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Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA EVIDÊNCIAS DE UM PROGRAMA MOTOR GENERALIZADO EM TAREFAS DE NATAÇÃO César Augusto da Silva Rodrigues LONDRINA PARANÁ 2010

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Page 1: Universidade Estadual de Londrina · da teoria do circuito fechado de Adams (1971) e abre discussão a nova teoria proposta por Schmidt (1975), buscando explicar o controle de movimentos

Universidade

Estadual de Londrina

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

EVIDÊNCIAS DE UM PROGRAMA MOTOR GENERALIZADO EM TAREFAS DE NATAÇÃO

César Augusto da Silva Rodrigues

LONDRINA – PARANÁ

2010

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DEDICATÓRIA

A Deus, por ser extremamente paciente e piedoso comigo...

Aos meus pais que foram companheiros em todas as horas e desde sempre me

ensinaram o valor da vida e das dificuldades que sempre iremos enfrentar...

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ii

AGRADECIMENTOS

Ao professor orientador Dr. Ernani Xavier Filho (Piraju), que me ajudou em

todas as etapas deste trabalho.

A minha família, pelo apoio.

Ao meu sobrinho que nasceu no ano em que conclui esse trabalho.

A minha namorada Gabriela Dellatorre por me compreender acompanhar e

apoiar em todas as horas.

Aos meus amigos(as), por me agüentarem nos momentos complicados.

Aos colegas de curso, por trilharem esse caminho comigo, pelas caronas

(Gabriel, Clayton, Aninha e Drica) e por me emprestar materiais didáticos que muito

me ajudaram na conclusão desse estudo (Aninha).

Aos participantes do estudo, que colaboraram e doaram um tempo de seus

dias para as análises.

A todos que contribuíram de alguma forma para a realização e finalização

deste trabalho.

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iii

EPÍGRAFE

"Ninguém vai bater mais forte do que a vida.

Não importa como você bate e sim o quanto agüenta apanhar e continuar lutando, o

quanto pode suportar e seguir em frente.

É assim que se ganha"

(Rocky Balboa - 2007)

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RODRIGUES, Cesar Augusto da Silva. Evidencias de um programa motor generalizado em tarefas de natação. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010.

RESUMO

O estudo analisou evidências de um programa motor generalizado (PMG)

em tarefas de natação. 10 atletas do gênero masculino realizaram 10 “tiros”

aleatórios nadando crawl e costas em diferentes velocidades. 30%, 50% e 100%

da velocidade do nado tiveram por base o melhor tempo nos 25 metros de cada

nadador, a análise dos nados foi feita pelo método da filmagem e da análise do

ciclo de braçadas quadro-a-quadro. O software APAS ARIEL SYSTEM 2000 foi

utilizado para essa análise e o tratamento estatístico teve por base o teste U de

Mann-Whitney para analisar os ciclos das braçadas de crawl e costas e Wilcoxon

para diferenças intraciclos, por fim o teste de Friedman foi usado para verificar

diferenças entre nados de crawl e costas. Os resultados mostraram que mesmo

mudando a velocidade, características de superfície alterariam enquanto timing

relativo continuou constante.

Palavras-chave: aprendizagem motora, programa motor generalizado, controle

motor, timing relativo.

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ABSTRACT

The study had analyzed evidences of a generalized motor program (GMP) in

swimming tasks. 10 male athletes performed 10 random swimming trials, swimming

crawl and backstroke in different speeds. 30%, 50% and 100% of the swimming

pace was validate as the best 25 meters trial of each swimmer. The analysis of the

swimming trials was done to an analysis of the method of frame-per-frame done by

the software APAS ARIEL SYSTEM 2000. The statistical procedure was based on

the U of Mann-Whitney to analyze the cycles of crawl and backstroke and Wilcoxon’s

test for differences intracyclic finally the Friedman test was used to analyze

differences between crawl and backstroke. The results showed that, even changing

swimming pace, surface characteristics changed while relative time was stable.

Keywords: control learning, generalized motor program, motor control, relative time,

surface characteristics.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Duração do ciclo completo da braçada nos nados crawl e costas............19

Figura 2 - Tempo total de movimento do nado crawl nas fases aquática e aérea nas

diferentes intensidades........................................................................20

Figura 3 - Tempo total de movimento do nado costas nas fases aquática e aérea nas

diferentes ntensidades.........................................................................21

Figura 4 - Tempo total de movimento fase aquática e aérea braço esquerdo...........21 Figura 5 - Tempo total de movimento fase aquática e aérea braço direito................22 Figura 6 Tempo total ciclo de braçada em ambos os braços e estilos.......................22 Figura 7 - Variabilidade do timing relativo fase aquatica braço esquerdo e direito em

costas e crawl.......................................................................................23

Figura 8 - Variabilidade do timing relativo da fase e aérea do braço esquerdo e

direito em ambos os estilos........................................................................................24

Figura 9 - Variabilidade do timing relativo dos ciclos.................................................24

Figura 10 - Variabilidade do timing relativo nas fases aérea e aquática dos nados de

crawl pela intensidade do nado..................................................................................25

Figura 11 - Variabilidade do timing relativo nas fases aquática e aérea nos braços

direito e esquerdo................................................................................26

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SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................iv ABSTRACT...................................................................................................................v LISTA DE FIGURAS....................................................................................................vi 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.1 Problema................................................................................................................9 1.2 Justificativa.............................................................................................................9 1.3 Objetivos.................................................................................................................9 1.3.1 Objetivos Gerais................................................................................................. 9

1.3.2 Objetivos Específicos..........................................................................................9

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 10

2.1 Conceitos de Programa Motor .......................................................................... 10

2.2 Teoria do Esquema .......................................................................................... 11

2.3 Caracteristicas do Programa Motor .................................................................. 12

2.4 Analogia do toca discos para P.M.G ................................................................ 13

2.5 Natação e P.M.G .............................................................................................. 14

3 MÉTODOS ............................................................................................................. 16 3.1 População e amostra ........................................................................................ 16

3.2 Instrumentos e tarefa ........................................................................................ 16

3.3 Procedimentos coleta dos dados...................................................................... 16

3.4 Variáveis de estudo .......................................................................................... 18

3.5 Análise estatística............................................................................................. 18

4 RESULTADOS........................................................................................................19 4.1 Estatística inferêncial............................................................................................26 5 DISCUSSÃO...........................................................................................................28 6 CONCLUSÃO..........................................................................................................31 REFERÊNCIAS..........................................................................................................33

ANEXOS.....................................................................................................................35 ANEXO 1 - Termo de consentimento livre e esclarecido...........................................36

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1 INTRODUÇÃO

A natação é quase tão antiga quanto o homem, que teria aprendido a

sustentar-se na água por instinto de sobrevivência ou por observação dos animais.

O homem primitivo, vivendo às margens de rios e mares, precisava aprender a

deslocar-se na água. Apesar dele, assim como os animais, já nascer com certas

habilidades naturais, alguns animais possuem maior facilidade, pois vivem na água.

Os quatro estilos, todavia, nasceram com o desenvolvimento do nado crawl

Velasco (1997). Um deslocamento eficaz e eficiente do corpo na água exige uma

ação coordenada de braços, pernas, tronco e cabeça, favorável à sua propulsão.

Nesse sentido, a sincronização temporal dos movimentos desses vários

componentes é crucial para a ação (FREUDENHEIM, BASSO, XAVIER FILHO,

MADUREIRA, SILVA, MANOEL, 2005).

A aquisição de habilidades motoras pode ser vista como um processo de

desenvolvimento hierárquico compreendido pelas fases de aprendizagem

largamente conhecidas: cognitiva, associativa e autônoma (FREUDENHEIM et. al).

As três primeiras fases consistem na estabilização da habilidade em que o

comportamento parcialmente desordenado é gradualmente organizado em torno de

uma meta e de conseqüências ambientais. A ultima fase compreende a

desestabilização, uma vez que a habilidade formada é parcialmente desconstruída

e reestruturada numa nova habilidade.

A estabilização dessa habilidade motora implica pela gradual padronização

espaço-temporal dos movimentos que as compreendem (FREUDENHEIM, BASSO,

XAVIER FILHO, MADUREIRA, SILVA, MANOEL, 2005).

Nadar, andar e correr assim como as demais habilidades motoras possui uma

representatividade temporal que caracteriza um padrão de movimento, e essa

estrutura permanece a mesma, mesmo quando os indivíduos decidem realizar

mudanças nas características flexíveis de seus movimentos.

Ainda, segundo a teoria do programa motor generalizado, proposto por

Schimidt (1988) um programa motor generalizado, seria responsável pelo controle

de uma classe de ações e não um movimento (ou uma seqüência de movimentos).

Estas classes de ações são diferentes ações que têm características comuns,

ou seja, são os aspectos invariantes de um programa motor generalizado. Portanto

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o presente estudo irá se focar nos aspectos temporais da braçada do nado crawl e

costas para podermos verificar esses aspectos invariantes.

1.1 Problema

Segundo a teoria do programa motor generalizado, as classes de ações

possuem uma organização temporal relativa, portanto o problema central do estudo

seria, se essa habilidade (nadar) possuiria essa representatividade temporal.

1.2 Justificativa

O intuito de escolher tarefas de natação foi de que, há poucos estudos

quando comparados a habilidades de andar e correr, podendo assim nos ajudar a

verificar existências de programa motores para a ação do nadar.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivos Gerais

O objetivo do trabalho é verificar a existência de evidências de um programa

motor em atletas de natação numa tarefa de nado crawl e costas em três

velocidades distintas.

1.3.2 Objetivos Específicos

Identificar aspectos variantes do programa de motor generalizado

representado pela variação de parâmetros (duração do ciclo de braçada,

comprimento e freqüência da braçada);

Identificar aspectos invariantes do programa motor generalizado representado

pela organização temporal relativa do ciclo de braçada

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Conceitos de Programa Motor

O programa motor (PM) é um elemento nuclear nos modelos e teorias que

admitem o controle de movimentos por circuito aberto. Fundamentalmente, o

conceito de PM invoca a possibilidade da organização central do movimento, do

seu controle na ausência de informação de retorno, ou seja, por circuito aberto e,

da antecipação do movimento a ser realizado (“feedfoward”).

Dentre vários pesquisadores, destacam-se dois por suas teorias, Adams

(1971) e Schmidt (1975). Adams propôs a teoria do circuito fechado elaborado nas

décadas anteriores por Bernstein1 (1967) e Schmidt, a teoria do esquema (1975).

Segundo Adams2 (1971), os atos motores são dependentes de um processo

correspondente entre movimento desejado, movimento guardado na memória, e

atual movimento produzido. Assim, a memória serve de papel ativo, guiando o

movimento atual, dando informação para o executante em forma de circuito

continuo para os membros. Sua teoria se embasa no conceito de que o Programa

Motor invoca a possibilidade da organização central do movimento, ou seja, por

circuito aberto e, da antecipação do movimento a realizar (“feedfoward”).

Um exemplo disso seria um individuo pegar um copo. Quando isso acontece,

um feedback é dado para representar a localização correta dos membros no

espaço e dirá se o movimento foi efetivo ou não (feedback intrínseco). Esse

estímulo deixa um “rastro” no sistema nervoso central (SNC) que é perceptivo.

O traço perceptivo é composto por fontes de informação produzida pela ação

do movimento (impulso proprioceptivo e tátil que surgem do deslocamento dos

membros, bem como informações visuais e auditivas, que são um resultado do

movimento). Com a pratica de inúmeras tentativas, o individuo irá chegar o mais

1 Bernstein, N.I. (1967). The co-ordination and regulation of movements. Oxford England:

Pergamon Press. In: Aprendizado e Performance Motora, uma abordagem da aprendizagem

baseada no problema: 2ª ed Porto Alegre: Artmed, 2001.

2 ADAMS, J. A. (1971). A closed-loop theory of motor learning. Journal of Motor Behavior. In:

GODINHO, M.; MENDES, R.; MELO, F.; BARREIROS, J. Motor Control, Learning and

Development: Sem Edição. Taylor & Francis. New York, NY. 2008. P. 107.

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perto possível do alvo ou no caso de pegar o copo, ao longo da trajetória, a posição

das mãos será definida perceptivelmente, definindo qual a melhor forma de segurar

o objeto.

Isso mostra a importância do feedback para realizar um movimento correto. A

cada correção, a possibilidade de erros durante a execução diminui.

Um estudo feito por Schmidt e White (1982)3 nos mostra que a detecção de

erro em movimentos rápidos que, segundo predição de Adams, o traço perceptivo

não intervém na regulação da ação, contradiz o que já foi proposto, comprovando

que o traço perceptivo não pode assegurar a avaliação do movimento e ao mesmo

tempo controlar o efetor até o objetivo da ação. Isso demonstra uma das limitações

da teoria do circuito fechado de Adams (1971) e abre discussão a nova teoria

proposta por Schmidt (1975), buscando explicar o controle de movimentos

balísticos, e alarga o seu campo de aplicação a movimentos discretos.

Adicionalmente, avança a solução para dois problemas insatisfatoriamente

explicados pela teoria de Adams: a produção de novos movimentos e o

armazenamento de programas motores.

2.2 Teoria do Esquema

Existem evidências que, para todo movimento realizado, existe uma estrutura

responsável pelo controle do mesmo. Esses componentes ou “graus de liberdade”,

supostamente existentes nas estruturas, seriam cruciais ao executante do

movimento aprender a controlá-lo.

Tais componentes parecem poder modificar um conjunto de movimentos pré-

estruturados, chamados de programa motor. Ainda segundo Schimidt (1975),

programa motor seria um conjunto de comandos motores que é pré-estruturado no

nível executivo e que define os detalhes essenciais de uma ação habilidosa;

análogo ao gerador central de padrão.

A teoria dos programas motores foi útil para esclarecer certos movimentos

que estariam previamente estruturados de modo que o executante não precisaria

3 SCHIMIDT, R. A.; WHITE, J. L.(1982). Evidence for an error detection mechanism in motor

skills: A test of Adam’s closed-loop theory. In: GODINHO, M.; MENDES, R.; MELO, F.; BARREIROS, J. Controlo Motor e Aprendizagem. Fundamentos e Aplicações. Sem Edição. Lisboa, 1999. P. 75.

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controlá-lo durante a ação. Porém a teoria deixa de lado aspectos importantes

como, por exemplo, explicar o nascimento de novos movimentos e a capacidade do

executante produzir padrões flexíveis desses movimentos.

Uma das concepções inovadoras na teoria proposta por Schmidt (1975)

relaciona-se com o pressuposto de que o sistema motor pode ser considerado

híbrido. É admitida à presença de processos de controle do movimento em circuito

fechado e em circuito aberto, que podem funcionar de forma variável de acordo

com o contexto e características da tarefa motora executada.

2.3 Características do Programa Motor

A teoria do esquema destaca a definição proposta por Keele4 (1968)

considerando como uma representação abstrata que, quando iniciada, resulta na

produção de uma seqüência coordenada de movimentos. O PMG se constitui por

aspectos invariantes que asseguram uma estrutura comum aos movimentos

controlados por um mesmo PM. Estas informações generalizadas sobre o

movimento são designadas por parâmetros invariantes do PMG.

A fim de determinar a maneira como os programas motores generalizados

são representados na memória, devemos saber que características do movimento

permanecem as mesmas, ou invariantes, sempre que os indivíduos alteram os

parâmetros flexíveis, por exemplo, a velocidade.

Se algumas características do movimento não permanecessem invariantes,

não seríamos capazes de distinguir um movimento de arremessar uma bola

daquele que utilizamos para arremessar uma pedra.

A partir da década de 70, foram descobertas possíveis características

invariantes de programas motores generalizados. Outras invariâncias do programa

motor generalizado é a força relativa, que assegura a proporção constante entre as

intensidades das contrações dos diferentes grupos musculares presentes na ação,

4 KEELE, SW.; POSNER, M.I. (1968). Processing of feedback in rapid movements. Journal of

Experimental Psychology, 77, 353-363. In: GODINHO, M.; MENDES, R.; MELO, F.; BARREIROS, J.

Controlo Motor e Aprendizagem. Fundamentos e Aplicações. Sem Edição.Fmh. Lisboa, 1999.

P. 80.

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independente do tempo de movimento ou da sua amplitude e o seqüenciamento

que é responsável pela seqüência de ações que podem ser executadas por

diferentes grupos musculares. A característica invariante mais importante, ou

invariância, que descobriram é aquela que trata da estrutura temporal (ou

organização temporal) dos padrões de movimento essa invariância é denominada

organização temporal relativa (OTR)5, nesse presente estudo, iremos nos ater

apenas na organização temporal relativa.

2.4 Analogia do Toca-Discos para P.M.G.

Uma das formas utilizadas para se entender PMG, seria a fazer uma analogia

com um toca-discos. Os discos de vinil são tocados no aparelho que contém um

prato e uma agulha, que envia sinais do disco para um amplificador. O resultado é,

então, enviado para alto-falantes.

Nessa analogia, o toca-discos é comparado ao programa motor generalizado

os alto-falantes correspondem aos músculos e membros. O disco tem todas as

características do programa motor generalizado para um movimento, tal como

informação sobre a ordem dos eventos, a estrutura temporal entre os eventos e as

amplitudes relativas da resposta. Essa informação é estruturada no disco, muito

parecido com a maneira como a teoria do programa motor generalizado propõe

como a informação é estruturada no programa motor generalizado. E da mesma

maneira que diferentes discos produzem diferentes tipos de musica (rock, blues,

clássica, country, folk, rap), diferentes programas motores generalizados

(arremessar, saltar, chutar, rebater, saltitar, receber) produzem diferentes classes

de movimentos. Em ambos os casos, todavia, cada diferente disco ou programa

contém um padrão de diferente de informação armazenada.

Observe novamente que a resposta do disco ou do programa motor

generalizado não é fixa: a velocidade da música ou dos movimentos pode ser

5 SCHMIDT, R. A Aprendizagem Motora e Performance Motora dos princípios à prática. Ed.

Movimento Ltda. 1993.

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aumentada (aumentando a velocidade do prato ou dos comandos enviados para os

“músculos”). Mesmo assim, a organização temporal relativa (ritmo) permanece a

mesma.

De forma semelhante, a amplitude da resposta pode ser modificada (elevando

volume ou aumentando o nível de força) mesmo os “efetores” utilizados podem ser

mudados (trocando a resposta de um conjunto de alto-falantes no gabinete de

estudos para um segundo conjunto localizado na sala de estar, ou utilizando a mão

esquerda ou à direita para produzir um arremesso no handebol).

Apesar de alguma controvérsia sobre a invariabilidade da organização

temporal relativa, a literatura é farta em afirmar que, cada classe de movimentos

possui apenas um único programa motor generalizado com apenas uma estrutura

temporal relativa rigidamente definida, embora esse programa possa contar com

uma variedade de parâmetros que ao serem combinados podem produzir uma

variedade ilimitada de movimentos cada qual contendo a mesma organização

temporal. Sendo assim, para a habilidade “nadar”, deveríamos possuir as mesmas

organizações temporais, tendo em vista a teoria do programa motor generalizado

proposto por Schmidt (1975), se mudarmos os efetores do movimento, nadar em

diferentes posições ou diferentes velocidades (características invariantes) mudaria

a organização do indivíduo para tal habilidade?

2.5 Natação e P.M.G.

Schnitzler e colaboradores (2008) verificaram em um estudo utilizando

nadadores de nível internacional, velocidade de nado e a variação da velocidade

intracíclica, utilizando filmagens, onde o objetivo do estudo foi verificar o índice de

coordenação, variabilidade e velocidade de nado a fim de determinar a relação de

gênero numa população de 6 homens e 6 mulheres nadadores de elite.

As velocidades de nado foram determinadas segundo os tiros informados

pelos avaliadores. Eles então teriam que nadar na velocidade parecida com as

provas de 3.000, 400, 200, 100 e 50 metros.

Os resultados mostraram que as diferenças na velocidade da braçada da

prova entre 3.000 e 50-100 metros, foram significantes, sendo a freqüência de

braçadas maior para o primeiro tiro (3.000) e menor para as provas de velocidade

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(50-100 metros) e que não foram significantes para 200 e 400. Porém, o ciclo de

braçadas continuou o mesmo, mostrando evidências do programa motor e de que

mesmo alterando o parâmetro que nesse caso foi a velocidade de nado, a

proporção de braçadas continua a mesma. Isso nos traz informações também que

o nível em que os nadadores estavam, foi crucial para tais valores, o mesmo

adotaram estratégias para manter o valor intra-ciclo de braçada. Este estudo por

sua vez não é voltado para a área do comportamento motor, todavia, evidências de

programa motor são observadas tais como a organização temporal, representadas

pelo índice intra-ciclo de velocidade da braçada que continuou o mesmo.

Seifert e colaboradores (2005) conduziram um estudo parecido, porém

usando vários tipos de respirações e que uma das análises foi a coordenação

simétrica da braçada. O objetivo do estudo foi analisar a relação entre simetria de

coordenação da braçada, dominância da braçada e lado preferencial para se

respirar em tarefa de 100 metros nadando crawl frontal.

Foram utilizadas diferentes freqüências respiratórias do lado esquerdo, direito

e bilateral para verificar alterações nos parâmetros motores o que nos mostra os

resultados que não houve diferença quando se mudou o lado de respiração. O

estudo foi feito com atletas de nível internacional, europeu e regional. Tais dados

nos trazem evidências de P.M.G. Mudam-se parâmetros, porém o efetor continua o

mesmo.

Da mesma forma no estudo feito por Freudenheim e colaboradores, que se

mensurou o índice de variabilidade da braçada em nadadores iniciantes versus

avançados. Para nadadores avançados, o componente aéreo da braçada foi maior

do que visto nos iniciantes, isso se deu devido às crianças mais avançadas terem

um timing relativo mais consistente que as de nível avançado Freudenheim et al

(2005). Porém, no que se diz respeito aos aspectos invariantes, não foi detectado

diferenças alguma.

Tendo por base os estudos acima citados, o objetivo desse estudo será

verificar as possíveis evidências de que há um P.M.G. que conduz o nado de crawl

e de costas, em atletas praticantes.

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3 MÉTODOS

3.1 Caracterização do estudo

Trata-se de um estudo quasi experimental com delineamento transversal de

acordo com Thomas e Nelson (2002).

3.2 População e amostra

Participaram do estudo, 10 voluntários do sexo masculino, idade entre 14 a

21 anos, praticantes de natação com no mínimo 3 anos de experiência onde

assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

3.3 Instrumentos e tarefa

Foram utilizadas para as coletas dos dados as piscinas da Associação

Recreativa e Esportiva Londrinense (AREL) e piscina coberta da Associação dos

Funcionários Municipais de Londrina (AFML).

Os nadadores serão analisados pelo método de filmagem quadro-a-quadro.

As captações visuais serão feito fora da água. As filmagens serão realizadas com

uma câmera Sony MiniDV com velocidade de 60 quadros por minuto e as imagens

serão analisadas pelo software APAS ARIEL SYSTEM 2000.

Foi utilizadas tintas a prova d’água da marca “pintando a cara”, para demarcar

os pontos anatômicos para analisar as imagens filmadas. Os pontos analisados

foram: acrômio escapular, epicôndilo lateral do úmero e processo estilóide da ulna,

todos de ambos os braços.

3.4 Procedimentos para a coleta dos dados

Os indivíduos nadaram individualmente 25 metros em 10 tentativas, sendo

que, 5 foram efetuadas pelo nado crawl e 5 pelo nado de costas.

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A tarefa foi executada da seguinte forma: os nadadores irão ser orientados a

nadar crawl e costas em diferentes velocidades. As baterias de testes irão ser

aleatórias assim como os nadadores.

A cada performance dos nados, os indivíduos irão nadar a 100% na primeira,

50% em duas seguintes e a 30% na quarta e quinta, foram alternadas as vezes

entre os nadadores, nas quais, quando o primeiro terminava a execução do primeiro

tiro, era pedido que o outro nadador fizesse um tiro do estilo oposto ao que havia

sido nadado pelo primeiro participante.

Foram considerados apenas três ciclos de braçadas em cada execução em

que nadador se encontrara no centro da piscina. O ciclo da braçada será dividido em

fase aérea e fase aquática.

Após cada tiro ter sido completo, foi realizado um repouso de quatro minutos,

para remontagem do equipamento e para que o atleta volte aos níveis fisiológicos

iniciais para a realização de uma novamente.

Aleatorizar os praticantes tem por base a hipótese da variabilidade citada por

Moxley6 (1979), onde as condições de praticas devem interferir no processo e ajudar

na aprendizagem. A porcentagem do nado terá por base o melhor tempo do nadador

nos 25 metros, que será analisado antes de cada teste. Será adotado o repouso de

4 minutos (LE BLANC, H.; SEIFERT, L.; CHOLLET, D., 2005).

A câmera foi disposta da seguinte forma: o experimentador ficou posicionado

no plano sagital 5 metros da borda de saída da piscina. Será dado o comando ao

nadador começar o nado, a câmera estará filmando e a analise foi começada

quando o nadador esteve passando logo após as “bandeirolas” e que começa a

primeira braçada (5 metros da borda de saída da piscina), então o experimentador

acompanhava o participante ao longo da piscina até ser atingido a borda contraria

de onde foi iniciada a tarefa (20 metros da bandeirola onde começou a analise).

Depois de colhidas as filmagens, foi verificado o ciclo de braçadas nos dois

estilos, fase aérea e aquática e o tempo total de movimento corresponderá ao ciclo

total de braçadas. A opção do nado crawl e costas se deram ao fato de ambos

serem técnicas alternadas, durante quais, as ações motoras dos membros

superiores e inferiores tendem a segurar a propulsão continua.

6 MOXLEY, S.E. (1979). Schema: The variability of practice hypothesis. Journal of Motor Behavior, 11, 65-70. In: GODINHO, M.; MENDES, R.; MELO, F.; BARREIROS, J. Controlo Motor e Aprendizagem. Fundamentos e Aplicações. Sem Edição.Fmh. Lisboa, 1999. P. 88.

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3.5 Variáveis de estudo

Foram consideradas como variáveis:

a) Aspectos variantes do programa de motor generalizado representado pelos

parâmetros (duração do ciclo de braçada e tempo total dos ciclos em ambos os

braços);

b) Aspectos invariantes do programa motor generalizado representado pela

organização temporal relativa do ciclo de braçada e das fases aquáticas do braço

esquerdo e direito e fase aérea do braço direito.

3.6 Análise estatística

Os dados coletados foram digitalizados, analisados e quantificados com

auxílio do software APAS ARIEL SYSTEM 2000. Para quantificar o ciclo total de

braçadas, foi analisado desde a saída da mão na água (fase aérea), até a entrada

da mão na água (fase aquática) em ambos os braços. Os pontos anatômicos foram

marcados para ajudar na analise: processo estilóide da ulna direita e esquerda,

epicôndilo lateral do úmero direito e esquerdo e acrômio das escapulas direita e

esquerda. Para isso, foi contado, quadro a quadro as imagens filmadas e calculadas

as porcentagens para cada fase. O ciclo total tendo por base o estudo de iniciantes

versus avançados de Freudenheim e colaboradores (2005), cada ciclo foi de 100%

tanto para o nado de crawl quanto para o nado de costas.

Análise descritiva

Os dados obtidos foram representados pela média como medida de tendência

central e pelo coeficiente de variação (CV) que é obtido pela divisão do desvio

padrão pela média

Analise inferêncial

A analise inferêncial teve por base o teste U de Mann-Whitney para fase

aquática e aérea de ambos os braços e ambos os estilos e o post-hoc de Wilcoxon

para cada um desses ciclos e o teste de Friedman mediu a variabilidade das fases

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19

aéreas e aquáticas dos braços direito e esquerdo de ambos os estilos. Foi utilizado o

pacote estatístico “Statistic for Windows Versão 6.0”.

4 Resultados

A analise da Figura 1 nos mostrou o desempenho global dos participantes,

tempo total de movimento e variabilidade do tempo total de movimento para o nado

crawl e nado costas nas diferentes velocidades de deslocamento. Os resultados

estão representados em milissegundos. Valores encontrados para costas foram de

118,69 milissegundos e para crawl 132,00 milissegundos.

Duração do Ciclo de Braçada

105.00

110.00

115.00

120.00

125.00

130.00

135.00

140.00

costas craw l

Tem

po

To

tal d

e M

ovim

en

to (

MS

)

TTCB

Figura 1 - Duração do ciclo completo da braçada nos nados crawl e costas.

O tempo total de movimento das duas fases (aquática e aérea) no nado de

crawl, separados pela intensidade do nado, os quais, valores achados foram de,

para o braço direito, 0,53 milissegundos em 100% da velocidade de nado, 1,28 e

1,37 milissegundos em 50%, 1,56 e 1,58 milissegundos em 30%, todos em fase

aquática. Na fase aérea, os valores encontrados foram de 0,67 milissegundos em

100%, 0,40 e 0,43 milissegundos em 50%, 0,49 e 0,51 milissegundos em 30%. Para

os valores encontrados no braço esquerdo, foram relatados, 0,54 milissegundos em

100%, 1,15 e 1,20 milissegundos em 50%, 1,41 e 1,39 milissegundos em 30% para

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20

a fase aquática. Na fase aérea, os valores foram os seguintes, 0,68 para 100%, 0,55

e 0,60 para 50%, 0,64 e 0,69 para 30%, representados na figura 2.

Nado Crawl Tempo Total De Movimento Fases Aéra e Aquática em

Ambos os Braços nas Diferentes Intensidades

-

0.50

1.00

1.50

2.00

100% 50% 50% 30% 30%

INTENSIDADE DO NADO

Tem

po

T

otal d

e

Mo

vim

en

to

(M

S)

FABD

FAEBD

FABE

FAEBE

FIGURA 2 – Tempo total de movimento do nado crawl nas fases aquática e aérea

nas diferentes intensidades.

O desempenho global, mostrado na figura 3 nos mostra o tempo total de

movimento nas fases aérea e aquática no nado de costas, expresso em

milisegundos, separado pela intensidade do nado. Os valores obtidos foram, para o

braço esquerdo, 0,61 milissegundos na intensidade de 100%, 1,35 e 1,40

milissegundos para intensidade de 50%, 1,56 e 1,62 milissegundos para 30% na

fase aquática. Para a fase aérea, os valores foram de 0,74 milissegundos em 100%,

0,53 e 0,61 milissegundos para 50%, 0,75 e 0,69 milissegundos para intensidade de

30% da velocidade de nado. No braço direito, os valores foram de 0,61

milissegundos para 100%, 1,26 e 1,37 milissegundos em 50%, 1,56 e 1,49

milissegundos em 30% para a fase aquática e para a fase aérea, os valores obtidos

foram, 0,78 milissegundos em 100%, 0,57 e 0,62 milissegundos para 50%, 0,73 e

0,71 milissegundos para 30%.

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21

Nado Costas Tempo Total De Movimento Fases nas Fases Aérea e

Aquática em Ambos os Braços nas Diferentes Intensidades

-

0.50

1.00

1.50

2.00

100% 50% 50% 30% 30%

INTENSIDADE DO NADO

Tem

po

T

otal d

e

Mo

vim

en

to

(M

S)

FABE

FAEBE

FABD

FAEBD

FIGURA 3 – Tempo total de movimento do nado costas nas fases aquática e aérea

nas diferentes intensidades.

Os valores da Figura 4 nos mostra o tempo de movimento da fase aquática e

aérea do braço esquerdo em ambos os estilos. É na fase aquática que o individuo se

encontra em propulsão no nado e devido a força que o braço exerce sobre a água, o

tempo em fase aquática é maior que na fase aérea, vide gráfico. Os valores

encontrados para o nado de costas foram de 35,02 milisegundos para a fase

aquática e 15,39 milisegundos para a fase aérea e para crawl 36,34 milisegundos

para a fase aquática e 17,76 milisegundos para a fase aérea.

Tempo total de movimento fase aquática e aérea -

braço esquerdo

-

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

COSTAS CRAWL

Tem

po

to

tal

de m

ovim

ento

bra

ço e

squ

erd

o (

MS

)

FABE

FAEBE

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22

FIGURA 4 – Tempo total de movimento fase aquática e aérea braço esquerdo.

O tempo total de movimento a fase aérea e aquática do braço direito,

representado pela figura 5 também expressada em milisegundos nos dois estilos

nadados, os valores encontrados foram de 34,1 para o estilo de crawl e 39,9 para o

de costas, na fase aquática. Já na fase aérea foram de 34,1 e 37,68 em crawl e

costas respectivamente.

Tempo total de movimento fase aérea e aquática -

braço direito

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

COSTAS CRAWL

Te

mp

o t

ota

l d

e m

ov

ime

nto

bra

ço

dir

eit

o (

MS

)

FABD

FAEBD

FIGURA 5 – Tempo total de movimento fase aquática e aérea braço direito.

Já a figura 6 nos trás a média total dos ciclos em ambos os braços e estilos,

que foram encontrados os valores de 50,22 para o total de ciclos do braço esquerdo

no estilo de costas e de 49,94 no estilo crawl, os valores do braço direito foram de

49,78 para o nado de costas e de 50,06 para no nado de crawl.

Tempo Total - Ciclo de Braçada Braço de Crawl e

Costas

49.4

49.6

49.8

50

50.2

50.4

COSTAS CRAWL

Tem

po

to

tal

de m

ovim

en

to

bra

ço

dir

eit

o e

bra

ço

esq

uerd

o (

MS

)

TTBE

TTBD

FIGURA 6 – Tempo total ciclo de braçada em ambos os braços e estilos.

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23

A variabilidade do tempo relativo da fase aquática de crawl e costas esta

representada na figura 7. É o resultado da divisão do DP pela média total dos ciclos

na fase aquática dos estilos, e está expressa em porcentagem. Os valores

encontrados para o braço esquerdo, foram de 15% em costas e de 27% para o crawl

e os valores do braço direito foram de 4% para costas e de 22% para o crawl.

Variabilidade Timing Relativo Fase Aquática

Braço Esquerdo e Direito

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

COSTAS CRAWLVari

ab

ilid

ad

e d

o t

em

po

to

tal

de

mo

vim

en

to d

o b

raço

esq

uerd

o

(%) VAR_FABE

VAR_FABD

FIGURA 7 – Variabilidade do timing relativo fase aquatica braço esquerdo e direito

em costas e crawl.

Os valores de variabilidade do timing relativo do ciclo na fase aérea de ambos

os braços nos estilos de crawl e costas, mostrados na figura 8. Expressados em

valores percentuais, no braço esquerdo foram de 59% em costas e de 4% em crawl,

no braço direito foram de 53% em costas e de 6% em crawl.

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24

Variabilidade Timing Relativo Fase Aérea Braço

Esquerdo e Direito

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

COSTAS CRAWL

%

Vari

ab

ilid

ad

e d

o t

em

po

tota

l d

e m

ovim

en

to d

o

bra

ço

dir

eit

o (

%)

VAR_FAEBE

VAR_FAEBD

FIGURA 8 – Variabilidade do timing relativo da fase e aérea do braço esquerdo e

direito em ambos os estilos.

A variabilidade do timing relativo dos ciclos, braço direito e esquerdo em

ambos os estilos está identificada na figura 9. Os valores estão expressos em

porcentagem e foi encontrado no total de ciclos do braço esquerdo 9% no estilo de

costas e de 6% no estilo crawl e no braço direito 7% no estilo de costas e de 9% no

estilo de crawl.

Variabilidade do Timing Relativo dos Ciclos

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

COSTAS CRAWL

Vari

ab

ilid

ad

e d

o t

em

po

to

tal

de

mo

vim

en

to d

o b

raço

esq

uerd

o e

bra

ço

dir

eit

o (

%)

VAR_TTBE

VAR_TTBD

FIGURA 9 – Variabilidade do timing relativo dos ciclos.

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25

Representado pela figura 10, estão os resultados de timming relativo do nado

de crawl, nas fases aérea e aquática, o qual para o braço esquerdo, os valores

obtidos foram de, 67,27 em 100% da intensidade do nado, 67,80 e 66,51 em 50%,

68,91 e 66,76 em 30% na fase aquática do nado. Para a fase aérea do nado, os

valores encontrados foram de: 32,73 em 100%, 32,22 e 33,49 para 50% e de 31,09

e 33,24 para 30%. Para os valores encontrados no braço direito, na fase aquática

foram de: 71,05 em 100%, 76,05 e 76,29 em 50%, 76,19 e 75,61 em 30%. Na fase

aérea os resultados foram de: 28,95 em 100%, 23,94 e 23,71 em 50%, 23,81 e

24,31 em 30%. Os dados estão em percentual.

Nado Crawl Variabilidade do Timing Rlativo Fases Aquática e Aérea

-

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100% 50% 50% 30% 30%

Intesidade do Nado

Vari

ab

ilid

ad

e d

o T

imm

ing

Rela

tivo

nas

Fases d

a B

raçad

a (

%)

FABE

FAEBE

FABD

FAEBD

FIGURA 10 – Variabilidade do timing relativo nas fases aérea e aquática dos nados

de crawl pela intensidade do nado.

Por fim, apresentado na figura 11, a variabilidade do timing relativo nas fases

aérea e aquática no nado de costas em valores percentual. Os valores para o braço

esquerdo foram de: 70,09 em 100%, 71,63 e 69,49 em 50%, 67,42 e 70,18 para

30% da velocidade de nado na fase aquática. Valores da fase aérea foram de: 29,91

para 100%, 28,37 e 30,51 para 50%, 33,06 e 29,82 para 30%. No braço direito, os

valores encontrados na fase aquática foram de: 69,84 em 100%, 68,66 e 68,70 em

50%, 68,25 e 67,68 em 30% e na fase aérea, os valores obtidos foram de: 30,21 em

100%, 31,53 e 31,30 em 50%, 31,75 e 32,32 em 30%.

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26

Nado de Costas Variabilidade do Timing Relativo Fases Aquática e

Aérea

-

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

100% 50% 50% 30% 30%

Intesidade do Nado

Vari

ab

ilid

ad

e d

o T

imm

ing

Rela

tivo

nas F

ases d

a B

raçad

a (

%)

FABE

FAEBE

FABD

FAEBD

FIGURA 11 – Variabilidade do timing relativo nas fases aquática e aérea nos braços

direito e esquerdo.

4.1 EstatÍstica inferêncial

Para as comparações entre cada fase da braçada, para ambos os braços, foi

usado teste U de Mann-Whitney e Wilcoxon, para cada um do tempo total de

movimento dos ciclos nas duas fases (aérea e aquática) em ambos os estilos e para

cada ciclo, respectivamente. Foi usado o teste de Friedman para relatar onde houve

diferença entre as variáveis de variabilidade do tempo total de movimento das fases

aquáticas e aéreas do braço direito e do braço esquerdo. Os valores estão

expressos em milisegundos (diferença entre cada frames por segundo) e a câmera

captura imagem a 30 frames por segundo, então é feita uma regra de três simples.

O nível de significância adotado foi de p<0,05.

Os valores do teste de Wilcoxon, expresso na tabela 1 nos mostra os dados

dos aspectos variantes da habilidade, na distribuição e variabilidade do tempo

absoluto de movimento das fases aquática e aérea, esses resultados mostram que

houve diferença significativa entre as fases tanto no braço esquerdo quanto braço

direito.

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27

Tabela 1 – Aspectos variantes da habilidade – distribuição e variabilidade do tempo

absoluto de movimento das fases aquática e aérea.

Aspectos variantes da habilidade – distribuição e variabilidade do tempo absoluto de movimento das fases aquática e aérea

ttc_4 - ttc_2 ttc_5 -

ttc_2 ttc_5 - ttc3

ttc7 - ttc_1

ttc7 - ttc_2

ttc7 - ttc3 ttc8 - ttc_1

ttc8 - ttc_2

ttc8 - ttc3 ttc8 - ttc_4

0,037 0,047 0,047 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,013 0,005

ttc8 - ttc_5 ttc9 - ttc_1

ttc9 - ttc_2

ttc9 - ttc3 ttc9 - ttc_4

ttc9 - ttc_5

ttc9 - ttc7 ttc10 - ttc_1

ttc10 - ttc_2

ttc10 - ttc3

0,037 0,009 0,009 0,013 0,022 0,024 0,021 0,007 0,005 0,007

ttc10 - ttc_4 ttc10 - ttc_5

ttc10 - ttc_6

ttc10 - ttc7

ttc10 - ttc8

ttc10 - ttc9

ttc11 - ttc_1

ttc11 - ttc_2

ttc11 - ttc3

ttc11 - ttc_4

0,005 0,005 0,009 0,009 0,017 0,014 0,007 0,005 0,005 0,008

ttc11 - ttc_5 ttc11 - ttc_6

ttc11 - ttc7

ttc11 - ttc8

ttc11 - ttc9

ttc12 - ttc_1

ttc12 - ttc_2

ttc12 - ttc3

ttc12 - ttc_4

ttc12 - ttc_5

0,005 0,007 0,008 0,028 0,013 0,007 0,005 0,005 0,007 0,007

ttc12 - ttc_6 ttc12 - ttc7

ttc12 - ttc8

ttc12 - ttc9

ttc13 - ttc_1

ttc13 - ttc3

ttc13 - ttc_4

ttc13 - ttc_5

ttc13 - ttc_6

ttc13 - ttc7

0,011 0,011 0,022 0,028 0,007 0,007 0,005 0,005 0,025 0,008

ttc13 - ttc8 ttc13 - ttc9

ttc_4 - ttc_2

ttc_5 - ttc_2

ttc_5 - ttc3

ttc7 - ttc_1

ttc7 - ttc_2

ttc7 - ttc3 ttc8 - ttc_1

ttc8 - ttc_2

0,017 0,022 0,037 0,047 0,047 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012

ttc8 - ttc3 ttc8 - ttc_4

ttc8 - ttc_5

ttc9 - ttc_1

ttc9 - ttc_2

ttc9 - ttc3 ttc9 - ttc_4

ttc9 - ttc_5

ttc9 - ttc7 ttc10 - ttc_1

0,013 0,005 0,037 0,009 0,009 0,013 0,022 0,024 0,021 0,007

ttc10 - ttc_2 ttc10 - ttc3

ttc10 - ttc_4

ttc10 - ttc_5

ttc10 - ttc_6

ttc10 - ttc7

ttc10 - ttc8

ttc10 - ttc9

ttc11 - ttc_1

ttc11 - ttc_2

0,005 0,007 0,005 0,005 0,009 0,009 0,017 0,014 0,007 0,005

ttc11 - ttc3 ttc11 - ttc_4

ttc11 - ttc_5

ttc11 - ttc_6

ttc11 - ttc7

ttc11 - ttc8

ttc11 - ttc9

ttc12 - ttc_1

ttc12 - ttc_2

ttc12 - ttc3

0,005 0,008 0,005 0,007 0,008 0,028 0,013 0,007 0,005 0,005

ttc12 - ttc_4 ttc12 - ttc_5

ttc12 - ttc_6

ttc12 - ttc7

ttc12 - ttc8

ttc12 - ttc9

ttc13 - ttc_1

ttc13 - ttc3

ttc13 - ttc_4

ttc13 - ttc_5

0,007 0,007 0,011 0,011 0,022 0,028 0,007 0,007 0,005 0,005

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28

ttc13 - ttc_6 ttc13 - ttc7

ttc13 - ttc8

ttc13 - ttc9

ttc14 - ttc_1

ttc14 - ttc_2

ttc14 - ttc3

ttc14 - ttc_4

ttc14 - ttc_5

ttc14 - ttc_6

0,025 0,008 0,017 0,022 0,007 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005

ttc14 - ttc7 ttc14 - ttc8

ttc14 - ttc9

ttc15 - ttc_1

ttc15 - ttc_2

ttc15 - ttc3

ttc15 - ttc_4

ttc15 - ttc_6

ttc15 - ttc7

ttc15 - ttc8

0,005 0,017 0,021 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,007 0,012

ttc15 - ttc9 ttc15 - ttc10

ttc15 - ttc13

ttc15 - ttc14

0,011 0,022 0,011 0,044

Não houve diferenças significativas entre distribuição e variabilidade do timing

relativo das fases aquática e aérea de ambos os braços nos dois estilos nadados, e

também entra as diferentes intensidades previstas no protocolo experimental.

5 Discussão

O objetivo desse estudo foi identificar evidências de programa motor em

atletas de natação numa tarefa de nado crawl e costas em três diferentes

velocidades, para isso foi analisado três ciclos totais das braçadas no estilo de crawl

e de costas. Não houve diferença estatística nos valores de variabilidade do timing

relativo, que se mantiveram constantes, valores expressos nas figuras 7, 8, 9 e 10,

na variabilidade do timing relativo em ambas as fases para ambos os braços e na

variabilidade do timing relativo da fase aquática e aérea nos nados.

Na variabilidade do timing relativo (figuras 9 e 10), os dados estão de acordo

com a intensidade do nado e, não tiveram diferenças significativas, mesmo mudando

a velocidade do nado, pode-se observar que os valores são constantes, alterando

muito pouco de 100% para 50% e 30% (71,05%, 76,05%, 76,29%, 76,19% e 75,61%

respectivamente), mesmo para crawl quanto para costas.

Esses valores nos dão respaldo para defender a existência de um programa

motor generalizado nos moldes do que a literatura sustenta.

Schmidt (1975), diz que, mesmo alterando parâmetros da tarefa (que nesse

caso foi o tipo de nado e a velocidade de nado imposta), os aspectos temporais e de

sequenciamento continuariam os mesmo, sendo assim, foi visto que algumas

características de superfície foram modificadas, tais como, tempo total de ciclos do

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29

braço direito e esquerdo tanto para crawl quanto para costas, observados nas

figuras 10 e 11 que dizem respeito a variabilidade do timing relativo dos nados de

crawl e costas em ambas as fases, que se mantiveram constante mesmo com o

aumento da intensidade do nado, como observado no gráfico.

A organização temporal relativa é considerada como um tipo de “impressão

digital”, que é única para todas as ações dentro de uma classe de movimento,

mesmo o individua alterando características superficiais seja ela em dois arremessos

(SCHMIDT, 1988) ou em dois nados distintos na natação.

Ainda podemos citar aqui o que foi dado como exemplo antes, quando foi

citada a analogia do toca-disco, o qual os discos possuem as características do

programa motor e produzem diferentes tipos de música (diferentes ações motoras

como nadar de crawl e de costas) e que mesmo alterando a velocidade da musica

(velocidade de nado imposta) o disco continuara sendo o mesmo, como o que

aconteceu no presente estudo, mudamos a tarefa, nadando-se crawl e depois

costas, e foi visto que a organização continuou constante e não variou. Os valores

absolutos então, poderiam variar, assim como visto nas figuras 4,5 e 6 no qual se

tem os tempos totais das fases aérea e aquática em ambos os estilos, que foram

alterados.

Freudenheim e colaboradores (2005) apresentaram resultados que comparou

grupo de iniciantes versus avançados. O grupo de avançados executou ciclo das

braçadas mais rápido (características de superfície) e que mesmo sendo avançados,

a variabilidade em ambos os grupos foi a mesma.

Schnitzler e colaboradores (2008) fizeram um estudo que foi verificar a

coordenação da braçada em tarefas de natação. Os sujeitos eram informados a

nadar 25 metros nas velocidades de provas de 3.000, 400, 200, 100 e 50 metros,

para analise temporal do nado, foi usado o índice de coordenação, que é a razão

entre os ciclos de braçada. Foi visto que, nas provas de velocidade (50 e 100

metros), a braçada sofria superposição, oposição e “catch-up” (dois braços na

mesma fase ao mesmo tempo) e o índice de coordenação foi aumentado, mudando

a estrutura profunda do programa motor generalizado.

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30

Shapiro e colaboradores (1981)7 fizeram um estudo examinando as

características da organização temporal relativa da locomoção humana. Foram

filmadas pessoas caminhando e correndo em uma esteira rolante em velocidades

que variavam de 3 a 12 km/h. Para cada velocidade, mediu-se a duração de cada

uma das quatro fases do ciclo de passada de Philippson (fase de apoio e balanço)

para a perna direita. Os intervalos incluíam o tempo entre o toque do calcanhar no

solo e a flexão máxima do joelho, a máxima flexão do joelho e saída dos dedos do

solo, a saída dos dedos do solo e começo da extensão de joelho, e o inicio da

extensão de joelho e o toque do calcanhar no solo.

Os dados mostram que os valores de timing relativo foram iguais, porem,

quando a velocidade da esteira rolante aumenta, os executantes aumentavam os

valores de parâmetros para todas as quatro fases do ciclo da passada

uniformemente, acelerando todo o movimento, mas mantendo o padrão de

organização temporal relativa.

Em uma velocidade de aproximadamente 7km/h, os participantes trocam de

um “programa de caminhada” para um “programa de corrida” caracterizado por um

padrão diferente de organização temporal relativa. Portanto, como visto nesses dois

estudos, a velocidade pode ser um parâmetro de controle na mudança do programa

motor generalizado, reforçando os achados no presente estudo.

Outro estudo, envolvendo a analise da coordenação de braço e perna em

humanos durante caminhada, rastejo e em atividades de natação que contou com

13 sujeitos saudáveis que foram verificados através do método de EMG

(eletromiografia) que foram dispostos nos diversos músculos das pernas e das

costas. Cada sujeito era informado a realizar vários tipos de atividades motoras que

foram de: andar numa velocidade constante de 4 km/h numa esteira, nadar crawl,

nadar crawl com pé de pato, nadar crawl com apenas um pé de pato e rastejar em

quadrupedia numa esteira a 2,5 km/h, nadar suspenso no ar e simular situação

quadrúpede enquanto deitado em decúbito dorsal.

Os resultados mostram que essa coordenação foi mantida durante as tarefas

sugere que exista uma interação entre circuitos neurais controlando os movimentos

7 Shapiro, D.C., Zernicke, R.F., Gregor, R.J.&Diestel, J.D.(1981) Evidence for generalized motor

programs using-gait pattern analysis. Journal of Motor Behavior,13, 33-47.In: SCHMIDT, R. A.; Wrisberg, Craig A., Aprendizado e Performance Motora, uma abordagem da aprendizagem baseada no problema 2 Ed orto legre: Artmed, 2001.

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dos braços e pernas. Em movimentos coordenados, esses sinais neurais tem sido

propostos como a origem primaria da coordenação, com uma possível assistência

do sistema proprioespinhal, corroborando com os achados do presente estudo.

Schmidt (1988) cita um estudo de Heuer8 (1988, 1991), que sugere que

mesmo na ausência de como medir a invariância, pode-se existir uma variância

central. O argumento de Heuer foi base para estudo de Wing e Kristofferson9 (1973)

que analisa a distinção entre timing central e periférico.

A idéia foi de que o timing observado em nível periférico é uma combinação

entre mecanismos centrais que desencadeiam periodicamente um efetor na ação e

um atraso motor que ocorre seguindo o desencadeio central.

Heuer(1988) demonstrou que, dado um timing de sinal central, com uma

variância perfeita em timing relativo, uma variedade de atraso motor pode resultar

numa ausência da invariância a nível periférico.

Assim, talvez a complexidade nas propriedades musculares em movimentos

rápidos (Heuer & Schmidt, 1988; Gielen, van den Oosten, & ter Gunne, 1985;

Zelaznik, Schmidt & Gielen, 1986), é possível que a invariância ao nível de programa

motor generalizado pode não ser detectada quando procuradas por invariâncias nas

saídas(neurais) motoras.

6 Conclusão

Embasados nos resultados obtidos nesse estudo podemos dizer que existem

evidências de um programa motor generalizado pelos seguintes motivos:

a) Os indivíduos não apresentaram diferença no timing relativo em relação às

fases propulsivas (aquáticas) e a fase aérea da braçada tanto em crawl

quanto em costas, esse dado sugere que exista um programa motor

generalizado que comande essas ações;

8 Heuer, H. (1988). Testing the invariance of relative timing: Comment on Genther (1987). Psychologial Review, 95, 552-557.In: Schmidt, R.A. & Lee, T.D. (1998) Motor Control and Learning: behavioral Emphasis (3 ed.) Champaign, IL: Human Kinects.

9 Wing, A.M., & Kristofferson, A.B. (1973). The timing of interresponse intervals. Perception &

Psychophysics, 14, 5-12. In: SCHMIDT, R. A. Motor control and learning: A behavioral emphasis: 2ª ed. Champaign, III: Human Kinectis. 1998.

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b) Foi visto que ao alterarmos a velocidade e o estilo a ser nadado as metas

foram atingidas com a alteração dos padrões flexíveis da tarefa, os

aspectos invariantes da ação motora, a organização temporal relativa e o

sequenciamento permaneceram constante o que seria uma evidência do

PMG;

Em suma os resultados mostraram a consistência no padrão de movimento

da tarefa nadar nas diferentes velocidades de nado e em ambos os estilos,

mostrando assim a evidência de um programa motor generalizado que controlava

essa classe de ações do nadar.

Contudo devido ao tamanho da amostra eles devem ser tomados com certa

cautela. Futuros estudos podem ser conduzidos para tentar confirmar os achados

dessa pesquisa observando não só atletas como também ex-atletas, nadadores

máster ou nadadores do gênero feminino.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Responsáveis: César Augusto da Silva Rodrigues

Prof. Dr. Ernani Xavier Filho

Este é um convite especial para você participar voluntariamente do estudo: “EVIDÊNCIAS DE UM

PROGRAMA MOTOR GENERALIZADO EM TAREFAS DE NATAÇÃO”. Por favor, leia com atenção

as informações abaixo antes de dar seu consentimento para participar do estudo. Qualquer dúvida pode ser

esclarecida diretamente com o pesquisador Cesar Augusto da Silva Rodrigues (Fone: 043-8421 5191).

OBJETIVO E BENEFÍCIOS DO ESTUDO

O objetivo do trabalho é verificar a existência de evidências de um programa motor em atletas

de natação numa tarefa de nado crawl e costas em três velocidades distintas. Desse modo buscaremos

analisar como se é dado a organização temporal do participante para nadar nessas diferentes ocasiões. Caso seja

de interesse do participante acompanhar os resultados preliminares desta pesquisa, um relatório com os achados

mais importantes poderá ser encaminhado ao participante. Assim, o participante deverá fornecer algum endereço

eletrônico (e-mail) para que este relatório possa ser encaminhado.

PROCEDIMENTOS

Para a execução desse estudo serão filmados na piscina da Associação Recreativa e Esportiva

Londrinense ( AREL) e piscina coberta do Associação dos Funcionários Municipais de Londrina (AFML), o

desempenho de 10 pessoas de ambos os sexos praticantes de natação, aonde irão nadar individualmente 25

metros em 10 tentativas, sendo que, 5 dessas tentativas irão ser efetuadas pelo nado crawl e 5 pelo nado de

costas.

DESPESAS/ RESSARCIMENTO DE DESPESAS DO VOLUNTÁRIO

Todos os sujeitos envolvidos nesta pesquisa são isentos de custos.

PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA A sua participação neste estudo é voluntária e o(a) senhor(a) terá plena e total liberdade para desistir

do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo.

GARANTIA DE SIGILO E PRIVACIDADE As informações relacionadas ao estudo são confidenciais e qualquer informação divulgada em relatório

ou publicação será feita sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. O pesquisador garante

que seu nome e o da academia que atua não serão divulgados sob hipótese alguma.

Diante do exposto acima eu, ___________________________________________, declaro que fui esclarecido

sobre os objetivos, procedimentos e benefícios do presente estudo. Participo de livre e espontânea vontade do

estudo em questão. Foi-me assegurado o direito de abandonar o estudo a qualquer momento, se eu assim o

desejar. Declaro também não possuir nenhum grau de dependência profissional ou educacional com os

pesquisadores envolvidos nesse projeto (ou seja, os pesquisadores desse projeto não podem me prejudicar de

modo algum no trabalho ou nos estudos), não me sentindo pressionado de nenhum modo a participar dessa

pesquisa.

Londrina, ______ de ______________ de _________.

________________________________

_________________________

Responsável RG __________________ Pesquisador RG ____________________

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Centro de Educação Física e Esporte

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