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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO: ENGENHARIA CIVIL AUGUSTO LUIZ SOUZA LEÃO UMA REVISÃO SOBRE FISSURAS CAUSADAS POR PROBLEMAS DE FUNDAÇÕES Feira de Santana 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

AUGUSTO LUIZ SOUZA LEÃO

UMA REVISÃO SOBRE FISSURAS CAUSADAS POR PROBLEMAS DE

FUNDAÇÕES

Feira de Santana

2010

1

AUGUSTO LUIZ SOUZA LEÃO

UMA REVISÃO SOBRE FISSURAS CAUSADAS POR PROBLEMAS DE

FUNDAÇÕES

Monografia apresentada à disciplina Projeto

Final II do Curso de Engenharia Civil, da

Universidade Estadual de Feira de Santana

como parte dos requisitos para conclusão do

Curso de Engenharia Civil.

Orientadora: Profª. D.Sc. Maria do Socorro

Costa São Mateus.

Feira de Santana

2010

2

AUGUSTO LUIZ SOUZA LEÃO

UMA REVISÃO SOBRE FISSURAS CAUSADAS POR PROBLEMAS DE

FUNDAÇÕES

Trabalho Final de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil através da

disciplina Projeto Final II da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) como requisito para aquisição do grau de bacharel em engenharia civil. Feira de Santana, 29 de Janeiro de 2010. ________________________________________________________ Profa. D.Sc. Maria do Socorro Costa São Mateus Universidade Estadual de Feira de Santana _________________________________________________________ Prof. D. Sc. Washignton Almeida Moura Universidade Estadual de Feira de Santana _________________________________________________________ Prof. M. Sc. Areobaldo Oliveira Aflitos Universidade Estadual de Feira de Santana

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais, por nunca medirem esforços para me darem

tudo que estivesse ao seu alcance e sempre me alertarem da importância dos

estudos na minha vida, além de acreditarem na minha capacidade para concluir o

presente trabalho.

Minha orientadora, Maria do Socorro, pela competente orientação, dedicação,

interesse, ética nas atitudes tomadas e, sobretudo, pela paciência para comigo.

Ao Técnico em Solos Jorge Luiz, pela preciosa contribuição na realização dos

ensaios de caracterização de solo.

Aos meus amigos de curso, especialmente Alex Rocha, Fabrício Cerqueira e

Jânio Bonfim.

Ao meu amigo de infância Oberione Lima, por estar sempre junto, tanto nas

horas boas quanto nas horas ruins.

Aos engenheiros Jarbas Gama e Fabrízio, pelas informações e documentos

cedidos.

4

Quando você quer alguma coisa, todo o universo

conspira para que você realize o seu desejo.

Paulo Coelho

5

RESUMO

As fissuras encontradas nas construções são causadas por diversos fatores, entre eles os problemas nas fundações. Essa manifestação patológica causa desconforto e insegurança nos moradores e, em alguns casos, leva ao comprometimento total da estrutura. Dentre os problemas nas fundações, temos os recalques diferenciais advindos da presença de solos expansivos, colapsíveis, compressíveis, associados à atuação de sobrecargas. Para este estudo desenvolveu-se uma revisão bibliográfica concisa e aplicou-se o conteúdo teórico a dois municípios do estado da Bahia, Serrinha e Araci. Foi identificado o tipo de solo nos dois municípios, assim como edificações com fissuração, sendo encontrada situação precária em um bairro de baixa renda no município de Araci. A partir de então, realizou-se o mapeamento das fissuras em uma das residências (a mais atingida) e, também, a amostragem de solo. A expansividade do solo foi uma das causas imediatamente levantadas para o problema, sendo esse tipo de solo conhecido na Bahia como “massapê”. Foram realizados ensaios de caracterização com amostras deformadas e ensaio de expansão em amostra indeformada. Os resultados mostram valores de limite de liquidez igual a 53%, índice de plasticidade igual a 28%, indicando que o solo possui elevada plasticidade. Os valores encontrados foram comparados aos apresentados por Britto (2006) para o “massapê” de Santo Amaro-BA e, verificou-se que o solo possui alto potencial de expansão. Esta característica fornece fortes indícios de que a presença de solo expansivo, aliada ao tipo inadequado de fundação, é a principal causa das fissuras nas edificações do bairro do Tira Colo, em Araci-BA.

Palavras-Chave: Fissuras; Problemas de Fundações; S olo Expansivo.

6

ABSTRACT

Many factors promote building cracks and one of them is the foundation problems. This kind of pathologic appearance causes discomfort and unsafety to population and in some cases, it has consequences on the whole structure. From the many foundation problems, there are the differential settlements due to swelling, collapsible and compressible soils, associated to overload action. This work presents a review about building cracks caused by foundation problems and it applicate the theoretical concepts to Serrinha and Araci, two different towns in Bahia state, Brazil. The subsoil of these towns and the buildings presenting cracks were identified. A bad situation was found in a poor district in Araci town. At that place it was chosen a worst situation house, whose cracks were registered and soils samples were collected. The presence of swelling soil, known as “massapê” in Bahia state, was the main investigated cause. Characterization tests and swelling test were carried out to disturbed and undisturbed samples, respectively. The results showed 53% of Liquid Limit and 28% of Plasticity Index, indicating a high plasticity soil. The determined values were compared to the investigated massapê by Britto (2006) in Santo Amaro-BA, and it was verified a high swelling potential to soil from Araci. It´s possible to conclude that the presence of swelling soils and the use of inappropriated foundation are the main reasons to the building cracks at Tira Colo district, Araci-BA.

Key-words: Cracks, Foundation Problems, Swelling So il.

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................. 15

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................ 15

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................ 16

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 16

2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS CONSTRUÇÕES: FISSUR AÇÃO ... 17

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS EM ALVENARIAS ............................ 19

2.1.1 Classificação segundo a abertura ........................................... 19

2.1.2 Classificação segundo a atividade .......................................... 20

2.1.3 Classificação segundo a direção ............................................. 20

3 MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES ........................................................... 23

3.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS SOLOS ............................................ 23

3.2 ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ............................................. 24

3.3 INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO ............................................................... 27

3.4 SOLOS EXPANSIVOS .............................................................................. 29

3.5 DEFORMAÇÕES NOS SOLOS ................................................................ 31

3.6 ESTUDO SOBRE FUNDAÇÕES ............................................................. 34

3.6.1 Conceito e tipos de fundação .................................................. 34

3.6.2 Recalques admissíveis das fundações nos solos ....... ......... 37

4 PROBLEMAS CLÁSSICOS EM FUNDAÇÕES ..................................................... 41

8

4.1 PROBLEMAS DEVIDO A FALHAS NA ETAPA DE PROJETO ................ 41

4.2 PROBLEMAS DEVIDO A FALHAS NA ETAPA DE EXECUÇÃO ............. 43

4.3 PROBLEMAS DEVIDOS A FATORES EXTERNOS ................................. 44

4.4 EFEITOS DO MOVIMENTO DAS FUNDAÇÕES EM PAREDES DE

ALVENARIA .................................................................................................... 46

4.4.1 Elaboração do diagnóstico das aberturas ou le sões causadas

por problemas de fundações ............................................................ 48

4.4.2 Solução do problema de fissuração ........................................ 50

4.4.3 Reforço de fundações ............................................................... 54

4.5 EXEMPLOS DE ESTUDOS DE CASO RELACIONADOS COM

PATOLOGIA DE FUNDAÇÕES ................................................................................ 55

4.5.1 Estudo de caso: Estudo de manifesta ção patológica em

edificação assente sobre solo expansivo – massapê ( BRITTO, 2006)..... 55

4.5.1.1 Diagnóstico e medidas preventivas ................................ 60

4.5.1.2 Conclusões ..................................................................... 60

4.5.2 Estudo de caso: Levantamento de problemas em fundações

correntes no estado do Rio Grande do Sul (SILVA, 19 93). ....................... 61

4.5.2.1 Discussão do estudo realizado por Silva (1993) ............63

4.5.2.2 Conclusões ..................................................................... 63

5 APLICAÇÃO DO CONTEÚDO TEÓRICO A SERRINHA E ARACI, BAHIA ......... 65

5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA ...................................... 65

5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ESTUDADOS ........................... 66

5.2.1 Caracterização do município de Serrinha ............................... 66

5.2.2 Caracterização do município de Araci .................................... 67

9

5.2.3 Tipos de fundações existentes ................................................ 68

5.3 RESULTADOS OBTIDOS ......................................................................... 69

5.3.1 Município de Serrinha-Ba .......................................................... 69

5.3.2 Município de Araci-Ba ............................................................... 71

5.3.3 Análise das fissuras em uma edificação do bairro do Tira

Colo ..................................................................................................... 79

5.3.4 Caracterização do solo – Bairro Tiracolo/Araci-BA ................ 80

5.3.5 Diagnóstico das condições locais e das lesões - Bairro

Tiracolo/Araci-BA ............................................................................... 82

5.3.6 Sugestões para resolução dos problemas patoló gicos no

bairro do Tiracolo ............................................................................... 83

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88

ANEXOS ................................................................................................................... 91

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fissuras inclinadas devido a recalques nas fundações (SILVA, 1993) ................... 21

Figura 2 Fissuras verticais devido a recalques nas fundações (SILVA, 1993) ..................... 21

Figura 3 Fissuras verticais e horizontais devido a movimentações da argamassa de

assentamento, provocadas pelos recalques nas fundações (VERÇOSA, 1991) .................. 22

Figura 4 Escala granulométrica da ABNT- NBR 6502/1995 ................................................. 25

Figura 5 - Esquema da sondagem a percussão SPT (www.mrsondagens.com/images/02.jpg,

aceso em 29/01/2010) ............................................................................................................ 29

Figura 6 - Provável ocorrência de solos expansivos no Brasil (SILVA, 1993) ..................... 30

Figura 7 - Principais tipos de fundações superficiais (www2.unijui.tche.br, acesso em

20/09/2009) ......................................................................................................................... 35

Figura 8 Blocos e alicerces (BESTETTER, 2008) ................................................................ 35

Figura 9 - Alguns tipos de fundações profundas: a) estacas metálicas b) pré-moldadas de

concreto c) pré-moldadas de concreto centrifugado d) Franki e Strauss e) estaca raiz f)

escavadas tubulões g) a céu aberto, sem revestimento h) com revestimento de aço

(www2.unijui.tche.br, acesso em 20/09/2009) ...................................................................... 36

Figura 10- Distorções angulares e danos associados (VELLOSO & LOPES, 2004) ............ 38

Figura 11 Recalque diferencial por consolidações distintas do subsolo carregado (THOMAZ,

1989) ................................................................................................................................... 42

Figura 12 Recalque da edificação devido à espessura variável da camada compressível

(SILVA, 1993) ...................................................................................................................... 43

Figura 13 - Representação de fissuras causadas por recalque diferencial (MAGALHÃES,

2004) ................................................................................................................................... 46

Figura 14 - Configurações básicas das fissuras em alvenaria (HOLANDA JUNIOR, 2002).

............................................................................................................................................ 47

Figura 15 - Exemplo de fissuras causadas por recalques (HOLANDA JUNIOR, 2002) ........ 47

Figura 16 - Estrutura do método para resolução de problemas patológicos (DAL MOLIN,

1988) .................................................................................................................................. 49

11

Figura 17 - Principais métodos para correção de fissuras (DAL MOLIN, 1988) .................... 51

Figura 18 Fissura inclinada em alvenaria da fachada frontal da escola (BRITTO, 2006) ..... 56

Figura 19 Fissura inclinada na alvenaria de fachada lateral esquerda da escola (BRITTO,

2006) ................................................................................................................................... 56

Figura 20 Fissura vertical na extremidade superior da alvenaria interna da escola (BRITTO,

2006) ................................................................................................................................... 57

Figura 21 Fissura horizontal próximo ao vértice superior da porta da cozinha (BRITTO, 2006)

............................................................................................................................................ 57

Figura 22 Relatório de sondagem à percussão do subsolo da escola .................................. 59

Figura 23 Mapa de dados Cartográficos da Bahia (maps.google.com.br, 2009) .................. 65

Figura 24 Tipo de fundação mais empregada no bairro Tira Colo em Araci/BA ................... 68

Figura 25 Mapa de Serrinha com a localização dos furos de sondagem

(maps.google.com.br, 2009) ................................................................................................ 69

Figura 26 Fissura vertical já recomposta na alvenaria do Hospital Estadual de Serrinha/BA

............................................................................................................................................ 70

Figura 27 Fissuras verticais já recompostas nas paredes do Hospital Estadual de

Serrinha/BA ......................................................................................................................... 71

Figura 28 Mapa de arruamento do município de Araci/BA destacando o bairro do Tiracolo.

............................................................................................................................................ 72

Figura 29 Exemplo de construção mais presente no bairro do Tiracolo, Araci-BA ............... 73

Figura 30 Mapa de arruamento do bairro do Tiracolo, Araci/BA identificando as residências

com maior quantidade de fissuras ....................................................................................... 74

Figura 31 – Fissura inclinada acima da janela: casa 1 bairro Tiracolo, Araci/BA .................. 74

Figura 12 Fissuras verticais e inclinadas já reparadas: casa 2 bairro Tiracolo, Araci/BA ..... 75

Figura 33 Fissuras inclinadas na porta e ceteira: casa 3 bairro Tiracolo, Araci/BA .............. 75

Figura 34 Fissura inclinada na alvenaria: casa 4 bairro Tiracolo, Araci/BA .......................... 76

Figura 35 Abertura de 04 centímetros na casa 4 do bairro do Tiracolo, Araci/BA ................ 77

12

Figura 36 Comparação das fissuras apresentas na revisão bibliográfica com as encontradas

nas edificações do bairro do Tira Colo ................................................................................. 78

Figura 37 Comparação das fissuras apresentas na revisão bibliográfica com as encontradas

nas edificações do bairro do Tira Colo ................................................................................. 78

Figura 38 Análise das fissuras em uma edificação do bairro do Tira Colo ........................... 79

Figura 39 Localização do ponto onde as amostras foram coletadas .................................... 80

Figura 40 Ponto de coleta das amostras .............................................................................. 81

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação segundo espessura (JUNIOR, 2006) ............................................... 19

Tabela 2 Principais métodos de investigação geotécnica .................................................... 28

Tabela 3 Limites para recalques máximos ou admissíveis (SKEMPTON E MACDONALD,

1955) ................................................................................................................................... 37

Tabela 4 Abertura de fissuras e danos associados (VELLOSO & LOPES, 2004) ................ 39

Tabela 5 Problemas Clássicos em fundações: Falhas na etapa de projeto (SILVA, 1993) .. 41

Tabela 6 Problemas Clássicos em fundações: Falhas na etapa de execução (SILVA, 1993)

............................................................................................................................................ 43

Tabela 7 Problemas Clássicos em fundações: fatores externos (SILVA, 1993) ................... 44

Tabela 8 Escolha de material de reparação de acordo com a abertura da fissura (BRITTO,

2006) ................................................................................................................................... 53

Tabela 9 Resumo dos resultados de caracterização e expansão livre do estudo de Britto

(2006) .................................................................................................................................. 58

Tabela 10 Gravidade dos danos causados em edificações correntes por problemas nas

fundações (SILVA, 1993) ..................................................................................................... 61

Tabela 11 Tipos de fundações afetadas por problemas (SILVA, 1993) ................................ 62

Tabela 12 Número de pavimentos das edificações afetadas (SILVA, 1993) ........................ 62

Tabela 13 Resultado do levantamento de dados segundo os agentes causadores (SILVA,

1993) ................................................................................................................................... 63

Tabela 14 Caracterização das residências da forma como são construídas nos bairros de

baixa renda no município de Araci ....................................................................................... 73

Tabela 1 Resumo dos resultados de caracterização e classificação .................................... 81

Tabela 16 Classificação do solo quanto o seu Índice de Plasticidade (MACHADO e

CARVALHO 1998).................................................................................................................. 82

14

1 INTRODUÇÃO

Desde épocas remotas, ouve-se falar de estruturas extremamente danificadas

ou mesmo em ruínas, devido a problemas em suas fundações. O desconhecimento

do comportamento dos solos, pela falta de métodos ou processos de investigação

do subsolo, provavelmente foi o principal responsável por colapsos de edificações

antigas. Esse é um problema que ainda hoje causa desconforto e insegurança, pois,

mesmo com toda evolução das construções, é comum vermos nas edificações com

rachaduras.

Para Thomaz (1989), o surgimento de trincas ou fissuras é particularmente

importante, pois indica potenciais problemas estruturais, que poderão comprometer

o desempenho da edificação e causam constrangimento psicológico aos usuários.

De maneira geral, afirma o autor, as fissuras provocadas por recalques diferenciais

são inclinadas, confundindo-se às vezes com as fissuras provocadas por deflexão

de componentes estruturais. Mas estas também se apresentam, em alguns casos,

nas direções horizontal e vertical.

Por serem as fundações a base e a sustentação das edificações, a ocorrência

de problemas pode causar danos graves nos componentes do prédio e trazer risco à

segurança dos seus usuários.

A Patologia das Edificações é a “ciência” que estuda os sintomas, origem,

causas, os mecanismos dos danos nas construções. Os procedimentos para sanar

tais danos chamam-se terapêutica. Existem várias razões para o aparecimento das

fissuras nas edificações: falta de inspeção geotécnica, falhas na etapa de projeto e

execução, a quantidade de materiais envolvidos, os fatores externos, entre outros.

Devemos destacar que as fissuras não são causadas apenas pelos problemas nas

fundações. Existem outros agentes como, temperatura, retração e expansão,

sobrecarga, reações químicas, deformação dos elementos estruturais, que também

fazem com que surjam as aberturas, tanto nas paredes de alvenaria quanto na

estrutura.

O principal agente no que diz respeito aos problemas nas fundações é o

recalque. Para Velloso & Lopes (2004), recalque é todo deslocamento sofrido por

uma estrutura, na sua fundação, e pode acontecer imediatamente após o

15

carregamento e/ou com o decorrer do tempo. A magnitude das deformações

apresentadas pelo solo irá depender de suas propriedades elásticas e plásticas e do

carregamento a ele imposto.

No município de Araci, no Estado da Bahia, foi encontrado um bairro que vem

sofrendo com o problema de fissuramento por problemas nas fundações. A

presença de solo expansivo, conhecido na Bahia como “massapê”, pode ser umas

das principais razões para o aparecimento da fissura. Foram realizados ensaios com

o solo coletado nesse bairro para verificação de suas propriedades, bem como seu

grau de expansividade.

1.1 JUSTIFICATIVA

Este trabalho tem como principal justificativa, a realização um estudo que

identificaque a importância e as aplicações de um projeto de fundações bem

elaborado, assim como a importância da execução bem feita.

O estudo também foi realizado, para alertar o poder público municipal sobre

problemas existentes em edificações construídas nos municípios do interior da

Bahia, e sobre a importância de se realizar estudos prévios à ocupação e expansão

de municípios.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho foi realizar uma revisão sobre fissuras

causadas por problemas nas fundações, conhecendo-se conceitos, termos técnicos

e procedimentos para o estudo de problemas patológicos. Além da revisão, objetivou

também a aplicação desse conhecimento a uma situação real.

16

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

• apresentar estudos realizados em diferentes locais do país, suas

principais causas e soluções indicadas;

• a partir do conhecimento teórico sobre o tema, estudar os problemas

das trincas em edificações localizadas no bairro do Tira Colo, município

de Araci-BA, descrevendo o problema, realizando o diagnóstico e

mostrando os tipos e graus das fissuras, para indicar soluções;

• estudar as características do maciço terroso do local, mediante

realização de ensaios de laboratório;

• apresentar contribuições teóricas e práticas para o problema de

fissuras, provocadas por problemas de fundações.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O tema foi abordado e distribuído em 08 capítulos.

O primeiro capítulo, ou introdução, apresenta a importância e justificativa

deste trabalho, seus objetivos e estrutura.

A revisão bibliográfica está apresentada em quatro capítulos: o segundo,

terceiro, quarto e quinto. O segundo capítulo apresenta o tema “Patologia das

edificações do tipo Fissura”. O terceiro trás uma breve revisão sobre Mecânica dos

Solos e Fundações. O quarto capítulo, denominado problemas clássicos em

fundações, é uma abordagem dos problemas mais comuns nas fundações de

edificações. E o quinto capítulo, apresenta dois estudos de caso, identificados

durante a revisão bibliográfica, que estão relacionados ao tema fissuras e problemas

nas fundações, como forma de enriquecimento do estudo.

O sexto e o sétimo capítulos apresentam um exemplo de aplicação dos

conhecimentos adquiridos, a um município do interior da Bahia.

Encerrando o trabalho, o oitavo capítulo apresenta as conclusões.

17

2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS CONSTRUÇÕES: FISSUR AÇÃO

Verçosa (1991) destaca que:

“... as edificações podem apresentar defeitos comparáveis a doenças: rachaduras, manchas, deslocamentos, deformações, rupturas, etc. Por isso, convencionou-se chamar de Patologia das Edificações ao estudo sistemático desses defeitos.”

A Patologia das Edificações pode ser entendida como sendo o ramo da

engenharia que estuda os sintomas, formas de manifestação, origens e causas das

doenças ou defeitos que ocorrem nas edificações. Esse conhecimento é

indispensável, em maior ou menor grau, para todos que trabalham na construção

civil. Quando se conhecem os defeitos que uma construção poderá apresentar, bem

como as suas causas, é muito menos provável que se cometa erros (Vercosa,

1991). A patologia na construção pode ser entendida, analogamente à Ciência

Médica.

Os problemas patológicos estão presentes na maioria das edificações, seja

com maior ou menor intensidade, variando o período de aparição e/ou a forma de

manifestação (LICHTENSTEIN, 1986)

Existem várias razões para os defeitos nas construções: a quantidade de

materiais e técnicas envolvidas, as grandes variações que caracterizam os espaços

construtivos e, principalmente, os erros de projeto e falhas na execução.

Segundo Thomaz (1989) a classificação das manifestações patológicas pode

ser apresentada de diferentes formas, de acordo com diferentes princípios e pontos

de vista, podendo se encontrar classificações segundo:

a) os sintomas: manchas de umidade, fissuras, corrosão, deslocamentos,

desagregação, entre outros;

b) as causas: presença de umidade, sobrecargas, por deformações,

variações térmicas, entre outras;

c) os elementos construtivos atingidos: estruturas de concreto armado,

em alvenarias, em revestimentos, em fundações, entre outros;

18

d) as tensões envolvidas: por flexão, tração, compressão, torção, entre

outras;

e) as fases correspondentes do processo construtivo: manifestações

patológicas originadas na fase de planejamento, projeto, execução,

uso, manutenção, entre outras.

Nesse estudo, serão tratadas as fissuras que aparecem nas alvenarias de

vedação das edificações, decorrentes dos problemas de fundações.

Duarte (1998, p.9) apud Magalhães (2004) diz que:

[...] as manifestações patológicas que mais preocupação causam aos leigos são as fissuras. A ocorrência de fissuras tem se tornado um incômodo que provoca crescente preocupação na construção civil, face à mudança de mentalidade dos usuários com a criação de novos paradigmas, e consequente aumento do nível de exigência, em busca de qualidade e satisfação.

As fissuras ocorrem quando a resistência dos componentes da edificação ou

a resistência da união entre eles é superada pelas tensões geradas com a

movimentação das fundações (SILVA, 1993).

Segundo Thomaz (1989), o surgimento de trincas ou fissuras é

particularmente importante, pois indica potenciais problemas estruturais, que

poderão comprometer o desempenho da edificação e causam constrangimento

psicológico aos usuários. Uma vez surgidas, as fissuras poderão sofrer ataques

químicos, pelo gás carbônico emitido por veículos, águas de chuva, levando a um

aumento nas aberturas das mesmas. O aumento ocorrerá também, devido a uma

contínua movimentação da estrutura.

Quanto às implicações de ordem funcional, a questão a ser considerada é o

quanto a fissura interfere com relação aos requisitos de funcionamento das

alvenarias e dos elementos estruturais. Por este ponto de vista, ficam

comprometidas muitas das exigências dos usuários quanto: à estanqueidade, ao

conforto visual, ao conforto acústico, ao conforto tátil e à durabilidade (JUNIOR,

1998).

19

É preciso acompanhar a evolução da abertura das fissuras, para elaborar um

diagnóstico correto. O acompanhamento da abertura de fissuras, de acordo com a

NBR- 6122/2001, constitui um recurso mais simples e mais expedito para se ter uma

idéia do comportamento de uma obra, sobretudo quando ela estiver sujeita a

perturbações de evolução mais ou menos rápida no tempo (por exemplo, durante a

execução de obra vizinha). Este acompanhamento é realizado, medindo-se

periodicamente as diagonais (representadas pelas fissuras) de um retângulo traçado

ou através de fissurômetro ou qualquer outro instrumento de precisão de medida.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS EM ALVENARIAS

As fissuras em alvenarias podem ser classificadas segundo diferentes

critérios, sendo os principais: abertura, atividade, direção (MAGALHÃES, 2004).

2.1.1 Classificação segundo a abertura

Em função da largura de cada abertura surgida na superestrutura de uma

edificação, Junior (2006) faz a distinção apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 Classificação segundo espessura (JUNIOR, 2 006)

TIPO CARACTERÍSTICA ESPESSURA

Fissura abertura em forma de linha até 0,5 milímetro

Trinca abertura em forma de linha de 0,5 milímetro até 1,0 milímetro

Rachadura abertura expressiva, proveniente de 1,0 milímetro a 1,5 milímetro

de acentuada ruptura de massa Fenda abertura excessiva que causa superior a 1,5 milímetro divisão da parede

Segundo Magalhães (2004), as fissuras ou aberturas ainda podem ser

classificadas como finas (espessura menor que 1,5mm), média (espessura entre 1,5

e 10mm) e largas (superiores a 10mm).

20

2.1.2 Classificação segundo a atividade

As fissuras também podem ser classificadas segundo a sua atividade, como

ativas e inativas (DUARTE, 1998 apud MAGALHÃES, 2004):

a) ativas: são produzidas por ações variáveis que promovem deformações

também variáveis e, por isso, podemos dizer que não são fissuras

estabilizadas. Apresentam variações de abertura em um determinado período

de tempo. Podem apresentar comportamento cíclico. No caso das fissuras

causadas pelo recalque, essas podem apresentar abertura crescente;

b) inativas ou estabilizadas: são geralmente o resultado de um evento que já

passou ou, da atuação temporária de cargas em uma estrutura, portanto já

estão estabilizadas. Apresentam variações de abertura ou comprimento ao

longo do tempo. Fissuras inativas costumam ser causadas por solicitações

externas, tais como sobrecargas ou fundações estabilizadas.

2.1.3 Classificação segundo a direção

As fissuras podem também ser classificadas segundo sua direção como:

a) inclinadas

b) verticais

c) horizontais

De maneira geral, afirma Thomaz (1989), as fissuras provocadas por

recalques diferenciais são inclinadas, confundindo-se às vezes com as fissuras

provocadas por deflexão de componentes estruturais. Em relação às primeiras,

contudo apresentam aberturas geralmente maiores, “deitando-se” em direção ao

ponto onde ocorreu o maior recalque. Mas estas também se apresentam, em alguns

casos, nas direções horizontal e vertical. A Figura 1 mostra como as fissuras se

apresentam quando um elemento de fundação recalca.

21

Figura 1 Fissuras inclinadas devido a recalques nas fundações (SILVA, 1993)

As fissuras causadas por problemas nas fundações, principalmente os

recalques, se caracterizam por possuírem uma inclinação. Algumas vezes essas

fissuras se apresentam na direção vertical devido ao aparecimento de tensões de

cisalhamento verticais. A Figura 2 apresenta algumas fissuras verticais causadas por

recalques de fundação

Figura 2 Fissuras verticais devido a recalques nas fundações (SILVA, 1993)

Outras vezes, as fissuras de recalque que deveriam ser verticais, podem se

disfarçar sob outras formas. Assim, por exemplo, camadas de argamassa de

assentamento mais fracas podem deslizar para o lado e então as fissuras também

tomam inclinações horizontais, conforme Figura 3.

22

Figura 3 Fissuras verticais e horizontais devido a movimentações da argamassa de

assentamento, provocadas pelos recalques nas fundaç ões (VERÇOSA, 1991)

Magalhães (2004) diz que por sua simplicidade, a classificação de fissuras

segundo sua direção é apropriada para análise prévia de fissuras, como parte de um

processo de diagnóstico.

Segundo Chand (1979), apud Silva (1993), as fissuras causadas por

problemas nas fundações aparecem em ambas as faces do componente atingido, ou

seja, há a ruptura transversal do mesmo e, geralmente tem maior abertura em uma

das extremidades.

Como o enfoque deste trabalho são as manifestações patológicas provocadas

por problemas de fundações, no capítulo 3 será realizada uma revisão sobre

mecânica dos solos e fundações.

23

3 MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES

3.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS SOLOS

Toda obra de engenharia transmite cargas ao solo. O estudo do

comportamento do solo frente às solicitações a ele impostas por estas obras é,

portanto, de fundamental importância porque evita problemas de estabilidade.

Para Tsutsumi (2007), as principais razões que levam à necessidade de se

compreender a Mecânica dos Solos em meio às construções é aplicar o

conhecimento dos solos de uma maneira prática para projetar obras de engenharia

de forma segura e econômica.

O solo é considerado não apenas material de fundação (que serve de suporte

às estruturas), mas também como material de construção (barragens de terra,

rodovias). Engenheiros devem ter um sólido conhecimento das propriedades e

comportamento dos solos, para evitar a ocorrência de desastres.

Segundo Vargas (1978),

“O êxito de uma obra de terra ou fundação, pelo menos em tese, exige o conhecimento da totalidade das propriedades técnicas dos solos com que, ou sobre que, são feitas. Entretanto, o conhecimento de tal totalidade é difícil, caro e demorado.”

Vargas (1978) afirma ainda que, além das características relacionadas ao

material de constituição dos solos, como a granulometria e a plasticidade, existem

também propriedades relacionadas com os diversos estados em que o solo se

apresenta na natureza. São propriedades relacionadas com sua maior ou menor

compacidade e consistência e com sua estrutura.

Silva (1993) reforça que,

“Para que se possa entender o comportamento de um solo, ou prever o desempenho de uma fundação nele apoiada, é necessário que se conheça algumas de suas características de comportamento. Este comportamento é influenciado pela estrutura, composição mineralógica e permeabilidade, bem como pelas condições de carga (e umidade) a que ele está, já esteve ou estará submetido.”

24

De acordo com Tsutsumi (2007), as propriedades dos solos dependem do tipo

do solo, sendo mais ou menos desfavoravelmente afetadas por muitos fatores,

incluindo a presença da umidade, proximidade com águas subterrâneas, umidade do

ar, enchentes, congelamento e descongelamento, etc. Uma das dificuldades para

tratar com o solo como um material é que as suas propriedades físicas no campo

podem variar entre distâncias consideravelmente pequenas (ordem de 1 m ou, às

vezes, menos).

Os problemas de investigação do subsolo e condições locais e a possibilidade

de ocorrerem variações durante e após a construção da obra não podem ser

ignorados por engenheiros, arquitetos e construtores. Uma investigação detalhada

das propriedades dos solos, seguida de interpretação correta, é a melhor maneira de

se evitar o colapso do sistema solo-estrutura.

“Na Mecânica dos Solos, a umidade é considerada como um dos fatores mais

importantes, que regem as propriedades dos solos” (Tsutsumi, 2007).

Para entender um pouco mais sobre a importância do estudo dos solos para a

engenharia civil, desenvolveu-se uma pequena introdução sobre a origem do solo e

suas características.

3.2 ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Dando enfoque especifico à Engenharia Civil, Vargas (1978) redefine solo

como sendo todo material da crosta terrestre que não oferece resistência

intransponível à escavação mecânica e que perde totalmente toda resistência,

quando em contato prolongado com a água.

Segundo Guerra (1996), os fatores formadores do solo são: material de

origem (M), clima (C), organismos vivos (O), relevo (R) e tempo (T). Uma expressão

simbólica foi estabelecida a fim de representar a relação do solo (S) com seus

fatores de formação, como a seguinte equação:

S = f(M,C,O,R,T)

25

Esses fatores são considerados variáveis independentes, onde solos distintos

resultam de mudanças em um desses fatores.

Os solos podem ser classificados quanto à origem e formação em solos

residuais ou solos transportados. Segundo Machado e Carvalho (1998), solos

residuais são solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que

eles ocorram, é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior

do que a velocidade de remoção do solo por agentes externos. Os solos

transportados ou sedimentares são aqueles que foram levados de seu local de

origem por algum agente de transporte e lá depositados.

É importante também conceituar os solos orgânicos que, segundo Pinto

(1998), são solos que contém uma quantidade apreciável de matéria decorrente de

decomposição de origem vegetal ou animal, em vários estágios de decomposição e

possuem cor escura e odor característico.

Os solos também são classificados pelo tamanho (Figura 4) e forma das

partículas. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) define os limites das

frações de solo como sendo:

Figura 4 Escala granulométrica da ABNT- NBR 6502/19 95

Existem outros sistemas de classificação que não serão citados neste

trabalho, pois o objetivo deste tópico é apenas realizar uma breve revisão sobre

Mecânica dos Solos.

A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a

0,002mm) se caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se

26

deformar sem apresentar variações volumétricas) e elevada resistência quando

seca. É a fração mais ativa dos solos (MACHADO e CARVALHO, 1998).

Segundo Skempton, os solos finos poderão ser classificados em:

- argilas de atividade baixa Ac < 0,75

- argilas de atividade normal 0,75 < Ac < 1,25

- argilas de atividade alta Ac > 1,25

Onde Ac é a relação entre o índice de plasticidade e a porcentagem da fração

argilosa menor

Ac = IP / (% fração de partículas < 2µ)

Os principais grupos de argilominerais presentes em solos argilosos são as

caolinitas, as ilitas e as montmoriloníticas, onde as montmoriloníticas são mais ativas

que as outras, por terem uma estrutura com cargas desbalanceadas, propícias a se

combinarem com elementos livres, e por absorverem maiores quantidades de água

(SILVA, 1993).

O argilomineral, montmorilonita, é formado por uma unidade de alumínio entre

duas sílicas, superpondo-se indefinidamente e denominadas de unidades estruturais

tricamadas. Neste caso, a união entre as camadas dos minerais é fraca (forças de

Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de água e cátions (Ca,Na,

etc.) na estrutura com relativa facilidade. As argilas montmorilonitas, especialmente

em presença de água, apresentam forte tendência à instabilidade e são também

expansivas (MACHADO e CARVALHO,1998).

Para que se possa entender o comportamento de um solo, ou prever o

desempenho de uma fundação nele apoiada, é necessário que se conheça algumas

de suas características como a resistência e a deformabilidade. Essas

características podem ser conhecidas através de métodos de investigação do

subsolo, os quais serão tratados no item 3.3.

27

3.3 INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

Machado e Carvalho (1998) enfatizam que qualquer projeto de engenharia,

por mais modesto que seja, requer o conhecimento adequado das características e

propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As investigações de campo e

laboratório requeridas, para obter os dados necessários e responder a essas

questões são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do subsolo. Os

principais objetivos de uma exploração do subsolo são:

a) determinação da profundidade, tipo e espessura de cada camada do solo e

sua extensão na direção horizontal;

b) determinação da compacidade dos solos grossos e da consistência dos solos

finos;

c) profundidade da rocha e suas características (litologia, mergulho e direção

das camadas, espaçamento das juntas, planos de acamamento, estado de

decomposição);

d) localização do nível d'água (NA);

e) determinação das propriedades "in situ" do solo por meio de ensaios de

campo.

Os métodos de investigação geotécnica são divididos em diretos, indiretos e

semidiretos.. Os métodos diretos permitem a observação direta do subsolo ou

através de amostras coletadas ao longo de uma perfuração ou a medição direta de

propriedades “in situ”. Estes podem ser classificados em manuais (poços, trincheiras

e sondagem a trado) e mecânicos (sondagem a percussão, rotativa e mista,

sondagem a trado mecânico). Os métodos semidiretos de prospecção são aqueles

que não permitem coleta de amostras e visualização do tipo de solo, sendo as

características de comportamento mecânico, obtidas por meio de correlações com

grandezas medidas na execução do ensaio. Os métodos ditos indiretos de

prospecção são aqueles em que a determinação das propriedades das camadas do

subsolo é feita indiretamente pela medida de um parâmetro geofísico (MACHADO E

CARVALHO, 1998, QUARESMA et al. 1998). A Tabela 2 apresenta os principais

métodos de investigação geotécnica.

28

Tabela 2 Principais métodos de investigação geotécn ica

Métodos de Investigação Geotécnica Direto Indireto Semidireto

Standard Penetration Test - SPT x

Ensaio de Penetração de Cone - CPT x Ensaio de Palheta - "Vane Test" x Ensaio Pressiométrico x Ensaio de GPR x Ensaios de Resistividade Elétrica x

Ensaios Geofísicos - "Cross-Hole" x

Poços e Trincheiras x Sondagem à trado x Blocos indeformados x

Amostras Shelby/Denison x

Dentre todos os métodos citados, o que é mais empregado no Brasil, é o SPT

(Standard Penetration Test), conhecido também como sondagem a percussão ou de

simples reconhecimento (NBR-6484/2001).

Segundo Machado e Carvalho (1998), o procedimento de execução de

sondagens de simples reconhecimento é um processo repetitivo, de modo que em

cada metro de solo, são realizadas três operações, abertura do furo (perfuração),

ensaio de penetração e amostragem. Em cada metro, faz-se, inicialmente, a

realização do ensaio de penetração dinâmica e amostragem, envolvendo 45 cm de

solo ao total, sendo posteriormente realizado o avanço por escavação do furo por

um comprimento igual a 55 cm. A Figura 5 mostra um esquema do equipamento de

sondagem a percussão. Nos 45 cm do primeiro metro, é conveniente que o ensaio

de penetração não seja realizado, por causa da presença da matéria orgânica.

29

Figura 5 - Esquema da sondagem a percussão SPT ( www.mrsondagens.com/images/02.jpg

Aceso em 29/01/2010)

A realização de um método de inspeção ou de outro depende da quantidade

de informações para o projeto, da disponibilidade de equipamentos e serviços de

inspeção, da necessidade do cliente, da viabilidade econômica, entre outros. O que

realmente importa é que estes métodos sejam bem executados, para que as reais

características dos subsolos estejam representadas nos relatórios de forma segura e

coerente.

3.4 SOLOS EXPANSIVOS

Segundo Pinto (1998), os solos expansivos são aqueles que apresentam

expansão quando colocados em condições de absorver água. Portanto, seu

comportamento é bastante dependente da sazonalidade.

Durante períodos de estiagem, sofrem contração e encontram-se geralmente

com sucção elevada, o que lhes confere resistência relativamente alta, dificultando

sua escavação. Porém, com o aumento no teor de umidade (períodos chuvosos,

infiltração de água decorrente de vazamentos de tubulações, etc.), esses solos

podem experimentar valores de expansão bastante expressivos (CALVALCANTE,

2008).

Os solos do tipo massapê são classificados como solos finos, considerando a

escala granulométrica da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os

grãos apresentam geralmente diâmetro inferior a 2µm, fazendo com que suas

30

partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação aos

dos grãos de silte e areia (MACHADO, 1998).

Sobral (1956) apud CARMO (2009), avaliou as percentagens das diversas

frações dos solos constituintes dos massapés (localizados na região de Água

Comprida, São Sebastião, Candeias Usina Aliança e atual BR-324) a partir do

método brasileiro MB-32 da ABNT, concluindo que os massapês são solos

constituídos de frações muito finas, com percentagens da mistura de silte – argila

entre 65 e 93% e as percentagens de argila entre 32 e 74%.

De acordo com a sua origem e formação, os solos expansivos podem ser

classificados em dois grupos. O primeiro grupo compreende os solos originários das

rochas ígneas básicas. Nestes solos, os minerais de feldspato e piroxênios das

rochas de origem sofrem decomposição formando a montmorilllonita e outros

minerais secundários. O segundo grupo compreende os originários das rochas

sedimentares que já contêm a montmorilonita na sua composição, de maneira que

ao sofrerem decomposição formarão os solos expansivos (BRITTO, 2006).

Segundo Vargas et al. (1981) apud Silva (1993), existem quatro principais

áreas de solos expansivos no Brasil, indicadas na Figura 6.

Figura 6 - Provável ocorrência de solos expansivos no Brasil (SILVA, 1993)

31

Na Bahia esse tipo de solo é popularmente conhecido como “massapê”.

Sobral (1956) avaliou as percentagens das diversas frações dos solos

constituintes dos massapés (localizados na região de Água Comprida, São

Sebastião, Candeias Usina Aliança e atual BR-324) a partir do método brasileiro MB-

32 da ABNT, concluindo que os massapês são solos constituídos de frações muito

finas, as percentagens da mistura de silte – argila girando entre 65 e 93% e as

percentagens de argila entre 32 e 74%.

Segundo este mesmo autor (Sobral 1956), a expansão livre do “massapê”

está na faixa de 12,3% a 40,3 % , dependendo da percentagem de montmorilonita

na fração argila, enquanto que a pressão de expansão varia de 1,39 a 2,36 kg/cm².

Pequenas variações de umidade, em torno de 2%, são suficientes para

promoverem significativas expansões nos massapés (BRITTO, 2006).

3.5 DEFORMAÇÕES NOS SOLOS

O solo ao sofrer solicitações se deforma, modificando o seu volume e forma

iniciais. A magnitude das deformações apresentadas pelo solo irá depender de suas

propriedades elásticas e plásticas e do carregamento a ele imposto. As propriedades

da massa de solo estão diretamente ligadas ao tipo de solo formador dessa massa.

Sabe-se também que o solo ou subsolo é constituído de diferentes camadas ao

longo do seu perfil, favorecendo os problemas nos sistemas de fundações, pois cada

camada de solo apresenta resposta diferente quando submetida a carregamentos.

Silva (1993) afirma em seu trabalho que todos os solos carregados sofrem

deformações, que cessam somente quando há um equilíbrio entre a carga imposta

ao solo e as forças atuantes entre as partículas sólidas. A velocidade do processo

de deformação depende da permeabilidade do solo, do grau de saturação e da

distância a outros solos mais permeáveis.

Compressibilidade é uma característica de todos os materiais, que quando

submetidos a forças externas (carregamentos) se deformam. O que difere o solo dos

outros materiais é que ele é um material natural, com uma estrutura interna a qual

pode ser alterada, pelo carregamento, com deslocamento e/ou ruptura de partículas.

Portanto, a estrutura própria do solo (multi-fásica), possuindo uma fase sólida

32

(grãos), uma fase fluída (água) e uma fase gasosa (ar), confere-lhe um

comportamento próprio tensão-deformação, o qual irá variar com o tempo.

Vargas (1978) entende que compressibilidade é a propriedade que certos

corpos possuem de mudarem de forma ou volume, quando lhes são aplicadas forças

externas. Já a expansibilidade do solo é o fenômeno inverso, caracterizado pelo

aumento de volume do solo quando dele é retirado seu estado de tensões.

Segundo Thomaz (1989):

“Se o solo for uma argila dura ou uma areia compacta, os recalques decorrem essencialmente de deformações por mudança de forma, função da carga atuante e do módulo de deformação do solo. No caso dos solos fofos e moles, os recalques são basicamente provenientes da sua redução de volume, já que a água presente no bulbo de tensões das fundações tenderá a percolar para regiões sujeitas a pressões menores”.

O resultado prático da compressibilidade dos solos, mais pertinente, é o

recalque das fundações. Define-se como recalque a deformação vertical de uma

superfície qualquer delimitada no terreno (VARGAS, 1978). Caputo (1978) define

compressibilidade do solo, como sendo a redução do volume do maciço sob a ação

de cargas aplicadas, sendo seus principais mecanismos: deformação do esqueleto

do solo, deslocamento relativo do solo e quebra de grãos. Em solos saturados a

variação de volume está diretamente relacionada com a drenagem da água, sendo

este fluxo governado pela lei de Darcy.

O recalque é uma das principais causas de problemas em fundações,

trazendo consequências que podem variar, desde fissuras simples, até mesmo a

ruína da estrutura. Quando ocorre o recalque diferencial, ou seja, uma parte da obra

rebaixa mais que a outra, esforços estruturais não previstos são gerados. Recalques

diferenciais sempre existirão. Eles não devem exceder o limite permitido para cada

edificação.

Recalque, para Velloso & Lopes (2004), é todo deslocamento sofrido por uma

estrutura, na sua fundação, e pode acontecer imediatamente após o carregamento

e/ou com o decorrer do tempo. Recalques que ocorrem nas fundações de cada pilar

33

são denominados absolutos ou totais, enquanto que a diferença entre eles possibilita

o cálculo do recalque diferencial, sendo que este não deverá exceder o limite

permitido para cada tipo e finalidade de edificação.

A NBR 6122/2001 conceitua recalque específico ou distorção como sendo a

relação entre as diferenças dos recalques de dois apoios e a distância entre eles.

Para Simons e Menzies (1981), é importante distinguir os recalques entre:

• recalque total, que pode causar danos às fundações da estrutura

• recalque diferencial, resultante do desaprumo, perceptível em prédios

altos

• recalque diferencial, devido à distorção por cisalhamento que pode

provocar danos estruturais

A estimativa dos recalques absolutos, segundo Thomaz (1989), é

extremamente difícil. Existem vários modelos para sua estimativa, e dependem

basicamente do tipo de solo em questão, do tipo de fundação e da profundidade das

camadas compressíveis.

Os recalques que se processam logo após a aplicação da carga são

chamados imediatos. Já os que se desenvolvem com o tempo e em largos períodos

são definidos como diferidos ou por adensamento. O recalque total ou absoluto é

obtido, fazendo-se a soma dos recalques elásticos ou imediatos, por adensamento

primário e secundário.

Os recalques também podem ser advindos do colapso do solo. De acordo

com Pinto (1998), solos colapsíveis são solos não saturados que apresentam uma

considerável e rápida redução de volume, quando submetidos a um aumento brusco

de umidade sem que varie a tensão total a que estão submetidos.

De uma forma genérica, solos colapsíveis (NAIME et al., 1995) podem ser

definidos como sendo aquele tipo de solo de estrutura com alta porosidade,

composto basicamente de areia e silte, não lixiviados e não saturados, com ligações

entre grãos formadas por argilas e colóides, e que quando submetidos a acréscimos

34

de tensão e/ou umidade, sofrem rearranjo brusco da sua estrutura com conseqüente

redução do seu volume.

Além dos recalques por adensamento, existem os causados por ruptura do

terreno, por solapamento hidráulico e ainda pela ruína ou deterioração da própria

estrutura das fundações. Esses últimos são chamados de recalques anormais

(VARGAS, 1978).

3.6 ESTUDO SOBRE FUNDAÇÕES

A fundação é o elemento estrutural com função de transmitir as cargas da

estrutura ao terreno onde ela se apóia, devendo apresentar resistência mecânica

para suportar as tensões devido aos esforços solicitantes, rigidez suficiente para não

provocar a ruptura e controlar deformações (AZEREDO, 1988).

Problemas em fundações são causas muito freqüentes de fissuras e outras

lesões em prédios. Este tópico introduz, de maneira sucinta, o conceito de

fundações, seus tipos e características, cotas de assentamento e cargas

admissíveis.

3.6.1 Conceito e tipos de fundação

As fundações classificam-se em diretas ou indiretas, de acordo com a

forma de transferência de cargas da estrutura para o solo de apoio e, em rasas ou

profundas, dependendo da profundidade da camada de suporte.

A NBR 6122/2001 define as fundações como sendo:

a) “Fundação superficial (ou rasa ou direta) – Elementos de fundação em que a

carga é transmitida ao terreno, predominantemente pelas pressões

distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de

assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a

menor dimensão do elemento de fundação superficial. Incluem-se neste tipo

de fundação as sapatas, os blocos, radier, as sapatas associadas, as vigas

de fundação e as sapatas corridas.” A Figura 7 apresenta os diversos tipos de

fundação superficial.

35

Figura 7 - Principais tipos de fundações superficia is (www2.unijui.tche.br, acesso em

20/09/2009)

Os blocos e alicerces são utilizados quando há atuação de pequenas cargas.

São usados quando a camada resistente do solo está entre 0,5 e 1 metro de

profundidade. Os alicerces são blocos corridos, que podem suportar cargas

provenientes das paredes portantes e podem ser de concreto com ou sem

armadura, tijolo ou pedra. A Figura 8 representa os tipos mais comuns de alicerces

(BESTETTER, 2008).

Figura 8 Blocos e alicerces (BESTETTER, 2008)

36

b) “Fundação profunda - Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno

pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de

fuste) ou por uma combinação das duas, e que está assente em profundidade

superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e, no mínimo, 3 m, salvo

justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas, os tubulões e os

caixões.” A Figura 9 apresenta os diversos tipos de fundação profunda.

Figura 9 - Alguns tipos de fundações profundas: a) estacas metálicas b) pré-moldadas de

concreto c) pré-moldadas de concreto centrifugado d) Franki e Strauss e) estaca raiz f)

escavadas tubulões g) a céu aberto, sem revestimen to h) com revestimento de aço

(www2.unijui.tche.br, acesso em 20/09/2009)

A análise solo-fundação, para Velloso & Lopes (2004), tem por objetivo

possibilitar o dimensionamento estrutural e a escolha da fundação apropriada,

considerando-se as deformações e os deslocamentos reais da estrutura, bem como

seus esforços internos, que podem ser obtidos diretamente pela análise física da

interação ou de forma indireta por meio das pressões de contato. Estas pressões,

por sua vez dependem das características das cargas aplicadas, rigidez relativa

solo-fundação e propriedades do solo.

37

Segundo S. Junior (2008), os problemas intrínsecos à interação solo/fundação

são basicamente o recalque e a capacidade de carga (carga que pode provocar a

ruptura da fundação), que são influenciados pelas dimensões e pelo posicionamento

da fundação, mas dependem principalmente da resistência e da compressibilidade

do solo e da posição do nível d’água. A ruptura ocorre, quando a resistência do

maciço é inferior ao esforço transferido pela fundação, provocando a destruição de

parte da estrutura do solo.

3.6.2 Recalques admissíveis das fundações nos solos

De acordo com Simons e Menzies (1981), a quantidade de recalque que uma

estrutura pode tolerar, depende de vários fatores, como por exemplo: o tipo de

estrutura, a sua altura, a sua rigidez, função e localização, a magnitude, velocidade

e distribuição do recalque. Quanto mais lentamente se desenvolver o recalque,

maiores serão os recalques que uma estrutura será capaz de suportar sem sofrer

danos.

Cabe salientar que existem recalques admissíveis para cada fundação

isoladamente e, recalques admissíveis diferenciais.

O problema mais comum nas fundações é o chamado recalque diferencial.

Esse recalque depende das cargas aplicadas e da resistência do terreno (Verçosa,

1991).

Skempton e MacDonald (1955), apud Simons e Menzies (1981), os limites de

projeto para recalques máximos ou admissíveis podem ser vistos na Tabela 3:

Tabela 3 Limites para recalques máximos ou admissív eis (SKEMPTON E MACDONAL D, 1955)

Fundações isoladas em argila 65mm

Fundações isoladas em areia 40mm

Fundações em radier em argila 65 a 100mm

Fundações em radier em areia 40 a 65mm

38

Os limites menores atribuídos às fundações em areia são devidos, em parte,

ao fator tempo e à capacidade da edificação se deformar (absorver as tensões).

Podemos relacionar os recalques máximos admissíveis com a distorção

angular. Segundo Berberian (2008), as distorções angulares são definidas como

sendo o recalque diferencial entre dois pilares, dividido pelo vão entre eles. A Figura

10 apresenta as distorções correlacionadas aos danos causados às estruturas, onde

as frações representam os valores das distorções angulares e, quanto maior for o

denominador, menor é o ângulo de distorção e menor é a tolerância aos recalques

diferenciais.

Figura 10- Distorções angulares e danos associados (VELLOSO & LOPES, 2004 ))))

39

De acordo com Teixeira e Godoy (1998), dentre os valores apresentados é

importante salientar os seguintes:

• β = 1/500: limite seguro para se evitar danos em paredes de

edificações.

• β = 1/300: limite a partir do qual começam a aparecer trincas em

paredes de edifícios.

• β = 1/150: limite a partir do qual se pode esperar danos estruturais

em edifícios correntes.

Grant et al. (1974), apud H. Junior (2002), sugerem também um limite de

1/300 (distorção) de forma a não ocorrerem danos.

A Tabela 4 apresenta uma comparação entre a abertura de fissuras e os

danos associados estrutura.

Tabela 4 Abertura de fissuras e danos associados (V ELLOSO & LOPES, 2004 ))))

ABERTURA INTENSIDADE DOS DANOS DA COMERCIAL

FISSURA (mm) RESIDENCIAL OU PÚBLICO INDUSTRIAL < 0,1 Insignificante Insignificante Insignificante

0,1 a 0,3 Muito Leve Muito Leve Insignificante 0,3 a 1 Leve Leve Muito Leve 1 a 2 Leve a moderada Leve a moderada Muito Leve 2 a 5 Moderada Moderada Leve

5 a 15 Moderada a severa Moderada a severa Moderada

15 a 25 Severa a muito severa Severa a muito

severa Moderada a

severa

> 25 Muito severa a

perigosa Severa a perigosa Severa a perigosa

FISSURA EFEITO NA ESTRUTURA E USO DO EDIFÍCIO < 0,1 a 0,3 Nenhum

0,3 a 5 Apenas estética com deterioração acelerada do aspecto externo

5 a 25 Utilização do edifício será afetada e, no limite superior, a

estabilidade pode também estar em risco

> 25 Cresce o risco da estrutura se tornar perigosa

40

É importante observar que as fissuras tornam-se perigosas quando

ultrapassam 25 mm de espessura.

A abertura de fissuras é um tipo de patologia nas edificações que pode ter

várias causas, dentre elas os problemas de fundações, conforme tratado no Capítulo

2.

41

4 PROBLEMAS CLÁSSICOS EM FUNDAÇÕES

Os problemas clássicos em fundações podem ter diversas causas, dentre

elas: erro de projeto, falha na execução, uso de materiais de má qualidade, uso da

edificação e influência de fatores externos. Esses defeitos podem aparecer mesmo

durante a obra ou quando esta estiver em uso. A apresentação deste capítulo está

baseada na dissertação de mestrado de Denise Silva (1993), onde se procurou

descrever as diversas causas dos problemas nas fundações. Essa descrição foi

resumida em tabelas que serão apresentadas a seguir.

4.1 PROBLEMAS DEVIDO A FALHAS NA ETAPA DE PROJETO

A etapa de projeto envolve investigação do subsolo e das condições locais, e

dimensionamento dos elementos de fundação, conforme apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 Problemas Clássicos em fundações: Falhas n a etapa de projeto (SILVA, 1993)

ORIGEM DO PROBLEMA

Tipos de falha Detalhamento das falhas

Falhas na etapa de projeto

Investigação de subsolo e das condições locais

• inexistência de qualquer investigação geotécnica

• investigações insuficientes ou com falhas

• falhas na interpretação dos resultados.

• pequena quantidade de furos de sondagem

Dimensionamento

• escolha do tipo de fundação inadequado

• não consideração de esforços horizontais

• erros na determinação das dimensões, armaduras e profundidades

• falta de especificações em projetos de fundações

• indicação de uso de concretos com trabalhabilidade inadequada

42

• não consideração de ataque de agentes agressivos contidos no subsolo

Algumas situações que indicam falhas na etapa de projeto, mais

precisamente na parte de investigação do subsolo e condições locais, são aqui

detalhadas:

a) fundações apoiadas em camada de solo natural, com baixa capacidade de

suporte ou mal compactados;

b) fundações assentes em solos expansivos, solos colapsíveis, em subsolo

constituído por camada compressível com espessura variável (Figura 11), em

subsolo contendo lente de material compressível ou solos com pouca

homogeneidade (figura 12);

Figura 11 Recalque diferencial por consolidações di stintas do subsolo carregado (THOMAZ,

1989)

43

Figura 12 Recalque da edificação devido à espessura variável da camada compressível (SILVA,

1993)

4.2 PROBLEMAS DEVIDO A FALHAS NA ETAPA DE EXECUÇÃO

Segundo MILITITSKY (1989), apud SILVA (1993), as falhas na fase de

execução são a segunda principal causa de problemas no comportamento das

fundações. Torna-se evidente então que um controle de qualidade rigoroso no

momento da execução reduziria muito a incidência manifestações patológicas. A

Tabela 6 apresenta os problemas de fundações, devido a falhas na fase executiva.

Tabela 6 Problemas Clássicos em fundações: Falhas n a etapa de execução (SILVA, 1993)

ORIGEM DO

PROBLEMA

Tipos de falha Detalhamento das falhas

Falhas na etapa

de execução

Execução de

fundações

superficiais

• não obediência às especificações do

projeto em relação à profundidade de

assentamento

• não obediência às especificações do

projeto em relação às dimensões,

armaduras e detalhes construtivos

• erro de prumo da fundação

44

(excentricidades)

• concretagem ruim ou mau adensamento

do concreto

• problemas advindos da presença de

água

• execução de sapatas que coincidam

com tubulações internas

Os problemas com as fundações profundas não foram abordados nesse

estudo. Podemos dizer de forma sucinta, que os principais problemas nas fundações

profundas estão relacionados com a fase de dimensionamento, com as condições

locais e falhas na etapa de execução.

4.3 PROBLEMAS DEVIDOS A FATORES EXTERNOS

Muitas vezes a origem de um problema não está no elemento de fundação ou

no desconhecimento das características do solo, nem na execução ou no

dimensionamento das fundações com relação às cargas e à capacidade do terreno.

É possível que surjam influências externas, provocando instabilização e

conseqüente movimentação. A Tabela 7 apresenta os problemas referentes a

fatores externos.

Tabela 7 Problemas Clássicos em fundações: Fatores externos (SILVA, 1993)

ORIGEM DO

PROBLEMA

Tipos de falha Detalhamento dos fatores

Problemas

devidos a

fatores externos

Influência de

obras vizinhas

• escavações

• vibração

• carregamento vizinho

45

Mudança no uso

da edificação

• sobrecargas

Variação no teor

de umidade do

solo

• rompimento ou vazamento de

tubulações internas

• chuvas intensas e inundações

• presença de grandes raízes de arvores

provocam redução de umidade

• rebaixamento do lençol freático

Ataque de

agentes

agressivos

• presença de carbonatos

• relação álcali-agregados, sulfatos

• oxidação das armaduras

Segundo Jucá (1981), as principais causas de recalques em edificações

vizinhas à escavação, acontecem devido a:

a) alívio vertical de tensões devido à escavação;

b) deslocamento horizontal da parede de contenção;

c) adensamento provocado pelo rebaixamento do lençol freático e/ou

alívio de pressões em lençóis confinados

Em relação à mudança no uso da edificação, Silva (1993) ressalta que a

mudança no uso de uma edificação pode causar acréscimo de carga não previsto

em projeto, como por exemplo, a utilização de um prédio residencial para depósito

de materiais pesados, a implantação de piscinas em terraços, ou a execução de

reformas que impliquem um aumento do número de pavimentos..

.

46

4.4 EFEITOS DO MOVIMENTO DAS FUNDAÇÕES EM PAREDES DE ALVENARIA

As alvenarias são constituídas de materiais frágeis, geralmente blocos

cerâmicos, argamassa para juntas e cerâmicas de revestimento, que apresentam

baixa resistência à tração. Além disso, segundo Magalhães (2004), as interfaces

entre as unidades e as juntas de argamassa constituem superfícies bastante

suscetíveis à separação, uma vez que a resistência à tração nesses locais é muito

pequena.

A Figura 13 mostra a representação das fissuras causadas por recalques

diferenciais das fundações.

Figura 13 - Representação de fissuras causadas por recalque diferencial (MAGALHÃES, 2004)

Segundo H. Junior (2002), as fissuras em painéis de alvenaria podem se

apresentar nas direções horizontal, vertical, diagonal ou uma combinação destas. As

configurações possíveis estão representadas na Figura 14.

47

Figura 14 - Configurações básicas das fissuras em a lvenaria (HOLANDA JUNIOR, 2002)

Como este trabalho dá um maior enfoque nas fissuras causadas por

recalques, a Figura 15 mostra painéis de alvenarias com fissuras provocadas por

recalque de fundação, de acordo com H. Junior et al. (2002),.

Figura 15 - Exemplo de fissuras causadas por recalq ues (HOLANDA JUNIOR, 2002)

48

Sabe-se que as configurações de fissuras apresentadas na Figura 15 podem

ter sido também causadas por outros agentes, como a falta de vergas e contra-

vergas no topo e base da abertura de janelas e no topo de portas.

4.4.1 Elaboração do diagnóstico das aberturas ou le sões causadas por

problemas de fundações

De acordo com Thomaz (1989), o diagnóstico das fissuras é uma tarefa

bastante complicada. Muitas vezes, uma causa pode provocar diversas

configurações de fissuras, ou ainda, uma determinada configuração pode ser

representativa de diversas causas. Um diagnóstico correto só poderá ser elaborado

por um bom especialista. Existem casos em que as verdadeiras causas das trincas

jamais serão determinadas com absoluta certeza.

Thomaz (1989) apontou uma série de fatores que devem ser investigados, tais

como:

i. Incidência , configuração, comprimento, abertura e localização da trinca

ii. Idade aproximada da fissura, do edifício e época em que foi construído

iii. Se a mesma aprofunda-se por toda a espessura do componente trincado

iv. Se uma fissura semelhante aparece em pavimentos contíguos ou em

edificações vizinhas

v. Se a fissura já foi reparada anteriormente

vi. Se existem tubulações ou eletrodutos embutidos nas proximidades da fissura

vii. Se a abertura da fissura é uniforme

viii. Se existe umidade ao redor da fissura

ix. Se a edificação não está sob uso indevido

Segundo Lichtenstein (1986), o diagnóstico é constituído pelo progressivo

levantamento de dados, que vai simultânea e continuamente reduzindo as

49

incertezas iniciais. Esse autor propôs um procedimento para resolução de problemas

patológicos, baseado em três fases distintas conforme representado na Figura 16.

Figura 16 - Estrutura do método para resolução de p roblemas patológicos (DAL MOLIN, 1988)

De acordo com Thomaz (1989), um elemento importante para o diagnóstico é

imaginar o movimento que deu origem à trinca, já que a maioria delas está

associada a movimentações das mais distintas naturezas. Quando um diagnóstico

seguro não for possível, medidas mais rigorosas e trabalhosas deverão ser tomadas,

como a análise dos perfis de sondagem, revisão do cálculo estrutural, uso de

modelos para previsão de recalques.

De acordo com Lichtenstein (1985), no diagnostico da situação é estabelecida

a diferença entre a situação observada e a situação desejada. A partir dessa

50

comparação, escolhe-se a ação mais adequada para reduzir ou eliminar o desvio

percebido.

O grau de atividade da fissura também deverá ser verificado. De acordo com

Verçosa (1991), deve-se instalar um nível em uma base próxima ao local de

recalque e fixar um referencial no lugar que se supõe o recalque. Depois de algum

tempo se faz nova medição.

4.4.2 Solução do problema de fissuração

Thomaz (1989) afirma que, por aspectos estéticos, psicológicos, e mesmo de

desempenho, as recuperações de alvenarias são as que mais se realizam nas

obras. Alguns dos diversos métodos existentes para correção de fissuras serão

descritos neste item.

A definição da conduta para correção de fissuras é feita levando-se em conta

três parâmetros básicos, que são associados a cada alternativa de intervenção

(LINCHTENSTEIN, 1985):

• Grau de incerteza sobre os efeitos;

• Relação custo/benefício;

• Disponibilidade de tecnologia para execução dos serviços.

Dal Molin (1988) diz que as medidas terapêuticas de correção de problemas

tanto podem incluir pequenos reparos, quanto uma recuperação generalizada da

estrutura ou ainda reforços de elementos estruturais.

Em 1989, Thomaz salientava que a recuperação só deveria ser procedida em

função de um diagnóstico seguramente firmado, e somente após ter-se pleno

conhecimento da implicação no comportamento do edifício como um todo.

Junior et al (1998) ressaltou que:

51

“... a inexistência de normas e ensaios na área de recuperação de fissuras ... ajuda a explicar o total desconhecimento do comportamento dos sistemas de recuperação de fissuras por parte dos fabricantes, a deficiência nas especificações de projeto e o uso inadequado de tais sistemas pelo meio técnico. Como resultado, são registrados casos de reincidência das fissuras.

A partir da classificação de fissuras ativas ou inativas, surgiram os principais

métodos para reparação das fissuras, conforme aparecem no estudo de Dal Molin

(1988) e estão representados na Figura 17.

Figura 17 - Método para correção de fissuras (DAL M OLIN, 1988)

Resinas à base de epóxi são geralmente muito caras e não são comumente

usadas como selagem de fissuras em alvenarias de edificações. Quando da

utilização desse material, faz-se no elemento estrutural.

52

Alguns dos métodos apresentados na Figura 17 são detalhados por Dal Molin

(1988), como pode ser visto a seguir.

Fissuras inativas:

a. injeção de resinas sintéticas (acrílica, poliéster), que possuem alto poder

adesivo, permitindo restabelecer a monoliticidade ao elemento trincado;

b. injeção de nata de cimento (cimento, água e aditivos).

c. revestimentos: no caso das fissuras passivas, pode-se utilizar qualquer tipo

de revestimento, desde que este garanta boa aderência de maneira que

absorva todas as imperfeições existentes.

Fissuras ativas:

a. pinturas flexíveis: a aplicação de revestimentos para as fissuras ativas é

particularmente conveniente, quando existe um grande número delas (rede de

fissuras). Esse tratamento é realizado com tintas de grande elasticidade.

b. abertura de berço e preenchimento com selante: garante a movimentação da

estrutura, onde a fissura pode ser considerada como uma junta, preenchida

com um selante capaz de absorver as tensões desenvolvidas.

Britto (2006) afirma que a recuperação e a escolha do material de reparação

podem se basear na espessura da fissura, conforme apresentado na Tabela 8.

Tabela 8 Escolha de material de reparação de acordo com a abertura da fissura (Britto, 2006)

Abertura Material de reparação

< 0,5mm Nata de Cal

0,5 - 1,0mm Pasta de cimento ou Epóxi (material

de custo elevado)

> 1,0cm Argamassa Polimérica

Thomaz (1989) apresenta alguns procedimentos para recuperação ou reforço

de paredes de alvenaria.

53

Um desses procedimentos, que diz respeito aos destacamentos entre parede

e pilar, é a inserção de material flexível no encontro parede com pilar. Para se fazer

o revestimento, emprega-se uma tela metálica leve juntamente com a aplicação da

argamassa.

Nas paredes longas com fissuras intermediárias, recomenda-se a criação de

juntas de movimentação nos locais de ocorrência das fissuras. Em todos os casos, o

principio de funcionamento da recuperação com telas, juntas, material flexível,

resinas, é a absorção das movimentações por esses agentes. A presença desses

materiais reduz as tensões introduzidas no revestimento e, portanto, diminui a

probabilidade da fissura voltar a pronunciar-se no revestimento (THOMAZ, 1989).

Já as lesões nas fundações são de difícil e cara correção e, muitas vezes,

nem são viáveis. Verçosa (1991) cita alguns tipos de correções para as fundações,

como sendo:

a) reconstruir a fundação no trecho em que houve recalque, porém em maior

profundidade. Neste caso, é preciso também demolir o trecho de parede que

fica acima;

b) compactar o solo adjacente com estacas de madeira ou de concreto. Quanto

mais próximas as estacas, maior o grau de compactação e melhores serão as

condições de resistência.

Segundo Thomaz (1989),

“Na ocorrência de recalques da fundação, a recuperação do componente só deverá ser efetuada quando o movimento estabilizar-se ou quando tiver certeza sobre a estabilidade da obra. Em caso contrário, combater inicialmente a causa dos recalques, empregando-se técnicas de consolidação do terreno (compactação, injeção de nata de cimento) ou de reforço de fundação (cachimbos, estacas laterais, estacas mega).”

54

4.4.3 Reforço de fundações

Segundo Gotlieb (1998):

“O reforço de fundação representam uma intervenção no sistema solo-fundação-estrutura existente, visando modificar seu desempenho. Tal intervenção faz-se necessária nos casos em que as fundações existentes mostrem inadequadas para o suporte das cargas atuantes.”

De acordo com as características dos reforços, estes podem ser permanentes

ou provisórios. Gotlieb (1998) os diferencia da seguinte forma:

Reforço Permanente:

Aquele que se torna necessário em termos definitivos, em virtude do mau

desempenho das fundações originais.

Reforço Provisório:

Aquele que é aplicado somente para permitir que sejam efetuados os serviços

de reforços permanentes.

Dentre as muitas técnicas empregadas para o reforço de fundações, podemos

destacar o uso de estacas injetadas, aumento da área de apoio da fundação e

melhorias nas condições do solo em termos de resistência e compressibilidade

(Specht, 2010).

55

4.5 EXEMPLOS DE ESTUDOS DE CASO RELACIONADOS COM PATOLOGIA DE

FUNDAÇÕES

Neste capítulo serão apresentados dois exemplos de estudos de caso,

realizados por Britto (2006), na cidade de Santo Amaro – BA e, por Silva (1993), na

cidade de Porto Alegre – RS.

O objetivo é apresentar diferentes situações e os respectivos procedimentos

na solução dos problemas.

4.5.1 Estudo de caso: Estudo de manifestação patológica e m edificação

assente sobre solo expansivo – Massapê (BRITTO, 200 6)

Britto (2006), em sua monografia do Curso de Especialização, avaliou o

mecanismo de funcionamento do problema patológico (fissuras) existente na

alvenaria de vedação e piso da Escola Anália de Almeida Souza Lima, localizada na

Fazenda Vitória, Santo Amaro – BA.

Segundo o autor, as fissuras foram decorrentes das condições apresentadas

no local, quanto à variação de umidade no solo. O solo tipo massapê é encontrado

na cidade de Santo Amaro-BA e, uma vez sujeito à variação de umidade, passa a

expandir ou retrair gerando movimentações nas fundações superficiais que por sua

vez transferem essa movimentação diferencial para a superestrutura.

As figuras 18, 19, 20 e 21 mostram algumas das paredes da escola, onde

existem fissuras causadas pelo recalque das fundações.

56

Figura 18 Fissura inclinada em alvenaria da fachada frontal da escola (BRITTO, 2006)

Figura 19 Fissura inclinada na alvenaria de fachada lateral esquerda da escola (BRITTO, 2006)

57

Figura 20 Fissura vertical na extremidade superior da alvenaria interna da escola (BRITTO,

2006)

Figura 21 Fissura horizontal próximo ao vértice sup erior da porta da cozinha (BRITTO, 2006)

58

Os solos expansivos, citados no estudo de Britto (2006), têm um nome

regional denominado “massapê“ sendo proveniente da intemperização de rochas

sedimentares (folhelho, argilito e siltito).

A unidade escolar estudada possui 01 pavimento com duas salas de aula,

uma cozinha, dois banheiros e uma pequena sala de diretoria. A fundação foi

construída em alvenaria de pedra argamassada com 40 cm de profundidade e 30 cm

de largura, e a alvenaria de vedação, em bloco cerâmico com furos, funcionando ao

mesmo tempo como elemento estrutural de suporte da cobertura em telha cerâmica

e da estrutura de madeira.

Para comprovar a presença de solo expansivo, foram realizadas sondagem

no terreno da escola e coleta de amostras para ensaios em laboratório. A Tabela 9

apresenta o resultado dos ensaios de caracterização, bem como de expansão livre.

Tabela 9 Resumo dos resultados de caracterização e expansão livre do estudo de Britto (2006)

Parâmetro Amostra

12/06 Amostra

13/06 Limite de Liquidez (%) 85 93 Índice de Plasticidade (%) 36 43 Areia (%) 8 7 Silte (%) 21 19 Argila (%) 71 74 Expansão Livre (%) 86,32 82,18 # 200 (%) 95 95

Na Tabela 9, observa-se elevados percentuais de argilas (71 e 74%) e a

expansão livre variando entre 86,32 e 82,18%.

O autor pode comprovar, através dos resultados, que os solos possuem

textura predominantemente fina com elevada plasticidade. Em relação à

expansividade, as amostras sofreram considerada expansão, coerente com o que

acontece com a realidade. Ele afirma que foi de fundamental importância avaliar o

real potencial de expansão do massapê bem como a expansão ocorrida sob a

edificação escolar para que se possa explicar o comportamento das fissuras por ela

gerada.

59

A Figura 22 mostra uma parte do relatório de sondagem à percussão

realizado no subsolo da Escola Anália de Almeida Souza Lima, onde podemos

identificar a presença do “massapê” nos primeiros 1,5 metros de profundidade.

Figura 22 Relatório de sondagem à percussão do subs olo da escola (BRITTO, 2006)

60

4.5.1.1 Diagnóstico e medidas preventivas

Britto (2006) diagnosticou que as fissuras e fendas típicas presentes na

Escola Anália de Souza Lima são, em sua maior parte, resultado de recalques

diferenciais produzidos pela translação vertical da fundação devido ao processo de

retração/expansão do massapê. Somadas a essas movimentações, existem as

expansões horizontais do solo que geraram fissuras horizontais e verticais na

edificação. O efeito de sobrecarga distribuída e localizada nas alvenarias também

teve papel importante na formação de muitas fissuras, pois essa sobrecarga gera

tensões de tração e cisalhamento que induzem também para o surgimento das

fissuras.

Para minimizar o efeito da expansão, Britto (2006) apontou algumas medidas

preventivas da Agence Qualité Construction, empresa francesa especializada em

estudos sobre patologia das construções, que são capazes de reduzir bastante o

aparecimento de manifestações patológicas em construções sobre solo expansivo.

Dentre elas:

a) realizar toda plantação de árvore ou arbusto a uma distância superior à altura

adulta h de árvore;

b) despejar as águas pluviais a uma distância de 2 a 3 metros da construção;

c) estanquear as canalizações de evacuação com utilização de junções

flexíveis;

d) captar os fluxos superficiais com uma distância mínima de 2m entre a

construção e a presença eventual de um dreno;

e) efetuar drenagem periférica em casos particulares como taludes e encostas.

4.5.1.2 Conclusões

Segundo Britto (2006), pode-se observar, através desse estudo de caso, o

quão oneroso é desconhecer as particularidades que regem os solos expansivos,

especificamente o massapê. Fissuras, fendas e trincas são uma das muitas

manifestações patológicas, resultado da não coordenação das partes de uma

construção com o todo.

61

Como em muitas construções públicas do país, a escola Anália de Souza

Lima foi construída com o máximo de economia e o mínimo de qualificação nos

projetos e execução.

4.5.2 Estudo de caso: Levantamento de problemas em fundações correntes no

Estado do Rio Grande do Sul (SILVA, 1993).

Silva (1993) realizou um estudo com o objetivo de avaliar a situação a

ocorrência de problemas em fundações no Estado do Rio Grande do Sul. O

levantamento de dados foi feito a partir de informações junto às empresas e

engenheiros autônomos. Tais informações foram obtidas sob a forma de laudos

técnicos de vistoria, perícias judiciais e entrevistas, num total de 548 casos de

edificações com problemas em suas fundações. Os dados coletados referem-se

basicamente a edificações correntes, como casas, edifícios, prédios escolares e

pavilhões industriais.

Dentre os níveis de classificações apresentados por SILVA (1993) para as

manifestações patológicas, as mais interessantes são as classificações com

parâmetros associados à gravidade dos danos, tipo de fundação empregado e

número de pavimentos ou tipo de edificação. Essas classificações estão

reproduzidas nas tabelas 10, 11 e 12 a seguir.

Tabela 10 Gravidade dos danos causados em edificaçõ es correntes por problemas nas

fundações (SILVA, 1993).

GRAVIDADE Nº DE CASOS %

SEM DANOS 3 0,55

BAIXA 4 0,73

MODERADA 228 41,6

ALTA 278 50,73

DESMORONAMENTO 16 2,92

CORREÇÃO NA EXECUÇÃO 16 2,92

NÃO DETERMINADA 3 0,55

TOTAL 548 100

62

Tabela 11 Tipos de fundações afetadas por problemas (SILVA, 1993)

TIPOS DE FUNDAÇÃO Nº DE CASOS % S

UP

ER

F.

Sapata corrida 121 22,08 Sapata isolada 35 6,39 Radier 5 0,91 Combinada(corrida e isol.) 3 0,55 Não definida 259 47,26 TOTAL 423 77,19

PR

OF

UN

DA

Tubulão 2 0,36 Estaca frnaki 6 1,1 Estava strauss 15 2,74 Estaca rotativa 5 0,91 Estaca pre-moldada 1 0,18 Estaca metálica 2 0,36 Micro-estaca 3 0,55 Estaca raiz - - Estaca madeira - - Não definida 12 2,19 Fundação profunda não definida 3 0,55 TOTAL 49 8,94 FUNDAÇÃO SUPERFICIAL E

PROFUNDA 3 0,55 SEM FUNDAÇÃO 4 0,73 NÃO DEFINIDA 69 12,59

TOTAL 548 100

Na Tabela 11, ficou evidenciado que em 77,19% dos casos os problemas

ocorreram em fundações superficiais, contra os 9% em fundações profundas.

Segundo os dados, a incidência de problemas patológicos em fundações superficiais

é muito maior do que em fundações profundas.

Tabela 12 Número de pavimentos das edificações afet adas (SILVA, 1993)

TIPOS DE FUNDAÇÃO Nº DE CASOS % EDIFICAÇÃO DE ATÉ 02 PAVIMENTOS 464 84,67 EDIFICAÇÃO DE MAIS DE 02 PAVIMENTOS 64 11,68 PAVILHÕES 14 2,55 NÃO DEFINIDO 6 1,1 TOTAL 548 100

63

É interessante notar que em 464 dos 548 casos, os problemas nas fundações

estão associados a edificações com até 02 pavimentos.

Para facilitar a discussão dos resultados, Silva (1993) procurou definir a causa

em função de procedimentos inadequados que ocorreram em qualquer etapa ou

fase da obra. Por exemplo, a falta de investigação geotécnica é um procedimento

inadequado que, na maioria dos casos, pode causar o recalque das fundações pela

presença de solo expansivo.

4.5.2.1 Discussão do estudo realizado por Silva (1993)

Silva (1993) concluiu que as causas mais comuns de problemas em

fundações foram principalmente falhas ocorridas na etapa de projeto (55,2%), devido

a fatores externos (23,4%), seguidos por aqueles ligados a etapa de execução

(13,1%), uso (5,5%) e qualidade dos materiais (2,8%). A Tabela 13 mostra as

percentagens dos resultados ligados aos itens fundação superficial, fundação

profunda e edificações até 02 pavimentos.

Tabela 13 Resultado do levantamento de dados segund o os agentes causadores (SILVA, 1993)

Ítem

Causas do problema

Projeto Fatores

Externos Uso Execução Materiais %

Fundação Superficial 56,5 28,8 6,5 5,5 2,7 Fundação Profunda 48,3 8,6 1,7 37,9 3,5 Edificações até 02 pav. 61 25,2 5,4 7,2 1,2

4.5.2.2 Conclusões

Pela análise dos dados levantados no estudo, Silva (1993) concluiu que 80%

dos casos patológicos em fundações foram causados por desconhecimento do

comportamento dos solos em diversas etapas da obra e, que para apenas 9% dos

casos levantados, os danos nas edificações foram causados por deformação

excessiva ou ruptura do elemento de fundação.

Silva (1993) ressalta ainda que infelizmente, através do levantamento de

casos patológicos realizados, verificou-se que o controle na hora de se executar as

64

fundações raras vezes é feito. Observou-se que somente há maior preocupação

com os problemas e são tomadas medidas para saná-los, quando as

movimentações das fundações já causaram danos consideráveis nos componentes

da edificação.

Silva (1993) finalizou seu trabalho afirmando que de acordo com os

resultados do levantamento, praticamente todos os casos poderiam ter sido

evitados.

65

5 APLICAÇÃO DO CONTEÚDO TEÓRICO A SERRINHA E ARACI, BA

5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA

O trabalho proposto consistiu na verificação da situação de dois municípios

baianos, quanto às fissuras apresentadas em suas edificações. Os municípios

verificados foram Serrinha e Araci, no estado da Bahia, para os quais buscou-se

correlacionar as fissuras com o tipo de subsolo de cada local e a situação sócio-

econômica da população. Para efeito comparativo, acrescentou-se o trabalho

realizado por Britto (2006) no município de Santo Amaro-BA, apresentado de forma

resumida no Capítulo 4.

A Figura 23 é um recorte do mapa do Estado da Bahia e nele estão

destacadas as cidades de Serrinha, Araci e Santo Amaro.

Figura 23 Mapa de dados Cartográficos da Bahia (map s.google.com.br, 2009)

O trabalho iniciou com a elaboração de uma revisão bibliográfica sobre o

tema e, posteriormente, deu-se início à inspeção de campo em Serrinha-BA, cidade

de residência do autor deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Além dessa inspeção, foram levantadas informações, tais como:

66

- mapa de arruamento do município, junto à Prefeitura, para definição do roteiro de

inspeção em campo das manifestações patológicas das edificações;

- tipo de edificação, quantidade de pavimentos e tipo de fundação utilizada no

município;

- características do subsolo, a partir de contato com engenheiros e moradores.

O levantamento restringiu-se a edificações correntes, como casas, prédios

com até dois pavimentos, prédios comerciais e escolares. Cabe informar que nas

cidades existem edificações com mais de dois pavimentos.

O mesmo levantamento foi realizado no município de Araci-BA, que dista 34

km de Serrinha, mas que possui características diferentes do subsolo e possui, em

um dos seus bairros, edificações que apresentam muitas fissuras. Em Araci foi feito

o registro fotográfico de lesões nas edificações.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ESTUDADOS

A caracterização dos municípios de Serrinha e Araci teve como base dados

do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica) e do SEI (Superintendência

de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia), obtidos no endereço eletrônico dos

mesmos no dia 28 de novembro de 2009. Essa caracterização envolve informações

sobre o clima, vegetação, área, população, relevo, atividades econômicas, tipos de

edificações, entre outros.

5.2.1 Município de Serrinha-BA

O município de Serrinha/BA encontra-se inserido na Mesorregião Nordeste do

Estado da Bahia, com uma distância de 179 km da capital, Salvador/BA. A sua área

territorial é de 568,41 km2 e sua altitude chega aos 379 metros acima do nível do

mar. Possui uma população de 71.383 habitantes e as principais atividades

econômicas são a agricultura e a pecuária, tendo o comércio como complementação

das atividades econômicas.

O clima é de semi-árido a sub-úmido seco, típico do sertão nordestino

caracterizado pelas secas prolongadas e chuvas curtas e torrenciais.

67

Geologicamente, em Serrinha/BA podemos encontrar alguns tipos de rochas,

como: Arenitos, Conglomerados/Brechas, Diatexitos, Gnaisses Charnockìticos,

Granito-Gnaisses. No que diz respeito à Geomorfologia, este município está

localizado no Pediplano Sertanejo, que faz parte da região de Depressão Sertaneja.

Este é o tipo de relevo que se identifica, em grande parte, com a área do chamado

sertão.

O tipo de vegetação encontrado no município de Serrinha/BA é a Caatinga

Arbórea Aberta, sem palmeiras e Contato Caatinga - Floresta Estacional, vegetação

esta que se adapta ao clima da região, que é o semi-árido, resistindo aos longos

períodos de seca.

O subsolo é composto em sua maior parte, por areia grossa pouco siltosa,

rocha alterada com areia média a grossa e rocha mãe entre as profundidades de 01

a 04 metros (sondagem do Anexo A). Segundo informações de engenheiros da

Prefeitura Municipal de Serrinha, em toda extensão do município o nível d’água é

encontrado abaixo da rocha sã, não havendo problemas de capilaridade e infiltração

nas edificações.

Dentre os tipos de edificações existentes na cidade (casas, edificações

comerciais e públicas), podemos destacar que a maioria possui entre 01 e 02

pavimentos e algumas com mais de 02 andares.

5.2.2 Caracterização do município de Araci-BA

O município de Araci/BA, assim como o município de Serrinha, encontra-se

inserido na Mesorregião Nordeste do Estado da Bahia, com uma distância de 200

km da capital, Salvador/BA. A sua área territorial é de 1.524,07km2 e sua altitude

atinge os 272 metros acima do nível do mar. Possui uma população de 51.912

habitantes e, assim como o município de Serrinha, tem como principais atividades

econômicas a agricultura e a pecuária.

O clima é o semi-árido, típico do sertão nordestino caracterizado pelas secas

prolongadas e chuvas curtas e torrenciais.

Em relação à geologia, podemos encontrar alguns tipos de rochas, como:

anfibolitos, arenitos, biotita-gnaisses, gonglomerados/brechas, folhelhos, granitos,

68

gnaisses, garaconglomerados. No que diz respeito à Geomorfologia, esse município

encontra-se localizado no Pediplano Sertanejo e Tabuleiros do Itapicuru, que fazem

parte do sertão Nordestino.

O tipo de vegetação encontrada no município de Araci/BA é a Caatinga

Arbórea Aberta, com e sem palmeiras.

Podemos comparar as edificações existentes nesse município com as que

encontramos no município de Serrinha, pois são municípios vizinhos que desfrutam

das mesmas atividades econômicas e sociais. Dentre essas edificações, temos a

maioria com 01 e 02 pavimentos e algumas com mais de 02 pavimentos.

5.2.3 Tipos de fundações existentes

Baseado em relatos de técnicos e moradores, nos dois municípios

predominam as fundações superficiais. Mais próximo ao centro, onde se concentra a

parte da população com maior poder aquisitivo, há uma predominância de blocos de

fundação, sapatas isoladas e associadas. Em contrapartida, na periferia

predominam as alvenarias de pedra argamassada e fundação em tijolinho (Figura

24), havendo, em poucos casos, a presença de blocos de fundação e sapatas.

Figura 24 Tipo de fundação mais empregada no bairro Tira Colo em Araci/BA

69

5.3 RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo estão apresentados os resultados do levantamento realizado

nos dois municípios estudados.

Os municípios estudados são muito parecidos, em termos de caracterização

climática, vegetação, tipo de edificação e atividades econômicas, devido à

proximidade entre eles.

5.3.1 Município de Serrinha-BA

Baseado nas informações sobre a geologia do município de Serrinha e,

considerando as informações contidas nas sondagens do Anexo A, o município

possui subsolo formado basicamente por rocha tipo arenito, cascalho com pouca

presença de siltes. A Figura 25 mostra a localização dos furos de sondagem

encontrados para o município de Serrinha.

Figura 25 Localização dos furos de sondagem em Serr inha-BA (www.maps.google.com.br,

2009)

Foi possível verificar, através de visitas aos bairros, conversas com os

moradores e por meio de relatos dos engenheiros da Prefeitura Municipal de

Serrinha, que a incidência de fissuras nas edificações é muito pequena.

70

Durante a busca por edificações que apresentassem fissuração, a situação

que chamou a atenção foi a do Hospital Estadual de Serrinha, onde existem fissuras

por todo o prédio, conforme apresentado nas figuras 26 e 27. A construção possui

08 anos e apresentou fissuras já no ano seguinte da construção. O tipo de fundação

empregado foram sapatas isoladas e corridas. Segundo os engenheiros da

Prefeitura Municipal de Serrinha, essas fissuras são causadas pela vibração advinda

da rodovia (BA-409), localizada à frente do Hospital, também pelo fato de uma parte

da edificação estar sobre aterro (não controlado), e da falta de juntas de

movimentação.

Figura 26 Fissura vertical já recomposta na alvenar ia do Hospital Estadual de Serrinha/BA

71

Figura 27 Fissuras verticais já recompostas nas par edes do Hospital Estadual de Serrinha/BA

A situação das edificações em Serrinha quanto à existência de fissurações,

não apresenta muitos problemas. Além disto, o tipo de solo encontrado no município

favorece um bom comportamento das fundações. Sendo assim, seguindo sugestão

do engenheiro da Prefeitura Municipal de Serrinha, avaliou-se a situação do

município de Araci.

Araci possui edificações com fissuras oriundas do recalque das fundações e

da presença de solo expansivo em um determinado bairro da cidade, de acordo com

informações do engenheiro de Serrinha.

5.3.2 Município de Araci-BA

Para o município de Araci, o bairro do Tira Colo, de baixa renda e situado na

periferia, apresentou situação preocupante na maioria das construções, pois as

fissuras estão presentes em praticamente todas as casas do bairro. O bairro está

destacado no mapa de arruamento do município de Araci, Figura 28, e os demais

bairros de baixa renda estão destacados em vermelho.

72

Figura 28 Mapa de arruamento do município de Araci/ BA destacando o bairro do Tiracolo

De acordo com informações dos engenheiros da Prefeitura Municipal de Araci

e visitas para reconhecimento da cidade, os outros bairros de baixa renda, que

inclusive possuem as mesmas características de construção do bairro do Tiracolo,

não possuem tanta incidência de fissuras.

As construções do bairro Tira Colo não possuem a estrutura necessária,

principalmente as cintas de amarração, e os materiais utilizados não são adequados.

A Tabela 14 mostra as características das residências da forma em que são

construídas.

73

Tabela 14 Características das residências nos bairr os de baixa renda no município de Araci-BA

Item Descrição Serviço de inspeção do subsolo Inexistente Fundações Tijolinho e pedra argamassada Cintas de amarração Inexistente na maioria dos casos Alvenaria Bloco cerâmico Acabamento (reboco) Presente em alguns dos casos Cobertura Telha cerâmica

A Figura 29 mostra o exemplo de edificação mais presente nesse bairro e

ilustra a situação apresentada na Tabela 14.

Figura 29 Exemplo de construção mais presente no ba irro do Tiracolo, Araci-BA

Em visita ao bairro do Tiracolo, verificou-se a existência de 107 casas. Os

pontos vermelhos da figura 30 destacam as residências que mais chamaram a

atenção em relação à intensidade de fissuração em suas fachadas.

74

Figura 30 Mapa de arruamento do bairro do Tiracolo, Araci/BA posicionando as residências

com maior quantidade de fissuras

As figuras 31, 32, 33 e 34 mostram fachadas das casas 1, 2, 3 e 4,

identificadas na figura 30.

Figura 31 – Fissura inclinada acima da janela: casa 1 bairro Tiracolo, Araci/BA

75

Figura 32 Fissuras verticais e inclinadas já repara das: casa 2 bairro Tiracolo, Araci/BA

Figura 33 Fissuras inclinadas na porta e ceteira: c asa 3 bairro Tiracolo, Araci/BA

76

Figura 34 Fissura inclinada na alvenaria: casa 4 ba irro Tiracolo, Araci/BA

De um modo geral, mais especificamente para o bairro citado, as fissuras se

apresentam nas edificações com as mesmas características (inclinadas e verticais),

algumas próximas às janelas e portas. As espessuras encontradas variam muito de

tamanho de uma residência para outra. Em algumas dessas, as fissuras são

milimétricas, enquanto que em outras as aberturas chegam a 04 centímetros, como

pode ser visto na figura 35.

77

Figura 35 Abertura de 04 centímetros na casa 4 do b airro do Tiracolo, Araci/BA

Como foi visto no item 4.4 da revisão bibliográfica, as fissuras podem se

apresentar nas diversas direções, mas principalmente na posição inclinada. Na

maioria das vezes, quando a fissura se apresenta inclinada, podemos relacioná-la

aos recalques de fundações. É possível comparar as fissuras apresentadas na

bibliografia com as que foram encontradas no bairro do Tira Colo. As figuras 36 e 37

facilitam essa comparação.

78

Figura 36 Comparação das fissuras apresentadas na r evisão bibliográfica com as fissuras

encontradas nas edificações do bairro do Tira Colo

Figura 37 Comparação das fissuras apresentas na rev isão bibliográfica com as encontradas

nas edificações do bairro do Tira Colo

79

As representações de fissuras na figura 37 também podem ter sido causadas

pela falta de vergas e/ou contra-vergas.

5.3.3 Análise das fissuras em uma edificação do bairro do Tira Colo

A análise das lesões existentes nessa edificação consiste na quantificação

das lesões, tipificação, enumeração de abertura das lesões e levantamento do

mecanismo de movimentação definidor e gerador dos tipos de fissuras. Procurou-se

explicar as causas geradoras das fissuras, ainda que algumas delas não sejam

causadas pelo movimento das fundações. A figura 38 mostra a representação dessa

análise.

Figura 38 Análise das fissuras em uma edificação do bairro do Tira Colo

Para as fachadas 01 e 03, notamos a presença de fissuras típicas de recalque

diferencial produzido pela movimentação vertical da fundação. Verificamos também

fissuras nos vértices das portas, produzidas pelo movimento das fundações aliado à

sobrecarga de telhado e, principalmente, características da ausência de vergas e

contra-vergas. A fachada 02 apresenta fissuras verticais oriundas da presença de

80

tensões geradas pelos movimentos das fundações, como também da falta da cinta

de amarração. Essas fissuras crescem à medida que se aproximam da parte mais

alta, onde se encontrou a abertura de 0,5 cm próximo ao chão e 2 cm na empena

que sustenta o telhado. As aberturas, para a fachada 01, variam de 0,5 cm até 5 cm

nas proximidades do telhado e as outras possuem menos de 1 mm. A fachada 03

possui fissuras de 3 cm no pé da porta e outras nos vértices, que variam entre 1,5

cm e 2,5 cm. As fissuras menores que 1 mm não estão indicadas nas

representações das fachadas.

5.3.4 Caracterização do solo – Bairro Tiracolo/Arac i-BA

Para complementação de informações sobre o bairro Tiracolo, escolheu-se

um local, mostrado na figura 39, para coleta de amostras deformadas e

indeformadas na superfície do terreno, a 20 cm de profundidade, na base da

fundação, e abaixo da cota de apoio da fundação a 40 cm de profundidade. A figura

40 mostra com mais detalhes o ponto de coleta.

Figura 39 Localização do ponto onde as amostras for am coletadas

81

Figura 40 Ponto de coleta das amostras

A coleta foi realizada no dia 12 de dezembro de 2009, com o objetivo de

realizar ensaios de caracterização e expansão em laboratório, para avaliar a

expansividade do solo.

Os resultados encontrados são apresentados na Tabela 15.

Tabela 15 Resumo dos resultados de caracterização, classificação e expansão

Parâmetro Amostra 12/09 Limite de Liquidez (%) 53 Índice de Plasticidade (%) 28 Argila (%) 68 Areia (%) 24,9 Silte (%) 7,1 # 200 (%) 75,1 Peso Específico dos Sólidos (g/cm3) 2,64 Expansão 18%

Os ensaios de caracterização (peso específico dos grãos, granulometria

conjunta, limites de liquidez e plasticidade) foram realizados, respectivamente, de

acordo com a NBR- 6508 - Determinação da Massa Específica de Grãos de Solos, a

82

NBR 7181 - Solo - Analise granulométrica, a NBR - 6459 - Solo - Determinação do

Limite de Liquidez e a NBR 7180 - Solo - Determinação do Limite de Plasticidade. As

planilhas com esses cálculos e a curva granulométrica encontram-se no Anexo B.

Os valores encontrados mostram que 75,1% do material passou na peneira

200, caracterizando o material como fino. O índice de plasticidade igual a 28%

mostra que se trata de um solo muito plástico, conforme os intervalos mostrados na

Tabela 16.

Tabela 16 Classificação do solo quanto ao seu Índic e de Plasticidade (Machado e Carvalho,

1998)

IP = 0 NÃO PLÁSTICO 1 < IP < 7 POUCO PLÁSTICO 7 < IP < 15 PLASTICIDADE MÉDIA

IP > 15 MUITO PLÁSTICO

Comparando-se com os resultados encontrados por Britto (2006) para o

massapê do município de Santo Amaro/BA, o solo amostrado possui características

semelhantes, sendo que os resultados de Britto (2006) possuem valores um pouco

maiores.

5.3.5 Diagnóstico das condições locais e das lesões - Bairro Tiracolo/Araci-BA

Para o problema encontrado no bairro estudado, o diagnóstico foi realizado

com base nas informações contidas no item 4.4.1 sobre a elaboração de

diagnósticos.

Foram realizadas visitas ao local com registro fotográfico, diálogo com

moradores e engenheiros, amostras de solo foram coletadas para ensaios em

laboratório. De posse das informações necessárias, começou-se a se discutir sobre

as possíveis causas do problema que incluem a falta de inspeção geotécnica, com a

possibilidade de existência de solo expansivo. A análise foi feita comparando-se o

que foi encontrado em campo com o que foi exposto na revisão bibliográfica deste

trabalho.

83

O diagnóstico levou em conta, principalmente:

1. Possibilidade de presença de solo expansivo;

2. Fundação inadequada para o tipo de terreno;

3. Alagamento do bairro em determinada época do ano;

4. Inexistência de cintas de amarração e de vergas e/ou contra-vergas.

Podemos citar ainda que as edificações foram construídas sem

especificações e com utilização de materiais de má qualidade

De acordo com a revisão bibliográfica e, baseado em relatos dos moradores e

engenheiros, pode-se dizer que o tipo inadequado de fundação em relação ao solo é

o fator responsável pela grande incidência de fissuras nas paredes das residências

do bairro do Tiracolo. Podemos somar a isso a atuação de sobrecarga de telhado

que gera tensões nas alvenarias.

Constatou-se, por meio de relato de moradores, que em certas épocas do ano

o bairro do Tiracolo se encontra em estado de alagamento. Esse dado reforça ainda

mais o diagnóstico de que os recalques das fundações são as causas das fissuras,

considerando também a existência de solo expansivo no local, variando de volume

de acordo com o umedecimento ou secagem.

5.3.6 Sugestões para resolução dos problemas patoló gicos no bairro do

Tiracolo

Sabemos que a execução de uma fundação inadequada e mal construída, a

presença de solo expansivo, a utilização de materiais inadequados, a falta de

informação sobre o subsolo, cota de assentamento indevida, dentre muitos outros

aspectos, leva ao aparecimento da manifestação patológica fissura.

De acordo com Britto (2006), os movimentos de retração e expansão do solo

expansivo provocam recalques diferenciais e, consequentemente, fissuras verticais

e inclinadas, conforme pode ser verificado também no bairro Tiracolo. O fato de a

84

carga solicitar a fundação corrida em toda sua extensão, faz com que as paredes

acompanhem os movimentos do solo sob a fundação.

Britto (2006) afirma que é de extrema complexidade determinar, em muitos

casos cotidianos da construção civil, as causas geradoras das lesões, fissuras ou

trincas.

A recuperação só deverá ser procedida em função de um diagnóstico

completo e seguramente firmado e, somente após ter-se pleno conhecimento da

implicação no comportamento da edificação como um todo, de acordo Thomaz

(1989). Dessa maneira, podemos generalizar para o bairro do Tira Colo, algumas

sugestões, tanto para os moradores quanto para a Prefeitura Municipal, para se

evitar o problema em construções futuras:

1. realizar inspeções geotécnicas, a fim de conhecer as propriedades do

solo e a profundidade do lençol freático e, também, de subsidiar um

futuro zoneamento do solo, por meio da elaboração de mapas;

2. escolher e dimensionar as fundações de acordo com as condições

locais;

3. fazer o uso de cinta de amarração, vergas e contra-vergas;

4. seguir os critérios e normas no momento de execução da obra para

evitar as falhas;

5. realizar acompanhamento e fiscalização das construções;

6. usar material adequado;

7. elaborar ou implementar o Plano Diretor do município, tomando por

base os problemas encontrados no bairro do Tira Colo.

É importante lembrar que se trata de um bairro de baixa renda, onde a

participação da Prefeitura Municipal para solução do problema é imprescindível.

Sem dúvida, os problemas no bairro do Tira Colo, no que dizem respeito às

construções, poderiam ter sido evitados se houvesse um conhecimento prévio do

tipo de solo local e isto pode ser resolvido, criando-se critérios para crescimento e

85

ocupação do município, o que poderá dar suporte à elaboração de um mapa de uso

e ocupação do solo.

Seria importante se houvesse uma parceria entre o CREA – Conselho

Regional de Engenharia e Arquitetura e a Prefeitura Municipal no sentido de orientar,

fiscalizar e organizar o crescimento do município, de forma a garantir a segurança, a

qualidade e o conforto das obras, independente do tipo de população atingida (baixa

renda ou não).

A Prefeitura poderia iniciar suas ações pelo bairro do Tira Colo, cujos

problemas estão relatados neste trabalho, na tentativa de minimizar ou resolver as

questões aqui colocadas e também, para atuar de forma preventiva com relação às

futuras construções.

Para os terrenos que ainda não foram ocupados e que possuem solo

expansivo, pode-se remover a camada de solo expansivo (até 1,5 m de espessura é

viável), e fazer um aterro para substituí-la com material arenoso compactado;

quando o solo se expandir, pressionará a camada contra a fundação e isto poderá

melhorar ainda mais a compacidade do aterro.

Outra opção como camada de aterro, é utilizar rachão com dimensão superior

a 25 cm (camada de pedras sem preenchimento de argamassa), onde o solo ao

expandir irá preencher os espaços livres e minimizar o efeito da pressão de

expansão sobre a fundação.

Para as edificações que já apresentam o problema, sugerem-se algumas

medidas corretivas:

1. com relação às fissuras, poderiam ser fechadas com injeção de calda

de cimento, ou ainda qualquer revestimento que garanta boa aderência

e absorva as imperfeições nas alvenarias. Para as fissuras próximas

aos vértices das esquadrias, pode-se retirar os blocos, inserir as

vergas.

2. para as fundações no solo expansivo e tendo-se os resultados de

sondagem a percussão, poder-se-ia realizar reforço das fundações,

utilizando estaca broca. Outra alternativa seria verificar a pressão de

86

expansão do solo, para aplicar uma pressão igual ou maior ao solo, por

meio de fundação superficial. Uma terceira alternativa seria minimizar a

variação de umidade do solo, escavando valas no terreno em torno de

todo o local construído para compactar solo argiloso, formando uma

barreira à percolação da água para o maciço sob as residências.

Adicionalmente, o bairro precisaria ser pavimentado para dificultar a

infiltração da água de chuva.

6 CONCLUSÕES

Esse estudo apresentou uma revisão bibliográfica sobre Patologia das

Edificações, mais especificamente as fissuras, conceitos de Mecânica dos Solos e

Fundações, problemas clássicos que envolvem as fundações e, como forma de

enriquecer a revisão, os conceitos teóricos foram aplicados a dois municípios do

interior da Bahia, Serrinha e Araci.

Para o município de Serrinha, esperava-se identificar edificações que

apresentassem fissuras devido a problemas nas fundações, mas a ocorrência foi

muito pequena pois, de acordo com os relatórios de sondagens obtidos para esse

município, diálogos mantidos com os engenheiros da Prefeitura Municipal e visita

aos bairros, o solo é arenoso com rocha a pequena profundidade (3m), o que

favorece a estabilidade das construções. Sendo assim, e com o objetivo de aplicar

os conceitos estudados, fez-se um levantamento de edificações com problemas de

fissuras em outro município, Araci. Neste, no bairro do Tira Colo, verificou-se a

existência de casas com problemas sérios de fissuração e a primeira hipótese

discutida foi que esse problema poderia ser devido aos recalques das fundações,

devido à presença de solo expansivo, o “massapê”, de acordo com relato de

moradores e do engenheiro local. Diante do exposto, investigou-se o solo realizando

ensaios de caracterização e de expansão para subsidiar a elaboração de um

diagnóstico, que foi complementado com o mapeamento das fissuras de uma das

edificações (a mais danificada), medindo o comprimento e a largura da maior

abertura.

87

Com base nas poucas informações levantadas e obtidas e, considerando que

as edificações do bairro do Tira Colo não tiveram acompanhamento técnico, nem

controle da qualidade dos materiais empregados, concluiu-se que:

a) as fissuras encontradas nas residências do bairro do Tira Colo são

causadas, principalmente, pelo movimento do “massapê” que, associado

ao tipo de fundação (tijolinho e pedra argamassa), sem armadura, não

suporta os diferentes esforços provocados pela expansão e contração do

solo;

b) a inexistência de cintas de amarração, vergas e conta-vergas contribui

para a movimentação das alvenarias de tijolos, facilitando a propagação

das aberturas;

c) a forma mais viável para resolver o problema do solo expansivo, para as

próximas construções, é utilizar uma camada de rachão, sem argamassa,

como complemento das fundações, para substituir a camada de solo

expansivo removida;

d) independente do padrão das obras e do poder aquisitivo da população, é

importante garantir um nível de segurança e conforto das obras,

principalmente, se forem utilizadas soluções e materiais alternativos;

e) faz-se necessário realizar investigação do subsolo por meio de sondagem

a percussão, para melhor orientar o crescimento do município.

88

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91

ANEXOS

92

ANEXO A

93

Furo de sondagem 01

94

Furos de sondagem 02

95

Furo de sondagem 03

96

Relatório de sondagem à trado

97

ANEXO B

Planilhas dos ensaios geotécnicos