universidade estadual de feira de santanacivil.uefs.br/documentos/vagner souza cunha.pdfalternatives...

85
12 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL VAGNER SOUSA CUNHA ATERRO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE GANDU- BA: ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO E IMPLANTAÇÃO Feira de Santana 2010

Upload: others

Post on 15-Apr-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

12

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

VAGNER SOUSA CUNHA

ATERRO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE GANDU- BA: ESTUDO

PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO E IMPLANTAÇÃO

Feira de Santana

2010

13

VAGNER SOUSA CUNHA

ATERRO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE GANDU- BA: ESTUDO

PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO E IMPLANTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

Feira de Santana como requisito para a obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa São

Mateus

Feira de Santana

2010

14

DEDICATÓRIA

A minha família que sempre me apóia nos momentos

difíceis.

15

RESUMO

A ausência de um modelo adequado de gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) nos

municípios brasileiros, vem acarretando graves conseqüências ao meio ambiente e à

sociedade. Estima-se que 80% (IBGE, 2000) dos municípios brasileiros utilizam os lixões

como forma de disposição final dos resíduos sólidos, representando um modelo atrasado e

defasado contrário a parâmetros técnicos e ambientais. O aterro sanitário é um método de

disposição final de resíduos sólidos, que se fundamenta em critérios de engenharia e normas

operacionais específicas. Este trabalho apresenta um estudo para subsidiar a elaboração do

projeto e implantação do aterro sanitário no município de Gandu-BA. Cidade que se localiza

no baixo sul da Bahia e tem população de aproximadamente 30.091 habitantes (IBGE, 2007).

Gandu dispõe os seus resíduos sólidos urbanos em um lixão, localizado na estrada Gandu-

Ituberá a 7,8 km da cidade de Gandu. Inicialmente, foi determinada a composição

gravimétrica do RSU baseada nos dados encontrados em estudos realizados pelo PNSB, Plano

Nacional de Saneamento Básico, do estado da Bahia. Foram levantados dados de geração

diária de RSU, junto à Prefeitura, bem como dados de clima, subsolo e hidrogeologia,

encontrados no trabalho “Solos do Sudeste da Bahia”, EMBRAPA. Realizou-se levantamento

topográfico da área do lixão, que mostrou um terreno de área igual a 34.193,84 m². Tendo-se

essas informações, foi feita uma estimativa dos resíduos sólidos a serem gerados nos

próximos 15 anos e propôs-se a recuperação do lixão, bem como alternativas para a

implantação de um aterro sanitário. Acoplado ao projeto do aterro, sugeriu-se o

aproveitamento da mão-de-obra dos catadores, mediante informações, treinamento e

organização do grupo, buscando valorizar o tipo de trabalho desenvolvido.

Palavras–chave: Aterro sanitário; Resíduo Sólido Urbano; Recuperação de lixão

16

ABSTRACT

The absence of an appropriate model for management of municipal solid waste (MSW)

in Brazilian cities, has caused serious consequences to the environment and society.

Approximately 80% (IBGE, 2000) of Brazilian towns has final disposal of solid waste on

ground surface without any care, representing a late and lagged model against to technical and

environmental parameters. Landfill is a method of final disposal of solid waste, based on

engineering criteria and specific operational rules. This work presents a study to support the

landfill design and its implementation in Gandu-BA. Gandu is located at south of Bahia state

and its population is about 30,091 inhabitants (IBGE, 2007). Its municipal solid waste (MSW)

has been disposed on a free place, beside the Gandu-Ituberá road, 7.8 km far from Gandu city.

In this work, gravimetric composition of MSW was determined based on data of PNSB,

National Plan of Sanitation, Bahia. Data of daily collected MSW were gotten in the city, as

well as weather, subsoil and groundwater data from EMBRAPA, at “Soils of Southeast

Bahia” paper. The topographic survey of the disposed MSW site was performed, and it was

found an area of 34,193.84 square meters. From these informations, solid waste generation for

15 years was estimated and the recovery of the disposed MSW area was proposed, as well as

alternatives to construct a landfill. Besides, it was suggested harnessing the manpower of the

collectors, by environmental education, training and organization of groups, to rescue their

values and identity.

Keywords: Landfill; Municipal Solid Waste; Recovery dump

17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................12

1.1 JUSTIFICATIVA..............................................................................................................13

1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................13

1.2.1 Objetivo Geral..................................................................................................13

1.2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................14

2.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................15

2.1 ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – DEFINIÇÃO E

CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................................................................17

2.2 LICENCIAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRRO SANITÁRIO.................21

2.3 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS RELACIONADOS À IMPLANTAÇÃO DE

ATERROS............................................................................................................................... 25

2.4 IMA – INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DA BAHIA RESOLUÇÃO CEPRAM N°

2965 (2002).............................................................................................................................. 28

2.5 APOIO INSTITUCIONAL AOS MUNICÍPIOS..............................................................30

2.6 SELEÇÃO DE ÁREA PARA IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO...............32

2.7 RECUPERAÇÃO DE LIXÕES.........................................................................................35

3.0 METODOLOGIA.............................................................................................................32

3.1 ESTUDOS PRELIMINARES PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO DE

PEQUENO PORTE NO MUNICÍPIO DE GANDU – BA.....................................................33

3.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GANDU-BA..........................................34

a - Localização e Informações Gerais..............................................................................34

18

b - Saneamento Básico.....................................................................................................35

c – Dados sobre sistema de limpeza urbana de Gandu-Ba..............................................35

3.2 - PREVISÃO DE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO............ .....................................37

3.3 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO RSU......................................................................37

3.4 - ESCOLHA DO LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO DE

GANDU...................................................................................................................................39

3.4.1 Dados Geológicos e Geotécnicos.................................................................39

3.4.2 Dados Climatológicos...................................................................................41

3.5- PROJETO DO ATERRO SANITÁRIO DE GANDU-BA..............................................52

3.6 - ANÁLISE DE CUSTOS...................................................................................................71

4.0 – RESULTADOS..............................................................................................................44

4.1 - PREVISÃO DE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO............ ......................................44

4.2 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO RSU.......................................................................45

4.3 - ESCOLHA DO LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO DE

GANDU...................................................................................................................................46

4.4 - PROJETO DO ATERRO SANITÁRIO DE GANDU-BA............................................47

4.5 - POSSIBILIDADE 1 – INICIAR CÉLULAS NOVAS SOBRE A ÁREA DO ATUAL

LIXÃO.....................................................................................................................................47

4.6 - POSSIBILIDADE 2 – ESCAVAR O RSU JÁ DISPOSTO E COMPACTAR EM UMA

PARTE DO TERRENO, LIBERANDO A ÁREA PARA O ATERRO.................................51

4.7 - POSSIBILIDADE 3 – COBRIR O RSU, CERCAR E FECHAR A ÁREA DO LIXÃO

DA CIDADE , E PROCURAR UMA NOVA ÁREA PARA IMPLANTAR O ATERRO

SANITÁRIO............................................................................................................................56

4.7.1 - Dimensionamento das Trincheiras para uma nova área, destinada ao aterro

sanitário.....................................................................................................................................57

19

4.7.2 - Elementos de projeto...........................................................................................58

4.7.3 - Sistema de cobertura das Trincheiras..................................................................59

4.7.4 - Impermeabilização da Base e lateral da Trincheira.............................................59

4.7.5 - Sistema de Drenagem de Águas Superficiais.......................................................60

4.7.6 - Sistema de Drenagem e Tratamento de Lixiviados..............................................61

4.8 - ANÁLISE DE CUSTOS POSSIBILIDADE 1................................................................61

4.8.1 - Custos de Investimentos para Infra-strutura........................................................61

4.8.2 - Custos de Implantação de Célula.........................................................................61

4.8.3 - Custos de Operação.............................................................................................63

4.9 - ANÁLISE DE CUSTOS POSSIBILIDADE 2................................................................64

4.9.1 - Custos de Investimentos para Infra-estrutura......................................................64

4.9.2 - Custos de Implantação de Célula.........................................................................65

4.9.3 - Custos de Operação.............................................................................................65

4.10 - ANÁLISE DE CUSTOS POSSIBILIDADE 3.............................................................65

4.10.1 - Custos de Investimentos para Infra-estrutura....................................................65

4.10.2 - Custos de Implantação de Célula.......................................................................66

4.10.3 - Custos de Operação...........................................................................................67

4.11 - ANÁLISE DE CUSTOS: CONCLUSÕES..................................................................67

5.0 - PROJETO SOCIAL PARA O MUNICÍPIO DE GANDU-BA......................................68

6.0 - CONCLUSÃO.................................................................................................................79

REFERÊNCIA............................................................................................................... 72

ANEXOS..........................................................................................................................76

20

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Quantidade de RSU coletada em 2007 e taxas de coleta (ABRELPE, 2007)

.................................................................................................................................................16

Figura 2.2 – Aterro em Trincheiras (SIMÕES 2003...............................................................19

Figura 2.3 – Aterro de superfície (BARROS, 2002)..............................................................19

Figura 3.1 – Localização do Município de Gandu – Ba.........................................................37

Figura 3.2 – Lixão de Gandu – Ba..........................................................................................39

Figura 3.3 – Localização da cidade de Gandu – Ba (IBGE, 2002).........................................39

Figura 3.4 - Croqui de Localização do lixão de Gandu-Ba....................................................40

Figura 3.5 – Mapa de Solos do Sudeste da Bahia (EMBRAPA, 2002)..................................41

Figura 3.6 – Levantamento Topográfico do lixão de Gandu-Ba............................................42

Figura 4.1 - Previsão de crescimento populacional de Gandu-BA.........................................45

Figura 4.2 – Dreno de biogás de um aterro sanitário..............................................................48

Figura 4.3 – Layout das Células Possibilidade 1....................................................................49

Figura 4.4 - Layout das Células Possibilidade 2.....................................................................52

Figura 4.5 – Lixão da cidade de Gandu-Ba............................................................................52

Figura 4.6 – Corte da Seção de um aterro sanitário (CONDER – 1998)................................54

Figura 4.7 - Compactação e espalhamento do lixo (MANUAL DA CONDER, 2.................55

Figura 4.9 – Corte Esquemático de uma Trincheira (PROSAB, 2003)...................................65

Figura 4.8- Cobertura das Células (MANUAL DA CONDER, 2002)...................................59

Figura 4.10 – Canaletas...........................................................................................................60

21

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Definição de Aterro Sanitário.................................................................................17

Tabela 2.2 - Definição das três licenças ambientais.................................................................21

Tabela 2.3 – Considerações Resolução CONAMA N° 404 2008............................................22

Tabela 2.4 - Atribuições do município para se conceder a licença...........................................23

Tabela 2.5 – Obras que dependem do licenciamento do EIA/RIMA (RESOLUÇÃO

CONAMA N° 001/86 DE 1986)...............................................................................................25

Tabela 2.6 – Quatro seções do EIA ( RESOLUÇÃO CONAMA 237/97)..............................26

Tabela 2.7 - Atribuições do RIMA (RESOLUÇÃO CONAMA 01/86...................................27

Tabela 2.8 – Disposições Gerais da Resolução CEPRAM N° 2.965.......................................29

Tabela 2.9 – Competências e compromissos do IMA e do município (RESOLUÇÃO

CEPRAM N° 2.965, 2002).......................................................................................................29

Tabela 2.10 – Resumo das atribuições dos órgãos federais (SILVEIRA,2008)......................31

Tabela 2.11 – Projeto Implantados pelo governo da Bahia (SILVEIRA, 2008).....................32

Tabela 2.12 – Critérios para seleção de Área (RECESA, 2008).............................................33

Tabela 3.1 – Composição gravimétrica do resíduo domiciliar do estado da Bahia (PNSB,

2000).........................................................................................................................................37

Tabela 3.2 – Características físicas e químicas do perfil de solo no município de Gandu - Ba

(EMBRAPA, 2002).................................................................................................................38

Tabela 3.3 - Analises Físicas e Química realizadas no perfil de solo no município de Gandu-

Ba ( EMBRAPA, 2002)...........................................................................................................40

Tabela 4.1 – Estimativa da taxa média de crescimento da população da Gandu-Ba...............44

Tabela 4.2 - Projeção de crescimento da população de Gandu-BA.........................................45

Tabela 4.3 – Análise da área do lixão de Gandu......................................................................47

22

Tabela 4.4 – Parâmetros e valores utilizados no cálculo do volume diário............................49

Tabela 4.5 – Área das Células Possibilidade 1.......................................................................50

Tabela 4.6 – Dimensões das áreas do aterro sanitário............................................................50

Tabela 4.7 – Área Superficial das Células Possibilidade 2....................................................52

Tabela 4.8 – Evolução da ocupação da área do aterro............................................................58

Tabela 4.9 – Resultados obtidos.............................................................................................60

Tabela 4.10 – Custos de Investimento para Infra-estrutura Possibilidade 1...........................62

Tabela 4.11 – Custos de Implantação da célula Possibilidade 1.............................................62

Tabela 4.12 – Equipamentos de Operação Possibilidade 1.....................................................63

Tabela 4.13 – Custo Total operacional Possibilidade 1..........................................................64

Tabela 4.14 – Custos de Implantação da célula Possibilidade 2.............................................65

Tabela 4.15 – Custo de Investimento para Infra-estrututa Possibilidade 3.............................66

Tabela 4.16 - Custo de Investimento para Infra-estrututa referente a nova área Possibilidade

3...............................................................................................................................................66

Tabela 4.17 – Custo de Implantação das Trincheiras: Possibilidade 3....................................67

Tabela 4.18 – Equipe de Trabalho............................................................................................67

Tabela 4.19 – Análise de Custos.............................................................................................68

23

Tabela 5.10 – Análise de Custos.............................................................................................77

24

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de tecnologias que ofereçam benefícios à população vem se

transformando em uma extrema necessidade na resolução de problemas, que a própria

população causa à sociedade.

No Brasil a disposição inadequada de resíduos sólidos se torna clara em todas as

regiões do seu território, evidenciada em cidades do interior nas quais não existe qualquer tipo

de estrutura que, no mínimo, amenize os impactos negativos do lixo gerado pela população.

Esses resíduos cada vez mais complexos em sua constituição exigem tratamentos mais

sofisticados e onerosos, tornando o custo financeiro um empecilho no desenvolvimento de

projetos que viabilizam a implantação e a manutenção de um aterro sanitário. Em função

disso, prefeituras de municípios de pequeno porte alegam não ter suporte técnico e financeiro

para o desenvolvimento desse tipo de projeto.

O lixo gerado pela atividade cotidiana dos cidadãos, pelos seus hábitos de consumo e

pela produção industrial é um dos principais problemas vividos pelos centros urbanos. O

problema tende a se agravar à medida que a população urbana e a quantidade de resíduos per

capita gerada diariamente ainda aumentam a taxas significativas, enquanto diminuem as

alternativas de áreas para disposição dos resíduos. Cerca de 88% do lixo coletado no país,

ainda é despejado em área a céu aberto, nos chamados lixões, aproximadamente 10 % do total

do lixo coletado é conduzido para aterros, e apenas 2% do total de lixo é tratado em usinas

(IBGE, 2009). Na cidade de Gandu-BA, não existe qualquer tipo de programa de

gerenciamento de resíduos sólidos, onde a disposição inadequada de resíduos sólidos urbano

se torna clara e evidente em seu território. Todo o lixo gerado na cidade é lançado ao lixão a

céu aberto, sem nenhum controle técnico e ambiental.

Vale salientar, que a implantação de um projeto de aterro sanitário, certamente,

resultará em inúmeros benefícios à comunidade, desde a conservação do meio ambiente até

uma orientação educacional e social aos catadores de lixo do local.

1.1 JUSTIFICATIVA

A destinação final inadequada dos resíduos sólidos tem sido vista como um dos

principais problemas da atualidade. No Brasil coleta-se um total de 140.911 toneladas de lixo

25

por dia e, apenas 39% dos municípios brasileiros dão destino e tratamentos adequados aos

resíduos sólidos urbanos (ABRELPE, 2007). A grande maioria dos municípios dispõe os

resíduos de forma inadequada, acarretando problemas ambientais e sociais.

Este número traduz a necessidade de cumprimento das legislações vigentes e do

aprimoramento de técnicas que sejam adequadas e viáveis para os municípios, dirigidas à

disposição final de forma adequada, evitando problemas ao meio ambiente e à população.

Esta forma de despejo, o lixão, compromete todo o serviço de administração pública,

pois gera problemas ambientais, sanitários, econômicos e sociais ao município. Além da

poluição das águas, solo e ar, devido à liberação de gases nocivos e geração de lixiviados,

essa forma de despejo se constitui em habitat propício à proliferação de vetores, como ratos,

moscas e mosquitos. Esses vetores estão associados a várias doenças, como dengue, cólera,

febre tifóide e leptospirose (SIMÕES, 2003).

Cerca de 88% do lixo coletado no país é despejado em lixões, e a cidade de Gandu no

estado da Bahia contribui para manter esse percentual, pois não apresenta qualquer tipo de

programa de gerenciamento de resíduos sólidos, tendo disposição dos seus resíduos sólidos

urbanos em um lixão a céu aberto, sem qualquer controle técnico e ambiental.

Essa realidade atual do município de Gandu, as buscas pela adequação às leis

ambientais e pela melhoria das condições de saneamento do município determinaram à

escolha deste tema.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Elaborar um anteprojeto do aterro sanitário para o município de Gandu-BA,

considerando aspectos ambientais, sociais e locais

1.2.2 Objetivos Específicos

- Levantar os aspectos legais, relacionados ao estudo de viabilidade de áreas para

implantação de aterros sanitários.

- Levantar aspectos legais, referentes ao projeto, implantação e operação de aterros

sanitários.

26

- Realizar o Levantamento Topográfico da área do lixão de Gandu-BA, determinando

as suas dimensões e principais vias de acesso.

- Estudar as características do resíduo gerado na cidade, definindo a composição

gravimétrica a partir de dados de municípios do estado da Bahia.

- Fazer o levantamento de características do solo, hidrogeológicas e hidrológicas da

região.

- Indicar possibilidades para recuperação do atual lixão e para implantação de um

aterro sanitário.

- Levantamento de outras experiências na elaboração de projetos de aterro sanitário.

- Fornecer dados que orientem a Prefeitura quanto à reinserção dos badameiros na

sociedade, mediante a valorização do seu trabalho e à informação e treinamento para lidarem

com os resíduos recicláveis.

27

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com a NBR-10004 (ABNT, 2004), resíduos sólidos são “resíduos nos

estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta

definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de

água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor

tecnologia disponível”.

Segundo a NBR-8419 (ABNT, 1992), resíduos sólidos urbanos são “resíduos sólidos

gerados num aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais perigosos, hospitalares

sépticos e de aeroportos e portos”. Esses resíduos são divididos em domiciliares,

provenientes de residências, comerciais, provenientes de lojas, restaurantes e supermercados,

institucionais, vindos de escolas e outras instituições, serviços municipais, provindos de

manutenções de jardins e praças públicas e resíduos originários da indústria.

A NBR-10004 (ABNT, 2004) classifica os resíduos em Classe I – perigosos, são estes

os resíduos que requerem a maior atenção por parte do administrador, uma vez que os

acidentes mais graves e de maior impacto ambiental são causados por esta classe de resíduos.

Esses resíduos podem ser acondicionados, armazenados temporariamente, incinerados, ou

dispostos em aterros sanitários especialmente projetados para receber resíduos perigosos.

A outra classificação consiste em Resíduos Classe II-A , não inertes, que podem ser

dispostos em aterros sanitários ou reciclados, entretanto, devem ser observados os

componentes desses resíduos (matéria orgânica, papéis, vidros e metais), a fim de que seja

avaliado o potencial de reciclagem. E, finalmente, Resíduos Classe II-B, os quais são inertes,

podendo ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados.

Os novos números revelam que, no Brasil, coleta-se um total de 140.911 toneladas de

lixo por dia, sendo que dos 5.564 municípios brasileiros, 65% contam com alguma iniciativa

de coleta seletiva, mas apenas 39% dos municípios brasileiros dão destino e tratamento

adequados aos RSU (ABRELPE, 2007).

A ABRELPE, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais, levantou esses dados através de questionários aplicados em grandes cidades do

Brasil. Foram também utilizadas informações contidas na série histórica do documento

“Diagnóstico do Manejo dos Resíduos Sólidos no Brasil” – Sistema Nacional de Informações

28

sobre Saneamento (SNIS) – 2002 a 2004, e as informações relativas ao ano de 2005, foram

obtidas do Ministério das Cidades, que fez a divulgação ao final de 2006. As informações

coletadas nas pesquisas ABRELPE 2005 a 2007, e SNIS 2002 a 2005 foram tabuladas em

planilhas contendo, em cada ano, os municípios que disponibilizaram as informações e as

variáveis consideradas relevantes para representar a situação atual dos resíduos sólidos no

país. Após tabuladas, as informações foram submetidas a um processo de análise de

consistência, que resultou na exclusão daquelas que apresentaram desvios considerados fora

do intervalo adotado como padrão para cada variável (ABRELPE, 2007).

A figura 2.1 apresenta as taxas de RSU coletados e não coletados no Brasil em 2007,

de acordo com a ABRELPE (2007).

Figura 2.1 – Quantidade de RSU coletada em 2007 e taxas de coleta (ABRELPE, 2007)

A figura 2.1 mostra a ineficiência do sistema de coleta do Brasil. Cerca de 16% do

resíduo gerado não é coletado, gerando um índice de resíduo não coletado de 0,182 kg/hab/dia.

Isso comprova que existe um número significativo de resíduos que não são dispostos

corretamente.

Segundo o IBGE (2010), o Brasil possui 183.297,291 milhões de habitantes.

Considerando o índice de 0,182 kg/hab/dia, tem-se um total de RSU não coletado igual

33.360,187 mil toneladas por dia.

Existem alguns tipos de disposição final tais como: aterro sanitário - técnica de

disposição do lixo, fundamentada em critérios de engenharia e normas operacionais

específicas; aterro controlado - local utilizado para despejo do lixo coletado, em bruto, com

cuidado de, após a jornada de trabalho, cobri-lo com uma camada de terra, sem causar danos

ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais; lixão ou

Vazadouro a céu aberto - disposição final do lixo pelo seu lançamento, em bruto, sobre o

terreno sem qualquer cuidado ou técnica especial; vazadouro em áreas alagadas - Local

29

utilizado para disposição do lixo, em bruto, sobre o terreno sem qualquer cuidado ou técnica

especial. Caracteriza-se pela falta de medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde

pública. (IBGE, 2000).

2.1 Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos – definição e considerações gerais

Segundo a NBR-8419 (ABNT, 1992), “Aterro sanitário é um método de disposição de

resíduos sólidos no solo, sem provocar prejuízos ou ameaças à saúde e à segurança,

utilizando-se princípios de engenharia, de tal modo, a confinar o lixo no menor volume

possível, cobrindo-o com uma camada de terra, ao fim do trabalho de cada dia, ou mais

freqüentemente, conforme necessário”.

Na tabela 2.1 encontram-se definições de aterro sanitário.

Tabela 2.1 – Definição de Aterro Sanitário

Autores Definição

CETESB (1997)

Os aterros sanitários são obras de engenharia, que têm tem como objetivo o confinamento seguro dos resíduos do solo, conforme a NBR 8419 e, neste caso, não podem ser considerados como a melhor alternativa, uma vez que as áreas

adequadas para utilizar essa técnica ficam cada vez mais difíceis de serem encontradas e muitos dos resíduos depositados no aterro podem ser

reaproveitados.

Castilhos et. al. (2002) Entendem que o aterro sanitário pode ser projetado como um bioreator, cuja

finalidade é tratar os resíduos sólidos urbanos ou reaproveitar o biogás.

Manual da CONDER (2002) O Aterro Sanitário é um equipamento projetado para receber e tratar o lixo

produzido pelos habitantes de uma cidade, com base em estudos de engenharia, para reduzir ao máximo os impactos causados ao meio ambiente.

Fernandes, (2001)

Aterros sanitários são processos utilizados para disposição de resíduos sólidos no solo, particularmente o lixo domiciliar, fundamentados em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permitindo o confinamento seguro, em termos

de controle da poluição ambiental e padrões de segurança preestabelecidos em normas técnicas.

Os aterros sanitários modernos incorporam uma série de aspectos de projeto e

operação, de modo a minimizar ao máximo os impactos ambientais decorrentes da fase de

implantação, operação e encerramento. O aterro sanitário deve constituir-se, entre outros

30

aspectos, de sistema de drenagem superficial, sistema de drenagem e tratamento de lixiviados,

impermeabilização inferior e superior, sistemas de drenagem e tratamento de gases. No Brasil,

observa-se que a maioria dos lixões não possui critérios de implantação, operação e de

monitoramento ou, simplesmente, os gestores públicos não os adotam, dificultando, desta

forma, o monitoramento dos líquidos percolados e gases gerados no processo de digestão

anaeróbia dos resíduos dispostos (FERREIRA, 2003).

Antes de se projetar o aterro sanitário, são feitos estudos geotécnicos, topográficos,

determinação de distâncias de corpos d’água, caracterização de vias de acesso e de condições

climáticas, distâncias de centros urbanos, caracterização da legislação municipal, a fim de que

seja selecionada a área para sua instalação, de modo a não comprometer o meio ambiente.

Para implantação de um aterro sanitário, inicialmente é feita a impermeabilização do

solo através de combinação de argila e uma manta de PEAD (Poliestireno de Alta densidade)

que evitarão infiltração dos líquidos percolados, devido ao efeito da gravidade e à

permeabilidade do maciço terroso. Os líquidos percolados são captados (drenados) através de

tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso de águas de chuva, são

colocadas uma rede de drenagem superficial, compreendidas por canaletas que se localizam

na área do aterro de acordo projeto, permitindo desvio dessas águas para outro local.

Segundo a NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve ser construído em

áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do lençol

freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de solo insaturado. O solo

deve ser de baixa permeabilidade (argiloso), variando o coeficiente de permeabilidade de 10-8

< K < 10-6 cm/s .

Existem várias formas construtivas e operacionais que viabilizam o aterro sanitário,

dentre elas, aterros em trincheiras, aterros de superfície e de depressão. O aterro em

trincheiras é utilizado em municípios com reduzido volume de lixo gerado ou em casos onde a

composição química ou biológica do resíduo seja duvidosa, trazendo riscos à saúde e ao meio

ambiente. Isto é devido, respectivamente às trincheiras possuírem área de trabalho limitada e

possui técnicas operacionais que tratam os líquidos oriundos do lixo.

Necessariamente, o lençol freático deve estar afastado da superfície do terreno, e as

dimensões das trincheiras variam de acordo com o volume de resíduo gerado e com a vida útil

estimada das mesmas. As células são escavadas no solo com inclinações de taludes de 1,5:1 e

2:1 (H:V), onde o resíduo é compactado e coberto diariamente por uma camada de solo. A

parte do fundo da trincheira deve ser impermeabilizada ou preenchida com um solo

compactado, evitando a percolação do líquido (CARVALHO 1999).

31

A figura 2.2 mostra o detalhe de uma trincheira.

Figura 2.2 – Aterro em Trincheiras (SIMÕES, 2003)

Em locais de topografias planas impróprias para execução de trincheiras e células,

utiliza-se o aterro de superfície (Figura 2.3). No entanto, este método é muito caro, pois exige

cuidados especiais, como por exemplo, construção de diques. Iniciam-se a construção dos

diques de encontro com as primeiras camadas de resíduos que se prolongam ao longo de uma

estreita faixa, cujo comprimento é calculado, de modo que se atinja a altura desejada desta

camada dimensionada em projeto.

Figura 2.3 – Aterro de superfície (BARROS, 2002)

32

Este tipo de aterro é aplicado nas seguintes condições: nível freático muito alto,

condições geológicas adversas para escavação e necessidade de uma grande frente de trabalho.

Finalmente, os aterros de depressão (“canyons”) são empregados em regiões de

topografias acidentadas, como grotas, fundos de vale, pedreiras extintas e encostas. As

técnicas de disposição e compactação do resíduo, nesse tipo de aterro, variam com a

geometria e a geologia do local e com a disponibilidade do material para cobertura (SIMÕES,

2002).

No mundo inteiro, com raras exceções, os aterros sanitários representam a forma mais

indicada para destinação final dos resíduos sólidos, apesar do imenso esforço em se reduzir,

reutilizar e reciclar. Apesar da contradição, em vários países, o aterro sanitário tem sido a

mais importante meta a alcançar, com vistas a um tratamento adequado dos resíduos. A

grande dificuldade reside nos custos de operação de um aterro sanitário, que pressupõem

tratamento adequado de líquidos e gases efluentes, além de todos os demais cuidados

previstos nas normas técnicas. Vale ressaltar, entretanto, que essas normas sobre aterros de

resíduos sólidos foram elaboradas, em sua maioria, há duas décadas e praticamente não

incorporaram os conceitos mais recentes de geotecnia ambiental ou mesmo de biotecnologia

(FERREIRA, 2002).

Existem algumas alternativas para tratamento de resíduos sólidos urbanos, tais como:

triagem - separação de materiais presentes na massa de resíduos, a fim de minimizar a

quantidade de lixo a ser disposta; compostagem – processo natural, porém controlado, de

transformação de resíduos orgânicos em composto orgânico bioestabilizado. O processo mais

comum usado durante a compostagem é o biológico aeróbio, que também pode ser feita por

meio de leiras convencionais com reviramento, em leiras estáticas aeradas e em túneis ou

reatores aeróbios; biogaseificação – consiste na estabilização anaeróbia (sem oxigênio livre)

dos resíduos orgânicos, com a conseqüente geração de gás metano. Esse gás, com grande

poder calorífico, pode ser utilizado para geração de energia elétrica ou utilização automotiva;

incineração – queima de resíduos sólidos, sob condições extremamente controladas, de forma

a evitar a contaminação atmosférica. Pode ser feita com ou sem recuperação energética

(REVISTA TECHNE, 2009).

Os aterros sanitários podem ser considerados de pequeno ou grande porte. De acordo

com a resolução CONAMA no. 404 (2008), são considerados aterros sanitários de pequeno

porte aqueles com disposição diária de até 20 t (vinte toneladas) de resíduos sólidos urbanos

(RSU).

33

2.2 – LICENCIAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO

Os aterros sanitários de grande porte, assim como outros empreendimentos de alto

potencial de impacto ambiental, precisam passar pela obtenção das três licenças ambientais:

Licença de Localização (LL), Licença de Implantação (LI) e Licença de Operação (LO).

Considerando que não há como fixar, de forma definitiva, as atividades que causam

degradação ou mesmo o grau de alteração adversa ocasionado, caberá consulta ao órgão

ambiental para determinar se o empreendimento necessita de licenciamento. Há, porém,

atividades que, conforme a legislação vigente, já se sabe que devem ser necessariamente

licenciadas. (Cartilha de licenciamento ambiental / Tribunal de Contas da União; com

colaboração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,

2007).

Na tabela 2.2 estão apresentadas as definições para os três tipos de licença.

Tabela 2.2 – Definição das três licenças ambientais (Cartilha de licenciamento ambiental / Tribunal de Contas da

União, 2007)

Nome Sigla Conceito

Licença Localização LL

Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, aprovando sua localização e concepção,

atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas

próximas fases

Licença de Implantação LI

Autoriza a instalação do empreendimento com especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo medidas de controle

ambiental e demais condicionantes

Licença de Operação LO

Autoriza a operação da atividade, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças

anteriores, das medidas de controle ambiental e suas condicionantes

Estas licenças atestam a qualidade e a funcionalidade do aterro sanitário de grande

porte, sendo imprescindíveis na execução do aterro sanitário.

34

Para o trabalho direcionado à cidade de Gandu, que comporta um aterro sanitário de

pequeno porte, enfatizou-se o estudo das resoluções CONAMA e dos órgãos ambientais da

Bahia.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, através da

RESOLUÇÃO CONAMA No. 404, de 11 de novembro de 2008, “estabelece critérios e

diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos

sólidos urbanos”, e faz algumas considerações, as quais encontram-se na tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Considerações Resolução CONAMA N° 404 2008

Consideração Definção

1° Localidades onde existam aumento significativo da geração de resíduos ao

longo dos anos, devem ser previstas no projeto.

2° Aterros tratados nesta resolução, será dispensada a apresentação de

EIA/RIMA (Estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental);

Aterros sanitários de pequeno porte, serão permitidas a disposição final resíduos sólidos domiciliares, de resíduos de serviços de limpeza urbana, de resíduos de serviços de saúde, resíduos comerciais, industriais e de prestação

de serviços

4° Vias de acesso ao local com boas condições de tráfego ao longo de todo o ano,

mesmo no período de chuvas intensas

5° Respeito às distâncias mínimas estabelecidas na legislação ambiental e normas

técnicas

6° Uso de áreas com características hidrogeológicas, geográficas e geotécnicas adequadas ao uso pretendido, comprovadas por meio de estudos específicos

7° Uso de áreas que garantam a implantação de empreendimentos com vida útil

superior a 15 anos

8° Apresentação dos estudos ambientais, incluindo projeto do aterro proposto,

acompanhados de anotação de responsabilidade técnica

9° Apresentação de programa de educação ambiental participativo, que priorize a

não geração de resíduos e estimule a coleta seletiva

“A RESOLUÇÃO CONAMA 308/2002 adota como critério de classificação para

municípios de pequeno porte aqueles que não ultrapassem uma população total de 30.000

habitantes. Por sua vez, o PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar - adota o

limite de 25.000 habitantes para municípios de pequeno porte. Por Paiva (2005) observa que,

35

existe uma falta de consenso sobre a definição para a quantidade de habitantes para

municípios de pequeno porte, mesmo quando esta classificação é feita por órgãos federais”

(PAIVA, 2005).

Essas considerações, como dito, serviram de base para formulação do projeto de aterro

sanitário para a cidade de Gandu-BA.

Algumas legislações ambientais, federais e estaduais são aplicáveis na esfera

municipal. Há, contudo, normas que requerem regulamentação em situações particulares. Os

municípios podem criar legislação ambiental própria, tanto para suplementar as legislações

federal e estadual, quanto para atender ao interesse local (MACHADO, 1999).

A licença simplificada (LS) tem como objetivo regularizar projetos de baixo impacto

ambiental, descentralizando as legislações vigentes e desburocratizando o sistema. Ela

representa a concessão de LL, LI e LO simultaneamente.

É uma licença concedida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), que é uma autarquia

vinculada à Secretaria do Meio Ambiente – SEMA com jurisdição em todo o território do

Estado da Bahia, ao órgão responsável pela implantação do aterro sanitário e algumas

atribuições deverão ser cumpridas. O IMA recebe esta denominação em vários estados no país.

No Anexo XII encontram-se as principais condições estabelecidas na Licença Simplificada

concedida pelo IMA ao município de Itacaré – Ba (Sul da Bahia), para execução do aterro

sanitário, bem como o prazo para serem executadas frente ao IMA-Ba.

Vale ressaltar que ao ser concedida a licença ao órgão responsável, os prazos

começaram a ser validados.

2.3 – Aspectos Legais e Institucionais relacionados à Implantação de Aterro Sanitário

Existem alguns instrumentos ambientais, da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei

Federal n°. 6.938, 31 de agosto de 1981), que regem a política de avaliação de impacto

ambiental (AIA). Dentre estes destacam-se, respectivamente, o EIA, Estudo de Impacto

Ambiental e o RIMA, Relatório de Impacto Ambiental, ambos instituídos pela RESOLUÇÃO

CONAMA Nº. 001/86 de 23/01/1986.

36

No caso de aterros de RSU, aplicam-se as determinações da PORTARIA N.º 12/95-

SSMA, referentes à exigibilidade do EIA e RIMA, para obras que envolvam processamento

de resíduos e destinação final de RSU.

O EIA/RIMA está vinculado à Licença Prévia, por se tratar de um estudo prévio dos

impactos que poderão vir a ocorrer, com a instalação e/ou operação de um dado

empreendimento. A exigência do EIA/RIMA é definida por meio da integração dos

parâmetros: tipologia, porte e localização do empreendimento.

De acordo com o art. 6º da Resolução CONAMA 237/97, o EIA deve ser composto

obrigatoriamente por quatro seções, conforme mostrado na tabela 2.6.

Tabela 2.6 – Quatro seções do EIA (Resolução CONAMA 237/97)

Seção Tópicos Atividades

1 Diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento

Deve descrever e analisar as potencialidades dos meios físico, biológico e socioeconômico da área de

influência do empreendimento, inferindo sobre a situação desses elementos antes e depois da

implantação do projeto

2 Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas

Contempla a previsão da magnitude e a interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes do

empreendimento, discriminando os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,

imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes

3 Medidas mitigadoras dos impactos

negativos

Devem ter sua eficiência avaliada a partir da implementação dos programas ambientais previstos

para serem instituídos durante a vigência da LI

4 Programa de acompanhamento e

monitoramento

Deve abranger os impactos positivos e negativos, indicando os padrões de qualidade a serem adotados

como parâmetros

Considerando a extensão, o nível de detalhamento do EIA e o fato de ele ser redigido

em linguagem técnica, o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) é elaborado, em linguagem

mais acessível, com o objetivo de atender à demanda da sociedade por informações a respeito

do empreendimento e de seus impactos. (Cartilha de licenciamento ambiental / Tribunal de

Contas da União, 2007)

37

Na tabela 2.7, seguem as principais atribuições do RIMA, de acordo o art. 9º da

Resolução CONAMA 01/86.

Tabela 2.7 - Atribuições do RIMA (Resolução CONAMA 01/86)

Inciso CONTEÚDO

I Objetivos e justificativas do projeto, sua relação e sua

compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais

II Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando cada um deles, nas fases de

construção e operação

IV Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e

da operação da atividade

VI

Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração

esperado

VII Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos

O EIA/RIMA deverá ser elaborado por uma equipe técnica multi e interdisciplinar,

que se responsabilize pelos diversos assuntos referentes aos meios físico, biológico e sócio-

econômico da área onde será instalado o empreendimento. Por ser um instrumento

democrático de planejamento, durante a análise do EIA/RIMA, além da participação da

população diretamente junto ao Órgão Ambiental, podem-se realizar as Audiências Públicas.

Essas significam o momento mais importante de participação e manifestação da comunidade

envolvida e/ou das organizações que a representam. Nessa ocasião, é apresentado o conteúdo

do EIA/RIMA, com o objetivo de esclarecer dúvidas e acolher críticas e sugestões sobre o

empreendimento. A realização da Audiência Pública se dá sob a responsabilidade do Órgão

Ambiental, e é obrigatória quando requisitada pelo Ministério Público, por entidade civil com

assento no Conselho Estadual do Meio Ambiente ou por solicitação assinada por mais de 50

cidadãos. (Cartilha de licenciamento ambiental / Tribunal de Contas da União, 2007)

Após as audiências solicitadas, vistoria da área a ser instalado o empreendimento,

análise de toda a documentação pertinente e reuniões técnicas executadas pelo Órgão

Ambiental, é elaborado um parecer final. Esse parecer pode exigir complementações para

melhor entendimento do estudo, pode autorizar o licenciamento prévio do projeto, ou pode

indeferí-lo.

38

2.4 – Aterro Simplificado

No Brasil, a tecnologia simplificada de aterro sanitário vem sendo estudada pelo

Programa de Pesquisa em Saneamento Básico - PROSAB, pela Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental - CETESB e pela CONDER, COMPANHIA DE

DESENVOLVIMENTO URBANO DO ESTADO DA BAHIA. A Organização Panamericana

de Saúde apresentou, em 1997, o “Guia para el diseño, construccion y operacion de rellenos

sanitarios manuales” aplicável a localidades com população inferior a 40.000 habitantes

(SILVEIRA, 2008).

O aterro sanitário simplificado é um projeto de engenharia que “apresenta

simplificações construtivas e operacionais, contudo, sem perder a segurança sanitária”

(GOMES, 2003). Os estudos preliminares, o clima, os cuidados para a seleção de área, a

concepção do projeto e a execução da obra são fatores intervenientes na operação do aterro

simplificado.

Fiúza, Fontes e Cruz (2002) entendem que a maioria dos municípios baianos de

pequeno porte pode adotar essa tecnologia, por terem menor geração de resíduos do que

cidades maiores, por possuírem alto índice de pobreza com baixa receita própria, não

conseguindo resolver problemas de saneamento básico por falta de recursos financeiros e

carência de capacitação técnica e gerencial.

Para o órgão ambiental da Bahia, IMA, o aterro sanitário simplificado é um

empreendimento de baixo impacto ambiental. Para o IMA, a licença ambiental, é o ato

administrativo pelo qual o IMA estabelece as condições, restrições e as medidas de controle

ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para

localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras de recursos

ambientais,consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer

forma, possam causar degradação ambiental. Alguns municípios foram habilitados a licenciar

atividades de baixo impacto ambiental, de acordo com a Resolução CEPRAM, CONSELHO

ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE, nº. 2.965 e a Norma Administrativa nº 001/2002, tendo

por base a Lei Estadual 7.799/01, que visa à descentralização ambiental, do licenciamento e

da fiscalização, contando com a colaboração de órgãos municipais de meio ambiente.

(SILVEIRA, 2008)

De acordo com o decreto N°. 49.566, de 25 de Abril de 2005 – SÃO PAULO,

considera-se intervenção de baixo impacto ambiental “a execução de atividades ou

39

empreendimentos que, considerados sua dimensão e localização e levando-se em conta a

tipologia e a função ambiental da vegetação objeto de intervenção, bem como a situação do

entorno, não acarretem alterações adversas, significativas e permanentes, nas condições

ambientais da área onde se inserem”.

A Resolução CEPRAM n°. 3925, criada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente,

estabelece os critérios e procedimentos para subsidiar a cooperação técnica e administrativa

com os órgãos municipais de meio ambiente, visando à descentralização da gestão ambiental,

mediante a celebração de Convênio.

Seguem, na tabela 2.9, as competências e compromissos do município e do IMA -

cláusula segunda da resolução CEPRAM N° 3925.

Tabela 2.9 – Competências e compromissos do IMA e do município (RESOLUÇÃO CEPRAM N°

3925, 2009)

COMPETÊNCIAS E COMPROMISSOS ÓRGÃO

RESPONSÁVEL

Caberá ao Município a iniciativa da celebração do termo de cooperação técnica junto ao Estado, de acordo com a sua organização e capacidade para a gestão

ambiental local. MUNICÍPIO

Capacitação e treinamento dos gestores e técnicos municipais de meio ambiente MUNICÍPIO

Apoio ao processo de organização das estruturas municipais de gestão ambiental MUNICÍPIO

O IMA integrará os municípios ao Sistema Estadual de Informação Ambiental - SEIA.

IMA

2.5 – Apoio Institucional aos Municípios

Neste capítulo estão apresentadas diversas considerações feitas por Silveira (2008), em

sua dissertação de Mestrado, sobre o apoio institucional aos municípios.

Em face da pouca capacidade dos municípios de solucionarem as questões dos RSU,

algumas instituições do Governo Federal respondem por ações promotoras e por meios de

40

financiamento, visando alterar o quadro da gestão dos RSU, especialmente da destinação final

(SILVEIRA, 2008).

Na tabela 2.10, encontram-se alguns órgãos federais que financiam programas de

gerenciamento, disposição e monitoramento de resíduos sólidos urbanos, de acordo com a

quantidade de habitantes.

Tabela 2.10 – Resumo das atribuições dos órgãos federais (SILVEIRA, 2008)

Órgão Quant. de Habitantes Responsabilidade do Órgão Ministério das Cidades >= 250 mil Projetos para implantação e ampliação dos sistemas de RSU

Ministério do Meio Ambiente

Entre 50 e 250 mil Apoiar projetos , aproveitamento energético das emissões de

metano, gestão integrada e capacitação de agentes para a gestão

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)

<=50 mil Projetos de coleta, tratamento e disposição final, para a

prevenção e controle de agravos ou com risco de transmissão de dengue

Ministério do Trabalho - Apoiar a organização de catadores de materiais recicláveis

De acordo com Silveira (2008), o Sistema Nacional de Informações em Saneamento -

SNIS, desde 2002, publica um relatório para RSU contendo informações de caráter

operacional, gerencial, financeiro e de balanço, de acordo com informações fornecidas pelos

municípios. Segundo o Ministério das Cidades, as informações, os dados históricos e os

indicadores do SNIS destinam-se às ações de planejamento e de orientações, para as políticas

públicas e visam estimar a aplicação de investimentos, a construção de estratégias de ação, o

acompanhamento de programas e a avaliação de desempenho dos serviços. A definição de

indicadores vem preencher uma lacuna nas avaliações de desempenho operacional dos

sistemas de limpeza urbana, e deve servir de parâmetros para as prefeituras.

O apoio do Governo do Estado da Bahia às ações de resíduos sólidos, até o ano de

2006, ocorreu, na sua maioria, em função de programas financiados com recursos externos.

Essas ações, a exceção das obras dos 35 aterros sanitários simplificados, abrangeram planos

de gestão de limpeza urbana, seleção de áreas para aterros sanitários, doação de

equipamentos, construção de aterros sanitários tipo convencional, alguns programas de

educação ambiental e um banco de dados da situação de destinação final de 96 municípios do

Estado da Bahia (SILVEIRA, 2008).

Na tabela 2.11, mostra-se algumas iniciativas de incentivo do governo da Bahia até o

ano de 2006.

41

Tabela 2.11 – Projetos Implantados pelo governo da Bahia (SILVEIRA, 2008)

Programa Apoio Institucional Ações

Projeto Metropolitano Governo da Bahia

Obras de esgotamento sanitário, abastecimento de água, resíduos

sólidos(lixo), controle de poluição industrial, fortalecimento institucional e

projetos de educação ambiental

Programa Bahia Azul/Baía de Todos os Santos (BTS)

Governo da Bahia Esgotamento sanitário e abastecimento de

água

Programa de Administração Municipal e Desenvolvimento de

Infra-estrutura Urbana – PRODUR

Governo da Bahia Instituir novo modelo de gestão e de planejamento urbano nos municípios

baiano

Programa de Desenvolvimento Turístico – PRODETUR

Governo da Bahia Permitir a expansão da atividade turística

de forma planejada e sistêmica,

Nascentes do Paraguaçu Ministério do Meio

Ambiente Construção de Aterros Simplificados

Pro Sanear Caixa Econômica

Federal Construção de Aterros Simplificados

2.6 – Seleção de área para implantação de aterro sanitário

Uma das etapas mais importantes do projeto é a escolha da área onde o futuro aterro

será implantado. A área escolhida deverá estar próximo ao centro de geração de resíduos e,

preferencialmente, ter jazida de material de cobertura disponível. Do ponto de vista ambiental,

também deverá estar afastada de cursos d’água, com uma distância mínima de 200 metros.

Deverá ser de fácil acesso. A arborização deverá ser adequada nas redondezas para evitar

erosões, espalhamento da poeira e para promover a retenção dos odores. Também deverá estar

afastada de núcleos populacionais, distante do lençol freático e ainda contar com um solo o

mais impermeável possível, ou seja, um solo com uma maior presença de finos, mais argiloso.

Aterros sanitários de menor porte e bem localizados (em áreas de solos argilosos e de nível

freático profundo) podem ser dotados de sistemas de impermeabilização mais simplificados,

com o uso de camadas únicas de solo argiloso compactado (REVISTA TECHNE, 2009).

Na verdade, esta etapa está contida ainda nos estudos preliminares para escolha da

área de um aterro sustentável. Uma vez que as decisões assumidas nesta etapa influenciarão

42

diversas outras fases, tanto do projeto quanto das etapas de implantação e operação, segue-se

discussão detalhada dos critérios que deverão ser considerados. Neste sentido, Lupatini (2002)

já ressalta que, considerando as diversas fases do ciclo de vida de um aterro sanitário, o local

escolhido deve reunir um conjunto de características ao encontro de vários objetivos, entre os

quais se destacam:

- Minimizar a possibilidade de existência de impactos ambientais negativos aos meios físico,

biótico e antrópico.

- Minimizar os custos envolvidos.

- Minimizar a complexidade técnica para viabilização do aterro.

- Maximizar a aceitação pública ao encontro dos interesses da comunidade.

A escolha correta da área reduz, em muito, os custos e a probabilidade de danos

ambientais, além de facilitar a manutenção do aterro sanitário. Portanto na concepção do

projeto do aterro ocorrem estudos que predeterminam a viabilidade da área, como por

exemplo, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), e o Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA).

Na tabela 2.12 encontram-se uma série de critérios, observações, notas e pesos,

referentes às características mencionadas.

Tabela 2.12 – Critérios para seleção de Área (RECESA, 2008)

Critérios Definição/Justificativa/Observações Faixa de avaliação Nota Peso

Distância de Recursos

Hídricos (A)

Adota-se como medida mínima, 200 metros de distância no critério de distanciamento, que atende à Portaria n°

124, de 20/08/1980, Ministério do Interior.

< 200 metros 0

3

200 – 499 metros 3

500 – 1000 metros 4

> 1000 metros 5

Geologia - potencial

hídrico (B)

As unidades geológicas foram agrupadas de acordo com seu potencial hídrico, considerando-se a crescente população com a escassez de água. Quanto maior o potencial hídrico, menos recomendável é a área para

receber resíduos sólidos. A existência de fratura ou falhas no local é um fator de crucial importância. Sugere-se a

pontuação zero para essas áreas, em decorrência do grande potencial de impacto nas águas locais.

Alto potencial hídrico 0

3 Médio potencial hídrico 2

Baixo potencial hídrico 4

Condutividade hidraúlica do

Condutividade hidraúlica é um parâmetro que mede a maior ou menor facilidade com que a água percola

Infiltração alta: < 10-3 cm/s 1 3

43

solo (C) através do meio poroso. Um local com alta condutividade hidráulica permite mais facilmente a passagem de

líquidos, entre eles os lixiviados

Infiltração média: < 10-3 - 10-4 cm/s

2

Infiltração baixa: < 10-4 - 10-5 cm/s

4

Infiltração muito baixa: < 10-5 cm/s

5

Profundidade do lençol

freático (D)

Quanto mais profundo o lençol freático, menores são as possibilidades de contaminação das águas subterrâneas. Uma forma de se obter essa medida é com a execução de

sondagem na área. Outra forma seria obte-lâ junto a Companhia de Abastecimento de Água

< 1 metro 0

3

1 - 2 metros 1

2 - 4 metros 4

> 4 metros 5

Distância de Vias

A intensidade de certos impactos ambientais, como ruídos, odores e modificações da paisagem, depende

diretamente da distância da fonte poluidora em relação ao receptor

< 100 metros 0

1 100 - 499 metros 3

500 - 1000 metros 4

> 1000 metros 5

Fauna e Flora

Neste item, as áreas serão avaliadas sob enfoque do meio biótico, destacando-se a existência de espécies

indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção, e ainda as

áreas de preservação ambiental

Pontuação caso a caso

Legislação Municipal

Critérios referentes à legislação do município em estudo deverão ser analisados, já que há possibilidade de que existem leis inclusive mais rigorosas que as de âmbito

estadual e/ou federal. As especificidades de cada município implicarão posicionamentos diferenciados no

que diz respeito às questões ambientais

Pontuação caso a caso

Distância de Centros Urbanos

Quanto mais longe da zona urbana, mais caro é o serviço de transporte. Tem-se adotado uma distância máxima de

15 km. A população não se mostra interessada em possuir um aterro próximo às residências. Desses dois

fatores, resultou a pontuação ao lado.

100 - 250 metros 1

1

250 - 500 metros 2

500 - 1000 metros 3

1000 - 2000 metros 4

> 2000 metros 5

Clinografia (declividade)

A importância deste critério pode ser verificada em termos de preservação do solo, pois, além de ser um fator

restritivo para disposição de resíduos sólidos, limita o transporte do material até o local.

Alta: > 30% 1

1

Média: 20 - 30 % 2

Baixa: 10 - 19,9 % 3

Muito Baixa: 3 - 9,9 % 4

Plana: < 3% 5

Espessura do solo

Esse critério justifica-se pela relevância que esta variável tem na implantação e, principalmente, na operação em

relação à disponibilidade na área de material de empréstimo para confecção de camadas de cobertura e

< 0,5 metros 0 1

0,5 - 0,9 metros 1

44

base de aterros. 1 - 2 metros 3

> 2 metros 5

Fonte : Adaptado de Gomes & Martins

Na tabela 2.12, as diferentes características para escolha da área, são classificadas

com notas, de acordo a sua importância e complexidade.

2.7 – RECUPERAÇÃO DE LIXÕES

Este tópico torna-se de fundamental importância para o caso em estudo, uma vez que a

proposta de aterro sanitário em Gandu-BA está considerando que o local do atual lixão será

utilizado. Para a sua implantação, serão necessárias algumas ações prévias sobre o RSU

depositado no local, que podem ser denominadas de recuperação.

Teoricamente, a recuperação de uma área degradada por deposição inadequada de

RSU envolve a remoção total dos resíduos depositados, transportando-os para um aterro

sanitário, seguida da deposição de solo natural da região na área escavada. Contudo, ações

deste porte envolvem elevados custos, inviabilizando economicamente este processo e

levando à adoção de soluções mais simples e econômicas de modo a minimizar o problema

(IPT/CEMPRE, 1995).

A primeira alternativa é adotada nas áreas de lixões, que não possam ser

transformados em aterros sanitários, devendo ser suspenso o recebimento de resíduos. Neste

caso, entende-se que o fechamento do lixão deve ser realizado em paralelo com o estudo de

alternativas de novos locais para disposição do RSU, de modo que não seja inviabilizada a

disposição deste, em curto prazo, no município (IPT/CEMPRE, 1995).

No que se referem às condições sanitárias, as ações necessárias correspondem à

movimentação e conformação da massa de lixo, delimitação da área, identificação dos locais

onde houve ou não a disposição de lixo e, por fim, a limpeza da área de domínio, que

compreende a área utilizada para dispor o resíduo sólido urbano. Nesse processo, as ações

atuantes correspondem ao manejo do RSU e variam em função das seguintes condições do

aterro (IPT/CEMPRE, 1995): local com RSU antigo e com espaços contíguos “virgens”

internos à área de domínio; área de domínio totalmente ocupada em superfície por lixo e local

ocupado com lixo antigo, com possibilidade de uso de novas áreas “virgens”.

45

Uma das formas que atualmente se revela mais econômica para minimizar impactos

ambientais na remediação e fechamento dos lixões inativos é uma seqüência de providências,

como: eliminar fogo e fumaça; limpar a área; providenciar cobertura final; drenar águas

superficiais; drenar o biogás e o percolado do lixo; coletar e tratar o biogás e o percolado;

efetuar monitoramento geotécnico e ambiental; efetuar manutenção das estruturas do aterro;

elaborar projeto paisagístico e de uso futuro da área.

Portanto, medidas como remanejamento e compactação do lixo existente no terreno,

em células escavadas, tornam-se uma solução viável, pois a área existente possui vários

espaços com o lixo misturado ao solo ou até mesmo área sem lixo.

3.0 – METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho caracterizou-se por uma revisão bibliográfica

dos conteúdos relevantes na implantação de aterro sanitário de pequeno porte, incluindo os

aspectos legais necessários ao estudo e implantação desses aterros.

Foram realizados estudos preliminares como o levantamento de informações sobre o

município, sua população e sistema de limpeza urbana. A partir daí foi desenvolvido um estudo

sobre a composição gravimétrica do resíduo, dados estes fundamentais para o

dimensionamento do projeto. Também foram levantados estudos já existentes sobre o solo

onde se localiza o lixão, analisando as suas características físicas e químicas. Com esses

dados, elaborou-se um projeto básico do aterro, determinando-se o método de operação, as

dimensões de projeto e o layout preliminar da ocupação da área.

Realizou-se levantamento de informações sobre a existência de pontos de descarte de

resíduos sólidos na cidade de Gandu-Ba.

Neste capítulo estão descritas todas as etapas do trabalho desenvolvido.

3.1 Estudos preliminares para implantação de aterro de pequeno porte no município de

Gandu-BA

Um projeto de aterro sanitário de pequeno porte, também caracterizado como um

projeto de engenharia, envolve critérios técnicos e requer um planejamento cuidadoso de

todas as etapas.

46

Os estudos preliminares são etapas que envolvem levantamento de dados gerais, que

vão desde a localização do município até a caracterização de aspectos econômicos, de saúde,

saneamento básico e de dados sobre sistema de limpeza urbana dos resíduos gerados.

“A coleta de informações para esta fase deve ser feita em escala regional,

principalmente de forma qualitativa. Os dados se originam de informações já existentes na

Prefeitura, IBGE e outras instituições afins, e têm por objetivo fornecer subsídios para a

escolha da área e projeto do aterro sanitário” (SIMÕES, 2003).

3.1.1 – Caracterização do município de Gandu-BA

a – Localização e Informações Gerais

O município de Gandu situa-se a 295 km de Salvador na direção Sudeste, limitando-

se, ao norte, com os municípios de Wenceslau Guimarães e Nilo Peçanha, ao sul com os

municípios de Ibirapitanga e Ubatã, a oeste com o município de Nova Ibiá e ao leste com o

município de Piraí do Norte (Figura 3.1). Sua área de unidade territorial é de 229 km²

localizada na latitude sul de 13°30’ e longitude oeste de 39°30’. Possui uma população de

31.819 habitantes, tendo uma densidade demográfica de 138,95 hab/km². A temperatura

média é de 25° Celsius, com precipitações pluviométricas de 1300 mm/ano. A economia da

cidade é baseada no cultivo do cacau, além de outras atividades como a fruticultura e a

agropecuária (IBGE, 2009).

47

Figura 3.1 – Localização do município de Gandu-Ba (IBGE, 2002)

b – Saneamento Básico

O abastecimento de água e esgotamento sanitário ficam sob a responsabilidade do

SAAE (Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto), de modo que o serviço de água atende a

todos os domicílios urbanos. De acordo com informações de funcionário da autarquia, a água

recebe tratamento de cloração e, posteriormente, é acumulada em dois reservatórios do

município, para distribuição domiciliar.

c – Dados sobre o Sistema de Limpeza Urbana de Gandu-BA

A limpeza urbana da cidade de Gandu é realizada por uma empresa terceirizada pela

Prefeitura. A empresa possui uma retro-escavadeira, dois caminhões caçamba e um caminhão

compactador.

O volume coletado pela caçamba é de 7 m³ e do compactador é de 15 m³, de acordo

com informações da Prefeitura do município. A coleta é realizada, de segunda a sábado, das 7

horas da manhã até as 15 horas. São gerados, diariamente, cerca de 24 m³ de resíduos, sendo

que neste total incluem-se as coletas urbana e rural.

O resíduo hospitalar é coletado em dias alternados, recolhendo-se cerca de 0,07m³ por

dia.

48

Existem inúmeros pontos clandestinos de descarte de RSU, encontrados em bairros de

baixa renda, como os bairros da Renovação e Bela Vista.

Os resíduos produzidos no município são despejados a céu aberto no lixão da cidade

(Figura 3.2).

Figura 3.2 – Lixão de Gandu-BA

O local encontra-se a aproximadamente 6,8 km da cidade de Gandu-Ba e totaliza uma

área de 34.196,84 m². A figura 3.3 mostra a localização do lixão de Gandu.

Figura 3.3– Localização da cidade de Gandu – Ba (IBGE, 2002)

49

A figura 3.4 mostra o croqui de localização do lixão de Gandu.

Figura 3.4 – Croqui de Localização do lixão de Gandu

3.2 – Pevisão de Crescimento Demográfico

Os estudos populacionais incluem o levantamento dos dados históricos de população,

levantados pelo IBGE, possibilitando a previsão do crescimento demográfico da cidade.

Segundo dados do IBGE (2000), a população de Gandu era de 27.444 habitantes e, no

ano de 2007, passou para 30.091 habitantes. Em 2009, o município estava com 31.819

habitantes. Para a estimativa do crescimento populacional de Gandu, adotou-se uma taxa

geométrica, que pressupõe que o crescimento da população é proporcional à população

existente em um determinado ano, para uma projeção de curto prazo.

3.3 – Caracterização Física do RSU

A caracterização dos resíduos sólidos produzidos em cidades é o primeiro passo para a

busca do manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos, e tem como desafio mudar o

comportamento das pessoas em relação ao lixo: não desperdiçar, reutilizar e separar (DIAS,

1998).

A composição gravimétrica do RSU refere-se ao percentual de participação de cada

componente (plástico, vidro, metal, orgânicos, papel, papelão, resíduos de varrição e podas,

têxteis, couro, etc.) em massa, nos resíduos estudados. Além disto, a composição do RSU

50

influi no seu valor de umidade, pois cada componente possui diferente capacidade de retenção

de água, conforme mostrado por CARVALHO (1999).

A caracterização física envolve a determinação da composição gravimétrica,

mostrando os percentuais de participação de cada resíduo encontrado, além da determinação

do teor de umidade, pesos específicos, sólidos totais voláteis (STV) e teor de lignina.

Para o RSU gerado em Gandu-BA, somente foi possível estimar a composição

gravimétrica. Isto foi feito a partir do percentual médio encontrado no estado da Bahia,

conforme apresentado na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Composição gravimétrica do resíduo sólido domiciliar do estado da Bahia (PNSB, 2000)

Composição Gravimétrica - Resíduos Domiciliares Porcentagem Toneladas

MATÉRIA ORGÂNICA 54,14% 1.884.803

RECICLÁVEIS 22,63% 787.830

Papel/Papelão 5,26% 183.119

Vidro 1,89% 65.798

Plásticos 12,78% 444.917

Filme 9,11% 317.151

Rígido 3,67% 127.766

Pet (1) 1,24% 43.169

Colorido 0,17% 5.918

Verde 0,30% 10.444

Transparente 0,77% 26.806

PEAD(2) 0,92% 32.028

PVC (3) 0,10% 3.481

PEBD (4) - -

PP(5) 0,47% 16.362

PS(6) 0,54% 18.799

OUTROS (7) 0,40% 13.925

Metais 1,73% 60.227

Ferroso 1,60% 55.702

Não Ferroso -

Alumínio 0,13% 4.526

Tetra Pack 0.97% 33.769

REJEITO 23,23% 808.718

Trapo/Couro 1,79% 33.738

Madeira 0,56% 4.412

Perigosos 0,32% 586

Entulho 0,44% 290

Outros 20,11% 89.473

Fralda Descartavél 3,21% 10.181

51

Embalagem Metalizada 0,44% 562

Diversos 16,46% 7.106

Total 100% 3.481.350

As quantidades de resíduos sólidos urbanos foram estimadas tomando como base a

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB (2000), realizada no estado da Bahia. A

tabela 3.3 apresenta a porcentagem das frações presentes no lixo. Percebe-se uma maior

presença de matéria orgânica, com 54,14%, e uma quantidade considerada de recicláveis, com

22,63%.

3.4 – Escolha do local de implantação do aterro sanitário de Gandu

No município de Gandu já existe uma área onde ocorre a destinação final dos resíduos

sólidos urbanos, caracterizada como lixão. Desta forma, avaliou-se inicialmente essa área,

para verificar a possibilidade de utilização do mesmo local. Foram levantados dados

referentes às restrições locais, distâncias, meio biótico, relevo, geologia, solos e clima.

3.4.1 - Dados geológico-geotécnicos

O estudo geológico-geotécnico disponibiliza informações sobre as características e a

distribuição dos solos da região. Segundo a EMBRAPA (2002), que realizou o estudo dos

solos do Sudeste da Bahia, o perfil de solo localizado à margem esquerda da estrada

Gandu/Ituberá, distando 7,8 km da cidade de Gandu, é caracterizado como um Latossolo

Vermelho-Amarelo Distroférrico típico e as características do perfil estão apresentadas nas

tabelas 3.2 e 3.3.

Tabela 3.2 – Características físicas e químicas do perfil de solo no município de Gandu - Ba (EMBRAPA, 2002)

Localização Margem esquerda da estrada Gandu/Ituberá, distando 7,8 km da sede do município

de Gandu

A 00 – 10 cm Bruno avermelhado escuro (5 YR 3/3 - úmida); argila; moderada média e grande granular; duro, firme, muito plástico e muito pegajoso; transição plana e clara; pH

6,0.

AB 10 – 20 cm Bruno avermelhado (5YR 3,5/4 - úmida); muito argiloso; moderada média e grande

granular; duro, firme, muito plástico e muito pegajoso; transição plana e clara; pH 5,0.

52

BA 20 - 40 cm Bruno avermelhado (5 YR 4/5 - úmida), muito argilosa; fraca, média, blocos

subangulares; cerosidade fraca pouca; ligeiramente duro, friável, muito plástico e muito pegajoso; pH 5,0.

BW1 40 – 130 cm Vermelho amarelado (5YR 4,5/6 - úmida) muito argilosa, aspecto de maciça porosa que se desfaz em fraca média blocos subangulares; ligeiramente duro, muito friável,

plástico e muito pegajoso; transição plana e difusa; pH 5,0.

BW2 130 – 220 cm Vermelho amarelado (5YR 4,5/7 - úmida); muito argilosa, aspecto de maciça porosa que se desfaz em fraca média e grande blocos subangulares; ligeiramente duro, muito

friável, plástico e muito pegajoso; transição plana e difusa; pH 5,0.

BW3 220 – 290 cm+ Vermelho amarelado ( 4 YR 4/6), muito argilosa; fraca média e grande blocos

subangulares; ligeiramente duro, muito friável, plástico e muito pegajoso; transição plana e difusa; pH 5,0.

Observações Raízes abundantes nos horizontes a e AB; comuns até a base do BW2, diminuindo

gradativamente daí para baixo. RT = 1,2

O detalhamento realizado até uma profundidade de 3 metros mostra que em todas as

camadas de solo existe muita argila, indicando condição favorável à localização de um aterro

sanitário. A tabela 3.3 indica as análises físicas e químicas deste perfil de solo.

Tabela 3.3 - Análises Físicas e Químicas realizadas no perfil do solo no município de Gandu (EMBRAPA,

2002).

Horizonte Granulometria Argila Grau de Densidade Porosidade Eq. C. Hídricas

(g/Kg) disp. Floc. (Kg/dm3) dm3/dm3 Umid. g/100g

água

Símb. Prof.(cm) A.G A.F SI AR (g/Kg) (g/200g) Ds Dp pt mp Mp (%) 0,033 1,5

Mpa Mpa

Ap 00-10 110 60 280 550 170 69

AB out/20 60 40 110 790 180 77

BA 20-40 70 40 110 780 0 100

Bw1 40-130 50 30 90 830 0 100

Bw2 130-220 40 40 80 850 0 100

Bw3 220 - 290+ 40 70 850 0 100

O local caracterizado pela EMBRAPA, também situado na estrada Gandu/Ituberá a

uma distância de 7,8 km do município de Gandu, praticamente coincide com o local do lixão.

A figura 3.7 apresenta o mapa de solo da região Sudeste da Bahia.

53

Figura 3.5 – Mapa de Solos do Sudeste da Bahia (EMBRAPA, 2002)

No mapa percebe-se a predominância de três tipos de solos nas cores vermelho,

marrom e laranja, que respectivamente correspondem aos latossolos, cambissolos e alissolos.

A condutividade hidráulica, parâmetro que mede a maior ou menor facilidade com que

a água percola no meio poroso, é o critério que verifica a potencialidade de infiltração de

líquido no solo (AZEVEDO e ALBUQUERQUE FILHO, 1998).

Em relação às características granulométricas, os materiais com diâmetro médio de

grãos predominantemente entre 0,002 e 0,001 mm na fração argila e permeabilidade da ordem

de 10-8 < K < 10-6 cm/s são mais favoráveis à implantação de um aterro sanitário

(GUIMARÃES, 2000).

3.4.2 - Dados climatológicos

O clima na região, compreendida pelas florestas pluviais atlânticas, tem duas estações,

e é definido principalmente pelo regime de chuvas. O município de Gandu está inserido em

uma região onde o clima é do tipo Af (Koeppen, 1948) quente e úmido, sem estação seca,

precipitação anual superior a 1.300 mm, com temperaturas médias anuais de 25° C. No sul da

54

Bahia, especificamente, as chuvas determinam o regime dos rios, a ocupação do solo e a

existência de Mata Atlântica. Gandu possui grau de umidade úmido, o trimestre mais chuvoso

é fevereiro, março e abril e a umidade relativa do ar é superior a 80% (SEI, 2007).

3.4.3 - Projeto do Aterro Sanitário de Gandu – BA

A disposição final de RSU deverá ser realizada de forma adequada, em aterros

sanitários. Entretanto, não se pode perder de vista que um gerenciamento de resíduos sólidos

deverá incluir diversas etapas, sendo uma delas o processo de educação ambiental que, dentre

outros aspectos, enfoca a necessidade de reduzir a geração, reutilizar e reciclar.

A partir da visita de campo e, tendo realizado o levantamento fotográfico, ficou

constatado que o RSU encontra-se espalhado em uma área de (34.196,84 m²). Em uma parte

desta área, a altura de RSU está em torno de 1,82 m, de acordo com informações verbais de

moradores. Essa altura aparece em diferentes pontos do lixão, cujas áreas superficiais

somadas ocupam um espaço de 8.030 m² (Setor 1) (Figura 3.6), correspondendo a 23,48% da

área total ocupada pelo lixão.

Figura 3.6 – Levantamento Topográfico do lixão de Gandu-Ba

55

É necessário avaliar as condições atuais do subsolo, por meio da instalação de poços

de monitoramento, para realizar ensaios físico-químicos e verificar se estão dentro dos limites

permitidos.

Os estudos prévios para elaboração e implantação do projeto de um aterro sanitário

são descritos conforme a NBR 8419 (ABNT, 1984), que compreendem: levantamento

topográfico, estudos geológicos e geotécnicos, caracterização da cobertura vegetal,

caracterização das vias de acesso, caracterização dos aglomerados populacionais, estimativa

da população atendida pela coleta de resíduos sólidos urbanos, caracterização qualitativa e

quantitativa dos resíduos sólidos urbanos, dentre outros.

Com base na revisão bibliográfica e, considerando a ausência de dados oficiais

levantados e de investigações de campo que precisariam ser realizadas, tais como: sondagem

a percussão do terreno, ensaios de permeabilidade, análises físico-químicas do subsolo, foram

esplanadas três possibilidades que envolvem reabilitação da área do lixão e implantação do

aterro sanitário. Este documento será entregue à Prefeitura de Gandu-BA, apenas como

material de suporte para os estudos e medidas a serem adotadas, visando a implantação de um

aterro sanitário.

3.4.4 – ANÁLISE DE CUSTOS

A análise de custos apresentada neste trabalho foi baseada em ECTA – ENG. CONS.

TEC. AMBIENTAL (1994); ROCCA (1993); LIMA (1985) que realizaram uma análise de

custos (em dólares) de um aterro sanitário no estado da Bahia.

Trata-se de uma análise muito geral, apenas para fornecer à prefeitura de Gandu-BA,

uma idéia dos custos que envolvem as possibilidades apontadas. Os custos foram divididos

em três tipos: custos de investimento para infra-estrutura, custo de implantação de célula e

custo de operação, que estão apresentados no capítulo de resultados.

56

4 - RESULTADOS 4.1 – Pevisão de Crescimento Demográfico

O roteiro de cálculo da taxa de crescimento é apresentado a seguir e o resultado é

mostrado na tabela 4.1.

• Período - Ano 2000 – Ano 2007

• Aumento na população - 30.091 – 27.444 = 2.647 habitantes

• Percentual de crescimento em relação à população inicial do período considerado -

(2.647*100)/(27.444) = 9,64 %

• Taxa média anual de crescimento para os 7 anos – (9,64 % / 7) = 1,38% ao ano

• Período - Ano 2007 – Ano 2009

• Aumento na população – 31.819 – 30.091 = 1.728 habitantes

• Percentual de crescimento em relação à população inicial do período considerado -

(1.728*100)/30.091 = 5,74%

• Taxa média anual de crescimento para os 2 anos – (5,74% / 2) = 2,87% ao ano

Tendo a taxa anual desses dois períodos, obteve-se a média aritmética:

(1,38% + 2,87%) / 2 = 2,12 %

Tabela 4.1 - Estimativa da taxa média de crescimento da população de Gandu-BA

ANO NO. DE

HABITANTES

INCREMENTO DE

POPULAÇÃO

TAXADE CRESCIMENTO

(%)

TAXA ANUAL DE

CRESCIMENTO (%)

TAXA ANUAL MÉDIA DE

CRESCIMENTO PARA OS 9 ANOS (%)

2000 27.444 - - - -

2007 30.091

2647 9,64 (em 7 anos) 1,38 -

2009 31.819

1728 5,74 (em 2 anos) 2,87 2,12

Para o período de 15 anos, tem-se um crescimento populacional de:

2,12%/ano * 15 anos = 31,8 %

57

Considerando a população inicial do ano de 2009, fez a projeção de população após 15

anos:

(31.819 * 131,8) / 100 = 41.937,44 habitantes

Para os próximos 15 (quinze) anos, contados a partir de 2010, a população estimada

está apresentada na tabela 4.2

Tabela 4.2 - Projeção de crescimento da população de Gandu-BA

ANO NO. DE

HABITANTES

TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ADOTADA (%)

2010 32.493,56 2,12

2011 33.182,43 2,12

2012 33.885,89 2,12

2013 34.604,27 2,12

2014 35.337,89 2,12

2015 36.087,05 2,12

2016 36.852,09 2,12

2017 37.633,30 2,12

2018 38.431,19 2,12

2019 39.245,93 2,12

2020 40.077,94 2,12

2021 40.927,60 2,12

2022 41.795,26 2,12

2023 42.681,32 2,12

2024 43.586,16 2,12

2025 44.510,19 2,12

A figura 3.5 apresenta os dados da tabela 3.2

Figura 4.1 - Previsão de crescimento populacional de Gandu-BA

ANOS

58

4.2 – Caracterização Física do RSU

Para Gandu, a produção diária de RSU gerado considerou o volume coletado

diariamente, igual a 24 m³. Este dado foi obtido na empresa que coleta e transporta o lixo da

cidade. Segundo Jaramillo (1991), em aterros manuais a densidade do resíduo recém-

compactado varia entre 400 e 500 kg/m3 e dos resíduos estabilizados, entre 500 e 600 kg/m3.

Portanto, para os cálculos, adotou-se uma densidade do resíduo de 300 kg/m³, considerando

que praticamente não existe compactação em lixões e que o RSU sofre uma pequena

densificação pela passagem dos caminhões. O roteiro de cálculo da estimativa de produção

diária per capita, a partir das condições do atual lixão, está apresentado a seguir:

Volume diário de RSU (V) = 24 m³ (ano 2009)

Peso diário de RSU (P) = 24 m³ * 300 kg/m³ = 7.200 kgf = 7,2 toneladas

Produção diária per capita (Ppc) = 7.200/31.819 = 0,23kgf/hab.dia (ano 2009)

De acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CESTESB, a

geração per capita de resíduos sólidos em municípios com até 25.000 habitantes está próximo

de 0,4 kg/hab.dia.

Segundo o IBGE (2000), em cidades com até 200.000 habitantes, são recolhidos de

0,45 a 0,7 kgf/hab.dia.

Percebe-se que existe uma diferença na produção per capita de RSU, entre os valores

apresentados pelo IBGE e CETESB e o valor estimado para o município de Gandu, função de

dados fornecidos pela empresa terceirizada de lixo. Como os pontos clandestinos de

disposição de resíduos não foram contabilizados, talvez esta seja a justificativa para um valor

per capita baixo.

4.3 – Escolha do local de implantação do aterro sanitário de Gandu

No município de Gandu já existe uma área onde ocorre a destinação final dos resíduos

sólidos urbanos, caracterizada como lixão. Desta forma, avaliou-se inicialmente essa área,

para verificar a possibilidade de utilização do mesmo local. Foram levantados dados

referentes às restrições locais, distâncias, meio biótico, relevo, geologia, solos e clima.

59

Na tabela 4.3 encontram-se as especificações dos itens da análise da área colocados

acima.

Tabela 4.3 - Análise da área do lixão de Gandu

ITENS ESPECIFICAÇÕES Distância de Cursos d'água > 250 metros Distância do centro gerador 6.8 Km

Distância de Plantações de Cacau 10 metros Meio Biótico Matas fechadas com árvores de médio porte

Relevo Declividade 9,54% na direção longitudinal, e 4,44% na direção transversal Dados Climatológicos Precipitação anual superior a 1.300 mm

4.4 - Projeto do aterro sanitário de Gandu – Ba

Diante do exposto no capítulo de metodologia, indicaram-se três possibilidades para

resolver a situação da disposição final do RSU de Gandu:

• Iniciar células novas sobre a área do atual lixão

• Escavar o RSU já disposto e compactar em uma parte do terreno, liberando a área para

o aterro

• Cobrir o RSU, cercar e fechar a área do lixão da cidade, e procurar uma nova área para

implantar o aterro sanitário. Após o encerramento do lixão, realizar o acompanhamento

de recalques e combustão, para posterior liberação da área.

Antes de qualquer ação, será necessário verificar a existência de pontos em combustão.

Para as duas primeiras alternativas, deverão ser previstos um sistema de instalação de

energia elétrica e comunicação confiável, para atender às cargas de iluminação, tomadas

comuns e pontos de força para equipamentos especiais e telefones. Também deverão ser

previstos, um sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

A previsão de geração de biogás e lixiviados deverá ser realizada, para o

dimensionamento dos drenos.

4.5 - Possibilidade 1 – Iniciar células novas sobre a área do atual lixão

A primeira possibilidade indica a transformação do atual lixão em um aterro

controlado, acrescentando os sistemas de drenagem. A sugestão é fazer a divisão da atual

área do lixão em áreas menores, que poderiam ser denominadas de células e, seriam

confinadas por diques de solo, na medida em que o resíduo vá sendo disposto no local.

60

Inicialmente, seria compactada uma camada de solo argiloso de 60 cm de espessura, onde,

seriam implantados o sistema de drenagem de fundo e o primeiro segmento dos drenos de

biogás (Figura 4.2).

A camada de solo argiloso funcionaria como uma cobertura diária, incorporada ao

aterro. É preciso verificar a existência de jazidas.

Figura 4.2 – Dreno de biogás de um aterro sanitário

Em seguida, seria espalhada a 1ª. Camada de RSU com altura de 6 metros,

aproximadamente, e seria executado um novo sistema de cobertura e drenagem de lixiviados,

buscando evitar vazamento pelo primeiro sistema de drenagem instalado. Esse sistema de

drenagem conduziria o lixiviado até um poço de captação. A partir de então, os RSU seriam

lançados com cobertura diária até o encerramento da célula e os drenos de biogás seriam

elevados até a superfície das células.

As células seriam dimensionadas utilizando a expressão:

Vd = P*Ppc*(n/γ) * Fc

= 32.493,56 * 0,23 * (1 / 300) * 1,25 = 31,14 m³/dia

Na tabela 4.4 encontra-se a definição dos parâmetros utilizados acima e os valores

adotados para o cálculo de Vd.

61

Tabela 4.4 – Parâmetros e valores utilizados no cálculo do volume diário

Parâmetro Definição Valores

Vd (m3) Volume diário de resíduo gerado 31,14

P População Inicial (ano de 2010) 32493,56

Ppc (kg/habitante.dia) Produção Per capita Inicial 0,23

γ (kg/m³) Peso específico do resíduo 300

Fc Fator de material de cobertura 1,25

n Porcentagem da abrangência do serviço de coleta 100%

• Dimensionamento da célula para 1 ano, considerando a população ao final do

ano de 2010

Vt = 31,14 x 30 dias x 12 meses = 11.210, 273 m³

Considerando uma altura inicial da célula igual a 6,0 metros, tem-se que a área

superficial (a) da célula será:

A = 11.210,273 / 6 A = 1.868,38 m²

A figura 4.3 apresenta um croqui representativo da primeira possibilidade.

Figura 4.3 - Layout das Células – Possibilidade 1

62

O layout das células (Figura 4.2) foi definido de acordo com a área superficial

necessária para o preenchimento da célula durante um ano, com uma altura de resíduo de 6

metros. Portanto todas as células têm que ter área superficial igual ou superior ao valor padrão

de 1868, 38 m². Observa-se que algumas células, possuem área um pouco menor a padrão,

devido à disposição das células ocorrerem de forma linear. Nestes casos, o tempo de

preenchimento da célula será menor que um ano. A tabela 4.5 apresenta a área de cada célula,

calculada em função da projeção de população para cada ano.

Tabela 4.5 – Área das células: Possibilidade 1

N°. Célula Área(m²) Perímetro (m)

Célula I 1888,15 184,95

Célula II 1888,12 179,28

Célula III 2249,48 224,47

Célula IV 1817,58* 175,85

Célula V 1980,94 186,13

Célula VI 1879,94 187,77

CélulaVII 1709,03* 176,17

CélulaVIII 1878,23 184,66

Célula IX 2001,08 191,1

Célula X 1834,34* 181,79

Célula XI 1919,74 187,49

Célula XII 1869,39 181,96

CélulaXIII 1936,55 188,67

Nota: * Células com período de preenchimento menor que um ano.

Através da área superficial anteriormente calculada, determinou-se as dimensões

lineares da célula.

A lagoa de estabilização do lixiviado encontra-se localizada na parte mais baixa da

área (altitude 310 metros em relação ao nível do mar), fazendo com que o lixiviado das

células, desça por gravidade até a lagoa.

Na tabela 4.6 encontram-se as dimensões da área da lagoa de estabilização, guarita,

horto, escritório e balança.

Tabela 4.6 – Dimensões das áreas do aterro sanitário

Local Área (m²) Perímetro (m)

Lagoa de Estabilização 3382,08 242,14

Horto 9,00 12

Escritório 30,00 22

63

Guarita 9,00 12

Balança 60,00 34

Uma vez ocupadas todas as células, no final de 13 anos, a altura das células será

elevada, iniciando o processo a partir da 1ª. célula. Após 13 anos, as células já sofreram

recalque devido à decomposição da fração orgânica e as células estarão com a vida útil

aumentada.

4.6 Possibilidade 2 – Escavar o RSU já disposto e compactar em uma parte do

terreno, liberando a área para o aterro

A segunda possibilidade consiste em relocar todo o lixo existente no terreno para o

Setor 1 (Figura 4.3), com uma área de 5045,75 m², espalhando e compactando o lixo. Em

seguida, deve-se colocar uma camada de solo de, no mínimo, 60 cm, para fechamento desse

setor, implantando-se o sistema de drenagem superficial sobre a camada de solo e, finalmente,

plantando grama. Com isto, o restante da área ficaria liberada para implantação de outras

células, conforme esquema apresentado na Figura 4.4, incluindo drenagem de gás, drenagem

superficial e drenagem interna de líquidos lixiviados.

64

Figura 4.4 - Layout das Células – Possibilidade 2

O dimensionamento das células é o mesmo apresentado no item 4.1, necessitando de

uma área superficial de 1.868,38 m², considerando uma altura de 6 metros. O material obtido

na escavação (solo argiloso) será utilizado para cobrir o RSU.

A tabela 4.7 indica a área de cada célula.

Tabela 4.7 - Área superficial das Células: Possibilidade 2

N° Célula Área(m²) Perímetro(m)

Célula I 1840,19 198,86

Célula II 1894,08 203,73

Célula III 1942,34 183,18

Célula IV 1271,1 150,91

Célula V 1843,84 182,96

Célula VI 1809,97 179,88

Célula VII 1859,08 181,98

65

CélulaVIII 2038,54 193,17

Célula IX 1875,31 179,95

Célula X 2174,41 197,81

O cálculo da área e do perímetro foi o mesma da Possibilidade 1.

Os lixiviados serão conduzidos até a lagoa de estabilização, que se encontra em uma

cota inferior à das células.

Realizando uma estimativa simplificada da quantidade de lixo no local, lançados na

área nos últimos 7 anos, tem-se que:

24m³/dia x 7 anos x 365 = 61.320 m³

Considerando um peso específico do resíduo de 300 kg/m³, obtêm-se o valor:

61.320 m³ x 300 kg/m³ = 18.396 toneladas

Portanto, no atual lixão existe cerca de 18.400 toneladas de lixo (Figura 4.4)

espalhadas no local, estimadas a partir de informações de terceiros, sem considerar a projeção

populacional ao longo dos anos.

O manejo desse volume de RSU geraria gastos elevados, com aluguel e manutenção

de máquinas como, retro escavadeira, caminhão caçamba, dentre outros.

Figura 4.4 – Lixão da Cidade de Gandu – Ba

66

A figura 4.5 mostra um corte de um aterro sanitário genérico, identificando as

diferentes etapas de construção e as obras necessárias a um funcionamento adequado.

Figura 4.5 – Corte da seção de um aterro sanitário (CONDER, 1998)

De acordo com a figura 4.5, antes de iniciar o lançamento do RSU na célula, indica-se

que seja colocada uma camada de argila compactada de 1 metro na base da célula (no

mínimo, 60cm) e um reforço de impermeabilização da base, com manta de PEAD (polietileno

de alta densidade), espessura igual a 2 mm. Acima desta camada percebe-se ainda os drenos

de chorume na base do aterro, que servirá de coleta do lixiviado. O primeiro segmento do

dreno de gás tem origem nesta camada de impermeabilização, sendo elevado até o ultimo

nível de altura da célula.

Após o espalhamento, os resíduos são compactados pelo próprio trator de esteira, até

atingir a densidade estabelecida em projeto e, recebendo uma camada de argila por cima dos

resíduos (cobertura diária), devendo também ser compactada. Essa compactação evitará o

espalhamento dos resíduos pelo vento, os odores, os vetores de doenças e também minimiza a

entrada de águas pluviais.

Para as cotas finais de projeto, sempre que possível, as células deverão receber

revestimento vegetal, através da aplicação de grama em placas, as quais, dentre outras

funções, evitam erosão, assim como a infiltração de águas pluviais, e reduzem eventuais

aparecimentos de fissuras no solo de cobertura, capazes de proporcionar vazamento de gases.

Abaixo seguem algumas orientações do MANUAL DA CONDER (1998).

67

- “O lixo deve ser espalhado em rampa, numa proporção de 1 na vertical para 3 na

horizontal (1:3). O trator de esteira deve compactar o lixo com movimentos repetidos (3 a 5

vezes), de baixo para cima (Figura 4.6)”.

- “É interessante que no aterro se realize, eventualmente, um teste de densidade do lixo

para ver se a compactação está sendo bem feita”.

Figura 4.6 - Compactação e espalhamento do lixo (MANUAL DA CONDER,1998)

“- Cobertura diária - com camada, preferencialmente, de argila de 15 a 20 cm de

espessura. Assim, evita-se a presença de vetores como ratos, baratas e aves e que o lixo se

espalhe em dias de ventania.”

“- Cobertura final - uma vez esgotada a capacidade do aterro, procede-se a cobertura

final com 60 cm de espessura (sobre as superfícies que ficarão expostas permanentemente -

bermas e taludes definitivos) (Figura 4.7)”. Após o recobrimento, deve-se plantar a grama nos

taludes definitivos e platôs, que servirá como proteção contra a erosão. Após a cobertura final,

recomenda-se o lançamento de uma camada de cascalho sobre as bermas, as quais serão

submetidas ao tráfego operacional.”

68

Figura 4.7 - Cobertura das Células (MANUAL DA CONDER, 2002)

4.7 Possibilidade 3 – Cobrir o RSU, cercar e fechar a área do lixão da cidade, e

procurar uma nova área para implantar o aterro sanitário. Após o encerramento do

lixão, realizar o acompanhamento de recalques e combustão, para posterior liberação da

área.

A atual área do lixão da cidade de Gandu-BA é explorada, segundo dados da

prefeitura, há quase 7 anos, entre os anos de 2003 e 2010. Existe uma grande quantidade de

lixo no local, que proporciona uma série de fatores negativos ao meio ambiente, dentre eles:

- descarte de lixo sem medidas preventivas à poluição da água, ar e solo;

- poluição das águas subterrâneas pela infiltração de lixiviados;

- poluição de águas fluviais pelo escoamento superficial das águas pluviais;

- poluição do ar pela exalação de odores e pela emissão de particulados após a queimada do

lixo;

- impacto visual negativo pela exposição do lixo e seu espalhamento;

- ocorrência de vetores de doença com proliferação de insetos e roedores.

- presença de catadores, que se expõem às doenças transmitidas pelo RSU.

A terceira possibilidade então é o fechamento do lixão, de modo que este local não

receberá mais resíduo. Paralelamente, deverá ser realizado o estudo de alternativas de novos

locais para disposição de lixo, de modo que não seja inviabilizada a disposição deste, em

curto prazo, no município de Gandu – BA.

69

A seleção da nova área para implantar um aterro sanitário, independente do seu porte,

deve satisfazer a vários pré-requisitos, objetivando uma seleção mais acertada dentro da

relação custo-benefício.

4.7.1 Dimensionamento das trincheiras para uma nova área, destinada ao aterro

sanitário

As trincheiras foram dimensionadas para cada ano, considerando sua respectiva

população, e as dimensões estão apresentadas na tabela 4.4.

Definindo a profundidade das trincheiras, teremos a área necessária de cada trincheira

em cada ano. A soma de todas as áreas será comparada com a área disponível para o novo

local do aterro sanitário.

- Fator de material de cobertura (%) = 25

- Abrangência do serviço de coleta (%) = 100

• Volume de 1 ano da trincheira (Vt) :

Vt = 31,14 * 30 dias * 12 = 11210,278 m³

Segundo Carvalho (1999), as células são escavadas no solo com inclinações de taludes

de 1,5:1 e 2 : 1 (H:V). Como a trincheira vai ter um formato trapezoidal, foram adotadas a

altura (5 m), a base maior (30 m) e a base menor do trapézio (25 m), obtendo-se assim o

comprimento (L).

Área do trapézio = [(30+25) / 2] * 5 = 137,5 m²

L = 11.210,278 / 137,5 = 81,52 metros

Para estas dimensões, calculou-se a vida útil do aterro por meio da área superficial

(As) ocupada por cada trincheira.

As = L * Base maior = 81,52 * 30 = 2.445,88 m²

70

De acordo com o resultado obtido, foi construída uma planilha de evolução e ocupação

do aterro sanitário, conforme tabela 4.8.

Tabela 4.8 - Evolução da ocupação da área do aterro

Ano População (Kg/hab.dia) Volume de Residuos.

(m³/dia) Volume Ocupado p/

Ano m³ N° Células/ano

Área. Superficial

2009 31819,0

2010 32493,6 0,23 31,14 11365,98 1,01 2479,45

2011 33182,4 0,23 31,80 11606,94 2,05 5011,47

2012 33885,9 0,23 32,47 11853,00 3,11 7597,17

2013 34604,3 0,23 33,16 12104,29 4,19 10237,69

2014 35337,9 0,23 33,87 12360,90 5,29 12934,18

2015 36087,0 0,23 34,58 12622,95 6,42 15687,84

2016 36852,1 0,23 35,32 12890,56 7,56 18499,87

2017 37633,4 0,23 36,07 13163,84 8,74 21371,53

2018 38431,2 0,23 36,83 13442,91 9,94 24304,06

2019 39245,9 0,23 37,61 13727,90 11,16 27298,76

2020 40077,9 0,23 38,41 14018,93 12,41 30356,94

2021 40927,6 0,23 39,22 14316,13 13,69 33479,97

2022 41795,3 0,23 40,05 14619,63 14,99 36669,20

2023 42681,3 0,23 40,90 14929,57 16,33 39926,04

2024 43586,2 0,23 41,77 15246,08 17,69 43251,92

O volume de resíduos é calculado pela expressão:

Vd = P*Ppc*(n/γ) * Fc

Multiplicando estes valores pelo o numero de dias de um ano encontra-se os resultados

da coluna 5.

O número de trincheiras necessárias para cada ano é calculado de acordo com o

volume diário de RSU gerado durante um ano. Como a quantidade de RSU aumenta

gradativamente em relação à projeção populacional, a quantidade de células é determinada

pela divisão do volume de RSU durante o ano, pelo volume da trincheira determinada para o

primeiro ano (Ano de 2010 Vt = 11210,278 m³).

Na tabela 4.4, pode-se perceber que o aterro sanitário, deverá possuir uma área maior

que 43251,92 m², para ter uma vida útil maior que 15 anos.

4.7.2 - Elementos de Projeto

71

Os elementos de projeto definidos neste trabalho foram baseados nos artigos

publicados no PROSAB 2003 – implantação de aterro sanitário em cidades de pequeno porte.

4.7.3 Sistema de cobertura das Trincheiras

A cobertura das trincheiras deve ser feita, preferencialmente, com o mesmo material

encontrado na escavação da vala, visando a eliminação de custos. O solo encontrado no local

onde será feita a escavação das trincheiras deverá ser um solo argiloso, coeso (EMBRAPA,

2002). Este solo poderá ser utilizado como material de empréstimo para cobertura das

trincheiras, pois possui baixa percolação dos líquidos provenientes do lixo, e dificulta a

exalação de odores e a saída de biogás.

A cobertura diária é realizada ao final de cada jornada de trabalho, já a cobertura

intermediária é necessária naqueles locais onde a superfície de disposição ficará inativa por

mais tempo, aguardando, por exemplo, a conclusão de um patamar para início do seguinte

(GOMES, 2003).

A cobertura que será realizada diariamente terá uma espessura de 10 cm. Já a

cobertura final da trincheira terá uma espessura de 60 cm, e será compactada com um rolo

compactador, uniformizando a camada de solo e impedindo a percolação da água.

A figura 4.8 mostra um corte esquemático de uma trincheira.

Figura 4.8 - Corte esquemático de uma trincheira (PROSAB, 2003)

4.7.4 Impermeabilização da base e lateral da trincheira

“A impermeabilização da base e das laterais do aterro evita a contaminação do lençol

subterrâneo pelos líquidos lixiviados, bem como a migração de gases através de eventuais

72

falhas existentes no subsolo. O material utilizado como impermeabilizante pode ser argila

adequadamente compactada, geomembranas, betume etc. As geomembranas de PEAD são

aplicações mais específicas para aterros sanitários de grande porte, pela sobrecarga econômica

que a mesma traz aos aterros para comunidades de pequeno porte” (SIMÕES, 2003).

Será prevista apenas a compactação da base e das laterais da trincheira, podendo

utilizando o próprio solo local, desde que este atenda as exigências. Vale ressaltar que existe a

necessidade de realizar investigação do subsolo no local estudado através de sondagens. As

sugestões apresentadas neste trabalho, são baseadas apenas nos dados e informações

coletados, sem contudo terem sido realizadas investigações e determinações de parâmetros

representativos do local.

4.7.5 - Sistema de Drenagem de Águas Superficiais

No aterro sanitário de Gandu-Ba, buscou-se uma solução simples para evitar a entrada

de águas pluviais na trincheira durante sua operação. Serão feitas canaletas de drenagem

escadas em volta da trincheira, formando um caminho preferencial para água, desviando-a

para uma área fora do aterro sanitário. Estas canaletas (Figura 4.9) foram calculadas de acordo

ao anexo IX.

Figura 4.9 – Canaletas

Na tabela 4.9 encontram-se os resultados obtidos no anexo IX

Tabela 4.9 – Resultados Obtidos

Declividade do canal (m/m) 0,05

73

Coef. de Rugosidade (n) 0,025

Área molhada (m²) 0,25

Perímetro (m) 0,6

Raio Hidráulico (m) 0,42

Velocidade (m/s) 4,98

Vazão (m³/s) 1,24

Portanto, q = 1,24 m3/s, valor que é maior que a vazão de águas pluviais (Q=1,07

m³/s) calculada para toda a área. Conclui-se que as canaletas manualmente construídas na área

(portanto, de fácil execução) serão suficientes para a precipitação local. Denota-se desses

cálculos que, mais uma vez para aterros sanitários a etapa de drenagem superficial é também

muito simples, restando apenas à localização adequada dos canais, executados em dimensões

reduzidas, mas eficientes para a minimização da entrada de água nas trincheiras.

4.7.6 - Sistema de Drenagem e Tratamento de Lixiviados

Será realizado um leito de 30 cm de brita 1 ou 2 em todo o fundo da trincheira ou

canaleta central (com brita 3) com uma inclinação de fundo de 1%. A utilização de material

drenante em toda a extensão da base é importante, porque aumenta a área superficial

disponível para a fixação dos microrganismos degradadores. Na captação dos lixiviados, uma

tubulação de PVC perfurado (40 mm) de aproximadamente 2 m deverá ser disposta sob a

brita. (SIMÔES, 2003)

A partir do dimensionamento do canal de captação de lixiviados, ocorre a escolha do

sistema que será utilizado.

Em todas as possibilidades deverão ser previstas valas para resíduos de saúde,

diferenciando o local de disposição do RSU. O resíduo de construção e demolição (RCD)

deverá ser utilizado como melhoramento das vias de acesso do aterro sanitário ou até mesmo

para recobrimento diário das células.

4.8 – Análise de custos: Possibilidade 1

4.8.1 Custos de investimentos para infra-estrutura

74

Os custos de investimentos se referem às despesas efetuadas com licenciamento

ambiental, aquisição de terreno, balança rodoviária, isolamento da área, vias de acesso,

edificação. Nesta 1ª. situação, custos referentes à aquisição de terreno e às vias de acesso

serão descartados, pois á área já é da Prefeitura, e as vias de acesso serão feitas com trator

esteira cujo valor já está embutido no custo operacional. A tabela 4.10 resume estes custos.

Tabela 4.10 Custos com infra-estrutura: Possibilidade 1

Discriminação Quantidade Custo Unitário Unidade CustoTotal

(US$)

Topografia De 1 a 5 ha 275 US$ / ha 275

Balança 1 7000 US$ 7000

Isolamento 802,19 m 8,8 US$/m 7059,27

Edificação 60 m² 100 US$/m² 6000

Tota(US$) 20334,27 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção No. 1994

Vale ressaltar que alguns itens não foram incluídos nesta análise, como gastos com

licenciamento ambiental constituindo-se, portanto, em uma estimativa dos custos de

investimentos para infra-estrutura.

4.8.2 Custos de Implantação da célula

O custo de implantação da célula envolve as atividades de escavação, preparo da base

de argila compactada e instalação da manta de PEAD para impermeabilização. Na

Possibilidade 1, somente haverá escavação para a lagoa de estabilização. Inicialmente, haverá

uma cobertura de 60 cm em toda a área do lixão, para depois iniciar a disposição de RSU nas

células.

A tabela 4.11 apresenta os custos de implantação considerando a possibilidade 1

sugerida neste trabalho.

Tabela 4.11 – Custos de Implantação da célula: Possibilidade 1

Célula Área Argila 1° Camada (m³) Custo Unit Arg. (3,68

US$/m³)

I 1888,2 1132,89 4169,04

II 1888,1 1132,87 4168,97

III 2249,5 1349,69 4966,85

IV 1817,6 1090,55 4013,22

75

V 1980,9 1188,56 4373,92

VI 1879,9 1127,96 4150,91

VII 1709 1025,42 3773,54

VIII 1878,2 1126,94 4147,13

IX 2001,1 1200,65 4418,38

X 1834,3 1100,6 4050,22

XI 1919,7 1151,84 4238,79

XII 1869,4 1121,63 4127,61

XIII 1936,6 1161,93 4275,9

Total 54874,48 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção

A argila da 1° camada é calculada pela multiplicação da área da célula pela altura de

60 cm, determinando o volume da 1° camada.

Como cada célula tem duração de um ano, percebe-se que o gasto anual com a

implantação da célula será em torno de 4000 dólares.

4.8.3 Custos de operação

Os equipamentos necessários para a operação do aterro sanitário são os apresentados

na tabela 4.12.

Tabela 4.12 – Equipamentos de Operação: Possibilidade 1

Trator D4 Capac.=15 ton/h

Ano Pop. ton /dia Horas N° Máq. Hora Efet. Retro-escavadeira Pá-carregadeira Caminhão Basculante

2010 32.493,60 7,47 2 1 0,49 1 0 1

2011 33.182,40 7,63 2 1 0,49 1 0 1

2012 33.885,90 7,79 2 1 0,49 1 0 1

2013 34.604,30 7,96 2 1 0,49 1 0 1

2014 35.337,90 8,13 2 1 0,49 1 0 1

2015 36.087 8,3 2 1 0,49 1 0 1

2016 36.852,10 8,48 2 1 0,49 1 0 1

2017 37.633,40 8,66 2 1 0,49 1 0 1

2018 38.431,20 8,84 2 1 0,49 1 0 1

2019 39.245,90 9,03 2 1 0,49 1 0 1

2020 40.077,90 9,22 2 1 0,49 1 0 1

2021 40.927,60 9,41 2 1 0,49 1 0 1

2022 41.795,30 9,61 2 1 0,49 1 0 1

76

2023 42.681,30 9,82 2 1 0,49 1 0 1

2024 43.586,20 10,02 2 1 0,61 1 0 1

A coluna 3 é calculada pela multiplicação da Ppc (Produção per capita = 0,23),

determinada anteriormente no item 3.3, com a população do ano.

Para o trator esteira com lâmina tipo D4, adotou-se a capacidade de 15 ton/h, entre a

disposição em rampa e compactação do resíduo. Percebe-se que ao longo dos anos não foi

necessário outro trator, pois a sua capacidade (15 ton/dia) atende até o ano de 2024, que é de

10,02 ton/dia. Para o tamanho do aterro, estimou-se 2 horas diárias de trabalho para o trator

esteira, uma hora no final da manhã e uma hora no final da tarde.

Para o caminhão caçamba, adotou-se a capacidade de 8m³ (2,4 ton/viagem) para o

transporte de terra para a camada de cobertura, sendo assim, uma unidade atende à produção

diária.

A necessidade da retro-escavadeira será de apenas uma unidade ao longo do tempo,

pois o serviço de abertura de drenos não é intensivo. Este equipamento será utilizado ainda no

carregamento de terra aos caminhões basculantes. Por isto, o custo total operacional das

máquinas será de 38.764 dólares durante um ano (Tabela 4.13).

Tabela 4.13 – Custo Total operacional: Possibilidade 1

Unidades Horas (Ano) Custo Unitário* (US$/h) Total (US$/ano)

Retro Escavadeira 1 576 18,7 10771,2

Caminhão Basculante 1 576 19,6 11289,6

Trator D4 1 576 29 16704

Total Geral (US$) 38764,8 (*) Custos horários dos Equipamentos – Fonte: Revista Construção No. 1994

Nas horas ociosas desses veículos, os mesmos poderão ser utilizados para estocar

material de cobertura, para situações emergenciais ou para horas de pico de operação.

4.9 – Análise de custos: Possibilidade 2

4.9.1 - Custos de investimentos para infra-estrutura

Os custos de investimentos para infra-estrutura serão os mesmos adotados para a

possibilidade 1 (tabela 5.1 ), pois são os mesmos itens, tais como: topografia, balança

rodoviária, isolamento da área, e edificação, que são as guaritas e o escritório.

77

4.9.2 Custos de Implantação da célula

Na 2ª. Possibilidade, o Setor 1 (Figura 4.2), será isolado e coberto com uma camada

de 60 cm, liberando às outras áreas onde estava o lixão. Posteriormente, serão escavadas

células com uma profundidade de 6 metros.

Na tabela 4.14 são apresentados os gastos com a implantação da célula.

Tabela 4.14 – Custo de Implantação da célula: Possibilidade 2

Discriminação Área Escavação (m³) Valor Total(3,68 US$/m³)

Célula I 1840,19 11041,14 40631,40

Célula II 1894,08 11364,48 41821,29

Célula III 1942,34 11654,04 42886,87

Célula IV 1271,10 7626,60 28065,89

Célula V 1843,84 11063,04 40711,99

Célula VI 1809,97 10859,82 39964,14

Célula VII 1859,08 11154,48 41048,49

CélulaVIII 2038,54 12231,24 45010,96

Célula IX 1875,31 11251,86 41406,84

Célula X 2174,41 13046,46 48010,97 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção

O material escavado da célula I será lançado, pelo trator esteira, no Setor I, portanto

não haverá gastos com o material de cobertura do Setor 1. O material de escavação das outras

células, serviram como material de cobertura diária e final da própria célula.

4.9.3 Custos de operação

Os equipamentos necessários para a operação do aterro sanitário da possibilidade 2 são

os mesmos utilizados para a possibilidade 1, devido ao fato de o custo de operação depender

do RSU gerado diariamente.

4.10 – Análise de custos: Possibilidade 3

4.10.1 Custos de investimentos para infra-estrutura

78

Nesta 3ª. Possibilidade, haverá custos com o isolamento da área do lixão. O perímetro

da área é de 802,19 metros. Na tabela 4.15 encontram-se os custos para infra-estrutura.

Tabela 4.15 – Custo de Investimento para Infra-estrutura do lixão: Possibilidade 3

Discriminação Quantidade

(m) Custo Unitário

(US$/m) CustoTotal

(US$)

Isolamento 802,19 8,8 7059,27 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção

Como o objetivo é implantar um aterro sanitário em uma nova área, todos os custos

referentes à infra-estrutura serão adotados, como licenciamento ambiental, aquisição de

terreno, balança rodoviária, isolamento da área, vias de acesso, edificação. Segundo a Cartilha

de licenciamento ambiental / Tribunal de Contas da União, 2007, o custo com licenciamento é

de 0,5% do valor dos custos de infra-estrutura. Na tabela 4.16, apresentam-se os custos com

investimento para infra-estrutura para uma nova área.

Tabela 4.16 - Custo de Investimento para Infra-estrutura referente à nova área: Possibilidade 3

Discriminação Quantidade Custo Unitário Unidade Cust Total

Topografia De 1 a 5 há 275 US$/ha 275

Balança 1 7000 US$ 7000

Isolamento 802,19 8,8 US$/m 7059,27

Edificação 60 100 US$/m² 6000

Total (US$) 20334,27 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção

Aqui, mais uma vez, não foram incluídos gastos com licenciamento ambiental e

compra do projeto. Dessa forma, tem-se uma estimativa dos custos de investimentos para

infra-estrutura.

4.10.2 Custos de Implantação das Trincheiras

A 4ª. Possibilidade, como visto, indica a execução de trincheiras. De acordo com o

item 4.4, a área necessária para cada trincheira é de 2.884,6 m².

A tabela 4.17 representa o custo de implantação das trincheiras.

79

Tabela 4.17 – Custo de Implantação das Trincheiras: Possibilidade 3

Área (m²) Arg. 1° Camada (m³) C. Unit Arg. (3,68 US$/m³)

Trincheira 2884,6 8653,8 31845,984

Lagoa de estabilização 2965,27 11861,08 43648,7744 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção

Observa-se na tabela 4.17, que o custo obtido por ano com uma trincheira será de

31845,984 dólares.

4.10.3 Custos de operação

Os custos de operação serão os mesmos das Possibilidades 1 e 2.

- Dimensionamento da Equipe de Trabalho

Uma operação eficiente de um aterro sanitário exige o emprego de uma equipe de

trabalho com funções específicas, tais como, encarregado, balanceiro, sub-encarregado,

operador de máquinas pesadas, motorista, ajudantes e vigias.

Na tabela 4.18 segue a equipe de trabalho de um aterro sanitário.

Tabela 4.18 – Equipe de Trabalho

Cargo Permanente Eventual

Engenheiro - 1

Encarregado 1 -

Sub-encarregado 1 -

Operador de Trator 1 -

Operador de Máquinas 1 -

Ajudantes / Serventes 2 -

Vigia / Porteiro 2 -

Total 8 1

Todas as possibilidades terão a mesma equipe de trabalho.

4.11 – Análise de Custos: Conclusões

Na tabela 4.19 encontra-se uma resumo dos custos de todas as possibilidades no

período de 1 ano.

80

Tabela 4.19 – Análise de Custos

Custo de Inv. Infra-estr. (US$) Custo de Impl. De Células(US$) Custo de Operação (US$) Total(US$)

1° Pos. 20334,27 4169,04 38764,80 63268,11

2° Pos. 20334,27 40631,40 38764,80 99730,47

3° Pos. 27393,54 31845,98 38764,80 98004,32 (*) Custos Unitários: Fonte – Revista Construção

Considerações:

- A 1ª possibilidade é a que tem custo mais baixo, em função de não haver escavação

de células. Esse tipo de aterro sanitário simplificado por se constituírem em obras menos

complexas sem exigência de impermeabilização com manta de PEAD, em geral, e sem lagoas

de estabilização, tem seu custo de implantação bastante reduzido se comparado aos valores

dos aterros sanitários convencionais

- A 2ª possibilidade e 3ª possibilidade foram que tiveram custos mais elevados, pois há

necessidade de escavação de valas e trincheiras respectivamente.

Vale salientar, que os custos unitários adotados nesta análise de custos, foram da

Revista Construção, do material da CONDER (1994), Anais do Simpósio Internacional do

Lixo.

5 - TRABALHO A SER DESENVOLVIDO COM OS CATADORES DO LIXÃO

DA CIDADE DE GANDU-BA

Inicialmente o trabalho propõe uma intervenção social lixão, removendo criança,

adolescentes e adutos das atividades de coleta de lixo, erradicando o trabalho no lixão. As

características de parte desse grupo de pessoas (catadores) retratam uma situação de descaso e

de marginalidade. Trabalham totalmente desprotegidos da chuva, do sol e de qualquer

equipamento de segurança (CAMPOS E OUTROS, 2005). Necessariamente deve haver uma

mobilização entre organizações sociais da região e a prefeitura da cidade, para implantar um

plano de ação conjunta. Algumas medidas para esta questão podem ser adotadas, como:

- Organização de um sistema de coleta seletiva, gerando emprego para os catadores de

lixo.

- Inserção das crianças e adolescentes filhos dos catadores de lixo, em atividades

sócio-educativas, contribuindo para o desenvolvimento de sua criatividade, auto-estima,

solidariedade, valores morais e éticos, relações familiares e sua vontade de mudar suas vidas.

81

- Ações integradas de cunho social, educacional e de saúde.

- Distribuição de bolsas de estudos.

- Parceria com o comércio da região para a coleta de material reciclável pelos

catadores de lixo, a ser comercializado através de cooperativas.

- Construção do galpão para a triagem e estocagem dos materiais.

- Fazer um contrato (prefeitura /cooperativa). (CAMPOS E OUTROS, 2005)..

- Promoção de programas de sensibilização da sociedade (CAMPOS E OUTROS,

2005).

- Divulgação das informações do projeto para a sociedade para que a mesma conheça

o trabalho dos badameiros. (CAMPOS E OUTROS, 2005).

- Desenvolvimento de cursos de capacitação para os badameiros. (CAMPOS E

OUTROS, 2005).

Através da implantação dessas medidas, essas famílias poderão ser inseridas

adequadamente à sociedade, desenvolvendo tanto educacionalmente como financeiramente.

7.0 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como finalidade apresentar propostas para subsidiar o

desenvolvimento de um projeto de aterro sanitário no município de Gandu-BA, sendo

enfatizados os principais assuntos relacionados ao tema.

A cidade de Gandu-BA encontra-se localizado no baixo sul da Bahia e tem uma

população de aproximadamente 32000 habitantes. Atualmente a quantidade de RSU gerado

diariamente é de 24 m³ ou 7,2 toneladas. Este resíduo é lançado no lixão da cidade sem

nenhum controle técnico e ambiental. O lixão de Gandu se encontra em condições totalmente

precárias, com presença de animais e catadores de lixo.

Constatou-se que, no município de Gandu-BA, a implantação do aterro sanitário se

enquadra legalmente nas RESOLUÇÃO CONAMA No. 404, de 11 de novembro de 2008,

devido à cidade apresentar características como produção diária de RSU menor que 20

toneladas e se caracterizar como município de pequeno porte, dispensando assim instrumentos

ambientais como o IMA/RIMA. NÃO É IMA

REESCREVER PORQUE NÃO ESTÁ CLARO.

Através dos estudos preliminares, como levantamento da situação do sistema de

limpeza urbana, do saneamento básico, previsão de crescimento demográfico, estimativa da

82

composição gravimétrica do resíduo, localização e informações do município, distância do

centro gerador, foi possível estabelecer um panorama da realidade do município.

A área do atual lixão foi analisada, segundo fatores que condicionam a utilização da

mesma para implantação de um aterro sanitário. Concluiu-se que, na maioria dos ítens

analisados (restrições locais, distância do centro gerador, meio biótico, relevo, dados

geológicos e geotécnicos e dados climatológicos), a área atende às exigências presentes na

legislação, baseado em dados gerais, necessitando porém de estudos no local.

Foram propostas três possibilidades para implantação do aterro sanitário, fornecendo

subsídios para a escolha, por parte da Prefeitura municipal, daquela que represente a melhor

utilização dos recursos técnicos e financeiros disponíveis.

A primeira possibilidade indicou a transformação do atual lixão em um aterro sanitário,

construído sobre o lixão, no qual, inicialmente, todo o lixo existente deverá ser recoberto por

uma camada de argila, a fim de que as células do aterro surjam acima desta camada.

Pela segunda possibilidade, todo o lixo existente no lixão será remanejado para

determinado setor (Setor 1), de forma que a área liberada servirá à implantação de células

com duração de um ano. Essas células seriam escavadas com uma profundidade de 6 metros.

Finalmente, a terceira possibilidade versa sobre o fechamento do atual lixão,

indicando-se à Prefeitura Municipal a localização de outro terreno para implantação do aterro

sanitário. Descreve-se, então, uma série de exigências para a escolha da nova área, além da

caracterização de alguns elementos próprios de um projeto de aterro sanitário, tais como

dimensionamento geométrico, sistema de cobertura e impermeabilização das trincheiras;

sistema de drenagem de águas superficiais, biogás e sistema de drenagem e tratamento de

lixiviados.

Os diversos tipos de aterros foram estudados, verificando as suas respectivas

diferenças. Dentre estes destacam-se o aterro em trincheiras, indicadas para município de

pequeno porte.

Ademais, foi realizada uma análise simplificada de custo em cada uma das

possibilidades apresentadas, na qual foram destacados os diferentes tipos de custos: custos de

investimentos para infra-estrutura, custos de implantação das células e custos de operação. A

possibilidade 1 caracterizou-se como a mais viável financeiramente, devido ao fato de não

haver escavação das células, nem escavação do RSU já depositado.

Diante do exposto, cumpre salientar que o estudo aqui desenvolvido não representa

apenas subsídios à implantação de um aterro sanitário para cidade de Gandu-Ba, pois a

execução de um aterro sanitário implica não somente na proteção ao meio ambiente e à saúde

83

da população, mas também na reinserção social dos catadores de lixo do município, em

medidas que minimizem e/ou reaproveitem os resíduos gerados, compreendendo de fato

medidas de gerenciamento para o RSU.

84

REFERÊNCIAS

- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Solo – análise granulométrica.

Rio de Janeiro, 1984.

- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2004). NBR-10004: resíduos

sólidos – classificação.

- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1992). NBR-8419:

apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos–procedimentos.

- ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

2007

- ALBERTE, Elaine P. V. Análise de Técnicas de Recuperação de Áreas Degradadas por

Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos:Lixões, Aterros Controlados e Aterros Sanitários.

Bahia – Brasil, Faculdade de Tecnologia e Ciências, Salvador, 2003.

- Anais do Simpósio Internacional de Destinação do Lixo, Salvador: 28 a 30 de novembro de

1994. Anais. Salvador: CONDER, 1994. 280p.

- CARVALHO, Miriam de Fátima (1999). Comportamento mecânico de resíduos sólidos

urbanos. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos-SP.

- CASTILHOS JÚNIOR, A. B. Alternativas de disposição de resíduos sólidos urbanos para

pequenas comunidades. Rio de Janeiro: RiMa: ABES, 2002.

- CAMPOS, Áurea Chateaubriand Andrade; DIAS, Sandra Furiam; CONTO, Suzana Maria

De; VAZ, Luciano Mendes S.; ARGOLO, Antonio Carlos Martins. PROCESSO DE

INSERÇÃO SOCIAL DOS BADAMEIROS DE FEIRA DE SANTANA. 23º Congresso

Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Feira de Santana.?????

85

- DIAS, Sandra Maria Furiam; VAZ, Luciano Mendes Souza (1998). Caracterização Física

dos Resíduos Sólidos Urbanos: uma etapa preliminar no gerenciamento do lixo. E O

RESTO???

- CORREA, Juliane; LANÇA, Sara Shirley Belo. Resíduos Sólidos: Projeto, Operação e

Monitoramento de Aterros Sanitários. Guia do Profissional em treinamento. Nível 2. Belo

Horizonte, RECESA, 2008.

- Fiuza, J. M. de S., Fontes, M. T. e Cruz, C. S. (2002) Nova Tendência de Disposição Final

de Resíduos Sólidos no Estado da Bahia: Aterro Sanitário Simplificado, Anais do VI

Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Abes: Andis, setembro,

Vitória, 1 Cd Rom.

- Gomes, L. P. e Martins, F.B. (2003) Projeto, Implantação e Operação de Aterros

sustentáveis de Resíduos Sólidos Urbanos para Municípios de Pequeno Porte, In: Resíduos

Sólidos Urbanos: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. Castilhos Junior, A.

(Coord.), Abes, Rio de Janeiro.

- IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/lixo_coletado/lixo

_coletado109.shtm>.

- LIXO MUNICIPAL: MANUAL DE GERENCIAMENTO INTEGRADO

/COORDENAÇÃO: Niza Silva Jardim... et al.. São Paulo: Instituto de Pesquisas

Tecnológicas: CEMPRE, 1995.

- MANUAL DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. José

Henrique Penido Monteiro ... et al; Coordenação Técnica: Victor Zular Zveibil. Rio de

Janeiro: IBAM, 2001.

- PAIVA, Ivan Euler Pereira : Aterro Sanitário em municípios de pequeno porte: estudo do

potencial de aplicação de tecnologias simplificadas na região do semi-árido baiano – Salvador

2005.

86

LÁ ATRÁS ESTÁ COMO CASTILHOS JR. POR QUÊ MUDOU AQUI??

- JUNIOR, Armando Borges de Castilhos; LANGE, Lisete Celina; GOMES, Luciana Paulo;

PESSIN, Neide. Alternativas de Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos para Pequenas

Comunidades. Rio de Janeiro : RiMa,ABES, 2002 104 p. Projeto PROSAB.

- JARAMILLO, J. Resíduos sólidos municipales: guia para el diseño, construccion y

operacion de rellenos sanitários manuales. Washington: Pan American Health Organization,

1991. 214p. (Serie Tecnica, 28).

- SANTANA, Sandoval Oliveira de; SANTOS, Raphael David dos; GOMES, Idarê Azevedo;

JESUS, Raildo Mota de; ARAÚJO, Quintino Reis de; MENDONÇA, José Rezende;

CALDERANO, Sebastião Barreiros; FILHO, Antônio Fontes Faria. Solos Da Região

Sudeste Da Bahia: Atualização da Legenda de acordo com o Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos. Rio de Janeiro, Embrapa, 2002.

- SILVEIRA, Lícia Rodrigues da, Desafios do manejo de resíduos sólidos: a gestão de seis aterros sanitários simplificados no Estado da Bahia/Lícia Rodrigues da Silveira,2008.

- SIMÕES, G. F.; FERREIRA, C. F. A.; SANTANA, D. W. E. A. e GARCIA, L. N.

(2002):Lixo – Alternativas de Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos para Pequenas

Comunidades PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico. ABES.

87

88

ANEXOS CONSERTOU OS ANEXOS I A V????? MODIFICOU OS TÍTULOS NAS PLANTAS???

FAVOR CRIAR NOVA NUMERAÇÃO DAS TABELAS DE ACORDO COM A

NUMERAÇÃO DO ANEXO.

COLOCAR TAMANHO 10 NO CONTEÚDO DAS TABELAS E NOS TÍTULOS.

PADRONIZAR AS LETRAS DENTRO DAS TABELAS

89

ANEXO VII Tabela 3.4 – Dados para o cálculo das curvas de nível

RE EST P.V. A. HOZ A. VER F.S. F.I.

E0

Est 1 271°25' 82°28' 1730 1000

Est 2 281°44' 82°51' 2724 2000

Est 3 285°54' 82°34' 1570 1000

Est 4 309°44' 86°01' 1560 1000

Est 5 339°54' 91°34' 1730 1000

Est 6 4°26' 94°42' 2020 1000

Est 7 7°25' 94°51' 3310 2000

Est 8 12°13' 94°56' 2070 2000

Est 9 20°45' 94°48' 1922 1000

Est 10 53°47' 91°27' 1670 1000

Est 11 52°45' 92°28' 1368 1000

Est 12 12°57' 90°55' 1300 1000

Est 13 343°39' 86°36' 1158 1000

Est 14 301°03' 85°42' 1236 1000

Est 15 260°38' 82°51' 1240 2000

Est 16 237°38' 84°51' 1486 1000

Est 17 225°59' 86°14' 1970 1000

Est 18 229°13' 87°25' 3320 1000

Est 19 222°12' 87°04' 2074 1000

Est 20 22°41' 88°26' 1880 2000

Est 21 183°24' 87°48' 1780 2000

Est 22 158°14' 88°18' 1718 1000

Est 23 160°32' 86°56' 1468 1000

Est 24 156°36' 87°26' 1250 1000

Est 25 202°24' 86°10' 1308 1000

26 96°14' 89°46' 1230 1000

Est 27 93°22' 89°07' 1540 1000

Est 28 91°55' 89°16' 2790 2000

Est 0 E1 52°04' 92°14' 2590 2000

Est E1 0°00 1000

Est 29 10°40' 87°05' 1522 1000

Est 30 341°30' 83°16' 1342 1000

Est 31 314°14' 81°33' 2350 2000

Est 32 65°33' 91°43' 1266 1000

Est 33 97°32' 94°00' 1400 2000

Est 34 131°55' 93°21' 2460 2000

Est 35 148°04' 90°57' 2530 2000

90

Est 36 138°38' 90°51' 3530 2500

Est 37 128°47' 92°20' 3860 2700

Est 38 110°08' 93°51' 3980 3000

Est 0 39 94°38' 98°39' 1600 1000

Est E1 40 81°12' 99°17' 2470 2000

Est 41 51°23' 98°06' 3338 3000

ANEXO VIII

Dimensionamento do sistema de captação de águas pluviais

91

a – Cálculo da Vazão de águas pluviais pelo método racional

Q = 0,278 x C x Im x A

onde:

Q - vazão de pico em m³/s;

C - coeficiente de escoamento superficial ou de deflúvio (adimensional);

Im - intensidade média de precipitação (mm/hora);

A - área total da bacia de drenagem (km²);

0,278 - coeficiente resultante do arranjo das unidades dos parâmetros usados.

O Im é função do tempo de concentração (tc), que poderá ser calculado por

meio da fórmula da ”California Culverts Practice”:

tc = 57 x (L3/H)0,385

onde:

tc = tempo de concentração (minutos);

L = comprimento do talvegue máximo da bacia (km);

H = desnível da bacia (diferença entre os pontos de maior e menor cota) (m).

O comprimento do talvegue máximo da bacia é determinado pela maior dimensão da

área do lixão. E o desnível da bacia é a diferença de uma cota com maior altitude, para uma de

menor altitude.

tc = 57 x ( 0,5563/20)0,385

tc = 9,13 minutos

Para a determinação da intensidade da chuva crítica, utiliza-se, entre outras, a

seguinte equação (CETESB, 1997):

i(tc,T) = 1 / tc x (0,21 x lnT + 0,52) . (0,54 x tc0,25 – 0,5) x P(60,10) x 60

i(tc,T) = 188,53 mm/h

i = Im - intensidade de chuva crítica (mm/hora);

tc - tempo de concentração (min);

92

P (60,10) - precipitação com duração de 60 minutos e período de retorno de 10 anos (mm), já

ocorrido (tabela Cetesb);

T - período de retorno, que deve ser igual à própria vida útil do aterro (ano);

De acordo com a tabela da CETESB (Ref, “Chuvas Intensas do Brasil”), a chuva com

duração de 60 minutos e período de retorno de 10 anos na cidade de Salvador-Ba, é de 60

mm. Finalmente, com a fórmula do método racional, obtém-se a vazão de águas pluviais:

Q = 0,278 x 0,60 x 188,53 x 0,034 = 1,07 m3/s

Esta será a vazão em toda a área. Na verdade, a área deverá ser dividida pelas sub-

bacias de contribuição, com posterior localização das canaletas, que deverão ser pensadas

para receber todas as águas dessa sub-bacia. Para efeito de cálculo, segue o dimensionamento

de um canal destes.

b- Dimensionamento do canal

Q = A x V

Q - vazão (m3/s);

A - área da seção transversal (m2);

V - velocidade de escoamento (m/s), determinada pela fórmula de Chézy, com

o coeficiente de Manning (BOTELHO, 1985).

V = (1 / n) Rh2/3i1/2

n - coeficiente de rugosidade das paredes que varia entre 0,011 e 0,04: n = 0,011 para

canais de perfeita construção; n = 0,013 para canais de concreto comum; e n = 0,025

para canais de terra com vegetação rasteira no fundo;

Rh - raio hidráulico (m);

i - declividade do canal (m/m);

Am - área molhada (m2);

Pm - perímetro molhado (m).

Adotando-se que serão construídos canais de terra, tem-se:

93

i = 0,05 m/m

n = 0,025

Considerando-se um canal de 50 x 50 cm com altura d’água de 5 cm (uma valeta

aberta manualmente no entorno da área), calcula-se:

Am = 0,5 x 0,5 = 0,25 m²

Pm = 0,5 + 0,05 + 0,05 = 0,6 m.

Logo:

Rh = Am/Pm = 0,42 e V= 4,98 m/s (este valor deve ficar entre 1 e 5 m/s)

A tabela 4.6 apresenta o resumo dos valores utilizados na equação.

Tabela 4.6 – Valores utilizados na equação

Declividade do canal (m/m) 0,05

Coef. de Rugosidade (n) 0,025

Área molhada (m²) 0,25

Perímetro (m) 0,6

Raio Hidráulico (m) 0,42

Velocidade (m/s) 4,98

Vazão (m³/s) 1,24

ANEXO IX

Dimensionamento Sistema de Drenagem e Tratamento de Lixiviados

Q = (1/t) P x A x K

94

P = precipitação média anual (mm/ano)

Q = vazão média (L/s)

A = área da trincheira (m²)

t = no. de segundos em 1 ano (31.536.000)

K = coeficiente dependente do grau de compactação dos resíduos

Segundo Rocca et al.(1993), aterros fracamente compactados (400 a 700 kg/m3)

possuem coeficiente de compactação entre 0,25 e 0,5. Para aterros fortemente compactados (>

700 kg/m3) os valores de K ficam na faixa de 0,15 a 0,25.

A precipitação média anual é de 1300mm/ano. (SEI, 2007)

Portanto tem-se que:

Q=(1/31356000) x 1300 x 2.445,88 x 0,5

Q = 0,05 l/s

Para o dimensionamento do dreno de lixiviado, verifica-se que o diâmetro adotado (40

mm) é suficiente, mesmo sem utilizar as equações usuais de hidráulica, pois

Q = A x V

Onde: Q = vazão (m3/s)

A = área da seção transversal (m2): πR2

V = velocidade de escoamento (m/s), dentro da faixa 1 a 5 m/s

R = (Q/Vπ)1/ 2

R = (0,05/1000/ 2π) = 2,82 mm ou D=5,64 mm

ANEXO X

Atribuições necessárias para concessão de licença simplificada: município de

Itacaré-Ba

ITENS DA Licença

Atribuições a serem apresentadas ao IMA Frequência Prazo

95

Simplificada

Inciso I

Laudos de dados monitorados no aterro, para os parâmetros ph, DBO, coliformes fecais,

dureza, nitrogênio total, sólidos suspensos, para verificar a eficiência do sistema de tratamento dos resíduos e, detectar a migração do resíduo

Mensal -

Inciso II

Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) para as áreas que sofreram e/ou

venham sofrer alteração, através da retirada e/ou disposição de material utilizado nas obras civis, bem como para a área atual de disposição

do lixo

- 120 dias

Inciso IV Plano de fechamento das células do aterro

sanitário - 1 ano

Inciso V

Programa de educação ambiental (EA), visando conscientizar os trabalhadores sobre os

impactos positivos e negativos do projeto, a importância e os benefícios da Central de

Tratamento e Disposição Final dos Resíduos, assim como o estabelecimento de um melhor

relacionamento com o meio ambiente e a importância da conservação dos ecossistemas

da região

- 120 dias

Inciso VI

Projeto de dispositivo de coleta, tratamento e inoculação do chorume na própria célula de lixo, incluindo sistema de emergência para

prevenção quanto ao período de chuvas

- 120 dias

Inciso VII Projeto do sistema de transporte dos resíduos,

considerando as rotas dos veículos - 120 dias

IncisoVIII

Projeto paisagístico, contemplando o anel florestal (cinturão verde) no entorno da área do aterro. Adotar faixa mínima de 25 metros de

cinturão verde entre a estrada e a área do aterro

- 180 dias

96

Inciso XI

Dotar o aterro de sistemas de impermeabilização (superior e inferior),

objetivando impedir a percolação de águas pluvias através da massa de resíduos,

garantindo um confinamento dos resíduos e líquidos percolados, impedindo a infiltração de

poluentes nos aqüíferos adjacentes

- -

IncisoXVI

Implantar instalações de apoio às obras (sistemas de águas pluviais, abastecimento de água e esgotamento sanitário), de modo que

não afetem os recursos hídricos superficiais e subterrâneos

- -

Inciso XVIII

Informar IMA as áreas e/ou locais previstos para a retirada de materiais de empréstimo a

serem utilizados no fechamento e impermeabilização das células, acompanhadas

das características do material

- 180 dias