universidade do sul de santa catarina mauricio …

27
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO FABIANO PAGANINI RODRIGUES ESTUDO SOBRE OS REGULAMENTOS QUE REGEM AS OPERAÇÕES AÉREAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA CIVIL E CARTAS DE ACORDO OPERACIONAL COM PROVEDORES DE SERVIÇOS DE NAVEGAÇÃO AÉREA Palhoça 2018

Upload: others

Post on 03-Jun-2022

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MAURICIO FABIANO PAGANINI RODRIGUES

ESTUDO SOBRE OS REGULAMENTOS QUE REGEM AS OPERAÇÕES AÉREAS DE

SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA CIVIL E CARTAS DE ACORDO OPERACIONAL

COM PROVEDORES DE SERVIÇOS DE NAVEGAÇÃO AÉREA

Palhoça

2018

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

MAURICIO FABIANO PAGANINI RODRIGUES

ESTUDO SOBRE OS REGULAMENTOS QUE REGEM AS OPERAÇÕES AÉREAS DE

SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA CIVIL E CARTAS DE ACORDO OPERACIONAL

COM PROVEDORES DE SERVIÇOS DE NAVEGAÇÃO AÉREA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas,

da Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel.

Orientador: Prof. Orlando Flávio Silva, Esp.

Palhoça

2018

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

MAURICIO FABIANO PAGANINI RODRIGUES

ESTUDO SOBRE OS REGULAMENTOS QUE REGEM AS OPERAÇÕES AÉREAS DE

SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA CIVIL E CARTAS DE ACORDO OPERACIONAL

COM PROVEDORES DE SERVIÇOS DE NAVEGAÇÃO AÉREA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado

adequado à obtenção do título de Bacharel em

Ciências Aeronáuticas e aprovado em sua forma

final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de junho de 2018.

___________________________________________

Prof. e Orientador Orlando Flávio Silva, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________

Prof. Hélio Luís Camões de Abreu, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

Dedico este trabalho àqueles que vinte e quatro

horas por dia e sete dias por semana, estão

trabalhando em prol da vida e da segurança da

população.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a minha mãe, que me apoiou de diversas formas durante o

curso, especialmente durante a elaboração deste trabalho.

Agradeço aos professores e colegas que me ajudaram na construção do saber durante

todo o curso.

E agradeço aos integrantes do Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros

de Santa Catarina, do Batalhão Aéreo da Polícia Militar de Santa Catarina, da INFRAERO de

Navegantes e de Joinville, do Aeroporto Regional Sul, de Jaguaruna, e do Aeroporto Serafin Enoss

Bertaso, de Chapecó, pelo apoio que me deram na expectativa de se realizar uma pesquisa de

campo. Infelizmente ela não pôde ser realizada, devido prazos regulamentares incompatíveis com

a data de entrega deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

RESUMO

Importante fator em missões de segurança pública e defesa civil, o uso de aeronaves e tripulação

capacitada é certeza de um serviço ágil e eficaz. No Brasil, foram criadas e impostas diretrizes

legais que amparam as operações aéreas dessa natureza. A ANAC e o DECEA impõem, cada um

em sua esfera de atuação, regulamentos com direitos e deveres aos operadores das aeronaves

correlatas. Enquanto o RBHA 91, em sua “Subparte K – Operações Aéreas de Segurança Pública

e/ou Defesa Civil”, trata dos parâmetros legais das aeronaves e pilotos, a “AIC-N 27/14 –

Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou de Defesa Civil” trata das regras do ar que devem

ser seguidas enquanto tripulação e aeronave estiverem engajadas em missão. Por fim, a “CIRCEA

63-5 – Orientações para a elaboração de Carta de Acordo Operacional” trata de como os órgãos

(prestadores de serviços de navegação aérea e de segurança pública e/ou defesa civil), devem

elaborar acordos entre si para estabelecer procedimentos visando a melhor prestação dos serviços.

Esta pesquisa analisou os três regulamentos usando da pesquisa de natureza básica, método

dedutivo, abordagem quantitativa, fins exploratórios e procedimento documental e concluiu que

eles têm em comum dar legitimidade à agilidade que as missões aéreas de segurança pública e/ou

defesa civil necessitam.

Palavras-chave: Operações Aéreas. Segurança Pública. Defesa Civil. ANAC. DECEA.

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

ABSTRACT

Important factor in public security and civil defense missions, the use of aircraft and qualified crew

is assured of an agile and effective service. In Brazil, legal guidelines have been created and

enforced that support air operations of this nature. ANAC and DECEA impose, each in their sphere

of action, regulations with rights and duties to the operators of related aircrafts. While the RBHA

91, in its “Subparte K – Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou Defesa Civil” (Subpart K –

Public Security and/or Civil Defense Air Operations), deals with the legal parameters of aircraft

and pilots, the "AIC-N 27/14 – Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou de Defesa Civil”

(Public Security and/or Civil Defense Air Operations) deals with the rules of the air that must be

followed while crew and aircraft are engaged in a mission. Finally, "CIRCEA 63-5 – Orientações

para a elaboração de Carta de Acordo Operacional” (Guidelines for the elaboration of a Letter of

Operational Agreement) deals with how agencies (providers of air navigation services and public

security and/or civil defense), establish procedures for the best provision of services. This research

examined the three regulations using basic nature research, deductive method, quantitative

approach, exploratory purposes and documentary procedure and concluded that they have in

common to give legitimacy to the agility that public security and/or civil defense air missions need.

Keywords: Air Operations. Public Security. Civil Defense. ANAC. DECEA.

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

LISTA DE SIGLAS

AIC – Circular de Informação Aeronáutica (Aeronautical Information Circular)

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

ATS – Serviço de Tráfego Aéreo (Air Traffic Service)

CAOp – Carta de Acordo Operacional

CIRCEA – Circular Normativa do Controle do Espaço Aéreo

CINDACTA – Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

DAC – Departamento de Aviação Civil

DECEA – Departamento do Controle do Espaço Aéreo

ICA – Instrução do Comando da Aeronáutica

PSNA – Provedor de Serviço de Navegação Aérea

RAB – Registro Aeronáutico Brasileiro

RBAC – Regulamento Brasileiro da Aviação Civil

RBHA – Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica

RPA – Aeronave Remotamente Pilotada (Remotely Piloted Aircraft)

SAR – Busca e Salvamento (Search and Rescue)

SISSAR – Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico

SRPV – Serviço Regional de Proteção ao Voo

SSP – Secretaria de Segurança Pública

VFR – Regras de Voo Visual (Visual Flight Rules)

VMC – Condições Meteorológicas de voo Visual (Visual Meteorological Conditions)

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ............................................................................................... 13

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 13

1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 13

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 13

1.4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 14

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo de pesquisa ......................................................................... 14

1.4.2 População amostra ou Sujeitos da pesquisa ou Materiais e métodos ........................... 14

1.4.3 Procedimentos de coleta de dados .................................................................................... 15

1.4.4 Procedimentos de análise dos dados ................................................................................ 15

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO..................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................... 16

2.1 RBHA 91 SUBPARTE K - OPERAÇÕES AÉREAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E/OU

DE DEFESA CIVIL ..................................................................................................................... 17

2.1.1 Conceituação ...................................................................................................................... 17

2.1.2 Aeronaves utilizadas, Tripulações, Habilitação, Treinamento e Proficiência .............. 18

2.1.3 Condições Especiais de Operação..................................................................................... 19

2.2 AIC-N 27/14 OPERAÇÕES AÉREAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E/OU DE DEFESA

CIVIL ............................................................................................................................................ 20

2.2.1 Disposições Preliminares e Introdução ............................................................................ 20

2.2.2 Procedimentos .................................................................................................................... 20

2.2.3 Condições Especiais de Operação..................................................................................... 21

2.3 CIRCEA 63-5 ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE CARTA DE ACORDO

OPERACIONAL .......................................................................................................................... 23

2.3.1 Disposições Preliminares ................................................................................................... 23

2.3.2 Disposições Gerais .............................................................................................................. 23

2.3.3 Orientações sobre a Elaboração, Publicação Normativa, Revisão, Suspensão ou

Cancelamento .............................................................................................................................. 24

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

3 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 25

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 26

ANEXO A – Modelo de CAOp, conforme CIRCEA 63-5/2014 .............................................. 28

Page 11: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

12

1 INTRODUÇÃO

Conforme o Comando da Aeronáutica (2015), Provedor de Serviço de Navegação

Aérea (PSNA) é um órgão operacional que presta um ou mais serviços do Sistema de Controle do

Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Dentre eles, os estudados nesta pesquisa são os de Serviço

de Tráfego Aéreo, que englobam o Serviço de Controle de Tráfego Aéreo, o Serviço de Informação

de Voo e o Serviço de Alerta.

O Comando da Aeronáutica (2017) preconiza que: Serviço de Controle de Tráfego

Aéreo é o “serviço prestado com a finalidade de prevenir colisões entre aeronaves (...), acelerar e

manter ordenado o fluxo de tráfego aéreo”. Este serviço é prestado por Torres de Controle de

Aeródromo, Controles de Aproximação e Centros de Controle de Área. O Serviço de Informação

de Voo é prestado pelos três órgãos citados anteriormente mais as Estações Prestadoras de Serviços

de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo, popularmente conhecidas na comunidade aeronáutica

como “Estações Rádio”. Tal serviço é caracterizado pela transmissão de avisos e informações úteis

aos usuários do espaço aéreo para a segurança do voo. Já o Serviço de Alerta é prestado por todos

os órgãos mencionados e se trata de que esses órgãos notifiquem “os órgãos apropriados a respeito

das aeronaves que necessitem de ajuda de busca e salvamento e para auxiliar tais órgãos no que

for necessário”.

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 144, ordena quem são os órgãos que

exercem a Segurança Pública. São eles: “polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia

ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares”. Ainda o

Artigo 144 resume as funções de cada um desses órgãos e suas subordinações, explica que a

segurança pública é “exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas

e do patrimônio” e adiciona que a responsabilidade pelas atividades de defesa civil é atribuída aos

corpos de bombeiros militares.

Segundo o Comando da Aeronáutica (2014), Carta de Acordo Operacional é um

“documento que visa estabelecer procedimentos operacionais padronizados a serem seguidos pelas

Partes Signatárias durante a execução de suas atividades”. Seu objetivo é “proporcionar as

condições e o ambiente operacional propício à realização das atividades”, favorecendo ambas

partes para um melhor desempenho de suas atividades. Os acordos sempre estarão dentro das

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

13

normas vigentes na legislação brasileira aeronáutica e com vistas a manter um nível aceitável de

segurança operacional.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Os regulamentos que regem as operações aéreas de segurança pública e defesa civil e

a confecção de Cartas de Acordo Operacional com Provedores de Serviços de Navegação Aérea

amparam legalmente os aspectos deste tipo de operação?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho procurou estudar a legislação vigente sobre as operações aéreas das

missões de segurança pública e defesa civil e sobre a elaboração de Cartas de Acordo Operacional

com os Provedores de Serviços de Navegação Aérea.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Estudar e analisar a Subparte K – Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou Defesa Civil

do RBHA 91;

b) Estudar e analisar a AIC-N 27/14 – Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou de Defesa

Civil; e

c) Estudar e analisar a CIRCEA 63-5 – Orientações para a elaboração de Carta de Acordo

Operacional.

1.3 JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa se justificou pois, na aviação de segurança pública e defesa civil,

principalmente no transporte aeromédico, a velocidade da operação é de extrema importância. Se

um paciente gravemente ferido não receber atendimento em sessenta minutos, terá sua recuperação

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

14

comprometida (NARDOTO et al, 2011). Ao longo dos anos foi reconhecida a importância do

transporte aeromédico, principalmente o uso do helicóptero, devido sua versatilidade, tanto no

resgate em área de difícil acesso quanto à chegada ao hospital.

Outra situação que demanda agilidade nas operações aéreas são as da polícia militar.

Um exemplo é citado por Roberto [201-] em matéria publicada na revista eletrônica Aeroin, onde

ele aponta que as aeronaves do Grupo de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de

Goiás “devem estar no ar em no máximo dois minutos após seu acionamento”. Logo, a agilidade

tanto dos tripulantes dos grupamentos de aviação dos órgãos de segurança pública somada à

agilidade dos controladores de tráfego aéreo e operadores de estação rádio são inerentes à

eficiência das operações. E as Cartas de Acordo Operacional devem estar atentas a isso.

1.4 METODOLOGIA

Este trabalho caracterizou-se como uma pesquisa de natureza básica, com fins

exploratórios, método dedutivo, abordagem quantitativa e procedimento documental.

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo de pesquisa

Prodanov e Freitas (2013) explicam que uma pesquisa básica “envolve verdades e

interesses universais, procurando gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência, sem

aplicação prática prevista”. Os autores citados informam que a pesquisa com fins exploratórios

“visa a proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o explícito ou construindo

hipóteses sobre ele”. O que houve nesta pesquisa foi uma síntese dos regulamentos que focam no

problema deste trabalho.

1.4.2 População amostra ou Sujeitos da pesquisa ou Materiais e métodos

O método científico dedutivo, segundo Prodanov e Freitas (2013), é aquele em que se

“sugere uma análise de problemas do geral para o particular, através de uma cadeia de raciocínio

decrescente”. A regulamentação das operações aéreas foi estudada em um contexto geral até o

afunilamento para as três legislações que foram analisadas neste trabalho.

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

15

1.4.3 Procedimentos de coleta de dados

Prodanov e Freitas (2013) escrevem que o procedimento de pesquisa documental, usa

material que não recebeu tratamento analítico (apud GIL, 2008), como a legislação aeronáutica

que foi estudada neste trabalho.

1.4.4 Procedimentos de análise dos dados

Prodanov e Freitas (2013) citam que a pesquisa com abordagem quantitativa

“considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e

informações para classificá-las e analisá-las”. A análise dos regulamentos estudados em sua

totalidade ou parte deles caracterizaram a pesquisa como quantitativa.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho é composto de uma breve explanação sobre as generalidades da legislação

aeronáutica; análise da Subparte K – Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou Defesa Civil

do RBHA 91; análise da AIC-N 27/14 – Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou de Defesa

Civil; análise da CIRCEA 63-5 – Orientações para a elaboração de Carta de Acordo Operacional;

e sua conclusão, suas referências e um anexo.

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Antes de se aprofundar nos regulamentos aeronáuticos, é preciso citar quem são os

responsáveis pela legislação aeronáutica brasileira: a ANAC e o Comando da Aeronáutica.

A Agência Nacional de Aviação Civil, ou ANAC:

“atua para promover a segurança da aviação civil e para estimular a concorrência e a

melhoria da prestação dos serviços no setor. O trabalho da Agência consiste em elaborar

normas, certificar empresas, oficinas, escolas, profissionais da aviação civil, aeródromos

e aeroportos e fiscalizar as operações de aeronaves, de empresas aéreas, de aeroportos e

de profissionais do setor e de aeroportos, com foco na segurança e na qualidade do

transporte aéreo” (ANAC, 2018).

As demais responsabilidades envolvendo o uso do espaço aéreo brasileiro ficam a

cargo do Comando da Aeronáutica [201-], que preconiza que o Departamento de Controle do

Espaço Aéreo (DECEA), “tem por finalidade planejar, gerenciar e controlar as atividades

relacionadas com o controle do espaço aéreo, com a proteção ao voo, com o serviço de busca e

salvamento e com as telecomunicações do Comando da Aeronáutica”. Como o Brasil é signatário

da Convenção de Chicago de 1944, as regras de voo e demais procedimentos aeronáuticos são

baseados nos dispostos pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), com seus

Anexos e Documentos. Mais informações podem ser encontradas no site da organização:

https://www.icao.int/Pages/default.aspx.

Assim, as aeronaves e pilotos atuando na segurança pública e defesa civil são

normatizados pelo RBHA 91, subparte K. É um regulamento da ANAC que define parâmetros

para a utilização de aeronaves e licença de pilotos para estes fins. A AIC-N 27/14, um regulamento

do Comando da Aeronáutica, ordena como é feito o voo, suas prioridades perante outras aeronaves,

manobras diferentes do voo recreativo ou de passageiros, dentre outros procedimentos. Por fim, a

CIRCEA 63-5, também do Comando da Aeronáutica, mostra os critérios para a elaboração de uma

CAOp.

As Cartas de Acordo Operacional entre os Órgãos de Segurança Pública e Defesa Civil

e os Órgãos ATS contêm instruções, acordadas, de como cada parte deve agir em determinadas

situações, visando a prestação adequada do serviço público.

Page 16: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

17

Um exemplo de uma Carta de Acordo Operacional é a que existe entre o Serviço

Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) e o Corpo de Bombeiros Militares do

Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), com instruções sobre “Acesso ao Espaço Aéreo por RPAs

do CBMERJ”, a chamada CIRCEA 100-74, de 2016.

2.1 RBHA 91 SUBPARTE K - OPERAÇÕES AÉREAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E/OU

DE DEFESA CIVIL

O Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica Nº 91 trata das Regras Gerais

de Operação para Aeronaves Civis. Ele foi aprovado pela Portaria nº 482/DGAC de 20 de março

de 2003, publicada no Diário Oficial da União nº 76, de 22 de abril de 2003 e sofreu alterações

pelas Emendas 91-10, emitida em 30/12/04, 91-11, emitida em 06/09/05 e 91-12, emitida em

30/12/05. Também sofreu alterações pelos seguintes atos normativos: Portaria 132/DGAC, de

13/02/06, Resolução 19, de 20/03/08 e Resolução 186, de 18/0311.

Porém, as disposições que interessam a esta pesquisa se encontram na Subparte K

“Operações Aéreas de Segurança Pública e/ou Defesa Civil, onde, conforme item 91.951,

“estabelece normas e procedimentos aplicáveis a tais atividades, incluindo formação de tripulações

e manutenção das aeronaves”.

2.1.1 Conceituação

O regulamento expõe em seu parágrafo 91.953 o significado de Órgão de Segurança

Pública e/ou Defesa Civil e Operação Aérea de Segurança Pública e/ou Defesa Civil:

“(1) ["operação aérea de segurança pública e/ou de defesa civil" é uma atividade realizada

com aeronaves e conduzida por Órgão de segurança pública ou de defesa civil.

(2) "Órgão de segurança pública" e "Órgão de defesa civil" são Órgãos da administração

pública direta federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, destinadas a assegurar a

preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

(b) As operações aéreas de segurança pública e/ou de defesa civil compreendem as

atividades típicas de polícia administrativa, judiciária, de bombeiros e de defesa civil, tais

como: policiamento ostensivo e investigativo; ações de inteligência; apoio ao

cumprimento de mandado judicial; controle de tumultos, distúrbios e motins; escoltas e

transporte de dignitários, presos, valores, cargas; aeromédico, transportes de enfermos e

órgãos humanos e resgate; busca, salvamento terrestre e aquático; controle de tráfego

Page 17: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

18

rodoviário, ferroviário e urbano; prevenção e combate a incêndios; patrulhamento urbano,

rural, ambiental, litorâneo e de fronteiras; e outras operações autorizadas pelo DAC1”.

2.1.2 Aeronaves utilizadas, Tripulações, Habilitação, Treinamento e Proficiência

O parágrafo 91.955 explicita que “as operações aéreas de segurança pública e/ou de

defesa civil só podem ser conduzidas em aeronaves registradas como aeronaves civis brasileiras”.

Ou seja, devem seguir os preceitos dos regulamentos dispostos pela ANAC:

“(1) [devem ser homologadas conforme o RBHA 212;

(2) devem cumprir os requisitos de aeronavegabilidade estabelecidos pelo RBHA 222,

RBHA 233, RBHA 254, RBHA 262, RBHA 275 ou RBHA 296, como aplicável à

aeronave;]

(3) devem ser mantidas conforme estabelecido pelo RBHA 437 e a subparte E deste

regulamento;

(4) devem ser identificadas como previsto no RBHA 458;

(5) devem ser registradas no RAB como aeronaves públicas, conforme disposto no RBHA

479;

(6) devem ser operadas por tripulações qualificadas pelo DAC que atendam aos requisitos

do RBHA 6110 quanto à habilitação técnica e às normas do RBHA 6711 quanto à

capacitação física;

1 DAC é a sigla do Departamento de Aviação Civil, órgão subordinado ao Comando da Aeronáutica que foi

substituído pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em março de 2006 pela Lei Nº 11.182, de 27/09/05.

Fonte: http://www2.anac.gov.br/imprensa/historicoaviacaocivil.asp. 2 Substituído pelo atual RBAC 21 “Certificação de Produto Aeronáutico” pela Resolução ANAC n. 143, de

17/03/10. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2010-0143.PDF. 3 Substituído pelo atual RBAC 23 “Requisitos de Aeronavegabilidade: Aviões Categoria Normal, Utilidade,

Acrobática e Transporte Regional” pela Resolução ANAC n. 77, de 22/04/09. Fonte:

http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2009-0077.PDF. 4 Substituído pelo atual RBAC 25 “Requisitos de Aeronavegabilidade: Aviões categoria transporte” pela Resolução

ANAC n. 78, de 22/04/09. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2009-0078.PDF. 5 Substituído pelo atual RBAC 27 “Requisitos de aeronavegabilidade: aeronaves de asas rotativas categoria normal”

pela Resolução ANAC n. 079, de 22/0409. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2009-0079.PDF. 6 Substituído pelo atual RBAC 29 “Requisitos de aeronavegabilidade: aeronaves de asas rotativas categoria

transporte” pela Resolução ANAC n. 080, de 22/04/09. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2009-

0080.PDF. 7 Substituído pelo atual RBAC 43 “Manutenção, Manutenção Preventiva, Reconstrução e Alteração” pela Resolução

ANAC n. 265, de 05/03/13. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2013-0265.PDF. 8 Substituído pelo atual RBAC 45 “Marcas de identificação, de nacionalidade e de matrícula” pela Resolução ANAC

n. 145, de 17/03/10. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2010-0145.PDF. 9 Substituído pela Resolução ANAC n. 293, de 19/11/13, que dispõe sobre o Registro Aeronáutico Brasileiro e

dá outras providências. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2013-0293.PDF. 10 Substituído pelo atual RBAC 61 “Licenças, Habilitações e Certificados para Pilotos” pela Resolução ANAC n.

237, de 05/06/12. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2012-0237.PDF. 11 Substituído pelo atual RBAC 67 “Requisitos para Concessão de Certificados Médicos Aeronáuticos, para o

Credenciamento de Médicos e Clínicas e para o Convênio com Entidades Públicas” pela Resolução ANAC n. 211,

de 07/12/11. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2011-0211.PDF.

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

19

(7) devem ser operadas de acordo com as normas e procedimentos estabelecidos neste

regulamento e nos regulamentos sobre tráfego aéreo estabelecidos pelo DECEA;

(8) devem ser mantidas por oficinas homologadas segundo o RBHA 14512”.

O parágrafo 91.957 versa sobre as exigências à tripulação das aeronaves destinadas a

esse tipo de operação, como as habilitações e subordinação ao órgão que opera a aeronave. E o

parágrafo 91.959 trata da normatização ampla dos termos da habilitação, treinamento e

proficiência dos tripulantes.

2.1.3 Condições Especiais de Operação

O parágrafo 91.961 diz em seu texto:

“(a) O DAC, “a priori”, autoriza as seguintes condições especiais de operação, que

excepcionam as disposições gerais deste regulamento, em operações aéreas de segurança

pública e/ou de defesa civil, desde que o objetivo seja a proteção e o socorro público”.

Aqui o regulamento autoriza, desde que em função da operação, a tripulação e os

órgãos de segurança pública e/ou defesa civil a deixar de seguir diversas exigências. São citados

os parágrafos:

a) 91.3(c) Dispõe sobre relatório que pilotos devem fazer ao se desviarem de alguma

regra, explicando o motivo;

b) 91.102(d) Dispões sobre a proibição de uso de aeródromo para outro fim que não o

que ele foi registrado; e

c) 91.102(e) Dispões sobre embarque e desembarque de passageiros com o motor

ligado.

A alínea (b) deste parágrafo menciona as normas de tráfego aéreo do DECEA:

12 Substituído pelo atual RBAC 43 “Organizações de Manutenção de Produto Aeronáutico” pela Resolução ANAC

n. 267, de 05/03/13. Fonte: http://pergamum.anac.gov.br/arquivos/RA2013-0267.PDF.

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

20

“As condições especiais de operação que excepcionam as disposições gerais deste

regulamento, relativas ao controle de tráfego aéreo, emitidas pelo DECEA devem ser

coordenadas entre o Órgão envolvido e as Unidades locais do referido Departamento”.

Aqui há a ordem para coordenação entre os órgãos. Em regulamento próprio, o

DECEA dispõe sobre as Cartas de Acordo Operacional.

A alínea (d) cita que “nenhum Órgão pode autorizar a execução de uma operação aérea

de segurança pública e/ou de defesa civil que conflite com o tráfego aéreo existente no espaço

aéreo envolvido”. As aeronaves envolvidas em missão de segurança pública e/ou defesa civil

possuem uma prioridade explicada na AIC N 27/14 (estudada a seguir) e, mesmo que tenha essa

prioridade, tais aeronaves não devem ser colocadas de modo a conflitar com as demais.

Os demais parágrafos deste regulamento não possuem relevância para esta pesquisa.

2.2 AIC-N 27/14 OPERAÇÕES AÉREAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E/OU DE DEFESA

CIVIL

Esta Circular de Informação Aeronáutica (do inglês Aeronautical Information

Circular) produzida pela Divisão de Coordenação e Controle do Subdepartamento de Operações

do DECEA apresenta os requisitos para operações aéreas de segurança pública e/ou defesa civil

feitas por aeronaves registradas no Brasil e em ação em território nacional.

2.2.1 Disposições Preliminares e Introdução

A publicação tem por finalidade complementar o RBHA 91, a ICA 100-12 “Regras do

Ar”, a ICA 100-37 “Serviços de Tráfego Aéreo” e a ICA 100-4 “Regras Especiais de Tráfego

Aéreo para Helicópteros”, com vistas a “facilitar o desenvolvimento das operações aéreas de

segurança pública e/ou de defesa civil, respeitadas as regras gerais de segurança do tráfego aéreo”.

2.2.2 Procedimentos

Page 20: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

21

A Circular desenvolve os procedimentos que devem ser adotados no tocante às regras

de tráfego aéreo. Um deles é a permissão de apresentar Plano de Voo13 por radiofonia quando em

missão de proteção e socorro público. Mas se não estiver engajada em missão, tal concessão poderá

acontecer se previamente coordenado com o Órgão Regional do SISCEAB (SRPV ou

CINDACTA).

O mesmo capítulo dita que “Os órgãos ATS deverão familiarizados com os indicativos

de chamada fictícios [por exemplo: ARCANJO01 e AGUIA02], visando à identificação da

operação aérea de segurança pública e/ou de defesa civil em espaço aéreo sob sua

responsabilidade”. Também deverão atribuir um código transponder14 específico a essas

aeronaves.

2.2.3 Condições Especiais de Operação

São objetos deste capítulo as aeronaves que estejam em missão de proteção e socorro

público ou o combate a incêndios florestais ou aquelas com procedimentos estabelecidos pelos

órgãos de segurança pública em consonância com os órgãos ATS envolvidos.

Este capítulo permite “a possibilidade de pouso e decolagem de pistas não

homologadas, registradas ou em áreas de pouso eventual15, bem como o voo em VMC abaixo da

altura mínima para a operação VFR”.

A altura mínima para a operação VFR a que se refere o parágrafo anterior, para

aeronaves de asa fixa são expostas no subitem 5.1.4 da ICA 100-12:

“a) sobre cidades, povoados, lugares habitados ou sobre grupos de pessoas ao ar livre,

(...) 300 m (1000 pés) acima do mais alto obstáculo existente num raio de 600 m em torno

da aeronave; e

13 “Informações específicas, relacionadas com um voo planejado ou com parte de um voo de uma aeronave,

fornecidas aos órgãos que prestam os serviços de tráfego aéreo” (COMANDO DA AERONÁUTICA, 2017). 14 “Transmissor-receptor de radar secundário de bordo que, automaticamente, recebe sinais de rádio dos

interrogadores de solo e que, seletivamente, responde, com um pulso ou grupo de pulsos, somente àquelas

interrogações realizadas no MODO e CÓDIGO para os quais estiver ajustado.” (COMANDO DA

AERONÁUTICA, 2017). 15 “Área selecionada e demarcada para pouso e decolagens de helicópteros, possuindo características físicas

compatíveis com aquelas estabelecidas pelo DAC para helipontos normais, que pode ser usada, esporadicamente, em

condições VMC, por helicóptero em operações policiais, de salvamento, de socorro médico, de inspeções de linhas

de transmissão elétrica ou de dutos transportando líquidos ou gases, etc.” (ANAC, 2011).

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

22

b) em lugares não citados na alínea anterior, (..) 150 m (500 pés) acima do solo ou da

água”.

E para aeronaves de asas rotativas, as regras estão no item 3.2 da ICA 100-4:

“3.2.1 (...) o voo VFR de helicóptero não se efetuará sobre cidades, povoados, lugares

habitados ou sobre grupo de pessoas ao ar livre, em altura inferior a 500 pés acima do

mais alto obstáculo existente em um raio de 600 m em torno da aeronave.

3.2.2 Em lugares não citados em 3.2.1, o voo não se realizará em altura inferior àquela

que lhe permita, em caso de emergência, pousar com segurança e sem perigo para pessoas

ou propriedades na superfície.

NOTA: Essa altura deve ser de, no mínimo, 200 pés.”

Essa quebra de restrição nas alturas mínimas de voo, durante as operações, não pode

se sobressair em relação àquelas impostas pelos fabricantes das aeronaves.

Segue texto do item 4.5: “Adicionalmente, o órgão ATS atribuirá à aeronave operando

em condições especiais a mesma prioridade prevista para pouso e decolagem de aeronave em

operação SAR”.

A ICA 100-37 ordena a sequência de prioridades para decolagem no subitem 6.13.1.5:

“a) aeronave em missão de defesa aeroespacial;

b) operação militar (missão de guerra ou de segurança interna);

c) aeronave transportando ou destinada a transportar enfermo ou lesionado em estado

grave, que necessite de assistência médica urgente, ou órgão vital destinado a transplante

em corpo humano;

d) aeronave em operação SAR;

e) aeronave conduzindo o Presidente da República;

f) aeronave em operação militar (manobra militar); e

g) demais aeronaves, na sequência estabelecida pelo órgão de controle.”

A mesma Instrução do Comando da Aeronáutica versa sobre a sequência de

prioridades para pouso, no subitem 6.14.1:

“Excluindo-se o caso de aeronave em emergência que de nenhum modo poderá ser

preterida, a seguinte ordem de prioridade deverá ser observada na sequência de pouso:

a) planadores;

b) aeronave transportando ou destinada a transportar enfermo ou lesionado em estado

grave, que necessite de assistência médica urgente, ou órgão vital destinado a transplante

em corpo humano;

c) aeronave em operação SAR;

d) aeronave em operação militar (missão de guerra ou de segurança interna);

Page 22: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

23

e) aeronave conduzindo o Presidente da República;

f) aeronave em operação militar (manobra militar); e

g) demais aeronaves, na sequência estabelecida pelo órgão de controle.”

Aeronaves em missão de segurança pública ou defesa civil ganham prioridade sobre

diversas outras que também têm prioridades especiais perante as demais.

2.3 CIRCEA 63-5 ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE CARTA DE ACORDO

OPERACIONAL

Em vigor desde o dia 03 de abril de 2014, esta Circular Normativa do Controle do

Espaço Aéreo, expedida pelo DECEA, ordena as diretrizes para elaboração de Carta de Acordo

Operacional.

2.3.1 Disposições Preliminares

O primeiro capítulo da circular traz sua Finalidade, Âmbito, Grau de Sigilo, Definições

e Abreviaturas. Importante mencionar que, no subtítulo “Grau de Sigilo”, o documento dita que a

CAOp deve ser divulgada “a todos os envolvidos ou afetados pelos procedimentos estabelecidos”.

Ou seja, não há amparo normativo para que as Cartas de Acordo Operacional sejam divulgadas a

qualquer interessado, restringindo este trabalho às publicações ostensivas.

2.3.2 Disposições Gerais

O segundo capítulo diz sobre os Objetivos da CAOp, Requisitos para Elaboração e

suas Características.

A norma diz que:

“2.1.1 As CAOp têm por objetivo proporcionar as condições e o ambiente operacional

propício à realização das atividades desenvolvidas pelas Partes Signatárias, de modo a

favorecer o desempenho das atividades exercidas por essas Partes e a manutenção do

NASO nos ANS”.

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

24

Conforme o Comando da Aeronáutica, NASO, ou Nível Aceitável de Segurança

Operacional, é um “conceito adotado para expressar os níveis de segurança operacional aceitos

pelo DECEA, considerando o Gerenciamento dos Riscos existentes na operação” (2011). E

Segurança Operacional “é o estado no qual o risco de lesões às pessoas ou danos às propriedades

são reduzidos e mantidos em (ou abaixo de) um nível aceitável, mediante um contínuo processo

de identificação de perigos e gerenciamento de riscos.”

Dentre os Requisitos para Elaboração de uma CAOp, nenhum item deve estar

desconforme com a regulamentação nacional de tráfego aéreo. Diz também que, “pelo menos uma

das partes signatárias deve ser um órgão operacional do SISCEAB ou do SISSAR”. Ou seja, uma

CAOp pode ser feita, por exemplo, entre:

a) dois ou mais órgãos ATS ao mesmo tempo;

b) um órgão ATS e um órgão da SSP de algum estado da Federação;

c) um órgão do SISSAR e um órgão da Marinha do Brasil;

d) um órgão ATS e uma empresa privada;

e) etc.

Uma Carta de Acordo Operacional pode ser de âmbito nacional ou internacional.

2.3.3 Orientações sobre a Elaboração, Publicação Normativa, Revisão, Suspensão ou

Cancelamento

O terceiro capítulo versa sobre como a Carta de Acordo Operacional deve ser

elaborada. Dentre outras orientações, diz que a CAOp deve possuir a “padronização textual e

formatação contidas na NSCA 5-1”. A referida Norma de Serviço do Comando da Aeronáutica 5-

1 tem como título: “Confecção, Controle e Numeração de Publicações Oficiais do Comando da

Aeronáutica”.

O Anexo “A” desta pesquisa apresenta um modelo de CAOp com a estrutura mínima

que a CIRCEA 63-5 exige. A circular não desconsidera que novos itens possam ser acrescentados.

Page 24: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

25

3 CONCLUSÕES

A legislação brasileira, criou instituições para normatizarem e fiscalizarem diversas

atividades, dentre elas, o voo, que é importante ação no meio da segurança pública e defesa civil.

Das instituições criadas, a ANAC, com seus regulamentos, normatiza, de forma ampla

e genérica, a atividade policial e bomberil, tirando certas responsabilidades dos tripulantes, com

vistas à agilidade no atendimento a ocorrências. Assim o faz, outrossim, o Comando da

Aeronáutica, por intermédio do DECEA, com regulamento que complementa o que diz a ANAC,

porém mais voltado às regras do ar, também dando liberdades às tripulações das aeronaves.

Tanto o regulamento da ANAC quanto o do DECEA preconizam diretrizes mínimas

para a realização legal do voo, como a obrigação do piloto estar subordinada à um órgão, que as

aeronaves estejam com a manutenção e documentação em dia, que os pilotos tenham habilitação

exigida como em qualquer outra aeronave, que usem um indicativo de chamada especial

(indicando estar engajado em missão), dentre outras. Mas também dá a mesma prioridade para

pousos e decolagens, que uma aeronave em missão SAR, colocando ela a frente, por exemplo, da

aeronave presidencial.

O regulamento que trata das Cartas de Acordo Operacional institui que as cartas devem

favorecer as operações de ambas partes, mas reforça que as instituições envolvidas devem manter

um nível aceitável de segurança operacional em suas operações. Ela traz três exigências mínimas:

pelo menos uma das instituições deve ser do SISCEAB ou SISSAR, deve seguir a padronização

textual e formatação da NSCA 5-1 e deve seguir o modelo de CAOp, anexo ao regulamento. Mas

não impede que as partes signatárias extrapolem o mínimo exigido no modelo.

Esta pesquisa se finda com a certeza de que existe amparo normativo, escrito por

instituições legalmente designadas, para as operações aéreas dos Órgãos de Segurança Pública e

Defesa Civil e para a elaboração de Cartas de Acordo Operacional com os Prestadores de Serviços

de Navegação Aérea.

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

26

REFERÊNCIAS

ANAC(BRASIL). O que fazemos. Brasília, DF, 2018. Disponível em:

<http://www.anac.gov.br/A_Anac/o-que-fazemos>. Acesso em: 12 maio 2018.

ANAC(Brasil). RBHA 91 Regras Gerais de Operação para Aeronaves Civis. Brasília, DF,

2011. Disponível em: <http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/rbha-e-

rbac/rbha/rbha-091/@@display-file/arquivo_norma/rbha091.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2018.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Brasília, DF. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 18

fev. 2018.

COMANDO DA AERONÁUTICA. AIC N 27/17 Operações Aéreas de Segurança Pública

e/ou Defesa Civil. Rio de Janeiro: DECEA, 2014. Disponível em:

<https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4087>. Acesso em: 21 fev. 2018.

______. CIRCEA 63-5 Orientações para Elaboração de Carta de Acordo Operacional. Rio

de Janeiro: DECEA, 2014. Disponível em:

<https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=3973>. Acesso em: 18 fev. 2018.

______. CIRCEA 100-74 Carta de Acordo Operacional entre SRPV-SP e CBMERJ para

Acesso ao Espaço Aéreo por RPAS do CBMERJ. Rio de Janeiro: DECEA, 2016. Disponível

em: <https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4449>. Acesso em: 12 mai. 2018.

______. Competências. Rio de Janeiro: DECEA, [201-]. Disponível em:

<https://www.decea.gov.br/?i=quem-somos&p=competencias>. Acesso em: 12 mai. 2018.

______. DCA 63-3 Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional no SISCEAB. Rio

de Janeiro: DECEA, 2015. Disponível em:

<https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4166>. Acesso em: 18 fev. 2018.

______. ICA 100-4 Regras e Procedimentos Especiais de Tráfego Aéreo para Helicópteros.

Rio de Janeiro: DECEA, 2016. Disponível em:

<https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4474>. Acesso em: 21 fev. 2018.

______. ICA 100-12 Regras do Ar. Rio de Janeiro: DECEA, 2016. Disponível em:

<https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4429>. Acesso em: 21 fev. 2018.

______. ICA 100-37 Serviços de Tráfego Aéreo. Rio de Janeiro: DECEA, 2017. Disponível

em: < https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4662>. Acesso em: 18 fev. 2018.

______. PCA 63-2 Plano de Implementação de Sistemas de Gerenciamento da Segurança

Operacional (SGSO) nas Organizações Subordinadas ao DECEA. Rio de Janeiro: DECEA,

Page 26: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

27

2011. Disponível em: <https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=3661>. Acesso em:

21 fev. 2018.

NARDOTO, Emanuella Maria Lopes; DINIZ, Jackeline Maria Tavares; CUNHA, Carlos

Eduardo Gouvêa da. Perfil da vítima atendida pelo serviço pré-hospitalar aéreo de Pernambuco.

Rev. Esc. Enferm. USP, v.45, n.1, p. 237-242, 2011. Disponível em:

<https://www.revistas.usp.br/reeusp/article/download/40691/43945>. Acesso em: 19 fev. 2018.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho

Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo:

Universidade Feevale, 2013. Disponível em: <http://www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-

14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-book Metodologia do Trabalho Cientifico.pdf>. Acesso em: 20

fev. 2018.

ROBERTO, Ícaro. GRAER-GO: Referência nacional em tempo de resposta às ocorrências

policiais. [201-]. Disponível em: <http://www.aeroin.net/graer-go-referencia-nacional-em-

tempo-de-resposta-ocorrencias-policiais>. Acesso em: 19 fev. 2018.

Page 27: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAURICIO …

28

ANEXO A – Modelo de CAOp, conforme CIRCEA 63-5/2014