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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL JÂNIO BOMFIM DA SILVA DE SANTANA ANÁLISE DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO EM QUATRO MUNICÍPIOS DO RECÔNCAVO BAIANO ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2010. FEIRA DE SANTANA - BA 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JÂNIO BOMFIM DA SILVA DE SANTANA

ANÁLISE DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO EM

QUATRO MUNICÍPIOS DO RECÔNCAVO BAIANO ENTRE OS ANOS DE 2009 E

2010.

FEIRA DE SANTANA - BA

2010

1

JÂNIO BOMFIM DA SILVA DE SANTANA

ANÁLISE DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO EM

QUATRO MUNICÍPIOS DO RECÔNCAVO BAIANO ENTRE OS ANOS DE 2009 E

2010.

Monografia à ser apresentada à disciplina Projeto Final II

oferecida pelo Departamento de Tecnologia Universidade

Estadual de Feira de Santana ao curso de Graduação em

Engenharia Civil como requisito final para obtenção do

Grau de Bacharel em Engenharia civil.

Orientadora: Prof. Dr. Sandra Maria Furiam Dias

FEIRA DE SANTANA - BA

2010

2

JÂNIO BOMFIM DA SILVA DE SANTANA

ANÁLISE DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO EM

QUATRO MUNICÍPIOS DO RECÔNCAVO BAIANO ENTRE OS ANOS DE 2009 E

2010.

Monografia apresentada à disciplina Projeto Final II do Departamento de Tecnologia oferecida

ao curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana

como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana, Bahia, ___/___/2010.

_____________________________________

Prof. Drª. Sandra Maria Furiam Dias

Orientadora - UEFS

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________

Prof. Dr. Silvio Roberto Magalhães Orrico

Membro convidado – UEFS

_________________________________

Prof. MSc. Diogenes Oliveira Senna

Membro convidado - UEFS

3

Dedico este trabalho a todo (a) cidadão

(ã) comprometido (a) com o

desenvolvimento do Recôncavo baiano e

do mundo.

4

AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Deus do Universo que nos criou e deu-me forças para aqui chegar.

A minha família querida, meus pais pela base e criação, que me mostraram o quanto é

importante viver, meu irmão James, que me mostrou o jeito de encarar os obstáculos

encontrados na minha caminhada, e meus preciosos amigos que estão, e estiveram comigo

nesta jornada fantástica que é a vida, em destaque aos Sutras, Jonh, Albert, Rafa, Daniel,

Danilo, Beto, Vagner, Rhamon, Negão, Fabio, Wilson, Isaac, Kiko, Dr.José, Menino, vários

outros importantíssimos que esqueci no momento (amo a todos sem exceções).

Em especial a Aline Santana, minha linda amada que trouxe um sentimento tão

maravilhoso em minha vida, e deu-me a honra de amá-la. Sem esquecer a sua família

fantástica, beijos minha família sergipana, Oxente!

Enfim, aos professores e professoras do Curso de Engenharia Civil sem exceção, por me

direcionarem a um conhecimento de mundo e para o mundo, em especial a minha querida

orientadora Sandra Furiam, por colocar-me com os pés no chão e mostrar-me o que é um passo

após o outro.

Obrigado a todos.

5

RESUMO

Através desta pesquisa, podemos analisar o conhecimento dos Gestores municipais quanto uma

problemática que existe no País, que é a gestão de Resíduos de construção e demolição, tendo

como alvo quatro municípios do Recôncavo baiano entre os anos de 2009 e 2010. O principal

objetivo da pesquisa foi avaliar o nível de conhecimento dos gestores municipais segundo a

resolução do CONAMA N°307/2002 que estabelece diretrizes legais para o gerenciamento dos

resíduos de construção e demolição, fotografando os pontos de descartes irregulares em cada

município. O primeiro passo foi analisar a população de todo o recôncavo baiano para ter a

certificação de um expressivo resultado, pois a Bahia possui 417 municípios em que 96,4% dos

mesmos oferecem uma população abaixo de 100 mil habitantes (IBGE, 2007). Após essa parte

de levantamento de dados foram realizadas entrevistas com os gestores municipais e

responsáveis atuantes em cada município, conseguindo atrelar as entrevistas com o nível de

conhecimento dos entrevistados com a legislação CONAMA N°307/2002. O resultado da

pesquisa mostrou o descumprimento da legislação vigente, a percepção do grande descaso que

os municípios têm em relação aos RCDS e a quem os gerenciam nos municípios analisados,

além de ter a oportunidade de mostrar que os RCDS são resíduos preocupantes ao Meio

Ambiente, e devem ter o seu destino correto para minimizar impactos ambientais.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos de Construção e Demolição, Recôncavo baiano, Gestão.

6

ABSTRACT

Through this research it is analyze the knowledge of municipal managers as a problem exists ,

which is managing construction and demolition waste, targeting four municipalities of Bahia

Recôncavo between the years 2009 and 2010. The main purpose of the study was to evaluate

the level of knowledge of municipal managers according to the CONAMA resolution No.

307/2002 establishing legal guidelines for such management, and identify the poor

management of waste, photographing the points of irregular discharges in each municipality.

The first step was to analyze the population of the entire Recôncavo to have the certification of

an impressive result, for the Bahia has 417 municipalities in which 96.4% of them offer a

population below 100.000 inhabitants (IBGE, 2007). After this part of data collection

interviews were conducted with city managers and engineers responsible for operating in each

municipality, the coupling of getting interviews with the knowledge level of respondents with

the law CONAMA No. 307/2002. The great importance of the research was the finding that the

breach of legislation, see the great contempt that the government gives RCDS and whom the

municipal management, and to have the opportunity to show that the residues are RCDS

concern the nature and need to find their destination correct, and ensured that it will not bring

remarkable impacts on the environment.

KEYWORDS: Construction and Demolition, Recôncavo Bahia, Management.

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Organograma de fluxo de gestão de RCD..............................................................26

Figura 2 – Esquema de gestão do plano integrado de gerenciamento de RCD.......................28

Figura 3- Mapa do Recôncavo Baiano.....................................................................................35

Figuras 4 – Disposição de resíduos no município de Castro Alves.........................................38

Figuras 5 - Pontos de Entulho no município de Castro Alves.................................................39

Figuras 6 - Pontos de Entulho no município de Sapeaçu........................................................41

Figura 7 - Usina de Compostagem no município de Sapeaçu................................................41

Figuras 8 - Pontos de Entulho no município de Cruz das Almas..........................................43

Figuras 9 - Pontos de Entulho no município de Cruz das Almas............................................44

Figuras 10 – Antigo lixão do município de Santo Antônio de Jesus.......................................46

Figura 11 - Ponto de entulho no município de Santo Antonio de Jesus..................................47

8

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Municípios pertencentes ao recôncavo baiano e respectivas populações..........33

QUADRO 2 - Resumo dos dados coletados com entrevistas em Castro Alves, Sapeaçu, Cruz

das Almas e Santo Antonio de Jesus........................................................................................48

9

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CEAMA – Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Meio Ambiente.......39

CONAMA – Conselho Nacional do meio Ambiente..............................................................13

CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano............................................................46

DFRS – Disposição Final dos resíduos Sólidos.......................................................................46

EIA – Estudo de Impacto Ambiental........................................................................................30

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.............................................................15

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano...........................................................................46

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento......................................................................15

PGRCD – Programa de Gerenciamento de RCD.....................................................................27

PIB – Produto Interno Bruto.....................................................................................................19

RCD – Resíduos de Construção e Demolição...........................................................................13

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental.................................................................................30

RSM – Resíduo Sólido Municipal.............................................................................................24

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos.............................................................................................18

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12

1.1 JUSTIFICATIVA......................................................................................................14

1.2 OBJETIVOS..............................................................................................................15

1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................................15

1.2.2 Objetivos Específicos.............................................................................................15

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA...............................................................................16

2.1 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO.............................................16

2.1.1 Marco legal sobre RCD.........................................................................................17

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO RCD..........................................22

2.3 GERENCIAMENTO DE RCD...............................................................................24

2.4 LEGISLAÇÃO........................................................................................................28

3 METODOLOGIA......................................................................................................31

3.1 LOCAIS DA PESQUISA........................................................................................31

3.2 ESTUDO DA POPULAÇÃO..................................................................................32

3.3 TIPO DE PESQUISA..............................................................................................35

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................36

4.1 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCDS NO MUNICÍPIO DE

CASTRO ALVES..............................................................................................................36

4.2 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCDS NO MUNICÍPIO DE

SAPEAÇÚ.........................................................................................................................38

4.3 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCDS NO MUNICÍPIO DE CRUZ

DAS ALMAS....................................................................................................................40

4.4 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCDS NO MUNICÍPIO DE

SANTO ANTONIO DE JESUS........................................................................................43

4.5 RESUMO DOS RESULTADOS...............................................................................45

11

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................50

REFERÊNCIAS.............................................................................................................52

APÊNDICE 1 .................................................................................................................56

12

1. INTRODUÇÃO

O entulho da construção civil, independente de sua origem, leva à população inúmeros

problemas. A falta de recursos e até mesmo desconhecimento sobre o assunto nos países

subdesenvolvidos acarretam sérios problemas de gestão para com o RCD.

O estado da Bahia possui 96,4% de seus municípios com população até 100 mil

habitantes. Em geral, são esses municípios que apresentam dificuldades operacionais,

financeiras, pessoal capacitado para o Gerenciamento de seus Resíduos Sólidos. Pinto (1999)

estima que são gerados em média em cidades brasileiras cerca de 500 kg/hab.ano de resíduos

de construção e demolição. Esse fato implica que ações municipais para orientar o manejo

adequado desses resíduos sejam implementadas.

Segundo dados do IBGE, a população brasileira atual é de aproximadamente 170

milhões de pessoas, sendo que 137 milhões de pessoas vivem no meio urbano. Os danos

trazidos pelo mau uso do RCD, e pelo tratamento indiscriminado do mesmo, para a sociedade

vêem desde o descarte irregular até mesmo transformando-o em foco de transmissão de

doenças.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em Junho de 2002, lançou a

Resolução n0 307, que estabelece diretrizes legais para o gerenciamento eficaz do RCD.

Faz-se necessário salientar os grandes avanços que as políticas de gerenciamento de

resíduos de construção e demolição vêem obtendo, e com o crescente movimento de proteção

ao meio ambiente, novas resoluções ganham novos adeptos.

A despeito de tais resoluções, o Resíduo Sólido gerado pela construção civil atualmente,

ainda não é gerenciado adequadamente.

O gerenciamento de RCD, como previsto na resolução n0 307 do CONAMA nos artigos

70 e 8

0, é de responsabilidade do gerador. O município tem por obrigação elaborar o programa

de gerenciamento, estabelecendo diretrizes, técnicas e procedimentos para o exercício das

responsabilidades dos pequenos geradores. Os grandes geradores deverão elaborar projetos de

com objetivo de estabelecer os procedimentos necessários para manejo e destinação dos RCDS.

13

Tratar o RCD não é apenas uma questão de obrigação para aqueles que constroem ou

demolem, é uma responsabilidade social, ambiental e econômica. A economia de insumos,

geração de novos bens e empregos com essa política é um dos fatores de extrema importância

para incentivo à demanda de bens e serviços da construção civil e zelo para com os recursos

naturais.

14

1.1 JUSTIFICATIVA

A importância de estudos sobre um assunto tão pouco explorado como a gestão de

Resíduos de Construção e Demolição (RCD) justifica-se pela falta de análises sobre o tema em

regiões do interior da Bahia, como é o caso do Recôncavo baiano.

O setor da construção civil tem sofrido um impulso significativo nos últimos anos,

através de investimentos por parte do governo, como por exemplo, os programas de aceleração

do crescimento (PAC), projetos como Minha Casa, Minha vida, enfim, projetos que incentivam

o desenvolvimento do interior do estado da Bahia. Conseqüentemente a geração de resíduos de

construção e demolição aumentará, levando à população graves impactos sociais e ambientais

que podem ser evitados com uma boa gestão.

Justifica-se também, a realização da análise da gestão de RCD, visto a grande extensão

territorial da Bahia, aproxidamente 570 mil km2, composta por 417 municípios, sendo zoneada

para seu melhor controle estadual em território de identidade. O Recôncavo baiano está locado

na zona 21 denominada de Território de Identidade 21, Recôncavo, que engloba 21 municípios

de características semelhantes e localização próxima uma das outras.

A escassez de estudos sobre o tema e a falta de interesse por parte da administração

geram um desconforto muito grande para as pessoas que habitam estas áreas, inclusive para

aqueles que possuem um pouco de conhecimento sobre a gravidade da situação. Uma região

tão importante como o Recôncavo aiano, como muitas outras regiões, que possui 557.750

habitantes (IBGE, contagem realizada em 2007), com base em (PINTO, 1999) que nos fornece

uma variação de geração 230 a 660 Kg/hab.ano. Considerando uma geração de 500 kg/hab.ano

o Recôncavo Baiano, obtém-se uma geração de 278.875 toneladas/ano de resíduos de

construção e demolição, que podem ser encontrados dispostos a céu aberto, em rios, córregos,

ruas, ou seja, destinados á lugares irregulares, provocando fortes impactos ao meio ambiente.

Neste sentido estudos sobre a gestão de RCD em municípios como, Castro Alves,

Sapeaçu, Santo Antonio de Jesus e Cruz das Almas, justifica-se. Por estarem inseridos no

Recôncavo Baiano e contribuírem significativamente para o desenvolvimento do Estado.

15

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar a gestão dos resíduos de construção e demolição em quatro municípios do

Recôncavo Baiano entre os anos de 2009 e 2010.

1.2.2 Objetivos Específicos

Verificar o grau de conhecimento dos gestores municipais atuantes nas áreas em relação

ao RCD.

Observar os pontos de descarte irregular de RCD nos municípios.

Comparar a gestão dos RCDS realizados pelos municípios com as diretrizes

estabelecidas pela Resolução CONAMA n0 307/2002.

16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD)

O desenvolvimento tecnológico moderno, somado ao crescimento desordenado das

cidades de pequeno e médio porte têm provocado vários problemas devido ao grande volume

gerado de resíduos de construção e demolição (PINTO, 2001).

Devido ao rápido processo de urbanização das cidades, a construção civil tem exercido

um papel fundamental na economia do Brasil e, aliado a isso, tem gerado problemas que são

causados, principalmente, pelo alto volume de resíduos que essa atividade gera. Geralmente a

quantidade de resíduos gerados é diretamente proporcional ao grau de desenvolvimento de uma

cidade, resultado das maiores atividades econômicas e dos hábitos de consumo decorrentes.

(SCHNEIDER, 2003, p. 45).

Na maioria dos centros urbanos brasileiros, os resíduos de atividades construtivas já

representam um grave problema que se agrava cada vez mais com o crescente adensamento dos

municípios e, somado à falta de espaço para a destinação final desses resíduos, se tornam

problema de saúde pública e causador de grandes impactos ambientais (CARNEIRO, 2004).

Em 1987, surge então o conceito de desenvolvimento sustentável no Relatório de

Brundtland, citado como um modelo de desenvolvimento que tem em vista não apenas o

momento atual, mas também de garantir condições para o desenvolvimento das próximas

gerações. Isso fez com que grande parte de sociedade se tornasse cada vez mais exigente em

relação ao meio ambiente (CARNEIRO apud ONU, 1987).

As atividades ultimamente desenvolvidas pela sociedade são potencialmente geradoras

de impactos ambientais negativos, que vão desde o consumo descontrolado de recursos naturais

até situações alarmantes de poluição.

A produção de consideráveis volumes de materiais de construção e a atividade de

canteiro, construção, manutenção e demolição são responsáveis por cerca de 20 a 30% dos

resíduos gerados por países membros da União Européia (MURAKAMI et al. 2002). Este

percentual corresponde a um valor compreendido entre 221 e 334 milhões de toneladas por ano

17

(VAZQUEZ, 2001). Nos EUA, segundo a agência ambiental americana, são gerados

aproximadamente 136 milhões de toneladas de RCD por ano (EPA 1998).

Os resíduos de construção e demolição consistem em materiais pesados e de grande

volume, que quando depositados indiscriminadamente são verdadeiros focos para depósitos de

outros tipos de resíduo, que podem gerar contaminações devido à lixiviação ou solubilização de

certas substâncias nocivas. Ou ainda, os próprios resíduos de construção e demolição podem

conter materiais de pintura ou substâncias de tratamento de superfícies, entre outras, que podem

se disseminar pelo solo, contaminando-o (OLIVEIRA, 2003, p.10).

A indústria da construção civil, da mesma forma que outras tantas atividades industriais,

também é responsável por diversos impactos ambientais negativos. Por estar

predominantemente inserida dentro dos limites urbanos, seus resíduos são considerados parte

dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos). Sabe-se que a construção civil tem uma importante

representação mundial no consumo de recursos naturais bem como na geração de impactos

ambientais. Ela abrange desde a fabricação de cimento e liberação de gás carbônico na

atmosfera até a deposição de resíduos em aterros. De acordo com Pinto (1999), há agravantes

para os resíduos de construção e demolição: o desconhecimento dos volumes gerados (em

algumas cidades brasileiras representam mais da metade do total de RSU, dos impactos que

eles causam, dos custos sociais envolvidos e, inclusive, das possibilidades de seu

reaproveitamento.

Segundo Moraes (2006) o índice internacional da geração per capita de RCD varia entre

130 e 3000 kg/hab.ano. Tratando-se de Brasil, o autor mostra que a variação é de 230 a 730

kg/hab.ano e ainda considera que a massa de RCD gerados nas cidades é igual ou maior a

massa dos resíduos domiciliares.

2.1.1 Marco legal sobre RCD

As diretrizes e procedimentos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente

- CONAMA, em sua Resolução Nº 307, de julho de 2002 foram um importante avanço na

gestão dos resíduos provenientes de atividades construtivas. As informações sobre a geração e a

destinação de RCD no Brasil são escassas, mas a participação no Produto Interno Bruto do

18

setor de atividade da qual se originam, é significativa, aliás, como em outras partes do mundo:

no Brasil, em 2002, correspondeu a cerca de 8 % do PIB (CBIC 2003).

No que se refere aos resíduos provenientes de atividades da indústria da construção

civil, somente a partir de janeiro de 2003, quando entrou em vigor a Resolução nº 307 do

CONAMA, é que se passou a ter um dispositivo legal capaz de tratar questões específicas dos

RCD. Tal Resolução estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos

de construção, definindo e ressaltando a responsabilidade do gerador sobre os seus resíduos.

Dentre os muitos aspectos tratados pela Resolução nº 307 do CONAMA, pode-se destacar

alguns pontos:

• a classificação dos resíduos da construção de acordo com o seu potencial para reutilização e

reciclagem (Art. 3º);

• a proibição da disposição dos resíduos da construção em aterros de resíduos domiciliares (Art.

4º);

• a obrigatoriedade da elaboração, como instrumento de gestão dos resíduos de construção, do

Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (Art. 5º), o qual deverá

incorporar:

- Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado,

implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito Federal, e deverá estabelecer

diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos

geradores (Art. 7º);

- projetos de gerenciamento dos resíduos da construção civil, que deverão ser elaborados e

implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo estabelecer os procedimentos

necessários para manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos (Art. 8º).

Segundo Meireles (2008), os gestores municipais devem priorizar o desenvolvimento

do Plano Integrado de Gerenciamento e os aplicar com seriedade, de maneira contínua e eficaz.

Essa ação minimizará custos com a remediação dos impactos causados pelas chuvas, como as

inundações que causam inúmeros prejuízos econômicos à população e às diversas atividades

produtivas, acidentes de trânsito e doenças, como a leptospirose, que ocorrem nestas situações.

Estudos sobre as capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre,

mostram a escassez de informações sobre o manejo de RCDs, e a necessidade de um plano de

19

gestão de RCDS em tais municípios se agrava não apenas para empresários, construtores civis,

mas sim para a toda a população (MEIRELES, 2008).

De acordo com as análises da gestão de RCDS em Belo Horizonte segundo

MEIRELES (2008), observou-se pontos positivos e negativos, dentre os quais destacou-se a

existência de Centros de apoio que auxiliam na fiscalização da gestão do RCD municipal.

Porém o sistema de transportadores não é cadastrado apesar da legislação que rege a atividade e

também o plano de gerenciamento municipal ainda está sendo elaborado.

Em Porto Alegre (MEIRELES, 2008), obteve-se o conhecimento de que o projeto de

gerenciamento dos RCDS ainda não foi aprovado, inexiste um plano para tal gerenciamento.

Também não existe um cadastramento de transportadores de RCD, além de não possuir pontos

de descarte de entulho para os pequenos geradores.

Na capital baiana, o plano de gerenciamento de RCDs não está implantado, sendo

encontrados diversos pontos de descarte irregular nas ruas da cidade de Salvador. A prefeitura

absorve cerca de 56% dos custos de transporte dos RCDS e 100% do custo de

disposição(MEIRELES, 2008).

Em São Paulo, observou-se pontos positivos como a existência de um plano de

gerenciamento sustentável de entulho, com a prefeitura agindo de maneira punitiva em relação

aos descartes irregular dos RCDs. Porém, há pontos negativos também como por exemplo

numero elevado de transportadores clandestinos de RCDs, e um numero reduzido de áreas

cadastradas para disposição do RCDs (MEIRELES, 2008).

De acordo com sua origem, os RCDs podem ser classificados em:

• Material de escavação, podendo ser ainda classificados em contaminados e não

contaminados;

• Restos de materiais oriundos de construção de estradas;

• Restos de materiais provenientes de obras de construção de edifícios, os quais incluem todos

os materiais relativos às atividades de construção, renovação ou demolição de edifícios

(KARTAM et al., 2004).

20

Os RCDs são classificados quanto ao seu potencial de reciclagem, segundo a Resolução

nº 307 do CONAMA, em quatro classes distintas:

Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-

estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações – componentes cerâmicos

(tijolos, blocos, telhas, etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos

etc.), produzidas nos canteiros de obras.

Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.

Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis, que permitam a sua reciclagem/recuperação, a exemplo dos

produtos oriundos de gesso.

Classe D - são os resíduos perigosos, oriundos do processo da construção, tais como tintas,

solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados, oriundos de demolições, reformas e

reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

A fração mineral é predominante na composição dos RCD, porém vale ressaltar que o

entulho apresenta características bastante peculiares. Existe uma grande diversidade de

técnicas, matérias-primas e metodologias, aplicadas na construção civil que afetam de modo

significativo, as características dos resíduos gerados, principalmente quanto à composição e à

quantidade. Portanto, o nível de desenvolvimento da construção local reflete-se nas

características dos materiais constituintes do entulho, ou seja, a caracterização desse resíduo

está condicionada a parâmetros da região de origem (CARNEIRO et al., 2004).

De acordo com a norma da ABNT NBR 10004 (2004) – ―Resíduos Sólidos –

Classificação‖, os RCD podem ser classificados como inertes (Classe II-b), uma vez que

quando submetidos a testes de solubilização os mesmos não apresentam nenhum de seus

constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. No

entanto, existem algumas exceções, como é o caso do gesso, que é considerado um resíduo não

inerte (Classe II-a), e os resíduos de tintas, solventes e óleos, considerados resíduos perigosos

(Classe I). Tal classificação é de grande importância para que os resíduos possam receber o

tratamento e destinos adequados, sem resultar em riscos ambientais.

21

Os resíduos oriundos de atividades construtivas são normalmente gerados em grandes

volumes, representando assim uma parcela significativa dos RSU. Também no Brasil a análise

de alguns dos documentos produzidos nos últimos anos revela que ainda subsiste uma séria

carência de informações sobre as completas características dos RSU, o que pode comprometer

as proposições realizadas. E a carência de informação mais nítida é justamente sobre a efetiva

presença dos RCD (PINTO, 2001).

Não existem levantamentos precisos que permitam deduzir a exata produção dos

diversos agentes atuantes na construção, o que impossibilita uma análise global do volume de

RCD gerado nas áreas urbanas brasileiras (PINTO, 1999).

A atividade da construção civil, longe de ser insignificante, é um dos maiores geradores

de RCD em áreas urbanas, sendo desenvolvida quase sempre de maneira informal e, pela

diversidade dos serviços executados, dificilmente pode ser mensurada em área construída.

(PINTO, 1999).

Inexistindo soluções para a captação dos RCD gerados nessas

atividades construtivas, inevitavelmente, seus geradores ou os pequenos

coletores que os atendem, buscarão áreas livres nas proximidades para efetuar a

deposição dos resíduos. Havendo ou não a aceitação da vizinhança imediata,

essas áreas acabam por se firmar como sorvedouros dos RCD, num ―pacto‖

local, atraindo, por fim, todo e qualquer tipo de resíduo para o qual não se

tenha solução de captação rotineira. A inexistência de solução impõe a rotina

da correção pela administração pública, num processo cíclico que não pode ser

interrompido. (PINTO, 1999, p. 47)

A característica típica das deposições irregulares resultantes da inexistência de soluções

para a captação dos RCD é a conjunção de efeitos deteriorantes do ambiente local:

comprometimento da paisagem, do tráfego de pedestres e de veículos, da drenagem urbana,

atração de resíduos não-inertes, multiplicação de vetores de doenças e outros efeitos.

A Constituição Federal anuncia que ao Poder Público cabe a prestação dos serviços,

diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação (Art. 175) e

essas figuras jurídicas são disciplinadas pelas Leis Federais 8.987/95 e 9.074/95 (PINTO apud

MUKAI, 1997).

22

Atualmente a construção civil é um gerador assíduo de RCD, e a solução para tal

problema em 2002, foi imposta aos geradores e responsáveis por tal resíduo, através da

RESOLUÇÃO CONAMA N0

307, que estabelece diretrizes para um gerenciamento

responsável desse resíduo.(TERRAPLENA, 2009).

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO RCD

A definição encontrada na Resolução CONAMA No01/1986,

para impactos é a

seguinte:

―Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas

do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou

energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente afetem a saúde, a segurança e o bem estar da

população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as

condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos

recursos naturais” (CONAMA, 1986).

A construção civil é considerada o termômetro da economia do país, além de ser reflexo

de desenvolvimento, ela é uma grande consumidora de recursos naturais e, conseqüentemente,

geradora de resíduos. (LEITE, 2005).

A indústria da construção civil, em seu processo de produção gera perdas estimadas em

150 kg de RCD por m2, segundo AGOPYAN, 2000. O impacto em áreas urbanas é bastante

significativo, provocando deterioração no meio ambiente, originando deposições irregulares,

bota-fora ou aterros inertes, que se esgotam rapidamente.

Dentre os diferentes impactos ambientais causados pelo setor da construção, destaca-se

a geração de significativa quantidade de resíduos sólidos, comumente denominados de RCD.

Contudo, a realização de iniciativas na esfera legislativa falha no sentido de não estabelecer um

conjunto de parâmetros visando a diminuição da geração de resíduos ou a reciclagem na

própria obra. (SIC, 2009).

23

Nesse contexto de impactos ambientais causados pelo homem encontramos o caso dos

resíduos sólidos, problemática que vem acentuando-se (BARKOKEBAS, 2002). No Brasil, os

estudos sobre resíduos sólidos começaram a aparecer somente há algumas décadas, quando

estes já tinham se tornado modificador da qualidade de vida da população.

Os impactos ambientais trazidos pela deposição irregular do RCD são diversos. Há uma

desvalorização imobiliária das áreas próximas a deposição clandestina e essas áreas se

transformam em pequenos lixões por acabarem atraindo todo e qualquer tipo de resíduos,

inclusive o resíduo sólido municipal (RSM), que expõe a população a riscos de saúde pela

proliferação de vetores como, ratos, baratas, escorpiões (PINTO, 1999).

O motor que impulsiona os fluxos de materiais e energia é a constante busca por maior

crescimento econômico (ROLNIK 1988; FURTADO 2000), e estes são acelerados pelo

desenvolvimento da ciência e tecnologia.

O avanço da técnica possibilita a redução dos tempos de concepção, produção e entrega

de produtos e serviços que é uma maneira de obter ganhos de produtividade e

conseqüentemente de reduzir custos para gerar novos excedentes de produtividade

(SCHNEIDER,2003).

O caminho para a sustentabilidade da construção urbana passa necessariamente pela

gestão dos resíduos gerados pelas atividades de construção, demolição e movimentação de

solos (RCD). Na fase de execução de obras gera-se, comumente, expressiva massa de RCD e a

gestão dos resíduos surge como importante aliado na racionalização do uso de recursos naturais

e de mão-de-obra, havendo limites impostos pelas escolhas realizadas nas fases de concepção e

projeto (ANAB, 2009).

As práticas de destinação dos RCD atualmente empregadas são os lixões a céu aberto,

aterros controlados ou sanitários, levando assim ao desperdício de um recurso limitado, o solo,

por tempo indeterminado. No entanto, na prática, o que se vê é que grande parte dos RCD

gerados são dispostos clandestinamente pelas empresas responsáveis por seu transporte e pelos

coletores informais em locais inadequados, como terrenos baldios, margens de mananciais,

24

calçadas e terrenos particulares. Uma parcela dessas deposições irregulares surge em virtude da

distância cada vez maior dos aterros da zona urbana. (BARKOKÉBAS,2002).

A característica típica das deposições irregulares, resultantes da inexistência de soluções

para a captação dos RCD, é a conjunção de efeitos deteriorantes do ambiente local:

comprometimento da paisagem, do tráfego de pedestres e de veículos e da drenagem urbana,

atração de resíduos não-inertes, multiplicação de vetores de doenças e outros efeitos.

(VAZQUEZ, 2001).

2.3 GERENCIAMENTOS DE RCD

O entulho tem uma grande vantagem de apresentar elevado potencial de reciclagem,

podendo ser utilizado como matéria prima para produção de materiais de construção. Reciclar o

entulho, independentemente do uso que lhe for dado, apresenta vantagens, tais como:

• redução dos impactos ambientais e sociais do descarte inadequado e de suas conseqüências

negativas (alagamentos, deslizamento de encostas, proliferação de vetores de doenças,

poluição, entre outras);

• otimização do uso dos aterros;

• transformação de uma fonte de despesa numa fonte de faturamento ou, pelo menos, de

redução das despesas de deposição;

• redução de custos no orçamento municipal, pois um programa de gestão e reciclagem,

geralmente, apresenta custos inferiores aos da gestão corretiva;

• substituição, em grande parte, dos agregados naturais empregados na produção de concreto,

argamassa, blocos, tijolos, pavimentos, entre outras aplicações;

• redução dos custos de aquisição de matéria-prima e preservação das reservas naturais, devido

à substituição de materiais convencionais — areia e rocha britada;

• criação de uma alternativa para mineradoras, que estão, cada vez mais, sujeitas a restrições

ambientais, tendo de se instalar em locais distantes dos centros urbanos;

• geração de emprego e renda e criação de novas oportunidades de negócios;

• redução do consumo de energia e da geração de CO2 na produção e transporte dos materiais;

• produção, em muitos casos, de materiais com melhores características tecnológicas;

25

• produção de materiais de menor custo, com redução do preço final das habitações e de obras

de infra-estrutura (vias, drenagem, elementos pré-moldados, etc.).

• contribuição no desenvolvimento de ações dirigidas à minimização dos resíduos e ao

gerenciamento ambiental;

• vinculação a ações de educação ambiental e participação comunitária, necessárias para a

implantação da reciclagem.

O gerenciamento dos resíduos oriundos da construção e demolição não deve ter ação

corretiva, mas sim uma ação educativa, criando condições para que as empresas envolvidas na

cadeia produtiva possam exercer suas responsabilidades sem produzir impactos socialmente

negativos (Schneider, 2000).

Figura1. Organograma de fluxo de gestão do RCD.

Fonte: (Pinto,2001).

O poder público deve preservar seu papel de agente gestor do sistema implantado,

criando estruturas gerenciais adequadas e renovando os procedimentos de informação e de

fiscalização, de modo a resguardar a permanência dos novos paradigmas de gestão (PINTO,

2001).

Na gestão dos RCD observa-se que a qualidade do ambiente urbano é comprometida

tanto pela ação do próprio gerador quanto pela inexistência ou ineficiência dos serviços de

coleta e pela disposição inadequada desses resíduos (lixões a céu aberto, terrenos baldios, etc.).

Por isso o que chama a atenção na gestão dos RCD é a inter-relação entre o ambiente da

geração dos resíduos e aquele da sua movimentação, desde a coleta até a disposição final

(BRITO FILHO, 1999).

26

A técnica atual utilizada e recomendada para a disposição final dos resíduos urbanos é o

aterro sanitário, embora, para comunidades de até 20.000 habitantes, possa ser construído o

chamado aterro controlado (BRASIL, 1979).

Há, ainda, um interesse expressivo de empreendedores privados para a abertura de

novos e rentáveis negócios nas atividades de triagem e reciclagem. (MINISTÉRIO DAS

CIDADES, 2006).

Segundo MARQUES, 2009 o aprimoramento da consciência ambiental dos

funcionários participantes do programa ocorre com sensibilização sobre a o problema

encontrado, pois este deve ser compartilhado com todos os níveis da sociedade. E a Indústria da

Construção Civil, grande empregadora de mão-de-obra, deve estar proporcionando aos seus

empregados educação ambiental por meio do PGRCD.

Várias técnicas podem ser adotadas para a conscientização dos trabalhadores,

entretanto, a fixação da divisão das classes dos resíduos tem fundamental importância na fase

de implantação de um programa de gestão para garantir a eficácia da segregação. (LINHARES,

2007).

Para os pequenos municípios, onde até mesmo as usinas de menor escala tornam-se

inviáveis, existe a opção dos consórcios municipais, onde os municípios se unem para a

implantação de uma única usina de reciclagem com utilização em conjunto. Porém, a

viabilidade da realização dos consórcios municipais está diretamente relacionada às distâncias

entre os municípios participantes do consórcio, dada a importância dos custos de transporte,

sendo possível apenas para municípios muito próximos (VAZ, 1994).

Tarcisio de Paula Pinto (apud CARNEIRO; BRUM; CASSA 2001) chega a conclusão

de que os municípios não possuem estrutura que garantam um bom gerenciamento do tão alto

volume de RCD gerado atualmente e nem para controlar os impactos gerados pelos mesmos.

27

Figura 2. Esquema de gestão do plano integrado de gerenciamento de RCD.

Fonte: Pinto, 2001.

28

2.4 LEGISLAÇÃO

A existência de uma legislação firme e cuja aplicação seja bem fiscalizada tem trazido

benefícios evidentes na gestão de resíduos. No Brasil, o cenário modificou-se com a publicação

da Resolução no307 do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) em 2002 e de uma

série de normas regulamentadoras sobre o gerenciamento e o reaproveitamento de RCD a partir

de 2004. Essa resolução, que já está em vigor, impõe obrigatoriedades tanto para os municípios

quanto para os grandes geradores como as construtoras, que devem elaborar programas de

gerenciamento de resíduos da construção civil. Atualmente, há leis e regulamentações federais,

estaduais e municipais que tratam do assunto. Até mesmo agentes financiadores da construção

têm exigido que requisitos dessa Resolução sejam atendidos para a liberação de financiamento

da construção civil.

DISPOSITIVOS LEGAIS

Lei Federal no 6.938, de 31/08/81 e Decreto Federal no 99.274, de 6/6/90 – institui a

Política Nacional do Meio Ambiente e trata da obrigatoriedade de licenciamento ambiental;

Lei Federal no 10.257, de 10/7/01 – dispõe sobre política urbana e estatuto da cidade.

Trata da elaboração do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) para obtenção de

licenças ou autorização de construção, ampliação ou funcionamento de empreendimentos em

área urbana;

Lei Federal no 9.985, de 18/7/00 – Regulamenta o artigo 225, parágrafo 1o, incisos I, II,

III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza e dá outras providências. Salienta que existem diplomas legais específicos relativos a

cada unidade de conservação (UC) existente, os quais devem ser consultados.

Lei Federal no 9.785, de 29/1/99 – dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e

apresenta restrições voltadas à proteção do meio ambiente;

Lei no 9.605, de 12/2/98 – Lei de Crimes Ambientais dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

29

Lei no 10.295, de 17/10/2001 – dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso

Racional de Energia e dá outras providências.

RESOLUÇÕES DO CONAMA

CONAMA nº 307

O destaque entre os elementos apontados é a Resolução CONAMA nº 307, que define,

classifica e estabelece os possíveis destinos finais dos resíduos da construção e demolição,

além de atribuir responsabilidades para o poder público municipal e também para os

geradores de resíduos no que se refere à sua destinação.

CONAMA nº 001

A Resolução do Conama no 001, de 23/1/86 – trata da apresentação do Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no licenciamento

ambiental, para a instalação de obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa

degradação do meio ambiente;

NORMAS TÉCNICAS

As normas técnicas, integradas às políticas públicas, representam importante

instrumento para a viabilização do exercício da responsabilidade para os agentes públicos e os

geradores de resíduos.

Para viabilizar o manejo correto dos resíduos em áreas específicas, foram preparadas as

seguintes normas técnicas:

Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem –

Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15112:2004 – possibilitam o

recebimento dos resíduos para posterior triagem e valorização. Têm importante papel na

logística da destinação dos resíduos e poderão, se licenciados para esta finalidade, processar

resíduos para valorização e aproveitamento.

Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para

projeto, implantação e operação – NBR 15113:2004 – solução adequada para disposição dos

30

resíduos classe A, de acordo com a Resolução CONAMA nº 307, considerando critérios para

reservação dos materiais para uso futuro ou disposição adequada ao aproveitamento posterior

da área.

Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto,

implantação e operação – NBR 15114:2004 – possibilitam a transformação dos resíduos da

construção classe A em agregados reciclados destinados a reinserção na atividade da

construção.

A falta de observância da legislação poderá resultar na restrição ao crédito oferecido por

instituições financeiras que exigem tais qualificações como critério de seleção para seus

tomadores de curso. (PINTO, 2005).

Com a implementação deste programa, as construtoras têm a oportunidade de aumentar

a sua competitividade através da redução de desperdícios, melhorar a formação de

profissionais, materiais e utilizar componentes de melhor qualidade, além de se adequar às

Normas técnicas (BRASIL, 2006).

O exercício das responsabilidades pelo conjunto de agentes envolvidos na geração,

destinação, fiscalização e controle institucional sobre os geradores e transportadores de

resíduos está relacionado à possibilidade da triagem e valorização dos resíduos que, por sua

vez, será viável na medida em que haja especificação técnica para o uso de agregados

reciclados pela atividade da construção. (PINTO, 2001).

31

3 METODOLOGIA

3.1 LOCAIS DA PESQUISA

Os locais onde foram feitas as análises de gestão de RCDS são municípios que se

localizam no recôncavo baiano. Na tabela 1 encontram-se descritos 21 municípios baianos, de

semelhantes características culturais e econômicas, além de estarem próximas geograficamente.

Na figura 3 podemos ter a localização geográfica da referida região que possui 21a posição da

divisão dos Territórios de Identidade.

Para melhor administração de um grande estado como a Bahia, o governo da Bahia

subdividiu o estado em Territórios de Identidade. A divisão dos municípios se fez através de

semelhanças entres os mesmos, como localização geográfica, aspectos culturais, dentre outras

características.

O Recôncavo baiano possui um aspecto histórico muito importante, e de acordo com

(SEI, 2007), tem uma participação de 9,09% do PIB baiano, e a Bahia está com 4,1% do PIB

Nacional ocupando o sexto lugar no ranking nacional. A superintendência dos estudos

econômicos e sociais da Bahia mostra que o recôncavo baiano ocupa o segundo maior PIB do

Estado, atrás apenas da Região Metropolitana.

Para a pesquisa foram escolhidos quatro municípios, Castro Alves, Cruz das Almas,

Sapeaçú e Santo Antonio de Jesus. Esses municípios foram escolhidos por motivos como

distância da cidade de Feira de Santana, o conhecimento a partir dos pesquisadores que

ajudaram na comunicação e mobilidade dentro dos municípios, economizando tempo para

identificar as áreas de prováveis descartes irregulares.

32

Quadro 1. Municípios pertencentes a região Recôncavo Baiano com sua respectiva

população

N Município População (hab.) 1 Dom Macedo Costa 3 809 hab.

2 Muniz Ferreira 6 990 hab.

3 Varzedo 9 054 hab.

4 Saubara 11 051 hab.

5 São Félix 15 302 hab.

6 Sapeaçu 16 518 hab.

7 Cabaceiras do Paraguaçu 17 502 hab.

8 Conceição do Almeida 17 684 hab.

9 Governador Mangabeira 19 828 hab.

10 São Felipe 20 265 hab.

11 Castro Alves 24 437 hab.

12 Nazaré 26 506 hab.

13 Muritiba 27 212 hab.

15 São Francisco do Conde 29 829 hab.

16 Cachoeira 32 252 hab.

17 São Sebastião do Passé 40 321 hab.

18 Maragogipe 42 079 hab.

19 Cruz das Almas 54 827 hab.

20 Santo Amaro 58 028 hab.

21 Santo Antônio de Jesus 84 256 hab.

Fonte: IBGE, Contagem da População 2007.

As principais características dos municípios escolhido estão descritas a seguir.

CASTRO ALVES

Cidade localizada a aproximadamente 200 km da capital baiana e 150 km de Feira de

Santana teve emancipação política dia 22/06/1895. Sua extensão territorial é de 764 km², possui

uma população de 24.437 habitantes. Sua principal atividade econômica atualmente é a de

extração mineral, mais precisamente de pedras, para confecção de agregados para construção

civil, a agricultura de frutas como banana e laranja, e cultivo de mandioca, fumo, além de

avicultura.

33

SAPEAÇÚ

Localizada a aproximadamente 160 km da Cidade de Salvador e 90 km de Feira

Santana, possui uma extensão territorial de 126 Km2, a cidade nasceu em 1953. Atualmente

como os demais municípios do Recôncavo Sul, passa por um crescimento na parte econômica,

por investimentos do governo na parte da agroindústria na região e como principal economia

tem-se agricultura (laranja, banana e mandioca).

SANTO ANTONIO DE JESUS

O município com maior número de habitantes do recôncavo baiano, de acordo com

IBGE, 84.256 habitantes, possui uma extensão territorial de 259, 213 km2. A cidade dista

aproximadamente 99 km de Salvador e 180 km de Feira de Santana. Possui uma economia

voltada para o comércio, onde consegue atender com eficiência quase toda a região, como as

cidades de Valença, Conceição do Almeida, Dom Macedo Costa, dentre outras. Além do

comércio muito forte na região, sua agricultura tem grande produção de amendoim e limão e

laranja. Na pecuária o município conta com criadores de bovinos e muares. No setor de bens

minerais, é produtor de areia e argila. Tem uma grande possibilidade de atrair investimentos do

governo para o crescimento do município, acarretando possíveis gerações de resíduos.

CRUZ DAS ALMAS

Cidade habitada por um alto número universitários, por razão da extensão da

Universidade Federal de Bahia, atualmente chamada de Universidade do Recôncavo, distando

75 km de Feira de Santana e 146 km de Salvador, possui uma extensão territorial de 150, 903

km², e abriga 54.827 habitantes. Cruz das Almas é uma cidade centrada em minifúndios, com

destaques na plantação de fumo, laranja e mandioca. Este primeiro emprega cerca de 20% da

população, sendo que 85% desse total são do sexo feminino. O comércio da cidade é bem

diversificado e encontra-se em franco desenvolvimento, o que representa o forte da economia

local, sendo o segundo setor que mais emprega no município. A rede de abastecimento é

34

integrada por supermercados de pequeno, médio e de grande porte (hipermercado) que suprem

as necessidades da população.

Figura 3. Mapa do recôncavo baiano

Fonte: Coordenação Estadual dos terrritórios- CET, 2007.

35

3.2 TIPOS DE PESQUISA

COLETA DE DADOS

Observação de Campo

A resolução CONAMA no307/2002 explicita em seu artigo sexto o que deverá constar

no plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil. Como a pesquisa tem um

cunho de análise municipal é de muito interesse saber se as cidades estão seguindo um plano de

gerenciamento, ou até mesmo se existe um plano e o que fazem com os resíduos que produzem

tanto em obras realizadas pela prefeitura como também por algumas empresas que estão

realizando alguma construção em cada município.

A observação de campo foi feita através de fotografias dos locais onde estão sendo feito

um descarte irregular.

ENTREVISTA

Os formulários foram elaborados com base em entrevistas realizadas por

(BRASILEIRO, 2008), e a resolução CONAMA 307/2002. O formulário para as pessoas que

foram entrevistadas encontra-se no Apêndice 1.

As questões envolveram itens sobre o manejo dos resíduos de construção e demolição

reciclados nas obras dos municípios como um todo, envolvendo segregação, triagem

armazenamento, transporte, destinação final e custo.

ANÁLISE DOS DADOS

A regulamentação da gestão de RCD obedece ao disposto em legislação específica, a

Resolução Conama no307, de 2002. Este diploma estabelece o regime das operações de gestão

de RCD, compreendendo a sua prevenção e reutilização e as suas operações de coleta,

transporte, armazenagem, triagem, possíveis tratamentos, descarte regular.

A avaliação dos resultados mostrou desconhecimento dos acontecimentos reais em

relação a gestão de RCD em cada município analisado, podendo ser útil para alertar a

população e a própria administração das obras municipais e privadas.

36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCD NO MUNICÍPIO DE CASTRO

ALVES

O Sistema de limpeza urbana do município de Castro Alves é de responsabilidade da

Secretaria de Obras e Infra-estrutura. Sendo levada a responsabilidade de dimensionamento das

equipes de coleta dos resíduos ao diretor municipal, que designa os grupos de funcionários para

as coletas de acordo com os tipos de resíduos gerados (doméstico ,podas, varrição e RCD). O

municipio não passa por grandes avanços na área de construção civil, e mesmo assim, de

acordo com secretário de Obras e Infraestrutura gera 240 m3

de RCD por mês.

Através da entrevista realizada aos gestores do município, foi constatado que os

mesmos não tinham o conhecimento da Resolução CONAMA N0307/2002. Castro Alves não

possui um programa de gestão de RCD e também não se encontra no município áreas

cadastradas para destinação final desse tipo de resíduo.

Os RCD estão sendo coletados separadamente do lixo doméstico, porém a destinação

dos dois tipos de resíduos estão sendo o ―Lixão‖ da cidade, que encontra-se sob condições

irregulares diferente do que há previsto pela Resolução 307/2002 do COMANA como visto nas

figuras 4 e 5.

Figuras 4. Disposição dos resíduos no município de Castro Alves.

Para os gestores municipais entrevistados foi muito difícil conceituar RCD no momento

da entrevista, deixando clara a falta de interesse sobre os resíduos de construção e demolição.

37

Nas ruas das cidades de Castro Alves é nítido o descaso para com o entulho da construção civil,

observando-se pontos de destino clandestino, conforme figuras 5.

Figuras 5. Pontos de Entulho no município de Castro Alves.

Em 2006, o CEAMA (Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Meio

Ambiente), elaborou laudos técnicos mostrando como estava a situação do lixo em cada

município da Bahia. O órgão propôs melhorias e estabeleceu prazos para que os responsáveis

agissem de forma legal diante dos problemas encontrados. O laudo mostra toda a ação que

deveria ser feita, porém o descaso encontrado atualmente com o entulho na cidade é relevante.

Os recursos que servem como fonte de arrecadação para limpeza publica nos municípios

baianos como IPTU, por exemplo, em Castro Alves segundo secretário municipal, não é

suficiente para cobrir as despesas com a limpeza do município. A solução encontrada foi

utilizar o investimento federal, o FPM (fundo de participação dos municípios), investimento

relacionado com número de habitantes do município.

38

4.2 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCD NO MUNICÍPIO DE SAPEAÇÚ

Sapeaçú é um município com 16.518 habitantes, com área de aproximadamente de 126

Km2

(IBGE), e gera mensalmente 120 m3 de RCD por mês segundo a Secretaria Municipal de

Obras e Infra-estrutura. O próprio secretário municipal gerencia os Resíduos tanto domésticos

quanto de construção e demolição sem qualquer auxílio de diretores, então o mesmo

dimensiona as equipes coletoras de acordo com os tipos de resíduos (lixo doméstico, podas e

entulhos de construção).

O município, segundo Secretário de Obras e Infra-estrutura, não dispõe de áreas

cadastradas para a destinação de RCD, como previsto na Res. CONAMA n0307/2002, e

também não possui um programa específico para gestão de RCD. Notou-se durante a entrevista

que o conhecimento sobre o conceito de RCD pelo gestor municipal era limitado, obtendo o

conhecimento de tal resolução após a entrevista.

Os resíduos sólidos do município são levados para o aterro municipal de Cruz das

Almas, que recebe não apenas os resíduos de Sapeaçu como também de outros municípios,

segundo o secretário.

O entrevistado relatou também de que não há separação de RCD com os demais

resíduos, chegando todos juntos ao município de Cruz das Almas.

No decorrer da entrevista foi perceptível que o Secretário não soube responder de onde

chegavam os recursos para limpeza publica do município, porém é disponibilizado por mês

cerca de 20 mil reais para o gerenciamento do lixo da cidade. Isto sendo verba para todos os

tipos de resíduos gerados pelo município inclusive os RCD.

A situação do município de Sapeaçú em relação a gestão de RCD está distante do que se

pede a Legislação, a destinação clandestina e irregular é comum em todo perímetro municipal,

como mostrado nas figura 6.

39

Figuras 6. Pontos de entulho em Sapeaçu.

O município também em 2006 foi avaliado pelo Ministério publico, através do CEAMA

e também recebeu o laudo com as exigências de melhorias legais e coerentes com a realidade

do município.

Um ponto positivo encontrado no município de Sapeaçú em relação a coleta dos

resíduos foi o cadastramento de uma área de recepção de lixo orgânico que passam pelo

processo de compostagem, figura 7.

Figura 7. Usina de Compostagem do município de Sapeaçú.

40

4.3 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCD NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS

ALMAS

O município de Cruz das Almas, segundo (IBGE, 2007), possui uma área de

aproximadamente 150, 903 Km2 com uma população de 54.827 habitantes que geram cerca 750

m3 de RCD por mês, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, regida pelo secretário

do meio ambiente municipal, responsável pelo gerenciamento dos resíduos do município de

Cruz das Almas, sendo dividido por tipo de resíduos gerados como capinas varrição, RCD e

outros.

Cruz das Almas possui um crescimento diferenciado de construções em relação aos

outros municípios do Recôncavo baiano, devido a acordos e investimentos políticos e privados

como, por exemplo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e condomínios privados

que começam a desenvolver-se pelo município.

O secretário de Infra-estrutura no momento da entrevista, não estava muito a vontade

para responder todas as perguntas, dizendo que era a pessoa errada a ser entrevistada. Isto

resultou numa entrevista pouco satisfatória, pois dentre as perguntas realizadas, o mesmo

apenas respondeu que não participava do gerenciamento de RCD, passando toda

responsabilidade ao Secretário do Meio Ambiente.

O aterro sanitário do município recebe cerca de 35 toneladas de resíduos diariamente.

Segundo empresa que controla o aterro sanitário, Cruz das Almas não descarta RCD no aterro

sanitário, porém nos dias chuvosos é solicitado, quando preciso, alguns caminhões de RCD

para facilitar o transporte das máquinas no aterro.

Em relação ao RCD municipal, o resíduo é descartado em uma área municipal

cadastrada apenas para descarte de podas e capinagem denominada pela população de Tesoura.

O entrevistado revelou que o município não possui um programa de gestão de RCD, que

não possuía áreas cadastradas para tal resíduo. O secretário é responsável pelo RSU do

município, porém ele não respondeu quem fazia a coleta dos RCD municipais, empresas

terceirizadas ou o próprio município.

41

De acordo com os entrevistados, o custo que Cruz das Almas tem com a limpeza do

município é de 300 mil reais por mês, valendo-se ressaltar que o lixão que se encontrava

próximo da BR 101, entre os municípios de Cruz das Almas e Sapeaçú, foi transformado em

um Aterro Sanitário, que atualmente comporta o lixo doméstico da cidade.

Porém, tratando-se de gerenciamento de RCD o gestor municipal não possui um bom

conhecimento sobre gerenciamento dos RCD baseados em normas e legislações, valendo

ressaltar que não existe uma coleta assídua dos resíduos pelo perímetro urbano do município,

como flagrado em fotografias nas figuras 8.

Figuras 8. Pontos de entulhos no município de Cruz das Almas.

Cruz das Almas, um município muito conhecido no Recôncavo baiano por ser uma

cidade universitária, e possuidora de um comércio muito forte, também sofre um descaso

imenso quando o assunto é gerenciamento de RCD.

Ao observar as ruas e avenidas é perceptível inúmeros pontos de entulhos espalhados

sem qualquer cuidados, tanto do gerador, que na maioria das vezes não possui um

conhecimento aprofundado do que o RCD pode causar para a sociedade, quanto da

administração da Secretaria responsável pelos RCD gerados no municípios.

42

Figura 9. Disposição Irregular de gesso, concreto e cerâmica em Cruz das Almas.

43

4.4 AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RCD NO MUNICÍPIO DE SANTO

ANTÔNIO DE JESUS

Santo Antonio de Jesus é a mais populosa cidade do Recôncavo baiano pelos seus

84.256 mil habitantes segundo (IBGE, 2007) e com área de 259, 213 Km2. Segundo a

Engenheira Ambiental do município, são coletados 70 toneladas por dia de resíduos

domiciliares, sendo que 15 toneladas que chegam ao mesmo aterro são de municípios vizinhos

(Muniz Ferreira, Dom Macedo Costa e Varzedo).

O município apresentou duas empresas que gerenciam os resíduos municipais e opera

seu Aterro Sanitário. A prefeitura contratou a GSS Ambiental, especialista na coleta urbana, e

COPA engenharia, que controla o recebimento de resíduos e operação do aterro sanitário.

Em relação aos resíduos de construção e demolição, de acordo com a Engenheira

Ambiental, a prefeitura possui apenas a responsabilidade de fiscalizar a coleta. No município

existem duas empresas especializadas para coletar tais resíduos, a PAPA ENTULHO e outra

empresa , sendo que esta primeira é cadastrada pela prefeitura segundo a Engenheira Ambiental

do município e que coletam mensalmente cerca de 540 m3 de RCD e a última não é cadastrada.

A empresa PAPA ENTULHO, cobra em seus serviços cerca de 60 reais por cada

container de entulho coletado, segundo proprietário da empresa. Os entulhos finos, como restos

de aterros, restos de agregados miúdos, são vendidos rapidamente e, portanto não são

estocados, segundo empresário a demanda no município é significativa. Os entulhos que

chamam de grossos, como concreto, cerâmica são depositados em um terreno de propriedade

do dono da empresa.

A outra empresa que também fornece o serviço de coleta de entulho, não forneceu os

dados para a pesquisa, pois como relatado pela Engenheira Ambiental do município, a empresa

não é cadastrada pela prefeitura.

Notou-se durante a entrevista que as empresas, clandestina ou legal, não se preocupam

tanto com as questões ambientais, deixando incompleto o gerenciamento do RCDs municipais.

44

Visto que existe uma coleta de RCDs, o município não possui um programa de

gerenciamento, pois os RCDs não são separados como previsto na Resolução CONAMA n0

307/2002, em classes A, B, C ou D.

Em 2006 segundo CEAMA (Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do

Meio Ambiente), a cidade de Santo Antonio, como também vários municípios do Recôncavo,

encontrava-se numa situação crítica, o gerenciamento de resíduos sólidos praticamente não

existia, sendo feita apenas uma coleta e o transporte para o aterro sanitário que não era

controlado corretamente, como mostrados na figura 10.

Figura 10. Antigo lixão do município de Santo Antonio de Jesus.

Fonte CEAMA, 2006. Ministério Público

Segundo o laudo técnico divulgado pela DFRS (Disposição Final dos Resíduos Sólidos

do Estado da Bahia, 2006) com o programa DESAFIO DO LIXO em Santo Antonio de Jesus, o

município tomou conhecimento do que se poderia ser feito para transformar o lixão em aterro

sanitário, porém para que isso acontecesse o governo do Estado (CONDER), investiu 1.200.000

reais no projeto criado pelos responsáveis pelo setor no município, segundo engenheira

responsável pelo aterro sanitário de Santo Antonio de Jesus, além de um incentivo de 140.000

reais provenientes de impostos municipais como o IPTU.

Durante o período da entrevista a engenheira responsável demonstrou conhecimento das

legislações vigentes, porém desconhecia áreas cadastradas para destinação final de RCDS, o

que acarretava o acúmulo de tais resíduos em terrenos baldios, vias e regiões próximas do

45

aterro sanitário que por sinal, na medida do possível em condições melhores quando comparado

com outros municípios da região.

O descarte irregular pôde ser ilustrado na figura 11 e na figura 12 é apresentado o aterro

sanitário.

Figura 11. Ponto de Entulhos em Santo Antonio de Jesus

Figura 12. Aterro Sanitário em Santo Antonio de Jesus. Fonte COPA Engenharia

4.5 RESUMO DOS RESULTADOS

As perguntas que foram realizadas aos gestores de cada município analisado estão

dispostas resumidamente no quadro 2 . E no quadro 3 estão apresentados os valores da geração

per capita que foram calculadas a partir do peso específico do RCD, segundo (CARNEIRO e

outros, 2001) , de 1345 kg/m3.

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Quadro 3. Dados da geração per capita dos municípios analisados.

Município m3/ mês Habitantes kg/hab.ano

Castro Alves 240 24437 158,5

Sapeaçu 120 16518 117,3

Cruz das Almas 750 54827 220,8

Santo Antonio de Jesus* 540 84256 103,4 *dados obtidos por apenas uma das empresas coletoras do resíduo do município.

47 47

1

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil sofre atualmente, devido ao crescimento acelerado da construção civil, um

problema de preocupação social e ambiental, que é a alta geração de RCD sem o gerenciamento

adequado para o mesmo. O País gera atualmente uma carga de 230 a 660 kg / hab.ano de RCD

(PINTO, 1999), numa média de aproximadamente 445kg / hab.ano.

No presente trabalho foi obtida uma variação de 103,4 a 220,8 kg / hab.ano de RCD ,

que diferenciam –se dos valores encontrados por (PINTO, 1999), isso se deve a fonte dos dados

coletados que foram por meio de informações verbais dadas pelos entrevistados. Importante

observar que nos dados obtidos pelo município de Santo Antonio de Jesus foi levado em

consideração apenas a quantidade gerada por uma empresa de coleta de RCD, a outra empresa

não divulgou a quantidade de RCD coletada, dando uma discrepância na quantidade de RCD

gerada no município.

Quatro municípios do recôncavo baiano foram escolhidos para serem avaliados sobre a

questão do gerenciamento dos RCD gerados. Pôde-se observar a falta de informação da

população devido a disposição inadequada do RCD para ser coletado pela prefeitura ou empresas

particulares. E foi observado também, a falta de informação dos gestores municipais para

atividade da gestão de RCD.

Comparando os resultados sobre a gestão de RCD nos municípios com a gestão

encontrada em quatro capitais brasileiras, nota-se que os resultados assemelham-se em questão

da ausência de um plano de gestão de RCD, pois em capitais como São Paulo, Belo Horizonte,

Porto Alegre e Salvador há apenas planos de gestão em São Paulo e Porto Alegre que ainda

faltam ser colocados em prática segundo (MEIRELES, 2008).

No município de Castro Alves não foi encontrado nenhum programa de gestão de RCD, e

o município dispõe de um aterro sanitário em condições irregulares, sendo misturado ao lixo

doméstico com RCD e outros resíduos, como lixo hospitalar. O município está a mercê dos

interesses políticos acarretando a falta de comprometimento para com o cuidado da nação e do

planeta.

O município de Sapeaçú, como quase todos os municípios do recôncavo baiano, também

48

2

não possui um programa de gestão de RCD, e há alguns anos destina seus resíduos no aterro da

cidade de Cruz das Almas de forma irresponsável, pois é levado sem qualquer separação entre

RCD e lixo doméstico.

O município de Cruz das Almas, com o aumento do incentivo que o Governo Federal

ofereceu levando Universidades até o município. O aterro sanitário recebe e controla o lixo

doméstico de forma responsável, porém há certo descaso com os entulhos de construção.

O município de Santo Antônio de Jesus é o município que mais está tentando adequar-se

as diretrizes estabelecidas pela Res. CONAMA n0 307/2002, e o município dispõe de empresa

privada que está agindo sob os resíduos gerados. O aterro controlado está funcionado, sendo

conduzido por empresas privadas, porém ainda ocorrem disposições irregulares e clandestinas

em torno do município.

Existem algumas legislações que visam uma gestão assídua dos RCD, porém o que há de

preocupante é a falta de cumprimento dessas legislações, como exemplo a Resolução do

CONAMA n 307, que impõe aos geradores, a obrigação da elaboração e implantação de

programas de gerenciamento eficazes para os RCD, dando um correto destino aos mesmos.Isto

sendo através de um plano de gerenciamento municipal que satisfaça a realidade do município e

garanta a gestão desse tipo de resíduo.

Enfim, nota-se a necessidade que os quatro municípios sofrem pela falta de informação

necessária dos problemas que os resíduos gerados e não gerenciados, podem causar a população

e o meio ambiente.

É necessário que a população participe, e não seja tão passiva quanto a questões que

dizem respeito a conservação do meio ambiente em que vivemos, não tratando a administração

municipal apenas um negócio de interesse próprio e sim de todos.

49

3

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53

7

APÊNDICE 1.

FORMULÁRIO (GESTORES MUNICIPAIS)

1-COMO ESTÁ ORGANIZADO, EM TERMOS DE RECURSOS HUMANOS, O SISTEMA

DE LIMPEZA PUBLICA NO MUNICIPIO? (SE POSSÍVEL MOSTRAR O

ORGANOGRAMA).

2-QUAL A ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE LIXO (RESÍDUOS SÓLIDOS) GERADO

NO MUNICÍPIO POR DIA, POR MÊS OU POR ANO?

3- E A ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE (RCD) QUE O MUNICÍPIO GERA

MENSALMENTE? (NUMERO DE CARROÇAS, CAÇAMBAS, ETC.)

4-O QUE VOCE CONSIDERA SER OS RCDS (RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E

DEMOLIÇÃO)?

5-O MUNICÍPIO TEM O CONHECIMENTO DA RESOLUÇÃO CONAMA 307/2002 QUE

ESTABELECE DIRETRIZES, CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA GESTÃO DOS

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL?

6-O MUNICÍPIO POSSUI UM PROGRAMA PRÓPRIO DE GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLICÃO?

7-O MUNICIPIO POSSUI UMA LEGISLAÇÃO QUE TRATA ESPECÍFICAMENTE SOBRE

RCD? OU OUTRA EM QUE ESTÁ EMBUTIDA À QUESTÃO. (CODIGO DE OBRAS,

POSTURA, ETC.)

8- QUEM É O RESPONSÁVEL PELA COLETA E TRANSPORTE DO RCD GERADO NO

MUNICÍPIO?

9-OS ENTULHOS SÃO RECOLHIDOS JUNTAMENTE COM OS RESÍDUOS

DOMÉSTICOS?

10-OS FUNCIONÁRIOS FORAM TREINADOS E PARA REALIZAR A COLETA

SEGREGADA DOS RESÍDUOS GERADOS?

11- HÁ UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A COMUNIDADE SOBRE O DESCARTE

E COLETA DE RCDS?

12-O MUNICÍPIO POSSUI ÁREAS CADASTRADAS PARA RECEPÇÃO DE RCDS, QUE

ÁREAS SÃO ESTAS?

13-QUEM FISCALIZA A DESTINAÇÃO FINAL DOS RCDS GERADOS POR

54

8

CONSTRUÇÕES E/OU DEMOLIÇÕES LEGAIS E CLANDESTINAS? SE CLANDESTINAS

QUAIS PROCEDIMENTOS SÃO ADOTADOS?

14-QUAL O CUSTO QUE O MUNICIPIO ORÇOU PARA LIMPEZA DO MUNICÍPIO?

15-DE ONDE PROVEM OS RECURSOS FINANCEIROS PARA A LIMPEZA PUBLICA NO

MUNICÍPIO?(IPTU, TX ESPECÍFICA DE LIXO, ETC.)

55

9