify the type of growth, production per area of dry matter and
bromatological parameters to define the forrage production potencial. So was analysed the
total area production, laboratory analyses to characterize the bromatological production,
apparent nitrogen recover and total crude protein production of Mulato II. To qualitative
analyse was made a in situ and in vitro gas production of Mulato II grass.
Key words: Brachiaria; Green matter production; crude protein; gas production.
xiii
LISTA DE FIGURAS
CAPITULO 2
FIGURA 1- Produção de massa verde (kg/ha) do capim mulato II sob adubação
nitrogenada
FIGURA 2 - Produção de matéria seca do capim Mulato II nos períodos experimentais
FIGURA 3- Teores médios de proteína bruta (PB), determinados do capim mulato II
sob adubação nitrogenada no primeiro período.
FIGURA 4 - Recuperação aparente de nitrogênio do capim Mulato II
FIGURA 5 - Eficiência de conversão de nitrogênio do capim Mulato II
FIGURA 6 - Produção de proteína bruta por hectare do capim Mulato II
CAPITULO 3
FIGURA 1– Curvas de degradabilidade ruminal da matéria seca pela técnica de
degradabilidade in situ do capim mulato II no primeiro período sob
adubação nitrogenada e duas fontes de N: ureia comum e ureia
protegida.
FIGURA 2– Curvas de degradabilidade ruminal da matéria pela técnica de
degradabilidade in situ do capim mulato II no segundo período sob
adubação nitrogenada e duas fontes de N: ureia comum e ureia
protegida.
xiv
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
TABELA 1– Resultados das Características químicas e física da analise de solo da área
experimental.
TABELA 2– Descrição das condições climáticas mensais ao longo do período experimental
em Goiânia, Goiás.
TABELA 3– Valores médios da produção matéria verde (PMV), matéria seca (PMS) e
relação folha:colmo (RFC) da Braquiária Convert HD-364 sob doses de
nitrogênio e fontes de N: ureia comum e ureia protegida - dos períodos I e II de
2014/2015.
TABELA 4– Teores médios de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta
(PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) fibra insolúvel em detergente
ácido (FDA) e hemicelulose (HEM) do capim Mulato II relativas ao período I.
TABELA 5– Teores médios de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta
(PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) fibra insolúvel em detergente
acido (FDA) e hemicelulose (HEM), do capim Mulato II, relativas ao período
II.
TABELA 6– Valores médios de material morto e dos teores de lignina, determinados para o
capim Mulato II.
TABELA 7– Valores médios de recuperação aparente de nitrogênio aplicados no capim
Mulato II, durante o período experimental.
TABELA 8– Eficiência de conversão de nitrogênio do capim Mulato II.
TABELA 9– Valores médios da produção de proteína bruta (PB) por hectare, determinados
do capim Mulato II, durante o período experimental.
xv
CAPITULO 3
TABELA 1– Composição bromatológica da forrageira
TABELA 2– Parâmetros da degradabilidade ruminal da matéria seca do capim Mulato II nos
períodos I e II sob adubação nitrogenada e duas fontes de nitrogênio (ureia
comum e ureia protegida).
TABELA 3 – Parâmetros da produção de gases “in vitro” da matéria seca do capim Mulato II
nos períodos I e II sob adubação nitrogenada e duas fontes de N: (uréia comum e
ureia protegida).
xvi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CV Coeficiente de variação
D.E Degradação efetiva
D.P Degradação potencial
ECAN Eficiência conversão aparente de nitrogênio
EPM Erro padrão da média
FDN Fibra indigestível em detergente neutro
FDA Fibra indigestível em detergente ácido
HEM Hemicelulose
K Taxa de passagem ruminal
LIG Lignina
MV Massa verde
MM Matéria mineral
MS Matéria seca
NH3 Amônia
NH4+
Amônio
N Nitrogênio
PB Proteína bruta
PMV Produção de matéria verde
PMS Produção de matéria seca
RFC Relação folha colmo
RAN Recuperação aparente de nitrogênio
TNT Tecido não tecido
17
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos países que se classificam como os maiores fornecedores de
carne bovina, sendo detentor do segundo maior rebanho de bovinos, com aproximadamente
215 milhões de cabeças, com taxa de lotação de 1,23 UA/hectare, chegando a abater cerca de
43,3 milhões de animais, obtendo uma produção de 10,2 milhões de toneladas de carne
equivalente carcaça1. Contudo, apesar dos altos números, os sistemas brasileiros de produção
de bovinos de corte são caracterizados pelos baixos índices de produtividade. Esse patamar é
observado em decorrência da baixa adoção de técnicas de manejo e de produção, sendo o
rebanho bovino, em sua maioria, criados em condições extensivas de pastejo.
Dentre a área agricultável brasileira, 172,3 milhões de hectares cultivados são
ocupados por pastagens2, destes 85% são representadas por forrageiras do gênero Brachiária,
que apresentam alta capacidade de adaptação as condições ambientais e de manejo3. A grande
adoção de pastagens como a principal fonte de alimento para bovinos é atribuída a grande
extensão territorial e as condições edafoclimáticas brasileiras que favorecem o crescimento e
produção das mesmas, tornando-as o alimento mais abundante para a produção de bovinos4.
Além disso, as pastagens apresentam o menor custo de produção e é considerado de menor
impacto ambiental5.
Desta forma, as pastagens cultivadas são consideradas um importante insumo para
a cadeia produtiva de bovinos de corte e leiteiros, devendo ser encaradas como cultura que
necessitam ser bem formadas e manejadas a fim de obter alta e rentável produção e também
melhorar os índices produtivos da bovinocultura brasileira.
Em sua maioria, as áreas disponibilizadas para cultivo de pastagens são áreas
marginais com solos ácidos e de baixa fertilidade. Isto reflete em baixa produção e também
grande ocorrência de áreas degradadas. Assim, a correção da acidez e a adubação de
pastagens cultivadas são práticas que trarão notória melhoria na produção e qualidade
forrageira e, consequentemente, maior rendimento produtivo e maior lucratividade6.
Apesar de que, qualquer nutriente em deficiência possa limitar a produção
forrageira, dentre os nutrientes mais limitantes, o nitrogênio (N) é, comumente, apresentado
como o de maior limitação. Visto que a adubação nitrogenada apresenta grande impacto na
produtividade e manutenção das pastagens, e quando ausente atua em auxílio aos processos de
degradação7. Além disso, a adubação nitrogenada apresenta influência nas características
morfológicas da planta, como tamanho das folhas e do colmo; e morfogênicas, como o
18
aparecimento e crescimento de perfilhos8,9,10
. A adubação nitrogenada também pode
incrementar a qualidade da pastagem, através de melhoria nos teores de compostos, tais como
os nitrogenados11,12
.
Como fonte de nitrogênio, destaca-se a ureia, o sulfato de amônio e o nitrato de
amônio. No âmbito, de fertilização de pastagens, o uso de fontes nitrogenadas vem sendo
utilizadas, havendo uma maior adoção de ureia. Apesar disso, o nitrogênio, ao ser aplicado no
solo, sofre transformações que podem ocasionar perdas por volatilização e lixiviação. A
consequência disso é a utilização deficiente da adubação aplicada. Desta forma, ao se buscar
máxima produtividade forrageira, deve-se avaliar as fontes e doses de nitrogênio e também o
manejo de adubação6.
Como forma de evitar as perdas dos fertilizantes, vem sendo desenvolvidas
técnicas de revestimento por polímeros, que atuam como camadas protetoras, levando a
liberação mais lenta do nutriente de forma sincronizada com a demanda da planta e, assim
maior eficiência6. Contudo, são necessários estudos que validem estas fontes em culturas
forrageiras.
A fim de atingir altos patamares produtivos, estão sendo desenvolvidos novos
cultivares e híbridos que carreiem vantagens competitivas que os cultivares já consagrados
não apresentam, tais como baixa susceptibilidade a adversidades climáticas e ao ataque de
pragas, e também bom desempenho em solos de menor fertilidade. Estas pesquisas deram
origem a alguns híbridos, tais como a capim Mulato II. O Mulato II é resultado do cruzamento
das Brachiarias ruziziensis x decumbens x brizantha13
.
Para a recomendação da larga utilização destes novos híbridos, são necessários
realização de pesquisas que avaliem a composição bromatológica, desempenho produtivo e
também a capacidade de utilização pelos animais sob diferentes manejos e níveis de
fertilidade do solo, de forma a caracterizar os híbridos e também identificar vantagens e
desvantagens de cada um.
Portanto, objetiva-se descrever e explicar o efeito da adubação nitrogenada
utilizando como fonte de N a ureia tradicional e a ureia de liberação lenta sobre as
características agronômicas, bromatológicas e produção de gases pela técnica in vitro em
Capim Mulato II no Bioma Cerrado.
19
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Pastagens Tropicais
A utilização de pastagens nativas, principalmente na região dos Cerrados, permitia a
lotação animal de 0,3-0,4 UA/ha e, como consequência os bovinos eram abatidos por volta de
48 meses14
. Na década de 70, a introdução de espécies cultivadas permitiu incrementos na
taxa de lotação, chegando a 0,9-1,0 UA/ha, e elevou também o ganho de peso animal,
chegando a ganhos 2-3 vezes superior ao da pastagem nativa. A maior produtividade
impulsionou a exploração pecuária de corte no Brasil15
.
Os pastos tropicais são a principal fonte de nutrientes utilizadas para a produção de
bovinos no Brasil16
, sendo que, do rebanho brasileiro de corte, 91% dos animais abatidos são
oriundos dos sistemas baseados em pastagens, nos quais todo o ciclo, desde a cria até a
terminação, é realizado sob pastejo17
. Portanto, as forragens pastejadas devem ser entendidas
como um recurso nutricional de grande importância para a cadeia da carne, leite, lã e outros
ruminantes e também um recurso nutricional de elevada complexidade, uma vez que os
substratos oriundos da mesma variam qualitativa e quantitativamente ao longo do ano e em
função dos tipos de cultivares utilizados18
.
As áreas cultivadas com pastagem no Brasil são compostas, principalmente, por
forrageiras do gênero Brachiaria, que pertence à família Poaceae, da tribo Paniceae, e possui
aproximadamente, cem espécies que ocorrem em regiões tropicais e subtropicais dos
continentes americano, asiático, na Oceania e, especialmente, no continente africano19
. A alta
adoção deste gênero pode ser atribuída ao seu elevado potencial produtivo, aceitabilidade
pelos animais e bom desempenho, características morfológicas que possui elevada produção
de matéria seca (MS) e adaptabilidade20,21
.
A primeira cultivar de Brachiaria utilizada e avaliada no Brasil foi a Brachiaria
decumbens BRA-000191, em 1952, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Agropecuária do
Norte (IPEN), em Belém, PA. Contudo, a produção de sementes era deficiente, o que impediu
a sua adesão comercial22
. Posteriormente, foi introduzida no Brasil um segundo genótipo de
B. decumbens, a australiana Basilisk, desenvolvida pelo Internacional Reserch Institute (IRI)
na Austrália. Esta cultivar demonstrou alta adaptação às condições brasileiras, tornando-se a
principal espécie forrageira utilizada em larga escala, alterando, assim, os sistemas de pastejo
com pastagens naturais23,24,25
. Contudo, esta cultivar apresentou como limitação a
suscetibilidade a cigarrinhas das pastagens e também levou a ocorrência de casos de
20
fotossensibilização hepatógena em bovinos, o que provocou uma redução na utilização de b.
decumbens26
.
Juntamente a B. decumbens, foram introduzidas no Brasil, os cultivares ruziziensis,
arrecta e humidicula que apresentam como vantagens a adaptação a solos de baixa
fertilidade22
. A B. ruziziensis apresenta também boa produção de sementes, bom valor
nutritivo, fácil estabelecimento, facilidade de manejo, adaptada a solos desde arenosos a
argilosos, contudo, requer solos com boa drenagem e condições de media fertilidade27
.
A diminuição do cultivo de Brachiaria decumbens cv Basilisk foi acompanhada da
introdução e crescente utilização da Brachiaria brizantha cv Marandu. Esta cultivar responde
por 70% do volume total das sementes vendidas entre as diferentes espécies forrageiras. A
larga utilização da cv. Marandu se deve a maior resistência à cigarrinha e também o melhor
desempenho animal observado28
. Além disso, esta forrageira apresenta alto potencial de
resposta a fertilização, boa capacidade de cobertura do solo, crescimento em áreas de
sombreamento, bom valor nutritivo e boa produção de sementes. Mas traz como limitação, a
exigência de solos de alta fertilidade e com boa drenagem29.
Apesar do desenvolvimento de cultivares forrageiros, dos 172 milhões de hectares de
pastagens cultivadas2, estima-se que mais de 70% das pastagens encontra-se em algum estágio
de degradação, sendo que, grande parte, estão em estágios avançados de degradação15
. Além
disso, a consagração de algumas cultivares fez com que fossem utilizadas em grandes áreas,
formando, assim, extensos monocultivos. A utilização de poucas culturas carreia grandes
riscos fitotécnicos e fitossanitários30
.
A atual condição das pastagens levou necessidade de buscar alternativas que corrijam
esse problema, tal como a geração de pesquisas cujo intuito é desenvolver cultivares e
também híbridos mais resistentes às condições de solo e de clima. Estas pesquisas estão
voltadas para desenvolver materiais genéticos que convertam, de forma mais eficiente, os
recursos naturais em seus produtos finais, garantindo maior produtividade. Assim, busca-se
cultivares que apresentem boas características agronômicas, resistência a pragas e bom valor
nutritivo, através das técnicas de híbridação que geram novas combinações genéticas31
.
Dentre as espécies forrageiras, algumas apresentam maior potencial para serem
utilizadas em cruzamentos, tais como as B. brizantha, B. decumbens e B. ruziziensis, pois
formam um complexo agâmico, possibilitando a criação de híbridos interespecíficos. A B.
humidicula e a B. decumbens já deram origem a genótipos promissores32
.
Umas das cultivares desenvolvidas com este objetivo foi a Brachiaria híbrida cv.
Mulato I, lançada no ano de 2000, e Mulato II (Convert HD364), liberado em 200513
. Estas
21
híbridas foram desenvolvidas pelo Programa de Forragens Tropicais do CIAT (Centro
Internacional de Agricultura Tropical).
2.1.1 Brachiaria híbrida Convert HD364 (capim Mulato II)
O capim Mulato II é o segundo híbrido do gênero Brachiaria utilizado no Brasil,
sendo introduzido após o Mulato I. O primeiro híbrido também foi desenvolvido pelo
programa de melhoramento de plantas forrageiras da CIAT, sendo resultante do cruzamento
entre Brachiária ruziziensis tetraploidizada e Brachiaria brizantha cv Marandu24
.
Dentre as características agronômicas do capim-Mulato, podem ser observados o
hábito de crescimento perfilhado, decumbente e estolonífero, com alta capacidade de
estabelecimento, alto vigor e também a produção de sementes férteis. Além disso, esta híbrida
apresenta folhas lineares lanceoladas na cor verde intenso e com alta pubescência, já as raízes
são profundas, o que garante alta resistência a seca e também tolerância a invernos com
baixas temperaturas e dias nublados. Outra característica apresentada pelo Mulato I é o
excelente perfilhamento e o mecanismo de rebrota por gemas basais ou coroa radial,
mostrando boa capacidade de recuperação ao pastejo ou ao corte e também de emitir estolões
que enraízam formando novas plantas33
.
Resultados iniciais da utilização da Brachiaria híbrida cv. Mulato I, demonstram
elevados rendimentos de forragem e semelhantes a outros cultivares de Brachiaria (4,2 t
MS/ha a cada 8 semanas, durante a época de chuva). Contudo, apresentou produção reduzida
na época seca do ano (2,7 t MS/ha cada 12 semanas), ainda assim, a produção de matéria seca
foi superior a outras espécies conhecidas de Brachiaria33
.
Como desvantagens, o cultivar Mulato I, apresentou alto custo e dificuldade de
estabelecimento e de propagação vegetativa, o que dificultou a continuidade das pesquisas
com essa híbrida. Estes fatores, levaram ao desenvolvimento de outra geração, a Brachiaria
híbrida CIAT 36087 (Mulato II / Convert HD364). Para obtenção desta híbrida foi realizado
cruzamento entre a Brachiaria ruziziensis, B. decumbens cv. Basilisk e B. brizantha cv.
Marandu, sendo desenvolvida com o objetivo de reunir em uma só planta produtividade,
resistência e digestibilidade13
.
Esta nova híbrida carrega as mesmas vantagens da desenvolvida anteriormente,
Mulato I, tais como a alta adaptação às condições tropicais e subtropicais, bom vigor de
crescimento, a tolerância a solos com drenagem deficiente, desde que não seja permanente.
Porém, requer solos de média a alta fertilidade. Além disso, a Mulato II, apresenta algumas
vantagens competitivas em relação a outras gramíneas, tais como elevada produtividade de
22
massa seca e qualidade da forragem produzida, tolerância à cigarrinha das pastagens,
crescimento vigoroso, boa tolerância a períodos prolongados de seca, mantendo-se com alta
proporção de folhas verdes durante todo o período, rápida rebrota, florescimento tardio, fácil
estabelecimento tanto por sementes quanto por plântulas e alto teor de proteína13
, conforme
resultados obtidos nas avaliações agronômicas realizadas pelo CIAT34
, durante 4,5 anos nos
LIanos Orientales da Colômbia13
.
O capim Mulato II produziu, no Panamá, cerca de 19,3 t/ha de MS, sendo superior ao
rendimento observado pelo cultivar Mulato I35
. Dada a alta produtividade do Mulato II, cerca
de 25 t de MS de forragem por ha/ano, é possível utilizar esta cultivar com alta carga
animal36
. Os estudos realizados pelo CIAT34
demonstram que a utilização da Brachiaria cv.
Mulato II permitiu um incremento de 11% na época seca e 23% na época chuvosa, quando
comparada as produções das Brachiarias decumbens cv. Basilisk e B. brizantha cv. Toledo
(MG5 ou Xaraés).
Resultados promissores com a utilização do capim Mulato II também foram
observados nas condições brasileiras. Leal5, avaliando a produtividade do capim Mulato II
submetido a duas alturas de corte, observou os valores de produção média de MS de 10,63 e
10,09 t/ha, para altura de corte de 40 e 50 cm, respectivamente, durante o período de 90 a 120
dias.
O desempenho do capim Mulato II e brizantha cv. Marandu,foi avaliado por
Demski37
que observaram que a primeira cultivar apresentou maior número de
perfilhos/metro2 (822) que a segunda (635). Neste mesmo estudo, observou-se que a produção
de massa foi semelhante para os dois cultivares. Já em relação a composição bromatológica, o
capim Mulato II apresentou maior teor de PB e maior relação folha:colmo, como resultado,
também foi observada maior produção de leite para os animais alimentados com o capim
Mulato II.
Em trabalho conduzido para avaliar o comportamento as Brachiarias brizantha cv.
Marandu, capim Mulato II e o tifton-85 (Cynodon spp.) sob adubação nitrogenada, Pequeno38
observou que o capim Mulato II apresenta produção de forragem e valor nutritivo superior aos
demais capins, concluindo que está é uma boa opção para diversificação e intensificação de
sistemas de produção animal baseados em pastagens. Além de melhor valor nutritivo, o capim
Mulato II apresenta boa aceitabilidade por bovinos em pastejo39
. Estes estudos demonstram
que os cultivares melhorados e híbridos podem ser uma alternativa viável e de maior potencial
produtivo.
23
2.2 Adubação Nitrogenada e sua associação com a produção e valor nutritivo de
forragens
Em trabalho clássico, Blaxter40
define o valor nutritivo de um alimento como a
capacidade de sustentar grupos de atividades metabólicas inerentes ao organismo animal. Em
se tratando da alimentação de ruminantes, inclui-se neste conceito, principalmente, a
composição química (concentração de carboidratos estruturais e não estruturais, proteínas e
lipídeos) e sua digestibilidade.
O conhecimento do valor nutritivo é de fundamental importância para a eficácia do
sistema de produção de bovinos, pois este fator influencia o consumo e o desempenho
animal41,42
. Portanto, utiliza-se o valor nutritivo das plantas forrageiras para realizar o
balanceamento adequado de dietas à base de volumosos e também para buscar a melhoria do
valor nutritivo das gramíneas, seja através de técnicas de manejo ou seleção genética43
.
A composição química das gramíneas engloba, principalmente, os teores de proteína
bruta (PB), carboidratos estruturais, como a fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA)41
. Estes teores estão sujeitos a influência de diversos fatores, como a
fertilidade do solo.
Dentre os nutrientes presentes no solo, o nitrogênio é um dos de maior influência no
valor nutritivo e também na produtividade das plantas forrageiras, sendo sua limitação uma
das principais causas da baixa produtividade das forrageiras no brasil. Estima-se que
pastagens que não recebem adubação nitrogenada apresentam entre 10 e 20% do potencial
produtivo44
. Teixeira et al.45
, avaliando a produtividade de Brachiaria decumbens sob
diferentes estratégias de adubação nitrogenada e pastejo diferido, observaram produção de
matéria seca de 19,25 kg/ha de MS sob a adubação de 100 kg de nitrogênio, enquanto no
tratamento controle foi observada a produção de 14,65 kg/ha, com 95 dias de diferimento.
Valores médios de eficiência de conversão de N, são relatados por Magalhães et al.46
que observaram para o capim-braquiária, valores de 12,7; 18,2 e 18,0 kg MS/kg N aplicados
para as doses de 100, 200 e 300 kg/ha de N respectivamente. O aumento da produção de
forragem, em decorrência da adubação nitrogenada permite também aumento na taxa de
lotação das áreas de pastejo. Viana et al.47
, observaram que o capim-braquiária, sob as doses
de 0, 100, 200 e 300 kg/ha de N, permitiu o número médio de vacas por hectare de 3,4; 4,5;
4,6 e 5,6, respectivamente, num período de 192 dias. Com a utilização da adubação
nitrogenada é possível observar, também, aumentos nas taxas de aparecimento e alongamento
de folhas e também aceleração da síntese de tecidos de perfilhos individuais48
.
24
Assim, a adubação nitrogenada é uma ferramenta importante para o aumento da
produção de forragem e intensificação de sistemas de produção baseado em pastagens. Por
outro lado, quando utilizado em excesso, o nitrogênio pode promover crescimento excessivo
da parte aérea, levando ao acamamento das plantas forrageiras49
. A adubação nitrogenada em
excesso também pode acelerar a taxa de senescência dos perfilhos50
. Para que a adubação
nitrogenada seja utilizada de forma eficiente, faz-se necessário a realização de ajustes de
manejo, em função das doses e fontes de adubação a serem utilizadas, respeitando as
características morfológicas e os limites fisiológicos da planta. Dessa forma, deve-se buscar o
ponto ótimo que maximize a produtividade e evite a elevação da proporção de colmos e
material morto na massa forrageira, sem levar a perdas produtivas51
.
O nitrogênio também é componente das vitaminas e dos sistemas energéticos das
plantas e também componente de aminoácidos, os quais são percursores das proteínas. Assim,
a adubação nitrogenada pode influenciar diretamente o incremento do conteúdo proteico de
plantas forrageiras45
. Teixeira et al.45
, avaliando a qualidade de pastagem de Brachiaria
decumbens diferida e estratégias de adubação nitrogenada, observaram incrementos lineares
nos teores de proteína bruta, em decorrência do aumento da adubação nitrogenada. Mesmo
comportamento foi observado por Cecato et al.53
, que verificaram aumento linear nas doses de
proteína bruta no verão e no inverno, com a aplicação de 0, 200, 400 e 600 kg/ha de N no
capim Marandu. Esses resultados evidenciam a eficiência da aplicação de N em aumentar a
produção em pastos de Brachiaria.
Em relação aos teores de fibra em detergente neutro, é observado comportamento
contrário ao teor de proteína bruta, ou seja, redução linear a medida que se aumenta as doses
de adubação nitrogenada45,53
. Esses resultados podem ser atribuídos a maior produção de
lamina foliar e também ao incremento dos componentes nitrogenados para estas gramíneas. O
incremento do teor proteico de forragem requer queda compensatória de outros componentes,
comumente, a parede celular41
.
Os teores de fibra em detergente ácido também apresentam redução em decorrência
do aumento da adubação nitrogenada. Leal et al.5 observaram teores de FDA de 32,72% para
a dose de 150 kg de N e 36,20 para o tratamento controle, ao avaliar a influência da adubação
nitrogenada do capim Mulato II. Mesmo comportamento foi observado por Costa et al.53
, que
ao avaliar quatro doses de nitrogênio (0, 100, 200 e 300 kg/ha) em capim Marandu,
concluíram que as doses de nitrogênio influenciaram nos teores de FDA, mostrando
decréscimo linear com aumento das doses.
25
Por ser constituída, principalmente, por celulose e lignina, a FDA está correlacionada
negativamente com a digestibilidade das plantas forrageiras41
, com isso a adubação
nitrogenada pode contribuir também para a melhoria da digestibilidade e também do
aproveitamento das gramíneas. Almeida51
, avaliando o valor nutritivo da forragem do capim
Mulato II, observaram aumento na digestibilidade in vitro, com o aumento da adubação
nitrogenada, e em decorrência do aumento do teor proteico das áreas adubadas com maiores
doses de N.
É importante ressaltar que há uma correlação estreita e positiva entre o consumo de
matéria seca e o teor de proteína das plantas forrageiras. Por outro lado, o aumento das
frações fibrosas, apresentam correlação negativa com o consumo, para teores acima de 55 a
60%, em decorrência do enchimento físico41
. Isso ocorre porque, embora a parede celular das
forrageiras, possam ser digeridas pelos microorganismos presentes no rúmen, o processo de
digestão ocorre apenas de forma parcial54
.
Apesar de serem observados benefícios no valor nutritivo em decorrência da
adubação nitrogenada, observa-se que as plantas forrageiras apresentam uma redução na
eficiência de conversão do nitrogênio com o acréscimo das doses de nitrogênio. Cabral et
al.55
, avaliando a resposta da Brachiaria híbrida cv. Mulato II sob doses de nitrogênio,
observaram respostas da magnitude de 14,85 kg de MS para cada kg de N aplicado.
Comportamento semelhante foi observado por Castagnara et al.56
, onde a máxima eficiência
de utilização do nitrogênio foi com a dose de 106 kg/ha, produzindo 29 kg de MS/kg de N
aplicado.
O conhecimento da eficiência da utilização do nitrogênio é fundamental para a
eficiência do sistema, pois a medida que a quantidade aplicada ultrapassa a capacidade que a
planta tem em absorver o nutriente para produção, ocorre lixiviação de nitrogênio ou ele se
acumula nos tecidos, reduzindo o aproveitamento57
. São observados relatos na literatura de
que gramíneas tropicais podem atingir valores de eficiência de conversão de N de até 83 kg de
MS por kg de N aplicado58
. Contudo, em ampla revisão de literatura, Martha Júnior et al.59
verificaram que na média de 382 observações com gramíneas forrageiras tropicais, a
eficiência de conversão de N foi de 26 kg de MS por kg de N aplicado, sendo as maiores
eficiências médias verificadas em doses de até 150 kg/ha de N.
Para a escolha das doses adequadas de N, deve-se levar em consideração, também, a
taxa de recuperação de N pelas forrageiras, para que seja possível montar estratégias que
máxime a utilização de N, minimizando as perdas e o impacto ambiental. De acordo com
Martha Junior et al.59
, em pastagens tropicais a taxa de recuperação de N na parte aérea da
26
planta pode variar de 15 a 60%, dependendo de uma série de fatores, como: fonte e manejo de
aplicação. Sendo que, o aumento da dose de nitrogênio, diminui a porcentagem de nitrogênio
recuperado60
. Este comportamento pode ser comprovado pelo trabalho de Silva61
, que
avaliando a eficiência da adubação nitrogenada do capim Marandu, observou que a menor
taxa de recuperação de N (45%) foi quando se utilizou a dose de 300 kg/ha-1
, já a maior taxa
de recuperação de N (92%) foi observada quando se utilizou a dose de 100 kg/ha-1
.
Assim, para escolha das doses de N a serem aplicados no solo, devem ser levados em
consideração o valor nutritivo das plantas forrageiras, a produtividade almejada, bem como a
recuperação e a eficiência de conversão de N.
2.1 Fontes de nitrogênio para adubação
A adubação nitrogenada de pastagens é um dos fatores mais importantes na
determinação do nível de produção e também do valor nutritivo de forragem, sendo a ureia, o
fertilizante nitrogenado mais comumente utilizado. No Brasil, cerca de 45% do N consumido
é na forma de uréia, 25% como sulfato de amônio e 12% como nitrato de amônio62
.
Como características comuns, os fertilizantes nitrogenados apresentam alta
solubilidade em água e pronta disponibilidade para a planta. A ureia apresenta 45% de N
solúvel em água e é higroscópica, ou seja, é adsorvida com facilidade a umidade do ar. No
solo, parte do nitrogênio presente na ureia transforma-se em amônia gasosa, e depois em
nitrato. O sulfato de amônio apresenta menor solubilidade de N em água que a ureia (21%) e
também é menos higroscópico63
.
A alta adoção da ureia como fonte nitrogenada é atribuída, além da alta concentração
de nitrogênio, a baixa corrosividade, facilidade de manipulação, efeito acidificante moderado,
menor relação custo por unidade de nutriente e a excelente resposta em termos de produção e
qualidade das forrageiras64
.
Contudo, a ureia, ao ser aplicada na superfície do solo, pode resultar em perdas de N,
seja pela perda de nitrato por lixiviação, volatilização de amônia e perda de óxido nitroso
durante os processos de desnitrificação. Com isso, pode ser observado elevado potencial de
perda por volatilização da amônia65
. As perdas de N, aplicado em forma de ureia, podem estar
associadas a falta de chuvas e também a temperaturas mais elevados logo após a aplicação da
ureia66
.
Dessa forma, surge a necessidade de buscar novas fontes de nitrogênio para a
substituição da ureia. As alternativas para aumentar a eficiência de uso do N pelas culturas
estão relacionadas ao uso de fertilizantes de liberação lenta e fertilizantes estabilizados67
. Os
27
fertilizantes de liberação lenta, ou seja, de baixa solubilidade em relação a fonte de referência,
são classificados em dois grupos, que são: compostos de condensação de ureia e ureia-
aldeídos - ureaformaldeído (38% de N), isobutilidene diuréia (IBDU, 31% de N),
crotonilidene diuréia (CDU, 32% de N); e, produtos encapsulados ou recobertos - ureia
recoberta com enxofre (SCU) e ureia recoberta com polímeros (Osmocote, Meister, Nutricote
e outros).
A grande limitação a utilização destes fertilizantes é o alto custo de produção, que
pode chegar até 3 vezes mais que o dos fertilizantes convencionais. Contudo, estão sendo
realizadas pesquisas e buscas por métodos de produção mais econômicos e com preços de
venda mais competitivos67,68
, mas que também seja possível manter ou elevar a produtividade.
Ademais, a maior eficiência e a menor perda de N dos fertilizantes de liberação lenta
podem compensar o custo67,68
. Breda et al.69
, observaram maior eficiência na utilização de
ureia revestida com polímeros, devido a redução das perdas de NH3, ocasionadas por
volatilização. Assim, observa-se melhor aproveitamento do N pelas plantas, e também
incremento na produtividade. A redução das perdas de N com fertilizantes de liberação lenta
pode ser atribuída a barreira física que eles possuem, que é uma película que recobre os grãos
de ureia, resultando na lenta liberação70
.
Nas condições do Bioma Cerrados, estudos sobre a utilização de fertilizantes
nitrogenados de liberação lenta, visando a redução de perdas de N, ainda são incipientes,
justificando-se, assim, a realização de pesquisas com este objetivo.
2.3 Manejo de pastagens e sua associação com a produção e valor nutritivo de forragens
A crescente valorização do preço da terra e a tecnificação dos sistemas de produção e
a busca por rentabilidade, faz com que sejam utilizadas técnicas de manejo que elevem os
índices produtivos, tais como as pastagens. Portanto, as técnicas, como maior intensidade de
pastejo ou alturas de corte e colheita da forragem, devem ser utilizadas de forma racional,
elevando a produtividade das pastagens e também o desempenho dos animais, sem atingir
algum estádio de degradação ou pastejo excessivo71
.
Além disso, a produtividade de uma forrageira é influenciada por fatores, como as
condições climáticas, edáficas e de manejo72
. Para isso, é necessário conhecer os aspectos
morfológicos que regem os processos fisiológicos da planta forrageira para que a escolha do
manejo a ser adotado respeite o potencial e os limites biológicos da forrageira utilizada73
.
A manipulação do processo de desfolha e combinações entre frequência e
intensidade de corte ou pastejo pode resultar em respostas diferenciadas em produção e valor
28
nutritivo da forragem produzida, ocasionado variações da área foliar. As variáveis
morfogênicas são influenciadas por fatores tais como água, luz, nitrogênio e temperatura. Já
as variáveis estruturais são influenciadas pelas respostas morfogênicas e pela frequência e
intensidade de corte ou pastejo74
. Assim, podem ser observados diferentes densidades
populacionais de perfilhos e alteração no tamanho das folhas, além de maior ou menor
aproveitamento da forragem em decorrência da alteração do manejo de corte.
As técnicas de manejo de plantas forrageiras têm como objetivo obter o máximo
potencial de produção da forrageira, bem como a maior área foliar. Em adição a isso, são
utilizadas a fim de possibilitar a colheita da maior quantidade de material produzido, evitando
as perdas por senescência. Ao se utilizar regimes intenso de desfolha, são observados
perfilhos com folhas mais curtas e em maior densidade. Com estas modificações estruturais
ocorre a manutenção da dinâmica de crescimento das plantas forrageiras, garantindo
produtividade pela melhor captação dos recursos do meio75
.
Pastos manejados sob regimes intenso de desfolha, também, apresentam maior
proporção de folhas e menor de colmo, em comparação a pastos manejados com maior altura.
A maior proporção de laminas foliares, em relação a outros componentes, corresponde a uma
condição importante para atender as necessidades nutricionais dos animais76
. Em resultado
disso, é possível observar maior volume nutricional e também maior consumo de forragem77
.
Isso ocorre porque a altura de manejo das pastagens influencia a composição química
das plantas, que está associada ao valor nutritivo e a qualidade das plantas. A maior altura de
corte também está relacionada a maturidade das plantas, consequentemente, à redução do teor
de proteína e de minerais. Em forrageira com maior maturidade, o maior acúmulo de fibra em
detergente neutro nas laminas foliares e as folhas mais velhas senescem e perdem água78
. O
alongamento dos colmos, em decorrência da maior altura de corte, resulta em redução na
digestibilidade e aumento da fração fibrosa indigestível, sendo então indesejável do ponto de
vista nutricional79
.
O teor de fibras das plantas forrageiras é usado como índice qualitativo negativo na
avaliação de forragens. Pois, este afeta o consumo dos alimentos pelos animais, visto que,
apesar de a parede celular possa ser digerida e aproveitada pelos microorganismos do rúmen,
a digestão não ocorre por completo. A redução do teor proteico também afeta o consumo e o
desempenho dos animais, pois a oferta de alimentos com teor proteico abaixo de 7%, provoca
diminuição da atividade dos microorganismos do rúmen, das taxas de digestão e de passagem
do alimento e, também, no consumo voluntário41
.
29
Dentre as técnicas de manejo, uma que se destaca pela acessibilidade e pela
facilidade de obtenção é a altura de pastejo, seja de entrada, saída ou corte. A altura ideal, que
varia de espécie para espécie, pode ser utilizada para relacionar adequadamente o crescimento
da pastagem, a estrutura do dossel, com sua utilização e as respostas em consumo e
desempenho animal80
. Assim, são observadas relações consistentes entre as respostas tanto
das plantas como dos animais sob pastejo e a altura da pastagem. Com isso, alternativas de
manejo podem incrementar a produtividade e o valor nutritivo da forragem produzida76
.
A cinética de degradação e a fermentação ruminal da Brachiaria brizantha cv.
Marandu, foi avaliada por Castro et al.81
observaram que a medida que aumenta a altura de
corte e a idade da planta há um incremento no teor de MS, fibra em detergente neutro e ácido,
mas para o teor de proteína bruta houve redução. Os referidos autores também observaram
maior produção de gases para as forrageiras mais jovens, indicando assim maior taxa de
fermentação, principalmente, nas primeiras horas de avaliação. Isto indica que forrageiras
mais jovens ou colhidas em menores alturas apresentam maior proporção de fibra de rápida
digestão41
.
Em trabalho realizado para avaliar a intensidade de corte em Brachiarias cv.
Marandu e Xaraés, Flores et al.82
observaram menor acúmulo de massa forrageira à medida
que se reduziu a altura de corte. No mesmo estudo, foi observado aumento no teor de matéria
seca e redução da digestibilidade, no teor de proteína bruta e no teor de fibra em detergente
neutro.
Efeito da altura de corte sob o valor nutritivo e o consumo de matéria seca também
foi observado por Carloto et al.77
, ao avaliarem capim-xaraés. Resultados semelhantes foram
obtidos por Bauer et al.83
, que avaliando forrageiras tropicais (B. brizantha cv. Marandu, B.
brizantha cv. Xaraés, B. decumbens, B. ruziziensis e B. híbrida cv. Mulato) concluiram que as
diferentes intensidades de corte adotadas, modificaram as características estruturais das
forrageiras, afetando a produção de forragem, o percentual de folhas e as perdas por
senescência, o que influencia também na qualidade da planta.
Desta forma, a altura de corte pode ser utilizada como um guia para a colheita e
utilização da forragem no momento ideal, sendo este o ponto de equilíbrio entre a produção e
também o valor nutritivo da forragem. De posse desta informação, é possível determinar
faixas de manejo adequadas para as diferentes espécies forrageiras utilizadas. Devendo-se
ressaltar que, estratégias de pastejo, como diferentes alturas de corte, levam a diferentes
estruturas do dossel forrageiro e, por isso, os animais podem ter acesso a plantas de maior
qualidade nutricional, resultando em maior flexibilidade no sistema de produção,
30
considerando não só os limites da planta como também a eficiência adequada de colheita da
forragem84
.
2.4 Técnica de produção de gases in vitro para avaliação nutricional de pastagens
O conhecimento do valor nutritivo das pastagens possibilita o delineamento das
estratégias de manejo e também formulação de dietas adequadas que resultem no aumento da
produção animal85
.O valor nutritivo de um alimento é dependente da sua composição
química, da digestibilidade e do nível de aproveitamento que apresenta. Assim, apenas a
análise química fornece informações importantes, mas não suficientes para estimar o valor
nutritivo da forragem86
.
O teor da digestibilidade dos alimentos é fundamental para definir a qualidade
nutricional da dieta, visto que é a digestibilidade que informa o quanto de nutrientes serão
efetivamente aproveitados pelo animal, ou seja, informa a fração do alimento que é degradada
e absorvida pelo animal e qual é a cinética desta digestão87
.
A parede celular da forrageira é uma importante fonte de energia ao ruminante.
Dessa forma, a elevada eficiência da produção animal é obtida através da maximização da
utilização da energia fornecida pela parede celular. Para que isso ocorra, é necessário que os
microorganismos ruminais tenham acesso rápido a essas porções das plantas, seja pela
trituração, mastigação e ruminação do alimento ou outros fatores relacionados ao arranjo da
parede celular. O resultado é maior digestibilidade da planta, taxa de passagem das partículas
pelo rúmen e, também, ingestão de forragem88
.
Assim, o valor nutritivo, a digestibilidade e o consumo de alimento são dependentes
da cinética da digestão no rúmen. Tendo em vista a necessidade de determinar esses
processos, foram desenvolvidas técnicas que predizem com precisão o coeficiente de
digestibilidade dos alimentos, podendo ser técnicas in vivo, in situ e in vitro87
.
A técnica in vivo de avaliação da digestibilidade é a que apresenta os resultados mais
preciso de todos, por serem avaliados diretamente nos animais. Contudo, estas técnicas são
limitadas por fatores tais como a necessidade de ter um número representativo de animais
homogêneos para serem mantidos durante um período de adaptação e de amostragem, e
também os elevados custos de avaliação em grande escala, elevado tempo demandado e
grande volume de alimento89
. Ademais, as avaliações in vivo estão sujeitas ao erro associado
ao uso de indicadores que auxiliam na medição do fluxo da digesta, marcadores microbianos e
variação inerente ao animal90
. Dessa forma, a utilização de técnicas in vivo é, muitas vezes,
inviabilizada, principalmente quando se avaliam mais de um alimento87
.
31
Como forma de contornar esses problemas, foram desenvolvidas técnicas in vitro que
são menos onerosas, de mais fácil aplicação e controle das condições experimentais, além de
serem altamente correlacionadas com resultados obtidos in vivo91
. Os procedimentos in vitro
recriam as condições do rúmen e do abomaso, permitindo a predição dos valores de
digestibilidade que seriam obtidos in vivo92
.
As técnicas in vitro apresentam como vantagens a rapidez, uniformidade físico-
química do microambiente de fermentação e na conveniência de não se manterem tantos
animais fistulados. Contudo, devem ser observados alguns fatores que podem levar a falhas na
técnica e na obtenção dos resultados, são eles: inoculo inadequado, tampões ou equipamentos
que garantam condições de pH, anaerobiose, biomassa microbiana e nutrientes essenciais para
a mesma41
.
Dentre as técnicas laboratoriais para avaliação de alimentos, está a de produção de
gases, que foi desenvolvida para predizer a fermentação de alimentos para ruminantes. Nesta
técnica, o alimento é incubado com liquido ruminal, e os gases produzidos são medidos como
indicadores indiretos da cinética de fermentação. O alimento, ao ser incubado, passa pela
degradação, e a fração degradada pode ser fermentada, produzindo gases e ácidos da
fermentação ou ser incorporada à biomassa microbiana93
.
Os resultados oriundos da técnica de produção de gases in vitro fornecem
informações relevantes para interpretação do valor nutricional do alimento avaliado e também
as respostas animais. Os dados de produção de gases in vitro, quando complementados com
outros dados como composição química do substrato e/ou sua digestão in vitro, podem ser
úteis para predizer os fenômenos relacionados com o funcionamento do rúmen94
.
A primeira metodologia desenvolvida para determinar a degradabilidade ruminal
potencial ou a fermentabilidade de um alimento por medição dos gases produzidos por um
alimento foi desenvolvido por McBee95
e Hungate92
. Estas técnicas foram adaptadas e
aprimoradas até a, atualmente, mais utilizada técnica de produção de gases desenvolvida por
Theodorou et al.96
. A técnica de produção de gás in vitro proposta por Theodorou et al.96
,
consiste na incubação de amostras de alimentos em garrafas com um medidor de gás
acoplado. O volume de gás produzido durante a fermentação do alimento é, então, medido por
uma seringa plástica graduada. A quantidade de gás produzida é medida entre períodos de
tempo definidos, formando assim a curva de degradação do alimento.
Esta técnica permite predizer, em laboratório, a digestibilidade da matéria seca e
matéria orgânica, a taxa de fermentação das frações dos alimentos e a síntese microbiana
ruminal. Os gases produzidos são oriundos da degradação microbiana dos alimentos e
32
também da reação do tampão com os ácidos gerados como resultado da fermentação97
. Assim,
os resultados desta técnica são um indicador dos produtos finais produzidos, como a produção
de gases e também a de ácidos graxos de cadeia curta, os quais são as principais fontes de
energia para os ruminantes98
.
É observado relação entre a cinética da degradação ruminal e o ritmo fracional da
produção de gases in vitro, com o perfil de carboidratos, da proteína dos alimentos e do teor
de extrato etéreo. De posse destas informações, é possível obter a sincronia entre a
degradação de nitrogênio e carboidratos no rúmen, maximizando a eficiência da síntese de
proteína microbiana e reduzindo as perdas energéticas e nitrogenadas decorrentes da
fermentação ruminal. Como consequência, é possível predizer o desempenho dos animais a
partir dos ingredientes presente na dieta99,100
.
Como vantagem do método de produção de gás in vitro está a possibilidade de
determinar a cinética de fermentação em uma única amostra. Assim, é necessária uma
quantidade relativamente pequena de amostra, podendo ser avaliado um maior número de
amostras ao mesmo tempo, resultando na obtenção de várias observações. Com isso, são
observadas altas correlações entre os resultados das análises in vitro e in vivo101
.
Ao comparar o método de digestibilidade in vitro por produção de gás no período de
48 horas com métodos in situ e in vivo para amostras de silagem de milho com alta MS,
Campos et al.102
observaram que os teores de digestibilidade obtidos pelo método in vitro e in
situ não difeririam entre si (65,2% e 65,4%). Contudo, na mesma pesquisa, foi observado que
o método in vivo apresentou maior digestibilidade (66,4%) que os demais métodos. Por outro
lado, ao avaliarem silagem com baixa MS, os três métodos apresentaram teores de
digestibilidade semelhantes.
Comportamento semelhante foi observado por Campos et al.102
, que ao comparar os
métodos do sistema de monitoramento computadorizado de digestão in vitro, in vivo e in situ,
utilizando resíduo de forragem, concluíram que a quantificação do desaparecimento da
matéria seca e fibra em detergente neutro pelo método in vitro de produção de gás se
assemelha aos demais métodos, validando assim esta metodologia.
Complementar a técnica in vitro de produção de gases, a técnica gravimétrica de
degradabilidade ruminal “in situ”, fornece informações importantes sobre a cinética de
degradação ruminal dos alimentos. Esta técnica se baseia no desaparecimento dos alimentos
durante o processo fermentativo ruminal, servindo como fonte valiosa de informação
nutricional 103,104
.
33
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CAPÍTULO 2
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CAPÍTULO 2 - PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM
MULATO II SOB DOSES E TIPOS DE UREIA
RESUMO
Objetivou-se avaliar a produção de massa verde (PMV) e seca (PMS) a relação
folha:colmo (RFC), a composição químico-bromatológica, a recuperação aparente de
nitrogênio (RAN), a eficiência de conversão aparente de N (ECAN) e produção de proteína
bruta, por hectare, do capim Mulato II sob adubação nitrogenada, utilizando duas fontes de
N. Os tratamentos foram constituídos por quatro doses de N: (0; 50; 100 e 150 kg ha-1
), tendo
como fontes ureia comum e ureia protegida. O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado em um arranjo fatorial 4 x 2, com três repetições, totalizando 24
parcelas experimentais. Adotou-se a altura pré corte de 0,35 m e altura residual de 0,15 m.
Não foram observadas diferenças (P>0,05) para a interação doses x fontes de N. A fonte de
nitrogênio influenciou (P<0,05) a produção de massa verde PMV, que foi 29.607 kg ha-1
e
36.739 kg.ha-1
; produção de massa seca PMS, com valores médios de 7.935 kg.ha-1
a 9.576
kg.ha-1
e a relação folha:colmo, com médias de 3,57 e 3,54, para a ureia comum e ureia
protegida, respectivamente. As variáveis (PMS e RFC) não diferiram em função das doses de
N. Os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HEM), não foram
influenciados pela interação entre dose x fontes de N. Foram observados efeitos das doses de
N para os teores de MS (25,3 e 24,7%) e PB (10,7 e 8,6%), para ureia comum e ureia
protegida, respectivamente, no período I. No período II, apenas os teores de PB foram
influenciados pelas doses de N, com valores médios de 8,5 e 7,7%, para a ureia comum e
ureia protegida, respectivamente. Os teores da FDN foram influenciados pelas fontes de N,
com valores médios de 58,9 e 56,4%, para ureia comum e ureia protegida, respectivamente.
As doses de N influenciaram a taxa de aparecimento de material morto na pastagem. As
fontes de N não afetaram a recuperação aparente de N, mas as doses de N diferiram em
relação a esta variável, tendo apresentado valor médio de 29,6% na dose equivalente a
aplicação de 150 kg N ha-1
. A eficiência de conversão de nitrogênio (ECAN), não diferiu
entre as fontes de N avaliadas, mas diferiu entre as doses de nitrogênio, com valores médios
de 45,02; 28,79 e 19,58 kg MS por kg N. O mesmo foi observado para produção de proteína
44
bruta por hectare, cujos valores médios foram da ordem de 165,27; 247,68; 318,52 e 762,34
kg PB ha-1
, para as doses 0; 50; 100 e 150 kg N ha-1
.
Palavras-chave: adubação nitrogenada, eficiência de conversão de N, fibras, produção
de biomassa, proteína bruta e recuperação de N.
45
ABSTRACT
The objective was to evaluate the green (GMP) and dry mass production (DMP), the leaf-stem
ratio (LSR), the chemical composition, the apparent nitrogen recovery (ANR), the apparent N
conversion efficiency (ANCE) and crude protein production per hectare from the Mulato II
grass under nitrogen fertilization, using two N sources. Treatments consisted of four N doses:
0, 50, 100 and 150 kg ha-1
), been the N sources, the common urea and the protected urea. The
experimental design was completely randomized in a 4 x 2 factorial arrangement with three
replications, totalizing 24 experimental plots. The pre-cut height used was 0.35 m and the
residual height was 0.15 m. No differences (P>0.05) were observed for the doses x sources
interaction. The nitrogen source influenced (P<0.05) the green mass production (GMP),
which was 29,607 kg ha-1
and 36,739 kg ha-1
; the DMP, which average values were 7,935 kg
ha-1
and 9,576 kg ha-1
and the leaf: stem ratio, with means of 3.57 and 3.54, for common urea
and protected urea, respectively. The variables DMP and LSR presented no difference
function to N doses. The contents of dry matter (DM), mineral matter (MM), crude protein
(CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF) and hemicelulose (HEM)
were not affected by the dose x source interaction. We observed effect from the N dose on
DM (25.3 and 24.7%) and CP (10.7 and 8.6%), respectively for common urea and protected
urea at period I. At evaluation period II only CP levels were influenced by N rates, with mean
values of 8.5 and 7.7%, for common urea and protected urea, respectively. The NDF contents
were influenced by N sources, with mean values of 58.9 and 56.4%, for common urea and
protected urea, respectively. Nitrogen rates influenced the dead material appearance rate in
pasture. The N sources did not affect the apparent N recovery, but the N doses differed in
relation to this variable, and presented an average value of 29.6% at the dose equivalent to the
application of 150 kg N ha-1
. The nitrogen conversion efficiency (ANCE) did not differed
function to N sources, but differed among nitrogen doses, with mean values of 45.02; 28.79
and 19.58 kg DM / kg N applied. The same was observed for crude protein production per
hectare, which average values were of the order of 165.27; 247.68; 318.52 and 762.34 kg CP
ha-1
for the doses 0; 50; 100 and 150 kg N ha-1
.
Keywords: Nitrogen fertilization, N conversion efficiency, fibers, biomass production, crude
protein, N recovery.
46
1. INTRODUÇÃO
Na sua grande maioria as pastagens estão em processo de degradação e ações que
visam promover a atividade pecuária mais rentável estão relacionadas com o aumento da
produtividade. Nesse sentido, as gramíneas do gênero Brachiaria são adaptáveis às diversas
condições de solo e clima, apresentando vantagens sobre outras espécies forrageiras quando
se trata de produções satisfatórias de forragem em solos com baixa a média fertilidade, além
de flexibilidade ao pastejo.
Diante da atual pressão por terras agricultáveis para a produção de grãos, cana-de-
açúcar e consequente aumento na produtividade, faz-se necessária a adoção de novas
tecnologias de manejo e adubação, genótipos que visem a intensificação do sistema de
produção com forrageiras tropicais.
Os novos genótipos do gênero Brachiaria, lançados recentemente, necessitam de
estudo detalhado que tenham por objetivo determinar parâmetros que fundamentem o manejo
adequado destes genótipos. Neste contexto, se faz necessário a realização de pesquisas
exploratórias visando a avaliação da sua persistência, potencial de produção, descrição dos
seus componentes morfológicos, composição químico-bromatológica e valor nutritivo.
O nitrogênio é o nutriente mais exigido pela planta, geralmente em solos do bioma
cerrado esse nutriente quando encontrado, esta abaixo da exigência da planta, assim como
qual fonte de nitrogênio utilizar, existem fontes de nitrogênio com quantidades diferentes,
como exemplo tem-se ureia comum com 45% de nitrogênio e o sulfato de amônio com 21%
de nitrogênio, neste caso utilizou-se ureia comum e ureia protegida de liberação lenta como
fontes de nitrogênio.
A adubação nitrogenada como é essencial ao cultivo de forrageiras pela melhora do
aporte produtivo e nutricional, com o intuito de aproveitar melhor esse recurso utilizou-se
como fonte de N a ureia de liberação lenta, para comparação de respostas frente a ureia
convencional.
Objetivou-se através desse trabalho descrever e explicar a produção, composição-
química e recuperação do nitrogênio do capim mulato II sob adubação nitrogenada, utilizando
fontes de N.
47
2.MATERIAL E MÉTODO
2.1. Local do experimento
O experimento foi conduzido nas dependências do Departamento de Zootecnia da
Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, localizada no município de Goiânia-
GO (16º 36’ latitude sul, 49º 16’ longitude oeste e altitude de 727 m). O solo da área
experimental é classificado como Latossolo Vermelho distrófico1. Para fins da caracterização
química e física do solo foram coletadas amostras deformadas de terra na profundidade de 0 a
20 cm. As análises foram realizadas a partir de subamostras compostas do solo antes do
estabelecimento das parcelas experimentais, cujos resultados se encontram na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultados das características químicas e física da terra da área experimental
pH S P* P** K K Ca Mg H+Al Al CTC
CaCl2 ..............mg/dm3.................. .........................cmol/100dm
3.............................
5,0 13 2 5 120 0,31 1,7 0,7 2,2 0,0 5,0
Argila Silte Areia Sat.Base Sat.Al M.O Ca/CTC Mg/CTC K/CTC
---------------------------------------------------------------%----------------------------------------------
45 19 36 56 0 2,7 34 14 6
*P-Mellich 1 ** P- Resina
O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen2, é o Aw (quente e semi-
úmido, com estações bem definidas, a seca, dos meses de maio a outubro e as águas, entre
novembro e abril) com temperaturas mínimas de 13 ºC e máximas de 32 ºC no decorrer do
ano. Os dados climáticos referentes ao período experimental que compreende de dezembro de
2014 a junho de 2015 (Tabela 2) foram obtidos na Estação Evaporimétrica de Goiânia
localizada na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de
Goiás, situada à 1 km de distância da área experimental.
48
Tabela 2 - Descrição das condições climáticas mensais ao longo do período experimental em
Goiânia, Goiás
Variável Ambiental Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
2014 – 2015
Insolação (h) 218,4 143,3 139,2 252,3 144,6 141,0 175,6 204,5 239,8
Temp. máxima (̊C) 34,0 30,9 29,9 33,0 30,3 29,8 30,9 29,7 30,1
Temp. mínima (̊C) 18,1 20,2 19,8 18,9 19,3 19,7 19,5 16,4 13,4
Precipitação (mm) 53,5 140,0 247,2 47,4 149,4 224,5 216,7 48,4 0
2.2 Preparo de solo e implantação do experimento
O preparo do solo foi o convencional com uso de duas gradagens, sendo uma com
grade aradora e outra com grade niveladora antecedendo o plantio. As unidades experimentais
(parcelas) foram estabelecidas em dezembro de 2013 através de semeadura manual utilizando-
se uma taxa de semeadura de 12 kg de sementes puras viáveis (SPV)/ha. Segundo Marta
Junior3, nas adubações de formação foram aplicados 140 kg de P205 (SS), além do equivalente
a 50 kg de micronutrientes (FTE BR12)/ha, sem a necessidade de calagem3.
A área experimental tem um histórico de aproximadamente treze anos de cultivo de
culturas de milho e sorgo destinadas a produção de silagem, o que pode juntamente com os
resultados da analise de solo demonstrar o resíduo de fertilidade deste solo, justificando
assim, a produção de matéria seca obtida no tratamento controle.
O corte de nivelamento foi realizado em 05 de dezembro de 2014, ocasião em que
foram aplicados os tratamentos (0; 50; 100 e 150 kg.ha-1
de N). As doses equivalentes a 100 e
150 kg/ha-1
de N, foram parceladas em duas aplicações em cobertura a primeira juntamente
com o corte de nivelamento e a segunda aplicação para as doses de 100 e 150 kg/ha-1
de N foi
dia 25 de fevereiro de 2015, como tentativa de diminuir as perdas conforme discorre Martha
Junior3. Os cortes de avaliação foram realizados até 19 de junho de 2015.
As parcelas foram mantidas por meio de corte mecânico com altura média de 35 cm
até o início das avaliações experimentais.
Cada uma das unidades experimentais (parcelas) era constituída por 2,0 m x 3,0 m,
totalizando área de 6 m2
, separadas por corredores de 0,5 m de largura. Para as avaliações
agronômicas e determinação do valor nutricional relativo às respostas da forrageira aos
tratamentos aplicados, determinou a altura de 0,35 m como definidor do critério de altura e
resíduo de 0,15 m. O monitoramento das condições experimentais foi feito por meio de
49
avaliações periódicas de altura do dossel forrageiro utilizando um bastão graduado e uma
folha de acetato que, ao deslizar pelo bastão, pára na altura do plano de horizonte de folhas,
sem causar distúrbio na superfície do dossel4.
Para o tratamento utilizando ureia comum, a média de dias de corte foi de 93, 66, 60 e
70 dias e para o tratamento utilizando ureia protegida foi de 80, 62, 55 e 52 dias para as doses
de 0, 50, 100 e 150 kg/ha de N respectivamente.
O período I compreende os meses de dezembro de 2014, janeiro e fevereiro de 2015 e
o período II de março a junho de 2015.
No período I, utilizando ureia comum, ocorreram, respectivamente, um corte para as
doses 0, 50, 100 kg/ha de N e 1,33 cortes para a dose 150 kg/ha de N e para o período II foi
um corte para todas as doses. Para ureia protegida, no período I ocorreram 0,33 corte para a
parcela testemunha, e um corte para as demais doses, enquanto para o período II, ocorreram
um corte para as doses 0 e 50 kg/ha de N e 1,33 cortes para as doses 100 e 150 kg/ha de N.
Parecer do conselho de ética referente ao projeto de pesquisa com protocolo n. 116/15
"Avaliação de desempenho de Brachiaria híbrida e convencional comparando suas
performances com adubação nitrogenada com diferentes doses". De acordo com a
documentação apresentada à CEUA, consideramos o projeto APROVADO em reunião
realizada 07 de março de 2016.
2.3 Delineamento experimental e tratamentos
O capim Mulato II foi submetido a um delineamento experimental inteiramente
casualizado em esquema fatorial 4x2, doses de nitrogênio (0, 50, 100 e 150 kg/ha-1
) e duas
fontes de N: ureia (convencional e ureia protegida) e três repetições, totalizando 24 unidades
experimentais.
A proteção da ureia utilizada foi com polímeros e a tecnologia utilizada foi a kimcoat,
o revestimento dos grânulos de ureia com polímeros foi efetuado pela própria empresa
detentora da tecnologia, é uma tecnologia desenvolvida pela Kimberlit composta de camadas
de aditivos. Os aditivos presentes no Kimcoat N protegem o fertilizante nitrogenado (ureia)
das principais perdas que ocorrem no processo de adubação, como: volatilização de amônia
(NH3), nitrificação e desnitrificação e permitem a maior presença do nitrogênio na forma de
amônio (NH4+) no solo.
O manejo da forragem foi constituído por regimes de desfolhação intermitente, cujas
alturas pré e pós-corte foram de 0,35 e 0,15 m, respectivamente. Para fins de avaliação foram
excluídas 0,50 m das extremidades de cada parcela considerando o efeito da bordadura. Os
50
cortes foram realizados com o auxílio de roçadeira costal. Assim como em trabalhos em que
interceptação luminosa é o critério para determinar o momento da colheita da forragem, o
presente trabalho baseado em alturas não possibilitou a determinação de datas específicas de
corte.
2.4 Acúmulo de forragem, composição morfológica
Para a estimativa de forragem acumulada ao final de cada ciclo de rebrotação, foram
realizadas, a cada evento de colheita, amostragens para quantificar a forragem acumulada
acima da altura do resíduo, utilizando-se duas molduras metálicas retangulares de 0,5 m2 (0,5
x 1,0 m), com pés de 0,15 m de altura, dentro de cada parcela (unidade experimental),
pesando-se o material fresco no campo com auxílio de balança e subamostrada. A
subamostra, de aproximadamente 500 g, também foi pesada no campo, levada para secar em
estufa de circulação forçada a 55 ºC, por 72 h, e posteriormente pesada para determinação do
teor de matéria pré seca. Com esses valores calculou-se o peso seco da amostra. Taxas
médias de acúmulo foram calculadas para cada intervalo de rebrotação. Assim, o acúmulo
de forragem de cada rebrotação foram os resultados da massa de forragem colhida acima da
altura de resíduo. A produção total de forragem foi calculada através da soma da forragem
acumulada acima do resíduo em todas as colheitas durante o experimento.
As amostras de forragem coletadas (forragem acumulada) foram subamostradas e
separadas manualmente em seus componentes morfológicos (folhas, colmo e/ou pseudocolmo
e material morto). Todo o material foi seco em estufa de circulação forçada a 55ºC, por 72 h.
Estes dados foram utilizados para determinação da porcentagem de cada componente na
massa de forragem e do índice de área foliar em cada unidade de amostragem (moldura).
Valores médios foram gerados para cada parcela.
2.5 Composição bromatológica
Das amostras coletadas da forragem acumulada foram retiradas subamostras que
foram secas em estufa a 55 ºC, por 72 horas, moídas em moinho tipo Willey, com peneira de
crivo de um (1) milímetro, e posteriormente analisadas para determinação dos teores de
matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA),
proteína bruta (PB), matéria mineral (MM), hemicelulose (HEM) e lignina (LIG), de acordo
com metodologia descrita por 5.
51
2.6 Eficiência de conversão, recuperação aparente do nitrogênio e produção de
proteína bruta por hectare
Para determinação da eficiência de conversão aparente de nitrogênio (ECAN) e da
recuperação aparente do nitrogênio (RAN) utilizaram-se os cálculos: ECAN = kg de MS
produzida por kg de N aplicado e % RAN = 100 x [(nitrogênio total absorvido na parcela com
adubação (kg/ ha) – nitrogênio total absorvido na parcela sem adubação (kg/ha)/dose de
nitrogênio aplicada (kg/ha)], respectivamente6.
2.7 Delineamento experimental e análise estatística
O delineamento experimental utilizado foi o fatorial 2x4, sendo duas fontes e quatro
doses de N, com três repetições, totalizando 24 parcelas.
O modelo estatístico utilizado foi o seguinte:
Yjk=µ+Dj+Fk+(DF)jk+ejk
Onde:
Yjk = Valores observados nas variáveis
µ = Média da característica
Dj = Efeito da i ésima dose de nitrogênio
Fk = Efeito da j ésima fonte de nitrogênio
(DF)jk = Efeito da interação da i ésima dose com a j ésima fonte de nitrogênio
ejk = Erro experimental associado
Para os valores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido
(FDA), proteína bruta (PB), lignina (LIG), hemicelulose (HEM), celulose (CEL) e matéria
mineral (MM), os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Para os dados de produção de matéria seca, produção de matéria verde e produção de
proteína por hectare, foi feita análise de variância e havendo interação os dados foram
ajustados a equação de regressão.
As análises foram feitas com o auxílio do software estatístico R Core Team.
52
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Produção de massa verde, massa seca e relação folha:colmo
Não houve efeito da interação entre doses x fonte de N (P> 0,05) para a produção de
massa verde (PMV), produção de massa seca (PMS) e a relação folha:colmo (RFC). As
variáveis-resposta (PMS) e (RFC) não teve efeito da dose (P>0,05) de N. Houve efeito linear
da dose de N para PMV. A fonte de N influenciou (P<0,05) a PMV e PMS. Os valores da
produção média de massa verde PMV, produção média de massa seca PMS e relação
folha:colmo estão apresentados na (Tabela 3).
A elevação das doses de N refletiu em aumento de 84,6% na PMV: 22.576 kg/ha (dose
zero); 31.153 kg/ha (dose 50); 37.280 kg/ha (dose 100) e 41.683 kg/ha (dose 150). De acordo
com Martha Jr3 a resposta das pastagens de gramíneas tropicais ao N-fertilizante é expressiva
até doses de 180 kg/N/ha/ciclo de crescimento e, na média, a eficiência de conversão do N-
fertilizante (massa seca de forragem/kg de N) diminui a partir de 120 kg/ha/ciclo de
crescimento3. No presente experimento as doses utilizadas em cada ciclo foram inferiores às
mencionadas pelos referidos autores, sendo o valor máximo de 75 kg de N ha/ciclo, no
tratamento cuja dose total era de 150 kg/ha de N, a qual foi parcelada em duas aplicações.
Tabela 3 - Valores médios da produção matéria verde (PMV), matéria seca (PMS) e relação
folha:colmo (RFC) do capim Mulato II sob doses de nitrogênio e fontes de N:
ureia comum e ureia protegida - período I e II de 2014/2015
Tratamentos PMV kg/ha PMS kg/ha RFC
Doses kg/ha
0 22.576 b 6.739 3,93
50 31.153 ab 8.990 3,31
100 37.280 a 9.618 3,69
150 41.683 a 9.676 3,29
Fonte
Ureia comum 29.607 b 7935 b 3,57
Ureia protegida 36.739 a 9576 a 3,54
Valor de P
Doses 0,005 0,06 0,15
Fonte 0,048 0,05 0,89
Dose x Fonte 0,500 0,64 0,70
C.V. (%) 24,60 22,57 15,21 Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey a
5% de probabilidade.
Em trabalhos avaliando o efeito da adubação nitrogenada em Brachiaria híbrida,
alguns abordam a produção de massa verde (PMV) como Cantarella7 (29.033 kg de MV/ha),
para o Convert, e Bauer8 (4.215 kg/ha de PMV), no período de março a agosto, e adubação
53
nitrogenada empregando de 50 kg de N na (semeadura) para o capim Mulato. No entanto, a os
trabalhos apresentam somente as produções de forragem em massa seca (PMS) de forma que,
dados para efeito de comparação deste parâmetro são relativamente escassos na literatura.
Houve efeito linear positivo (P<0,05), representado pela equação
y=23656.33+126.8933x para PMV capim Mulato II (Figura 1). O aumento em produção de
biomassa devido à aplicação da adubação nitrogenada é bem conhecido na literatura, assim
como sua influência no perfilhamento, na velocidade dos processos de crescimento e
senescência e na estrutura da pastagem9-11
. Esse aumento da biomassa produzida é devido,
basicamente pelo acúmulo do principal constituinte dos tecidos vegetais (carbono), que é o
resultado do processo de fotossíntese e se acumula na forma, principalmente de folhas. Esse
processo é diretamente influenciado pelo teor de nitrogênio presente nos tecidos da planta12,
13. Adicionalmente, relatos que o nitrogênio compõe compostos orgânicos essenciais, como
aminoácidos e proteínas, ácidos nucléicos, hormônios e clorofila14
. Por outro lado, afirma que
falta deste nutriente aumenta o número de gemas dormentes nas plantas15
.
Figura 1- Produção de massa verde (kg/ha-1
de N) do capim Mulato II sob adubação
nitrogenada
Houve efeito (P<0,05) para fonte de nitrogênio (ureia comum e protegida) sobre a
(PMV) e (PMS) sendo que, a adubação com ureia comum gerou menor produção biomassa
(seca e verde) em relação a adubação com ureia protegida. Esse fato pode estar relacionado
com a disponibilização de N da ureia comum, que provavelmente foi fornecido de uma só
vez, aumentando as perdas ou ineficiência na recuperação do N aplicado, enquanto a ureia
protegida promoveu a liberação lenta do N-fertilizante, fazendo com que a planta pudesse
54
aproveitar melhor esse nutriente advindo da fonte que continha tratamento prévio do grânulo
de ureia, gerando um aumento de 24,08% na produção de forragem verde. Tal perspectiva é
suportada por afirmação de que fertilizantes como a ureia protegida agem de forma que ocorra
um retardamento ou maior tempo para sua disponibilidade e a absorção pela planta,
diminuindo, desta forma, as perdas do nitrogênio por lixiviação, volatilização e
desnitrificação16
.
O incremento nas doses de N não refletiu em aumento na PMS não havendo efeito
(P>0,05) entre as doses de N para essa variável. Isso pode ser explicado pelo menor teor de
matéria seca (Tabela 4) da planta como reportado por Cantarella et al7., onde os teores de MS
apresentaram decréscimo em função das doses de N aplicadas, possivelmente porque a maior
disponibilidade de nitrogênio estimulou o crescimento, ocasionando maior acúmulo de água
na planta17, 18
. A cada 40 kg/ha de N aplicado ocorreu redução de 0,56% na porcentagem de
matéria seca de três forrageiras (Tanzânia, Mombaça e Mulato) nesse trabalho.
A produção média de massa seca obtida neste experimento foi de 8.756 kg de MS/ha,
no período experimental (primeiro período). Em dosséis manejados com altura de 0,40 m,
mantidos por lotação contínua, valores obtidos na ordem de 13.400 kg de MS ha/ano, com a
utilização de 250 kg de N/ha/ano e 7.940 kg de MS ha/ano, com a dose de 50 kg/ha-1
de N19
.
Valores de produção média de matéria seca de 10.630 e 10.090 kg/ha, para altura de corte de
0,40 e 0,50 m, respectivamente, durante o período de 90 a 120 dias são relatados20
. No
entanto, os resultados obtidos neste estudo foram superiores aos determinados por Stival21
,
com aplicação única de 80 kg/ha-1
de N, (3.543 kg de MS/ha) com condições edafoclimáticas
semelhantes em área experimental vizinha.
Pesquisadores explicam que a resposta à aplicação de nitrogênio em pastagens
geralmente é de crescimento linear conforme aumenta-se a dose aumenta-se a produção22
. No
entanto, em períodos com elevada temperatura e escassez de água, como observado em
determinado período deste experimento (outubro de 2014 e janeiro de 2015), o potencial de
perda do nitrogênio aplicado, principalmente daquele oriundo da ureia, é aumentado. A
amplitude desse prejuízo está relacionada com a dose aplicada em cada ciclo, sendo mais
elevada com a utilização de doses superiores a 50-60 kg/ha/ciclo3, 22, 23
,explicam que
alterações observadas na produção de forragem também podem estar relacionadas à fonte e ao
parcelamento do nitrogênio, a Figura 2 demonstra a regressão da produção de matéria seca.
55
Figura 2 - Produção de matéria seca do capim Mulato II nos períodos experimentais
A figura 2, ilustra a regressão através da equação y = 9647+4502024(x-64.60533) R2 =
0.2865 da PMS do capim Mulato II, nos períodos I e II, que apresentou comportamento
crescente até a dose equivalente a 64,6 kg.ha de N, com produção de 9.647 kg MS.ha,
estabilizando-se a partir deste ponto.
Adicionalmente, Bonfim-Silva24
observaram que o desenvolvimento e a produção do
capim mulato II é mais prejudicado pelo estresse hídrico por déficit de água (20% da
capacidade máxima de retenção de água do solo) que por condições de alagamento.
Os resultados da relação folha/colmo não foram afetados pelas fontes ou doses de
nitrogênio. No entanto, a adubação com nitrogênio em forrageiras favorece o máximo
desenvolvimento vegetativo, além de influenciar positivamente o seu perfilhamento e
produção de folhas25
.
O limite crítico da relação folha:colmo é igual a 1,0, isto é, uma folha para um colmo,
a relação folha colmo de plantas forrageiras tropicais fica entre um máximo de 7 folhas por
perfilho e um mínimo de uma folha por perfilho limite critico, visando a quantidade e
qualidade da forragem quanto mais folhas por perfilho melhor, pois as folhas consistem na
principal fonte de nutrientes prontamente digestíveis aos ruminantes26
. Preconiza-se que a
maior proporção de volumoso da dieta animal seja de maiores quantidades de folhas em vez
de colmo e material morto25
.
56
3.2 Composição bromatológica
A composição média da forragem do experimento foi dividida em períodos primeiro e
segundo período do ano agrícola de 2014/2015. Os valores médios dos teores matéria seca
(MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra indigestível em detergente neutro
(FDN), fibra indigestível em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HEM) estão descritas na
(Tabela 4) período I e (Tabela 5) período II.
Na época do 1º período, não houve interação (P>0,05) entre doses e fontes de
nitrogênio para nenhuma das variáveis-resposta avaliadas (MS, MM, PB, FDN, FDA e HEM)
do capim Mulato II em nenhum dos períodos. Houve efeito (P<0,05) das doses de nitrogênio
utilizadas na adubação para o teor de MS e PB.
A dose zero, testemunha, apresentou maior teor de MS da forragem. Isso pode ser
explicado pela quantidade de produção de massa verde (PMV) produzida, sendo que doses
maiores de nitrogênio, normalmente apresentam menor concentração de MS devido ao fato de
ter proporcionado maior numero de cortes e, por tanto, maior produção de MV como pode ser
observado na Tabela 3. Esse mesmo comportamento foi observado por Silva-Pause27
em
trabalho conduzido com milheto. Castagnara18
avaliaram três espécies forrageiras (Panicum
maximum cvs. Tanzânia e Mombaça e Brachiaria sp. cv. Mulato), submetidas a quatro doses
de N (0, 40, 80 e 160 kg ha-1
), não verificaram interação significativa entre as espécies
forrageiras e as doses de N aplicadas em cobertura, e também não encontraram diferença
significativa entre as forrageiras para a porcentagem de matéria seca e o número de folhas por
perfilho, sendo os valores médios de 16,83% de matéria seca e 3,15 folhas por perfilho.
Balsalobre28
ressaltaram que plantas novas tendem a ter maior quantidade de água, e diminuir
essa quantidade com a maturidade da planta.
Não foram observadas diferença (P<0,05) para matéria mineral (MM), em função das
doses e fontes de N, para os teores de minerais (Tabela 4).
De acordo com trabalho de Tokarnia29
realizados com forrageiras tropicais, os
minerais, também têm funções essenciais na nutrição dos ruminantes, atuam nos tecidos e
fluidos corporais como eletrólitos para manutenção do equilíbrio ácido-básico, da pressão
osmótica e da permeabilidade das membranas celulares (Ca, P, Na, Cl). Por último,
funcionam como ativadores de processos enzimáticos (Cu, Mn) ou como integrantes da
estrutura de metalo-enzimas (Zn, Mn) ou vitaminas (Co).
57
Tabela 4 – Teores médios de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB),
fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) fibra insolúvel em detergente acido
(FDA) e hemicelulose (HEM) do capim mulato II relativas ao período I.
Tratamento MS % MM % PB % FDN % FDA % HEM %
kg/N
0 28,70 a 8,23 5,07 b 55,34 27,37 27,97
50 27,34 ab 7,66 7,10 b 52,26 27,67 24,59
100 24,47 ab 7,21 9,14 ab 56,44 29,23 27,21
150 20,81 b 8,08 11,18 a 58,98 27,04 22,93
Fontes
Ureia comum 25,29 7,9 10,75 54,16 28,30 25,85
Ureia protegida 24,71 7,7 8,57 52,85 27,35 25,50
Valor de P
Doses 0,050 0,260 0,050 0,100 0,110 0,140
Fontes 0,530 0,600 0,150 0,490 0,150 0,820
Dose e fontes 0,640 0,870 0,880 0,420 0,150 0,300
C.V.(%) 8,85 11,85 6,51 8,67 5,60 15,41 Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si (P>0,05)
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Os teores de (MM) se encontram dentro dos parâmetros de 7,87 a 10,47% na matéria
seca28
. Segundo o autor, há uma tendência de altos teores de (MM) em forrageiras tropicais
adubadas. As concentrações de minerais nas plantas forrageiras são variáveis, pois dependem
da espécie, época do ano, da quantidade do elemento no solo, do tipo de solo e suas condições
(pH, umidade) que afetam a sua disponibilidade para absorção da planta. As exigências
minerais das forrageiras não são as mesmas dos animais e por realizarem diferentes funções
biológicas estão presentes em quantidades e proporções diferentes. A disponibilidade dos
minerais nas plantas é afetada pela presença de ácido fítico e oxálico encontrados nas
membranas celulares celulósicas30
.
Não houve diferença (P>0,05) entre os teores de FDN para as doses e fontes de N,
com variação de 48,98% a 56,44%. O teor de FDN é um dos fatores que mais limita consumo
de volumosos para os ruminantes, e quando acima de 60% da matéria seca, pode interferir no
consumo de forragem pelos animais31
. Aguiar32
relata que teores de FDN em forrageiras
tropicais tem elevado valor, geralmente acima de 65% na fase de rebrotação e de 75% a 80%
em estágios mais avançados de maturação. A FDN está relacionada com a ingestão e as taxas
de enchimento e passagem de alimentos no trato digestivo dos ruminantes, enquanto a FDA
está associada à digestibilidade dos alimentos31
.
Não houve diferença (P>0,05) nos teores de FDA em relação às doses e fontes de N.
Os valores médios determinados foram da ordem de 27,04% a 29,23%. A FDA é constituída,
principalmente, de lignina e celulose, que aumentam suas concentrações com o avanço da
58
maturidade, sendo negativamente, correlacionada a digestibilidade e consequentemente, ao
valor energético das forrageiras31
. A quantidade de fibra indigestível e seu teor deve ser
inferior a 30 % ou menos, pois, estes níveis favorecem o aumento no consumo de MS pelo
animal33
.
A hemicelulose obtida pela diferença entre os teores de FDN e FDA encontrados nesta
pesquisa não diferiram (P>0,05) para as doses e fontes de N. O fato de não haver diferença
significativa para os teores de HEM nas diferentes doses e fontes de N, justifica-se pelo
motivo de não existirem diferenças significativas nos teores de FDN e FDA e estes serem os
parâmetros usados para o cálculo dos teores de HEM.
Os teores de proteína bruta diferiram (P<0,05) entre as doses e fontes de nitrogênio.
Houve efeito linear positivo (P<0,05), representado pela equação y=5.065722+0.0407431x
para os teores de PB da Braquiária Convert HD-364 (Figura 2). No estudo presente a dose
equivalente à aplicação de 150 kg/ha de N, nessas condições experimentais foi a que
proporcionou maior teor de proteína 12,15%, o que pode ser explicado pela maior dose de N
na adubação e melhor aproveitamento pela planta.
Figura 3- Teores médios de proteína bruta (PB), determinados do capim mulato II, adubadas
com nitrogênio no período I.
Benett et al34
avaliado a produtividade e a composição bromatológica do capim
Marandu, sob doses e fontes de nitrogênio, verificaram que com o incremento das doses de N,
ocorreu aumento considerável no teor médio de proteína bruta34
.
A análise de variância no segundo período demonstrou que não houve interação entre
dose de N e fonte de ureia para as variáveis analisadas (P>0,05). Em relação às doses de
nitrogênio, houve diferença (P<0,05) para teor de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB).
59
Houve efeito (P<0,05) para a porção fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) entre as
fontes de ureia (Tabela 5).
Tabela 5 – Teores médios de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB),
fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) fibra insolúvel em detergente acido
(FDA) e hemicelulose (HEM), determinados do capim mulato II, no período II.
Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si (P>0,05)
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Os maiores teores médios de MS foram determinados no tratamento controle, o que
pode ser explicado pelo maior intervalo entre os cortes (80 dias), gerando plantas mais baixas
e em elevado estágio de maturação. À medida que houve aumento da aplicação do N-
fertilizante diminuiu-se o intervalo entre cortes para 55 dias, levando a produção de plantas
com maior teor de água em sua composição.
A MM manteve o mesmo comportamento dos dados coletados no primeiro período
(Tabela 4). Os teores de proteína bruta (PB) sofreram a influência (P<0,05) das doses de N
com crescimento linear 5,3; 6,95; 9,22 e 11,16 % para as doses de 0, 50, 100 e 150,
respectivamente.
Na adubação com ureia protegida a porção fibra em detergente neutro (FDN) foi
significativo (P<0,05), em relação a ureia comum, muito provavelmente devido sua liberação
ser lenta, não coincidindo com a necessidade da planta. Essa resposta está relacionada à
Variáveis
Tratamento MS % MM % PB % FDN % FDA % HEM %
kg/N
0 28,04 a 8,26 5,13 c 57,67 29,69 27,97
50 27,71 ab 8,08 6,95 bc 57,96 31,03 26,93
100 22,75 b 7,84 9,22 ab 59,07 29,40 28,56
150 22,98 b 7,48 11,16 a 56,06 29,50 26,55
Fontes
Ureia comum 25,79 7,71 8,50 58,99 a 30,62 28,08
Ureia protegida 24,95 8,13 7,73 56,39 b 29,20 26,92
Valor de P
Doses 0,010 0,130 0,001 0,290 0,430 0,200
Fontes 0,520 0,080 0,290 0,020 0,080 0,110
Doses e fontes 0,570 0,060 0,430 0,480 0,840 0,880
C.V.(%) 12,26 7,14 6,28 4,57 6,34 5,8
60
estrutura da planta, principalmente com a relação folha/colmo, cujos valores se encontram na
(Tabela 3). O crescimento acelerado da planta em função da aplicação de N promoveu
(P<0,05) maior proporção do componente colmo da mesma (Tabela 4), elevando também os
teores de FDN. Não houve diferença (P>0,05) dos teores de lignina em relação à adubação
nitrogenada para fontes e doses (Tabela 6).
Tabela 6- Valores médios de material morto e dos teores de lignina, determinados para capim
mulato II.
Tratamentos Material Morto Lignina
kg/ha kg/ha %
0 430 b 7,398
50 520 b 6,982
100 810 a 7,320
150 970 a 7,345
Fontes
Ureia comum 0,083 7,257
Ureia protegida 0,043 7,625
Valor de P
Doses 0,275 0,925
Fontes 0,137 0,985
Dose e fonte 0,316 0,127 Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma coluna, não diferem entre si (P>0,05) pelo teste Tukey a
5% de probabilidade.
Demonstrado na (Tabela 6) houve diferença para doses de material morto, onde a dose
0 e 50 kg/ha de N demonstraram menores perdas, provavelmente devido a expansão da planta
ser lenta, ao contrario das maiores doses que praticamente dobrou as perdas com material
morto, mostrando que o crescimento rápido proporcionado pela adubação nitrogenada fez
com que a senescência aumentasse, nesses períodos de crescimentos adotados.
3.4 Recuperação aparente de nitrogênio (RAN), eficiência de conversão de
nitrogênio (ECAN) e produção de proteína bruta (PB) por hectare
3.4.1 Recuperação aparente do nitrogênio (RAN)
Devido a grande variação do nitrogênio, seu turnover, citado por diversos
pesquisadores a dificuldade em recuperar o nitrogênio aplicado via adubação de cobertura,
não foi diferente neste trabalho como demonstra a (Tabela 7). Não foram observadas
diferenças para as fontes de nitrogênio, mas houve diferença (P<0,05) para dose de 150 kg/ha
61
de N, foi a que mais recuperou nitrogênio ficando próximo de 30%. Isso não quer dizer que o
nitrogênio aplicado foi totalmente perdido, uma parte aceitável cientificamente pode ser
lixiviada, sofrer processo de desnitrificação, imobilização e a volatilização devido a sua alta
solubilidade. Apenas uma parte do N mineral aplicado é absorvido pelas plantas. O restante é
perdido do sistema solo-planta-atmosfera por processos de lixiviação, volatilização, erosão e
desnitrificação, tendo ainda uma fração que permanece no solo na forma orgânica35
.
Tabela 7 – Valores médios de recuperação aparente de nitrogênio aplicados do capim mulato
II, durante o período experimental.
Tratamentos N recuperado
kg/ha/N %
0 -0,15
50 5,44
100 12,09
150 29,56 a
Fontes
Uréia normal 14,32
Uréia protegida 9,15
Valor de P
Doses 0,001
Fontes 0,154
Dose e fonte 0,591
C.V.(%) 72,15 Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma coluna, não diferem entre si (P>0,05) pelo teste Tukey a
5% de probabilidade.
Dificilmente o aproveitamento do nitrogênio aplicado via fertilização em culturas
agrícolas ultrapasse 60%, podendo o restante ficar armazenado no solo e ou a mercê de
perdas, prejudicando a recuperação eficiente deste nutriente pela planta36
. Valores entre 40%
e 60% são encontrados rotineiramente22
.
FIGURA 4 - Recuperação aparente de nitrogênio do capim Mulato II
62
3.4.2 Eficiência de conversão de nitrogênio (ECAN)
A eficiência de conversão aparente de nitrogênio não apresentou interação entres as
fontes e níveis de N, mas diferiu (P<0,05), entre as doses de N e fontes avaliadas, (Tabela 8).
Tabela 8 - Eficiência de conversão de nitrogênio da Braquiária Híbrida Convert HD364
Dose kg/ha Produção MS kg/ha ECAN kg
0 6.739 -
50 8.990 42,64 a
100 9.618 19,14 b
150 9.676 6,43 b
Fontes
Ureia normal 7.935 16,28 b
Ureia protegida 9.576 29,71 a
Valor de P
Dose 0,065 0,001
Fonte 0,059 0,026
Dose e fonte 0,640 0,268
C.V.(%) 22,57 44,89 Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma coluna, não diferem entre si (P>0,05) pelo teste Tukey a
5% de probabilidade.
Para as pastagens tropicais a eficiência médias de uso do nitrogênio na conversão de
forragem, é de 30 kg MS/kg de N aplicado, com amplitude de 5 a 80 kg MS/kg de N
aplicado3. Segundo ainda o autor as maiores taxas de eficiência de conversão em forrageiras
tropicais são observadas nas doses equivalentes até 150 kg/ha-1
de N, fato este, contrário com
os resultados obtidos nessa pesquisa, conforme se verifica na Tabela 8, demonstrando
decréscimo da ECAN, à medida em que se elevaram as doses de N, com valores médios de
42,64; 19,14 e 6,43 kg/MS por kg/N, para as doses de 50, 100 e 150 kg/N/ha-1
respectivamente.
Visando determinar a eficiência de conversão do nitrogênio foi conduzido uma
pesquisa em pastagens de Coastcross, utilizando duas fontes de N: ureia e nitrato de amônio,
com a aplicação de cinco doses de N (0; 25; 50; 100 e 200 kg/ha-1
), após cada corte no
período chuvoso37
. Os cortes foram realizados à cada 24 dias à 10 cm do solo. Os autores
relatam os valores médios de eficiência de conversão: 25,3; 27,5; 20,9 e 13,2 kg de MS/kg de
N, aplicado para as doses de 25; 50; 100 e 200 kg/ha-1
de N, respectivamente para ureia.
A regressão para eficiência de conversão de nitrogênio figura 5 na equação
y= 58.7301 - 0.3621xR2= 0.5944 demonstrou-se linearmente decrescente.
63
FIGURA 5 - Eficiência de conversão de nitrogênio do capim Mulato II
3.4.3 Produção de proteína bruta por hectare
A produção de proteína bruta (PB) por hectare está descrito na (Tabela 9).
Tabela 9 – Valores médios da produção de proteína bruta (PB) por hectare, determinados
para Braquiária Híbrida Convert HD364, durante o período experimental.
Tratamento PB / há
Dose kg/ha Kg/há
0 165,27 b
50 247,68 b
100 318,52 b
150 762,34 a
Fonte
Ureia normal 401,58
Ureia protegida 345,32
Valor de P
Dose 0,001
Fonte 0,479
Interação 0,624
C.V.(%) 45,80 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Torna-se evidente que adubação nitrogenada apesar de sua recuperação apresentar
uma mensuração abaixo do esperado, demonstra positivamente sua conversão em PB por
área, valores que podem ser considerados satisfatórios.
64
A eficiência de nitrogênio mostra que quanto maior a dose menor é sua eficiência,
porem quando faz se a conversão para produção de PB por área, verifica-se resposta crescente
do teor de PB, em função da elevação das doses de N. Este comportamento pode ser
explicado em função do maior número de cortes de avaliação que foram realizados nas
parcelas onde foram aplicadas as doses mais elevada 150 kg/ha de N, mantendo se a relação
folha colmo em 3,29 (Tabela 1), já que a maior concentração de nutriente se encontra nas
folhas.
No manejo de pastagem, além do aumento da massa seca da forragem, deve-se obter
maior relação folha-colmo, pois as folhas consistem na principal fonte de nutrientes aos
ruminantes. O propósito é que a maior proporção de volumoso na dieta animal seja provida
por folhas em vez de colmo e material morto25
, a figura 6 demonstra a regressão linear
positiva da produção de PB/ha do capim Mulato II no período experimental.
FIGURA 6 - Produção de proteína bruta por hectare do capim Mulato II
A dose de 150 kg/ha de N produziu 762,34 kg/PB/ha, enquanto a testemunha produziu
165,27 kg/PB/ha evidenciando grande vantagem na utilização de nitrogênio nas pastagens.
65
4. CONCLUSÃO
O aumento na dose de nitrogênio proporciona maior acúmulo de massa de forragem
verde. A composição química da forragem não difere entre as doses de nitrogênio.
A recuperação de nitrogênio aconteceu em quantidades menores que as existentes na
literatura.
Eficiência de conversão do nitrogênio teve incremento proporcional as doses, quanto
mais nitrogênio se utilizou menor foi sua eficiência de conversão.
Para produção de proteína por hectare foi proporcionalmente crescente as doses
quanto mais nitrogênio maior a produção de proteína bruta por hectare.
A dose de 50 kg/ha de N apresentou maior ECAN demonstrando resultado
bioeconomicamente melhor.
A utilização da adubação nitrogenada resultou em aumento da produção de massa
verde e maior teor de proteína bruta.
66
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Nitrogen fertilization in coastcross grass: Effects on nutrient extraction and apparent nitrogen
recovery. Revista Brasileira De Zootecnia-Brazilian Journal of Animal Science. 2004 JAN-
FEB 2004;33(1):68-78. PubMed PMID: WOS:000223159800010. Portuguese.
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CAPITULO 3
70
CAPITULO 3 - CINÉTICA DA FERMENTAÇÃO E DEGRADAÇÃO RUMINAL DO
CAPIM MULATO II SOB ADUBAÇÃO NITROGENADA E DIFERENTES FONTES
RESUMO
Objetivou-se avaliar os efeitos da adubação nitrogenada, utilizando-se duas fontes de N (ureia
comum e ureia protegida) sobre a cinética da fermentação e da degradação ruminal do capim
Mulato II, em regime de cortes, em dois períodos do ano (I e II). Utilizou-se o delineamento
experimental inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2 x 4, com três repetições,
totalizando 24 parcelas experimentais. Os teores da fibra insolúvel em detergente neutro
(FDN), fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e lignina, não diferiram em função das
dose e fontes de N. A Fração A, diferiu (P<0,05) em função das doses de N; a taxa de
passagem K(%.h-1
) e as degradabilidade efetivas DE (K=2%); DE (K=5%) foram
influenciadas pelas fontes e doses de N, enquanto a Fração B e Lag Time não foram
influenciadas pelas fontes e doses de N, no período I. Por outro lado, no período II, observa-se
que as frações A e B e as DE's (K=2 e 5%) foram influenciadas pelas fontes e doses de N. A
taxa de passagem foi afetada apenas pelas doses, enquanto o Lag time e a degradabilidade
potencial (DP) sofreram influência das fontes de N. Dentre os parâmetros da cinética da
fermentação ruminal da matéria seca, obtidos pela produção in vitro dos gases no período I,
apenas K1(%.h-1
) foi influenciado pela interação doses x fontes de N, enquanto os demais
parâmetros foram influenciados somente pelas doses de N aplicadas. Por outro lado, no
período II, com exceção de (%.h-1
), todos os outros parâmetros foram influenciados pela
interação doses x fontes. O parâmetro K2 (%.h-1
) diferiu apenas em função das doses de N. A
ureia protegida melhorou os parâmetros fermentativos no período I.
Palavras chave: brachiaria, convert HD364, digestibilidade, mulato II e produção de gases
71
ABSTRACT
The objective, with this study, was to evaluate the effects of nitrogen fertilization from two N
sources (common urea and protected urea) on the kinetics of ruminal fermentation and
degradation of Mulato II grass, under cuts, during two periods of the year I and II). The
experimental design was completely randomized, in a 2 x 4 factorial arrangement, with three
replications, totalizing 24 experimental plots. The levels of neutral detergent insoluble fiber
(NDF), acid detergent insoluble fiber (ADF) and lignin did not differ according to N doses
and sources. Fraction A differed (P<0.05) function to N doses; the passage rate K (%.h-1
) and
the effective degradability (ED) (K = 2%); (K = 5%) were influenced by N sources and doses,
while the B Fraction and the Lag Time were not influenced by sources or doses of N in period
I. However, in period II, it was observed that the fractions A and B and the EDs (K = 2 and
5%) were influenced by the sources and doses of N. The passage rate was affected only by N
doses, while the Lag time and the potential degradability were influenced by N sources.
Amongst the dry matter’s kinetics of ruminal fermentation parameters, obtained by the in
vitro gas production in period I, only K1 (%.h-1
) was influenced by the interaction N doses x
N sources, while the other parameters were influenced only by the doses of N applied. On the
other hand, in period II, except for the parameter K2 (%.h-1
), all other parameters were
influenced by the sources x doses interaction. The K2 (%.h-1
) parameter differed only as a
function of N rates. Protected urea improved fermentative parameters in period I.
keywords: Brachiaria, convert HD364, digestibility, mulato II, gas production
72
1. INTRODUÇÃO
O sistema de produção de ruminantes brasileiro é baseado principalmente na utilização
de pastagens nativas ou cultivadas marcado pela estacionalidade na produção devido às
épocas de déficit hídrico e pela baixa produção de massa destas forrageiras. Esta baixa
produtividade dependendo da região está ligada principalmente ao manejo inadequado e pela
falta de correção do solo e adubação, fazendo com que haja degradação do solo e baixa taxa
de lotação das pastagens brasileiras1.
Um dos maiores desafios da produção agrícola atual é o uso eficiente do solo, com
foco em melhores índices de produtividade aliados a estratégias de manejo adequadas a cada
sistema de produção, visando incremento na lucratividade dos sistemas de produção animal
baseados na produção de pastagens. Para obter sucesso, um importante fator é a escolha da
cultivar que apresente características desejáveis como produtividade e resistência ao pastejo2.
Dentre as espécies forrageiras utilizadas no Brasil as mais cultivadas são as do gênero
Brachiária, apresentando grande adaptabilidade às condições climáticas e de solo do Brasil,
apresenta-se resistente ao pastejo e com características bromatológicas e produtividade
satisfatórias3. Por estas características há a utilização de plantas deste gênero na produção de
híbridos com vista no incremento da resistência e da capacidade produtiva, assim sendo
apresentado o capim Mulato II.
Outro fator importante é a reposição dos nutrientes no solo. Além de incrementar a
produção de forragem, aliada ao manejo adequado é fundamental para garantir a fertilidade e
conservação do solo. A dose de adubação e a fonte a ser utilizada irá depender de fatores
como a análise do solo e a carga animal que a pastagem será submetida, sendo fundamental
para a conservação do solo e propiciar um melhor desempenho dos ruminantes4,5,6
.
Visando o desempenho dos ruminantes, é importante se conhecer além da capacidade
produtiva da forragem, o valor nutricional e as características de degradação ruminal da
forrageira, garantindo assim, maior assertividade no atendimento das necessidades
nutricionais dos animais. Para isto, as técnicas como a degradabilidade “in situ” e a produção
“in vitro” de gases vem a ser de grande utilidade7,8
.
A técnica “in vitro” de produção de gás para avaliação de alimentos para ruminantes é
baseada na produção de gases oriundos da fermentação dos alimentos pelos microrganismos
ruminais. Um dos produtos desta fermentação é, principalmente o gás CO2, e esta produção de
gás tem alta correlação com a quantidade de material orgânico fermentado, sendo assim, esta
técnica uma importante ferramenta na avaliação de alimentos para ruminantes9.
73
Complementar a técnica in vitro de produção de gases, a técnica gravimétrica de
degradabilidade ruminal “in situ”, fornece informações importantes sobre a cinética de
degradação ruminal dos alimentos. Esta técnica se baseia no desaparecimento dos alimentos
durante o processo fermentativo ruminal, servindo como fonte valiosa de informação
nutricional10,11
.
Objetivou-se através do presente estudo avaliar a cinética de fermentação ruminal
pela técnica de produção “in vitro” de gases e degradação ruminal pela técnica gravimétrica
de degradabilidade “in situ” do capim Mulato II sob adubação nitrogenada, utilizando níveis e
fontes de nitrogênio.
74
2. METERIAL E MÉTODO
2.1 Local e condução do experimento
A avaliação da forrageira cultivar Brachiaria Mulato II foi realizada na área
experimental da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, no
período de dezembro de 2014 a junho de 2015, na altitude 564 m, com classificação climática
regional segundo Köppen12
do tipo Aw (quente e semi-úmido, com estações bem definidas, a
seca, dos meses de maio a outubro e as águas, entre novembro e abril) com temperaturas
mínimas de 13 ºC e máximas de 32 ºC no decorrer do ano, de acordo com os dados fornecidos
pelo Laboratório Meteorológico da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG.
O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico13
.
Os tratamentos foram assim constituídos por quatro doses de N (0; 50; 100 e 150
kg/ha-1) e duas fontes de N ( ureia comum e a ureia de liberação lenta).
A proteção da ureia utilizada foi com polímeros e a tecnologia kimcoat, o revestimento
dos grânulos de ureia com polímeros foi efetuado pela própria empresa detentora da
tecnologia, é uma tecnologia desenvolvida pela Kimberlit composta de camadas de aditivos.
Os aditivos presentes no Kimcoat N protegem o fertilizante nitrogenado (ureia) das principais
perdas que ocorrem no processo de adubação, como: volatilização de NH3, nitrificação e
desnitrificação e permitem a maior presença do nitrogênio na forma de amônio (NH4) no solo.
O corte de nivelamento foi realizado no dia 05/12 de 2104. Em seguida foram
aplicados os tratamentos. A dose equivalente a 50 kg/ha-1
de N foi aplicada em dose única,
enquanto as demais foram parceladas em duas aplicações, no dia 25 de fevereiro de 2015 foi
aplicado o restante do nitrogênio das doses de 100 e 150 kg de N.
Para proceder os cortes de avaliação da produção de forragem foi utilizado uma
moldura metálica de formato retangular com área de 0,5 m2, com altura de 0,15 m, alocado
aleatoriamente, dentro da parcela, sendo cortado todo o conteúdo que se encontrava dentro do
quadrado, sendo imediatamente pesado. Os cortes foram realizados manualmente. Uma
amostra de aproximadamente 500 g, foi retirada e levada a estufa de circulação forçada de ar
a 55 ºC, por 72 horas, para fins da determinação da matéria pré-seca. Após a secagem, as
amostras foram moídas em moinho do tipo “Willy” dotados de peneiras com crivo de 1 mm
para após serem procedidas as analises.
Análises de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em
detergente ácido (FDA) foram realizados conforme metodologia proposta por VAN SOEST14
e lignina seguindo os procedimentos recomendados pela AOAC15
.
75
Para as análises de produção “in vitro” de gases e degradabilidade “in situ”, as
amostras foram compostas por: Para cada parcela foi feito um pool misturando-se o mesmo
peso de cada amostra seca e moída de cada corte de cada período, primeiro e segundo,
formando assim uma amostra de cada parcela. A amostra analisada de cada tratamento
constituiu-se de um pool das amostras de cada parcela de cada tratamento em igual peso. Para
a amostra controle, foi misturada todas as amostras das seis parcelas que não receberam
adubação nitrogenada.
2.2 Produção in vitro de gases
Para a análise de produção in vitro de gases, foi utilizado o equipamento Ankom RF
Gas Production System®
, sendo feitas quatro repetições por tratamento para as medições da
produção de gases da matéria seca. Cada garrafa de vidro com capacidade de 310 mL e
continha 1,0 g de amostra com 10 mL de inoculo mais 80mL de solução tampão de Kansas16
.
O meio de cultura foi preparado sob fluxo contínuo de CO2 e mantido em banho maria
a 39 ºC, segundo técnica de Theodorou17
, modificada por Mauricio18
. O inóculo ruminal foi
obtido de dois bovinos mestiços com peso médio de 480 kg e idade média de 60 meses
providos de cânula ruminal. A dieta dos animais foi à base de Brachiaria brizantha cv.
Marandu. O inóculo foi obtido coletando manualmente a fase sólida e a fase líquida do saco
dorsal e ventral do rúmen em igual volume dos dois animais, armazenadas em garrafas
térmicas pré-aquecidas a 39 ºC e imediatamente levadas ao laboratório. O inóculo foi filtrado
em duas camadas de tecido tipo pano de queijo e mantido em banho-maria a 39 ºC.
As garrafas foram mantidas a 39 ºC em banho maria e as medições da pressão
cumulativa de cada garrafa feitas automaticamente a cada 10 minutos até o tempo de 48 horas
pós-incubação utilizando equipamento Ankon RF Gas Production System®. O volume de
gases produzidos foi calculado utilizando a lei dos gases ideais para calcular a quantidade de
moles produzidos e assim utilizando a lei de Avogadro para encontrar o volume de gás
produzido.
O modelo logístico bicompartimental9, adotado para estimar os padrões da
fermentação microbiana, foi baseado na média da produção acumulada de gases de cada
amostra e foi determinado por:
V = VF1[1-exp(-k1(T-g)
]+VF2[1-exp(-k2(T-g)
]
Onde:
76
V= volume acumulado de gases produzido no tempo (T)
VF1= volume de gás produzido pela fração solúvel fermentada
K1= Taxa de produção de gases produzido pela fração solúvel fermentada
g= Tempo de colonização (Lag Time)
VF2= volume de gás produzido pela fração insolúvel fermentada
K2= Taxa de produção de gases produzido pela fração insolúvel fermenta
2.3 Degradabilidade in situ
Para a determinação da degradabilidade in situ das amostras foram utilizados sacos de
tecido não-tecido (TNT) com gramatura 100g.(m²)-1
. Os sacos foram confeccionados com as
dimensões 20 × 5 cm e selados utilizando seladora elétrica. Para obtenção do peso dos sacos
vazios, estes foram lavados em acetona e colocados em bandejas previamente forradas com
papel isento de tinta na estufa à 55 oC por aproximadamente 72 h e, após trinta minutos dentro
do dessecador, tiveram seus pesos registrados em uma balança digital analítica.
Posteriormente, adicionou dois gramas da amostra seguindo-se a relação de 20 mg de MS por
centímetro quadrado de superfície11
e após lacrados com seladora elétrica.
Para a incubação dos saquinhos foram utilizados dois bovinos, de aproximadamente
500 kg de peso vivo da raça mestiça Holandesa x Zebu providos de cânula ruminal, mantidos
em piquete de capim Mombaça recebendo suplementação mineral em cochos cobertos e água
á vontade.
As incubações foram realizadas em um saco de polipropileno para propiciar o contato
dos saquinhos com o líquido ruminal, juntamente com um peso para que permanecesse no
saco ventral do rúmen. Os tempos de incubação foram: 0, 12, 24, 48, 72, 96, 120, 144 e 240
horas, realizados em ordem decrescente, seguindo procedimentos descritos por Nocek19
, de tal
forma que, no final de 240 horas, todos os sacos seriam retirados de uma só vez, promovendo,
desta forma, lavagem uniforme e simultânea do material.
Após a retirada dos saquinhos do rúmen, os mesmos foram imersos em água fria com
gelo, para a paralisação do processo de degradação e lavados em água corrente até que esta
apresentasse límpida. Posteriormente os saquinhos foram secos em estufa de ventilação
forçada a 55 oC por 72 horas.
2.4 Delineamento experimental e análise estatística
O delineamento experimental utilizado foi o fatorial 2x4, sendo duas fontes e quatro
doses de N, com três repetições, totalizando 24 parcelas.
77
Para a avaliação da degradabilidade in situ, os dados foram adequados ao modelo de
desaparecimento ruminal proposto por Orkov11
, os resultados foram submetidos à análise de
variância e a comparação feita pelo teste de Tukey com nível de significância de 5%. Para a
análise da produção in vitro de gases, os dados foram adequados ao modelo logístico
bicompartimental9 e as equações comparadas utilizando o teste de identidade de modelos não
lineares, utilizado para verificar a igualdade parâmetros entre os modelos20
, com o auxílio do
programa estatístico R21
a 5% de significância.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As doses de nitrogênio não diferiram em relação aos teores de fibra indigestível em
detergente neutro FDN, fibra indigestível em detergente ácido FDA e lignina. Também não
houve influencia da fonte de nitrogênio sobre teores de fibra da forrageira (Tabela 1).
Tabela 1 – Teores de fibra da forrageira do capim Mulato II nos períodos sob doses de N/ha-1
e duas fontes (ureia comum e ureia protegida).
Variável
Doses de Nitrogênio
0 50 100 150
Comum Proteg. Comum Proteg. Comum Proteg.
Período I
FDN 55,35 50,93 53,6 57,96 54,93 49,58 50,39
FDA 28,03 26,96 27,06 30,18 28,29 28,42 25,67
Lignina 6,95 6,21 5,74 5,79 6,04 7,35 5,56
Período II
FDN 57,67 58,85 57,09 60,03 58,12 56,66 55,46
FDA 29,69 31,43 30,65 30,05 30,02 28,76 29,00
Lignina 7,85 8,05 7,93 9,57 7,88 7,78 8,68
* Os valores não apresentaram diferença estatística (P>0,05)
Os teores de FDN influenciam a cinética de desaparecimento ruminal e está
inversamente relacionado com a ingestão voluntária do alimento assim como os teores de
FDA e lignina são inversamente proporcionais a digestibilidade potencial do alimento22,23
.
Com o crescimento da planta, a formação da parede celular proporciona a firmeza na estrutura
da planta pela produção de celulose e hemicelulose, dando sustentação à planta, sendo com o
passar do tempo também depositada a lignina, cujo papel é cimentar a estrutura da parede
celular24
.
78
Os valores de FDN encontrados no presente experimento são semelhantes aos valores
encontrados por Firmino de Sá25
para forrageira do gênero Brachiaria, e apresentando valores
de FDA superiores e valores de lignina inferiores ao presente experimento.
Verifica-se na (Tabela 2) que, são apresentados os parâmetros da degradabilidade
ruminal da matéria seca do capim mulato II, submetida a adubação nitrogenada com duas
fontes de N, em duas estações do ano: período I e período II (verão e outono).
Observa-se que a Fração A, diferiu (P<0,05) em função das doses de N; K(=2%);
DE(K=2%); DE(K=5%) foram influenciadas pelas fontes e doses de N, enquanto a Fração B e
Lag Time, não foram influenciadas pelas fontes e doses de N, no período de verão. Por outro
lado, no período do outono, observa-se que as frações A e B; DE(K=2%); DE (K=5%), foram
influenciadas pelas fontes e doses de N, enquanto K (%h-1
), foi afetada apenas pelas doses e
Lag time e DP, pelas fontes de N (Tabela 2).
79
Tabela 2 – Parâmetros da degradabilidade ruminal da matéria seca do capim Mulato II nos
períodos sob doses de N.ha-1
e duas fontes (ureia comum e ureia protegida).
Periodo I
Parâmetro#
Fonte de
ureia Controle
Doses de N (kg.ha-1
) EPM
CV
(%) 50Kg 100Kg 150Kg
Fração A Comum 35,63
b 38,18
a 37,25
ab 38,04
ab
0,63 3,38 Protegida 35,63
b 38,79
a 38,22
a 38,78
a
Fração B Comum 49,67
a 46,73
a 48,11
a 48,88
a
0,95 3,92 Protegida 49,67
a 47,16
a 46,91
a 49,42
a
K (%.h-1
) Comum 3,0
b 4,6
Aa 1,9
c 4,0
a
0,003 16,74 Protegida 3,0
a 2,5
Ba 2,5
a 3,5
a
DE (k=2%) Comum 65,22
b 70,27
Aa 60,78
Bc 70,63
a
0,54 1,62 Protegida 65,22
b 64,88
Bb 64,25
Ab 70,15
a
DE (k=5%) Comum 54,05
b 60,18
Aa 50,58
Bc 59,78
a
0,54 1,94 Protegida 54,05
b 54,44
Bb 53,85
Ab 59,05
a
LagTime Comum 1,45
a 1,45
a 0,84
a 0,55
a
0,35 66,34 Protegida 1,45
a 0,47
a 1,10
a 1,20
a
DP Comum 85,30
a 84,91
a 85,36
a 86,92
a
0,71 1,65 Protegida 85,30
b 85,95
b 85,13
b 88,20
a
Periodo II
Parâmetro Fonte de
ureia Controle
Doses de N (kg.ha-1
) EPM
CV
(%) 50Kg 100Kg 150Kg
Fração A Comum 37,22
a 36,24
ab 33,93
Bb 34,42
Bb
0,70 3,88 Protegida 37,22
a 37,00
a 36,77
Aa 36,63
Aa
Fração B Comum 48,11
ab 46,97
b 48,94
ab 50,19
Aa
0,54 2,24 Protegida 48,11
a 48,33
a 48,33
a 46,52
Ba
K (%.h-1
) Comum 2,6
b 2,9
ab 3,2
ab 3,5
a
0,002 11,56 Protegida 2,6
a 2,7
a 3,1
a 3,2
a
DE(k=2%) Comum 64,49
ab 63,96
b 63,90
Bb 66,18
a
0,52 1,59 Protegida 64,49
a 64,71
a 66,12
Aa 64,92
a
DE(k=5%) Comum 53,78
a 53,41
a 52,89
Ba 54,91
a
0,53 1,95 Protegida 53,78
a 53,90
a 55,28
Aa 54,53
a
LagTime Comum 0,70
a 0,85
a 1,27
a 0,99
Aa
0,19 43,69 Protegida 0,70
a 1,02
a 0,94
a 0,42
Ba
DP Comum 85,33
a 83,22
Ba 82,86
Ba 84,62
a
0,67 1,59 Protegida 85,33
a 85,34
Aa 85,09
Aa 83,15
a
#Fração A= Fração solúvel ; Fração B= Fração potencialmente degradável; K= Taxa de degradação da fração B;
DE (k=2%)= Degradabilidade efetiva na taxa de passagem de 2%; DE (k=5%)= Degradabilidade efetiva na taxa
de passagem de 5%; LagTime= tempo de colonização; DP= Degradabilidade potencial
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si
(P>0,05) EPM= Erro padrão da média CV= Coeficiente de variação
80
Houve um incremento na fração prontamente solúvel do material no período I com a
adubação em relação ao tratamento controle para a ureia protegida em todos os níveis de
adubação na dose de 50 kg/ha-1
de N, nela estão presentes o conteúdo celular, minerais e
carboidratos solúveis presentes na parede celular da planta. Este fato está ligado ao padrão de
crescimento da planta, onde plantas adubadas possuem maior quantidade de material solúvel
por apresentar maior atividade celular devido ao crescimento. Este fato corrobora com
resultados relatados por Velásques26
, que encontrou menores valores de fração solúvel em
plantas em crescimento na forrageira da espécie Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Valores inferiores ao encontrado no presente trabalho foram relatados por Araujo27
,
em trabalho conduzido com Brachiaria brizantha cv. Marandu em monocultivo, sem
adubação nitrogenada, em relação a composição de folhas e colmo.
No período II, não foram observadas diferenças na fração solúvel para a fonte de ureia
protegida para o tratamento controle, mas para a fonte ureia comum nas doses de 100 e 150
kg/ha-1 de N, apresentaram menor quantidade de material solúvel em relação ao tratamento
controle e em relação à fonte ureia protegida. Tal fato pode estar associado ao crescimento da
planta, devido a mudança na intensidade de luminosidade captada pela planta, o que pode
diminuir o seu crescimento, reduzindo proporcionalmente o conteúdo celular em relação ao
conteúdo de parede celular.
No período I não foram observadas diferenças na fração potencialmente degradável
dos tratamentos, provavelmente pela disponibilidade de água no solo e luminosidade,
permitindo o crescimento vegetativo da planta e o acúmulo de parede celular menos
lignificada, facilitando assim a degradação pelos microorganismos ruminais28,29
.
Maior percentual da fração potencialmente degradável foi verificada no período II
para a dose 150 kg/ha-1 de N, para a ureia comum em relação a aplicação de 50 kg/ha-1
de N,
também em relação a dose 150 kg/ha-1
de N, para a fonte de ureia protegida.
A taxa de degradação da fração potencialmente degradável foi maior para a dose de
adubação 150 kg/ha-1
de N, tanto no período I quanto para o período II, em relação ao
tratamento controle para a fonte de ureia comum. Não foram observados efeitos das doses de
N em relação aos períodos para a fonte de ureia protegida. Valores semelhantes de taxa de
degradação foram verificados por Tosta30
em trabalho realizado com Brachiaria brizantha cv.
Marandu em cultivo consorciado com palmeira babaçu em diferentes densidades de cultivo do
babaçu.
A degradabilidade efetiva na taxa de passagem de 2% (DE 2%) foi incrementada pela
adubação nitrogenada na dose equivalente a 150 kg/ha-1
de N, para ambas fontes de N
81
avaliadas, em relação ao tratamento controle no período I, não sendo verificado o mesmo
efeito no período II. A (DE2%) é adotada como uma baixa taxa de passagem ruminal31
,
relativa às forrageiras e indica a degradação do material quando este permanece por 48 horas
no rúmen.
Verifica-se através da Figura 1, o efeito do desaparecimento ruminal da matéria seca
nos tratamentos avaliados, evidenciando o efeito da degradação mais lenta do tratamento
controle em relação a aplicação de 150 kg/ha-1
de N, em ambas as fontes de N. Enquanto na
Figura 2, verifica-se que o padrão de degradação dos tratamentos é pouco alterado no período
II.
A degradabilidade efetiva na taxa de passagem de 5% (DE 5%) também foi
incrementada pela adubação nitrogenada na dose de 150 kg/ha-1
de N, em ambas fontes, em
relação ao tratamento controle no período I, enquanto o mesmo efeito não foi verificado no
período II.
Durante o período de crescimento vegetativo da planta, antes da planta emitir
inflorescência, o acúmulo de parede celular com maior potencial de degradação ruminal é
maior do que em fase reprodutiva, o que favorece a digestibilidade da forrageira no período
de maior crescimento vegetativo, proporcionando assim um maior esvaziamento ruminal e um
maior aporte de nutrientes aos ruminantes, favorecendo com isso um melhor desempenho do
animal durante este período32,33,34
.
Não foram observadas diferenças significativas em relação ao tempo de colonização
ruminal da matéria seca nos diferentes tratamentos avaliados. As doses e as fontes de N não
afetaram a atividade microbiana no que diz respeito a colonização do alimento que chega ao
rumem. Em trabalho realizado com forrageiras do gênero Cynodon submetidas a adubação
nitrogenada, Assis35
, também não encontraram efeito no tempo de colonização ruminal.
82
Figura 1 – Curvas de degradabilidade ruminal da matéria pela técnica de degradabilidade in
situ do capim cv. Mulato II no primeiro período sob adubação nitrogenada e duas fontes de N:
ureia comum (A) e ureia protegida (B).
83
Figura 2 – Curvas de degradabilidade ruminal da matéria pela técnica de degradabilidade in
situ do capim mulato II no segundo período sob adubação nitrogenada e duas fontes de N:
ureia comum (A) e ureia protegida (B).
Efeito positivo na degradabilidade potencial foi verificado nas doses equivalentes a 50
e 100 kg/ha-1
de N, quando se utilizou a uréia protegida, comparados as mesmas doses da
ureia comum, mas não diferindo quando comparados com o tratamento controle.
Os parâmetros da cinética da fermentação ruminal da matéria seca obtidos pela
produção in vitro dos gases estão apresentados na (Tabela 3).
84
Tabela 3 – Parâmetros da produção de gases “in vitro” da matéria seca do capim Mulato II
nos períodos sob adubação nitrogenada e fontes de N: (ureia comum e ureia
protegida).
Período I
Parâmetro#
Fonte de
ureia Controle
Doses de N (Kg.ha-1
)
50 100 150
VF1
(mL.g MS-1
)
Comum 7,86 a*
7,66 a 8,29
a 7,97
a
Protegida 7,86 b 8,96
a 7,80
b 7,89
b
K1 (%.h-1
) Comum 3,9
a 4,4
a 4,0
Aa 3,9
Ba
Protegida 3,9 b 4,1
b 2,9
Bc 4,9
Aa
Lag Time (h) Comum 9,51
a 7,57
b 7,65
b 7,58
Ab
Protegida 9,51 a 8,14
b 8,20
b 6,83
Bc
VF2
(mL.g MS-1
)
Comum 4,21 a 3,31
a 3,96
a 4,77
a
Protegida 4,21 ab
3,13 b 4,55
a 3,21
b
K2 (%.h-1
) Comum 9,0
a 12,6
a 11,1
a 10,6
a
Protegida 9,0 b 14,8
a 9,7
b 17,6
a
Período II
Parâmetro Fonte de
ureia Controle
Doses de N (Kg/ha-1
)
50 100 150
VF1
(mL.g MS-1
)
Comum 7,70 b*
6,16 b 9,63
a 7,18
Bb
Protegida 7,70 b 7,64
b 8,43
ab 9,50
Aa
K1 (%.h-1
) Comum 3,6
a 3,8
a 4,1
a 3,8
Ba
Protegida 3,6 b 4,4
a 4,1
ab 4,7
Aa
Lag Time (h) Comum 7,73
b 8,53
a 7,94
b 6,73
Bc
Protegida 7,73 a 7,60
a 8,29
a 8,08
Aa
VF2
(mL.g MS-1
)
Comum 3,85 a 4,63
a 1,83
b 3,63
Aa
Protegida 3,85 a 3,22
a 2,58
ab 1,48
Bb
K2 (%.h-1
) Comum 9,7
a 10,6
a 12,0
a 12,3
a
Protegida 9,7 b 12,9
b 14,4
ab 24,1
a
# VF1= Volume de gás produzido pela fração solúvel; K1= taxa de degradação da fração solúvel; Lag Time=
Tempo de colonização; VF2= Volume de gás produzido pela fração potencialmente degradável; K2= taxa de
degradação da fração potencialmente degradável.
* Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si
(P>0,05) pelo teste de Identidade de modelos.
85
A dose equivalente a aplicação de 50 kg/ha-1
de N no período I tendo como fonte a
ureia protegida incrementou o volume final de gás produzido pela fermentação da fração
solúvel. Assim como o aumento da fração solúvel ocorreu na degradabilidade ruminal em
relação ao tratamento controle, esta fração solúvel também é mais fermentescível sendo
provavelmente mais prontamente disponível no rumem. A técnica de produção in vitro de
gases nos permite ter uma avaliação acurada das frações fermentescíveis, mas é complementar
às técnicas gravimétricas de estimativa da degradação ruminal8,36
.
No segundo período o mesmo efeito foi observado para as doses maiores de N, sendo
que as doses de 100 e 150 kg/ha-1
de N, para a fonte ureia protegida e somente a dose de 100
kg/ha-1
de N para a ureia comum os que apresentaram maiores volumes de fermentação da
fração solúvel. Valores superiores de produção de gases da fração solúvel foram relatados por
Velásques26
, provavelmente devido a diferenças entre as técnicas de avaliação da produção de
gás e modelos utilizados para estimar as frações fermentáveis dos alimentos.
Complementarmente ao volume de gás produzido, a taxa da degradação da fração
solúvel, foi superior na dose de 150 kg/ha-1
de N, da fonte de ureia protegida, no período II.
Isto significa que além de uma maior fermentação da fração solúvel, esta fermentação ocorre
de forma mais rápida, disponibilizando mais rapidamente os nutrientes presentes na matéria
seca da forrageira, favorecendo assim, o crescimento bacteriano e a produção dos ácidos
graxos de cadeia curta, portanto, podendo oferecer maior aporte de energia em um menor
espaço de tempo para os animais33,37
.
A ureia na forma protegida pode ser indicada no final do período chuvoso pela
melhora da digestibilidade do capim Mulato II, aumentando a taxa de passagem fazendo com
que o consumo animal seja preconizado de forragem de qualidade, diminuindo seu tempo de
permanecia no pasto, em síntese pronto para o abate ou produzindo mais leite.
A adubação nitrogenada tendo como fonte a ureia comum favoreceu a colonização dos
materiais pelas bactérias ruminais nos períodos I e II. Observou-se que esta colonização foi
mais rápida na dose mais alta de 150 kg/ha-1
de N e, somente no período I para a fonte de
ureia protegida. Valores de tempo de colonização menores ao encontrado no presente
experimento foram relatados por Castro38
, provavelmente por utilizar diferentes equipamentos
para determinação da cinética e parâmetros fermentativos da Brachiaria brizantha cv.
Marandu colhida em diferentes idades de corte, apesar de utilizar o mesmo modelo para ajuste
dos dados e determinação dos parâmetros.
A dose de 150 kg/ha-1
de N, da fonte ureia protegida promoveu menor volume de gás a
partir da fração potencialmente degradável nos períodos. Este fato, provavelmente se deve em
86
função da fração potencialmente degradável ser degradada mais lentamente que a fração
solúvel. Valores superiores foram relatados por Sá25
, em trabalho avaliando diferentes idades
de corte da Brachiária brizantha cv. Marandu, utilizando técnica de avaliação e equação para
determinação diferentes, além de tempos de avaliação superiores ao presente experimento.
Por estas razões a grande discrepância entre trabalhos feitos seguindo técnicas diferentes e
avaliado por equações diferentes.
4. CONCLUSÕES
A dose equivalente a aplicação de 150 kg/ha-1
de N, influenciou positivamente os
parâmetros de fermentação ruminal do capim Mulato II principalmente no período I.
O uso da fonte de nitrogênio ureia protegia melhorou os parâmetros fermentativos no
período I.
A adubação com ureia protegida na dosagem de 150 kg/ha-1
de N, pode ser
recomendada visando melhorar o aproveitamento da matéria seca da forrageira pelos
ruminantes.
87
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92
CAPITULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adubação nitrogenada melhorou a produção de massa verde, consequentemente a
nutrição foi afetada positivamente aumentando o teor de proteína bruta e a fonte de ureia
protegida mostrou-se melhor para produção de matéria verde e seca do capim Mulato II.
A produção de proteína bruta por área foi mais que o dobro, da quantidade produzida
em áreas onde não foi utilizado adubação nitrogenada (parcelas testemunha), deixando
evidente que a adubação nitrogenada melhora a produção e a nutrição do capim Mulato II.
A dose mais elevada de ureia, proporcionou melhores parâmetros fermentativos no
início do experimento, primeiro período com a fonte de nitrogênio na forma de ureia
protegida, podendo ser recomendado a maior dose de ureia na forma protegida com intuito de
aproveitar melhor a quantidade de matéria seca ingerida pelos animais.
93
ANEXO
FICHA DE APROVAÇÃO NO CONSELHO DE ÉTICA - CEUA
94
95
96
97
ATA DE QUALIFICAÇÃO