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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN FERNANDES MANNOEL O PENSAMENTO CRÍTICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: ANÁLISE DE UMA DISCIPLINA REMOTA EM TEMPOS DE PANDEMIA Tubarão/SC 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CINTIAN FERNANDES MANNOEL

O PENSAMENTO CRÍTICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: ANÁLISE DE UMA DISCIPLINA

REMOTA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Tubarão/SC

2021

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CINTIAN FERNANDES MANOEL

O PENSAMENTO CRÍTICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: ANÁLISE DE UMA DISCIPLINA

REMOTA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Licenciatura em

Ciências Biológicas da Universidade do

Sul de Santa Catarina como requisito

parcial à obtenção do título de Licenciada

em Ciências Biológicas.

Orientadora: Prof.ª Yalin Brizola Yared, Dr.ª

Tubarão/SC

2021

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CINTIAN FERNANDES MANOEL

O PENSAMENTO CRÍTICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: ANÁLISE DE UMA DISCIPLINA

REMOTA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do

título de Licenciado em Ciências Biológicas e aprovado em sua forma final

pelo Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 30 de junho de 2021.

______________________________________________________

Professora e orientadora Yalin Brizola Yared, Dr.ª

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL

______________________________________________________

Prof. Marcelo Pimentel da Silveira, Dr.

Universidade Estadual de Maringá – UEM

______________________________________________________

Prof.ª Fátima Elizabeti Marcomin, Dr.ª

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL

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O Pensamento Crítico na formação de

professores de Ciências e Biologia: análise de uma

disciplina remota em tempos de pandemia

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Resumo

Presente artigo discorre sobre a potencialidade da disciplina ‘Tecnologias e Mídias Educacionais’,

ofertada remotamente em 2020/B no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UNISUL, na

promoção do pensamento crítico (PC) durante a formação inicial de professores em tempos

pandêmicos. Objetivamos analisar como a referida disciplina ofertada por aulas remotas síncronas pode

contribuir na promoção do PC durante a formação inicial de professores de Ciências e Biologia.

Orientada pelo materialismo histórico-dialético, configurou-se como pesquisa qualitativa, exploratória

e descritiva que utilizou o método dialético para análise da realidade. Como instrumento de coleta foi

utilizado o questionário semiestruturado e os sujeitos participantes compreenderam os/as acadêmicos/as

matriculados na disciplina à época. Para análise, foi utilizada a técnica da análise de conteúdo. Como

resultado, registramos que a interação e o diálogo foram indicadores expressivos na prática da docente

durante aulas remotas síncronas e que podem contribuir para o estímulo e desenvolvimento do PC

dos/as estudantes, futuros professores de Ciências e Biologia.

Palavras-chave: Formação de professores de Ciências e Biologia. Pensamento crítico-reflexivo.

Estratégias didático-pedagógicas. Interação e diálogo.

1 Formação. Filiação institucional. ORCID.

E-mail: 2 Formação. Filiação institucional. ORCID.

E-mail:

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Abstract

Text.

Keywords: Word. Word. Word.

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Título en español

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Resumen

Texto.

Palabras clave: Palabras. Palabras. Palabras.

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN …

1 Introdução

O presente estudo foi realizado no contexto de um Grupo de Pesquisa de um Programa

de Pós-Graduação em Educação de uma universidade do sul de Santa Catarina, que promove

a interface entre Educação em Ciências e Pensamento Crítico (PC). Especificamente, seu

desenvolvimento ocorreu na disciplina “Tecnologias e Mídias Educacionais” do curso de

Licenciatura em Ciências Biológicas ofertada por meio de aulas remotas no semestre 2020/B

devido ao período pandêmico.

Os avanços da Ciência e da Tecnologia são incontestáveis nas sociedades atuais. O

contexto de vida e cultura da humanidade nos dias de hoje é fortemente marcado e

influenciado pelos avanços científicos e tecnológicos, impactando em muitas atividades da

vida cotidiana das pessoas, especialmente, do planeta. Por sua vez, como tudo vem se

desenvolvendo rapidamente, compreendemos que transformações são inegáveis,

especialmente no campo da Educação. Mercado (2002, p. 11) já no início da década dos anos

2000 afirmava que “no contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma

abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado”.

Engenharia genética, novos fármacos, vacinas, smartphones, novas tecnologias de

informação e comunicação (NTIC), recursos naturais, superbactérias, função social da

Educação, Educação Sexual, poluição, agrotóxicos, desmatamento, crise climática, uso

consciente da água, fome mundial e, impreterivelmente, a crise sanitária do novo coronavírus

(SARS-CoV-2) são apenas alguns exemplos que afetam não somente a vida de cada cidadão,

mas da sociedade como um todo. São questões que envolvem diretamente dilemas morais,

sociais, políticos, econômicos, culturais, bem como, a capacidade de cidadãos e cidadãs

serem capazes de se envolverem em debates sócio científicos.

Envolvendo os aspectos da ciência e da tecnologia, almejamos que a prática docente

nos ambientes escolares contribua na formação de sujeitos capazes de “compreender os

conceitos científicos para compreender as dinâmicas do mundo produtivo e pessoal, e

orientar sua atitude em relação a ele”, (SANTA CATARINA, 2014, p. 167). É o que vem ao

encontro do que a BNCC, no capítulo Ciências da Natureza e suas Tecnologias do Ensino

Médio (BRASIL 2017, p. 551) ressalta, quando sinaliza que “mais importante do que adquirir

as informações em si, é aprender como obtê-las, como produzi-las e como analisá-las

criticamente.” Logo, é importante potencializar a aprendizagem ao longo da vida para todos

e todas.

Nesse sentido, compreendemos que a vivência num percurso formativo na Educação

Básica, inclusive no Ensino Superior, deve objetivar a “formação integral” dos sujeitos

(SANTA CATARINA, 2014), sendo capazes de leitura crítica, investigação,

questionamento, pensamento complexo e criativo e ação, podendo contribuir para uma

compreensão mais abrangente do mundo e proporcionar o “aprender a apreender” (ALVES

e ANASTASIOU, 2010). A capacidade de compreensão crítica de processos e práticas

científicas são importantes para que as pessoas adotem posturas questionadoras, ativas e

informadas, capazes de acompanharem e intervirem em situações que relacionam Ciências e

Tecnologia e sua inter-relação com a Sociedade e o Ambiente. Afinal, uma sociedade

SOBRENOME; SOBRENOME; SOBRENOME

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tecnológica “exige maior participação crítica e autônoma, o que envolve igualmente o

conhecimento científico” (SANTA CATARINA, 2014, p. 165), assim como a transformação

de um pensar simples para um pensar complexo – um pensar científico, um processo

cognitivo alto.

Como vivemos na “sociedade do conhecimento”, e em plena pandemia da COVID-

19, os holofotes estão voltados não só à saúde para a cura dos infectados pelo vírus e do

acesso às vacinas, mas também, pela democratização do acesso ao ensino (BARBOSA;

VIEGAS; BATISTA, 2020). Devido às circunstâncias e na obrigatoriedade de isolamento

social, implementaram-se em caráter de urgência diferentes formas de continuar o processo

de ensino e aprendizagem. Ao se deparar com a crise sanitária, o Ministério da Educação do

atual Governo Federal decretou a partir da portaria nº 343, de 17 de março de 2020, a

substituição das aulas presenciais por aulas remotas (ARAÚJO-SOARES e SILVA, 2020).

O que passou a ser utilizado em caráter emergencial, até que a situação do vírus se normalize

– realidade ainda vivenciada em muitas IES no Brasil nos dias atuais. Assim, o ensino remoto

foi “posto como um substituto excepcionalmente adotado neste período de pandemia, em que

a educação presencial se encontra interditada" (SAVIANI e GALVÃO, 2021, p. 38).

Ademais, conforme os dados dos últimos PISA – Programa Internacional de

Avaliação de Estudantes – realizado nos anos de 2015 e 2018, existem muitos desafios na

área de Ciências no Brasil. Os índices revelaram que em 12 anos a média de proficiência dos

estudantes brasileiros ficou 85 pontos abaixo da média dos países participantes (PISA, 2018).

Ou seja, de acordo com os dados apresentados no relatório (PISA, 2018), os estudantes

brasileiros apresentam dificuldades no desenvolvimento de habilidades complexas de

pensamento que envolvem, por exemplo, as capacidades de análises, sínteses, resolução de

problemas e avaliação de evidências. Compreendemos que as habilidades complexas de

pensamento estão diretamente ligadas com o PC (termo que será aprofundado mais adiante)

que, neste sentido, poderão sofrer cada vez mais impactos em consequência das alternativas

de ensino remoto "adotadas" no país, devido a imensa desigualdade social e econômica

brasileira. E que mesmo com as condições ideais, o ensino remoto ainda apresenta problemas

em relação ao modelo presencial.

Mediante os problemas na Educação Básica citados, faz-se necessário que os futuros

professores sejam preparados já em sua formação inicial, que compreendemos ser uma etapa

fundamental, indispensável e essencial ao processo de profissionalização (QUEIROZ, 2017),

sendo essa a primeira etapa de um extenso desenvolvimento docente (GARCIA, 1999). No

entanto, Saviani (2009, p. 49) já argumentava que as políticas de formação de professores

muitas vezes não estabelecem “padrão minimamente consistente de preparação docente para

fazer face aos problemas enfrentados pela educação escolar em nosso país”. Diante deste

contexto, registramos, inclusive, que a pesquisa surgiu da vivência da primeira autora,

enquanto estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas e professora ACT (Admitido em

Caráter Temporário) de ciências do Ensino Fundamental I na Educação Básica, durante suas

aulas remotas em tempos de pandemia. Neste período vivenciou (e vivencia) diversos

desafios no cotidiano, que engloba distintas inquietações, como por exemplo: a) observar o

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descontentamento e/ou dificuldade por parte dos docentes em usar recursos tecnológicos nas

aulas, como comunidades e aplicativos; b) observar a falta de interesse e/ou

descontentamento dos jovens estudantes em relação às aulas remotas por seu sentimento de

inutilidade e improdutividade; c) a dificuldade aparente das aulas remotas em estarem

realmente potencializando o desenvolvimento intelectual e crítico.

Ainda, creditamos na relevância da pesquisa, pois temos como premissa que mesmo

com acesso a tecnologias digitais, nós, professores ainda temos dificuldades no

gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que pode dificultar o

desenvolvimento do PC nas aulas remotas. Compreendemos que as mudanças na educação

dependem, mais do que das novas tecnologias, mas, de termos educadores, gestores e

estudantes maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, entusiasmadas,

abertas, que saibam motivar e dialogar, visto a importância de educadores integrarem teoria

e prática e aproximar o pensar do viver.

Diante de todo o exposto, a referida pesquisa objetivou analisar como a disciplina de

Tecnologias e Mídias Educacionais, ofertada de modo remoto em tempos pandêmicos, pode

contribuir para a promoção do PC na formação inicial de professores de Ciências e Biologia.

Destarte, no presente artigo visamos socializar seus resultados, que englobam a compreensão

dos estudantes participantes sobre PC e a análise das estratégias didático-pedagógicas

desenvolvidas.

2 Pensamento Crítico e Formação de Professores: breve referencial

teórico

Nossos marcos teóricos sobre o PC apoiam-se em Ennis (1985) que chama atenção

para o amplo papel que este tipo de pensamento desenvolve na vida cotidiana, uma vez que

todo comportamento depende daquilo que se acredita e toda ação, depende de algum modo

daquilo que se decide fazer. O autor define o PC como uma “forma de pensamento racional,

reflexivo, focado naquilo em que se deve acreditar ou fazer" (Ennis, 1985, p.46). Portanto,

conforme Tenreiro - Vieira (2014), o pensamento crítico é uma forma de pensamento

racional, focado no decidir em que acreditar ou o que fazer.

Numa argumentação ética, o PC pode “potenciar a formação de cidadãos livres,

racionais e autônomos, capazes de pensar por si próprios, não ficando dependentes de que

outros o façam por si” (VIEIRA; TENREIRO-VIEIRA, 2014, p. 43). Na intelectual, o PC

contribui com posicionamentos frente a outrem diante de afirmações, evidências ou até

rejeições acríticas, ou seja, para que sejamos capazes de pensar criticamente “sobre

afirmações e cursos de ação, apoiando-se em fontes credíveis, evidências válidas e razões

racionais” (VIEIRA; TENREIRO-VIEIRA, 2014, p. 43). E na pragmática, o PC pode

contribuir no enfrentamento às complexidades da vida, no cotidiano e no futuro.

Vieira (2018) destaca, tal como evidenciam muitas agências e organismos

internacionais como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico, 2019) e o Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum, 2016), que a

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maioria das crianças e pré-adolescentes que frequentam já o Ensino Básico nasceram na era

das ferramentas digitais e das redes sociais e irão exercer profissões que, neste momento,

ainda não existem. Harrison (2013, apud Guzzo e Guzzo, 2015, p.66) aponta para uma “crise

global de ceticismo” no mundo contemporâneo, ao perceber, em grande parte das sociedades,

uma predisposição a se aceitar e propagar ideias de modo acrítico, sem que exista reflexão e

preocupação com a veracidade das afirmações e com a qualidade das justificativas que são

apresentadas para sustentá-las.

Por esta e outras razões têm vindo a ganhar preponderância acrescida a promoção de

competências (PERRENOUD, 2000), que são saberes em ação e envolvem conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores. E habilidades como o PC e o pensamento criativo contribuem

no preparo dos sujeitos para lidarem com a imprevisibilidade que vão encontrar e que

permitam a requalificação ao longo das suas vidas (VIEIRA, 2018). Conforme Tschimmel

(2010), compreendemos que o pensamento criativo está associado com a fluência de ideias,

a flexibilidade, originalidade e elaboração. Morais e Fleith (2017, apud CARVALHO, 2021,

p. 280) afirmam que “la creatividad estimula el desarrollo de la imaginación, la curiosidad,

la resiliencia, la apertura de nuevas ideas, la flexibilidad y la persistência”. Desta forma,

Carvalho (2021, p. 280) aponta que estes elementos do pensamento criativo “se trata de

rasgos complementarios de gran utilidad, tanto para la persona como para su adaptación a las

exigencias de la sociedad actual”.

O PC envolve basicamente dois aspectos segundo Siegel (1997 apud GUZZO e

GUZZO, 2015, p. 67): um deles é o componente de “avaliação de razões”, que envolve

habilidades relevantes para um entendimento e análise apropriados de razões, afirmações e

argumentos; o outro aspecto diz respeito a disposições de comportamento, atitudes e hábitos

mentais que tornam o indivíduo propenso a usar as habilidades cognitivas para avaliar

quaisquer ideias, mesmo aquelas que são contrárias aos seus interesses e às suas crenças mais

profundas. O que segue na direção de Tenreiro-Vieira (2014, p. 31), ao afirmar que o PC

envolve capacidades e disposições, que se reportam a aspectos mais cognitivos e as “atitudes

ou tendências [...] que dizem respeito aos aspectos mais afetivos”.

Contudo, para Calixto et al (2017), os futuros professores muitas vezes não estão

sendo formados com esse propósito, ocasionando a necessidade de formarmos professores

que saibam usar suas capacidades de PC. Concordamos que os estudantes só terão

participação ativa, interesse pessoal e envolvimento em diferentes situações cotidianas se o/a

docente conceber e propor estratégias de ensino-aprendizagem orientadas explicitamente

para promover este tipo de pensamento. Destarte, docentes só poderão ensinar seus

estudantes “a usar as suas capacidades de PC se eles próprios as usarem explicitamente”, por

isso, “um importante ingrediente de sucesso no ensino do PC é o professor ter as suas

capacidades de PC desenvolvidas” (VIEIRA e VIEIRA, 2005, p. 92).

Faz-se necessário potencializar uma preparação assertiva para as funções que

docentes possam desempenhar ao longo de seu percurso, além de habilitá-los a uma prática

didático-pedagógica crítico-reflexiva (TARDIF, 2014). Contribuindo assim, para o que

Freire (2011, p. 29) aponta de “prática docente crítica”, visando estimular a “curiosidade

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epistemológica” e o desenvolvimento de uma prática que “envolve o movimento dinâmico,

dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.”

De acordo com Boszco e Güllich (2019), após sua revisão sobre a temática na

educação e sobre as estratégias de Ciências utilizadas no Brasil, somente um trabalho

especificamente discute o PC numa perspectiva educativa, sendo este uma aproximação por

conta do referencial da reflexão crítica e formação do profissional professor reflexivo. Ou

seja,

a revisão sinaliza que os programas relacionados à formação e ao ensino

de ciências pouco têm discutido a temática de estratégias de

desenvolvimento/promoção de PC na formação de professores de

ciências e tampouco discutem estratégias de ensino de ciências com tal

finalidade, o que reforça a ideia de pesquisar e aprofundar a temática

em questão. (BOSZKO e GÜLLICH, 2019, p.56)

Beyer (1984), em um estudo feito nos Estados Unidos da América que objetivou

identificar alguns problemas existentes na educação para a melhora das habilidades de PC,

apontou na década dos anos 80 que havia cinco grandes obstáculos nas escolas para a

promoção deste tipo de pensamento. Os problemas estavam relacionados à oposição dos

professores a uma prática que objetiva desenvolver tais habilidades e capacidades de

pensamento. Também muitos professores não sabiam definir as capacidades de pensamento

que desejam ensinar a partir de determinado conteúdo e/ou estratégia de ensino, onde,

segundo o pesquisador, os professores dificilmente fazem a seleção de instrumentos

norteadores de determinadas capacidades. Outro obstáculo apresentado se refere aos

currículos escolares, que por serem muito amplos, apresentam demasiadas capacidades para

serem desenvolvidas em cada nível de ensino. Por conseguinte, os testes utilizados muitas

vezes não possibilitam que se faça uma avaliação significativa das habilidades e

competências desenvolvidas pelos estudantes.

Bordenave e Pereira (2002) já frisavam a importância de que o/a professor/a venha a

refletir sobre as estratégias de ensino e aprendizagem, a fim de que estudantes possam ter

diversas formas de interação, podendo vir a construir o conhecimento de acordo com suas

experiências individuais, de forma a interpretar informações, experiências subjetivas, entre

outros aspectos do ensino. Todavia, compreendemos como desafiante a promoção do PC,

visto que muitas práticas ainda apontam para uma não superação da educação bancária

(FREIRE, 2005), focada na memorização, transmissão de informação, com pouca atividade

cognitiva de estudantes, (TENREIRO-VIEIRA, 2004). O que pode se agravar no contexto

das aulas remotas, inclusive durante a grave crise sanitária em curso no Brasil.

O foco nas práticas didático-pedagógicas torna-se fundamental, tendo em conta as

dimensões das quais concretizam o ambiente educativo, como: os materiais curriculares, as

atividades de aprendizagem, as abordagens e estratégias de ensino e a atmosfera de sala de

aula (TENREIRO-VIEIRA e VIEIRA, 2014, p. 19). Vieira e Tenreiro-Vieira (2015; 2016b)

e Vieira, Tenreiro-Vieira e Martins (2011) apontam que uma das dificuldades se remete à

falta de conhecimento sobre diferentes estratégias e recursos, especialmente com orientação

e potencial para a promoção do PC. Vieira (2018) salienta que existem múltiplas e diferentes

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estratégias, inclusive, variações, ênfases e contextos

influenciam no desenvolvimento de determinadas

competências.

Por fim, diante do exposto, alguns dados específicos sobre as aulas remotas também

se fazem necessários. Barbosa et al. (2020) apresentam que: apenas 32,3% dos estudantes

sabem a diferença de EAD e aulas remotas; e a maioria dos estudantes do ensino superior no

sudeste do país estudados não veem sentido e não percebem quais são os objetivos das aulas

remotas em tempos de pandemia. Segundo Moran (2015) já era difícil manter a motivação

no presencial, deste modo, se não envolvermos os estudantes em processos participativos,

afetivos e que inspirem confiança, compreendemos que também será um desafio despertar a

motivação no virtual.

Diante deste contexto e considerando o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas,

lócus da pesquisa, refletimos constantemente, como estão sendo formados estes futuros

professores/as atualmente? Seus processos formativos visam a ruptura e superação de

abordagens convencionais, pautadas na memorização de conteúdo? Os/as futuros/as

professores/as de Ciências e Biologia vivenciam uma formação inicial que supere a simples

transmissão de informações e potencialize outras habilidades de pensamento, inclusive o

complexo?

3 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo exploratória e descritiva,

pautada no paradigma epistemológico do materialismo histórico-dialético, que utilizou o

método dialético de análise da realidade – entendida como “essencialmente contraditória e

em permanente transformação”, (KONDER, 2008, p. 08). Compreendemos que “o

materialismo dialético é a base filosófica do marxismo, e como tal realiza a tentativa de

buscar explicações coerentes, lógicos e racionais para os fenômenos da natureza, da

sociedade e do pensamento, (TRIVIÑOS, 2012, p. 51) Assim, o materialismo histórico é a

ciência filosófica do marxismo que estuda as leis sociológicas que caracterizam a vida da

sociedade, de sua evolução histórica, e da prática social dos seres humanos.

O Materialismo Histórico-dialético “baseia-se numa análise dialética de mundo que

contribui na interpretação da realidade por meio da contradição dos seres humanos e suas

práticas” (YARED, 2016, p. 193). Assim, o método dialético parte da premissa, de que,

tudo se relaciona e se transforma, que em análise, busca-se identificar a contradição

inerente aos fenômenos (KONDER, 2008; TRIVIÑOS, 2012) – neste caso, a compreensão

de estudantes sobre a disciplina ‘Tecnologias e Mídias Educacionais’ e sua possível

contribuição na promoção do PC durante o ensino remoto na formação inicial de

professores de Ciências e Biologia. Pautadas em Konder (2008, p. 46,) entendemos que

para os fundamentos da dialética, “existem dimensões da realidade humana que não se

esgotam na disciplina das leis lógicas”, e concordamos com o autor quando afirma que

“existem aspectos da realidade humana que não podem ser compreendidos isoladamente:

se queremos começar a entendê-los, precisamos observar a conexão íntima que existe entre

SOBRENOME; SOBRENOME; SOBRENOME

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN …

eles e aquilo que eles não são”. Em sequência, a pesquisa

qualitativa pretende:

Aprofundar a compreensão dos fenômenos que investiga a partir de

uma análise rigorosa e criteriosa desse tipo de informação, isto é, não

pretende testar hipóteses para comprová-las ou refutá-las ao final da

pesquisa; a intenção é a compreensão. (MORAES, 2003. p. 191)

A natureza descritiva, segundo Oliveira (2016), objetiva discorrer sobre os

acontecimentos, buscando observar, descrever, classificar e interpretar fenômenos. Logo, “a

pesquisa descritiva exige um planejamento rigoroso quanto à definição de métodos e técnicas

para coleta e análise dos dados” (OLIVEIRA, 2016, p. 68). Já a natureza exploratória é

caracterizada por proporcionar mais informações sobre o assunto que se investiga, e que

permite o estudo do tema proposto sob diversos ângulos e aspectos, como por exemplo

entrevistas com pessoas que tiveram experiências com a temática pesquisada, análise de

dados e exemplos que estimulem a compreensão (PRODANOV; FREITAS, 2003).

Os sujeitos participantes foram os/as 11 acadêmicos/as matriculados na referida

disciplina – composta por 02 créditos/30h – no segundo semestre de 2020, do curso de

Licenciatura em Ciências Biológicas, durante a pandemia do COVID-19. Como instrumento

de coleta foi utilizado o questionário semiestruturado online através da plataforma Google

Forms e suas questões foram inspiradas a partir da taxonomia FA2IA de Vieira e Vieira

(2005). Ressaltamos, que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa/CEP da

universidade sob parecer nº 4.386.531.

Para a análise dos dados, adotamos a técnica de Análise de Conteúdo, que se refere

“um conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais subtis em constante

aperfeiçoamento, que se aplicam a ‘discursos’ (conteúdos e continentes) extremamente

diversificados”, (BARDIN, 2014, p. 11). É uma técnica que contribuiu para desvendar

“ideologias que podem existir [...] que, à simples vista, não se apresentam com a devida

clareza”, bem como, no estudo de emoções, atitudes, motivações etc. (TRIVIÑOS, 2012, p.

160). A análise de conteúdo apresenta três etapas básicas: a pré-análise, referente a coleta de

dados e organização do material; a descrição analítica, momento de estudo mais

aprofundado, buscando sínteses coincidentes e divergentes no processo de codificação,

classificação e categorização:

A categorização é uma operação de classificação de elementos

constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por

reagrupamento segundo o género (analogia), com critérios previamente

definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um

grupo de elementos [...] sob um título genérico, agrupamento esse

efectuado em razão das características em comuns destes elementos.

(BARDIN, 2014, p. 145)

E, por fim, a interpretação inferencial, etapa de maior intensidade em que a reflexão

e a intuição, pautadas no referencial teórico, estabelecem relações (TRIVIÑOS, 2012;

BARDIN, 2014).

4 Discussão e Análise dos Resultados

SOBRENOME; SOBRENOME; SOBRENOME

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN …

A partir do movimento analítico e do processo de categorização, vários indicadores

se tornaram expressivos como, por exemplo, “ouvir o outro”, “ouvir diferentes opiniões”,

“diálogo”, “estratégias e interação”, “vivência no remoto e local de moradia”. Decretamos,

assim, duas categorias e duas subcategorias (Quadro nº 01 no anexo) que discorreremos nesta

seção.

Inicialmente, referente ao perfil dos sujeitos participantes (Quadro nº 02 no anexo)

apontamos que: 06 se declararam como mulheres e 05 se declararam como homens;

apresentaram idade entre 18 e 26 anos. Sobre as experiências vivenciadas no período de

graduação: 09 já participaram do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência) e apenas 02 sujeitos responderam não participar de Grupos de Pesquisa existentes

na universidade. Chamou atenção que a maioria dos estudantes participam atualmente ou já

participaram do PIBID (81,8%) e apenas 02 sujeitos registraram que não tiveram nenhuma

experiência nestes cenários pedagógicos investigados. A seguir, apresentaremos os dados a

partir das categorias e subcategorias elencadas e realizaremos as análises à luz dos

referenciais teóricos supracitados.

4.1 A influência da localização geográfica na qualidade da vivência do ensino remoto

Na busca pela compreensão de como estes estudantes estão vivenciando o período

pandêmico, questionamos como avaliam seu desenvolvimento durante as aulas remotas. Seis

sujeitos assinalaram “deixei a desejar” (54,5%), 03 assinalaram “satisfatório” (27,3%), 02

sujeitos assinalaram “muito boa” (18,2%) e nenhum assinalou “excelente”. Comparando com

o modelo presencial, o ensino remoto se mostrou: para 03 (27,3%) o ensino remoto se

mostrou “muito pior”, para 04 (36,4%) se mostrou “pior” e para 04 sujeitos (36,4%) se

mostrou “melhor”. Nenhum acadêmico assinalou “sem alterações” ou “muito melhor”.

Observamos que a acadêmica 11 assinalou “deixei a desejar” para sua vivência nas

aulas remotas, mas o ensino remoto se mostrou “melhor”. Percebemos que sua resposta pode

estar relacionada, talvez, pelo deslocamento até a universidade, visto que a acadêmica reside

em Laguna. Observados que para todos aqueles que moram fora de Tubarão, onde se localiza

a universidade, o ensino remoto se mostrou “melhor”; em contrapartida de todos que residem

em Tubarão, pois se mostrou “pior” e “muito pior’’. Estes dados parecem apontar que a

localização influencia na realidade, no cansaço e no desenvolvimento acadêmico, visto que

para alguns a viagem representaria 1h ou mais de ônibus todos os dias. Vejamos estas

declarações de residentes em Laguna (distância de 29,4km) e Gravatal (distância de 25,4km):

Durante o primeiro semestre deste ano [2020] houve o período de adaptação. O ensino

remoto estava bem ruim e nada produtivo. Já agora no segundo, as matérias se

mostraram muito mais adaptadas a esta modalidade. (acadêmico nº 05)

O remoto facilitou para mim, por conta do trabalho e do tempo de locomoção para

chegar na universidade. (acadêmica n º 08)

Desta forma, registramos que a compreensão dos sujeitos sobre seu desenvolvimento

nas aulas remota, bem como a comparação com o modelo presencial, pode depender de seus

contextos e realidades, que são distintos. Estas reflexões geraram alguns questionamentos:

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Não vale a pena o gasto energético de ir até a Universidade? Que tipo de educação estamos

vivenciando? Então, que tipo de ambiente educativo está sendo promovido aos estudantes,

futuros professores de Ciências e Biologia? Qual a concepção de educação destes

licenciandos?

Identificamos também algumas angústias em relação ao período pandêmico. Os

acadêmicos 07 e 10 apresentaram como principal ponto negativo do ensino remoto a falta

das aulas práticas em laboratórios. Vejamos:

Em minha opinião o ensino remoto deixa a desejar em questão de aulas práticas e

tenho a sensação de que não fixo bem os conteúdos propostos, creio que isto irá

prejudicar meu desempenho como profissional. (acadêmico nº 07)

Meu desempenho caiu bastante durante o ano [2020] com o ensino remoto. (académica

nº 09)

Senti falta principalmente das aulas práticas de anatomia e saídas de campo.

professores desorganizados enviando muitos materiais fora de horário (em grupo do

whatsapp ou lotando o EVA de atividades e fóruns) sendo difícil manter uma

organização nas disciplinas e acabei atrasando nos prazos de envio de trabalhos.

(acadêmica nº 10)

Reconhecemos a importância da relação teoria e prática, da necessidade do contato

com novos ambientes e com os materiais que contribuem na aprendizagem e assimilação dos

conteúdos abordados em aula, podendo impulsionar os/as estudantes a participarem

ativamente da construção e desenvolvimento das atividades.

4.2 Vivências, desafios e possibilidades do ensino remoto na promoção da criticidade

Na busca pela compreensão acerca da vivência dos sujeitos no ensino remoto ao longo

do ano de 2020, questionamos se consideraram que durante as aulas remotas, em uma

formação inicial de professores, foi/está sendo estimulado/a desenvolver as capacidades de

argumentação, crítica e questionamento. Cinco sujeitos (45,5%) assinalaram “sim, às vezes”,

02 sujeitos (18,2%) “sim sempre”, 03 sujeitos (27,3%) “raramente”, 01 (9,1%) sujeito

respondeu que “não”. Desta forma, 63,7% responderam de forma positiva. Dez participantes

justificaram suas respostas:

Em algumas aulas é estimulado o desenvolver crítico. (acadêmico 01)

Pelo fato de muitos professores nos instigarem a interagir com eles. (acadêmico 03)

Em certas matérias sim, existem sempre aquelas que não tem esses 3 pilares no

currículo, ou não conseguem praticar em sala de aula. (acadêmico 05)

A maioria das aulas ficam apenas em atividades com pouca interação entre os alunos,

isto torna mais difícil trocar ideias e argumentar. (acadêmico 06)

Acho que é relativo, pois alguns professores lhe darão abertura para fala, já outros

nem mesmo justificarão a nota que foi atribuída, nem mesmo com devolutiva.

(acadêmico 07)

Geralmente em aulas é utilizado apenas uma estratégia de ensino, na maioria das vezes

é apenas slides e o estudante apenas ouve e anota. (acadêmica 09)

Depende da [disciplina]. (acadêmica 10)

Em algumas disciplinas vejo a estimulação do professor em tentar envolver os alunos

nas aulas, com conversas e discussões, mas muitas vezes sem sucesso. (acadêmica 11)

Observamos um possível equívoco, talvez, de interpretação na leitura da questão nas

respostas dos acadêmicos 04 e 08, visto que foram respostas singulares e não relacionadas ao

curso em geral.

Sim, pois a professora sempre deu espaço de fala para todos e também nos fez

questionar sobre alguns temas. (acadêmico 04)

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Sim, pois a todo momento a professora nos instiga a argumentar, trouxe proposta como

o mapa conceitual, onde podemos refletir e debater sobre temas preocupantes como as

mídias sociais e a influência na educação e na vida social. (acadêmica 08)

Na busca pela compreensão dos sujeitos sobre o PC, obtivemos respostas em que se

destacaram dois elementos: o questionamento e a reflexão, aparecendo no total de seis vezes,

no decorrer das onze respostas analisadas. É possível observar em algumas respostas, que

os/as estudantes relacionam o ser crítico com o exercício de refletir sobre algo, ou então, de

questionar, conforme ilustramos nos fragmentos a seguir:

Pensamento crítico é quando eu vejo algo e me pergunto se é isso mesmo, ou estou

vendo algo além. Vejo também como uma forma de criticar e analisar os fatos também.

(acadêmico 03)

Um pensamento a qual refletimos e julgamos a nossa opinião com base em vivências.

(acadêmica 04)

Ato ou ação de repensar acerca de um assunto qualquer, recusando a teoria pronta, de

maneira contestadora e sempre fundamentada. (acadêmico 05)

Analisar as situações de forma a entender que existem objetivos ocultos e contextos em

que elas ocorrem que não podem ser ignorados. (acadêmico 06)

Creio que o pensamento crítico seja o questionamento feito sobre alguma

problemática, onde irá gerar uma discussão intelectual válida e construtiva.

(académico 07)

É uma habilidade de pensamento, pensar de maneira crítica, onde você apresenta

argumentos fundamentados e não puro achismo. (acadêmica 08)

Pensamento crítico é refletir, duvidar e questionar sobre algo que é exposto para nós.

(acadêmica 09)

Se perguntar, se questionar... o que? por quê? pra que? de onde? e se? (académica 10)

É a consciência de tomar decisões e posicionamentos de forma coerente e reflexiva,

tendo o conhecimento como base. (acadêmica 11)

As respostas dos/as acadêmicos/as apontam para uma compreensão do termo crítico

próxima à definição que adotamos, ou seja, como uma atitude de tomar uma posição e

argumentar, de uma forma racional, reflexiva e intencional (Ennis, 1985). Porém, ainda se

evidencia a necessidade de promover a discussão de referenciais teóricos nas disciplinas

ofertadas no período de formação, para que os futuros docentes estejam preparados para

desenvolver atividades que realmente promovam as capacidades de PC. Como discutem

Szabo & Schwartz (2011), as capacidades de PC são fundamentais, pois ao aprenderem a

pensar criticamente futuros docentes poderão conseguir desenvolver algumas capacidades,

como a de sintetizar e de analisar materiais de instruções, tornando-os assim, profissionais

reflexivos. No entanto, as respostas do acadêmico 01 e 02 focaram no julgamento e no

apontamento de algo errado. Vejamos:

Seria eu ter um julgamento pensado e elaborado sobre o que acreditar a partir de uma

experiência ou observação. (acadêmico 01)

Apontar algo errado. (acadêmica 02)

Na busca pela influência da referida disciplina lócus da pesquisa, na formação inicial,

a partir da vivência dos/as acadêmicos/as na mesma, questionamos como os sujeitos

avaliaram as estratégias didático-pedagógicas utilizadas e os encontros organizados pela

professora. Nas respostas, 08 sujeitos assinalaram “excelente” (72,7%) e 03 sujeitos

assinalaram “muito boa” (27,3%).

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Destacamos que, visando a adaptação3 ao ensino remoto, o planejamento envolveu

estratégias didático-pedagógicas já utilizadas no modelo presencial com adesão nesse

momento pandêmico às ferramentas digitais. Logo, o planejamento visou envolver diferentes

estratégias, ferramentas digitais e plataformas. E a partir desse contexto, nove sujeitos

apresentaram justificativas. Vejamos algumas:

Achei as estratégias didático-pedagógicas utilizadas muito boas! (acadêmico 01)

Foi disparada a melhor UA de todo esse ano. Eu voltei a ter a vontade, que eu tinha

durante as aulas presenciais, de ir pra aula, prestar atenção. Apesar de estar quase

sempre chegando mais tarde, por conta do serviço, eu adorei a [disciplina].

(acadêmico 03)

As aulas fluíram de um jeito que não acontece na faculdade em nenhum outro ambiente.

O clima que a professora nos proporciona é sensacional, conseguindo avaliar e ao

mesmo tempo ser amiga e próxima a cada um em suas particularidades. E mais

importante, aceita a opinião e até estimula a opinião de todos. (acadêmico 05)

Poucas aulas virtuais tiveram esse nível de interação entre os alunos e professores,

discussões e conversas que fazem parecer mais uma roda de conversa do que aula,

parece que fazemos parte da dinâmica da aula e não estamos só observando.

(acadêmico 06)

Acho que esta [disciplina] foi uma das exceções, havia espaço para a discussão de

maneira descontraída e mesmo que as discussões sejam válidas e importantes não

havia cobrança constante. (acadêmico 07)

Segundo Varela et al. (2007), o aumento da motivação, interesse e envolvimento dos

estudantes podem contribuir para a diminuição das taxas de abandono dos cursos, no

aumento da apreensão de conhecimentos e num maior desenvolvimento de habilidades e

competências. O que também podem ser exemplos de práticas que buscam desenvolver

metodologias ativas em ambientes remotos síncronos. Observamos também que em suas

justificativas, alguns acadêmicos apontaram a referida disciplina como uma exceção às

demais do curso ofertadas no período pandêmico. Kenski (2015) já alertava que é preciso

que os docentes universitários revejam suas práticas e estratégias de ensino para que possam

fazer diferença efetiva na formação de professores. Refere-se à função do professor

universitário de adotar novas posturas profissionais mais coerentes com as necessidades

educacionais da sociedade atual, onde o ponto mais frágil não está em seus conhecimentos,

mas em suas atitudes e, sobretudo, nas didáticas e práticas que utilizam no processo ensino

e aprendizagem. “A urgência das mudanças engloba o uso de novas estratégias didáticas e,

um ponto essencial, maior interação com os alunos e as realidades para as quais eles estão

sendo formados”, (KENSKI, 2015, p. 428).

Compreendemos que a adaptação de estratégias já utilizadas no modelo presencial

para o ensino remoto por meio de ferramentas digitais, como os mapas conceituais online

e a avaliação diagnóstica e o brainstorming por meio do padlet, podem contribuir no

3 O plano de ensino adaptado ao ensino remoto síncrono envolveu: avaliação diagnóstica e o

brainstorming com uso de mentimeter e padlet; questionamento orientado para a promoção do

pensamento crítico como estratégia auxiliar durante todo o semestre; pesquisa e estudo de conceitos –

tecnologia, mídia, comunicação, cultura digital e a relação com o campo da Educação – com

problematização em equipes; análise e debate de reportagem jornalísticas sobre cultura do

cancelamento; três mapas conceituais online confeccionado em equipes sobre o poder da rádio (Guerra

dos Mundos, 1938), da televisão (Muito Além do Cidadão Kane, 1993) e das mídias sociais (Dilema

das Redes, 2020) e a relação com a Educação; diálogo com professor convidado sobre Ferramentas

Digitais; fóruns analíticos; e a criação de três abordagens educativas com o uso de ferramenta digital, a

escolha dos/as estudantes (foram escolhidos: Seppo, Kahoot e Canvas).

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processo de ensino e aprendizagem, como vemos nas falas dos acadêmicos:

As plataformas digitais são ferramentas que podem auxiliar e muito no processo de

ensino/aprendizagem, pois instigam os alunos e ajudam no desenvolvimento das

competências. (acadêmica 08)

As diversas estratégias utilizadas pela educadora contribui para estimular inúmeros

pensamentos, pois ela não se "agarra" em apenas uma, em toda aula é feito algo

diferente e consequentemente é estimulado algo diferente em nós. O ensino remoto está

sendo uma tarefa difícil, entretanto, utilizar ferramentas e metodologias diferenciadas

faz com que esse ensino se torne mais prazeroso e confortável, já que apenas aulas

expositivas me cansam muito e geralmente não absorvo nem metade do que foi dito.

(acadêmica 09).

Com certeza foi uma didática totalmente diferente, a professora conseguiu transpassar

o conteúdo em plataformas mais inovadoras e instigou os alunos a ensinaram a usar

outras plataformas digitais durante as aulas como o kahoot, seppo. Trouxe também um

professor de outro curso para nos dar uma palestra sobre mídias que foi muito

agregador e houve muita troca de conhecimento. (académica 10)

Acerca da adaptação e contribuição das estratégias metodológicas propostas para o

ensino remoto síncrono neste período pandêmico, 08 acadêmicos (72,7%) assinalaram que

contribuíram “totalmente” no processo de ensino e aprendizagem e 03 (27,3%) assinalaram

que contribuíram “parcialmente”. Dez acadêmicos justificaram suas respostas. Grande parte

demonstrou que a interação, o espaço para apresentar ideias e a associação das ferramentas

digitais nas aulas foram elementos expressivos, como veremos a seguir.

Acredito que uma aula que seja mais interativa, mais comunicativa, um bate papo entre

alunos e professor, torna a aula mais interessante. (acadêmico 03)

Muito, pois o tema é bastante atual, é exatamente essa é a maior dificuldade na

educação. (acadêmica 04)

A matéria casou totalmente com o ensino remoto, todos tivemos espaço em casa para

pensar e refletir nos preparando as aulas, e em meio a loucura nas ruas conseguimos

discutir temas com tanta propriedade. Foi um prazer cada aula. (acadêmico 05)

Eu conhecia a maioria das coisas apresentadas em aula, menos algumas das

ferramentas. (académico 06)

Mesmo que não haja pandemia pode ser utilizados várias ferramentas no ensino

presencial. (acadêmico 07)

Sim, pois no ensino remoto as aulas ficam mais cansativas e essas metodologias deixam

a aulas mais atrativas. (acadêmica 08)

Algumas contribuíram. O desempenho de alguns professores em trazer novas

ferramentas, metodologias e estratégias para esse período foi de suma importância

para minha aprendizagem, pois estou na reta final do curso e fiquei amedrontada em

como iríamos realizar as aulas e se seria o suficiente para minha formação

profissional. Em algumas disciplinas vi que deixou muito a desejar, e claro, nada se

compara ao presencial, porém observei professores poucos preocupados com a

formação e processo de ensino e aprendizagem de seus estudantes, porém, não os

culpo, já que estamos vivendo em momentos complicados. (acadêmica 09)

Facilita muito outras plataformas que não sejam as tradicionais como provas

descritivas etc. Outros meios de avaliação acredito que instigam mais os alunos a

buscarem entender mais sobre um assunto. Exemplo: quando cria um kahoo você cria

muitas perguntas e tem opções de respostas V ou F ou alternativas, o aluno terá que

criar, saber a resposta e ainda criar alternativas. (académica 10)

Achei inovadoras, apesar de estarmos todos em processo de adaptação, eu consegui

compreender os assuntos. (acadêmica 11)

Questionamos também se os acadêmicos utilizariam alguma das estratégias didático-

pedagógicas como futuros/as professores/as, estimulando uma reflexão sobre a atuação como

docentes da Educação Básica. A acadêmica 02 respondeu que “nada” e a acadêmica 04 que

“não sei”. As demais respostas, apresentaram:

As ferramentas apresentadas on-line. (acadêmico 01)

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De a partir de um tema, criar outros questionamentos para fazerem os alunos

pensarem. (acadêmico 03)

O uso de aplicativos como o Kahoot, achei ótimo para a interação didática. Ainda a

prática do diálogo e intensa provocação a discussão em sala. (acadêmico 05)

A discussão em grupo após a apresentação de trabalhos. Acho que uma forma de

incluir todos os participantes. (acadêmico 06)

Discussão de materiais científicos e matérias de jornais, para desenvolver o

pensamento crítico e sair de uma bolha social. (acadêmico 07)

Plataformas digitais (Mentimenter, Padlet, Canvas, Goconqr), mapa conceitual,

problematização em equipes, enfim, todas. Porque auxiliam no desenvolvimento do

pensamento crítico, reflexivo e criativo, além de deixarem as aulas mais diversificadas,

atrativas e instigadoras. (acadêmica 08)

Problematização; Discussões de notícias/dados; Brainstorm; Mapa conceitual;

Mentimenter; Utilizaria outras que foram discutidas ao longo da [disciplina]: Canva

e gamificação. (acadêmica 09)

Exemplo: quando se cria um kahoot, você cria muitas perguntas e tem opções de

respostas V ou F ou alternativas, o aluno terá que criar, saber a resposta e ainda criar

alternativas. Usaria também para uma revisão de prova, onde os alunos têm mais

dificuldades. (acadêmica 10)

É difícil pensar como futuro docente. Entretanto, acredito que a forma de interação,

trabalho em equipe e discussões sobre os temas. (acadêmica 11)

Chama atenção a fala “é difícil pensar como futuro docente”, pois os acadêmicos 04

e 11 já estavam com o andamento do curso mais de 70% concluído, sendo isto, se

encontrando mais próximos à docência. Entendemos que os acadêmicos participantes

apresentaram diferentes níveis de reflexão e que esses momentos em busca de uma

autoconsciência crítica sobre suas ações e vivência do cotidiano, apontam para nós, pistas de

antíteses em suas explanações. “Pressupõe-se que o potencial da reflexão é algo inerente a

cada um de nós, onde não há modelo a ser seguido. Cada um possui um método, uma prática

para realizar seu registro”, (Micheletto & Levandovski, 2013, p.10). Diante das diferentes

angústias, inquietações, dúvidas e incertezas apresentadas nas respostas, amparamo-nos em

Schon (2000, p. 32) que descreve que há diferentes níveis de reflexão sobre a ação ou no

meio da ação. O autor explica que diante de todas as experiências vivenciadas pelos sujeitos,

agradáveis ou desagradáveis, existe um “elemento surpresa”, no sentido de que “algo não

está de acordo com nossas expectativas.”

Na busca por mais elementos sobre a vivência dos/as acadêmicos/as, questionamos

como passaram a compreender a importância de pensar de maneira crítica e reflexiva após

cursar a referida disciplina. Observamos a relação que o acadêmico 01 faz a partir da

expressão “nossos alunos” com a sua responsabilidade como docente, pois o mesmo já atua

como ACT na rede de ensino. Vejamos:

É importante trabalhar crítico porque assim podemos fazer nossos alunos terem uma

posição com embasamento sobre algo vivenciado. (acadêmico 01)

A resposta do acadêmico 01 aponta para uma preocupação com uma aprendizagem

que promova criticidade e maiores reflexões: formar sujeitos/cidadãos que entendam que

possuem responsabilidades sociais e políticas e dessa forma, atuem de maneira crítica. Vieira

e Vieira (2005) salientam que desenvolver este tipo de pensamento em sala de aula contribui

aos estudantes na compreensão do mundo e a trabalhar em favor de seu êxito, especialmente

enquanto cidadão. A acadêmica 02 sinalizou para a importância de termos tempo para pensar:

Mais tempo a pensar. (Acadêmica 02).

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Destacamos que, de maneira geral, observamos que a acadêmica 02 não justificou a

maioria de suas respostas ao longo do questionário. Questões que pediam justificativa foram

ignoradas ou respondidas monossilabicamente com “não”. O acadêmico 03 evidenciou os

métodos utilizados pela docente, salientando a importância de utilizarmos diferentes

instrumentos como ferramentas no processo de ensino e aprendizagem.

Aprendi muita coisa com essa [disciplina]. Tanto em ferramentas que me auxiliarão

nos estudos, mas também com trabalhos apresentados, da rádio, da televisão e das

mídias sociais. Excelentes os métodos utilizados para a realização da [disciplina] com

vários bate papos e interações. (acadêmico 03)

A acadêmica 04 evidenciou, mesmo que brevemente, a importância de que ensinar

exige saber escutar. Vejamos:

Ouvindo o outro. (acadêmica 04)

Compreendemos a importância de promovermos um ambiente educativo em que haja

o verdadeiro diálogo, e para que isso ocorra, escutar é fundamental. Pois como afirma Freire

(2011, p. 86):

Escutar é obviamente algo que vai mais além da possibilidade auditiva

de cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a

disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a

abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro. Isto

não quer dizer, evidentemente, que escutar exija de quem realmente

escuta sua redução ao outro que fala.

Masetto (2003) analisa que, ao se preocupar com a melhoria da docência no ensino

superior, é necessário abandonar velhos paradigmas que se tornaram barreiras às novas formas

de ensinar. O autor descreve a emergência que há nas universidades da inserção de uma

aprendizagem significativa e à superação do paradigma em que o sujeito do processo é somente

o professor, que ocupa o centro das atividades, sendo apenas ele quem conduz, comunica,

orienta, instrui, mostra, avalia, dá a nota final e dá a última palavra. Santos e Cária (2019)

reafirmam a emergência de deixar esses velhos paradigmas. Como ainda, podemos ver na fala

dos acadêmicos 05, 06 e 07:

A professora estimula e instiga a nós para conversarmos abertamente sempre

simpática e sem cobranças, de modo que na maioria das vezes todo mundo mostra seu

ponto de vista. É sempre importante compartilhar perspectivas diferentes, esta aula

mostrou isso. (académico 05) Eu acredito que não houve muita mudança, o jeito que eu analisava as situações antes

e depois da [disciplina] continuou igual, mas aprender a ter discussões e conversas

dessa forma em aula, reforçou essa minha capacidade. (académico 06)

Creio que, o pensamento crítico na modalidade remota deixa a desejar pois você tem

um meio de pesquisa muito rápido (internet), então, após pesquisar o conteúdo você

não relê ele posteriormente, o aprendizado é só momentâneo. (académico 07)

A interpretação dos acadêmicos a respeito da “cobrança” nas aulas, acentua aquela

sensação de que “se não tem prova, não tem cobrança”. Compreendemos que ainda há um

estranhamento ao utilizar outros instrumentos avaliativos, bem como, da importância do

resgate e da problematização crítica sobre os sistemas de avaliação pedagógica de estudantes

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e de professores. Conforme Freire (1997) esses sistemas de avaliação vêm se tornando cada

vez mais como discursos verticais:

A questão que se coloca a nós é lutar em favor da compreensão e da

prática da avaliação enquanto instrumento de apreciação do que-fazer

de sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo, da libertação e não da

domesticação. Avaliação em que se estimule o “falar a” como caminho

do “falar com”. (FREIRE, 1997, p.132, grifos do autor)

Outras respostas também foram apresentadas, contemplando elementos como

cidadania, busca de informações, importância do conhecimento científico, tomadas de decisão.

Como vejamos:

Percebi o quanto é importante estimular o pensamento crítico e reflexivo e como há

várias maneiras de se alcançar isso, e para que isso realmente seja alcançado é

necessário utilizar todas a ferramentas disponíveis ao nosso favor. (acadêmica 08)

Comecei a prestar mais atenção de onde buscava informações, sempre buscando antes

de concluir qualquer situação estar bem informada a partir de sites confiáveis e ou

artigos científicos. (acadêmica 10)

A acadêmica 09 compreende que pensar de maneira crítica e reflexiva não se vive

apenas no âmbito acadêmico, mas é uma prática que a leva para suas percepções sobre sua

realidade e sua atuação como cidadã:

A partir do momento que compreendi que isso vai além da minha formação acadêmica.

Pensar criticamente e de forma reflexiva é algo além da sala de aula, pois contribui

principalmente para minha formação como cidadã. Além disso, pensar de forma crítica

é essencial em tempos com tantas informações, faz com que eu avalie melhor e pense

se tal ideia, notícia ou reportagem é coerente. (acadêmica 09)

Conforme Perrenoud (2005 p.10):

Para desenvolver a cidadania, é preciso visar a uma cultura científica,

em vez de uma acumulação de conhecimentos fragmentados; o

desenvolvimento de uma postura reflexiva e de uma ética da discussão,

em vez da submissão à autoridade da ciência ou do professor; a

formação duradoura, em vez do estímulo à "decoreba" para se sair bem

nos exames, os quais valorizam a quantidade de conhecimentos

restituídos, e não a qualidade de sua apropriação.

Paulo Freire, ao falar sobre uma Pedagogia Problematizadora, parte da premissa de

que educador e educando ao aprenderem adjuntos numa relação dinâmica, na qual a prática,

orientada pela teoria, possibilita a reflexão crítica do estudante e o estímulo de sua autonomia

como forma de intervir sobre a realidade.

A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir

a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia

da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da

decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas

da liberdade. (FREIRE, 2011, p.78)

A acadêmica 11 ressalta a importância de buscar os motivos e as razões na

compreensão dos assuntos. Vejamos:

Às vezes agimos pelo senso comum, sem questionar, pesquisar e compreender os

assuntos. Vejo a importância quando buscamos compreender e entender de fato o

porquê das coisas, para que assim possamos tomar decisões. É importante para não

acreditar em falsas notícias e ir pela maioria (quando estão errados). (acadêmica 11)

Page 22: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN …

Ao final, buscamos a avaliação dos participantes sobre a referida disciplina e seus

elementos, elencando pontos fortes e pontos a fortalecer. Como pontos fortes, sinalizaram

que:

Achei a palestra do professor de EF muito boa! (acadêmico 01)

O fato de ter um maior conforto, assistindo aula de casa foi bom também, ter a

disponibilidade de assistir às aulas, mesmo fora do dia certo, para reforçar a matéria,

ou tirar alguma dúvida. (acadêmico 03)

Diálogo, acolhimento. (acadêmica 04)

Didática, Companheirismo da professora, atenção a todos, instigadora de mentes,

provocativa a aprofundar nossa reflexão sobre o mundo e os métodos de avaliação,

que na minha opinião foram ótimos. (acadêmico 05)

Metodologia que envolve os alunos; incentivo a buscar o conhecimento; Professor com

papel mais de mediador. (acadêmico 06)

Acho que não houve pontos fortes ouve apenas um conhecimento sobre tecnologias

alternativas de ensino, mas isto não compensa o cansaço mental e físico que gerou.

(acadêmico 07)

Utilização das plataformas digitais nas aulas (acadêmico 08)

Com certeza as discussões, pois com elas me sinto presente em sala, sinto que também

tenho algo a contribuir. Além disso, conversar sobre assuntos sérios e importantes é

essencial, ainda mais quando esses assuntos estão relacionados com educação. As

apresentações e discussões sobre os meios de comunicações e mídias sociais foram

muito legais e cruciais, já que é algo presente diariamente e nunca pensamos no

impacto delas na nossa vida e na educação. (acadêmica 09)

Senti que a professora interagia com todos os alunos, até num simples boa noite. Eu

não me sentia pressionada em discutir em sala, diferente do que é numa apresentação

de seminário que fico extremamente ansiosa e pressionada. (acadêmica 10)

A leveza com que é conduzida. Os métodos de participação e criatividade, que nos

embala a buscar novos assuntos e a usar a criatividade. (acadêmica 11).

E como pontos a fortalecer, sinalizaram que:

Acho que das EADs que fiz esse semestre ela foi a melhor, mas como falei

anteriormente o presencial seria muito melhor. (acadêmico 01)

Não digo para esta UA, mas os professores repensarem a quantidade de trabalhos que

é encaminhada para os alunos, sendo que boa parte destes, trabalha quase que o dia

todo. Durante o ensino presencial, a quantidade de trabalho era muito menor, e por

que agora tem que ser diferente, visto que só não estamos em sala de aula, mas o ensino

continua. (acadêmico 03)

Conteúdo teórico. (acadêmica 04)

Esse semestre só vi pontos positivos não me recordo de nenhuma crítica pessoal.

(acadêmico 05)

Maior uso das ferramentas apresentadas. (acadêmico 06)

sinceramente não quero nunca mais passar por isto novamente. (acadêmico 07)

Não tenho pontos a fortalecer. (acadêmica 08)

Sinceramente não vejo pontos a fortalecer nessa UA. (acadêmica 09)

Agora que a professora sabe algumas plataformas educativas ela poderia estar

utilizando durante as aulas como o kahoot e seppo. (acadêmica 10).

Perguntinha difícil. Não consigo pensar em algum ponto, entendo que estamos nos

adaptando. É uma disciplina curta também, o que faz as coisas serem um pouquinho

mais rápidas. Acredito que se tivesse mais tempo e víssemos mais ferramentas e

exemplos de como utilizá-las para a educação seria bem legal. (acadêmica 11)

Por fim, registramos também que, de maneira geral, os participantes avaliaram a

disciplina de Tecnologias e Mídias Educacionais positivamente, sendo que 06 sujeitos

assinalaram “excelente” (54,5%) e 05 sujeitos “muito boa” (45,5%). Finalmente,

questionamos os estudantes se a possibilidade de cursar aulas remotas está influenciando

(positivamente/negativamente) na formação como futuro/a professor/a de Ciências e

Biologia. Todos responderam “sim”.

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN …

5. FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: A

INTERAÇÃO E O DIÁLOGO COMO ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA

PRÁTICA PEDAGÓGICA CRÍTICA

A partir do movimento de análise observamos que as palavras predominantes na

maioria das respostas foram a palavra “interação” e o “diálogo''. Nos chamou atenção a

associação que os/as acadêmicos fizeram ao estímulo/desenvolvimento dos professores

referente a capacidades de argumentação crítica e questionamento com seus estudantes.

Ressaltamos a importância de se promover o diálogo, pois “não é no silêncio que os homens

se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, (FREIRE, 2003, p.78). Logo, “é, a

interação, a prática, dialogicamente construída, tão valorizada por Freire que possibilita e

alimenta uma avaliação de caráter formativo”, (GADOTTI; CARNOY, 2018, p. 54). Esta

avaliação denominada, segundo Cortesão e Torres (1991), como uma bússola orientadora do

processo de ensino e aprendizagem.

Gadotti e Carnoy (2018), ao descreverem sobre a importância do diálogo em sala de

aula, apontam que o verdadeiro diálogo, além de poder ajudar os estudantes a refletirem sobre

suas condições de vida, possibilitará também promover a capacidade de reagir face às

características opressivas dessas condições de vida que se encontram. Vejamos a fala da

acadêmica 05:

As aulas fluíram de um jeito que não acontece na faculdade em nenhum outro ambiente.

O clima que a professora nos proporciona é sensacional, conseguindo avaliar e ao

mesmo tempo ser amiga e próxima a cada um em suas particularidades. E mais

importante, aceita a opinião e até estimula a opinião de todos. (acadêmico 05)

Em razão disso, quando falamos sobre uma educação problematizadora, significa que

é baseada na interação e no diálogo crítico e reflexivo entre docentes e estudantes:

O conhecimento é apresentado de forma problemática em que os alunos

discutem e respondem a perguntas, aprendendo uns com os outros,

orientados pelo professor. O professor, no entanto, não levanta as

perguntas, mas estimula a curiosidade do aluno simplesmente como um

exercício, em seu próprio benefício. Embora o conhecimento do

professor não seja considerado igual ao conhecimento dos alunos, ele

ou ela também não são donos do conhecimento: eles o constroem, em

diálogo, uns com os outros. (Gadotti e Carnoy, 2018, p. 96)

Nos pautamos em Freire, que trata com profundidade em suas obras da importância

do diálogo em sala de aula e em “educação como prática de liberdade, o educador nos ressalta

a importância do diálogo como um elemento fundamental relacionado ao desenvolvimento

do pensamento crítico: “a nossa cultura fixada na palavra correspondente à nossa

inexperiência do diálogo, investigação, da pesquisa, que por sua vez estão intimamente

ligados à criticidade”, (FREIRE, 1996, p.104). Nesse sentido, “o educador já não é o que

apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando, que ao

ser educado, também educa'' (FREIRE, 2003, p.68).

Jófili (2002, p.196) destaca que desenvolver a capacidade de dialogar é um dos

aspectos mais fundamentais do pensamento Freiriano, pois os/as docentes podem assegurar

um ambiente na qual os/as estudantes sejam permitidos a refletir e reconhecer sobre suas

próprias ideias, que também possam aceitar pontos de vistas diferentes dos seus porém

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válidos igualitariamente e que desenvolvam capacidades de avaliar a utilidade destas ideias

com fundamentação e teorias apresentadas pelo professor mediador do processo. Quando há

apenas uma relação vertical entre docente e estudante há falta de diálogo e,

consequentemente, abre-se espaço à palavra repetida, ao monólogo. Segundo Freire (1987,

p.10):

O monólogo, enquanto isolamento, é a negação do homem; é

fechamento da consciência, uma vez que consciência é abertura. Na

solidão, uma consciência que é consciência do mundo, adentra-se em

si, adentrando-se mais em seu mundo, que, reflexivamente, faz-se mais

lúcida mediação da imediatez intersubjetiva das consciências. A solidão

– não o isolamento – só se mantém enquanto renova e revigora as

condições do diálogo.

Ademais, faz-se também necessário a adoção de metodologias que constituam uma

concepção educativa crítica e reflexiva, em que o estudante possui papel ativo nos processos

de ensino e de aprendizagem (BERBEL, 2011). É o que se aplica as metodologias ativas,

pois segundo Medeiros (2014, p. 43) envolvem:

A construção de situações de ensino que promovam uma aproximação

crítica do aluno com a realidade; a opção por problemas que geram

curiosidade e desafio; a disponibilização de recursos para pesquisar

problemas e soluções; bem como a identificação de soluções hipotéticas

mais adequadas à situação e a aplicação dessas soluções. Além disso, o

aluno deve realizar tarefas que requeiram processos mentais complexos,

como análise, síntese, dedução, generalização.

Ressaltamos também, a definição de Pereira (2012, p.6):

Por Metodologia Ativa entendemos todo o processo de organização da

aprendizagem (estratégias didáticas) cuja centralidade do processo

esteja, efetivamente, no estudante. Contrariando assim a exclusividade

da ação intelectual do professor e a representação do livro didático

como fontes exclusivas do saber na sala de aula.

Compreendemos, ainda, que no campo da Educação é fundamental o movimento de

olhar para si e que esta reflexão gera ação. Partindo disto, recorremos à práxis definida por

Freire (1987):

A práxis, porém, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para

transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição

opressor-oprimidos. Desta forma, esta superação exige a inserção

crítica dos oprimidos na realidade opressora, com que, objetivando-a,

simultaneamente atuam sobre ela. (FREIRE, 1987, p.25)

Na prática pedagógica a ação concreta se dá na busca com as perguntas:

O que vamos fazer? Onde podemos atuar para mudar? Com quem

podemos fazer juntos? Qual é nosso mundo-inédito-viável que

buscamos? Esta educação visa à emancipação do ser humano, que

inclui, necessariamente, os necessários cuidados com o seu estar sendo

no mundo, compreendendo a realidade vivida e sua ação sobre a

natureza da qual ele faz parte. (DICKMANN; DICKMANN, 2018,

p.09)

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CINTIAN …

Com base na Teoria da Aprendizagem Significativa proposta por David Ausubel

(1963), aprender corresponde a um processo de íntima conexão entre novos conhecimentos

e conhecimentos prévios, em que o saber do estudante é o ponto de partida para a aquisição

do novo aprendizado. Segundo Agra (2019) dá-se a partir daí, a ênfase no estudante como

construtor e protagonista do conhecimento e, nesse sentido, o material de aprendizagem

ocupa um papel importante pois serve como instrumento capaz de potencializar a

identificação do conteúdo progresso e a construção do novo conhecimento, tornando-o

significativo para o aprendiz. Um exemplo é a utilização do mapa conceitual como

ferramenta para uma aprendizagem significativa:

O uso dos mapas mentais e conceituais torna-se promissor para a

aprendizagem significativa no ensino remoto. Os mapas são

representações esquematizadas de informação que permitem

demonstrar as relações de significado e hierarquia entre ideias,

conceitos, fatos ou ações. (DE LIMA, 2020, p.02)

Considerações finais

A análise realizada com base nos dados coletados permitiu compreender que

muitos/as dos/as futuros/as docentes de Ciências e Biologia apresentaram suas concepções

acerca do PC dando importância ao questionamento, prática reflexiva e ao diálogo que foram

recorrentes em suas falas, representando elementos importantes para uma prática que supere

a pedagogia tradicional memorizadora. Essas compreensões se aproximam das definições

apresentadas pelos/as autores/as da fundamentação teórica, mas ressaltamos que ainda

carecem de uma fundamentação teórica que auxilie na escolha de estratégias didático-

pedagógicas que potencializam o desenvolvimento de capacidades e disposições de PC e

reflexivo. As análises parecem apontar que, de modo geral, durante seu período de formação

em aulas remotas ainda há muitos desafios para uma formação docente pautada num

paradigma crítico e emancipatório de Educação, logo, voltado a uma educação libertadora e

dialógica como define Paulo Freire. Faz-se necessário a problematização de pressupostos

teórico-metodológicos que permitam organizar atividades de ensino e aprendizagem

pautadas por este paradigma.

Os resultados, na totalidade, apontaram que a interação e o diálogo, como elementos

fundamentais na formação profissional, especialmente de profissionais da Educação, podem

não fazer parte da vida acadêmica dos/as estudantes participantes. Isto é, a análise dos dados

aponta que há ainda, a necessidade do engajado coletivo na efetivação de uma formação

inicial orientada explicitamente para a promoção da criticidade dos sujeitos, futuros/as

docentes da Educação Básica. Considerando, então, que as práticas didático-pedagógicas

precisam ser orientadas explicitamente para o desenvolvimento do PC. Assim, será possível

promover, conscientemente, o desenvolvimento de habilidades e disposições deste tipo de

pensamento na formação de futuros professores de Ciências e Biologia. Na presente pesquisa,

também se evidenciou a importância do uso de metodologias ativas em todo o processo de

formação de docentes, pois estes métodos, se utilizados de maneira orientada, podem auxiliar

e estimular a reflexão crítica nos ambientes educativos.

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Por fim, com vistas ao aprofundamento sobre a qualidade e o tipo de interação, se ela

pode representar ser uma “interação reflexiva”, sugere-se o desenvolvimento de novas

pesquisas sobre a temática junto a acadêmicos de cursos de licenciatura.

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