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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ- REITORIA DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS CYNTHIA LEVI BARATTA MONTEIRO AVALIAÇÃO DA GESTAÇÃO EM GATAS DOMÉSTICAS: PARÂMETROS ULTRASSONOGRÁFICOS, REPRODUTIVOS E PERFIL BIOMÉTRICO DOS FILHOTES AO NASCIMENTO. Fortaleza-CE 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ- REITORIA DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA

FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

CYNTHIA LEVI BARATTA MONTEIRO

AVALIAÇÃO DA GESTAÇÃO EM GATAS DOMÉSTICAS:

PARÂMETROS ULTRASSONOGRÁFICOS, REPRODUTIVOS E

PERFIL BIOMÉTRICO DOS FILHOTES AO NASCIMENTO.

Fortaleza-CE

2008

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CYNTHIA LEVI BARATTA MONTEIRO

AVALIAÇÃO DA GESTAÇÃO EM GATAS DOMÉSTICAS:

PARÂMETROS ULTRASSONOGRÁFICOS, REPRODUTIVOS E

PERFIL BIOMÉTRICO DOS FILHOTES AO NASCIMENTO.

Dissertação apresentada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias. Linha de pesquisa: Reprodução de Carnívoros, Onívoros, Herbívoros e Aves. Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva

Fortaleza-CE

2008

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Universidade Estadual do Ceará

Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias

Título do Trabalho: Avaliação da gestação em gatas domésticas: parâmetros

ultrassonográficos, reprodutivos e perfil biométrico dos filhotes ao nascimento

Autora: Cynthia Levi Baratta Monteiro

Defesa em: 10/ 12 / 2008 Conceito obtido: Satisfatório

Nota obtida: 10

Banca Examinadora

________________________________

Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva

Universidade Estadual do Ceará

Orientadora

______________________________________

Prof. Dr. Alexandre Rodrigues Silva

Universidade Federal Rural do Semi Árido

Examinador

______________________________________

Prof. Dr. Dárcio Ítalo Alves Teixeira

Universidade Estadual do Ceará

Examinador

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DEDICATÓRIA

Dedico aos animais experimentais

utilizados neste trabalho que, como bem

definiu meu grande amor, Victor Madeira,

nos fazem o enorme favor de “emprestar”

suas vidas em troca do mais sincero e

simples carinho.

À amiga e companheira de trabalho

Barbara Sucupira Pereira, sem a qual teria

sido infinitamente mais difícil e cansativo

subir este degrau.

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HOMENAGEM

Aos meus pais, Washington Nunes Baratta

Monteiro e Ester Mirna Levi Baratta

Monteiro, por me reservarem credibilidade

e incentivo, nunca impondo barreiras

frente ao meu crescimento intelectual.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV), Faculdade

de Veterinária e Universidade Estadual do Ceará, pela oportunidade de realização deste

objetivo.

À CAPES, pelo apoio financeiro na forma de bolsa durante todo o período do

mestrado.

Ao Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza, pelo fornecimento das vacinas

anti-rábicas aplicadas nos animais.

A todos os funcionários do PPGCV por toda a ajuda prestada durante este

período. Em especial à Adriana Albuquerque.

Ao funcionário Selmar Alves da Silva e sua família pelo apoio diário na

manutenção do gatil. Pela atenção dispensada aos “meus” animais experimentais e por

sempre estarem por perto quando eu mais precisei.

A todos os membros do Laboratório de Reprodução de Carnívoros pelo apoio,

torcida, opiniões durante o desenvolvimento deste trabalho e companhia. Cada um da

sua maneira ajudou de forma super importante: Juliana da Silva Teixeira, Carla Melo

Ferreira, Janaina de Fátima Saraiva Cardoso pela companhia divertida nos manejos de

cobertura, pela torcida, pela valiosa ajuda nas estatísticas, por sempre me dar a mão

sempre que precisei, Daniel Couto Uchoa pela paciência com os pedidos de rações em

cima da hora, pelas várias doações que ajudaste a fazer, Antônio Cavalcante Mota Filho

e Michelle Karen Brasil Serafim, pela torcida, carinho, pelos vermífugos conseguidos,

Claudia da Cunha Barbosa, pela torcida, pela sempre disposição em baixar os artigos,

pelo sempre oferecimento de ajuda, disponibilidade.

Ao Prof. Cláudio Cabral Campello pela valiosa ajuda nas análises estatísticas.

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Ao Prof. Airton Alencar de Araújo pela sempre encontrada disponibilidade e

pela invejável autenticidade e sinceridade.

Aos professores Alexandre Rodrigues e Dárcio Ítalo Teixeira pelas valiosas

correções deste trabalho.

À minha querida orientadora Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva pela

oportunidade e pela confiança que depositaste em mim para realização deste trabalho.

Pela serenidade, sinceridade e pelo exemplo de competência e honestidade. Pela total

paciência com a elaboração dos artigos. Pelas valiosas e criteriosas correções. Pelos

finais de semana perdidos com seus familiares por causa da dedicação à correção deste

trabalho.

À minha querida família, pelo total apoio e torcida. Por me dar não só o apoio

financeiro como o apoio pessoal, moral e educacional para que eu chegasse até aqui. Por

me fazerem entender que o conhecimento é o bem mais importante que podemos

adquirir e que jamais devemos perder a humildade, o respeito e a honestidade com todo

e qualquer passo que vamos dar na vida. Por me darem a oportunidade inigualável de

conviver de forma íntima com os seres mais divinos que, em minha opinião, podem

existir, os animais. Pela paciência com os incontáveis “pacientes” que coloquei para

dentro de casa facilitando por muitas vezes o meu trabalho e poupando a preocupação

de estar distante.

À minha querida irmã Aline Levi Baratta Monteiro e meu cunhado Pedro César

Fernandes dos Santos por acreditarem cegamente em mim. Por apostarem no meu

potencial e por estarem sempre preocupados com a minha realização profissional e,

sobretudo a pessoal.

À Maria Ângela, pelo amor, cuidado, carinho e torcida declarados. Pela alegria

que sempre encontro ao vê-la. Pela dedicação ao meu futuro. Por me receber de braços

abertos e me fazer sentir totalmente à vontade em um lugar que por muitos dias foi

minha segunda casa.

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À amiga e companheira de trabalho Luana de Azevedo Freitas pela produção

conjunta deste experimento e pela força de não ter me deixado desistir.

À amiga e companheira incansável de trabalho Barbara Sucupira Pereira (Lôra),

por tudo o que foi para mim durante esses dois anos. Pela sempre presença nas

avaliações ultrassonográficas, pelas conversas intermináveis e repetidas, por fazer o

sonho de ter filhotes saudáveis e lindos no gatil virar realidade, pela presença sempre

constante nas horas difíceis, por sempre me dizer que tudo ia dar certo, por confiar em

mim, pela ótima relação de trabalho que conseguimos criar. Por nunca ter me dito “não

posso ir”.

À amiga Ticiana Franco Pereira da Silva (Tici) que sempre esteve disponível.

Pela fiel torcida, pela ajuda na correção deste trabalho, pela infalível ajuda em todos os

momentos que precisei fossem eles pessoais ou profissionais.

À minha querida amiga Henna Roberta Quinto (Henninha) pelo apoio, pela

ajuda em cuidar das minhas meninas quando fiquei ausente, pela incansável busca das

minhas revisões bibliográficas.

À amiga Camila Louise pela eterna paciência com meus desabafos, minhas

duvidas e por sempre atender meu pedido de socorro

Ao amigo Carlos Gabriel Almeida Dias que mesmo distante esteve sempre

comigo.

Às amigas Lara Thomaz e Greta Bezerril Moreno.

Ao Centro Veterinário Fabiana Fernandes em especial à Dra Fabiana Fernandes

por ter dado todo apoio técnico e logístico oferecido aos nosso animais quando um

internamento se fazia necessário.

Ao grande amigo Carlos Hedman por todas as traduções para o espanhol e,

acima de tudo, pela maravilhosa amizade e pela oportunidade diária de perceber que

poucas coisas na vida são tão prazerosas como ter um amigo.

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Às eternas amigas: Nellysye Michaellly Ponte (Mica) e Priscila Teixeira de

Souza (Pri) pela amizade verdadeira e incondicional, pela paciência que só elas sabem

ter comigo, pela companhia agradável, pelo exemplo de persistência, por nunca me

dizerem que “não podem me ajudar”, pela força, pela sinceridade, pelo carinho.

Ao Victor Leão Hitzschky Madeira, meu namorado, companheiro e amigo, pelo

amor, pela sinceridade, pela espontaneidade. Por não colocar a mão na minha cabeça,

por me fazer uma mulher mais feliz, pela companhia agradável, pelo bom humor, pela

paciência, e por cuidar das nossas “filhas” em meus vários momentos de ausência

durante essa fase. Por todas as cirurgias, pelas gatas hospedadas em casa, pela

companhia dos tantos fins de semana, pelas idas ao gatil nos fins de semana, pelas

noites de sono perdidas ajudando na correção deste trabalho.

Às minhas três filhas de quatro patas Iara, Tainá e Anita e minha enteada

Alcione pelos momentos de alegria, pelo amor incondicional, pelas lições de vida.

Aos meus animais Bartolomeu, Zigurina, Alemão, Chico e Dani pelos momentos

de alegria, pela companhia infalível e por todos os ensinamentos que me trazem sem

precisar pronunciar nem sequer uma palavra.

Aos animais experimentais que nos são fiéis em todas as horas, e que se doam

para trabalhos como este, mesmo sem saber, e por isso e por tantas outras qualidades.

A Deus por ter me dado o dom da vida, por ter me dado uma condição

privilegiada e por ter colocado no meu caminho todas essas pessoas maravilhosas que

agradeci acima.

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RESUMO O mercado de produtos e serviços especializados para gatos vem apresentando um significativo crescimento em todo o mundo. No Brasil, tem se tornado freqüente o surgimento de novos proprietários e criadores comerciais. Com a necessidade de oferecer a estes criadores condições para que os mesmos possam obter de suas fêmeas gestações normais e crias saudáveis, técnicas de reprodução assistida vêm ganhando importância dentro da gatofilia. Dessa forma, este trabalho foi dividido em dois experimentos que tiverem como objetivo geral avaliar a gestação de gatos domésticos SRD e mais especificamente, no 1° experimento, relatar as características reprodutivas dos animais de um gatil experimental a partir das taxas de gestação e de parição, duração da gestação, estimativa do número fetal, taxa de reabsorção, prolificidade, ganho de peso da mãe durante a gestação, apresentação dos fetos aos 55 dias de gestação, tipo de parto, peso dos filhotes ao nascer, taxa de canibalismo e taxa de malformações dos filhotes. No 2° objetivou-se avaliar o grau de associação dos diâmetros interno (DISG) e externo dos sacos gestacionais (DESG), espessura da placenta (EPL), diâmetros biparietal (DB), abdominal (DAB) e comprimento corpo (CC) com a idade gestacional (IG), além de avaliar se o uso combinado destes parâmetros ultrassonográficos melhora a estimativa da IG. Para tanto, 15 gatas foram inseridas em manejo de cobertura com 6 gatos. No primeiro experimento, realizou-se ultrassonografia para diagnóstico de gestação, avaliação de reabsorção embrionária e estimativa do número de conceptos. As taxa de gestação, reabsorção e parição foram 66,7%, 40% e 100%, respectivamente. A duração média da gestação foi 65,7 ± 1,97 dias. O ganho de peso foi 27,88 ± 7,16%. A prolificidade foi de 3,2 filhotes/fêmea. Não houve correlação significativa entre a duração da gestação e o tamanho da ninhada. A proporção macho:fêmea foi 1:1,91. O peso médio dos filhotes ao nascer foi 70,24 ± 17,16 g, sem haver diferença os sexos. A porcentagem de filhotes com malformações e de canibalismo foi 34,38% e 40%, respectivamente, havendo correlação entre eles. No segundo experimento, foram utilizados dez gatas e seis machos jovens sem raça definida com um mesmo biótipo. As fêmeas foram submetidas à avaliação ultrassonográfica para diagnóstico da gestação a cada cinco dias, a partir do 10° dia após a primeira cobertura. Durante a avaliação ultrassonográfica, foram mensurados DISG, DESG, EPL, DBP, DAB e CC de pelo menos dois conceptos de cada gestação, sendo preferencialmente um de cada corno uterino. Para análise dos dados, a gestação foi dividida em duas metades. O grau de associação entre essas medidas e a IG foi avaliado por meio de análises de regressões simples linear, exponencial, logarítmica, polinomiais de 2ª e 3ª ordem e potência e ainda por meio de análise de regressão multivariada, com exceção da EPL. As significâncias dos testes foram avaliadas para p<0,05 e p<0,01, no caso das análises de regressão simples e multivariada, respectivamente. Realizou-se uma simulação da IG a partir dos modelos matemáticos que apresentaram os maiores índices de regressão na análise simples e dos modelos propostos pela análise de regressão multivariada. Tanto os modelos de análise de regressão simples, como os de análise de regressão multivariada apresentaram altos índices de regressão para todos os parâmetros ultrassonográficos. O DISG, o DESG, o DBP, o DAB e o CC são confiáveis para estimar a IG e o uso combinado destes parâmetros melhora o grau de associação entre eles e a IG. Palavras chave: Gatas domésticas; características reprodutivas; gestação, neonato, ultrassonografia.

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ABSTRACT

The marker of products and job specialized for cats came presenting a significant growth in the whole word. In Brasil has been frequent the sprounting of news raisers.With the necessity to offer these creative conditions that the someones can get of its female normal pregnancy and kittens heltful techniques of reproduction come inside gainging importamce of the gatofilia. The present study was divided in two experiments, aiming to asses the pregnancy in domestic queens. It was aimed to relate the reproductive performance of pregnant queens. The queens were weighed from the first day of mating to the day of parturition. The queens underwent an ultrasonographic evaluation for pregnancy diagnose, to observe embryonic resorption and to estimate conceptus number. Pregnancy rate, embryonic reabsortion rate and parturition rate were 66.7%, 40% and 100%, respectively. The mean pregnancy length was 65.7 ± 1.97 days. Weight gain was 27.88 ± 7.16%. Mean litter size was 3.2 kittens. Pregnancy length was not correlated to litter size. Male:female proportion was 1:1.9. Kitten mean weight at born was 70.24 ± 17.16 g. It was not observed sexual dimorfism between kittens. The percentage of malformated kittens was 34.38%. The cannibalism behavior was observed in 40% of queens and it was positively correlated with occurrence of malformation.The objective of second experiment was assess the grade of association between ultrasonographic measurement of gestational sacs external (GSED) and internal diameters (GSID), placenta thickness (PLT) biparietal diameter (BPD), abdominal diameter (ABD) and body length (BL) with the gestational age (GA). In addition, we assess if the combined use of ultrasonic parameters improve the GA estimation. Ten queens and six young tomcats of mixed breeds within the same biotype were used. The queens underwent an abdominal ultrasonographic evaluation to diagnose pregnancy, each five days since the 10th day after first coitus. During ultrasound evaluation, they were measured GSID, GSED, PLT, BPD, ABD and BL of at least one conceptus on each uterine horn. The pregnancy was divided in two parts for date analysis. The degree of association between ultrasonographic parameters and GA was assess by using linear, exponential, logarithmic, potency, parabolic of second and third order regression and in addiction by using multivariate regression analysis. The significance was assessed for p<0.05 (simple analysis regression) and p<0.01 (multivariate analysis regression). A simulation of GA estimation was made by mathematic models that had high coefficients of regression at simple and multivariate analysis. The degree association between was significant and with high coefficients of regression in both analysis type. GSID, GSED, BPD, ABD and BL are reliable parameters to estimate GA and the combined use of these ultrasonic parameters improve the association between them and the GA.

Keywords: queens, pregnancy, ultrasonography, birth, malformation, cannibalism.

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LISTA DE FIGURAS

FIURAS Pág.

Figura 1. Aumento abdominal ao longo da gestação em gata doméstica................. 18

Figura 2. Mensuração ultrassonográfica da profundidade do ventrículo cerebral

(VC) e do diâmetro biparietal (DB) em cadelas aos 11 dias antes do parto.............

30

Figura 3. Mensuração ultrassonográfica do comprimento da placenta canina aos

26 dias antes do parto...............................................................................................

31

Figura 4. Imagem ultrassonográfica mostrando corte longitudinal da placenta

canina aos 40 dias de gestação com calliper (+) marcando a mensuração na

espessura da mesma..................................................................................................

31

Capitulo 1

Figura 1. Características da gestação, parto, ninhada e ocorrência de canibalismo

em gatas domésticas sem raça definida submetidas a monta natural em gatil

experimental.............................................................................................................

49

Figura 2. Ganho de peso médio (g) ao longo da gestação (terço inicial, médio e final)

de gatas SRD criadas em gatil experimental (n=10)............................................................

50

Figura 3. Aumento da circunferência abdominal (cm) em gatas SRD criadas em

gatil experimental ao longo da gestação (n=10)..................................................................

50

Figura 4. Gato SRD recém-nascido apresentando exoftalmia em globo ocular direito...... 51

Figura 5. Gato SRD recém-nascido apresentando evisceração.......................................... 51

Figura 6 A-F Tipos de malformações observadas em gatos SRD recém-nascidos: (A) e

(B) malformação de membros anteriores, (C) e (D) malformação dos membros

posteriores e (E e F) malformação de cauda........................................................................

55

Figura 7. Peso ao nascer e biometria fetal de gatinhos sem raça definida quando a

presença ou ausência de malformações....................................................................

55

Figura 8. Peso ao nascer e biometria fetal de gatinhos sem raça definida quando

ao sexo......................................................................................................................

55

Capítulo 2

Figura 1 Mensuração ultrassonográfica de saco gestacional aos 25 de gestação de gata SRD. Diâmetro médio do SG calculado pela média aritimética das mensuraçõs transversal e longitudinal : 10 + 11/2 = 10,5 mm.

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LISTA DE TABELAS

TABELAS Pág

Capitulo 2

Tabela 1. Média ± desvio padrão (DP) do diâmetro interno e externo dos sacos gestacionais em gatas SRD com padrão de cabeça mesencefálico no período de 15 a 45 dias de gestação...........................................................................................

61

Tabela 2. Simulação da previsão das idades gestacionais em função das equações de regressão polinomial de 3ª ordem (Y1 e Y2) e lineares multivariada (Y3 e Y4) e suas comparações com a real idade gestacional contada a partir da primeira cobertura em gatas domésticas SRD.........................................................................

64

Tabela 3. Média ± desvio da espessura da placenta de gatas domésticas SRD no período de 30 a 50 dias de gestação..........................................................................

64

Tabela 4. Média ± desvio padrão (DP) dos diâmetros biparietal, abdominal e comprimento do corpo...............................................................................................

66

Tabela 5. Modelos de análise de regressão simples com equações polinomial de 3ª ordem (Y1), exponencial (Y2) e polinomial de 2ª ordem (Y3) e modelos de análise de regressão linear multivariada (Y4,Y5 e Y6) utilizados para determinar a idade gestacional (variável dependente) em função dos DB, DA, DAB e CC (variáveis independentes) na segunda metade da gestação em gatas domésticas SRD de pequeno porte com padrão de cabeça mesencefálico...................................

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LISTA DE ABREVIATURAS

Abreviatura Significado

% : Porcentagem

® : Marca registrada

CC : Comprimento do corpo

cm : Centímetros

DAB : Diâmetro abdominal

DB : Diâmetro biparietal

DESG : Diâmetro Externo do Saco gestacional

DICC : Diâmetro interno da cavidade coriônica

DISG : Diâmetro interno do saco gestacional

DPTV : Diâmetro da profundidade da vesícula diencéfalo-telencefálica

FAVET : Faculdade de Veterinária

g : Grama

GnRH : Hormônio liberador de gonadotrofinas

IG : Idade Gestacional

kg : Quilogramas

LH : Hormônio luteinizante

cm2 : centímetros quadrados

MHz : Megahertz

hCG Gonadodrofina coriônica humana

eCG Gonadotrofina coriônica equina

mm : Milímetros

PPGCV : Programa de Pós- Graduação em Ciências Veterinárias

SRD : Sem Raça Definida

UECE : Universidade Estadual do Ceará

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SUMÁRIO

Pág.

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 14

2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................... 16

2.1. GESTAÇÃO................................................................................................................ 16

2.1.1. Duração da Gestação................................................................................................. 18

2.1.2 Taxa de gestação e de parição.................................................................................... 19

2.2 PARTO......................................................................................................................... 19

2.3 O NEONATO............................................................................................................... 21

2.4 PROLIFICIDADE........................................................................................................ 22

2.5. DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO.............................................................................. 23

2.5.1. Dosagem hormonal................................................................................................... 23

2.5.2. Palpação abdominal.................................................................................................. 24

2.5.3. Radiografia................................................................................................................ 25

2.5.4. Ultra-sonografia........................................................................................................ 25

2.6. ASPECTOS ULTRA-SONOGRÁFICOS DA GESTAÇÃO EM GATAS................. 26

2.6.1. Aspectos ultrassonográficos do útero, ampola gestacional e placenta..................... 27

2.6.2. Aspectos ultrassonográficos do embrião e do feto................................................... 27

2.6.2.1 Gestação inicial (dias 14 a 30)................................................................................ 27

2.6.2.2. Gestação média a termo (dia 30 a termo).............................................................. 28

2.6.2.3. Batimento cardíaco e atividade fetal...................................................................... 28

2.6.3. Mensuração embrionária/fetal e placentária e sua correlação com a idade

gestacional...........................................................................................................................

28

2.7. OUTRAS APLICAÇÕES DA ULTRA-SONOGRAFIA REPRODUTIVA.............. 33

3. JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 35

4. HIPÓTESES CIENTÍFICAS.......................................................................................... 36

5. OBJETIVOS................................................................................................................... 37

6. CAPITULO 1.................................................................................................................. 38

7. CAPITULO 2.................................................................................................................. 54

8. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 74

9. PESPECTIVAS.............................................................................................................. 75

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 76

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1 INTRODUÇÃO

A popularidade do gato doméstico (Felis silvestris catus) como animal de

estimação vem aumentando e, em alguns países, o gato já é considerado o animal mais

criado nos domicílios (SOUZA, 2000). FUNEZ (1998) afirmou que nas grandes capitais

ocidentais, o número de gatos já superou o número de cães. Atualmente, no Brasil, a

população felina é de aproximadamente 13 milhões e, apesar de ainda estarem atrás dos

cães – que somam uma população de 27 milhões - acredita-se que em 2020 a população

de gatos será igual à de cães (BELLO, 2008; SOUZA, 2000). Isto pode ser atribuído ao

fato do gato requerer menos espaço e menos cuidados que a espécie canina

(CORRADA & GOBELLO, 2000), adaptando-se melhor a domicílios com espaço

reduzido, como apartamentos (BEAVER, 2005).

Este aumento considerável na criação de gatos alavanca um mercado de

produtos e serviços especializados a fim de atender aos interesses dos proprietários

destes animais.

Um exemplo disso é a ultrassonografia que foi inicialmente desenvolvida no

campo da medicina humana na década de 70 e passou a fazer parte dos meios de

diagnósticos em medicina veterinária a partir das décadas de 80-90 (LAURENCE,

2000). Esta técnica trouxe a possibilidade de estabelecer o diagnóstico, ainda na vida

intra-uterina, de problemas que possam acometer a mãe e seus filhotes ou dificultar a

ocorrência do parto normal (ZAMBELLI & PRATI, 2006). Atualmente, a

ultrassonografia tem sido bastante utilizada para diagnosticar a presença da gestação,

bem como acompanhar o desenvolvimento e viabilidade dos conceptos, tendo se

tornado, portanto um exame pré-natal de rotina nos centros veterinários. Além disso,

para um bom acompanhamento pré-natal é essencial tanto para o obstetra veterinário,

como para o proprietário, que cada vez mais atua sobre vários aspectos da gestação e

das primeiras fases da evolução dos filhotes terem um conhecimento completo dos

aspectos da gestação e do nascimento normal da cria felina. (JACKSON, 2006).

Na espécie felina, são escassos os trabalhos científicos tanto sobre parâmetros

reprodutivos de gatos SRD criados em ambientes com clima equatorial natural e

enquadrados dentro de um biótipo físico definindo, bem como sobre acompanhamento

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ultrassonográfico gestacional que enfocam, de forma precisa, a correlação de medidas

embrionárias/fetais com a idade gestacional. Sabe-se que o levantamento de dados por

ultra-som, especialmente visando estimar a idade gestacional, deve-se constar de um

estudo minucioso e específico para cada espécie.

Para uma melhor compreensão do presente trabalho, fez-se uma revisão de

literatura, enfocando os principais aspectos referentes à gestação e aos aspectos

ultrassonográficos conhecidos sobre a gestação em gatos domésticos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Gestação

A gata é um animal vivíparo apresentando, portanto todo o desenvolvimento

embrionário e fetal no interior do útero. Este período de desenvolvimento intra-uterino é

chamado prenhez, gestação, ou ainda período pré-natal e é definido como o intervalo

entre a fecundação e o parto (NELSON & COUTO, 2001).

A maior parte das espécies felinas apresenta ovulação induzida pela cópula

(POPE, 2000). O reflexo neuro-endócrino que desencadeia a ovulação na espécie felina

é originado com a estimulação dos receptores vaginais pelas espículas penianas durante

o coito. Esse evento cria um impulso nervoso que induz o hipotálamo a secretar o

hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH- BAKKER & BAUM, 2000). Este

hormônio atua na hipófise, a qual secreta o hormônio luteinizante (LH). A elevação de

LH inicia-se cerca de 15 minutos após a cópula, chegando ao pique em duas horas

retornando ao nível basal em oito horas (TSUTSUI & STABENFELDT, 1993). A

ovulação é desencadeada de 24 a 50 horas após o coito (CRISTIANSEM, 1989;

GOODROWE et al., 1989).

A amplitude e duração da secreção do LH são altamente variáveis e depende da

intensidade, duração e freqüência dos estímulos coitais. A duração da secreção de LH é

maior e mais prolongada quando ocorrem múltiplos coitos, em relação aos valores de

LH em um único coito (VERSTERGEN, 1998). Somente em 50% dos casos uma

cópula única foi capaz de promover ovulação, CONCANNON et al., (1980). Assim,

múltiplas cópulas são necessárias para que haja descarga de LH suficiente para

ocorrência da ovulação (CHATDARONG, 2001). Segundo alguns autores, três cópulas

por dia em intervalos de três horas, mostram-se suficientes para indução de ovulação,

seja nos três primeiros dias de manifestação do comportamento estral (WILDT et al.,

1981 e SCHIMIDT et al., 1983) ou somente no terceiro dia de manifestação (GRAHAM

et al., 2000).

Após a ovulação, os oócitos permanecem no oviduto, local onde ocorre a

fertilização (FELDMAN & NELSON, 1996). Quatro a cinco dias após a fertilização, os

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zigotos migram para os cornos uterinos como mórulas compactas. A migração

transuteria dos embriões permite que o número de fetos nos cornos uterinos direito e

esquerdo tornem-se igualmente distribuídos. A implantação ocorre aproximadamente 15

dias após o coito (TSUTSUI & STABENFELDT, 1993). Se a implantação ocorrer em

locais muito próximos, pode ocorrer a fusão das membranas embrionárias de embriões

adjacentes resultando em companheiros de ninhada sincorial Embora seja um evento

raro, o mesmo já foi relatado na espécie felina (WISLOCKI & HAMLET, 1934;

BISSONETE, 1928). Durante os primeiros dias, o embrião encontra-se livre no oviduto

e no útero, e nutre-se das reservas próprias armazenadas no saco vitelínico e dos

nutrientes que pode extrair do “leite uterino” produzido pelas glândulas uterinas

estimuladas pela progesterona (SORRIBAS, 1995). Na gata, o estágio embrionário vai

até o 23° - 25° dias (KNOPSE, 2002) após a fecundação. Já o estágio fetal é alcançado

por volta da quarta semana de gestação e é reconhecido após o desenvolvimento de

características espécie específicas (KNOPSE, 2002).

Na gata, diferentemente do que acontece na cadela, o ganho de peso é linear

desde a concepção até o parto. Ocorre aumento de 40% do peso anterior (o que significa

900-1.200 g para uma ninhada do tipo médio). No momento do parto, a gata perde 40%

do peso adquirido durante a gestação, os outros 60% do acumulado são para gerar e para

manter a lactação (PRATS, 2005). Dias (2006) trabalhando com gatas SRD mantidas

em gatil experimental sob clima equatorial natural, observou um percentual de ganho de

peso ao longo da gestação de 30,90 ± 12,03 em fêmeas com uma média de 4 filhotes por

ninhada. MUNDAY & DAVIDSON (1993), observaram um ganho de peso médio de

25 ± 13% (n=64). O ganho de peso durante a gestação na gata está relacionado com o

aumento do peso fetal, anexos e líquidos intra-uterinos. Entretanto, DIAS (2006)

mensurando o ganho de peso 24 horas após o parto em 12 gatas sugeriu que o

percentual médio de ganho de peso ao longo da gestação também é um reflexo do ganho

de massa corpórea materna.

O aumento de volume abdominal da fêmea gestante só se torna externamente

visível após a segunda metade da gestação (Figura 2) (TONIOLLO & VICENTE,

1993). Devido ao peso dos fetos, o útero se dirige ventralmente, formando um arco

desde a borda anterior da pelve até a região sublombar posterior (CHRISTIANSEN,

1988).

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2.1.1. Duração da gestação

A duração da gestação em gatas domésticas varia de 62 a 71 dias com valor

médio entre 65 e 66 (ROOT et al., 1995, LITTLE, 2005ab; JOHNSTON et al., 2001).

Este intervalo é mais uniforme (63 a 66 dias) quando registrado a partir do primeiro

aumento sérico da concentração de progesterona. Há relatos de gestação de 52 a 71 dias,

no entanto os nascimentos antes de 60 dias de gestação devem ser considerados

prematuros porque com freqüência são acompanhados por uma taxa anormalmente

maior de natimortos e de mortes neonatal precoce (PRESCOTT, 1973; SCOTT &

LLOYD-JACOB, 1955). A variação na duração do intervalo coito - parto é explicada

pelos coitos incapazes de induzir a ovulação (FELDMAN & NELSON, 1996) ou esta

variação pode ocorrer devido a um período de monta prolongado, no qual não se pode

estimar o momento da ovulação (ROOT et al., 1995). O tempo de gestação é variável na

gata doméstica devido ao período relativamente longo de estro e a incerteza de quando

um apropriado número de cópulas deve ser realizado para estimular a liberação de

hormônio luteinizante (LH) e subseqüente ovulação em um período de estro (ROOT et

al., 1995; FELDMAN & NELSON, 1996).

Há controvérsias no que diz respeito à influência do tamanho da ninhada sobre a

duração da gestação. ROOT et al. (1995) não observaram correlação significativa entre

Figura 1. Aumento abdominal ao longo da gestação em gata doméstica. Fonte: CRISTIANSEN, 1988

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esses dois parâmetros, porém, mais recentemente, SPARKES et al. (2006) em estudo

realizado com gatos de várias raças pura, observaram uma correlação significativa com

uma redução de 0,1 dia de gestação por filhote na ninhada. Em cadelas, a correlação

negativa entre estes dois parâmetros também já foi observada estando limitada a

ninhadas com até sete (OKKENS et al., 1993; NAAKTGEBOREN, 1987) ou treze

filhotes (OKKENS et al., 2001). Outro fator que exerce influência na duração da

gestação é a raça. SPARKES et al. (2006) observaram que, independente de outros

fatores, as gatas da raça Siamês e Pêlo Curto Oriental apresentaram gestações mais

longas (maior do que 66 dias) que as gatas da raça Korat (63 dias).

2.1.2. Taxas de gestação e de parição

Na gata, a taxa de gestação em ambiente de laboratório é de 73,9%, porém

quando se considera o risco de reabsorção, a taxa de gestação é menor (65,2%) (ROOT

et al., 1995). Dias (2006) trabalhando com gatas domésticas obteve 21 gestações de 28

gatas inseridas em manejo de cobertura, resultando em uma taxa de gestação de 75% e

uma taxa de parição de 64,39%.

Muitos são os fatores que têm sido descritos como agentes potencialmente

negativos na fertilidade felina e conseqüentemente na taxa de gestação de uma colônia

ou gatil. Dentre eles pode-se citar o vírus da leucemia felina (Felv), o vírus da

imunodeficiência felina (FIV), o herpesvirus felino, alguns distúrbios endócrinos, o

estresse, a infecção por Toxoplasma gondii, a hiperplasia endometrial cística, além de

um incorreto manejo de cobertura ou problemas relacionados ao macho (COTTER et

al., 1975; GOLDSMITH, 1975, WEAVER et al., 2005, ROMAGNOLI, 2006). Existem

ainda trabalhos que isolaram Chlamydophila felis da vagina de gatas infectadas com

histórico de infertilidade sugerindo que esta bactéria poderia ser a responsável pela falha

reprodutiva (WILLS et al.,1984; SYKES et al., 1999ab).

2.2. PARTO

O parto é o processo fisiológico pelo qual o útero prenhe elimina o feto e a

placenta do organismo materno (JAINUDEEN & HAFEZ, 2004) tendo seu inicio

desencadeado por fatores maternos e fetais (LUZ, 2005).

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Ele é dividido em três fases: fase I (contração uterina e dilatação da cérvice),

fase II (passagem dos fetos pelo canal do nascimento) e fase III (passagem da placenta

pelo canal do nascimento - JOHNSON, 1994; FELDMAN & NELSON, 1996;

KUSTRITZ, 2005). Sendo a gata uma fêmea multípara, as fases normalmente

associadas ao parto são repetidas várias vezes (BEAVER, 2005).

O declínio na temperatura retal em cadelas normalmente precede o nascimento

dos filhotes por pelo menos 12 horas (FELDMAN & NELSON, 1996). Tal declínio,

descrito em cadelas, não foi relatado em gatas (JOHNSON, 1994). Portanto a

temperatura retal não é um indicador confiável do inicio do parto em gatas (FELDMAN

& NELSON, 1996). A maior parte das gatas recusa-se a alimentar-se 24 a 48 horas

antes do parto (JOHNSON, 1994).

O parto pode ser normal (eutócico) ou anormal (distócico). Este último ocorre

quando há falha em iniciar o parto no momento correto, ou quando há problema na

expulsão normal dos fetos, uma vez que o parto tenha iniciado. A incidência de distocia

felina é menor que em cães. Em gatos, uma incidência maior de distocia é vista nas

raças exóticas quando comparadas a gatos sem raça definida. Em um estudo da distocia

realizado principalmente com proprietários de gatos de raça pura, GUNN-MOORE &

THRUSFIELD (1995) observaram que a distocia ocorreu em 5,8% de 3.000 ninhadas.

Distocia ocorreu em 0,4% das ninhadas de uma colônia de gatos mestiços, mas em

18,2% das ninhadas de gatos da raça Devon Rex. A forma da cabeça dos gatos de raça

influencia a incidência de distocia. Raças dolicocefálicas e braquicefálicas têm uma

maior incidência de distocia que raças mesocefálicas (GUNN-MORE et al., 1995).

Vários fatores maternos e fetais podem contribuir para a distocia em gatas

levando a necessidade de uma intervenção medicamentosa ou cirúrgica (LUZ, 2005).

Dentre os fatores maternos temos a inércia uterina primária, a inércia uterina secundária,

raça e conformação, tônus muscular abdominal, torção ou ruptura uterina dentre outras.

Os possíveis fatores fetais são o desenvolvimento fetal anormal, a ausência de

desencadeamento do parto e a estática fetal anômala. No que diz respeito à estática fetal

anômala, alterações na apresentação, posição e/ou na postura do feto durante o parto

podem predispor à distocia (LUZ, 2005).

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A apresentação fetal durante o parto pode ser anterior (cefálica) ou posterior

(pélvica). Sessenta por cento (60%) dos filhotes de gatos nascidos de parto normal

nascem em apresentação longitudinal anterior, e os 40% restantes em apresentação

longitudinal posterior (LUZ et al., 2005)

2.3. O NEONATO

Logo após o nascimento, alguns fatores parecem ser de extrema importância

na determinação da sobrevivência dos filhotes. Dentre as causas de morte neonatal

podem ser citados o peso insuficiente ao nascer (30%), canibalismo (10%), anomalias

congênitas (2%), e desordens relacionadas à imaturidade fisiológica (30%) (PRATS,

2005).

O canibalismo trata-se de um transtorno relativamente freqüente na espécie

felina, que pode estar limitado a um único gatinho ou estender-se a toda ninhada. A

etiologia é desconhecida. Porém, alguns autores observaram que as gatas normalmente

comem os filhotes abortados e os gatinhos natimortos (HART & HART, 1985; HOUPT,

2004). Os mesmos autores observaram um aumento na ocorrência de canibalismo em

casos de ninhadas muito grandes, e doenças de filhotes. Já para PRATS (2005), ao

contrário, o canibalismo não parece ser um mecanismo de seleção, pois afeta igualmente

indivíduos normais e franzinos.

Outras situações podem provocar canibalismo, como o estresse induzido

pela inabilidade da mãe em encontrar um local adequado para o parto (FOX, 1974),

além de uma alimentação incorreta (HOUPT, 2004). O ato de eviscerar e ingerir parte

do filhote enquanto a gata mastiga o cordão umbilical muito próximo ao abdômen, não

é considerado canibalismo verdadeiro e, embora possa ser uma atitude de uma gata

nervosa, é um acontecimento raro.

Quanto às anomalias congênitas, em termos gerais, é difícil diferenciar entre

problemas estritamente genéticos e os efeitos teratogênicos e de tratamentos médicos

administrados à mãe durante a gestação. As malformações congênitas são mais

freqüentemente observadas em gatos do que em cães (em ordem crescente): fenda

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palatina, hidrocefalia, agenesia de tubo digestivo. Essas malformações podem ser

atribuídas a tratamentos antibióticos ou antifúngicos (PRATS, 2005).

O peso normal dos gatinhos ao nascimento varia de 80 a 110 g, com média

de 113 g (LITTLE, 2005ab). Observa-se 63% de mortalidade quando o peso está entre

80 e 90 g e, praticamente 100% quando este peso é menor que 80 g. Em outro estudo

também realizado com gatos de raça pura, os autores observaram um peso médio ao

nascer de 93,5 g com uma grande variação (30-170 g) entre as raças, estando nos

extremos inferior e superior os filhotes de gatas das raças Korat e Maine Coon,

respectivamente (SPARKES et al., 2006).

Peso médio ao nascer semelhante foi relatado por Dias et al. em 2007 que

estudando gatos sem raça definida oriundos de gatil experimental na região nordeste do

Brasil, observaram peso médio dos filhotes ao nascimento de 90,16 ± 34,02 g ( variando

de 43 a 240 g). Estes autores observaram ainda que do total de filhotes nascidos vivos,

40 nasceram com peso abaixo de 85 g e 32 nasceram com peso igual ou acima de 85 g e

que do total de filhotes que vieram a óbito ao longo das 4 semanas (N = 17), observou-

se um peso médio ao nascimento de 73,12 ± 15,07 g, variando de 43 a 101 g sugerindo

que o peso mínimo considerado como predisposição à mortalidade juvenil, nesta

colônia, seria 73 g.

2.4. PROLIFICIDADE

Em condições naturais, gatas situadas em regiões temperadas, podem

produzir duas a três ninhadas (SCHMIDT et al., 1983) de um a nove filhotes por ano

(JEMMETT & EVANS, 1977; BEAVER, 2005 ) com média entre três a cinco gatinhos

por ninhada, sendo a proporção macho:fêmea entre 1:1 a 4:3 (BEAVER, 2005). Há uma

variação da prolificidade de acordo com a raça (PRESCOTT, 1973; SPARKES et al.,

2006). A maioria das ninhadas é resultante de coberturas em três dias consecutivos,

entretanto o tamanho da ninhada não é afetado pelo número de dias que a gata é coberta,

nem pelo número de coberturas (PRESCOTT, 1973).

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2.5. DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO

O diagnóstico definitivo da gestação tem apresentado alta demanda na rotina

clínica de pequenos animais. Criadores de animais geralmente ficam ansiosos para

confirmá-la e determinar o número de fetos, além disso, casos de cruzamentos não

desejados requerem uma resposta definitiva e precoce sobre a mesma. O diagnóstico

precoce da gestação é importante para que se estabeleça o planejamento de manejos

clínico e alimentar adequado para fêmea gestante, além de uma definição de uma

estratégia sanitária eficiente (FREITAS & SILVA, 2008).

Diferentes métodos podem ser usados para diagnóstico de gestação em gatas,

incluindo dosagens hormonais, palpação abdominal, radiografia e ultrassonografia.

2.5.1 Dosagem hormonal

As gatas não produzem gonadotrofinas específicas da prenhez, como acontece

em mulheres que produzem a gonadotrofina coriônica humana (hCG) e em éguas que

produzem a gonadotrofina coriônica eqüina (eCG) que podem ser detectadas

precocemente.

2.5.1.1. Progesterona

A mensuração da progesterona sérica não deve ser usada para diagnóstico de

gestação em gatas, embora já tenha sido descrita (HAMMER & HOWLAND, 1991).

Não é segura uma vez que sua concentração na gestação e na pseudogestação têm

poucas diferenças (FELDMAN & NELSON, 1996). Segundo JOHNSTON et al. (2001),

ocorre um alto índice de falso positivo em gatas que foram submetidas a coberturas não

férteis ou exibiram ovulação espontânea na ausência de cópula. Em ambos os casos, as

concentrações séricas de progesterona excedem 5 ng/ml (JOHNSTON et al., 2001).

2.5.1.2. Relaxina

Em 1985, Steward e Stabenfeld identificaram a relaxina como um hormônio

específico da gestação em gatos e caraterizaram o perfil da relaxina plasmática durante

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toda a gestação. A relaxina é produzida pelas células trofoblasticas das vilosidades da

placenta felina ( ADDIEGO et al., 1987; KLONISH et al., 1999) e pode ser detectada

no plasma de gatas prenhes a partir de 20 dias após a monta até o parto.(STEWARD &

STABENFELD, 1985). A detecção da relaxina no sangue já foi reconhecida como um

método de diagnóstico precoce e acurado da gestação. Atualmente, em alguns países da

América do Norte, kits teste são comercializados e comumente utilizados na prática

veterinária. Trabalho realizado com 51 gatas sendo 28 prenhes e 23 não prenhes

tentando o kit comercial Witness Relaxin® obteve 100% de acerto nos diagnósticos

positivos com precocidade média de 25 dias após a monta (variação de 20-29) e, das 23

gatas não prenhes, a autora obteve 2 falsos positivos (GRIFFIN, 2006). Trabalhos

recentes mostraram que, devido ao baixo peso molecular e tamanho, a relaxina

consegue passar pelos gromérulos renais e ser excretada na urina em felinos domésticos

e selvagens. Porém pesquisas com gatos domésticos não obtiveram sucesso ao tentar

dosar a relaxina através da urina pura utilizando kit comercial. O diagnóstico positivo só

foi possivel quando a urina foi diluida em soro de gatas não gestantes e, ainda assim

com uma precocidade baixa quando comparada à relaxina sérica (DORSEER et al.,

2007). Embora os testes de relaxina não sejam capazes de confirmar a gestação tão

preocemente quanto a ultrassonografia abdominal, nem tampouco fornecer dados sobre

a viabilidade e estimativa do número fetal, pode ser útil nos casos em que não se tem

um acesso fácil à ultrassonografia (MARGARET & KUSTRITZ, 2007).

2.5.2. Palpação abdominal

O diagnóstico clínico da gestação em gatas domésticas pode ser feito por meio

de palpação abdominal por volta do 15º (JOHNSTON et al., 2001) ao 17º (FELDMAN

& NELSON, 1996) dia de gestação, quando estruturas discretas, firmes e esféricas, no

útero podem ser detectadas através da parede abdominal.

A palpação abdominal é considerada o método de diagnóstico gestacional mais

simples e rápido. O período recomendado para realização está situado entre os 21º-25º

dias de gestação durante o qual as tumefações embrionárias estão distintamente

separadas. Neste período, cada vesícula gestacional apresenta aproximadamente entre 1-

2 cm de diâmetro (FELDMAN & NELSON, 1996; ZAMBELLI & PRATTI, 2006). Em

gestações mais avançadas (de 58 dias até a termo) cabeças e corpos fetais podem ser

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distinguidos à palpação e o movimento fetal detectado. Segundo MIALOT (1988), a

palpação deve ser suave e feita sem brusquidão para não causar danos à gestação.

JOHNSTON et al. (2001) afirmaram que seqüelas adversas para a gestação causadas

pela palpação abdominal do útero não foram descritas em gatos, entretanto já foram

descritas em outras espécies. A taxa de sucesso do diagnóstico gestacional por meio da

palpação está na dependência da facilidade ou dificuldade da realização que depende de

alguns fatores tais como escore corporal do animal, tamanho do animal, temperamento

do animal, tamanho da ninhada e habilidade do médico veterinário.

2.5.3. Radiografia

O diagnóstico radiográfico só é possível à medida que modificações

suficientemente importantes apareçam e permitam a obtenção de imagens características

da calcificação do esqueleto fetal (MIALOT, 1988). Um aumento do útero antes da

observação da calcificação é um achado radiográfico inespecífico em gatos que pode ser

confundido com piometra, hidrometra, ou outras causas de aumento uterino

(FELDMAN & NELSON, 1996). Na gata, a mineralização fetal, que é o achado

radiográfico definitivo da gestação, torna-se visível do 36º ao 45º dias de gestação.

JOHNSTON et al. (2001) afirmam que devido aos riscos potenciais da exposição à

radiação ao desenvolvimento fetal, o exame radiográfico do abdômen de gatas gestantes

não deve ser realizado antes do 40° dia de gestação.

A radiografia é o método de escolha para contagem precisa do número de fetos

(NYLAND & MATTOM, 2005; ZAMBELLI & PRATI, 2006)

2.5.4. Ultrassonografia

A ultrassonografia é um método de diagnóstico de gestação não invasivo e que

não oferece nenhum risco para a mãe e para os filhotes, nem para o médico veterinário.

É uma técnica superior à radiografia para visualização das estruturas internas do útero,

como conteúdos intraluminais e paredes uterinas (FERRETTI, 2000) e permite um

diagnóstico de gestação precoce, em uma época em que a interpretação dos exames

radiográficos e a palpação transabdominal dos embriões são difíceis (MIALOT, 1988).

Segundo JOHNSTON et al. (2001), a ultrassonografia transabdominal é a modalidade

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preferencial para detecção e monitoramento da gestação felina, visto que este exame

possibilita detectar a viabilidade fetal, a qual não é detectada através da palpação e

radiografia, além de oferecer mais segurança para o desenvolvimento fetal do que a

radioexposição oriunda do exame radiográfico (JOHNSTON et al., 2001). Na gata, a

ultrassonografia foi utilizada com sucesso para diagnosticar a gestação no período de

10 a 11 dias após o acasalamento (NYLAND & MATTOM, 2005; ZAMBELLI &

PRATI, 2006). A morfologia fetal pode ser detectável após o 26° dia de gestação.

Foi demostrado que a ultrassonografia tem apresentado baixa acurácia para

determinar a prolificidade, com a inacurácia aumentando à medida que o número de

fetos aumenta (TOAL et al., 1986; ENGLAND & ALLEN, 1990; JOHNSTON et al.,

2001; LEITE, 2003). Alguns autores sugerem que a estimativa do número fetal não

apresenta boa acurácia quando mais do que quatro fetos estiverem presentes (SHILE &

GONTAREK, 1985; LEITE, 2003). Acredita-se que entre o 28° e 35° dias seja o

período mais fácil para determinar o número de fetos. Na prática clínica, deve-se

informar ao proprietário que a estimativa do número fetal não é precisa e, caso esta

informação seja essencial, a radiografia é recomendada no terço final da gestação.

Um estudo realizado com cadelas comparou a palpação, a ultrassonografia e a

radiografia na detecção da gestação e estimativa no número fetal sendo esta ultima

técnica, usada somente no 3° terço da gestação, enquanto as duas primeiras foram

utilizadas a partir da 3ª semana pós-coito. Neste trabalho, demonstrou-se que a

radiografia apresentou 100% de precisão na detecção da gestação e 93% na

determinação do número fetal. A detecção da gestação por ultrasonografia apresentou

acurácea de 95% (sem falso positivo) e a palpação 88% (um falso positivo). Para

contagem fetal a acurácia da ultrassonografia foi 36% e da palpação de 12% (TOAL et

al., 1986).

2.6. ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DA GESTAÇÃO EM GATAS

Os primeiros relatos acerca da avaliação ultrassonográfica da gestação em gatas

ocorreram na década de 80 (DAVIDSON, 1986). Poucos trabalhos sucessivos foram

publicados para a espécie felina (BECK et al., 1990). Mais recentemente, ZAMBELLI

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et al. 2004.; ZAMBELLI & PRATI, 2006) descreveram com detalhes os aspectos

ultrassonográficos das estruturas fetais e extrafetais em gatas gestantes.

2.6.1. Aspectos ultrassonográficos do útero, ampola gestacional e placenta

A indicação ultrassonográfica mais precoce de gestação em gatas dá-se pela

presença de uma hiperplasia uterina fisiológica a partir do dia 4 da gestação. No entanto,

essa aparência é comum para úteros gravídicos e não gravídicos de gatas em diestro. O

diagnóstico definitivo da gestação é feito por meio da visualização da ampola

gestacional que aparece como uma pequena estrutura anecóica e circular no dia 10 da

gestação. Essa estrutura aumenta progressivamente de 6,9 mm no dia 10 para cerca de

35,7 mm no dia 30. Há uma conseqüente perda do formato esférico da ampola

gestacional à medida que um alongamento ocorre, chegando, a ampola a atingir um

formato oval. No dia 16 da gestação, a placenta em desenvolvimento pode ser

reconhecida dentro da ampola gestacional como duas linhas hiperecóicas separadas por

uma linha hipoecóica. Essa aparência estratificada mantém-se por toda a gestação. A

partir do dia 25, é possível distinguir a natureza zonária da placenta que ocupa a

superfície inteira da ampola gestacional com exceção dos pólos. A estrutura da placenta

não muda de aparência ultrassonográfica até o final da gestação (ZAMBELLI &

PRATI, 2006).

2.6.2. Aspectos ultrassonográficos do embrião e do feto

2.6.2.1 Gestação inicial (dias 14 a 30)

O embrião é identificado pela primeira vez por volta do dia 14 como um

espessamento da parede da ampola gestacional. No entanto, somente no dia 16, ele faz

uma protrusão evidente para o interior da cavidade. No dia 17 da gestação, o embrião

aparece separado da parede e, no dia seguinte, ele tende a ter uma forma de “C”, com os

brotos da cabeça, tronco e membros torácicos tornando-se visíveis. Em seguida, no dia

20, o embrião se move em direção ao centro da ampola gestacional. No dia 22, ele se

situa próximo à parede oposta. Nessa posição, o desenvolvimento do embrião continua

e por volta do dia 26, ele adquire a sua forma definitiva (ZAMBELLI et al., 2002a).

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29

2.6.2.2 Gestação média e final (dia 30 a termo)

O desenvolvimento fetal progride rapidamente e, a partir do dia 30, a

visualização dos diferentes órgãos passa a ser possível. Entre os dias 29 e 30, é possível

identificar a bexiga urinária situada no abdômen caudal próxima ao cordão umbilical e o

estômago preenchido de fluido próximo ao fígado. A partir do dia 49, o estômago

parece mover-se caudalmente em relação ao fígado. Os rins são vistos pela primeira vez

no dia 39, mas apenas a partir do dia 50 é possível distinguir o córtex renal da medula.

O intestino delgado e o grosso são dificilmente visíveis até o dia 40 por causa do grande

tamanho do fígado que ocupa quase toda a cavidade abdominal. Somente a partir do dia

54 é possível apreciar a estratificação da parede intestinal e a presença do mecônio. Os

olhos são reconhecidos por volta do dia 35 e após o dia 50, o cristalino torna-se aparente

(ZAMBELLI et al., 2002a).

2.6.2.3. Batimento cardíaco e atividade fetal

A primeira detecção dos batimentos cardíacos fetais pela ultrassonografia é

possível por volta de 16 a 25 dias após a cobertura, com os embriões exibindo uma

freqüência cardíaca média estável ao longo de toda a gestação de 228 ± 35,5 batimentos

por minuto (VERSTEGEN et al., 1993). A atividade cardíaca pode confirmar a

viabilidade fetal. No entanto, a distinção das câmaras cardíacas só é possível a partir do

dia 50, quando também é possível a avaliação dos vasos maiores. Os vasos umbilicais

são visíveis a partir do dia 42. Pequenos movimentos fetais são freqüentemente

observados a partir do dia 33 e tornam-se mais evidentes a partir do dia 37. Esses

movimentos incluem flexão e extensão dos membros, pés, cabeça e pescoço, mas

somente a partir do dia 50 é possível distinguir movimentos específicos de sucção da

boca. Toda a estrutura esquelética pode ser identificada a partir do dia 42 e sombras

acústicas tornam-se visíveis a partir do dia 50 (ZAMBELLI et al., 2002a).

2.6.3. Mensurações embrionária/fetal e placentária e suas correlação com a idade

gestacional

A mensuração ultrassonográfica embrionária/fetal no gato tem significativa

importância para se estabelecer um padrão especifico para espécie felina a fim de

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avaliar com precisão e segurança o desenvolvimento normal do feto felino bem como

estimar a idade gestacional do concepto. Na prática, é substancialmente útil poder

determinar a data do parto nas gatas com cópulas múltiplas ou com data de cobertura

incerta.

Os vários estágios do desenvolvimento prenatal bem como a correlação das

medidas embrionárias/fetais com a idade gestacional têm sido extensivamente estudados

em várias espécies de animais domésticos, enquanto estudos específicos em gatos são

escassos.

Em 1973, Evans e Sack estudaram o desenvolvimento prenatal de alguns

mamíferos domésticos, incluindo o gato e formularam uma curva de crescimento para

cada espécie. No que diz respeito à relação de medidas embrionárias e fetais com a

idade gestacional, Nelson e Cooper em 1975, encontraram uma relação significativa

entre o comprimento cabeça-nádegas e o peso do feto e a idade gestacional. Neste

sentido, outros estudos foram desenvolvidos em gatos, contudo utilizou-se

principalmente a radiografia (BOYD, 1971; TIEDMAN & HENSCHEL, 1973; MILES,

1995).

A ultrassonografia tem sido utilizada para diagnóstico da gestação em gatos bem

como para o estudo do desenvolvimento fetal (DAVIDSON et al., 1986; ZAMBELLI et

al., 2002; ZAMBELLI & PRATTI, 2006) e estimativa da idade gestacional (BECK et

al., 1990; NYLAND & MATTON , 2005; ZAMBELLI et al., 2002; ZAMBELLI et al,

2004; BECCAGLIA et al., 2008). No que diz respeito à relação das medidas

embrionárias/fetais com a idade gestacional em gatos, BECK et al., (1990) mostraram

que a mensuração ultrassonográfica das medidas fetais diâmetro da cabeça e diâmetro

do corpo é uma ferramenta prática e acurada na avaliação da idade gestacional e um

indicador potencialmente útil na previsão da data do parto.

ZAMBELLI et al. (2002a), observaram a existência de uma correlação linear

altamente significativa entre o comprimento embrionário/fetal (r2= 0.985), o diâmetro

interno do saco gestacional (r2= 0,9451), o diâmetro externo do saco gestacional

(r2=0,9683) e a idade gestacional durante o primeiro trimestre da gestação. Para a

segunda metade da gestação, os mesmos autores correlacionaram os parâmetros

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diâmetros cefálico, abdominal e gástrico fetais com a idade gestacional e obtiveram

melhores resultados (altos índices de correlação) utilizando análises de regressão

parabólica e exponencial quando comparados a análise de regressão linear (ZAMBELLI

et al., 2004). BECCAGLIA et al. (2008) avaliaram a previsão da data do parto em gatos

utilizando as curvas de crescimento das variáveis diâmetro biparietal (DB) e diâmetro

da profundidade da vesícula diencéfalo-telencefálica (DPTV), representada pelo tálamo

e núcleo basal primordial (Figura 2). Estes autores observaram por meio de análise de

regressão linear que ambos os parâmetros estão significativamente relacionados com a

idade gestacional, porém, ao se aplicar as equações obtidas em grupo controle, o DPTV

mostrou menor acurácea que o BD.

Em cães, na gestação inicial (> 25 dias antes do parto), o parâmetro mais

apropriado para avaliar a idade gestacional e predizer a data do parto é o diâmetro

interno da cavidade coriônica (DICC) (ENGLAND et al., 1990; YEAGER et al., 1992;

LUVONI & GRIONI, 2000; CORREA et al., 2001; LEITE, 2003; BECCAGLIA &

LUVONI, 2006). Ele é significativamente relacionado com a idade gestacional

(ENGLAND et al., 1990) e, para predizer a data do parto, diferentes equações derivadas

de curvas de crescimento, podem ser aplicadas em cadelas de pequeno (LUVONI &

GRIONI, 2000; SON et al., 2001) e médio porte (YEAGER et al., 1992; LUVONI &

GRIONI, 2000), enquanto para raças gigantes devem ser feitas correções (KUTZLER et

Figura 2. Mensuração ultrassonográfica da profundidade do ventrículo cerebral (VC) e do diâmetro biparietal (DB) em cadelas aos 11 dias antes do parto. (Fonte: Beccaglia& Luvoni, 2006)

VC

DB

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al., 2003). Autores demonstraram que a acurácia da predição da data do parto por meio

do DICC não é afetada nem pelo porte da cadela nem pela proporção do sexo fetal.

Quando se considerou o tamanho da ninhada, maior acurácia foi obtida em ninhadas de

tamanho esperado quando comparadas em ninhadas de tamanho pequeno e grande

(BECCAGLIA & LUVONI, 2006).

A largura (Figura 3) e espessura (Figura 4) da placenta zonária também já foi

relatada como um bom indicador da idade gestacional em cadelas em modelo de análise

de regressão linear (ENGLAND et al., 1990; YEAGER et al., 1992; LUVONI &

GRIONI 2000; SON et al., 2001; ALMEIDA et al., 2003)

Figura 3. Mensuração ultrassonográfica do comprimento da placenta canina aos 26 dias antes do parto. Fonte: LUVONI & BECCAGLIA, 2006

Figura 4. Imagem ultrassonográfica mostrando corte longitudinal da placenta canina aos 40 dias de gestação com caliper (+) marcando a mensuração na espessura da mesma. Fonte: LEITE, 2003

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O comprimento cabeça-nádegas, que é a distância do ponto mais rostral da

cabeça para a extremidade mais caudal do períneo, também é considerado um parâmetro

confiável e altamente correlacionado com a idade gestacional (ENGLAND et al., 1990;

ALMEIDA, 2002; JABIN et al., 2007). Outro parâmetro que é positivamente com a

idade gestacional é o diâmetro do corpo (ENGLAND et al., 1990; YEAGER et al.,

1992; MORIYOSHI et al., 1996; ALMEIDA, 2002; LEITE, 2003).

Em cadelas, durante a segunda metade da gestação, o parâmetro mais apropriado

para predizer a data do parto é o DB (ENGLAND et al, 1990; LUVONI & GRIONI

2000; ALMEIDA, 2002; BECCAGLIA & LUVONI, 2006; MELO et al., 2006; JABIN

et al., 2007). Aplicando equações obtidas em análise de regressão linear simples,

LUVONNI & GRIONI (2000) obtiveram uma acurácia de ± 1 dia na previsão da data

do parto de 75 e 63% em cadelas de porte pequeno e médio, enquanto essa a acurácia

foi de ± 2 dias em 88% e 81% em porte pequeno e médio, respectivamente. Estes

autores observaram ainda que a acurácia não foi afetada pelo tamanho da ninhada, nem

pela proporção sexual fetal ( BECCAGLIA & LUVONI, 2006).

Recentemente, estudos realizados em cadelas e gatas mostraram que a

profundidade da vesícula cerebral é um parâmetro tão significativamente relacionado

com a idade gestacional quanto o DB na segunda metade da gestação (BECCAGLIA et

al., 2008ab).

JABIN et al. (2007), em trabalho utilizando cadelas da raça Yorkshire Terrier,

realizaram uma análise de regressão linear multivariada para poder predizer a data de

gestação e determinaram uma fórmula para prever a data do parto utilizando o

comprimento fetal, diâmetro biparietal e comprimento do fêmur obtendo-se significativa

correlação (r2= 0,998) com acurácia maior que os parâmetros ultrassonográficos

utilizados de forma individual. O mesmo tipo de análise foi proposto por ALMEIDA et

al. (2002) que, utilizando os parâmetros ultrassonográficos espessura da placenta,

diâmetro biparietal e diâmetro do corpo em cães da raça Boxer encontrou um modelo de

equação final altamente significante (p < 0,001) sendo capaz de explicar 98% da

variabilidade dos dados.

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É importante observar que a maioria dos modelos de regressão propostos tanto

para fase embrionária, como para fase fetal em cadelas são determinados para uma raça

ou porte específico e essas diferenças devem ser consideradas para se predizer com

precisão a idade gestacional. Os cães apresentam além da grande variação de peso e

tamanho, uma considerável variabilidade no crânio quanto as suas dimensões segundo

sua classificação anatômica em braquicefálicos, mesencefálicos e dolicocefálicos. Tais

aspectos referentes a um biótipo físico determinado devem ser considerados ao tentar

padronizar valores que caracterizem a gestação canina em geral por meio de

ultrassonografia (SON et al., 2001; MELO et al., 2006;CESARIO et al., 2007). Neste

sentido estudos já foram realizados com raças específicas tais como Boxer (LEITE,

2003; Yorshire Terrier (LEITE, 2003; ALMEIDA, 2002.; ALMEIDA et al, 2004),

Retriever do Labrador, Golden Retriever, Beagle (YEAGER et al., 1992) , Cocker

Spaniel Americano(MELO et al., 2006), Chow-Chow (MELO et al., 2006) e Maltês

(LUNONI & GRIONI , 2000.; SON et al., 2001)

Em gatos, apesar de não haver uma diferença de tamanho tão pronunciada como

nos cães, os mesmos também apresentam além da variação de peso, uma considerável

variabilidade cranial sendo também classificados como braquicefálicos, mesaticefálicos

e dolicocefálicos.

2.7. OUTRAS APLICAÇÕES DA ULTRA-SONOGRAFIA REPRODUTIVA

A ultrassonografia pode ser aplicada também em outras situações como é o caso

da gestação ectópica, torção uterina ou perda gestacional.

A gestação ectópica refere-se ao desenvolvimento extra-uterino de um ou mais

fetos, podendo ser primária ou secundária. Esse quadro pode ser diagnosticado por

ultrassonografia (ROOT KUSTRITZ, 2006).

A torção de um ou de ambos os cornos uterinos ocorre raramente em gatas, mas

tem maior incidência no final da segunda metade da gestação, da quinta semana ao

termo. A torção uterina unilateral é mais freqüente, ocorrendo em 93% dos casos

(FREEMAN, 1988). Essa condição é diagnosticada pela ultrassonografia abdominal. O

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diagnóstico pode ser melhorado com o uso do Doppler colorido (ROOT KUSTRITZ,

2006).

A perda gestacional pode ocorrer por causas infecciosas ou não infecciosas. Os

agentes infecciosos incluem bactérias, vírus e protozoários. Dentre esses, os mais

importantes relacionados à perda gestacional estão o vírus da Leucemia Felina

(JOHNSTON & RAKSIL, 1987), da Imunodeficiência Felina (CALLANAN et al.,

1991; JORDAN et al., 1998; WEAVER et al., 2005) e do Herpes Vírus Felino

(HOOVER & GRIESEMER, 1971), além do Toxoplasma gondii que é um protozoário

que causa aborto em gatas prenhes ou a morte dos gatinhos logo antes ou logo após o

nascimento (JOHNSTON & RAKSIL, 1987; DUBEY, 1994). Dentre as causas de

perdas gestacionais não infecciosas estão o hipoluteinismo, defeitos cromossomais,

nutrição inadequada, administração de drogas embriotóxicas, além das causas

idiopáticas (ROOT KUSTRITZ, 2006). Embora para a identificação da causa da perda

gestacional sejam necessárias avaliações específicas, em todos os casos, o

acompanhamento gestacional por ultrassonografia permite identificar precocemente a

diminuição da viabilidade do concepto, dando tempo ao veterinário para tentar reverter

o quadro.

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3. JUSTIFICATIVA

A reprodução assistida não é apenas uma prática realizada em animais de

produção. Tem havido um crescimento notável na procura de acompanhamento

reprodutivo para felinos domésticos; no que abrange o manejo do ciclo estral, o

acompanhamento da gestação, o acompanhamento do parto, o nascimento da prole e a

avaliação da mesma. Para tanto, um conhecimento completo dos aspectos da gestação,

dos parâmetros ultrassonográficos normais para um determinado biótipo físico e do

nascimento normal da cria felina é essencial para o médico veterinário. Neste contexto,

os exames complementares, tais como a ultrassonografia, surgem para dar apoio ao

diagnóstico dos clínicos, assegurando um melhor desempenho no trabalho e ainda

tranqüilizando os proprietários dos animais.

Na prática, poder determinar a exata data do parto é substancialmente útil nas

gatas com cópulas múltiplas ou com data de cobertura incerta, tanto para veterinários

tomarem uma decisão em relação a uma cesariana, com vistas a uma data em que a

gestação seja seguramente considerada a termo e para avaliar se um parto prematuro é

compatível com a sobrevivência dos filhotes (TAVERNE, 1984; SHILLE &

GONTAREK, 1985; TAVERNE, 1985; ENGLAND et al., 1990; YEAGER, 1992;

LUVONI & GRIONI, 2000; SON, 2001; ZONE & WANKE, 2001; NYLAND &

MATTON, 2005; KUTZLER et al., 2003; ENGLAND & RUSSO, 2006).

São escassos os trabalhos acerca dos aspectos ultrassonográficos normais sobre a

espécie felina, sobretudo quando se considera a relação das medidas ultrassonograficas

embrionárias e fetais com a idade gestacional e dentro de um biótipo físico determinado.

Além disso, até o presente momento não se tem conhecimento da análise multivariada

dos parâmetros embrionários e fetais para estimativa da idade gestacional em gatas.

Assim, uma melhor definição da relação entre as medidas embrionárias/fetais e o

tempo gestacional, bem como a união de mais de um parâmetro ultrassonográfico para

determinar a idade gestacional e predizer a data do parto com maior acurácia na espécie

felina se faz necessária, permitindo um melhor acompanhamento de gatas domésticas

mesencefálicas gestantes fazendo com que medidas específicas para a espécie possam

ser utilizadas.

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4. HIPÓTESES CIENTÍFICAS

Gatas domésticas sem raça definida apresentam algumas características

reprodutivas diferindo daquelas já descritas em animais de raça pura.

Os diâmetros externo e interno dos sacos gestacionais, os diâmetros biparietal e

abdominal e comprimento do corpo são parâmetros confiáveis para determinar a idade

gestacional em gatas SRD.

O uso combinado de mais de um parâmetro ultrassonográfico para estimar a

idade gestacional melhora a acurácia da estimativa.

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5. OBJETIVOS

5.1. Objetivo geral

Avaliar a gestação de gatos domésticos sem raça definida.

5.2. Objetivos específicos

• Avaliar a eficácia da ultrassonografia para contagem do número de conceptos;

• Realizar as mensurações embrionárias/fetais (diâmetros interno e externo dos

sacos gestacionais, comprimento do corpo, diâmetro bi-parietal, diâmetro

abdominal, diâmetro gástrico, e espessura e largura da placenta) para o

acompanhamento da gestação;

• Correlacionar as medidas embrionárias/fetais com a idade gestacional;

• Verificar se o uso combinado de mais de um parâmetro ultrassonográfico

melhora o grau de associação com a idade gestacional;

• Verificar a ocorrência de absorção embrionária;

• Avaliar as taxas de gestação e parição;

• Avaliar a duração média da gestação;

• Avaliar se a duração da gestação é influenciada pelo tamanho da ninhada;

• Observar o índice de canibalismo;

• Observar a proporção do sexo após o nascimento;

• Observar o peso e biometria (diâmetro biparietal, comprimento do corpo e

diâmetro abdominal) dos fetos ao nascer;

• Observar o índice de malformações em fetos recém- nascidos;

• Avaliar a precocidade da ultrassonografia para diagnosticar a gestação;

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6. CAPÍTULO 1:

Características da gestação e dos filhotes ao nascimento de gato doméstico sem raça

definida submetidas à monta natural.

Pregnancy and neonates characteristics of mixed-breed domestic cats

Caracteristicas de la gestacion y de los neonatos de gatos sin raza definida

Cynthia Levi Baratta MONTEIRO, Bárbara Sucupira PEREIRA, Carla Melo FERREIRA, Luana de Azevedo FREITAS, Carlos Gabriel Almeida DIAS, Victor Leão Hitzschky

MADEIRA, Lúcia Daniel Machado da SILVA

Artigo submetido à revista Clínica Veterinária em novembro de 2008

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Características da gestação e dos neonatos de gatos domésticos sem raça definida Pregnancy and neonates characteristics of mixed-breed domestic cats

Caracteristicas de la gestacion y de los neonatos de gatos sin raza definida

Cynthia Levi Baratta MONTEIRO1, Bárbara Sucupira PEREIRA2, Carla Melo FERREIRA3, Luana de Azevedo FREITAS4, Carlos Gabriel Almeida DIAS5, Victor Leão

Hitzschky MADEIRA5, Lúcia Daniel Machado da SILVA6 1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UECE, bolsista

CAPES 2Doutoranda da Rede Nordeste de Biotecnologia, bolsista FUNCAP

3Acadêmica de Medicina Veterinária da UECE, bolsista PIBIC 4Acadêmica de Medicina Veterinária da UECE, bolsista IC-UECE

5Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UECE, bolsistas FUNCAP

6Professora doutora da Faculdade de Medicina Veterinária da UECE, pesquisadora 1C do CNPq [email protected]

RESUMO: Objetivou-se relatar o desempenho reprodutivo de gatas gestantes. As fêmeas foram pesadas no primeiro dia de monta até o parto. Realizou-se ultrassonografia para diagnóstico de gestação, avaliação de reabsorção embrionária e estimativa do número de conceptos. As taxa de gestação, reabsorção e parição foram 66,7%, 40% e 100%, respectivamente. A duração média da gestação foi 65,7 ± 1,97 dias. O ganho de peso foi 27,88 ± 7,16%. A prolificidade foi de 3,2 filhotes/fêmea. Não houve correlação significativa entre a duração da gestação e o tamanho da ninhada. A proporção macho:fêmea foi 1:1,91. O peso médio dos filhotes ao nascer foi 70,24 ± 17,16 g, sem haver diferença os sexos. A porcentagem de filhotes com malformações e de canibalismo foi 34,38% e 40%%, respectivamente, havendo correlação entre eles.

Unitermos: gatas, reprodução, nascimento, malformações, canibalismo.

ABSTRACT: It was aimed to relate the reproductive performance of pregnant queens. The queens were weighed from the first day of mating to the day of parturition. The queens underwent an ultrasonographic evaluation for pregnancy diagnose, to observe embryonic resorption and to estimate conceptus number. Pregnancy rate, embryonic reabsortion rate and parturition rate were 66.7%, 40% and 100%, respectively. The mean pregnancy length was 65.7 ± 1.97 days. Weight gain was 27.88 ± 7.16%. Mean litter size was 3.2 kittens. Pregnancy length was not correlated to litter size. Male:female proportion was 1:1.9. Kitten mean weight at born was 70.24 ± 17.16 g. It was not observed sexual dimorfism between kittens. The percentage of malformated kittens was 34.38%. The cannibalism behavior was observed in 40% of queens and it was positively correlated with occurrence of malformation.

Keywords: cats, reproduction, birth, malformation, cannibalism.

RESUMEN: El objetivo del presente estudio fue relatar el desempeño reproductivo de gatas gestantes. Los animales fueron pesados desde el primer día de monta hasta el parto. Se utilizó el ultrasonido para el diagnostico de gestación, evaluación de reabsorción embrionaria y una aproximación del número de conceptos. La taza de gestación, reabsorción y partos fue de 66.7%, 40% y 100%, respectivamente. La duración media de la gestación fue de 65.7± 1.97. El gane de peso fue de 27.88 ± 7.16%, mientras el tamaño medio de la camada fue de 3.2 cachorros por parto. No hubo correlación significativa entre la duración de la gestación y el tamaño de la camada. La proporción macho: hembra fue de 1:1,91. El peso de los cachorros recién nacidos fue de 70.24 ± 17.16 g sin diferencias entre géneros. El porcentaje de cachorros con malformaciones fue de 34.38% y el comportamiento de canibalismo fue observado en 40% de las hembras, siendo estos datos correlacionados.

Palabras claves: gatos, reproducción, nacimiento, malformaciones, canibalismo.

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INTRODUÇÃO

O conhecimento completo da gestação e das características dos filhotes ao nascimento é essencial, visto que a gestação e as primeiras fases da evolução dos filhotes representam momentos críticos para a obtenção de uma cria saudável. Este conhecimento permitirá avaliar melhor fatores importantes que estejam relacionados com as perspectivas de sobrevivência fetal 1.

No que diz respeito à gestação: os erros nutricionais, os tratamentos inadequados, a ocorrência de partos distócicos e as doenças de qualquer tipo não só podem determinar reabsorções embrionárias ou fetais, abortos ou mortalidade perinatal, como podem ter muitas repercussões sobre a saúde do filhote e sobre a mortalidade neonatal 2.

Logo após o nascimento alguns fatores parecem ser de extrema importância na determinação da sobrevivência dos filhotes. As estatísticas mostram que até 30% dos filhotes de gatos podem morrer antes do desmame 3.Dentre as causas da mortalidade neonatal excluindo-se as doenças infecciosas, estudos mostram que causas determinantes deste evento são o peso insuficiente ao nascer, canibalismo, anomalias congênitas e desordens relacionadas à imaturidade fisiológica 2.

É importante que se diga que boa parte dos trabalhos relacionados às características reprodutivas de felinos domésticos são oriundos de estudos realizados com gatos de raça 4,5,6,7,8,9 não refletindo a realidade da rotina clínica e de ambientes experimentais, onde existe uma predominância de animais sem raça definida (SRD). Em vista disso, há uma necessidade de se desenvolver trabalhos com gatos SRD já que é provável que os mesmos possam ter padrões diferentes dos descritos em gatos de raça pura.

Para um melhor acompanhamento da gestação em gatas SRD, criadas sob clima equatorial natural e dos filhotes após o nascimento, objetivou-se com esse trabalho, relatar as características reprodutivas dos animais de um gatil experimental a partir das taxas de gestação e de parição, duração da gestação, estimativa do número fetal, taxa de reabsorção, prolificidade, ganho de peso da mãe durante a gestação, apresentação dos fetos aos 55 dias de gestação, tipo de parto, peso dos filhotes ao nascer, taxa de canibalismo e taxa de malformações dos filhotes.

METODOLOGIA

Local de execução

O trabalho foi realizado no gatil experimental do Laboratório de Reprodução de Carnívoros da Universidade Estadual do Ceará, localizado na cidade de Fortaleza. (3º 44’de latitude sul e 38º 34’de longitude oeste). Essa localidade possui clima Equatorial Semi-Úmido, aproximadamente 12 h de luz/dia; 27,2°C de temperatura média mensal; precipitação de 117,2 mm de chuva/mês e 70,5% de umidade relativa do ar (FUNCEME, 2005).

Animais experimentais

Foram utilizadas 15 fêmeas felinas SRD com padrão de cabeça mesencefálico com peso médio de 2,75 ± 0,21 kg (2,40-3,10 kg), diâmetro biparietal médio 6,46 ± 0,22 cm, comprimento ociiptosacral médio 34,22 ± 2,774 cm, altura média 23,78 ± 0,97 cm e 6 machos SRD com padrão mesencefálico com peso médio de 3,780 ± 0,47 kg, diâmetro biparietal médio 8,10 ± 0,59 cm, comprimento ociptosacral médio 34,58 ± 3,639 cm, altura média 27,83 ± 1,835 cm Os animais apresentavam histórico clínico e reprodutivo dentro da normalidade e encontrava-se em perfeitas condições de saúde. Estes animais foram mantidos em gaiolas individuais medindo 0,80 x 0,80 x 0,60 m, sendo fornecida ração comercial de manutenção (Kitekat- Éffem®, Mogi Mirim-SP, Brasil) e ração comercial para filhotes (Whiskas Gatito-

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Éffem®, Mogi Mirim-SP, Brasil) no caso de fêmeas gestantes a partir do 35° dia de gestação e água à vontade.

Acompanhamento da ciclicidade e manejo de cobertura

A ciclicidade das gatas foi acompanhada por meio da observação dos sinais de aceitação de monta e cobertura na presença do macho uma vez ao dia. Gatas exibindo arqueamento dos membros anteriores, elevação da região posterior (lordose), lateralização da cauda, patinar com os membros posteriores 10 e aceitação de cópula pelo macho foram consideradas em estro. A partir do 2° dia de estro, as fêmeas foram inseridas em manejo de cobertura, duas vezes por dia, por três dias consecutivos. Após este período, foram transferidas para boxes maiores medindo 1,60 m de altura x 2,10 m de profundidade x 0,70 m de largura, com vasilhames sanitários, caixas para parição, arranhadores e brinquedos próprios para gatos a fim de oferecer maior conforto e enriquecimento ambiental.

Avaliação ultrassonográfica

Para avaliação ultrassonográfica, foi utilizado um aparelho portátil da marca SHIMADZU, modelo SDL-32 (Kyoto, Japão), equipado com transdutor linear de 5MHz. A partir do 10º dia após a primeira cobertura, as gatas foram submetidas à avaliação ultrassonográfica para diagnóstico de gestação. Uma vez confirmada a gestação, as ultrassonografias foram realizadas a cada 5 dias até a ocorrência do parto. Durante as avaliações, o número de conceptos foi estimado, a taxa de reabsorção calculada e aos 55 dias de gestação a apresentação de pelo menos 2 fetos foi registrada, sendo consideradas as apresentações: longitudinal anterior, longitudinal posterior e transversal.

Para o cálculo da taxa de reabsorção embrionária utilizou-se a seguinte fórmula matemática: n° de gatas que reabsorveram pelo menos um embrião/ n° de gatas gestantes X 100. Este diagnóstico foi realizado a partir da observação de alguns parâmetros ultrassonográficos, tais como a ausência do embrião na vesícula gestacional, a perda na definição do formato da ampola gestacional, o aumento da ecogenicidade ou ausência de atividade cardíaca 11,12,13.

Avaliação do ganho de peso e aumento da circunferência abdominal

A partir do primeiro dia de cobertura até o dia da última avaliação ultrassonográfica, foi realizada a pesagem das gatas e a mensuração da circunferência abdominal com periodicidade de 5 dias para se construir uma curva de ganho de peso e aumento de circunferência abdominal, respectivamente. Para a pesagem, utilizou-se balança eletrônica de precisão (MEA – 06100®, Plenna Utilidades Ltda, São Paulo/SP, Brasil) e para a mensuração da circunferência abdominal, utilizou-se fita métrica.

Duração da gestação, taxas de gestação e parição, prolificidade e tipo de parto

A duração média da gestação (contada do primeiro dia de cobertura até o dia do parto), taxa de gestação (número de fêmeas que ficaram prenhes / número de fêmeas cobertas x 100), taxa de parição (número de fêmeas que ficaram gestantes / número de fêmeas que levaram a gestação a termo x 100), prolificidade (número de filhotes nascidos por fêmea) e o tipo de parto (normal ou cesariana) foram avaliados.

Características dos filhotes

Todos os filhotes ao nascerem, foram pesados em balança eletrônica de precisão (MEA-06100®, Plenna Utilidades Ltda, São Paulo/SP) e mensurados com paquímetro manual quanto

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aos seus diâmetros biparietal e abdominal e comprimento do corpo. Os filhotes foram inspecionados quanto ao sexo e quanto à ocorrência de malformação. Para o cálculo da freqüência de malformações (%) considerou-se o número de filhotes nascidos com pelo menos uma malformação sobre o total de filhotes. É importante salientar que só foram contados como malformados (MF) aqueles filhotes que não geraram dúvida, ou seja, filhotes que foram encontrados com apenas um pedaço do corpo foram inseridos na contagem do canibalismo, porém considerado indeterminado (IND) quanto à sua condição.

Avaliação da ocorrência de canibalismo

O canibalismo foi relatado quanto à sua freqüência de ocorrência (%), considerando o número de fêmeas recém paridas que manifestaram o ato de comer filhote sobre o total de fêmeas paridas.

Análise estatística

A duração da gestação, as taxas de gestação e de parição, o ganho de peso ao longo da gestação, o aumento da circunferência abdominal, o peso e a biometria dos filhotes ao nascimento foram expressas sob a forma de média e desvio padrão. A ocorrência de reabsorção, tipo de parto, apresentação fetal proporção entre os sexos fetais, malformações e ocorrência de canibalismo foram expressas sob a forma de percentagem. Foi utilizada a ANOVA-GLM para verificar diferença entre a biometria fetal dos filhotes com e sem malformação e a diferença entre machos e fêmeas. O teste de correlação de Pearson foi aplicado para verificar se houve correlação entre duração da gestação com o tamanho da ninhada e a correlação da ocorrência de canibalismo com a ocorrência de malformações. Para todos os testes, os dados foram considerados significativos quando P<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As características de gestação, parto e ninhada das gatas encontram-se na Figura 1.

A taxa de gestação foi de 66,67% (10/15) e apresentou-se abaixo dos resultados descritos na literatura que variam de 73,9% a 75% 8,14. Muitos são os fatores descritos como agentes potencialmente negativos na fertilidade felina e conseqüentemente na taxa de gestação. Dentre eles, destaca-se manejo de cobertura incorreto, problemas fisiológicos relacionados ao macho felino, infecção pelo vírus da leucemia felina (Felv), infecção pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV), herpesvírus felino, distúrbios endócrinos, estresse, hiperplasia endometrial cística, infecção por Toxoplasma gondi

7,15,16,17.

Em cinco gatas observadas nesse trabalho, e que não foram diagnosticadas gestantes, três desenvolveram complexo hiperplasia endometrial cística (HEC)/piometra dentro de um período de até quatro meses após a cobertura. Vale à pena salientar, que 3 das 5 fêmeas desse experimento que não gestaram e que desenvolveram HEC/piometra foram utilizadas anteriormente em um estudo em que se induzia a ovulação com o uso de gonadotropina coriônica humana, havendo com isso um aumento da progesterona endógena e talvez tenha sido esta a causa do aparecimento deste processo patológico. A exposição a longo prazo a progestágenos ou à progesterona endógena pode predispor à aparição de uma HEC 18.

Deve-se também levar em consideração o fator estresse, uma vez que os gatos são animais que se estressam com facilidade. Dessa forma, mesmo considerando que este trabalho foi realizado oferecendo condições de conforto e bem-estar animal, o fator estresse deve ser considerado. Acerca deste assunto, alguns autores têm avaliado a influência do estresse na reprodução 19,20. Estudos têm demonstrado que alguns fatores tais como a temperatura, instalações e manejo podem causar estresse e, aumentam a secreção endógena de hormônio adenocorticotrópico que estimula a adrenal a produzir cortisol e esteróide sexuais, os quais

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inibem ou alteram a secreção de hormônios gonadotrópicos, causando problemas de infertilidade ou baixa eficiência reprodutiva 21,22. A ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal por agentes estressantes reduz a característica pulsátil do hormônio liberador de gonadotrofinas através de ações em ambos hipotálamo e glândula pituitária, privando o folículo ovariano de adequado suporte de hormônio luteinizante (LH). Uma combinação destes efeitos na característica pulsátil do LH, no hipotalámo e na pituitária contribui para o retardo e redução da magnitude da onda de LH, observada após e durante a fase folicular 23, podendo influenciar na ovulação e, conseqüentemente na taxa de gestação.

Todas as gatas que gestaram pariram, sendo obtida dessa forma, uma taxa de parição de 100%, resultado este superior ao obtido por outros autores 8,14,24 que obtiveram taxas de parição de 64,29%; 67% e 65,2%, respectivamente.

A taxa de reabsorção embrionária (RE) foi 40% (4/10) diagnosticada no período de 20 a 35 dias de gestação. Este valor foi superior ao observado em outro trabalho8, contudo este autor considerou apenas as perdas embrionárias totais, uma vez que eram incluídas no cálculo da taxa de RE aquelas gatas gestantes em que todos os embriões foram reabsorvidos havendo com isso a perda da gestação.

A etiologia da RE isolada é incerta, embora pareça que ela não seja nem resultado de infecção, nem de doença no trato reprodutivo 25. Em vacas, o estresse de manejo, o estresse térmico e o estresse de instalações são fatores que determinam uma alta taxa de RE. A morte embrionária acontece nos primeiros dias após a fertilização e durante o processo de implantação do embrião 26. Geralmente, nos casos de RE se dá mais atenção a causas infecciosas, mas a origem não infecciosa pode responder provavelmente por 70% ou mais dos casos de perda embrionária26. Assim, da mesma forma que para a infertilidade felina já discutia acima, deve-se considerar esse fator neste estudo.

Além disso, as perdas embrionárias associadas à reabsorção parecem ser comuns em gatas e podem estar associadas com insuficiência nutricional, defeitos cromossômico fetais ou ambiente hormonal materno inadequado para manter a gestação 4.

Igualmente ao que foi observado nesse estudo, outros autores têm observado que a RE de um pequeno número de conceptos não afeta os embriões adjacentes permitindo a continuação da gestação 12,25,27,28,29.

Toda a discussão acima são apenas hipóteses uma vez que o presente estudo limitou-se a registrar a taxa de gestação, reabsorção e parição, não investigando as possíveis causas da infertilidade observada após alguns manejos de cobertura.

A duração média da gestação foi 65,7 ± 1,97 dias (61-71) como descrito na literatura 8,24,30. A correlação entre a duração da gestação e o tamanho da ninhada não foi significativa (r = -0 264; p= 0,4), corroborando com os resultados da literatura47 que mostraram não haver forte correlação entre esses dois parâmetros (r = 0,40).

Três gatas deste estudo foram submetidas à cesariana, uma delas sendo eletiva e as outras duas por não terem tido o parto normal até os dias 68 e 71, quando os fetos foram reavaliados por ultrassonografia e a bradicardia fetal foi constatada. Os partos normais ocorreram até os 67 dias nas outras gatas.

No tocante à apresentação dos fetos aos 55 dias de gestação, foram observadas apenas as apresentações longitudinais cefálicas e pélvicas. Porém, é importante lembrar que filhotes de carnívoros podem se movimentar em todas as posições até o momento do parto 31.

O percentual médio de ganho de peso das gatas durante a gestação foi de 27,88 ± 7,16% (n=10) sendo semelhante àqueles descritos em1993 32 em que 64 gatas apresentaram um ganho médio de peso de 25 ± 13% e em 2006 14, em que 16 gatas apresentaram ganho médio de peso de 30,90 ± 12,03%. O ganho de peso foi maior no terço médio e final da gestação (Figura 2). Na gata, o ganho de peso durante a gestação está relacionado com o aumento do peso fetal, anexos e líquidos intra-uterinos 41. Sendo assim, no presente trabalho, maior ganho de peso coincidiu

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com o inicio da fase fetal que, segundo alguns autores é o momento em que o crescimento passa a ser mais acelerado 33,34.

O aumento da circunferência abdominal foi mais evidente no último terço da gestação (Figura 3), resultado esse semelhante ao obtido em 1988 35. Da mesma forma que para o ganho de peso, o período de maior aumento da circunferência abdominal coincidiu com o início da fase fetal, justificando assim, a percepção tardia deste aumento.

Em condições naturais, gatas costumam parir de 3 a 5 filhotes por ninhada, sendo a proporção macho:fêmea variando entre 1:1 a 4:3 5 e 1:1 8,14. Os resultados obtidos no presente trabalho referente à prolificidade (3,1 ± 1,37 filhotes/ninhada) demonstram-se semelhantes àqueles supracitados. Já a proporção de fêmeas foi maior que a de machos (1,91:1), diferentemente dos citados na literatura.

Quanto à estimativa do número de conceptos, observou-se que esta foi precisa em 80% das gatas quando comparada ao número de filhotes nascidos (Figura 1). Esta porcentagem de acerto é semelhante ao encontrado em cadelas da raça Yorshire Terrier com ninhadas de até 6 filhotes 32. Apesar da porcentagem de acerto mostrar-se superior ao de alguns autores 14,55, o acerto no presente trabalho esteve concentrado em ninhadas de até quatro filhotes. Alguns autores sugerem que a estimativa do número de conceptos não apresenta boa acurácia quando mais do que quatro conceptos estiverem presentes 36,39. O melhor momento para estimar o número de conceptos foi aos 30 dias de gestação. Estes resultados estão de acordo com o recomendado por alguns autores 40,41 que afirmaram que a contagem é bem mais fácil e precisa se realizada entre o 28° e 35° dia de gestação. Estes autores acrescentaram ainda que, antes deste período, as imagens são muito pequenas e podem passar despercebidas e, após este período, os fetos podem estar sobrepostos no exame ultrassonográfico especialmente com número maior de filhotes.

No que diz respeito à presença de malformações, 35,48% (11/31) dos filhotes nasceram com pelo menos um tipo de malformação aparente (Figura 1). Os tipos de malformação observados neste trabalho foram amolecimento dos ossos, anoftalmia, exoftalmia (Figura 4), evisceração (Figura 5), alterações de membros anteriores (Figuras 6A e 6B) e posteriores (Figuras 6C e 6D) e malformações de cauda (6E-6F). Estas mesmas alterações já foram observadas em gatos por alguns autores 42,43,44,45,46.

Defeitos congênitos podem ser de origem hereditária ou não hereditária, porém quando se tem múltiplos defeitos em um gatinho ou múltiplos defeitos em uma mesma ninhada, sugere-se que a causa não seja hereditária uma vez que esta acomete no máximo 20% da ninhada 47. Diante disso, causas hereditárias são pouco prováveis neste estudo uma vez que em todas as gatas a malformação esteve presente em uma maior parcela da ninhada. Defeitos congênitos não hereditários podem ser causados pelo uso de drogas (glicocorticóide, antifúngico, vacina contra o vírus da panleucopenia, etc) durante a gestação, pobre desenvolvimento intrauterino causado por deficiência nutricional, ausência de irrigação adequada dos sítios placentários, e infecções, tais como infecção pelo vírus da imunodeficiência felina, o vírus da leucemia felina, o Herpesvirus e o vírus da Panleucopenia Felina e infecção congênita pelo Toxoplasma. Foi investigada a titulação de anticorpos para Toxoplasma (IgM e IgG) das fêmas gestantes independente de terem ou não apresentado filhotes com malformação. Das quatro gatas que apresentaram malformação, duas apresentaram titulação de anticorpos positiva para IgG (animais 3 e 7 - Figura 1), podendo esta ser a causa das malformações uma vez que a transmissão transplacentária pode ocorrer 48. A malformação congênita é uma das conseqüências mais graves na toxoplasmose 49. Este mesmo autor verificou que em galinhas poedeiras inoculadas com Toxoplasma e posteriormente acasaladas com galos clinicamente sadios, originavam ovos embrionados dos quais 48% morriam no transcurso do desenvolvimento embrionário e dos 52% que chegaram ao fim do desenvolvimento embrionário, 18% apresentavam membros deformados e acentuada redução de peso ou porte e lesões cerebrais.

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Neste estudo, duas gatas apresentando pelo menos 1 filhote com malformação aparente (animais 1 e 9 – Figura 1) apresentaram sorologia negativa para Toxoplasmose (IgG e IgM) contudo,vale ressaltar que a fêmea n°1 teve episódio de estresse intenso porque fugira aos 25 dias de gestação e teve tentativa exaustiva de ser capturada com sucesso somente 2 dias após a fuga. Embora não se tenha relato na literatura, acredita-se que o estresse, quando não leva à morte embrionária/fetal possa ter relação com a malformação, sobretudo devido às altas descargas de glicocorticóides uma vez que o uso de glicocorticóides exógenos durante a gestação sabidamente é um agente teratogênico 50,51. Uma importante parte da investigação da origem dos defeitos congênitos seria realizar necropsias nos gatinhos malformados que viessem a óbito, porém a quase totalidade destes foram comidos por suas mães. Além disso, a investigação de doenças virais tais, como imunodeficiência felina, leucemia felina, panleucopenia felina e herpesvirose no plantel do gatil é de extrema importância nesses casos.

Os valores médios do peso e da biometria dos filhotes ao nascer e a comparação destes valores entre machos e fêmeas, bem como entre indivíduos com e sem malformação encontram-se nas Figuras 7 e 8. O peso médio dos indivíduos ao nascer obtido neste trabalho foi de 70,24 ± 17,16 g (45 - 99 g), semelhante ao observado por outro autor que trabalhou com gatas de padrão bem semelhante e observou peso médio ao nascer de 73 g 52. Contudo ao comparar com os resultados de outros autores 2,5,53,54, observou-se um peso médio inferior, já que estes variam de 80 a 120 g sendo importante, portanto, levar em consideração o tamanho e peso dos progenitores.

Na comparação entre machos e fêmeas os resultados estão de acordo com o descrito em 1985 em que o dimorfismo sexual em relação ao peso e tamanho não foi facilmente observado em filhotes recém-nascidos em pequenos animais 55. No que diz respeito às diferenças entre filhotes com e sem malformação, os resultados deste trabalho corroboram com o descrito por outros autores que observaram que os filhotes malformados estão dentro da média de peso dos indivíduos normais, tendo, apenas uma perspectiva de sobrevivência menor 2.

O canibalismo foi manifestado por 40% (4/10) das fêmeas recém paridas. Em termos totais de número de filhotes, isto representou 37,5 % (12/32) de filhotes canibalizados pela mãe (tabela 1). Destes, nove apresentavam pelo menos um tipo de malformação aparente e com relação aos outros, embora tenham entrado na contagem do canibalismo, não foi possível a identificação de malformação porque se encontrou apenas uma porção do corpo na gaiola da fêmea.

O comportamento de canibalismo mostrou correlação alta e significativa com a ocorrência de malformação (r = 0,84; p = 0, 002). Embora a etiologia do canibalismo não esteja bem definida, este resultado mostra que o canibalismo ocorreu como um mecanismo de seleção natural, estando quase totalmente restrito a filhotes malformados. Estes resultados vão ao encontro do observado por outros autores que relataram um aumento na ocorrência de canibalismo em casos de filhotes doentes ou machucados 56,57.

CONCLUSÃO

O desempenho reprodutivo deste gatil experimental está dentro dos limites descritos na literatura para alguns parâmetros, mas para outros não, mostrando a importância de se conhecer os padrões de normalidade de gatos SRD, já que estes constituem a maior parte da população de felinos criados nos lares brasileiros. Além do mais, em função da elevada ocorrência de malformações, fica claro que as diversas causas da mesma precisam ser mais bem investigadas.

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Figura 1: Características da gestação, parto e ninhada de gatas domésticas (n=10) sem raça definida mantidas em gatil experimental.

FILHOTES GESTAÇÃO E PARTO Sexo

Gata N° ampola

absorvida

Duração da gestação

Apresentação aos 55 dias

Tipo de

parto

N° conceptos estimados

N° conceptos nascidos

Fêmea Macho N° filhotes malformação

N° filhotes canibalizados

Condição

1 0 65 LC/LC N 4 4 3 1 4 3 MF MF MF 2 1 66 LC/LC N 2 2 1 1 ? 1 IND 3 1 66 LC/LC N 5 6 3 3 4 4 MF MF MF MF 4 0 66 LC/LP N 3 3 2 1 0 0 - 5 0 61 LC/LC C 4 4 2 2 0 0 - 6 2 71 LP C 1 1 0 1 0 0 - 7 0 68 LC/LP C 3 3 3 0 1 0 - 8 0 61 LC/LC N 3 3 2 1 ? 3 IND IND IND 9 2 66 LC/LP N 2 2 2 0 2 1 MF 10 0 67 LC/LC N 3 4 3 1 0 0 -

TOTAL ou

MÉDIA

6 65,7 ± 1,97 - - 29 32 21 11 11 12

LC = longitudinal cefálica, LP = longitudinal pélvica, MF = malformado, IND = indeterminado

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Figura 2: Ganho de peso médio (g) ao longo da gestação (terço inicial, médio e final) de gatas SRD criadas em gatil experimental (n=10)( p < 0,05). Figura 3: Aumento da circunferência abdominal (cm) em gatas SRD criadas em gatil experimental ao longo da gestação (n=10).

30

32

34

36

38

40

42

D0 D20 D40 D65 ou final

Cir

cunf

erên

cia

abdo

min

al (

cm)

80,8

242,4

459,7

0

100

200

300

400

500

600

Terço inicial Terço médio Terço final

Gan

ho d

e pe

so (g

)

a

ab

b

ab

b

a

50

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Figura 4. Gato SRD recém-nascido apresentando exoftalmia em globo ocular direito.

Figura 5. Gato SRD recém-nascido apresentando evisceração.

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Figura 6. Tipos de malformações observadas em gatos SRD recém-nascidos: (A) e (B) malformação de membros anteriores, (C) e (D) malformação dos membros posteriores e (E e F) malformação de cauda. Figura 7: Peso e biometria de gatinhos sem raça definida ao nascer quanto à presença (CMF) ou ausência (SMF) de malformações. DBP=diâmetro bi-parietal, DAB=diâmetro abdominal e CC=comprimento do corpo.

TIPO N PESO (g) DBP (mm) DAB (mm) CC (mm) CMF 9 60 ± 12,43a 20,75±1,28a 29,63±2,67a 75,25±5,31a SMF 16 76 ± 16,57a 22,19±1,28 b 32,69±4,19a 86,56±10,94a

TOTAL 24 70,24±16,67 21,71±1,43 31,67±3,98 82,79±10,79 Letras diferentes indicam diferença estatística entre as linhas (P<0,05). Figura 8: Peso e biometria de gatinhos sem raça definida ao nascer quanto ao sexo macho (M) ou fêmea (F). DBP=diâmetro biparietal, DAB=diâmetro abdominal e CC=comprimento do corpo.

SEXO N PESO (g) DBP (mm) DAB (mm) CC (mm) F 13 69,92±19,78a 21,18±1,89a 31,36±4,20a 84,91±13,23a M 12 70,54±14,49a 22,15±0,69a 31,92±3,93a 81,00±8,35a

TOTAL 25 70,24±16,67 21,71±1,43 31,67±3,98 82,79±10,79 Letras diferentes indicam diferença estatística entre as linhas (P<0,05).

A B C

D E F

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7. CAPÍTULO 2: Avaliação ultrassonográfica gestacional em gatos domésticos

MONTEIRO, C.L.B., PEREIRA, B.S., Ferreira,C.M., , Araújo,J.S., Freitas,L.F.,

MADEIRA,V.L., Campello,C.C., SILVA,L.D.M.

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AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA GESTAÇÃO EM GATAS DOMÉSTICAS

Cynthia Levi Baratta MONTEIRO1, Bárbara Sucupira PEREIRA2, Carla Melo Ferreira3,

Juliana da Silva Araújo3, Luana de Azevedo Freitas3, Victor Leão Hitzschky MADEIRA1,

Cláudio Cabral Campello4, Lúcia Daniel Machado da SILVA5 1Pós-graduandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UECE

2Doutoranda da Rede Nordeste de Biotecnologia 3Acadêmicas de Medicina Veterinária da UECE

4Professor doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da UECE 5Professora doutora da Faculdade de Medicina Veterinária da UECE, pesquisadora 1C do CNPq

[email protected]

RESUMO A avaliação ultrassonográfica tem sido usada para estimar a idade gestacional (IG) em gatas gestantes com cópulas múltiplas ou data da cópula desconhecida. Objetivou-se avaliar o grau de associação dos diâmetros interno (DISG) e externo dos sacos gestacionais (DESG), espessura da placenta (EPL), diâmetros biparietal (DB), abdominal (DAB) e comprimento corpo (CC) com a IG, além de avaliar se o uso combinado destes parâmetros ultrassonográficos melhora a estimativa da IG. Foram utilizados dez gatas e seis machos jovens sem raça definida com um mesmo biótipo. As fêmeas foram submetidas à avaliação ultrassonográfica para diagnóstico da gestação a cada cinco dias, a partir do 10° dia após a primeira cobertura. Durante a avaliação ultrassonográfica, foram mensurados DISG, DESG, EPL, DBP, DAB e CC de pelo menos dois conceptos de cada gestação, sendo preferencialmente um de cada corno uterino. Para análise dos dados, a gestação foi dividida em duas metades. O grau de associação entre essas medidas e a IG foi avaliado por meio de análises de regressões simples linear, exponencial, logarítmica, polinomiais de 2ª e 3ª ordem e potência e ainda por meio de análise de regressão multivariada, com exceção da EPL. As significâncias dos testes foram avaliadas para p<0,05 e p<0,01, no caso das análises de regressão simples e multivariada, respectivamente. Realizou-se uma simulação da IG a partir dos modelos matemáticos que apresentaram os maiores índices de regressão na análise simples e dos modelos propostos pela análise de regressão multivariada. Tanto os modelos de análise de regressão simples, como os de análise de regressão multivariada apresentaram altos índices de regressão para todos os parâmetros ultrassonográficos. O DISG, o DESG, o DBP, o DAB e o CC são confiáveis para estimar a IG e o uso combinado destes parâmetros melhora o grau de associação entre eles e a IG. Palavras-chave: gatas, gestação, ultrassonografia

ABSTRAC The ultrasonography assessment has been used to estimate the gestational age in pregnant queens with multiple coitus or unknown mating day. This paper aimed to assess the grade of association between ultrasonographic measurement of gestational sacs external (GSED) and internal diameters (GSID), placenta thickness (PLT) biparietal diameter (BPD), abdominal diameter

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(ABD) and body length (BL) with the gestational age (GA). In addition, we assess if the combined use of ultrasonic parameters improve the GA estimation. Ten queens and six young tomcats of mixed breeds within the same biotype were used. The queens underwent an abdominal ultrasonographic evaluation to diagnose pregnancy, each five days since the 10th day after first coitus. During ultrasound evaluation, they were measured GSID, GSED, PLT, BPD, ABD and BL of at least one conceptus on each uterine horn. The pregnancy was divided in two parts for date analysis. The degree of association between ultrasonographic parameters and GA was assess by using linear, exponential, logarithmic, potency, parabolic of second and third order regression and in addiction by using multivariate regression analysis. The significance was assessed for p<0.05 (simple analysis regression) and p<0.01 (multivariate analysis regression). A simulation of GA estimation was made by mathematic models that had high coefficients of regression at simple and multivariate analysis. The degree association between was significant and with high coefficients of regression in both analysis type. GSID, GSED, BPD, ABD and BL are reliable parameters to estimate GA and the combined use of these ultrasonic parameters improve the association between them and the GA. Keywords: queens, pregnancy, ultrasonography

INTRODUÇÃO

O mercado de produtos e serviços especializados para gatos vem apresentando um

significativo crescimento em todo o mundo e no Brasil não poderia ser diferente já que tem se

tornado freqüente o surgimento de novos proprietários e criadores comerciais (SILVA, 2003).

Com a necessidade de oferecer a estes criadores condições para que os mesmos possam

obter de suas fêmeas gestações normais e crias saudáveis, técnicas de reprodução assistida vêm

ganhando importância dentro da gatofilia. Um exemplo disso é o uso da ultrassonografia para o

acompanhamento gestacional. Essa técnica possibilita ao veterinário realizar, dentre outras

coisas, o diagnóstico da gestação (DAVIDSON et al., 1986; ENGLAND & ALLEN, 1990;

ENGLAND & YEAGER, 1993; LUVONNI & GRIONI, 2000; ZAMBELLI et al., 2002a.), a

estimativa da idade gestacional (IG) (DAVIDSON et al., 1986.; BECK et al., 1990; ZAMBELLI

et al., 2002ab, 2004; BECCAGLIA et al., 2008) , a estimativa do tamanho da ninhada

(DAVIDSON et al., 1986; ZAMBELLI et al., 2002a), a avaliação do desenvolvimento fetal

(DAVIDSON et al., 1986; BECK et al., 1990; MORIYOSHI et al., 1996; SON et al., 2001;

ZAMBELLI et al.,2002b), a avaliação da viabilidade fetal (ZONE & WANKE, 2001), bem como

a avaliação uterina pós-parto (PHARR & POST, 1992).

Atualmente, esse é um exame muito solicitado nas clínicas veterinárias porque é

interessante para os criadores a confirmação da gestação seja ela desejada, ou naqueles casos em

que houve cópula acidental (JABIN, 2007). Poder determinar com boa acurácia a estimativa da

idade gestacional (IG) e, conseqüentemente, a provável data do parto é substancialmente útil nas

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gatas com cópulas múltiplas ou com data de cobertura incerta, uma vez que esses dados fornecem

aos criadores e ao veterinário importantes informações que permitem dispensar cuidados

adequados durante o período pré-natal e realizar um planejamento para o parto (LENARD, 2007).

Além disso, a exata estimativa da data do parto fornece ao veterinário a possibilidade de

programar uma cesariana em casos de animais com histórico de distocia.

Diferentes critérios ultrassonográficos têm sido desenvolvidos para estimar a IG em gatas,

tais como as mensurações dos diâmetros interno e externo dos sacos gestacionais (ZAMBELLI,

2002), do comprimento do embrião (ZAMBELLI, 2002), do diâmetro biparietal (BECK, 1990;

ZAMBELLI, 2004), do diâmetro abdominal (BECK, 1990; ZAMBELLI, 2004), do comprimento

do corpo (ZAMBELLI, 2004), do diâmetro gástrico (ZAMBELLI, 2004) e da profundidade da

vesícula cerebral (BECCAGLIA, 2008).

Porém, algumas lacunas ainda precisam ser preenchidas para um adequado

acompanhamento da gestação em gatos já que para esta espécie são escassos os trabalhos acerca

deste assunto, sobretudo quando se consideram trabalhos realizados com completo controle do

manejo de cobertura e utilizando animais inseridos dentro de um biótipo físico determinado.

Além disso, até o presente momento não se tem conhecimento da análise multivariada dos

parâmetros embrionários e fetais para estimativa da IG em gatas.

Assim sendo, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o grau de associação de

parâmetros embrionários e fetais com a IG. Além disso, objetivou-se avaliar se o uso combinado

de mais de um parâmetro ultrassonográfico para estimar a IG aumenta o grau de associação entre

as variáveis IG e parâmetro ultrassonográfico.

MATERIAS E MÉTODOS

Animais experimentais

Foram utilizadas 10 fêmeas felinas sem raça definida (SRD) com padrão de cabeça

mesencefálico com peso médio de 2,75 ± 0,21 kg (2,40-3,10 kg), diâmetro biparietal médio 6,46

± 0,22 cm, comprimento occiptosacral médio 34,22 ± 2,77 cm, altura média da cernelha 23,78 ±

0,97 cm e 6 machos SRD com padrão mesencefálico com peso médio de 3,78 ± 0,47 kg, diâmetro

biparietal médio 8,10 ± 0,59 cm, comprimento occiptosacral médio 34,58 ± 3,64 cm, altura média

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da cernelha 27,83 ± 1,84 cm Os animais apresentavam histórico clínico e reprodutivo dentro da

normalidade e encontrava-se em perfeitas condições de saúde.

Acompanhamento da ciclicidade e manejo de cobertura

As gatas foram acompanhadas quanto à ciclicidade através da detecção dos sinais de

aceitação de monta e cobertura na presença do macho uma vez ao dia. Gatas exibindo

arqueamento dos membros anteriores e elevação da região posterior (lordose), lateralização da

cauda e patinar com os membros posteriores (SILVA, 2003) e aceitação de cópula pelo macho

foram consideradas em estro. A partir do 2° dia de estro, as fêmeas foram inseridas em manejo de

cobertura, 2 vezes por dia, por 3 dias consecutivos. Durante o estudo, os animais receberam ração

comercial de manutenção (Kitekat - Éffem®, Mogi Morim –SP, Brasil) e ração comercial para

filhotes (Whiskas Gatito-Éffem®, Mogi Morim - SP, Brasil) no caso de fêmeas gestantes a partir

do 35° dia de gestação e água à vontade.

Avaliações ultrassonograficas

A duração da gestação foi considerada como sendo o período do primeiro dia de cobertura

ao parto. As avaliações ultrassonográficas foram realizadas a partir do 10° dia após a primeira

cobertura. Os exames foram realizados a cada cinco dias até o parto. Para avaliação

ultrassonográfica, foi utilizado um aparelho portátil da marca SHIMADZU (Kyoto, Japão),

modelo SDL-32, equipado com transdutor linear de 5MHz. Para tal, as gatas eram posicionadas

em decúbito dorsal, os pêlos da região abdominal foram tricotomizados e um gel para ultrassom

(Fort Sam Brasil ® - São Paulo-SP, Brasil) foi utilizado.

Em cada avaliação ultrassonográfica foi mensurado, sempre que possível, pelo menos 2

conceptos e, preferivelmente, um de cada corno uterino. O valor médio das mensurações foi

calculado. Foram mensurados os seguintes parâmetros ultrassonográficos: diâmetro interno do

saco gestacional (DISG), diâmetro externo do saco gestacional (DESG), diâmetro biparietal

(DB), diâmetro abdominal (DAB), comprimento do corpo (CC), espessura da placenta (EPL).

O DISG foi medido em corte longitudinal tomando-se a média de dois diâmetros internos

fazendo um ângulo de 90° entre eles. Foi mensurado a partir do seu aparecimento até que os seus

limites não ultrapassassem o monitor do aparelho ultrassonográfico.

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O DESG foi medido em corte longitudinal tomando-se a média de dois diâmetros externos

fazendo um ângulo de 90° entre eles.

A EPL foi mensurada a partir da sua visualização, ao corte longitudinal localizada nos

pólos superior e inferior do SG.

A cabeça foi mensurada a partir de quando se apresentou distinguível do corpo e foi

abordada em sua distância ou diâmetro biparietal (DB) na sua maior secção transversal.

O DAB foi mensurado quando cabeça e corpo estavam diferenciados

ultrassonograficamente. Sua medida foi feita da imagem em secção longitudinal, a partir do

exame em que foi possível identificá-la em contornos definidos. Quando da identificação do

ventrículo gástrico, o DABD foi obtido a partir do corte transversal do corpo fetal e a medida fora

realizada, na maior secção mediana, do dorso ao ventre, na altura do estômago em corte

transversal

O CC foi considerada a distância em linha reta entre o occipital e a última vértebra sacral.

Ele foi mensurado a partir da diferenciação da cabeça e corpo.

Análise estatística

Para a análise dos dados, a gestação foi dividida em duas metades, a primeira

correspondente ao período até o 30° dia e a segunda correspondente ao período do 31° ao término

de gestação.

Os valores relativos à DISG, DESG, DB, CC, DAB e EPL foram expressos sob a forma

de média ± desvio padrão para cada IG.

Para verificar o grau de associação entre os valores médios dos DISG, DESG, DB, CC,

DAB e EPL, com a IG, utilizou-se uma análise de regressão simples. Para tanto, testaram-se os

modelos de análises de regressão linear, exponencial, logarítmica, polinomiais de 2ª e 3ª ordem e

potência, para cada um dos parâmetros ultrassonográficos mensurados. Os parâmetros

ultrassonográficos que apresentaram coeficiente de determinação (R2) maior que 0,80 foram

submetidos à análise de regressão multivariada. Os modelos com maior R2 gerados a partir da

análise de regressão simples e multivariada foram submetidos a uma simulação da predição da IG

real e comparados com os dados da escrituração.

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Os dados foram analisados através do programa SAS (1999). O nível de significância

adotado foi de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O diagnóstico positivo da gestação foi obtido a partir do 15°, 18° ou 20° dia em 10%

(1/10), 20% (2/10) e 70% (7/10) dos animais, respectivamente. Este diagnóstico foi obtido a

partir da visualização do saco gestacional (também chamado blastocisto, cavidade coriônica ou

vesícula embrionária - DAVIDSON et al., 1986) . Corroborando com os resultados de

DAVIDSON et al. (1986), nem todos os conceptos foram visualizados durante a avaliação mais

precoce da gestação. Segundo estes mesmos autores, embriões localizados mais próximos à

bifurcação uterina tendem a ser primeiramente detectados. Avaliações ultrassonográficas

subseqüentes permitem a visualização de fetos adicionais localizados mais afastados da

bifurcação uterina (DAVIDSON et al., 1986).

A precocidade do diagnóstico da gestação neste estudo foi tardia quando comparada à

alcançada por DAVIDSON et al. (1986) e ZAMBELLI et al. (2002a) que obtiveram diagnóstico

positivo da gestação a partir do 11°-14º e do 10° dia após a cobertura, respectivamente. Segundo

NYLAND & MATTON (2005), a variação na precocidade do diagnóstico da gestação é causada

pelas diferenças na definição do período da gestação, na resolução do equipamento de ultrassom

e na escolha do transdutor adequado.

No que diz respeito à definição do período de gestação para cada autor, DAVIDSON et al.

(1986) consideraram a última cobertura como o início da gestação, enquanto ZAMBELLI et al.

(2002a) não tiverem controle do dia do estro e nem do número de coberturas considerando como

ponto de partida apenas uma cobertura vista pelo proprietário. Sabe-se que, na gata, o estro dura

de 2 a 7 dias (POPE, 2000), com média de 5,8 ± 3,3 dias já tendo sido descritos estros curtos de 2

dias ou longos de 19 dias (ROOT et al., 1995). Nesta espécie, a ovulação é induzida e ocorre 24 a

48 horas após o pico de hormônio luteinizante (LH). Os sinais de regressão do estro ocorrem 24 a

48 horas após a cobertura. Assim, uma contagem a partir do último dia de cobertura poderia

justificar uma diferença na precocidade do diagnóstico de gestação em conseqüência da diferença

na real IG.

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No tocante ao transdutor utilizado, no início da gestação, quando as estruturas a serem

observadas são de pequenas dimensões e mais superficiais, um transdutor de maior freqüência

proporciona uma penetração menor e uma melhor resolução de imagem obtida e ao contrário,

conforme a gestação evolui, as estruturas gestacionais vão ficando maiores e mais profundamente

localizadas no abdômen e, portanto um transdutor de 5MHz mostra-se mais adequado para

abordagem de algumas estruturas presentes na segunda metade da gestação (ALMEIDA et al.,

2003). No presente estudo, utilizou-se um transdutor linear com freqüência de 5MHz durante

toda a gestação, podendo além de outros fatores já citados, ter influenciado na precocidade do

diagnóstico da gestação. Acredita-se que, conforme indicado na literatura (NYLAND et al, 2005)

, para diagnostico de gestação em gatas seria mais indicado um transdutor convexo com

freqüência maior (7,5MHz).

No que diz respeito à mensuração dos DISG e DESG, esta foi possível do 15° ao 45° dia

de gestação (Figura 1). Mensuração esta feita por um período maior do que até 30 dias como já

descrito por outros autores (ZAMBELLI et al., 2002a). Os SGs apresentaram-se como vesículas

em formato elíptico aos cortes transversal e longitudinal com conteúdo anecóico e paredes

espessas e hiperecóicas com embriões também hiperecóicos em seu interior. Este padrão já foi

descrito por outros autores na espécie felina (DAVIDSON et al., 1986; ZAMBELLI et al.,

2002ab) e canina (SON et al., 2001; LEITE, 2003; BECCAGLIA & LUVVONI, 2006). Os dados

referentes à mensuração desses diâmetros encontram-se listados na Tabela 1.

Os valores obtidos neste trabalho para as variáveis DISG e DESG durante o período de 15

a 30 dias de gestação são inferiores, tanto ao encontrado por DAVIDSON et al. (1986) que

registraram DISG variando de 2 a 37 mm nos dias 11 e 29 após a cópula, respectivamente e os

valores obtidos por ZAMBELLI et al. (2002a) que registraram DISG variando de 10,26 ± 0,29

mm a 26,24 ± 0,30 mm nos dias 16 e 30 após a cópula, respectivamente. Essa diferença pode ser

explicada pela variação na definição do período gestacional ou ainda pelo padrão dos animais

utilizados no estudo.

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Tabela 1: Média ± desvio padrão do diâmetro interno do saco gestacional (DISG) e externo (DESG) em gatas SRD com padrão de cabeça mesencefálico no período de 15 a 45 dias de gestação.

DIAS APÓS A

1ª MONTA

N° DE

ANIMAIS

N CONCEPTOS

MENSURADOS

DISG (mm) DESG (mm)

15 (n=1) 1 2 9,50 ± 2,83 14,25 ± 1,77

18 (n=2) 2 3 12,50 ± 4,33 17,67 ± 4,73

20 (n=10) 7 22 14,02 ± 2,52 18,39 ± 3,01

25 (n=10) 10 24 17,69 ± 2,64 23,15 ± 2,70

30 (n=10) 10 24 24,57 ± 2,31 29,49 ± 3,25

35 (n=10) 10 17 32,53 ± 5,54 37,65 ± 5,56

40 (n=10) 6 14 36,61 ± 6,71 43,50 ± 6,42

45 (n =2) 2 4 32,50 ± 4,04 38,25 ± 3,75

No tocante à diferença no período gestacional, o ponto inicial de contagem da duração da

gestação foi o primeiro dia de cobertura. Nos estudos supracitados, não houve controle de

cobertura não ficando claro o início da contagem gestacional. Assim, conforme discutido

anteriormente para precocidade, esta variação na definição da duração da gestação pode explicar

essa diferença uma vez que de fato a gestação estaria mais avançada do que a contagem real se

10

11

Figura 1. Mensuração ultrassonográfica de saco gestacional aos 25 de gestação de gata SRD. Diâmetro médio do SG calculado pela média aritimética das mensuraçõs transversal e longitudinal: 10 + 11/2 = 10,5 mm

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coberturas anteriores à considerada tiverem acontecido, ou ainda se, diferentemente do presente

estudo, a contagem da gestação tiver sido feita a partir do último dia de cobertura.

No presente trabalho foram utilizados animais de pequeno porte com peso médio de 2,75

kg para fêmeas e 3,78 kg para os machos e padrão de cabeça mesencefálico. Neste aspecto,

DAVIDSON et al. (1986) e ZAMBELLI et al. (2002b) relataram que foram utilizados gatos

domésticos ,contudo não especifiraram o padrão físico e/ou racial de seus animais experimentais.

ZAMBELLI et al. (2002b) relataram apenas a variação de peso (3-3,5 kg) que, foi maior que os

utilizados no presente trabalho.

Para as análises de regressão, os dias 15, 18 e 45 foram desconsiderados devido ao

pequeno número de conceptos mensurados podendo, portanto ser pouco representativos e

influenciar na análise dos dados. As análises de regressão permitiram ajustar uma equação

matemática Y= f (X), possibilitando fazer previsões sobre a variável dependente (IG = Y) a partir

de uma variável independente (parâmetro ultrassonografico = X).

Para as variáveis DISG e DESG, todos os modelos gerados na análise de regressão

simples (linear, exponencial, logarítmica, polinomiais de 2ª e 3ª ordem e potência) apresentaram

altos R2 (> 0,90).Contudo, os modelos que apresentaram R2 maiores foram os de equação

polinomial de 3ª ordem representados pelas seguintes equações para o DISG ,Y1 = -0,004 X3 +

0,430X2 - 11,48 X + 109,2 (R2 = 0,9990) e para o DESG , Y2 = -0,002 X3 + 0,224 X2 - 6,176 X +

64,77, (R2 = 0,9990).Estes modelo estão representados como Y1 eY2 na Tabela 2

Ao que nos consta, a quase totalidade dos trabalhos que se propõem a avaliar o grau de

associação entre a variável IG e parâmetros ultrassonográficos, priorizam o uso da análise de

regressão linear. Em sendo assim, não se tem o conhecimento do teste de análise de regressão

polinomial de 3ª ordem para que se possa comparar o índice de determinação obtido neste

trabalho. Isto se deve ao fato de que os autores acreditam que a análise de regressão linear seja

mais prática já que não é necessário o uso de sistema computadorizado para seu cálculo uma vez

que a fórmula matemática é mais simples (DAVIDSON et al., 1986). Porém, é importante

considerar que os modelos matemáticos originados a partir das análises multivariadas ser mais

fidedignos para se estimar a idade gestacional uma vez que sabe-se que na segunda metade da

gestação o crescimento não apresenta-se mais de forma linear.Assim, os modelos lineares podem

comprometer a estimativa da idade gestacional a partir do 30° dia de gestação.

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ZAMBELLI et al. (2002a) testaram, para os parâmetros DISG e DESG, a análise de

regressão linear também utilizada neste trabalho e obtiveram índices de determinação de R2 =

0,9451 e R2= 0,9683 para DISG e DESG, respectivamente. Resultados estes semelhantes ao

obtido no presente trabalho.

Assim, os resultados acima mostram que, independente do tipo de análise de regressão, os

parâmetros ultrassonográficos DISG e DESG são bons indicadores para determinação da IG na

primeira metade da gestação conforme já demonstrado por outros autores que trabalharam com

gatas (ZAMBELLI et al., 2002a) e cadelas (SON et al., 2001; ALMEIDA, 2002; LEITE, 2003;

JABIN, 2005; BECCAGLIA & LUVVONI, 2006).

Como ambos os parâmetros (DISG e DESG) apresentaram altos índices de determinação

na análise de regressão simples, eles foram utilizados para a análise de regressão linear

multivariada. Nesta análise, foram gerados os seguintes modelos matemáticos: Y3 = 0,76716

DESG + 6,65226 (R2= 0,9930) e Y4 = -0,3899. DISG + 1,12943. DESG + 5,40698 (R2=0,9939).

A simulação da estimativa da IG de acordo com os quatro modelos selecionados (Y1, Y2,

Y3 e Y4) para os parâmetros DISG e DESG encontra-se na Tabela 2.

Na tabela 2, pode-se observar que a análise de regressão multivariada referente ao modelo

Y4 (que utiliza DISG e DESG) melhorou a acurácia na estimativa da data do parto, apresentando

o menor número de erros (n = 2, 20° e 30° dia de gestação) na previsão da IG quando comparado

aos outros modelos e, sendo estes erros de, no máximo ± 1dia. ALMEIDA (2002) e JABIN

(2005) propuseram o uso da análise de regressão linear multivariada para predizer a data do parto

em cadelas da raça Yorkshire Terrier e Boxer, respectivamente acreditando que, dessa forma, a

acurácia para se estimar a data do parto poderia ser mais próximo do real. Os modelos propostos

por JABIN et al. (2005) utilizaram as variáveis comprimento do fêmur, DBP e CC, obtendo

índices de determinação tanto maiores quanto mais variáveis (parâmetros ultrassonográficos)

fossem inseridas no modelo matemático. No referido trabalho, quando se propôs um modelo

utilizando comprimento do fêmur e diâmetro biparietal, R2 foi 0,951, explicando 95% da

variabilidade dos dados. Já quando o modelo matemático foi proposto com o uso simultâneo de

comprimento fetal, diâmetro biparietal e comprimento do fêmur, o R2 foi 0,998, ou seja, o

modelo explica 98% da variabilidade dos dados.

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Tabela 2: Simulação da previsão das idades gestacionais em função das equações de regressão polinomial de 3ª ordem (Y1 e Y2) e lineares multivariada (Y3 e Y4) e suas comparações com a real idade gestacional contada a partir da primeira cobertura em gatas domésticas SRD.

Y = f (X) Dias após a

monta Y1 Y2 Y3 Y4

20 22 (+2) 21 (+1) 21 (+1) 20

25 19 (-6) 28 (+3) 24 (-1) 25

30 27(-3) 44 (+14) 29 (-1) 29 (-1)

35 53 (+18) 71 (+36) 36 (+1) 35

40 69 (+29) 93 (+53) 40 40

Y= f (X); onde Y = idade gestacional ;X = parâmetro ultrassonográfico Y1 = -0,004 X3 +0,430X2 - 11,48 X + 109,2;(R2= 0,9930) Y2 = -0,002 X3 + 0,224 X2 - 6,176 X + 64,77, (R2 = 0,9990) Y3 = Y3 = 0,76716 DESG + 6,65226 (R2= 0,9930) Y4 = -0,3899. DISG + 1,12943. DESG + 5,40698 (R2=0,9939)

No mesmo sentido, ALMEIDA (2002) obteve um modelo de análise de regressão linear

multivariada altamente significativo com R2 de 0,98 com o uso simultâneo da EPL, diâmetro

biparietal e diâmetro do corpo.

No presente trabalho, a EPL pôde ser aferida do 30º ao 55º dia de gestação em corte

longitudinal nos pólos inferior e superior dos sacos gestacionais. Ela apresentou-se espessa,

hiperecóica, com bordas encurvadas para dentro do SG. Os valores médios da EPL encontram-se

na Tabela 3.

Tabela 3: Média ± desvio padrão da espessura da placenta (EPL) de gatas domésticas SRD no período de 30 a 50 dias de gestação

DIAS APÓS A

MONTA

N° DE CONCEPTOS

MENSURADOS

EPL (mm)

30 12 6,27 ± 179b

35 21 6,14 ± 1,28b

40 21 7,14 ± 1,49ab

45 19 8,21 ± 1,81a

50 19 7,32 ± 1,60ab

55 19 7,27 ± 1,74ab abLetras diferentes indicam diferença significativa entre as linhas.

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Alguns autores já estudaram os aspectos ultrassonográficos da placenta em gatos

(ZAMBELLI et al., 2002b). Segundo estes autores, a placenta zonária pode ser identificada a

partir do 25º dia após a cobertura. Em cães, além dos aspectos ultrassonográficos da placenta, já

observados nas raças Boxer (ALMEIDA, 2002; ALMEIDA et al., 2003; LEITE, 2003),

Yorkshire Terrier (SON et al., 2001; LEITE, 2003), Beagle (CONCANNON et al., 1992;

YEAGER et al., 1992), Rottweiller (CORREA et al., 2001), Schnauzer Minhatura (KIM & SON,

2007) e Maltês (SON et al., 2001), a correlação das suas dimensões com a IG também já foi

estudada em cães da raça Boxer (ALMEIDA, 2002; ALMEIDA et al., 2003) e Yorkshire Terrier

e Maltês (SON et al., 2001). Considerando os trabalhos supracitados, o primeiro momento de

identificação da placenta zoonária varia do 25º ao 35º dia após a última cobertura, sendo possível

sua visualização variando no período do 45º ao 60º dia de gestação. No presente estudo, tanto o

período de visualização (30º-55º), como os aspectos ultrassonográficos estão de acordo com o

observado na literatura. Porém, diferentemente do observado por outros autores (SON et al.,

2001; ALMEIDA, 2002; ALMEIDA et al., 2003), não houve uma relação desta variável com a

IG; desse modo, essa informação não foi utilizada na análise de regressão.

No que diz respeito à mensuração do DB, DAB e CC, esta pôde ser realizada, em algumas

gestações, a partir do 30º dia (n= 4) de gestação até o parto sendo que aos 35 dias de gestação,

esta medida pôde ser visualizada em 100% dos conceptos. Os valores médios do DB, DAB e CC

encontram-se na Tabela 4.

O período a partir do qual foi possível mensurar o DB está de acordo com a variação de

24 a 30 dias observada por outros autores que trabalharam com a mesma espécie (BECK et al.,

1990; ZAMBELLI et al., 2004; BECCAGLIA et al., 2008). Porém, os valores médios

encontrados para uma mesma IG são inferiores quando comparados aos trabalhos supracitados.

Para ZAMBELLI et al. (2004), esta medida variou de 11,2 ± 0,18 mm (30° dia) a 26,00 ± 0,20

mm (60°dia).Para BECCAGLIA et al., (2008), que trabalharam com gatos da raças Norueguês da

Floresta Pêlo Curto Europeu, aos 55 dias de gestação o DBP atingiu 20 mm, sendo esta medida

maior do que os 16,21 ± 2,35 mm mensurados neste trabalho. E ainda, BECK et al. (1990)

trabalhando com gatos de pêlo longo e pêlo curto observaram um DBP máximo de 25 mm aos

61,2 dias de gestação, sendo esta medida inferior aos 18,58 ± 2,24 mm mensurados aos 60 dias de

gestação no presente trabalho.

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Tabela 4. Média ± desvio padrão das mensurações ultrassonograficas dos diâmetros biparietal (BD), abdominal (ADB) e comprimento do corpo (CC) dos conceptos de gatas SRD com padrão de cabeça mesencefálica.

DIAS APÓS

A MONTA

N° DE

ANIMAIS

Nº DE

CONCEPTOS

MENSURADOS

DBP DAB CC

30 1 12 7,71 ± 0,50 8,25 ± 2,02 16,45 ± 1,29

35 2 21 10,90 ± 1,41 12,40 ± 2,48 28,62 ± 5,56

40 7 21 11,38 ± 0,86 14,38 ± 1,91 35,05 ± 5,91

45 10 19 11,58 ± 2,06 17,63 ± 2,41 37, 21 ± 4,56

50 10 19 14,42 ± 1,57 23,47 ± 2,57 41,74 ± 7,44

55 10 19 16,21 ± 2,35 26,37 ± 2,59 54,79 ± 4,61

60 6 19 18,58 ± 2,24 28,21 ± 5,85 60,63 ± 4,56

65 2 19 20,53 ± 1,18 27,18 ± 2,65 61,29 ± 4,88

70 1 1 20,00 29,00 58,00

No que diz respeito ao DAB, o período inicial no qual foi possível fazer sua mensuração

está de acordo com ouros autores (ZAMBELLI et al., 2004; BECK et al., 1990). Porém, os

valores médios encontrados para uma mesma IG são inferiores quando comparados aos trabalhos

supracitados. Para ZAMBELLI et al. (2004), esta medida variou de 13,2 ± 0,14 mm (30° dia) a

38,3,00 ± 0,16 mm (60° dia). BECK et al. (1990), trabalhando com gatos domésticos de pêlo

longo e pêlo curto, observaram um DAB máximo de 40 mm aos 61,2 dias, sendo esta medida

inferior aos 28,21 ± 5,85 mm mensurados aos 60 dias no presente trabalho.

Não se tem o conhecimento da mensuração ultrassonográfica do comprimento occipto-

sacral na segunda metade da gestação para esta espécie, portanto não se considerou prudente

analisar os valores aqui encontrados uma vez que se acredita que o uso de referências com

trabalhos em cadelas estaria, mesmo para as de menor porte, muito além da realidade da espécie

aqui trabalhada.

As diferenças encontradas nas medidas BD e DAB entre este estudo e os supracitados

podem ser explicadas pela variação na definição na duração da gestação, conforme já discutido

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anteriormente ou ainda pela diferença no biótipo físico dos animais utilizados. Gatos das raças

Norueguês da floresta e Europeu de pêlo Curto, embora tenham o mesmo padrão de cabeça

mesencefálico dos gatos deste estudo, são gatos de porte maior com peso variando, segundo o

padrão da raça de 3-4,5 kg. ZAMBELLI et al. (2004) não especificaram a raça dos animais

utilizados, mas relatam que a variação do peso foi de 3-3,5 kg, valor este superior ao do presente

estudo.

Para as análises de regressão em relação aos parâmetros DB, DAB e CC, o dia 70 foi

desconsiderado devido ao pequeno número de conceptos mensurados podendo, portanto ser

pouco representativos e influenciar na análise dos dados.

Para as variáveis DBIP, DABD e CC, todos os modelos gerados na análise de regressão

simples (linear, exponencial, logarítmica, polinomiais de 2ª e 3ª ordem e potência) apresentaram

altos R2 (> 0,90). Contudo, os modelos que apresentaram R2 maiores foram os seguintes:

polinomial de 3ª ordem para o DB , Y5 = -,007 X3 + 0,261 X2 – 0,054 X +17,770 (R2 = 0, 9690) ,

exponencial para DAB, Y6 = 23,21.e 0,034X (R2 = 0, 9620) e polinomial de 2ª ordem para CC, Y7=

Y3 = 0,002X2 + 0,558 X + 19,35 (R2 = 0, 9620).

ZAMBELLI et al. (2004) verificaram o grau de associação entre as variáveis DB e DAB e

a IG utilizando análise de regressão simples linear, exponencial e parabólica. Tomando como

base o coeficiente de regressão (R2), estes autores concluíram que, embora todos os modelos

tenham mostrado coeficientes de regressão maiores que 0,9, o modelo exponencial foi o melhor

para explicar o grau de associação entre as variáveis. No presente estudo, o modelo exponencial

também foi o que apresentou maior R2 para a variável DAB. Embora os R2 obtidos na análise de

regressão linear tenham sido altos para todas as variáveis analisadas, e este seja o modelo

prioritariamente utilizado pela quase totalidade dos autores, acredita-se que este modelo possa

apresentar um maior erro na estimativa da IG uma vez que o crescimento fetal na segunda metade

da gestação não acontece de forma linear (EVAN & SACK, 1975; KNOPSE, 2002; KUTZLER

et al., 2003).

Assim, os resultados acima mostram que, independente do tipo de análise de regressão, os

parâmetros ultrassonográficos DB, DAB e CC são bons indicadores para determinação da IG

conforme já demonstrado por outros autores que trabalharam com gatas (BECK et al., 1990;

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ZAMBELLI et al., 2004) e cadelas ( LUVONI & GRIONI, 2000; SON et al., 2001; ALMEIDA,

2002; LEITE, 2003; JABIN, 2005; BECCAGLIA & LUVVONI, 2006).

O CC apresentou os menores R2 para quase todos os modelos, com exceção da polinomial

de 2ª ordem, sugerindo que entre as variáveis estudadas esta é a de menor confiabilidade para

predizer a IG. Segundo MELO et al.(2006), o CC costuma ser muito variável e de difícil

mensuração devido à curvatura que o feto apresenta em diferentes momentos da gestação e ao

tamanho que atinge ao final da gestação, dificultando ou até mesmo impedindo que se consiga

selecioná-la por completo no monitor do aparelho.

Como todos os parâmetros (DB, DAB e CC) apresentaram altos índices de determinação

na análise de regressão simples, eles foram utilizados para a análise de regressão linear

multivariada. Nesta análise, foram gerados três modelos matemáticos indicados por Y8, Y9 e

Y10 tendo as seguintes equações: Y8 = Y4 = 2,78650. DBIP + 8,72934 (R2 = 0,9651); Y9 = Y5 =

1,69498. DBIP + 0,65417. DABD + 11,00555 (R2 = 0,9817) e Y10 = Y6 = 1,44045. DBIP +

0,54001. DABD + 0,12320.CC + 11,62896 (R2 = 0,9824).

A simulação da estimativa da IG de acordo com os seis (Y5, Y6, Y7, Y8, Y9 e Y10)

modelos selecionados para os parâmetros DB, DAB e CC encontra-se na Tabela 5.

Na tabela 5, pode-se observar que a análise de regressão multivariada referente ao modelo

Y10 (que utiliza DA, DAB e CC) melhorou a acurácia na estimativa da data do parto

apresentando o menor número de erros, sendo estes de, no máximo, + 2 dias na estimativa da IG.

Estes resultados estão de acordo com HANDLOCK et al. (1984), ALMEIDA (2002) e JABIN

(2005) que observaram que, embora o uso de parâmetros combinados seja menos simples e

menos prático, ele melhora a acurácia na estimativa da IG.

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Tabela 5: Simulação da previsão das idades gestacionais em função das equações de regressão polinomial de 3ª (Y1), exponencial (Y2), polinomial de 2ª ordem (Y3) e lineares multivariada (Y4, Y5 e Y6) e suas comparações com a real idade gestacional contada a partir da primeira cobertura em gatas domésticas SRD.

Y= f(X) Dias após a

monta Y5 Y6 Y7 Y8 Y9 Y10

30 30 31 29 30 29 29

35 39 35 37 39 38 38

40 41 38 41 40 40 40

45 41 42 43 41 42 42

50 50 52 46 49 51 50

55 56 57 56 54 56 56

60 62 61 61 61 61 61

Y = f(X);Y =IG e X = parâmetro ultrassonográfico

Y5 = -,007 X3 + 0,261 X2 – 0,054 X +17,770 (R2 = 0, 9690)

Y6 = 23,21.e 0,034X (R2 = 0, 9620)

Y7 = 0,002X2 + 0,558 X + 19,35 (R2 = 0, 9620)

Y8 = 2,78650. DBIP + 8,72934 (R2 = 0,9651)

Y9 = 1,69498. DBIP + 0,65417. DABD + 11,00555 (R2 = 0,9817)

Y10 = Y6 = 1,44045. DBIP + 0,54001. DABD + 0,12320. CC + 11,62896 (R2 = 0,9824)

CONCLUSÕES

As variáveis DISG e DESG na primeira metade da gestação e DBP, DAB e CC, na

segunda metade da gestação são parâmetros confiáveis para estimar a IG em gatas SRD de peso

médio de 2,75 kg e padrão de cabeça mesencefálico. Além disso, o uso combinado de parâmetros

ultrassonográficos melhora a eficiência na estimativa da IG

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8. CONCLUSÕES

O desempenho reprodutivo deste gatil experimental está dentro dos limites descritos na

literatura para alguns parâmetros, mas para outros não, mostrando a importância de se conhecer

os padrões de normalidade de gatos SRD, já que estes constituem a maior parte da população de

felinos criados nos lares brasileiros. Além do mais, em função da elevada ocorrência de

malformações, fica claro que as diversas causas da mesma precisam ser mais bem investigadas.

As mensurações ultrassonográficas de DISG, DEXSG, e DB, DAB e CC apresentem alta

correlação com a idade gestacional em gatos domésticos SRD quando utilizados individualmente.

O uso combinado destas variáveis melhora a estimativa da idade gestacional.

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9. PESPECTIVAS

Mais estudos devem ser realizados no que tange ao acompanhamento da gestação em

gatos domésticos.

Na área da ultrassonografia é importante que se realizem estudos dentro de um padrão

físico e/ou racial determinado uma vez que existe uma variação no porte, formato de cabeça e

peso entre as raças de felinos, sendo, portanto importante se estabelecer formulas matemáticas e

padrões normais para cada uma dessas raças/padrões.

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