universidade estadual de campinas instituto de química departamento de...

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i Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química Departamento de Química Inorgânica Laboratório de Química de Superfície – LabQS ÓXIDO MISTO DE SiO 2 /SnO 2 , SiO 2 /SnO 2 /FOSFATO: PROPRIEDADES E APLICAÇÕES WILLIAM DA SILVA CARDOSO Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Química, da Universidade Estadual de Campinas, como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Yoshitaka Gushikem Campinas, 04 de agosto de 2005.

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Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química

Departamento de Química Inorgânica Laboratório de Química de Superfície – LabQS

ÓXIDO MISTO DE SiO2/SnO2, SiO2/SnO2/FOSFATO: PROPRIEDADES E APLICAÇÕES

WILLIAM DA SILVA CARDOSO

Tese de Doutorado apresentada ao

Instituto de Química, da Universidade

Estadual de Campinas, como requisito

parcial à obtenção do grau de Doutor

em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Yoshitaka Gushikem

Campinas, 04 de agosto de 2005.

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE QUÍMICA

DA UNICAMP

Cardoso, William da Silva. C179o Óxidos mistos de SiO2/SnO2, SiO2/SnO2/Fosfato:

propriedades e aplicações / William da Silva Cardoso. -- Campinas, SP: [s.n], 2005.

Orientador: Yoshitaka Gushikem. Tese – Universidade Estadual de Campinas, Instituto

de Química.

1. Óxidos mistos. 2. Sol-gel. 3. Sensor eletroquímico. 4. Pasta de carbono. I. Gushikem, Yoshitaka. II. Instituto de Química. III. Título.

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Dedico esta tese aos meus pais Maria Lélia e

José Ribamar pela força e ensinamentos ao

longo de minha vida.

À minha amantíssima esposa Flavia

Jacqueline pelo carinho, companheirismo e

amor.

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“Um sonho que se sonha só é só um

sonho que se sonha só. Um sonho que

se sonha junto é realidade”.

Raul Seixas.

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AGRADECIMENTOS

Ao CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa, pela bolsa de estudo e reserva

técnica recebida (Processo 141922/2001-0).

Ao Prof. Dr. Yoshitaka Gushikem pela orientação, incentivo e amizade, serei

eternamente grato.

Aos professores do Instituto de Química, em especial Prof. Dr. Lauro T. Kubota

pelos ensinamentos em eletroquímica e a Profa. Dra. Heloise de Oliveira Pastore

pelo incentivo e pelas contribuições nos ensinamentos de química.

Aos colegas do laboratório: Alexandre, Almir, Alzira, Ana Mauricéia, André,

Andréia, Angélica, Christiane, Prof. Cajá, Camila, Claudemir, Prof. Cláudio Airoldi,

Eduardo, Emerson, Érica, Fábio, Fernando, Flávio, Giovane, Ilauro, Lincoln, D.

Margarete, D. Neusa, SUZANA, Sílvio, Thaís, Toshio, Victor, por proporcionarem

um ambiente de trabalho descontraído e harmonioso.

Aos amigos de Campinas: André Camargo, Biriba, Carlão, Flávio, Jorge (Alemão),

Julinho, Kanu, Luís (goleiro), Luís Carlos, Mané, Marcão, Marcelo, Maurílio, Nei,

Niu, Odair, Zé Carlos, Zé pé de ferro, pelos momentos de descontração.

Aos técnicos do IQ-UNICAMP pelo auxílio nas análises.

Aos funcionários da Coordenadoria de Pós-graduação: André, Bel e Rodrigo.

Ao Flavio Damos pelas discussões eletroquímicas.

À minha esposa, Flavia Jacqueline meus agradecimentos especiais por ter

acreditado e por ter me acompanhado nesta aventura e sonho particular.

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Curriculum Vitae

FORMAÇÃO ACADÊMICA

DOUTORADO (2001-2005):Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas – SP

Doutorado em Química (Bolsista CNPq)

Área de concentração: Química inorgânica.

MESTRADO (1999-2001)Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – São Luís-MA

Mestrado em Química (Bolsista CAPES)

Área de concentração: Química Analítica.

CURSO SUPERIOR:Curso: Química Industrial

Instituição: Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Período: março de 1985 a julho de 1989.

ARTIGOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS

M.S.P. Francisco, W.S. Cardoso, Y. Gushikem, “Carbon past electrodes of the

mixed oxide SiO2/Nb2O5 prepared by the sol-gel method:dissolved dioxygen

sensor”. J. Electroanal. Chem. 574 (2005) 291.

W.S. Cardoso, C. Longo, M.-A. De Paoli, “Preparação de Eletrodos Opticamente

Transparente”. Quím. Nova, 28 (2005) 345.

W.S. Cardoso, M.S.P. Francisco, A.M.S. Lucho, Y. Gushikem, “Synthesis and

acidic properties of the SiO2/SnO2 mixed oxides obtained by the sol-gel process.

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Evaluation of immobilized copper hexacyanoferrate as an electrochemical probe”.

Solid State Ionics, 167 (2004) 165.

M.S.P. Francisco, W.S. Cardoso, R. Landers, Y.V. Kholin, Y. Gushikem, “Surface

Modification with Phosphoric Acid of SiO2/Nb2O5 Prepared by the Sol-Gel Method:

Structural-Textural and Acid Sites Studies and an Ion Exchange Model”. Langmuir,

20 (2004) 8707.

W.S. Cardoso, Y. Gushikem, “Preparação de compostos lamelares: Síntese do

hidrogenofosfato de zircônio cristalino e sua intercalação com aminas. Um

experimento para estudantes de graduação”. Quím. Nova, 28 (2005) 723.

W.S. Cardoso, M.S.P. Francisco, R. Landers, Y. Gushikem, “Co (II) porphyrin

adsorbed on SiO2/SnO2/phosphate prepared by the sol-gel method. Application in

electroreduction of dissolved dioxygen”. Electrochim. Acta, 50 (2005) 4378.

W.S. Cardoso, Y. Gushikem, “Electrocatalytic oxidation of nitrite on a carbon paste

electrode modified with Co (II) porphyrin adsorbed on SiO2/SnO2/Phosphate

prepared by the sol-gel method”. J. Electroanal. Chem., (2005) aceito para publicação.

M.S.P. Francisco, W.S. Cardoso, L.T. Kubota, Y. Gushikem, “Direct electroanalytic

oxidation of phenolic compounds using an electrode modified with Ni(II) porphyrin

adsorbed on SiO2/Nb2O5-phosphate synthesized by the sol-gel method”. Sens. and

Actuators B, (2005) submetido.

3.1. ATIVIDADE DIDÁTICA Participação no Programa de Estágio de Docência do grupo II (PED II) atuando como auxiliar didático da disciplina “QI 542 – Química Inorgânica Experimental II, 1o semestre de 2003”.

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Participação no Programa de Estágio de Docência do grupo II (PED II)

atuando como auxiliar didático da disciplina “QI 244 – Química Inorgânica

Experimental I, 2o semestre de 2003”.

Participação no Programa de Estágio de Docência do grupo II (PED II)

atuando como auxiliar didático da disciplina “QG 109 – Química Geral I, 2o

semestre de 2003”.

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ResumoTítulo: Óxidos mistos de SiO2/SnO2, SiO2/SnO2/Fosfato: Propriedades e

Aplicações

Autor: William da Silva Cardoso

Orientador: Yoshitaka Gushikem

Palavras chave: Óxidos mistos, Sol-gel, Sensor eletroquímico, Pasta de carbono.

O presente trabalho descreve a síntese do óxido misto SiO2/SnO2,

sintetizado pela rota de síntese sol-gel, obtido nas composições de 4, 13 18% em

Sn % (m/m) o qual foi devidamente caracterizado e tais características, em

especial sua elevada área superficial e acidez o qualificam como um material

promissor, usado como substrato condutor ou base imobilizadora de espécies

eletroativas, permitindo assim o desenvolvimento de novos eletrodos

quimicamente modificados.

Numa específica aplicação, a superfície do óxido misto foi modificada com

hexacianoferrato de cobre (II), resultando no complexo -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH ,

onde 2SnOH representa o SnO2 hidratado sobre a matriz de sílica que é

formado de acordo com a reação SnOH + H+2SnOH . Os estudos mostram

que este complexo de valência mista apresenta-se como uma estrutura zeolítica,

contendo micro cavidades que permitem um fluxo de cátions através destas

cavidades. O complexo -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH mostrou uma alta seletividade

para troca iônica em solução aquosa de eletrólitos suportes, principalmente os

cátions de metais alcalinos: K+, Na+, Li+, 4NH , quando investigados por voltametria

cíclica.

Uma outra modificação da superfície do óxido misto SiO2/SnO2 mostrou que

sua potencialidade, para imobilizar espécies eletroativas, tornou-se ainda maior

quando sua superfície foi modificada com íons fosfato, visto que é bastante

conhecido que o hidrogênio fosfato de estanho (IV) livre é um excelente ácido de

Br nsted.

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A obtenção do fosfato ácido de estanho (IV) imobilizado sobre uma matriz

de sílica porosa, tornou o novo material com alta resistência mecânica, térmica e

química, aliado a uma elevada capacidade ácida por unidade de massa ou

volume. Assim, o complexo SiO2/SnO2/Fosfato foi utilizado para a imobilização de

porfirina catiônica por meio de interação eletrostática e por fim sua metalação in

situ com íons de Co (II).

Investigações eletroquímicas, em separado, mostraram a potencialidade do

eletrodo de pasta de carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP para ser

usado como um sensor para redução eletrocatalítica de oxigênio dissolvido e

oxidação de íons nitrito em matrizes aquosas.

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AbstractTitle: The SiO2/SnO2, SiO2/SnO2/Fosfato mixed oxide: Properties and

Applications.

Author: William da Silva Cardoso

Supervisor: Yoshitaka Gushikem

Key words: Mixed oxides, Sol-gel, Electrochemical sensor, Carbon paste.

The present work describes the preparation of SiO2/SnO2 mixed oxide

obtained by the sol-gel processing method with Sn compositions (in wt %) of 4, 13

and 18%. The high specific surface and the presence of Lewis and Br nsted acid

sites, constitutes an interesting substrate for preparing new classes of chemically

modified electrodes.

In a specific application, the SiO2/SnO2 surface was modified with copper

hexacyanoferrate. The resulting material can be represented as -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH where 2SnOH means the hydrated SnO2 in the silica

matrix and it is formed according to the reaction SnOH + H+2SnOH . It is a

mixed valence compound with a zeolitic structure. The redox reaction can proceed

through a solid compound because the zeolitic structure allows a flux of cations to

go through its channels and holes. The new material -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH

shows a high selectivity for ion exchange in aqueous supporting electrolytes,

principally alkali metal cations: K+, Na+, Li+, 4NH when investigated by cyclic

voltammetry.

The potential of the SiO2/SnO2 binary oxide to immobilize electroactives

species becomes even better when its surface was modified with phosphate ions.

Adsorption of phosphoric acid on sol-gel SiO2/SnO2 mixed oxide, resulting in a

phosphate species bonded to tin oxide, is an interesting procedure to increase the

Br nsted surface acidity. The solid acid obtained combines the characteristics of a

rigid matrix conferred by the SiO2 skeleton, a high specific surface area due to the

porous nature of the matrix and a high surface density of Br nsted acid sites.

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These characteristic are desirable to immobilize a cationic metallated porphyrin

species by means of electrostatic interaction viewing its use as an electron

mediator in electrocatalytic reduction of dissolved oxygen and oxidation of nitrite

ions in aqueous matrix using electrochemical techniques.

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ÍNDICE

Lista de abreviaturas.................................................................................... xviTabelas........................................................................................................... xviiFiguras........................................................................................................... xviii1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 12. OBJETIVOS............................................................................................... 43. PARTE EXPERIMENTAL.......................................................................... 53.1 Preparação do óxido misto SiO2/SnO2..................................................... 53.1.1 Análise química e Área superficial específica do SiO2/SnO2................ 63.1.2 Difração de raios-X................................................................................ 73.1.3 Espectroscopia na região do infravermelho.......................................... 73.1.4 Microscopia eletrônica de transmissão.................................................. 73.1.5 Acidez superficial................................................................................... 83.2 Imobilização in situ do hexacianoferrato de cobre sobre SiO2/SnO2........ 83.2.1 Análise química...................................................................................... 83.3 Imobilização de íons fosfato sobre a SiO2/SnO2.......................................................... 93.3.1 Espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-X (XPS)................. 93.4 Imobilização e metalação de porfirina sobre a superfície do

SiO2/SnO2/Fosfato........................................................................................... 93.4.1 Espectroscopia eletrônica na região do UV-vis...................................... 103.5 Medidas eletroquímicas............................................................................ 104. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................ 124.1 Preparação e caracterização do SiO2/SnO2............................................. 124.1.1 Análise química e Área superficial específica do SiO2/SnO2................. 134.1.2 Difração de raios-X................................................................................. 134.1.3 Microscopia eletrônica de transmissão.................................................. 154.1.4 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho...................... 164.1.5 Acidez superficial................................................................................... 184.2 Imobilização in situ do hexacianoferrato de cobre sobre SiO2/SnO2........ 19

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4.2.1 Considerações gerais............................................................................ 19

4.2.2 Propriedades eletroquímicas do SnOH2+/{Cu[FeIII (CN6)}-................... 22

4.3 Imobilização de íons fosfato sobre a SiO2/SnO2....................................... 324.4 Imobilização e metalação de porfirina sobre a superfície do

18%SnOH/POH............................................................................................. 35

4.5 Estudo da redução eletrocatalítica de oxigênio dissolvido........................ 394.6 Estudo da oxidação eletrocatalítica de nitrito............................................ 455. CONCLUSÕES........................................................................................... 576. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 59

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Lista de abreviaturas

CoP – Porfirina metalada com cobalto;

DRX – Difração de raios-X;

ECS – Eletrodo de calomelano saturado;

EQM – Eletrodo quimicamente modificado;

FTIR – Espectroscopia de absorção na região do infravermelho com transformada

de Fourier;

HPLC-RP – Cromatografia líquida de alta eficiência de fase reversa;

H2P – Tetra-metil-piridil-porfirina livre;

M(OR)x – Alcóxidos metálicos genéricos;

SiO2/MxOy – Óxido misto contendo um óxido metálico numa matriz de sílica;

SiO2/SnO2 – Óxido misto contendo sílica e óxido de estanho;

SiO2/SnO2/Fosfato – Óxido misto de sílica e estanho contendo fósforo em sua

superfície;

SiO2/SnO2/Fosfato/H2P – Porfirina livre ligada ao óxido misto de sílica e estanho

contendo fósforo em sua superfície;

SiO2/SnO2/Fosfato/CoP - Porfirina metalada com cobalto ligada ao óxido misto de

sílica e estanho contendo fósforo em sua superfície;

TEM – Microscopia eletrônica de transmissão;

Uv-vis – Espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível;

XPS – Espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-X.

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Análise química, área superficial específica (SBET) de

SiO2/4%SnO2, SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2 das amostras

secas a 333 K. Tamanhos dos nanocristalitos do óxido de estanho,

que estão contidos nas amostras, obtidos através de microscopia

eletrônica de transmissão (TEM) após serem calcinadas a

1473 K................................................................................................. 13Tabela 2 - Dados de difração de raios-X da fase cristalina observada para

SiO2/18%SnO2 aquecida a 1473 K. Como referência amostra de

SnO2, somente picos com intensidades maiores que 10 foram

listadas................................................................................................ 15Tabela 3 - Parâmetros de impedância para um eletrodo de pasta de

carbono modificada com -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 e

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 em solução de KCl 1,0 mol L-1.........

32

Tabela 4 - Resumo dos valores de energia de ligação obtidos por XPS,

percentagem atômica para SiO2/SnO2 e 18%SnOH/POH e valores

de energia de ligação extraídos da literatura...................................... 33

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Preparação do óxido misto SiO2/SnO2 na composição de 4% em

Sn (m/m) pelo método sol-gel............................................................................ 6Figura 2 - Padrões de difração de raios-X das amostras de SiO2/4%SnO2,

SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2, previamente tratadas a diversas

temperaturas em K............................................................................................. 14Figura 3 - Imagens de TEM das amostras: (A) SiO2/4%SnO2, (B)

SiO2/13%SnO2 e (C) SiO2/18%SnO2, previamente tratadas a 1473

K......................................................................................................................... 16Figura 4 - Espectros de infravermelho das amostras: (A) SiO2/4%SnO2, (B)

SiO2/13%SnO2 e (C) SiO2/18%SnO2, previamente aquecidas as

temperaturas 373,1273 e 1473 K....................................................................... 17Figura 5 - Espectros de infravermelho da piridina adsorvida na superfície das

amostras: (A) SiO2/4%SnO2, (B) SiO2/13%SnO2 e (C) SiO2/18%SnO2,

tratadas previamente as temperaturas 298, 373, 473 e 523

K......................................................................................................................... 19Figura 6 - Espectros de infravermelho das amostras: (a)

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 , (b) -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%13 , (c)

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 e (d) sílica pura................................................. 22

Figura 7 - Voltamogramas cíclicos obtidos para um eletrodo de pasta de

carbono modificada com: (A) SiO2/18%SnO2, (B) -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 , (C) -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%13 , (D)

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 . Em Solução KCl 1,0 mol L-1. v = 0,02 V

s-1........................................................................................................................ 24

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Figura 8 - (A) voltamogramas cíclicos para -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 obtido em várias velocidades de varredura (da

base para o topo, v = 0,005, 0,010, 0,020, 0,040, 0,060, 0,080, e 0,10 V s-1.

Figura inserida: gráfico da densidade de corrente contra a velocidade de

varredura. (B) Gráfico da densidade de corrente contra a raiz quadrada da

velocidade de varredura. Dados extraídos da Figura 8A. Em solução de KCl

1,0 mol L-1........................................................................................................... 26Figura 9 - Voltamogramas cíclicos obtidos para um eletrodo de pasta de

carbono modificada com -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 em diferentes

eletrólitos suportes (1,0 mol L-1): (a) KCl e NH4Cl e (b) NaCl e LiCl. v = 0,02

V s-1.................................................................................................................... 27Figura 10 - Gráfico de impedância eletroquímica para o eletrodo de pasta de

carbono modificada com: -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 ,

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 em solução de KCl 1,0 mol L-1. (A) faixa de

valores de freqüências altas e baixas, (B) faixa de valores de freqüências

altas. Potencial aplicado de 0,73 V vs.

ECS.................................................................................................................... 29Figura 11 - Gráficos da parte imaginária de impedância (Z”) vs. 1/f. Para os

eletrodos de pasta de carbono modificada com (A) -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 e (B) -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 . Em

solução de KCl 1,0 mol L-1. Potencial aplicado de 0,73 V vs. ECS. Faixa de

baixa freqüência: 10mHz f

103,4mHz......................................................................................................... 31Figura 12 - Espectros de XPS para os materiais: (a) SiO2/SnO2 e (b)

18%SnOH/POH: (A) energia de ligação do nível 1s do O para; (B) energia

de ligação do nível 3d do Sn; (C) energia de ligação do nível 2p do P para

18%SnOH/POH................................................................................................ 35Figura 13 - Espectros eletrônicos na região de UV-Vis para: (a)

( 18%SnOH/PO)4H2P; (b) ( 18%SnOH/PO)4CoP............................................. 37

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Figura 14 - Voltamogramas de pulso diferencial obtidos para um eletrodo de

pasta de carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em solução de KCl

1,0 mol L-1 pH = 5,4 desaerada com argônio...................................................... 38Figura 15 - Voltamogramas lineares para o eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em diferentes concentrações de O2

dissolvido (1,7; 3,6; 6,1; 8,1; 9,3 e 10,6 mg L-1, do topo para base,

respectivamente). Em solução de KCl 1,0 mol L-1, pH = 5,4, v = 0,02 V s-1, T

= 298 K. Figura inserida: Gráfico da jpc vs.

[O2]...................................................................................................................... 40Figura 16 - Gráfico do Epc em função do pH em solução de KCl 1,0 mol L-1.

[O2] = 15,0 mg L-1. v = 0,02 V s-1. T = 298 K...................................................... 41Figura 17 - Gráfico de jpc em função v1/2. Dados extraídos dos

voltamogramas lineares em diferentes velocidades de varreduras (0,015,

0,02, 0,025, 0,030, 0,035, 0,040, 0,045 e 0,050 V s-1). Em solução de KCl 1,0

mol L-1, pH = 5,4 e [O2] = 9,3 mg L-1................................................................... 42Figura 18 - Gráfico de Tafel: ln(ip) vs. Epc. Dados extraídos do voltamograma

linear para o eletrodo de pasta de carbono modificada com

( 18%SnOH/PO)4CoP em solução de KCl 1,0 mol L-1, pH = 5,4, [O2] = 13,0

mg L-1, v = 0,001 V s-1 e T = 298 K..................................................................... 43 Figura 19 - (A): Gráfico relação densidade de corrente catódica em função

da concentração de oxigênio dissolvido, obtido a partir dos experimentos de

cronoamperometria. (B): Resposta do eletrodo no cronoamperograma em

detalhe................................................................................................................ 45Figura 20 - Voltamogramas cíclicos para um eletrodo de pasta carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em solução de KCl 1,0 mol L-1: (a) na

ausência de íons nitritos, (b) solução contendo 6,0 x 10-4 mo L-1 e (c) 1,0 x

10-3 mol L-1 de 2NO . pH = 5,4 e v = 0,02 V s-1................................................... 46Figura 21 - Gráfico da densidade de corrente de pico anódico em função da

concentração de 2NO variando entre 1,0 x 10-5 a 5,0 x 10-3 mol L-1, em

solução de KCl 1,0 mol L-1, v = 0,02 V s-1, pH = 5,4........................................... 47

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xxi

Figura 22 - Estudo da dependência do potencial de pico anódico em função

do pH. [ 2NO ] = 1,0 x 10-3 mol L-1 em solução de KCl 1,0 mol L-1, v = 0,02 V

s-1........................................................................................................................ 48Figura 23 - Voltamogramas cíclicos para um eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP. [ 2NO ] = 1,0 x 10-3 mol L-1 em

solução de KCl 1,0 mol L-1 em diferentes velocidades de varredura (V s-1):

0,005, 0,01, 0,02, 0,03, 0,04 e 0,05. Figura inserida: Gráfico jpa vs.

(v)1/2.................................................................................................................... 49Figura 24 - (A) Gráfico do potencial de pico anódico em função do log (v) e

(B) gráfico da relação (ipa v-1/2) em função da velocidade de varredura do

potencial. Dados extraídos dos voltamogramas cíclicos da Figura

23........................................................................................................................ 51

Figura 25 - Gráfico de i vs. [ 2NO ]. Dados extraídos dos voltamogramas

cíclicos em eletrodo de disco rotatório, contendo uma pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP, em velocidade de rotação constante

= 25 rpm, para oxidação do nitrito nas concentrações: 0,6, 0,8, 1, 4, e 6 x 10-3

mol L-1 da base para o topo, em solução de KCl 1,0 mol L-1. pH = 5,4, v =

0,02 V s-1............................................................................................................ 53Figura 26 - Gráficos de Levich (A) e Koutecký-Levich (B). Para a oxidação de

nitrito em solução de KCl 1,0 mol L-1, pH 5,4, no eletrodo de pasta de

carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP. Em diversas velocidades de

rotação: 2, 4, 6, 9, 11 e 13 rpm, v = 0,02 V s-1, 298

K......................................................................................................................... 54Figura 27 - (A): Gráfico relação densidade de corrente anódica em função da

concentração de íons 2NO , obtido a partir dos experimentos de

cronoamperometria. (B): Resposta do eletrodo no cronoamperograma em

detalhe................................................................................................................ 56

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1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento da ciência dos materiais constituiu um significativo

avanço da civilização contemporânea. A busca constante pela criação de novos

materiais para aplicações inovadoras foi e continua sendo um dos desafios e uma

das razões para a evolução técnica e científica atual.

Inserida nesta evolução encontra-se a possibilidade de se combinar as

propriedades de dois ou mais compostos inorgânicos distintos, em um único

material com propriedades e desempenhos específicos. Desta combinação

surgiram novos materiais, dentre os quais podem-se citar os óxidos mistos.

Os óxidos mistos do tipo SiO2/MxOy têm sido utilizados com êxito como

substrato base para o empacotamento de colunas HPLC-RP [1-5], como base

para imobilização de espécies químicas para posterior uso como adsorventes [6],

para imobilização de espécies eletroativas na construção de sensores

eletroquímicos e biosensores [7-12]. Todos estes compósitos têm sido preparados

na forma de um filme fino do óxido metálico MxOy sobre a superfície porosa da

sílica gel pela técnica de enxerto [13]. Mais especificamente, o óxido misto

SiO2/SnO2, obtido por esta rota de síntese, tem sido usado para construção de

diversos dispositivos tais como células solares [14], sensores de gases [15],

substrato condutor [16] e base para imobilização de espécies eletroativas para

fabricação de sensores eletroquímicos [17].

Mais recentemente, o desenvolvimento do processo sol-gel abriu um vasto

campo científico que visa o processamento deste novo material. Estes óxidos

mistos têm sido obtidos pelo processo sol-gel e as estruturas dos mesmos

sumariamente descritas [18-24]. Na maioria das preparações, os reagentes

precursores utilizados têm sido os alcóxidos, Si(OEt)4 (tetraetoxisilano) e M(OR)x

(haletos ou alcóxidos metálicos), visto que a utilização destes reagentes tem

permitido obter materiais com alta homogeneidade e elevado grau de dispersão

dos óxidos metálicos na matriz, em particular o óxido misto SiO2/SnO2 [25-36].

O óxido misto SiO2/SnO2 pode ser preparado recobrindo-se a superfície da

matriz de SiO2 com uma monocamada de filme de SnO2 pela técnica de enxerto

ou pelo processo sol-gel. A principal diferença entre estes dois processos é que no

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segundo caso, o óxido metálico está disperso em toda a extensão da matriz

enquanto no primeiro caso, o óxido recobre somente a superfície da matriz. O

processo sol-gel é vantajoso quando desejamos obter um sólido com alta

densidade de sítios ácidos de Lewis ou de Br nsted por unidade de volume ou

massa.

O caráter anfotérico do SnO2 disperso na matriz de sílica permite a

imobilização de várias espécies químicas, ácidas ou básicas, resultando numa

ampla aplicação deste material. Devido à capacidade de troca apresentada, este

óxido metálico pode ser utilizado na incorporação de espécies em sua superfície.

Esta capacidade de troca depende de sua acidez e da própria quantidade máxima

de grupamentos que podem ser incorporados [27]. Desta forma, espécies

químicas podem ser facilmente adsorvidas na superfície do óxido misto SiO2/SnO2

como, por exemplo, fosfatos com o intuito de promover reações de troca iônica

deste novo material com diferentes compostos. É bastante conhecido que o

hidrogênio fosfato de estanho (IV) livre é um excelente ácido de Br nsted [37-44].

O uso de óxidos mistos em estudos eletroquímicos é baseado

essencialmente na construção de eletrodos de pasta de carbono. Estes eletrodos

são obtidos através da incorporação da espécie ativa na pasta de carbono, sendo

chamados de Eletrodos Quimicamente Modificados (EQM).

Em um EQM, a superfície é propositadamente alterada, através da

imobilização de espécies eletroquimicamente ativas, com o objetivo de

estabelecer e controlar a natureza físico-química da interface eletrodo/solução

[45].

A forte interação entre o material ativo imobilizado sobre a superfície do

óxido misto SiO2/SnO2 previne o não lixiviamento destas espécies para a solução

do eletrólito, mantendo assim a resposta eletroquímica do eletrodo por mais

tempo. Além desta vantagem, há de se destacar que a obtenção de um óxido

binário com elevada área superficial específica, proporcionada pela matriz de

sílica (principalmente aquela obtida pelo processo sol-gel) confere ao material final

alta estabilidade química e resistência mecânica. Estas propriedades associadas,

principalmente, ao fato do SnO2 reduzir consideravelmente a resistência elétrica

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interna da matriz, fazem deste óxido misto muito apropriado para o uso como

substrato base para o desenvolvimento de uma nova classe de EQM.

Com base no exposto acima, o presente trabalho descreve a síntese do

óxido misto SiO2/SnO2 pelo método sol-gel e as suas propriedades estruturais,

texturais e de acidez superficial. Descreve também a modificação de sua

superfície com diferentes espécies químicas, tais como hexaciano ferrato de cobre

(II) e com íons fosfato para posterior imobilização de uma porfirina catiônica com a

finalidade de desenvolver e aplicar como eletrodo quimicamente modificado para

estudos eletroquímicos da redução de oxigênio dissolvido e oxidação de íons

nitritos.

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2. OBJETIVOSEste trabalho apresenta como objetivos principais:

Preparar o óxido misto SiO2/SnO2 pelo processo sol-gel, em três

composições diferentes, a partir dos reagentes precursores SnI4 e Si(OEt)4, visto

que as características do material dependem do teor de SnO2 na matriz. A

utilização de SnI4 como reagente precursor constitui um dos aspectos importantes

deste trabalho, considerando que ele não é descrito como tal na literatura. Além

do mais, justifica-se pelo fato que este reagente é facilmente preparado e

purificado quando comparado com os alcóxidos de estanho (Sn(OR)4), que são

reagentes extremamente caros e pouco disponíveis no comércio.

Como estratégia para caracterização do óxido misto SiO2/SnO2 será feito

um estudo de suas propriedades físico-químicas através de análise química por

fluorescência de raios-X, determinação da área superficial específica (SBET),

difração de raios-X (DRX), espectroscopia na região do infravermelho (FTIR),

microscopia eletrônica de transmissão (TEM) e acidez superficial usando piridina

como molécula sonda.

Numa segunda fase, pretende-se estudar a modificação da superfície do

óxido misto, utilizando-o como substrato condutor capaz de adsorver íons

metálicos, de uma solução aquosa desses íons, através do processo de troca

iônica. Para tanto, colocar para reagir o SiO2/SnO2 com íons Cu2+, promover em

seguida a reação com íons ferrocianeto para formar um complexo de valência

mista sobre a superfície do óxido binário. Investigar a eletroatividade deste

sistema através da técnica de voltametria cíclica e espectroscopia de impedância

eletroquímica.

Numa terceira fase, pretende-se estudar a adsorção de íons fosfato pela

matriz SiO2/SnO2 e a partir desta modificação, a imobilização de uma porfirina

catiônica e sua posterior metalação com íons Co(II). Por fim, usar este material

como eletrodo quimicamente modificado no estudo eletrocatalítico da redução de

oxigênio dissolvido e oxidação de íons nitritos em solução aquosa.

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3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1 Preparação do óxido misto SiO2/SnO2

O reagente precursor SnI4 foi preparado de acordo com o procedimento já

descrito na literatura [46]. Os cristais sólidos de SnI4 foram purificados por

recristalização com clorofórmio P.A. (Synth) e apresentaram um ponto de fusão de

416 K, conforme descrito na literatura [46].

O óxido misto SiO2/SnO2 foi preparado (na composição 4% em Sn

(m/m)) de acordo com o seguinte procedimento [27]: adição de 100 mL de uma

solução de tetraetoxisilano-TEOS (Aldrich), e etanol 98% P.A. (Synth)

(TEOS/etanol 1:1 v/v), 4,8 mL de uma solução aquosa de ácido nítrico 1,4 mol L-1

(Merck) em um balão de fundo redondo de três bocas. Esta solução, denominada

A, foi deixada em refluxo a 353 K por 3 h. Após o refluxo, a solução A foi resfriada

até a temperatura ambiente e em seguida foram adicionados 400 mL de uma

solução etanólica de SnI4 0,03 mol L-1. A solução resultante foi deixada agitando

a temperatura ambiente por 2 h. Em seguida, acrescentaram-se 12,7 mL de uma

solução aquosa de ácido nítrico 0,07 mol L-1, a solução foi denominada B. A

solução B foi deixada sob agitação à temperatura ambiente por 2 h. Após a

agitação, todo o volume de B foi passado para um Becker de 1000 mL

(previamente colocado num banho de areia com temperatura estabilizada em 333

K) para que os solventes de síntese fossem evaporados até obtenção do gel.

Já na forma de gel, o material foi cortado em pequenos cubos, para

facilitar a evaporação do etanol residual. Então, foi deixado em banho de areia,

com a temperatura estabilizada em 353 K, até evaporação completa do solvente e

formação do xerogel. O material foi exaustivamente lavado com etanol 98%,

através de um sistema de Soxhlet e em seguida enxaguado com água deionizada

para retirar o etanol em excesso. Em seguida o material foi deixado na estufa para

secagem completa em temperatura controlada de 333 K. Após secagem, o xerogel

foi deixado em repouso por 1h em solução aquosa de HCl (Nuclear) 1 mol L-1,

posteriormente foi lavado com água deionizada até restauração do pH da água e

seco à temperatura ambiente. Para as outras duas composições do óxido misto

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SiO2/SnO2 13 e 18% em Sn (m/m) repetiu-se o mesmo procedimento acima

descrito modificando-se apenas a concentração da solução etanólica de SnI4adicionada, 0,055 e 0,083 mol L-1, respectivamente. A Figura 1 mostra

esquematicamente o procedimento adotado para a preparação do óxido misto

SiO2/SnO2.

Figura 1 Preparação do óxido misto SiO2/SnO2 na composição de 4% em Sn

(m/m) pelo método sol-gel.

3.1.1 Análise química e Área superficial específica do SiO2/SnO2

A quantidade de Sn incorporado na matriz sol-gel foi analisada pela

técnica de fluorescência de raios-X, usando o espectrômetro EDXRF Spectrace

modelo 5100.

Lavou-se em Soxhlet etanol / 12h

12,7 mL HNO30,07 mol L-1

400 mL sol. etanólica de SnI4 0,03 mol L-1

100 mL de solução 50 % (v/v) TEOS/ETANOL

4,8 mL HNO3 1,4 mol L-1

+

Agit. 3h a 353 K

Solução A Resf. 298 K

Solução B

Agit. 2h a 298 K

Agit. 2h a 298 K

GELAquec. a 333 K XEROGEL Aquec.353 K

SiO2/SnO2

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As medidas de área superficial específica (SBET), determinadas pelo

método BET multiponto a partir da adsorção e dessorção de nitrogênio na

superfície dos materiais numa temperatura de 77 K, foram obtidas no equipamento

Micromeritics Flowsorb II 2300, conectado a um controlador de fluxo 2300 FC.

Todas as amostras foram tratadas à temperatura de 373 K por 4 h sob vácuo

(1,0 x 10-4 Pa).

3.1.2 Difração de raios-X Os difratogramas foram coletados em um difratômetro de raios-X

Shimadzu XRD 6000, utilizando como fonte de radiação a linha de emissão do

cobre K ( = 0,154 nm), com uma voltagem de aceleração do tubo de emissão

de cobre de 40 kV (corrente 30 mA). O intervalo de varredura foi de 5-90 (2 ) e a

velocidade de varredura dos espectros de 1o (2 ) min-1.

3.1.3 Espectroscopia na região do infravermelho Os espectros de infravermelho das amostras foram obtidos como pastilhas

de KBr, contendo 1% (m/m) do óxido misto, num espectrômetro Bomem Hartmann

e Braun, série MB, com resolução de 4 cm-1 e 50 varreduras acumulativas.

3.1.4 Microscopia eletrônica de transmissãoAs amostras para investigação no microscópio eletrônico de transmissão

foram preparadas de acordo com o procedimento descrito a seguir. As amostras

foram suspensas em álcool isopropílico com uso do ultra-som por 10 minutos.

Uma gota da suspensão resultante foi depositada sobre um filme fino de carbono,

o qual tem 30 Å de espessura e é previamente evaporado sobre grades de cobre.

Após secagem, as amostras foram analisadas num microscópio eletrônico de

transmissão JEOL JEM-3010 do Laboratório Nacional de Fonte de Luz Síncroton,

Campinas, SP, Brasil, com resolução de 0,17 nm. O potencial de aceleração

usado foi de 200 kV. As distâncias interplanares e os tamanhos dos cristais foram

medidos por meio do programa computacional “Micrograph-Gatan”.

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3.1.5 Acidez superficial

A acidez superficial (Lewis e Br nsted) foi estudada com o uso de

piridina como molécula sonda. Aproximadamente 100 mg da amostra foi

umidificada com 2 gotas piridina líquida e deixada em temperatura ambiente e

após 30 minutos, o excesso de piridina foi eliminado sob vácuo (1,3 x 10-3 Pa) a

298, 373, 423, 473 e 523 K. Após secagem, as amostras foram submetidas

imediatamente à análise espectroscópica de absorção na região do infravermelho.

Os espectros das amostras contendo piridina adsorvida em sua superfície foram

obtidos através da pastilha pura auto suportada (10 mg da amostra).

3.2 Imobilização in situ do hexacianoferrato de cobre sobre SiO2/SnO2

Aproximadamente 0,5 g dos óxidos mistos SiO2/SnO2 recém-preparados,

contendo diferentes quantidades de SnO2 foram imersos, separadamente, em 50

mL de uma solução de acetato de cobre (Vetec) 1,0 x 10-3 mol L-1, e as

suspensões foram agitadas por 1 hora. Os sólidos resultantes foram filtrados,

lavados e em seguida foram imersos, separadamente, em 50 ml de uma solução

de ferrocianeto de potássio (Merck) 1,0 x 10-3 mol L-1 acidificada em pH ~3. As

misturas foram agitadas por 1 hora, os sólidos de cor marrom resultantes, foram

filtrados, lavados com água pura, e por fim secos à temperatura ambiente.

3.2.1 Análise químicaPara determinar as quantidades de ferro e cobre nos óxidos mistos

SiO2/SnO2 contendo 4, 13 e 18% em Sn % (m/m), aproximadamente 50 mg da

cada amostra, em triplicata, foram digeridas com 2 mL de HNO3 concentrado

(Nuclear), 2 mL de HF 40% (v/v) (Merck) e três gotas de HClO4 70% (v/v) (Fluka)

num banho de areia com a temperatura controlada a 373 K. Depois foram filtradas

quantitativamente para balão volumétrico de 50 mL e o volume aferido com

solução HNO3 1% (v/v). As quantidades de ferro e cobre, presente na fase líquida,

após digestão, foram determinadas usando um espectrofotômetro com plasma

indutivamente acoplado da Perkin-Elmer modelo 3000 DV.

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3.3 Imobilização de íons fosfato sobre a SiO2/SnO2

O óxido misto SiO2/SnO2 contendo 18% em Sn % (m/m) teve sua superfície

modificada por íons fosfato pela imersão de 3,0 g do óxido misto em 75 mL de

uma solução H3PO4 (Nuclear) 0,2 mol L-1. A suspensão foi agitada por 3 h em

banho-maria a 353 K. O sólido resultante foi exaustivamente lavado com água

deionizada (resistividade = 18 M cm-1) até todo excesso de ácido ser retirado (pH

neutro), centrifugado e seco à temperatura ambiente. A quantidade de fósforo

adsorvido na superfície do SiO2/SnO2 foi determinada em triplicata por

espectroscopia de fluorescência de raios-X, usando o espectrômetro EDXRF

Spectrace modelo 5100.

3.3.1 Espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-X (XPS) As análises de espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-X (XPS)

foram realizadas no Laboratório de Física de Superfícies do Instituto de Física da

Unicamp, em um espectrofotômetro Analisador Esférico VSWHA-100, foi usada

como fonte de excitação a radiação K do alumínio (h = 1486.6 eV). As amostras

em pó foram prensadas na forma de pastilhas e fixadas num porta-amostra de aço

inox com auxílio de uma fita do tipo dupla face e analisadas sem nenhum

tratamento adicional. Todas as amostras foram analisadas à temperatura

ambiente e a pressão foi mantida em aproximadamente 2,7 x 10-5 Pa. O

tratamento dos dados foi feito com base na energia de ligação do nível 1 s do

carbono de hidrocarboneto em 284,6 eV [47, 48]. Para os ajustes das curvas

foram consideradas as funções Gaussianas e a linha base foi corrigida por

funções lineares. As razões atômicas foram calculadas pela integração das áreas

sob os respectivos picos, corrigidas pelo fator de transmissão do analisador, pela

seção transversal de fotoionização e considerando-se o caminho médio livre como

função da energia cinética [49, 50].

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3.4 Imobilização e metalação de porfirina sobre a superfície do SiO2/SnO2/Fosfato

A imobilização de porfirina sobre a superfície do material SiO2/SnO2/Fosfato

foi feita pela imersão de 1,0 g de SiO2/SnO2/Fosfato em 25 mL de uma solução

aquosa do sal tetra p-tosilato de 5,10,15,20-tetrakis(1-metil-4-piridil)-21-H,23-H-

porfirina (Aldrich) 1,0 x 10-3 mol L-1 (abreviada por H2P). A suspensão foi deixada

agitando por 24 h e em seguida foi filtrada. O sólido resultante foi lavado com água

deionizada e etanol. O material resultante foi denominado SiO2/SnO2/Fosfato/H2P.

Posteriormente, foi metalado in situ pela imersão de 1,0 g de

SiO2/SnO2/Fosfato/H2P em 25 mL de uma solução aquosa de CoCl2 1,0 x 10-2

mol L-1 (Vetec). A suspensão foi agitada por 24 h. O sólido obtido, denominado por

SiO2/SnO2/Fosfato/CoP, foi filtrado e lavado com água deionizada e seco à

temperatura ambiente.

3.4.1 Espectroscopia eletrônica na região do UV-vis Os espectros de absorção na região do UV-vis para o material sólido

contendo a porfirina não metalada e metalada foram obtidos através da técnica de

espectrofotometria de reflectância difusa no espectrofotômetro CARY 5G. Para

correção do “background”, o espectro do SiO2/SnO2/Fosfato foi usado como

referência.

3.5 Medidas eletroquímicasAs medidas de voltametrias cíclica, linear e cronoamperometria foram

realizadas em um potenciostato/galvanostato AUTOLAB modelo PGSTAT 20,

interfaceado a um microcomputador para aquisição e tratamento de dados. As

medidas de impedância foram feitas em um AUTOLAB modelo PGSTAT 30, numa

faixa de freqüência entre 100 kHz e 10 mHz com 10 mV de voltagem de amplitude

senoidal aplicada.

Durante as medidas usou-se uma cela eletroquímica de 50 mL e um

sistema de três eletrodos: um eletrodo de pasta de carbono como eletrodo de

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trabalho, um eletrodo de calomelano saturado (ECS) como referência e um

eletrodo de platina como contra eletrodo.

O eletrodo de pasta de carbono foi preparado da seguinte maneira: uma

mistura do óxido misto SiO2/SnO2 modificado com ({Cu[FeIII(CN)6]}- ou grupo

fosfato ligado à CoP) e grafite (Fluka) numa proporção 3:2 (m/m) e uma gota de

óleo de parafina (Nujol) para dar consistência de pasta. Esta pasta foi colocada na

extremidade de um tubo de vidro de aproximadamente 0,12 cm2 de área e o

contato elétrico foi realizado por meio de um disco de platina ligado a um fio de

cobre.

Os ensaios eletroquímicos para o SiO2/SnO2 modificado com o íon

{Cu[FeIII(CN)6]}- foram feitos usando-se soluções aquosas de KCl (Vetec), NH4Cl

(Nuclear), LiCl (Vetec) e NaCl (Vetec) 1,0 mol L-1 como eletrólito suporte,

desaeradas com argônio.

A eletro-redução de oxigênio dissolvido foi investigada em uma cela

eletroquímica contendo 25 mL de uma solução KCl 1,0 mol L-1 sob atmosfera de

oxigênio ou argônio puro. A concentração de O2 dissolvido foi monitorada com um

eletrodo de Clark 208-OXM da Radiômetro conectado a um oxímetro da Digimed,

modelo DM-4.

A eletro-oxidação de nitrito foi feita em uma cela eletroquímica contendo

NaNO2 (QEEL) dissolvido em uma solução de KCl 1,0 mol L-1 preparado no

mesmo dia da análise e desaerada com argônio.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Preparação e caracterização do SiO2/SnO2

Os óxidos mistos SiO2/SnO2 foram preparados pelo método sol-gel,

conforme a rota sintética apresentada esquematicamente na Figura 1. Os

parâmetros mais importantes e que foram controlados são: o conteúdo de água, o

solvente, o catalisador usado (ácido), a concentração do óxido metálico e o tipo de

precursor usado [51].

Optou-se por uma rota sintética catalisada por ácido nítrico numa razão

molar adequada (HNO3:TEOS = 0,056) de modo a garantir o valor do pH menor

que 2,2 (ponto isoelétrico da sílica) [18] e assim obter um direcionamento sobre a

morfologia, na fase sol, para um sistema polimérico pouco ramificado [51, 52]. A

hidrólise ácida foi executada em duas etapas, como parte da estratégia de síntese

para controlar o número de sítios hidrolisados do TEOS e favorecer a sua

condensação em cadeias poliméricas lineares [18]: na primeira etapa, a razão

molar H2O:TEOS foi igual a 1,2 e na segunda, igual a 3,2. Outra razão que justifica

a escolha pela hidrólise ácida em duas etapas foi favorecer a alta homogeneidade

no sistema SiO2/SnO2, uma vez que as reatividades dos precursores de metal de

transição são consideravelmente mais altas que as dos alcóxidos de silício [53].

A utilização do etanol, como solvente no processo sol-gel, foi para prevenir

a separação das fases líquido-líquido durante os estágios iniciais das reações de

hidrólise e para controlar as concentrações de silicato e água, que influenciam na

cinética de gelatinização [54]. O etanol apresenta, também, alta pressão de vapor,

o que facilita a secagem do gel sem diminuir fortemente a área superficial do óxido

misto [55].

A adição de três quantidades diferentes de SnI4 foi utilizada com o objetivo

de se obter óxidos mistos com teor de estanho cada vez maior. Dessa forma, os

óxidos mistos contendo razões molares TEOS:SnI4 iguais a: 20,0, 10,0 e 6,6 foram

sintetizados.

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4.1.1 Análise química e Área superficial específica do SiO2/SnO2

A Tabela 1 mostra os resultados da análise química e medida da área

superficial especifica. As amostras apresentaram 4,1, 12,9 e 18,4% de Sn %

(m/m). Os valores de SBET mostram que as áreas superficiais dos óxidos mistos

aumentam à medida que o teor de SnO2, adicionada a matriz de sílica, aumenta,

sendo 492, 658 e 712 m2g-1, respectivamente. Por motivos de brevidade, estas

amostras serão designadas como SiO2/4%SnO2, SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2,

respectivamente.

Tabela 1 Análise química, área superficial específica (SBET) de SiO2/4%SnO2,

SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2 das amostras secas a 333 K. Tamanhos dos

nanocristalitos do óxido de estanho, que estão contidos nas amostras, obtidos

através de microscopia eletrônica de transmissão (TEM) após serem calcinadas a

1473 K.

Amostras Sn % (m/m)

SBET / m2g-1

T = 333 K

Tamanho dos

cristais de SnO2

( 10% / nm)

T = 1473 K

SiO2/4%SnO2 4,1 492 -

SiO2/13%SnO2 12,9 658 5,3

SiO2/18%SnO2 18,4 712 7,0

4.1.2 Difração de raios-X Figura 2 mostra os difratogramas de raios-X obtidos para os óxidos

SiO2/4%SnO2, SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2 tratados termicamente entre 298 e

1473 K.

A amostra SiO2/4%SnO2 mostrou picos definidos em 1473 K enquanto para

SiO2/13%SnO2 os picos de difração são claramente definidos a partir de 1173 K e

para SiO2/18%SnO2 a partir de 1073 K.

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14

Todos os picos observados para amostra de SiO2/18%SnO2 aquecida a

1473 K (Tabela 2) correspondem aos dos planos cristalográficos da cassiterita

(JCPDS 41-1445) [56].

0 20 40 60 80

1473 K

1273 K

1173 K

1073 K

298 K

2 / grau

SiO2/4%SnO2

0 20 40 60 80

1473 K

1273 K

1173 K

1073 K

298 K

2 / grau

SiO2/13%SnO2

0 20 40 60 80

1473 K

1273 K

1173 K

1073 K

298 K

2 / grau

SiO2/18%SnO2

Figura 2 Padrões de difração de raios-X das amostras de SiO2/4%SnO2,

SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2, previamente tratadas a diversas temperaturas.

Estudos recentes mostraram que filmes finos de SnO2 dispersos sobre um

substrato de sílica apresentaram modificações em seus comportamentos,

passando de amorfo para cristalino, a temperaturas entre 773 e 873 K [57-59].

Para SnO2 puro, o óxido é cristalizado a 823 K [60].

Os picos de difração relacionados à fase cristalográfica do SiO2 não foram

observados nos difratogramas das três amostras calcinadas a 1473 K.

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Tabela 2 Dados de difração de raios-X da fase cristalina observada para

SiO2/18%SnO2 aquecida a 1473 K. Como referência amostra de SnO2, somente

picos com intensidades maiores que 10 foram listadas.

SnO2 Cassiterita* SiO2/18%SnO2

Aquecida a 1473 K

2 Int 2 Int

hkl

26,6 100 26,6 100 110

33,9 86 33,9 90 101

37,9 24 38,0 32 200

51,8 69 51,9 61 211

54,8 19 54,8 23 220

61,3 17 62,1 18 310

64,7 18 - - 112

65,9 20 65,7# 23 301 *Arquivos JPCDS 41-1445; #o pico é largo como pode ser observado na Figura 2.

Int = intensidade relativa (I/I0).

4.1.3 Microscopia eletrônica de transmissão A Figura 3 mostra as imagens de microscopia eletrônica de transmissão

(TEM) para as amostras termicamente tratadas a 1473 K. As imagens de TEM

revelaram que os cristalitos de SnO2 encontram-se encapsulados dentro da matriz

de sílica amorfa, após as amostras serem tratadas a altas temperaturas. As

franjas mais freqüentemente observadas correspondem aos planos

cristalográficos (110) e (101) da forma cassiterita do SnO2. Estes resultados são

corroborados pela análise de XRD em que somente a fase cassiterita é

observada.

Os tamanhos médios dos cristalitos de SnO2 foram medidos e podem

ser observados na Tabela 1. O tamanho dos cristalitos de SnO2 depende da

quantidade de dióxido de estanho incorporado à matriz e da temperatura de

tratamento. Para a amostra SiO2/4%SnO2 (Fig. 3A) os cristalitos ainda não estão

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16

bem definidos e, portanto, são mal observados. Por outro lado, os cristalitos são

bem visíveis para as amostras com maiores quantidades de SnO2 (Fig. 3B e 3C).

O tamanho médio é maior para a amostra que apresenta maior quantidade de Sn,

ou seja, SiO2/18%SnO2 (Fig. 3C).

Figura 3 Imagens de TEM das amostras: (A) SiO2/4%SnO2, (B) SiO2/13%SnO2 e

(C) SiO2/18%SnO2, previamente tratadas a 1473 K.

4.1.4 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho A Figura 4 mostra os espectros de infravermelho das amostras

SiO2/4%SnO2, SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2 tratadas termicamente a 373,

1273 e 1473 K.

Para as amostras aquecidas a 373 K, os espectros são comparados com o

da amostra de SiO2 pura, tratada a mesma temperatura (primeiro espectro na

base da Fig. 4 A). Somente uma pequena diferença entre SiO2 e SiO2/SnO2 pode

ser observada. O espectro da SiO2 apresenta uma banda em 975 cm-1 que está

C

BA

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relacionada ao modo de estiramento da ligação Si-O do grupo SiOH [61, 62]. Uma

banda de absorção é observada em 951, 961 e 960 cm-1 para SiO2/4%SnO2,

SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2, respectivamente, devido à formação da ligação

Si-O-Sn na interface das partículas de SiO2/SnO2. Aquecendo as amostras a 1273

e 1473 K, esta banda deixa de ser observada devido à quebra da ligação Si-O-Sn

e rearranjo estrutural das partículas de SnO2 que cristalizam como visto acima

pelos padrões de XRD e imagens de TEM. Em 1638 cm-1 observa-se uma banda

relacionada ao modo de deformação da ligação OH ( OH), para as amostras

aquecidas a 373 K, que desaparecem quando tratadas a 1273 e 1473 K. Nesta

temperatura, o sólido perde sua água estrutural devido ao processo de

cristalização. O pico que aparece em 669 cm-1 para amostras aquecidas a 1273 e

1473 K é devido ao modo do retículo cristalino do SnO2 [63].

1600 1200 800 400

1473K

1273K

373K

SiO2

669801

Número de onda / cm-1

1638 951975

A

16001200800 400

1473K

1273K

373K

961

669

Número de onda / cm-1

B

1638 801

1600 1200 800 400

1473K

1273K

373K

801

1638

960

669

Número de onda / cm-1

C

Figura 4 Espectros de infravermelho das amostras: (A) SiO2/4%SnO2, (B)

SiO2/13%SnO2 e (C) SiO2/18%SnO2, previamente aquecidas as temperaturas

373,1273 e 1473 K.

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4.1.5 Acidez superficial A Figura 5 mostra os espectros de infravermelho das amostras, auto

suportadas na forma de disco, de SiO2/4%SnO2, SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2

após adsorção com piridina e aquecimento sob vácuo a 298, 373, 473 e 523 K. Os

espectros são limitados numa faixa de número de ondas de 1650 a 1400 cm-1,

onde normalmente os modos vibracionais de interesse da piridina ligada ao

material são observados.

Para todas as amostras, tratadas a 298 e 373 K, foram observadas as

bandas de absorção em 1444 e 1596 cm-1. Com o aumento da temperatura de

aquecimento para 473 K, estas bandas desaparecem para as amostras

SiO2/4%SnO2 e SiO2/13%SnO2. Para SiO2/18%SnO2, estas bandas desaparecem

quando a amostra é aquecida a 523 K. Estas duas bandas em 1444 e 1596 cm-1,

são relacionadas aos modos 8a e 19b, respectivamente, da molécula de piridina

ligada aos grupos hidroxilas dos silanóis livres ( SiOH) e SnOH através de

ligações de pontes de hidrogênio [64-66]. Quase todos os modos vibracionais da

molécula de piridina, fortemente acoplada, são sensíveis à força de interação

envolvendo seu nitrogênio. Entretanto, alguns são mais sensíveis que outros.

Conseqüentemente, os modos 8a e 19b (ambos geralmente envolvendo vibrações

no plano C6 do anel) são os mais usados em estudos espectroscópicos de

infravermelho para avaliar a força dos sítios ácidos de Lewis [66]. Estes modos

vibracionais desaparecem para os materiais tratados a temperatura a partir de 473

K, pois as hidroxilas presentes nos silanóis livres são instáveis a esta variação de

temperatura. No caso de óxidos mistos, o contra-íon exerce sempre um efeito [66].

Para as amostras SiO2/4%SnO2 e SiO2/13%SnO2 tratadas a 298 e 373 K e

para SiO2/18%SnO2 tratada a 523 K, a banda na forma de um ombro em 1453

cm-1 torna-se bem definida, devido ao desaparecimento da banda em 1444 cm-1.

Essa banda em 1453 cm-1 é relacionada ao modo 19b da molécula de piridina

adsorvida no sítio ácido de Lewis dos materiais [65, 67]. A banda em 1545 cm-1

que é observada, para as três composições do óxido misto, para amostras

aquecidas em 473 K (Fig. 5A e 5B) e em 523 K (Fig. 5C) é relacionada ao modo

19b do íon piridínio [64, 65, 67], ou seja, piridina adsorvida no sítio ácido de

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Br nsted. Finalmente, a banda em 1490 cm-1 é devido ao modo 19a da molécula

de piridina e está presente para todos os tipos de adsorção da piridina.

1600 1500 1400

A

473 K

373 K

298 K

1490

1545

1596

1453 1444

Número de onda / cm-11600 1500 1400

B 1453 1444

14901545

473 K

373 K

298 K

1596

Número de onda / cm-1

1600 1500 1400

C

523 K

373 K

298 K

14901545

1596

1453 1444

Número de onda / cm-1

Figura 5 Espectros de infravermelho da piridina adsorvida na superfície das

amostras: (A) SiO2/4%SnO2, (B) SiO2/13%SnO2 e (C) SiO2/18%SnO2, tratadas

previamente as temperaturas 298, 373, 473 e 523 K.

4.2 Imobilização in situ do hexacianoferrato de cobre sobre SiO2/SnO2

4.2.1 Considerações gerais Vários métodos para modificação de superfícies, usando diferentes

mediadores, com propriedades específicas de transferência de cargas têm sido

reportados [68-70]. Dentre estes, a preparação de filmes finos de hexacianoferrato

de metais de transição têm merecido especial atenção, pois constituem uma

importante classe de compostos insolúveis com fórmula geral MIn[MII(CN)6]m, onde

MI e MII são íons de metais de transição com diferentes números de oxidação

formal [68-72]. Estes compostos são complexos de valência mista com uma

estrutura do tipo zeolítica. Dessa forma, as reações de redução e oxidação podem

ocorrer em suas estruturas sólidas, uma vez que essas estruturas tipo zeolíticas

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permitem o fluxo de cátions através de seus canais e buracos [73-76]. Dentre os

compostos hexacianoferrato metálicos, o hexacianoferrato de cobre (II) (CuHCF) é

um interessante membro devido seu sistema ser caracterizado por uma simples,

porém bem definida, reação de oxi-redução envolvendo uma transferência de

elétrons entre os sítios iônicos do ferro ligado ao grupo CN [68, 69]. O

hexacianoferrato de cobre (II) tem mostrado uma alta seletividade para reações de

troca iônica em soluções aquosas de eletrólitos suportes, principalmente cátions

de metais alcalinos: K+, Na+, Li+ e 4NH [74, 75]. Este composto de valência mista

também apresentou uma alta afinidade por íons de prata [77, 78].

O óxido misto SiO2/SnO2, preparado pelo processo sol-gel, foi utilizado

como substrato condutor capaz de adsorver íons metálicos, de uma solução

aquosa desses íons, através da reação de troca iônica. Este processo foi usado

para obter uma camada de íons Cu2+ sobre o óxido misto SiO2/SnO2, promovendo,

em seguida, a reação com íons ferrocianetos para formar um composto com

valência mista.

A eletroatividade do composto foi investigada usando a técnica de

voltametria cíclica e uma atenção especial foi dada à resposta corrente-potencial

em função da concentração do eletrólito. Medidas de impedância eletroquímica

foram realizadas com o objetivo de caracterizar a resistência de transferência de

carga do composto.

A formação in situ do complexo sobre a superfície do óxido misto pode ser

descrita pela seguinte reação:

2 SnOH + Cu(OAc)2 ( SnO)2Cu + 2HOAc Eq. 1

onde SnOH corresponde ao SnO2 hidratado na matriz de sílica. O cobre se liga

ao óxido misto através dos sítios ácidos do SnOH, presentes no material.

O Cu(II) imobilizado reage com os ânions [Fe(CN)6]2- numa solução

acidificada, resultando no hexacianoferrato de cobre adsorvido sobre a superfície

do óxido misto como a espécie SnOH2+/{Cu[FeIII(CN6)}- [10], onde SnOH2

+ é

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formado de acordo com a reação SnOH + H+ SnOH2+. O ponto de carga zero

para o SnO2 é em pH 4,5 e, portanto, nas condições experimentais usadas, à

superfície está positivamente carregada [18]. Os produtos obtidos serão

denotados como: -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 , -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%13 e

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 .

As análises químicas feitas para Cu(II) indicaram os resultados em

( mol g-1): Cu = 29,4; 32,1 e 35,7 para matriz SiO2/SnO2 contendo 4, 13 e 18% de

SnO2, respectivamente.

A fim de caracterizar a presença do complexo de hexacianoferrato de cobre

sobre a superfície do óxido misto de SiO2/SnO2, os espectros de infravermelho,

para as diferentes matrizes, com diferentes quantidades de SnO2, foram obtidos e

estão apresentados na Figura 6. A posição da banda relacionada ao modo de

estiramento do grupamento CN, para as três amostras, é observada em cerca de

2105 cm-1. É muito próxima à observada para hexacianoferrato de cobre

adsorvido sobre o SnO2 enxertado como filme fino sobre uma superfície porosa

de sílica, ou seja, em 2100 cm-1 [10].

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2300 2200 2100 2000 1900

Tran

smitâ

ncia

(%) d

c

b

a

Número de onda / cm-1

2%

Figura 6 Espectros de infravermelho das amostras: (a) -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 , (b) -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%13 , (c)

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 e (d) sílica pura.

4.2.2 Propriedades eletroquímicas do SnOH2+/{Cu[FeIII(CN6)}-

A Figura 7 mostra os voltamogramas cíclicos (VC) para um eletrodo de

pasta de carbono modificada com SnOH2+/{Cu[FeIII(CN6)}-, contendo Sn nos

teores 4, 13 e 18% (m/m). Para efeito de comparação, um VC para SiO2/18%SnO2

também é apresentado (Fig. 7a). Os voltamogramas cíclicos apresentam curvas

bem definidas e as densidades de correntes de pico anódico e cátodico aumentam

à medida que a quantidade de SnO2 aumenta nas matrizes dos óxidos mistos.

Este comportamento era previsto já que a quantidade de SnO2 é maior para -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 . Além disso, sua área superficial específica é muito

maior que as das demais composições de óxido misto sintetizadas. O potencial

médio, E0 (E0 = (Epa + Epc)/2), onde Epa e Epc são os potenciais de pico anódico e

catódico, respectivamente) é próximo de 0,71 V vs. ECS para o -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 (Fig. 7d), este valor é muito similar ao observado

para filme de hexacianoferrato de cobre (II) depositado sobre um substrato

condutor [79, 80].

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A reação de oxidação e redução do composto ocorre inicialmente pelo

equilíbrio do cátion do eletrólito suporte com a superfície do material, o qual pode

ser representado pela equação:

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 + A+ + e- -

6II

2 ]}(CN)/{ACu[FeSnOH%18 Eq. 2

onde A+ representa a espécie catiônica do eletrólito suporte (K+, Na+, Li+ e 4NH ).

Na reação da Eq. 2 a função do íon catiônico é se incorporar dentro da estrutura

porosa do material para manutenção da neutralidade das cargas durante a reação

de oxi-redução [79].

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0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

j / m

A cm

-2

E / V vs. SCE

(a)

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

-0.5

-0.3

-0.2

0.0

0.2

0.3

0.5

0.7

j / m

A cm

-2

E / V vs. SCE

(b)

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5 (c)

j / m

A cm

-2

E / V vs. SCE

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

-5.0

-2.5

0.0

2.5

5.0

7.5

j / m

A cm

-2

E / V vs. SCE

(d)

Figura 7 Voltamogramas cíclicos obtidos para o eletrodo de pasta de carbono

modificada com: (A) SiO2/18%SnO2, (B) -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 , (C)

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%13 , (D) -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 . Em Solução

KCl 1,0 mol L-1. v = 0,02 V s-1.

Os voltamogramas cíclicos para -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 em várias

velocidades de varredura (v), usando uma solução de KCl 1,0 mol L-1 como

eletrólito suporte são apresentados na Figura 8 (A). A Figura inserida mostra, em

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velocidades de varreduras mais baixas (v 0,04 V s-1), que as correntes de pico

anódico e catódico são linearmente proporcionais à velocidade de varredura (com

um coeficiente de correlação de 0,995 e 0,998, respectivamente), o que é

esperado para um processo de oxi-redução para superfícies confinadas e predito

para um processo de controle não difusional [81-83]. Porém, em velocidades de

varreduras mais altas (v 0,04 V s-1), o gráfico de densidade de corrente de pico

contra a raiz quadrada da velocidade de varredura (Fig. 8 B) mostra uma relação

linear descrita pelas seguintes equações:

jpa (mA cm-2) = -0,18 + 44,92 (v1/2) (v, em V s-1 e r = 0,998, n = 4) Eq. 3

jpc (mA cm-2) = -0,41 + 41,58 (v1/2) (v, em V s-1 e r = 0,992, n = 4) Eq. 4

para densidade de corrente anódica e catódica, respectivamente. Este

comportamento indica que para velocidades de varreduras iguais ou superiores a

0,04 V s-1 o processo é controlado por difusão. Neste caso, este comportamento

pode estar relacionado à lenta difusão dos cátions de potássio dentro da estrutura

do material [81, 82].

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Figura 8 (A) voltamogramas cíclicos para -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 obtido

em várias velocidades de varredura (da base para o topo, v = 0,005, 0,010, 0,020,

0,040, 0,060, 0,080, e 0,10 V s-1. Figura inserida: gráfico da densidade de corrente

contra a velocidade de varredura. (B) Gráfico da densidade de corrente contra a

raiz quadrada da velocidade de varredura. Dados extraídos da Figura 8A. Em

solução de KCl 1,0 mol L-1.

O resultado do estudo eletroquímico do material -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 na presença de diversos eletrólitos suporte (KCl,

NH4Cl, LiCl e NaCl) pode ser visto na Figura 9, onde observa-se que as curvas de

voltametrias cíclicas são pares reversíveis bem definidos na presença dos

eletrólitos suportes KCl e NH4Cl (Fig. 9 (a)) com potenciais médios de 0,71 e 0,77,

respectivamente, enquanto que na presença de LiCl e NaCl as curvas de

voltametrias cíclicas são largas e indefinidas (Fig. 9 (b)). A literatura mostra que os

formatos dos voltamogramas cíclicos dos filmes de metalocianatos exibem uma

dependência em relação ao tamanho do cátion do eletrólito suporte [10, 69, 84]. O

eletrodo de pasta de carbono modificada com -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 , na

presença do eletrólito suporte, apresenta uma estrutura porosa em que os

0 20 40 60 80100-15

-10

-5

0

5

10

15

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-13

-10

-7

-3

0

3

7

10

13

17

j / m

A cm

-2

v / mV s-1

(A)j /

mA

cm-2

E / V vs SCE

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4-16

-12

-8

-4

0

4

8

12

16 (B)

j / m

A cm

-2

v1/2 / (V s-1)1/2

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27

cátions hidratados podem mover-se entrando e saindo da mesma durante o

processo de reação de oxi-redução de acordo com a Eq. 2.

Figura 9 Voltamogramas cíclicos obtidos para um eletrodo de pasta de carbono

modificada com -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 em diferentes eletrólitos suportes

(1,0 mol L-1): (a) KCl e NH4Cl e (b) NaCl e LiCl. v = 0,02 V s-1.

O diâmetro da cavidade da estrutura do hexacianoferrato de cobre (II) (0,31

nm) [85] sobre -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 exerce um importante papel na

determinação do potencial médio, conforme a maior ou menor dificuldade de

movimentação do cátion do eletrólito suporte, entrando ou saindo na estrutura do

substrato. Segundo a lei de Stoke de mobilidade limite [86], os diâmetros dos íons

hidratados do K+, 4NH , Na+, Li+ são 0,24, 0,24, 0,36 e 0,42 nm, respectivamente

[87-89]. Então, somente os cátions K+ e 4NH são transportados através do

eletrodo de pasta de carbono modificado com -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 ,

durante processo eletroquímico de oxi-redução a fim de manter a eletro-

neutralidade do sistema. Os cátions hidratados Na+ e Li+, que possuem um

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-1.7

-0.8

0.0

0.8

1.7 (a)

NH4Cl

KCl

j / m

A cm

-2

E / V vs. SCE0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

-1.3

-0.8

-0.4

0.0

0.4

0.8

LiCl

NaCl

j / m

A cm

-2

E / V vs. SCE

(b)

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28

diâmetro maior que o diâmetro da cavidade da estrutura porosa do material, têm

dificuldade de movimentação através da mesma. Neste caso, o processo de oxi-

redução foi bloqueado uma vez que o transporte das cargas foi afetado.

A fim de determinar a condutividade característica do material, medidas de

espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) foram feitas. Esta técnica tem

sido largamente usada com eletrodos modificados para investigação do processo

de transporte de carga em materiais condutores [90-93]. As Figuras 10 (A) e 10

(B) mostram os gráficos de impedância no plano dos complexos (diagrama de

Nyquist) para os eletrodos de pasta de carbono modificada com -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 e -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 , respectivamente,

em 0,73 V vs. ECS. Este potencial é correspondente ao potencial de pico anódico

dos voltamogramas cíclicos em solução KCl 1,0 mol L-1 usada como eletrólito

suporte. Todos os gráficos são do mesmo tipo e são descritos teoricamente

conforme o modelo de Randles [86]. Na faixa de freqüência mais alta, a resposta

esperada é um semicírculo, cuja constante de tempo é dominada pela

capacitância da dupla camada (Fig. 10 (A)). A próxima parte registrada na região

de média freqüência corresponde à impedância de Warburg e é controlada pela

difusão das espécies em solução. A resposta assume um comportamento linear

com a freqüência independente do ângulo de fases (Fig. 10 (B)). Finalmente, em

freqüências extremamente baixas a impedância corresponde a uma resposta

puramente capacitiva considerando o efeito de saturação da carga limitante (Fig.

10 (A)) [94-97].

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29

0 50 100 150 2000

50

100

150

200

Z'' /

ohm

Z' / ohm

(A)0,53 Hz

0 10 20 30 40 500

10

20

30

40

50

Z'' /

ohm

Z' / ohm

(B)

1,4 kHz

24,6 kHz

Figura 10 Gráfico de impedância eletroquímica para o eletrodo de pasta de

carbono modificada com: -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 ,

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 em solução de KCl 1,0 mol L-1. (A) faixa de

valores de freqüências altas e baixas, (B) faixa de valores de freqüências altas.

Potencial aplicado de 0,73 V vs. ECS.

Os parâmetros de impedância apresentados na Tabela 3 foram calculados

a partir dos dados extraídos da Figura 10. Em particular, para determinar o valor

da resistência de transferência de elétrons (RCT) foi usada a seguinte equação

[92]:

RCT = RP – RS Eq. 5

onde RP e RS são as resistências de polarização e da solução, respectivamente. A

resistência não compensada, RS, pode ser calculada a partir do gráfico de

impedância no plano dos complexos como o limite em alta freqüência da

impedância na parte real (Fig. 10 B).

O valor da capacitância da dupla camada, Cdl, correspondente à parte do

semicírculo do diagrama de Nyquist, obtido a partir da Figura 10 B, foi deduzido

usando-se a relação [92, 97]:

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30

CTmaxdl Rf2

1C Eq. 6

onde fmax é a freqüência c.a. (Hz) correspondente ao valor máximo do semicírculo

(Fig. 10 B).

A capacitância em baixa freqüência ou capacitância limite, CLF, pode ser

calculada a partir do gráfico da parte imaginária da impedância em função do

inverso da freqüência angular (1/2 f) na faixa de baixa freqüência (10mHz f

103,4mHz). Na região de saturação de carga, CLF é independente da freqüência

e é definida como o inverso da inclinação da equação [92, 97]:

LFfC21"Z Eq. 7

de acordo com a Eq. 7, a relação em baixas freqüências de Z” vs. 1/f, deve ser

uma reta linear, passando pela origem e a inclinação desta reta deve ser igual à

LFC21 [86]. No presente caso, uma reta linear foi obtida, passando pela origem,

conforme ilustrado na Figura 11.

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31

0 20 40 60 80 100 1200

1700

3400

5100

6800

8500Z"

/ oh

m

f -1 / Hz-1

(A)

0 20 40 60 80 100 120

0

750

1500

2250

3000

3750

Z" /

ohm

f -1 / Hz-1

(B)

Figura 11 Gráficos da parte imaginária de impedância (Z”) vs. 1/f. Para os

eletrodos de pasta de carbono modificada com (A) -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4

e (B) -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 . Em solução de KCl 1,0 mol L-1. Potencial

aplicado de 0,73 V vs. ECS. Faixa de baixa freqüência: 10mHz f 103,4mHz.

Os valores de RS (Tabela 3) para os eletrodos de pasta de carbono

contendo -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 e -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 são

muito próximos. Isso porque os materiais possuem características físicas e

estruturais muito parecidas e, claro, a resistência da solução está associada com o

eletrólito entre o eletrodo modificado e o eletrodo de referência. Um pequeno

aumento na RCT foi observado para o eletrodo contendo uma quantidade de SnO2

menor no material, no caso -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 , porém ambos materiais

apresentaram boa condutividade, os valores de RCT, apresentados na Tabela 3,

foram 23,2 e 17,3 ohm para os eletrodos de pasta de carbono modificados com -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 e -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 , respectivamente.

Estes valores são muito baixos e, portanto, favorecem as reações de oxi-redução

[27]. A capacitância em baixas freqüências, CLF, está associada diretamente com

o coeficiente de difusão das espécies dentro do material. Os valores são muito

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32

próximos em ambos eletrodos modificados, estes resultados são corroborados

pelo perfil do gráfico de Z” vs. 1/f (Fig. 11), que indica um processo difusional

ocorrendo nos poros dos materiais.

Tabela 3 Parâmetros de impedância para um eletrodo de pasta de carbono

modificada com -6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 e -

6III

2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18

em solução de KCl 1,0 mol L-1.

RP/ohm RS/ohm RCT/ohm Cdl/ F CLF/mF

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%4 33,9 10,8 23,2 9,3 2,0

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 26,8 9,5 17,3 19,9 4,7

4.3 Imobilização de íons fosfato sobre a SiO2/SnO2

A adsorção de ácido fosfórico sobre a superfície do óxido misto SiO2/SnO2,

resultando em espécies de fosfatos ligados ao SnO2, é um procedimento

interessante para aumentar a acidez superficial (sítios ácidos de Br nsted) do

óxido misto [98-105]. O material obtido combina as características de uma matriz

rígida, conferida pela estrutura do SiO2, uma alta área superficial específica,

devido à natureza porosa da matriz, com uma alta densidade superficial de sítios

ácidos de Br nsted, por conta da imobilização dos íons hidrogênio fosfatos na

superfície do óxido misto. Estas características são propícias para um aumento na

capacidade de troca do material e possibilidade de imobilização de moléculas

macrocíclicas como, por exemplo, porfirinas [106].

Os íons fosfatos são adsorvidos sobre a superfície do SiO2/SnO2 de acordo

com a seguinte reação:

nSnOH + H3PO4 (SnO)nPO(OH)3-n + nH2O Eq. 8

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33

onde SnOH representa os sítios ácidos de Br nsted na superfície do sólido. Na

reação da Eq. 8 duas espécies de fosfatos podem ser formadas, mono e

dihidrogênio fosfato [107].

As análises químicas e de área superficial especifica (SBET) para o material

SiO2/SnO2/Fosfato apresentaram os seguintes resultados: Sn = 18,4% (m/m) (1,55

mmol de estanho por grama do material) [27], P = 0,84% (m/m) (0,27 mmol de P

por grama do material) e SBET = 299 m2g-1.

Por razões de brevidade, o material SiO2/SnO2/Fosfato será representado

daqui para adiante por 18%SnOH/POH. As percentagens atômicas e a natureza

da espécie química existente na superfície do material foram obtidas a partir das

medidas de espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios-X (XPS) e os

resultados encontram-se resumidos na Tabela 4.

Tabela 4 Resumo dos valores de energia de ligação obtidos por XPS,

percentagem atômica para SiO2/SnO2 e 18%SnOH/POH e valores de energia de

ligação extraídos da literatura [108-113].

Amostras Energia de ligação (eV) P/Sn Sn/Si

P 2p3/2 Sn 3d5/2 Si 2p3/2 O 1s

Si-O Sn-O

SiO2/SnO2 - 487,3 103,5 532,8 530,9 - 0,08

18%SnOH/POH 134,4 487,2 103,5 532,7 530,7 0,55 0,11

NaH2PO4a 134,2 - - - - - -

SnO2a - 486,4 - - 530,5 - -

SiO2a - - 103,3 532,5 - - -

SiO2/ZrO2/Fosfatob 134,4 - 103,4 532,4 - - -

SiO2/Nb2O5/Fosfatoc 134,0 - 103,5 532,2 - - -

MoO3-SnO2/SiO2d - 487,4 - - - - -

SiO2/SnO2e - 487,5 - 532,3 531,4 - -

aRef. [108], bRef. [111], cRef. [110], dRef. [113], eRef. [112], fRef. [109].

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34

A Figura 12 apresenta os espectros de XPS para o nível 1s do oxigênio das

ligações Sn-O e Si-O (Fig. 12A), para o nível 3d do Sn (Fig. 12B) e para o nível 2p

do fósforo (fosfato adsorvido) (Fig. 12C).

Para o óxido misto SiO2/SnO2 o pico referente à energia de ligação do nível

1s do oxigênio é observado em 530,9 eV para o SnO2 e em 532,8 para SiO2. Para

o SnO2 puro a energia de ligação para o nível 1s do oxigênio é observado em

530,5 eV [108, 109], e para SiO2 puro em 532,5 eV [110-112]. Para

18%SnOH/POH a energia de ligação para o nível 1s do oxigênio não teve

variação significativa e é encontrada em 532,7 e 530,9 eV para SiO2 e SnO2,

respectivamente.

O pico referente à energia de ligação do nível 3d5/2 do Sn foi observado em

487,3 eV, este valor corresponde ao estado de oxidação do Sn(IV) [108, 109, 112].

O pico fotoeletrônico de energia de ligação referente ao componente 2p do

Si para 18%SnOH/POH é observado em 103,5 eV (componentes spin-orbita não

resolvidos) [108-110].

O pico referente à energia de ligação do nível 2p3/2 do P está centrado em

134,4 eV. O segundo componente do dublete spin-orbita (pico 2p1/2) não pôde ser

resolvido. O valor da energia de ligação do nível 2p3/2 do P é muito próximo ao

valor observado para o composto de referência NaH2PO4 (134,2 eV) [108, 113], e

para o SiO2/Nb2O5/Fosfato (134,0 eV) [111] e para SiO2/ZrO2/Fosfato (134,4 eV)

[110]. Este valor de energia de ligação (134,4 eV) é um indicativo que a espécie

formada na superfície do material é um dihidrogênio fosfato [108].

A razão atômica P/Sn de 0,55, calculada para 18%SnOH/POH (Tabela 4),

mostra um valor consideravelmente maior quando comparado com a razão

atômica P/Sn = 0,17 esperado se considerarmos a quantidade total de P e Sn

existente no material. Ambos materiais SiO2/SnO2 e 18%SnOH/POH

apresentaram uma razão atômica para Sn/Si de 0,08 e 0,11, respectivamente. A

respeito da reação do SiO2/SnO2 com o ácido fosfórico e considerando um erro de

8% para as medidas das áreas sob os picos de spin-orbita, pode ser observado

um suave aumento no valor da razão de Sn/Si num indicativo que, na presença do

ácido, uma quantidade maior de SnO2 é movida para a superfície do material.

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35

540 536 532 528 524

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Energia de ligação / eV

O1s

(a)

(b)

(Si-)O

O(-Sn)

(A)

500 495 490 485 480Energia de ligação / eV

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

(b)

(a)

Sn 3d

(B)

138 136 134 132 130

P 2p

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Energia de ligação / eV

(C)Figura 12 Espectros de XPS para os materiais: (a) SiO2/SnO2 e (b)

18%SnOH/POH: (A) energia de ligação do nível 1s do O para; (B) energia de

ligação do nível 3d do Sn; (C) energia de ligação do nível 2p do P para

18%SnOH/POH.

4.4 Imobilização e metalação de porfirina sobre a superfície do

18%SnOH/POH

A matriz 18%SnOH/POH foi utilizada na imobilização do ligante porfirínico

protonado [5,10,15,20-tetrakis(1-metil-4-piridil)-21-H,23-H-porfirina]4+ (H2P4+),

conhecido como tetrakis). Esta porfirina apresenta cargas positivas, devido aos

grupos metil-piridil, os quais conferem solubilidade em água, permitindo a sua fácil

imobilização em matrizes com propriedades de troca catiônica.

A imobilização do ligante porfirínico protonado sobre a matriz

18%SnOH/POH, se deve a propriedade de troca iônica do material através dos

sítios ácidos de Br nsted presentes na superfície do mesmo e ocorre segundo a

reação:

4 18%SnOH/POH (s) + H2P4+(aq) ( 18%SnOH/PO)4H2P + 4 H+ Eq. 9

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36

A reação de metalação, por sua vez, pode ser representada pela equação:

( 18%SnOH/PO)4H2P + CoCl2 ( 18%SnOH/PO)4CoP + 2 HCl Eq. 10

Durante a imobilização da porfirina ocorre uma mudança de cor na matriz,

que adquire a cor da porfirina (verde). Esta mudança foi acompanhada através de

espectroscopia eletrônica na região do UV-Vis, uma vez que as porfirinas livres

apresentam um espectro eletrônico na região do UV-Vis muito característico [114].

A Figura 13 mostra os espectros de UV-Vis para a matriz sólida contendo a

porfirina não metalada e metalada. A matriz contendo a porfirina não metalada

apresentou 4 bandas, designadas como bandas Q, em 520, 559, 588 e 643 nm

(Fig. 13 (a)) e para o material após metalação, observa-se uma banda em 570 nm

e uma não tão bem resolvida em 590 nm, na forma de ombro. As variações dos

substituintes periféricos no anel porfirínico geralmente causam mudanças na

intensidade e comprimento de ondas das absorções. A metalação produz uma

simplificação das bandas Q do espectro, essencialmente as quatro bandas

colapsam em apenas duas ou uma banda. O decréscimo no número de bandas é

tão somente pelo aumento da simetria local do sistema porfirínico que passa de

D2h para D4h [114].

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37

400 500 600 700 800

(b)

(a)

-log(

R/R

o) / u

.a.

comprimento de onda / nm

Figura 13 Espectros eletrônicos na região de UV-Vis para: (a)

( 18%SnOH/PO)4H2P; (b) ( 18%SnOH/PO)4CoP.

Uma outra investigação da incorporação do Co na porfirina ligada à matriz

18%SnOH/POH foi feita usando-se a técnica de voltametria de pulso diferencial.

A Figura 14 mostra um voltamograma de pulso diferencial obtido a partir de um

eletrodo de pasta de carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em solução

de KCl 1,0 mol L-1, pH = 5,4 em atmosfera de argônio. O pico catódico em -0,45 V

vs. ECS é atribuído à redução do Co (II) Co (I) [115, 116]. O processo

envolvendo Co (III) Co (II) não foi observado nas condições usadas.

Revertendo a varredura do potencial na faixa -0,9 para 0,9 V, o processo de

oxidação Co (I) Co (II) foi observado em -0,45 V vs. ECS enquanto o processo

Co (II) Co (III) não.

Existem na literatura poucos estudos que têm discutido a reversibilidade do

par Co (II) Co (III), comparado com o sistema Co (I) Co (II). Uma das

possíveis razões que explicam, a não detecção ou uma fraca resposta

voltamétrica para o sistema Co (II) Co (III), é que na maioria das porfirinas

metaladas com cobalto é requerido ligações axiais para o cobalto no estado de

oxidação +3. Na ausência de bons ligantes axiais a interconversão entre os

estados de oxidação do Co (II) e Co (III) tende a ser mais lenta [117].

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38

A metalação da porfirina, ligada a matriz 18%SnOH/POH, com Co se

justifica pela necessidade da inserção de uma espécie eletroativa no sistema, de

modo a desenvolvermos um material capaz de ser usado como modificador na

confecção de um eletrodo quimicamente modificado e usá-lo na investigação

eletroquímica para a eletrocatálise da redução de oxigênio dissolvido e oxidação

de nitrito em solução aquosa.

-0.9 -0.6 -0.3 0.0 0.3 0.6 0.9-200

-150

-100

-50

0

50

100

j /

A cm

-2

E / V vs. ECS

Figura 14 Voltamogramas de pulso diferencial obtidos para um eletrodo de pasta

de carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em solução de KCl 1,0 mol L-1

pH = 5,4 desaerada com argônio.

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39

4.5 Estudo da redução eletrocatalítica de oxigênio dissolvido A capacidade para reduzir O2 dissolvido, usando um eletrodo de pasta de

carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP foi testada através da técnica de

voltametria linear. Na Figura 15 observa-se a presença de um pico de densidade

de corrente de redução em -0,18 V vs. ECS. A densidade de corrente aumenta à

medida que se aumenta a concentração de O2 dissolvido em solução. A Figura

inserida mostra o gráfico da densidade de corrente em função da concentração de

O2 dissolvido onde se observa que esta relação é não linear, sendo descrita pela

equação:

Jpc(µA cm-2) = -3,66 + 6,84 [O2] + 0,89 [O2]2 Eq. 11

([O2] em mg L-1; r = 0,997; n = 6). Para concentrações maiores que 10,6 mg L-1 de

O2 dissolvido se observou a saturação do eletrodo.

O oxigênio dissolvido é reduzido normalmente na superfície de um eletrodo

de pasta de carbono em potencial próximo de -0,5 V vs. ECS [28, 118]. Como

houve uma diminuição no potencial na ordem de 0,32 V vs. ECS ao usarmos a

pasta de carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP logo podemos afirmar

que o material é responsável pela redução eletrocatalítica do O2 dissolvido.

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40

-0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4

-300

-200

-100

0

100

0 2 4 6 8 10 120

40

80

120

160

200

j pc/

A cm

-2

E / V vs. SCE

j pc /

A cm

-2

[O2] / mg l-1

Figura 15 Voltamogramas lineares para o eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em diferentes concentrações de O2

dissolvido (1,7; 3,6; 6,1; 8,1; 9,3 e 10,6 mg L-1, do topo para base,

respectivamente). Em solução de KCl 1,0 mol L-1, pH = 5,4, v = 0,02 V s-1, T = 298

K. Figura inserida: Gráfico de jpc vs. [O2].

O estudo da influência do pH, na faixa de 3,5 a 6,5, sobre potencial de

redução do oxigênio dissolvido mostrou que neste intervalo não houve algum

efeito significativo sobre o Epc, como mostrado na Figura 16. Em valores de pH

abaixo de 3,5, o Epc foi deslocado para valores mais positivos, provavelmente,

devido ao caráter ácido da matriz, pois em tal condição, a superfície do material

pode ser carregada positivamente, considerando que o ponto isoelétrico para o

SnO2 é em pH = 4,5 e para o SiO2 em 2,2 [18]. O caráter ácido da matriz

proporciona um ambiente propício à porfirina metalada para promoção da redução

do oxigênio dissolvido [28, 30]. Resultados semelhantes podem ser encontrados

na literatura [119-121].

Em valores de pH menores que 3,5 o perfil voltamétrico apresentou uma

onda catódica larga e indefinida (Fig. não mostrada) e deslocamento do potencial

para valores mais positivos. Contudo, este comportamento não está relacionado

com o lixiviamento da espécie eletroativa da superfície do eletrodo. Esta afirmação

é suportada pelo fato que o eletrodo usado na obtenção do resultado observado

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41

para o pH = 2,3, imediatamente recuperou a resposta mostrada para o valor de pH

= 5,4 quando foi transferido para uma solução do eletrólito ajustado neste pH.

2 3 4 5 6 7-240

-180

-120

-60

0

E pc /

mV

pH

Figura 16 Gráfico do Epc em função do pH em solução de KCl 1,0 mol L-1. [O2] =

15,0 mg L-1. v = 0,02 V s-1. T = 298 K.

O gráfico da densidade de corrente de pico catódico (jpc) em função da raiz

quadrada da velocidade (v1/2) mostrou um comportamento linear, no intervalo de

velocidade de varredura entre 0,015 a 0,05 V s-1 (Fig. 17). Este comportamento

indica que o processo de redução catalítica do O2 dissolvido é controlado por

difusão. A relação linear é descrita pela seguinte equação:

jpc = 4,4 + 6613,9 v1/2 Eq. 12

onde jpc é dada µA cm-2 e v em V s-1, r = 0,999 e n= 9.

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42

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.300

420

840

1260

1680

j pc/

A cm

-2

v1/2 / (Vs-1)1/2

Figura 17 Gráfico de jpc em função v1/2. Dados extraídos dos voltamogramas

lineares em diferentes velocidades de varreduras (0,015, 0,02, 0,025, 0,030,

0,035, 0,040, 0,045 e 0,050 V s-1). Em solução de KCl 1,0 mol L-1, pH = 5,4 e [O2]

= 9,3 mg L-1.

O número de elétrons (n) envolvido no processo de redução do O2

dissolvido, eletrocatalisado por ( 18%SnOH/PO)4CoP, foi calculado considerando

que a redução do O2 na superfície do eletrodo é uma reação totalmente

irreversível. Neste caso, a equação que relaciona a corrente de pico (ipc) e o

número de elétrons envolvidos na reação é dada por [86]:

1/21/2o

*o

1/2a

5pc vDAC))n( n(2.99x10i Eq. 13

onde é o coeficiente de transferência, na é o número de elétrons aparente na

etapa determinante, A a área do eletrodo (em cm2), *oC a concentração do

oxigênio dissolvido (mol cm-3), Do o coeficiente de difusão do oxigênio dissolvido

em solução (cm2 s-1) e v a velocidade de varredura (V s-1).

O valor de na, Eq. 13, foi obtido a partir da inclinação do gráfico ln(ipc) vs.

Epc (gráfico de Tafel) [86], extraído dos dados de voltametrias linear (Fig. 18),

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43

usando os seguintes parâmetros: eletrólito suporte, solução de KCl 1,0 mol L-1 em

pH = 5,4, [O2] = 13,0 mg L-1, v = 0,001 V s-1 e T = 298 K para um eletrodo cuja

área é 0,12 cm2. A velocidade de varredura baixa (0,001 V s-1) usada garante

suficientemente o tempo de reação de equilíbrio na superfície do eletrodo. A

inclinação do gráfico de Tafel é obtida a partir da relação entre a corrente de pico

e o potencial de redução, descrito pela equação [86]:

)]EE)(RT/Fn(exp[knFAC227.0i '0pa

0*opc Eq. 14

onde F é a constante de Faraday, k0 a constante de velocidade heterogênea

padrão, R a constante dos gases e T a temperatura em K. Substituindo o valor de

na (1,61) na Eq. 13 e considerando Do = 1,8 x 10-5 cm2 s-1 [119], o valor de n

encontrado foi 2,1, indicando que o oxigênio dissolvido é reduzido à H2O2 na

superfície do eletrodo.

-0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04-14.8

-14.4

-14.0

-13.6

-13.2

-12.8

-12.4

ln(i p) /

A

Ep / V vs. ECS

ln(ip) = -13,52 - 27,75 E (r = 0,996 e n = 27)

Figura 18 Gráfico de Tafel: ln(ip) vs. Epc. Dados extraídos do voltamograma linear

para o eletrodo de pasta de carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP em

solução de KCl 1,0 mol L-1, pH = 5,4, [O2] = 13,0 mg L-1, v = 0,001 V s-1 e T = 298

K.

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44

Com intuito de verificar a potencialidade do eletrodo de pasta de carbono

modificado com ( 18%SnOH/PO)4CoP como sensor para O2 dissolvido,

experimentos de cronoamperometria foram realizados. Inicialmente estudou-se a

dependência da intensidade de corrente catódica, ic, em relação ao potencial

aplicado, E. O valor de E foi escolhido pelas medidas de intensidade de ic para [O2]

= 8,7 mg L-1 a 298 K, em solução de KCl 1,0 mol L-1 e pH = 5,4. A maior

intensidade de ic foi obtida em -0,21 V vs. ECS e, para potenciais mais negativos,

uma diminuição da intensidade de ic é observada. Em potenciais mais negativos a

re-oxidação do Co do sistema pelo oxigênio é mais dificultado, minimizando o

efeito catalítico. Então para a realização das medidas de cronoamperometria, o

potencial foi fixado em -0,21 V vs. ECS, já que nesta condição de potencial todo o

oxigênio presente na interface eletrodo-solução é completamente eletro-reduzido,

aumentando assim, a sensibilidade do sensor.

O gráfico da relação densidade de corrente catódica, jc, em função da

concentração de oxigênio dissolvido, obtido a partir dos dados extraídos dos

experimentos de cronoamperometria pode ser visto na Figura 19. A resposta do

eletrodo apresentou um comportamento linear numa faixa de concentração de O2

dissolvido entre 1,7 a 11, 7 mg L-1 (Fig.19 A), descrito pela seguinte equação:

jc = 2,0 + 6,5 [O2] Eq. 15

onde jc é dado µA cm-2, [O2] em mg L-1, r = 0,997 e n = 12. Para concentrações

maiores que 11,7 mg L-1 foi observado a saturação da superfície do eletrodo. O

tempo de resposta do eletrodo foi de 1 s, conforme pode se ver na Figura 19 B.

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45

0 2 4 6 8 10 120

17

33

50

67

83

100

j c/

A cm

-2

[O2] / mg L-1

(A)

98 99 100 101 102-40

-30

-20

-10

0

j pc/

A cm

-2

t / s

(B)

Figura 19 (A): Gráfico relação densidade de corrente catódica em função da

concentração de oxigênio dissolvido, obtido a partir dos experimentos de

cronoamperometria. (B): Resposta do eletrodo no cronoamperograma em detalhe.

4.6 Estudo da oxidação eletrocatalítica de nitritoO íon nitrito tem uma importância significativa para o meio ambiente e para

os processos vitais. É altamente tóxico em função do seu possível efeito

carcinogênico. Muitas preocupações têm sido mostradas a respeito do nível de

nitrito em alimentos e bebidas, isso porque ele pode reagir no estômago

juntamente com outros componentes dietéticos para formar nitrosaminas tóxicas e

carcinogênicas [122]. A presença de íons de nitrito em amostras ambientais pode

também indicar a extensão da poluição em fontes de águas naturais [123].

Portanto a sua determinação é muito requerida nos meios industrial e ambiental.

Recentemente o estudo eletroquímico do nitrito assim, como sua

determinação tem despertado um grande interesse por parte dos pesquisadores,

principalmente, usando-se eletrodos quimicamente modificados [124-128]. A

natureza química robusta dos materiais inorgânicos tem contribuído para torná-los

bons candidatos para a modificação de eletrodos. Dentre esses materiais o óxido

misto SiO2/SnO2 tem mostrado propriedades interessantes [27], principalmente

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46

quando modificado com íons fosfato para posterior imobilização de porfirina

contendo Co como espécie eletroativa [106]. Um eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP foi usado para estudar a oxidação

eletrocatalítica do nitrito, utilizando as técnicas de voltametria cíclica e

cronoamperometria.

A fim de avaliar a atividade eletrocatalítica do eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP para a oxidação de nitrito, os

voltamogramas cíclicos foram obtidos na ausência e na presença de íons nitritos

(Fig. 20). Um pico de densidade de corrente anódica foi observado em 0,72 V vs.

ECS. A sua intensidade aumenta à medida que a concentração de íons nitrito

aumenta em solução (Fig. 20b e 20c), caracterizando assim a eletrocatálise do

nitrito pela presença do material ( 18%SnOH/PO)4CoP, uma vez que na ausência

do mesmo nenhum processo de oxi-redução é observado na superfície do

eletrodo.

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-250

0

250

500

750

1000

1250

(c)

(b)

(a)

j pa /

A cm

-2

E / V vs. SCE

Figura 20 Voltamogramas cíclicos para um eletrodo de pasta carbono modificada

com ( 18%SnOH/PO)4CoP em solução de KCl 1,0 mol L-1: (a) na ausência de íons

nitritos, (b) solução contendo 6,0 x 10-4 mo L-1 e (c) 1,0 x 10-3 mol L-1 de 2NO . pH

= 5,4 e v = 0,02 V s-1.

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47

O gráfico da relação densidade de corrente de pico em função da

concentração de 2NO (Fig. 21) mostrou um comportamento linear dentro de uma

faixa de concentração de 1,0 x 10-5 a 5,0 x 10-3 mol L-1 de íons 2NO , descrito pela

seguinte equação:

jpa = 21.5 + 6.25 x 105 [ 2NO ] Eq. 16

onde jpa é dado em A cm-2, [ 2NO ] x 10-3 em mol L-1, r = 0.999 e n = 16. Para

concentrações maiores que 5,0 x 10-3 mol L-1 houve a saturação da superfície do

eletrodo.

0 1 2 3 4 5 60

833

1667

2500

3333

4167

5000

j pa /

A cm

-2

[NO2-] 10-3 / mol L-1

Figura 21 Gráfico da densidade de corrente de pico anódico em função da

concentração de 2NO variando entre 1,0 x 10-5 a 5,0 x 10-3 mol L-1, em solução de

KCl 1,0 mol L-1, v = 0,02 V s-1, pH = 5,4.

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48

O efeito do pH sobre o potencial de oxidação, Epa, dos íons 2NO na

presença do catalisador foi estudado numa faixa de pH variando entre 2,3 a 6,9. O

resultado, conforme pode ser visto na Figura 22, mostra que não houve variação

do Epa no intervalo estudado.

2 3 4 5 6 70.0

0.5

1.0

1.5E pa

/ V

vs.

EC

S

pH

Figura 22 Estudo da dependência do potencial de pico anódico em função do pH.

[ 2NO ] = 1,0 x 10-3 mol L-1 em solução de KCl 1,0 mol L-1, v = 0,02 V s-1.

A Figura 23 mostra uma série de voltamogramas cíclicos obtidos em

diferentes velocidades de varredura do potencial, para uma solução contendo íons

nitrito, numa concentração fixada em 1,0 x 10-3 mol L-1. O gráfico da relação

densidade de corrente do pico em função da raiz quadrada da velocidade (Fig.

Inserida) descreve o seguinte comportamento: em velocidades de varredura

menores (v 0.02 V s-1) foi observada uma relação linear dependente da raiz

quadrada de velocidade de varredura. Esta relação é descrita pela seguinte

equação:

jpa = 7.17 + 2350 (v)1/2 Eq. 17

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49

onde jpa é dada em A cm-2, v em V s-1, r = 0.997 e n = 4. Este comportamento

indica que neste intervalo de velocidade de varredura o processo é controlado por

difusão [86]. Entretanto, para velocidades maiores (v 0.03 V s-1) o processo

passou a não ser mais difusional.

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-250

0

250

500

750

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.250

83

167

250

333

417j /

A

cm-2

E / V vs. SCE

j pa /

A cm

-2

v1/2 / (V s-1)1/2

Figura 23 Voltamogramas cíclicos para um eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP. [ 2NO ] = 1,0 x 10-3 mol L-1 em solução de

KCl 1,0 mol L-1 em diferentes velocidades de varredura (V s-1): 0,005, 0,01, 0,02,

0,03, 0,04 e 0,05. Figura inserida: Gráfico jpa vs. (v)1/2.

Ainda a partir do estudo feito em diferentes velocidades de varredura,

observou-se um deslocamento do potencial de pico anódico (Epa) em função do

logaritmo da velocidade (log(v)) (Fig. 24 A) com um comportamento linear

satisfatório (r = 0,998) e a inclinação da reta igual a 0,0598 V, indicando a

irreversibilidade química do processo de oxidação eletrocatalítica do nitrito [129].

Para um processo irreversível, o Epa pode ser representado pela equação

[86]:

vlogFn)1(2

RT3,2KEa

p Eq. 18

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50

RTkFDn)1(log

23,278,0x

Fn)1(RTEK 2

a

a

'o Eq. 19

onde 'oE é o potencial formal e k constante da velocidade de transferência de

elétrons heterogênea. A partir dos dados obtidos da Figura 24 A, estimou-se o

valor de (1- )na igual a 0,494. Com isso, o valor calculado da inclinação observada

para o gráfico de Tafel (Fn)1(

RT3,2ba

) foi de 0,120 V por década. Este valor é

muito próximo do valor da literatura (b = 0,118 V e = 0,5) [86], indicando que

independente da concentração de nitrito tem-se a transferência de um elétron

envolvido na etapa determinante da velocidade, assumindo o valor do coeficiente

de transferência de carga como sendo = 0,494 [86, 124, 127].

O gráfico da razão (ipa v-1/2) vs. v (Fig. 24 B) mostrou uma evolução típica

esperada para um processo de eletrodo catalítico envolvendo uma etapa química

seguida de uma eletroquímica (C’E). Para este caso, em que a transferência de

elétron é lenta, observou-se um comportamento linear (r = 0,996) com a inclinação

da reta negativa e descendente à medida que se aumentou a corrente de pico

anódica. Este comportamento ocorre somente quando uma reação química

precede a transferência de elétron na etapa determinante da velocidade [130,

131].

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51

-2.0 -1.8 -1.6 -1.4 -1.20.71

0.72

0.73

0.74

0.75

0.76

0.77

E pa /

V vs

. EC

S

log(v / V s-1)

(A)

0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05

200

220

240

260

280

300

320

I pa v

-1/2 /

A V1/

2 s-1

/2

v / V s-1

(B)

Figura 24 (A) Gráfico do potencial de pico anódico em função do log (v) e (B)

gráfico da relação (ipa v-1/2) em função da velocidade de varredura do potencial.

Dados extraídos dos voltamogramas cíclicos da Figura 23.

Informações adicionais a respeito da oxidação eletrocatalítica de nitrito

sobre a superfície do eletrodo de pasta de carbono modificada com

18%SnOH/PO)4CoP foram obtidas a partir dos experimentos feitos, usando a

técnica de voltametria com eletrodo de disco rotatório (RDE).

Os experimentos feitos usando voltametria cíclica com eletrodo de disco

rotatório, obtidos a partir de uma pasta de carbono modificada com

( 18%SnOH/PO)4CoP, para a oxidação de nitrito na faixa de concentração

variando entre 6,0 x 10-4 a 1,0 x 10-2 mol L-1 de íons nitrito e velocidade angular

fixada em 25 rpm, ilustra para todos os voltamogramas uma densidade de

corrente de pico anódica observada em E 0,755 V vs. ECS.

A intensidade da corrente de pico, observada para a transferência de

massa, usando a técnica de voltametria com eletrodo de disco rotatório é expressa

pela equação de Levich [86]:

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52

o2/16/13/2

l CnFAD62.0i Eq. 20

onde il é a intensidade de corrente limite, n o número de elétrons transferido, a

viscosidade cinemática (em cm2 s-1) e a velocidade angular, definida como =

(2 /60)f , em que f é a freqüência de rotação do eletrodo em rpm (rotação por

minuto), demais parâmetros mantêm as definições já descritas no texto.

A Figura 25 mostra uma relação linear da intensidade de corrente em

função da concentração na faixa entre 6,0 x 10-4 a 6,0 x 10-3 mol L-1, de acordo

com a equação:

i = 6,10 + 73,79 x 103 [ 2NO ] Eq. 21

onde i é dada em A e a [ 2NO ] x 10-3 em mol L-1, r = 0,9998 e n= 6.

De acordo com a Eq. 20 o coeficiente angular do gráfico de i em função de

Co é igual a 2/16/13/2nFAD62.0 . Considerando que os íons nitrito estão sendo

oxidados a nitrato (n = 2), o D foi calculado como sendo igual a 5,3 x 10-5 cm s-1.

Este valor é bastante próximo do encontrado na literatura quando os íons nitritos

se encontram em solução de KCl 1,0 mol L-1 [132].

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53

0 1 2 3 4 5 6 70

100

200

300

400

500

i pa /

A

[NO2-] 10-3 / mol L-1

Figura 25 Gráfico de i vs. [ 2NO ]. Dados extraídos dos voltamogramas cíclicos em

eletrodo de disco rotatório, contendo uma pasta de carbono modificada com

( 18%SnOH/PO)4CoP, em velocidade de rotação constante = 25 rpm, para

oxidação do nitrito nas concentrações: 0,6, 0,8, 1, 4, e 6 x 10-3 mol L-1 da base

para o topo, em solução de KCl 1,0 mol L-1. pH = 5,4, v = 0,02 V s-1.

A Figura 26 A mostra que a relação entre a corrente de pico limite (il) e a

raiz quadrada da velocidade angular ( 1/2) não é linear e torna-se cada vez mais

pronunciada à medida que a velocidade angular aumenta. Este comportamento é

um indicativo que a reação de oxidação do nitrito na superfície do eletrodo é

limitada pela cinética da reação. O perfil da curva é típico de um eletrodo cujas

reações são controladas por transferência de massa e transferência de carga

[131]. Para minimizar a influência do transporte hidrodinâmico do substrato à

interface do eletrodo, um gráfico do inverso da intensidade de corrente limite em

função do inverso da velocidade angular (gráfico de Koutecký-Levich) foi feito (Fig.

26 B) e dessa forma obteve-se informações seguras do processo em condições

dinâmicas limites.

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54

0.0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5 1.8

0

100

200

300

400

500

600

j L / A

cm-2

1/2 / (rpm)1/2

(A)

0.8 1.2 1.6 2.0 2.412

14

16

18

20

(I L)-1 /

mA-1

-1/2 / (rpm)-1/2

(B)

Figura 26 Gráficos de Levich (A) e Koutecký-Levich (B). Para a oxidação de nitrito

em solução de KCl 1,0 mol L-1, pH 5,4, no eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP. Em diversas velocidades de rotação: 2, 4,

6, 9, 11 e 13 rpm, v = 0,02 V s-1, 298 K.

O gráfico apresentou uma relação linear com interseção no eixo y, com um

coeficiente linear diferente de zero. Este formato é próprio para os casos em que a

velocidade de transferência de elétrons é suficientemente lenta para atuar como

fator limitante do processo [86].

A corrente limitante correspondente à influência da transferência de massa

e de carga, conjuntamente, pode ser descrita pelas equações [86]:

2/16/13/2o

*okl DnFAC62,01

i1

i1 Eq. 22

*obk C)E(nFAki Eq. 23

)EE(nf)1(0b

'o

ekk Eq. 24

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55

onde ik representa a corrente na ausência de qualquer efeito de transferência de

massa na condição de uma transferência de elétron totalmente irreversível, kb a

constante de velocidade para direção anódica, k0 a constante de velocidade da

reação heterogênea padrão e RTFf .

A linearidade observada no gráfico (il)-1 em função de -1/2 é descrita pela

seguinte equação da reta:

)1(1,37693,11076i1

2/1l

(r= 0,99 e n = 6) Eq. 25

A extrapolação da reta do gráfico (il)-1 em função de -1/2 até ao valor onde -1/2 é

igual a zero corresponde ao coeficiente linear da Eq. 25 e a partir dele calcula-se o

valor ik. Ao usarmos as equações 23 e 24 chegamos ao valor de k0 igual a 5,4 x

10-3 cm s-1.

A potencialidade do eletrodo para ser usado como um sensor

amperométrico pode ser visto na Figura 27. Observa-se um comportamento linear

da intensidade de corrente em função da concentração de íons nitrito numa faixa

que varia de 5,0 x 10-6 a 2,0 x 10-3 mol L-1 (Fig. 27 A). Esta linearidade obedece a

seguinte equação da reta:

ja = -2,34 + 2,65 x 105 [ 2NO ] Eq. 26

onde ja é dado em µA cm-2, 2NO em mol L-1 com r = 0,9994 e n = 16. Para

concentrações maiores 2,0 x 10-3 mol L-1 foi observado a saturação da superfície

do eletrodo. O tempo de resposta do eletrodo foi de 1 s, conforme pode se ver em

detalhe na Figura 27 B.

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0.0 1.0 2.0 3.0

0

150

300

450

600

j a / A

cm-2

[NO2-] 10-3 / mol L-1

(A)

280 300 320 340 360 3800

100

200

300

400

500

296 298 300 302 30433

67

100

133

j a / A

cm-2

t / s

I /

A

t / s

(B)

Figura 27 (A): Gráfico relação densidade de corrente anódica em função da

concentração de íons 2NO , obtido a partir dos experimentos de

cronoamperometria. (B): Resposta do eletrodo no cronoamperograma em detalhe.

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5. ConclusõesO óxido misto SiO2/SnO2, obtido pelo método sol gel, apresentou-se

totalmente amorfo quando tratado a temperatura de 1073 K, porém a partir de

1273 K observou-se que o SnO2 encontra-se disperso sobre a matriz de sílica

como nanopartículas, cujas dimensões médias aumentaram à medida que a

quantidade de óxido metálico fora adicionado. O óxido misto obtido apresentou

uma alta estabilidade estrutural visto que a fase cristalina do SnO2 se formou

somente a partir do tratamento térmico das amostras a 1273, 1173 e 1073 K para

SiO2/4%SnO2, SiO2/13%SnO2 e SiO2/18%SnO2, respectivamente. Em todas as

amostras, não foi observado qualquer pico de difração relacionado ao SiO2

cristalino.

As três composições do óxido misto SiO2/SnO2 apresentaram em sua

superfície sítios ácidos de Lewis e Br nsted termicamente estáveis para todas as

amostras aquecidas até 523 K. A presença dos sítios ácidos na superfície do

óxido misto é responsável pela possibilidade de modificação de sua superfície,

através da interação com espécies químicas diferentes, e assim torná-lo um

substrato condutor capaz de imobilizar espécies eletroativas e ser aplicado como

sensor eletroquímico. Esta potencialidade foi especialmente realçada quando a

superfície do óxido misto SiO2/SnO2 foi modificada com a espécie dihidrogênio

fosfato. A quantidade de sítios ácidos de Br nsted aumentou e este fato permitiu

ao novo material se ligar à porfirina catiônica com alto peso molecular e a partir

daí ser usado em estudos eletroquímicos de espécies químicas específicas.

O estudo eletroquímico feito com um eletrodo de pasta de carbono

modificada com o material SnOH2+/{Cu[FeIII(CN6)}- mostrou que o comportamento

do hexacianoferrato de Cu (II) imobilizado sobre a superfície do óxido misto

SiO2/SnO2 tem uma boa estabilidade eletroquímica. O potencial da reação redox:

-6

III2 ]}(CN)/{Cu[FeSnOH%18 + A+ + e- -

6II

2 ]}(CN)/{ACu[FeSnOH%18

(A+ = K+, Na+, Li+, 4NH ) depende da afinidade do cátion do eletrólito suporte com a

espécie eletroativa. O diâmetro da cavidade porosa do material tem um papel

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importante na determinação do potencial médio, conferindo um grau de dificuldade

maior ou menor na movimentação do cátion do eletrólito suporte, durante o

processo redox com o objetivo de manter a eletroneutralidade do sistema.

A investigação eletroquímica, com o material ( 18%SnOH/PO)4CoP, na

redução eletrocatalítica de oxigênio dissolvido mostrou-se satisfatória. A redução

do oxigênio dissolvido, na interface sólido-solução do eletrodo, ocorreu em -0,18 V

vs. ECS através de um mecanismo envolvendo 2 elétrons, produzindo peróxido de

hidrogênio em pH 5,4. O tempo de resposta do eletrodo de pasta de carbono

modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP foi muito rápida, aproximadamente 1 s, e

teve boa sensibilidade e excelente reprodutibilidade.

O ( 18%SnOH/PO)4CoP também mostrou ser eficiente para o estudo

eletrocatalítico da oxidação de íons nitrito. A eletro-oxidação ocorreu num

potencial de 0,72 V vs. ECS, não havendo deslocamento do potencial anódico

quando da variação do pH numa faixa de 2,3 a 6,9. O processo ocorreu controlado

por difusão ao se aplicar uma velocidade de varredura de até 0,02 V s-1. Os

experimentos feitos por voltametria cíclica e voltametria usando um eletrodo de

disco rotatório permitiram avaliar alguns parâmetros cinéticos tais como: para a

transferência de carga, na etapa determinante da velocidade de reação, somente

um elétron é envolvido. O processo ocorre em duas etapas, uma química seguida

de outra eletroquímica. O valor de (1- )na foi 0,479, o coeficiente de difusão, D,

encontrado foi igual a 5,3 x 10-5 cm s-1 e a constante de velocidade da reação

heterogênea padrão, ko foi determinada como sendo igual a 5,4 x 10-3 cm s-1. Os

experimentos cronoamperométricos mostraram que o eletrodo de pasta de

carbono modificada com ( 18%SnOH/PO)4CoP tem potencialidade para ser usado

como sensor amperométrico na análise de nitrito numa faixa ampla de

concentração que vai de 5,0 x 10-6 até 2,0 x 10-3 mol L-1 de íons nitrito.

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